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Biomassa torrefeita:
um novo combustível
para a indústria
J O S É A I R TO N D E M AT TO S C A R N E I RO J U N I O R A INDEPENDÊNCIA e a autossuficiência
Mestre e doutorando em Engenharia Industrial,
pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)
no setor de energia é um indicador do
e graduado em Engenharia Química, pela
desenvolvimento socioeconômico de
Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor
do ensino básico, técnico e tecnológico do qualquer país. Tem-se visto que, nos
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia da Bahia (IFBA) – Campus Irecê e últimos anos, as pesquisas e prospecções
pesquisador do Laboratório de Energia e Gás da
UFBA. airton@ifba.edu.br tecnológicas têm-se voltado ao uso de
C A R I N E TO N D O A LV E S fontes de energia não convencionais.
Pós-doutora, pela School of Chemical
Engineering – University of Birmingham; A utilização da biomassa, de forma regulada
doutora sanduíche, pela School of Chemical
Engineering – University of Birmingham;
e eficiente, tem sido bastante impulsionada
doutora em Engenharia Industrial, pela por ser um recurso renovável e de grande
Universidade Federal da Bahia (UFBA);
mestre em Engenharia Química, pela UFBA abundância no Brasil.
e graduada em Engenharia Química, pela
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Professora participante do Programa de Pós- Conforme dados da International Agency
graduação em Engenharia Industrial da UFBA
e do Programa de Pós-graduação em Energia Energy (2016), a oferta mundial de energia
e Ambiente da UFBA; professora adjunta da
Universidade Federal do Recôncavo Baiano
por fonte corresponde, no total, a cerca de
(UFRB) e pesquisadora do Grupo de Pesquisa
13.113 (x106) tep1 (Gráfico 1).
em Bioenergia da UFRB. carine.alves@ufrb.
edu.br

E D N I L D O A N D R A D E TO R R E S Quando observado em nível nacional,


Pós-doutor, pela Florida Agricultural and
Mechanical University (FAMU) – Estados o Brasil dispõe de uma matriz elétrica
Unidos; doutor em Engenharia Mecânica, pela
Universidade Estadual de Campinas; mestre de origem predominantemente renovável,
em Engenharia Mecânica, pela Universidade de
São Paulo (USP) e graduado em Engenharia
com destaque para a geração hidroelétrica,
Mecânica, pela Universidade Federal da
que corresponde a 71% da oferta interna
Bahia (UFBA). Professor do Programa de
Pós-graduação em Engenharia Industrial e de energia elétrica.
do Programa de Pós-graduação em Energia
e Ambiente da UFBA; membro titular da
Academia de Ciências da Bahia e vice- As fontes renováveis representam 80% da
coordenador do INCT Energia e Ambiente;
coordenador do Laboratório de Energia e Gás oferta interna de eletricidade no Brasil, que é
da UFBA. ednildotorres@gmail.com
resultante da soma dos montantes referentes

1 tep: Tonelada Equivalente de Petróleo.

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dos efeitos do câmbioumna produção da indústria
para ade transformação
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As fontes à produção nacional mais as importações, que são essencialmente de


renováveis origem renovável (Gráfico 2).
representam
80% da oferta Gráfico 1
Gráfico da oferta mundial de energia por fonte
interna de
1,1%
eletricidade
no Brasil, que 2,4%
10%
é resultante
4,8% 31,4%
da soma dos
montantes
Petroleo
referentes Gas Natural
à produção 29% Carvão Mineral
Nuclear
nacional 21,3% Hidraulica
Fontes Renovaveis
mais as Outras
importações,
que são Fonte: International Agency Energy (2016).

essencialmente
de origem De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, em 2016 a par-
renovável ticipação da biomassa na geração de energia elétrica no Brasil repre-
sentou cerca de 8,2%, sendo o bagaço da cana-de-açúcar, o licor negro
e os resíduos florestais as principais fontes utilizadas para essa geração
(BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL, 2016). A biomassa de base flo-
restal representou cerca de 15,8% da energia elétrica gerada a partir de
biomassa (Figura 1).

Gráfico 2
Oferta interna de energia elétrica por fonte – 2016

3,7%

5,4%
8,2% 9,1% 2,9%
2,6%

Derivados de petróleo
Gas natural
Carvão e derivados
Nuclear
68,1% Hidráulica
Biomassa
Eólica

Fonte: Balanço Energético Nacional (2016).

Segundo a ABRAF2 (ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAF, 2013), são geradas


anualmente cerca de 41 milhões de toneladas de resíduos madeireiros,
provindos da indústria de processamento de madeira e da colheita flo-
restal, capazes de gerar energia equivalente a 1,7 GW/ano.
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206 salvador, v. 27, n. 1,
p.204-228, jan.-jun. 2017 2 ABRAF – Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas.
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Através do Projeto de Lei nº 3.529/2012, como ação à diversificação O manejo


da matriz energética nacional, o governo brasileiro prevê uma política florestal
nacional de geração de energia elétrica a partir da biomassa, estabe- visando à
lecendo a obrigatoriedade da contratação da bioenergia na composi- produção de
ção da geração elétrica nacional. Com a sanção desta lei, a geração de biomassa para
energia elétrica a partir da biomassa é inevitável e a participação das energia, com
fontes renováveis na matriz energética brasileira torna-se ainda maior
menor ciclo de
(ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAF, 2013).
corte e menor
espaçamento
O manejo florestal visando à produção de biomassa para energia, com
menor ciclo de corte e menor espaçamento entre árvores, caracteriza o entre árvores,
conceito de florestas energéticas. Entre as florestas plantadas no Brasil, caracteriza
o eucalipto recebe destaque por ser o gênero Eucalyptus o mais implan- o conceito
tado e estudado (OLIVEIRA, 2007). de florestas
energéticas
Figura 1
Distribuição de usinas termelétricas à base de biomassa no Brasil

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica (2012).

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A biomassa Segundo o Anuário Estatístico ABRAF (2013), os estados de Minas Ge-


pode ser rais, São Paulo, Paraná, Bahia, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Rio
energeticamente Grande do Sul destacaram-se no cenário nacional como detentores de
convertida em 87,1% da área total de plantios florestais.
biocombustíveis,
As florestas plantadas de eucalipto cobrem 5,1 milhões de hectares no
em geral, pelas
Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Flo-
seguintes vias
restas Plantadas (ANUÁRIO ESTATÍSTICO ABRAF, 2013). Desse total,
tecnológicas:
1,8 milhão é cultivado pela indústria de celulose e papel, o que corres-
a via ponde a 81,2% das florestas plantadas desse setor. A Bahia possui 617
termoquímica, mil hectares de florestas plantadas, equivalentes a cerca de 10% do
a via bioquímica total brasileiro, e a 1% do território baiano (ASSOCIAÇÃO BAIANA DAS
e a via EMPRESAS DE BASE FLORESTAL, 2015).
físico-química
No entanto, em regiões semiáridas, a exemplo do Nordeste brasileiro, a
Prosopis juliflora, conhecida como algaroba, é considerada uma árvore
de uso múltiplo, seja na alimentação humana e animal, seja na fertili-
dade do solo e no uso de sua madeira em forma de mourões, tábuas,
dormentes, estacas, lenha e carvão (RIBASKI et al., 2009). Em espe-
cial, a algaroba da espécie juliflora apresenta importante papel eco-
nômico em áreas isoladas do semiárido nordestino, fornecendo lenha
para diversos setores, como curtumes, cerâmicas, padarias, pizzarias,
dentre outros.

No Brasil, a algaroba é cultivada, principalmente, na Região Nordeste,


sendo que a sua introdução ocorreu a partir de 1942, em Serra Talha-
da (PE), com sementes procedentes de Piura, no Peru. Existem tam-
bém registros de duas outras introduções que foram realizadas em
Angicos (RN), em 1946, por meio de sementes oriundas do Peru e,
em 1948, com sementes do Sudão (NASCIMENTO, 2008). A partir daí
sua expansão para os demais estados ocorreu através da regeneração
natural e de plantios.

Neste contexto, a biomassa pode ser energeticamente convertida em


biocombustíveis, em geral, pelas seguintes vias tecnológicas: a via ter-
moquímica, a via bioquímica e a via físico-química. A via termoquímica
utiliza-se do aporte de calor para geração direta de energia ou para pro-
dução de combustíveis secundários com maior densidade energética. A
via bioquímica converte a biomassa através de processos anaeróbicos,
aeróbicos e enzimáticos, enquanto a via físico-química produz a energia
através da extração ou compressão, seguida de tecnologias, como a
transesterificação, para produção de outros biocombustíveis.

Quanto à biomassa crua, verificam-se o seu baixo teor de carbono e os


elevados teores de oxigênio que tornam o poder calorífico desta muito
Bahia anál. dados, menor quando comparado ao do carvão. Essa biomassa também requer
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uma quantidade significativa de energia para reduzir a sua dimensão Este trabalho
(na forma de chips ou cavacos), a qual é necessária na maior parte dos objetiva o
processos de obtenção de energia a partir da biomassa. desenvolvimento
de um
Assim, as propriedades inerentes à biomassa crua, como o alto teor de sistema piloto
umidade, a baixa densidade energética, a degradação biológica, a al- laboratorial para
teração de propriedades físico-químicas durante o armazenamento e a
pré-tratamento
dificuldade de moagem, limitam sua ampla utilização na indústria. Para
da biomassa
superar estas limitações, a torrefação tem sido proposta como um pro-
através do
cesso de tratamento térmico da biomassa (ARIAS et al., 2008). Pode-se
considerar que a torrefação objetiva eliminar o oxigênio sob a forma de processo de
gases sem valor calórico, como, por exemplo, o CO2, a água e alguns torrefação,
ácidos orgânicos, a partir da exposição da biomassa a temperaturas de utilizando como
200-300°C (PIMCHUAI; DUTTA; BASU, 2010; MEDIC et al., 2012). biomassas
potenciais
Os tipos mais comuns de reatores de pequena escala utilizados na tor- o eucalipto
refação são os de aquecimento por convecção, de leito fluidizado, de (Eucalyptus
tambor rotativo e de microondas. Os reatores do tipo leito convecti- grandis) e
vo e fluidizado utilizam, na maioria das vezes, o aquecimento direto, a algaroba
enquanto que o tambor rotativo é um reator de aquecimento indire- (Prosopis
to, e o de microondas é um reator de aquecimento volumétrico. O re- juliflora)
ator de aquecimento direto tem uma melhor e mais uniforme trans-
ferência de calor, enquanto que, no aquecimento indireto, os voláteis
não são diluídos pelo fluido de aquecimento e podem ser facilmente
reutilizados na combustão.

Dessa forma, este trabalho objetiva o desenvolvimento de um sistema


piloto laboratorial para pré-tratamento da biomassa através do pro-
cesso de torrefação, utilizando como biomassas potenciais o eucalipto
(Eucalyptus grandis) e a algaroba (Prosopis juliflora), comparando suas
propriedades físico-químicas e energéticas in natura e após torrefação,
no intuito de apresentar a algaroba como biomassa alternativa para uso
no setor energético e com grande potencial a ser explorado no semiá-
rido nordestino.

Para isto, os objetivos específicos desta pesquisa são:

• desenvolver, montar, testar e validar um sistema laboratorial para


torrefação de biomassas;

• realizar ensaios de torrefação com biomassas residuais de euca-


lipto e algaroba;

• caracterizar e avaliar as propriedades físico-químicas e energéti-


cas do eucalipto e da algaroba in natura e após torrefação.
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METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi composta pelas seguintes etapas: levanta-


mento bibliográfico a partir de pesquisas e análises científicas; concep-
ção e desenvolvimento do sistema; ensaios de torrefação, e caracteriza-
ção físico-química e energética das biomassas crua e torrefeita a partir
de análise imediata, análise elementar e poder calorífico.

Concepção, montagem e testes do reator

Concepção e desenvolvimento do reator e do sistema de torrefação

Para a concepção do escopo do reator e do sistema de torrefação foram


revisados e levados em consideração os seguintes pontos:

• avaliação na literatura dos reatores de bancada e componentes


acessórios já existentes (BERGMAN et al., 2005; MACEDO, 2014;
TRAN et al., 2013; SARVARAMINI; LARACHI, 2014; KEIPI et al.,
2014; SATPATHY et al., 2014);

• análise dos principais fatores que influenciam a torrefação, tais


como: temperatura (200 a 350 °C), tempo de reação (30 a 90 mi-
nutos), tamanho da partícula (quanto aos fenômenos de transpor-
te envolvidos), composição da biomassa (análise elementar, PCS/
PCI, origem e forma), taxa de aquecimento (baixa, moderada ou
elevada) e atmosfera de trabalho (tipo, composição e percentual
do componente inerte utilizado);

• tamanho/escala do reator desejado, podendo ser de bancada,


laboratorial ou comercial/industrial;

• forma de aquecimento: direto ou indireto.

O dimensionamento do sistema de aquecimento foi realizado a partir


da Equação 01, que visa atender à necessidade do cálculo da resistência
elétrica necessária para o aquecimento da biomassa. Visando compen-
sar quaisquer perdas térmicas, cerca de 15% foram acrescentados no
valor final da potência encontrada.

Onde: (1)

P = Potência; m = Massa de amostra; Cp= Calor específico; T = Varia-


ção de temperatura inicial e final; 860 = Unidade para conversão de
unidades (=1kW).

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Considerando-se que os materiais utilizados na montagem do sistema


foram, na sua maioria, obtidos em sucatas da Região Metropolitana de
Salvador (RMS), Bahia, a resistência elétrica obtida para o aquecimento
desejado teve potência de 2.000W, inferior ao desejado.

O layout do sistema foi elaborado a partir de uma ferramenta com-


putacional utilizada para o desenho dos equipamentos e layout de
sistemas denominada SolidWorks, um software de Computer-Aided
Design (CAD).

Metalurgia e montagem

A etapa de metalurgia foi realizada nas instalações do galpão da unida-


de de gaseificação do Laboratório de Energia e Gás (LEN), localizado
na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, a partir da con-
cepção e do layout do sistema definido na etapa anterior.

Para a fabricação do reator de torrefação foram utilizados um tubo em


aço carbono de 114 mm x390 mm, tampos tipo flanges, porta amos-
tra em tela de aço inox, junta grafitada para vedação, parafusos inox
e isolamento térmico em lã de rocha e chapa de zinco. A estrutura
da plataforma de sustentação foi fabricada em aço carbono de 3/16
x 1”. O painel elétrico de controle do sistema é composto por botoei-
ras on/off, chave contactora, botoeira de emergência, termopar tipo
J e controlador-indicador de temperatura digital N1100 com dois re-
lés da marca Novus. Como componentes auxiliares, um rotâmetro da
marca OMEL ½” NPTF vidro em polipropileno (0-60 L/min), tubing de
aço inox diâmetro externo 9,52 mm (3/8”OD) x esp. 0,89 mm (0,035”)
tipo 316/316L, banho ultratermostático microprocessado com circulador
(-20 a 120 °C) da marca Quimis e sistema de condensação composto
por três condensadores conectados entre si e a dois frascos de Erlen-
meyer para coleta de voláteis condensáveis, seguido de um Erlenmeyer
borbulhador de gases.

Os materiais utilizados para metalurgia do reator e plataforma de sus-


tentação, à exceção dos parafusos, foram reciclados e/ou reutilizados
de equipamentos depreciados e sucatas.

Testes de validação

Os testes de validação do sistema visaram à simulação da torrefação


buscando identificar possíveis pontos de melhorias e detalhamentos
operacionais, para auxiliar na definição de falhas não previstas na con-
cepção do sistema.

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Assim, os testes foram realizados sem a presença de biomassa, utilizan-


do-se ar comprimido por não haver necessidade de atmosfera inerte, a
temperatura mínima de 150 °C, intermediária de 250 °C e superior de
350 °C, evidenciando a faixa de temperatura da torrefação, durante 150
minutos. Estes testes auxiliaram na verificação da taxa de aquecimento
e da variação da temperatura em torno do setup desejado.

Ensaios de torrefação

As biomassas utilizadas nos testes de torrefação foram obtidas por doa-


ção do Laboratório de Energia e Gás (LEN/UFBA) e do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) – Campus Irecê,
respectivamente, na forma de cavacos com tamanho médio de 2x10x12
mm (Figura 2).

Figura 2
Cavacos in natura de eucalipto (a) e algaroba (b)

Fonte: elaboração própria.

Para padronização e referência dos ensaios de termoconversão e


físico-químicos, todas as amostras foram inicialmente secas a 105 °C
durante 24 horas, conforme norma ASTM E 871-82.

Foi definida, inicialmente, para cada ensaio, a utilização de cerca de


50 gramas de biomassa para evitar a sua sobreposição e acúmulo
desnecessário.

O processo de torrefação ocorreu à taxa de aquecimento de cerca de


5 a 10 °C/minuto, vazão de 18 L/minuto de nitrogênio, temperaturas de
190, 230, 270 e 310 °C (± 10 °C) visando atender a toda a faixa usual de
temperaturas de torrefação (SCHORR; MUINONEM; NURMINEM, 2012;
BERGMAN et al., 2005) e tempo de reação de 30 minutos.

Ao final de cada ensaio, as amostras foram retiradas do reator quando a


temperatura atingiu o patamar de 120 °C, sendo colocadas, em seguida,
Bahia anál. dados, no dessecador para resfriamento final à temperatura ambiente (30 °C).
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Caracterização físico-química e energética das biomassas O teor de


cinzas de
A partir dos cavacos de resíduos de madeira de eucalipto e algaro- uma amostra
ba, foram realizados os ensaios de umidade, cinzas, teor de voláteis, é o resíduo
carbono fixo, poder calorífico e análise elementar (C,H,N,O e S) tanto inorgânico que
das biomassas in natura (em base seca) quanto das biomassas torre- permanece
feitas. Após cada ensaio de torrefação, as biomassas foram trituradas
após esta
em moinho multiuso, da marca MarqLabor, sendo, em seguida, passada
amostra ser
em peneira de análise granulométrica, marca Bertel, com abertura de
submetida
0,15mm (mesh 100), visando à homogeneização das amostras antes da
caracterização. Todos os ensaios foram realizados em triplicata. à oxidação
completa
Análise imediata

Umidade

O teor de umidade é utilizado para ajustar a massa da biomassa, de


modo que todos os resultados analíticos possam ser relatados em uma
base livre de umidade. Os ensaios para determinação do teor de umida-
de foram baseados na norma ASTM E1756-08 (ASTM INTERNATIONAL,
1998) e consistiram na medição da massa úmida de 1,0 a 1,5 gramas de
amostra e da posterior medição da massa seca (seca em estufa a 105 ±
3 °C por, pelo menos, 60 minutos). Esse procedimento foi repetido até
não se observar nenhuma variação das massas obtidas após a secagem
em estufa.

Teor de cinzas e carbono fixo

O teor de cinzas de uma amostra é o resíduo inorgânico que permanece


após esta amostra ser submetida à oxidação completa. O método utili-
zado para a determinação do teor de cinzas foi baseado na norma ASTM
E1755-01 (ASTM INTERNATIONAL, 2017). O teor de cinzas foi estabele-
cido a partir de 1,0 a 1,5 gramas da amostra colocada em cadinho com
massa predeterminada. Em seguida, o cadinho foi inserido em forno
mufla, da marca Novatécnica, preaquecido à 575°C, por 120 minutos, até
a queima completa da biomassa. Em seguida, a amostra e o cadinho são
colocados para resfriar à temperatura ambiente em dessecador, quando
tem sua massa novamente determinada.

O teor de carbono fixo foi obtido a partir da subtração do teor de vo-


láteis e de cinzas, como sendo a fração mássica da biomassa que foi
queimada, conforme a Equação 02:

Carbono Fixo = 100 - (Voláteis + Cinzas) (2)

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Teor de materiais voláteis

O teor de voláteis consiste de frações condensáveis e não condensáveis


que aumentam de acordo com a temperatura de processo utilizada,
podendo indicar os rendimentos reacionais. Para isto, foi empregado o
método ASTM D 5832-98 (ASTM INTERNATIONAL, 2008), que estabe-
lece o teor de materiais voláteis a partir da perda de massa resultante do
aquecimento da amostra. Assim, o teor de materiais voláteis foi obtido a
partir de 1,0 a 1,5 gramas de amostra colocada em forno mufla, da mar-
ca Novatécnica, a 950 ± 25°C por sete minutos (± dez segundos). Após
este período, a amostra foi retirada e colocada em um dessecador para
resfriamento e pesagem final.

Análise elementar

Por ainda não existir um método específico para análise elementar em


biomassas, foi empregado o método ASTM D 5291 – que determina o
carbono, o hidrogênio e o nitrogênio em produtos de petróleo e lubrifi-
cantes –, realizado na Central Analítica do Instituto de Química, na Uni-
versidade de São Paulo. O ensaio consistiu na aplicação da técnica para
determinação das porcentagens de carbono, hidrogênio e nitrogênio
em cerca de 1,1000 ± 0,1000 mg (pesadas em microbalança acoplada
ao aparelho) de amostra de eucalipto ou algaroba, baseando-se no mé-
todo de Pregl-Dumas, em que as amostras são sujeitas à combustão em
uma atmosfera de oxigênio puro, e os gases resultantes dessa combus-
tão são quantificados em um detector de condutividade térmica (TCD)
do analisador elementar – Perkin Elmer 2400 series ii.

Poder calorífico

Conforme norma ASTM D-2015 (ASTM INTERNATIONAL, 2000), o en-


saio consistiu na pesagem de 0,500 ± 0,100 g da biomassa em cadinho
metálico, seguido do seu acoplamento no suporte de amostragem, in-
serção do fio de ignição, encaixe no vaso inox de amostras e condução
à bomba calorimétrica, da marca IKA C2000 basic. O poder calorífico
inferior foi calculado pela Equação 03 (REZENDE, 1997).

PCI = [PCS × (1 – U⁄100)] – [(U⁄100) × Lv] (3)

Sendo:

PCI = poder calorífico inferior, MJ.kg-1; U = umidade, %; Lv = calor latente


de vaporização da água (540 cal.g-1).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Concepção, metalurgia, montagem e testes do sistema

Para a melhor definição do reator de torrefação foram realizadas consi-


derações baseadas nos principais fatores que influenciam a torrefação,
o tipo de aquecimento e o volume de biomassa a ser utilizado no pro-
cesso em batelada (Figura 3). FIGURA 03
Figura 3
Considerações para definição do reator de torrefação

- Temperatura
- Tempo de Reação
FATORES DE - Tamanho da Partícula
INFLUÊNCIA - Composição da Biomassa
- Taxa Aquecimento
- Atmosfera de Trabalho

REATOR

- Bancada
Direto -
VOLUME/CAP - Laboratorial
AQUECIMENTO
Indireto - ACIDADE
- Industrial

Fonte: elaboração própria. Fonte: O Autor

A Tabela 1 apresenta os dados do escopo considerado para os princi-


pais parâmetros utilizados na concepção e na montagem do reator de
torrefação e seus sistemas complementares.

Tabela 1
Considerações iniciais do reator e sistema de torrefação

- Faixa de temperatura: 190, 230, 270 e 310°C - Atmosfera de trabalho: Nitrogênio


- Tempo de residência: 30-90 minutos - Tipo de aquecimento: Indireto
- Tamanho da partícula: Cavacos ou Chips - Escala: Laboratorial
- Taxa de aquecimento: 5 – 10°C/minuto - Operação: Batelada
Fonte: elaboração própria.

A Figura 4 apresenta o diagrama do processo composto pelos princi-


pais componentes do sistema de torrefação desejado, dos quais fazem
parte o reator de leito convectivo, a batelada, o sistema de condensação
de gases, os borbulhadores de gases, o controlador de vazão de gás
inerte, o indicador-controlador de temperatura, a chave contactora, o
termopar e o cilindro de nitrogênio.

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FIGURA 0
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Figura 4
Diagrama do sistema de torrefação

Controlador de Chave
Temperatura Contactora

Termopar
(tipo J)

Controlador de
Vazão
Condensador

Exaustão

Reator

Vapores
condensáveis
Borbulhador de gases /
N2 vapores

Fonte: elaboração própria.

O sistema laboratorial de torrefação foi desenhado no software Solid


Works, a partir das considerações definidas anteriormente (Figura 5).
O reator central é composto de tubo 4” em aço carbono, isolamento
térmico em lã de rocha, porta amostra em aço inox, flanges, junta gra-
fitada, tampos flangeados, parafusos inox, camisa de aquecimento tipo
coleira e chapa de zinco.
Figura 5
Concepção do reator laboratorial de torrefação

Fonte: elaboração própria.


Nota: a) vista lateral do reator de torrefação; b) vista perspectiva do reator com o isolamento térmico em lã de rocha; c) vista
explodida do reator com todos os itens que o compõem; d) sistema de torrefação composto de reator, condensadores, banho
ultratermostático e quadro elétrico; e) sistema de torrefação após renderização.

Os testes de validação do sistema de aquecimento foram feitos à


temperatura de 150 °C, 250 °C e 350 °C. Assim, foram conduzidos com
insuflamento de ar comprimido, em vazão de 10 L/minuto, durante 150
minutos, nos quais foram obtidas variação na temperatura de setup
Bahia anál. dados, em torno de ± 10 °C e taxa de aquecimento médio de 5-10 °C/minuto.
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José Airton de Mattos Carneiro Junior, Carine Tondo Alves, Ednildo Andrade Torres Artigos

Apesar da variação e dos picos de temperatura indesejáveis, esses


valores favoreceram o conhecimento do sistema, reduzindo assim o
desvio padrão nas temperaturas desejadas.

O sistema de condensação foi devidamente interligado à saída do reator


de torrefação e ao banho ultratermostático, sendo eliminados quaisquer
vazamentos de gases e água.

A etapa seguinte foi a fabricação e a montagem da estrutura ou skid


de sustentação dos equipamentos e acessórios, visando à produção de
plataforma para facilitar a operação dos sistemas, tornando-os de fácil
movimentação e transporte (Figura 6).

Figura 6
Sistema de torrefação laboratorial montado e testado

Fonte: elaboração própria.

Ensaios de torrefação

Os ensaios de torrefação foram conduzidos a temperaturas de 190, 230,


270 e 310 °C, em ambiente inerte (nitrogênio), utilizando-se cerca de 50
gramas de biomassa (que permaneceram 30 minutos na temperatura
prevista), na forma de cavacos ou chips, anteriormente seca em estufa a
105 °C por 24 horas, visando à homogeneidade das amostras, conforme
normatizado.

Como características dos reatores de leito convectivo, o aquecimen-


to indireto demanda maior tempo de aquecimento e pequena limita-
ção na quantidade de biomassa a ser utilizada, pois, quando colocada
muito próxima de outras ou amontoada, há possibilidade de ocasionar
o surgimento de áreas com maior transferência de calor e de massa,
produzindo biomassa não uniforme.
Bahia anál. dados,
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QuantificaçãoBiomassa
dos efeitos do câmbioumna produção da indústria
para ade transformação
Artigos torrefeita: novo combustível indústria
baiana: uma abordagem via coeficiente de correlação cruzada PDCCA

O resultado das biomassas torrefeitas experimentalmente pode ser vi-


sualizado na Figura 7, podendo ser observados a sua coloração carac-
terística e o escurecimento gradual com o aumento da temperatura.

As mudanças de coloração das biomassas podem estar relacionadas às


perdas de umidade livre superficial, umidade interna e voláteis gerados
a diferentes fases da torrefação (NHUCHHEN; BASU; ACHARYA, 2014),
a depender das condições do processo. Segundo Torres e outros (2010),
as alterações na cor da madeira sob o tratamento térmico são principal-
mente devido às reações de hidrólise e oxidação, devendo-se levar em
consideração os princípios dos fenômenos de transporte envolvidos.
A cor da biomassa torrificada também depende do tipo da biomassa
bruta e de suas densidades (AYDEMIR; GUNDUZ; OZDEN, 2010). As mu-
danças e a transformação da hemicelulose e lignina sob a degradação
térmica, o nível de pH, o teor de umidade, o meio de aquecimento, o
tempo de exposição e o tipo de espécies utilizadas também produzem
uma cor escura ao produto (TORRES et al., 2010). A cor da superfície
da madeira é também afetada pela concentração de açúcares de baixo
peso molecular, álcoois de açúcar e compostos nitrogenados (NHUCH-
HEN; BASU; ACHARYA, 2014).
FIGURA 07
Figura 7
Biomassas torrefeitas a diferentes temperaturas, tendo na parte superior o eucalipto e na parte
inferior a algaroba

190°C 230°C 270°C 310°C

Fonte: elaboração própria.

Caracterização físico-química e energética das biomassas

Caracterização das biomassas in natura

Após secagem a 105 °C por 24 horas, as biomassas passaram pela etapa


de pré-tratamento através da trituração e do peneiramento em malha
Bahia anál. dados, de abertura de 0,15 mm (100mesh) para homogeneização das amostras.
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A Tabela 2 apresenta as principais características físico-químicas e


energéticas das biomassas de eucalipto e algaroba quanto a análise
imediata, análise elementar e poder calorífico. Em geral, estes resíduos
apresentam baixo poder calorífico, elevada relação oxigênio/carbono
e baixa densidade energética, sendo combustíveis muito oxigenados
e reativos, características que dificultam, muitas vezes, a sua utilização
direta como energético. Da mesma forma, quando a utilização dessas
biomassas é em local distante de sua origem ou estas precisam de ar-
mazenagem por longos períodos, podem ocorrer processos de degra-
dação biológica, alterando ainda mais as suas características.

Neste sentido, o tratamento dessas biomassas através da torrefação,


além de diminuir a umidade e aumentar a hidrofobicidade, visa melhorar
sua densidade energética e propriedades físico-químicas, possibilitando
sua armazenagem por longos períodos.

Tabela 2
Análise imediata e análise elementar das biomassas in natura de eucalipto e algaroba
Análise imediata (% base seca)
Umidade (%) Teor de cinzas (%) Teor de voláteis (%) Carbono fixo (%)
Eucalipto 0,33 2,23 86,80 10,64
Algaroba 0,21 2,87 86,48 10,44
Análise elementar (% base seca)
C H N O H/C O/C
Eucalipto 46,81 6,11 0,12 46,96 0,13 1,00
Algaroba 46,11 6,49 0,06 47,36 0,14 1,03
Poder calorífico superior Poder calorífico
(MJ.Kg-1) inferior (MJ.Kg-1)
Eucalipto 18,13 18,06
Algaroba 16,33 16,24
Fonte: elaboração própria.

Caracterização das biomassas torrefeitas

Na Tabela 3 é apresentada a caracterização das biomassas após torrefa-


ção a diferentes temperaturas. É possível verificar que o comportamen-
to das propriedades do eucalipto e da algaroba são modificadas com o
aumento da temperatura durante o processo, tendo influência direta na
torrefação. À medida que a temperatura de torrefação é aumentada, a
concentração de carbono aumenta, provocando a redução das relações
H/C e O/C. O elevado teor de oxigênio da algaroba in natura ocasiona
a baixa fração H/C observada na Gráfico 3, geralmente relacionada à
composição química característica da lignina de espécies folhosas. As-
sim, o produto sólido a partir de uma biomassa torrificada com maior
conteúdo de lignina torna-se com maior densidade energética em com-
paração com o de menor teor de lignina. Desse modo, uma eliminação Bahia anál. dados,
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QuantificaçãoBiomassa
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para ade transformação
Artigos torrefeita: novo combustível indústria
baiana: uma abordagem via coeficiente de correlação cruzada PDCCA

completa de ambos os conteúdos de celulose e hemicelulose da madei-


ra produz um produto que pode ter densidade energética semelhante
à do carvão (NHUCHHEN; BASU; ACHARYA, 2014).

Tabela 3
Análises imediata e elementar das biomassas torrefeitas de eucalipto e algaroba
Análise imediata (% base seca)
Teor de
Umidade Teor de cinzas Carbono fixo
voláteis
(%) (%) (%)
(%)
190°C 0,17 2,34 83,10 14,39
230°C 0,06 2,39 80,75 16,80
Eucalipto
270°C 0,04 2,43 73,20 24,34
310°C 0,03 2,55 61,40 36,02
190°C 0,01 3,13 83,86 13,00
230°C 0,01 3,25 74,92 21,82
Algaroba
270°C 0,00 3,97 72,65 23,38
310°C 0,00 4,41 62,94 32,65
Análise elementar (% base seca)

C H N O H/C O/C

190°C 48,84 6,18 0,18 44,81 0,13 0,92

230°C 49,65 5,89 0,08 44,39 0,12 0,89


Eucalipto
270°C 54,49 5,68 0,06 39,79 0,10 0,73

310°C 56,90 4,78 0,20 38,13 0,08 0,67

190°C 47,28 6,10 0,20 46,43 0,13 0,98

230°C 49,73 5,95 0,24 44,08 0,12 0,89


Algaroba
270°C 61,16 5,64 0,02 33,19 0,09 0,54

310°C 66,62 4,95 0,00 28,44 0,07 0,43

Fonte: elaboração própria.

A Gráfico 4 apresenta o comportamento do teor de voláteis e carbono


fixo de eucalipto e algaroba, respectivamente. Como o teor de voláteis
diminui gradativamente e o teor de cinzas é comparativamente baixo,
o carbono fixo residual tende a aumentar no produto torrificado em
comparação com a madeira in natura. Em ambas as biomassas, o teor
de voláteis é caracterizado por uma maior redução a temperaturas aci-
ma de 270 °C, conforme esperado. Quanto ao carbono fixo, obtido do
teor de cinzas e voláteis, sofre um incremento positivo com o aumento
da temperatura.

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Gráfico 3
Relação entre as frações H/C e O/C de eucalipto e algaroba

Fonte: elaboração própria.

Gráfico 4
Influência da torrefação no comportamento do teor de voláteis e carbono fixo do eucalipto e da algaroba

Fonte: elaboração própria.

Os resultados do poder calorífico superior das amostras após a torrefa-


ção estão apresentados na Tabela 4, variando entre 19,05 e 25,48 MJ.kg-1
para o eucalipto e entre 18,74 e 26,85 MJ.kg-1 para a algaroba. Além do
carbono fixo, nota-se que o aumento da temperatura de torrefação tem
influência no aumento direto do PCS e, consequentemente, do PCI. No
entanto, o aumento da temperatura de torrefação, acima de 250 °C,
causa a redução exponencial no rendimento de sólidos (BERGMAN et
al., 2005).

Bahia anál. dados,


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para ade transformação
Artigos torrefeita: novo combustível indústria
baiana: uma abordagem via coeficiente de correlação cruzada PDCCA

Tabela 4
A utilização Poder calorífico superior e inferior das biomassas torrefeitas de eucalipto e algaroba
da biomassa Poder calorífico Umidade Poder calorífico
para fins superior (MJ.Kg-1) (%) inferior (MJ.Kg-1)
energéticos 190°C 19,05 0,17 19,01
230°C 19,90 0,06 19,88
depende Eucalipto
270°C 21,57 0,04 21,56
de diversos 310°C 25,48 0,03 25,47
aspectos, como 190°C 18,74 0,01 18,74
sua natureza, 230°C 20,02 0,01 20,02
Algaroba
270°C 23,14 0,00 23,14
origem, 310°C 26,85 0,00 26,85
tecnologia Fonte: elaboração própria.
de conversão
e produtos Quando utilizada em fornos industriais, a biomassa com excesso de
energéticos umidade prejudica o rendimento e pode causar danos físicos aos equi-
derivados pamentos. Por sua vez, quanto menor o teor de umidade da biomassa
menor será o seu consumo por volume de energia desejado. O baixo
teor de umidade e o caráter hidrófobo são características desejáveis,
pois favorecem o transporte da biomassa, já que o custo do transporte
é menor porque a quantidade de energia potencial por volume trans-
portado é muito maior (FELFLI, 1999).

Dessa forma, a torrefação mostrou-se como um processo de melhoria


das propriedades energéticas das biomassas, já que, considerando-se
as biomassas cruas (base seca) em relação às biomassas após a torre-
fação, observa-se um incremento de, pelo menos, 70% e 60% no PCS
para o eucalipto e a algaroba, respectivamente.

Quanto ao poder calorífico inferior, o seu valor final sofre influência dire-
ta do teor de umidade. Na prática, o PCI apresenta um valor mais exato
do calor liberado pelo combustível.

PERSPECTIVAS E APLICAÇÕES DA TORREFAÇÃO

A utilização da biomassa para fins energéticos depende de diversos


aspectos, como sua natureza, origem, tecnologia de conversão e pro-
dutos energéticos derivados. A relevância da biomassa para utilização
na matriz energética deriva não só da qualidade da sua origem natural,
mas, sobretudo, das tecnologias convencionais utilizadas.

Segundo Tumuluru e outros (2011), a utilização da biomassa para ge-


ração de energia pode trazer uma série de benefícios ambientais. No
entanto, as restrições ao uso de biomassa podem incluir elevados in-
vestimentos em logística e incerteza na segurança do fornecimento de
matéria-prima, devido às variações sazonais e, na maioria dos países, à
Bahia anál. dados, limitada infraestrutura de abastecimento de biomassa.
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Os países desenvolvidos têm visto o pré-tratamento da biomassa por O pré-


torrefação como uma excelente alternativa na transição do carvão mi- tratamento
neral para uso de pellets torrefeitos de madeira em usinas de energia, já termoquímico
que não necessita de cuidados especiais, de reconstrução dispendiosa da biomassa
de instalações de armazenamento e manuseio específico. através da
torrefação
Além do mercado interno brasileiro, atualmente, cerca de cinco milhões
altera
de toneladas de pellets de madeira são transportadas a longas distân-
positivamente
cias por via marítima internacional, segundo a World Energy Council
algumas
(2016). A Europa vem sendo o centro das atenções, com Suécia, Ho-
landa, Dinamarca, Reino Unido e Itália destacando-se como intensos importantes
consumidores de pellets. Canadá, EUA e Rússia são grandes exporta- características
dores de pellets de madeira, enquanto novos produtores estão emer- físico-químicas
gindo em países como Brasil, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia. nas matérias-
O Japão e a Coréia do Sul estão surgindo como consumidores, com primas,
expectativas crescentes ao longo dos próximos anos. E o mercado, por conforme visto
sua vez, não apresenta sinais de diminuição no transporte de pellets neste trabalho
intercontinentais.

A densificação da biomassa torrefeita, visando aumentar a densidade


de energia, é outra importante operação unitária levada em conside-
ração para uso final deste material. A densificação por peletização ou
briquetagem aumentará também significativamente a densidade ener-
gética da biomassa em base volumétrica. A densificação da biomas-
sa auxiliaria no transporte em navios devido ao fato de que o trans-
porte de combustíveis sólidos em navios é limitado em volume e não
em massa, agregando valor à economia da cadeia de suprimentos e
exportação no Brasil.

Conforme apresentado, as características da biomassa são alteradas


pela torrefação. O pré-tratamento termoquímico da biomassa através
da torrefação altera positivamente algumas importantes característi-
cas físico-químicas nas matérias-primas, conforme visto neste trabalho.
Estas melhorias na composição da biomassa estão diretamente rela-
cionadas com o aumento da temperatura e maior tempo de residência
utilizados na torrefação. Assim como pelo tamanho de partícula, tipo de
aquecimento e tipo de biomassa utilizados. Obtém-se, assim, um mate-
rial de fácil moagem e hidrofóbico o suficiente para ser armazenado ao
ar livre, e de alta densidade energética, reduzindo custos efetivos com
transporte e manuseio.

Segundo Batidzirai e outros (2013), a maioria das atuais tecnologias de


torrefação em desenvolvimento é baseada em conceitos de reatores já
existentes destinados para outros fins, como a secagem ou pirólise e
que, portanto, exigem melhoramentos técnicos para aplicações de tor-
refação. Assim, não se tem uma tecnologia superior a outra, exigindo-se Bahia anál. dados,
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Artigos torrefeita: novo combustível indústria
baiana: uma abordagem via coeficiente de correlação cruzada PDCCA

Ao longo dos apenas que sejam observadas as vantagens e desvantagens de cada


últimos anos, uma, de acordo com a biomassa a ser utilizada. A seleção adequada
a porcentagem do reator é importante, pois cada sistema possui características únicas,
de geração de devendo ser observados os tipos específicos de biomassa a serem uti-
eletricidade lizadas e suas aplicações.
derivada de
Aliado a isso, o processo de torrefação tem o potencial de melhorar o
biomassa
caráter de sustentabilidade da indústria de energia (gerador/usuário) e
aumentou e,
minimizar a poluição ambiental gerada na cadeia de suprimentos. Ao
à medida que longo dos últimos anos, a porcentagem de geração de eletricidade deri-
o interesse vada de biomassa aumentou e, à medida que o interesse global por esta
global por nova tecnologia aumenta, a busca por combustíveis torrefeitos tende a
esta nova ser valorizada. A biomassa torrefeita apresenta uma gama de proprie-
tecnologia dades melhoradas em comparação com os combustíveis de biomassa
aumenta, a sólida usuais, além de um combustível mais homogêneo com proprieda-
busca por des menos dispersas. No entanto, as propriedades do material torrefeito
combustíveis dependerão do tipo de biomassa e, mais ainda, do tipo de torrefação
torrefeitos feita em escala industrial e do processo de densificação aplicado para
tende a ser produzir o produto final.
valorizada
Assim, é necessário o direcionamento de pesquisas sobre a combinação
desses fatores de influência para a obtenção do espectro completo das
propriedades potenciais da biomassa torrefeita por região no Brasil.

CONCLUSÃO

As matérias-primas utilizadas neste trabalho mostram-se potenciais no


desenvolvimento de tecnologias de conversão da biomassa em energia.
O uso da algaroba (Prosopis juliflora) é bastante promissor e inova-
dor, já sendo comumente utilizada no semiárido nordestino como fonte
energética para curtumes, cerâmicas, padarias, pizzarias e fornos, den-
tre outras aplicações. Devido também à grande utilização do eucalipto
(Eucaliptus grandis) em trabalhos científicos, seu papel foi fundamental
na comparação e validação dos dados e informações obtidos na torre-
fação. Além de que esta biomassa representa cerca de 1% do territó-
rio baiano, com 617 mil hectares de florestas plantadas, equivalentes a,
aproximadamente, 10% do total brasileiro.

O processo de torrefação como tecnologia de pré-tratamento de bio-


massas mostrou-se uma excelente alternativa para a melhoria das pro-
priedades físico-químicas e energéticas do eucalipto e da algaroba,
realizada no reator e no sistema desenvolvido. Dessa forma, o reator
de torrefação atendeu ao objetivo deste trabalho e encontra-se pronto
para utilização em estudos mais detalhados acerca do tratamento ter-
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moquímico de biomassas. No entanto, deve ser verificada a sua asso- Devem-se,


ciação com processos sequenciais de compactação ou densificação da ainda, realizar
biomassa para, assim, se obter melhor aproveitamento energético final. estudos para
Devem-se, ainda, realizar estudos para melhorar a eficiência energética melhorar a
global do processo, por exemplo, através da reutilização dos produtos eficiência
e coprodutos gerados. energética
global do
Faz-se necessária a realização de estudos aprofundados sobre a torre-
processo,
fação com diferentes biomassas regionais, a densificação de biomassas
por exemplo,
torrefeitas, a modelagem matemática e computacional do sistema de
torrefação, a caracterização e proposição para reutilização da fase lí- através da
quida gerada, a aplicação do looping químico ao sistema e a interseção reutilização
com outras áreas do conhecimento, tais como: eficiência energética, dos produtos
dendroenergia, química verde, waste to energy, biomass to liquid, asso- e coprodutos
ciativismo e cooperativismo, dentre outros. gerados

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