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TEORIA GERAL DA EMPRESA........................................................................................................ 17
1. FONTES DO DIREITO EMPRESARIAL .................................................................................... 17
1.1. PRIMÁRIAS ......................................................................................................................... 17
1.1.1. Constituição Federal .................................................................................................... 17
1.1.2. Código Civil .................................................................................................................. 17
1.1.3. Código Comercial......................................................................................................... 17
1.1.4. Leis Extravagantes ...................................................................................................... 17
1.1.5. Tratados internacionais................................................................................................ 17
1.2. SECUNDÁRIAS................................................................................................................... 17
1.2.1. Costumes ..................................................................................................................... 17
1.2.2. Princípios Gerais do Direito ......................................................................................... 18
1.2.3. Doutrina ........................................................................................................................ 18
1.2.4. Jurisprudência .............................................................................................................. 18
2. CARACTERÍSTICAS .................................................................................................................. 18
2.1. COSMOPOLITISMO ........................................................................................................... 18
2.2. FRAGMENTÁRIO ............................................................................................................... 18
2.3. INFORMALISMO OU SIMPLICIDADE ............................................................................... 19
2.4. ELASTICIDADE................................................................................................................... 19
2.5. ONEROSIDADE .................................................................................................................. 19
3. PRINCÍPIOS ............................................................................................................................... 19
3.1. LIVRE INICIATIVA .............................................................................................................. 19
3.2. FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA ...................................................................................... 20
3.3. LIBERDADE DE COMPETIÇÃO ........................................................................................ 20
3.4. LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO ......................................................................................... 20
3.5. MAXIMIZAÇÃO DOS ATIVOS DO FALIDO ....................................................................... 20
3.6. PRESERVAÇÃO DA EMPRESA ........................................................................................ 21
3.7. AUTONOMIA DA VONTADE .............................................................................................. 21
3.8. CAMBIÁRIOS ...................................................................................................................... 21
4. TEORIA DOS ATOS DE COMERCIO (francesa) ...................................................................... 22
4.1. HISTÓRICO......................................................................................................................... 22
4.2. DEFINIÇÃO DO “COMERCIANTE”: ATOS DE COMÉRCIO ............................................. 22
4.3. REVOGAÇÃO DO CÓDIGO COMERCIAL DE 1850 ......................................................... 24
5. TEORIA DA EMPRESA (italiana)............................................................................................... 24
6. EMPRESA E EMPRESÁRIO ..................................................................................................... 26
Aqui, para fins didáticos, utilizamos a classificação proposta por Ricardo Negrão
1.1. PRIMÁRIAS
O Direito Empresarial deve ser interpretado à luz da CF, sempre. Há vários princípios na
parte da Ordem Econômica.
Em seus arts. 966 a 1.195 trata do Direito de Empresa, são as normas que conceituam
empresário, estabelecem requisitos para o exercício do direito de empresa individualmente, regem
as sociedades empresárias, etc.
Como exemplo, citam-se a Lei de Falência, a Lei das Duplicadas, a Lei do Cheque, dentre
outras.
Segundo André Santa Cruz, os tratados internacionais são uma fonte primária de suma
importância, a exemplo da Convenção da União de Paris e os Acordos TRIPS, que orientam a
nossa Lei de Propriedade Industrial, bem como a Lei Uniforme de Genebra
1.2. SECUNDÁRIAS
1.2.1. Costumes
Devem ser uniformes, constantes, utilizados de acordo com a boa-fé. Além disso, devem
observar a lei e a boa-fé, podem estar assentados na Junta Comercial.
Segundo Aroldo Malheiros, é necessário seguir uma ordem de preferência, prevista no art.
4º da LINDC.
Obs.: Tartuce afirma que, na atual ordem jurídica, não se aplica, pois, os princípios seriam
a última hipótese.
1.2.3. Doutrina
Segundo Juan Vasques, apesar de ser considerada por parcela de autores, não é fonte
secundária.
1.2.4. Jurisprudência
CESPE - DPE/ES - Questão: Cabe à junta comercial, de ofício ou por provocação da sua procuradoria ou
de entidade de classe, reunir ou assentar em livro próprio os usos e práticas decorrentes (costumes) em
sua jurisdição? Correto!
2. CARACTERÍSTICAS
2.1. COSMOPOLITISMO
2.2. FRAGMENTÁRIO
Segue a dinâmica das relações empresarias, que afastam o caráter formal, presente no
Direito Civil.
2.4. ELASTICIDADE
O Direito Empresarial sofre constantes mudanças, muitas vezes não conseguem ser
acompanhadas pela lei.
2.5. ONEROSIDADE
3. PRINCÍPIOS
Livre
Iniciativa
Liberdade
Autonomia
de
da Vontade
Competição
Função
Social da Princípios Cambiários
Empresa
Liberdade Preservaçã
de o da
Associação Empresa
Maximizaçã
o dos ativos
do Falido
Art. 116, Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o
fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social,
e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da
empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua,
cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender.
Salienta-se que empresa não deve apenas atender os interesses individuais do empresário
individual, a EIRELI ou dos sócios da sociedade empresária, mas também os interesses difusos e
coletivos de todos aqueles que são afetados pelo exercício dela (trabalhadores, contribuintes,
vizinhos, concorrentes, consumidores), conforme ensina André Santa Cruz.
Previsto no art. 75 e 117 da Lei de Falências. Além disso, ampara o art. 141, II.
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser
cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o
aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e
preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
§ 1o O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até
90 (noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para
que, dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato.
§ 2o A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao
contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo
ordinário, constituirá crédito quirografário.
Tem sido amplamente difundido, seja pela legislação (a exemplo da Lei de Falências) seja
fundamentando inúmeras decisões judiciais em matéria de dissolução de sociedades, de
falências, de recuperação judicial.
3.8. CAMBIÁRIOS
4.1. HISTÓRICO
Fases do Direito
Empresarial
c) Parte III - “Das quebras” → revogado pelo decreto lei 7.666/45 → revogado pela
11.101/05 Lei de Falências
Agora temos:
• Empresário individual (pessoa física).
• Sociedade empresária (pessoa jurídica).
Aqui fazemos uma análise subjetiva, ou seja, uma análise da estrutura.
Com a entrada em vigor do CC/2002 foi revogada expressamente a Parte I (somente ela)
do Código Comercial, abandonando a Teoria Francesa dos Atos de Comércio e passando a
adotar a chamada TEORIA DA EMPRESA. Essa teoria surgiu na Itália fascista de Mussolini, em
meados de 1942, tendo como objetivo o alargamento do âmbito de incidência do Direito
Comercial. O corporativismo fascista se contraponha a ideia de um código de comércio autônomo
e de um regime jurídico especial das relações travadas pelos agentes econômicos. Caráter
ideológico + natureza político-econômica advindas da experiência fascista.
Fala-se agora em empresário, sendo este o que exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços.
Santa Cruz: o direito comercial não se limita a regular apenas as relações jurídicas em
que ocorra a prática de um determinado ato definido em lei como ato de comércio. A Teoria da
Empresa faz com que o direito comercial não se ocupe apenas com alguns atos, mas com uma
forma específica de exercer uma atividade econômica: a forma empresarial.
TJ/MG: Com a vigência do CC/02, à luz do art. 966, é correto afirmar que o Direito brasileiro concluiu a
transição para a: Teoria da empresa, de matriz italiana
Brasil CC/02: Busca de uma unificação, ainda que apenas formal do direito privado.
PARA MEMORIZAR!
6. EMPRESA E EMPRESÁRIO
6.1. EMPRESÁRIO
EMPRESÁRIO
PESSOA PESSOA
JURÍDICA FÍSICA
SOCIEDADE EMPRESÁRIO
EIRELI
EMPRESÁRIA INDIVIDUAL
1) “Profissionalismo”
2) “Atividade”
3) “Econômica”
4) “Organizada”
Fábio Ulhôa Coelho: organização é a reunião dos 4 fatores de produção. Sendo eles:
• Mão de obra;
• Matéria prima;
• Capital;
• Tecnologia.
Dica: “mamacate”
Na ausência de um deles, não se fala mais em organização. Exemplo: mão de obra.
Se não tem mão de obra contratada (CLT, regime autônomo...) não se tem organização, e
não tendo organização não pode ser considerado empresário. Este contexto se aplica tanto para o
empresário individual como para a sociedade empresária.
Exemplo1: pessoa que vende trufas, faz, embrulha etc. Não tem mão de obra contratada,
sendo assim não pode ser considerada empresária.
Exemplo2: dois irmãos, bar, cada um fica um dia. Não há sociedade empresária, pois não
há mão de obra contratada.
Hoje, em face da automação (em virtude do avanço tecnológico), entende-se não ser
imprescindível a mão de obra.
Produção e Reunião
circulação dos fatores
Empresário
de bens ou de
serviços produção
OBS: O conceito de empresário aplica-se tanto para o empresário individual quanto para a
sociedade empresária, haja vista o conceito legal de sociedade empresária contido no art. 982 do
CC, in verbis:
NÃO É
EMPRESÁRIO
PESSOA
PESSOA FÍSICA
JURÍDICA
PROFISSIONAL
SOCIEDADE
EIRELI LIBERAL
SIMPLES
(AUTONOMO)
Art. 966 CC: Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o
concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa.
a) “Profissão intelectual”
Caso a profissão intelectual se torne apenas um dos vários elementos que formam uma
empresa, haverá uma sociedade empresária. Em outras palavras: a atividade intelectual leva o
seu titular a ser considerado empresário se ela estiver integrada em um objeto mais complexo,
próprio da atividade empresarial.
III JDC En.195 - Art. 966: A expressão “elemento de empresa” demanda
interpretação econômica, devendo ser analisada sob a égide da absorção
da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um
dos fatores da organização empresarial.
Exemplo1: a clínica, para atender melhor os pacientes, terá uma cafeteria e lanchonete. A
clínica tem uma UTI (serviço de hospedagem). Agora tem uma sala de cirurgia tão moderna que
todos os médicos da região alugam para realizar procedimentos. Os médicos são meros
elementos dentro de um grande complexo empresarial, deixou de ser uma atividade científica,
literária ou artística pura para ser um elemento de empresa. Podemos afirmar por isso, que
hospital é uma sociedade empresária.
Exemplo2: Veterinário com clínica. Se eu começo a vender ração de cachorro, brinquedo
para cachorro etc.? A clínica passa a ser uma sociedade, pois a minha atividade intelectual
(veterinário) passa a ser só mais um dos elementos da empresa.
Santa Cruz: quando o prestador de serviços profissionais se ‘impessoaliza’, e os serviços
até então pessoalmente prestados, passam a ser oferecidos pela organização empresarial,
perante a qual se torna um mero organizador, será considerado empresário.
Dois médicos resolvem abrir uma clínica de ortopedia chamada “Só ossos”, contrataram
uma secretária, faxineira e empregada. É sociedade empresária? NÃO. “Ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores” art. 966 § único CC, salvo se, o exercício da profissão constituir
elemento de empresa.
CESPE TJ/PI: é considerada empresária a pessoa que, exercendo profissão intelectual de natureza
artística, contrate empregados para auxiliá-la no trabalho. Errada! Ainda que tenha colaboradores e
auxiliares, não será considerado empresário.
Sociedade de advogados
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as
espécies de sociedades de advogados que apresentem forma ou
características de sociedade empresária, que adotem denominação de
fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como
sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita
como advogado ou totalmente proibida de advogar. (Redação dada pela
Lei nº 13.247, de 2016)
Por força do art. 971 do CC, o registro para o rural é facultativo. Contudo, apenas, após a
inscrição, será considerado empresário.
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão,
pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus
parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis
da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para
todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Sociedade cooperativa
Por disposição legal expressa (art. 982, parágrafo único), é considerada sociedade
simples, portanto, excluída, do conceito de empresário.
6.2. EMPRESA
7. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
7.1. CONCEITO
É a pessoa natural (pessoa física), que individualmente, de forma profissional exerce uma
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.
7.2. REQUISITOS
Conforme o art. 972 do CC, dois são os requisitos: 1) pleno gozo da capacidade civil; 2)
ausência de impedimento legal.
Não pode ser empresário o menor de 18 anos não emancipado, ébrios habituais, viciados
em tóxicos, deficientes mentais, excepcionais, pródigos e, nos termos da legislação própria, os
índios.
Ressalte-se que o menor emancipado tem plena capacidade civil, logo é apto para o
exercício de empresa.
Art. 974. Poderá o INCAPAZ, por meio de representante ou devidamente
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por
seus pais ou pelo autor de herança.
Menor NÃO emancipado: Iniciar a atividade, ele não pode. No entanto, ele pode continuar
uma empresa (atividade), antes exercida por seus pais ou por autor de herança da qual é
sucessor. É uma regra de preservação da empresa.
Incapacidade civil superveniente: Aquele a quem sobreveio incapacidade também é
permitida a continuidade do exercício empresarial.
Essas regras excepcionais estão previstas no art. 974 do CC, que apresenta dois
requisitos para a continuidade da empresa:
• Assistência ou representação (a depender do grau de incapacidade);
• Autorização judicial (realizada pelo chamado alvará judicial). A qualquer tempo
o juiz poderá revogar a autorização.
Art. 974. Poderá o incapaz, por MEIO DE REPRESENTANTE ou
DEVIDAMENTE ASSISTIDO, continuar a empresa antes exercida por ele
enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§1º Nos casos deste artigo, PRECEDERÁ AUTORIZAÇÃO JUDICIAL,
após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da
conveniência em continuá-la podendo a autorização ser revogada pelo juiz,
ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito,
sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.
RELEMBRANDO
TJ/PI: O menor com dezesseis anos de idade que não seja emancipado somente poderá dar início a
empresa mediante autorização do juiz. ERRADO! Com 16 anos de idade, mesmo que não esteja
emancipado, pode dar início a atividade empresarial, sendo desnecessária a autorização do juiz. A
constituição da empresa dará ao menor a sua emancipação.
Ou seja, os bens que o incapaz já possuía não respondem pelas dívidas empresariais,
desde que tais bens fiquem consignados no alvará de autorização. Este artigo traz um
patrimônio de afetação.
FCC TJ/GO: Thiago, titular de uma empresa individual do ramo de padaria, veio ser interditado
judicialmente e declarado absolutamente incapaz para os atos da vida civil por conta de uma doença mental
que lhe sobreveio. A Thiago, nesse caso, é permitido continuar a empresa por meio de representante,
mediante prévia autorização judicial, que poderá ser revogada, também judicialmente, sem prejuízo dos
direitos de terceiros.
O menor não poderá iniciar como empresário individual. Contudo, poderá iniciar como
sócio de uma sociedade, a exemplo de uma sociedade limitada, desde que preenchidos os
requisitos do §3º do art. 974 do CC.
§ 3o O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas
Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de
sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma
conjunta, os seguintes pressupostos: (Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;
(Incluído pela Lei nº 12.399, de 2011)
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; (Incluído pela Lei nº
12.399, de 2011)
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente
incapaz deve ser representado por seus representantes legais. (Incluído
pela Lei nº 12.399, de 2011)
• Magistrados;
• Empresários falidos;
• Leiloeiros;
• Despachantes aduaneiros;
• Pessoas condenadas à pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos
públicos;
Vejamos:
Assim, o membro do MP, por exemplo, poderá ter franquia da Cacau Show, desde que
seja sócio.
Art. 46. Além das proibições decorrentes do exercício de cargo público, aos
membros da Defensoria Pública da União é vedado
IV - Exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como
cotista ou acionista
Art. 91. Além das proibições decorrentes do exercício de cargo público, aos
membros da Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios é
vedado:
IV - Exercer o comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como
cotista ou acionista;
4) Empresários falidos, enquanto não forem reabilitados (Lei de Falências, art. 102);
LF, Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade
empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue
suas obrigações, respeitado o disposto no § 1o do art. 181 desta Lei.
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao
juiz da falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.
6) Pessoas condenadas à pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos
públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão,
peculato ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as
normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a
propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação;
8) Servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias Militares (Código
Penal Militar, arts. 180 e 204 e Decreto-Lei nº 1.029/69; arts 29 e 35 da lei nº 6.880/80),
neste caso, também poderão integrar sociedade empresário, na qualidade de cotista
ou acionista, sendo obstada a função de administrador;
Conforme bem observa Ricardo Negrão, a lei não inclui alguns outros agentes políticos,
como o Presidente da República, ministros de Estado, secretários de Estado e prefeitos
municipais, no âmbito do Poder Executivo, mas menciona as mesmas restrições dos senadores e
deputados federais aos deputados estaduais e vereadores (art.29, IX, da Constituição Federal).
Ademais, o prestigiado autor também afirma que por se tratar de norma de caráter
restritivo, não há como estender a relação para englobar esses outros agentes políticos, quando a
lei, podendo fazê-lo, não o fez.
A esses membros do Executivo a lei não restringiu o exercício da atividade empresarial, e,
assim, não cabe ao intérprete incluí-los na proibição, sob pena de estabelecer privação de direito
não prevista em lei. Observa-se, contudo, que seus atos de administração deverão pautar-se
pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e demais regras previstas
no art. 37 da Constituição Federal. Ao contratar, portanto, aplica-se-lhe as mesmas restrições do
art. 54, II, da Constituição Federal.
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
II - Desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de
favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela
exercer função remunerada;
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis "ad nutum", nas
entidades referidas no inciso I, "a";
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que
se refere o inciso I, "a";
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo
10) Estrangeiro (com visto permanente), para o exercício das seguintes atividades:
pesquisa ou lavra de recursos minerais ou de aproveitamento dos potenciais de
energia hidráulica; atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens,
com recursos oriundos do exterior; atividade ligada, direta ou indiretamente, à
assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei; serem proprietários ou
armadores de embarcação nacional, inclusive nos serviços de navegação fluvial e
lacustre, exceto embarcação de pesca; serem proprietários ou exploradores de
aeronave brasileira ressalvada o disposto na legislação específica.
Numa grande indústria automobilística, por exemplo, empresários não são os metalúrgicos
responsáveis por operar as imensas prensas ou soldas, e assim produzir os carros. Empresário é
a pessoa física ou jurídica que os contratou, que adquiriu as máquinas e os insumos, que
escolheu a tecnologia utilizada e que é, portanto, quem organiza a atividade humana da produção
dos veículos.
SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Imagine que João da Silva, empresário individual, possui um posto
de gasolina. Sem sombra de dúvidas, o posto possui bens (bomba de gasolina,
equipamentos, maquinários, imóvel em que se localiza), destinados à sua atividade.
Igualmente, João da Silva possui bens particulares, a exemplo de imóveis, veículos, ações,
ouro. Diante da crise, o posto de gasolina não consegue pagar as dívidas no prazo que foi
contratado. O credor poderá pegar os bens destinados ao posto de gasolina. Contudo, não
sendo suficientes para saldar a dívida, o credor poderá requerer que a cobrança recaia sobre
os bens particulares de João da Silva, tendo em vista que sua responsabilidade é ilimitada.
A ordem de preferência, primeiro os bens do posto depois bens de João da Silva, não está
prevista no CC. Mas podemos utilizar o En. 5 da Primeira Jornada de Direito Comercia (IJDCom).
CC Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados
por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Este entendimento deriva do princípio da unidade patrimonial. Tanto a pessoa física quanto
a pessoa jurídica possuem apenas um patrimônio.
Não se pode, com isso, por exemplo, afirmar que João da Silva possui dois patrimônios:
um pessoal e um empresarial, e que as dívidas só poderiam recair sobre o patrimônio
empresarial. O patrimônio é único e irá responder pelas dívidas empresariais e pelas dívidas
pessoais.
7.4. CASADO
Pode o empresário individual casado vender um bem empresarial sem a outorga conjugal?
Assim, se estes atos não forem devidamente registrados na Junta Comercial, o empresário
não poderá opô-los contra terceiros.
Foi introduzida pela Lei 12.441/11, que criou o art. 980-A do CC.
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será
constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social,
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior
salário-mínimo vigente no País.
§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão
"EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de
responsabilidade limitada.
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade
limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa
modalidade.
§ 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá
resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num
único sócio, independentemente das razões que motivaram tal
concentração.
§ 4º ( VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência)
§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada
constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a
remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de
imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa
jurídica, vinculados à atividade profissional.
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que
couber, as regras previstas para as sociedades limitadas
8.2. CONCEITO
A EIRELI é uma nova forma de pessoa jurídica composta por uma SÓ pessoa física, nos
termos do art. 44, VI do CC. Portanto, NÃO se confunde com a sociedade empresária que é a
pessoa jurídica formada por mais de uma pessoa física.
Como explicado, a vantagem da EIRELI é o fato de que o empreendedor que optar pela
EIRELI não mais responderá ilimitadamente pelas dívidas contraídas no exercício da atividade
econômica. Ele responderá de forma limitada ao valor do capital social que já estará
obrigatoriamente integralizado. O capital estará BLINDADO!
Perceba que a Lei 13.874/2019, também chamada de Lei da Liberdade Econômica,
reforçou tal ideia ao incluir o §7º ao art. 980-A
Antes da lei, a doutrina explicava que a "empresa" não era sujeito de direitos sendo
apenas uma atividade econômica organizada. O sujeito de direitos era o empresário, ou seja, a
pessoa que exercia a atividade econômica organizada.
Com a nova previsão, o legislador transformou a EIRELI em pessoa jurídica, ou seja, titular
de direitos. A empresa individual é pessoa jurídica de direito privado, prevista no art. 44, do
CC/02. Seria tecnicamente mais correto, como observa André Luiz Santa Cruz Ramos, que o
legislador tivesse optado por criar a figura da "sociedade unipessoal" (o que ocorreu com a Lei
13.874/2019) ou então do "empresário individual de responsabilidade limitada", com
patrimônio de afetação destinado ao exercício da atividade, e que não se confundiria com seu
patrimônio pessoal.
Importante destacar que a 2ª corrente é a que prevalece até mesmo porque representa o
texto expresso do Código Civil, alterado pela Lei 12.441/2011:
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
8.7. RESPONSABILIDADE
Importante destacar que o §7º possui redação bem semelhante à redação do vetado §4º,
do art. 980-A, do CC, segundo o qual apenas o patrimônio social iria responder pelas dívidas da
empresa, não se confundindo, em qualquer situação, com o patrimônio da pessoa natural que a
constitui.
As razões do veto justificam-se pela expressão “em qualquer situação”, tendo em vista que
retirava eventual possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica.
Portanto, a partir da Lei 13.874/2019 que incluiu o §7º ao art. 980-A é possível afirmar que
a desconsideração não seja aplicada à EIRELI, ficando restrita apenas “aos casos de fraude”.
O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma
ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. O titular poderá
optar por firma ou denominação.
Quando adotar FIRMA: esta será formada com o seu próprio nome, que deverá figurar de
forma completa, podendo ser abreviados os prenomes. Poderá aditar se quiser ou quando já
existir nome empresarial idêntico, designação mais precisa de sua pessoa ou de sua atividade.
Ex: José da Silva Siqueira EIRELI ou José da Silva Siqueira comércio de roupas infantis EIRELI.
Quando adotar DENOMINAÇÃO: A denominação deve designar o objeto da empresa, de
modo específico, não se admitindo expressões genéricas isoladas, como: comércio, indústria,
serviços. Havendo mais de uma atividade, poderão ser escolhidas uma ou mais dentre elas. A
denominação poderá conter o nome do titular da EIRELI.
Ex: Moda Bonita comércio de roupas infantis EIRELI ou José Siqueira Moda Bonita
comércio de roupas infantis EIRELI.
d) A pessoa natural que constituir EIRELI somente poderá figurar em uma única empresa
dessa modalidade. Assim, para evitar fraudes, ninguém pode ser titular de duas empresas
individuais de responsabilidade limitada.
IN 10 DREI – (...) não pode ser titular de EIRELI a pessoa jurídica, bem
assim a pessoa natural impedida por norma constitucional ou por lei
especial.
b) Ademais, a redação do §2º do art. 980-A afirma que cada CPF poderá dar origem
apenas a uma EIRELI, o que comprava que o legislador restringiu à pessoa natural.
Caso contrário, haveria um tratamento desigual, eis que seria possível mais de uma
EIRELI por CNPJ;
2ª CORRENTE: é ampliativa, entende que tanto a pessoa jurídica quanto a pessoa natural
podem ser titulares de uma EIRELI, utiliza os seguintes argumentos:
a) O caput do art. 980-A do CC refere-se à pessoa, não restringe à pessoa natural. Assim,
tanto a pessoa física como a pessoa jurídica podem constituir uma EIRELI
Em provas objetiva, deve-se adotar a segunda corrente, com base na explicação acima.
A jurisprudência, a exemplo do MS 00174394720144036100 (2ª Vara Federal de SP) já
vinha admitindo a pessoa jurídica como titular de EIRELI.
OBS1: E o produtor rural poderá ser titular de EIRELI? Inicialmente, vamos relembrar que o
produto rural, nos termos do art. 971 do CC, poderá ou não ter registro na junta comercial,
consiste em uma faculdade. Todavia, o Direito Empresarial só irá considerá-lo empresário quando
efetivar seu registro. Assim, quando o Enunciado 62 da II JDC, afirma que o produtor rural poderá
constituir EIRELI, está tratando do produtor rural que efetuou o registro na junta comercial, pois,
novamente, apenas este receberá o tratamento de empresário.
OBS2: E o funcionário público poderá ser titular de EIRELI? Como visto, a ideia central da EIRELI
é acabar com a informalidade do empresário individual, limitando sua responsabilidade. Desta
forma, não poderá o funcionário público ser titular de EIRELI, uma vez que está impedido de ser
empresário empresárial. É decorrência lógica.
O art. 980-A não trata do assunto, por isso, mais uma vez, aplica-se as regras da
sociedade limitada (arts. 1.060 e 1.061 do CC) de forma subsidiária (art. 980-A, §6º).
A administração da EIRELI será exercida por uma ou mais pessoas designadas no ato
constitutivo. A EIRELI poderá ser administrada pelo titular e/ou por não titular. O administrador
não titular considerar-se-á investido no cargo mediante aposição de sua assinatura no ato
constitutivo em que foi nomeado. A PESSOA JURÍDICA não pode ser administradora da EIRELI.
É possível que a EIRELI tenha administrador estrangeiro, que deverá, contudo, ter visto
permanente e não estar enquadrado em caso de impedimento para o exercício da administração.
Obs.: Subscrito é diferente de integralizado, tendo em vista que se trata de capital prometido,
ainda não integralizado.
8.15. TRANSFORMAÇÃO
Um dos requisitos de constituição e existência das sociedades é que ela tenha pluralidade
de sócios (duas ou mais pessoas). Única exceção a essa regra: sociedade subsidiária
integral.
O que acontece quando uma sociedade passa a ter apenas um sócio? (ex: a sociedade
limitada X possuía, como sócios, José e João. João morre. O que acontece com essa sociedade?)
A sociedade terá que, no prazo de 180 dias, optar por uma das seguintes medidas:
a) Acrescentar outro sócio, voltando à pluralidade acionária;
A EIRELI originária é aquela que, desde a sua constituição, respeitou e cumpriu todos os
requisitos para sua formação.
A EIRELI derivada é aquela que se constituiu de outra forma (empresário individual ou
sociedade) e foi transformada em uma EIRELI.
9. OBRIGAÇÕES DO EMPRESÁRIO
Antes de analisarmos cada uma das obrigações, pertinente salientar que deverão ser
cumpridas pelo empresário individual, pela sociedade empresária e pela EIRELI.
9.1. REGISTRO
Esse Registro Público de Empresas, estruturado de acordo com a Lei 8.934/94 (LRE – Lei
de Registros Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins), é dividido em dois órgãos:
Junta Comercial
Art. 1.154 CC: ato sujeito a registro não pode ser oposto a terceiros antes
do cumprimento das formalidades exigidas, salvo se houver prova que o
terceiro o conhecia.
AGU: A lei determina que o arquivamento dos instrumentos de escrituração das sociedades
empresárias seja feito na junta comercial. ERRADO! O erro está na parte inicial da questão, como
se refere à escrituração não é caso de arquivamento, mas sim de AUTENTICAÇÃO.
Para o empresário rural o registro é facultativo. No entanto, enquanto não feito o registro,
não recebe tratamento de empresário.
CESPE TJ/PB: A inscrição no registro público de empresas mercantis é obrigatória ao empresário cuja
atividade rural constitua sua principal profissão. ERRADA!
FCC TJ/AL: Renato, empresário cuja atividade rural constitui sua principal profissão, tem a faculdade de se
inscrever no Registro de Empresas, mesmo depois de iniciadas as suas atividades. CORRETA!
Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria
de empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um
dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art. 968,
requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede,
caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os efeitos, à
sociedade empresária.
Parágrafo único. Embora já constituída a sociedade segundo um daqueles
tipos, o pedido de inscrição se subordinará, no que for aplicável, às normas
que regem a transformação.
Ou seja, a sociedade rural que não fizer o registro, não será sociedade empresarial e sim
sociedade simples. O ‘empresário’ rural, não será empresário e sim profissional liberal autônomo.
QP = a sociedade empresária irregular não tem legitimidade ativa para pleitear a falência de outro
comerciante, mas pode requerer recuperação judicial, devido ao princípio da preservação da empresa.
ERRADO!
Não se utiliza o critério material previsto no art. 966 CC, mas um critério legal, estabelecido
no 982. A cooperativa é sempre uma sociedade simples, não importa se exerce uma atividade
empresarial de forma organizada com o intuito de lucro.
Uma segunda corrente (defendida por autores como Pablo Stolze, MHD, Paulo Restiffe,
Nílson Reis Júnior, André Ramos Santa Cruz), sustenta que o registro da cooperativa deve ser
feito no CRPJ. Argumentos:
As disposições legais acima devem ser reinterpretadas a partir da entrada em vigor do
CC/02, que atribuiu às cooperativas natureza de sociedade simples, afirmando ainda que as SS
devem ser registradas no CRPJ.
Art. 18 da Lei do Cooperativismo não foi recepcionada pela CF/88, eis que cuida da
autorização estatal para criação das cooperativas, visto que é vedada intervenção pelo Estado de
acordo com a CF.
Prova objetiva: responder que o registro deve ser feito na Junta Comercial.
É mais uma obrigação comum a todos empresários. Antes de adentrarmos no tema, cabe
uma diferenciação entre livros obrigatórios e facultativos.
1) Livro obrigatório: Trata-se de exigência legal, cuja inobservância traz consequências
sancionadoras para o empresário, conforme veremos a seguir.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o
Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração
mecanizada ou eletrônica.
2) Livro facultativo: Aquele que não está exigido em lei. A não escrituração não gera
qualquer consequência. Exemplo: Livro Caixa e Livro conta corrente.
Vale lembrar ainda que a falsificação do livro diário configura crime de falsificação de
documento público, conforme previsão do art. 297 do CP, § 2º.
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar
documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado
de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso,
as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
particular.
Por fim, de acordo com o art. 417 do CPC, os livros serão provas contra o empresário.
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao
empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito,
que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
OBS: A Lei Complementar 123/06, em seu art. 3º estabelece que MICROEMPRESA (ME) será
quando auferir receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 e EMPRESA DE PEQUENO
PORTE (EPP) quando auferir receita bruta anual superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$
4.800.000,00.
Os livros comerciais são regidos pelo princípio da sigilosidade (art. 1.190 do CC), não
podendo ser feita a exibição dos mesmos por simples vontade das partes ou por decisão do juiz
que não esteja dentre as hipóteses previstas em lei. A intenção do sigilo é evitar concorrência
desleal.
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz
ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para
verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em
seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
Exceções à sigilosidade:
a) Exibição PARCIAL do livro: Extração de pequena parte do livro que interessa ao juízo e
restituição imediata do livro ao empresário. É possível em qualquer ação judicial,
podendo ser decretada de ofício. Nesse sentido:
CPC - Art. 421. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos
livros e dos documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio,
bem como reproduções autenticadas.
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis
de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a
sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta
de outrem, ou em caso de falência.
Uma vez exibido em juízo, o livro possui a carga probatória conferida pelo art. 417 e 418
do CPC, podendo ser usado tanto a favor como contra o seu titular (princípio da comunhão da
prova).
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao
empresário, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito,
que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.
Vunesp TJ/SP: quando preencherem os requisitos legais, os livros contábeis fazem prova a favor de seu
titular, nos litígios entre empresários. Correta!
2) Balanço econômico (1.189 CC) – apura o resultado, ou seja, a conta dos lucros e
perdas.
Obrigatórios
Demonstrativos Periódicos
EXCEÇÕES:
*Autoridades fazendárias
(tributo)
10.3. ESPÉCIES
O art. 1.155 do CC traz duas espécies e diz que o nome empresarial pode ser na
modalidade de firma ou denominação. A firma se subdivide em firma individual e firma social.
Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação
adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.
Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da
proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e
fundações.
1) FIRMA
10.4. FIRMA
Obrigatório: Nome (s) do (s) sócio (s) somente. Só pode conter na firma social nome de
sócio, ou seja, não pode haver designação mais precisa da pessoa. Exemplo: Pedro Henrique e
Rogério Faustino; P. Henrique e R. Faustino; R. Henrique e CIA.
10.5. DENOMINAÇÃO
10.6. ESQUEMAS
A sociedade empresária de qualquer tipo que esteja recuperação judicial deve adotar
também a expressão “em Recuperação Judicial”.
OBSERVAÇÕES:
1) A lei concede a possibilidade de adotar denominação. Deve constar LTDA ou limitada
expresamente no nome, sob pena de responsabilidade.
2) A lei concede a possibilidade de adotar denominação.
3) A lei concede a possibilidade de adotar firma.
4) A sociedade em conta de participação é chamada de despersonificada, pois não possui
personalidade jurídica. Desta forma, não poderá ter firma ou denominação.
A Lei 8.934/94 (Lei de Registro Público de Empresas Mercantis), em seu art. 33, fala que a
proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do registro (ARQUIVAMENTO) do
empresário ou da sociedade empresária no respectivo Registro Público (Junta Comercial).
Art. 33. A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do
arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades, ou
de suas alterações.
A proteção do nome empresarial se restringe ao âmbito estadual, uma vez que a junta
comercial é de âmbito estadual, nos termos do art. 1.166 do CC.
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas
jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o
uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado.
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território
nacional, se registrado na forma da lei especial.
Atenção para o parágrafo único do art. 1.166. Não há lei especial, portanto, a proteção se
limita ao nível estadual.
O art. 34 da Lei 8.934/94 diz que o nome empresarial obedecerá aos princípios da
veracidade e da novidade.
Não poderão coexistir, na mesma unidade federativa (estado), dois nomes empresariais
idênticos ou semelhantes, prevalecendo aquele já protegido pelo prévio arquivamento (registro).
Se sobrevier um nome igual ou parecido, cabe àquele que primeiro registrou o nome
propor a chamada ação anulatória de nome empresarial, que segundo o art. 1.167 do CC é
imprescritível.
Art. 1.167. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a
inscrição do nome empresarial feita com violação da lei ou do contrato.
OBS: O nome empresarial, ao contrário do nome civil, não admite homonímia, nem semelhança
que possa causar confusão.
O nome empresarial pode ser objeto de alienação? Conforme o art. 1.164 do CC, o nome
empresarial é INALIENÁVEL → Resposta para primeira fase.
Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação.
Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos,
pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do
seu próprio, com a qualificação de sucessor.
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu
passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento
de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
11.2. CONCEITO
11.3.1. “Trespasse”
Conforme o art. 1.144, o contrato de trespasse só produz efeitos perante terceiros se for
averbado no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial) e publicado na Imprensa
Oficial.
Além disso, de acordo com o art. 1.145, a venda do estabelecimento depende do prévio
pagamento dos credores da empresa ou, pelo menos, da anuência destes, podendo esta ser
expressa ou tácita (falta de manifestação nos 30 dias posteriores à notificação implica em
anuência tácita).
Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu
passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento
de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
CTN, Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de
outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial,
industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma
ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos
TRIBUTOS, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à
data do ato:
I - INTEGRALMENTE, se o alienante cessar a exploração do comércio,
indústria ou atividade;
II - SUBSIDIARIAMENTE com o alienante, se este prosseguir na exploração
ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova
atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.
Vale lembrar que o alienante também responde por essas dívidas, de forma solidária, mas
apenas pelo prazo de UM ANO.
Vale lembrar que o adquirente não responde pelas dívidas do alienante quando a compra
do estabelecimento se deu em leilão judicial promovido em processo de recuperação judicial ou
falência (LF, art. 60, parágrafo único; art. 141, II). Trata-se de um incentivo à compra do bem.
Quando ocorre a venda do estabelecimento (do complexo de bens), de acordo com o art.
1.148, haverá uma sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados pelo alienante (de
fornecimento de matéria prima, por exemplo).
Exceção à sub-rogação: Contrato de locação. Pela regra do art. 1.148 poderíamos dizer
que o adquirente se sub-roga na condição de locatário do imóvel, vale dizer, ocorreria uma
transferência do ponto. No entanto, a doutrina, a jurisprudência e o art. 13 da Lei de Locação
(8.245/91) dizem diversamente: O locador deve autorizar a cessão do contrato (cessão de
Santa Cruz: A matéria, como se pode perceber, é deveras polêmica. Na minha opinião,
pela legislação brasileira (art. 13 da Lei 8.245/1991), o contrato de locação tem caráter pessoal
(intuitu personae). Portanto, na interpretação do art. 1.148 do Código Civil, deve-se entender
necessária a concordância prévia do locador do imóvel onde se situa o ponto de negócio para que
o adquirente do estabelecimento suceda o alienante como locatário.
12.1. INCORPÓREOS
2) O contrato ou a soma ininterrupta dos contratos tem que totalizar prazo contratual
mínimo de 05 anos.
OBS1: Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no
máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em
vigor.
ATENÇÃO!
Este enunciado, apesar de não ter sido formalmente cancelado, não é mais aplicado
porque se baseava na Lei n. 1.300/1950, que foi revogada há tempos. Portanto, trata-se de
súmula completamente desatualizada e que deve ser ignorada.
A Lei visa proteger o uso desses bens por seu titular, com total exclusividade, ou seja, só o
empresário titular desses bens tem o direito de explorar economicamente o objeto.
Outra pessoa que não for titular do bem, só poderá explorá-lo com autorização ou licença
do titular (caso no qual deverá pagar ao titular do bem os famosos royalties), entretanto as
patentes e os registros podem ser alienados por ato inter vivos ou mortis causa.
Bens (imateriais) protegidos pela lei de propriedade industrial:
• Invenção;
• Modelo de utilidade;
• Desenho Industrial;
• Marca.
Dica (para quem utiliza mnemônicos): “Ih, Me Dei Mal”.
A lei de propriedade também abriga:
a) Repressão à concorrência desleal;
b) Repressão às falsas indicações de lugar (geográficas).
Invenção e Modelo de utilidade só terão exclusividade de uso se tiverem uma PATENTE,
que possui o escopo de proteção ao desenvolvimento tecnológico, bem como de incentivar a
pesquisa.
3.1. TEMPO
A invenção terá o prazo máximo de 20 anos, deve respeitar o prazo mínimo de 10 anos.
Já o modelo de utilidade terá prazo máximo de 15 anos, devendo respeitar o prazo mínimo
de 7 anos.
Art. 40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de
modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de
depósito.
Parágrafo único. O prazo de vigência não será inferior a 10 (dez) anos para
a patente de invenção e a 7 (sete) anos para a patente de modelo de
utilidade, a contar da data de concessão, ressalvada a hipótese de o INPI
estar impedido de proceder ao exame de mérito do pedido, por pendência
judicial comprovada ou por motivo de força maior.
Por outro lado, tanto o desenho industrial (art. 108) quanto a marca (art. 133) terão o prazo
de 10 anos.
Art. 108. O registro vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data
do depósito, prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos
cada.
3.4. INVENÇÃO
O art. 9º da Lei trata do “objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação
industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em
melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação”.
É algo que traz uma utilidade maior para algo que já é considerado invenção (assim como
a contravenção é um crime anão, pode-se dizer que o modelo de utilidade é uma invenção anã).
É uma invenção melhorada. Algumas provas cobram como “mini invenção”, o CESPE já
cobrou como “invenção anã” e “micro invenção”. Deve haver melhoramento de uma invenção.
Segundo André Santa Cruz, “o modelo de utilidade tem que ser um objeto de uso prático, e
não meramente artístico ou ornamental; tem que apresentar nova forma ou disposição,
diferenciando-se, assim, do que já existe no mercado. E precisa, necessariamente, produzir uma
melhoria no uso ou na fabricação da coisa”
STF já reconheceu que churrasqueira sem fumaça é modelo de utilidade, o dispositivo que
retira a fumaça é modelo de utilidade, agregado à churrasqueira.
• Novidade;
• Atividade inventiva;
• Aplicação industrial;
• Não impedimento (licitude);
3.6.1. Novidade
Aquilo que não está compreendido no estado da técnica (art. 11), vale dizer, a criação
deve ser desconhecida pela comunidade científica, técnica ou industrial.
Art. 11. A invenção e o modelo de utilidade são considerados NOVOS
quando NÃO compreendidos no estado da técnica.
§ 1º O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao
público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição
escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior,
ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17.
Destaca-se que, conforme ensina André Santa Cruz, a Lei de Propriedade Industrial
adotou o critério da novidade absoluta de modo que para ser privilegiável, a invenção deve ser
nova de maneira absoluta. Ela não possuirá está característica se, antes da patente, houver sido
conhecida mesmo no pais mais longínquo ou nos tempos mais recuados.
Não basta que a criação seja original (conceito subjetivo). A invenção deve despertar nos
técnicos da área o sentido de um real progresso, ou seja, não pode a criação decorrer de maneira
óbvia do estado da técnica (art. 13). Quanto ao modelo de utilidade, não pode decorrer de
maneira comum ou vulgar do estado da técnica, segundo parecer de experts no assunto (art. 14).
Salienta-se que para André Santa Cruz trata-se de licitude do objeto da patente.
O art. 18 traz exemplos de criações não patenteáveis.
Art. 18. Não são patenteáveis:
I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e
à saúde públicas;
II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer
espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e
os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes
de transformação do núcleo atômico; e (intenção do legislador: evitar o
incentivo às armas atômicas)
III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microrganismos transgênicos
que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade
inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera
descoberta.
Novamente, destacamos que o art. 18 não se confunde com o disposto no art. 10, que
arrola, em diversos incisos, o que a lei não considerada invenção e nem modelo de utilidade.
Nos dizeres de André Santa Cruz: “o art. 18 da LPI trata de casos que, em tese, podem ser
considerados uma invenção ou um modelo de utilidade, porque preenchidos os requisitos de
novidade, de atividade inventiva e da aplicação industrial. Todavia, o ordenamento jurídico prefere
não lhes conferir proteção, em homenagem a valores supostamente mais elevados, como a moral,
a segurança, entre outros ”
Art. 62. O contrato de licença deverá ser averbado no INPI para que
produza efeitos em relação a terceiros.
§ 1º A averbação produzirá efeitos em relação a terceiros a partir da data de
sua publicação.
§ 2º Para efeito de validade de prova de uso, o contrato de licença não
precisará estar averbado no INPI.
Destaca-se, conforme as lições de André Santa Cruz, que “para celebrar o contrato de
licença voluntária, obviamente, o titular da patente vai exigir do licenciado uma contraprestação,
chamada royalty. No caso de licenciamento do pedido de patente, embora a lei não vede
expressamente a cobrança de royalties, o INPI não tem admitido tal prática, negando pedidos de
averbação que contenham tal previsão. Assim, os royalties só são admitidos nos casos d
licenciamento de patente, mas nos casos de licenciamento de pedido de patente ”
Aqui, o titular da patente fica obrigado a licenciá-la, contra sua vontade. Será determinada
como forma de sancionar o titular da patente, bem como para atender imperativos de ordem
pública.
3.8.1. Abuso de direito ou de poder econômico e não exploração ou não satisfação das
necessidades do mercado
Perceba que, aqui, a licença compulsória da patente decorre de condutas do seu próprio
titular, as quais não se coadunam com os princípios que justificam a concessão de um privilégio
legal que lhe assegura um direito de exploração exclusiva do seu invento. Assim, configurada uma
dessas situações, como o exercício abusivo dos direitos decorrentes da patente, poderá um
interessado (um concorrente, por exemplo) requerer ao INPI a licença compulsória (André Santa
Cruz).
Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente
se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio
dela praticar abuso de poder econômico, comprovado nos termos da lei,
por decisão administrativa ou judicial.
§ 1º Ensejam, igualmente, licença compulsória:
I - a não exploração do objeto da patente no território brasileiro por falta de
fabricação ou fabricação incompleta do produto, ou, ainda, a falta de uso
integral do processo patenteado, ressalvados os casos de inviabilidade
econômica, quando será admitida a importação; ou
II - a comercialização que não satisfizer às necessidades do mercado.
§ 2º A licença só poderá ser requerida por pessoa com legítimo interesse e
que tenha capacidade técnica e econômica para realizar a exploração
eficiente do objeto da patente, que deverá destinar-se, predominantemente,
ao mercado interno, extinguindo-se nesse caso a excepcionalidade prevista
no inciso I do parágrafo anterior.
OBS: não existe licença voluntária e compulsória para REGISTRO, somente para patentes.
É quando o depósito internacional é válido como interno, por conta do acordo de TRIPS.
Também chamada de patente de revalidação, prevista nos arts. 230 e 231 da LPI, vejamos:
Art. 230. Poderá ser depositado pedido de patente relativo às substâncias,
matérias ou produtos obtidos por meios ou processos químicos e as
substâncias, matérias, misturas ou produtos alimentícios, químico-
farmacêuticos e medicamentos de qualquer espécie, bem como os
respectivos processos de obtenção ou modificação, por quem tenha
proteção garantida em tratado ou convenção em vigor no Brasil, ficando
assegurada a data do primeiro depósito no exterior, desde que seu objeto
não tenha sido colocado em qualquer mercado, por iniciativa direta do titular
ou por terceiro com seu consentimento, nem tenham sido realizados, por
terceiros, no País, sérios e efetivos preparativos para a exploração do objeto
do pedido ou da patente.
§ 1º O depósito deverá ser feito dentro do prazo de 1 (um) ano contado da
publicação desta Lei, e deverá indicar a data do primeiro depósito no
exterior.
§ 2º O pedido de patente depositado com base neste artigo será
automaticamente publicado, sendo facultado a qualquer interessado
manifestar-se, no prazo de 90 (noventa) dias, quanto ao atendimento do
disposto no caput deste artigo.
§ 3º Respeitados os arts. 10 e 18 desta Lei, e uma vez atendidas as
condições estabelecidas neste artigo e comprovada a concessão da patente
no país onde foi depositado o primeiro pedido, será concedida a patente no
Brasil, tal como concedida no país de origem.
§ 4º Fica assegurado à patente concedida com base neste artigo o prazo
remanescente de proteção no país onde foi depositado o primeiro pedido,
contado da data do depósito no Brasil e limitado ao prazo previsto no art.
40, não se aplicando o disposto no seu parágrafo único.
§ 5º O depositante que tiver pedido de patente em andamento, relativo às
substâncias, matérias ou produtos obtidos por meios ou processos químicos
e as substâncias, matérias, misturas ou produtos alimentícios, químico-
farmacêuticos e medicamentos de qualquer espécie, bem como os
respectivos processos de obtenção ou modificação, poderá apresentar novo
pedido, no prazo e condições estabelecidos neste artigo, juntando prova de
desistência do pedido em andamento.
§ 6º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, ao pedido
depositado e à patente concedida com base neste artigo.
Foi o que aconteceu com o Viagra. Para o Brasil, é válido esse primeiro depósito
internacional.
Explicação Dizer o Direito
Em palavras muito simples, porque o tema é bem complexo, a patente “pipeline”, também
chamada de “patente de importação” ou “patente de revalidação”, é aquela em que em fica
demonstrado que já houve expedição de patente no exterior, razão pela qual o INPI registra no
Brasil essa patente exigindo menores formalidades.
O sistema pipeline de patentes, disciplinado no art. 230 da Lei 9.279⁄96,
desde que cumpridos requisitos e condições próprias, reconhece o direito a
exploração com exclusividade ao inventor cujo invento – embora não
patenteável quando da vigência da Lei 5.772⁄71 – seja objeto de patente
estrangeira.” (STJ. 3ª Turma. REsp nº 1.092.139/RJ, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 21/10/2010).
Art. 47. A nulidade poderá não incidir sobre todas as reivindicações, sendo
condição para a nulidade parcial o fato de as reivindicações subsistentes
constituírem matéria patenteável por si mesmas.
Art. 54. Decorrido o prazo fixado no artigo anterior, mesmo que não
apresentadas as manifestações, o processo será decidido pelo Presidente
do INPI, encerrando-se a instância administrativa.
Prazo para pleitear JUDICIALMENTE requerendo a nulidade: art. 56. Não tem prazo
Art. 56. A AÇÃO DE NULIDADE poderá ser proposta a qualquer tempo da
vigência da patente, pelo INPI ou por qualquer pessoa com legítimo
interesse.
§ 1º A nulidade da patente poderá ser arguida, a qualquer tempo, como
matéria de defesa.
§ 2º O juiz poderá, preventiva ou incidentalmente, determinar a suspensão
dos efeitos da patente, atendidos os requisitos processuais próprios.
4. REGISTRO
4.1.1. Novidade
Estará atendida quando o desenho industrial não for compreendido no estado de técnica.
4.1.2. Originalidade
4.1.3. Impedimentos
4.2. MARCA
Exemplo: Lata de café = Associação Brasileira dos Produtores de Café, serve para trazer
maior credibilidade ao produto.
• Novidade (Relativa);
• Originalidade (Não colidência com marca notória);
• Não impedimento legal.
Vejamos:
1) Novidade (Relativa)
Não se exige novidade absoluta, ou seja, não se exige que o sinal distintivo tenha sido
criado pelo empresário. O que deve ser nova é a utilização daquele sinal em relação àquele tipo
de produto ou serviço (princípio da especificidade ou especialidade). Ex: Produtos com a
marca “Sol”, existem vários, desde cerveja a bronzeador.
A novidade está relacionada à classificação do INPI. Se não estiver presente na lista do
INPI, pode ser utilizada.
Os signos impedidos por lei de serem registrados como marcas estão previstos no art. 124
da LPI (ler todos), desatando-se como os mais importantes:
• Símbolo oficial e monumentos nacionais ou internacionais não podem ser registrados
como marca. Exemplo: Não é possível registrar a bandeira do Brasil como marca de
um produto.
• A marca não pode representar falsa indicação geográfica. Exemplo: Se fiz um
perfume em Campinas, não posso registrar como francês; se faço um chocolate em
Santo André, não posso chamar de Gramado, sendo assim estaria induzindo o
consumidor a erro.
• Designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro
pela própria entidade ou órgão público. Exemplo: Não posso abrir um cursinho jurídico
com nome de STF, STJ.
Art. 124. Não são registráveis como marca:
I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento
oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a
respectiva designação, figura ou imitação;
II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de
suficiente forma distintiva;
III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e
aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente
contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e
sentimento dignos de respeito e veneração;
IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não
requerido o registro pela própria entidade ou órgão público;
V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de
título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de
causar confusão ou associação com estes sinais distintivos;
VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente
descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou
aquele empregado comumente para designar uma característica do produto
ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e
época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de
suficiente forma distintiva;
VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda;
OBS: pode-se utilizar para divulgação, para marketing o que é não registrável.
Ações de Nulidade do registro ou patente: Tanto pode ser ação judicial quanto ação
administrativa.
b) Desenho industrial
Prazo administrativo: 05 anos contados da CONCESSÃO do registro.
Prazo Judicial: Enquanto permanecer o registro.
c) Marca
Prazo administrativo: 180 dias contados da EXPEDIÇÃO do certificado de registro.
Prazo judicial: 05 anos contados da concessão.
A ação de nulidade (seja de marca/patente) deve ser ajuizada na JF. Se o INPI não for o
autor da ação, ele deverá intervir no processo.
O prazo de resposta do réu é de 60 dias, tanto nas ações judiciais quanto administrativas
(art. 175, §1º).
Art. 175. A ação de nulidade do registro será ajuizada no foro da justiça
federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito.
§ 1º O prazo para resposta do réu titular do registro será de 60 (sessenta)
dias.
DESENHO
INVENÇÃO MODELO DE U. MARCA
INDU.
ADMINISTRATIVO 06 meses 06 meses 05 anos 180 dias
JUDICIAL - - - 05 anos
6. PRESCRIÇÃO
2) Renúncia (que somente poderá ser feita se não houver prejuízo para terceiros, como
licenciados, por exemplo).
3) Caducidade: Falta de uso da propriedade ou uso insatisfatório. Exemplo: art. 143, ambos
da LPI.
Tem-se uma marca e não utiliza por 5 anos, haverá caducidade da marca.
Muitos a chamavam de irregular ou sociedade de fato, não existe mais esta denominação,
quando uma sociedade não tem registro, se chama sociedade em comum. Sociedade que ainda
não inscreveu seus atos constitutivos no órgão de registro competente, qual seja, a Junta
Comercial.
O entendimento majoritário é no sentido de se tratar de sociedades contratuais em
formação.
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a
sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo,
observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as
normas da sociedade simples (= não empresária).
O sócio tem o chamado benefício de ordem (ordem a ser seguida: 1º bens da sociedade,
2º bens dos sócios, art. 1.024 CC).
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Art. 988 do CC chama o patrimônio da sociedade comum de patrimônio especial e diz que
quem vai ser o titular deste patrimônio serão os sócios desta sociedade, serão cotitulares deste
patrimônio. Não é da sociedade pois ela não tem personalidade jurídica, consequentemente não
tem autonomia patrimonial.
Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por
escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem
prová-la de qualquer modo.
Perceber:
Sócio → Sociedade. Responsabilidade subsidiária. 1.024 CC.
Sócio → Sócio(s). Responsabilidade solidária. 990 CC.
Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
Entretanto:
Exceção da Sociedade em Conta de Participação:
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a
eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere
personalidade jurídica à sociedade.
Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios
sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio
ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este
pelas obrigações em que intervier.
3. SOCIEDADES PERSONIFICADAS
Quanto ao objeto, a sociedade personificada pode ser uma sociedade empresária ou uma
sociedade simples.
Sociedade empresária: Registro na Junta Comercial (art. 1.150) (que como já vimos é a
‘faceta’ estadual do Registro Público de Empresas Mercantis, ver acima).
Sociedade simples: Registro no Registro Civil de Pessoa Jurídica (art. 1.150) → Cartório.
Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro
Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a
sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá
obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples
adotar um dos tipos de sociedade empresária
Exceções:
• Sociedade de advogados (sociedade simples) é registrada na OAB para adquirir
personalidade jurídica.
• Cooperativa, que apesar de sempre ser sociedade simples (mesmo se desenvolver
atividade empresária), deve ser registrada na Junta Comercial (Lei 8.934/94, art. 32).
Art. 32. O registro compreende:
I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e
intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;
II - O arquivamento:
a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção
de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;
a) Sociedade empresária
b) Sociedade simples
Tida por não empresária. Não classificada como de empresário, se a sociedade simples
tem como atividade uma profissão intelectual (de natureza científica, literária ou artística – ver
início do caderno), como diz o código civil, será uma sociedade simples.
A sociedade não deve possuir também, organização empresarial.
Profissão intelectual + sociedade que não possui organização empresarial.
Muito importante é estudar a estrutura das Sociedades Simples, pois será a base de quase
todos os tipos societários no caso de omissão.
Portanto, o mais interessante foi perceber que alguns institutos previstos para as
sociedades simples não aparecem nas demais sociedades, assim, no momento de estudo
precisamos sempre compará-los, porque poderão ser aplicados supletivamente quando previsto
em lei.
OBS: Tendo em vista que as S/A são formalizadas por Estatuto com regramento próprio, as
regras das sociedades simples são, na maioria das vezes, aplicadas em grande quantidade as
LTDA. Sendo assim, iremos confrontar os dois institutos para trabalharmos apenas com as
diferenças, pois é assim que vem sendo cobrado em provas.
a) Sociedade de pessoas
Quando os atributos dos sócios são relevantes para o sucesso da atividade empresarial,
estamos diante de sociedade de pessoas. Ex.: Sociedade de conserto de computadores.
Nesses casos, os integrantes da sociedade precisam ter garantias acerca do perfil de
quem pretenda integrar o quadro social. Por isso, a alienação de uma cota ou ação dessa
sociedade depende de prévia anuência dos demais sócios.
Ou seja, na sociedade de pessoas os sócios têm o direito de vetar o ingresso de estranho
no quadro associativo. É o caso da sociedade em nome coletivo (N/C) e em comandita simples
(C/S).
É em razão disso que se entende que as cotas sociais das sociedades de pessoas são
impenhoráveis, ou seja, para garantir que um terceiro não venha a fazer parte da sociedade sem
a anuência dos demais integrantes.
O STJ, no entanto, já decidiu de modo diverso ao dizer que as cotas da sociedade limitada
são penhoráveis, mesmo que seja sociedade de pessoa. Argumentos do STJ:
• O CPC/2015 (art. 833) estabelece quais são os bens impenhoráveis, não estando as
quotas sociais entre eles. Temos ainda no art. 835, IX do CPC/2015 a possibilidade
penhora de ações e cotas de sociedades empresária.
Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias;
b) Sociedade de capital
Por outro lado, quando as características subjetivas dos sócios forem irrelevantes para o
sucesso da empresa, ou seja, quando somente tem importância o capital investido, nesse caso
estaremos diante de sociedade de capital.
Quanto à sociedade de capital, vige o princípio da livre circulação na participação
societária, ou seja, os integrantes sociais não têm o direito de vetar o ingresso de terceiro
estranho. É caso da sociedade anônima (S/A) e da sociedade em comandita por ações (C/A).
Esta classificação é importante para falarmos em 03 assuntos:
a) Contrato Social
b) Estatuto Social
a) Responsabilidade ilimitada
b) Responsabilidade limitada
O sócio só responde pelo valor das suas cotas ou ações, não recaindo a dívida sobre seu
patrimônio pessoal, salvo se houver cotas subscritas e não integralizadas. Ex.: Sociedade
anônima.
c) Responsabilidade mista
Pouco importa a nacionalidade dos sócios ou a origem do capital. Para a sociedade ser
considerada brasileira deve preencher os dois requisitos do art. 1.126 do CC:
• A sociedade deve ser organizada de acordo com a lei brasileira.
• Sede da administração deve ser no Brasil.
Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei
brasileira e que tenha no País a sede de sua administração.
O CC não traz definição de sociedade estrangeira. Assim, faltando qualquer dos requisitos,
a sociedade é considerada estrangeira.
OBS: o art. 1.134 é importantíssimo, fala da sociedade estrangeira: não importa que tipo de
atividade a sociedade estrangeira exerça, ela somente poderá ser constituída no Brasil, se o
poder executivo federal autorizar.
Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não
pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que
por estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os
casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.
Vamos agora ao estudo pormenorizado de cada um dos tipos societários (de sociedades
empresárias).
Art. 1.041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art.
997, a firma social.
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas
enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da
falência.
4.2. SÓCIOS
Não admite incapaz como sócio, eis que os sócios têm contribuição não só pessoal como
patrimonial e os incapazes não podem se obrigar.
Sócios tem ampla liberdade para disciplinar suas relações sociais, desde que não
desnaturem o tipo societário.
É uma sociedade de pessoas, o que significa que depende do consentimento dos demais
sócios a entrada de estranhos ao quadro social.
Firma social, pois é sociedade com responsabilidade ilimitada. Como todos sócios têm
responsabilidade ilimitada, o nome de qualquer um pode constar da firma social (art. 1.157).
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada
operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar,
bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e
companhia" ou sua abreviatura.
De acordo com o art. 1.042 do CC, a administração só poderá ser feita por sócios.
Art. 1.042. A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios,
sendo o uso da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os
necessários poderes.
Não pode ser administrada por pessoa jurídica, já que só pessoa física pode ser sócia.
5.2. SÓCIOS
Bernardo
Comanditados
Bruno
Sociedade em
comandita
simples
Sabrina
Comandatários
Saulo
O nome empresarial, na espécie firma, só poderá usar Bernardo e Bruno, jamais os nomes
de Sabrina e Saulo, podendo ser:
• Bernardo, Bruno & Cia livros jurídicos;
• Bernardo & Cia livros jurídicos
• Bruno & Cia livros jurídicos
Comanditado → Advogado (com responsabilidade maior).
Tanto a pessoa natural quanto a pessoa jurídica poderão ser sócias, não há restrição aqui.
Possui responsabilidade limitada ao preço de sua quota.
Não poderá administrar a sociedade e nem emprestar seu nome ao nome empresarial.
Caso o faça, sua responsabilidade será ilimitada.
RELEMBRANDO: Neste tipo de sociedade, é necessário SEMPRE ter as duas categorias
de sócio. A ausência de uma das categorias implica que, em 180 dias, seja recomposta a
categoria faltante.
Faltando a categoria comanditado, não poderá o comanditário exercer a administração,
haverá a necessidade de designação de um administrator provisório.
Parágrafo único. Na falta de sócio comanditado, os comanditários nomearão
administrador provisório para praticar, durante o período referido no inciso II
e sem assumir a condição de sócio, os atos de administração
*Simples ou empresária.
6.1. CARACTERÍSTICAS
É a situação que Ulhôa Coelho chama de “duas limitadas”, pois o CC permite que a
limitada seja regida supletivamente pelas regras da sociedade simples (limitada de vínculo
instável) ou pelas regras da LSA (limitada de vínculo estável). Essa instabilidade decorre da
possibilidade de na sociedade simples o sócio se retirar imotivadamente, o que não ocorre nas
S/A.
É constituída por meio de contrato social, que exige, para ter plena validade, o
preenchimento de certos requisitos e pressupostos.
*OBS: Os requisitos e pressupostos que veremos a seguir se referem a todos os contratos sociais,
ou seja, aos atos constitutivos de todas as sociedades contratuais e não somente da sociedade
limitada (+ comandita simples e em nome coletivo).
b) Objeto lícito
Ex.: Sociedade para exercer atividade de prostituição ou bingo. O ato constitutivo dessas
sociedades é nulo, pois ilícito o objeto (art. 166, II do CC).
c) Forma legal
A forma legal pode ser um instrumento particular ou instrumento público (escritura pública).
Em regra, o instrumento (particular ou público) exige o visto do advogado, sob pena de
nulidade absoluta do contrato (EAOB - Lei 8.906/94).
EXCEÇÃO: Ato constitutivo de ME ou EPP não precisa do visto.
- Bens (móveis ou imóveis): Quem integraliza com bens responde pela evicção.
IMPORTANTE: art. 1.055, §1º do CC:
Art. 1.055, § 1º Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social
respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da
data do registro da sociedade.
Ex.: Sócio que integraliza sua cota de 30mil com uma casa que diz valer 30mil.
Posteriormente, verifica-se que o valor da casa é de 10mil. Nesse caso, todos os sócios
respondem solidariamente pelos 20mil faltantes.
OBS: Quando o sócio integraliza com bem imóvel, em tese deveria incidir o ITBI sobre a
operação (art. 156, II da CF). Entretanto, o §2º traz uma hipótese de imunidade para esse caso
específico. → vide imunidades, tributário.
§ 2º - O imposto previsto no inciso II:
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao
patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a
transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade
preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos,
locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;
a) Pluralidade de sócios
Ex.: Dois sócios constituem sociedade limitada. Se um dos sócios morre, a limitada
continua tornando-se unipessoal (unipessoalidade incidental temporária). Entretanto, se a falta de
pluralidade de sócios não for desfeita em 180 dias a sociedade é dissolvida.
PROVA: É possível sociedade entre cônjuges (sociedade marital)? Sim, SALVO quando
o regime for o de comunhão universal de bens ou de separação obrigatória (CC, art. 977).
Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com
terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal
de bens, ou no da separação obrigatória.
DNRC PJ 125/03 [...]De outro lado, em respeito ao ato jurídico perfeito, essa
proibição não atinge as sociedades entre cônjuges já constituídas quando
da entrada em vigor do Código, alcançando, tão somente, as que viessem a
OBS: é possível a alteração do regime de bens no art. 1.639, §2º CC/02, desde que seja
motivadamente. Portanto, é possível a constituição da sociedade, desde que alterado o regime.
OBS: MINORIA doutrinária dizia que a regra do art. 977 só se aplica à sociedade empresária, não
se aplicando a sociedade simples. Isto porque o artigo estava dentro do capítulo do direito de
empresa. Entretanto, no REsp 1058165/RS foi pacificado que se aplica a todas sociedades.
b) “Affectio Societatis”
Ex: Sociedade com capital social de 100mil (totalmente integralizado) e com dívidas de
200mil. Os 100mil faltantes não podem atingir o patrimônio pessoal dos sócios. Cada sócio será
responsável apenas pelo valor que integralizou.
Situação diferente ocorre com o chamado SÓCIO REMISSO, que é aquele que não
integraliza total ou parcialmente suas cotas sociais (aquele que não integraliza o total do capital
subscrito).
PARÊNTESES
Art. 1.004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às
contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-
lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá
perante esta pelo dano emergente da mora.
Parágrafo único. Verificada a mora, poderá a maioria dos demais sócios
preferir, à indenização, a exclusão do sócio remisso, ou reduzir-lhe a quota
ao montante já realizado, aplicando-se, em ambos os casos, o disposto no
§ 1o do art. 1.031.
Art. 1.031: § 1o O capital social sofrerá a correspondente redução, salvo se
os demais sócios suprirem o valor da quota.
Conforme o art. 1.004, parágrafo único do CC, caso os sócios não queiram exigir o
pagamento de indenização pelos danos emergentes decorrentes da mora na integralização
(apuráveis em ação de conhecimento), podem tomar outras três medidas face do sócio remisso:
a) Exclusão do sócio;
b) Cobrança do valor não integralizado: Ação de execução, sendo o contrato social o título
executivo, desde que assinado por duas testemunhas.
c) Redução da cota, reduzindo-se o capital social: Se o ‘C’ integraliza apenas 10mil dos
24mil subscritos, sua cota baixa de 24 para 10mil.
1º CONTEXTO 2º CONTEXTO
LTDA CREDORES DA LTDA
Cada sócio responderá por suas quotas Solidariedade pela integralização do capital
social.
Ao tornar-se sócio de uma LTDA, o sócio Os credores da LTDA podem cobrar de
possui o dever de integralizar o capital social. qualquer sócio a integralização do capital.
Assim, a LTDA será credora do sócio remisso
(está em mora com a contribuição).
Exemplos:
Ex.: Contrato veda a prestação de fiança e aval. Na assembleia aprovam o aval. Nesse
caso, somente aqueles que aprovaram responderão ilimitadamente pelas dívidas do avalizado.
• No caso de dívidas tributárias (art. 135, III do CTN), a responsabilidade ilimitada recai
pessoalmente sobre o Administrador da Sociedade (somente ele). Não é tecnicamente um caso
de desconsideração de pessoa jurídica, mas sim de imputação direta de responsabilidade.
(Santa Cruz)
A regra é a mesma para a dívida tributária resultante da Seguridade Social (lei 8.620/93
tentou criar regra específica ampliando a responsabilidade dos administradores etc., entretanto
STJ considerou desprovida de aplicabilidade).
Mas a falta de pagamento de tributo não seria, por si só, uma infração à lei, de modo à
sempre ensejar a responsabilidade ilimitada do administrador?
STJ: Quando a sociedade deixa de pagar a dívida por não ter recursos suficientes, diz que
há INADIMPLÊNCIA. Nesse caso, o Administrador não responde pessoalmente pela dívida.
Quando a sociedade tem recursos, mas não paga os tributos por outros motivos, diz que
há SONEGAÇÃO. Nesse caso, o Administrador responde pessoalmente.
• Art. 1.025. O sócio, admitido em sociedade já constituída, não se exime das dívidas
sociais anteriores à admissão.
Quando o sujeito entra na sociedade, deve estar ciente das dívidas, pois certamente irá
responder por elas, nos limites de suas cotas, obviamente.
De acordo com Flávio Tartuce1, a Lei inclui uma nova modalidade de sociedade limitada,
tratada pelo art. 1.052, segundo o qual nessa pessoa jurídica a responsabilidade de cada sócio é
restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do
capital social.
Continua o Civilista, cria-se, portanto, a sociedade limitada unipessoal, o que já era
defendido por alguns juristas. Há uma crítica no sentido de que a inovação poderá esvaziar a
1
Disponível em: https://flaviotartuce.jusbrasil.com.br/artigos/705118554/a-medida-provisoria-881-2019-e-as-
alteracoes-do-codigo-civil-segunda-parte-teoria-geral-dos-contratos-direito-de-empresa-e-fundos-de-investimento
Ou seja:
• Cessão de cotas para um sócio: Não é necessária a autorização de ninguém.
• Cessão de cotas para um estranho: Só é possível se não houver a oposição de
mais ¼ do capital social.
b) Fiscalização da Administração
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio
pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias;
se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
e) Direito de preferência.
Conforme o art. 1.072 do CC, as deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art.
1.010 (que traz as regras de votação), serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme
previsto no contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos previstos
em lei (art. 1071) ou no contrato.
REGRA: Deliberações PODEM ser tomadas em assembleia ou em reunião, conforme
previsão contratual.
EXCEÇÃO: Se forem mais de 10 sócios (11 ou mais - um time de futebol), as deliberações
só podem ser tomadas em assembleia (Art. 1.072, §1º).
Art. 1.072. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art. 1.010,
serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto no
contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos
previstos em lei ou no contrato.
§ 1o A deliberação em assembleia será obrigatória se o número dos sócios
for superior a dez.
A grande diferença entre assembleia e reunião diz respeito às disposições legais. O CC, a
partir do art. 1.074 dispõe sobre uma série de regras relativas às Assembleias. Doutro lado, o art.
1.079 permite que o contrato social disponha livremente sobre as reuniões, sendo-lhes aplicadas
as regras das assembleias somente quando da omissão contratual (é o que mais acontece na
prática).
Art. 1.079. Aplica-se às reuniões dos sócios, nos casos omissos no contrato,
o estabelecido nesta Seção sobre a assembleia, obedecido o disposto no §
1o do art. 1.072.
As regras de votação são previstas no art. 1.010 (regras relativas às sociedades simples),
in verbis:
Art. 1.010 Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios
decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por
maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um.
§ 1º Para formação da maioria absoluta são necessários votos
correspondentes a mais de metade do capital.
§ 2º Prevalece a decisão sufragada por maior número de sócios no caso de
empate, e, se este persistir, decidirá o juiz.
§ 3º Responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação
interesse contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove
graças a seu voto.
É a possibilidade que o sócio tem de retirar-se da sociedade. Esse direito deve estar
diretamente relacionado com a regra do art. 1.029 do CC, ou seja, tudo depende do contrato:
a) Contrato com prazo determinado: A saída só é possível com justa causa, que deve ser
provada em juízo.
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio
pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias;
se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os
demais sócios optar pela dissolução da sociedade. (Especial importância
em sociedades pessoais, contrariamente ao que ocorre nas
sociedades de capital)
Exemplo: Sociedade com prazo: Lanchonete na festa do mar. Se o sócio resolvesse sair
sem justificativa, iria ser altamente prejudicial para a sociedade e consequentemente para os
demais sócios.
O sócio tem total direito de fiscalizar os atos praticados pela Administração da sociedade.
Geralmente, é o contrato social que disciplina a forma que ocorre a fiscalização.
IMPORTANTE: É possível na sociedade limitada a instituição de um Conselho Fiscal.
Entretanto, não é um órgão obrigatório (como na S/A), conforme dispõe o art. 1.066 do CC, in
verbis:
Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o
contrato instituir conselho fiscal composto de três ou mais membros e
respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na
assembleia anual prevista no art. 1.078.
Em caso de aumento de capital social, surgem novas cotas sociais. Quem tem preferência
para adquirir as novas cotas são os sócios.
Art. 1.081. Ressalvado o disposto em lei especial, integralizadas as quotas,
pode ser o capital aumentado, com a correspondente modificação do
contrato.
§ 1o Até trinta dias após a deliberação, terão os sócios preferência para
participar do aumento, na proporção das quotas de que sejam titulares.
Administrador não-sócio:
Esse artigo só menciona caracteres das pessoas físicas. O legislador omitiu caracteres da
pessoa jurídica intencionalmente.
Ato ‘ultra vires’ é aquele praticado pelo administrador, além das forças a ele atribuídas pelo
contrato social, ou seja, com estrapolação dos limites de seus poderes estatutários. Segundo esta
O excesso por parte dos administradores somente pode ser oposto a terceiros se ocorrer
pelo menos uma das seguintes hipóteses:
I - Se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no contrato social
Exemplo: Contrato social estabelece que o Administrador não pode prestar fiança nem
aval. Vai o Administrador e realiza uma fiança em nome da sociedade. Se o afiançado não paga,
quem vai arcar com a dívida é o Administrador de forma pessoal, excluindo-se a sociedade da
relação.
II - Provando-se que o terceiro que contratou com a sociedade sabia que o Administrador
não tinha poderes para tanto
Exemplo: Ex-Administrador da sociedade (agora terceiro) contrata com esta, sabendo que
o objeto da contratação ia além dos poderes do atual Administrador.
III - Tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade.
Redação muito criticada pela doutrina.
Exemplo: Sócio administrador de padaria compra tintas para pintar a padaria. Esse ato é
estranho aos negócios da sociedade. Deveria então o administrador responder pessoalmente pelo
débito?
Concluindo: o CC adotou expressamente a Teoria ‘ultra vires’, no entanto, conforme a
doutrina, tal previsão legal andou na contramão da jurisprudência. A ultra vires não é adotada nem
na Inglaterra, onde foi criada.
A jurisprudência tem adotado outra Teoria, mesmo com o CC.
a) Vontade dos sócios: Deliberação que decide pela saída não contenciosa de alguns (s)
sócios (s).
c) Direito de retirada;
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio
pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias;
se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.
Parágrafo único. Nos trinta dias subsequentes à notificação, podem os
demais sócios optar pela dissolução da sociedade.
e) Exclusão de sócio
Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode
o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos
demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou,
ainda, por incapacidade superveniente.
• Sócio remisso (art. 1.004, parágrafo único). Pode ser realizada extrajudicialmente.
• Falta grave do sócio, mediante decisão judicial (art. 1.030);
Exemplo de falta grave: concorrência desleal.
• Incapacidade superveniente do sócio, mediante decisão judicial (art. 1.030)
OBS: Diz a doutrina que a incapacidade só é causa de exclusão nas sociedades de
pessoais; e não nas de capitais. Ver acima.
• Sócio minoritário, se presentes todos os seguintes requisitos (art. 1.085):
a) Atos de inegável gravidade;
b) Coloque em risco a empresa;
c) Previsão expressa no contrato de exclusão por justa causa;
OBS: A exclusão ocorre mediante simples alteração do contrato, ou seja, é uma
medida extrajudicial.
d) Assembleia ou reunião, especialmente, convocada para esse fim, sendo
assegurado o direito de defesa do sócio (parágrafo único) – por maioria
absoluta, mais da metade do capital social.
Se for sociedade por tempo DETERMINADO, somente a unanimidade dos sócios pode
dissolvê-la; se for por tempo indeterminado, basta a vontade da maioria absoluta. A jurisprudência
tem admitido que apenas um sócio (ainda que minoritário) continue na sociedade (princípio da
conservação da empresa), desde que constitua novo sócio dentro do prazo legal.
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
II - o consenso unânime dos sócios; (prazo determinado)
III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo
indeterminado;
Se chegar ao fim do prazo e não for providenciada a dissolução (não entrar em liquidação),
haverá a prorrogação da sociedade por prazo indeterminado. Nesse caso, entretanto, a sociedade
passará a ser IRREGULAR, sendo-lhe aplicáveis as regras da sociedade em comum.
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem
oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se
prorrogará por tempo indeterminado;
c) Falência da sociedade;
Inexequibilidade nada mais é do que a ausência de mercado. Ex: Loja que vende antena
VHF.
Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento
de qualquer dos sócios, quando:
II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.
Além dessas hipóteses, o próprio ato constitutivo pode prever outras causas de dissolução
total da sociedade.
• Sociedade institucional, ou seja, o seu ato constitutivo não é um contrato, mas sim
um estatuto social (mais formal que um contrato).
• Sociedade empresária (sempre!), nos termos do art. 982, parágrafo único do CC.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a
sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário
sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.
Companhia aberta: É aquela em que seus valores mobiliários (ações) são admitidos à
negociação no mercado de valores mobiliários (bolsa de valores).
Companhia fechada: É aquela em que seus valores mobiliários NÃO são admitidos à
negociação do mercado de valores mobiliários.
Não se quer dizer que as ações não são negociáveis. Somente não o são em mercado de
valores mobiliários.
O mercado de valores mobiliários se subdivide em:
Bolsa de valores: São entidades privadas constituídas sob a forma de associações civis
ou sociedades anônimas, tendo por membros corretoras de valores mobiliários. Conquanto sejam
privadas, sua criação depende de autorização do Banco Central, bem como seu funcionamento é
supervisionado pela CVM (Comissão de valores mobiliários). Esse controle se explica pelo fato de
as Bolsas de Valores exercerem um serviço público de grande relevância na economia interna.
Fábio Ulhôa: Se alguém quer comprar ou vender veículos, é mais fácil ir até um feirão,
onde só existem interessados nesses negócios, do que negociar por fora. A bolsa de valores é
como um feirão de valores mobiliários. A função da bolsa é aumentar o fluxo de negociação de
valores mobiliários.
CVM: É uma entidade autárquica federal com qualidade de agência reguladora, vinculada
ao Ministério da Fazenda. É dotada de autoridade administrativa.
Mercado de balcão: Compreende todas as operações realizadas fora da bolsa de valores.
Ocorre quando o sujeito compra ações diretamente de uma corretora de valores ou de uma
instituição financeira autorizada. O mercado de balcão pode realizar tanto mercado primário
quanto mercado secundário. Vejamos:
• Mercado primário: Quando a operação ocorre entre a CIA emissora e o investidor
(ações compradas diretamente da S/A).
• Mercado secundário: Quando a operação ocorre entre investidores.
1) Subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o
capital social fixado no Estatuto.
A subscrição é o contrato pelo qual uma pessoa se torna titular de ação emitida por uma
S/A.
Exceções em que se admite a unipessoalidade: Empresa pública (Ente político como único
acionista) ou Subsidiária integral.
Subsidiária integral (art. 251 da LSA): É um tipo de sociedade anônima que admite um
único acionista, que necessariamente será uma sociedade nacional. Ex: Transpetro. Subsidiária
integral. Tem como único acionista a Petrobras. Itaú S/A, tem como único acionista Itaú Holding.
Art. 251. A companhia pode ser constituída, mediante escritura pública,
tendo como único acionista sociedade brasileira.
§ lº A sociedade que subscrever em bens o capital de subsidiária integral
deverá aprovar o laudo de avaliação de que trata o artigo 8º, respondendo
nos termos do § 6º do artigo 8º e do artigo 10 e seu parágrafo único.
§ 2º A companhia pode ser convertida em subsidiária integral mediante
aquisição, por sociedade brasileira, de todas as suas ações, ou nos termos
do artigo 252.
Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do capital social não exige
escritura pública.
IMPORTANTE: Todo e qualquer tema que não seja esses 04 só poderá ser objeto de
assembleia geral extraordinária.
2) Extraordinária: Todo e qualquer tema que não seja os 04 acima.
Ex.: Destituição de administrador (art. 122 da LSA).
Perceba que o administrador da sociedade limitada, não precisa ser sócio, o contrato que
define.
OBS: a CIA aberta pode ser composta por dois acionistas? Não, pois a CIA Aberta tem que ter
Conselho de Administração que deve ter uma composição mínima de três acionistas.
Responsabilidade do administrador: a ultra vires, que está prevista para LTDA aplica-se
a S/A? Enunciado 219 do CJF
219 Art. 1.015: Está positivada a teoria ultra vires no Direito brasileiro, com
as seguintes ressalvas: (a) o ato ultra vires não produz efeito apenas em
relação à sociedade; (b) sem embargo, a sociedade poderá, por meio de
seu órgão deliberativo, ratificá-lo; (c) o Código Civil amenizou o rigor da
teoria ultra vires, admitindo os poderes implícitos dos administradores para
realizar negócios acessórios ou conexos ao objeto social, os quais não
constituem operações evidentemente estranhas aos negócios da sociedade;
(d) não se aplica o art. 1.015 às sociedades por ações, em virtude da
existência de regra especial de responsabilidade dos administradores
(art. 158, II, Lei n. 6.404/76).
No art. 158 temos que a ultra vires não se aplica à S/A. Ela tem regra própria.
Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável pelas obrigações
que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato regular de gestão;
responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que causar, quando proceder:
I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo;
II - com violação da lei ou do estatuto.
7.4.3. Diretoria
1) Composição
1) Composição
Interpretação:
- O Conselho Fiscal é órgão de existência obrigatória, porém seu funcionamento é
facultativo, o qual deverá ocorrer mediante deliberação dos acionistas.
EXCEÇÃO: Na Sociedade de economia mista o funcionamento também é obrigatório (art.
240 da LSA).
Art. 240. O funcionamento do conselho fiscal será permanente nas
companhias de economia mista; um dos seus membros, e respectivo
suplente, será eleito pelas ações ordinárias minoritárias e outro pelas ações
preferenciais, se houver.
*Perceba que a existência de tal órgão é obrigatória na S/A que não seja SEM, a outro
giro, instituição de tal órgão é facultativa na sociedade limitada
Cabe ao Conselho fiscalizar os órgãos da administração da sociedade (Conselho
Administrativo e Diretoria), protegendo, assim, os interesses da companhia e de todos os
acionistas. Sua competência é detalhada no art. 163 da LSA.
Questão de Prova: O Conselho Fiscal é órgão de existência obrigatória, mas de
funcionamento facultativo!
Resuminho:
SOCIEDADE S/A LTDA
Regramento LSA CC
Tipo Empresária. Simples ou empresária
Vínculo Institucional. Contratual
Capitalista.
Espécie Personalística ou capitalista.
Capital aberto/fechado.
Regras da sociedade simples, o
Omissão CC. contrato pode prever a LSA.
Fábio Ulhôa: “duas limitadas”.
-Assembleia de fundação (capital
aberto/fechado).
Instituição Contrato Social
-Escritura pública (somente capital
fechado).
Em nome coletivo e comandita
Outras do mesmo gênero Comandita por ações.
simples.
-Subscrição de pelo menos 2
pessoas.
-Integralização de 10% em Contrato social exige:
dinheiro.
Exigências
-Depósito BB ou agência -Contribuição do sócio
autorizada pela CVM. -Distribuição dos resultados
***Aberta:
***Fechada:
-Escritura pública de fundação ou
assembleia de fundação.
Restrita ao valor das quotas
(subscritas), mas todos
respondem solidariamente pela
integralização.
Exceções (responsabilidade
ilimitada)
*Crédito trabalhista
-Restrita às ações.
*INSS
Responsabilidade dos sócios -Disregard doctrine.
*Disregard Doctrine
-O que couber a das limitadas(?!?)
*Administrador e a teoria da Ultra
Vires.
*Registro cancelado
*Sociedade entre cônjuges.
-Extraordinária (AGE)
*Tudo que não tiver acima.
-Deliberação subscrita por todos
Dispensa da assembleia -
-ME e EPP
Trata-se dos títulos de investimento que a sociedade emite para arrecadar recursos. São
eles:
• Ação;
• Debênture;
• “Commercial paper”;
• Bônus de subscrição;
• Partes beneficiárias.
7.6. AÇÃO
Ações são frações do capital social que conferem ao seu titular a qualidade de sócio de
uma S/A. Quem tem ação é chamado de acionista, que é o sócio da S/A.
O dever principal do acionista é o de pagar o preço de emissão das ações que subscrever.
O vencimento das prestações será o definido pelo estatuto ou pelo boletim de subscrição (art. 106
da LSA). Se omissos tais instrumentos, os órgãos da administração procederão à chamada dos
subscritores, por avisos publicados na imprensa, por três vezes pelo menos, estabelecendo prazo
não inferior a 30 dias para o pagamento.
Art. 106. O acionista é obrigado a realizar, nas condições previstas no
estatuto ou no boletim de subscrição, a prestação correspondente às ações
subscritas ou adquiridas.
§ 1° Se o estatuto e o boletim forem omissos quanto ao montante da
prestação e ao prazo ou data do pagamento, caberá aos órgãos da
administração efetuar chamada, mediante avisos publicados na imprensa,
por 3 (três) vezes, no mínimo, fixando prazo, não inferior a 30 (trinta) dias,
para o pagamento.
§ 2° O acionista que não fizer o pagamento nas condições previstas no
estatuto ou boletim, ou na chamada, ficará de pleno direito constituído em
mora, sujeitando-se ao pagamento dos juros, da correção monetária e da
multa que o estatuto determinar, esta não superior a 10% (dez por cento)
do valor da prestação.
a) Ações Ordinárias (ON): São aquelas que conferem direitos comuns se sócio ao
acionista. Exemplo de direitos comuns: Participação nos lucros; Fiscalização; direito de retirada
etc.
É a espécie de ação que obrigatoriamente deve ser emitida pela CIA, vale dizer, não existe
S/A sem ações ordinárias. Emissão obrigatória.
IMPORTANTE: Toda a ação ordinária confere direito de VOTO ao acionista (LSA, art.
110).
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações
da assembleia-geral.
b) Ações Preferenciais (PN): São aquelas que conferem ao titular uma ação de direitos
diferenciados, que podem se constituir em vantagens econômicas (maioria das vezes) ou
políticas.
Vantagem econômica: Quem tem ação preferencial PODE ter prioridade de recebimento
de dividendos, ou seja, o acionista preferencial recebe primeiro os lucros da sociedade. Nesse
caso, somente se sobrar dinheiro é que os acionistas ordinários receberiam.
Outra vantagem econômica: Quem tem ação preferencial pode receber, no mínimo, 10%
a mais de lucros que o acionista ordinário.
Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum
ou alguns dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto,
ou conferi-lo com restrições, observado o disposto no artigo 109.
IMPORTANTE: A ação preferencial das duas uma: ou não tem direito a voto; ou tem o
direito a voto limitado. É a contrapartida às vantagens recebidas.
Vantagem política: Em caso de desestatização de empresa, o estado transfere o controle
da S/A ao particular. Como quem tem direito a voto é o acionista ordinário, a forma de transferir o
controle da S/A para o particular é colocá-lo na titularidade das ações ordinárias.
Porém, para não perder totalmente o controle da S/A com a transferência das ações
ordinárias para o particular, é facultado ao ente desestatizante a criação da chamada “golden
share” (ação dourada), prevista no art. 17, §7º da LSA com o nome de “ação preferencial de
classe especial”.
Art. 17, § 7º Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada
ação preferencial de classe especial (golden share), de propriedade
exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto social poderá conferir os
poderes que especificar, inclusive o poder de veto às deliberações da
assembleia-geral nas matérias que especificar.
Se o sujeito fica três exercícios consecutivos sem participar dos lucros (ou até mesmo um
prazo menor, se assim dispuser o estatuto) passa a ter direito de voto. Esse direito perdura até
que ele receba suas vantagens. Depois disso, volta a ser um mero acionista preferencial sem
direito a voto.
Obs.: de acordo com o art. 15, §1º, as ações preferenciais sempre podem ser divididas
em classes, na cia fechada ou aberta (Classe A – direito tal-, Classe B – direito tal...), cabendo ao
estatuto especificar a gama de direitos e restrições correspondente a cada uma. Já em relação as
ordinárias, só se admite a divisão em classes na companhia fechada.
PROVA: Qual é o número máximo de ações preferenciais sem voto que uma Cia pode
emitir?
No máximo de 50% do total de ações (art. 15, §2º).
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que
confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição.
§ 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da
companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes. (Veja: na
cia aberta, ação ordinária só pode ter uma classe...coerente! Aberta,
qualquer um pode ser acionista...nada mais justo que todas ações
ordinárias tenham os mesmos direitos...)
§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a
restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinquenta
por cento) do total das ações emitidas.
c) Ações de fruição/gozo (art. 44, §5º da LSA): Não tem nada a ver com usufruto de
ação. A palavra chave para essa forma de ação é “amortização”, que significa antecipação de
pagamento.
Quando a S/A sofre uma dissolução total, ela passa pela chamada liquidação. A partir daí
todos os bens da CIA são arrecadados. Posteriormente, os bens são vendidos, sendo a receita da
venda utilizada no pagamento dos credores. Se após o pagamento de todos os credores sobrar
algum dinheiro, dá-se a esse montante o nome de ACERVO. O que se faz com o acervo? Deve
ser repartido entre os acionistas, de acordo com a proporção de cada um.
OBS: Só se fala em acervo quando a sociedade fecha, é dissolvida.
A ação de gozo e fruição nada mais é do que uma ação ordinária ou preferencial que já foi
totalmente amortizada (já houve total antecipação do pagamento do acervo). É importante a
classificação da ação como tal para que o adquirente da ação saiba desde já que não terá direito
a nada no momento da liquidação da sociedade (art. 44, §5º da LSA).
V
Ordinária
T
O
Preferencial
CUIDADO: o direito de voto não é essencial, tanto é que a ação PREFERENCIAL não tem
voto ou tem de forma limitada.
OBS: ação nominativa é aquela que consta o nome do acionista, de forma que nesse caso
há expedição de certificado, seja qual for o tipo de ação. Nas ações escriturais não há tal emissão
de certificado de acionista porque o acionista não é identificado.
Exemplo:
A - 40% PN
B - 10% PN
C - 30% ON
D - 20% ON
Acionista majoritário: É o A, pois tem o maior número de ações.
Acionista controlador: É o C, pois tem a maioria de ações com Direito de Voto.
Conclusão: Nem sempre o acionista majoritário é o acionista controlador.
Essa regra é prevista no art. 116 da LSA, in verbis:
Art. 116. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica,
ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle
comum, que:
a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente,
a maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de
eleger a maioria dos administradores da companhia; e
b) usa efetivamente seu poder (importante) para dirigir as atividades sociais
e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia.
Assim, quando o acordo versar sobre um dos quatro temas acima, tais acordos estarão
sujeitos a uma proteção especificamente liberada pela legislação do anonimato, e o seu registro
junto à companhia implicará nas seguintes modalidades de tutela:
a) a sociedade anônima não poderá praticar atos que contrariem o conteúdo próprio do
acordo;
b) poderá ser obtida a execução específica do avençado, mediante ação judicial.
Dessa forma, se um acionista fez um contrato e concedeu o direito de preferência a outro,
porém vendeu suas ações a um outro acionista, descumprindo o acordo, a companhia não poderá
registrar a transferência de titularidade das ações, caso o acordo se encontre averbado.
Art. 118, § 8o O presidente da assembleia ou do órgão colegiado de
deliberação da companhia não computará o voto proferido com infração de
acordo de acionistas devidamente arquivado.
FRISE-SE: Esse acordo de acionistas, para produzir efeitos perante a S/A, deve ser
arquivado na sede da CIA. É chamado de contrato parassocial.
Vejamos um exemplo:
A - 30% ON
B - 09% ON
C - 21% ON
A e B celebraram um acordo segundo o qual devem votar em João para o Conselho de
Administração.
Chega na Assembleia:
A vota em João.
C em Maria.
B em Maria (contrariando o acordo).
Resultado: Empate 30 a 30.
O que ocorre? O presidente da assembleia ou do órgão colegiado de deliberação da
companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente
arquivado (LSA, art. 118, §8º).
Nesse caso, ao desconsiderar o voto daquele que infringiu o acordo, ficará 30% X 21% em
favor do João.
*Preço de emissão
É o valor cobrado pela sociedade anônima para a subscrição das ações emitidas. É o
preço pago pelo acionista que subscreve a ação recém emitida. O preço de emissão tem a
finalidade de mensurar o limite da responsabilidade social do acionista.
O preço de emissão é fixado pelos fundadores, quando da constituição da companhia, e
pela assembleia geral ou pelo conselho de administração, quando do aumento do capital social
com emissão de novas ações. Se a companhia tem o seu capital social representado por ações
com valor nominal, o preço de emissão das ações não poderá ser inferior ao seu valor nominal
(sob pena de excessiva diluição acionária). E se for superior, a diferença, chamada ágio,
constituirá reserva de capital, que poderá posteriormente ser capitalizada (LSA, arts. 13 e 200, IV).
Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor
nominal.
Agora, caso a CIA estabeleça em 1 real o preço de emissão dessas ações, o valor
patrimonial de cada uma das 150mil ações da S/A será reduzido para 1 real. Ou seja, aqueles que
já eram sócios vão acabar sofrendo um prejuízo. A esse prejuízo dá-se o nome de diluição
acionária.
Diluição acionária: É o aumento de ações da CIA com preço de emissão inferior ao valor
patrimonial da ação. Ocorrendo isso, o resultado será a diminuição do valor patrimonial das ações.
Essa diluição gera prejuízos ao acionista. Para que o prejuízo não seja tão grande, o art.
13 veda a emissão de ações por preço inferior ao valor nominal. Daí a importância de se fixar o
valor nominal no Estatuto. É uma garantia para o acionista.
A infração dessa regra importará nulidade do ato ou operação e responsabilidade dos
infratores, sem prejuízo da ação penal que no caso couber (art. 13, §1º).
Por outro lado, a contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá
reserva de capital (art. 13, §2º).
Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor
nominal.
§ 1º A infração do disposto neste artigo importará nulidade do ato ou
operação e responsabilidade dos infratores, sem prejuízo da ação penal que
no caso couber.
§ 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá
reserva de capital (artigo 182, § 1º).
Diz-se essenciais os direitos dos quais o acionista não pode ser privado nem pela
Assembleia-geral nem pelo Estatuto social.
Todos os direitos essenciais são previstos no art. 109 da LSA:
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembleia-geral poderão privar o
acionista dos direitos de:
I - participar dos lucros sociais;
Participação nos lucros: O acionista tem o direito de receber o dividendo, que é a parcela
dos lucros que lhe cabe.
II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
Direito de fiscalização.
IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias
conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de
Art. 45. O reembolso é a operação pela qual, nos casos previstos em lei, a
companhia paga aos acionistas dissidentes de deliberação da assembleia-
geral o valor de suas ações.
7.7. DEBÊNTURES
A debênture PODERÁ ser conversível em ação da CIA, mas na maioria das vezes não é.
Vai depender do que for estabelecido na escritura de emissão.
Debêntures perpétuas (art. 55, § 3º3): Também conhecida como open end. Esta espécie
de debênture não vence, como outras, em data certa, mas possui o seu vencimento condicionado
a certas situações, como, por exemplo, ocorre o vencimento quando a companhia deixar de pagar
juros ou ocorrer a sua dissolução. Pode ainda prever, o que é mais usual, que a debênture vence
com a ocorrência de determinado fato, como, por exemplo, o término de construção de um parque
industrial.
Compete à Assembleia Geral deliberar sobre debêntures.
Compete à Assembleia Geral deliberar sobre bônus de subscrição, se não for dada
competência ao conselho de administração, pelo estatuto.
São títulos negociáveis, estranhos ao capital social, que conferirão aos seus titulares
direito de crédito eventual contra a CIA, consistente na participação dos lucros anuais.
O titular desse título tem direito ao lucro, porém não é acionista.
O direito de crédito é eventual, pois só existe na eventualidade de a CIA produzir lucro.
Esse título é uma forma utilizada para incentivar o diretor da Cia a se empenhar na
melhora do desempenho social, sem que seja necessário colocá-lo como acionista. Ou seja, ao
mesmo tempo que remunera o sujeito, ainda o incentiva a trabalhar da melhor forma possível pelo
desenvolvimento social.
OBS: Às partes beneficiárias não pode ser destinado a mais do que 10% dos lucros da
sociedade (art. 46, §2º da LSA).
Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem
valor nominal e estranhos ao capital social, denominados "partes
beneficiárias".
§ 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito
eventual contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais
(artigo 190).
§ 2º A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para formação
de reserva para resgate, se houver, não ultrapassará 0,1 (um décimo) dos
lucros.
8. REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA
Tributário → imunidades!!
8.2. FUSÃO
Dá-se com a união de duas ou mais sociedades que, ao se unirem, são extintas dando
origem a uma terceira nova sociedade, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.
8.3. INCORPORAÇÃO
É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes
sucede em todos os direitos e obrigações.
A incorporada, ao ser absorvida, é extinta. A incorporadora permanece.
Aqui, não ocorre a criação de uma terceira sociedade.
8.4. CISÃO
Sociedade de simples participação (art. 1.100): É a sociedade que possui menos de 10%
do capital com direito a voto de outra sociedade.
Sociedade controladora (art. 1.098): É a sociedade que tem a maioria de votos da outra
sociedade e tem o poder de eleger a maioria dos administradores da outra sociedade.
Art. 1.098. É controlada:
I - a sociedade de cujo capital outra sociedade possua a maioria dos votos
nas deliberações dos quotistas ou da assembleia geral e o poder de eleger
a maioria dos administradores;
II - a sociedade cujo controle, referido no inciso antecedente, esteja em
poder de outra, mediante ações ou quotas possuídas por sociedades ou
sociedades por esta já controladas
10.1. ORIGEM
Foi o primeiro caso que tratou sobre o assunto, em 1809 nos EUA.
A Suprema Corte dos EUA reconheceu a competência da justiça federal para julgar o
litígio, pois envolvia pessoas domiciliadas em estados diversos, já que considerou os sócios e não
o domicílio do banco.
10.2. TERMINOLOGIA
3ª Partilha: ocorre a distribuição dos bens entre os sócios. Aqui não há mais personalidade
jurídica.
10.3. CLASSIFICAÇÃO
É a extensão para pessoas jurídicas de um grupo econômico (265 LSA). Além disso, pode
alcançar pessoas jurídicas de outros grupos econômicos.
Art. 265. A sociedade controladora e suas controladas podem constituir, nos
termos deste Capítulo, grupo de sociedades, mediante convenção pela qual
se obriguem a combinar recursos ou esforços para a realização dos
respectivos objetos, ou a participar de atividades ou empreendimentos
comuns.
§ 1º A sociedade controladora, ou de comando do grupo, deve ser
brasileira, e exercer, direta ou indiretamente, e de modo permanente, o
controle das sociedades filiadas, como titular de direitos de sócio ou
acionista, ou mediante acordo com outros sócios ou acionistas.
§ 2º A participação recíproca das sociedades do grupo obedecerá ao
disposto no artigo 244.
Visa à responsabilização do sócio oculto que vale de terceiros para a constituição de uma
pessoa jurídica, visando camuflar a sua real identidade de sócio e poder de controle. É também
possível visualizá-la quando “alguns “empresários” mal intencionados fecham uma porta e abrem
outra, às vezes para exercer a mesma atividade com uma nova roupagem, deixando para trás
todo um passivo que contribui para prejuízos ou mesmo a quebra de terceiros de boa-fé, além de
desfalcar os cofres públicos do pagamento dos tributos decorrentes do exercício de sua atividade,
através da simples constituição de uma nova empresa, com ou sem o uso de “laranjas”, para
iniciar um novo ciclo parasitário de utilização dos instrumentos jurídicos de proteção de seus
patrimônios pessoais, em prejuízo de toda a sociedade”.
O STF tratou desta modalidade no que MS 32494 MC DF, onde a decisão do TCU, que
aplicou a desconsideração expansiva para permitir que a Administração Pública se estende a
proibição de licitar proferida contra uma pessoa jurídica a outra constituída com os mesmos sócios
e mesmo endereço, foi suspensa.
O novo CPC prevê em seus artigos 133 a 137 o chamado “incidente de desconsideração
da personalidade jurídica”, que poderá ocorrer em qualquer do processo de conhecimento,
cumprimento de sentença ou da execução.
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será
instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber
intervir no processo.
§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os
pressupostos previstos em lei.
§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração
inversa da personalidade jurídica.
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do
processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução
fundada em título executivo extrajudicial.
§ 1o A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao
distribuidor para as anotações devidas.
O §2° do artigo 133 passa a admitir expressamente a desconsideração inversa, que até
então não contava com previsão legal, em nosso ordenamento jurídico.
Instaurado o incidente, o processo será suspenso, sendo o sócio ou a pessoa jurídica
citada para, no prazo comum de quinze dias, se manifestar e requerer as provas cabíveis. Após a
conclusão da instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória
impugnável por agravo de instrumento.
Acolhido o pedido de desconsideração, a alienação ou a oneração de bens, havida em
fraude de execução, será ineficaz em relação ao requerente.
Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica se
esta for requerida na própria petição inicial.
2
Disponível em: http://genjuridico.com.br/2019/05/06/a-medida-provisoria-da-liberdade-economica-e-a-
desconsideracao-da-personalidade-juridica-art-50-cc-primeiras-impressoes/
Houve a substituição do verbo decidir, o que não alterou o sentido do texto, dada opções
feita pelo legislador em adotar o verbo “ desconsiderar”.
Andou muito bem o novo diploma ao acrescentar, no final do texto legal, a expressão
“beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso”, porquanto a desconsideração é instrumento de
imputação de responsabilidade, não podendo, por certo, sob pena de se ignorar a exigência do
próprio nexo causal, atingir sócio que não experimentou nenhum benefício (direito ou indireto) em
decorrência do ato abusivo perpetrado por outrem.
Ultrapassada a análise do caput, os parágrafos seguintes não constavam na redação
original do Código Civil:
§1º Para fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização
dolosa da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática
de atos ilícitos de qualquer natureza.
Não há uma legislação codificada acerca dos títulos de crédito. Perceba que a depender
da espécie de título de crédito será aplicado determinada lei.
Assim, tratando-se de:
• Letra de câmbio e nota promissória → aplica-se o Dec. 57.663/66 (Lei Uniforme de
Genebra - LUG).
• Duplicata → aplica-se a Lei 5.474/68.
• Cheque → aplica-se a Lei 7.357/85.
Salienta-se que o Código Civil possui capítulo específico acerca dos títulos de crédito (art.
887 ao art. 926). Diante disso, indaga-se: o CC será aplicado?
A simples leitura do art. 903 do CC esclarece a questão, observe:
Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de
crédito pelo disposto neste Código.
Seguem o que dispõem os arts. 82 a 84 do CC, sujeitando-se aos princípios que norteiam,
a circulação de bens móveis, como o que prescreve que a posse de boa-fé vale como
propriedade.
Por configurarem uma obrigação líquida e certa, nos termos do art. 784 do CPC.
Nesses casos, por não existir a figura do documento; da cártula, do papel, diz-se que a
cartularidade é mitigada.
Pelo princípio da literalidade só tem eficácia para o direito cambiário o que está
literalmente constando (ESCRITO) do título de crédito (da cártula).
CC Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do
direito LITERAL e autônomo nele contido, somente produz efeito quando
preencha os requisitos da lei.
Segundo esse princípio, pode-se dizer que “O que não está no título não está no mundo
cambiário”. Um aval constituído fora da nota promissória, por exemplo, não produzirá os efeitos do
aval, podendo, no máximo, produzir efeitos na órbita do direito civil como fiança.
Objetivo da literalidade: assegurar certeza quanto à natureza, ao conteúdo e à
modalidade de prestação prometida ou ordenada.
Título sem mais espaço para endosso. O que fazer para negociá-lo? Prolongamento do
título.
Termo de quitação deve ser dado no título. Fora do título o termo de quitação não tem
validade para o Direto Cambiário. Garante, no máximo, uma ação de regresso contra o emissor do
termo, mas isso depois de o portador do título já ter executado e compelido o sujeito a pagar de
novo a obrigação.
Pagar sem exigir o termo de quitação no próprio título é exemplo de pagar mal. Quem
paga mal paga duas vezes.
Trata-se de uma garantia daquele que recebe um título como pagamento de ter seu crédito
satisfeito pelo devedor. Assim, não é dado ao devedor primário do título opor defesas processuais
contra outrem que não seja aquele a quem emitiu o título.
Exemplo: Caio vende celular para Renato. Renato paga com nota promissória (800 reais)
com vencimento em 30/03/2019. Caio (credor da venda do celular) transfere a nota para Maria,
por meio de endosso, como instrumento de compra de uma bicicleta. Na data do vencimento,
Maria vai atrás do Renato cobrando.
Suponhamos que o celular estivesse com um vício. O Renato não pode opor esse vício em
face do terceiro de boa-fé (Maria) para não pagar a dívida, como poderia fazer em face do Caio,
credor primitivo (em eventuais embargos à execução). Ao contrário, Renato deverá pagar o
crédito à Maria, e posteriormente demandar ressarcimento em face do Caio.
Essa é mais uma decorrência da autonomia. É uma garantia de pagamento daquele que
recebe um título de crédito. Se não houvesse essa garantia, ninguém se arriscaria a receber um
título de crédito como pagamento.
3.4. CONCLUSÃO
Com efeito, existe todo um aparato jurídico armado (o regime jurídico-cambial) que garante
ao comerciante credor receber com segurança o valor constante num título que lhe tenha sido
transferido. Vejamos:
1) Aquela pessoa que lhe transfere o título (o seu devedor) não poderá cobrá-lo mais
(PRINCÍPIO DA CARTULARIDADE);
3) Nenhuma exceção pertinente à relação da qual ele não tenha participado terá eficácia
jurídica quando da cobrança do título (PRINCÍPIO DA AUTONOMIA, INOPONIBILIDADE
CONTRA TERCEIROS, ABSTRAÇÃO).
4.1.1. Causal
Somente podem ser emitidos nas hipóteses (causas) autorizadas por lei. É o caso da
duplicata mercantil, que pode ser emitida quando se tratar de: a) Compra e venda mercantil ou;
b) Prestação de serviços.
A sua emissão não depende de causa específica, razão pela qual servem para documentar
diversos tipos de negócio. Ex.: Cheque.
É o título que não tem padronização definida em lei, podendo adotar qualquer forma,
desde que obedecidos os REQUISITOS legais. Exemplo: Letra de câmbio. Nota promissória, que
pode ser feita em qualquer pedaço de papel.
É o título que tem padronização definida em lei. Exemplo: Duplicata mercantil e cheque.
Desde a Lei 8.088/90 não se admite mais a emissão de títulos ao portador, EXCETO se
com previsão expressa em lei especial. Exemplo de lei especial: A Lei 9.069/95 (Lei que instituiu o
plano real) permite que cheque de valor igual ou inferior a 100 reais possa ser emitido ao portador.
OBS1: Circulação dos títulos.
1) O título ao portador circula por mera tradição (entrega).
2) O título nominativo, além da tradição, depende de outro ato jurídico, que varia
conforme a espécie de título nominativo tratada:
2.1) Título nominativo À ORDEM: circula por meio de endosso.
2.2) Título nominativo NÃO À ORDEM: circula por meio de cessão civil de crédito.
OBS2: Endosso X Cessão civil. Endosso e cessão civil são atos jurídicos trasladadores da
titularidade de crédito que se diferenciam quanto aos efeitos, basicamente em dois aspectos:
quanto à extensão da responsabilidade do alienante (endossante) do crédito perante o adquirente
(endossatário) e quanto aos limites de defesa do devedor (sacado) em face da execução do
crédito pelo adquirente (endossatário).
ASPECTO 01 (extensão da responsabilidade do alienante (endossante/cedente): Quem
endossa um título responde não só pela sua existência, mas também pelo seu pagamento
(solvência, pro solvendo). Em outros termos, se o devedor (sacado) não paga o título, o tomador
pode cobrar e executar o endossante.
Na cessão civil o cedente responde, em regra, tão-somente pela existência do título
(pro soluto), nos termos do art. 296 do Código Civil (cessão de crédito).
CC Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela
SOLVÊNCIA do devedor (somente pela existência do crédito).
Exemplo: Renato paga Maria com cheque clonado ou uma duplicata fria (vício de
existência). Nesse caso, sendo transferido por endosso ou cessão, Renato vai responder pelo
título (pois responde não só pela solvência, como pela existência dele).
Outro exemplo: Renato paga com cheque autêntico, porém sem fundos. Se o cheque foi
transferido por endosso, o endossante (Renato) pode ser executado. Se o cheque foi transferido
por cessão civil, o cedente (Renato) não responde pelo pagamento.
Para quem recebe um cheque, é mais garantido receber por endosso. Por conta disso, há
uma presunção de que os títulos nominativos são ‘À ORDEM’, ou seja, transferíveis por endosso.
Para que o título seja ‘não à ordem’ deve haver expressa menção no título.
ASPECTO 02: limites de defesa do devedor (sacado/cedido):
1) Título ao portador: Não identifica o beneficiário, transferível por tradição (CC, art. 904).
O nome do credor não está no título (como na classificação acima), mas sim no registro do
emitente. Essa regra do Código Civil teria aplicação aos títulos que viessem a surgir após 2002.
Na prática, não tem qualquer aplicação. Esse título nominativo pode circular por termo ou
endosso.
Art. 921. É título NOMINATIVO o emitido em favor de pessoa cujo nome
conste no registro do emitente.
5.1. INTRODUÇÃO
De início, vale lembrar que no estudo da letra de câmbio trataremos das REGRAS
GERAIS de constituição, transferência e exigibilidade do crédito cambiário. No estudo das demais
espécies de títulos de crédito restará apenas o trato daquilo que for especial em relação ao
regramento geral aplicado às letras de câmbio.
5.3. CONCEITO
Apresentado o título ao sacado, este tem o direito de pedir que ele lhe seja reapresentado
no dia seguinte, nos termos do art. 24 da LU. É o chamado PRAZO DE RESPIRO, que se destina
a possibilitar ao sacado a realização de consultas ou a meditação acerca da conveniência de
aceitar ou recusar o título (art. 24).
LU Art. 24. O sacado pode pedir que a letra lhe seja apresentada uma
segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação. Os
interessados somente podem ser admitidos a pretender que não foi dada
satisfação a este pedido no caso de ele figurar no protesto. O portador não
é obrigado a deixar nas mãos do aceitante a letra apresentada ao aceite.
6.1. CONCEITO
Endosso é o ato jurídico pelo qual o credor de um título crédito nominativo (‘nominal’), com
a cláusula à ordem, TRANSMITE o direito ao valor constante no título à outra pessoa, sendo
acompanhado da tradição da cártula.
LU Art. 12. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que
ele seja subordinado considera-se como não escrita. O endosso parcial é
NULO. O endosso ao portador vale como endosso em branco.
Esse endosso que vimos até aqui é chamado pela doutrina de ENDOSSO TRANSLATIVO
ou PRÓPRIO (para concurso é somente endosso).
OBS1: súmula do 475 STJ
STJ Súmula 475: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o
endossatário que recebe por endosso translativo título de crédito contendo
vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu direito de
regresso contra os endossantes e avalistas.
Explicando a súmula: “B”, empresa do ramo de vendas, emitiu uma duplicata (título de
crédito) por conta de mercadorias que seriam vendidas a “A”. Ocorre que o negócio jurídico
acabou não sendo concretizado (não existiu). Mesmo sem ter existido o negócio jurídico, “B”
emitiu a duplicata (sem causa) e, além disso, fez o endosso translativo desse título para “C”
(banco).
Como visto, o endosso translativo (também chamado de endosso próprio), é o ato
cambiário por meio do qual o endossante transfere ao endossatário o título de crédito e, em
consequência, os direitos nele incorporados. Em outras palavras, “B” transmitiu a “C” seu suposto
crédito que teria em relação a “A”.
Ocorre que “A” recusou aceite a essa duplicata.
Diante disso, “C” apresentou a duplicata para ser protestada pelo tabelionato de protesto, o
que foi feito. Assim, “A” foi intimado pelo tabelião de protesto, a pedido de “C” para que pagasse a
duplicata. Como “A” não pagou, foi inscrito no SPC e SERASA.
“A” quer ajuizar ação de cancelamento de protesto cumulada com reparação por
danos morais. Quem deverá ser réu nessa ação? Quem é o responsável por esse protesto
indevido, “B” (que emitiu a duplicata) ou “C” (que recebeu a duplicata mediante endosso)?
Resposta: “C”.
Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário (“C”) que recebe
por endosso translativo título de crédito (no caso, uma duplicata) contendo vício formal extrínseco
ou intrínseco (no caso, a ausência de compra e venda).
Caso o endossatário (“C”), que levou o título a protesto indevidamente, seja condenado a
pagar a indenização, terá direito de cobrar esse valor pago (direito de regresso) contra o
endossante (no caso, “B”) e eventuais avalistas do título de crédito.
O endossatário que recebe, por endosso translativo, título de crédito contendo vício formal,
sendo inexistente a causa para conferir lastro à emissão de duplicata, responde pelos danos
causados diante de protesto indevido, ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e
avalistas.
4) Endosso-caução (pignoratício)
Por fim, há o endosso que não produz o efeito de vincular o endossante ao pagamento do
título: trata-se do chamado endosso "sem garantia", previsto no art. 15 da LU. Com esta
cláusula, o endossante transfere a titularidade da letra, sem se obrigar ao seu pagamento. A
regra, como visto, é a da vinculação do endossante (lembre-se que o art. 914 do CC não se aplica
em razão do art. 903 do mesmo Código). O ato do endossante de inserir no endosso a cláusula
"sem garantia", porém, afasta a vinculação prevista na lei especial.
LUG Art. 15. O endossante, salvo cláusula em contrário (pode ser
estabelecido pro soluto), é garante tanto da aceitação como do
pagamento da letra (regra: pro solvendo). O endossante pode proibir um
novo endosso, e, neste caso, não garante o pagamento às pessoas a quem
a letra for posteriormente endossada.
7.1. CONCEITO
O avalista que garante antecipadamente a dívida do sacado responde por ela até mesmo
se este não vier a dar o ACEITE.
Exemplo: Daniel (endossatário), ao receber o título de Caio (tomador ou beneficiário/
endossante), exige uma garantia a mais. Então, Caio pede para o Gugu ser seu avalista. Gugu dá
o aval. Se o sacado (devedor principal - Renato) não pagar, Daniel pode cobrar de qualquer dos
codevedores, dentre eles o avalista do Renato (sacado), Gugu (avalista).
Art. 31. [...] O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de
indicação, entender-se-á pelo sacador.
OBS: O CC, em seu art. 897, parágrafo único diz que é VEDADO o aval parcial. Mais uma
vez ressaltamos: dada a subsidiariedade do CC, tal regra não tem aplicação prática.
CC Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de
pagar soma determinada, pode ser garantido por aval.
Parágrafo único. É vedado o aval parcial. Vale para os casos de títulos de
créditos inominados, os quais são regidos pelas normas do CC. Aos títulos
de crédito que possuem regramento próprio esta regra não se aplica.
O art. 1.647 do CC prevê que o aval precisa de autorização do cônjuge, tal regra aplica-se
aos títulos existentes quando a lei especial não tratava do assunto. Assim, a ausência da
autorização do cônjuge na prestação do aval, era causa de nulidade.
O STJ, em mudança de entendimento, passou a entender que a regra do art. 1.647 do CC
aplica-se apenas aos títulos de créditos atípicos/inominados. Os títulos existentes, regulados em
leis especiais, não sofrerão a incidência do inciso III do referido artigo.
Conforme já explicado, no que tange aos títulos de crédito nominados, o Código Civil tem
uma aplicação apenas subsidiária, respeitando-se as disposições especiais, pois o objetivo básico
da regulamentação dos títulos de crédito, no Código Civil, foi apenas o de permitir a criação dos
denominados títulos atípicos ou inominados.
Assim, não deve ser aplicado art. 1.647, III, do CC aos títulos nominados porque esta regra
é incompatível com as características dos títulos de crédito típicos.
A exigência de autorização do cônjuge do avalista enfraquece a garantia dos títulos de
crédito, gerando intranquilidade e insegurança. O aval consiste em uma declaração unilateral de
vontade inserida no próprio título por meio da qual o avalista declara garantir o pagamento do
valor inscrito no título. É, portanto, um instituto comercial muito mais ágil e informal do que a
fiança, que é feita por intermédio de contrato.
A outorga uxória ou marital é compatível com o contrato de fiança, mas não com o aval
que, como dito, é uma declaração unilateral. O portador do título de crédito, em regra, não tem
contato algum com o avalista e, menos ainda, com algum documento de identificação deste por
meio do qual possa descobrir seu estado civil.
AVAL FIANÇA
Aval é autônomo
Para tornar-se exigível o crédito cambiário contra o devedor principal (aceitante), basta o
vencimento do título; já em relação aos coobrigados (endossantes e sacador), é necessária,
ainda, a negativa de pagamento do título vencido por parte do devedor principal.
Em virtude do princípio da literalidade, a comprovação deste fato deve ser feita por
PROTESTO do título, o qual se consubstancia, então, em CONDIÇÃO da exigibilidade do crédito
cambiário contra os coobrigados. O protesto do título também é condição de exigibilidade
deste crédito, nos mesmos termos, na hipótese de recusa do aceite. Para produzir este efeito,
contudo, o protesto deve ser providenciado pelo credor dentro de um prazo estabelecido por lei.
O coobrigado que paga o título de crédito tem o direito de regresso contra o devedor
principal e contra os coobrigados anteriores. As obrigações representadas por um título de crédito
só se extinguem, todas, com o pagamento, pelo aceitante, do valor do crédito. Para se localizarem
os coobrigados na cadeia de anterioridade das obrigações cambiais, adotam-se os seguintes
critérios:
1) O SACADOR da letra de câmbio é ANTERIOR aos endossantes;
DICA: Hasta la vista aceite. Neste último, não é possível a inclusão da cláusula não
aceitável, visto que o vencimento pressupõe o aceite.
A falta de aceite, de data do aceite ou de pagamento de uma letra de câmbio deve ser
provada por protesto cambial, que é ato formal de responsabilidade do portador do título.
1) Protesto por falta de ACEITE: Ocorre quando há recusa do aceite pelo sacado. Nesse
caso, o protesto é dirigido ao sacador, a quem caberá pagar o crédito (se torna o devedor
principal). Antecipa o vencimento.
2) Protesto por falta de DATA do aceite: Extraído contra o aceitante, destinado às letras de
câmbio a certo termo de vista, nas quais não conste a data do aceite.
3) Protesto por falta de PAGAMENTO: Extraído contra o aceitante, trata-se de requisito para
a manutenção do direito de cobrança em face dos demais codevedores (protesto
necessário).
12.1. CONCEITO
A nota promissória é uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra.
Com o saque da nota promissória, surgem dois personagens distintos:
• Promitente (emitente/subscritor/sacador): Aquele que promete pagar.
• Tomador/beneficiário: O credor do valor prometido.
São apenas quatro artigos sobre nota promissória no Dec 57.663/66.
Tudo que vimos até agora sobre letra de câmbio se aplica às notas promissórias, SALVO
as seguintes diferenças:
São possíveis as quatro formas de vencimento da letra de câmbio. Quando o prazo for a
certo termo de vista, o marco inicial logicamente não é o aceite, mas sim o visto do subscritor (art.
23). O tomador deve apresentar a nota para o visto do subscritor num prazo de 01 ano do saque.
A partir do visto, conta-se o prazo de vencimento “a certo termo de vista”.
LUG Art. 23. As letras a certo termo de vista devem ser apresentadas ao
aceite dentro do prazo de 1 (um) ano das suas datas. O sacador pode
reduzir este prazo ou estipular um prazo maior. Esses prazos podem ser
reduzidos pelos endossantes.
O que acontecia: O banco exigia uma nota promissória do devedor que abria um crédito no
banco (cujo contrato não raras vezes era constituído de juros sobre juros e outros abusos).
Posteriormente, endossava a nota, de forma que nem ele (o banco) e nem o endossatário tivesse
que discutir com o devedor a origem da dívida (juros abusivos etc.). Assim, quem sempre saía
prejudicado era o devedor, que era executado pelo endossatário sem poder se defender dos
abusos praticados pelo banco.
O que diz a Súmula: tudo que seria possível discutir com o Banco em sede de embargos à
execução também é possível de ser discutido em sede de embargos à execução promovida pelo
terceiro endossatário.
Obs1: a nota promissória, vinculada ao contrato de mútuo bancário, não perde sua
executoriedade – STJ. Veja: mútuo e não abertura de crédito (que é ilíquido).
Assim, se não for paga, poderá ser ajuizada ação de execução cobrando o valor.
Mesmo que tenha passado esse prazo e a nota promissória tenha perdido sua força
executiva (esteja prescrita), ainda assim será possível a sua cobrança? SIM, por meio de ação
monitória.
Qual é o prazo máximo para ajuizar a ação monitória de nota promissória prescrita? 5
anos, com base no art. art. 206, § 5º, I, CC:
Qual é o termo inicial desse prazo, isto é, a partir de quando ele é contado? O prazo de 5
anos para a ação monitória é contado do dia seguinte ao vencimento do título.
13.1. CONCEITO
Em função do seu caráter obrigatório, o aceite da duplicata mercantil pode ser discriminado
em três categorias:
• Aceite ORDINÁRIO — resulta da assinatura do comprador aposta no local apropriado
do título de crédito.
• Aceite por COMUNICAÇÃO — resulta da retenção da duplicata mercantil pelo
comprador autorizado por eventual instituição financeira cobradora, com a
comunicação, por escrito, ao vendedor, de seu aceite.
• Aceite por PRESUNÇÃO — resulta do recebimento das mercadorias pelo comprador,
desde que não tenha havido causa legal motivadora de recusa, com ou sem devolução
do título ao vendedor.
• À vista;
• Data certa;
• Por falta de aceite: quando o sacado não dá o aceite e tampouco oferece as razões da
recusa.
• Por falta de devolução: Quando no prazo de 10 dias o sacado não devolve o título.
• Por falta de pagamento: sacado dá o aceite e devolve o título, porém na data do
vencimento não honra o aceite; não paga a dívida.
Se o devedor não restitui a duplicata ao credor, o protesto (qualquer deles) deve se dar por
indicações do credor fornecidas ao cartório de protesto (art. 13, §1º, ‘in fine’). Usualmente, no
entanto, tem-se admitido a emissão de TRIPLICATA para esse fim, apesar de a lei não trazer
essa previsão (ver triplicata abaixo).
OBS: No caso de falta de aceite do devedor principal, o protesto se faz necessário para
executá-lo, porém pode ser feito a qualquer tempo.
Art. 7º A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo
comprador ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da
data de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de
declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite.
§ 1º Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o
sacado poderá reter a duplicata em seu poder até a data do vencimento,
desde que comunique, por escrito, à apresentante o aceite e a retenção.
§ 2º - A comunicação de que trata o parágrafo anterior substituirá, quando
necessário, no ato do protesto ou na execução judicial, a duplicata a que se
refere.
14.1. CONCEITO
Conforme Fábio Ulhôa, o cheque é uma ordem de pagamento À VISTA, sacada contra um
banco e com base em suficiente provisão de fundos depositados pelo sacador em mãos do
sacado ou decorrente de contrato de abertura de crédito entre ambos. Três figuras:
1) Sacador: Correntista.
2) Sacado: Banco.
3) Tomador/beneficiário: Credor do cheque.
Destacam-se:
1) A expressão "cheque" inserta no próprio texto do título na língua empregada para a
sua redação;
3) A identificação do banco sacado (não vale, no Brasil, como cheque aquele que for
emitido contra um sacado não banqueiro);
5) Data de emissão;
Observações:
3) Os cheques superiores a 100 reais devem, obrigatoriamente, ser nominais, vale dizer,
com a indicação do beneficiário. Pode ser ‘à ordem’ ou ‘não à ordem’.
Assim, o banco tem obrigação de pagar um cheque apresentado pelo tomador, mesmo
que se trate de “pré-datado”. Em não havendo fundos, é possível até mesmo protestar um cheque
pré-datado. Frise-se: Isso na disciplina legal do Direito Empresarial.
Para o Direito Civil, no entanto, a apresentação antecipada equivale ao rompimento da
boa-fé contratual, caracterizando dano moral (Súmula 370 do STJ). O dano, nesse caso, é ‘in re
ipsa’ (ínsito na própria coisa), não necessitando de prova do prejuízo do sacador.
STJ Súmula: 370. Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de
cheque pré-datado.
O credor pode preencher cambial em branco ou com lacunas (exemplo: máquina que
preenche cheque)?
Conforme a Súmula 387 do STF é plenamente possível que o credor de boa-fé complete a
cambial.
Duas peculiaridades:
• O aval em branco aproveita ao sacador (art. 30, parágrafo único);
Lei 7.357/85 Art. 30 O aval é lançado no cheque ou na folha de
alongamento. Exprime-se pelas palavras ‘’por aval’’, ou fórmula equivalente,
com a assinatura do avalista. Considera-se como resultante da simples
assinatura do avalista, aposta no anverso do cheque, salvo quando se tratar
da assinatura do emitente.
Parágrafo único - O aval deve indicar o avalizado. Na falta de indicação,
considera-se avalizado o emitente.
Trata-se do prazo que o tomador tem para apresentar o cheque ao banco para pagamento.
Não se confunde com o prazo prescricional (ver abaixo).
O prazo de apresentação varia conforme o local do saque indicado na cártula:
Mesma praça → 30 dias.
Praça diferente → 60 dias.
Mesma praça bancária: Quando o local de saque indicado na cártula corresponder ao local
da agência pagadora.
Praças bancárias diferentes: Quando não há coincidência entre a praça do saque e a
praça da agência pagadora.
OBS: O que importa para essa verificação é a praça e a data de saque indicados pelo
sacador no cheque e não o local e a data em que efetivamente ocorreu a emissão do cheque
(princípio da cartularidade).
3) A não apresentação do cheque no prazo legal pode causar a perda do direito de o credor
executar até mesmo o emitente do título. É uma hipótese excepcional, mas existe. Dá-se
quando havia fundos durante o prazo de apresentação e eles deixaram de existir, em
seguida ao término deste prazo, por culpa não imputável ao correntista (como, por
exemplo, a falência do banco, o confisco governamental etc.). É o que prevê o art. 47, II, e
seu §3º da Lei do Cheque. Sobrará ao credor apenas a chance de executar o avalista do
emitente.
Lei 7.357/85 Art. 38, Parágrafo único. O portador não pode recusar
pagamento parcial, e, nesse caso, o sacado pode exigir que esse
pagamento conste do cheque e que o portador lhe dê a respectiva quitação.
14.7.3. Protesto
É possível o protesto do cheque contra o emitente mesmo após ter se passado o prazo de
apresentação? SIM. É legítimo o protesto de cheque efetuado contra o emitente depois do prazo
de apresentação, desde que não escoado o prazo prescricional relativo à ação cambial de
execução.
Mas o art. 48 da Lei n. 7.357/85 afirma que o protesto do cheque deve ocorrer durante o
prazo de apresentação. Veja:
Portanto, nada impede o protesto facultativo do cheque, mesmo que apresentado depois
do prazo mencionado no art. 48, c/c o art. 33, ambos da Lei n. 7.357/85. Isso porque o protesto do
título pode ser utilizado pelo credor com outras finalidades que não o ajuizamento da ação de
execução do título executivo.
Em suma, de acordo com o STJ, sempre será possível, no prazo para a execução cambial,
o protesto cambiário de cheque com a indicação do emitente como devedor.
Por fim, o protesto irregular de cheque prescrito não caracteriza abalo de crédito apto a
ensejar danos morais ao devedor, se ainda remanescer ao credor vias alternativas para a
cobrança da dívida consubstanciada no título (STJ – Info 6616).
Se um dos correntistas emite cheque sem fundos, quem será responsável pelo
pagamento?
STJ: Na conta conjunta existe solidariedade ATIVA, vale dizer, qualquer dos cotitulares
pode movimentar a conta. Entretanto, a solidariedade PASSIVA não é reconhecida. Dessa forma,
só responde pelo cheque aquele que o emitiu. Só ele pode ser protestado e executado (REsp.
336.632/ES).
Se no protesto contar o nome daquele que não emitiu a cártula, estará configurado o dano
moral.
Só pode ser realizada pelo emitente do cheque. Só produz efeitos depois do prazo de
apresentação. É uma forma de controle bancário, na qual o correntista ordena que após o
prazo de apresentação o cheque não deve ser pago.
O cheque NÃO pago pelo sacado por falta de fundos deve ser PROTESTADO pelo credor
ATÉ a data limite de apresentação, a fim de que assegure a sua pretensão executória contra
todos os coobrigados. Se NÃO for realizado o protesto nesse prazo, somente poderá executar
o devedor principal.
OBS: O protesto pode ser substituído pela declaração do sacado da câmara de
compensação que comprove a recusa de pagamento por falta de fundos.
Conforme Fábio Ulhôa, na execução do cheque sem fundos, o credor terá direito à
importância do título acrescida das seguintes verbas:
• Juros legais a partir da apresentação a pagamento;
• Despesas com protesto, avisos e outras;
• Correção monetária prevista no art. 52, IV, da Lei do Cheque.
Prescrita também essa pretensão, nenhuma outra ação caberá com base em título de
crédito. Poderá ser ajuizada nova ação de conhecimento (ação monitória), servindo o cheque
prescrito como uma PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA. Essa obedecerá aos prazos prescricionais da
lei civil.
Ponto feito com base nas explicações do Professor Márcio Cavalcante (Livro: Súmulas do
STF e STJ – Ed. 2019).
Duas súmulas merecem destaque quando se fala em ação monitória e cheque prescrito,
quais sejam: Súmula 531 e Súmula 503 do STJ, a seguir breve comentário.
Mesmo estando o cheque prescrito, ainda assim será possível a sua cobrança? SIM. Com
o fim do prazo de prescrição, o beneficiário não poderá mais executar o cheque. Diz-se que o
cheque perdeu sua força executiva. No entanto, mesmo assim o beneficiário poderá cobrar o valor
desse cheque por outros meios, quais sejam:
• Ação monitória.
Desse modo, estando o cheque prescrito (sem força executiva), ele poderá ser cobrado do
emitente por meio de ação monitória? SIM. O beneficiário do cheque poderá ajuizar uma ação
monitória para cobrar do emitente o valor consignado na cártula. Existe até uma súmula que
menciona isso:
Isso não significa uma forma de cercear o direito de defesa do réu? NÃO. Não há
cerceamento de defesa, pois o demandado poderá, nos embargos à monitória (nome da “defesa”
na ação monitória), discutir a causa debendi. Na ação monitória há inversão da iniciativa do
contraditório, cabendo ao demandado a faculdade de opor embargos à monitória, suscitando toda
a matéria de defesa, visto que recai sobre ele o ônus probatório. Cabe ao réu o ônus de provar, se
quiser, a inexistência do débito.
(...) o credor, mesmo munido de título de crédito com força executiva, não
está impedido de cobrar a dívida representada nesse título por meio de
ação de conhecimento ou mesmo de monitória. É de se concluir que o prazo
prescricional da ação monitória fundada em título de crédito (prescrito ou
não prescrito), começa a fluir no dia seguinte ao do vencimento do título. (...)
STJ 3ª Turma. REsp 1367362/DF, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em
16/04/2013.
Se o devedor não paga na data prevista o valor que estava previsto no cheque como
sendo de sua obrigação, o credor poderá cobrá-lo e terá direito de receber a quantia acrescida de
juros moratórios e correção monetária por conta do atraso. A dúvida que existia dizia respeito ao
termo inicial desses juros e correção monetária. A partir de quando eles deveriam ser contados e
calculados: a partir da data de emissão, da data de apresentação ou do dia da citação?
Vejamos o seguinte exemplo:
Em 15/01/2014, João emitiu um cheque de R$ 5 mil em favor de Pedro.
Em 02/02/2014, Pedro foi até o banco descontar o cheque, mas este não tinha fundos.
Em 2018, Pedro ajuíza ação monitória contra João, que é citado no dia 04/04/2018.
O juiz julgou procedente o pedido, condenando o réu a pagar o valor cobrado.
Na sentença, o magistrado consignou que os juros moratórios e a correção monetária
deveriam ser contados desde a data da citação inicial do réu (04/04/2018), nos termos do art. 405
do CC e art. 240 do CPC/2015:
Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.
Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente,
induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor,
ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro
de 2002 (Código Civil).
O juiz acertou no momento da fixação do termo inicial dos juros de mora e da correção
monetária? NÃO.
A correção monetária não representa acréscimo ao valor devido, mas mera recomposição
inflacionária. Assim, ela deve ser exigida desde a data de emissão do cheque a fim de recompor
inteiramente o valor que seria devido ao beneficiário da cártula.
Qual é o termo inicial dos JUROS na cobrança de cheque? A data da primeira
apresentação.
Os juros de mora sobre a importância de cheque não pago são contados da primeira
apresentação pelo portador ao banco, e não da citação do sacador. Logo, em nosso exemplo, os
juros deveriam ser contados desde 02/02/2014.
Os juros de mora decorrem do inadimplemento da obrigação pelo devedor, ou seja, os
juros de mora são consequência da mora do devedor da obrigação (art. 395 do CC). Dessa forma,
nada mais lógico que a sua contagem se inicie exatamente a partir do momento em que surge a
mora. Além disso, a Lei do Cheque (Lei nº 7.357/85) possui regra expressa que disciplina os juros
relacionados com a cobrança de crédito estampado em cheque.
Segundo a referida Lei, os juros de mora devem ser contados desde a data da primeira
apresentação do cheque pelo portador à instituição financeira, conforme previsto no art. 52, II:
Art. 52 portador pode exigir do demandado:
(...)
II - os juros legais desde o dia da apresentação;
Não se aplica, portanto, a regra do art. 405 do CC, que conta os juros a partir da citação
inicial.
Obs.: a Lei do Cheque veda a cobrança de juros compensatórios (art. 10).
No exemplo dado acima, o credor ajuizou ação monitória. Haveria diferença do termo
inicial caso ele tivesse proposto uma ação de locupletamento ou uma ação de cobrança?
NÃO. Não haveria diferença. O termo inicial continuaria sendo o mesmo. Isso porque a
data de início da fluência da correção monetária e dos juros de mora está relacionada com a
relação de direito material (e não com o instrumento processual utilizado para cobrança). O que
importa é a natureza da obrigação inadimplida, e não o tipo da ação proposta.
16.1. GRÁFICO 01
03 anos do VENCIMENTO do
título. 01 ano do PROTESTO (que 01 ano do PAGAMENTO ou
DUPLICATAS por sua vez tem prazo de 30 de quando DEMANDADO o
dias do vencimento). obrigado.
06 meses do término do
06 meses do término do PRAZO DE
PRAZO DE APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO (não
06 meses, do PAGAMENTO
– que é 30 dias se na mesma importa a data da efetiva
CHEQUE ou de quando DEMANDADO
praça, 60 dias em praça apresentação), desde que o
o obrigado.
diferente (não importa a data da título tenha sido
efetiva apresentação). protestado no prazo de
apresentação (art. 59).
Aqui falaremos de outros títulos, títulos não tão “famosos” por assim dizer. São títulos de
crédito causais, representativos de promessa de pagamento, com ou sem garantia real, conforme
a natureza e a área de atividade própria. Destacam-se entre estes: CÉDULAS DE CRÉDITO
(providas de garantia real) e NOTAS DE CRÉDITO (sem garantia real, mas gozam de privilégio
especial sobre bens livres do devedor, em caso de insolvência ou falência).
Neste ponto, estudaremos os seguintes títulos de crédito (gêneros):
1) Títulos de crédito comercial;
2) Títulos de crédito industrial;
3) Títulos de crédito rural;
4) Títulos de crédito imobiliário;
5) Novos títulos imobiliários;
6) Títulos de crédito bancário;
7) Letra de arrendamento mercantil.
• Nota promissória rural e duplicata rural (DL 167/67): títulos causais, fundados
em operações de compra e venda de natureza rural, contratadas a prazo, não
constitutivas de financiamento no âmbito do crédito rural.
• Cédula de PRODUTO rural (Lei 8.929/94): título de natureza causal, emitido por
produtor ou cooperativa rural, como promessa de entrega de produtos rurais,
podendo conter garantia hipotecaria, pignoratícia ou fiduciária.
Aval em cédula de crédito rural
2) Letra hipotecária (DL 2.478/88 e Lei 7.684/88)/cédula hipotecária (DL 70/66): títulos
causais, representativos da promessa de pagamento, ambos emitidos com lastro sobre o
crédito hipotecário: LETRA hipotecária por instituição financeira; a CÉDULA hipotecária por
associação de poupança e empréstimo.
2) Letra de crédito imobiliário (lei 10.931/04): causal, por instituição financeira, promessa
de pagamento, lastro em crédito imobiliário decorrente de hipoteca ou alienação
fiduciária.
3) Cédula de crédito hipotecário (lei 10.931/04): emitido pelo tomador do crédito imobiliário,
em favor da instituição financeira credora, com garantia real ou fidejussória, ou mesmo
sem garantia.
Previsão legal: A Cédula de Crédito Bancário foi criada por Medida Provisória 1.925/99,
convertida, após inúmeras reedições, na Lei n.10.931/2004.
Em suma:
Exemplo: Pedro vai até o Banco “X” para abrir uma conta corrente. O gerente lhe oferece
um contrato bancário de abertura de crédito. Por meio desse contrato, o Banco “X” irá colocar
certa quantia de dinheiro à disposição de Pedro, que pode ou não se utilizar desses recursos,
caso necessite. O lucro do Banco será nos juros cobrados de Pedro caso ele use a quantia
disponibilizada. O contrato de abertura de crédito não é considerado título executivo extrajudicial.
Desse modo, para conferir maior segurança ao Banco caso Pedro tome emprestado o dinheiro, a
assinatura do contrato fica condicionada à emissão, por Pedro, de uma Cédula de Crédito
Bancário na qual ele promete pagar ao Banco “X” o valor que tomar emprestado. Na hipótese de
não pagar, o Banco “X” executa esta Cédula de Crédito, sem precisar de um processo de
conhecimento.
Mesmo com a previsão legal de que a Cédula de Crédito Bancário é título executivo
extrajudicial havia alguma polêmica sobre o tema? SIM. O STJ firmou o entendimento de que o
contrato de abertura de crédito não goza dos atributos para ser considerado título executivo.
Nesse sentido:
Súmula 233-STJ: O contrato de abertura de crédito, ainda que
acompanhado de extrato da conta corrente, não é título executivo.
3) Certificado de depósito em garantia (lei 4.728/65 e lei 6.404/76 - LSA): emitido por
instituição financeira, relativo ao depósito em garantia de títulos de crédito ou valores
mobiliários, que permanecem no estabelecimento bancário, como lastro da operação, até a
devolução do certificado.
1.1. CONCEITO
1.2. REGRAMENTO
O Código Civil de 2002 trata de forma genérica sobre a propriedade fiduciária em seus
arts. 1.361 a 1.368-B. Existem, no entanto, leis específicas que também regem o tema:
Resumindo:
Alienação fiduciária de bens Alienação fiduciária de bens
MÓVEIS fungíveis e MÓVEIS infungíveis quando o
Alienação fiduciária de bens
infungíveis quando o credor credor fiduciário for pessoa
IMÓVEIS
fiduciário for instituição natural ou jurídica (sem ser
financeira banco)
Assim, o Banco “X” empresta R$ 20.000,00 a Antônio, que compra o veículo. Como
garantia do pagamento do empréstimo, a propriedade resolúvel do carro ficará com o Banco “X” e
a posse direta com Antônio.
Havendo mora por parte do mutuário, o procedimento será o seguinte (regulado pelo DL
911/69):
1) NOTIFICAÇÃO DO DEVEDOR:
Assim, o credor deverá fazer a notificação extrajudicial do devedor de que este se encontra
em débito, comprovando, assim, a mora. Essa notificação é indispensável para que o credor
possa ajuizar ação de busca e apreensão. Confira:
Pergunta importante: como é feita a notificação do devedor? Essa notificação precisa ser
realizada por intermédio do Cartório de Títulos e Documentos?
NÃO. Essa notificação é feita por meio de carta registrada com aviso de recebimento.
Logo, não precisa ser realizada por intermédio do Cartório de RTD. Essa foi uma das mudanças
operadas pela Lei n. 13.043/2014 no § 2º do art. 2º do DL 911/69.
O credor deveria demonstrar a mora do Ficou mais fácil. O credor pode demonstrar a
devedor por duas formas: mora do devedor por meio de carta registrada
com aviso de recebimento.
a) por carta registada expedida por
intermédio de Cartório de Títulos e Não mais se exige que a carta registrada seja
Documentos; ou expedida pelo Cartório de Títulos e
Documentos.
b) pelo protesto do título, realizado pelo
Tabelionato de Protesto. É dispensável que haja o protesto do título.
O aviso de recebimento da carta (AR) precisa ser assinado pelo próprio devedor?
Portanto, a alteração legislativa confirma a solução que já havia sido dada pelo STJ ao
tema.
2) AJUIZAMENTO DA AÇÃO:
Após comprovar a mora, o mutuante (Banco “X”) poderá ingressar com uma ação de
busca e apreensão requerendo que lhe seja entregue o bem (art. 3º do DL 911/69). Essa busca e
apreensão prevista no DL 911/69 é uma ação especial autônoma e independente de qualquer
procedimento posterior.
3) CONCESSÃO DA LIMINAR:
O juiz concederá a busca e apreensão de forma liminar (sem ouvir o devedor), desde que
comprovada a mora ou o inadimplemento do devedor (art. 3º do DL 911/69).
Apesar de a nova redação do art. 3º utilizar a expressão “podendo ser apreciada”, o que
poderia indicar uma faculdade do juiz, a leitura mais adequada do dispositivo é a de que, estando
presentes os requisitos legais, o magistrado tem o poder-dever de apreciar e conceder a liminar.
Se o bem objeto da alienação fiduciária for um veículo, caso seja concedida a liminar na
busca e apreensão, uma medida de grande eficácia para conseguir localizar e recuperar o bem é
inserir uma restrição judicial no “registro” do veículo.
O Poder Judiciário mantém convênio com o DENATRAN por meio do qual os magistrados
possuem acesso ao sistema informatizado do RENAVAM. Assim, o juiz pode digitar seu login e
sua senha, entrar na página interna do RENAVAM e inserir restrições judiciais incidentes sobre os
veículos objeto do processo. Assim, quando o carro for parado em uma blitz ou for realizar uma
inspeção de rotina no DETRAN, aparecerá aquela informação no sistema e o veículo será
apreendido e entregue à Justiça.
Dessa forma, quando o juiz decreta a busca e apreensão, ele próprio, com sua senha,
deverá inserir diretamente a restrição judicial no RENAVAM. Caso ele não tenha acesso à base
de dados, deverá expedir um ofício ao DETRAN para que:
5) APREENSÃO DO BEM:
Caso o bem seja localizado em comarca diferente da qual onde está tramitando a ação
(ex: o processo tramita em Belo Horizonte e o carro foi encontrado em Lavras), a parte
interessada poderá requerer diretamente ao juízo dessa comarca pedindo a apreensão do veículo,
bastando que em tal requerimento conste a cópia da petição inicial da ação e, quando for o caso,
a cópia do despacho que concedeu a busca e apreensão do veículo (§ 12 do art. 3º do DL 911/69,
acrescentado pela Lei n. 13.043/2014).
Art. 3º (...)
§ 1º Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, consolidar-
se-ão a propriedade e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do
credor fiduciário, cabendo às repartições competentes, quando for o caso,
expedir novo certificado de registro de propriedade em nome do credor, ou
de terceiro por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária.
(Redação dada pela Lei 10.931/2004)
§ 2º No prazo do § 1º, o devedor fiduciante poderá pagar a integralidade da
dívida pendente, segundo os valores apresentados pelo credor fiduciário na
inicial, hipótese na qual o bem lhe será restituído livre do ônus. (Redação
dada pela Lei 10.931/2004)
O que se entende por “integralidade da dívida pendente”? Para que o devedor tenha de
volta o bem, ele deverá pagar todo o valor do financiamento ou somente as parcelas já
vencidas e não pagas (purgação da mora)? Ex: Antônio financiou o veículo em 60 parcelas.
A partir da 20ª prestação ele começou a não mais pagar. Estão vencidas 5 parcelas. Para
ter de volta o bem ele terá que pagar somente as 5 parcelas vencidas (purgação mora) ou
todo o financiamento restante (40 parcelas)?
Todo o débito.
Segundo decidiu o STJ, a Lei n. 10.931/2004, que alterou o DL 911/69, não mais faculta ao
devedor a possibilidade de purgação de mora, ou seja, não mais permite que ele pague somente
as prestações vencidas.
Para que o devedor fiduciante consiga ter o bem de volta, ele terá que pagar a
integralidade da dívida, ou seja, tanto as parcelas vencidas quanto as vincendas (mais os
encargos), no prazo de 5 dias após a execução da liminar.
O devedor purga a mora quando ele oferece ao devedor as prestações que estão vencidas
e mais o valor dos prejuízos que este sofreu (art. 401, I, do CC). Nesse caso, purgando a mora, o
devedor consegue evitar as consequências do inadimplemento. Ocorre que na alienação fiduciária
em garantia, a Lei n. 10.931/2004 passou a não mais permitir a purgação da mora.
Vale ressaltar que o tema acima foi decidido em sede de recurso repetitivo, tendo o STJ
firmado a seguinte conclusão, que será aplicada em todos os processos semelhantes:
SIM. Antes da Lei n. 10.931/2004 era permitida a purgação da mora, desde que o devedor
já tivesse pago no mínimo 40% do valor financiado. Tal entendimento estava, inclusive,
consagrado em um enunciado do STJ:
7) CONTESTAÇÃO:
Obs1: a resposta poderá ser apresentada ainda que o devedor tenha decidido pagar a
integralidade da dívida, caso entenda ter havido pagamento a maior e deseje a restituição.
Obs2: nesta defesa apresentada pelo devedor, é possível que ele invoque a ilegalidade das
cláusulas contratuais (ex: juros remuneratórios abusivos). Se ficar provado que o contrato era
abusivo, isso justificaria o inadimplemento e descaracterizaria a mora.
8) VENDA DO BEM
O preço da venda, isto é, o valor apurado com a alienação, deverá ser utilizado para pagar
os débitos do devedor para com o credor e também para custear as despesas decorrentes da
cobrança dessa dívida.
Se após o pagamento da dívida ainda sobrar dinheiro esse saldo apurado deverá ser
entregue ao devedor.
9) SENTENÇA
Caso o credor tenha optado por recorrer à ação executiva serão penhorados, a critério do
autor da ação, tantos bens do devedor quantos bastem para assegurar a execução (art. 5º do DL
911/69, com redação dada pela Lei n. 13.043/2014).
NÃO. Não será aceito bloqueio judicial de bens constituídos por alienação fiduciária de que
trata o DL 911/69. Se os outros credores quiserem alegar que possuem créditos preferenciais em
relação à instituição financeira mutuante, tal discussão sobre concursos de preferências deverá
ser resolvida pelo valor da venda do bem após ele ser apreendido (art. 7º-A do DL 911/69,
inserido pela Lei n. 13.043/2014).
Importante:
O Código Civil traz regras sobre a alienação fiduciária de bens MÓVEIS infungíveis quando
o credor fiduciário for pessoa natural ou jurídica (sem ser banco).
ANTES DEPOIS
a) Deixar claro que existem várias espécies de alienação fiduciária e que cada uma delas
possui um regramento próprio, aplicando-se as normas do Código Civil apenas para os casos em
que a alienação fiduciária não for tratada em lei específica;
c) Determinar que sejam aplicadas à espécie de propriedade fiduciária regida pelo Código
Civil as normas dos arts. 1.419 a 1.430 do CC.
Como já visto acima, a alienação fiduciária em caso de bens imóveis é regida pela Lei
n. 9.514/97.
A alteração promovida pela Lei n. 13.043/2014 na alienação fiduciária de imóveis foi muito
singela e teve como objetivo apenas deixar claro que o prazo para purgação da mora é contado
da última publicação do edital. Compare:
ANTES DEPOIS
Importante destacar que os direitos do devedor fiduciante sobre imóvel objeto de contrato
de alienação fiduciária em garantia possuem a proteção da impenhorabilidade do bem de família
legal. STJ. 3ª Turma. REsp 1677079-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
25/09/2018 (Info 635).
Ex: João fez um contrato de alienação fiduciária para aquisição de uma casa; ele está
morando no imóvel enquanto paga as prestações; enquanto não terminar de pagar, a casa
pertence ao banco; apesar disso, ou seja, a despeito de possuir apenas a posse, os direitos de
João sobre o imóvel não podem ser penhorados porque incide a proteção do bem de família.
2.1. CONCEITO
Vejamos:
Ao contrário dos demais, somente pessoa jurídica pode realizar (sendo arrendatária) o
leasing de retorno.
Exemplo: Indústria têxtil passando por crise. Em vez de fazer um empréstimo bancário, a
indústria pode fazer o ‘lease back’. A indústria vende o equipamento para a empresa de leasing
(contrato de compra e venda) e utiliza o valor obtido para se reerguer.
OBS: O lease back só é possível em duas operações: contrato de compra e venda ou
dação em pagamento. O bem só pode sair da titularidade da Pessoa Jurídica para a empresa de
leasing por meio de uma dessas operações.
Voltando ao exemplo: A indústria pega o dinheiro recebido com a venda e utiliza como
capital de giro. E para não ficar sem o equipamento, a indústria arrenda-o da empresa de leasing.
Por isso é leasing de retorno: o bem sai do patrimônio da PJ (por meio da venda ou dação) e
retorna por meio do leasing.
Ocorre que os §§ 1º e 2º do art. 3º do DL 911/69 não autorizam a purgação de mora, ou seja, não
permitem que o devedor pague somente as prestações vencidas.
Para que o devedor consiga ter o bem de volta, ele terá que pagar a integralidade da dívida, ou
seja, tanto as parcelas vencidas quanto as vincendas (mais os encargos), no prazo de 5 dias após a
execução da liminar.
Resumindo:
O contrato de franquia está previsto na Lei 13.966/2019 que revogou a Lei 8.955/94.
Salienta-se que nova Lei de Franquia foi publicada em 26 de dezembro de 2019, entrará em vigor
março de 2019 (90 dias após sua publicação).
Art. 9º Revoga-se a Lei nº 8.955, de 15 de dezembro de 1994 (Lei de
Franquia).
3.1. CONCEITO
O conceito de franquia foi ampliado pela Lei 13.966/2019. Observe o quadro abaixo:
ANTIGO CONCEITO DE FRANQUIA NOVO CONCEITO DE FRANQUIA
(art. 2º da Lei 8.955/94) (art. 1º da Lei 13.966/2019)
Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo Art. 1º Esta Lei disciplina o sistema de franquia
qual um franqueador cede ao franqueado o empresarial, pelo qual um franqueador autoriza
direito de uso de marca ou patente, associado por meio de contrato um franqueado a usar
ao direito de distribuição exclusiva ou marcas e outros objetos de propriedade
semiexclusiva de produtos ou serviços e, intelectual, sempre associados ao direito de
eventualmente, também ao direito de uso de produção ou distribuição exclusiva ou não
tecnologia de implantação e administração de exclusiva de produtos ou serviços e também
negócio ou sistema operacional desenvolvidos ao direito de uso de métodos e sistemas de
ou detidos pelo franqueador, mediante implantação e administração de negócio ou
remuneração direta ou indireta, sem que, no sistema operacional desenvolvido ou detido
entanto, fique caracterizado vínculo pelo franqueador, mediante remuneração direta
empregatício. (Revogado) ou indireta, sem caracterizar relação de
consumo ou vínculo empregatício em relação
ao franqueado ou a seus empregados, ainda
que durante o período de treinamento.
3.2. CONTRATANTES
3.6.1. Conceito
É uma ‘ESPÉCIE DE PROPOSTA’ por escrito do franqueador que deve ser fornecida ao
interessado em implantar o sistema de franquia empresarial. No art. 2º da Lei estão descritas
todas as cláusulas que obrigatoriamente devem constar na COF.
O cessionário do título não precisa ser O adquirente do crédito só pode ser instituição
instituição financeira. financeira.
4.3. JURISPRUDÊNCIA
Empresa de factoring que recebeu cessão dos créditos de contrato tem legitimidade para
figurar no polo passivo da ação que pede a revisão do pacto
A empresa de factoring, que figura como cessionária dos direitos e obrigações
estabelecidos em contrato de compra e venda em prestações, de cuja cessão foi regularmente
cientificado o devedor, tem legitimidade para figurar no polo passivo de demandas que visem à
revisão das condições contratuais. Ex: Pedro comprou da loja uma moto parcelada. No mesmo
instrumento contratual, a loja cedeu esse crédito para uma factoring. Assim, no próprio contrato de
compra e venda havia uma cláusula dizendo que a loja estava cedendo o crédito para a factoring,
a quem o devedor deveria pagar as parcelas e que, em caso de inadimplemento, a factoring iria
pleitear a restituição do bem vendido. Se Pedro desejar propor ação pedindo a revisão deste
contrato, poderá ajuizá-la diretamente contra a factoring. STJ. 4ª Turma. REsp 1343313-SC, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 1/6/2017
(Info 608).
Riscos do inadimplemento
Caso a faturizadora não consiga receber do devedor o valor do título, ela poderá cobrar
essa quantia do faturizado que lhe cedeu esse crédito? Ex.: mulher foi até a loja de sapatos e
pagou com um cheque pós-datado de R$ 700,00. A loja “vendeu” esse cheque para a factoring.
Ocorre que o cheque não foi descontado por falta de fundos. A faturizadora poderá cobrar a
quantia do faturizado (loja)? Regra: NÃO. O risco assumido pelo faturizador é inerente à operação
de factoring, não podendo o faturizado ser demandado para responder regressivamente. Essa
impossibilidade de regresso decorre do fato de que a faturizada não garante a solvência do título.
Exceção: o faturizado pode ser demandado para responder regressivamente se tiver dado causa
ao inadimplemento dos contratos cedidos. STJ. 4ª Turma. REsp 1163201/PE, Rel. Min. Antônio
Carlos Ferreira, julgado em 02/12/2014.
A empresa faturizada não responde pelo simples inadimplemento dos títulos cedidos, salvo
se der causa à inadimplência
A empresa faturizada não responde pelo simples inadimplemento dos títulos cedidos, salvo
se der causa à inadimplência do devedor. Mesmo que o contrato de factoring preveja a
responsabilidade da faturizada nesses casos, tal cláusula deverá ser considerada nula. Assim,
deve ser declarada nula a cláusula de recompra, tendo em vista que a estipulação contratual
nesse sentido retira da empresa de factoring o risco inerente aos contratos dessa natureza. STJ.
4ª Turma. AgRg no REsp 1361311/MG, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 20/11/2014.
A faturizadora tem direito de regresso contra a faturizada que, por contrato de factoring
vinculado a nota promissória, tenha cedido duplicatas sem causa subjacente
5. REPRESENTAÇÃO COMERCIAL
5.1. INTRODUÇÃO
Valor Indenização: Em não sendo observados esses prazos de aviso prévio, a outra parte
contratante fará jus à indenização de 1/12 do total já auferido como representante.
Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos
comuns e outros a juízo dos interessados, constarão obrigatoriamente:
...
j) indenização devida ao representante pela rescisão do contrato fora dos
casos previstos no art. 35, cujo montante não poderá ser inferior a 1/12 (um
doze avos) do total da retribuição auferida durante o tempo em que exerceu
a representação.
A rescisão antecipada do contrato sem justa causa dá ao agente direito à indenização (art.
27, §1º da Lei).
Valor da indenização: Média mensal da retribuição auferida até então VEZES metade dos
meses restantes para o fim do contrato.
OBS: Contrato de AGÊNCIA: O CC não fala nada em valores de indenização. E mais: Manda que
se aplique a legislação especial, qual seja, a lei de contrato de representação.
1. INTRODUÇÃO
1) TOTALMENTE excluídos:
• Empresa Pública;
• Sociedade de economia mista
Em hipótese alguma, essas pessoas podem falir ou pedir recuperação.
2) PARCIALMENTE excluídos:
Por sua vez, a Lei n. 6.024/74, que dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial
de instituições financeiras, estabelece o seguinte:
Lei n. 6.024/74 Art. 34. Aplicam-se a liquidação extrajudicial no que
couberem e não colidirem com os preceitos desta Lei, as disposições da Lei
de Falências (Decreto-lei nº 7.661, de 21 de junho de 1945), equiparando-se
ao síndico, o liquidante, ao juiz da falência, o Banco Central do Brasil, sendo
competente para conhecer da ação revocatória prevista no artigo 55
daquele Decreto-lei, o juiz a quem caberia processar e julgar a falência da
instituição liquidanda.
A Lei de Falências (Lei n. 11.101/2005), em seu art. 2º, II, como vimos, prevê a NÃO
aplicação de suas disposições às instituições financeiras públicas ou privadas, cooperativas de
crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de
assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades
legalmente equiparadas às anteriores. Entretanto, o art. 197 do referido diploma legal dispõe:
Desse modo, segundo o Ministro Relator, a partir da interpretação dos dispositivos legais
acima mencionados, a competência para processar e julgar o pedido de falência de empresa em
liquidação extrajudicial, ou seja, sob intervenção do BACEN é do Juízo das Falências que,
segundo o art. 109, I, da CF/88 está excluído da competência da Justiça Federal, sendo, portanto,
de competência da Justiça Estadual
Voltando...
Temos como pressupostos da falência:
• Condição de empresário ou sociedade empresária – pressuposto material subjetivo
• Estado de insolvência – pressuposto material objetivo
• Declaração judicial de falência – pressuposto formal
3. JUÍZO COMPETENTE
A ação de falência compete à Justiça Comum Estadual, mesmo que o autor da ação seja
entidade federal, nos termos da exceção contida no art. 109, I da CF, in verbis:
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública
federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
oponentes, EXCETO AS DE FALÊNCIA, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
O principal precedente que deu origem a essa súmula foi o CC 103.711/RJ, Rel. p/
Acórdão Ministro Sidnei Beneti, Segunda Seção, julgado em 10/06/2009.
Com a concessão da recuperação judicial, o juízo que decretou essa recuperação (“juízo
da recuperação”) passa a ser considerado “juízo universal” uma vez que será apenas dele a
competência para realizar os atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de
credores.
4. DA FALÊNCIA
4.1. CONCEITO
Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na
sentença que julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor,
apurando-se as perdas e danos em liquidação de sentença.
É pouco usual.
Segundo André Santa Cruz, “quando um sócio entende ser essa a melhor alternativa, mas
a maioria dos sócios não concorda com seu posicionamento, o que ocorre, comumente, é a
dissolução parcial da sociedade, com a retirada do sócio dissidente e a continuidade da empresa ”
Seja pessoa física ou jurídica; seja sociedade empresária ou simples (não empresária).
Em se tratando de credor empresário, deve ser REGULAR (registrado). É, por isso, que a
sociedade em comum não pode pedir falência de terceiro (art. 97, §1º).
LF Art. 97, § 1o O credor EMPRESÁRIO apresentará certidão do Registro
Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades.
(perceba: para a sociedade empresária pedir a falência de outra, aquela
deve ser regular – consequência: sociedade em comum não pode pedir a
falência de outra sociedade empresária, mas pode pedir sua autofalência,
ver abaixo).
O Credor que não tem domicílio no Brasil pode pedir falência, porém deve prestar caução.
É o único caso de exigência de caução no pedido de falência (art. 97 - acima).
LF Art. 97, § 2o O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar
caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art.
101 desta Lei.
Destaca-se que até mesmo o credor trabalhista pode fazer o pedido de falência. Nesse
sentindo:
1) Empresário individual;
2) EIRELI;
3) Sociedade empresária.
Lembrando os excluídos do art. 2º da Lei.
Características:
• Deixar de pagar obrigação LÍQUIDA no VENCIMENTO.
OBS: Algumas obrigações, embora líquidas, não podem servir de base à
impontualidade justificada. São aquelas que não podem ser reclamadas em
falência, previstas no art. 5º da Lei: Obrigações gratuitas, por exemplo.
Art. 5o Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na
falência:
I – as obrigações a título gratuito;
II – as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação
judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o
devedor.
Destaca-se que, conforme o entendimento do STJ (Info 547), para pedir a falência com
base neste inciso não é necessário que o requerente tenha tentado executar o título. Não se
revela como exigência para a decretação da quebra a execução prévia. Assim, é desnecessário o
prévio ajuizamento de execução forçada para se requerer falência com fundamento na
impontualidade do devedor.
Por fim, entende ainda o STJ (Info 547) que a duplicata virtual protestada por indicação é
título executivo apto a instruir pedido de falência com base na impontualidade do devedor. Logo,
se o devedor não pagar uma duplicata virtual em valor superior a 40 salários-mínimos, é possível
que seja decretada a sua falência.
Será decretada a falência do devedor que é executado por qualquer quantia e não paga,
não deposita e não nomeia bens suficientes a penhora, dentro do prazo legal.
Frise-se: Aqui o empresário já está sofrendo uma execução individual do credor. O credor
deve, então, com base em cópia dessa execução frustrada, ajuizar o pedido de falência.
Importante: A falência com base em execução frustrada independe de protesto e é
possível por qualquer valor. Não precisa ser superior a 40 salários. Motivo: Se o sujeito já não
conseguiu pagar a execução individual, deve ter decretada sua falência de qualquer forma.
Adotou-se o critério da enumeração legal.
São condutas, comportamentos, expressamente previstos no rol do art. 94, que, uma vez
sendo praticados, atestam, PRESUMIDAMENTE, o estado de insolvência patrimonial do devedor
(passivo maior que o ativo).
Assim, presume-se insolvente o empresário ou sociedade empresária que:
Liquidação precipitada: Trata-se da liquidação abrupta de bens (venda dos bens), sem a
devida reposição. Por isso, não se confunde com a queima de estoque que tem finalidade de
reposição de estoque.
b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de
retardar pagamentos ou fraudar credores, negócio simulado ou
alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou
não;
c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento
de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu
passivo; (trespasse, ver acima)
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o
objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia real a credor, em momento posterior à constituição
do crédito, sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para
saldar seu passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos
suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta
ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal
estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano
de recuperação judicial.
Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta
Lei, não será decretada se o requerido provar:
I – falsidade de título;
II – prescrição;
III – nulidade de obrigação ou de título;
IV – pagamento da dívida;
V – qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime
a cobrança de título;
VI – vício em protesto ou em seu instrumento;
VII – apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da
contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei;
Apesar de o empresário achar que a dívida não é devida, ele deposita o valor da cobrança
como forma de elidir (impedir) o juiz de decretar a falência.
OBS: O depósito corresponde ao valor principal + correção + juros + honorários
advocatícios. É por isso que na citação da falência o juiz já deve arbitrar os honorários.
Feito isso, o juiz deverá analisar a contestação do requerido, a fim de verificar com quem
está a razão.
Acolhendo as razões do devedor, profere SENTENÇA DENEGATÓRIA, autorizando o
levantamento do depósito pelo requerido, condenando o requerente nas verbas de sucumbência.
Desacolhendo a contestação, igualmente proferirá SENTENÇA DENEGATÓRIA, porém
autorizará o levantamento do depósito em favor do requerente, bem como condenará o requerido
nas verbas de sucumbência.
O devedor apenas deposita o valor pleiteado pelo autor da ação, SEM contestar a
cobrança da dívida. Ou seja, equivale esse depósito ao reconhecimento de procedência da
cobrança.
Deverá o juiz decretar a IMPROCEDÊNCIA da falência e autorizar o levantamento do
depósito em favor do requerente, condenando o requerido nas verbas de sucumbência.
Conforme o art. 98, parágrafo único, o depósito elisivo deve ser feito dentro do prazo de
contestação.
Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10
(dez) dias.
Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I (não paga obrigação
líquida materializada em título protestado no valor de mais de 40 SM) e II
(executado não nomeia bens a penhora, não deposita e não paga) do caput
do art. 94 desta Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação,
depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de
correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a
falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de
falência, o juiz ordenará o levantamento do valor pelo autor.
Salienta-se que se o pedido de decretação da falência for feito com base no art. 94, I,
mesmo com o depósito elisivo, embora seja afastada a falência, será possível converter o rito
falimentar para uma ação de cobrança, conforme decidiu o STJ no Indo 550.
Diante de depósito elisivo de falência requerida com fundamento na
impontualidade injustificada do devedor (art. 94, I, da Lei 11.101/2005),
admite-se, embora afastada a decretação de falência, a conversão do
processo falimentar em verdadeiro rito de cobrança para apurar questões
alusivas à existência e à exigibilidade da dívida cobrada, sem que isso
Dentro do prazo de contestação, o devedor pode pedir a recuperação judicial, o que irá
suspender o processo de falência.
Alguns doutrinadores chamam essa recuperação de “recuperação judicial suspensiva”.
Essa forma de recuperação seria semelhante à antiga concordata suspensiva?
A concordada podia ser PREVENTIVA (possível somente antes de decretação da falência)
ou SUSPENSIVA (depois da decretação da falência).
Resposta: NÃO é semelhante, pois na recuperação suspensiva o que está sendo
suspenso não são os efeitos da falência já decretada (como na concordata), mas sim o próprio
processo falimentar, antes de qualquer decretação de falência.
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações
e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores
particulares do sócio solidário.
5) Sentença declaratória
6) Sentença denegatória
A sentença declaratória não encerra o processo falimentar, mas apenas uma das três
fases do procedimento. Depois da sentença declaratória tem início a fase falimentar propriamente
dita (realização do ativo, apuração do passivo, administração da massa etc.), que termina com a
chamada sentença de encerramento. Por fim, existe ainda a derradeira fase de reabilitação do
falido, que só termina a chamada sentença de extinção das obrigações do falido, que é aquela
que o reabilita, nos termos do art. 102, e encerra definitivamente o processo falimentar.
Pelo que vimos, a sentença declaratória tem mais natureza de decisão interlocutória do
que de sentença, por isso a recorribilidade por agravo. Até porque, se recorrível por apelação,
deveriam os autos subir, o que acabaria prejudicando o seguimento do processo.
OBS: Eram admissíveis embargos infringentes em processo de falência (Súmula 88 do
STJ). ATENÇÃO! Essa súmula foi superada pelo CPC/2015, tendo em vista que o NCPC
acabou com os embargos infringentes.
8) Decisões interlocutórias
Importante consignar que fora das hipóteses do art. 100 da Lei de Falências, contra as
decisões interlocutórias falimentares caberá agravo de instrumento, mesmo que não tenha
previsão de tal recurso na Lei 11.101/2005. Aplica-se o Código de Processo Civil, vejamos a
brilhante explicação do Professor Márcio Cavalcante.
O art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015 prevê o seguinte:
Art. 1.015 (...)
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões
interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de
cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.
Para o STJ, o mesmo raciocínio que inspirou a permissão do agravo de instrumento para o
processo de execução e para o processo de inventário, deve ser aplicado para a aplicação deste
recurso ao processo falimentar e recuperacional.
Veja o que disse o Min. Luis Felipe Salomão:
“Assim como nos procedimentos previstos no parágrafo único em comento,
as decisões de maior relevância na recuperação judicial e na falência são
tomadas antes da sentença propriamente dita (muitos não a consideram,
inclusive, como de mérito), que, geralmente, se limita a reconhecer fatos e
atos processuais firmados anteriormente. Consequentemente, aguardar a
análise pelo Tribunal apenas em sede de apelação equivaleria à
irrecorribilidade prática da interlocutória, devendo incidir a interpretação
extensiva do art. 1.015, parágrafo único, do CPC à LREF, sendo que, pela
Desse modo, o STJ determinou que o parágrafo único do art. 1.015 do CPC deveria ser
interpretado extensivamente para abranger também as decisões interlocutórias proferidas nos
processos de falência e recuperação judicial.
Essa já havia sido a conclusão adotada na I Jornada de Direito Processual Civil do CJF:
Enunciado nº 69: A hipótese do art. 1.015, parágrafo único, do CPC abrange
os processos concursais, de falência e recuperação.
A lei silencia, logo se aplicam os mesmos prazos do CPC, nos termos do art. 189 da Lei, in
verbis:
Termo legal é o lapso temporal que antecede a decretação da falência no qual todos os
atos patrimoniais praticados pelo devedor são investigados.
Se durante esse período o devedor tiver praticado algum dos atos do art. 129 (“atos
objetivamente ineficazes”, ou seja, que não admite perquirir a intenção dos agentes), o juiz
declarará, de ofício, a ineficácia desses atos perante a massa falida (ex.: pagamento antecipado
de dívida não vencida).
Temos também os “atos subjetivamente ineficazes” (art. 130), aqui é ineficácia
subjetiva porque perquirimos a intenção dos agentes. O consilium fraudis deve ser provado e o
juiz não pode declarar de ofício. Perceber que aqui os atos são REVOGADOS e não INEFICAZES
(embora o nome seja ‘subjetivamente ineficazes’).
O termo legal é chamado por muitos de período suspeito ou período cinzento. É o
período onde se investigam todos os atos do devedor, para ver se não ocorreu nenhuma fraude.
Prazo do termo legal: Prazo máximo de 90 dias contados para o passado, tendo como
termo inicial:
• A data do primeiro protesto (quando o pedido da falência for com base no art. 94,
I);
Art. 94. Será decretada a falência do devedor que:
I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos PROTESTADOS cuja
soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do
pedido de falência;
Atenção: A inabilitação atinge a PESSOA falida, que pode ser tanto física quanto jurídica.
Ou seja, se decretam a inabilitação de PJ, nada impede que o sócio exerça atividade empresarial
posteriormente. Isso vale para EIRELI.
STJ: Quando a sociedade NÃO faz a sua baixa regular (dissolução regular) na Junta
Comercial, ela torna-se irregular, e neste caso, a responsabilidade do sócio passa a ser ilimitada.
Assim, caso seja decretada a falência da sociedade, também serão decretadas as falências dos
sócios.
Art. 1.044. A sociedade se dissolve de pleno direito por qualquer das causas
enumeradas no art. 1.033 e, se empresária, também pela declaração da
falência.
EXCEÇÕES: Há ações que não se submetem à força atrativa do juízo falimentar, ou seja,
continuam correndo em seus respectivos juízos, para só depois de concluídas atingirem a massa
falida. Vejamos as exceções:
• Ações trabalhistas: Correm na Justiça Especializada até que seja liquidado o
valor da condenação, momento no qual a decisão vai para a massa falida.
• Ações fiscais: O valor obtido com a execução fiscal vai para a massa falida,
ocasião em que será rateado, conforme a Lei de Falências.
• Ações que demandarem quantias ilíquidas: ex.: dano moral. Seguem correndo
no juízo em que se encontram e somente depois de atingido um valor líquido de
condenação são transferidas para o juízo falimentar.
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do processamento da
recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as
ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores
particulares do sócio solidário.
§ 1o Terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando a ação
que demandar quantia ilíquida
• Ações não reguladas pela Lei, em que o falido ou massa falida seja autor ou
litisconsorte ativo.
Obs.: se a execução já está com a hasta designada, suspende também? Pela economia
processual, deve ser realizada a hasta pública e o valor obtido com a renda será levado para a
massa falida.
Objetivo: satisfazer todos os credores. Aliás, essa é a intenção da lei: pagar todo mundo.
4.8.4. Efeitos da sentença declaratória de falência quanto aos CONTRATOS (art. 117)
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser
cumpridos pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o
aumento do passivo da massa falida ou for necessário à manutenção e
preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê.
§ 1o O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até
90 (noventa) dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para
que, dentro de 10 (dez) dias, declare se cumpre ou não o contrato.
§ 2o A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao
contraente o direito à indenização, cujo valor, apurado em processo
ordinário, constituirá crédito quirografário.
Ex.: Contrato de franquia. A franqueadora faliu. O que ocorre com o contrato? É rescindido
automaticamente? NEGATIVO. Pode continuar a franquia, sendo que o pagamento vai direito
para a massa falida.
Ou seja, quem decide é o Administrador da massa falida. E nem poderia ser diferente, uma
vez que a manutenção do contrato pode ser até benéfica para o pagamento dos credores, como
no exemplo acima. Caso decida pela rescisão, o contratante fará jus à indenização, que
constituirá crédito quirografário.
Caso o devedor tiver praticado algum dos atos do art. 129 (“ATOS OBJETIVAMENTE
INEFICAZES”, ou seja, que não admite perquirir a intenção dos agentes), o juiz declarará, de
ofício, a ineficácia desses atos perante a massa falida (ex.: pagamento antecipado de dívida não
vencida).
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o
contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do
devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro
do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que
pelo desconto do próprio título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo
legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do
termo legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens
dados em hipoteca forem objeto de outras posteriores, a massa falida
receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca revogada;
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da
decretação da falência;
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação
da falência;
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento
expresso ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes,
não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo,
Perceba que além de poderem ser declarados de ofício, podem ser alegados em defesa,
mediante ação própria ou ainda incidentalmente no processo de falência. Ou seja, mesmo nos
atos objetivamente ineficazes, o STJ tem entendido que sendo o ato realizado no termo da
falência e antes da quebra, é necessária a PROVA da fraude.
Temos também os “ATOS SUBJETIVAMENTE INEFICAZES” (art. 130), aqui é ineficácia
subjetiva porque perquirimos a intenção dos agentes. Aqui o consilium fraudis deve ser provado e
o juiz não pode declarar de ofício. Perceber que aqui os atos são revogados e não ineficazes
(embora o nome seja ‘subjetivamente ineficazes’).
Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar
credores, provando-se o CONLUIO FRAUDULENTO entre o devedor e o
terceiro que com ele contratar e o EFETIVO PREJUÍZO sofrido pela massa
falida.
De acordo com Fábio Ulhôa Coelho, a ação própria que deve ser ajuizada, nos casos do
art. 130 é a AÇÃO REVOCATÓRIA, e no art. 129, seria uma AÇÃO INOMINADA
(DECLARATÓRIA DE INEFICÁCIA). Entretanto prevalece que em ambos os casos se trata de
ação revocatória (Amador Paes de Almeida).
O art. 132, estabelece que esta ação revocatória pode ser ajuizada pelo administrador
judicial, por qualquer credor e agora também pelo MP.
Art. 132. A AÇÃO REVOCATÓRIA, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá
ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo
Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da
falência.
4.9.1. Arrecadação
Art. 109. O estabelecimento será lacrado sempre que houver risco para a
execução da etapa de arrecadação ou para a preservação dos bens da
massa falida ou dos interesses dos credores.
4.9.2. Avaliação
Depois se procede à venda judicial dos bens, que recebe o nome de “realização do ativo”.
Existem três modalidades de venda judicial no processo falimentar:
• Leilão: Serve tanto para bem MÓVEL quanto para bem IMÓVEL.
• Proposta fechada: O juiz publica edital onde vai ser vendido o bem. Os
interessados realizam suas propostas em envelopes fechados, no cartório onde
corre a ação. Em audiência o juiz abre as propostas e escolhe a maior proposta.
• Pregão: é uma modalidade híbrida.
Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo
auto ao processo de falência, será iniciada a REALIZAÇÃO DO ATIVO.
Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas,
observada a seguinte ordem de preferência:
I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco;
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades
produtivas isoladamente;
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos
estabelecimentos do devedor;
IV – alienação dos bens individualmente considerados.
O agente compra os bens do falido sem qualquer ônus, nem mesmo débitos tributários e
trabalhistas. O valor pago pelo bem vai para a massa falida, e lá os créditos tributários e
trabalhistas serão satisfeitos.
Com o fim de evitar fraudes, essa regra não se aplica quando o arrematante for:
Art. 141
§ 1o O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o
arrematante for:
I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido;
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo
ou afim, do falido ou de sócio da sociedade falida; ou
III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a
sucessão.
§ 2o Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão admitidos
mediante novos contratos de trabalho e o arrematante não responde por
obrigações decorrentes do contrato anterior.
É uma forma de acudir o trabalhador. São pagos tão logo haja disponibilidade em caixa
(Art. 151).
Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos
nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5
(cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja
disponibilidade em caixa.
3) Restituição em dinheiro dos bens alienados que não eram do falido, mas de
terceiros (art. 86 parágrafo único).
Com a sentença, recomeça a correr o prazo prescricional das obrigações do falido, que
havia sido suspenso com a decretação da falência (art. 157).
Art. 157. O prazo prescricional relativo às obrigações do falido recomeça a
correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentença do
encerramento da falência.
4.11. REABILITAÇÃO
O falido somente se reabilita (torna-se apto a exercer empresa) com outra sentença: a
sentença de extinção das obrigações do falido. Essa sentença é prolatada quando ocorre uma
das hipóteses do art. 158 da Lei, mediante requerimento do falido.
Em suma:
• Pagamento de todos os credores (ou prescrição de todas as obrigações).
• Pagamento de mais de 50% dos créditos quirografários;
• Decurso do prazo de 05 anos, contados do encerramento da falência, DESDE QUE
o falido não seja condenado por crime falimentar.
• Decurso do prazo de 10 anos, contados do encerramento, no caso de o falido ter
sido condenado por crime falimentar.
5. DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL
5.1. INTRODUÇÃO
Vejamos:
O art. 2º se subdivide em dois incisos: O inciso I trata dos totalmente excluídos; o inciso II
traz os parcialmente excluídos.
1) TOTALMENTE excluídos:
• Empresa Pública;
• Sociedade de economia mista
Sociedade em comum não pode pedir, pois não é regular (não tem registro – mas pode
pedir autofalência, embora não possa pedir a falência de outrem).
O menor emancipado pode pedir? Para ser emancipado, ele deve ter 16 anos completos,
conforme CC art. 5º, parágrafo único, V. Então, deveria ter mais de 18 anos no pedido, portanto,
não seria mais “menor emancipado”, pois já maior de idade. Exceto no caso de continuação da
empresa, conforme o art. 974 CC, pois aqui poderá ter menos de 16 anos.
CC Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente
assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por
seus pais ou pelo autor de herança.
5.3.4. Não ter, há menos de 05 anos, obtido concessão de outra recuperação judicial.
Art. 48, III – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, OBTIDO concessão de
recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V
deste Capítulo (trata das ME e EPP);
Art. 48, IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou
sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos
nesta Lei.
Antes da nova lei, vários outros crimes vedavam a concordata. Atualmente, somente o
CRIME FALIMENTAR veda a recuperação.
Conforme o art. 49, todos os créditos existentes ATÉ a data do pedido, vencidos ou
vincendos, podem ser objeto do plano de recuperação judicial.
Ressalta-se que são considerados créditos existentes não apenas os líquidos, consideram-
se os créditos que estão em fase de apuração, mas que já existiam à época do pedido de
recuperação. Vejamos o Info 604 do STJ:
Resumindo:
A consolidação do crédito trabalhista (ainda que inexigível e ilíquido) não depende de
provimento judicial que o declare — e muito menos do transcurso de seu trânsito em julgado —,
para efeito de sua sujeição aos efeitos da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.046-
RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
25/4/2017 (Info 604).
Créditos EXCLUÍDOS:
1) Crédito tributário: Art. 6º, §7º c/c art. 57. Motivo: Poderia quebrar a isonomia entre os
contribuintes. Execução Fiscal.
2) Art. 49, §3º: Os créditos decorrentes de:
• Propriedade fiduciária;
• Arrendamento mercantil (leasing);
1) Crédito tributário:
Art. 6º, §7º c/c art. 57. Motivo: Poderia quebrar a isonomia entre os contribuintes. Execução
Fiscal.
Art. 6º §7º c/c Art. 57 (tributários)
Art. 6º, § 7o As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo
deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de
parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação
ordinária específica.
Art. 57. Após a juntada aos autos do plano aprovado pela assembleia-geral
de credores ou decorrido o prazo previsto no art. 55 desta Lei sem objeção
de credores, o devedor apresentará certidões negativas de débitos
tributários nos termos dos arts. 151, 205, 206 da Lei no 5.172, de 25 de
outubro de 1966 - Código Tributário Nacional.
• Propriedade fiduciária;
• Arrendamento mercantil (leasing);
• Compra e venda com reserva de domínio;
• Compra e venda de bem IMÓVEL com cláusula de irrevogabilidade ou
irretratabilidade.
Art. 49 (propriedade fiduciária, arrendamento mercantil, compra e venda
com reserva de domínio, compra e venda bem imóvel com cláusula de
irrevogabilidade ou irretratabilidade)
§ 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de
bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil (leasing), de proprietário
ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham
cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade (promessa de compra e
venda: direito real à aquisição), inclusive em incorporações imobiliárias, ou
de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito
não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os
direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada
a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de
suspensão a que se refere o § 4 o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada
do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua
atividade empresarial.
Assim, por exemplo, se a empresa tinha feito uma alienação fiduciária para adquirir um
caminhão “XYZ”; como não tinha dinheiro para pagar à vista, fez um financiamento e o veículo
ficou na propriedade fiduciária do banco “ABC”, sendo usado pela empresa (tinha a posse direta
do bem). Se a empresa entra com pedido de recuperação judicial, esse crédito do banco não está
submetido aos efeitos do plano de credores. Em outras palavras, a empresa terá que continuar
pagando as prestações da mesma forma que já estava ajustada no contrato e, se atrasar, o banco
poderá propor a ação de busca e apreensão.
Resumindo:
• REGRA: estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data
do pedido de recuperação judicial, ainda que não vencidos (art. 49, caput). Devem
obedecer ao plano de recuperação e as ações ficam suspensas.
• EXCEÇÃO: os créditos de alienação fiduciária não estão sujeitos à recuperação
judicial e as ações relacionadas com tais créditos podem continuar a ser propostas
(§ 3º do art. 49). Aqui o Banco “comemora” porque seu crédito está fora da
recuperação judicial.
• EXCEÇÃO DA EXCEÇÃO (volta para regra): se a garantia da alienação fiduciária
for o imóvel que funciona o estabelecimento do devedor ou forem bens de capital
(bens móveis) essenciais à atividade empresarial da sociedade em recuperação
judicial, nesse caso, mesmo sendo crédito de alienação fiduciária, deverá ficar
sujeita aos efeitos da recuperação judicial. Aqui o Banco “lamenta” porque seu
crédito deverá ficar sujeito à recuperação judicial. Prevalece o princípio da
preservação da empresa, impondo restrição temporária ao proprietário fiduciário
(ex: banco) em relação a bem de capital que se revele indispensável à manutenção
do desenvolvimento da atividade econômica exercida pela empresa recuperanda.
Atenção: para se enquadrar na parte final do § 3º (exceção da exceção – situação 3), o
bem objeto da alienação fiduciária deve ser bem de capital essencial à atividade empresarial.
Se o contrato de alienação fiduciária for referente a: um bem que seja bem de capital; ou a
um bem de capital não essencial esse crédito continua fora da recuperação judicial (situação 2).
Se determinado bem, alienado fiduciariamente, não puder ser classificado como “bem de
capital”, o Juízo da recuperação nem analisa se ele é essencial ou não para a empresa. Isso
porque o § 3º do art. 49 somente “salva” e mantém na empresa os bens de capital essenciais.
São, portanto, dois “requisitos”: ser bem de capital + ser essencial. Veja novamente este trecho da
Lei:
§ 3º (...) não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que
se refere o § 4º do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do
Conforme o art. 52, caso o juiz vislumbre o preenchimento dos requisitos, irá deferir o
processamento da recuperação judicial. É o famoso DESPACHO DE PROCESSAMENTO.
Art. 52. Estando em termos a documentação exigida no art. 51 desta Lei, o
juiz deferirá o PROCESSAMENTO da recuperação judicial e, no mesmo
ato:
I – nomeará o administrador judicial, observado o disposto no art. 21
desta Lei;
(lembrando que na falência o Administrador só é nomeado com a sentença
declaratória).
II – determinará a dispensa da apresentação de certidões negativas para
que o devedor exerça suas atividades, exceto para contratação com o
Poder Público ou para recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, observando o disposto no art. 69 desta Lei;
III – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o
devedor, na forma do art. 6o desta Lei, permanecendo os respectivos autos
no juízo onde se processam, ressalvadas as ações previstas nos §§ 1o,
2o e 7o do art. 6o desta Lei e as relativas a créditos excetuados na
forma dos §§ 3o e 4o do art. 49 desta Lei;
Art. 52
§ 1o O juiz ordenará a expedição de edital, para publicação no órgão oficial,
que conterá:
I – o resumo do pedido do devedor e da decisão que defere o
processamento da recuperação judicial;
II – a relação nominal de credores, em que se discrimine o valor atualizado
e a classificação de cada crédito;
III – a advertência acerca dos prazos para habilitação dos créditos, na forma
do art. 7o, § 1o, desta Lei, e para que os credores apresentem objeção ao
plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor nos termos do art.
55 desta Lei.
Perceber: habilita-se o crédito para o administrador e não mais para o juiz (como era
antes).
§ 2o O administrador judicial, com base nas informações e documentos
colhidos na forma do caput e do § 1o deste artigo, fará publicar edital
contendo a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias,
contado do fim do prazo do § 1 o deste artigo, devendo indicar o local, o
horário e o prazo comum em que as pessoas indicadas no art. 8 o desta Lei
terão acesso aos documentos que fundamentaram a elaboração dessa
relação.
De acordo com o STJ, no âmbito da Lei 11.101/2005, os prazos de 180 dias de suspensão
das ações executivas em face do devedor (art. 6, § 4°) e de 60 dias para a apresentação do plano
de recuperação judicial (art. 53, caput) deverão ser contados de forma contínua.
O microssistema recuperacional e falimentar foi pensado em espectro lógico
e sistemático peculiar, com previsão de uma sucessão de atos, em que a
celeridade e a efetividade se impõem, com prazos próprios e específicos,
que, via de regra, devem ser breves, peremptórios, inadiáveis e, por
conseguinte, contínuos, sob pena de vulnerar a racionalidade e a unidade
do sistema. A aplicação do CPC no âmbito da Lei 11.101/05 deve ter cunho
eminentemente excepcional, incidindo tão somente de forma subsidiária e
supletiva, desde que se constate evidente compatibilidade com a natureza e
o espírito do procedimento especial, dando-se sempre prevalência às regras
e aos princípios específicos da Lei de Recuperação e Falência e com vistas
a atender o desígnio da norma-princípio disposta no art. 47. A adoção da
forma de contagem prevista no art. 219 do CPC, em dias úteis, para o
5.5.4. Comunicado
Se o credor não concordar com o plano, ele pode apresentar a chamada objeção ao
plano (art. 55 da lei). Qualquer credor pode objetar o plano, no prazo de 30 dias, contados da
publicação da relação do art. 7º, §2º (segunda relação de credores).
Art. 55. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao plano de
recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação da
relação de credores de que trata o § 2 o do art. 7o desta Lei.
Caso já tenham decorridos esses 30 dias sem que tenha ocorrido o comunicado sobre a
apresentação do plano, será da publicação deste o termo a quo do prazo para as objeções (art.
55, parágrafo único).
Parágrafo único. Caso, na data da publicação da relação de que trata o
caput deste artigo, não tenha sido publicado o aviso previsto no art. 53,
parágrafo único, desta Lei, contar-se-á da publicação deste o prazo para
as objeções.
*Voltando ao art. 56
A apresentação, pelo devedor, de plano de recuperação, bem como sua aprovação, pelos
credores, seja pela falta de oposição, seja pelos votos em assembleia de credores (arts. 56 e 57
da LFRJ) consubstanciam atos de manifestação de vontade. Disso decorre que, de fato, não
compete ao juízo interferir na vontade soberana dos credores, alterando o conteúdo do plano de
recuperação judicial, salvo em hipóteses expressamente autorizadas por lei (v.g. art. 58, §1º, da
LFRJ).
A obrigação de respeitar o conteúdo da manifestação de vontade, no entanto, não implica
impossibilitar ao juízo que promova um controle quanto à licitude das providências decididas em
assembleia. Qualquer negócio jurídico, mesmo no âmbito privado, representa uma manifestação
soberana de vontade, mas que somente é válida se, nos termos do art. 104 do CC, provier de
agente capaz, mediante a utilização de forma prescrita ou não defesa em lei, e se contiver objeto
lícito, possível, determinado ou determinável. Na ausência desses elementos, o negócio jurídico é
inválido.
A decretação de invalidade de um negócio jurídico em geral não implica interferência, pelo
Estado, na livre manifestação de vontade das partes. Implica, em vez disso, controle estatal
justamente sobre a liberdade dessa manifestação, ou sobre a licitude de seu conteúdo.
Assim, a vontade dos credores, ao aprovarem o plano, deve ser respeitada nos limites da
Lei, somente podendo ser controlada judicialmente se não forem atendidos os requisitos de
validade dos atos jurídicos em geral.
Afigura-se absolutamente possível que o Poder Judiciário, sem imiscuir-se
na análise da viabilidade econômica da empresa em crise, promova controle
de legalidade do plano de recuperação judicial. Esse controle de legalidade
do plano de recuperação não significa a desconsideração da soberania da
assembleia geral de credores. À assembleia geral de credores compete
analisar, a um só tempo, a viabilidade econômica da empresa, assim
como da consecução da proposta apresentada. Ao Poder Judiciário, por
sua vez, incumbe velar pela validade das manifestações expendidas, e,
naturalmente, preservar os efeitos legais das normas que se revelarem
cogentes. STJ. 3ª Turma. REsp 1.532.943-MT, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 13/9/2016 (Info 591).
Após a aprovação do plano pelos credores, o juiz dará uma decisão concessiva da
recuperação judicial, desde que preenchido o requisito do art. 57: apresentação de Certidão
negativa de débitos tributários.
1) A decisão implica em novação da dívida (art. 59, caput): extingue-se a dívida anterior,
criando uma nova dívida em seu lugar.
O prazo poderá ser superior a dois anos. O prazo de 02 anos do art. 61 é o prazo em que
haverá acompanhamento judicial. Ou seja, a recuperação pode ter 08 anos, 10 anos.
Art. 61. Proferida a decisão prevista no art. 58 desta Lei, o devedor
permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as
obrigações previstas no plano que se vencerem até 2 (dois) anos depois da
concessão da recuperação judicial.
§ 1o Durante o período estabelecido no caput deste artigo, o
descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará a
convolação da recuperação em falência, nos termos do art. 73 desta Lei.
Art. 70. As pessoas de que trata o art. 1o desta Lei e que se incluam nos
conceitos de microempresa ou empresa de pequeno porte, nos termos
da legislação vigente, sujeitam-se às normas deste Capítulo.
§ 1o As microempresas e as empresas de pequeno porte, conforme
definidas em lei, poderão apresentar plano especial de recuperação judicial,
desde que afirmem sua intenção de fazê-lo na petição inicial de que trata o
art. 51 desta Lei.
§ 2o Os credores não atingidos pelo plano especial não terão seus créditos
habilitados na recuperação judicial.
9) Não existe assembleia de credores. O plano é aprovado pelo juiz, mesmo que
existam objeções, SALVO SE mais da metade dos créditos quirografários
apresentarem objeção, caso no qual não restará outra opção ao juiz se não reprovar o
plano e decretar a falência.
Art. 72. Caso o devedor de que trata o art. 70 desta Lei opte pelo pedido de
recuperação judicial com base no plano especial disciplinado nesta Seção,
não será convocada assembleia-geral de credores para deliberar sobre o
plano, e o juiz concederá a recuperação judicial se atendidas as demais
exigências desta Lei.
Parágrafo único. O juiz também julgará improcedente o pedido de
recuperação judicial e decretará a falência do devedor se houver objeções,
nos termos do art. 55, de credores titulares de mais da metade de qualquer
uma das classes de créditos previstos no art. 83, computados na forma do
art. 45, todos desta Lei. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de
2014);
7. DA RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL
7.1. CONSIDERAÇÕES
Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá
propor e negociar com credores plano de RECUPERAÇÃO
EXTRAJUDICIAL.
Um dos requisitos é ter 02 anos do REGISTRO. E por conta disto, então, sociedades não
personificadas (sociedade em comum e a em conta em participação) não poderão pedir
recuperação extrajudicial. Assim, percebe-se que é exigida também a CONDIÇÃO DE
SOCIEDADE EMPRESÁRIA, por conta disto, a sociedade simples (exemplo: cooperativa, mesmo
que registrada na JC), não poderá requerer a recuperação extrajudicial.