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O primeiro canto, antes das seis partes do poema, serve de prelúdio. Ele
coloca o material da narrativa: as aventuras de Ulisses (Odisseu) durante seu
retorno da Guerra de Troia.
“Musa, reconta-me os feitos do herói astucioso que muito
peregrinou, dês que esfez as muralhas sagradas de Troia (…)“
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Perceba que esse é mais o contexto do poema, do que seu tema. O tema, como
ocorre em todo romance, é interior. Passa-se na intimidade do herói. De fato,
como anota Susan Wise Bauer em seu clássico “A Mente Bem Educada”,
traduzido para o português pela Editora É Realizações sob o título “Como
Educar sua mente”, a principal característica do romance é o “vislumbre da
vida interior de uma personalidade individual” (p. 74 da edição em
português).
Nessa linha, o tema da Odisseia é, na verdade, o desejo do protagonista de retornar
à casa e sua atuação obstinada para tanto. Suas aventuras compõem o quadro
narrativo em que essa ação interior se desenvolve.
O relato inicia com uma reunião dos deuses do Olimpo, em que Atena
relata a Zeus que Odisseu, apesar de piedoso para com as deidades, já
tendo ofertado abundantes oferendas aos olímpicos, ainda não conseguiu
retornar à casa e ao convívio da família, o que muito sofrimento lhe traz.
A narrativa, como dito acima, inicia quando Odisseu está na Ilha Ogígia,
refém da deusa Calipso, que lhe quer ter por esposo, sob promessa de
fazer-lhe divino, à custa de esquecer-se da casa e da família. Atena relata a
Zeus como Odisseu não pretende desposar a deusa, mas sim voltar à casa.
Atenas, então, informa que o deus Hermes será enviado à Ilha de Ogígia
para alertar Calipso que deverá libertar Odisseu. Enquanto isso, Atenas
descerá para informar Telêmeco de que o pai vive e retornará, e que
Telêmeco deve se dirigir a Esparta e Pilo, para falar com Nestor e Menelau
(heróis na Guerra de Troia e personagens importantes da Ilíada), a fim de
ter notícias do pai.
Atena assim procede. Ao se dirigir à morada de Telêmaco, em Ítaca,
encontra sua casa lotada de pretendentes da mãe. Com efeito, após o fim
da Guerra de Troia, não tendo Ulisses retornado, Penélope, sua esposa,
passa a receber pretendentes. Como ela guarda esperança do retorno de
Odisseu, não aceita casar-se. Porém, como o filho ainda é menor, também
não recusa os pretendentes, a fim de não deixar a casa permanentemente
sem um homem adulto. Assim, enquanto ela não se resolve, esses ficam
nas propriedades dela, vivendo às suas custas e dilapidando os bens que
seriam herdados por Telêmaco.
Após ouvir esses relatos, Telêmaco, orientado por Nestor, dirige-se a cavalo
junto com Pisístrato (filho de Nestor) à Lacônia, a fim de encontrar
Menelau.
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Menelau conta como, durante sua passagem no Egito, Proteu, filho do deus Posido,
informou-lhe que Odisseu estava vivo, sendo mantido refém da deusa Calipso em
uma ilha.
Enquanto isso, os pretendentes, em Ítaca, organizam uma conspiração
contra Telêmaco. O fato da partida do jovem e do plano dos pretendentes
chegam aos ouvidos de Penélope, que se desespera. Após momentos de
tormento e angústia, Penélope cai em pesado sono. Atena, em sonho
inspira confiança em Penélope, a qual acorda renovada.
Zeus convoca uma segunda assembleia das deidades. Atena reclama que Odisseu
ainda não foi libertado e que os pretendentes de sua esposa tramam contra o
Telêmaco. Zeus afirma que ela já tem autorização para ajudar Odisseu e
Telêmaco. Zeus, finalmente, envia Hermes para que determine a Calipso que
liberte Odisseu. Hermes transmite a mensagem para Calipso, contando-lhe que
os gregos não puderam retornar após a vitória em Troia por terem
desagradado Atena, que enviou fortes ondas contra os navios. Calipso
descreve como acolheu Odisseu quando ele chegou a sua ilha como único
sobrevivente de um naufrágio, abraçado na quilha da nau.
Calipso se dirige a Odisseu, o qual se encontrava chorando na praia de saudades
da casa e da família. Informa que o libertará, embora o advirta de que se
soubesse dos trabalhos que ainda deveria passar antes de tomar posse de
sua casa, optaria por ficar com ela, desposá-la e deixar que ela o tornasse
divino. Mas, visto que Odisseu escolhe partir, orienta-o a construir uma
jangada e avisa que lhe fornecerá mantimentos para a viagem.
Odisseu procede conforme orientação da deusa. Parte e navega por 17 dias,
quando vislumbra o monte de pedras da ilha dos Feácios. Posido vê que os
deuses o libertaram de Calipso e que está prestes a chegar à Feácia. Para
causar-lhe maiores males, torna o mar revolto. Odisseu ao verificar a
mudança do tempo fica tomado de temor. Após algum tempo em que
guiava a jangada, lutando contra a forte tempestade, ele se desfaz das
roupas que o submergiam e larga a jangada estraçalhada pelas ondas,
buscando nadar até a terra Feácia. Odisseu, abraçado em uma tábua da nau
destruída, fica mais dois dias vagando em meio às ondas, até que alcança a ilha dos
Feácios, totalmente combalido. Faz uma cama com folhas e mergulha em sono
profundo.
Canto VI – Odisseu é encontrado por Nausícaa, a filha do chefe da Ilha
Nausícaa, filha de Alcínoo (chefe da ilha e do povo feácio), inspirada por
Atena em sonho, vai com outras servas até onde Odisseu estava dormindo.
Encontra-o, fornece-lhe alimentos e roupas, e o acompanha até o centro da
cidade, próximo de onde ficava a casa de seu pai.
Odisseu teve ocasião de matá-lo, mas não o fez, pois percebeu que
morreriam ali, visto que não conseguiriam remover a pedra da porta. No
dia seguinte, o Ciclope assassina mais dois dos companheiros para o
almoço e sai com o rebanho de ovelhas.
Odisseu toma um tronco que estava dentro da gruta e faz uma enorme
estaca. Quando o Ciclope retorna à noite com o rebanho, Odisseu oferece-
lhe vinho. O Ciclope aceita a bebida e se embriaga. Ele pergunta o nome de
Odisseu e esse diz que se chama “Ninguém”.
O Ciclope cai em sono profundo e, então, Odisseu toma a estaca gigante,
coloca-a no fogo e com mais quatro companheiros enterra-a no olho do
gigante, cegando-o.
Canto X – Ilha de Éolo, monarca com domínio sobre os ventos; a tribo dos
Lestrigões e a ilha de Circe.
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O grupo chega e desembarca na ilha Eólia, onde chefiava Éolo, regente dos
ventos por concessão dos deuses. Ele e seus doze filhos dão hospedagem a
Odisseu e ouvem sua história. Compadecidos, decidem ajudá-los no
retorno à casa. Éolo prende todos os ventos contrários num odre e libera
apenas Zéfiro, para que sopre nas velas da nau guiando-os à casa.
Afirma que antes terão de ir à mansão dos mortos, dominada pelo deus
Hades e sua esposa, a deusa Perséfone, para consultar um cego adivinho, o
tebano Tirésias. Ela explica como devem fazer para chegar ao local onde
poderão consultar os mortos. Embora contrariados por terem de enfrentar
novas aventuras antes de partirem para casa, embarcam rumo ao local
indicado por Circe.
Tirésias afirma que, apesar dos trabalhos, chegarão na Ilha Trinácria, onde
ficam os bois do deus Hélio. Se lá nada fizerem contra os bois e as ovelhas,
terão retorno contente. Caso qualquer lesão pratiquem contra esses
animais, Odisseu chegará em Ítaca após longo período, e somente depois
de perder o barco e ver morrer os companheiros. Sendo que ao chegar à
casa, encontrará ainda novos sofrimentos, pois pretendentes lhe devorarão
os bens e tentarão conquistar sua esposa.
Diz o poema:
Canto XII – A ida até a Trinácria, passando pelas Sereias e enfrentando Cila e
Caribde. A perda dos companheiros e a chegada à Ilha de Calipso.
Chegando à ilha Eeia, o grupo é recebido por Circe, que os concede
hospedagem e refeição. Odisseu conta a Circe tudo o que ouviu de Tirésias.
Circe, então, revela-lhe o caminho que terá de percorrer, buscando preveni-
lo dos riscos.
Atenas, então, indica-lhe uma gruta para esconder seus tesouros, até que
todo seu plano esteja consumado, no que é atendida por Odisseu. Informa
que há três anos os pretendentes de sua esposa consomem os bens de sua
propriedade. Orienta-o a procurar o porqueiro Eumeu, antigo criado de
Odisseu e extremamente leal à família, sem contudo lhe revelar sua
identidade. Atenas lhe transforma a aparência na de um velho mendigo
para que o antigo servo não o reconheça. Ela diz irá para Esparta, nas
campinas de Lacedemônia para buscar Telêmaco, que havia partido para
ter notícias do pai.
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“Sou, sim, teu pai, por quem hás suspirado, saudoso, já tanto
e tantas dores sofrido (…).
Isso disse ele, indo o filho beijar. Pelo rosto lhe escorrem
lágrimas para o chão duro, que tanto, até ali, represara.
(…)
Sou, sim, eu mesmo, que, após sofrimentos e viagens inúmeras,
vinte anos já decorridos, ao solo da pátria retorno.
(…)
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Penélope lança uma prova aos pretendentes, avisando que se casará com o
vencedor: a prova do arco. Quem conseguisse envergar o arco que Odisseu
deixou em casa antes de sair para a guerra, lançando a flecha por entre 12
pequenos círculos, seria escolhido como marido.
Odisseu poupa dois dos presentes: o vate, Fêmio, que tocava para os
pretendentes; e Medonte, por sempre ter tratado Telêmaco de forma
benigna.
Odisseu vendo que o grupo se aproximava toma armas junto com seu pai e
outros criados que ali se encontravam.