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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

COLÉGIO TÉCNICO DE CAMPINAS


CURSO TÉCNICO MÊCANICA
SOCIEDADE E SISTEMAS PRODUTIVOS

SOC 05 – GERÊNCIA CIENTÍFICA


(CAP.4 do livro Trabalho e Capital Monopolista
Harry Braverman)

SOC 06 – TEMPOS MODERNOS: o contexto sócio-econômico


gerador do Taylorismo
(CAP. 2 do livro Gestão e Organização no Capitalismo Globalizado –
História da Manipulação Psicológica no Mundo do Trabalho
Roberto Heloani)
SOC 05 – GERÊNCIA CIENTÍFICA

 Os economistas clássicos foram os primeiros a cuidar


de um ponto de vista teórico dos problemas da
organização do trabalho no seio das relações
capitalistas de produção.
 O movimento de Gerência Científica foi iniciado por
Frederick Winslow Taylor nas ultimas décadas do Séc.
XIX, sendo ensejado pelo capitalismo.
TRABALHO E CAPITAL MONOPOLISTA –
A Degradação do Trabalho no Século XX
Harry Braverman

Marxists’ Internet Archive


Harry Braverman 1920 – 1976
http://www.marxists.org/archive/braverman/index.htm
FREDERICK WINSLOW TAYLOR

Frederick Winslow Taylor - Filadélfia,


Pensilvânia, 20/03/1856 – 21/03/1915 1911
GERÊNCIA CIENTÍFICA
 A Gerência Científica significa um empenho no sentido
de aplicar os métodos da ciência aos problemas
complexos e crescentes do controle do trabalho nas
empresas capitalistas em rápida extensão.
 Investiga, não o trabalho em geral, mas a adaptação do
trabalho às necessidades do capital.
 Entra na oficina, não como representante da ciência,
mas como representante de uma caricatura de gerência
nas armadilhas da ciência.
GERÊNCIA CIENTÍFICA
 Taylor ocupava-se dos fundamentos da organização
dos processos de trabalho e do controle sobre ele.
Já as escolas posteriores de Hugo Munsterberg, Elton
Mayo e outros ocupavam-se sobretudo com o
ajustamento do trabalhador ao processo de
produção em curso, na medida em que o processo era
projetado pelo engenheiro industrial.

 Os sucessores de Taylor encontram-se na engenharia e


projeto de trabalho, bem como na alta administração,
enquanto que os sucessores de Munsterberg e Mayo
acham-se nos departamentos de pessoal e escolas de
psicologia industrial e sociologia industrial.
GERÊNCIA CIENTÍFICA
 O trabalho em si é organizado de acordo com os princípios
Tayloristas, enquanto que a seleção, adestramento,
treinamento, pacificação é feito pelo Departamento Pessoal.
 “... A Gerencia Cientifica, focaliza o trabalho. Seu núcleo é o
estudo organizado do trabalho, a analise do trabalho em seus
elementos mais simples e a melhoria sistemática do
desempenho de cada um desses elementos pelo
trabalhador...” (Peter F, Drucker)
 O que Taylor fez não foi criar algo totalmente novo, mas
sintetizar e apresentar idéias num todo razoavelmente
coerente que germinaram e ganharam força na Inglaterra e
EUA no final do século XIX e início do século XX.
GERÊNCIA CIENTÍFICA
 O segundo aspecto distintivo do pensamento de Taylor era
seu conceito de CONTROLE. Admitia-se em geral antes de
Taylor que a gerência tinha o direito de “controlar” o trabalho,
mas na prática esse direito usualmente significava apenas a
fixação de tarefas, com pouca interferência direta no modo de
executá-las pelo trabalhador. A contribuição de Taylor foi no
sentido de inverter essa prática e substituí-la pelo seu oposto.

 Sua obra começou por volta de 1880, mas foi só na década


seguinte que iniciou suas conferências, artigos e publicações.
Sua própria formação era limitada, mas aprendeu de modo
superior a prática nas oficinas, onde trabalhou por 4 anos
como aprendiz de modelador e maquinista.
FREDERICK WINLOW TAYLOR
 “Sabichão” de uma família abastada da Filadélfia, Taylor
abandonou os estudos quando estava prestes a ingressar em
Harvard, devido a revolta com o pai que o orientava para a
advocacia.

 Começou o aprendizado de um oficio numa firma, cujo dono


era da mesma classe do pai. Depois que completou o
aprendizado empregou-se num trabalho comum na Midvale
Steel Works (também de amigos da família) e em pouco tempo
passou de maquinista diarista para chefe de turma –
Departamento de Tornos.

 Com personalidade obsessivo-compulsiva, desde pequeno


contava seus passos, media tempo de suas próprias
atividades, analisava seus movimentos afim de ver sua
“deficiência”
ÓTIMO DIA DE TRABALHO

 Logo depois de tornar-se chefe de turma entrou em luta com


os operários sob suas ordens. O problema no caso, girava
em torno do conteúdo de um dia de trabalho, que Taylor
define na expressão “um ótimo dia de trabalho”.

 Na prática, para se conseguir um ótimo dia de trabalho como


Taylor queria, era preciso um tipo físico especial pois poucos
trabalhadores conseguem atingir esse objetivo, e os que
conseguiram eram devido à pressão exercida.
ÓTIMO DIA DE TRABALHO
X
MARCO PASSO

 Segundo Taylor, o maior problema para atingir esse padrão é


o ritmo lento que eles adotam ou a vadiação, denominado por
ele de MARCA PASSO.

 “Marco passo natural”: tendência dos homens de ficar à


vontade.

 “Marco passo sistemático”: resultado de um estudo


cuidadoso por parte dos operários do que eles pensam
atender aos seus melhores interesses.
 No entanto, Taylor sempre admitiu a opinião de que os
trabalhadores, ao agir deste modo, estavam comportando-se
racionalmente e com uma apropriada visão de seus melhores
interesses. Alegava em outro relato de sua batalha em
Midvale, que ele cedia tanto quanto possível em meio à luta:
Taylor falava que entendia a posição dos operários e se
estivesse no lugar deles faria o mesmo.

 Observações feitas na fábrica de Western Elétric em


Hawthone, da qual surgiu a escola das “relações humanas”,
conclui:

[...] o produtor mais baixo na oficina alinhava-se como o 1º em


inteligência e o 3º em destreza; o que mais produzia era o 7º
em destreza e o mais baixo em inteligência.
LÓGICA DOS TRABALHADORES

 Segundo Willian M. Leiserson:


[...] as mesmas condições que levaram os homens de
negócio a reduzir a produção quando os preços estão
em baixa, e reduzir os salário quando a eficiência do
trabalho está aumentando, fazem com que os
trabalhadores limitem a produção e reduzam a eficiência
quando os salários estão aumentado. Se o raciocínio
dos trabalhadores estiver errado, então a economia dos
homens de negócio também estão.
PRINCÍPIOS DE TAYLOR

PRIMEIRO PRINCÍPIO:

DISSOCIAÇÃO DO PROCESSO DE TRABALHO DAS


ESPECIALIDADES DOS TRABALHADORES

O processo de trabalho deve ser independente do ofício,


da tradição e dos conhecimentos dos trabalhadores. Daí
por diante deve depender não absolutamente das
capacidades dos trabalhadores, mas inteiramente das
políticas gerenciais.
PRINCÍPIOS DE TAYLOR

SEGUNDO PRINCÍPIO:

SEPARAÇÃO DA CONCEPÇÃO E EXECUÇÃO

“ Todo possível trabalho cerebral deve ser banido da oficina e


centrado no departamento de planejamento ou projeto”.

Para Taylor, a “ciência do trabalho” nunca deve ser


desenvolvida pelo trabalhador, mas sempre pela gerência.
Não apenas o capital é propriedade do capitalista, mas o
próprio trabalho tornou-se parte do capital. Os trabalhadores
além de perderem o controle sobre os instrumentos de
produção perdem também o controle até de seu trabalho e do
modo como executá-lo.
PRINCÍPIOS DE TAYLOR

TERCEIRO PRINCÍPIO:
MONOPÓLIO DO CONHECIMENTO CENTRADO NA
GERÊNCIA PARA CONTROLAR TODAS AS FASES DE
PRODUÇÃO

Utilização do conhecimento que agora pertence somente a


gerência para controlar cada fase do processo de trabalho e
seu modo de execução. A tarefa especifica não apenas o que
deve ser feito, mas como deve ser feito e o tempo exato
permitido para isso.

A gerência científica consiste muito amplamente em preparar


as tarefas e sua execução.
HARRY BRAVERMAN
 Braverman tornou-se militante do movimento trotskista estadunidense em 1937 e logo juntou-se
ao recém-fundado Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP, na sigla em inglês).

 Na década de 1950, Harry Braverman foi um dos líderes da assim chamada Cochranite tendency,
uma corrente liderada por Bert Cochran no âmbito do Partido Socialista dos Trabalhadores. Os
Cochranites rejeitaram a agitação revolucionária sob a dupla pressão da relativa prosperidade
capitalista pós-Segunda Guerra Mundial e da "caça às bruxas" anticomunista movida pelo
macartismo. Argumentavam que a presente expansão capitalista iria durar pelo menos por um
longo período de tempo, o que inviabilizava a renovação da luta revolucionária por parte da
classe trabalhadora. Eventualmente, os Cochranites, incluindo Braverman, foram expulsos do
SWP. Formaram então a American Socialist Union, em cujo periódico Braverman era um
contribuinte constante.

 No início dos anos 1960, Harry Braverman trabalhou como editor para a Grove Press, onde foi
fundamental para a publicação da The Autobiography of Malcolm X. O livro mais importante de
Braverman foi Labor and Monopoly Capital: The Degradation of Work in the Twentieth Century, o
qual examina o efeito degradante do capitalismo sobre o trabalho na América. O livro foi
publicado em 1974. Braverman morreu de câncer em Agosto de 1976.
SOC 06 – TEMPOS MODERNOS: o contexto
sócio-econômico gerador do Taylorismo

CAP. 2 do livro Gestão e Organização no


Capitalismo Globalizado – História da Manipulação
Psicológica no Mundo do Trabalho
Prof. Roberto Heloani – FE/UNICAMP
2ª. Revolução Industrial.
Capital  novo padrão tecnológico: concentração técnica +
concentração financeira sob mediação dos bancos.

Contexto: capitalismo fase monopolista  necessidade de


organizar novas formas de organização do trabalho.

Frederick W. Taylor: 1911...The principles of scientific


management
 Foi trabalhar numa fábrica para entender: objetividade do
processo de produção + subjetividade dos trabalhadores.
TAYLORISMO

 Caberia ao gerente científico a melhor maneira para atingir a


máxima eficiência
 Idéias positivistas  racionalismo moderno: somente a
ciência é capaz de iluminar o espírito humano.. a desordem
social era produto da ignorância (Augusto Comte).
 Positivismo: simbiose hierárquica – só existe progresso
mediante a ordem, a ordem só impera onde houver
subordinação da prática à teoria....
 Taylor valoriza a disciplina, hierarquia e ao controle por parte
dos que sabem...
TAYLORISMO

 Objetivo: obter o máximo de rendimento sem comprometer a


saúde do trabalhador  adaptação sem sentir a fadiga....
mas Taylor preocupava-se com a fadiga física e não a
mental...
 trabalhador deve ser estimulado a pensar somente o que leva
ao benefício do capital...sem prejuízo da organização do
trabalho.
TAYLORISMO

 2ª. Revolução Industrial  aumento do desemprego e


diminuição dos salários  conflito aberto entre Capital e
Trabalho.
 O operário é desqualificado, só entende uma parcela do
trabalho.
 Marcos: 1º de maio de 1866 ..trade unions manifestação
por 8 horas/dia .
 Este era o contexto de Taylor, projeto capitalista de
minar a influência dos trabalhadores de ofícios  não
interessa esses operários muito especializados.
TAYLORISMO

 Base é a cooperação entre Capital e Trabalho pois


traria prosperidade para ambos pela associação de
interesses: + lucros  melhores salários.
 Separa a acumulação do K às custas da exploração do
trabalho....isenta o K da exigência de dominação....daí a
importância da cooperação dada por Taylor...com isso,
diminui-se as tensões e conflitos...
TAYLORISMO

 Retórica da prosperidade  campo da produção. Só pode


haver máxima prosperidade se houver máxima produção.
 Para isso acontecer ( a máxima prosperidade), além da
cooperação, faz-se necessário a máxima especialização
....é o álibi da especialização..que é a apropriação do
saber do trabalhador para a produção.
TAYLORISMO

 Base é a cooperação entre Capital e Trabalho pois


traria prosperidade para ambos pela associação de
interesses: + lucros  melhores salários.
 Separa a acumulação do K às custas da exploração do
trabalho....isenta o K da exigência de dominação....daí a
importância da cooperação dada por Taylor...com isso,
diminui-se as tensões e conflitos...
TAYLORISMO

 Taylor precisa entrar na subjetividade do trabalhador para


reconstruir sua percepção segundo os interesses do K... 
necessidade de mudanças de atitudes mentais  ponto de
inflexão da administração empírica para a Adm. Científica
 Taylor combate tenazmente a indolência do
trabalhador....que faz de tudo para deixar o patrão na
ignorância do que ele é realmente capaz de fazer... 
conceito de TAREFA e o respeito à fisiologia do trabalho.
Ainda: é necessário conhecer a personalidade do
trabalhador, ver suas ambições....os mais ambiciosos serão
recompensados.
TAYLORISMO

 Taylor privilegia o trabalho individual e combate o grupo


 A ambição pessoal sempre tem sido e continuará a ser o
incentivo mais poderoso que o desejo de bem estar geral...
 importância do papel do depto de planejamento na
organização das tarefas.
 Taylor: ciência e economia de tempo se complementam 
eliminação de movimentos desnecessários. Exemplo
operário Schmidt : carregava 12,5 t. ferro e passou a
carregar 47,5 ton/dia
 Adequação da tarefa à fisiologia, mas é necessário ter o
relatórios detalhados...histórico
TAYLORISMO
 A seleção cientifica do trabalhador tem mais importância do
qualquer outro fator...expectativa implícita no que se refere a
adesão dos trabalhadores. Antes selecionava-se em massa,
agora a seleção é individualizada....
 Taylor já planejava a tentativa de controle da percepção dos
trabalhadores
 Taylorismo: não é apenas estudo minucioso do tempo para o
operário trabalhar mais / ganhar mais....a Administração
Científica parte do pressuposto da cooperação recíproca em
processo harmônico entre trabalho e capital interagirem.
TAYLORISMO
 Taylor procura a boa vontade do trabalhador ...modelando a sua
subjetividade com estudos do tempo e moviemntos ...incentivo do
aumento de salário  trabalhador internaliza o “desejo” de
aumentar a produção....
 Em vários setores da vida moderna, os princípios de Taylor se
aplicam...excursões, hospitais, fast food...otimização do tempo e
recursos

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