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A última viagem do Shaikh Ibrâhîm Niasse (r.a.a.

(Embaixador Usman Ahmad Tijani Ibrahim Niasse)

O Shaikh Ibrâhîm Niasse (r.a.a.) nasceu numa quinta-feira, 15 de rajabe de 1320


A.H. (outubro de 1902), em Taiba, que é um pequeno vilarejo perto de Caulaque
(Kaolack/Kawlax) no Senegal. Ele cresceu sob os cuidados do seu pai, o grande erudito e
guerreiro al-Hâjj 'Abdullah ibn Muhammad ibn Mademba Niasse (r.a.a.). Recitou o
Alcorão com ele até que o memorizasse fluentemente na recitação warsh, e então
prosseguiu aprendendo as diferentes ciências sagradas. A sua aspiração elevada e
envolvimento consistente sincero na busca do conhecimento o propeliu a se tornar
profundamente versado em todos os ramos das ciências sagradas, manifestas e ocultas.
O seu pai foi o seu único professor.
Ele faleceu — que Allah tenha misericórdia dele — aos 15 de rajabe de 1395 A.H.
(julho de 1975), em Londres, onde estava buscando tratamento. O Senegal e a África
tremeu diante da sua morte. Foi enterrado na cidade que fundara, conhecida como
Medina Baye, nos arredores de Caulaque no sudeste senegalês, e o seu funeral solene foi
assistido por uma inumerável quantidade de pessoas.
Parte 1 - De Caulaque para Dacar

A última viagem do Shaikh al-


Islâm al-Hâjj Ibrâhim Niasse (r.a.a.)
aconteceu em junho de 1975,
correspondente ao mês de jumada-atáni
de 1395 A.H.. Ele informou à sua casa
que queria viajar brevemente para
Londres. Naquele tempo ele tinha 75
anos de idade e tinha uma cirurgia
pendente, que ele sentiu que era a hora
de fazer.
Fora isso, a viagem lhe daria a
oportunidade de aproveitar o clima mais
fresco de Londres. Logo, ele instruiu
Kabîr Faye, seu companheiro de viagem
regular, para que empacotasse as
utilidades essenciais de viagem. Kabîr
Faye que costumava carregar o principal
kanash (volumes encadernados de
fórmulas de oração) do shaikh, o que
normalmente tornava a bagagem Última janta que o Shaikh Ibrâhîm Niasse (r.a.a.) teve
pesada, já que ele não sabia qual desses com a sua família antes de embarcar
documentos poderiam ser solicitados
pelo Shaikh.
Entretanto, nesta ocasião, o seu mestre, vendo-o empilhando a bagagem de viagem
observou: “Ó Kabîr Faye! Se você percebesse de quão mais pesadas cargas ou fardo você
será encarregado na sua jornada de retorno, não precisaria de que ninguém lhe dissesse
que não se fatigue com qualquer carga pesada nesta nossa jornada iminente!” Esse tipo
de observação vindo do Shaikh al-Islâm teve um impacto duradouro na sua alma, então
reduziu o tamanho da bagagem que pretendia carregar inicialmente.
Como era usual, muitos dos seus outros filhos e murîdûn queriam ir com ele, mas o
Shaikh declinou a oferta deles com a escusa de que a viagem seria curta. Quanto a muitos
dos seus filhos mais velhos e muqaddamûn, ele os enviou em missões para várias partes do
continente africano; entretanto muitos poucos o acompanharam até Dacar antes de
embarcar na sua viagem.
O seu filho Shaikh Ahmad al-Tijâni ficou
com ele por três dias em Dacar e o seu pai (o
Shaikh Ibrâhîm Niasse (r.a.a.)) discutiu
muitos assuntos importantes com ele.
Chegando em Dacar, ele deu alguns aurâd
(litanias) a Kabîr e lhe concedeu idhn
(permissão) para três dias de khalwa
(seclusão para entoar os nomes supremos de
Allah, da maneira prescrita pelo Shaikh). Ele
também teve muitas pessoas que lhe
prestaram ziyâra. Ziyâra conota visitar
homens de Allah para se beneficiar da sua
presença e buscar benevolência espiritual.
(Depois dos três dias em Dacar)… partiram,
Imâm Kabîr Faye (Muqaddam gambiano do Shaikh
Ibrâhîm Niasse (r.a.a.)) só o Shaikh Ibrâhîm Niasse e Kabîr Faye.
Parte 2 – De Dacar ao Hospital de Londres

Concluindo uma oração especial, o Shaikh (r.a.a.) embarcou num voo para Londres,
desembarcando no Aeroporto de Heathrow, terminal 1, em Londres. Foi transportado
imediatamente ao Hospital St. Thomas, o destino da sua viagem. Antes de sair de casa, as
providências necessárias foram finalizadas para a admissão no hospital.
Quanto o Chefe de Estado da República de Gana, Sua Excelência Dr. Kwame
Nkrumah recebeu uma mensagem do Shaikh (alguém a quem ele era bem conhecido), ele
enviou o seu próprio médico particular, o Dr. Maltin.

Dr. Kwame Nkrumah (Primeiro Primeiro-Ministro e Presidente de Gana) com o seu médico particular (Dr.
Maltin) e o Shaikh Ibrâhîm Niasse (r.a.a.)

Quando o médico ouviu sobre as dores do Shaikh, recomendou um médico


especialista em Londres e assegurou o Shaikh da sua perícia e o alto voto de confiança que
ele tem na sua perspicácia profissional como um médico cirurgião. Assim, os contactos
necessários foram garantidos e as formalidades de admissão foram feitas antes de
partirem. Foi por isso que o Shaikh foi levado direto para o dito hospital.
No começo da segunda fase da jornada, Kabîr Faye teve longas sessões assentado
com o Shaikh, que lhe contava muitos assuntos que lhe eram desconhecidos e que
começaram a lhe enviar sentimentos de que o seu mestre estava gradualmente dando
adeus ao mundo. Caso contrário, como o Shaikh poderia estar falando sobre a realidade da
morte e a vida do Além? E isso apesar de ele estar num estado de saúde muito bom e
desempenhando normalmente a sua rotina de rezas diárias.

Shaikh Ibrâhîm Niasse e Shaikh Kabîr Faye

Dois dias antes da sua morte, quando havia marcado a pequena cirurgia, pedira que
Kabîr Faye ligasse para um dos seus alunos que mora na Tunísia chamado 'Umar ibn
Khattâb, popularmente chamado de Khattâb Sokhna. Ele ouviu as suas conversas
enquanto o Shaikh lhe pediu que se sentasse ao seu lado. Depois das saudações formais, o
Shaikh relembrou o homem sobre uma pergunta que ele tinha feito muitos anos antes,
quando ele era jovem. Então Khattâb perguntou-lhe se ele morreria um dia, ao que o
Shaikh respondeu afirmativamente, mas que ainda não era o tempo devido para isso.
Khattâb disse que se lembrou. O Shaikh então foi além e disse: agora é a hora para aquela
promessa de Allah e é por isso que o ligou, mas que gostaria que o homem viesse e o
visitasse em Londres; além disso, ele deveria conseguir para ele uma presa de elefante que
ele queria dar de presente ao seu médico.
Khattâb confirmou que ele iria imediatamente até ele. A operação ocorreu no dia
marcado e foi bem-sucedida. Uns dois dias mais tarde, Khattâb chegara e ficou um dia
inteiro na companhia do Shaikh. Na reunião, o Shaikh reiterou que todas as almas devem
morrer e disse a 'Umar o dia da semana e a hora (do seu falecimento). Também lhe deu
vários conselhos úteis o que levou um dia inteiro. Depois da sua reunião com o Shaikh,
sentiu que não poderia esperar mais para ver como a promessa de Allah chegaria a se
cumprir com o Shaikh; assim, com o coração pesado, pediu idhn (permissão) para ir-se.
Naquele período de tempo, Hassan Cisse (r.a.a.), um aluno jovem num centro
educacional em Londres, também tomou como obrigação visitar o seu avô diariamente,
dispendendo horas com ele na companhia de Kabîr Faye e se retirando para casa à noite,
para voltar no dia seguinte.

Shaikh Ibrâhîm Niasse (r.a.a.) com o Imâm Hassan Cisse (r.a.a.)

Também, durante a mesma semana, um dos khâdimûn (leais, servos) próximos do


Shaikh em Cano (Nigéria), na pessoa de al-Hâjj Uba Waru, sonhou e viu o Shaikh, que
dissera que precisava de uma presa de elefante para dar de presente.
Parte 3 – Os visitantes nigerianos e as preparações finais

Uba Waru era um cavalheiro de origem nobre. O seu pai al-Hâjj Ibrâhîm Waru e a
sua mãe Sayyida 'Â'isha Shettima, conhecida como al-Hâjja Baba, vieram de um rico
histórico islâmico. Em tenra idade, Uba Waru logrou conhecer o Shaikh Ibrâhîm Niasse
(r.a.a.) e imediatamente se apaixonou por ele, fazendo votos de ser o seu khâdim por toda
a sua vida.

Al-Hâjj Uba Waru e o Shaikh 'Ali Cisse (r.a.a.)

Com uma personalidade rica porém humilde, ele era conhecido pela sua khidma
(serviço) e hadiya (generosidade) altruístas para com a família do Shaikh Ibrâhîm Niasse
(r.a.a.) regularmente. Anualmente ele costumava mandar sessenta pessoas para o Hajj e
Umra em Meca.
A sua associação íntima com o Shaikh lhe rendeu bênçãos ao ponto de se casar com
uma das netas do Shaikh. Depois de muitos anos, a sua filha também se casou com um dos
netos do Shaikh. A sua devoção à khidma do Shaikh era tal que ele estava sempre contacto
próximo com ele e recebendo muitas mensagens escritas suas.
Uba Waru já estava ciente que o Shaikh tinha viajado há alguns dias para Londres.
Então, ao acordar, ligou para Londres e contou ao Shaikh ao telefone sobre o seu sonho
para conseguir o seu idhn (permissão) antes de voltar para Londres. O Shaikh lhe deu o
sinal verde e confirmou que ele realmente precisa da presa de elefante. O Shaikh ainda lhe
instruiu para vir na companhia do seu filho, o Shaikh Ahmad al-Tijâni, que estava então
em Lagos, Nigéria, enviado para alguns compromissos na semana em que o seu pai partiu
de Dacar. Al-Hâjj Uba Waru foi para Lagos da sua casa em Cano e informou o Shaikh al-
Tijâni, que imediatamente organizou os seus documentos de viagem para um voo que iria
de Lagos via Adis Abeba para Amesterdã, e então Londres. Entretanto, no último
momento, houve problemas de documentação com a Imigração nigeriana, o que fez al-Hâjj
Ubu Waru viajar sozinho para Londres. Quando ele chegou ao Shaikh, ele lhe perguntou
onde estava o Shaikh al-Tijâni. Al-Hâjj Uba Waru explicou os impedimentos da Imigração,
ao que o Shaikh al-Islâm (r.a.a.) observou: “Que bom que ele não conseguiu vir! Pois se ele
viesse com você, teríamos perdido duas pessoas, em vez de uma!”

Então o Shaikh pegara a presa de elefante e rezou por ele, também conversando
com ele por horas a fio. Durante a terceira semana, o Mestre teve sessões diárias com todas
essas quatro pessoas: Kabîr Faye, Hassan Cisse, Uba Waru e 'Umar ibn al-Khattâb Sokhna.
Ele pediu que al-Khattâb fosse e perguntasse no aeroporto os horários de voo disponíveis
na próxima semana para Senegal a partir de Londres. Voltou com a informação de que os
voos da British Airways ocorriam duas vezes na semana, o primeiro dia sendo na segunda-
feira, e o segundo no meio da semana. O Shaikh lhe pediu para ir e agendar para a próxima
segunda-feira.
Além disso, Uba Waru, que estava feliz em ver o Shaikh em boa saúde e ânimo,
obviamente não estava ciente do hâl (condição) do Shaikh.
Kabîr Faye e Uba Waru chamaram os 'Ulamâ' de Cano e mandaram um
representante para Londres em ziyâra (visita) ao Shaikh. Então enviaram Mudi Salga e
mais duas pessoas. Vieram prontamente e visitaram o Shaikh. Depois da ziyâra usual,
foram-se.

“Por volta dessa hora… O principal adversário ideológico do Shaikh na Nigéria


(al-Hâjj Abu Bakr Gumi) alegou que o Shaikh Ibrâhîm compusera um poema de
arrependimento renunciando a sua afiliação sûfi tijâni. Então.. O Shaikh Sanni Awwal e
outros foram delegados pelos discípulos nigerianos do Shaikh Ibrâhîm para
esclarecimentos. Assim, o Shaikh respondeu com a carta intitulada Risâlat Tauba (Carta
de Arrependimento)".
Entretanto, a ziyâra usual de Uba Waru e Hassan continuou diariamente até sexta-
feira. Na sexta-feira, o Shaikh pediu para que 'Umar comprasse as passagens para o seu
voo de volta, levando Hassan Cisse com ele para entregar as passagens, porque ele
embarcaria no seu próprio voo para o Zaire. Na sexta-feira daquela semana, as preparações
necessárias foram feitas para a reza do meio-dia, depois da qual Kabîr Faye foi instruído a
ler longos aurâd (litanias) por horas, como foi a norma nessas duas semanas.
O Mestre também continuou a sua rotina de litanias e, pela noite, os dois hóspedes
convidados deixaram o Shaikh, como era a prática usual, deixando Kabîr Faye mais uma
vez sozinho com o seu Mestre.
Naquela mesma noite, sendo o fim da semana, o médico-chefe veio para se despedir
do Shaikh para o fim de semana na sua residência em Cambridge, já que não havia
trabalho no sábado e o seu paciente respondia bem aos cuidados pós-cirúrgicos. Depois de
trocarem gentilezas, ele partiu.
Quando ninguém exceto Kabîr Faye estava por perto, o Shaikh lhe deu o melhor
perfume que ele estava usando, chamado al-kalin goma (em hauçá) e também pediu para
que Kabîr abrisse a sua bagagem e tirasse um pano branco. Ele pediu que o pusesse num
dos lados do seu quarto.
Então começou a explicar longamente sobre como o Santo Profeta Muhammad
(s.a.w.s.) foi banhado quando partiu deste mundo. Também instruiu que Kabîr Faye ficasse
perto dele durante toda a longa conversa.
Na hora do fajr, eles se prepararam para Salât Subh e Kabîr Faye foi solicitado que
guiasse a reza como imâm enquanto ele, o Shaikh, rezaria detrás dele. Ele disse que
recitasse Ayât al-Kursi depois de Sûrat al-Fâtiha na primeira rakâ' e Laqad Ja'akum da
mesma forma na segunda rakâ'.
Depois de terminar a reza, fizeram individualmente os aurâd (litanias) obrigatórios.
Quando se aproximavam das 8h da manhã, solicitou que Kabîr Faye lhe pusesse na cama e
descansasse.
Parte 4 – A hora se aproxima

Então o Shaikh pediu para que ele (Kabîr Faye) chegasse bem perto dele duma
maneira que ficou bem próximo do seu rosto. Pediu para que recitasse alguns aurâd
especificados. Isso lhe tomou umas duas horas, até por volta das 11h da manhã.
Então foi instruído para chegasse ainda mais perto de maneira que a respiração do
seu mestre que ia ficando cada vez mais trabalhosa, de modo que poderia assoprar sobre a
sua própria face e a sua respiração estivesse realmente entrando pelas suas narinas.
Pediu para que o acariciasse o seu braço da maneira que uma mãe afaga o seu filho.
Ele conseguia ouvir claramente a recitação do seu Mestre e a sua voz era audível o
suficiente para ouvi-lo recitando os versículos da Sûrat Yûnus (Sura de Jonas, 10:24) ,
como segue:
“A similitude da vida terrena equipara-se à água que enviamos do céu. a qual
mistura-se com as plantas da terra, de que se alimentam os homens e o gado; e quando a
terra se enfeita e se engalana, a ponto de seus habitantes crerem ser seus senhores,
açoita-a o Nosso desígnio, seja à noite ou de dia, deixando-a desolada, como se, na
véspera, não houvesse sido verdejante. Assim elucidamos os versículos àqueles que
refletem.”
Ele ouviu isso até o ponto que o seu Mestre parou e lhe indicou para responder a sua
afirmação elevada assim:

LÂ ILÂHA ILL'ALLAH, a qual ele entoou em coro com o seu Mestre:


MUHAMMADU RASULULLAH; LÂ ILÂHA ILL'ALLAH, MUHAMMADU
RASULULLAH, LÂ ILÂHA ILL'ALLAH, MUHAMMADU RASULULLAH!
Depois disso, não ouviu mais palavra emanando dos lábios do seu Mestre. O seu
Mestre parecia dormir, mas o braço que ele estava segurando foi ficando frio. A realização
da morte lhe sobreveio imediatamente.
O seu Mestre não mais respirava: silenciosamente escapou deste mundo e retornou
à Misericórdia do Seu Senhor. Imediatamente pegou uma caneta e papel e olhou a hora no
relógio. Então escreveu como segue:
“O louvor é devido a Allah, seguramente é de Allah que viemos e a Ele que
retornaremos. O nosso Mestre, o Arauto da Efusão (Sâhib al-Faida), Shaikh Ibrâhîm
Niasse morreu em Londres no dia 16 de rajabe de 1395 A.H., correspondente ao dia 26 de
julho de 1975 d.C., às 12h03 PM no Hospital St. Thomas na Ala Simeon. O número do seu
quarto era 2632. Não havia mais ninguém presente com ele no seu período crítico exceto
o seu companheiro Muhammad Kabîr Faye.”
Parte 5 – Preparação para o banho de Janâza

Imediatamente Kabîr Faye se encaminhou para o processo de banho do corpo do


seu Mestre. Envolveu-o no pano branco prescrito e aplicou o seu perfume. Arrumou-o e
não muito tempo depois o médico que não esperavam entrou.
Kabîr Faye ficou surpreso com a sua chegada, já que não era esperado até segunda-
feira. Ele respondeu que o afeto que desenvolveu pelo seu paciente, assim como o
sentimento de inquietação que ele teve durante a noite deixou-o ansioso para ver o seu
paciente amado.
Isso foi o que o prontificou a vir. Kabîr Faye então lhe deu a notícia da sua passagem
deste mundo há cerca de uma hora. O médico fez o seu próprio exame minucioso para
satisfazer-se do seu status quo. Depois disso, informou-lhe da necessidade de preparar os
documentos necessários para facilitar o voo de volta no lugar de segunda-feira 28 de julho,
como já estava agendado.
Para isso, ele queria fotografar o seu outrora paciente. Kabîr Faye disse que não
tinha certeza se o seu mestre gostaria de qualquer foto dele ser tirada naquele estado. Isso
era porque, enquanto vivo, nunca amou tirar fotos, mas já que os seus amantes e
seguidores estavam sempre fazendo isso, não teve opção, senão consentir com a solicitação
do médico.
Ele reiterou entretanto que, se o seu Mestre estivesse vivo, ele solicitaria a sua
permissão expressa. Assim, o médico tentou tirar as fotos para só então perceber numa
terceira tentativa que a foto se apresentava em branco; nada aparecia.
Nisso teve que pedir para que a foto de Kabîr Faye fosse tirada em vez da do seu
Mestre, para facilitar a documentação.
Parte 6 – A última fase

Nota de falecimento para Uba Waru e Hassan Cisse

Tudo isso ocorreu enquanto não se notou qualquer sinal seja de Uba Waru ou de
Hassan Cisse. Então ele (Kabîr Faye) mandou uma mensagem para que Uba Waru fosse
convocado ao hospital. Quando ele chegou por volta das 2h, explicou que ele tinha de
comparecer a uma sessão na corte como testemunha.
Kabîr Faye deu a notícia da passagem do seu Mestre e pediu para que Uba Waru
fosse procurar Hassan para que ele também estivesse ciente. Uba Waru fez isso e Hassan
chegou depois de pouco tempo.

Nota de falecimento para o público

Os três transmitiram a notícia para o povo por toda a Nigéria, Senegal e Londres.
Não faltava mais nada, além da preparação para embarcar no voo da British Airways já
agendado para segunda-feira.
Assim foi como o Shaikh Ibrâhîm foi levado de avião para casa. Na Nigéria, na hora
a notícia da morte do Shaikh alcançou o povo. Sayyid 'Ali Cisse estava em Iola, Nigéria, e
foi informado imediatamente e convocado pelo Shaikh Tijâni para vir para Lagos.
Em Lagos, al-Hâjj Ramalan, um aluno íntimo do Shaikh junto com alguns outros
dos seus colegas arranjaram um voo fretado para levá-los com o corpo do Shaikh de
Londres para Dacar.
A partir desse ponto, outros milhares de amantes convergiram para Dacar para a
solene viagem de volta para a cidade de Caulaque, para o enterro imediato no mesmo dia.
Em Caulaque, entre a grande multidão, o Qutb (Polo/Eixo Espiritual) e Ghauth
(Socorro) foi posto para descansar na sua rauda a apenas alguns metros da sua mesquita,
um lugar que se tornou popular pelo seu número de visitantes sem precedente, de milhões
de todo o mundo que lotavam o lugar, para prestar os seus respeitos ao Sâhib al-Faida
(Catalisador da Efusão Espiritual), que veio e deu a todos de beber do seu mar de amor e
generosidade.
De Allah viemos e a Ele retornaremos (Inna liLlahi wa inna ilaiHi râji'ûn).

Fonte primária:
Imâm Shaikh Kabîr Faye da Gâmbia, num livro que ele escreveu sobre essa história.

Escrito por: Embaixador Usman Ahmad Tijani Ibrahim Niasse

Traduzido ao inglês e compilado por: Sayyida Bilqis Bolajoko Grillo


Adendo: Os Últimos dias de Baye

Postado originalmente por: Baye Senghane Seck

Em 1944, Ibou Diouf, um dos muqaddamûn mais velhos do Shaikh Ibrâhîm Niasse
chorou bem alto (extaticamente) dizendo: “a grande estrela mudará de curso em
Londres”.

Ibou Diouf

Consequentemente, 31 anos depois, em 1975, Baye Niasse fez a sua passagem no


Hospital St. Thomas, Londres, Reino Unido.
Retrospectivamente, em Medina Baye e Dacar em 1975: o Shaikh Ibrâhîm Niasse já
tinha começado a se despedir (da sua família, alunos e amados).
O povo de inteligência supunha que o grande Shaikh estava partindo. De fato, ele
costumava dizer que viveria tanto quanto o seu pai, o venerável al-Hâjj 'Abdullah Niasse [O
Grande], que morreu com 76 anos.
Quando Baye Niasse tinha 75 anos, poder-se-ia supor que o tempo estava perto.
Então, durante a sua última Lailat al-Qadr, a noite do destino foi a vigésima sétima noite
de ramadã, em 1975, e ele disse no seu último discurso:
“Nesta noite abençoada de Lailat al-Qadr, vocês sabem que sentiremos falta de
alguns (de nós) antes do próximo ramadã, que Allah os aceite ao Seu lado (em Sua
Misericórdia).”
Além disso, durante a sua última reza de sexta-feira, ele não continuou por causa de
uma doença, e então apontou o seu filho mais velho Ibrâhîm al-Hâjj 'Abdullah Niasse para
o substituir (na reza). Por esse ato simbólico Baye teve que escolher o seu sucessor.
O dia da sua partida de Medina Baye, o Shaikh Ibrâhîm visitou a tumba do seu
ilustre pai, que se situa na grande mesquita de Leona Niassene.
Deixando Caulaque com o coração pesado, o Shaikh al-Islâm sabia que essa viagem
seria a última. De Dacar para Londres: uma vez em Dacar, antes de tomar o avião, um dos
seus muqaddamûn mauritanos o visitou e lhe disse: “Ore por mim, para que eu possa
estar presente na recepção do além.” O Shaikh acenou com a cabeça e proclamou em voz
alta: “Glória a Allah, Aquele com o destino da humanidade nas Suas mãos!”
Começou a chover quando o avião que levava Baye Niasse voou para Londres.
Em Londres: acompanhado pelo seu neto o Shaikh Hassan Cisse e Kabîr Faye, um
dos companheiros fiéis (do Shaikh Ibrâhîm Niasse). O Shaikh foi admitido no Hospital St.
Thomas, Londres.
No sábado, 26 de julho de 1975, o Shaikh al-Islâm al-Hâjj Ibrâhîm Niasse (Baye)
entregou a alma, deixando para trás milhões de órfãos (seguidores e amantes).
Três dias depois, o seu corpo foi levado para o Senegal, e o mausoléu do Shaikh
Ibrâhîm fica ao lado da sua mesquita em Medina Baye, Caulaque.

Postado originalmente por: Baye Senghane Seck


Editado por: Isma’eel Bakare

Traduzido ao português por: Ya'qûb 'Abd al-Jabbâr Ghîmârâish (al-Brâzîli al-Tijâni)

Fonte: https://bayeniasse.blogspot.com/2019/07/the-last-journey-of-shaykh-
ibrahim.html

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