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Ética e Ética na Engenharia https://www.eecis.udel.edu/~portnoi/academic/academic-files/ethicsineng...

Marcos Portnoi
Introdução à Engenharia, UNIFACS
20.Março.1999
http://surf.to/locksmith

A Ética
Ética é um conjunto de princípios ou padrões pelos nos quais se pautam a conduta humana.
Algumas vezes a ética é chamada de "moral", e por extensão, seu estudo freqüentemente
chamado de Filosofia Moral. Assim, como um ramo da Filosofia, Ética é considerada uma ciência
normativa, já que trata de normas da conduta humana, em diferença às ciências formais (como
Matemática e Lógica) e às ciências empíricas, como a Química e a Física.

Como trata-se de um padrão de comportamento e conduta, a ética ou moral tem características


próprias em cada civilização (a exemplo da Oriental e Ocidental) e em cada cultura. Por todo o
tempo em que a humanidade tem vivido em grupos, a regulamentação moral tem sido necessária
para o bem-estar desses grupos. Apesar de que a moral foi formalizada e transformada em
padrões arbitrários de conduta, ela desenvolveu-se, algumas vezes irracionalmente, depois de que
tabus religiosos foram violados, ou através de comportamentos fortuitos que se tornaram hábito e
então regra, ou de leis impostas por chefes a fim de prevenir desarmonia em suas tribos. Mesmo
as grandes civilizações Egípcias e Sumérias não geraram uma ética sistematizada; máximas e
preceitos criados por líderes seculares misturaram-se com uma religião rígida que afetou o
comportamento de cada egípcio. Na China, as máximas de Confúcio foram aceitas como código
moral.

A Igreja tem grande participação no desenvolvimento dos padrões éticos e morais principalmente
da civilização ocidental. A Igreja pauta esses padrões nos escritos bíblicos, que por sua vez teriam
origem divina. Na realidade, todos esses organismos são criações do próprio ser humano, o que
torna a ética uma ciência gerada, assim como os demais seres vivos, com base na tentativa e
acerto, e por conseguinte viva e em mutação.

Como é o padrão regulatório da Ética necessário para o bem-estar de uma população, esse
aplica-se a todas as esferas de atuação desta população, seja na educação de crianças, seja na
confecção das leis, seja no comportamento do mercado de Bolsa de Valores, seja em todas as
profissões. Pode-se considerar que esse padrão de comportamento é o que leva ao menor
consumo de energia, ou à menor criação de dificuldades, ou à geração criação de danos à própria
sociedade e ambiente. É quando se estabelece que determinada ação ou atitude, se não causa
benefício à sociedade, também não lhe causa prejuízo.

Agir em contradição a essas normas invariavelmente resulta em conflito e talvez dano a alguma
parte. Porém não é a Ética absoluta e imutável, tampouco perfeita, e suas mudanças se fazem
normalmente através da quebra do padrão anterior. É a Ciência, aliás, com suas grandes
descobertas, uma grande responsável pelas mutações dos padrões éticos, às vezes com

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resultados infortuitos para seus autores. As descobertas de Isaac Newton servem como um
exemplo deste efeito. As Leis de Newton foram recebidas de modo geral como uma evidência de
que havia uma ordem divina que era racional. O pensamento contemporâneo nesta linha foi
expresso sucintamente pelo poeta inglês Alexander Pope, na seguinte frase: "Deus disse, que se
faça Newton! E se fez a Luz." As descobertas de Newton levaram os filósofos a ganhar confiança
num sistema ético que era tão racional e ordenado como a Natureza era considerada.

Ética na Engenharia
Vejamos aqui em que pautam os engenheiros seu comportamento na profissão. De fato, pelo
menos no mundo ocidental, o código de Ética na Engenharia é bastante semelhante de país para
país. Isso não é surpresa, uma vez tendo como coração de seu trabalho o uso das Ciências
Naturais, imutáveis em qualquer parte do Universo, e desta maneira tendo resultados
semelhantes.

Abaixo ilustramos o que diz da ética profissional o Engineer’s Council for Professional
Development (ECPD) dos Estados Unidos, ou Conselho de Engenheiros para o Desenvolvimento
Profissional.

Princípios Fundamentais do Código de Ética dos Engenheiros.

Engenheiros mantêm e melhoram a integridade, honra e dignidade da


profissão:

Usando seu conhecimento e habilidade para o avanço do bem-estar


da humanidade;

Sendo honesto e imparcial, e servindo fielmente o público, seus


empregadores e clientes;

Esforçando-se para aumentar a competência e prestígio da


profissão de engenheiro;

Suportando as sociedades profissionais e técnicas de duas


disciplinas.

Cânones Fundamentais do Código de Ética dos Engenheiros

Engenheiros zelarão pela segurança, saúde e bem-estar do público


durante a execução de suas tarefas profissionais.

Engenheiros farão serviços apenas nas áreas de sua competência.

Engenheiros farão declarações públicas somente de maneira


objetiva e confiável.

Engenheiros agirão em assuntos profissionais para cada cliente


como agentes fiéis e confiáveis, e evitarão conflitos de
interesse.

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Engenheiros construirão sua reputação profissional com o mérito


de seus serviços e não competirão de forma injusta com outros.

Engenheiros agirão de tal maneira a manter e desenvolver a honra,


integridade e dignidade da profissão.

Engenheiros continuarão seu desenvolvimento profissional durante


sua carreira e disponibilizarão oportunidades para o
desenvolvimento profissional dos engenheiros sob sua supervisão.

Vislumbremos agora o Código de Ética do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE),
EUA., ou Instituto de Engenharia Elétrica e Eletrônica, principal órgão responsável pela definição
de inúmeros padrões na Engenharia Elétrica e Eletrônica usados em todo o mundo.

"Nós, membros do IEEE, em reconhecimento da importância do efeito de


nossas tecnologias na qualidade de vida por todo o mundo, e em aceitando
uma obrigação pessoal para nossa profissão, seus membros e as comunidades
as quais servimos, submetemo-nos à conduta mais ética e profissional e
concordamos:

Em aceitar a responsabilidade de fazer as decisões na Engenharia


consistentes com a segurança, saúde e bem-estar do público, e
rejeitar de imediato e tornar conhecidos fatores que possam
colocar o meio-ambiente e o público em risco;

Em evitar conflitos reais ou prováveis de interesse sempre que


possível, e fazê-los de conhecimento das partes envolvidas quando
existirem;

Em ser honestos e realistas quando relatando pedidos ou


estimativas baseadas em dados existentes;

Em rejeitar suborno sob todas as suas formas;

Em promover o entendimento da tecnologia, suas aplicações


apropriadas e conseqüências potenciais;

Em manter e desenvolver nossa competência técnica e assumir


tarefas tecnológicas para outros somente se qualificados por
treinamento ou experiência, ou após tornar claras as limitações
pertinentes;

Em buscar, aceitar e oferecer críticas honestas de trabalhos


técnicos, em reconhecer e corrigir erros, e em dar crédito
apropriado a colaboradores e outros;

Em tratar com justiça todas as pessoas independente de sua raça,


credo, religião, condição física, idade ou nacionalidade;

Em evitar danos a outros, sua propriedade, reputação ou emprego

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através de ação maliciosa ou falsa;

Em assistir colegas em seu desenvolvimento profissional e


suportá-los no cumprimento deste código de ética.

Pode-se observar, no Código de Ética Profissional do Engenheiro, do Arquiteto e do Engenheiro


Agrônomo, segundo Resolução n. 205, de 30 de Setembro de 1971 do Conselho Federal
Brasileiro de Engenharia (http://www.arquitetofna.org.br/apoietic.htm), Arquitetura e Agronomia,
basicamente os mesmos conceitos, com a adição deste interessante item:

"Não solicitar nem submeter propostas contendo condições que constituam


competição de preços por serviços profissionais."

Advém da leitura deste item que o engenheiro e arquiteto agem tão somente como instrumentos
da aplicação das Ciências Naturais, ou seja, agindo profissionalmente como executor para o bem-
estar, sem se querer vislumbrar ganho monetário, que exige a competição por espaço
exemplificada no texto do item. Isto é belo do ponto de vista poético, mas ineficaz e irreal fora do
papel escrito. Sendo o engenheiro e arquiteto profissionais que têm rendimento monetário através
do exercício da sua profissão, e não sendo eles os únicos a assim o fazerem, por que negar-lhes o
direito de usar dos mecanismos de competição e preço para lhes garantir esse rendimento,
sempre de apoio nos pilares da ética?

Este pitoresco item do Código de Ética do Engenheiro e Arquiteto leva a crer que a competição
através de preços não é ética, apesar de sê-lo em todo o resto da esfera do capitalismo. Ou seja,
o engenheiro pode optar por adquirir seus materiais necessários ao trabalho em fornecedor que os
tenha a preços menores, mas não tem o direito de poder executar seu trabalho de maneira melhor
e mais barata, se antes dele algum outro engenheiro já apresentou proposta com técnicas mais
custosas.

"A mente é uma grande coisa, desde que você não tenha que usá-la."

--Tim MacCarver

"Se sua cabeça é de cera, não passeie ao Sol."

--Benjamin Franklin

Referências
Microsoft Encarta 97 Encyclopedia (1996).

Departamento de Engenharia Civil da Southern Illinois University, em Carbondale, EUA.


Copyright 1998, Bill T. Ray

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http://civil.engr.siu.edu/
Última modificação em 09.02.1999

Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), EUA.


Copyright 1999, IEEE.
http://www.ieee.org
Última modificação em 19.01.1999

Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA)


http://www.arquitetofna.org.br/
Última modificação em 24.09.1998

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