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POPULAÇÕES VULNERÁVEIS

SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................... 3
2. Favela ............................................................................. 4
3. Zona Rural e Ribeirinha..........................................11
4. Medicina Prisional.....................................................21
Referências Bibliograficas..........................................31
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 3

1. INTRODUÇÃO As necessidades em saúde que cada


comunidade apresenta devem com-
A atuação de um médico de família em
por o balizamento das atividades
uma comunidade, baseada nos prin-
do médico de família e comunidade
cípios da Atenção Primária à Saúde,
como integrante de uma equipe que
obedece a um conjunto de objetivos e
desempenha as ações de cuidado em
de demandas bem estabelecidos que
um determinado território. As carac-
direciona o planejamento, as ações e
terísticas tanto demográficas como
as avaliações a serem desenvolvidas.
culturais da população, o ambiente
Dentro destes, surgem especificida- em que se processa o ciclo da vida e a
des que se originam da organização infraestrutura de urbanização dispo-
e da cultura dos diferentes grupos nível contribuem para delinear o con-
sociais e étnicos, que vão determi- texto que determina especificidades
nar novos desafios e a exigência de que exigem habilidades e conheci-
elaboração de estratégias e recur- mentos diferenciados do profissional.
sos adequados e efetivos.

FLUXOGRAMA - POPULAÇÕES VULNERÁVEIS

POPULAÇÃO RURAL
FAVELA
E RIBEIRINHA

MEDICINA PRISIONAL
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 4

Nesse contexto, a tuberculose é uma


CONCEITO! A vulnerabilidade é enten- das patologias que encontra enor-
dida como uma situação de risco; signifi- me favorecimento para se proliferar,
ca que pessoas e/ou comunidades estão
constituindo-se em grande ameaça à
numa situação de fragilidade - seja por
motivos sociais, econômicos, ambien- comunidade e demandando especial
tais ou outros - e por isso estão mais atenção da equipe de saúde. Os ma-
vulneráveis ao que possa advir dessa teriais utilizados na construção das
exposição.
casas costumam se valer do menor
custo possível, deixando de lado im-
2. FAVELA portantes características que se rela-
cionam com o bem-estar, o conforto
O ambiente de convívio, moradia térmico e a proteção.
e trabalho da população residentes
das favelas é o primeiro determinante
que deve ser analisado detidamente CONCEITO! Segundo definição do Insti-
tuto Brasileiro de Geografia e Estatística
à luz das características potencial- (IBGE), favela é um conjunto de domicí-
mente geradoras de agravos à saúde. lios, que contam com no mínimo 51 uni-
dades. Geralmente, esse aglomerado de
Moradias de poucos cômodos, onde residências ocupa, de forma desordena-
o grupamento familiar se distribui da, algum terreno de propriedade, seja
privilegiando contatos físicos, pou- ela pública ou particular. Desse modo,
co ventiladas, é condição ótima para devido à falta de planejamento, geral-
mente não contam com acessos fáceis a
a transmissão de microrganismos, serviços públicos essenciais.
principalmente por via respiratória.

FLUXOGRAMA - HISTÓRICO DO SURGIMENTO DAS FAVELAS

Solução urbana adaptativa. 1970


Desigualdade social Êxodo rural

Sem investimentos em
obras de infraestrutura urbana
Crescimento em
1950
direção a periferia:
Industrialização de grandes
• Economia não foi capaz de
cidades no Brasil
absorver a mão de obra
• Empobrecimento da população
• Deterioração de vida urbana
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Determinação social da saúde os DSS são as condições sociais em


(DSS) que as pessoas vivem e trabalham.
Para a Comissão Nacional sobre Desse modo, fica claro que o lugar
os Determinantes Sociais da Saú- que o cidadão ocupa na pirâmide
de (CNDSS), os DSS são os fatores social influencia diretamente as
sociais, econômicos, culturais, ét- condições de saúde. Essa relação
nicos/raciais, psicológicos e com- certamente é multifatorial e reflete
portamentais que influenciam a fragilidades maiores a algumas doen-
ocorrência de problemas de saúde e ças e também ao acesso e à qualidade
seus fatores de risco na população. A de cuidado em saúde, demonstrando
comissão homônima da Organização aspectos relacionados aos indivíduos
Mundial da Saúde (OMS) adota uma e à organização social.
definição mais curta, segundo a qual

Figura 1. Determinantes sociais. Fonte: https://bit.ly/3gOh7l3


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Características sociodemográficas domicílios urbanos não contavam com


pelos menos um dos três serviços.
Segundo o Censo 2010 do IBGE, o
Brasil tinha cerca de 11,4 milhões A distribuição regional desses servi-
de pessoas morando em favelas e ços de saneamento é bastante de-
cerca de 12,2% delas (ou 1,4 mi- sigual, segundo a PNAD. Na região
lhão) estavam no Rio de Janeiro. Norte, apenas 23,6% dos domicílios
Considerando-se apenas a popula- urbanos contavam com os três servi-
ção desta cidade, cerca de 22,2% ços, enquanto no Sudeste, esse per-
dos cariocas, ou praticamente um em centual chegava a 93,1%.
cada cinco, eram moradores de fave- Os três estados brasileiros com as
las. No entanto, ainda em 2010, Be- menores proporções de domicílios ur-
lém era a capital brasileira com a maior banos com acesso aos três serviços
proporção de pessoas residindo em básicos de saneamento eram Ama-
ocupações desordenadas: 54,5%, ou pá (3,7%), Piauí (11,9%) e Rondônia
mais da metade da população. Salva- (13,2%). No extremo oposto, estavam
dor (33,1%), São Luís (23,0%) Reci- São Paulo (94,8%), Distrito Federal
fe (22,9%) e o Rio (22,2%) vinham a (90,4%) e Minas Gerais (89,7%).
seguir.
O censo do IBGE tem informações
Condições de habitação
detalhadas sobre favelas - que re-
cebem o nome de  aglomerados A instalação da fiação de energia
subnormais - porque vai a todos os elétrica, na maioria das casas, é fi-
domicílios do país. No entanto, essa xada de maneira que fios, emendas
operação é realizada apenas a cada e suportes de lâmpadas e tomadas
dez anos. Já a Pesquisa Nacional por ficam expostos. Muitas vezes, não há
Amostra de Domicílios (PNAD) tem interruptores, devendo o morador gi-
informações anuais sobre saneamen- rar a lâmpada para acendê-la ou apa-
to básico e adequação de moradias. gá-la. A rede de abastecimento ex-
O detalhamento desses dados chega terna frequentemente não apresenta
ao nível dos 27 estados brasileiros. relógio medidor, por ser clandestina,
Segundo a  PNAD 2015, cerca de e, portanto, é trazida em fio condutor
72,5% dos domicílios urbanos do único de baixa capacidade, oferecen-
país contavam com os três servi- do risco de colapso do sistema.
ços básicos de saneamento: cone- O abastecimento de água é fre-
xão à rede de esgoto, coleta de lixo quentemente originado em cone-
e água encanada. Isso significa que xões amadoras, sem conhecimen-
aproximadamente 18,7 milhões de to do departamento público, sem
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medidor de consumo, expondo a rede se deposita no ambiente domiciliar e


à contaminação da água em função contribui para a agressão ao sistema
de emendas necessárias para esten- respiratório, principalmente em crian-
dê-la aos vizinhos como estratégia de ças asmáticas.
expansão. A rua, em dias chuvosos, forma uma
A ausência de calçadas e de pavi- lama contaminada com fezes de ani-
mentação nas ruas determina o es- mais de tração, cães, gatos e roedo-
coamento e a drenagem de chuvas res e é levada inadvertidamente nos
desordenados, expondo o terreno e calçados ou pés descalços para den-
as próprias construções a dejetos, fo- tro dos domicílios, constituindo-se em
lhas e lixo, além de formar alagamen- veículo de contaminação de múltiplos
tos de diferentes proporções. A poeira helmintos para os habitantes.
que se origina da falta de calçamento

FLUXOGRAMA - CONDIÇÕES ADEQUADAS E INADEQUADAS

ADEQUADO INADEQUADO

Poço ou nascente:
Fornecimento de água Rede geral de distribuição carro-pipa; água da chuva
armazenada; rios; etc.

Fossa rudimentar; vala; rio,


Sistema de Rede geral de esgoto
lado ou mar; sem banheiro,
esgotamento sanitário Fossa séptica
sanitário ou buraco para dejetos

Coletado diariamente Queimado: enterrado; jogado em


Coleta de lixo
por serviço de limpeza terreno baldio, rio, mar ou lago

Sistema de Companhia distribuidora e Medidor de uso


energia elétrica medidor de uso exclusivo comum; outras fontes
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Fatores de risco para saneamento implantados, torna-se


vulnerabilidade necessário uma intervenção nas áre-
as deficitárias, uma vez que as mu-
As condições de saúde numa popu-
danças nesses parâmetros podem
lação são fortemente influenciadas
implicar na otimização de diferentes
pela evolução das condições am-
indicadores de saúde.
bientais, em particular no que se
refere à adequação das moradias e Sabe-se que a aglomeração de pes-
do saneamento do meio. soas no interior de um domicílio pos-
sui relação direta com a maior po-
Considerando que as reações de ur-
luição ambiental e com um maior
banização não têm atingido resulta-
risco de doença aguda das vias aé-
dos plenamente satisfatórios, quanto
reas inferiores.
ao funcionamento dos sistemas de

FLUXOGRAMA - FATORES ASSOCIADOS À VULNERABILIDADE

Agrupamento
Transmissão de microrganismos
familiar

Construções
Risco de desabamento, sem conforto térmico e proteção
inadequadas

Rede elétrica Risco de colapso no sistema, risco de choques elétricos e queimaduras

Abastecimento
Risco de contaminação
de água

Coleta inadequada
Proliferação e transmissão de microrganismos
de lixo

Menor acesso
Proliferação e transmissão de microrganismos
a esgoto

Falta de planejamento
Incêndios, deslizamentos, alagamentos
urbano

Ausência de calçadas
Alagamentos, dejetos e lixo: transmissão de microrganismos
e pavimentação

Vulnerabilidade
Precariedade na educação e cultura
social e institucional

Terreno irregular Dificuldade de mobilidade


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Saúde na favela apresentam mais frequentemente


infertilidade, aborto espontâneo,
O processo de observação e análise
gestação ectópica, tromboembolis-
dessas populações evidenciam que a
mo, diabetes gestacional e doença
vulnerabilidade é uma característica
hipertensiva da gestação
que está presente ao longo de toda
a trajetória de vida desses indivíduos. Na vida adulta, há maior prevalência
de doenças e pior prognóstico em ou-
Na infância, as condições de vida e o
tras: tuberculose, pneumonia, do-
contexto socioeconómico aumentam
enças sexualmente transmissíveis,
o risco de dano à saúde, de negligên-
homicídio, alcoolismo, uso de dro-
cia, de abuso físico, de doenças infec-
gas ilícitas, queimaduras.
tocontagiosas preveníveis e de doen-
ças crônicas como asma. As mulheres

FLUXOGRAMA - SAÚDE NA FAVELA

Broncopneumonia

MAIOR
Asma Doenças Infecciosas
RISCO DE:

Doenças sexualmente
Tuberculose
transmissíveis

As taxas de mortalidade ajustadas período de tempo maior, mais vezes


para idade para vários tipos de cân- acompanhadas de iatrogenia e de
ceres, doença cardíaca, diabetes me- mortes prematuras.
lito (DM), cirrose e insuficiência renal As doenças mentais são mais fre-
são 20 a 50% mais altas. A realidade quentes, o sofrimento psíquico é
mostra que, durante suas trajetórias muito prevalente, e as vivências das
de vida com longevidade mais curta enfermidades são profundamente in-
que a população geral, é detectada fluenciadas por medos, insegurança,
maior taxa de hospitalizações e por preconceito e vitimização.
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FLUXOGRAMA - ATENÇÃO NAS FAVELAS

NEGLIGÊNCIA QUEIMADURAS

ELITISMO ABUSO FÍSICO

HOMICÍDIO DROGAS ILÍCITAS

FLUXOGRAMA - SAÚDE NA FAVELA: OBSTÁCULOS E DESAFIOS

Falta de estruturas sociais

Baixa escolaridade da população

Grande vulnerabilidade da população

Identificar grupos de maior exposição

Violência na comunidade

Barreira cultural entre médicos e população


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SAIBA MAIS!
COVID-19 e favela: A dificuldade de prevenção e de tratamento, a impossibilidade de manter
o distanciamento social, e a ausência de salários fixos ou benefícios para sobreviver à qua-
rentena são alguns dos fatores que delineiam esta dura realidade. Estatísticas recentes do
DataFavela, instituto de pesquisa associado à Central Única das Favelas (Cufa) e ao Instituto
Locomotiva, indicaram que metade dos trabalhadores que vivem nas favelas brasileiras não
possuem vínculos empregatícios formais: 47% são autônomos, 10% são aposentados, 8%
são empregados mas não têm carteira assinada, 5% são donas de casa. Só 19% são con-
templados pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). O instituto também apontou que 7
em cada 10 famílias já registraram diminuição na renda  desde que o isolamento social foi
instituído como a melhor estratégia para enfrentamento do coronavírus.

3. ZONA RURAL E da atenção primária à saúde (APS)


RIBEIRINHA peculiaridades próprias. Isso assume
maior importância em países como o
A saúde das populações rurais e ur-
Brasil, que apresenta grandes áreas
banas apresenta características di-
rurais e enormes distâncias, relativo
ferentes. Há, em todo o mundo, uma
baixo índice de desenvolvimento em
distribuição desigual de profissionais
algumas áreas e grande desigualda-
de saúde entre os grandes centros
de social.
urbanos e as demais áreas. Esses fa-
tos, somados à dificuldade de forma- Faz-se necessária a priorização por
ção adequada de profissionais aptos parte do Estado de políticas de saúde
a lidar com os diferentes desafios que para as populações rurais e remotas
a saúde rural apresenta e/ ou dispos- assim como para a formação, o recru-
tos a se adaptarem aos desafios de tamento e a retenção de profissionais
viver em uma área rural ou remota, adequados para essas áreas, visando
contribuem para os piores resulta- obter uma maior equidade. Essas re-
dos de saúde que essas populações comendações estão de acordo com
apresentam de uma forma geral. análises e orientações internacionais
sobre o tema e devem ser devida-
A prática da medicina rural, portan-
mente adaptadas para a realidade
to, exige habilidades e recursos diver-
nacional.
sos além de imprimir às características
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FLUXOGRAMA - ZONA RURAL

Espaço compreendido no
campo, florestas, águas

Atividades da agricultura,
pecuária, extrativismo,
Região não urbanizada
turismo rural, silvicultura ou
conservação ambiental

Terras indígenas

Para tratar da saúde rural e da prática forma de classificá-las. É possível, por


da Medicina de Família e Comunidade exemplo, utilizar-se para isso taxas
(MFC) nessa área, é importante que, de densidade demográfica, núme-
primeiramente, se conceitue o termo ro total de uma população, tipo de
“rural”. Nem sempre é fácil definir se atividade predominantemente de-
uma região ou população é rural ou senvolvida, tipo de moradia e cons-
não. truções, nível de industrialização
Há áreas aparentemente rurais nos e serviços disponíveis ou, ainda,
limites de grandes cidades, assim combinações desses critérios. Em
como pequenas áreas urbanizadas parte por essa riqueza de opções, o
em regiões predominantemente rurais conceito de rural é altamente variável
que deixam dúvidas quanto à melhor entre as nações.

FLUXOGRAMA - REGIÕES DE ACORDO COM ACESSO/INTEGRAÇÃO À CIDADE

Zonas economicamente
Próximos a centros urbanos
íntegras

Afastados de centros urbanos, mas com


Zonas rurais intermediárias
infraestrutura de transporte suficiente

Zonas rurais isoladas Afastados de centros urbanos, serviços locais


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Condições sociodemográficas e públicas destinadas à população ru-


socioeconômicas ral brasileira procuram minimizar ne-
cessidades em investimentos, como
A ocupação demográfica brasileira
aquisição de tecnologias, e garantir a
tem se modificado desde a década de
melhoria na sua qualidade de vida.
1950. Enquanto nessa época cerca
de 66% da população residia em áre- Para alcançar efetivas ações de
as rurais, em 2010, aproximadamen- saúde ou desenvolver políticas pú-
te 85% da população concentrava-se blicas adequadas, é preciso conhe-
em áreas urbanas. cer a população rural, considerando
suas especificidades. Poucas publi-
A acelerada urbanização, principal-
cações avaliam as condições gerais
mente entre 1960–1980, provocou
ou mais de um indicador de saúde
mudanças na estrutura de ocupação
dessa população em âmbito nacio-
e de empregos, com transformações
nal ou em municípios específicos. A
significativas no que se refere à gera-
maioria das publicações dedica-se a
ção de renda, estilo de vida e saúde
investigar alguns aspectos da saúde
da população. Atualmente, políticas
de trabalhadores rurais.

SAIBA MAIS!
No Brasil, pelo último censo oficial (2010), 15% da população habita áreas consideradas ru-
rais. Embora essa porcentagem venha apresentando declínio em comparação com o censo
de 1996 (20% da população era considerada rural), número total de brasileiros nessas áreas
manteve-se estável e é ainda bastante expressivo, sendo de aproximadamente 30 milhões
de pessoas. Deve-se lembrar, além disso, que essas contagens sempre subestimam as po-
pulações rurais da Região Amazônica.
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FLUXOGRAMA - CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS

32,8% dos domicílios 67,2% captam água


Água estão ligados a rede de de chafarizes e poços
distribuição de água (protegidos ou não)

Sem esgotamento
Fossa séptica: Fossa rudimentar:
Esgoto sanitário:
28,2% - região sul 88.2% - centro-oeste
5,4% - nordeste

Taxa de
Urbana: 8% Rural: 25%
analfabetismo

Crianças fora
Urbana: 7,9% Rural: 11,15%
da escola

Defasagem Rural-Urbana Esse problema é ainda mais grave


nos países pobres, mas não é exclusi-
Existe, mundialmente, uma defa-
vo deles. Na África do Sul, por exem-
sagem de profissionais de saúde
plo, embora 46% da população viva
em zonas rurais e remotas. Dados
em zonas rurais, somente 12% dos
da Organização Mundial da Saúde
médicos trabalham nessas regiões.
(OMS) revelam que, apesar de apro-
Nos Estados Unidos, 20% da popu-
ximadamente metade da população
lação se encontra em áreas rurais,
mundial habitar zonas rurais, somen-
mas conta com atenção à saúde de
te 24% dos médicos trabalham nes-
somente 9% dos médicos do país.
sas áreas.
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DISTRIBUIÇÃO DE MÉDICOS, ENFERMEIROS E POPULAÇÃO


MUNDIAL EM RELAÇÃO À SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO

Enfermeiros
População mundial Médicos no mundo
no mundo

Rural Rural Rural


50% 38% 24%

Urbana Urbana Urbana


50% 62% 76%

No Brasil, esse fenômeno também e Rio de Janeiro, encontra-se apro-


ocorre. Se forem comparadas as regi- ximadamente 1 médico para 430
ões brasileiras, ver-se-á que a Região habitantes.
Norte apresentava em 2001 uma Em estados da Região Norte, como
taxa de 2,6 médicos por 10 mil habi- Acre e Pará, 75% dos médicos en-
tantes, enquanto na Região Sudeste contram-se nas capitais. Em Manaus,
a média era de 13,2 médicos para 10 por exemplo, há 1 médico para 574
mil habitantes. habitantes, ao passo que no inte-
Verificam-se também desigualda- rior do Amazonas há 1 médico para
des internas aos estados da federa- 8.944 habitantes.
ção, tendo as grandes metrópoles as Essa distribuição desigual não se
maiores concentrações de médicos. restringe aos médicos e é uma das
Segundo o Conselho Federal de Me- causas das diferenças encontradas
dicina, em capitais como São Paulo em relação ao uso de serviços de
saúde.
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FLUXOGRAMA - DEFASAGEM RURAL-URBANA

Não foram ao médico no último ano:​


• Urbana: 30,7%​
• Rural: 40,5%​

Nunca consultou um odontólogo:​


• Urbana: 10%​
• Rural: 20%

Consultou dentista no último ano:​


• Urbana: 41,1%​
• Rural: 30%

A defasagem rural-urbana envol- As diferenças quanto às taxas de


ve também situações de saúde. A vacinação, ao acesso à água em pa-
mortalidade infantil, indicador clássi- drões considerados adequados para
co de saúde coletiva, tem seus piores consumo e às taxas de amamentação
valores na Região Nordeste do país, por exemplo, também variam consi-
onde quase metade da população ru- deravelmente entre as regiões e entre
ral brasileira se encontra. as zonas urbanas e rurais.

FLUXOGRAMA - SAÚDE E DEFASAGEM RURAL-URBANA

Mortalidade infantil Doenças crônicas

Rural recebe menor


30% maior na zona rural
diagnóstico de DM

Menos acesso a ações simples


diagnósticas como aferir
PA e glicemia capilar​

Menos acesso a avaliação e


tratamento de complicações​
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A prática da medicina rural O trabalho das populações rurais fre-


quentemente está relacionado a ex-
A prática do cuidado à saúde e o
posições climáticas, físicas, químicas,
próprio sistema de saúde apresen-
orgânicas, além do risco de operações
tam características diferentes em
com máquinas específicas, como ser-
áreas rurais. Pode-se constatar que
ras, tratores, etc.
alguns problemas de saúde e fato-
res de risco se encontram mais fre- O fato de o trabalho ser muitas ve-
quentemente em zonas rurais do que zes realizado próximo ou mesmo no
em urbanas, como as intoxicações próprio local de moradia também está
agudas, subagudas e crônicas por relacionado a riscos. O trabalho dos
agrotóxicos, acidentes com animais profissionais de saúde também
peçonhentos e plantas tóxicas e aci- apresenta, tecnicamente, caracte-
dentes decorrentes de certos riscos rísticas distintas.
ocupacionais. Entre elas é possível destacar o relati-
vo isolamento em relação a outros co-
legas, o que exige o desenvolvimento
de certas habilidades, como:

FLUXOGRAMA 13. MEDICINA RURAL: HABILIDADES EXIGIDAS

Interpretação de exames sem


laudos de especialistas​

Realização de procedimentos
que seriam referenciados

Manejo inicial de urgências e emergências

Ampliação da escala de habilidades médicas,


comunicação e abordagem familiar

Competência cultural
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População ribeirinha
CONCEITO! A literatura define o ribeirinho
Tradicionalmente, as comunidades com base em sua forma de trabalho, es-
ribeirinhas são compostas de vários sencialmente extrativista e/ou agrícola, cen-
agrupamentos familiares, em casas trada na produção familiar. No sentido ge-
nérico, o termo ribeirinho designa qualquer
de madeiras, adaptadas ao sistema população que vive às margens dos rios.
de cheias e vazantes dos rios, disper-
sas ao longo de um percurso fluvial.
Vivem, em sua maioria, à beira de rios, As habitações ribeirinhas seguem
igarapés, igapós e lagos, estando iso- padrões específicos. As de várzea
lados, com pouco ou restrito acesso alta são do tipo “palafitas”, construí-
às mídias escrita e falada. das em solo, com assoalhos suspen-
sos. Já as de várzea baixa são do tipo
flutuante, permitindo acompanhar a
mudança do nível fluvial.

Figura 2. Exemplos de habitação de várzea alta e de habitação de várzea baixa. Fonte: GUSSO, Gustavo; LOPES, JosÉ Mauro
Ceratti. MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE: princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed Editora Ltda, 2012
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As de terra firme seguem caracterís- desenvolvidas nessas localidades,


ticas mais urbanas, dispostas umas sobretudo quando associado à dis-
próximas das outras, em ruas e/ou persão e ao isolamento geográfi-
vielas definidas. O transporte nas co- co. A base da alimentação ribeirinha
munidades ribeirinhas é todo feito por é composta por farinha e peixe, além
via fluvial, em embarcações sem mo- de frutas da floresta, carne de caça,
tor (canoas) ou com motores (rabetas produtos da roça (feijão, milho, ma-
e voadeiras), sendo as distâncias cal- caxeira/mandioca, jerimum/abóbora,
culadas em horas/dias. entre outros) e alguns produtos in-
Esse é um fator importante para o dustrializados (sobretudo óleo, café,
planejamento das ações de saúde açúcar e macarrão).

FLUXOGRAMA - ESCOLARIDADE E CONDIÇÕES


SANITÁRIAS DAS POPULAÇÕES RIBEIRINHAS

Alto índice de Escolas até ensino


Escolaridade
analfabetismo​ fundamental​

Ausência de
Condições sanitárias Dejetos depositados Doenças diarreicas
abastecimento
muito precárias próximos as casas  e parasitárias​
de água

Cultura da população ribeirinha conhecimento tradicional, portanto, é


fruto do trabalho e das descobertas
A construção do saber tradicional
do grupo, o que justifica sua riqueza
possui inúmeras peculiaridades,
e diversidade.
sendo construído na vivência dos
indivíduos, nas relações pessoais, A floresta, com seus recursos natu-
sociais e com o meio ambiente. rais, representa o lugar de moradia,
de onde se obtém alimento e de onde
Nas comunidades ribeirinhas, esse
vieram os antepassados, na qual co-
conhecimento é transmitido oral-
existem forças do bem e do mal. A
mente, sendo passado no dia a dia
ação do ribeirinho na transformação
e perpetuado nas novas gerações. O
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 20

da natureza ocorre por meio de dife- formas de apropriação e de uso dos


rentes representações (míticas, eco- recursos naturais.
nômicas, religiosas) que explicam as

SAIBA MAIS!
Para os ribeirinhos, existem, também, aqueles que possuem um saber especializado, como
os pajés (curandeiros), os rezadores (benzedeiros) e as parteiras, representantes legítimos
da cultura e identidade ribeirinha, por meio de suas práticas mágico-religiosas, responsáveis
pela resolução dos problemas corriqueiros de saúde, atuando como verdadeiros “terapeutas”
locais.

FLUXOGRAMA - CULTURA DA POPULAÇÃO RIBEIRINHA

Saber tradicional: vivência


relacionada ao meio ambiente​

Saber especializado: pajés, curandeiros,


rezadores, benzedeiras, parteiras

Solução de problemas de forma mística-misteriosa

Uso de plantas medicinais

SE LIGA! Nas populações ribeirinhas, ainda mais do que nos centros urbanos, o nível primá-
rio de atenção à saúde é, por vezes, a única porta de entrada ao sistema de saúde, incluindo
situações de urgência e de emergência. Nesse sentido, a qualificação e a valorização da figura
do agente comunitário de saúde rural, para atuar nas mais diversas situações - visto que é
o primeiro contato da comunidade com o serviço de saúde local - deve ser levada em consi-
deração, assim como a disponibilidade de transporte fluvial adequado, como o uso de canoa,
rabeta ou voadeira.
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 21

Política nacional de saúde depende de todos nós, do governo e


das populações do campo e da sociedade civil.
da floresta (PNSIPCF) O grande desafio é materializar esses
A Política Nacional de Saúde Inte- propósitos, concentrando os esforços
gral das Populações do Campo e da das três esferas de governo e da so-
Floresta (PNSIPCF), é instituída pela ciedade civil na promoção, na aten-
Portaria n° 2.866, de 2 de dezembro ção e no cuidado em saúde, priori-
de 2011, e pactuada pela Comissão zando a redução das desigualdades
de Intergestores Tripartite (CIT), con- de acesso às ações e aos serviços
forme Resolução n° 3, do dia 6 de de- do SUS para essas populações.
zembro de 2011, que orienta o seu
Plano Operativo.
4. MEDICINA PRISIONAL
A PNSIPCF tem como objetivo me-
lhorar o nível de saúde das popu- O perfil demográfico da população
lações do campo e da floresta, por prisional brasileira é o reflexo da
meio de ações e iniciativas que re- marginalização histórica da rela-
conheçam as especificidades de ção cidadão versus Estado, da falta
gênero, de geração, de raça/cor, de de políticas públicas inclusivas, da
etnia e de orientação sexual, obje- baixa escolaridade, da pouca pers-
tivando o acesso aos serviços de pectiva de futuro e da cultura da
saúde; a redução de riscos à saúde violência.
decorrentes dos processos de tra- A iniquidade no acesso às políticas
balho e das inovações tecnológicas públicas é uma problemática que po-
agrícolas; e a melhoria dos indica- tencializa as vulnerabilidades que,
dores de saúde e da sua qualidade somada à visão punitivista, ressalta a
de vida. relação de poder do Estado na domi-
A política é composta por objetivos, nação dos corpos dos apenados que
diretrizes e estratégias que exigem estão sob a sua responsabilidade.
responsabilidades da gestão volta- Nessa visão foucaultiana, entende-se
das para a melhoria das condições de que essas instituições totais foram
saúde desse grupo populacional. criadas para serem verdadeiros “de-
É uma política transversal, que prevê pósito de humanos” de pessoas es-
ações compartilhadas entre as três tigmatizadas e segregadas dos bens
esferas de governo cuja articulação e serviços públicos, assim como do
às demais políticas do Ministério da convívio social, ampliando-se a puni-
Saúde é imprescindível. Sua imple- ção para além da pena aplicada pelo
mentação nos estados e municípios poder judiciário.
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 22

SAIBA MAIS!
A Lei 7.210/1984, que trata da Lei de Execução Penal – LEP garante ao indivíduo sob custó-
dia do Estado os seus direitos fundamentais, ainda neste sentido, a Constituição Federal de
19884 oferece uma gama de direitos por meio de ações e de serviços públicos para todos os
brasileiros ou estrangeiros em território brasileiro, de tal forma que, não são excludentes as
pessoas em situação de privação de liberdade.
Contudo, por inúmeros fatores, socioculturais, financeiros, de organização das estruturas pú-
blicas nos territórios, entre outros, estas pessoas são “timidamente visualizadas” pelas polí-
ticas públicas brasileiras, sobretudo a de saúde, de tal forma que órgãos responsáveis pela
execução penal nos estados (Secretarias de Justiça, Cidadania, Administração Penitenciárias,
segurança pública) no decorrer dos anos se organizaram de maneira a ofertar serviços de
saúde desvinculados do SUS, dos territórios e da sistemática preconizada pelas diretrizes
atuais.

FLUXOGRAMA - MEDICINA PRISIONAL

• Ambiente prisional precário e insalubre ​


Realidade prisional • Estruturas arquitetônicas inadequadas  ​
• Celas superlotadas ​

Condições propícias a
• Má-alimentação​
proliferação de epidemias
• Sedentarismo 
e ao desenvolvimento
• Falta de higiene
de patologias e psicopatias​

Demografia 2.228.424, China, com 1.657.812, e


Rússia, com 673.8188.
A série histórica do encarceramento
nos mostra que em 24 anos a popu- Quanto ao encarceramento feminino,
lação privada de liberdade cresceu importante destacar que o Brasil cai
575%, saltando de aproximadamen- para o quinto lugar, porém a popula-
te 90 mil presos no início da década ção absoluta de mulheres encarcera-
de 90, para mais de 607.731 presos das no sistema penitenciário cresceu
em 2014, fazendo do Brasil o quar- 567% entre os anos 2000 e 2014,
to maior país que encarcera no mun- com aproximadamente 37.380 mu-
do, atrás dos Estados Unidos, com lheres (6,4% da população prisional),
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 23

enquanto o crescimento masculino aos estados do MS, SP, DF, AC, RO,
foi de 220% no mesmo período. ES e AP. Já o estado do Maranhão tem
A taxa de encarceramento (popula- a menor taxa de ocupação, 121%,
ção prisional para cada 100.000 ha- apresentando também a menor taxa
bitantes) é de 698 nos Estados Uni- de pessoas privadas de liberdade
dos, 119 na China, 468 na Rússia e para cada 100 mil habitantes.
de 300 no Brasil. Quando observa- A superlotação, observada nas
mos a taxa de pessoas privadas de análises sobre a taxa de pessoas
liberdade por Unidade da Federação, privadas de liberdade e a taxa de
essa taxa é maior nos estados do ocupação se torna ainda mais dra-
Mato Grosso do Sul, São Paulo e Dis- mática quando contrastamos com
trito Federal e as menores no Mara- o indicador de pessoas privadas de
nhão, Piauí e Bahia. liberdade sem condenação, ou seja,
A taxa nacional de ocupação é de a porcentagem de presos provisó-
161%, o estado de Pernambuco a rios, que chega a 41% em todo o
lidera com 265%, porém a taxa de Brasil.
pessoas presas é menor comparado

Figura 3. Faixa etária das pessoas privadas de liberdade no Brasil. Fonte: Levantamento Nacional de Informações
Penitenciárias - Infopen, Junho/2016.
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 24

Figura 4. Etnia/cor das pessoas privadas ​de liberdade e da população. Fonte: Levantamento


Nacional de Informações Penitenciárias - Infopen, Junho/2017 e PNAD Contínua 2017.

Saúde na prisão instituições totais como, por exemplo,


os manicômios. Com o aparecimento
Sabe-se que historicamente as ações
da Aids no Brasil, na década de 80,
de saúde no sistema prisional co-
alguns profissionais de saúde, prin-
meçaram com as entidades religio-
cipalmente os médicos sensíveis ao
sas, assim como ocorreu com outras
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 25

desespero que se instalou no cárcere, e o SUS, dando alguma visibilidade à


iniciaram ações de prevenção da saú- população custodiada no âmbito da
de e tratamento desse agravo. política nacional de saúde.
Alguns anos se passaram até que em No Brasil, encontram-se qualifica-
9 de setembro de 2003 foi instituído dos ao PNSSP, 100% dos estados
o Plano Nacional de Saúde no Sis- e o Distrito Federal, o que represen-
tema Penitenciário (PNSSP), por ta 271 equipes de saúde no sistema
meio da Portaria Interministerial nº penitenciário, habilitadas e ativas,
1.777, dos Ministérios da Saúde e da em 239 unidades básicas de saúde
Justiça. Plano responsável por tornar prisional em penitenciárias, em 154
mais congruentes a legislação penal municípios.

FLUXOGRAMA - HISTÓRICO DA SAÚDE NA PRISÃO

Setembro de 2003
Entidades religiosas
Plano nacional de saúde
Ínicio
no sistema penitenciário

Janeiro de 2014
Política nacional para
Década de 80
atenção integral à saúde da
Aparecimento da AIDS
pessoa privada de saúde no
Sistema prisional (PNAISP)​

Com o processo de redesenho do da Pessoa Privada de Liberdade no


PNSSP, ocorrido de 2011 a 2014, foi Sistema Prisional (PNAISP), no âm-
publicada uma nova Portaria Intermi- bito do Sistema Único de Saúde (SUS),
nisterial de nº 01, de 2 de janeiro de cujo objetivo é garantir o acesso efeti-
2014, que instituiu a Política Nacio- vo e sistemático da população que se
nal para Atenção Integral à Saúde encontra sob custódia do Estado às
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 26

ações e aos serviços de Saúde, com condenados em penitenciárias esta-


a mobilização de recursos financeiros duais e federais.
mais significativos, bem como a alo- Uma questão que merece destaque e
cação de estratégias de gestão e for- preocupação sanitária diz respeito ao
talecimento de capacidades locais. baixo número de consultas médi-
Com essa nova política toda uni- cas. Assim como ocorre nos municí-
dade prisional habilitada pelo SUS pios pequenos do interior e nas áreas
passará a ser ponto de atenção da destinadas às populações específicas
Rede de Atenção à Saúde, ofertan- como indígenas e ribeirinhas, no sis-
do ações de atenção básica para tema prisional também há um enorme
toda população privada de liber- déficit de médicos, em grande parte
dade em todo o itinerário carcerá- devido ao estigma relacionado à po-
rio, que vai desde presos provisórios pulação prisional, aos baixos salários
em delegacias de polícia e centros e às condições de trabalho.
de detenção provisória até presos
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 27

FLUXOGRAMA - SAÚDE NA PRISÃO

Busca de casos novos

Busca de casos novos

Tratamento

Controle da
tuberculose
Controle dos
comunicantes​
Rastreio ​
SAÚDE Controle de
Tratamento Hanseníase​
NA PRISÃO HAS e DM
Adoção de hábitos
saudáveis ​
Busca ativa​

Saúde bucal Saúde da mulher

Pré-natal

Diagnóstico e controle de
câncer cérvico-uterino e mama
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 28

Essa política atende aos princípios de agravos e tratamento por meio


basilares do SUS de universali- da Atenção Primária em Saúde, de-
zação do acesso, integralidade monstrando também que a transver-
da atenção e equidade em saúde, salidade das políticas públicas para o
apresentando a unidade prisional, sistema prisional é a única forma de
como ponto de atenção da Rede de corrigir o histórico de abandono sani-
Atenção à Saúde, ofertando ações tário vivido pelo Sistema Prisional.
de promoção da saúde, prevenção
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 29

FLUXOGRAMA - PRINCIPAIS AGRAVOS

HIV/AIDS
Hepatites virais
Atendimento antirrábico humano
Hanseníase ​
 Rastreamento com radiografia Síndrome do corrimento uretral
de tórax, mas se sintomático, masculino
faz o exame do escarro Violências
Leptospirose​ ​

Esforços na melhoria
das ​condições que
favorecem a transmissão Prevalência de 75%​
PRINCIPAIS
TUBERCULOSE Tabagismo 
AGRAVOS
Permissão de fumar
Difícil investigação em local fechado​
de contatos​

Comportamentos
Simulação
Incidência: 1106/100 mil disruptivos​
habitantes​ 23x mais que a
população geral (48/100 mil)
Alucinações e crises
Autolesão ​
convulsivas​ ​
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 30

MAPA RESUMO: POPULAÇÕES VULNERÁVEIS

Exige habilidades e recursos diversos além


Pessoas e/ou comunidades que estão numa situação de
de imprimir às características da atenção
fragilidade, seja por motivos sociais, econômicos ou ambientais e por
primária à saúde peculiaridades próprias
isso estão mais vulneráveis ao que possa advir dessa exposição

15% da população brasileira


habita áreas consideradas rurais
DEFINIÇÃO

Defasagem Rural-Urbana

Relação com os determinantes sociais em


saúde: fatores sociais, econômicos, culturais, Apesar de aproximadamente
POPULAÇÕES ZONA RURAL/ metade da população mundial habitar
étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais
VULNERÁVEIS RIBEIRINHA zonas rurais, somente 24% dos
que influenciam a ocorrência de problemas de
saúde e seus fatores de risco na população​ médicos trabalham nessas áreas

Comunidades ribeirinhas são


compostas de vários agrupamentos
POPULAÇÃO familiares, em casas de madeiras, adaptadas
FAVELA
PRISIONAL ao sistema de cheias e vazantes dos rios,
dispersas ao longo de um percurso fluvial
Maior risco de asma, broncopneumonia, Brasil o quarto maior país
doenças infecciosas, tuberculose e que encarcera no mundo
Em 2011, foi criada a Política Nacional
doenças sexualmente transmissíveis de Saúde Integral das Populações do
Principais agravos: Campo e da Floresta (PNSIPCF))
tabagismo, tuberculose e
A ausência de calçadas e de comportamentos disruptivos
pavimentação nas ruas
Criada em 2014, a Política Nacional para Atenção Integral à Saúde
da Pessoa Privada de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP)
Moradias de poucos cômodos, onde o
grupamento familiar se distribui privilegiando Superlotação, déficit de médicos, baixo
contatos físicos e pouco ventiladas número de consultas médicas e estigma social
POPULAÇÕES VULNERÁVEIS 31

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
ARANHA, S. C., et al. Condições ambientais como fator de risco para doenças em comuni-
dade carente na zona sul de São Paulo. Revista APS, v.9, n.1, p. 20-28, jan./jun. 2006
BUSS, P. M.; FILHO A. P. A Saúde e seus Determinantes Sociais. Rev. Saúde Coletiva, Rio de
Janeiro, 17(1):77-93, 2007
GONÇALVES, Helen; TOMASI, Elaine; TOVO-RODRIGUES, Luciana; BIELEMANN, Renata
Moraes; MACHADO, Adriana Kramer Fiala; RUIVO, Ana Carolina Oliveira; BORTOLOTTO,
Caroline Cardozo; JAEGER, Gustavo Pêgas; XAVIER, Mariana Otero; FERNANDES, Mayra
Pacheco. Population-based study in a rural area. Revista de Saúde Pública, [s.l.], v. 52, p.
1-12, 6 set. 2018
GUSSO, Gustavo; LOPES, JosÉ Mauro Ceratti.  MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE:
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MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e
da Floresta. 1ª edição. Brasília – DF, 2013
Soares, M M e Bueno, P M M G. Demografia, vulnerabilidades e direito à saúde da população
prisional brasileira. Ciência & Saúde Coletiva. v. 21, n. 7. 2016
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