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Bhavisya Purana

Jesus nos Vedas

Stephen Knapp

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Sumário

Capa
Sumário
Introdução
Cáp. 1 - Bhavishya Purana
Cáp. 2 - Jesus é predito na literatura Védica?
Cáp. 3 - Jesus foi realmente predito no Bhavishya Purana?
Anexo - Jesus e a Caxemira
Sobre o Autor

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Licença CC BY 4.0
Produção Independente
Autor: Stephen Knapp
Organizador: Sankirtana

ISBN
Primeira edição e-book: Abril de 2017
Versão 3.0 - 28.5.17
Os Puranas são textos em sânscrito que fazem parte dos Vedas, escrituras milenares da Índia. Estão entre as mais
importantes e influentes escrituras da filosofia oriental. Existem 18 Puranas principais, conhecidos como Maha
Puranas (Grande Puranas), e o Bhavishya Purana está entre eles. O Bhavishya Purana trata também de profecias
sobre o futuro (bhavishya), portanto, em alguns trechos, é um purana profético. O que existe de excepcional neste
purana é a referência a Jesus, mencionado como Isha Putra (filho de Deus). Stephen Knapp explana principalmente
para intelectuais e curiosos da cultura védica. Ele faz algumas considerações em relação ao conteúdo do Bhavisya
Purana que traz a previsão sobre Jesus nos Vedas, ele também apresenta o excerto transliterado para o latim e a
tradução.

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Introdução
Tamala Krsna (díscipulo sênior de Prabhupada): Ele disse ter lido
uma passagem do Bhavisya Maha-Purana escrita por Vyasadeva três mil
anos antes de Cristo prevendo a presença de Jesus Cristo nos Himalaias em
78 da era cristã, e seu encontro com o rei Shalamoyi [Shalivahana?]
Existem outras profecias no Bhavisya Maha-Purana ou em outras
escrituras dizendo mais precisamente o dia do nascimento de Jesus Cristo?

Prabhupada: Tudo lá é exato.

— Conversa em Sala, Bombaim (Índia), 2 de abril de 1977

*Nota: O "Bhavisya Purana original" é exato. Porém o "Bhavisya


Purana atualmente disponível" é adulterado.

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Capítulo 1

Bhavishya Purana
capítulo 19, versos 17-32
Chatur-yuga-khanda Dvitiyadhyayah

VERSOS 17–21

vikramaditya-pautrasca
pitr-rajyam grhitavan
jitva sakanduradharsams
cina-taittiridesajan

bahlikankamarupasca
romajankhurajanchhatan
tesam kosan-grhitva ca
danda-yogyanakarayat

sthapita tena maryada


mleccharyanam prthak-prthak
sindhusthanam iti jneyam
rastramaryasya cottamam

mlecchasthanam param sindhoh


krtam tena mahatmana
ekada tu sakadiso
himatungam samayayau

Reinando os arianos, havia um rei chamado Shalivahana, o neto de


Vikramaditya, que ocupou o trono de seu pai. Ele derrotou os Shakas, que
eram muito difíceis de serem subjugados, os Cinas [chineses] e os povos
de Tittiri e Bahikaus, que podiam assumir qualquer forma que quisessem.
Ele também derrotou o povo de Roma e os descendentes de Kuru, que
eram enganadores e perversos. Ele os puniu severamente e tomou-lhes a

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riqueza. Shalivahana estabeleceu assim as fronteiras dividindo as terras
dos mlecchas e dos arianos. Deste modo, o Sindhusthan passou a ser
conhecido como o maior país. Essa personalidade apontou a morada dos
mlecchas como além do rio Sindhu e ao oeste.

VERSO 22

ekadaa tu shakadhisho
himatungari samaayayau
hunadeshasya madhye vai
giristhan purusam shubhano
dadarsha balaram raajaa

Certa vez, o subjugador dos Shakas rumou sentido a Himatunga, e, no


meio do país Huna (Hunadesh, a área próxima ao Manasa Sarovara ou o
monte Kailash no Tibete ocidental), o poderoso rei viu um homem
auspicioso que vivia em uma montanha. A compleição do homem era
dourada e suas vestes eram brancas.

VERSO 23

ko bharam iti tam praaha


su hovacha mudanvitah
iishaa purtagm maam viddhi
kumaarigarbha sambhavam

“O rei perguntou: 'Quem é você, senhor?'. 'Você deve conhecer-me como


Isha-putra, o filho de Deus', ele respondeu venturosamente, 'e sou nascido
de uma virgem [Kumari*]'.”.

*N.T.: De acordo com o Dr. Vedavyas, um pesquisador acadêmico com doutorado


em sânscrito, o nome Maria [ou Mary, em inglês] vem de Kumari [feminino de
Kumara], formado apenas da supressão da primeira sílaba [no caso do inglês e do
francês; no caso do português, formado da supressão da primeira sílaba e adição do
“a”].

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VERSO 24

mleccha dharmasya vaktaram


satyavata paraayanam
iti srutva nrpa praaha
dharmah ko bhavato matah

“‘Sou o expositor da religião dos mlecchas e tenho adesão estrita à


Verdade Absoluta'. Ouvindo isso, o rei indagou: 'Quais são os princípios
religiosos de acordo com a sua opinião?'.”.

VERSOS 25-26

shruto vaaca mahaaraaja


praapte satyasya samkshaye
nirmaaryaade mlechadeshe
masiiho 'ham samagatah

iishaamasii ca dasyuunaa
praadurbhuutaa bhayankarii
taamaham mlecchataah praapya
masiihatva mupaagatah

“Ouvindo as perguntas de Shalivahana, o Isha-putra [disse]: 'Ó rei, quando


a destruição da verdade ocorreu, eu, Masiha [o Messias], o profeta, vim
para esta terra de pessoas degradadas, onde não há regras e regulações.
Vendo essa condição irreligiosa horrenda dos bárbaros se espalhando pelo
Mleccha-Desa, dei-me à obra messiânica'.”

VERSOS 27-29

mlecchasa sthaapito dharmo


mayaa tacchrnu bhuupate
maanasam nirmalam krtva
malam dehe subhaasbham

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naiganam apamasthaya
japeta nirmalam param
nyayena satyavacasaa
manasyai kena manavah

dhyayena pujayedisham
suurya-mandala-samsthitam
acaloyam prabhuh sakshat-
athaa suuryacalah sada

“Escute, por favor, Ó rei, quais princípios religiosos estabeleci entre os


mlecchas. A entidade viva é sujeita a contaminações boas e ruins. A mente
deve ser purificada através do recurso da conduta apropriada e da
execução de japa. Cantando os santos nomes, o indivíduo pode alcançar a
pureza mais elevada. Assim como o sol imóvel atrai, de todas as direções,
os elementos de todos os seres vivos, o Senhor de Surya Mandala [o
planeta sol], que é fixo e todo-atrativo, atrai os corações de todas as
criaturas viventes. Destarte, por meio do seguimento de regras, do falar de
palavras verazes, da harmonia mental e da meditação, Ó descendente de
Manu, a pessoa deve adorar aquele Senhor imóvel”.

VERSO 30

isha muurtirt-dradi praptaa


nityashuddha sivamkari
ishamasihah iti ca
mama nama pratishthitam

“Tendo disposto a forma auspiciosa e eternamente pura do Senhor


Supremo em meu coração, Ó protetor do planeta Terra, preguei estes
princípios através da fé dos próprios mlecchas e, deste modo, meu nome se
tornou isha-masiha, [Jesus*, o Messias]”.

*N.T.: Em inglês, as vogais do nome “Jesus” são mais próximas foneticamente de


isha do que em português, visto que, no primeiro, o “e” de “Jesus” é mais próximo
de “i”, e o “u” mais próximo de “a”.

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VERSO 31

iti shrutra sa bhuupale


natraa tam mlecchapujaam
sthaapayaamaasa tam tutra
mlecchasthaane hi daarune

“Após ouvir estas palavras e oferecer reverências àquela personalidade que


é adorada pelos perversos, o rei humildemente o solicitou a permanecer ali
na terrível terra dos mlecchas”.

VERSO 32

svaraajyam praaptavaan raajaa


hayamedhan ciikirat
raajyam kriitvaa sa shashthyabdam
svarga lokamu paayayau

“O rei Shalivahana, após deixar seu reino, executou um asvamedha-yajna,


e, após reinar por sessenta anos, foi para o céu. Agora, ouçam, por favor, o
que aconteceu quando o rei foi para svargaloka”.

Assim termina o segundo capítulo intitulado "A Era de Shalivahana"


da história de Kali Yuga do Chaturyuga Khanda também chamado
Pratisarga-parva do maravilhoso Bhavishya Maha Purana.

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Capítulo 2

Jesus é predito na literatura


Védica?
DR. VEDAVYAS, UM pesquisador com doutorado em sânscrito,
discute algumas profecias importantes do Bhavishya Purana, que ele diz
que remonta a 3000 a.C.. Ele afirma que uma profecia descreve a vinda de
Isha putra, o filho (putra) de Deus (Isha) (Jesus Cristo), nascido de uma
mulher solteira chamada Kumari (Maria) Garbha Sambhava. Ele visitaria a
Índia aos treze anos e iria para as Montanhas do Himalaia e faria tapas ou
penitência para adquirir maturidade espiritual sob a orientação de rishis e
siddha-yogis antes de voltar para a Palestina para pregar a seu povo.
Assim, se Jesus foi treinado pelos sábios da Índia, isso explicaria por que
ele foi capaz de realizar vários milagres (siddhas). Também explica por
que há tantas semelhanças filosóficas entre o cristianismo primitivo e o
hinduísmo.

O Dr. Vedavyas continua dizendo que o Bhavishya Purana descreve


como Jesus visitaria Varanasi e outros lugares sagrados hindus e budistas.
Isso também é corroborado pelo manuscrito sobre a vida de Isha (ou Issa),
descoberto por Notovich em 1886 no mosteiro Hemis em Ladakh, na
Índia, bem como pelas inscrições hebraicas encontradas em Srinagar,
Caxemira no Roza bal, o túmulo de Yuz Asaf [Isha ou Issa]. O Bhavishya
Purana também é dito ter predito como Jesus se encontraria com o
Imperador Shalivahana que estabeleceu a era Shalivahana ou "Saka". Dr.
Vedavyas descreve isso em seu livro Telegu, Veerabrahmendra Yogipai
Parishodhana.

Alguns eruditos sentem que o rei na descrição seguinte encontrou


Jesus em um ponto aproximadamente 10 milhas ao nordeste de Srinagar
onde há uma piscina natural de enxôfre. No entanto, a descrição menciona

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que isso ocorreu no Tibete, perto do Monte Kailash, que é uma boa
distância de Srinagar. Durante as investigações do rei de quem ele era,
Jesus teria respondido que ele era Yusashaphat (interpretado como Yuz
Asaf por K. N. Ahmad), e que ele tinha se tornado conhecido como Isha
Masiha (Jesus o Messias). K. N. Ahmad data a escrita destes versos para
115 d.C.. Embora os detalhes dos versos podem indicar que eles receberam
edição posterior, seu tema básico que Jesus tinha viajado pela Índia, Tibete
e Caxemira continua.

No entanto, devo também salientar que esta profecia de Jesus no


Bhavishya Purana não é encontrada em nenhum outro Purana, que muitas
vezes se corroboram. É por isso que um estudo dos 18 principais Puranas
revelará uma variedade de profecias que muitas vezes são repetidas uma
na outra. Então, para encontrar esta história de Isha Mashiha nenhum outro
Purana envia uma bandeira vermelha de advertência. Além disso, nem
todos dão à Bhavishya Purana pura confiança. Sabe-se que até 200
páginas deste texto se perderam ou ficaram fora de lugar, e várias
interpolações provavelmente terão ocorrido neste texto, enquanto a Índia
estava sob a administração britânica. Portanto, devemos ser um pouco
cautelosos sobre a idoneidade.

A parte que fala sobre Jesus é encontrada nos versos 17-32 no


capítulo 19 do Chaturyuga Khanda Dvitiyadhyayah do Bhavishya Purana.

Nesses versos é dito que o neto de Bikrama Jit, Shalivahana, era o


governante dos Kushans. Alguns estimam que ele governou de 39 a 50
d.C.. Assim, a reunião descrito nos versos tinha que ter ocorrido dentro
desse período. Diz-se também que o rei venceu os atacantes da China,
Parthia, Scythia, e os Bactrians. Depois de estabelecer uma fronteira entre
os arianos e as mlecchas, ordenou que todas as mlecchas deixassem a
Índia. Certa vez, quando Shalivahana foi para o Himalaia, ele chegou à
terra dos huno, ou Ladakh, e viu um homem que era justo e vestido de
branco, parecendo muito santo. O poderoso rei perguntou quem era. O
homem respondeu que ele era chamado um filho de Deus, nascido de uma
virgem, um mestre dos descrentes, e estava procurando fervorosamente a
verdade.

O rei perguntou a sua religião. O homem respondeu que ele veio de


um país estrangeiro onde não havia verdade, apenas mal ilimitado. Ele

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tinha aparecido como o Messias, mas o terrível demônio Ihamasi [ilusão]
dos bárbaros apareceu e ele tinha acabado em seu reino.

O homem explicou ao rei que sua religião era para purificar a


consciência e o corpo impuro, após o que, buscando orientação no
Naigama [uma escritura], o homem poderia orar ao Supremo. Ao agir em
verdade e justiça e envolver-se na meditação e na unidade espiritual, o
homem retornará a Isha, o Ser Supremo. Deus um dia se unirá com todos
os seres espirituais errantes, e Ihamasi [o mal da ilusão] será destruído.
Então o homem será absorvido na imagem extática de Isha que existe no
coração e é a fonte da felicidade. O homem então disse ao rei, "Eu sou
chamado Isha-Masiha" [interpretado por alguns como significando Jesus o
Messias, mas isso é realmente Jesus nesta narração ou outra pessoa?].
Depois que o rei ouviu o homem falar, o rei enviou o mestre dos infiéis de
volta para sua terra de descrentes.

Outra coisa que o Dr. Vedavyas diz é que há evidências de que não
foi Jesus Cristo quem eles crucificaram na cruz, mas seu sósia. As últimas
palavras: "Oh, Senhor, por que me desamparaste?" Refere-se ao sósia que
ficou na cruz depois que Jesus foi para a "terra prometida" de Caxemira.
Claro, existem outras teorias sobre isso. Entre outros estudiosos, alguns
dizem que Jesus não morreu na cruz, mas foi crucificado, sofrido e mais
tarde ressuscitado. Outros também dizem que sua ascensão ao céu foi na
verdade sua jornada até a terra celestial de Caxemira, onde ele finalmente
morreu e foi enterrado em Srinagar no Bal Roza, o túmulo atualmente
conhecido de Yuz Asaf, um nome conhecido por ser o de Jesus.

Dr. Vedavyas continua a dizer que a vinda do Senhor Kalki, como


descrito no Bhavishya, bem como muitos outros Puranas, é o avatara
equivalente à segunda vinda de Cristo como descrito na Bíblia. O Senhor
Kalki será o próximo grande líder mundial daqui a muitos anos e
estabelecerá um governo mundial baseado no Dharma Védico e trará de
volta a cultura Védica em um novo Satya-yuga, um novo reino de Deus.
No entanto, antes que isso aconteça, Dr. Vedavyas diz que o Bhavishya
Purana descreve uma grande tribulação e desastre global. Tais coisas
também foram descritas nas previsões de Nostradamus. No entanto,
sabemos que essas coisas tendem a ser cíclicas e ter acontecido antes em
toda a grande extensão do tempo. Assim, o que pode ou não continuar a
acontecer continua a ser visto.

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O Bhavishya Purana também relata a probabilidade de uma grande
guerra no meio de outras guerras que poderia mudar todo o mapa do
mundo, pelo menos politicamente, e possivelmente até geograficamente,
se as armas nucleares forem usadas. Isso tem sido corroborado por outros
psíquicos e astrólogos. O momento de tal acontecimento ainda está por ser
visto.

Além de tudo isso, o Bhavishya Purana também contém citações


relacionadas a várias personalidades, como Adão, Noé, Alá,
Shankaracarya, Jayadev, Kabir, Nanak, Aurangzeb, Shivaji e até o reinado
da rainha Victavati, que significa Rainha Vitória . Ele ainda descreve
como os britânicos vão construir fábricas em Calcutá. A maioria dessas
citações são bastante curtas com pouca elaboração, deixando assim o leitor
com poucos detalhes para aprofundar a confirmação do que é descrito. Um
exemplo de tal citação é a que descreve o aparecimento de Maomé, que é
meramente duas linhas com poucos detalhes.

Nota Especial
Um ponto que deveríamos entender claramente é que se nós
aceitarmos que Jesus foi predito no Bhavishya Purana e viajou à Índia, e
que Jesus estudou sob [a orientação dos] brahmanas e sacerdotes Védicos
antes de retornar à sua terra natal para pregar, como algumas evidências
indicam, então, certamente, será chocante para a maioria dos cristãos
{saber} que Jesus era um iniciado na sabedoria védica da Índia. E em
sendo assim, ele naturalmente baseou muitos dos seus próprios
ensinamentos no conhecimento védico, tal como qualquer um que esteja
familiarizado com a filosofia oriental pode perceber. Isto também poderia
explicar por que há tantas similaridades entre o cristianismo primitivo e a
sabedoria dhármica, muitas das quais parecem ter sido perdidas pelo
rebanho cristão ao longo das eras.

É óbvio que o cristianismo é apenas uma forma modificada de


Sanatana-dharma. No entanto, uma vez que Jesus falou em parábolas em
muitas ocasiões, a conexão com o conhecimento védico e os significados
mais profundos de seus ensinamentos não são sempre bem claros. De fato,
tem havido inúmeros desvios e equívocos por causa disto, como revelam
as centenas de seitas que se desenvolveram no seio da comunidade cristã.

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Assim, em essência, isso também significa que não se pode compreender
os aspectos mais profundos dos ensinamentos de Jesus sem entender a
escritura védica ou a filosofia do Sanatana-dharma, uma vez que estas são
realmente as raízes do cristianismo e as bases dos ensinamentos de Jesus.
Portanto, faz sentido todos nós examinarmos, estudarmos e aprendermos
este conhecimento védico e seguirmos seus princípios, para podermos
acrescentar às nossas vidas uma maior e mais completa forma de
espiritualidade, pois este é o fundamento da maior parte do conhecimento
espiritual que se espalhou por todo o mundo, nas variadas formas que
encontramos hoje.

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Capítulo 3

Jesus foi realmente predito


no Bhavishya Purana?
EMBORA ALGUMAS PESSOAS tenham se convencido de que
Jesus foi para a Índia, ou é previsto na literatura védica, há também outra
visão a esse respeito. Com a ajuda da pesquisa feita por BV Giri Swami,
baseado próximo a Mysore, Índia, ele relata que um olhar mais atento a
predição de Jesus encontrada no Bhavishya Purana sugere fortemente um
jogo sujo ou interpolação da parte dos missionários Cristãos na Índia
durante o final do século 18.

O Bhavishya Purana é considerado um dos principais 18 Puranas do


cânone védico. Como o nome sugere, ele trata principalmente de eventos
futuros (bhaviysati). O Bhavishya Purana também é mencionado no antigo
texto Apastambha-dharma-sutras, portanto ele pode ser considerado como
uma literatura purânica original datando da época de Srila Vyasadeva, o
qual é dito ser o seu autor original.

No entanto, existem atualmente quatro edições conhecidas do


Bhavishya Purana, cada uma com previsões diferentes das outras mas,
suspeitamente, tendo uma previsão consistente - a de Jesus. Uma edição
contém cinco capítulos, outra contém quatro, outra contém três e outra
ainda contém apenas dois. Além disso, o conteúdo em todas as quatro
edições difere em vários graus - alguns tendo versos extras e alguns tendo
menos. Devido a estas circunstâncias é difícil saber qual dos quatro é o
texto original do Bhavishya Purana - se é que um texto original ainda
existe. Mas, de modo suspeito, como já mencionado, todas as quatro
edições mencionam Jesus.

{Caso semelhante é apresentado por Srila Prabhupada ao falar, na Introdução, da


relevância da Bhagavad-gita Como Ele É: não haviam, na época, edições

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confiáveis da Gita, daí a necessidade de uma tradução que mantivesse o texto e
significado originais do autor.}

A edição da Venkateswar Steam Press do Bhavishya Purana,


impresso em Bombaim em 1829 (e republicado pela Nag Publishers em
2003) é, provavelmente, a versão mais completa disponível, contendo
todas as principais características dos quatro manuscritos. Uma vez que
nenhuma das quatro edições do Bhavishya Purana é anterior ao domínio
britânico na Índia, isso sugere, adicionalmente, uma discrepância. O fato é
que os britânicos tentaram monopolizar a publicação de toda literatura
sânscrita durante o Raj britânico. Eles compraram ou confiscaram toda
literatura sânscrita que conseguiram localizar. E é por isso que
praticamente não se pode encontrar qualquer literatura védica que tenha
sido publicada antes de 200 anos atrás. É ainda conhecido que eles
gostavam de publicar suas próprias traduções, como se a Índia não pudesse
produzir os seus próprios estudiosos do sânscrito para traduzir o sânscrito
eles mesmos. Além disso, eles também tentaram interpolar vários versos
aqui e ali, para que o leitor tirar uma conclusão diferente da personalidade
ou traços dos personagens descritos nos textos. A maioria dos
{personagens} foi muito nobre, mas ao passar o {leitor} por versos que
diziam que certas pessoas tinham menos que qualidades admiráveis, ou
que práticas questionáveis eram usadas, isso mudava a disposição do leitor
e sua atitude para com a cultura védica, mesmo em se tratando de indianos
nascidos seguidores dela.

{Vemos e sentimos algo semelhante ao lermos livros ou ou assistir filmes indianos


ou cristãos atuais sobre temas ou histórias religiosas, feitos por não-religiosos. Um
não-religioso (não-yogi) não pode glorificar adequadamente um personagem
védico ou bíblico, pois nem saberia como. Muito menos escrever ou filmar a
respeito deles. Efetivamente, não é a mesma coisa que o texto védico ou bíblico
original - ainda que poucos textos bíblicos possam ser considerados versões
realmente fidedignas dos originais. Justamente para evitar esse tipo de problema,
Srila Prabhupada nos apresentava o texto original em sânscrito, transliteração
latina, tradução palavra por palavra (hermenêutica) e significado (exegese).}

Portanto, a profecia de Jesus consistente em todas as quatro edições


do Bhavishya Purana, apesar das diferenças nas edições encontradas,
parece indicar uma interpolação no tocante ao assim chamado encontro de
Maharaja Shalivahana e Jesus. Isto é encontrado no capítulo 19 do
Pratisarga-parva. No entanto, como BV Giri Swami relata, na análise desta

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seção podem ser encontradas certas falhas que traem suas origens
duvidosas.

Por exemplo, logo no início dessa descrição de Jesus encontrando


Shalivahana, esta seção está cheia de imprecisões históricas. Shalivahana
foi o rei de Ujjain (a atual Madhya Pradesh), e enquanto que não seja de
estranhar que Shalivahana viajou para o Himalaia, os inimigos que ele
supostamente venceu em batalha antes de ir devem ser observados com
maior atenção. A pesquisa histórica nos diz que a única força invasora que
Shalivahana realmente subjugou foram os Sakas, que entraram na Índia a
partir da região noroeste. Mas, quanto a derrotar o Cinas (chineses),
Bahlikas (Bactrians), Kamarupas (Assameses), Romas (Romanos) e
Khurus (Khorasans, ou persas), não há nenhuma evidência histórica que
valide Shalivahana ter feito isso, nem há qualquer prova histórica dos
romanos e chineses já invadindo a Índia naquela época. Os Bactrians
(gregos) vieram mais cedo durante o período Gupta e os persas (Moguls)
vieram mais tarde. O povo de Assam era simplesmente uma pequena tribo
montesa durante este período da história indiana [conquista que não teria
merecido uma menção no verso védico].

Mais tarde, o rei pergunta a Jesus: "Quem é você?" E Jesus responde


que ele nasceu de uma virgem. No entanto, a idéia cristã de que Jesus
nasceu de uma virgem é baseado no seguinte versículo encontrado na
versão cristã do Antigo Testamento no Livro de Isaías: "Eis que uma
virgem concebeu e teve um filho, e ela irá chamar seu nome Emanuel".
Mas o texto original hebraico do Livro de Isaías não menciona nada sobre
uma virgem. O texto original é: hinneh ha-almah harah ve-yeldeth ben ve-
karath shem-o immanuel, "Eis que a jovem concebeu - e teve um filho e
chama seu nome Emanuel". (Isaías 7,14)

A palavra hebraica para virgem é betulah, contudo não aparece em


nenhum lugar neste verso de Isaías. A palavra usada é almah que significa
simplesmente "uma mulher jovem". Isaías usa almah somente uma vez. No
entanto, a palavra betulah é usada cinco vezes ao longo do Livro de Isaías.
Então, obviamente, Isaías fazia uma distinção entre essas duas palavras.

Depois de Jesus apresentar-se a Shalivahana, ele explica que está


ensinando religião nas terras distantes do mlecchas e descreve ao rei o que
esses ensinamentos são, ocasião em que diz: "Por favor, ouça-me, ó rei,

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sobre a religião que eu estabeleci entre os mlecchas. A mente deve ser
purificada recorrendo-se à conduta adequada, uma vez que estamos
sujeitos a contaminações auspiciosas e auspiciosas - por seguir as
escrituras e concentrar-se em Japa (meditação na repetição dos nomes de
Deus) a pessoa irá atingir o nível mais elevado de pureza; por falar
verazmente e pela harmonia mental, e por meio da meditação e adoração, ó
descendente de Manu. Assim como o imovível sol atrai de todas as
direções os elementos de todos os seres vivos, o Senhor de Surya-mandala
(globo solar) é fixo e todo-atrativo, e atrai os corações de todos os seres
vivos. "(19:27-29 )

Entretanto, nunca nos Evangelhos encontramos no ministério de Jesus


os ensinamentos acima aos seus seguidores, a menos que eles tenham sido
retirados dos Evangelhos, e de alguma forma sido preservados no
Bhavishya Purana. Além disso, nesta passagem, Jesus está defendendo a
adoração ao deus-sol (mais uma vez, algo que está ausente de suas
instruções aos apóstolos). Japa, meditação, a negação de ambos karma
bom e karma ruim, são todos conceitos que são comuns às religiões
orientais tais como hinduísmo e budismo, mas não para as religiões
abraâmicas do oeste, a menos que Jesus já tivesse sido treinado por
brahmanas védicos e sacerdotes budistas naquele momento. Nesse caso, o
Bhavishya Purana pode ter preservado alguns dos conceitos dos
ensinamentos de Jesus que nunca foram incluídos nos evangelhos, ou
foram mais tarde excluídos por causa de manipulação política.

Considerando as anomalias acima e o fato de que nenhuma edição do


Bhavishya Purana pode ser encontrada que seja anterior ao período
britânico na Índia, podemos deduzir que o Bhavishya Purana pode ter sido
adulterado pelos missionários cristãos, que acrescentaram o capítulo sobre
Jesus. Sua motivação seria óbvia - para tornar a personalidade de Jesus
aceitável para os hindus, a fim de convertê-los ao cristianismo.

Em 1784, o famoso indologista Sir William Jones escreveu a seguinte


carta ao senhor Warren Hastings, Governador Geral da Índia, o que
confirma nossas suspeitas de que este era certamente parte de seu
programa:

"Quanto à extensão geral [divulgação] da nossa fé pura [cristianismo]


no Hindustão [Índia], há atualmente muitos tristes obstáculos para ela ...

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Podemos ter certeza de que hindus nunca serão convertido por qualquer
missão da igreja de Roma, ou de qualquer outra igreja, e o único modo
humano, talvez, de causar uma revolução tão grande, será traduzir em
sânscrito ... esses capítulos dos profetas, sobretudo de Isaías, uma vez que
são indiscutivelmente evangélicos, juntamente com um dos evangelhos, e
um discurso simples preambular, contendo plena evidência de eras muito
distantes, e no qual as próprias previsões, e a história da pessoa divina
(Jesus) está prevista, foram solidariamente publicados e então,
discretamente espalhado esse trabalho entre os nativos bem-educados. "
(Asiatic Researches Vol. 1. Publicado em 1979, páginas 234-235. Primeira
publicação em 1788).

Qual a melhor maneira de traduzir em sânscrito tudo o que podiam


das previsões dos profetas cristãos e então dispersar {essas traduções}
entre os nativos bem-educados, do que enxertar tais traduções em alguns
dos próprios textos védicos? Além disso, vemos muitas vezes que cristãos,
especialmente na Índia, dizem a hindus que uma vez que Jesus é,
supostamente, previsto nos textos védicos, então eles {hindus} deveriam
aceitar Jesus como seu salvador último. Mas os textos védicos são muito
mais abertos e inclusivos do que isso e também descrevem muito mais
avataras e encarnações do Senhor Vishnu. Então, por que os cristãos não
devem também aceitar o Senhor Vishnu ou Krishna como a Pessoa
Suprema, ou ao menos os aspectos do Ser Supremo? Afinal, foi
proclamado que Jesus era o filho de Deus. E quem é o Pai? Assim, Vishnu
ou Krishna deve ter sido o Pai Supremo, como a Bhagavad-gita e outros
textos védicos claramente estabelecem. E se Jesus foi para a Índia, então
ele estava familiarizado com este conceito, o qual ele, por conseguinte,
expressa em seus próprios ensinamentos em sua terra natal. Isso não vai
contra os guardiões da Bíblia. Afinal, a Bíblia não descreve exatamente
quem é a Pessoa Suprema, mas apenas dá a Ele um nome, como o Javé,
etc. Os textos védicos, entretanto, dão a Deus inúmeros nomes e
descrevem muito mais sobre Ele, como Seu caráter, personalidade,
passatempos, e assim por diante.

Swami BV Giri conclui que também pode-se notar que ao longo de


todo o Pratisarga-parva do Bhavishya Purana encontramos as histórias de
Adão e Eva (Adhama e Havyavati), Noah (Nyuha), Moisés (Musa) e
outros personagens bíblicos. Estes ele também considera serem prováveis
adições dos zelosos cristãos. O Bhavishya Purana pode muito bem ser

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uma genuína escritura védica profetizando eventos futuros, mas a partir da
análise acima, podemos querer reconsiderar quão provável seja que o
episódio de Jesus no Bhavishya Purana seja uma autêntica revelação
védica.

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Anexo

Jesus e a Caxemira
EMBORA PARTINDO DE pressupostos e lendas, considerando
toda a complexidade que envolve as questões históricas, poderia Jesus ter
passado um pedaço de sua infância e adolescência na Índia e para onde
teria voltado para pregar e morrer na velhice?

A autoridade bíblica explica que o corpo de Jesus desapareceu porque


subiu ao céu. Porém existe uma teoria que tenta provar que Jesus não
morreu na cruz como se acreditava. Ele teria sobrevivido. Fugiu da
Palestina, chegou à Caxemira, lá teve filhos e morreu de morte natural, já
velho.

Esta é a tese de Andreas Faber-Kaiser, editor da revista espanhola


"Mundo Desconocido" e autor de "Jesus Viveu e Morreu na Caxemira",
que decidiu investigar por que há 1.900 anos se venera em Srinagar,
capital da Caxemira, um túmulo chamado Rozabal (a "tumba do profeta")
como sendo o túmulo de Jesus.

Mas a contrariar este dogma cristão está o túmulo de Srinagar.


Andreas Faber-Kaiser apóia-se em dois pontos principais para tentar
provar que Jesus não morreu na Palestina, aos 33 anos, e sim na Caxemira,
ao norte da Índia, muito tempo depois: as circunstâncias de seu martírio na
cruz e referências de que Jesus já vivera na Índia, dos 13 aos 30 anos,
período de sua vida do qual a Bíblia não fala.

Sobre a crucificação, Andreas Faber-Kaiser considera que ela ocorreu


numa sexta-feira, véspera do shabat judeu, o que obrigava a baixar o corpo
de Jesus antes do cair da noite. De acordo com o calendário da época, o
sábado começava na noite de sexta e, pelas leis judias, era proibido deixar
suspenso na cruz um supliciado durante o dia sagrado do shabat.

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Faber-Kaiser argumenta que o objetivo da crucificação não era a
morte imediata, mas a lenta tortura, suportável por até quatro dias,
principalmente para um homem jovem e saudável. Então,
um martirizado que fosse baixado da cruz em tempo teria condições de
sobreviver, se devidamente tratado. Para Faber-Kaiser, foi o que aconteceu
com Jesus: submetido a apenas algumas horas de tortura, ele foi retirado
da cruz ainda vivo e, assistido por seus amigos e discípulos dentro da gruta
de José de Arimateia, recuperou-se e conseguiu fugir.

O autor de "Jesus Viveu e Morreu na Caxemira" recorre a vários


trechos da história cristã nos quais há indícios de que o martirizado ainda
estava vivo ao descer da cruz. O Evangelho Segundo São Marcos diz que
Pilatos, conhecedor de que um crucificado leva dias para morrer, estranhou
quando lhe comunicaram que Jesus já havia morrido. Diz também que
Pilatos feriu o corpo de Jesus com uma lança, para verificar se estava de
fato morto, e embora ele não tenha reagido, da ferida jorrou um "sangue
abundante", o que não acontece a um corpo sem vida. O Evangelho
Segundo São João faz notar que a tumba de José de Arimateia não foi
cheia de terra, como era costume entre os judeus, mas apenas fechada com
uma pedra, o que deixava em seu interior espaço suficiente para respirar.

O autor investiga textos indianos, e chega até o túmulo em Srinagar,


na Caxemira. O túmulo está localizado no distrito de Khanyar de Srinagar,
num edifício chamado Rauzabal. Existem 2 túmulos no pavimento térreo,
numa câmara interna cercada por uma galeria, visíveis através de grades de
treliça, com orifícios. Um destes túmulos é o de Yuz Aza (Jesus Cristo),
enquanto que o outro pertence a um devoto que viveu bem mais tarde do
que o profeta, chamado Syed Nasir-ud-Din Rizvi. Estes sepulcros estão
orientados no sentido norte-sul de acordo com o costume muçulmano. Mas
o verdadeiro túmulo de Yus Azaf está numa cripta embaixo, e este está
alinhado no sentido leste-oeste, segundo o costume judeu, os pés
apontando em direção da Terra Santa.

Logo em seguida é citado um documento relacionado ao santuário,


certificando a Rahman Mir, um antigo guarda, o direito de ser o único
beneficiário das oferendas dos visitantes. Esse texto é mostrado na íntegra,
e o mais importante a se ressaltar é a parte que menciona a época da morte
de Yus-Asaf: durante o reinado de Rajá Gopadatta.

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Não é fácil obter provas confiáveis da época em que Rajá Gopadatta
foi soberano. No entanto, os historiadores preferem a segunda metade do
primeiro século d.C.. Analisando mais documentos, encontra-se uma
referência precisa a uma construção feita no Monte Salomão pelo Rajá
Gopadatta, onde havia quatro inscrições em escrita persa Sulus: "Um
destes pilares homenageia o pedreiro da construção, datado do “Ano
Cinqüenta e Quatro”. É esta a data que devemos levar em conta, pois é a
mesma das paredes onde se fala de Yus-Asaf. As inscrições nas paredes
são as seguintes: “Nesta ocasião Yus-Asaf declarou sua qualidade de
profeta. Ano cinqüenta e quatro,” e “Ele é Yusu, Profeta dos Filhos de
Israel (Bani Israel).”

A cidade de Srinagar, nesta região indiana, abriga uma das


descobertas arqueológicas mais preciosas e controvertidas do mundo. Em
frente ao cemitério muçulmano, no centro da cidade, há um prédio
retangular isolado, que ostenta uma placa com os dizeres: Rauzabal ou
Rozabal (túmulo de um profeta). Do lado de dentro, numa placa de
madeira entalhada, a inscrição "tumba de Yuz Asaf" indica a câmara que
contém uma simples sepultura de pedra, reconhecida como monumento
santo por um documento público datado de 1766.

O texto fornece alguns detalhes sobre o enigmático ocupante da


tumba: "No reino do Rajá Gopadatta (...) chegou um homem chamado Yuz
Asaf. Ele era um príncipe real e renunciou a todos os direitos mundanos,
tornando-se legislador. Passava os dias e as noites rezando a Deus e longos
períodos solitários em meditação (...). Pregou a existência de um único
Deus, até que a morte o dominou e ele morreu".

Parece um epitáfio para alguém que viveu, ensinou e morreu na


Caxemira, mas esse santo, de acordo com a tradição local, não é outro
senão o próprio Cristo (que pertencia a casa e família do rei Davi e
portanto, de certo modo, era um príncipe real).

A afirmação de que Jesus morreu velho em Caxemira é sustentada


não só pelos guardiões hereditários do túmulo em Srinagar, mas pelos
adeptos (centenas de milhares) da seita muçulmana ahmaddiya. Esses
crentes e vários estudiosos que simpatizam com sua causa reuniram
interessantes coleções de dados e fragmentos de informações históricas
provenientes do Irã, Afeganistão, Paquistão e Índia. Com esse material,

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acreditam que podem escrever o capítulo final da vida de Cristo,
desconhecido por completo pelos historiadores ocidentais não iniciados no
esoterismo.

Depois de seus últimos atos descritos no Novo Testamento, Jesus -


segundo os adeptos da seita ahmaddiya - deixou a Palestina para escapar a
jurisdição romana e a possibilidade de ser novamente supliciado. Tomou a
estrada para o norte, através de Damasco - ocasião da conversão de Paulo,
a fim de buscar refúgio junto as comunidades judaicas espalhadas no
oriente. Acompanhado por Maria, sua mãe, atravessou os atuais Iraque, Irã
e Afeganistão, indo até a Índia, por onde vagou pregando o monoteísmo e
a piedade. No oriente, assumiu o nome de Yuz Asaf, que em persa,
significa: "líder dos curadores de feridas", "líder dos curados", "Jesus, o
congregador".

Segundo alguns ensinamentos, Yuz Asaf viajava para Caxemira via


Paquistão, quando sua mãe, já idosa, faleceu, sendo por ele mesmo
enterrada na cidade de Murree, 50 quilômetros a noroeste da atual
Rawalpindi. Outras fontes afirmam que ele viajou e ensinou pelo Ceilão
(atual Sri Lanka), antes de chegar a Caxemira, onde viveu seus últimos
dias. Foi enterrado por um discípulo em Srinagar, e até hoje se venera seu
túmulo como um lugar sagrado.

Há ainda hipóteses que comparam os ensinamentos de Jesus aos


ensinamentos de Buda, ou seja, que Jesus absorveu ensinamentos budistas
quando esteve na Índia. Também há teorias que comparam o aparecimento
de Jesus muito similar ao aparecimento de Buda, e outros que dizem ser
uma cópia do aparecimento de Krishna, como por exemplo o nascimento
de uma virgem. Há também mais uma lenda das várias existentes que
dizem Jesus ser um associado do semideus Brahma. Há quem diga que os
3 Reis Magos eram sábios indianos ioguis. Enfim, são muitas lendas.

O Bhavishaya Maha Purana, livro que atualmente não é confiável


devido as suas prováveis alterações, relata que o rei Shalivahana conheceu
Issa Masih (Jesus) na Caxemira. Esse encontro ocorreu em 100 d.C. Há
uma tradição que afirma que o apóstolo Tomé foi para o sul da Índia, ou
seja, a pregação de Tomé na Índia pode ter levado à junção dessas histórias
sobre Yuz Asaf (Isa Masih ou Jesus, o Messias) com as lendas da Índia.

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Edward T. Martin, escritor e professor, tem um documentário sobre
esse tema. O nome do filme é Jesus na Índia (Jesus in India), ano 2008. O
filme explica muitas teorias de pesquisadores sobre a crucificação e a
morte de Jesus Cristo.

O filme começa do seguinte questionamento: "Jesus ia crescendo em


sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens" (Lucas 2:52).
Isso é tudo o que a Bíblia tem a dizer sobre Jesus dos 12 aos 30 anos de
idade. Onde esteve Jesus durante aqueles anos obscuros?

Nos países Europeus e em outros, dificilmente as pessoas sabem o


que Jesus fez em sua juventude, por volta dos 15 anos de idade. A história
indiana mostra que ele estava na Índia, onde visitou Vrindavana, Ayodya,
Jagannatha Puri e outros locais de peregrinação. Em Vrindavana, ele ouviu
o nome da Suprema Personalidade de Deus, Krsna, e quando foi para
Jagannath Puri, ouviu como as pessoas do local pronunciam Krsna como
Krusna ou Krusta. Posteriormente, Krusta se tornou Khristos. E então
Khristos se tornou Christos, e mais tarde Christus, portanto a troca no
nome é na verdade apenas uma diferença de línguas. Quando Jesus voltou
para a Galiléia, ele pregou a mesma devoção que havia aprendido na Índia.

Até o presente momento não há provas dessa teoria de que Jesus


esteve na Caxemira.

Porém há um ditado em inglês que diz: "Onde há fumaça, há fogo."


Não sabemos, mas onde há boatos, às vezes há um pouco de verdade.

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Sobre o Autor
Stephen Knapp cresceu em uma família cristã, durante o qual estudou
seriamente a Bíblia para entender seus ensinamentos. Em sua
adolescência, no entanto, ele procurou respostas para perguntas que não
são facilmente explicadas na teologia cristã. Assim, ele começou a
pesquisar através de outras religiões e filosofias de todo o mundo e
começou a encontrar as respostas para as quais ele estava olhando. Ele
também estudou uma variedade de ciências ocultas, mitologia antiga,
misticismo, yoga e os ensinamentos espirituais do Oriente. Finalmente,
depois de sua primeira leitura da Bhagavad-gita, o resumo clássico da
filosofia védica conhecida como A Canção de Deus, ele sentiu que tinha
encontrado a última peça do quebra-cabeça que ele estava montando em
toda sua pesquisa. Isso aumentou sua compreensão de tudo o mais que ele
estava estudando. Portanto, ele continuou a pesquisar todos os principais
textos védicos da Índia para obter uma melhor compreensão da ciência
védica, até que ele se tornou um seguidor de pleno direito e praticante de
Sanatana-dharma.

Ele continuou seu estudo do conhecimento védico e da prática


espiritual sob a orientação de um mestre espiritual, Sua Divina Graça A. C.
Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Através deste processo foi-lhe dado o
nome espiritual de Sri Nandanandana dasa e tornou-se iniciado na linha
espiritual genuína e autorizada da Brahma-Madhava-Gaudiya sampradaya.
Ele é um dos devotos antigos e respeitados da Sociedade Internacional da
Consciência de Krishna (ISKCON). Desde então, ele trabalha
incansavelmente para proteger, preservar e promover o profundo
conhecimento espiritual da filosofia védica e suas tradições.

stephen-knapp.com

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Índice
Sumário 3
Introdução 5
Cáp. 1 - Bhavishya Purana 6
Cáp. 2 - Jesus é predito na literatura Védica? 11
Cáp. 3 - Jesus foi realmente predito no Bhavishya Purana? 16
Anexo - Jesus e a Caxemira 22
Sobre o Autor 27

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