Abordar acerca da legislação sob parcelamento urbano;
Objectivos específicos Apresentar as principais legislações que abordam acerca do parcelamento urbano; Correspondem a zonas ou áreas urbanas as cidades e vilas. Existem em Moçambique vinte e três cidades e sessenta e nove vilas. Das vinte e três cidades, onze são capitais provinciais e doze correspondem à outras cidades. Devido ao processo de descentralização, foram criados os municípios que correspondem à circunscrição territorial das cidades e vilas, mas, nem todas vilas são municípios. Legislação é um corpo de leis que regulariza determinada matéria ou ciência, ou ainda um conjunto de leis que organiza a vida de um país, ou seja, o que popularmente se chama de ordem jurídica e que estabelece condutas e ações aceitáveis ou recusáveis de um indivíduo, instituição, empresa, entre outros. Parcelamento do Solo significa dividir uma área. Há padrões para as diferentes zonas da cidade definidos não apenas pelo Plano Diretor, mas também por leis estaduais e federais. Os parcelamentos poderão ser feitos de diversas formas, mas, em qualquer caso, é necessário aprovar o projeto na Prefeitura Municipal. Parcelamento do solo urbano é a divisão da terra em unidades juridicamente independentes, com vistas à edificação, podendo ser realizado na forma de loteamento, desmembramento e fracionamento, sempre mediante aprovação municipal. Neste ponto é apresentada a legislação moçambicana aplicável ao uso do solo urbano, desde os comandos institucionais, regulamentos e posturas municipais. Um maior destaque é dado ao Decreto n. º 60/2006, de 26 de dezembro de 2006, Regulamento do Solo Urbano (RSU), por ser o desdobramento da Lei do Ordenamento do Território (LOT) e aborda com mais detalhes os instrumentos de planejamento e gestão urbana em Moçambique. Os instrumentos legais que incidem sobre as áreas urbanas são a Postura Municipal sobre o Direito de Uso e Aproveitamento da Terra, a Lei de Terras, o Regulamento do Solo Urbano, e a recém aprovada Lei do Ordenamento Territorial e respectivo Regulamento. Há uma pressão contínua sobre o governo para aumentar a autonomia do poder local. De acordo com a Lei de Finanças Municipais, os municípios são responsáveis pelas seguintes tarefas: Zonas verdes, mercados, serviços de bombeiros, sistemas de drenagem, lixo e limpeza pública, património cultural ou urbano, proteção ambiental, conservação de árvores e o estabelecimento de reservas municipais. De acordo com a Lei dos Municípios, para além destas responsabilidades os municípios devem apoiar grupos vulneráveis na sociedade, promover desenvolvimento socioeconômico, saúde, educação, cultura, lazer e desporto. Segundo o Decreto n.9 60/2006 de 26 de dezembro pode ser entendido como: Solo Urbano - toda a área compreendida dentro do perímetro dos municípios, vilas e das povoações legalmente instituídas. Área urbanizada - área de ocupação consolidada, onde os prédios urbanos ocupem exclusivamente as suas respectivas parcelas ou talhões sem a concorrência de 0Utros prédios de posse de outrem e esteja integrada em plano de ordenamento. Área urbanizável-área susceptível de ser edificada, constituída por parte ou pela totalidade de um ou mais prédios urbanos ou rústicos Índices urbanísticos - conjunto de indicadores que permitem definir as dimensões e a capacidade de suporte dos terrenos, Órgãos Locais do Estado e Autárquicos - governos provinciais,' governos distritais, autarquias. Parcela: porção delimitada de terreno, susceptível de ser subdividida em conformidade com as regras do plano. Planta topográfica - desenho escala duma parcela ou talhão demarcado, especificando de forma inequívoca pelo menos a sua localização, identificação, limites e confrontações, servidões existentes, o uso autorizado e suas condicionantes, nome do titular do direito de uso aproveitamento e identificação da autoridade emitente. Talhão - última porção indivisíveis de terreno, definida pelo plano de pormenor. Taxa de urbanização - valor a pagar pelos beneficiários de talhões em operações de urbanização, Urbanização - transformação do solo através da provisãode infraestruturas, equipamentos e edificações que assegurem a fixação física das populações em condições de beneficiarem de serviços de crescente nível e qualidade nos domínios da saúde, ensino, tráfego rodoviário, saneamento. Comércio e lazer, entre outros. Os planos de ordenamento são documentos estratégicos, informativos e ou normativos que têm como objetivo essencial a produção de espaços ou parcelas territoriais socialmente úteis. Estabelecidos com base nos princípios e nas diretivasdo ordenamento do território. (Art. 4 Decreto n.9 60/2006 de 26 de dezembro) Segundo Lei do Ordenamento do Território (LOT) os planos de ordenamento das cidades, vilas e dos assentamentos humanos ou aglomerados populacionais, classificam-se em: Plano de estrutura urbana: é o instrumento que estabelece a organização espacial da totalidade do território do município e autarquia de povoação, os parâmetros e as normas para a sua utilização, tendo em conta a ocupação atual, as infraestruturas e os equipamentos sociais existentes e a implantar e a sua integração na estrutura espacial regional; Plano geral e parcial de urbanização: é o instrumento que estabelece a estrutura e qualifica o solo urbano na sua totalidade, tendo em consideração o equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, define as redes de transporte, comunicações, energia e saneamento, e os equipamentos sociais, com especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócia - espacial para a elaboração do plano. (Art4 Decreto n. º 23/2008 de 1 de julho) Segundo Decreto n.9 60/2006 os Requisitos para atribuição do direito de uso e aproveitamento a urbanização é um pré- requisito à atribuição do direito de uso e aproveitamento da terra nas zonas abrangidas pelo presente regulamento: Não podem ser atribuídos direitos de uso e aproveitamentoda terra em zonas urbanizadas que não incluam áreas destinadas a equipamentos sociais e serviços públicos. Não pode ser concedido o direito de uso e aproveitamento de terra as áreas consideradas reserva do Estado. No artigo 22 do Decreto 60/2006 consta os níveis de classificação da urbanizaçãoconsoante a quantidade e qualidade das facilidades de uso público, colocadas à disposição dos utentes, estabelecem-se os seguintes níveis de urbanização: A urbanização básica é estabelecida quando na zona estão cumulativamente reunidas, pelo menos, as seguintes condições: As parcelas ou talhões destinados aos diferentes usos estão fisicamente delimitados; O traçado dos arruamentos é pane de uma malha de acessos que imigra a circulação de automóveis com acesso pendoais a cada morador. A intermédia é estabelecida quando na zona estãocumulativamente reunidas, pelo menos, as seguintes condições: ◦ As parcelas ou talhões destinados aos diferentes usos estio fisicamente delimitados; ◦ Os arruamentos são acabados com solos de boa qualidade estabilizados mecanicamente; ◦ Existe um sistema a céu aberto para drenagem de águas pluviais; A urbanização completa ê estabelecida quando na zona estão cumulativamente reunidas, pelo menos, as seguintes condições: a) as parcelas ou talhões destinados aos diferentes usos estão fisicamente demarcados; b) os arruamentos são acabados com asfalto ou sendo limitados por lancis; c) A drenagem de águas pluviais é feita por rede apropriada; d) O abastecimento de água é assegurado por uma rede com distribuição domiciliária; A execução da produção do espaço urbano é levada a cabo pelo Estado, com a criação de leis como é o caso a do Ordenamento do Território, estabelecendo e delimitando a extensão territorial que poderá ser usada. Deste modo, é observado que a legislação deveria assegurar que o uso, ocupação e produção do espaço urbano ocorressem de modo organizado e inclusivo, evitando o surgimento de assentamentos informais desordenados. A legislação territorial moçambicana apresenta as normas de uso do solo urbano e os instrumentos de planejamento e gestão urbana, contudo, há inadequação dos meios de implementação, por carência de recursos materiais, técnicos, humanos e financeiros. Portanto, é preciso inverter a lógica de expansão dos assentamentos urbanos desordenados por meio de intervenções urbanas, de modo que essas áreas passem a integrar, ainda que de forma frágil, o sistema de gerenciamento urbano.