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O personagem chamado al-Khidr/al-Khádir está vivo ainda ou não?

(Perguntas e Respostas – 82.4)

Saiba que sobre al-Khádir (q.s.) os sábios divergem sobre o fato de ele estar vivo ou
morto. O Imâm Náwawi disse: “Tem havido divergências sobre o caso de al-Khádir, se ele
está ainda vivo e se se trata dum profeta; a maior parte dos sábios dizem que ele está de
fato vivo entre nós.” É o que diz a unanimidade dos mestres sûfis, dos virtuosos e dos
Conhecedores (Ârifûn, Gnósticos). O número de relatos contando o seu encontro, suas
perguntas e suas respostas, assim como a sua presença nos lugares santos e outros feitos
análogos são inúmeros e difundidos. O sábio renomado Shaikh Abu 'Amr ibn Salâh disse
nas suas Fatâwi [Pareceres Jurídicos]: “De fato está vivo para a maioria dos sábios e
virtuosos, assim como para o comum da gente.” Não é nenhuma surpresa o fato de que
um dos Amigos de Allah (Auliyâ' Allah, Santos) esteja ainda vivo pela permissão de Allah,
enquanto que, um dos Inimigos de Allah, Iblîs, o Maldito, também o esteja depois de tanto
tempo e não tenha ainda provado a morte. Como frisamos, os relatos sobre o seu encontro
são inúmeros e tanto Sayyíduna Ahmad al-Tijâni (r.a.a.) como alguns dos seus
companheiros o encontraram.
É relatado pelo Qâdi Shaikh Ahmad Sukairij (r.a.a.) no seu Kashf al-Hijâb
[Desvelamento do Véu], sobre Láilat al-Qadr [A Noite do Decreto]: “[…] depois de haver
terminado a sua reza (isto é, Sayyíduna Ahmad al-Tijâni (r.a.a.)), ele permaneceu na
direção da qibla como de costume, pois depois de terminar a reza ele não se virava antes
de haver completado dez recitações da Âyat al-Kursi [Versículo do Trono]. Depois de
haver terminado, ele se voltou para os seus companheiros e lhes disse: 'Uma pessoa
acabou de passar ali', mas sem o mencionar, 'e ele me informou que esta noite é Láilat al-
Qadr.'” Sîdi Ahmad Sukairij (r.a.a.) acrescentou: “A pessoa que passou perto dele
não era outro senão al-Khádir.” Sayyíduna Ahmad al-Tijâni (r.a.a.) também disse a
respeito da autorização para a Musabba'at al-'Ashr [A Prece Séptupla] que ele recebeu do
eminente Conhecedor Sîdi Mahmûd al-Kurdi (q.s.) antes da época da Grande Abertura,
que ele mesmo a recebera diretamente de al-Khádir.
Há também divergência entre os sábios exotéricos sobre o fato de ele ser um profeta
ou um santo (wali), mas Sayyíduna Ahmad al-Tijâni (r.a.a.) provou que se tratava na
verdade dum santo e não dum profeta, como é unanimemente reconhecido pelo povo da
Verdade entre os Conhecedores. Segundo o Shaikh Ibn 'Arabi (q.s.) é incontestável que al-
Khádir é um santo; ele disse: “A divergência sobre ele (isto é, sobre ser profeta ou não) só
existe para o povo do aparente, mas para nós não há nenhuma divergência.”
É relatado pelo Shaikh Ibrâhîm Taimi (r.a.a.), que fez parte dos sábios de Medina
entre os Predecessores Piedosos (Sálaf al-Sâlih) e que era um dos Abdâl [Substitutos, um
patamar de Santidade (Wilâya)], a história de que ele recebeu a autorização para a
Musabba'at al-'Ashr diretamente de al-Khádir. Depois que o Shaikh Ibrâhîm
(r.a.a.) vira o Mensageiro de Allah (s.a.w.s.) em sonho (e a sua visão é límpida e
inteiramente verídica, pois ele faz parte dos Conhecedores, assim a sua visão não pode ser
alterada pelas falsidades ou mudada a sua natureza), disse: “Vi o Profeta em sonho e lhe
interroguei sobre os ditos que me relatou al-Khádir sobre ele, e ele me respondeu: 'Al-
Khádir disse a verdade […].'” E no fim das suas observações o Profeta (s.a.w.s.) disse ao
Shaikh Ibrâhîm (r.a.a.) que, na Santidade, al-Khádir é o chefe dos Abdâl.
Quanto à evidência de Sayyíduna Moisés (a.s.) saber se ele seria um profeta ou não,
ele não teria jamais o incriminado pelos seus atos dizendo-lhe: “Sem dúvida que cometeste
um ato insólito!” (Sûrat al-Kahf, 18:71) nem tampouco: “Eis que cometeste uma ação
inusitada.” (Sûrat al-Kahf, 18:74). De fato, é certo quanto ao dogma sobre os profetas (a.s.)
que eles são infalíveis e que não podem cometer atos aparentes de desobediência; assim, se
al-Khádir fosse um profeta como alguns afirmam, então seria impossível a Moisés (a.s.)
condenar os atos dum profeta infalível conscientemente, assim como é inconcebível que ele
não soubesse que se tratava um profeta. Uma condenação tal poria em questão a fé do
condenador e por consequência poria em questão a infalibilidade de Moisés (a.s.) como um
profeta (que Allah nos preserve de pensar isso).
Além disso, se como alguns alegam que Allah afirmando pelo versículo: “um dos
Nossos servos” quereria dizer “um dos Nossos profetas”, então o Altíssimo não haveria nos
especificado o seguinte: “que havíamos agraciado com a Nossa misericórdia e iluminado
com a Nossa ciência” (Sûrat al-Kahf, 18:65), pois todo profeta recebeu inevitavelmente uma
revelação que emana de Allah, e o termo “servo” indicando o seu status de profeta seria
suficiente para esclarecer tudo. Mas justamente do fato de que ele não é profeta, então
Allah (Glorificado e Exaltado seja) especificou isso acrescentando essa informação, de que
se trata de um santo recebendo uma inspiração de Allah. O mesmo vale para as explicações
finais de al-Khádir a Moisés (a.s.) explicando-se a ele: “Não o fiz por minha própria
vontade.” (Sûrat al-Kahf 18:82). Se Moisés (a.s.) estivesse a par de que se tratava dum profeta,
então qual seria o interesse de especificar que não estava seguindo a sua paixão, mas que
agira conforme a uma revelação? Não é característica própria dum profeta infalível de não
seguir uma paixão pessoal?
Sayyíduna Ahmad al-Tijâni (r.a.a.) trouxe assim a prova de que al-Khádir não é um
profeta, mas indica que ele faz parte dos Afrâd [Solitários, um patamar da Santidade].

Traduzido ao português por: Ya'qûb 'Abd al-Jabbâr Ghîmârâish (al-Brâzîli al-Tijâni)


Fonte: https://www.tidjaniya.com/fr/questions-frequentes-tidjaniya/question-reponse-82

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