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Concluindo uma oração especial, o Shaikh (r.a.a.) embarcou num voo para Londres,
desembarcando no Aeroporto de Heathrow, terminal 1, em Londres. Foi transportado
imediatamente ao Hospital St. Thomas, o destino da sua viagem. Antes de sair de casa, as
providências necessárias foram finalizadas para a admissão no hospital.
Quanto o Chefe de Estado da República de Gana, Sua Excelência Dr. Kwame
Nkrumah recebeu uma mensagem do Shaikh (alguém a quem ele era bem conhecido), ele
enviou o seu próprio médico particular, o Dr. Maltin.
Dr. Kwame Nkrumah (Primeiro Primeiro-Ministro e Presidente de Gana) com o seu médico particular (Dr.
Maltin) e o Shaikh Ibrâhîm Niasse (r.a.a.)
Dois dias antes da sua morte, quando havia marcado a pequena cirurgia, pedira que
Kabîr Faye ligasse para um dos seus alunos que mora na Tunísia chamado 'Umar ibn
Khattâb, popularmente chamado de Khattâb Sokhna. Ele ouviu as suas conversas
enquanto o Shaikh lhe pediu que se sentasse ao seu lado. Depois das saudações formais, o
Shaikh relembrou o homem sobre uma pergunta que ele tinha feito muitos anos antes,
quando ele era jovem. Então Khattâb perguntou-lhe se ele morreria um dia, ao que o
Shaikh respondeu afirmativamente, mas que ainda não era o tempo devido para isso.
Khattâb disse que se lembrou. O Shaikh então foi além e disse: agora é a hora para aquela
promessa de Allah e é por isso que o ligou, mas que gostaria que o homem viesse e o
visitasse em Londres; além disso, ele deveria conseguir para ele uma presa de elefante que
ele queria dar de presente ao seu médico.
Khattâb confirmou que ele iria imediatamente até ele. A operação ocorreu no dia
marcado e foi bem-sucedida. Uns dois dias mais tarde, Khattâb chegara e ficou um dia
inteiro na companhia do Shaikh. Na reunião, o Shaikh reiterou que todas as almas devem
morrer e disse a 'Umar o dia da semana e a hora (do seu falecimento). Também lhe deu
vários conselhos úteis o que levou um dia inteiro. Depois da sua reunião com o Shaikh,
sentiu que não poderia esperar mais para ver como a promessa de Allah chegaria a se
cumprir com o Shaikh; assim, com o coração pesado, pediu idhn (permissão) para ir-se.
Naquele período de tempo, Hassan Cisse (r.a.a.), um aluno jovem num centro
educacional em Londres, também tomou como obrigação visitar o seu avô diariamente,
dispendendo horas com ele na companhia de Kabîr Faye e se retirando para casa à noite,
para voltar no dia seguinte.
Uba Waru era um cavalheiro de origem nobre. O seu pai al-Hâjj Ibrâhîm Waru e a
sua mãe Sayyida 'Â'isha Shettima, conhecida como al-Hâjja Baba, vieram de um rico
histórico islâmico. Em tenra idade, Uba Waru logrou conhecer o Shaikh Ibrâhîm Niasse
(r.a.a.) e imediatamente se apaixonou por ele, fazendo votos de ser o seu khâdim por toda
a sua vida.
Com uma personalidade rica porém humilde, ele era conhecido pela sua khidma
(serviço) e hadiya (generosidade) altruístas para com a família do Shaikh Ibrâhîm Niasse
(r.a.a.) regularmente. Anualmente ele costumava mandar sessenta pessoas para o Hajj e
Umra em Meca.
A sua associação íntima com o Shaikh lhe rendeu bênçãos ao ponto de se casar com
uma das netas do Shaikh. Depois de muitos anos, a sua filha também se casou com um dos
netos do Shaikh. A sua devoção à khidma do Shaikh era tal que ele estava sempre contacto
próximo com ele e recebendo muitas mensagens escritas suas.
Uba Waru já estava ciente que o Shaikh tinha viajado há alguns dias para Londres.
Então, ao acordar, ligou para Londres e contou ao Shaikh ao telefone sobre o seu sonho
para conseguir o seu idhn (permissão) antes de voltar para Londres. O Shaikh lhe deu o
sinal verde e confirmou que ele realmente precisa da presa de elefante. O Shaikh ainda lhe
instruiu para vir na companhia do seu filho, o Shaikh Ahmad al-Tijâni, que estava então
em Lagos, Nigéria, enviado para alguns compromissos na semana em que o seu pai partiu
de Dacar. Al-Hâjj Uba Waru foi para Lagos da sua casa em Cano e informou o Shaikh al-
Tijâni, que imediatamente organizou os seus documentos de viagem para um voo que iria
de Lagos via Adis Abeba para Amesterdã, e então Londres. Entretanto, no último
momento, houve problemas de documentação com a Imigração nigeriana, o que fez al-Hâjj
Ubu Waru viajar sozinho para Londres. Quando ele chegou ao Shaikh, ele lhe perguntou
onde estava o Shaikh al-Tijâni. Al-Hâjj Uba Waru explicou os impedimentos da Imigração,
ao que o Shaikh al-Islâm (r.a.a.) observou: “Que bom que ele não conseguiu vir! Pois se ele
viesse com você, teríamos perdido duas pessoas, em vez de uma!”
Então o Shaikh pegara a presa de elefante e rezou por ele, também conversando
com ele por horas a fio. Durante a terceira semana, o Mestre teve sessões diárias com todas
essas quatro pessoas: Kabîr Faye, Hassan Cisse, Uba Waru e 'Umar ibn al-Khattâb Sokhna.
Ele pediu que al-Khattâb fosse e perguntasse no aeroporto os horários de voo disponíveis
na próxima semana para Senegal a partir de Londres. Voltou com a informação de que os
voos da British Airways ocorriam duas vezes na semana, o primeiro dia sendo na segunda-
feira, e o segundo no meio da semana. O Shaikh lhe pediu para ir e agendar para a próxima
segunda-feira.
Além disso, Uba Waru, que estava feliz em ver o Shaikh em boa saúde e ânimo,
obviamente não estava ciente do hâl (condição) do Shaikh.
Kabîr Faye e Uba Waru chamaram os 'Ulamâ' de Cano e mandaram um
representante para Londres em ziyâra (visita) ao Shaikh. Então enviaram Mudi Salga e
mais duas pessoas. Vieram prontamente e visitaram o Shaikh. Depois da ziyâra usual,
foram-se.
Então o Shaikh pediu para que ele (Kabîr Faye) chegasse bem perto dele duma
maneira que ficou bem próximo do seu rosto. Pediu para que recitasse alguns aurâd
especificados. Isso lhe tomou umas duas horas, até por volta das 11h da manhã.
Então foi instruído para chegasse ainda mais perto de maneira que a respiração do
seu mestre que ia ficando cada vez mais trabalhosa, de modo que poderia assoprar sobre a
sua própria face e a sua respiração estivesse realmente entrando pelas suas narinas.
Pediu para que o acariciasse o seu braço da maneira que uma mãe afaga o seu filho.
Ele conseguia ouvir claramente a recitação do seu Mestre e a sua voz era audível o
suficiente para ouvi-lo recitando os versículos da Sûrat Yûnus (Sura de Jonas, 10:24) ,
como segue:
“A similitude da vida terrena equipara-se à água que enviamos do céu. a qual
mistura-se com as plantas da terra, de que se alimentam os homens e o gado; e quando a
terra se enfeita e se engalana, a ponto de seus habitantes crerem ser seus senhores,
açoita-a o Nosso desígnio, seja à noite ou de dia, deixando-a desolada, como se, na
véspera, não houvesse sido verdejante. Assim elucidamos os versículos àqueles que
refletem.”
Ele ouviu isso até o ponto que o seu Mestre parou e lhe indicou para responder a sua
afirmação elevada assim:
Tudo isso ocorreu enquanto não se notou qualquer sinal seja de Uba Waru ou de
Hassan Cisse. Então ele (Kabîr Faye) mandou uma mensagem para que Uba Waru fosse
convocado ao hospital. Quando ele chegou por volta das 2h, explicou que ele tinha de
comparecer a uma sessão na corte como testemunha.
Kabîr Faye deu a notícia da passagem do seu Mestre e pediu para que Uba Waru
fosse procurar Hassan para que ele também estivesse ciente. Uba Waru fez isso e Hassan
chegou depois de pouco tempo.
Os três transmitiram a notícia para o povo por toda a Nigéria, Senegal e Londres.
Não faltava mais nada, além da preparação para embarcar no voo da British Airways já
agendado para segunda-feira.
Assim foi como o Shaikh Ibrâhîm foi levado de avião para casa. Na Nigéria, na hora
a notícia da morte do Shaikh alcançou o povo. Sayyid 'Ali Cisse estava em Iola, Nigéria, e
foi informado imediatamente e convocado pelo Shaikh Tijâni para vir para Lagos.
Em Lagos, al-Hâjj Ramalan, um aluno íntimo do Shaikh junto com alguns outros
dos seus colegas arranjaram um voo fretado para levá-los com o corpo do Shaikh de
Londres para Dacar.
A partir desse ponto, outros milhares de amantes convergiram para Dacar para a
solene viagem de volta para a cidade de Caulaque, para o enterro imediato no mesmo dia.
Em Caulaque, entre a grande multidão, o Qutb (Polo/Eixo Espiritual) e Ghauth
(Socorro) foi posto para descansar na sua rauda a apenas alguns metros da sua mesquita,
um lugar que se tornou popular pelo seu número de visitantes sem precedente, de milhões
de todo o mundo que lotavam o lugar, para prestar os seus respeitos ao Sâhib al-Faida
(Catalisador da Efusão Espiritual), que veio e deu a todos de beber do seu mar de amor e
generosidade.
De Allah viemos e a Ele retornaremos (Inna liLlahi wa inna ilaiHi râji'ûn).
Fonte primária:
Imâm Shaikh Kabîr Faye da Gâmbia, num livro que ele escreveu sobre essa história.
Em 1944, Ibou Diouf, um dos muqaddamûn mais velhos do Shaikh Ibrâhîm Niasse
chorou bem alto (extaticamente) dizendo: “a grande estrela mudará de curso em
Londres”.
Ibou Diouf
Fonte: https://bayeniasse.blogspot.com/2019/07/the-last-journey-of-shaykh-
ibrahim.html