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EAD

Abordagem Mecanicista
da Administração:
Teoria Científica
e Clássica 5
1. OBJETIVOS
• Reconhecer a Teoria Clássica ou modelo francês da admi-
nistração.
• Compreender os princípios de Fayol, a organização da
empresa e o papel do dirigente.
• Comparar as atividades e as responsabilidades empresa-
riais de Fayol.
• Compreender e comparar as origens do pensamento ad-
ministrativo desde Adam Smith até a Abordagem Cientí-
fica de Taylor.
• Reconhecer as teorias administrativas de Taylor e Ford.
• Comparar os princípios e as funções do pensamento cien-
tífico de Taylor com a linha de montagem de Ford.
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2. CONTEÚDOS
• Princípios e técnicas de Fayol.
• Os grupos das atividades empresariais.
• O perfil do administrador, segundo Fayol.
• A cronologia das origens administrativas, segundo Lodi
(1998).
• Taylor e a Administração Científica.
• Ford e a linha de montagem.
• Críticas à Teoria Científica.

3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Assista ao filme Tempos modernos, de Charles Chaplin
(Carlitos), de 1939. O enredo do filme mostra a vida
do homem em uma sociedade industrial norteada pela
produção, baseada no sistema de linha de montagem e
na especialização do trabalho, características implícitas
na Teoria Científica e Clássica. Trata-se de uma crítica à
"época moderna" e ao capitalismo selvagem represen-
tado pelo modelo de industrialização escravo. Nesta ver-
tente, o operário é manipulado e massacrado pelo poder
do capital e perseguido por suas ideias “subversivas”.
2) Leia o artigo O trabalho do administrador: algumas re-
flexões sobre a organização e a ciência administrativa,
apresentado por Cêra e Filho (2003) no VI SEMEAD – Se-
minários em administração FEA – USP. O estudo mostra
algumas reflexões a respeito da atuação do administra-
dor nas organizações, bem como as barreiras encontra-
das no contexto empresarial do Brasil, e agrega informa-
ções a fim de colaborar na construção de uma ciência
administrativa, considerando a nossa realidade. Além
disso, o artigo destaca a evolução da organização mo-

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derna ao comparar a dinâmica instrumental da própria


organização com a atuação dos indivíduos.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, vamos apresentar o início do estudo da ad-
ministração científica. Considerando o conteúdo das unidades an-
teriores, em que você conheceu a definição de empresa, organiza-
ção, processo organizacional e o estudo sobre os gerentes, temos
a certeza de que deseja fazer as seguintes perguntas:
Quando, onde e como surgiram os primeiros estudos da ad-
ministração e como ocorreu sua evolução no decorrer do tempo?
Embora o primeiro livro publicado por Taylor, em 1900, tratasse
dos princípios de administração científica, a aplicação das técni-
cas administrativas remonta à antiga civilização. O Egito é um bom
exemplo da prática administrativa. Prova disso são as pirâmides,
que demonstram as aptidões técnicas e organizacionais dos egíp-
cios.
Existe uma estimativa de que 100.000 pessoas teriam tra-
balhado na construção de pirâmides. Imagine você o quanto foi
importante uma boa liderança para que tamanha realização se
efetivasse. Outra prova da importância dada à administração são
os manuscritos de instruções deixados pelos egípcios.
Antes da administração científica de Taylor, que foi a primei-
ra grande obra do meio administrativo, existiram muitos estudos
sobre o ambiente das organizações. No Quadro 1 estão dispostos
o ano, o autor e a contribuição para o pensamento administrativo.
Convém notar que a data de início dos estudos sobre as organiza-
ções é de 1776. Esta foi a época da histórica Revolução Industrial,
que marcou um novo conceito das relações empresariais e traba-
lhistas.
A administração científica, cujo nome foi titulado em virtu-
de de Taylor aplicar meios científicos para solucionar problemas
104 © Administração

de administração, surgiu aproximadamente em 1889 e tinha como


finalidade a eficiência industrial. A questão essencial de Frederick
Winslow Taylor foi eliminar o desperdício, o índice de sucata e o
retrabalho das indústrias americanas, além de aumentar conside-
ravelmente os níveis de produtividade por meio da aplicação de
métodos e técnicas de engenharia industrial (RIBEIRO, 2003).
Após conhecermos a evolução do pensamento administrati-
vo, destacando os estudos de Taylor, Ford, do casal Gilbreth e de
Gantt, vamos aprender, no item 6, as principais características da
Teoria Clássica.
Muitos estudiosos caracterizam a teoria clássica como gêne-
ro e a abordagem científica como espécie. Isto significa que, para
esses autores, a abordagem científica é subitem da clássica.
Em nossos estudos, porém, procuramos apresentar a abor-
dagem científica e a clássica em tópicos diferentes, o que se jus-
tifica pelo fato de que na abordagem científica a visão do autor
está direcionada à realização das tarefas, enquanto na abordagem
clássica ele se preocupa com a estrutura organizacional.
Nesta unidade, estudaremos o pensamento e as contribui-
ções do francês Henri Fayol e veremos seu estudo sobre os proble-
mas organizacionais na ótica do nível diretivo.
Os conceitos gerenciais pesquisados por Taylor foram estru-
turados pela teoria gerencial publicada na França, em 1916, em
uma obra chamada Administração industrial e geral.

Quadro 1 Cronologia das origens do pensamento administrativo


ANO AUTOR CONTRIBUIÇÃO
Aplicação do princípio da especialização aos operários.
1776 Adam Smith Controle.
Remuneração.

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ANO AUTOR CONTRIBUIÇÃO


Padronização de procedimentos operativos.
Especificações.
Métodos de trabalho.
Planejamento.
James Watt/ Incentivos de remuneração.
1800 Mathew Boul- Tempo standard.
ton
Festa de Natal para empregados.
Bonificações de Natal.
Seguro de vida em grupo para operários.
Uso da auditoria.
Necessidade de práticas de administração de pessoal.
1810 Robert Owen Treinamento de operários.
Grupos de casas operárias, higienicamente construídas.
Análise dos movimentos humanos.
1820 James Mill

Ênfase no método científico.


Especialização.
Divisão de trabalho.
1832 Charles Babba-
ge Estudo de tempos e movimentos.
Contabilidade de custos.
Efeito das diversas cores sobre a fadiga e a eficiência do
operário.
Amplitude de controle.
Unidade de comando.
1850 Mill Controle de mão de obra e dos materiais.
Especialização e divisão do trabalho.
Incentivos salariais.

1855 Henry Poor Princípios de organização, comunicação e informação


aplicados às ferrovias.

1856 Daniel Mc- Uso do organograma para mostrar a estrutura administra-


Callum tiva.
Administração sistemática da ferrovia.
Estudo de movimentos.
1866 W. S. Jevons Estudo do efeito: diferentes ferramentas usadas pelo ope-
rário.
Estudo da fadiga.
106 © Administração

ANO AUTOR CONTRIBUIÇÃO

Henry Metcal- A arte e a ciência da Administração.


1871 fe / Filosofia administrativa.
Henry Towne A ciência da Administração.

1891 Frederick Hal- Plano de prêmios no pagamento de salários.


sey

1900 F r e d e r i c k Administração científica.


W.Taylor
Fonte: Adaptado de Lodi (1998, p. 26).
Quadro 4 Cronologia das origens do pensamento administrativo

Procuramos estabelecer, no Quadro 4, a evolução do pensa-


mento administrativo desde Adam Smith até os estudos de Frede-
rick W. Taylor, em 1900.
O início dos estudos sobre a vida social organizada é atri-
buído, com um razoável grau de consenso, a Frederick Winslow
Taylor. Esses estudos deram ênfase à resolução de problemas de
organizações produtivas, focalizando o aumento da produção e o
envolvimento dos trabalhadores.

5. TEORIA CIENTÍFICA
Frederick Winslow Taylor
Você vai conhecer agora o mais célebre autor das teorias
administrativas. Embora muitos autores critiquem seus objetivos,
suas ferramentas, seus princípios, os estudos desenvolvidos por
Taylor influenciaram e nortearam todos os pensamentos advindos
sobre a administração após a Teoria Científica.
Depois do término da Guerra Civil nos Estados Unidos e iní-
cio do século 20, o complexo industrial teve uma expansão muito
rápida. Nessa época, surgiram empresas que seriam conhecidas
mundialmente, como a Ford, General Motors, Goodyear, General
Eletric e Bell Telephone. Em função dessa expansão, houve o estí-
mulo ao estudo para aumentar a eficiência da produção (MAXI-
MIANO, 2000).

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Em razão da constante preocupação dos teóricos em buscar


a fabricação de produtos de forma eficiente, surge, no início do
século 20, o primeiro e importante evento da história da adminis-
tração, conhecido como Movimento da Administração Científica,
cujo precursor foi Frederick Winslow Taylor.
Para que possamos entender as propostas dos estudos de
Taylor, é necessário compreender algumas premissas por ele cul-
tivadas. Na visão dele, 19 entre 20 trabalhadores acreditavam que
era de seu maior interesse trabalhar devagar em vez de andar rá-
pido na execução de suas tarefas. Além disso, esses trabalhadores
achavam que pelo salário pago deveriam trabalhar menos.
A obra de Taylor representa “um marco crucial na evolução
das idéias sobre a produção, riqueza e relações harmônicas entre
empregadores e empregados”. Os princípios que desenvolveu têm
sido divulgados e discutidos em todo o mundo e continuam a des-
pertar interesse pelos problemas ligados à vida e ao conforto dos
que trabalham (TAYLOR, 1990, p. 11).
Taylor “foi o iniciador da eficiência industrial, sendo chama-
do, com inteira justiça, o ‘Pai’ da organização científica do traba-
lho. Contribuiu de forma eficaz para o desenvolvimento industrial
do século XX” (SATO, 2010). Quem foi Taylor, onde nasceu, onde
se profissionalizou, onde trabalhou? Por que dedicou sua vida às
organizações?
Frederick Winslow Taylor nasceu a 20 de março de 1856, em Ger-
mantown, subúrbio de Filadélfia, Estado da Pensilvânia nos Estados
Unidos. Seu pai era advogado. Taylor estudou para seguir a mesma
profissão do pai, entretanto uma deficiência visual causada pelo
excesso de leitura à luz de lamparina faz com que ele abandone a
intenção de seguir esta carreira (SOCALSCHI, 1985, p. 17).

Taylor foi um obstinado pelo trabalho. Abandonou os es-


tudos aos 18 anos e entrou numa oficina mecânica perto de sua
casa, onde, como aprendiz, trabalhou em máquinas, ferramentas
e na fabricação de modelos. A aprendizagem de Taylor havia termi-
nado no final de um longo período depressivo, em 1873. Por esse
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motivo, foi obrigado a começar como operário, e não como mecâ-


nico. Em 1878, conseguiu emprego nas oficinas de construção de
máquinas Midvale Steel Company (TAYLOR, 1990).
Pouco tempo depois, assumiu o cargo de contador da em-
presa, substituindo um funcionário que fora demitido por motivo
de furto. Após algum tempo, ocupou o cargo de torneiro, em que
se destacava pela vontade, pela iniciativa e pelo zelo com as má-
quinas em que trabalhava. Em razão do desempenho demonstra-
do, Taylor foi promovido a mestre dos tornos.
A cada dia que passava, o jovem mestre demonstrava sua
capacidade de resolver os problemas e despertava o interesse do
presidente da companhia, que o promoveu. Taylor era um homem
de grande força de vontade. Com o apoio da chefia, conseguiu pôr
fim a um complô de operários contra as metas de produção esta-
belecidas pela empresa.
Aos 23 anos, começou, pela primeira vez, a aplicar os pro-
cessos científicos. Inventou um novo modo de cortar aço, de corte
rápido (sistema Taylor White), graças ao qual as ferramentas de
corte atuais podem durar três vezes mais do que as antigas.
Em toda a sua vida, procurou introduzir métodos de obser-
vação e experimentação que melhorassem as condições do rendi-
mento do trabalho e a produtividade dos trabalhadores.
Destaca-se já, neste período, uma profunda preocupação em ra-
cionalizar o desempenho dos funcionários, objetivando sempre a
melhor maneira de se executar determinado trabalho. Para tanto,
dedica-se a diversos estudos, entre os quais destacam-se:
O estudo de tempos, que tinha por objetivo determinar o tempo–
padrão para cada operação do processo produtivo, além de deter-
minar requisitos físicos para o operário padrão.
Sistema de incentivo à produção por peça, que visava estimular o
funcionário, premiando-o com um aumento em seus ganhos, após
um limite de peças produzidas (SOCALSCHI, 1985, p. 18).

Frederick Winslow Taylor, tendo progredido profissionalmen-


te na Manufactures Investiment Co., indústria de papel, foi convi-

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dado para ocupar o cargo de diretor-geral, em 1890, empresa na


qual permaneceu até 1893. Nessa época, ele já começava a prestar
serviço de consultoria em administração a várias organizações.
Depois de algum tempo, precisamente em 1896, a empresa
Bethlehem Steel Works contratou Taylor de forma exclusiva. Após
dez anos, em virtude de conflitos com os executivos dessa empre-
sa, ele pediu demissão e retomou suas atividades de consultoria.
Em 1906, Taylor torna-se presidente da American Society of
Mechanical Engineers. No decorrer de sua carreira, ele registrou
mais de 50 patentes de alto valor, por exemplo, invenção de má-
quinas, ferramentas e processos de trabalho, pois possuía extraor-
dinária capacidade de ação.
Somente em 1911, em virtude de um inquérito sobre as
consequências de seus métodos e do interesse dos membros da
sociedade pelo sucesso de seu trabalho, Taylor publicou sua obra
mais famosa Princípios de Administração Científica, que tinha por
objetivo:
• Indicar a enorme perda em função da ineficiência dos emprega-
dos.

• Convencer o leigo de que a eficiência está na busca do homem


excepcional ou extraordinário.

• Provar que a administração é uma ciência.

• Demonstrar que os princípios fundamentais da administração


científica são aplicáveis a todas as atividades humanas (SOCALS-
CHI, 1985, p. 19).

O propósito de Frederick W. Taylor com a administração cien-


tífica era garantir a máxima eficiência ao empregador e também a
prosperidade ao empregado. Desse modo, Taylor estabeleceu os
quatro princípios básicos da administração científica, que são
(CHIAVENATO, 2000):
• Planejamento: compreende efetivar a função de planejar
as ações no trabalho, permutando por métodos científi-
cos.
110 © Administração

• Preparo: consiste em treinar e capacitar a mão de obra


com o método científico. Também se torna necessário
aperfeiçoar máquinas, equipamentos, matéria-prima e
arranjo físico.
• Controle: auditar o trabalho e confrontá-lo com os pa-
râmetros estabelecidos, e, para tanto, a gerência deve
colaborar com os seus subordinados a fim de garantir a
melhor eficiência.
• Execução: refere-se à atribuição das tarefas e aos limites
de responsabilidade estabelecidos aos executores com a
intenção de disciplinar o ritmo de trabalho.
Frederick Winslow Taylor entendia que as técnicas de efici-
ência serviam para colocar em prática os princípios de administra-
ção científica.
Embora com todas suas suposições, falsas premissas e até mesmo
exageradas simplificações, a obra de Taylor, mesmo assim deixou
uma base, da qual nasceu o Estudo de Tempos e Movimentos, a
Engenharia Industrial, a Organização e Métodos e em boa parte, a
Administração de Pessoal (SOCALSCHI, 1985, p. 20).

Henry Ford
Henry Ford foi um dos precursores mais conhecidos da ad-
ministração. Iniciou sua vida como auxiliar de mecânica, evoluiu
profissionalmente e projetou um modelo de carro e, em 1899,
fundou sua primeira fábrica de automóveis. Fechou-a logo depois,
mas não desanimou, e, em 1903, fundou a Ford Motor Company.
De acordo com Maximiano (2000), assim como o nome de
Taylor está associado à administração científica, o nome de Henry
Ford (1863-1947) está associado à linha de montagem de automó-
vel. Todavia, este foi apenas um dos inúmeros avanços conquista-
dos por Ford que deixaram sua marca na teoria da administração
Socalschi (et al., 1985, p. 25-26) relata que:
Henry Ford nasceu a 30 de julho de 1864, na fazenda de proprieda-
de de seu pai, próxima à cidade de Dearborn, estado de Michigan.

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Ainda jovem demonstrou forte inclinação pela mecânica. Desde os


12 anos de idade, passava a maior parte de seu tempo, numa pe-
quena oficina por ele instalada na propriedade paterna, onde repa-
rava as máquinas da fazenda e dos vizinhos [...].
[...] Mais tarde, aos 16 anos, transfere-se para Detroit, tornando-se
aprendiz de maquinista nas oficinas de "James F. Flawer and Bro-
thers" e na fábrica da “Detroit Dry Dok Company”.
Nesta época, frequentou uma escola profissionalizante. Completa-
do o aprendizado, tornou-se representante local da Westinghouse
Engine Company, trabalhando como técnico de montagem e repa-
ração de locomóveis.
Após alguns anos, retorna a Dearbon, quando se casa com Clara
Bryant. A senhora Ford, filha de Melvin Bryant, agricultor do muni-
cípio de Whyne, faleceu em setembro de 1950, aos 84 anos. Tive-
ram um filho, Edsel B. Ford, nascido a 6 de novembro de 1893.
Nesta localidade, Ford montou uma serraria. Vendia madeira e
consertava máquinas agrícolas. Neste ínterim, tenta construir um
trator a vapor, não sendo feliz no seu intento, em razão de não ter
conseguido obter um motor com a potência que necessitava. Re-
torna a Detroit em 1891, empregando-se como engenheiro na Edi-
son Illuminating Company.

O início da carreira de Henry Ford como construtor ocorreu


em 1893, quando projetou o motor de combustão interno. Poste-
riormente, desenvolveu um automóvel de dois cilindros e 4HP, que
era similar a uma charrete e que pesava aproximadamente 225 Kg.
Ele percorreu apenas 1.500 km com esse veículo, vendendo-o em
seguida por 200 dólares (SOCALSCHI, 1985).
Em 1899, Ford saiu da Edison Illuminating Company e orga-
nizou em sociedade a Detroit Automobile Company, empresa que
fabricaria o carro Ford. Atuou como engenheiro-chefe e deteve um
sexto das ações dessa companhia.
Em 1903, precisamente em 16 de junho, Henry Ford fundou,
juntamente com outros acionistas, a sua fábrica de automóveis,
conhecida como Ford Motor Company, com capital inicial de 150
mil dólares. Na época da fundação, Ford detinha 25,5 % das ações
da companhia. Progressivamente, foi comprando as ações dos ou-
tros investidores e, finalmente, em 1906, adquiriu todas as ações
112 © Administração

da minoria dos acionistas, tornando-se o presidente dessa com-


panhia.
Ford industrializou e comercializou diversos modelos de au-
tomóveis, todavia, objetivava desenvolver um carro útil e de baixo
custo. A intenção era aumentar consideravelmente as vendas, e,
em consequência, o retorno seria a produção em larga escala. Por
isso, em 1909, surge o famoso modelo T (SOCALSCHI, 1985).
Como contribuição para o estudo da administração científi-
ca, o principal mérito de Henry Ford foi a criação da linha de mon-
tagem para a fabricação de automóveis.
O método de Ford, conhecido como fordismo, distingue-se
pela especialização do trabalho, tornando-o repetitivo, de forma
contínua, e fundamentado nos princípios da eficiência, da produ-
tividade, da intensificação e da economicidade.
• Eficiência: não temer o futuro nem idolatrar o passado;
despreocupar-se da competição; sobrepor o interesse da
produção ao interesse do produtor; não reduzir a indús-
tria à arte de vender caro o que se fabrica barato.
• Produtividade: aumentar sucessivamente a capacidade
de produção do operário e, consequentemente, pagar um
melhor salário.
• Intensificação: reduzir o ciclo da produção tendo em vista
a redução do capital investido em recursos.
• Economicidade: reduzir ao mínimo o volume de matéria
em curso de transformação (SOCALSCHI, 1985).
Ainda de acordo com Socalschi (1985), Ford previu na orga-
nização do trabalho a resolução da questão social.
A metodologia de Ford baseava-se na produção em massa,
em série e em cadeia contínua. Além disso, ele praticava a remu-
neração de seus funcionários com altos salários e procurava esta-
belecer custos reduzidos para os seus produtos. O objetivo fun-
damental era a elevação da produtividade de seus operários, por

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meio do aumento da produção, além de diminuir o custo da maté-


ria-prima e também do tempo atribuído à fabricação dos produtos
(SOCALSCHI et al., 1985).
Com sua filosofia de produção em massa, preços baixos, altos
salários e organização eficiente do trabalho, destacando-se nela
a rapidez da fabricação, Ford apresentou à admiração mundial o
maior exemplo de Administração eficiente individual que a história
conhece (SOCALSCHI, 1985, p. 22).

Os princípios de Taylor influenciaram outros discípulos além


de Ford. O casal Gilbreth é um bom exemplo, tanto que, em 1911,
Frank Gilbreth publicou um livro chamado Motion study (Estudo
de movimentos), no qual ele aborda o trabalho em seu sentido
mais amplo.

Frank Gilbreth e Lillian Gilbreth


Além de Taylor e Ford, o casal Gilbreth aparece com relevan-
te contribuição à administração científica. O casal não se preocu-
pou somente com os trabalhadores normais, mas também com
aqueles com necessidades especiais, pois em seus estudos a visão
era encontrar e implantar a melhor maneira de se realizar uma
função. Assim, o objeto de pesquisa foi o estudo de movimentos.
Frank Gilbreth desenvolveu os therbligs, operações padroni-
zadas, por exemplo: erguer, transportar, pegar etc., e sua finalida-
de era racionalizar as atividades de produção. O grande exemplo
que se tornou símbolo da eficiência e redução de movimentos foi
o assentamento de tijolos para formar uma parede. “Ao colocar os
tijolos em uma plataforma de madeira ao invés de colocá-los no
chão, Gilbreth reduziu os movimentos do pedreiro e aumentou a
sua produtividade em torno de 300%” (MAXIMIANO, 2000, p. 57).
Vamos tomar, como exemplo, o setor de tempos e métodos
em uma empresa. A atividade de se estabelecer tempo-padrão
para execução das tarefas foi baseada principalmente em Gilbreth
(CERTO, 2003).
114 © Administração

Cada movimento realizado na execução de uma tarefa é minucio-


samente estudado e o quanto é relevante para o complemento da
tarefa. Os movimentos ineficientes ou desnecessários são distingui-
dos ou eliminados (CERTO, 2003, p. 27).

Lillian Gilbreth começou como assistente de seu marido e, após


a morte dele, começou a escrever sobre estudos dos movimentos.
A abrangência dos princípios de Taylor não parou em Ford
e no casal Gilbreth. Gantt também foi discípulo, pois iniciou suas
atividades em Midvale Steel, onde Taylor era o engenheiro-chefe
de produção. Os dois juntos registraram seis patentes. A grande
obra de Gantt foi o controle gráfico diário da produção, conhecido
como gráfico de Gantt (MAXIMIANO, 2000).

Henry Lawrence Gantt


Gantt nasceu em 1861 e sua premissa básica era dimensionar
o ser humano como "fator de real importância". Suas contribuições
tinham por objetivo o aperfeiçoamento do homem, permitindo a
este condição de desenvolvimento e realização profissional.
Em 1887, iniciou a sua vida profissional como assistente do
Departamento de Engenharia da Midvale Steel Company. Foi assis-
tente do engenheiro-chefe Taylor, conforme mencionamos ante-
riormente. Em 1893, transferiu-se para a Simonds Rolling Company
a convite de Taylor, assumindo o cargo de superintendente-chefe
(SOCALSCHI et al., 1985).
A partir de 1902, Gantt iniciou sua carreira no segmento
de consultoria. A principal contribuição à administração científi-
ca refere-se à concepção de prêmios de produção, estipulando,
para cada trabalhador, bonificações no cumprimento das tarefas.
Entretanto, a principal inovação deste estudioso foi o gráfico de
produção, conhecido como gráfico de programação de tarefas ou
Gráfico de Gantt.
Ainda hoje, o Gráfico de Gantt (cronograma) é uma grande
ferramenta de programação de tarefas utilizada pelos administra-

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dores modernos, pois fornece informações rápidas e de fácil com-


preensão (CERTO, 2003).
Gantt concentrou-se em idealizar a democracia nas fábricas,
por isso procurou humanizar as técnicas de produção, eliminando
o controle autocrático estabelecido pela maioria dos administra-
dores.
A administração científica demonstrou que havia chegado
para ficar, porque suas aplicações tinham muito mais profundida-
de do que reorganizar os postos de trabalho. O movimento ganhou
popularidade nos Estados Unidos e depois em todo o mundo.
Em muitos países, os princípios de Taylor e seus seguidores
despertaram grande interesse e motivaram a criação de organiza-
ções para seu estudo e divulgação (MAXIMIANO, 2000).

6. TEORIA CLÁSSICA
Henry Fayol
O engenheiro Henry Fayol nasceu na cidade de Constantino-
pla, hoje chamada de Istambul, no dia 29 de julho de 1841. Com
apenas 19 anos, obteve sua formação em engenharia pela Escola
de Minas de Saint Etienne. Fayol iniciou a carreira como estagiário
na indústria de Cia Commentry, evoluiu, conquistou vários cargos
até chegar ao posto de diretor de minas em 1847 e, posteriormen-
te, em 1888, ocupou a função de diretor-geral, na qual permane-
ceu até 1918 (SOCALSCHI, 1985).
De acordo com Caravantes (2005, p. 61), “a contribuição de
Fayol, embora sua graduação em engenharia, não teve nada a ver
com o lado técnico, predominando os aspectos de direção de gran-
des organizações”.
As atividades de Henry Fayol foram desenvolvidas por meio
de estudos embasados em princípios e técnicas estabelecidas que
poderiam ser úteis para apoiar os usuários em tarefas administrati-
vas em qualquer segmento empresarial (SOCALSCHI et al., 1985).
116 © Administração

Para Fayol, as atividades empresariais podiam ser divididas em seis


grupos, a saber:
• Operações técnicas (produção, fabricação, transformação).
• Operações comerciais (compras, vendas, trocas). Saber comprar e
vender é tão importante como saber fabricar bem.
• Operações financeiras (procura e gerência de capitais). Nada se
faz sem a intervenção de capitais. [...] Constitui condição essen-
cial de êxito ter constantemente à vista a situação financeira da
empresa.
• Operações de segurança (proteção dos bens e de pessoas contra
o roubo, o incêndio, a inundação; evitar as greves, os atentados e
em geral todos os obstáculos de ordem social que possam com-
prometer o progresso e até a vida da empresa).
• Operações de contabilidade (inventário, balanço, preço de custo,
estatística). Constituem o órgão de visão das empresas. Devem
revelar a qualquer momento a posição e o rumo do negócio e
dar informações.
• Operações administrativas (planejamento, organização, coman-
do, coordenação e controle) (SOCALSCHI, 1985, p. 23).

No estudo do processo administrativo, aprendemos que ele


está dividido nas funções de planejar, organizar, dirigir e controlar.
Quem divulgou essa ideia foi Henry Fayol. Das atividades empre-
sariais, ele sugeriu que a função administrativa fosse a mais impor-
tante de todas (MAXIMIANO, 2000). Os componentes das ativi-
dades, segundo Fayol (1978, p. 18), foram assim definidos:
• Planejamento: consiste em examinar o futuro e elaborar um pla-
no de ação a médio e longo prazo.
• Organização: montar uma estrutura humana e material para rea-
lizar o empreendimento.
• Comando: manter o pessoal em atividade em toda a empresa.
• Coordenação: reunir, unificar e harmonizar toda a atividade e es-
forço.
• Controle: cuidar para que tudo se realize de acordo com os pla-
nos e as ordens.

De acordo com Maximiano (2000, p. 60),


Henry Fayol considerava a empresa como uma entidade abstrata,
conduzida por um regulamento de regras e de autoridade, cuja

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existência era validada na medida em que atende ao objetivo pri-


mário de fornecer valor, na forma de bens e serviços, a seus con-
sumidores.

É importante ressaltar que esta ideia aplica-se a qualquer


tipo de organização, embora Fayol tivesse usado como ponto de
partida uma empresa industrial.
De acordo com Fayol, o dirigente deve possuir atributos men-
tais, físicos, morais, aliados à uma educação universal, ou seja, de-
senvolver o entendimento de diversos assuntos, os quais diferem
daqueles relacionados às atividades específicas do cargo exercido,
deve adquirir o conhecimento especializado com ênfase na função
desempenhada e possuir a experiência suficiente para exercer as
tarefas pertinentes ao cargo (MAXIMIANO, 2000).
Conforme Fayol (1978), para a seleção de um dirigente, con-
siderando que os candidatos ao cargo possuam o mesmo conheci-
mento e nível técnico, o processo deveria ser conduzido avaliando-
se o indivíduo de melhor conduta, senso de autoridade, capacidade
de ordem e organização e que tivesse particularidades exclusivas
e inerentes ao cargo de um administrador que o diferenciasse dos
outros profissionais.
Com a finalidade de nortear a competência administrativa,
Fayol apud Socalschi (1985, p. 25) classificou diversos princípios
de administração conquistados durante sua carreira, os quais são
apresentados a seguir:
1. Divisão do trabalho: determina a redução dos objetivos sobre
os quais se concentram a atenção e o esforço. O trabalhador
ganha maior habilidade, segurança e precisão, portanto, maior
rendimento.
2. Autoridade e responsabilidade: o chefe deve possuir a autori-
dade estatutária e pessoal. A primeira é inerente à própria fun-
ção; a segunda deriva da inteligência, do saber, da experiência
e do valor moral. Onde há autoridade deve haver responsabili-
dade.
3. Disciplina: consiste essencialmente na obediência, na assidui-
dade, na atividade e nos sinais exteriores de respeito, realizados
segundo as convenções estabelecidas entre a empresa e seus
118 © Administração

agentes. A indisciplina constitui o indício da incapacidade dos


chefes.
4. Unidade de comando: para a execução de qualquer ato, o in-
divíduo deve obedecer a ordens de um único chefe. A violação
deste princípio acarreta sérios danos à autoridade, à disciplina,
à ordem e à própria estabilidade da empresa.
5. Unidade de direção: um só chefe e um só programa para um
conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo. Não bas-
ta ter um chefe, é preciso que haja um só plano.
6. Subordinação do interesse particular ao geral: o interesse de
um agente ou de um grupo de agentes não deve estar acima do
interesse da empresa.desta.
7. Remuneração do pessoal: contraprestação devida e paga pelo
patrão ao operário. Deve ser equitativa, de modo a satisfazer
simultaneamente aos operários e à empresa.
8. Centralização: equilíbrio entre a concentração de poderes de
decisão no chefe. O problema da centralização ou da descentra-
lização, diz Fayol, é uma simples questão de medida. Depende
do tamanho da empresa ou das qualidades do chefe.
9. Hierarquia: os funcionários do escalão superior possuem auto-
ridade sobre os que ocupam cargos da média gerência, estes,
por sua vez, comandam os que estão no escalão inferior de uma
estrutura organizacional. Por isso, as vias de comunicação entre
os escalões superior e inferior são vias hierárquicas.
10. Ordem: ou organização, é o princípio que ressalta a necessida-
de de se determinar um lugar para cada coisa. Quando se esta-
belece o princípio da ordem, o processo formal da empresa se
torna mais fácil de ser compreendido.
11. Equidade: os funcionários precisam estar motivados para de-
sempenhar suas funções com produtividade, eficiência e qua-
lidade, por isso é preciso tratá-los de forma equilibrada, igua-
litária, para assegurar que não haja preconceitos e atitudes
protecionistas ou paternalistas.
12. Estabilidade do pessoal: manutenção do pessoal como forma
de promover o seu desenvolvimento.
13. Iniciativa: consiste na possibilidade de conceber um plano e
executá-lo. Em todos os níveis da empresa, o zelo e a atividade
dos agentes crescem com a iniciativa.
14. Espírito de equipe: para que a união do pessoal se concretize,
é indispensável a unidade de comando. Dessa forma, não tere-
mos as consequências da dualidade de comando.

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© Abordagem Mecanicista da Administração: Teoria Científica e Clássica 119

Ainda segundo Socalschi (1985, p. 25):


Nos últimos anos de vida, Fayol dedicou-se a difundir suas idéias.
Foi criada uma escola de administração e muitos cursos para pro-
pagarem a mensagem desse pensador aos diversos níveis do setor
privado e do setor público. No Brasil, em virtude da forte influên-
cia da cultura francesa no início do século, várias entidades (Senai,
Idort etc.) sofreram influência do fayolismo e conservam até hoje
algumas reminiscências dele.

7. CRÍTICAS À TEORIA CLÁSSICA E CIENTÍFICA


As contribuições de Taylor para o estudo da Administração e
para sua transformação em ciência é algo inquestionável. Contudo,
vários movimentos foram criados, fundamentados na crítica à Ad-
ministração Científica e à Abordagem Clássica da Administração.
Taylor, ao propor os princípios da Administração, mostrou
conhecimento precário acerca da motivação e do comportamento
humano em uma organização. Realmente, houve bastantes bene-
fícios à indústria da época no que se refere a desenvolvimento,
produtividade, lucratividade e aumento salarial.
Entretanto, Taylor via o ser humano como um objeto a ser
usado pela empresa a fim de que ela alcançasse os seus objetivos,
ou melhor, não se preocupava com o indivíduo enquanto pessoa,
com o estado emocional dos funcionários e com a relação que se
estabelecia entre eles. Ele não acreditava que esses fatores pudes-
sem influenciar significativamente a produção.
Em razão disso, Chiavenato (1996) fez algumas críticas à Ad-
ministração Científica sobre:
• O mecanicismo da Administração Científica.
• A superespecialização do operário.
• A visão microscópica do homem.
• A ausência de comprovação científica.
• A abordagem incompleta da organização.
120 © Administração

• A limitação do campo de aplicação.


• A abordagem prescritiva e normativa.
• A abordagem de sistema fechado.
Para muitos autores, os princípios mecanicistas das teorias
clássica e científica estratificavam o ser humano a um reles recur-
so, e suas funções especializadas e rotineiras o "idiotizavam".

8. TEXTOS COMPLEMENTARES
O texto a seguir, extraído do Sebrae, mostra como a inova-
ção, a flexibilidade, a qualidade dos colaboradores, a pontualida-
de, o custo do produto e a produtividade são importantes para a
organização. Vejamos.

Aumentar a produtividade, diminuir custos, mantendo a


qualidade sem alterar os preços. Isso é possível?––––––––––
O futuro de uma empresa depende de sua capacidade de atender requisitos
de qualidade como produto/serviço, preço, prazo de entrega, que satisfaçam as
demandas e expectativas de seus clientes.
Estando com o problema requisito da qualidade resolvido, temos agora um outro
grande problema: a competitividade entre empresas concorrentes, fator que pode
definir o sucesso ou o fracasso de nossa empresa. Em meu entender, podemos
avaliar o grau de competitividade de uma empresa, perante suas concorrentes,
levando em conta os seguintes fatores:
• Inovação e Flexibilidade: como os produtos tendem a tornarem-se cada
vez mais próximos, em termos de especificações e vantagens para o cliente,
a capacidade de criar novas necessidades de mercado e de fornecer uma
maior variedade de produtos aos clientes, antes da concorrência, é um gran-
de diferencial.
• Produtividade: não podemos confundir produtividade com corte de despe-
sas e de pessoas. Especialmente o corte de pessoas, caso aconteça, resulta
em aumento de trabalho para quem fica, prejudicando, com certeza, a quali-
dade do produto ou serviço prestado pela empresa. Devemos encarar produ-
tividade pelo seu conceito mais amplo, ou seja, procedimentos que garantam
os resultados esperados pelos seus clientes. Uma boa dica é estabelecer
metas internas, controlar e quantificar os resultados que estejam associados
às melhorias das operações (controles de documentos, absenteísmo, atra-
sos de produção e entrega, desperdícios, redução da ociosidade, paradas de
máquinas etc.). Outra maneira é desenvolver um ambiente de trabalho har-
mônico, investindo na formação básica, e na qualificação profissional de seus
funcionários, treinando-os para fazer certo sempre. Também não podemos
esquecer de manter os equipamentos em perfeitas condições de uso, dimi-

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© Abordagem Mecanicista da Administração: Teoria Científica e Clássica 121

nuir o tempo de preparação das atividades, as distâncias entre equipamentos


e recursos, melhorar processos - se possível, automatizando as tarefas can-
sativas e promovendo a rotatividade no trabalho.
• Pontualidade e confiança na entrega de produtos e serviços: desde o
atendimento de um pedido do cliente, até o exato momento da entrega do
produto/serviço, precisamos registrar e documentar todos os procedimentos
para ajudar-nos a controlar e padronizar nossos processos. Desta forma, es-
taremos aptos a manter a confiança de nossos clientes.
• Qualidade dos Colaboradores: não se pode imaginar uma empresa que
atenda aos requisitos de qualidade, sem que seus produtos e serviços sejam
produzidos e entregues por pessoas treinadas e motivadas para tal. O de-
sempenho, e os esforços dos colaboradores, determinam à percepção que o
cliente tem sobre a qualidade do produto/serviço. Empresas com colaborado-
res de altos níveis de qualidade, produzem produtos e serviços de qualidade
superior, resultando em clientes satisfeitos. Estes se traduzem em melhores
resultados financeiros, na perpetuação da marca e da imagem da empresa.
Acredito, que um dos principais motivos do baixo desempenho dos emprega-
dos de uma empresa, seja o fato de não se sentirem motivados a fazer todo
o esforço de que são capazes. Como esses colaboradores são o recurso
mais valioso que a empresa possui, torna-se imperativo motivá-los a darem o
melhor de si. Cabe à gerência, convencê-los de que não é apenas a empresa
que se beneficiará se eles fizerem um bom trabalho, mas que os benefícios
advindos deste serão ainda maiores para cada um.
• Custo do Produto: um dos fatores que influenciam a competitividade é o
custo do produto. No atual contexto de competitividade, a racionalização e
otimização, de todas as atividades que não agregam valor aos produtos, são
cada vez mais intensas em nossas empresas. Eliminá-las significa minimizar
os custos e, conseqüentemente, aumentar a produtividade, tornando a em-
presa mais competitiva.
O que encontramos, entretanto, são muitas empresas que atacam os custos de
maneira isolada, na qual os ganhos de produtividade aparecem somente em
algumas áreas, independente dos ganhos globais da empresa. Tomamos como
exemplo, uma empresa que escolheu oferecer um produto padronizado a um
custo muito baixo, menor que a concorrência, ao invés de diferenciá-lo, agregan-
do valores que justifiquem os custos extras para sua produção. Nota-se, que o
ideal seria unir estes dois fatores de competitividade, oferecendo produtos bara-
tos e diferenciados.
Em épocas de grande procura por bens e serviços, torna-se importante a veloci-
dade com que cada empresário toma suas decisões. Basta ver que a oportunida-
de de um bom negócio pode passar de suas mãos, para a de seus concorrentes
muito mais rápido do que se pode imaginar.
Estar atento a tudo, a todo o momento, e contar com uma equipe de bons cola-
boradores, todos voltados a uma cultura de qualidade para com o cliente, são fa-
tores que determinam sua sobrevivência e a perenidade de seu negócio. Pense
bem, antigamente era a vez dos grandes e lentos, hoje é a vez dos pequenos e
rápidos (ALENCAR, 2010).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
122 © Administração

9. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Vamos novamente fazer uma pausa para você fixar os con-
ceitos abordados nesta unidade. Esta fase é importante para que
você possa retomar algumas informações que não tenham ficado
tão claras. Agora é só testar seus conhecimentos!
1) Como surgiu a teoria de Taylor e por que ele se preocupou com a questão
salarial?

2) Quais são as principais características da Administração Científica?

3) Com base na leitura dos estudos de casos propostos no quadro, responda


às questões:
ESTUDO DE CASO QUESTÃO
A paranaense América Latina Logística
– ALL, ao assumir o ramal Sul da Rede
Ferroviária Federal, em 1997, encon-
trou um parque ferroviário sucateado Quais princípios de Taylor podem ser
1 e com excesso de funcionários, em que utilizados a fim de que esta empresa
predominam a ineficiência e o desper- possa reduzir seus custos, melhorando
dício, gerando alto custo para empresa. sua eficiência e produtividade?
Era preciso modernizá-la, mas, para
torná-la viável, não bastava apenas in-
vestir e exigir que os funcionários pas-
sassem a trabalhar orientados por me-
tas e prêmios por resultados (Adaptado
de O ADMINISTRADOR PROFISSIONAL,
ano XXVII, n. 207, 2003).

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© Abordagem Mecanicista da Administração: Teoria Científica e Clássica 123

ESTUDO DE CASO QUESTÃO


Uma vez tomada a decisão de procurar
novas alternativas para o mercado de
Ribeirão Preto – SP, Lauro de Oliveira,
diretor de operações da Enterprise In-
formática, começou a fazer um levan-
tamento de tudo o que seria necessário
para a missão, como selecionar forne-
cedores, treinar o pessoal, estabelecer
metas e prazos, organizar e estruturar
2 a empresa. Quais princípios de Fayol podem ser
O sistema de planejamento e controle usados para a interpretação desse
da realização de objetivos exige avalia- caso?
ções baseadas nas técnicas, mas tam-
bém no bom senso. Lauro de Oliveira
propôs ao conselho administrativo da
empresa pagar salários compatíveis
aos funcionários, descobrir métodos
adequados para executar tarefas e de-
senvolver mecanismos que possibilitas-
sem um clima organizacional favorável
ao ambiente de trabalho (Adaptado de
MAXIMIANO, 2000, p. 87).

10. CONSIDERAÇÕES
A Teoria Científica foi um passo muito importante para que
se encontrasse uma teoria administrativa, apesar da grande crítica
atribuída à Administração Científica devido à sua visão de organi-
zação muito rígida e, também, por considerar o homem como uma
máquina homus economicus.
As características e os princípios estudados pelos precursores
das Teorias Científica e Clássica, conhecidas também como teorias
mecanicistas em função de seus princípios e objetivos tendencio-
sos ao aperfeiçoamento da divisão do trabalho, da especialização
das tarefas e da rotinização das atividades, contribuíram para o de-
senvolvimento dos processos e da produção de bens, necessário
às organizações da época.
124 © Administração

11. E-REFERÊNCIAS
Sites pesquisados
ALENCAR, J. T. Aumentar a produtividade, diminuir custos, mantendo a qualidade sem
alterar os preços. Isso é possível? São Paulo: SEBRAE, 2010. Disponível em: <http://
www.sebraesp.com.br/midiateca/publicacoes/artigos/produtividade/aumentar_
produtividade>. Acesso em: 23 set. 2010.
CÊRA , K.; FILHO, E. E. O trabalho do administrador: algumas reflexões sobre a organização
e a ciência administrativa. São Paulo: V1 SEMEAD – USP, 2003. Disponível em: <http://
www.ead.fea.usp.br/Semead/6semead/>. Acesso em: 23 set. 2010.
SATO. Teoria geral da administração. Disponível em: <http://www.sato.adm.br/artigos/
tga_taylor.htm>. Acesso em: 23 set. 2010.

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


CARAVANTES, G. R. et al. Administração: teorias e processos. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2005.
CERTO, S. C. Administração moderna. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
CHIAVENATO, I. Os Novos Paradigmas. São Paulo: Atlas, 1996.
FAYOL, H. Administração industrial e geral: previsão, organização, comando, coordenação,
controle. São Paulo: Atlas, 1978.
FERREIRA, A. B. de H. Dicionário Aurélio básico da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1988.
LODI, J. B. História da administração. 11. ed. São Paulo: Pioneira, 1998.
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
RIBEIRO, A. de L. Teorias da administração. São Paulo: Saraiva, 2003.
SOCALSCHI, B. et al. (1985). Organizações, sistemas e métodos: proposições
metodológicas. São Paulo: Papelivros, 1982.
TAYLOR, F. W. Princípios da administração científica. São Paulo: Atlas, 1990.

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