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Cap 6.

Resistência dos Materiais – Admissíveis

Nos últimos capítulos foi feita uma análise dedicada para poder encontrar os esforços
que atuam em cada componente da estrutura devido às forças externas aplicadas. Este
capítulo está dedicado ao estudo dos materiais dessas componentes a fim de poder
descobrir se conseguem resistir esses esforços aplicados (Figura 6-1). Ensaios
estandardizados são realizados a fim de conhecer os parâmetros mais importantes do
material. Ensaios de Tração, Compressão e Cisalhamento, são abordados nas seções
seguintes.

FIGURA 6-1 RESISTÊNCIA DE MATERIAIS


Roteiro:
 Ensaio de Tração
 Ensaio de Compressão
 Ensaio de Cisalhamento
 Comportamento Elástico. Limites e Módulos de Elasticidade
 Comportamento Plástico, Admissíveis. Limite de escoamento e Ruptura
 Equipamentos e Corpos de Prova
 Estandardização e Desenvolvimento das Propriedades dos Materiais Metálicos
MMPDS
 Margens de Segurança

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Estruturais da Faculdade de Tecnologia de São Jose dos Campos. Cap 6-1
Prof. Santiago Lugones
Cap 6.1 Ensaio de Tração
Consiste na aplicação de carga de tração uniaxial crescente em um corpo de prova
especifico até a ruptura. Trata-se de um ensaio amplamente utilizado na indústria de
componentes mecânicos, devido às vantagens de fornecer dados quantitativos das
características mecânicas dos materiais.
Com esse tipo de ensaio, pode-se afirmar que praticamente as deformações
promovidas no material são uniformemente distribuídas em todo o seu corpo, pelo
menos até ser atingida uma carga máxima próxima do final do ensaio e, como é
possível fazer com que a carga cresça numa velocidade razoavelmente lenta durante
todo o teste, o ensaio de tração permite medir satisfatoriamente a resistência do
material (Figura 6.1-1A e B).
A uniformidade termina no momento em que é atingida a carga máxima suportada pelo
material, quando começa a aparecer o fenômeno da estricção ou da diminuição da
secção do corpo de prova (Figura 6.1-1C), no caso de matérias com certa ductilidade. A
ruptura sempre se dá na região mais estreita do material (Figura 6.1-1D), a menos que
um defeito interno no material, fora dessa região, promova a ruptura do mesmo, o que
raramente acontece.
A precisão de um ensaio de tração depende, evidentemente, da precisão dos aparelhos
de medida que se dispõe. Mesmo no início do ensaio, se esse não for bem conduzido,
grandes erros podem ser cometidos, como por exemplo, se o corpo de prova não
estiver bem alinhado, os esforços assimétricos que aparecerão levarão a falsas leituras
das deformações para uma mesma carga aplicada.

FIGURA 6.1-1 RESISTÊNCIA DE MATERIAIS

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Estruturais da Faculdade de Tecnologia de São Jose dos Campos. Cap 6-2
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Cap 6.1.1 Ensaio Convencional
Nos corpos de provas normalmente a seção reta é circular, porém corpos de provas
retangulares também são usados. Durante os ensaios, a deformação fica confinada à
região central, mais estreita, do corpo de prova. Ele é preso pelas extremidades nas
garras de fixação do dispositivo de testes. A máquina de ensaio de tração é projetada
para alongar o corpo de prova a uma taxa constante, além de medir contínua e
simultaneamente a carga instantânea aplicada e os alongamentos resultantes.
Quando um corpo de prova é submetido a um ensaio de tração, a máquina de ensaio
fornece um gráfico que mostra as relações entre a força aplicada e as deformações
ocorridas durante o ciclo. Mas o que interessa para a determinação das propriedades
do material ensaiado é a relação entre a tensão e a deformação. A tensão corresponde
à força dividida pela área da seção sobre a qual a força é aplicada.
F
 
S0
Aplicando a equação descrita acima se pode encontrar os valores da tensão e fazer o
gráfico conhecido como Tensão-Deformação.

FIGURA 6.1.1-1 CURVA TENSÃO – DEFORMAÇÃO CONVENCIONAL

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Estruturais da Faculdade de Tecnologia de São Jose dos Campos. Cap 6-3
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Cap 6.1.1.1 Região de Comportamento Elástico
Na Figura 6.1.1.1-1A, o ponto A representa o Limite Elástico.

B PARAMETROS DA
DEFORMAÇÃO 

A. COMPORTAMENTO DA FASE ELÁSTICA E PLÁSTICA.


FIGURA 6.1.1.1-1 DEFINIÇÕES DA FASE ELÁSTICA E PLÁSTICA.

Até este ponto, assume-se que a deformação elástica é independente do tempo, ou


seja, quando uma carga é aplicada, a deformação elástica permanece constante
durante o período em que a carga é mantida constante. Também é assumido que após
a remoção da carga, a deformação é totalmente recuperada, ou seja, a deformação
imediatamente retorna para o valor zero.
Na fase elástica os metais obedecem a Lei de Hooke. Suas deformações são
diretamente proporcionais às tensões aplicadas.
  E 
A constante de proporcionalidade “E” é conhecido como Módulo de Elasticidade, ou
módulo de Young, e fornece uma indicação da rigidez do material. Quanto maior for o
módulo, menor será deformação elástica resultante da aplicação de uma tensão. A
deformação convencional ou nominal é dada por:
I  I0

I
Onde, conforme se mostra na Figura 6.1.1.1-1B:
lo = comprimento inicial
l = comprimento final para cada carga P aplicada.

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Cap 6.1.1.2 Limite de Proporcionalidade (Fcy)
A Lei de Hooke só vale até um determinado valor de tensão, representada na Figura
6.1.1.2-1 pelo ponto A’, a partir da qual a deformação deixa de ser proporcional à carga
aplicada.

FIGURA 6.1.1.2-1 LIMITE DE PROPORCIONALIDADE A’.

Cap 6.1.1.3 Modulo de Elasticidade (E)


O Modulo de Elasticidade é a relação entre a tensao e a deformação. Na zona Elastica,
ele é considerado constante (Figura 6.1.1.3-1).

FIGURA 6.1.1.3-1 MÓDULO DE ELASTICIDADE

Cap 6.1.1.4 Coeficiente de Poisson (  )


Mede a rigidez do material na direção perpendicular à direção de aplicação de carga
uniaxial (Figura 6.1.1.4-1).
2 
  3
1 1

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FIGURA 6.1.1.4-1 DEFORMAÇÕES EM UMA BARRA SUBMETIDA A UM
CARREGAMENTO UNIDIRECIONAL.

 1 ,  2 e  3 são as deformações experimentadas nas direções 1, 2 e 3 respetivamente.


Note-se que se um carregamento estica a peça na direção 1, ela se encurta nas outras
direções.

Cap 6.1.1.5 Módulo de Elasticidade Transversal (G)


Corresponde à rigidez de um material quando submetido a um esforço de cisalhamento.

G

Onde,  e a tensão cisalhante e  deformação que sofre o corpo de prova.

A Figura 6.1.1.5-1 Apresenta os valores dos Módulos de Elasticidade de alguns


materiais utilizados na indústria.

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Estruturais da Faculdade de Tecnologia de São Jose dos Campos. Cap 6-6
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FIGURA 6.1.1.5-1 VALORES DOS COEFICIENTES ELÁSTICOS DOS METAIS.

Cap 6.1.1.6 Região de Comportamento Plástico


Acima de certa tensão, os materiais começam a se deformar plasticamente, ou seja,
ocorrem deformações permanentes. O ponto na qual estas deformações permanentes
começam a se tornar significativas é chamado de Limite de Escoamento (Figura
6.1.1.6-1A).
Durante a deformação plástica, a tensão necessária para continuar a deformar um
metal aumenta até um ponto máximo, chamado de Limite de Resistência à Tração
(Figura 6.1.1.6-1B), na qual a tensão é a máxima na curva tensão-deformação de
engenharia. Isto corresponde a maior tensão que o material pode resistir. Se esta
tensão for aplicada e mantida, o resultado será a fratura. Toda a deformação até este
ponto é uniforme na seção. No entanto, após este ponto, começa a se formar uma
estricção, na qual toda a deformação subsequente está confinada e, é nesta região que
ocorrerá ruptura. A tensão corresponde à fratura é chamada de Limite de Ruptura (Ftu)
(Figura 6.1.1.6-1C).

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A - LÍMITE DE B - LIMITE DE C - LIMITE DE RUPTURA
ESCOAMENTO RESISTÊNCIA À TRAÇÃO
FIGURA 6.1.1.6-1 PARÂMETROS FUNDAMENTAIS DA ZONA PLÁSTICA

Na Figura 6.1.1.6-2 se pode analisar todos esses elementos representados num mesmo
diagrama de Tensão Deformação.

FIGURA 6.1.1.6-2 GRÁFICO TENSÃO – DEFORMAÇÃO.

Cap 6.1.1.7 Fratura


Consiste na separação ou fragmentação de um corpo sólido em duas ou mais partes,
sobre a ação de uma tensão, e pode ser considerada como sendo constituída da
nucleação e propagação da trinca. Pode ser classificada em duas categorias gerais:
fratura dúctil e frágil.
A fratura dúctil é caracterizada pela ocorrência de uma apreciável deformação plástica
antes e durante a propagação da trinca.
A fratura frágil nos metais é caracterizada pela rápida propagação da trinca, sem
nenhuma deformação macroscópica.
Uma boa maneira de se observar a diferença no comportamento entre os materiais é
submetendo-os a um ensaio de tração. Fazendo-se um gráfico de tensão em função do
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alongamento, é possível caracterizar um material entre os dois grupos. Materiais frágeis
se rompem com alongamento tipicamente menor do que 5% e mostram maior
resistência mecânica (Figura 6.1.1.7-1).

FIGURA 6.1.1.7-1 DIFERENÇA ENTRE MATERIAIS DÚCTEIS E FRÁGEIS.

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Cap 6.1.2 Equipamento para o Ensaio de Tração
Geralmente o ensaio de tração é realizado na máquina Universal que recebe este nome
por possibilitar a realização de diversos tipos de ensaios (Figura 6.1.2-1).

FIGURA 6.1.2-1 MÁQUINA DE ENSAIO.

O corpo de prova é fixado por suas extremidades nas agarradeiras da máquina. Esta
provoca uma força axial para fora de modo a aumentar comprimento do corpo de prova.

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Cap 6.1.3 Corpos de Prova
Os corpos de prova têm características especificadas de acordo com as normas
técnicas. Normalmente utilizam-se corpos de prova de seção circular ou retangular.
Durante os ensaios, a deformação fica confinada à região central, mais estreita, do
corpo de prova, que possui uma seção reta uniforme ao longo do seu comprimento. O
diâmetro padrão é de aproximadamente 12,8 mm, enquanto o comprimento da seção
reduzida deve ser pelo menos quatro vezes esse diâmetro, é comum ser de 60 mm
(Figura 6.1.3-1).

FIGURA 6.1.3-1 CORPOS DE PROVA.

A parte útil (L0) do corpo de prova identificada na Figura 6.1.3-1 acima é a região onde
são feitas as medidas das propriedades mecânicas do material. As cabeças são as
regiões extremas que servem para fixar o corpo de prova na máquina, de modo que a
força atuante na máquina seja axial. Devem ter seção maior do que a parte útil para que
a ruptura do corpo de prova não ocorra nelas. Os tipos de fixação são apresentados na
Figura 6.1.3-2:

FIGURA 6.1.3-2 TIPOS DE FIXAÇÃO

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Cap 6.2 Ensaio de Compressão
Um ensaio de compressão é conduzido de uma maneira semelhante à de um ensaio de
tração, exceto pelo fato de que força é compressiva e o corpo de prova se contrai ao
longo da direção da tensão.
Um ensaio de compressão consta da aplicação de carga compressiva uniaxial em um
corpo-de-prova (Figura 6.2-1). Nos ensaios de compressão, os corpos de prova são
submetidos a uma força axial para dentro, distribuída de modo uniforme em toda seção
transversal.

FIGURA 6.2-1 ENSAIO DE COMPRESSÃO.

Este ensaio pode ser executado na máquina Universal, com adaptação de duas placas
lisas, uma fixa e outra móvel sendo o corpo de prova apoiado entre elas. Um corpo
submetido a compressão sofre uma deformação elástica (Figura 6.2-2) seguido de uma
deformação plástica. Na deformação plástica, o corpo retém uma deformação residual
depois de ser descarregado (Figura 6.2-3).

FIGURA 6.2-2 CORPO DE PROVA SOBRE COMPRESSÃO COM DEFORMAÇÃO


ELÁSTICA.
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FIGURA 6.2-3 CORPO DE PROVA SOBRE COMPRESSÃO COM DEFORMAÇÃO
PLÁSTICA.

Um problema que sempre ocorre no ensaio de compressão é o atrito entre o corpo de


prova e as placas de ensaios. Para diminuir o atrito é necessário revestir a face superior
e inferior do corpo de prova com materiais de baixo atrito. Outro problema deste ensaio
é a flambagem, isto é, encurvamento do corpo de prova. Isso ocorre devido à
instabilidade na compressão do metal dúctil (Figura 6.2-4).

A - ATRITO ENTRE O CORPO DE PROVA E AS PLACAS


DE ENSAIO

B - FLAMBAGEM
FIGURA 6.2-4 PROBLEMAS COMUNS DURANTE OS ENSAIOS DE COMPRESSÃO

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Cap 6.2.1 Características dos Materiais Submetidos a Compressão
A Figura 6.2.1-1 apresenta um diagrama esquemático do comportamento do corpo de
prova durante um ensaio de compressão. Os parâmetros mais importantes obtidos do
ensaio são apresentados nas seções seguintes.

FIGURA 6.2.1-1 COMPORTAMENTO DO CORPO DE PROVA DURANTE UM ENSAIO


DE COMPRESSÃO

Cap 6.2.1.1 Limite de Escoamento Compressivo


Para determinar o Limite de Escoamento quando o material ensaiado não apresenta um
patamar de escoamento nítido, se adota um deslocamento da origem no eixo da
deformação de 0,002 ou 0,2% de deformação e a construção de uma reta paralela à
região elástica do gráfico tensão-deformação.

Cap 6.2.1.2 Limite de Resistência a Compressão


Máxima Tensão que o material pode suportar antes da fratura; essa máxima tensão é
determinada dividindo-se a carga máxima pela área inicial do corpo- de -prova.

Cap 6.2.1.3 Dilatação Transversal


Os materiais extremamente dúcteis raramente são submetidos ao ensaio de
compressão, já que a amostra é submetida a esforços de atrito junto às placas da
máquina na tentativa de deformação, dando origem a um complicado estado de
tensões.
Na compressão de um material dúctil, se produz a expansão na direção radial entre as
placas da máquina. Contudo, as faces do corpo-de-prova que estão em contato direto
com as placas da máquina sofrem uma resistência que se opõe ao escoamento do
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material do centro para as extremidades devido às forças de atrito que atuam nessas
interfaces. À medida que se afasta das placas, o material pode escoar em direção radial
sem constrição, atingindo o máximo escoamento no ponto de meia altura do corpo de
prova. Isto leva a um corpo de prova com perfil e forma de barril (Figura 6.2-4A).

Cap 6.2.1.4 Ensaio de Compressão em Materiais Dúcteis


Nos materiais dúcteis ocorre uma deformação lateral apreciável. Essa deformação
prossegue até o corpo-de-prova parecer um disco, sem que ocorra a ruptura (Figura
6.2.1-2).

FIGURA 6.2.1-2 ENSAIO DE COMPRESSÃO EM MATERIAIS DÚCTEIS.

As propriedades mecânicas avaliadas por meio do ensaio são: limite de


proporcionalidade, limite de escoamento e módulo de elasticidade.

Cap 6.2.1.5 Ensaio de Compressão em Materiais Frágeis


A única propriedade mecânica que pode ser avaliada no ensaio de compressão com
materiais frágeis é seu limite de resistência à compressão. Pode ser avaliada dividindo
a carga máxima pela seção original do corpo de prova (Figura 6.2.1-3).

FIGURA 6.2.1-3 ENSAIO DE COMPRESSÃO EM MATERIAIS FRÁGEIS.

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Informações sobre o Ensaio de Compressão:
Durante o ensaio, devem ser monitorizados continuamente tanto a aplicação da carga
quanto ao deslocamento das placas ou a deformação do corpo de prova. Algumas
precauções devem ser tomadas para a determinação correta das propriedades durante
o ensaio.
As faces das placas de carga e do corpo de prova devem ser limpas e o corpo de
prova deve ser cuidadosamente centralizado na placa que contém referências- guia.
A carga deve ser aplicada continuamente a uma velocidade de 0,3 MPa a 0,8 MPa
por segundo. Nenhum ajuste dever ser feito nos controles da máquina de ensaio
quando o corpo de prova estiver se deformando mais rapidamente, aproximando-se de
sua ruptura.
O carregamento deve cessar somente quando o recuo do ponteiro de carga for em
torno de 10% do valor da carga máxima atingida. Esse valor será anotado como a carga
de ruptura do corpo de prova.
A Tensão de Ruptura a Compressão é obtida dividindo-se a carga de ruptura pela
área da seção transversal do corpo de prova, devendo o resultado ser expresso com a
aproximação de 0,1 MPa.

Deve-se evitar a flambagem do corpo de prova, que pode ocorrer devido a:


Instabilidade elástica causada pela falta de unixialidade na aplicação da carga;
Comprimento excessivo do corpo de prova;
Torção do corpo de prova no momento inicial de aplicação da carga.
A Figura 6.2.1-4 Apresenta uma variedade de corpos de prova ensaiados de diferentes
caraterísticas.

FIGURA 6.2.1-4 CORPOS DE PROVA DE DIFERENTE RIGIDEZ ENSAIADOS

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Cap 6.3 Ensaio de Cisalhamento
No caso de metais, se pode praticar o cisalhamento com tesouras, prensas de corte,
dispositivos especiais ou simplesmente aplicando esforços que resultem em forças
cortantes. Ao ocorrer o corte, as partes se movimentam paralelamente, por
escorregamento, uma sobre a outra, separando-se. A esse fenômeno damos o nome de
cisalhamento
Todo material apresenta certa resistência ao cisalhamento. Saber até onde vai esta
resistência é muito importante, principalmente na estamparia, que envolve corte de
chapas, ou nas uniões de chapas por solda, por rebites ou por parafusos, onde a força
cortante é o principal esforço que as uniões vão ter de suportar.
Nesta seção são apresentados dois modos de cálculo da tensão de cisalhamento:
realizando o ensaio de cisalhamento e utilizando o valor de resistência à tração do
material. São apresentados também os procedimentos dos ensaios de cisalhamento de
alguns componentes.
Ao estudar os ensaios de tração e de Compressão percebe-se, nos dois casos, que a
força aplicada sobre os corpos de prova atua ao longo do eixo longitudinal do corpo
(Figura 6.2.1-1).

FIGURA 6.2.1-1 PLANO DE TENSÃO

No caso do cisalhamento, a força é aplicada ao corpo na direção perpendicular ao seu


eixo longitudinal. Esta força cortante, aplicada no plano da seção transversal (plano de
tensão), provoca o cisalhamento (Figura 6.2.1-2).

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FIGURA 6.2.1-2 CISALHAMENTO

Como resposta ao esforço cortante, o material desenvolve em cada um dos pontos de


sua seção transversal uma reação chamada Resistência ao Cisalhamento. A resistência
de um material ao cisalhamento, dentro de uma determinada situação de uso, pode ser
determinada por meio do ensaio.

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Cap 6.3.1 Ensaio de Cisalhamento
A forma do produto final afeta sua resistência ao cisalhamento. Por essa razão os
ensaios de cisalhamento são mais frequentemente feitos em produtos acabados, tais
como pinos, rebites, parafusos, cordões de solda, barras e chapas. É também por isso
que não existem normas para especificação dos corpos de prova. Quando é o caso,
cada empresa desenvolve seus próprios modelos, em função das necessidades. Do
mesmo modo que nos ensaios de tração e de compressão, a velocidade de aplicação
da carga deve ser lenta, para não afetar os resultados do ensaio.
Normalmente o ensaio é realizado na máquina universal de ensaios, à qual se adaptam
alguns dispositivos, dependendo do tipo de produto a ser ensaiado.
Para ensaios de pinos, rebites e parafusos utiliza-se um dispositivo como o que está
representado simplificadamente na Figura 6.3.1-1A. Para outros tipos de ensaio, um
diagrama esquemático é apresentado na Figura 6.3.1-1B.

ENSAIO DE PINOS, ENSAIO DE CISALHAMENTO PARA PEÇAS EM


REBITES E PARAFUSOS GERAL
FIGURA 6.3.1-1 ENSAIO DE PINOS, REBITES E PARAFUSOS.

Para o ensaio de prendedores, o dispositivo é fixado na máquina de ensaio e os rebites,


parafusos ou pinos são inseridos entre as duas partes móveis.
Ao se aplicar uma tensão de tração ou compressão no dispositivo, transmite- se uma
força cortante à seção transversal do produto ensaiado. No decorrer do ensaio, esta
força será elevada até que ocorra a ruptura do corpo.
No caso de ensaio de solda, utilizam-se corpos de prova semelhantes aos empregados
em ensaios de pinos. Só que, em vez dos pinos, utilizam-se junções soldadas.
No caso de ensaio de chapas, emprega-se um estampo para corte, como na Figura
6.3.1-2. Neste ensaio normalmente determina-se somente a tensão de cisalhamento,
isto é, o valor da força que provoca a ruptura da seção transversal do corpo ensaiado.

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FIGURA 6.3.1-2 ENSAIO DE CHAPAS

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Cap 6.4 Estandardização e Desenvolvimento das Propriedades dos Materiais
Metálicos
Os capítulos anteriores tem proporcionado informação dos ensaios mais importantes
que caracterizam as propriedades dos materiais. O Metallic Material Properties
Development and Standardization ou MMPDS é um documento que concentra todas
estas propriedades de diversos materiais da mesma família. A Figura 6.4-1 apresenta
uma parte do MMPDS que mais interessa para este curso.

FIGURA 6.4-1 EXEMPLO DE UMA PARTE DO DOCUMENTO MMPDS


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O cabeçalho da tabela apresentada na figura oferece o nome Material, para este
exemplo é o Alumínio 2524-T3 Alclad.

FIGURA 6.4-2 CABEÇALHO

Os primeiros cinco parâmetros apresentados na tabela são (Figura 6.4-2):


Especificação (AMS 4296),
Forma (Sheet and Plate). O que indica para este exemplo, que este alumínio pode ser
usado para usinados (Plate) ou conformação em frio (Sheet ou Chapa).
Condição se refere ao tratamento térmico
Espessura, que está relacionada com o Bloco de Material que fornecido para a
manipulação e está expressa em polegadas para este exemplo.
Base tem a ver com a porcentagem estatística de ocorrência das propriedades
mecânicas. Uma base A tem um 99% de chances de ocorrer e uma base B tem um
95% de chance de ocorrência.

FIGURA 6.4-3 PROPRIEDADES MECÂNICAS ADMISSIVEIS


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As Propriedades mecânicas apresentadas na Figura 6.4-3 são todas aquelas que se
extraem dos ensaios apresentados anteriormente. Por exemplo, do ensaio de tração de
obtém Ftu, Fty. Do ensaio de compressão se obtém Fcy e do ensaio de cisalhamento se
obtém Fsu. Fbru e Fbry onde estes últimos são parâmetros relacionados ao esmagamento
da chapa. O ensaio de esmagamento não tem sido abordado neste documento. A
elongação em percentagem “e” é uma medida de ductilidade de material.
As propriedades mecânicas estão diretamente relacionadas à Direção do Material,
representada mediante as letras “L”, “LT” e “ST”. O jeito em que a peça é fabricada
impacta diretamente nas propriedades. A Figura 6.4-4 mostra como as Direções de
Grão são assumidas em relação a como foi trabalhado o Bloco do Material. Por
exemplo, se a componente estiver trabalhando na direção principal na que foi fabricada
(direção longitudinal do bloco), as análises podem ser feitas com as propriedades “LT”.
Caso, o bloco esteja trabalhando em sua direção transversal, as propriedades com
direção “L” deverão ser utilizadas. Se a componente estiver trabalhando em direção
perpendicular à espessura, deverá ser usada a direção “ST”. Consegue-se perceber
como variam as propriedades mecânicas na Figura 6.4-3. A direção “L” e geralmente
melhor que a “LT”. A direção “ST” não aparece na figura, mais essa direção apresenta
as piores propriedades mecânicas.
Na concepção de uma componente estrutural, as análises devem ser feitas
conservativamente assumindo as piores propriedades mecânicas, para levar em
consideração uma possível equivocação de manufatura. Mas na hora da fabricação da
componente, e importante ter conhecimento de estes aspetos para não cometer esses
desacertos.

FIGURA 6.4-4 DIREÇÃO DE GRÃO


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Na parte final da tabela, são apresentados os Módulos de Elasticidade de Tração (E),
Compressão (Ec) e Cisalhamento (G) obtidos dos ensaios. Também é apresentado o
coeficiente de Poisson (Figura 6.4-5).

FIGURA 6.4-5 PROPRIEDADES MECÂNICAS: MÓDULOS DE ELASTICIDADE

A Figura 6.4-6 apresenta um sumario com alguns dos Materiais mais utilizados na
indústria aeronáutica.

Material Type Mechanical Properties (daN/mm 2) 1 daN/mm2 = 0.689476 ksi


(Dados para Espessuras < 0.25 in.) Ftu Fty Fcy Fsu Fbru 2
E (daN/mm ) Ec (daN/mm2)
Al clad 2524-T3 sheet & plate 42.1 30.3 -26.2 27.6 83.4 7101.6 6894.8
Al 2024-T3 sheet 44.1 32.4 -26.9 26.9 88.9 7239.5 7377.4
Al 2024-T3511 extrusion 37.9 29.0 -23.4 20.0 74.5 7446.3 7584.2
Al 7050-T7451 plate 48.3 42.1 -40.0 29.6 95.1 7101.6 7308.4
Al 7050-T76511 extrusion 53.8 46.9 -47.6 29.6 103.4 7101.6 7377.4
Al 7150-T7751 extrusion 55.8 51.0 -52.4 30.3 84.1 7170.6 7515.3
AL 7175-T74 Die forging 49.0 42.7 -43.4 29.6 96.5 7032.7 7377.4
Al 7475-T761 clad sheet 46.2 37.9 -37.9 28.3 91.7 6894.8 7239.5
Al 7475-T7351 plate 48.3 40.7 -40.0 28.3 91.0 7101.6 7308.4
Al 7475-T761 clad sheet 46.2 38.6 -37.9 28.3 91.7 6894.8 6687.9
Ti 6Al-4V Bar 89.6 82.7 -85.5 55.2 133.8 11652.1 11859.0

FIGURA 6.4-6 TABELA DE PROPRIEDADES METÁLICAS DE MATERIAIS


AERONÁUTICOS

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Cap 6.5 Introdução às Margens de Segurança
A Margem de Segurança é a encarregada de relacionar os Esforços Atuantes nas
componentes estruturais com os Esforços Admissíveis do material. Ela é dada Mediante
a seguinte expressão:
 
MS   adm  1%
 
 app 
Onde
MS (%) é a Margem de Segurança.
 adm é o Esforço Admissível do Material.

 app é o Esforço Aplicado nas componentes estruturais devido às cargas externas


atuantes sobre elas.

Suponha-se Uma viga simplesmente apoiada submetida a uma carga P como se


mostra na Figura 6-7A. O Esforço Aplicado Máximo de Momento que esta força externa
produz é dado por:
M Max  y 
 app   
I 2
Note-se que esse Esforço de Momento traciona as fibras superiores e comprime as
fibras inferiores da viga (Figura 6-7B).

FIGURA 6-7 ESFORÇO APLICADO NUMA VIGA SIMPLESMENTE APOIDA

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Supõe-se que se a viga não pode romper por tanto ela não pode ultrapassar o Esforço
Admissível de Tração  adm nesse ponto. Esse esforço admissível é extraído do MMPDS
como mostra a Figura 6-8 e passa a ser:
 adm  Ftu

FIGURA 6-8 MMPDS DO MATERIAL

Com esses dados, pode ser calculada a Margem de Segurança.


Caso o Esforço Aplicado  app seja maior que o Esforço Admissível  adm , A equação de
Margem de Segurança oferecerá um resultado Negativo, pelo que se assume que a
peça rompe.
Se o Esforço Aplicado  app é menor do que o Esforço Admissível  adm , então a Margem
de Segurança será positiva e se assume que a peça não rompe.
Na aeronáutica, dependendo da componente, se assume uma Margem de Segurança
mínima para o dimensionamento das peças. Por exemplo, a Margem de Segurança de
todas as Cavernas, Shear Clips e Reforçadores, não podem ser menores do que um
15% para Cargas Ultimate ( MS  15% ). É com a redução de essas margens, que o
Manual de Reparos é Fundamentado.

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