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ULA

CICLO HIDROLÓGICO

BALANÇO HÍDRICO

2.1. O CICLO HIDROLÓGICO: ALVO DOS ESTUDOS HIDROLÓGICOS

O ciclo hidrológico é o processo cíclico e contínuo de transporte das águas da


Terra, interligando atmosfera, continentes e oceanos. Trata-se de um processo
complexo, que tem como fonte de energia o Sol, contendo muitos subciclos. Como
praticamente todo o abastecimento de água doce é resultante da precipitação
proveniente da evaporação das águas marítimas, o ciclo hidrológico pode ser
entendido basicamente como o processo de transferência da água dos mares para os
continentes e seu retorno aos mares, conforme indicações da Figura 2.1. O vapor
d’água que tem origem na evaporação das águas dos mares é transportado para os
continentes pelo movimento das massas de ar. Se o vapor for resfriado até o seu
ponto de orvalho, ele se condensa na forma de pequenas gotas visíveis, vindo a
constituir as nuvens, as quais, sob condições meteorológicas favoráveis, avolumam-
se e, sob a ação da gravidade, e precipitam-se. À medida que as chuvas caem, parte
delas é interceptada pela vegetação e evaporada. Parte da precipitação que atinge a
superfície do solo é devolvida para a atmosfera por evaporação, a partir das
superfícies líquidas, do solo e da vegetação, e da transpiração dos seres vivos. O
restante retorna aos mares por vias superficiais, subsuperficiais e subterrâneas.
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Figura 2.1. Ciclo Hidrológico (Chaudhry, 2000).

2.2. BALANÇO HÍDRICO/EQUAÇÃO FUNDAMENTAL

As transformações do ciclo hidrológico ocorridas dentro de regiões de


interesse pré-estabelecidas podem ser contabilizadas através da equação do balanço
hídrico, também denominada balanço de massa, ou equação fundamental, que pode
ser expressa na forma:

∆V = Qe − Qs (2.1)

sendo: ∆V = variação de armazenamento hídrico


Qe = afluência hídrica
Qs = efluência hídrica

As componentes do ciclo hidrológico a serem representadas na equação de


balanço hídrico dependem dos limites estabelecidos, da mesma forma que as
grandezas representativas de tais componentes devem ser empregadas em unidades
compatíveis, sejam elas volumétricas, de descarga, ou lâminas.
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Considerando-se o balanço hídrico das águas superficiais e subterrâneas, tem-


se:

∆V = P − ( E + T + G + Q ) (2.2)

sendo: ∆V = variação do armazenamento


P = precipitação
E = evaporação
T = evapotranspiração
G= fluxo subterrâneo da bacia
Q= escoamento superficial

Levando-se em conta somente as águas superficiais:

∆V = P − ( E + T + I + Q ) (2.3)

sendo I = infiltração. Assumindo-se ainda ∆V =0, a equação (2.3) reduz-se a:

Q=P−L (2.4)

onde: L = perdas (E+T+I)

A equação (2.4) constitui a base de muitos métodos práticos de avaliação do


escoamento superficial.

A bacia hidrográfica é a área de drenagem de um ponto de descarga de um


curso d’água, também denominado exutório, do qual ela é tributária. Delimitada com
base na topografia, coleta a água de chuva que, escoando superficialmente, atinge a
referida seção. O termo bacia hidrográfica é usado indistintamente para pequenas ou
grandes áreas de drenagem, ao tratarem-se de áreas de drenagem de córregos ou
grandes rios, respectivamente.
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As bacias hidrográficas constituem contornos territoriais adequados aos


estudos hidrológicos, em particular de balanço hídrico, pois sobre tais áreas é
possível um maior controle sobre as componentes do ciclo hidrológico, como o
escoamento superficial, muito embora o escoamento subterrâneo possa promover
transferências hídricas entre bacias vizinhas.

2.3. MÉTODOS DE ESTUDOS HIDROLÓGICOS

A hidrologia baseia-se, essencialmente, em elementos observados e medidos


no campo; o que mostra a importância da fase correspondente à coleta de dados.
De um modo geral os estudos hidrológicos baseiam-se na quase repetição dos
regimes de precipitação e de escoamento dos rios, ao longo do tempo. Isto é, ainda
que uma sucessão histórica de eventos (vazão ou precipitação), contatada no passado,
não se repita exatamente para o futuro, suas grandes linhas mantêm-se
aproximadamente as mesmas. Em suma, os projetos de obras futuras são elaborados
com base em elementos do passado, considerando-se ou não a probabilidade de se
verificarem alterações com relação ao passado.
Ultimamente, vem se utilizando dois métodos de estudo, de acordo com os
processos analíticos utilizados:
a) Hidrologia Paramétrica ou Determinística
b) Hidrologia Estocástica
• Hidrologia Paramétrica: Usos de dados climáticos e parâmetros físicos das
bacias hidrográficas
• Hidrologia Estocástica; Manipulação das características estatísticas das
variáveis hidrológicas.

2.4 - A HIDROLOGIA NA ENGENHARIA

A hidrologia é a ciência da Terra que estuda a ocorrência, circulação e


distribuição das águas, bem como as suas propriedades físicas e químicas e suas
relações com os seres vivos. Divide-se em dois grandes grupos: a hidrologia das
águas superficiais e a hidrologia subterrânea, sendo que o primeiro inclui:
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climatologia, meteorologia, geologia, geomorfologia, sedimentologia, geografia e


oceanografia.
A Engenharia Hidrológica e de Recursos Hídricos, por sua vez, é ciência da
Terra aplicada, uma vez que se utiliza dos princípios hidrológicos na solução de
problemas de engenharia, decorrentes da necessidade de explotação dos recursos
hídricos terrestres. Em outras palavras, a engenharia hidrológica visa estabelecer
relações, definindo a variabilidade espaço-temporal da água, com vistas à avaliação
dos riscos envolvidos nas atividades de dimensionamento e operação de sistemas de
aproveitamento e controle das águas naturais.

2.4.1 - APLICAÇÕES

a) Escolha de fontes de abastecimento


b) Projeto e construção de obras hidráulicas
1) Fixação das dimensões de obras de arte, como: pontes, bueiros, etc...
2) Projeto de barragens: dimensionamento do extravasor.
3) Estabelecimento do método de construção
c) Irrigação: escolha do manancial, evaporação e transpiração
d) Drenagem: alimentação e escoamento do lençol, bacia contribuinte, etc...
e) Regularização de cursos d’água e controle de inundações: variações de vazão,
Qmáx, áreas de inundação, etc...
f) Controle de poluição.
g) Controle de erosão
h) Navegação
i) Aproveitamento hidrelétrico: previsões de vazões máximas, médias e
mínimas para estudo econômico e o dimensionamento das instalações das
estruturas, volume armazenado, perdas por evaporação e infiltração, etc...
j) Operação de sistemas hidráulicos complexos
k) Recreação e preservação do meio-ambiente
l) Preservação e desenvolvimento da vida aquática.
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2.5. BIBLIOGRAFIA

Chaudhry, F.H. (2000). “Aproveitamento de Recursos Hídricos”. In: Castellano, G. e


Chaudhry, F. H. eds. Desenvolvimento Sustentável......................(no prelo).
Dunne e Leopold (1995). “Water in Environmental Planning”. Freeman and
Company, United States of America, 818p.
Ometo, J.C.; Vila Nova, N.A. (1989). Curso de Agrometeorologia (Apostila),
ESALQ.
Ponce, V. M. (1989). “Engineering Hydrology-Principles and Practice”. Prentice
Hall Inc., New Jersey, 640p.
Righetto, A. M. (1998). “Hidrologia e Recursos Hídricos”. EESC/USP, São Carlos,
840p.

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