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A importância do projeto de

impermeabilização

PROJETO DE IMPERMEABILIZAÇÃO

CONCEITOS IMPORTANTES
Impermeabilizar é o ato de isolar e proteger os materiais de uma edificação da passagem
indesejável de líquidos e vapores, mantendo assim as condições de desempenho, habitabilidade e
durabilidade de uma construção. A condição de impermeabilizar está associada a uma pressão
limite, convencionada em ensaio específico (NBR 9575/03).

A técnica de impermeabilizar, chamada de impermeabilização, tem como produto resultante,


um conjunto de componentes e elementos construtivos (serviços) que objetivam proteger as
construções contra a ação de fluidos (vapores e umidade).

Geralmente a impermeabilização é composta de um conjunto de camadas, com funções


específicas, as quais devem ser adequadamente dimensionadas e planejadas de forma a garantir a
eficiência desejada com o melhor custo-benefício.

Quando uma impermeabilização falha, devido ao mau dimensionamento, aplicação ou uso


inadequado compromete a durabilidade e uso da edificação, causando prejuízos financeiros e
danos à saúde.

A infiltração de água nas superfícies e estruturas pode afetar e até mesmo comprometer o
concreto, armadura, alvenaria, revestimento e pintura, deixando o ambiente insalubre devido alta
umidade e proliferação de fungos e mofo.

NORMALIZAÇÃO
A norma de seleção e projeto de impermeabilização – NBR 9575 em vigor a partir de 2003 tem sido
um importante agente de mudanças tendo definido uma série de conceitos e terminologias
importantes, além de ter incorporado diversos conceitos e tipos de impermeabilização até então
sem normalização.
Podemos destacar o conceito de projeto de impermeabilização, sua obrigatoriedade, tem feito
incorporadores e construtoras repensarem a impermeabilização, encarando sua fundamental
importância na durabilidade de uma edificação.

BENEFÍCIOS DO PROJETO DE IMPERMEABILIZAÇÃO


O advento deste projeto para as obras, além de ter possibilitado o melhor planejamento da
execução da impermeabilização, tem melhorado sua interface com outros sistemas e projetos,
promovendo também a escolha de tipos de impermeabilização mais adequados a cada
singularidade e solicitação específica da edificação o que tem gerando melhorias substanciais na
qualidade da impermeabilização das edificações.
Os principais produtos e sistemas de impermeabilização, atualmente se encontram normalizados,
possibilitando ao projetista o qual possui previamente conhecimento das necessidades da obra,
adequar e dimensionar as melhores opções.
Baseado e apoiado nas normas de produtos e sistemas, as quais classificam e mensuram através
de parâmetros ensaios físicos e químicos, é possível indicar e comparar informações e dados de
desempenho dos produtos de cada fabricante, escolhendo desta forma a melhor opção técnica e
econômica.

CONTEÚDO DO PROJETO DE IMPERMEABILIZAÇÃO


A exemplo dos projetos de instalações hidráulica e elétrica, um projeto de construção civil deve
contemplar igualmente um Projeto de Impermeabilização.

O profissional encarregado de planejar a impermeabilização deve dispor dos projetos de arquitetura


e demais projetos complementares que tenham ligação direta ou indireta com a Impermeabilização.

O projetista de impermeabilização deve analisar os projetos básicos da obra procurando evidenciar


as áreas que necessitam de impermeabilização e avaliar os tipos das estruturas, entre outros
aspectos, iniciando o estudo dos sistemas adequados para cada situação. Devem ser
disponibilizados ao projetista:
 Projeto de Arquitetura;
 Projetos e Informações Complementares;
 Projeto Estrutural;
 Projeto de Instalações Elétricas e Hidráulicas;
 Existência de pressão negativa;
 Histórico da construção;
.
Naturalmente, é importante termos um projeto em total conformidade com os aspectos Normativos
(ABNT) e de qualidade por isto é fundamental diferenciar o projeto básico do executivo.

Segundo a NBR 9575 o projeto básico consiste no conjunto de informações gráficas e descritivas
que definem as soluções de impermeabilização a serem adotadas numa dada construção, de forma
a atender às exigências de desempenho em relação à estanqueidade dos elementos construtivos e
à durabilidade frente à ação de fluidos, vapores e umidade.

O projeto básico deve compatibilizar os demais projetos da construção, de modo a equacionar


adequadamente as interferências existentes entre todos os elementos e componentes construtivos.
Pela sua característica deve ser feito durante a etapa de coordenação geral das atividades de
projeto e deve compor os documentos do projeto básico de arquitetura, definido na NBR 13532 ou,
na ausência desse, deve compor o projeto executivo de arquitetura.

Enquanto o projeto executivo é classificado como o conjunto de informações gráficas e descritivas


que baseado no projeto básico de impermeabilização, detalha e especifica integramente e de forma
inequívoca, todos os sistemas de impermeabilização a serem empregados numa dada construção.

Pela sua característica é um projeto especializado e pode ser feito após o projeto legal de
arquitetura (PL-ARQ, conforme caracterizado na NBR 13532), mas antes do início da execução das
fundações da construção.

Alguns pontos que devem ser levados em consideração quando da execução do projeto:

1. As definições usadas nos projetos devem estar de acordo com a NBR 9575 e demais
normas brasileiras;

2. Classificar os tipos de impermeabilização indicados no projeto (Rígido e Flexível);

3. Análise e definição do tipo de substratos;

4. Análise da forma de atuação da água a qual o sistema esta sujeito e deve apresentar
estanqueidade:
 Percolação;
 Condensação;
 Umidade de solo;
 Fluidos que atuam sob pressão unilateral ou bilateral;

5. Análise do ambiente e nível de exposição:


 Variação de temperatura;
 Agressividade do ambiente;
 Ataque químico;
 Intensidade de tráfego e cargas atuantes;
 Raios solares e intempéries;

6. Movimentação da estrutura e possíveis acomodações do terreno;

7. Viabilidade de custo;

8. Compatibilização do prazo de execução e o tempo mínimo de execução e aplicação dos


tipos de impermeabilização a serem especificados.

O QUE DEVE CONTER UM PROJETO DE IMPERMEABILIZAÇÃO

De acordo com a NBR 13531:1995 - Elaboração de projetos de edificações - Atividades técnicas,


aplicável em conjunto com a NBR 9575:1998 - Projeto de impermeabilização, e Projeto NBR
9575:2003, o projeto de impermeabilização compõe-se de um conjunto de informações gráficas e
descritivas que definem integralmente as características de todos os sistemas de
impermeabilização empregados em uma dada construção, de forma a orientar sua produção. O
projeto de impermeabilização deverá ser constituído de dois projetos que se complementam:
projeto básico e projeto executivo (veja tabela abaixo).

Projetos Desenhos Textos


 plantas de localização e identificação das  memorial descritivo dos
impermeabilizações, bem como dos tipos de
locais de detalhamento construtivo. impermeabilização
 detalhes construtivos que descrevem selecionados para os
graficamente as soluções adotadas no diversos locais que
projeto de arquitetura para o necessitem de
equacionamento das interferências impermeabilização.
existentes entre todos os elementos e
Projeto componentes construtivos.
Básico  detalhes construtivos que explicitem as
soluções adotadas no projeto de
arquitetura para o atendimento das
exigências de desempenho em relação à
estanqueidade dos elementos
construtivos e à durabilidade frente à
ação da água, da umidade e do vapor de
água.
 plantas de localização e identificação das  memorial descritivo de
impermeabilizações, bem como dos materiais e camadas de
locais de detalhamento construtivo. impermeabilização.
 detalhes genéricos e específicos que  memorial descritivo de
descrevam graficamente todas as procedimentos de
Projeto soluções de impermeabilização execução e de segurança
Executivo projetadas e que sejam necessários para do trabalho.
a inequívoca execução destas.  planilha de quantitativos de
materiais e serviços.
 planilha de descrição de
ensaios de campo e
tecnológicos.

PRINCIPAIS FASES DO PROJETO DE IMPERMEABILIZAÇÃO

1. Concepção do Produto:
Considerado serviço essencial compreende a avaliação preliminar dos tipos de
impermeabilização viáveis de serem adotados e o estudo de implantação do
empreendimento.

2. Definição do Produto:
Esta fase envolve a definição e análise da utilização das áreas a serem impermeabilizadas,
incluindo dados do comportamento estrutural, visando identificar as interferências que
ocorrerão nas áreas impermeabilizadas, o estudo técnico e econômico para a definição dos
tipos de impermeabilização a serem adotados e a assessoria para adoção de novas
tecnologias.

3. Identificação e Solução de Interfaces de projeto:


Pode ser compreendida através da consolidação das áreas a serem impermeabilizadas
definidas na etapa anterior, seleção dos tipos a serem utilizados e principalmente a análise
da interface entre os projetos de impermeabilização, arquitetônico, estrutural, de instalações
hidráulicas, instalações elétricas, paisagismo, ar condicionado/ventilação mecânica e
automação;

4. Detalhamento de Projetos:
Esta é a fase onde deve ser apresentado o detalhamento dos tipos de impermeabilização,
os memoriais descritivos e especificações técnicas e as planilhas com quantitativo de
materiais e serviços de impermeabilização, podem ser acrescidos opcionalmente a
elaboração de orçamento e minutas contratuais.

5. Pós entrega de projetos:


Cabem a esta fase a apresentação do projeto, programa básico de acompanhamento dos
serviços de impermeabilização e como serviços opcionais os esclarecimentos de dúvidas e
análise técnica de proposta de fornecedores.

6. Durante a execução da impermeabilização:


Tem o objetivo de garantir a plena compreensão e utilização das informações de projeto e a
sua correta aplicação e avaliar o desempenho do projeto em execução. As principais etapas
compreendem essenciais são:
 Análise de soluções alternativas;
 Alterações de projeto;
Como serviços opcionais podem ser acordados:
 Acompanhamento técnico da obra;
 Orientação sobre procedimentos de execução;
 Recebimento dos serviços de impermeabilização;
 Desenhos “As.Built”;
 Acompanhamento dos ensaios de materiais de impermeabilização;
 Acompanhamento dos recebimentos de materiais de impermeabilização na obra;
 Preparação de manual de utilização e manutenção das áreas impermeabilizadas;
 Manual do proprietário;

7. Pós Entrega da Obra:


Esta fase é considerada de serviço opcional, envolve coordenar o processo de avaliação e
retroalimentação do processo de projeto e seus diversos agentes do empreendimento, com
objetivo de gerar ações para melhoria em todos os níveis e atividades envolvidas.

Atualmente com nível de desenvolvimento e avanços de qualidade obtidos pela indústria da


construção civil torna-se fundamental a execução do projeto de impermeabilização.

E para que o projeto cumpra corretamente seu papel, é importante que o contratante e o projetista
definam de comum acordo, antes do início dos serviços, quais serão os objetivos, as tarefas e
regimes de trabalho a serem cumpridos, os produtos a serem gerados e sua forma de
apresentação.

QUAIS AS PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DA UMIDADE

Tanto as estruturas quanto os ocupantes dos imóveis são vítimas da umidade. Um ambiente úmido
e insalubre cheira a mofo e propicia o desenvolvimento de colônias de fungos e bactérias,
condições que ameaçam diretamente a saúde dos usuários. Isso sem falar da possibilidade de
inundação das áreas de subsolo, com grandes prejuízos aos condôminos. Para a edificação, as
consequências mais visíveis da infiltração são a desagregação do revestimento, eflorescências no
concreto e em argamassas, deterioração e embolhamento de pinturas, e comprometimento da
estrutura no longo prazo.

A umidade em cada área da edificação


Áreas Problemas Soluções
 Umidade ascendente com  Impermeabilização rígida, como
deterioração da cristalizantes e argamassas
argamassa de poliméricas, ou flexível, como
revestimento nos pés de menbranas de asfalto modificado com
paredes, podendo chegar polímeros em solução ou mantas
Fundações até alturas > 1,00 m. asfálticas
 Infiltração de água e
inundação das áreas
próximas.
 Insalubridade do
ambiente.
 Umidade por capilaridade,  Internamente, impermeabilização
causando deterioração de rígida, como cristalizantes e
acabamentos, como argamassas poliméricas.
madeiras, carpetes e Externamente, antes da concretagem
pisos. do piso, sobre lastro de concreto
Lajes em magro ou solo regular e compactado,
 Destacamento e
contato com o impermeabilizações pré-fabricadas,
embolhamento de pisos
solo como mantas asfálticas com geotêxtil
de alta resistência ,
epoxídicos, acoplado.
poliuretânicos, etc.
 Insalubridade do
ambiente.
 Deterioração da  Internamente, impermeabilização
argamassa de rígida, como cristalizantes (somente
revestimento. para substratos maciços) e
Paredes em  Embolhamento e argamassas poliméricas.
contato com o deterioração da pintura. Externamente, impermeabilizações
solo, cortinas e pré-fabricadas, como mantas
paredes-  Deterioração de móveis asfálticas ou menbranas moldadas no
diafragma encostados nas paredes, local à base de solução asfáltica
quadros, revestimentos. modificada com polímeros, aplicadas
 Insalubridade do ambiente a frio e estruturadas com tela
industrial de poliéster.
Pilares  Ataque as armaduras,  Os pilares recebem a mesma
(estruturas de com comprometimento da impermeabilização de pisos e
concreto) estrutura. paredes.
 Desagregação. A  Normalmente os revestimentos são
argamassa perde executados após a adoção de alguma
resistência e torna-se impermeabilização aplicada
pulverulenta, destacando- diretamente na estrutura. Porém,
se da superfície. quando a parede ou cortina for de
 Eflorescências, mofo e alvenaria revestida, este revestimento
bolor. deverá ser executado somente com
cimento e areia, no traço de 1:3 a 1:4
e poderá ser impermeabilizado contra
umidade de solo com argamassa
polimérica pela face interna. Pela face
externa, poderá receber
impermeabilização elástica, como
Revestimento
manta asfáltica ou menbrana moldada
de argamassa
no local à base de solução asfáltica
modificada com polímeros, aplicada a
frio e estruturada com tela industrial
de poliéster. Importante: infiltrações
do subsolo que afetam os
acabamentos (argamassas e pinturas)
revelam patologias que têm origem
em outras áreas (fundações, pilares,
lajes etc.). Portanto, o tratamento
pontual do acabamento pode ser
apenas paliativo e ocultar problema
mais grave; o ideal é investigar as
causas das patologias e tratá-las.
 Embolhamento e  Refazer a pintura após
destacamento impermeabilização da base, conforme
Pintura as soluções propostas nos itens
 Eflorescências, mofo e
bolor. anteriores.

 Comprometimento da  Pode ser tratado com sistemas


estrutura rígidos, como argamassa polimérica e
cristalizantes, ou flexíveis (mantas
asfálticas, emulsões ou soluções
asfálticas, etc.). A opção vai depender
das particularidades de cada obra.
Concreto Por exemplo: em um solo com
aparente umidade constante, lençol freático alto
e pressão negativa, somente com
acesso interno, é recomendado um
sistema rígido. Caso seja possível
rebaixar o lençol freático, pode-se
optar por um sistema flexível aplicado
externamente.
 Oxidação das armaduras  Se recomendadas, neste caso,
com comprometimento mantas asfálticas, que, no entanto,
das estruturas no longo exigem altura suficiente e proteção
prazo. mecânica dimensionada para o
trânsito de veículos. Existem também
alguns sistemas compostos por
Lajes de
membranas de uretano com adição de
subsolo (do 1º
agregados que podem ser utilizados
para o 2º
como acabamento final e
subsolo)
impermeabilizante. Estes, porém, são
muito mais caros que os
tradicionalmente utilizados em nosso
mercado e ainda não há tecnologia
nacional, dependendo de produtos
importados.

MODELOS DE USO DE PRODUTOS PARA IMPERMEABILIZAÇÃO - EXEMPLOS

1. Preparação de argamassa impermeável, com aditivo hidrófugo.


2. Aplicação de Cristalizantes a base de silicatos e/ou resinas na forma de pintura.

3. Aplicação de argamassa polimérica na forma de pintura e de revestimento.

4. Execução de membrana de asfalto a frio.


5. Execução de membrana de asfalto a quente.

6. Execução de membrana acrílica (argamassa com adição de polímero acrílico).

7. Execução da imprimação da superfície para aplicação de manta asfáltica.


8. Aplicação da manta asfáltica.

9. Teste de estanqueidade com lâmina de água, em impermeabilização executada com manta


asfáltica.
10. Detalhes executivos durante impermeabilização

a) Cantos chanfrados em reservatório.

b) Execução de arremate de impermeabilização junto a ralos de saída d’água.

c) Detalhamento do encaixe da manta na alvenaria.


d) Detalhamento de impermeabilização na soleira.

e) Representação gráfica de uma pingadeira.


f) Detalhe de impermeabilização em junta de dilatação.

Referências e bibliográfias
Artigo Arq. Elka Porciúncula
Norma de seleção e projeto de impermeabilização – NBR 9575/03
NBR 13532/95
Manual de escopo de serviços de impermeabilização – IBI/SECOVI
Dissertação mestrado Geovane V. R. – Universidade Federal de Santa Maria

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