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TESEU E O MINOTAURO

Houve um tempo em que o povo ateniense vivia sob o jugo do rei Minos
de Creta. Como este reino fosse o mais poderoso da Grécia, e Atenas fosse
sua tributária, todo ano o déspota requeria os sete varões mais fortes e as
sete jovens mais belas dentre os súditos de Egeu. Seu propósito era
sacrificá-los ao seu filho Minotauro, uma fera terrível que tinha corpo de
homem e cabeça de touro.

Nesta época, vivia em Atenas o príncipe Teseu, que era um dos homens
mais valorosos de toda Grécia e que jamais aceitaria ver seu povo em
sofrimento. 

No entanto, o rei Egeu, conhecendo os ímpetos do filho, e temendo


perder seu único herdeiro, proibiu que lhe contassem sobre o ímpio
tributo.

Quando, pois, no terceiro ano, segredaram ao príncipe o castigo de Minos,


o herói encheu-se de grande fúria e de pronto anunciou aos concidadãos
que se daria como um dos quatorze prisioneiros.

Sabendo da decisão do filho, o rei Egeu restou aflito e pesaroso. No


entanto, foram vãs as suas súplicas. O herói obstinou-se na decisão e se
colocou mesmo entre aqueles que serviriam como banquete ao Monstro
Minoico.

II

Chegando a Creta, Teseu postou-se ante o monarca orgulhoso, revelou ser


o príncipe de Atenas, e concitou, corajosamente, que fosse ele o primeiro
a ser jogado no Labirinto do Minotauro. 

Minos, jamais afrontado, irou-se com tamanha ousadia, e, aos gritos,


mandou prender o jovem petulante numa cela separada, para que na
manhã seguinte fosse jogado sozinho na morada da horrenda criatura.
III

Entretanto, Ariadne, filha belíssima de Minos, que assistia à cena ao lado


do pai, ficou encantada com o jovem herói, guerreiro mais nobre e belo
que ela jamais vira. Ao notá-lo, Eros espetou-lhe uma seta e a melíflua
princesa foi tomada de amores pelo estrangeiro.

Assim, já entrada a noite, a princesa esquivou-se espertamente dos


guardas e chegou até a cela sombria do herói. Pelas grades, a doce
Ariadne entregou-lhe um novelo dourado e uma adaga afiada, e, em
sussurros, instruiu o amado a como utilizar aqueles bens.

IV

Na manhã seguinte, os guardas levaram Teseu ao intrincado Labirinto. 

Sem que os homens de Minos percebessem o ardil, o astuto herói,


conforme lhe recomendara a princesa, amarrou a ponta do novelo no
umbral da entrada. 

Teseu então foi lançado no terreno ignoto e errou por longo tempo
naquele emaranhado de vias, sempre sentindo que o devorador de
homens estava à sua espreita.

Então, já exausto de vagar por aqueles descaminhos, o jovem sentiu às


suas costas um bafejo quente. Virando-se de um golpe, deparou-se com
uma figura agigantada e feíssima. A besta babava de fome e exibia suas
presas afiadas.

De súbito, Minotauro investiu contra Teseu, buscando acertá-lo com suas


potentes chifradas. O herói, muito ágil e astuto, e de força também
excelente, não se intimidou e foi desviando-se dos golpes, calculando o
melhor modo de superar o terrível inimigo.

Desta arte, numa manobra velocíssima, Teseu domou o monstro pelos


cornos, resistiu aos seus solavancos desesperados, e cravou a adaga na
garganta da fera. 
Com um mugido de dor que fez tremer a ilha, o invicto Minotauro tombou
morto.

IV

Mais depressa que pode,/ o príncipe ateniense foi enrolando o fio


salvador. Ao fim de poucos minutos, estava na alta porta do Labirinto. 

Ao ver o compatriota com vida,/ os demais cativos atenienses se


encheram de coragem / e se amotinaram contra a guarda de Minos. Todos
escaparam da escura prisão /e, ao comando do príncipe, embarcaram na
recurva nau. Teseu levou consigo a princesa Ariadne, para desespero do
rei Minos.

No caminho de volta a Atenas, o príncipe aportou na ilha de Naxos / e, por


injunção dos deuses, abandonou lá a desditosa Ariadne.

Chegando à sua terra,/ Teseu não se lembrou / de içar a vela branca /


conforme combinara com seu pai, / em sinal de que sobrevivera à
aventura. Com efeito, o velho rei, acreditando / que seu filho padecera
sob as garras do Minotauro,/ suicidou-se,/ lançando-se no mar revolto.
 
Foi assim /que Teseu elevou-se ao trono de Atenas, / tornando o seu reino
dos mais fortes e prósperos de toda Hélade.

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