INTRODUÇÃO
Desde o momento do nascimento a criança estabelece uma relação afetiva com pais e
membros da família sendo desde já o centro das atenções. Em determinado momento,
porém, estes pais ou responsáveis colocam-se diante da necessidade, seja do retorno ao
trabalho ou da percepção de que seu filho necessita explorar outros ambientes e conviver
com outros indivíduos, que não sejam apenas o seu lar ou os ambientes de convívio
comum da família.
Neste momento desperta-se a necessidade de conhecer os espaços de uma escola que é
o primeiro ambiente que a criança frequenta sem a presença da família. Este espaço além
de oferecer um local de brincadeiras e passatempos, proporciona o desenvolvimento das
capacidades afetiva, intelectual e social da criança.
Esse processo de adaptação a uma nova realidade social envolve a família e a
instituição e precisam ser encaradas de maneira responsável por ambas as partes. É preciso
que se entenda que este é um período importante de transição na vida da criança e que a
escola é peça fundamental neste processo de transição.
“O apego tem uma função adaptativa para a criança, para os pais, para o
sistema familiar e, em último caso para a espécie. Do ponto de vista
objetivo, seu sentido último é favorecer a sobrevivência, mantendo
próximos e em contato os bebês e os progenitores (ou quem cumprir essa
função), que são os que protegem e oferecem os cuidados durante a
infância. Do ponto de vista subjetivo, a função do apego é proporcionar
segurança emocional; o sujeito quer as figuras de apego, porque com ela
se sente seguro, aceito incondicionalmente, protegido e com recursos
emocionais e sociais necessários para o bem estar. A ausência ou perda
das figuras de apego é percebida como ameaçadora como perda
irreparável, como situação de desproteção e desamparo, como situação de
risco. (2004, p.105).
Devemos considerar que tanto a família, quanto a instituição escolar são responsáveis
pelo ingresso da criança à escola, com garantias de preservar sua historicidade e cultivar a
autoestima, facilitadores do ensino-aprendizagem. Para Paín, “o processo educativo
compreende todos os comportamentos dedicados à transmissão da cultura, inclusive os
objetivados como instituições que, específica (escola) ou secundariamente (família),
promovem a educação. Através dela o sujeito histórico exercita, assume e incorpora uma
cultura particular, na medida em que fala, cumprimenta, usa utensílios, fabrica e reza
segundo a modalidade própria de seu grupo de pertencimento.” (1992, p.18)
Podemos também considerar as contribuições de Wallon para a compreensão dos
processos de ensino aprendizagem e o desenvolvimento da criança ao adulto, ao
demonstrar a importância de compreender o confronto entre a razão e a emoção, uma vez
que família e escola estão envolvidos no processo de adaptação da criança. Para ele, a
emoção é a exteriorização da afetividade e, ao mesmo tempo, um comportamento social na
sua função de adaptação do ser humano ao seu meio:
...As emoções são a exteriorização da afetividade (...). Nelas que
assentam os exercícios gregários, que são uma forma primitiva de
comunhão e de comunidade. As relações que elas tornam possíveis
afinam os seus meios de expressão, e fazem deles instrumentos de
sociabilidade cada vez mais especializados. (Wallon, 1995, p. 143).
HUMPHREYS, Tony. Auto-estima: a chave para a educação do seu filho. São Paulo,
Ground, 2001.