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RESUMO PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO - BRUNA

Texto: Envelhecimento e Longevidade


Introdução
O sonho da imortalidade acompanha a humanidade ao longo da história: a pedra filosofal dos alquimistas, a
Ambrosia dos gregos antigos, numerosos mitos e lendas sobre elixires ou fontes da juventude. A promessa da imortalidade é
central nas religiões organizadas, sendo a recompensa do devoto a vida eterna em um paraíso terrestre ou celeste, ou a
reencarnação da alma. A esperança de alongar a vida e evitar o envelhecimento gera uma demanda crescente por
medicamentos, cosméticos e tratamentos. Porém, apesar de nossos esforços, continuamos a envelhecer e a morrer. Há, no
entanto, uma mudança nessa narrativa entre países de alta renda até as mais pobres: o envelhecimento populacional.

Envelhecimento Populacional
As duas causas do envelhecimento populacional são a diminuição da mortalidade (ou de outra forma, a diminuição
da probabilidade de morte a uma determinada idade) e a diminuição da fecundidade. A queda da fecundidade é o principal
fator de envelhecimento populacional, porque diminui a proporção de jovens na população, muitos casais estão optando
retardar a idade para ter filhos, o que contribui para o envelhecimento. Comumente, a taxa de fecundidade de 2,1 filhos por
mulher em idade fértil é chamada de “taxa de reposição”, a taxa que estabiliza o tamanho da população no longo prazo. Essa
noção baseia-se na frequência natural de nascimento de homens e mulheres, aproximadamente 105 homens para cada 100
mulheres, que pode ser uma justificativa para o envelhecimento populacional.
O envelhecimento populacional continuará, mas ele (ainda) pouco depende do aumento da duração máxima da vida
humana.

Ambiente, Genética e Longevidade


A esperança de vida aumenta com a renda per capita do país, mas a variância das esperanças de vida dos países, se
comparada às variâncias de suas rendas e de outros indicadores econômicos e sociais, é relativamente pequena e diminui à
idade de 65 anos. Pesquisas ilustram também a maior longevidade feminina. Essas características sugerem a existência de
limites genéticos para a longevidade humana.
Especificaremos agora quatro terms associados ao envelhecer:
1. “Envelhecimento” é o processo de ficar mais idoso, independentemente da idade cronológica;
2. “Longevidade” denota a duração máxima de vida, isto é, o número máximo de anos que um ser humano vive;
3. “Senescência” descreve o conjunto de efeitos deletérios (prejudiciais a saúde) que diminuem a eficiência funcional
de um organismo em processo de envelhecimento, aumentando sua probabilidade de morte;
4. “Senilidade” refere-se à deterioração física e mental associada ao envelhecimento.

Kirkwood e Austad (2000) definem envelhecimento como a progressiva diminuição da capacidade funcional e da
fertilidade, acompanhada de mortalidade crescente, que ocorrem com o aumento da idade.
O envelhecimento ocorre por toda a vida, mas seus efeitos são mais perceptíveis após os quarenta anos de idade
(SPENCE, 1989). O envelhecimento tende a reduzir a capacidade de funcionamento dos órgãos e também ao nível celular. A
diminuição da capacidade de resposta a estímulos externos e internos dificulta aos idosos manterem estáveis os processos
corporais químicos e físicos, aumentando a probabilidade de morte.
Estudos constataram um crescimento inesperadamente lento da mortalidade nas idades mais avançadas. Essa
diminuição da mortalidade é referida como a “retangularização” da função de sobrevivência.
As explicações evolucionárias para o envelhecimento baseiam-se em duas principais teorias:
A - Teoria do acúmulo de mutações: essa primeira entende o envelhecimento como o resultado do declínio da força da
seleção natural com o aumento da idade. Mutações prejudiciais ao sucesso reprodutivo são desfavorecidas pela seleção
natural, mas mutações deletérias que se manifestem após o organismo ter ultrapassado a idade fértil não seriam excluídas
do genoma da espécie. O acúmulo dessas mutações aumentaria as taxas de mortalidade com o aumento da idade.

B - Teoria da pleiotropia antagonística: prevê que genes com ação deletéria em idades superiores à idade fértil, mas que
aumentem o sucesso reprodutivo, serão favorecidos pela seleção natural
Kirkwood acrescenta o conceito do soma descartável. Animais idosos são raros em ambiente natural. Como
resultado da mortalidade por causas externas, há um enfraquecimento progressivo da força da seleção natural com a
elevação da idade. O envelhecimento, em termos evolucionários, é consequência da força declinante da seleção natural com
o aumento da idade, porque a sobrevivência exige a “escolha” entre investir recursos na preservação do corpo ou em
reprodução.
Fries (1980) propôs que a longevidade humana obedeceria a uma distribuição normal, com média de 85 anos e
desvio padrão de 7 anos e que a morbidade no final da vida seria comprimida por mudanças no estilo de vida e novos
tratamentos. Hopkin (1999) sugere que a duração máxima da vida humana é determinada geneticamente em cerca de 125
anos.
Uma característica dos padrões de mortalidade humana é a maior longevidade das mulheres. As populações idosas
são predominantemente femininas. A maior longevidade feminina está comprovada para todas as sociedades modernas,
desenvolvidas ou não.
Foram fatores importantes para o declínio da mortalidade ao longo do século XX a universalização dos serviços
básicos de saúde, melhor atendimento neonatal, vacinação em massa, melhorias na segurança dos veículos motorizados,
acesso universal à água potável e à coleta de lixo, melhor dieta e alta taxa de crescimento da renda. Porém, o aumento da
expectativa de vida ocorreu principalmente pela redução da mortalidade nas idades mais baixas, sem modificar
significativamente a longevidade.
Em termos mundiais, as principais causas de morte entre os jovens e os adultos de meia-idade são as doenças
transmissíveis e as mortes violentas. Por volta dos 45 anos de idade e daí em diante, a maioria das mortes passa a ser por
doenças não transmissíveis, com destaque para as doenças cardiovasculares, o câncer e as doenças respiratórias. O idoso
apresenta menos doenças agudas que grupos mais jovens e tem um índice mais baixo de mortalidade por esses problemas.
Porém pessoas idosas que adquirem doenças agudas requerem períodos mais longos de recuperação e tem mais
complicações advindas dessas condições. A doença crônica é o principal problema da população idosa.
Além de fatores genéticos, o envelhecimento e o tempo de vida também são influenciados pelo estilo de vida. Entre
os comportamentos negativos para a longevidade estão o sedentarismo, as dietas supercalóricas e o tabagismo.

A velhice como doença


Há uma opinião em que existe um limite natural para a duração da vida humana, embora não haja consenso. Porém,
estamos cada vez menos sujeitos às imposições de nossa história evolutiva, porque estamos alterando nossa fisiologia por
meio da tecnologia.
Fogel denominou essa crescente influência da tecnologia sobre o corpo humano de evolução tecnofisiológica. O
controle do ambiente a que os mesmos são expostos altera substancialmente sua fisiologia e expande a duração média de
suas vidas, até mesmo triplicando-a, dependendo da espécie.

Texto: Fatos sobre o envelhecimento populacional


Uso de recursos
O número crescente de pessoas com 65 anos ou mais tem causado um impacto nas agências de serviço sociais e de
saúde que atendem a esse grupo, e, por associação, o governo é a fonte de pagamento para a maioria desses serviços. O
idoso apresenta taxas mais altas de hospitalização, de cirurgia e de vista médica que os pacientes de outras faixas etárias.
Menos de 5% da população idosa é institucionalizada em algum momento. Contudo, um a cada quatro idosos
utilizará um asilo em algum período de sua vida.

Futura geração idosa


Grupo de pessoas que estarão entrando na velhice entre 2008 a 2030:

● A maioria tem filhos, mas sua baixa taxa de natalidade significa que terão menos filhos biológicos disponíveis para
assisti-los na idade madura;
● São a geração com melhor nível educacional que a sociedade jamais teve;
● A sua renda tende a ser mais alta do que a dos outros grupos;
● Adotam um vestuário mais casual que as gerações anteriores;
● Estão enamorados com produtos de alta tecnologia;
● O seu tempo de lazer é mais escasso do que o dos outros grupos e eles tem mais probabilidade de relatar a sensação
de estress no final do dia;
● Exercitam-se com mais frequência.

Texto: Cap. 05 - Transições da vida


Existe um processo de adaptação para o envelhecimento que requerem força, habilidade e flexibilidade. A vida pode
ser complexa e complicada para os indivíduos mais velhos que também têm de enfrentar a aposentadoria, a diminuição de
rendimentos, as possíveis mudanças de moradia, perdas, declínio da capacidade funcional. Pode ocorrer mudanças no
papéis que podem influenciar no comportamento, as atitudes, os valores, o status e a integridade psicológica.

MUDANÇAS DE PAPÉIS
O papel dinâmico dos pais sofre frequentes mudanças necessárias para acompanhar o crescimento e o
desenvolvimento dos filhos. Os pais tem que se adaptar para que seus filhos se tornem independentes e podem sair de casa.
Para pessoas que investiram a maior parte da vida cultivando e se preocupando com a prole, a independência de um filho
pode ter um impacto significativo. Embora os pais se libertem das responsabilidades e preocupações de criar os filhos e
passem a ter mais tempo para cuidar de seus próprios interesses, eles acabam por ficar sem o significado, o propósito e a
satisfação das atividades associadas com a criação do filho, que pode resultar em sentimento de perda.
Por ex., uma mãe, tendo desenvolvido poucos papéis que a façam alcançar satisfação, além de esposa e mãe, muitas
sentem-se anuladas quando seus filhos crescem e parte.
O homem idoso compartilha muitos dos mesmos sentimentos da esposa. Percebe-se que muitas coisas mudaram. O
homem ao longo dos anos pode ter tido a masculinidade reforçada com a habilidade de procriar e manter a sua decência. O
orgulho de ser um herói de guerra pode ter sido minimizado por defensores antibélicos, seu esforço em manter a família
sem
a necessidade de a esposa trabalhar é visto como opressivo por feministas, e sua tentativa de desempenhar o papel
masculino para o qual foi socializado é considerada machista ou inútil diante os padrões atuais.
Espera-se que o idoso contribua de forma limitada na vida dos filhos adultos. Os avós podem não ter papel ativo,
pois seus netos podem estar em diferentes locais do país. Essas mudanças não são necessariamente negativas.

ENVELHECIMENTO
O envelhecimento é definido como “preconceitos e estereótipos que são aplicados aos idosos unicamente com base
em sua idade. Em vez de mostrar apreciação pelas vastas contribuições do idoso e sua rica competência, a sociedade o ataca
com preconceitos e não toma as providências adequadas para com ele, menosprezando a sua dignidade.
Embora os idosos formem o grupo que mais cresce e se distingue na sociedade, eles continuam sendo
estereotipados por concepções errôneas, como:
● Os idosos são doentes e inválidos;
● A maioria dos idosos está em asilos;
● A senilidade vem com o envelhecimento;
● As pessoas são muito tranquilas ou muito rancorosas quando envelhecem;
● Os idosos tem pouca inteligência e são resistentes à mudança;
● Os idosos não são capazes de ter relações sexuais e não estão interessados em sexo;
● Há poucas satisfações na velhice.
Erik Erikson afirma que a última fase do ciclo de vida está preocupada com a luta entre a integridade e o desespero.
A integridade resulta do indivíduo ter satisfação; a decepção com a vida e a falta de oportunidades para alterar o passado
causam o desespero.

PAPEL DOS AVÓS


Os netos podem trazer considerável alegria e significado às vidas dos idosos, caso eles não estejam sobrecarregados
com as demais responsabilidades diárias dos pais pela criação dos filhos, podem oferecer amor, orientação e satisfação aos
jovens da família. Podem haver tantos estilos da papéis de avós quantas personalidades; não existe um único modelo de
papel.
As mudanças na estrutura familiar e nas atividades apresentam novos desafios aos avós da atualidade. Estima-se que
80% das mães de crianças pequenas trabalhem. Em consequência, os avós talvez assumam as responsabilidades pelos
cuidados de modo mais extenso do que as gerações anteriores. Alguns avós ainda oferecem lar para seus filhos e netos.
Alguns também estão sendo criados em lares de pais homossexuais. Os idosos podem tornar-se avós dos enteados de seus
filhos.
Alguns filhos/netos devem adaptar-se ao novo estilo de vida dos avós, que são diferentes de outras gerações. Hoje
ela pode ter uma carreira ativa e uma agenda social ocupada, não desejando ser sobrecarregada com as responsabilidades
de cuidar dos netos ou ocupar funções familiares. Os avós podem estar divorciados.
Os idosos talvez precisem ser orientados a pensar sobre aspectos como:
● Respeitar seus filhos como pais e não interferir no relacionamento pai-filhos;
● Ligar antes de visitar;
● Estabelecer regras para os cuidados dos netos;
● Permitir que os filhos estabeleçam seus próprios costumes em sua família e não esperar sua adesão às tradições dos
avós.

VIUVEZ
Um evento que altera a vida familiar é a morte do cônjuge. Como, depois de décadas de convivência com outro ser
humano, como adaptar-se subitamente a ausência daquela pessoa. A adaptação a essa perda significativa é somada à
necessidade de aprender uma nova tarefa: viver só.
A morte de um cônjuge afeta mais mulheres do que homens, porque a maioria das mulheres mais velhas tornam-se
viúvas.
Hoje, muitas mulheres têm maior independência em função de sua carreira e mudaram as rotinas. Se essas mulheres
conseguirem um emprego, a adaptação às novas demandas de uma função no trabalho pode ser difícil e estressante. A viúva
desempregada pode ter de enfrentar a perda ou redução de pensões ou outras fontes de renda quando o marido morre,
precisando ajustar-se a um orçamento extremamente limitado. Algumas limitações existem pelo estereótipo que o
envelhecimento sofre.
A maioria das viúvas, depois do sofrimento inicial pela morte do marido, adapta-se bem à nova condição. Encontram
novas amizades, velhas amizades podem ser reavivadas, perda de certas responsabilidades (cozinhar, lavar…). Assumir novas
funções, ter rendimento suficiente e poder escolher o estilo de vida faz muitas mulheres adaptarem-se bem à viuvez.

APOSENTADORIA
Uma das principais adaptações é a perda da função de trabalho por ocasião da aposentadoria. Para muitos essa é a
primeira experiência em envelhecer. A aposentadoria é difícil de ser enfrentada em nossa sociedade, pois o indivíduo é
julgado comumente pela sua produtividade.
A identidade profissional é responsável pela posição social do indivíduo e pelo papel social ligado a ela. Certos papéis
proporcionam certos estereótipos, como o construtor é agressivo, o dançarino é exótico, entre outros. Os indivíduos são
descritos conforme seus papéis: “A enfermeira que me dá assistência ou o meu filho, o doutor”. Não é de se surpreender
que a identidade de um indivíduo seja ameaçada quando a aposentadoria acontece. Durante a infância e adolescência,
somos direcionados para um papel adulto independente, responsável e com graduação acadêmica, somos preparados para
nossos papéis profissionais.
Quando o trabalho da pessoa é o seu principal interesse, a sua atividade e a fonte de seus contatos sociais, a
separação do trabalho deixa um vazio na sua vida. No envelhecimento, os indivíduos deveriam ser encorajados a
desenvolver interesses que não tenham conexão com o trabalho.

CONSCIÊNCIA DA MORTALIDADE
A viuvez, a morte de amigos e o reconhecimento do declínio das funções despertam as pessoas idosas sobre a
realidade de sua própria morte. Desde cedo, os indivíduos entendem intelectualmente que não viverão para sempre, mas
seus comportamentos negam essa realidade. Os sinais que frequentemente surgem nesta situação em que a realidade da
mortalidade se acentua com o avançar da idade são: Interessar-se em realizar seus sonhos; Aprofundar as convicções
religiosas, fortalecer os laços familiares, Prover o bem-estar contínuo de sua família e deixar um legado.
O significado da revisão de vida, interpretando e refinando nossas experiências passadas, e o nosso autoconceito nos
ajudam a entender e aceitar a nossa própria história. Discutir o passado pode ser terapêutico e necessário para o idoso. O
pensamento de morte iminente pode ser mais tolerável se a pessoa sentir que a sua vida teve profundidade e significado. Há
possibilidade em ter satisfação sabendo que em outros períodos de sua vida houve realizações excitantes. A senhora pode
ter uma aparência delicada e enrugada, mas ainda pode satisfazer-se ao lembrar de como um dia encantou os homens.

DECLÍNIO FUNCIONAL
As mudanças óbvias na aparência e na função corpórea que acontecem durante o processo de envelhecimento
requerem que o idoso se adapte à nova imagem do corpo. Apesar de sutil, gradual e natural, essas mudanças podem ser
reconhecida, e, consequentemente, a imagem do corpo e seu autoconceito são afetados.
A maneira como os indivíduos se percebem pode determinar os papéis que eles assumem. Certos idosos se recusam
a participar de um clube para terceira idade, pois não se reconhecem como tal.
As vezes, é difícil a pessoa idosa aceitar o declínio do funcionamento do corpo. A memória pobre, a resposta lenta, a
fadiga fácil e determinadas alterações aparecem entre as consequências do declínio funcional, e são vistos de várias formas.
Alguns optam pela cirurgia plástica, tratamentos de beleza, drogas miraculosas e outros recursos caros que diminuem o
orçamento, mas não o processo de envelhecimento normal.
A doença e a incapacidade têm como consequência o declínio das funções. O idoso, teme que sua doença ou
incapacidade possa causar a perda de sua independência.

REDUÇÃO DA RENDA
Os recursos financeiros são importantes em qualquer idade porque afetam a dieta, a saúde, a moradia, a segurança
e a independência e influenciam as escolhas na vida. O perfil econômico de muitas pessoas idosas é a pobreza. Apenas uma
minoria está empregada ou financeiramente confortável.
Uma adaptação significante para muitas pessoas idosas é a redução nos rendimentos, pois obriga a outros ajustes.
Uma vida social ativa e a busca de lazer podem ter de ser acentuadamente reduzidas ou eliminadas.

ISOLAMENTO SOCIAL
A solidão e a desolação enfatizam todos os infortúnios pelos quais as pessoas que estão envelhecendo passam. A
insegurança como resultado de inúmeras perdas podem levar a desconfiança e levar a um isolamento auto imposto. De vez
em quando, muitas perdas acontecem, e as adaptações são necessárias, assim como o contato pessoal, o amor, o apoio e a
atenção. Tais necessidades humanas são essenciais. É provável ocorrer um fracasso nos adultos que se sentem indesejados e
não-amados.
É preciso enfatizar que estar só não é sinônimo de solidão. Os períodos de solidão são essenciais para todas as
idades, pois proporcionam a oportunidade para refletir, analisar e entender melhor a dinâmica da vida.

Texto: Teorias do Envelhecimento


Durante séculos o envelhecimento despertou a curiosidade humana. As antigas relíquias egípcias e chinesas
evidenciam elaborações destinadas a prolongar a vida ou a atingir a imortalidade, mas várias outras culturas têm proposto
regimes dietéticos especiais, misturas de ervas e rituais com finalidade semelhante. Os antigos expansores de vida, como
extratos preparados de testículos de tigre, podem parecer risíveis até serem comparados com as medidas mais modernas,
como as injeções de tecido embriônico. Mesmo as pessoas que não compactuam com tais práticas peculiares podem ser
indulgentes com os suplementos nutricionais, os cosméticos e os spas exóticos que prometem manter a juventude e
retardar o envelhecimento.
Nenhum fator isolado causa ou previne o envelhecimento. Uma única teoria não pode explicar as complexidades
deste processo. As explorações sobre o envelhecimento biológico, psicológico e social continuam e buscam a juventude
eterna. Os esforços das pesquisas mais recentes visam que as pessoas possam envelhecer de maneira mais saudável. Na
realidade, a pesquisa recente tem-se concentrado na compreensão da morbidade. O objetivo é manter a pessoa sadia e ativa
por um período de tempo mais longo, não tentar mantê-la viva por um período de tempo maior.

TEORIAS BIOLÓGICAS
O envelhecimento difere de pessoa para pessoa. Não existem dois indivíduos que envelheçam de forma idêntica.
Vários graus de mudanças fisiológicas, capacidades e limitações serão encontrados entre pessoas de uma determinada faixa
etária.

Fatores genéticos
Acredita-se que as pessoas herdam um programa genético que determina a sua expectativa de vida específica. Nos
anos 1960 a teoria do envelhecimento programado estava adiantada. Para essa teoria os animais e os seres humanos
nascem com um programa genético, ou um relógio biológico, que predetermina o seu ciclo de vida. Vários estudos que
demonstram um relacionamento positivo entre a idade dos pais e o ciclo de vida dos filhos apoiam o programa genético
predeterminado.
Alguns teóricos acreditam que exista uma falha na produção de uma substância de crescimento, resultando na
cessação do crescimento e da reprodução celular, enquanto outros hipotetizam que um fator de envelhecimento,
responsável pelo desenvolvimento e maturidade celulares durante a vida, seja produzido excessivamente, acelerando,
assim, o envelhecimento.
Radicais livres
Os radicais livres são moléculas altamente reativas que contém carga elétrica gerada a partir do oxigênio. Podem
resultar do metabolismo normal, de reações com outros radicais livres ou da oxidação do ozônio, dos pesticidas e de outros
poluentes.
Tais moléculas podem danificar as proteínas, as enzimas e o DNA, substituindo as moléculas que contém informação
biológica útil por moléculas defeituosas que provocam um distúrbio genético. Acredita-se que esses radicais livres sejam
autoperpetuados, isto é, que geram outros radicais livres. Desta forma, o declínio físico do corpo ocorre à medida que o
dano provocado pelas moléculas se acumula com o tempo.

Reações autoimunes
Acredita-se que os principais órgãos do sistema imunológico, o timo e a medula óssea, sejam afetados pelo processo
de envelhecimento. A resposta imunológica declina após o início da idade adulta. Uma hipótese relacionada com as reações
autoimunes no processo de envelhecimento é que o organismo confunda as células idosas, irregulares, com agentes
estranhos e as ataque:
→ As células são submetidas a modificações com a idade → O organismo enfrenta essas células como substâncias estranhas
→ São formados anticorpos para atacar e livrar o corpo das substâncias estranhas → As células morrem.

Uso e desgaste
Essa teoria atribui o envelhecimento ao uso e desgaste do corpo ao longo do tempo, à medida que ele desempenha
as suas funções altamente especializadas ocorre uma sobrecarga. Como qualquer máquina complexa, o corpo funcionará de
forma menos eficaz com o uso prolongado e os inúmeros abusos.

Estresse
Os estresses ao corpo podem ter efeitos adversos e levar a condições como úlceras gástricas, ataques cardíacos,
tireoidite e dermatoses inflamatórias. Entretanto, essa teoria é limitada em sua universalidade, porque os indivíduos reagem
diferentemente aos estresses da vida - uma pessoa pode ficar perturbada com um horário moderadamente ocupado,
enquanto outras podem ficar frustradas ao enfrentarem um ritmo lento, aborrecido.

Doença
As bactérias, os fungos e outros microrganismos são considerados responsáveis por determinadas mudanças
fisiológicas durante o processo de envelhecimento. Em alguns casos, esses patógenos podem estar presentes no corpo por
décadas antes de começarem a afetar os sistemas orgânicos. Essa conexão entre o envelhecimento e os processos de doença
foi denominada biogerontologia. O interesse por essa teoria foi estimulado pelo fato de que os seres humanos e os animais
têm usufruído de maior expectativa de vida com o controle ou a eliminação de determinados patógenos, por meio da
imunização e do uso de drogas antimicrobianas.

Neuroendócrinos e neuroquímicos
O envelhecimento é o resultado de modificações no cérebro e nas glândulas endócrinas. Envelhecemos mesmo
quando não nos desenvolvemos.

Radiação
Nos seres humanos, a exposição repetida aos raios ultravioleta causa elastose celular, enrugamento da pele do tipo
“velhice”, provocada pela substituição do colágeno pela elastina. A radiação ultravioleta também é um fator no
desenvolvimento do câncer de pele, além de poder induzir mutações celulares que promovem o envelhecimento.
Nutrientes
Acredita-se que aquilo que comemos influencia significativamente em como envelhecemos. Os experimentos com
peixes subalimentados demonstram que seu índice de crescimento fica retardado, resultando em um ciclo de vida
anormalmente longo. Afirma-se que a obesidade humana encurta a vida.
A qualidade da dieta é tão importante quanto a sua quantidade. As deficiências de vitaminas e de outros nutrientes,
assim como os excessos de nutrientes, como o colesterol, por exemplo, podem causar diversos processos de doenças. Ainda
que o relacionamento completo entre a dieta e o envelhecimento não seja bem entendido, sabe-se o suficiente para sugerir
que uma boa dieta pode minimizar ou eliminar alguns dos efeitos danosos do processo de envelhecimento.

Ambiente
Vários fatores ambientais são conhecidos como ameaçadores à saúde e considerados associados ao processo de
envelhecimento. A ingestão de mercúrio, chumbo, arsênico, isótopos radioativos, determinados pesticidas e outras
substâncias pode provocar mudanças patológicas nos seres humanos. O fumo e a respiração de tabaco e de outros
poluentes do ar também têm efeitos adversos. Finalmente, as condições de superlotação, os altos níveis de ruído e outros
fatores parecem influenciar a forma como ocorre o envelhecimento.

TEORIAS PSICOSSOCIAIS
Exploram os processos mentais, o comportamento e os sentimentos das pessoas durante o seu ciclo de vida, bem
como os mecanismos de defesa que utilizam para enfrentar os desafios da velhice.

Teorias do desengajamento
Considera o envelhecimento um processo no qual a sociedade e o indivíduo se retiram ou se desengajam,
gradualmente, um do outro para a satisfação e o benefício mútuo. O benefício é poder refletir e centralizar-se em si
mesmos, tendo se libertados dos papéis sociais. O valor do desengajamento para a sociedade é o estabelecimento de um
meio ordenado para a transferência do poder do mais velho para o mais jovem, tornando possível a continuação do seu
funcionamento após a morte de seus membros.
Várias dificuldades são óbvias com este conceito. Muitos idosos desejam permanecer engajados e não querem que a
sua satisfação principal seja um reflexo derivado de seus anos de juventude. A saúde, as práticas culturais, as normas sociais
e outros fatores influenciam o grau no qual a pessoa participará na sociedade durante seus anos de velhice. Alguns críticos
alegam que o desengajamento não seria necessário se a sociedade melhorasse o atendimento de saúde e os recursos aos
idosos, assim como aumentasse a aceitação, as oportunidades e respeito por eles.

Teoria da atividade
Oposta a teoria do desengajamento, essa teoria proclama que a pessoa idosa deve continuar o estilo de vida da
meia-idade, negando a existência da idade avançada pelo maior tempo possível, e que a sociedade deve aplicar aos idosos as
mesmas normas que aplica aos indivíduos de meia-idade, não defendendo a diminuição da atividade, do interesse e do
envolvimento à medida que seus membros envelhecem. Essa teoria sugere formas de manutenção da atividade na presença
das múltiplas perdas associadas ao processo de envelhecimento, incluindo a substituição das atividades físicas por atividades
intelectuais, quando a capacidade física estiver reduzida, substituindo o papel de trabalho por outros papéis, quando ocorrer
a aposentadoria, e estabelecendo novas amizades quando as amigas forem perdidas.
A restrição desta teoria é o pressuposto de que a maioria das pessoas idosas deseja e é capaz de manter o estilo de
vida da meia-idade. Muitos idosos não possuem os recursos físicos, sociais, econômicos e emocionais para manter um papel
ativo na sociedade.

Teoria da continuidade
Relaciona a personalidade e a predisposição para determinadas ações na idade avançada com fatores similares
durante as outras fases do ciclo da vida. É dito que a personalidade e os padrões básicos de comportamento permanecem
imutáveis à medida que o indivíduo envelhece. Exemplificando, os ativos aos 20 anos provavelmente continuarão ativos aos
70, enquanto os jovens retraídos provavelmente permanecerão assim na sociedade ao envelhecerem. Os padrões
desenvolvidos durante a vida é que irão determinar se os indivíduos permanecerão engajados e ativos, ou se tornarão
engajados e inativos.
Essa teoria encoraja os jovens a considerar que as suas atividades atuais sejam a base dos fundamentos para o seu
futuro na velhice.

Teorias da subcultura
Alega que os idosos, como grupo, possuem suas próprias normas, crenças, atitudes, expectativas e comportamentos,
os quais os diferenciam dos outros grupos, transformando-os em uma subcultura. Suas características exclusivas separam-
nos das outras faixas etárias e fazem com que sofram algum grau de segregação da sociedade.

Etapas do desenvolvimento
Processo de envelhecimento saudável como resultados do preenchimento bem-sucedido das etapas anteriores, as
quais são os desafios que devem ser enfrentados e as adaptações que devem ser feitas, em resposta às experiências de vda
que fazem parte do crescimento constante do adulto ao longo do seu ciclo de vida. O desafio do elhice é aceitar e encontrar
significado na vida vivida pela pessoa; isto dá ao indivíduo a integridade do ego, auxiliando na adaptação e no
enfrentamento da realidade do envelhecimento e da mortalidade.
Diferenciação do ego X Preocupação com o papel: para desenvolver satisfações por si mesmo, como pessoa, não por
meio de papéis de pai/mãe ou ocupacionais;
Transcendência do corpo X preocupação com o corpo: para encontrar prazeres psicológicos, não se tornar absorvido
com problemas de saúde ou limitações físicas impostas pelo envelhecimento;
Transcendência do ego X preocupação com o ego: para atingir a satisfação por meio da reflexão da vida passada e as
realizações, sem se preocupar com o número finito de anos restantes de vida.
Robert Butler e Myrna Lewis resumiram as principais etapas da vida tardia:
● Adaptação às enfermidades;
● Desenvolvimento de um sentido de satisfação com a vida que foi vivida;
● Preparação para a morte.

Texto: Modificações comuns do envelhecimento


Modificações na mente
As modificações psicológicas podem ser influenciadas pelo estado de saúde em geral, pelos fatores genéticos, pela
educação, pelas atividades e mudanças físicas e sociais. A deficiência de órgãos sensoriais pode prejudicar a interação com o
ambiente e com as outras pessoas, influenciando o estado psicológico. Sentir-se inútil e socialmente isolado pode obstruir o
funcionamento psicológico ideal.

Personalidade
Mudanças drásticas na personalidade básica normalmente não ocorrem à medida que se envelhece. A pessoa idosa
delicada e gentil, era provavelmente assim quando jovem. Excluindo-se os processos patológicos, a personalidade será
consistente à dos anos mais jovens, possivelmente sendo expressa mais aberta e honestamente. A alegada rigidez das
pessoas idosas é mais o resultado de limitações físicas e mentais do que uma mudança de personalidade. A insistência do
idoso para que seus móveis não sejam trocados de lugar pode ser interpretada como rigidez, mas pode ser uma prática de
segurança por já estar adaptado a estes objetos. As mudanças nos traços de personalidade podem ocorrer em resposta aos
eventos que alteram a auto atitude, como: a aposentadoria, a morte do cônjuge, a perda da independência, a redução da
renda, a deficiência. A moral, a atitude e a auto estima tendem a ser estáveis durante o ciclo de vida.

Memória
Três tipos de memória são:
Curto prazo: Dura alguns segundos;
Longo prazo: envolvendo o que foi aprendido há um longo tempo;
Sensorial: obtida através dos órgãos sensoriais e dura apenas alguns segundos;
A recuperação da informação da memória a longo prazo pode ser mais lenta, principalmente se a informação não for
usada ou necessária diariamente. Alguns esquecimentos relativos à idade podem ser melhorados com o uso de auxiliares
(dispositivos mnemônicos).

Inteligência
Em geral, deve-se interpretar os achados relacionados com a inteligência e o idoso com muito cuidado, porque os
resultados podem ser parciais devido ao instrumento de mensuração ou ao método de avaliação usado. As pessoas idosas
enfermas não podem ser comparadas com as pessoas sadias. As pessoas com antecedentes educacionais e culturais
diferentes não podem ser comparadas. Um grupo de indivíduos habilitados e capazes de realizar um teste de QI não pode
ser comparado com aqueles indivíduos com déficits sensoriais que talvez nunca tenham feito esse tipo de teste.
A inteligência básica é mantida; não nos tornamos mais ou menos inteligentes com a idade. A capacidade de
compreensão verbal e de operações aritméticas não se modifica. A inteligência cristalizada (que surge do hemisfério
dominante do cérebro) é mantida na idade adulta. Essa inteligência permite que o indivíduo use o aprendizado e as
experiências anteriores para a solução de problemas.

Aprendizado
Alguns fatores podem alterar o aprendizado da pessoa idosa, motivação, atenção, transmissão atrasada de
informação ao cérebro, os déficits e as doenças. As pessoas idosas podem demonstrar menos aptidão para aprender e
dependem de experiências anteriores para solucionar os problemas, não da experiência com novas técnicas de solução. AS
fases iniciais da aprendizagem tendem a ser mais difíceis para as pessoas idosas do que para os mais jovens; no entanto,
após uma fase inicial mais prolongada, elas são capazes de manter um ritmo igual. O aprendizado ocorre melhor quando a
informação está relacionada com conhecimentos previamente aprendidos.

Alcance de atenção
Os idosos demonstram uma diminuição no desempenho da vigilância (isto é, na capacidade de reter a atenção
durante mais de 45 minutos). Eles se distraem com mais facilidade com as informações e os estímulos irrelevantes. E são
menos capazes de realizar tarefas complicadas ou que exigem desempenho simultâneo.

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