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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


HG 107 – Redação Filosófica I
Prof. Dra. Monique Hulshof

Fundamentação da Metafísica dos Costumes: Divisão


Prefácio

Fernando Ricardo Lovato 093750

Campinas
2019
Lista de Figuras

Figura 1 – Divisão Grega da Filosofia...............................................................................4


Figura 2 – Classificação Kantiana das Filosofias..............................................................6
Sumário

1. Divisão do prefácio.......................................................................................................4
1.1. Argumento: topologia da classificação kantiana.......................................................4
1.2. Argumento: legitimação da classificação própria.....................................................6
1.3. Argumento: procedimentos metodológicos...............................................................7
2. Referências...................................................................................................................8
1. Divisão do prefácio

No presente trabalho dividimos o prefácio do livro Fundamentação da


Metafísica dos Costumes de Immanuel Kant, sendo que a tradução do mesmo para o
português foi feita por Paulo Quintela em 1948. O critério para a divisão proposta foi à
reconstrução dos argumentos de Kant, sendo que analisamos parágrafo a parágrafo o
prefácio da obra e os unimos em subdivisões conforme pertenciam ao mesmo
argumento idealizado por Kant. Vale ressaltar, entretanto, que quando notamos mais de
um argumento ou linha lógica no mesmo parágrafo, nós criamos uma nova subdivisão.

1.1. Argumento: topologia da classificação kantiana

Parágrafos: 1º ao 4º.

Para fins introdutórios e sedimentares da sua discussão sobre a moral


posteriormente explicada, Kant expõe como os gregos dividiam a filosofia em ciências
sendo elas a Lógica, a Física e a Ética (figura 1). Kant aprova tal classificação, porém
considera que faltam alguns princípios para aprimorá-la.

Figura 1 - Divisão Grega da Filosofia

Fonte: Concepção Própria do Autor


Kant expande a classificação grega com ramificações suas para dar
sequência nas proposições que tem em mente. Ele começa expondo o que alimenta essas
ciências: o conhecimento racional. Sendo que, ele pode ser de dois tipos: Material ou
Formal; o primeiro deles considera qualquer objeto, já o segundo “ocupa-se apenas da
forma do entendimento e da razão em si mesmas e das regras universais do pensar em
geral, sem distinção dos objetos.” (KANT, 2007, p.13). Temos que a Lógica provém do
conhecimento racional formal enquanto a Física (ou Teoria da Natureza) e a Ética (ou
Teoria dos Costumes) provém do conhecimento racional material.
Kant cria divisões tanto para a Física como para a Ética, sendo que elas são
divididas em caráter empírico e puramente racional. Na Ética a parte empírica ele
denomina Antropologia, já a parte racional chama de Moral. Reitera neste argumento
veementemente que a Lógica não pode possuir nenhuma parte empírica, senão perderia
sua essência, já que ela estuda formas de entendimento; na Física e Ética, ele afirma que
ambas sofrem influência direta ou indiretamente da experiência. O uso de sinônimos
para as classificações é frequente o que pode levar, como expõe Berlo (1991), a dúvidas
de entendimento da mensagem por parte do leitor.
Assim, tentamos explicá-los aqui, além de confeccionar mais uma figura
didática (figura 2). Kant chama de Metafísica dos Costumes o componente racional do
campo Ética, sendo que ela versa sobre leis de liberdade.
Figura 2 - Classificação Kantiana das Filosofias

Fonte: Concepção Própria do Autor

1.2. Argumento: legitimação da classificação própria


Parágrafo: 5º a 11º

Toda classificação ou divisão proposta é sempre passível de controvérsias e


críticas. Kant sabe muito bem disto e nesse trecho do livro começa a discuti-la na
tentativa de explicar melhor suas proposições e refutar críticas. Ele tem duas linhas de
argumentação: a primeira é mostrar como suas ideias são embasadas e fidedignas; a
outra é mostrar como as proposições de seus rivais contemporâneos têm falhas e não
dão conta da realidade por completo.
O autor começa trazendo o exemplo de como a especialização do trabalho
leva o trabalhador a conseguir melhores desempenhos e profundidade de conhecimento
quando faz apenas uma tarefa em vez de se dedicar a várias tarefas e não conseguir
profundidade em nenhuma delas (a velha dicotomia entre especialista x generalista).
Analogamente, sua proposição faz o mesmo, pois divide o estudo da ética em
componentes empíricos e puramente racionais, o que, segundo Kant, fará com que o
indivíduo possa ganhar em profundidade na compreensão da moral.
Implicitamente também, já tece uma crítica aos autores que estudam ou
pseudo-estudam a moral apenas de modo misto (sem separação entre razão e
experiência); dentre essas críticas, podemos citar a feita por Kant para filosofia prática
universal de Wolff:

Precisamente porque ela devia ser uma filosofia prática universal, não tomou
em consideração nenhuma vontade de qualquer espécie particular – digamos
uma vontade fosse determinada completamente por princípios a priori e sem
quaisquer móbiles empíricos, e a que se poderia chamar de vontade pura [...]
(KANT, 2007, p. 17).

A ênfase nesse argumento é provar que uma teoria moral só pode ser
passível de confiança se nela não houver nada de contingente. E tudo que a experiência
oferece é contingente, logo a empiria/experiência só podem no máximo ter um caráter
de regras práticas. Porém, as diretrizes e leis que guiam tais regras práticas têm que ser
fruto de uma razão pura e invariável.
Um leitor atento perguntaria aqui o seguinte: mas por que a empiria não
poderia balizar o que é moral? Kant responde arguindo que os costumes (ações
empíricas tradicionais provenientes da experiência) são suscetíveis à corrupção
enquanto que a razão pura não é. Além de que a experiência não reflete sobre os
princípios práticos que regem a ação, apenas está preocupada com os resultados da
mesma; enquanto a razão pura está preocupada com os princípios gerais da ação
humana. Mas como posso definir se uma ação é baseada na razão ou inclinações/desejos
do individuo?
Kant não abordou tais questionamentos nesse prefácio, pois eles serão
abordados no decorrer da obra.

1.3. Argumento: procedimentos metodológicos


Parágrafos: 12º e 14º.

Kant delimita qual será seu objetivo da obra Fundamentação da Metafísica


dos Costumes: buscar e fixar o princípio supremo da moralidade e como método para tal
empresa, percorrerá o caminho analiticamente do conhecimento vulgar para a
determinação desse princípio supremo da moralidade, e em seguida fará o caminho
inverso via método sintético. Seus procedimentos serão divididos em seções ao longo da
obra:

1ª seção: Transição do conhecimento moral da razão vulgar para o conhecimento


filosófico.
2ª seção: Transição da filosofia moral popular para a metafísica dos costumes.
3ª seção: Último passo da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática.

2. Referências

BERLO, David Kenneth. O processo de comunicação: Introdução à teoria e prática.


[S. l.]: Martins Fontes, 1991.

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Edições70,


2007.

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