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Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 2

Coleção
“A Vida no Mundo Espiritual”
01 - Nosso Lar
02 - Os Mensageiros
03 - Missionários da Luz
04 - Obreiros da Vida Eterna
05 - No Mundo Maior
06 - Libertação
07 - Entre a Terra e o Céu
08 - Nos Domínios da Mediunidade
09 - Ação e Reação
10 - Evolução em Dois Mundos
11 - Mecanismos da Mediunidade
12 - Sexo e Destino
13 - E a Vida Continua...
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 3

Índice
Registros de Allan Kardec ......................................................... 9
Mediunidade ............................................................................. 11
Ante a Mediunidade ................................................................. 15

1 Ondas e percepções .............................................................. 19


Agitação e ondas ............................................................... 19
Tipos e definições ............................................................. 19
Homem e ondas................................................................. 20
Continente do “infra-som” ................................................ 21
Sons perceptíveis .............................................................. 22
Outros reinos ondulatórios ................................................ 23
2 Conquistas da Microfísica ................................................... 25
Primórdios da Eletrônica................................................... 25
Campo eletromagnético..................................................... 26
Estrutura do átomo ............................................................ 27
Estado radiante e raios X................................................... 27
Elétron e radioatividade .................................................... 29
Química Nuclear ............................................................... 29
3 Fótons e fluido cósmico ........................................................ 32
Estrutura da luz ................................................................. 32
“Saltos qüânticos” ............................................................. 33
“Efeito Compton” ............................................................. 34
Fórmula de De Broglie...................................................... 34
Mecânica ondulatória ........................................................ 35
Campo de Einstein”........................................................... 36
4 Matéria mental ..................................................................... 38
Pensamento do Criador ..................................................... 38
Pensamento das criaturas .................................................. 38
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Corpúsculos mentais ......................................................... 39


Matéria mental e matéria física ......................................... 40
Indução mental.................................................................. 41
Formas-pensamentos......................................................... 42
5 Corrente elétrica e corrente mental .................................... 43
Dínamo espiritual.............................................................. 43
Gerador elétrico ................................................................ 43
Gerador mediúnico............................................................ 44
Átomos e Espíritos ............................................................ 45
Força eletromotriz e força mediúnica ................................ 46
Fontes de fraco teor........................................................... 46
6 Circuito elétrico e circuito mediúnico ................................. 48
Conceito de circuito elétrico ............................................. 48
Conceito de circuito mediúnico......................................... 48
Circuito aberto e circuito fechado ..................................... 49
Resistência ........................................................................ 49
Indutância ......................................................................... 50
Capacitância...................................................................... 51
7 Analogias de circuitos .......................................................... 53
Velocidade elétrica............................................................ 53
Continuidade de correntes................................................. 53
Expressões de analogia ..................................................... 54
Necessidades da sintonia................................................... 55
Detenção de circuitos ........................................................ 56
Condução das correntes..................................................... 56
8 Mediunidade e eletromagnetismo........................................ 57
Mediunidade estuante........................................................ 57
Corrente elétrica................................................................ 57
“Spins” e “domínios” ........................................................ 58
Campo magnético essencial .............................................. 59
Ferromagnetismo e mediunidade ...................................... 61
“Descompensação vibratória” ........................................... 61
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9 Cérebro e energia ................................................................. 63


Geradores e motores.......................................................... 63
Gerador “shunt” ................................................................ 63
Frustração da corrente elétrica .......................................... 64
Gerador do cérebro............................................................ 64
Corrente do pensamento.................................................... 66
Negação da corrente mental .............................................. 67
10 Fluxo mental ....................................................................... 68
Partícula elétrica................................................................ 68
Partícula mental ................................................................ 69
Corrente mental sub-humana............................................. 69
Função dos agentes mentais .............................................. 69
Corrente mental humana ................................................... 70
Campo da aura .................................................................. 71
11 Onda mental ....................................................................... 73
Onda hertziana .................................................................. 73
Pensamento e televisão ..................................................... 73
Células e peças .................................................................. 75
Alavanca da vontade ......................................................... 76
Vontade e aperfeiçoamento ............................................... 77
Ciclotron da vontade ......................................................... 77
12 Reflexo condicionado ......................................................... 79
Importância da reflexão..................................................... 79
Tipos de reflexos............................................................... 79
Experiência de Pavlov....................................................... 80
Reflexos psíquicos ............................................................ 80
Agentes de indução ........................................................... 81
Uso do discernimento........................................................ 82
13 Fenômeno hipnótico indiscriminado ................................. 84
Hipnotismo vulgar............................................................. 84
Graus de passividade......................................................... 85
Idéia-tipo e reflexos individuais ........................................ 86
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Aula de violino.................................................................. 87
Hipnose e telementação..................................................... 87
Sugestão e afinidade.......................................................... 88
14 Reflexo condicionado específico ........................................ 90
Pródromos da hipnose ....................................................... 90
Mecanismo do fenômeno hipnótico .................................. 91
Mecanismo da Hipnoterapia.............................................. 92
Objetos e reflexos específicos ........................................... 93
Circuito magnético e circuito mediúnico........................... 94
Auto-magnetização ........................................................... 94
15 Cargas elétricas e cargas mentais...................................... 96
Experiência vulgar ............................................................ 96
Máquina eletrostática ........................................................ 96
Nas camadas atmosféricas................................................. 97
Correntes de elétrons mentais............................................ 98
Correntes mentais construtivas.......................................... 99
Correntes mentais destrutivas.......................................... 100
16 Fenômeno magnético da vida humana............................ 102
Hipnose de palco e hipnose natural ................................. 102
Centro indutor do lar ....................................................... 102
Outros centros indutores ................................................. 103
Todos somos médiuns ..................................................... 105
Perseverança no bem....................................................... 106
Gradação das obsessões .................................................. 106
17 Efeitos físicos .................................................................... 108
Simbioses espirituais....................................................... 108
Médium teleguiado ......................................................... 109
Dificuldades do intercâmbio ........................................... 110
Médiuns e assistentes ...................................................... 111
Lei do Campo Mental...................................................... 111
Futuro dos fenômenos físicos.......................................... 112
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18 Efeitos intelectuais............................................................ 114


Nas ocorrências cotidianas .............................................. 114
Mediunidade ignorada..................................................... 116
Mediunidade disciplinada ............................................... 117
Passividade mediúnica .................................................... 118
Conjugação de ondas....................................................... 118
Clarividência e clariaudiência ......................................... 119
19 Ideoplastia......................................................................... 121
No sono provocado ......................................................... 121
Nos fenômenos físicos .................................................... 122
Interferências ideoplásticas ............................................. 123
Mediunidade e responsabilidade ..................................... 124
Em outros fenômenos...................................................... 124
Na mediunidade aviltada................................................. 125
20 Psicometria ....................................................................... 126
Mecanismo da psicometria.............................................. 126
Psicometria e reflexo condicionado................................. 127
Função do psicômetra ..................................................... 128
Interdependência do médium .......................................... 128
Caso de desaparecimento ................................................ 129
Agentes induzidos ........................................................... 130
21 Desdobramento................................................................. 132
No sono artificial............................................................. 132
No sono natural ............................................................... 133
Sono e sonho ................................................................... 134
Concentração e desdobramento....................................... 135
Inspiração e desdobramento ............................................ 136
Desdobramento e mediunidade ....................................... 137
22 Mediunidade curativa ...................................................... 138
Mente e psicossoma ........................................................ 138
Sangue e fluidoterapia..................................................... 139
Médium passista.............................................................. 140
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Mecanismo do passe ....................................................... 141


Vontade do paciente........................................................ 142
Passe e oração ................................................................. 142
23 Animismo .......................................................................... 143
Mediunidade e animismo ................................................ 143
Semelhanças das criaturas ............................................... 144
Obsessão e animismo ...................................................... 145
Animismo e hipnose........................................................ 145
Desobsessão e animismo ................................................. 146
Animismo e criminalidade .............................................. 146
24 Obsessão............................................................................ 148
Pensamento e obsessão ................................................... 148
Perturbações morais ........................................................ 148
Zonas purgatoriais........................................................... 149
Reencarnação de enfermos .............................................. 151
Obsessão e mediunidade ................................................. 151
Doutrina Espírita ............................................................. 152
25 Oração............................................................................... 154
Mediunidade e religião.................................................... 154
Reflexo condicionado e mediunidade.............................. 154
Grandeza da oração ......................................................... 155
Equilíbrio e prece ............................................................ 156
Prece e renovação............................................................ 157
Mediunidade e prece ....................................................... 158
26 Jesus e mediunidade ......................................................... 159
Divina mediunidade ........................................................ 159
Médiuns preparadores ..................................................... 160
Efeitos físicos.................................................................. 161
Efeitos intelectuais .......................................................... 163
Mediunidade curativa...................................................... 163
Evangelho e mediunidade ............................................... 164
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Registros de Allan Kardec1


No estado de desprendimento em que fica colocado, o Espíri-
to do sonâm bulo entra em comunicação mais fácil com os ou tros
Espíritos encarnados, ou nã o encarnados, com unicação que se
estabelece pelo contacto dos fluidos, que compõem os perispíritos
e servem de transmissão ao pensamento, como o fio elétrico.
“O Livro dos Espíritos” – Pág. 233. FEB, 27ª edição.
***
Salvo algu mas ex ceções, o m édium exprim e o pensam ento
dos Espíritos pelos meios mecânicos que lhe estão à d isposição e
a ex pressão des se p ensamento p ode e d eve mesm o, as m ais d as
vezes, ressentir-se da imperfeição de tais meios.
“O Livro dos Médiuns” – Pág. 229. FEB, 26ª edição.
***
A mediunidade não é uma arte, nem um talento, pelo que não
pode tornar-se um a profissão. Ela não existe sem o concurso dos
Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade.
“O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Pág. 311. FEB,
48ª edição.
***
Por toda a p arte, a vida e o movimento: nenhum canto do In-
finito despovoado, nenhu ma região que não se ja incessantemente
percorrida por legiões inum eráveis de Espíritos radi antes, invisí-
veis a os senti dos gr osseiros do s encarnad os, m as cu ja v ista d es-
lumbra de alegria e admiração as almas libertas da matéria.

1
Designados pelo Autor espiritual.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 10

“O Céu e o Inferno” – Página 34. FEB, 18ª edição.


***
São ex tremamente v ariados o s efeitos da a ção fl uídica s obre
os d oentes, de aco rdo com as circunstâncias. Algum as vezes é
lenta e reclam a tratam ento p rolongado, com o no m agnetismo
ordinário; doutras vezes é rápida, como uma corrente elétrica.
“A Gênese” – Pág. 279. FEB, 13ª edição.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 11

Mediunidade
Acena-nos a an tigüidade terres tre com brilh antes m anifesta-
ções mediúnicas, a repontarem da História.
Discípulos de Sócrates referem-se, com admiração e respeito,
ao amigo invisível que o acompanhava constantemente.
Reporta-se Pl utarco a o e ncontro de Br uto, cert a noite , com
um dos seus perseguidores dese ncarnados, a visitá-lo, em pleno
campo.
Em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a
morrer de fom e, passou a viver, em Espírito, m onoideizado na
revolta em que s e alu cinava, aparecend o e d esaparecendo aos
olhos de circunstantes assombrados, durante largo tempo.
Sabe-se que Ner o, nos últimos dias de se u reinado, viu-se fo-
ra do co rpo carnal, junto de Agripi na e de Otávia, sua genitora e
sua esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem
a queda no abismo.
Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que,
depois de lhe enterrarem os res tos nos jard ins de Lâm ia, eram ali
vistos, freqüentemente, até que se lhe exum aram os despojos para
a incineração.
Todavia, on de a m ediunidade atin ge cu lminâncias é ju sta-
mente no Cristianismo nascituro.
Toda a passagem do Mestre ines quecível, entre os hom ens, é
um cân tico de lu z e am or, exte rnando-lhe a co ndição de Media-
neiro da Sabedoria Divina.
E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe man-
tiveram l eais convert eram-se em m édiuns notáve is, no dia de
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 12

Pentecostes2, quando, associadas as suas forças, por se acharem


“todos reunidos”, os em issários es pirituais do Se nhor, a través
deles, produziram fenôm enos f ísicos em g rande cóp ia, com o
sinais lum inosos e vo zes diretas, in clusive fato s de psicof onia e
xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados
em várias língu as, s imultaneamente, pa ra os isr aelitas de pr oce-
dências diversas.
Desde então, os eventos mediúnicos para eles se tornaram ha-
bituais.
Espíritos materializados libertavam-nos da prisão injusta.3
O magnetismo curativo era vastamente praticado pelo olhar4 e
pela imposição das mãos.5
Espíritos sofr edores er am r etirados de pobres obsesso s, aos
quais vampirizavam.6
Um hom em objetivo e teim oso, quanto S aulo de T arso, de-
senvolve a clarividência, de um momento para outro, vê o próprio
Cristo, às portas de Damasco, e lhe recolhe as instruções.7
E porque S aulo, embora corajoso, experimente enorme abalo
moral, Jesus, condoído, procura An anias, médium clarividente na
aludida cidade, e pede -lhe socorro para o companheiro que ence-
tava a tarefa.8
Não some nte na ca sa dos a póstolos e m Je rusalém me nsagei-
ros esp irituais p restam con tínua ass istência a os sem eadores d o
Evangelho; igualmente no lar dos cristãos, em Antioquia, a medi-
2
Atos, capítulo 2, versículos 1 a 13.
3
Atos, capítulo 5, versículos 18 a 20.
4
Atos, capítulo 3, versículos 4 a 6.
5
Atos, capítulo 9, versículo 17.
6
Atos, capítulo 8, versículo 7.
7
Atos, capítulo 9, versículos 3 a 7.
8
Atos, capítulo 9, versículos 10 e 11.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 13

unidade opera serviços valiosos e incessantes. Dentre os médiuns


aí reunidos, um de les, de nom e Agabo 9, incorpora um Espírit o
benfeitor q ue r ealiza im portante prem onição. E nessa m esma
igreja, vários instrumentos medianímicos aglutinados favorecem a
produção da voz direta, consi gnando expressiva incum bência a
Paulo e Barnabé.10
Em Tróade, o apóstolo da gent ilidade recebe a visita de um
varão, em Espírito, a pedir-lhe concurso fraterno.11
E, ta nto qua nto a contece hoje, os m édiuns de ont em, apesar
de guardarem consigo a Bênção Divina, experimentavam injustiça
e per seguição. Quase por t oda a part e, pa deciam inqué ritos e
sarcasmos, vilipêndios e tentações.
Logo no início das atividades mediúnicas que lhes dizem res-
peito, vêem-se P edro e João segr egados no cárcere. Est êvão é
lapidado. Tiago, o f ilho de Z ebedeu, é m orto a golpes de espada.
Paulo de Tarso é preso e açoitado várias vezes.
A m ediunidade, que prossegue fulgindo entre os m ártires
cristãos, s acrificados n as festas circenses, n ão se eclips a, aind a
mesmo quando o ensinam ento de Je sus passa a sofrer estagnaçã o
por im positivos de orde m política. Apen as há alguns séculos,
vimos F rancisco d e A ssis ex alçando-a em lum inosos aconteci-
mentos; Lutero transitando entre visões; Teresa d’Ávila em admi-
ráveis desdobramentos; José de Copertino levitando ante a espan-
tada obse rvação do papa Ur bano 8º , e Swede nborg re colhendo,
afastado do corpo físic o, anotações de vários planos espirituais
que ele próprio f iltra para o conhecim ento hum ano, segundo as
concepções de sua época.

9
Atos, capítulo 11, versículo 28.
10
Atos, capítulo 13, versículos 1 a 4.
11
Atos, capítulo 16, versículos 9 e 10.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 14

Compreendemos, assim, a validade permanente do esforço de


André Luiz, que, servindo-se de es tudos e con clusões de concei-
tuados ci entistas terreno s, ten ta, tam bém aqu i12, colaborar na
elucidação dos proble mas da m ediunidade, cada vez m ais inquie-
tantes na vida conturbada do mundo moderno.
Sem recomendar, de modo algum, a prática do hipnotismo em
nossos templos espíritas, a ele reco rre, de escantilhão, para fazer
mais ampl amente compreendi dos os m últiplos fenôm enos da
conjugação de ondas mentais, além de, com isso, demonstrar que
a força m agnética é s imples agente, sem ser a caus a das ocorrê n-
cias m edianímicas, n ascidas, inv ariavelmente, de esp írito p ara
espírito.
Em nosso cam po de ação, tem os livro s qu e co nsolam e res-
tauram, medicam e alimentam, tanto quanto aqueles que propõem
e concluem, argumentam e esclarecem.
Nesse critério, surpreendemos aqui um livro que estuda.
Meditemos, pois, sobre suas páginas.

EMMANUEL
Uberaba, 6 de agosto de 1959.

12
Sobre o tema desta obra, André Luiz é o autor de outro livro, intitula-
do “Nos Domínios da Mediunidade”. (Nota da Editora.)
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 15

Ante a Mediunidade
Depois de um século de mediunidade, à luz da Doutrina Espí-
rita, com inequívocas provas da sobrevivência, nas qu ais a abn e-
gação dos Mensageiros Divinos e a tolerância de muitos sensiti-
vos foram colocadas à prova, temo-la, ainda hoje, incompreendida
e ridicularizada.
Os intelectuais, vinculados ao ateísmo prático, desprezam-na
até agora, enquanto os cientistas que a experimentam se recolhem,
quase todos, aos pala nques da Metapsíqui ca, observando-a com
reserva. Junto deles, porém, os espíritas sustentam-lhe a b andeira
de trabalho e revelação, conscientes de sua p resença e significado
perante a vida. Tachados, m uitas vezes, de fanáti cos, prosseguem
eles, à feição de p ioneiros, de sbravando, sof rendo, ajudando e
construindo, at entos a os pri ncípios enfeixados por Allan Kardec
em sua codificação basilar.
Alguém disse que “os esp íritas pretenderam misturar, no Es-
piritismo, ciência e religião, o qu e r esultou em gr ande pr ejuízo
para a s ua parte cien tífica”. E acentuou que “um historiador, ao
analisar as or denações de Carlos Ma gno, não pensa em Além -
Túmulo; que um fis iologista, assinalando as contrações muscula-
res de uma rã não fala em esferas ultraterrestres; e que um quím i-
co, ao dosar o azoto da lecitina , não se deixa im pressionar po r
nenhuma fraseologia da sobr evivência hum ana”, acr escentando
que, “em Metapsíquica , é necessário proc eder de igual m odo,
abstendo-se o pesqui sador de sonhar com mundos etéreos ou
emanações an ímicas, d e m aneira a perm anecer no terra -a-terra,
acima de q ualquer teo ria, p ara som ente indaga r, m uito hum ilde-
mente, se tal ou tal fenôm eno é verdadeiro, sem o propósito de
desvendar os mistérios de nossas vidas pregressas ou vindouras”.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 16

Os espírita, contudo, apesar do respeito que consagram à pes-


quisa dos sá bios, nã o pode m a bdicar do s enso r eligioso que l hes
define o trabalho. Julg am l ícito re verenciá-los, a proveitando-lhes
estudos e equaçõ es, qu al n os con duzimos nes tas p áginas13, tant o
quanto eles m esmos, os sábios , lhes hom enageiam o esforço ,
utilizando-lhes o cam po de at ividade para e xperimentos e a nota-
ções.
Consideram os espírita s, que o historiador, o fisiologista e o
químico podem não pensar em Além-Túmulo, ma s nã o c onse-
guem avançar desp rovidos de sens o mor al, por quanto o hi storia-
dor, sem dignidade, é veículo de imprudência; o fisiologista, sem
respeito pa ra cons igo pr óprio, qua se se mpre s e tra nsforma e m
carrasco da vida hum ana, e o qu ímico, de salmado, f acilmente s e
converte em agente da morte.
Se caminham atentos à mensagem das Esferas Espirituais, is-
so não quer dizer se enquiste m na visão de “mundos etéreos”,
para enternecimento beatifico e esterilizante, mas para se fazerem
elementos úteis na edif icação do m undo m elhor. Se analisam as
emanações an ímicas é porqu e dese jam coop erar n o ap erfeiçoa-
mento da vida espiritual no P laneta, assi m como na solução dos
problemas do destino e da dor, junto da Hum anidade, de m odo a
se es vaziarem pen itenciarias e h ospícios, e, se alg o p rocuram,
acima do “terra-a- terra”, esse algo é a educação de si mesmos,
através do bem puro aos sem elhantes, com o que aspiram , sem

13
A convi te do Es pírito André Lu iz, os m édiuns Francisco Câ ndido
Xavier e Wa ldo Viei ra re ceberam os text os des te l ivro em noi tes de
quintas e terças-feiras , na cidade de U beraba, Estado de Minas Gerais.
O prefácio de Emmanuel e os capítulos pa res foram recebidos pelo
médium Francisc o Cân dido Xa vier, e o p refácio de An dré L uiz e os
capítulos ímpares foram recebidos pelo m édium Waldo V ieira. (N ota
dos médiuns.)
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 17

pretensão, a orientar o f enômeno a serviço dos hom ens, para que


o fenômeno não se reduza a simples curiosidade da inteligência.
Quanto m ais in vestiga a Natu reza, m ais se convence o ho-
mem de que vive num reino de ondas tr ansfiguradas em l uz,
eletricidade, calor ou matéria, segundo o padrão vibratório em que
se exprimam.
Existem, no e ntanto, outras manifestações da luz, da eletrici-
dade, do calor e da m atéria, desconhecidas nas faixas da evolução
humana, d as q uais, po r enq uanto, s omente podere mos re colher
informações pelas vias do espírito.
Prevenindo qualquer ob servação da crítica construtiva, le al-
mente declaram os haver recorrido a diversos trab alhos de di vul-
gação científica do m undo contemporâneo para tornar a su bstân-
cia esp írita des te livro m ais seguramente compr eendida pela
generalidade dos lei tores, c omo que m s e ut iliza da est rada de
todos para atingir a meta em vista, sem maiores dificuldades para
os com panheiros d e excu rsão. Al iás, qu anto ao s apontam entos
científicos humanos, é preciso reconhecer-lhes o caráter passagei-
ro, no que se refere à definição e nomenclatura, atentos à circuns-
tância de q ue a exp erimentação constante ind uz os cien tistas d e
um sécu lo a con siderar, m uitas v ezes, com o superado o trabalho
dos cientistas que os precederam.
Assim, as n otas dessa natureza, neste volume, tomadas natu-
ralmente ao acervo d e informações e deduções dos estudiosos da
atualidade te rrestre, valem aqui por vestim enta necess ária, m as
transitória, da exp licação espírita da m ediunidade, que é, no pre-
sente livro, o corpo de idéias a ser apresentado.
Não podemos esquecer a obriga ção de cultuar a m ediunidade
e acrisolá-la, aparelhando-nos com os recursos precisos ao conhe-
cimento de nós mesmos.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 18

A Parapsicologia nas Uni versidades e o est udo dos mecanis-


mos do cérebro e do sonho, do m agnetismo e do pensam ento nas
instituições l igadas à Ps iquiatria e às ciên cias m entais, em bora
dirigidos noutros rum os, chegarão ig ualmente à v erdade, m as,
antes q ue s e in tegrem co nscientemente no plano da redenção
humana, burilemos, por nossa vez, a m ediunidade, à luz da Dou-
trina Espírita, que revive a Doutrina de Jesus, no reconhecimento
de que não basta a ob servação dos fatos em si, mas também que
se fazem indispensáveis a disciplina e a iluminação dos ingredien-
tes m orais que os constituem , a fi m de que se tornem fatores de
aprimoramento e feli cidade, a be nefício da cri atura e m trâ nsito
para a realidade maior.
ANDRÉ LUIZ
Uberaba, 11-8-59.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 19

1
Ondas e percepções
Agitação e ondas
Em seguida a esforços persistentes de muitos Espíritos sábios,
encarnados no mundo e patrocinando a evolução, a inteligência do
século XX compreende que a T erra é um ma gneto de gigantescas
proporções, constituído de forças atômicas condicionadas e cerca-
do po r es sas m esmas for ças em com binações m ultiformes, com -
pondo o cham ado cam po eletrom agnético em que o P laneta, no
ritmo de seus próprios m ovimentos, se tipif ica na Im ensidade
Cósmica.
Nesse reino de energias, em que a matéria concentrada estru-
tura o G lobo de no ssa moradia e em que a m atéria em expansão
lhe forma o clima peculiar, a vida desenvolve agitação.
E toda agitação produz ondas.
Uma frase que em itimos ou um instrumento que vibra criam
ondas sonoras.
Liguemos o aquecedor e espalharemos ondas caloríficas.
Acendamos a lâmpada e exteriorizaremos ondas luminosas.
Façamos funci onar o re ceptor radiofônico e encontrarem os
ondas elétricas.
Em suma, toda inquietação se propaga em forma de ondas, a-
través dos diferentes corpos da Natureza.

Tipos e definições
As ondas são avalia das segundo o com primento em que se
expressam, dependendo esse comprimento do em issor em que s e
verifica a agitação.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 20

Fina vara tangendo as águas de um lago provocará ondas pe-


quenas, ao passo que a tora de madeira, arrojada ao lençol líquido,
traçará ondas maiores.
Um contrabaixo lançá-las-á muito longas.
Um flautim desferi-las-á muito curtas.
As ondas ou oscil ações eletromagnéticas são sem pre da m es-
ma substância, di ferenciando-se, porém, na pauta do se u compri-
mento o u d istância q ue se segu e do penacho ou crista de uma
onda à crista da onda seguinte, em vibrações m ais ou m enos
rápidas, conform e as leis de ritm o em que se lhes id entifica a
freqüência diversa.
Que é, no entanto, uma onda?
À f alta d e term inologia m ais clara, direm os que um a onda é
determinada forma de r essurreição da ener gia, por interm édio do
elemento particular que a veicula ou estabelece.
Partindo de s emelhante p rincípio, e ntenderemos qu e a fo nte
primordial de qualquer i rradiação é o át omo ou partes dele em
agitação, des pedindo rai os ou onda s que se articulam , de acordo
com as oscilações que emite.

Homem e ondas
Simplificando conceitos em torno da escala das ondas, recor-
demos que, oscilando de m aneira integral, sacudidos simplesmen-
te nos elétrons de su as órb itas o u excitado s apen as em seus nú -
cleos, o s átom os lan çam de si o ndas qu e p roduzem calo r e som ,
luz e raios gama, através de inumeráveis combinações.
Assim é qu e entre as o ndas da corrente alternada para objeti-
vos industriais, as ondas do rádio, as d a lu z e dos raio s X, tan to
quanto as que def inem os raios có smicos e as que se superpõem
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 21

além deles, não existe qualquer diferença de natureza, mas sim de


freqüência, considerado o modo em que se exprimem.
E o hom em, colocado nas f aixas desse im enso dom ínio, em
que a m atéria quanto m ais estudada mais se r evela qual f eixe de
forças em tem porária associação, soment e a ssinala a s onda s que
se lhe afinam com o modo de ser.
Temo-lo, dessa m aneira, por vi ajante do Cosm o, respirando
num vastíssimo império de onda s que se comportam como massa
ou vice-versa, condicionado, nas suas percepções, à escala do
progresso que já alca nçou, progresso esse qu e se m ostra sem pre
acrescentado pelo patrimônio de experiência em que se gradua, no
campo mental que lhe é característico, em cujas dimensões revela
o que a vi da já lhe deu, ou tempo de evolução, e aquilo que ele
próprio já deu à vida, ou tempo de esforço pessoal na constru-
ção do destino. Para a valorização e en riquecimento do cam inho
que lhe compet e percorrer, rece be de ssa me sma vi da, que o ac a-
lenta e a qu e deve servir, o tesour o do cérebro, por interm édio do
qual ex terioriza as on das qu e lh e marcam a indiv idualidade, no
concerto das for ças univer sais, e abso rve aq uelas com as qua is
pode entrar em sintonia, ampliando os recursos do s eu cabedal de
conhecimento e da s qua is se de ve a proveitar, no a primoramento
intensivo de si mesmo, no trabalho da própria sublimação.

Continente do “infra-som”
Ajustam-se ouvi dos e ol hos hu manos a balizas naturais de
percepção, circunscritos aos implementos da própria estrutura.
Abaixo de 35 a 40 vibrações po r segundo, a criatura encarna-
da, ou que ainda se m ostre fora do corpo f ísico em condições
análogas, movimenta-se no império dos “infra-sons” 14, porquanto

14
Outros Autores adm item que estes infra-sons começam abaixo de 18
vibrações por segundo. (Nota do Autor espiritual.)
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 22

os sons continuam existindo, sem que disponha de recursos para


assinalá-los.
A ponte pressionada po r grande veículo ou a locomotiva que
avança sobre trilhos agita a porta de residência não distante, porta
essa cuja i nquietação se comunica a outr as portas mais afastadas,
em regime de transmissão “infra-som”.
Nesse dom ínio d as co rrentes im perceptíveis, id entificaremos
as ondas eletrom agnéticas de Hertz a se exterio rizarem da an tena
alimentada pela energia elétri ca e que, apresentando freqüência
aumentada, com o em prego do s ch amados “circuito s os cilantes”,
constituídos com o aux ílio de condensadores, produzem as ondas
da telegrafia sem fio e do rádi o com um, começando pelas ondas
longas, até aproximadamente mil metros, na medida equivalente à
freqüência de 300.00 0 vibrações por segu ndo ou 300 quilociclos,
e avançando pelas onda s cu rtas, além das qu ais se localizam as
ondas métricas ou decimétricas, disciplinadas em serviço do radar
e da televisão.
Em semelhantes faixas da vida, que a ciência terrestre assina-
la como o continen te do “infra-som”, circulam forças co mplexas;
contudo, par a o Es pírito e ncarnado ou ainda condicionado às
sensações do Pl ano Físico, não existe nessas províncias da Natu-
reza senão silêncio.

Sons perceptíveis
Aumente-se a freqüência das ondas, nascidas do m ovimento
incessante d o Universo, e o hom em al cançará a escal a dos sons
perceptíveis, mai s exat amente qua lificáveis nas co rdas g raves do
piano.
Nesse ponto, penetraremos a esfera das percepções sensoriais
da criatura terrestre, porquanto, nesse grau vi bratório, as ondas se
transubstanciam em fontes sonoras que afetam o tímpano, gerando
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 23

os “tons de Tartini” ou “tons de combinação”, com efeitos psíqui-


cos, segundo as disposições mentais de cada indivíduo.
Eleva-se o diapasão.
Sons médios, mais altos, agudos, superagudos.
Na fronteira aproxim ada de pouco além de 15.000 vibrações
por segundo, não raro, o ouvido vulgar atinge a zona-limite.15
Há pessoas, contu do, que, depois desses marcos, ouvem ain-
da.
Animais diversos, quais os cães, portadores de profunda acui-
dade auditiva, escutam ruídos no “ultra-som ”, para além das
40.000 vibrações por segundo.
Prossegue a escala ascendente em recursos e propo rções ini-
magináveis aos sentidos vinculados ao mundo físico.

Outros reinos ondulatórios


Salientando-se no oceano da V ida Infinita, outr os rei nos on-
dulatórios se espraiam , ofertando novos cam pos de evolução ao
Espírito, que a me nte aj ustada às pe culiaridades do Pl aneta não
consegue perceber.
Sigamos através das oscilações mais curtas e seremos defron-
tados pelas ondas do infravermelho.
Começam a luz e as cores visíveis ao olhar humano.
As m icro-ondas, em m anifestação ascendente, det erminam
nas fibras intra-reti nianas, s egundo os p otenciais elétrico s qu e
lhes sã o pr óprios, as i magens da s se te c ores funda mentais, fa cil-
mente descortináveis na luz branca que as s intetiza, por in termé-

15
A escala de perce pção é extrem amente variável. (Nota do Autor
espiritual).
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 24

dio do p risma com um, criand o ig ualmente ef eitos p síquicos, em


cada criatura, conforme os estados mentais que a identifiquem.
Alteia-se a ordem das ondas e surgem, depois do vermelho, o
alaranjado, o amarelo, o verde, o azul, o anilado e o violeta.
No com primento de onda em qu e se l ocaliza o violet a, em
4/10.000 d e m ilímetro, os o lhos h umanos c essam de e nxergar;
todavia, a série das oscilações continua em progressão constante e
a chapa fotográfica, s ituada n a vi zinhança do esp ectro, revela a
ação fotoqu ímica d o ultravio leta e, ultr apassando-o, apar ecem as
ondas imensamente curtas dos raios X, dos raios gam a, dirigindo-
se para os raios cósm icos, a cruzarem por todos os departam entos
do Globo.
Semelhantes no tas of erecem lig eira idé ia d a tra nscendência
das ondas nos re inos do Espí rito, com base nas forças do pensa-
mento.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 25

2
Conquistas da Microfísica
Primórdios da Eletrônica
Espíritos eminentes, atendendo aos imperativos da investiga-
ção cien tífica en tre os hom ens, v olvem da Esp iritualidade ao
Plano Terrestre, i ncentivando est udos acerca da natureza ondula-
tória do Universo.
A Eletrônica balbucia as pri meiras notas com Tales de M ile-
to, 600 anos antes do Cristo.
O grande filósofo, que tinha a cr ença na unidade essencial da
Natureza, observa a eletrização no âmbar (“elektron”, em grego).
Seus apo ntamentos s obre as em anações lum inosas são reto -
mados, no curso do tem po, por He rão de Alexandria e outras
grandes in teligências, cu lminando nos r aciocínios d e De scartes,
no século XVII, que, inspirado na teoria atômica dos gre gos,
conclui, trezentos anos antes da descoberta do elétron, que na base
do átom o deveria existir um a partícula prim itiva, chegando a
desenhá-la, c om s urpreendente r igor de c oncepção, como s endo
um “remoinho” ou im agem aproxi mada dos re cursos e nergéticos
que o constituem.
Logo após, Isaac Newton realiza a decomposição da luz bran-
ca, nas sete co res do prisma, apresentando, ainda, a idéia de q ue
os fenôm enos lum inosos seriam correntes corp usculares, s em
excluir a hipótese de ondas vibratórias, a se expandirem no ar.
Huyghens prossegue na experimentação e defende a teoria do
éter luminoso ou teoria ondulatória.
Franklin teoriza sobre o fluido elétrico e prop õe a hipótese
atômica da eletricidade, tentando classif icá-la como sendo forma-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 26

da de gr ânulos s utis, per feitamente i dentificáveis a os re moinhos


eletrônicos hoje imaginados.

Campo eletromagnético
Nos prim órdios do século XI X, aparece T omás Young, exa-
minando as ocorrências da reflex ão, i nterferência e di fração da
luz, fundam entando-se sobre a ação ondulatóri a, seguindo-se-lhe
Fresnel, a consolidar-lhe as deduções.
Sucedem-se investigadores e pi oneiros, at é qu e, em 1869,
Maxwell afirm a, sem que as suas asserções lo grassem desperta r
maior interesse nos sábios de seu tempo, que as ondulações de luz
nasciam de um campo magnético associado a u m campo elétrico,
anunciando a correlação entre a eletricidade e a luz e assegurando
que as lin has d e fo rça ex travasam dos circuito s, assaltando o
espaço am biente e exp andindo-se com o pu lsações ondulatórias.
Cria ele a notável teoria eletromagnética.
Desde ess a épo ca, o co nceito de cam po eletrom agnético as-
sume singular im portância no mundo, até que Hertz consegue
positivar a existência das ondas elétricas, descobrindo-as e co lo-
cando-as a serviço da Humanidade.
Nas vésperas do século XX, a Ciência já considera a Natureza
terrestre como percorri da por ondas inum eráveis q ue cruzam
todas as faixas do Planeta, sem jamais se misturarem.
Entretanto, certa indagação se generalizara.
Reconhecido o m undo como vasto m agneto, com posto de á-
tomos, e sabendo-se que as onda s provinham deles, com o poderi-
am os sistemas atômicos gerá-las, criando, por exem plo, o calor e
a luz?
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 27

Estrutura do átomo
Max P lanck, distinto físico alemão, repara, em 1900, que o
átomo, em lançando energia, não procede em fluxo contínuo, m as
sim por arrem essos individuais ou, mais propriamente, através de
grânulos de energia, estabelecendo a teoria dos “quanta de energi-
a”.
Foi então que Niels Bohr deduziu que a descoberta de P lanck
somente se explicaria pelo fato de gravitarem os elétrons, ao redor
do núcleo, no sistem a atômico, em órbitas seguramente definidas,
a exteriorizarem energia, não gira ndo como os planetas em torno
do Sol, mas saltando, de inesperado, de uma camada para outra.
E, procedendo m ais por intuiç ão que por obse rvação, menta-
lizou o átomo como sendo um núcleo cercado, no máximo, de sete
camadas co ncêntricas, plen amente isoladas en tre si, no s eio d as
quais os elétr ons cir culam l ivremente, em todos os sentidos. Os
que se localizam nas zonas periféricas são aqueles que m ais fa-
cilmente s e des locam, patrocinando a proj eção de raios lum ino-
sos, ao passo que os elétrons aglutinados nas cam adas profundas,
mais jungidos ao núcleo, quando mudam de órbita deixam escapar
raios mais curtos, a se graduarem na série dos raios X.
Aplicada a teoria de Bohr em multifários setores da dem ons-
tração objeti va, el a al cançou en corajadoras confirmações e, com
isso, dentro das possíve is definições t errestres, o ci entista di na-
marquês preparou o caminho a mais amplo entendimento da luz.

Estado radiante e raios X


A Ciência da Terr a acr editava antigamente que os átom os
fossem cor púsculos eternos e i ndivisíveis. Elementos conjugados
entre si entrelaçavam-se e se separavam, plasmando formas diver-
sas.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 28

Seriam como vasto mas limitado capital da vida de que a Na -


tureza poderia dispor sem qualquer desperdício.
No últim o quartel do século XIX, porém , singulares altera-
ções marcaram os passos da Física.
Retomando experiências iniciada s pelo cientista alem ão H it-
torf, W illiam Crookes vale u-se de um tubo de vidro f echado, no
qual obtinha grande rarefação do ar, fazendo passar, através dele,
uma corrente elétrica, oriunda de alto potencial.
Semelhante tubo poderia conter dois ou m ais eletrodos (cáto-
dos e ânodos, ou pólo s negativos e positivos, r espectivamente),
formados por f ios de platina, e rematados em placas metálicas de
substância e molde variáveis.
Efetuada a corrente, o grande físico no tou que do cátodo par-
tiam raios que, atingindo a parede oposta do vidro, nela formavam
certa luminosidade fluorescente.
Crookes classificou co mo sendo radiante o estado em que se
mostrava o gás contido no recipiente e declarou guardar a impres-
são de que conseguira reter os corpúsculos que entretecem a base
física do Universo.
Mas, depois dele, aparece Roentgen, que lhe retoma as inves-
tigações e, pro jetando os raios catódicos sobre tela metálica,
colocou a própria mão entre o tubo e pequena chapa r ecamada de
substância fl uorescente, obs ervando que os ossos s e de stacavam,
em cor escura, na carne que se fizera transparente.
Os raios X ou ra ios Roentgen foram, desde en tão, trazidos à
consideração do mundo.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 29

Elétron e radioatividade
O jovem pesquisador francês Jean Perrin, utilizando a ampola
de C rookes e o eletroscópio, co nseguiu positivar a existência do
elétron, como partícula elétrica, viajando com rapidez vertiginosa.
Pairava no ar a indagação sobre a massa e a expressão elétrica
de semelhante partícula.
Surge, todavia, José Thom son, distinto físico inglês, que, es-
tudando-a do ponto de vista de um projétil em movimento, conse-
gue determinar-lhe a massa, que é, aproximadamente, 1.850 vezes
menor que a do átom o conhecido por m ais leve, o hidrogênio,
calculando-lhe, ainda, com relativa segurança, a carga e a veloc i-
dade.
Os apontamentos objetivos, em torno do elét ron, incentiva-
ram novos estudos do infinitamente pequeno.
Animado pel os êxit os dos r aios de Roentgen, Henri Becque-
rel, com o auxílio de am igos espirituais, porque até então o gênio
científico n a Terra des conhecia o e xtenso ca bedal ra dioativo do
urânio, escolhe esse elemento para a pesquisa de novas fontes dos
raios X e s urpreende a s rad iações diferen tes q ue en caminham o
casal Curie à descoberta do rádio.
A Ciên cia perceb eu, afinal, que a r adioatividade e ra c omo
que a fala dos átom os, as severando qu e eles n asciam e m orriam
ou apareciam e desapareciam no reservatório da Natureza.

Química Nuclear
O contador de Geiger, emergindo no c enário das experimen-
tações da Microf ísica, demonstrou que, em cada segundo, de um
grama de rádio se desp rendem 36 bilhões de fragmentos radioati-
vos da co rrente m ais f raca de raios em anantes d esse elem ento,
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 30

perfazendo um to tal de 20.000 quilôm etros de irradiação por


segundo.
No entanto, há tão gran de quantidade de átomos de rádio, em
cada g rama dess e m etal, que som ente no es paço de 16 séc ulos é
que o seu peso fica reduzido à metade.16
Apreendendo-se que a r adioatividade e xprimia a mort e dos
sistemas at ômicos, nã o s eria pos sível apre ssar-lhes a de sintegra-
ção co ntrolada, com vistas ao ap roveitamento de s eus potenciais
energéticos?
Rutherford lembrou que as par tículas emanadas do rádio fun-
cionam como projéteis vigorosos, e enchendo um tubo com azoto,
nele situou um a parcela de rádi o, reparando os pontos de queda
dos corpúsculos eletrizados sobr e pequ ena tela fosfo rescente.
Descobriu, desse m odo, que os núcl eos do azoto, espancados em
cheio pelas partículas radioativa s alfa, explodiam, convertendo-se
em hidrogênio e num isótopo do oxigênio.
Foi realizada, assim, calculadamente, a primeira transmutação
atômica p elo hom em, orig inando-se, d esde então, a ch amada
química nu clear, qu e culm ina ho je com a artilh aria atôm ica do
cíclotron, es truturado por La wrence, à feição de um eletroim ã,
onde, acelerados por uma corrente de milhares de volts, em tensão
alternada altíssima, projéteis atômicos bombardeiam os elementos
a eles expostos, que se transm utam em outros elementos químicos
16
NOTA DA EDITORA, e m 1993: Este pará grafo, c onforme está
escrito, parece dizer que o tempo de meia-vida depende da quantida de
de material, ou núm ero d e átomos de rádio, o que não co ndiz c om o
conhecimento que a Ciência tem do assunto.
Lembra Emmanuel, no Prefácio, que André Luiz s e serviu, nes ta obra,
de estudos e conclusões de cien tistas da Terra, p odendo, entã o, ter
havido, qua nto ao assunto em paut a, entendim ento im perfeito ou do
autor espiritual, ou do médium, ou da fonte científica da qual se origi-
nou o parágrafo.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 31

conhecidos, a crescidos dos c hamados r adioisótopos, que o c asal


Joliot-Curie obteve pela prim eira vez ar remessando sobre o alu-
mínio a corrente m enos penetran te do rádio, cons tituída de nú -
cleos do hélio, ou hélion s. Surgiram, assim, os fecu ndos serviços
da radioatividade artificial.
Nossos a pontamentos si ntéticos obj etivam a penas de stacar a
analogia do que se passa no m undo íntimo das forças corpuscula-
res qu e en tretecem a matéria físi ca e daquel as que estrutur am a
matéria mental.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 32

3
Fótons e fluido cósmico
Estrutura da luz
Clerk M axwell, cen tralizado n os estudos do eletrom agnetis-
mo, previra que todas as irradiações, inclusive a luz visível, pres-
sionam os demais corpos.
Observações experimentais com o jato de uma lâmpada sobre
um feixe de poeira m ostraram que o feixe se acurvou, com o se
impelido por l eve c orrente de força. S emelhante corrente foi
medida, acusando insignif icante percentagem de pressão, m as o
bastante para provar que a luz era dotada de inércia.
Os físicos eram defrontados pelo problema, quando Einstein,
estruturando a sua teor ia da relatividade, no princípio do sécul o
XX, chegou à conclusão de que a luz, nesse novo aspecto, possui-
ria peso específico.
Isso implicava a existência de massa para a luz. Como conci-
liar vi bração e peso, onda e m assa? Intriga do, o gra nde ci entista
voltou às experiências de P lanck e Boh r e de duziu qu e a luz de
uma lâmpada resulta de sucessivos arremessos de g rânulos lumi-
nosos, e m re lâmpagos c onsecutivos, a se desprend erem dela po r
todos os lados.
Pesquisadores protestaram contra a a ssertiva, lembrando o e -
nigma das difrações e das interferências, tentando demonstrar que
a luz era constituída de vibrações.
Einstein, contudo, recorreu ao efeito fotoelétrico – pelo qual a
incidência de um raio lum inoso sobre um a película de sódio ou
potássio determ ina a e xpulsão de elétrons da me sma pe lícula,
elétrons cuja velocidade pode ser medida com exatidão –, e g eni-
almente concebeu os grânul os lu minosos ou fótons que, em se
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 33

arrojando sobre os elétrons de sódio e potássio, lhes pr ovoca o


deslocamento, com tanto mais violência, quanto mais concentrada
for a energia dos fótons.
O aumento de intensidade da luz, por isso, não acrescenta ve-
locidade ao s elétron s exp ulsos, o que ap enas acon tece an te a
incidência de uma luz caracterizada por oscilação mais curta.

“Saltos qüânticos”
A teoria dos “saltos quânticos” ex plicou, de ce rto m odo, as
oscilações eletromagnéticas que produzem os raios luminosos.
No átomo excitado, aceleram-se os movimentos, e os elétrons
que lhe correspondem , em se distan ciando dos núcl eos, passam a
degraus m ais altos de energias. Efet uada a a lteração, os elétrons
se afastam dos núcl eos aos salt os, de acordo com o quadrado dos
números cardinais, isto é, de 1 pa ra 2 no prim eiro salto, de 2 para
4 no segundo, de 3 para 9 no te rceiro, de 4 para 16 no quart o, e
assim sucessivamente.
Na tem peratura aproxim ada de 1.000 graus centígrados, os
elétrons abandonam as órbitas que lhes são peculiares, em número
sempre crescente, e, se es sa temperatura atingir cerca de 10 0.000
graus centígrados, os átom os pa ssam a ser con stituídos so mente
de núcleos despojados de seus elétrons-satélites, vindo a explodir,
por entrechoques, a altíssimas temperaturas.
Reportando-nos, pois , à escala d e excitação d os s istemas a-
tômicos, vamos encontrar a luz, conhecida na Terra, como oscila-
ção eletromagnética em comprimento médio de onda que nasce do
campo atômico, quando os elétrons, erguidos a órb itas ampliadas
pelo ab astecimento d e energia, re tornam às s uas ó rbitas prim iti-
vas, veiculando a sua energia de queda.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 34

Se excitarmos o át omo com esca ssa energia, apenas se altea-


rão aqueles elétrons da periferia, capazes de super ar facilmente a
força atrativa do núcleo.
Compreenderemos, portanto, qu e, quanto m ais distante do
núcleo, m ais com prido será o salt o, determ inando a em issão de
onda mais longa e, po r esse motivo, identificada por m enor ener-
gia. E quanto m ais para dentro do sistema atômico se verif ique o
salto, tanto m ais curta e, por is so, de ma ior poder pe netrante, a
onda exteriorizada.

“Efeito Compton”
Buscando um exem plo, verifica remos que a estim ulação das
órbitas eletrônicas externas produzirá a luz vermelha, formada de
ondas longas, enquanto que o m esmo processo de atrito nas órbi-
tas que se lhe seguem, na direção do núcleo, originará a irradiação
azul, formada de ondas mais curtas, e a excitação nas órbitas mais
íntimas provocará a lu z violeta, de ondas ainda m ais curtas. Con-
tinuando-se a progress ão de fora para de ntro, chegar emos aos
raios gama, que derivam das oscilações do núcleo atômico.
Em todos esses pro cessos de i rradiação, o poder do fóton de-
pende do com primento da onda em que s e m anifesta, qu al ficou
positivado no “efeito Compton”, pelo qual uma colisão provocada
entre fótons e elétrons revela que os fótons, em fazendo ricochete
no entrechoque, descarre gam ener gia, bai xando a fre qüência da
própria onda e originando, assim, a luz mais avermelhada.

Fórmula de De Broglie
A evidência do fóton vinha enriqu ecer a teoria corpuscular da
luz. En tretanto, ce rtos f enômenos s e ma ntinham à ma rgem, s o-
mente explicáveis pela teoria on dulatória que a Ciên cia não acei-
tara até então.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 35

Foi o estudioso físico francês, Luis De Broglie, que compare-


ceu no cenário das contradições, enunciando o seguinte princípio:
– “Compreendendo-se que as ondas da luz, em certas circuns-
tâncias, pro cedem à feição d e corpúsculos, po r que m otivo os
corpúsculos de m atéria, em determinadas condições, não se com-
portarão à maneira de ondas?”
E acres centava qu e cada p artícula de m atéria está acom pa-
nhada pela onda que a conduz.
Suportando hostilidades e desafi os, devotou-se a m inuciosas
perquirições e criou a fórm ula para de finir o c omprimento da
onda con jugada ao corpús culo, en tendendo-se, desd e en tão, que
os elétrons arremessados pela válvula de Roentgen, quando origi-
nam oscilações curtas, aproximadamente 10.000 vezes m ais redu-
zidas que as da lu z, são transportados por ondas tã o curtas com o
os raios X.

Mecânica ondulatória
Físicos distintos não se sentiam dispostos a concordar com as
novas observações de De Broglie, alegando que a teo ria se m os-
trava i ncompatível com o fenômen o da difração e pediam que o
sábio lhes fi zesse ve r a di fração dos el étrons, de ve z que nã o
admitiam a existência de corpús culos desfrutando propriedades
que, a seu ver, eram exclusivamente características das ondas.
Pouco tempo decorrido, dois cientistas americanos projetaram
um jato de elétrons sobre um cr istal d e níqu el e re gistraram a
existência da dif ração, de conform idade com os princípios de De
Broglie.
Desde en tão, a m ecânica o ndulatória in stalou-se n a C iência,
em definitivo.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 36

Mais da metade do Universo foi reconhecido com o um reino


de oscilações, restando a parte co nstituída de maté ria igualmente
suscetível de converter-se em ondas de energia.
O mundo material como que desapareceu, dando lugar a teci-
do vasto de corpúsculos em movimento, arrastando turbilhões de
ondas em freqüências inumeráveis, cruzando-se em todas as d ire-
ções, sem se misturarem.
O homem passou a com preender, enfim, que a m atéria é sim-
ples ve stimenta das forças que o servem nas m últiplas f aixas da
Natureza e que todos os dom ínios da substâ ncia palpável pode m
ser p lenamente an alisados e exp licados em ling uagem matemáti-
ca, em bora o plano das causas c ontinue para ele indevassado,
tanto quanto para nós, as cria turas terrestres temporariamente
apartadas da vida física.

Campo de Einstein”
Conhecemos a gama das ondas, sabemos que a luz se desloca
em feixes corp usculares qu e d enominamos “fótons”, não ignora-
mos que o átom o é um remoinho de forças positivas e negativas,
cujos potenciais variam com o núm ero de elétrons ou partículas
de força em torno do núcleo, inform amo-nos de que a energia, ao
condensar-se, s urge co mo m assa p ara tran sformar-se, d epois, em
energia; entr etanto, o mei o sutil em que os sistem as atôm icos
oscilam não pode ser equacionado com os no ssos conhecimentos.
Até agora, temos nomeado esse “terreno indefinível”, como sendo
o “éter”; contu do, Einstein, quando busc ou im aginar-lhe as pro-
priedades indispensáveis para poder transmitir ondas característi-
cas de bilhões de oscilações, com a velocidade de 300.000 quilô-
metros por segundo, não conseguiu acom odar as necessári as
grandezas matemáticas numa fórmula, porquanto as qualidades de
que essa matéria de via e star re vestida nã o sã o combi náveis, e
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 37

concluiu qu e ela não existe, propondo abolir-s e o conceito de


“éter”, substituindo-o pelo conceito de “campo”.
Campo, desse m odo, passou a de signar o espaço dom inado
pela influência de uma partícula de massa.
Para guardarmos uma idéia do princípio estabelecido, im agi-
nemos uma chama em atividade. A zona por ela iluminada é-lhe o
campo peculiar. A intensidade de sua influência diminui c om a
distância do seu fulcro, de acordo com certas pro porções, isto é,
tornando-se 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, etc., a revelar valor de fração cad a
vez menor, sem nunca atingir a zer o, porque, em teoria, o cam po
ou região de influência alcançará o infinito.
A proposição de Einstein, no entanto, não resolve o problema,
porque a indagação quanto à matéria de base pa ra o campo
continua desafiando o raciocínio, motivo pelo qual, escrevendo da
esfera extrafís ica, na tentativa de anal isar, mais acur adamente, o
fenômeno da transmissão mediúnica, definiremos o meio sutil em
que o Universo se e quilibra com o sendo o Fluido Cósm ico ou
Hálito D ivino, a força para nós in abordável que sustenta a Cria-
ção.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 38

4
Matéria mental
Pensamento do Criador
Identificando o F luido Elem entar ou Hálito D ivino por base
mantenedora d e tod as as as sociações da form a nos dom ínios
inumeráveis do Cosm o, do qual conhecemos o elétron com o
sendo um dos corpúsculos-base, na s organizações e oscil ações da
matéria, interpretarem os o Univ erso com o um todo de forças
dinâmicas, expressando o Pensam ento do Criador. E superpondo-
se-lhe à grandeza in devassável, en contraremos a m atéria m ental
que nos é própria, em agitação constante, plasmando as criações
temporárias, adstritas à nossa necessidade de progresso.
No macrocosmo e no microcosmo, tateamos as manifestações
da Et erna Sa bedoria que m obiliza agentes in contáveis para a
estruturação de s istemas e f ormas, em vari edade infinita de graus
e fases, e entre o infin itamente pequeno e o inf initamente grande
surge a i nteligência huma na, dota da i gualmente da fa culdade de
mentalizar e co-criar, empalmando, para isso, os recursos intrín-
secos à vida ambiente.
Nos fundamentos da Criação vibra o pensamento imensurável
do Criador e sobre esse plasma divino vibra o pensamento mensu-
rável da criatura, a constituir-se no vasto oceano de força ment al
em que os poderes do Espírito se manifestam.

Pensamento das criaturas


Do Princípio Elem entar, fl uindo incessantemente no cam po
cósmico, auscultamos, de modo imperfeito, as energias profundas
que produzem eletricidade e magnetismo, sem conseguir enqua-
drá-las em exatas d efinições terre stres, e , d a m atéria m ental do s
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 39

seres cr iados, e studamos o pe nsamento ou fluxo energético do


campo espiritual de cada um de les, a se graduarem nos m ais
diversos tipos de onda , desde os raios super- ultra-curtos, em que
se e xprimem a s l egiões a ngélicas, através de processos ainda
inacessíveis à nossa observação, passando pelas oscilações curtas,
médias e longas em que se exte rioriza a m ente hum ana, até à s
ondas f ragmentárias d os an imais, cuja vida psíquica, ainda em
germe, som ente arro ja de s i d eterminados pe nsamentos ou r aios
descontínuos.
Os Espíritos aperfeiçoados, que conhecemos sob a designação
de potências angélicas do Am or D ivino, operam no m icro e no
macrocosmo, em nome d a Sab edoria Ex celsa, fo rmando cond i-
ções adequadas e m ultiformes à e xpansão, sustentação e pr ojeção
da vida , na s vari adas esferas da Nat ureza, no encalço de aquisi-
ções celestiais que, por enquan to, estam os longe de perceber. A
mente dos hom ens, indiretamente controlada pelo com ando supe-
rior, i nterfere no acer vo de r ecursos do P laneta, em particular,
aprimorando-lhe o s recu rsos na direção do pl ano angélico, e a
mente em brionária do s an imais, influenciada pe la dire ção huma -
na, hierarquiza-se em serviço nas regiões inferiores, da Terra, no
rumo das conquistas da Humanidade.

Corpúsculos mentais
Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e
extrafísico, en contramos o p ensamento po r ag ente es sencial.
Entretanto, ele ainda é matéria, – a matéria mental, em que as leis
de form ação das cargas m agnéticas ou dos sistem as atôm icos
prevalecem sob novo sentido, com pondo o m aravilhoso m ar de
energia su til em qu e todos no s acham os sub mersos e n o qu al
surpreendemos elem entos qu e transcen dem o sis tema p eriódico
dos elementos químicos conhecidos no mundo.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 40

Temos, ain da aqu i, as form ações co rpusculares, com bases


nos sistemas atômicos em diferentes condições vibratórias, consi-
derando os átomos, tanto no plano físico, quanto no plano mental,
como associações de cargas positivas e negativas.
Isso nos compele naturalmente a denominar tais princípios de
“núcleos, pr ótons, nê utrons, posít rons, el étrons ou fótons me n-
tais”, em vista da ausência de terminologia analógica para estrutu-
ração mais segura de nossos apontamentos.
Assim é que o halo vi tal ou aura de cada criatura permanece
tecido de corr entes at ômicas su tis dos pen samentos qu e lhe s ão
próprios ou habituais, dentro de norm as que co rrespondem à lei
dos “quanta de energia” e aos princípios da mecânica ondulatória,
que lhes imprimem freqüência e cor peculiares.
Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou esta-
do de agitação pelos im pulsos da v ontade, estabelecem para cad a
pessoa uma onda mental própria.

Matéria mental e matéria física


Em posição vulgar, acomodados às im pressões com uns d a
criatura humana normal, os átomos mentais inteiros, regularmente
excitados, na e sfera dos pe nsamentos, produzirão ondas m uito
longas ou de si mples sustentação da in dividualidade, co rrespon-
dendo à m anutenção de calor. Se forem os elétrons mentais, nas
órbitas dos átom os da m esma na tureza, a cau sa da agitação, em
estados m enos com uns da m ente, quais se iam os de atenção ou
tensão pacífica, em virtude de reflexão ou oração natural, o cam -
po dos pensam entos exprim ir-se-á em ondas de com primento
médio ou de aquisição de experiência, por parte da alm a, corres-
pondendo à produção de lu z interior. E se a excitação nasce dos
diminutos núcleos atôm icos, em situações ex traordinárias d a
mente, quais sejam as em oções profundas, as dores indizíveis, as
laboriosas e aturadas concentrações de força mental ou as súplicas
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 41

aflitivas, o dom ínio dos pensam entos em itirá ra ios m uito cur tos
ou de im enso poder transform ador do cam po espiritual, teorica-
mente semelhantes aos que se aproximam dos raios gama.
Assim considerando, a matéria m ental, em bora em aspectos
fundamentalmente divers os, obedece a princípi os idênticos àque-
les que regem as as sociações atômicas, na esfera física, demons-
trando a divina unidade de plano do Universo.

Indução mental
Recorrendo ao “cam po” d e E instein, im aginemos a m ente
humana no lug ar da ch ama em ativid ade. As sim com o a in tensi-
dade de influência da chama diminui com a distância do núcleo de
energias em com bustão, dem onstrando f ração cada vez me nor,
sem nunca atingir a zer o, a corrente m ental se espraia, segundo o
mesmo princípio, não obstante a diferença de condições.
Essa corrente de partículas mentais exterioriza-se de cada Es-
pírito com qualidade de indução mental, tanto m aior quanto m ais
amplos se lhe ev idenciem as facu ldades de co ncentração e o teo r
de persistência no rumo dos objetivos que demande.
Tanto quanto, no domínio da energia elétrica, a indução signi-
fica o pr ocesso através do qual um corpo que detenha proprieda-
des eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contac-
to visível, no reino dos podere s m entais a indução exprim e pro-
cesso idêntico, porquanto a corrente mental é suscetível de r epro-
duzir as suas próprias peculi aridades em outr a corrent e ment al
que se l he si ntonize. E tanto na eletricidade quanto no m entalis-
mo, o fenômeno obedece à conjugação de ondas, enquanto perdu-
re a sustentação do fluxo energético.
Compreendemos assim, perfeitamente, que a matéria mental é
o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria
física, gerando as m otivações de prazer ou desg osto, alegria ou
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 42

dor, otim ismo ou desespero, que não s e red uzem efetivam ente a
abstrações, por repres entarem turb ilhões d e fo rça em que a alm a
cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para
si m esma os agentes (por enquanto imponderáveis na T erra), de
luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade.

Formas-pensamentos
Pelos pr incípios me ntais que i nfluenciam em todas as dire-
ções, encontramos a telementação e a r eflexão comandando todos
os fenômenos de associação, desde o acasalamento dos insetos até
a comunhão dos Espíritos Superiores, cujo sistema de aglutinação
nos é, por agora, defeso ao conhecimento.
Emitindo uma idéia, passamos a refletir as que se lhe asseme-
lham, id éia es sa qu e p ara log o s e co rporifica, com in tensidade
correspondente à no ssa insistência em sustentá-la, m antendo-nos,
assim, espontaneam ente em com unicação com todos os que nos
esposem o modo de sentir.
É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório in-
tercâmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas, que
se nos m ovimenta o E spírito no mundo das form as-pensamentos,
construções s ubstanciais na e sfera da al ma, que nos li beram o
passo ou no-lo escrav izam, na pauta do bem ou do m al de nossa
escolha. Isso acontece porque, à maneira do hom em que constrói
estradas para a sua própria expansão ou que talha algemas para si
mesmo, a m ente de cada um , pela s co rrentes de matéria me ntal
que ex terioriza, elev a-se a g radativa lib ertação no rum o d os p la-
nos s uperiores ou e staciona nos pla nos i nferiores, c omo que m
traça vasto labirinto aos próprios pés.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 43

5
Corrente elétrica e corrente mental
Dínamo espiritual
Ainda mesmo que a Ciência na Terra, por longo tempo, recal-
citre contra as reali dades do Es pírito, é imperioso convir que, no
comando das associações atômicas, sob a pe rquirição do home m,
prevalecem as associações inteligentes de matéria mental.
O Espírito, encarnado ou desencarnado, na essência, pode ser
comparado a um dínamo complexo, em que se verifica a transubs-
tanciação do trabalho psicof ísico em forças m ento-
eletromagnéticas, forças essas que guardam consigo, no laborató-
rio d as célu las em que circu lam e se harm onizam, a propriedade
de agentes emissores e recept ores, conservadores e regeneradores
de energia.
Para q ue no s fa çamos ma is si mplesmente co mpreendidos,
imaginemo-lo como sendo um dínamo gerador, indutor, transfor-
mador e co letor, ao m esmo tem po, com cap acidade d e ass imilar
correntes contínuas de força e exteriorizá-las simultaneamente.

Gerador elétrico
Recordemos que um mo tor se ali menta da corrent e el étrica,
fornecida pelos recursos atômicos do plano material.
E para simples efeito de estudo da transmissão de força medi-
única, em que a matéria mental é substância básica, lembremo-nos
de que a chamada força eletromotriz nasce do agente que a produz
em circuito fechado.
Afirmamos que o gerador elétri co é uma font e de força ele-
tromotriz, entretanto não nos ac hamos à fren te de um a força au-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 44

tomática, m as s im de um a caracter ística do ge rador, no qual a


energia abs orvida, sob form a par ticular, se convert e em ener gia
elétrica.
O aparelho, gerador, no caso, não plasma correntes elétricas e
sim pr oduz det erminada di ferença de pot encial entre os se us
terminais o u e xtremos, facultando aos el étrons a m ovimentação
necessária.
Figuremos dois cam pos elétrico s separados, cad a um deles
com cargas de natureza contrária, com uma diferença de potencial
entre el es. Estabel ecido um fi o condutor en tre am bos, a corrente
elétrica se im provisa, do centro negativo para o centro positivo,
até qu e s eja alcançad o o ju sto eq uilíbrio entre os dois centros,
anulando-se, desde então, a diferença de potencial existente.
Se desejamos manter a diferença de potencial a que nos refe-
rimos, é indi spensável interpor entre ambos um gerador elétrico,
por interm édio do qua l se nutra, constant e, o fluxo eletrônico
entre um e outro, de ve z que a co rrente circulará no condutor, em
vista do campo elétrico existente entre os dois corpos.

Gerador mediúnico
Idealizemos o fl uxo de e nergias me nto-eletromagnéticas, ou
fulcro de ondas da entidade comunicante e do médium, como dois
campos distintos, asso ciando valores positivo s e negativos, res-
pectivamente, com uma d iferença de potencial que, em nosso
caso, constitui certa capacidade de junção específica.
Estabelecido um fio condutor de um para o outro que, em
nosso pr oblema, re presenta o pensamento de aceitação ou ade-
são do m édium, a corrente m ental desse ou daquele teor se im -
provisa em reg ime de ação e rea ção, atingindo-se o necessário
equilíbrio entre am bos, anu lando-se, d esde então, a d iferença
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 45

existente, pela integ ração das forças con juntas em clima de afin i-
dade.
Se quiser mos sust entar o c ontinuísmo de sem elhante conju-
gação, é im prescindível con servar entre os dois um gerador de
força, que, na questão em análise, é o pensamento constante de
aceitação ou adesão da personalidade m ediúnica, através do qual
se evidencie, incessante, o fluxo de energias conjugadas entre um
e outro, porquant o a co rrente de forças mentais, destinada à p ro-
dução desse ou daquele fenôm eno ou serviço, circulará no condu-
tor m ediúnico em razão do cam po de energias m ento-
eletromagnéticas existente entre a entidade comunicante e a i ndi-
vidualidade do médium.

Átomos e Espíritos
Para ent endermos co m m ais segurança o problem a da com -
pensação vibra tória na pr odução da corrent e el étrica e ( de out ro
modo) da corrente m ental, lem bremo-nos de que, conform e a lei
de Coulom b, as cargas de sinal contrário ou de for ça ce ntrípeta
atraem-se, contrab alançando-se e ssa at ração com a r epulsão por
elas exp erimentada, ante as carg as de s inal i gual ou de força
centrífuga.
A harm onia eletrom ecânica d o s istema atôm ico se v erifica
toda vez que se encont re neutro ou, mais propriamente, quando as
unidades positivas ou unidades do núcleo são em número idêntico
ao das nega tivas ou aquela s de que s e c onstituem os e létrons,
estabilidade e ssa que de corre do s princípios de gravitação nas
linhas do microcosmo.
Afirma-se, desse m odo, que exis te uma unidade de diferença
de potencial entre do is pontos de um cam po elétrico, quando a
ação ef etuada p ara tran sportar uma unidade de carga (ou 1 cou-
lomb), de um ponto a outro, for igual à unidade de trabalho.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 46

Entendendo-se que os mesmos princípios predominam para as


correntes d e m atéria m ental, em bora as m odalidades outras d e
sustentação e m anifestação, som os induzidos a asseverar, por
analogia, que existe capacidade de afinização entre um Espír ito e
outro, quando a ação de plasmagem e projeção da m atéria mental
na entidade com unicante for, m ais ou m enos, ig ual à aç ão d e
receptividade e expressão na personalidade mediúnica.

Força eletromotriz e força mediúnica


Compreendemos que se dispomos, em toda parte, de fontes de
força eletromotriz, mediante a sábia distribuição das cargas elét ri-
cas, encontrando-as, a cada passo, na extensão da i ndústria e do
progresso, temos igualmente variados mananciais de força medi ú-
nica, mediante a permuta harmoniosa, consciente ou inconsciente,
dos princípios ou correntes m entais, sendo possív el observá-los,
em nosso cam inho, alimentando grande s iniciativas de socorro às
necessidades humanas e de expansão cultural.
Usinas diversas espalham-se na p aisagem terrestre, ale ntando
sistemas de luz e força, na criação do conforto e da atividade, em
cidades e v ilarejos, campos e es tâncias, e as sociações mediúnicas
de vária espécie se multiplicam nos quadros m orais do m undo,
nutrindo as instituições m aiores e menores da Religião e da Ciên-
cia, da Filosofia e da Educação, da Arte e do Trabalho, do Conso-
lo e da Caridade, impulsionando a evolução da e spiritualidade no
plano físico.

Fontes de fraco teor


Possuímos, ainda, aquelas fontes de força elétrica, dotadas de
fraco teor, nos processos não industriais em que obtemos a eletri-
zação por atrito, ou, p or con tacto, a indu ção eletros tática e os
efeitos diversos, tais com o o ef eito piezel étrico, vul garmente
empregado na con strução d e m icrofones e alt o-falantes, peças
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 47

destinadas à rep rodução do som e ao con trole d e freqü ência na


radiotecnia; o efeit o ter moelétrico, uti lizado na for mação dos
pirômetros elétrico s qu e facu ltam a aferição das tem peraturas
elevadas, e o efeito fotoelétrico , aproveitado em várias espécies
de medidores.
Em analogia de circ unstâncias, assinalam os, em todos os lu-
gares, os mananciais de força mediúnica, a se expressarem por
mais fraco teor nos processos não ostensivos de ação, do ponto de
vista da evidê ncia públi ca, pe los quai s ser vidores a bnegados do
bem conseguem a restauração moral desse ou daquele companhei-
ro rebelde, a cu ra de certo núm ero de alm as doentes, a repetição
de avisos edificantes, a assistência especializada a múltiplos tipos
de sofrim ento, ou a condução enob recedora do grupo f amiliar a
que se devotam.
Em todas as atividades m ediúnicas, porém, nas quais a m ente
demande a construção do bem, s ejam e las de gra nde porte ou de
singela apresentação, a importância do tr abalho a reali zar e a l uz
da Vida Superior são sempre as mesmas, possibilitando ao Espíri-
to a f aculdade de f alar ao E spírito na obra incess ante de aper fei-
çoamento e sublimação.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 48

6
Circuito elétrico e circuito mediúnico
Conceito de circuito elétrico
Indica o conc eito de circuito elétrico a ex tensão do condutor
em que se m ovimenta uma co rrente elétrica, s empre qu e se su s-
tente uma diferença de potencial em seus extremos.
O circuito encerra um condutor de ida e outro de volta da cor-
rente, abrangendo o gerador e os aparelhos de utilização, a englo-
barem os s erviços de g eração, transmissão, transfo rmação e dis -
tribuição da energia.
Para a execução de sem elhantes atividades, as máqui nas res-
pectivas guardam cons igo recursos especi ais, em circu itos ele-
mentares, como sejam os de ger ação e manobra, proteção e m edi-
da.

Conceito de circuito mediúnico


Aplica-se o conceit o de cir cuito m ediúnico à extensão do
campo de integração m agnética em que circu la um a corrente
mental, sempre que se m antenha a sintonia psíquica entre os seus
extremos ou, mais propriamente, o emissor e o receptor.
O circuito mediúnico, dessa maneira, expressa uma “vontade-
apelo” e um a “vontade-resposta”, respectivamente, no trajeto ida
e volta, definindo o com ando da entidade com unicante e a con-
cordância do m édium, fenômeno esse exatamente apl icável t anto
à es fera dos Es píritos de sencarnados, qua nto à dos Es píritos e n-
carnados, porquanto exprime conjugação na tural ou provocad a
nos dom ínios d a in teligência, to talizando os serviç os de associ a-
ção, assimilação, transformação e transmissão da energia mental.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 49

Para a r ealização dessas at ividades, o em issor e o receptor


guardam consigo possibilidades particulares nos recursos do
cérebro, em cuja intim idade se p rocessam circuito s elem entares
do campo nervoso, atendendo a trabalhos espontâneos do Espírito,
como sejam, ideação, seleção, auto-crítica e expressão.

Circuito aberto e circuito fechado


A co rrente, em sen tido con vencional, no cir cuito e létrico, é
expedida do pól o positi vo do ge rador, circu la nos ap arelhos d e
utilização e volta ao gerador, alcançando-lhe o pólo negativo, do
qual passa, por interm édio do cam po interno do gera dor, ao pólo
positivo, prosseguindo em seu curso.
Entretanto, para que a corrente se mantenha, é imprescindível
que o interruptor de manobra se demore ligado ou, mais claramen-
te, que o circuito esteja fechado, de vez que em regime de circuito
aberto a corrente não circula.
A c orrente me ntal no cir cuito me diúnico equili bra-se i gual-
mente entre a entidade comunicante e o médium, mas, para que se
lhe alimente o fluxo energético em circulação, é indispensável que
o pensamento constante de aceitação ou adesão do m édium se
mostre em equilíbrio ou, mais exatamente, é preciso que o circuito
mediúnico perm aneça fech ado, po rque em re gime d e circ uito
aberto ou des atenção a co rrente de associ ação mental nã o se
articula.

Resistência
Todo circuito elétrico se evidencia por pe culiaridades distin-
tas, chamadas “constantes” ou “parâmetros”, a sab er: resistência,
indutância e capacitância.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 50

Resistência é a p ropriedade qu e as sinala o gas to d e en ergia


elétrica no circu ito, co mo prov isão d e calo r, co rrespondendo à
despesa de atrito em mecânica.
Igualmente no circuito m ediúnico, a resis tência s ignifica a
dissipação de en ergia m ental, destinada à sustentação d e b ase
entre o Espírito comunicante e o médium.

Indutância
No circu ito elétrico, in dutância é a pecu liaridade atrav és da
qual a energia é acum ulada no campo magnético provocado pela
corrente, im pedindo-lhe a alte ração, seja por aum ento ou por
diminuição. Em vista da ind utância, qu ando a corren te varia,
aparece n a in timidade do circu ito determ inado acréscimo de
força, opondo-se à m udança, o que faz d essa pro priedade um a
característica semelhante ao resultado da inércia em mecânica. Se
o circuito elétrico em ação sofre abrupta solução de continuidade,
o efeito em es tudo p roduz um a descarga el étrica, cuj as conse-
qüências v ariam com a in tensidade da corrente, de vez que o
circuito, encerrando bobi nas e m otores, caracteriza-se por nature-
za profundamente indutiva, implementos esses que não devem ser
interrompidos de chofre e cujos m ovimentos devem ser reduzidos
devagar, único m odo de frustrar o aparecim ento de correntes
extras, sus cetíveis de d eterminar fecham entos ou rup turas des as-
trosas para os aparelhos de utilização.
Também no circuito m ediúnico verifica-se a mesma propri e-
dade, ante a energia mento-eletromagnética armazenada no campo
da associação mental, entre a entidad e comunicante e o m édium,
provocada pe lo equi líbrio e ntre ambos, obstando po ssíveis varia-
ções. Em virtude de semelhante pri ncípio, se apar ece al guma
alteração na co rrente men tal, su rge nas profundezas da conjuga-
ção mediúnica certo aumento de força, impedindo a variação. Se a
violência interfere cr iando m udanças bruscas, a indutância n o
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 51

plano mental determina uma descarga magnética, cujos efeitos se


hierarquizam, conforme a intensid ade da integração em andamen-
to, porquanto o circuito m ediúnico, envolvendo im plementos
fisiopsicossomáticos e t ecidos celulares com plexos no plano
físico e no pla no es piritual, most ra-se fort emente indutivo e não
deve ser submetido a interrupções intempestivas, sendo necessário
atenuar-se-lhe a inten sidade, q uando s e lhe trace a term inação,
para que se im possibilite a form ação de extr acorrentes m agnéti-
cas, capazes de operar desajustes e perturbações físicas, perispirí-
ticas e e mocionais, de r esultados impr evisíveis par a o mé dium,
quanto para a entidade em processo de comunicação.

Capacitância
No circuito elétrico, capacitância é a peculiaridade mediante a
qual se permite a acumulação da ener gia no campo elétrico, ener-
gia essa que acompanha a pr esença da voltagem, revelando seme-
lhança ao efeito da elasticidade em mecânica.
Os apar atos que guar dam ener gia no cam po eletrostático do
circuito são chamados capacitores ou condensadores.
Um capacitor, por exemplo, acumula energia elétrica, durante
a carga, restituindo-a ao circuito, por ocasião da descarga.
Em i dentidade de cir cunstâncias, no circuito m ediúnico, ca-
pacitância exprime a propriedade pe la qual se verif ica o arm aze-
namento de recursos es pirituais no cir cuito, recursos esses que
correspondem à sintonia psíquica.
Os el ementos suscetí veis de co ndensar essas possib ilidades,
no cam po m agnético da conjunção mediúnica, exp ressam-se n a
capacidade con ceptual e in terpretativa na região m ental do m é-
dium, que acum ulará os valores re cebidos da enti dade que o c o-
manda, devolvendo-a com a possí vel fidelidade ao serviço do
circuito mediúnico na ação do intercâmbio.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 52

Essas an alogias são v aliosas, compreendendo-se, então, por


que motivo, nas tarefas mediúnicas. organizadas para fins nobres,
é sempre necessário a form ação de um circuito em que cada m é-
dium perm anece subordinado ao tradicional “Espírito-guia” ou
determinado orientador da Espiritualidade.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 53

7
Analogias de circuitos
Velocidade elétrica
Estudemos a inda al guns pr oblemas pri mários da elet ricidade
para compreendermos com segurança os prob lemas d o in tercâm-
bio mediúnico.
Sabemos que a velocidade na expansão dos impulsos elétricos
é semelhante à da luz, ou 300.000 quilômetros por segundo.
Fácil entender, assim , que se estenderm os um condutor, qual
o fio de cobre, num a extensão de 300.000 quilômetros, e se num a
das extrem idades injetarm os cert a quantidade de elétrons livres,
um segundo após a m esma quantidad e de elétrons liv res v erterá
da extremidade oposta.
Entretanto, devemos considerar que a velocidade dos elétrons
depende dos recursos imanentes da pressão elétrica e da resi stên-
cia elétrica do elem ento condutor, como acontece à velocidade de
uma corrente liquida que depende da pressão aplicada e da re sis-
tência do encanamento.

Continuidade de correntes
Compara-se vul garmente a cir culação da corr ente el étrica
num circuito fechado, na base do gerador e dos re cursos que
encerram a aparelhagem utilizad a, ao cu rso da água em de termi-
nado setor de canalização.
Se sustentarm os um a pressão contínua sobre o m ontante lí-
quido, com o auxílio de um a bom ba, a linha colateral da artéria
circulatória será trasp assada s empre pela m esma quantid ade
d’água, no mesmo espaço de tempo, e se alimentarmos um circui-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 54

to elétrico, através de um ge rador, em regime de uniformidade, o


grau de in tensidade d a co rrente será con stante, em cad a seto r d o
mesmo circuito.
Acontece que reduzida quantidade de elét rons produz corren-
tes d e f orça qu ase im perceptíveis, à m aneira de apenas algum as
gotas d’ água que, ar rojadas ao bojo do en canamento, não conse-
guem formar senão curso fraco e imperfeito.
Assim como se faz necessária uma corrente líquida, em circu-
lação e m assa constantes, é im perioso se façam cargas de b ilhões
de elétrons, por segundo, para que se m antenha a produção de
correntes elétricas de valores contínuos.

Expressões de analogia
Aplicando os conc eitos e xpendidos atrás, aos n ossos estudos
da mediunidade, recordemos a an alogia existente entre os circui-
tos hidráulico, elétrico e mediúnico, nas seguintes expressões:
a) Curso d’água – fluxo elétrico – corrente mediúnica.
b) Pressão hidráulica – diferença de poten cial elétrico, d etermi-
nando harmonia – sintonia psíquica.
c) Obstáculos na intimidade do encanamento – resistência elétrica
do circuito, através dos condutores – in ibições ou desatenções
do médium, dificultando o equilíbrio no circuito mediúnico.
d) Para que o curso d’água apresente pressão hidráulica uniforme,
superando a resi stência de atr ito, é necessário o concurso da
bomba ou a solução do problem a de nível; – para que a corren-
te elétrica s e m antenha com in tensidade invariável, eq uacio-
nando os im positivos da resistên cia elét rica, é i mprescindível
que o gerador assegure a dif erença de pote ncial, nutrindo-se o
movimento de elevada carga de elétrons, conf orme as aplica-
ções da força; – e para que se garanta a com plementação do
circuito m ediúnico, co m a possív el anu lação das d eficiências
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 55

de in tercâmbio, é p reciso q ue o m édium ou os m édiuns em


conjunção para determinada tarefa se consagrem, de boamente,
à manutenção do pensamento constante de aceitação ou ade-
são ao p lano d a en tidade ou das entidades da Esfera Superi or
que se proponham a utilizá-los em ser viço de el evação ou so-
corro. Tanto quanto lhes seja possível, de vem os m édiuns ali-
mentar esse pensam ento ou recu rso condutor, sem pre mais en-
riquecido dos valores de tem po e condição, sentimento e cultu-
ra, com o alto entend imento da ob ra de benemerência ou edu-
cação a realizar.

Necessidades da sintonia
Não se veja em nossas assertiv as qualquer tendência à inutili-
zação da vonta de do mé dium, c om e vidente de srespeito à per so-
nalidade humana, inviolável em seu livre arbítrio.
Anotamos sim plesmente as nece ssidades da s intonia, no tra-
balho d as Inteligên cias as sociadas para fins enob recedores, p or-
que, em verdade, os m édiuns trazi dos ao serviço de r eflexão do
Plano Superior, quer nas obras de caridade e esclarecimento, quer
nas de instrução e consolo, precisarão abolir tudo o que lhes cons-
titua preocupações-extras, tanto no que se ref ira à perda de tempo
quanto no que se reporte a intere sses subalt ernos da experi ência
vulgar, sustenta ndo-se, por esforço próp rio e não por exigência
dos Espíritos Benevolentes e Sábios, em clima de responsabilida-
de, alegremente aceita, e de trab alho voluntário, na preservação e
enriquecimento dos ag entes con dutores da sua vida m ental, no
sentido de valorizar a própria cooperação, com fé no bem e segura
disposição ao sacrifício, no serviço a efetuar-se.
Naturalmente, estudamos, no pr esente regi stro, a m ediunida-
de em ação co nstrutiva e não o fenôm eno m ediúnico, suscetível
de ser identificado a cada passo, inclusive nos problemas obscuros
da obsessão.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 56

Detenção de circuitos
Cabe consider ar que as analog ias de circu itos ap resentadas
aqui são confrontos portadores de justas limitações, porquanto, na
realidade, nada existe na cir culação da água que c orresponda ao
efeito magnético da corrente elétrica, como nada existe na corren-
te elétrica que po ssa equ ivaler ao ef eito es piritual do circu ito
mediúnico.
Recorremos às comparações em foco apenas para lembrar aos
nossos companheiros de estudo a im agem de “co rrentes circulan-
tes”, recordando, ainda, que a co rrente líquida, comumente vaga-
rosa, a co rrente elétrica m uito rá pida e a co rrente m ental ultra -
rápida podem ser adaptadas, co ntroladas, aproveitadas ou condu-
zidas, não podendo , e ntretanto, suport ar inde finida ar mazenagem
ou detenção, sob pena de provocarem o aparecim ento de charcos,
explosões e rupturas, respectivamente.

Condução das correntes


Na dis tribuição pre stante da s água s, no c ircuito hi dráulico,
são n ecessários reserv atórios e ca nais, rep resas e com portas, em
edificações adequadas.
Na aplicação da cor rente elétrica, em ci rcuitos corresponden-
tes, não podem os pres cindir, com o n a adm inistração da força
eletromotriz, de alternadores inteligentemente estruturados, para a
dosagem de co rrentes e vo ltagens div ersas, co m a pro dução de
variadas utilidades.
E no aproveitamento da corrente mental, no circuito mediúni-
co, são necessários instrumentos receptores capazes de ate nder às
exigências da emissão, para qualquer serviço de essência elevada,
compreendendo-se, desse modo, que a corrente líquida, a corrente
elétrica e a corrente mental dependem, nos seus efeitos, da condu-
ção que se lhes imprima.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 57

8
Mediunidade e eletromagnetismo
Mediunidade estuante
Aplicando noções de el etricidade ao exame do circu ito medi-
único, será interessante alinhar alguns leves apontamentos.
Na generalidade dos me tais, principalmente no cobre, na pra-
ta, no ouro e no alum ínio, os elétrons livres são facilm ente desta-
cáveis do átom o, m otivo pelo qu al s emelhantes elem entos são
chamados condutores.
Isso acontece em r azão de esse s elé trons li vres ser em dest a-
cáveis ante a apo sição de um a pressão elétrica, de vez que, quan-
do um átom o acusa a deficiência de um e létron, el e de sloca, de
imediato, um elétron do átom o adjacente, estabelecendo-se, desse
modo, a corrente elétrica em certa direção, a expressar-se sem pre
através do m etal, permanecendo, assim, os átom os em posição de
harmonia.
Aqui tem os a im agem das cria turas do tadas d e me diunidade
estuante e espo ntânea, nas qu ais a sensibilidade psíquica se dei xa
traspassar, naturalm ente, pelas irradiações mentais afi ns, recla-
mando educação adequada para o justo aproveitamento dos recur-
sos de que são portadoras.

Corrente elétrica
Para que se faça m ais clareza em nosso tema, é imperioso in-
cluir o m agnetismo, de m odo mais profundo, em nossas observa-
ções de limiar.
Sempre que nos reportamos ao estudo de campos magnéticos,
o ímã é recordado para marco inicial de qualquer anotação.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 58

Nele en contramos um elem ento com a prop riedade de atrair


limalhas de ferro ou de aço e que, com liberdade de girar ao redor
de um eixo, assum e posição def inida, relativamente ao meridiano
geográfico, voltando in variavelmente a m esma ex tremidade p ara
o pólo norte do Planeta.
Estabelecendo algumas idéias, com respeito ao assunto, con-
signaremos que a co rrente elétri ca é a fon te d e m agnetismo até
agora para nós conhecida na Terra e no Plano Espiritual.
Nessa m esma cond ição en tendemos a corren te m ental, tam -
bém corr ente de nat ureza elét rica, em bora m enos ponderável na
esfera física.
Em torno, pois, da corrente elét rica, através desse ou daquele
condutor, s urgem efeitos m agnéticos de intens idade co rrespon-
dente, e sempre que nos proponhamos à produção de tais efeitos é
necessário recorrer ao apoio da corrente referida.
Sabemos, no entanto, que a eletricidade vibra em todos os es-
caninhos do infinitamente pequeno.
Em cálculo aproximado, não ignoramos que um elétron trans-
porta consigo uma carga elétrica de 1,6 x 10-19 coulomb.
Além do movim ento de translação ou de saltos, em derredor
do núcleo, os elétrons caracterizam-se igualmente por determina-
do m ovimento de rotação sobre o seu próprio eixo, se podem os
referir-nos desse modo às partículas que os exprimem, produzindo
os efeitos conhecidos por “spins”.

“Spins” e “domínios”
Geralmente, nas cam adas d o s istema atôm ico, os cham ados
“spins” ou dim inutos vórtices magnéticos, revela ndo nat ureza
positiva ou negativa, se com pensam uns aos outros, m as não em
determinados e lementos, com o se ja o átom o de ferro, no qual
existem quatro “spins ” ou ef eitos m agnéticos desajustados nas
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 59

camadas peri féricas, provocando as avançadas peculiari dades


magnéticas que se exteriorizam dele, porquanto, reunido a outros
átomos da mesma substância, faz que se conjuguem, ocasionando
a form ação espontânea de ím ãs microscópicos ou, m ais propria-
mente, “domínios”.
Esses “dom ínios” se ex pressam de m aneira irregular ou de-
sordenada, guar dando, contudo, a tendência de se alinharem ,
como, por exem plo, no m esmo átomo de ferro a que nos reporta-
mos.
Inclinam-se a esp ontâneo ajustamento, de conf ormidade com
um dos três eixos do cristal desse elemento, mas sofrem obstrução
oferecida pelas ener gias in teratômicas, a funcionarem com o re-
cursos de atrito contra a mudança provável da condição magnética
que lhes é caracterís tica. Todavia, s e a inten sidade magnética do
campo for aum entada, alcançando determ inado teor, com capaci-
dade de garantir a orientação de cada “dom ínio”, cada “domí nio”
atingido en tra im ediatamente no alinham ento m agnético e, à
medida que se dilate o campo, todos os “domínios” se padronizam
pela mesma orientação, tornando-se, dessa forma, o fluxo m agné-
tico gradativamente maior.
Tão logo a to talidade dos “domínios” assume direção idênti-
ca, afirm a-se qu e o corpo ou material e stá sa turado o u, m ais
exatamente, que já s e encontram ocupadas todas as valências dos
sistemas atômicos de que esse corpo ou material se compõe.

Campo magnético essencial


Da associação dos chamados “domínios”, surgem as linhas de
força a en tretecerem o cam po m agnético es sencial ou, ma is pr o-
priamente, o espaço em torno de um pólo magnético.
Esse ca mpo é susc etível de ser pe rfeitamente e xplorado por
uma agulha magnética.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 60

Sabemos que um pólo magnético se caracteriza por intensida-


de análoga à unidade sempre que estiver colocado à distância de 1
centímetro de um pólo idêntico, estabelecend o-se que a f orça de
repulsão ou da atração existente entre ambos equivale a 1 dina.
É as sim qu e o oersted designa a intensidade do cam po que
funciona sobre a massa magnética unitária com a força de 1 dina.
Se o campo magnético terrestre é muito reduzido, formando a
sua com ponente h orizontal 0 ,2 o ersted e a vertical 0,5 oersted
aproximadamente, os campos magnéticos, nos fluxos habituais de
aplicação elétrica, d emonstram elevado grau d e intensidade, qual
acontece no campo característico do entreferro anular de um alto-
falante, que m edeia, aproxim adamente, de 7.000 a 14.000 oers-
teds.
Fácil r econhecer que, em todo s o s elem entos atôm icos n os
quais os efeitos m agnéticos ou “s pins” se re velam c ompensados,
os “domínios” ou ímãs microscópicos se equilibram na constitui-
ção inter-atômica, com índices de harmonia ou saturação adequa-
dos, pelos quais o cam po magnético se mostra regular, o que não
acontece nos elementos em que os “spins” da camada periférica se
evidenciam descompensados ou na queles que estejam sob regime
de excitação.
Possuímos, na Terra, as chamadas substâncias magnéticas na-
turais e, ai nda, aque las que podem adquirir semelhantes qualida-
des arti ficialmente, como sej am mais destacadam ente o ferro, o
aço, o cobalto, o ní quel e as lig as que lhes dizem respeito, mere-
cendo especi al menção o ferro doce, que m antém a im anização
apenas no curso de tem po em que se acha submetido à ação mag-
netizante, e o aço tem perado, que se demora imanizado por m ais
tempo, depois de cessada a ação referida, em vi sta de reter a
imanização remanente.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 61

Ferromagnetismo e mediunidade
Após ligeiros apontamentos sobre circuitos elétricos e efeitos
magnéticos, s urpreendemos no fe rromagnetismo um ponto ex-
pressivo para o estudo da m ediunidade. Perceberemos nas ment es
ajustadas aos im perativos da ex periência humana, mesmo naque-
las de s ensibilidade me diúnica normal, criaturas em que os
“spins” ou e feitos magnéticos da atividade espiritual se evidenci-
am necess ariamente h armonizados, pres idindo a form ação do s
“domínios” ou ím ãs diminutos do mundo íntimo e m processo d e
integração, através do qual o campo magnético se mostra entrosa-
do às em oções com uns, ao passo que, nas organiza ções m entais
em que os “spins” ou efeitos magnéticos do pensamento apareçam
descontrabalançados, as propriedades magnéticas patenteiam teor
avançado, tanto m aior quanto m ais vasta a descom pensação,
plasmando condições mediúnicas variáveis por exigirem o auxílio
de correntes de força qu e lhes ofereçam o necessário equilíbrio, o
que ocorre tanto com as grandes almas que aceitam ministérios de
abnegação e r enúncia em pl anos inferiores, aí perm anecendo em
posição de desnível, como t ambém c om as a lmas me nos e nobre-
cidas, embora em outro sentido, segregadas em aflitivo desajuste
nas reencarnações r eparadoras por se h averem onerado perante a
Lei.
Vemos, pois, que as m entes integralmente afinadas com a es-
fera f ísica possuem cam po m agnético reduzido, ao passo qu e
aquelas situadas em condições anômalas guardam consigo cam po
magnético mais vasto, com possibilidades de am pliação, seja nas
atividades que se relacionam com o exercício do bem ou naquelas
que se reportam à prática do mal.

“Descompensação vibratória”
Sem obstáculo, reconh ecemos que a m ediunidade ou capaci-
dade de sintonia está em todas as criaturas, porque todas as criatu-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 62

ras são dotadas de cam po m agnético particular, ca mpo ess e, po-


rém, que é sempre mais pronunciado naquelas que estejam tempo-
rariamente em regim e de “desco mpensação v ibratória”, s eja d e
teor purgativo ou de elevada situação, a trans parecer no trabalho
expiatório da alm a que se rend eu à delinqü ência ou n a ação m is-
sionária dos Espíritos de el eição que se en tregam à bem -
aventurança do sacrifício por am or, em estágios curtos ou l ongos
na reencarnação terrestre, com o objetivo de trazerem das Esferas
Superiores mais alta contribuição de progre sso ao p ensamento da
Humanidade.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 63

9
Cérebro e energia
Geradores e motores
Na produção de corrente contínua em eletricidade, possuímos
geradores e mot ores, capazes de criar força eletromotriz e forne-
cer corrente, no qu e respeita aos geradores, ou de ceder potência
determinada, no que tange aos motores.
Nas m áquinas destinad as a se melhantes s erviços, en contra-
mos os enrolam entos em tam bor, que podem ser im bricados ou
ondulados, com particularidades técnicas variadas.
Anotando a m ultiplicidade dos ap arelhos dessa espécie, lem-
bremo-nos de que os ge radores, em sua mai oria, são sempre auto-
excitados.
E para co nsolidar imagens comparativas, preciosas no assun-
to, perm itimo-nos repetir as figu rações já f eitas, em cap ítulos
anteriores, em torno da atenção e d a desatenção, para f ixar com
mais segurança o nosso estudo, acerca da cria ção da energia men-
tal e expansão respectiva

Gerador “shunt”
Observemos um gerador “shunt”, em que o fenôm eno da cor-
rente elétrica é mais acessível ao nosso exame.
Imaginando-se-lhe o in terruptor ab erto, qu ando o i nduzido
começa a girar, repararemos que aí se pl asma pequena for ça ele-
tromotriz, em vista da formação de magnetismo residual.
Essa força, no entant o, não patrocina qualquer corrente circu-
lante no campo.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 64

Se fechamos, contudo, o interruptor, a fo rça eletromotriz ge-


rada produz uma corrente no campo que, por sua vez, determina a
formação de uma força magnetomotriz de sentido idêntico, àquele
em que se expressa o magnetism o residual, dilatando o fluxo, até
que a fo rça eletromotriz alcance o seu m áximo valor, de confor-
midade com a resistência integral do campo.
A elevação da voltagem cessa no ponto em que a linha de re-
sistência interrompe a curva de saturação, porquanto, acima dessa
zona, a fo rça eletromotriz gerada é me nor do que aquela necessá-
ria para sustentar o valor da corrente excitadora.

Frustração da corrente elétrica


Sempre que a corrente de um gerador não se alteie, a f rustra-
ção é de vida a c ausas di versas, das quai s salie ntamos a s ma is
importantes:
1) Ausência de m agnetismo residual, em se tr atando de apar elhos
novos ou fora de serviço por longo tempo.
2) Ligações invertidas no circuito do campo, de vez que, se preci-
samos do ma gnetismo de r esíduo para que se produza ação a-
dicional no circuito ma gnético, é i ndispensável que o c ampo
“shunt” es teja em ligação com a arm adura, de m aneira que a
corrente ex citadora en gendre a força eletrom otriz qu e se ad i-
cione ao campo residual.
3) Resistência excessiva do circ uito do cam po, que poderá advir
de ligações inconvenientes ou de influência pern iciosa dos de-
tritos acumulados na máquina.

Gerador do cérebro
Com algum a analo gia, encon tramos no cérebro um gerador
auto-excitado, acrescid o em sua contextura ín tima de av ançados
implementos p ara a geração, ex citação, transform ação, indução,
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 65

condução, exteriorização, captaçã o, as similação e d esassimilação


da energia m ental, qual se um gerador com um desempenhasse,
não ap enas a fun ção d e criar fo rça el etromotriz e conseqüent es
potenciais m agnéticos para forn ecê-los em certa d ireção, m as
também tod o o acervo de recu rsos dos m odernos em issores e
receptores de radiotelefonia e te levisão, acrescid os de valores
ainda ignorados na Terra.
Erguendo-se s obre os vár ios departamentos do corpo, a fun-
cionarem por m otores de sustentação, o cérebro, com as células
especiais qu e lhe são p róprias, d etém ver dadeiras usi nas mi cros-
cópicas, d as quais as p equenas pa rtículas de ge rmânio, na c ons-
trução do tra nsistor, nos c onjuntos radiofônicos m iniaturizados,
podem oferecer imperfeita expressão.
É aí, nesse m icrocosmo prodigioso, que a matéria mental, ao
impulso do Espírito, é m anipulada e expressa, em m ovimento
constante, produzindo correntes que se ex teriorizam, no es paço e
no tempo, conservando mais amplo poder na aura da personalida-
de em que se exprim e, atrav és d e ação e reação p ermanentes,
como acontece no ge rador com um, em que o flu xo en ergético
atinge valor m áximo, segundo a resistênci a integral do cam po,
diminuindo de intensidade na curva de saturação.
Nas reen trâncias d e s emelhante cabin e, de cu ja in timidade a
criatura expede as ordens e d ecisões co m que tr aça o próprio
destino, temos, no córtex, os centros da visão, da audição, do tato,
do olfato, do gosto, da palavra falada e escr ita, d a me mória e de
múltiplos autom atismos, em con exão com os m ecanismos d a
mente, configurando os poderes da memória profunda, do discer-
nimento, da a nálise, da reflexão, do e ntendimento e dos multifor-
mes valores m orais de que o ser se enriquece no tr abalho da pró-
pria sublimação.
Nessas províncias-fulcros da i ndividualidade, ci rculam a s
correntes m entais co nstituídas à ba se dos átom os de m atéria da
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 66

mesma grandeza, qual ocorre na m atéria física, em que as corren-


tes elétricas resultam dos átom os físicos excita dos, formando, em
sua passagem, o conseqüente resí duo magnético, pelo que depre-
endemos, sem dificuldade, a existência do eletromagnetismo tanto
nos si stemas inter atômicos da ma téria f ísica, com o naqu eles em
que se evidencia a matéria mental.

Corrente do pensamento
Sendo o pensamento força sutil e inexaurível do Espírito, po-
demos categorizá-lo, assim , à cont a de co rrente v iva e ex teriori-
zante, com facu ldades de auto-ex citação e autoplasticização ini-
magináveis.
À feição do gerador “shunt”, se a m ente jaz des atenciosa,
como que m antendo o cé rebro em c ircuito a berto, forma -se, no
mundo intracraniano, re duzida f orça m entocriativa que não de-
termina qualquer corrente circulante no campo individual: mas, se
a m ente es tá con centrada, fazen do co nvergir sob re s i m esma as
próprias osc ilações, a for ça me ntocriativa ge rada pr oduz uma
corrente no cam po d a perso nalidade q ue, a s eu tu rno, p rovoca a
formação de energia mental de sentido análogo àque le em que se
exprime o m agnetismo de resíduo, dilatando o fluxo até que a
força alud ida atin ja o s eu valo r máximo, de acor do c om a re sis-
tência do campo a que nos referimos.
Surpreendemos, nessa fase, o mesmo fenôm eno de elevação
da voltagem no gerador elétrico, porquanto, no cosmo fisiopsicos-
somático, a corrente mentocriativa se alteia até o ponto de satura-
ção, do qual se alonga, com m enor expressão de potencial, no
rumo dos objetivos a que se afeiçoe, conforme a linha do desejo.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 67

Negação da corrente mental


Sempre que a corrente mental ou mentocriativa não possa ex-
pandir-se, tal negação se filia a causas diversas, das qu ais, como
acontece na máquina “shunt”, assinalamos as mais expressivas:
1) Ausência de m agnetismo residu al, em se trata ndo de cérebro s
primitivos, is to é, d e c riaturas nos pri meiros es tágios do pe n-
samento contínuo, no reino hom inal, ou de pessoas por largo
tempo entregues a profunda e reiterada ociosidade espiritual.
2) Circuitos mentais invertidos, em razão de m onoideísmo vicio-
so, na maioria das vezes agravado por influências obsessivas.
3) Deficiência da apar elhagem or gânica, por moti vo de e nfermi-
dade ou perturbações temporárias, oriundas do relaxamento da
criatura, no trato com o próprio corpo.
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Fluxo mental
Partícula elétrica
Por anotações ligeiras, em torno da Microfísica, sabem os que
toda partícula se desloca, gerando onda característica naturalmen-
te formada pelas vibrações do campo elétrico, relacionadas com o
número atômico dos elementos.
Em conjugando os processos termoelétricos e o cam po mag-
nético, a C iência pode medir com exatidão a carga e a m assa dos
elétrons, dem onstrando que a en ergia s e d ifunde, atrav és de m o-
vimento sim ultâneo, em part ículas i nfra-atômicas e pul sações
eletromagnéticas correspondentes.
Informamo-nos, ainda, de que a ci rculação da cor rente elétri-
ca num condutor é inva riavelmente seguida do nascim ento d e
calor, form ação de um cam po m agnético ao redo r d o c ondutor,
produção de luz e ação química.
Deve-se o aparecim ento do calor às con stantes co lisões d os
elétrons li vres, e spontaneamente i mpelidos a s e move rem a o
longo do condutor, a ssociando a velocidade de transf erência ou
deslocamento à velo cidade p rópria, no que tange à tran slação
sobre si m esmos, o que determ ina a agitação dos átom os e das
moléculas, provocando aquecimento.
A con stituição de um cam po m agnético, ao re dor do condu-
tor, é in duzida pelo m ovimento das co rrentes co rpusculares a
criarem forças ondulatórias de imanização. A pr odução de luz
decorre da corrente elétrica do condutor. E a a ção química resulta
de cir culação da corr ente el étrica, através de det erminadas sol u-
ções.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 69

Partícula mental
Em i dentidade de ci rcunstâncias, a pesar da di versidade dos
processos, toda partícula da co rrente mental, nascida das emoções
e desejos recônditos do Espírito, através do s fenômenos íntimos e
profundos da consci ência, cuja estrutura ain da não con seguimos
abordar, se desloca, produzindo irradiações eletromagnéticas, cuja
freqüência varia conform e os estados m entais do em issor, qua l
acontece na ch ama, cu jos fó tons arremessados em todas as dire-
ções são constituídos por grânulos de força cujo poder se revela
mais ou m enos intenso, segundo a freqüência da onda em que se
expressam.

Corrente mental sub-humana


Nos reinos i nferiores da Natu reza, a corren te m ental res trin-
ge-se a im pulsos de sustentação no s seres d e constituição primá-
ria, a com eçar dos minerais, preponderando nos ve getais e avan-
çando pelo dom ínio dos animais de formação mais simples, para
se ev idenciar m ais co mplexa no s a nimais s uperiores que j á con-
quistaram bases mais amplas à produção do pensamento contínuo.
Em todas as criatu ras sub -humanas, os agentes m entais, na
forma de im pulsos co nstantes, são, desse modo, em pregados na
manutenção de cal or e magnetismo, radiação e ati vidade química
nos pr ocessos vit ais dos ci rcuitos or gânicos, de ma neira a s edi-
mentarem, pouco a pouco, os alicer ces da inteligência, salientan-
do-se que nos animais superiores os im pulsos mentais a que alu-
dimos já se responsabilizam por valioso patrimônio de percepções
avançadas.

Função dos agentes mentais


Por i ntermédio dos agentes me ntais ou ondas eletrom agnéti-
cas incessantes, tem os os f enômenos el étricos da t ransmissão
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 70

sináptica ou transm issão do im pulso nervos o de um neurônio a


outro, fenômenos esses que podem ser largamente analisados nos
gânglios sim páticos (quais o of tálmico, o estrelado, o cervical
superior, o me sentérico i nferior, os lom bares), na m edula esp i-
nhal, após a excitação das fib ras aferen tes, no s nú cleos m otores
dos nervos óculo-motor comum e motores espinhais.
Podemos, ainda, verificar essa ocorrência nos neurônios mo-
tores espinhais, valendo-nos de eletródios intracelulares.
Inibindo, controlando, libertando ou distri buindo a força ner-
vosa ou os potenci ais el etromagnéticos acum ulados pelos im pul-
sos mentais, nas pr ovíncias celulares, surpreendemos a coord ena-
ção dos estímulos diversos, mantenedores do equilíbrio orgânico,
através da ação conduzida dos vários mediadores químicos de que
as células se fazem os fabricantes e distribuidores essenciais.

Corrente mental humana


No hom em a co rrente m ental as sume feição m ais elev ada e
complexa.
No cérebro humano, gabinete da alma erguida a estágios mais
nobres na senda evolutiva, ela não se exprime tão só à m aneira de
impulso necess ário à sus tentação dos ci rcuitos or gânicos, c om
base na nutrição e reprodução. É pensam ento contínuo, f luxo
energético incessante, revestido de poder criador inimaginável.
Nasce das profundezas da mente, em circunstâncias por agora
inacessíveis ao nosso conhecimento, porque, em verdade, a criatu-
ra, pensando, cria sobre a Cria ção ou Pe nsamento Concre to do
Criador.
E, após nascida, ei-la – a corrente mental – que se espr aia so-
bre o cosm o celular em que se manifesta, m antendo a fábrica
admirável das unidades orgânicas, através da inervação visceral e
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 71

da iner vação somáti ca a se con stituírem pelo arco ref lexo esp i-
nhal, bem como pelos centros e vias de coordenação superiores.
E, assim, percorre o arco reflexo visceral, vibrando:
1) nas fibras aferentes, cuja tessitura celular pe rmanece nos gâ n-
glios das raízes dorsais e dos nervos cranianos corr esponden-
tes;
2) nas fib ras con ectoras m ielínicas que se origin am na co luna
intermédio-lateral;
3) nas fibras motoras originadas nos neurônios ganglionares e que
terminam nos efetores ou fibras pós-ganglionares.
Acima do nível espinhal, vibra, ainda:
1) na i ntegração pont obulbar e m que s e hi erarquizam re flexos
importantes, como sejam os da pressão arterial;
2) no conjunto talâmico e hipotalâmico. em que se m ecanizam os
reflexos do Espírito;
3) na composição cortical.
A corrente m ental, segundo anotam os, vita liza, particular-
mente, todos os centro s da a lma e, c onseqüentemente, t odos os
núcleos endócrinos e junturas plexiformes da usina física, em cuja
urdidura dispõe o Espírito de recursos para os serviços da emissão
e recepção, ou exterior ização dos próprios pensam entos e assim i-
lação dos pensamentos alheios.

Campo da aura
Articulando, ao redor de si mesma, as radiações das sinergias
funcionais das agregações celulares do campo físico ou do psicos-
somático, a alm a en carnada ou de sencarnada e stá e nvolvida na
própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, em cuja tessitu-
ra circulam as irradiações que lhe são peculiares.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 72

Evidenciam-se essas ir radiações, de ma neira condensada, até


um ponto determ inado de satur ação, contendo as essências e
imagens que lhe conf iguram os desejos no m undo íntim o, em
processo espontâneo de auto-exteriorização, ponto esse do qual a
sua onda ment al se al onga adia nte, at uando sobre todos os que
com ela s e afinem e reco lhendo naturalmente a at uação de todos
os que se lhe revelem simpáticos.
E, desse m odo, estende a própria infl uência que, à feição do
campo proposto por E instein, d iminui com a d istância do fulcro
consciencial emissor, tornando-se cada vez menor, mas a espraiar-
se no Universo infinito.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 73

11
Onda mental
Onda hertziana
Examinando sumariamente as forças corpu sculares de que se
constituem todas as co rrentes atômicas do P lano Físico, podemos
compreender, s em dificuld ade, no pen samento ou rad iação m en-
tal, a substância de todos os fenômenos do espírito, a expressar-se
por ondas de múltiplas freqüências.
Valendo-nos de i déia impe rfeita, pode mos c ompará-lo, de i -
nício, à onda hertziana, tomando o cérebro como sendo um apare-
lho emissor e receptor ao mesmo tempo.

Pensamento e televisão
Recorrendo, ainda, a recursos igualmente incompletos, recor-
demos a televisão, cujo s ser viços se ver ificam à base de podero-
sos feixes eletrônicos devidamente controlados.
Nos transmissores dessa espécie, é imperioso conjugar a apa-
relhagem neces sária à cap tação, transformação, irradiação e re-
cepção dos sons e das imagens de modo simultâneo.
De igual maneira, até certo ponto, o pens amento, a fo rmular-
se em ondas, age de cérebro a cé rebro, quanto a corrente de elé-
trons, de transmissor a receptor, em televisão.
Não desconhecemos que todo E spírito é fulcro gerador de vi-
da onde se encontre.
E toda espécie de vida começa no impulso mental.
Sempre que pensam os, expressando o cam po íntimo na idea-
ção e na p alavra, na atitu de e n o exem plo, criam os form as-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 74

pensamentos ou im agens-moldes que arrojamos para fora de nós,


pela atmosfera psíquica que nos caracteriza a presença.
Sobre todos os que nos aceitem o m odo de sentir e de ser,
consciente ou inco nscientemente, atuam os à m aneira d o hip noti-
zador sobre o hipnotiz ado, verificando-se o inverso, toda vez qu e
aderimos ao modo de ser e de sentir dos outros.
O cam po espiritual de quem su gestiona gera no âm bito da
própria imaginação os esboços ou planos que se propõe exteriori-
zar, assemelhando-se, então, à câm ara de im agens do transmissor
vulgar, em que o iconoscópio, co m o jogo de lent es adequadas,
focaliza a cena so bre a face s ensível do mosaico que existe num a
das ex tremidades dele m esmo, iconoscópio, ao passo que um
dispositivo explorador, situado na outra extremidade, fornece um
feixe tênue de el étrons ou r aio explorador que pe rcorre to da a
superfície do mosaico.
Quando o ra io e xplorador alc ança a superfície do mosaico,
desprende-se deste uma corrente elétrica de potência proporcional
à luminosidade da região que es tá a travessando e, c ompreenden-
do-se que a m aior ou menor lum inosidade dos pontos diversos do
mosaico eq uivale à im agem sob re ele m esmo refletida, p ercebe-
remos com facilidade que as v ariações de intensidade da corrente
fornecida p elo m osaico eq uivalem à me tamorfose da s ce nas e m
eletricidade, variaçõe s que respondem pela s modi ficações das
cores e respectivos semitons.
As im agens arrem essadas atravé s do dispositivo de focaliza-
ção da câmara, atingindo o mosaico, se fazem invisíveis ao ol har
comum.
Nessa fase da tran smissão, os vários pontos do mos aico acu-
mulam maior ou menor corrente elétrica, segundo a porção de luz
a incidir sobre eles.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 75

Somente depois dessa operação, que pros segue em variad as


minudências técnicas, é que a cena passa ao transmissor da im a-
gem, a reco nstituir-se, atrav és do cinescópio ou válvula da i ma-
gem, no aparelho re ceptor, vál vula e ssa cujo funcionam ento é
quase análogo ao do ic onoscópio, na transm issão, embora fisica-
mente não se pareçam.

Células e peças
Com muito mais primor de o rganização, o cére bro ou cabine
de manifestação do Espírito, tanto quanto possamos conhecer-nos,
do ponto de vista da estrutura m ental, em nossa presente condição
evolutiva, pos sui na s c élulas e implementos que o serv em apare-
lhagens correspondentes às peças empregadas em televisão para a
emissão e recepção da s correntes elet rônicas, exteriorizando as
ondas que lhe são car acterísticas, a transportarem consigo estímu-
los, imagens, vozes, cores, palavras e sinais múltiplos, através de
vias aferentes e eferentes, nas faixas de sintonia natural.
As vál vulas, câ maras, a ntenas e tubo s d estinados à em issão
dos elétrons, ao controle dos el étrons em itidos, à form ação dos
feixes corpusculares e respectiva deflexão vertical e horizontal e a
operações outras para que o m osaico ou espe lho elétri co for neça
os sinais de vídeo, eq uivalentes à m etamorfose d a cena em cor-
rente elétrica, e para que a tela f luorescente converta de novo os
sinais de vídeo na pr ópria cena ó ptica, a ex primir-se nos quadros
televisionados, – c onfiguram-se, adm iravelmente, nos recursos
sensíveis d o céreb ro, s istema ne rvoso, pl exos e glândulas endó-
crinas, enriquecidos de outro s elem entos sen soriais no veículo
físico e psicossomático, cabendo-nos, ainda, acentuar que a nossa
comparação peca dem asiado pela pobreza conceptual, porquanto,
em televisão, na atualidade, há conjuntos distintos para emissão e
recepção, quando o Espí rito, na engrenagem individual do cére-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 76

bro, con ta com recu rsos av ançados par a serviç os de emi ssão e
recepção simultâneos.

Alavanca da vontade
Reconhecemos que toda criatura dispõe de oscilações mentais
próprias, pelas quais entra em combinação espontânea com a onda
de outras criaturas desencarnadas ou encarnadas que se lhe afinem
com as inclinações e desejos, atitudes e obras, no quimismo inelu-
tável do pensamento.
Compreendendo-se que toda pa rtícula d e m atéria em m ovi-
mentação se caracteriza por impulso inconfundível, fácil ser-nos-á
observar que cada E spírito, pel o pode r vi bratório de que seja
dotado, im primirá aos se us re cursos m entais o ti po de onda ou
fluxo energético que lhe def ine a personalidade, a evidenci ar-se
nas faixas superiores da vida, na proporção das grandezas morais,
do ponto de vista de amor e sabedoria, que já tenha acumulado em
si mesmo.
E para manejar as co rrentes mentais, em serviço de projeção
das próprias energias e de assimilação das energias alheias, dispõe
a alm a, em s i, da alav anca da vonta de, por e la vagarosam ente
construída em milênios e milênios de trabalho automatizante.
A princípio, adstrita aos círculos angustos do p rimitivismo, a
vontade, agarrada ao in stinto d e p reservação, f az do Espírito um
inveterado monomaníaco do prazer inferior.
Avançando pelo terreno inicial da experiên cia, aparece o h o-
mem qual molusco inteligente, sempre disposto a fechar o circuito
das próprias oscilações mentais sobre si mesmo, em monoideísmo
intermitente.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 77

Vontade e aperfeiçoamento
A memória e a imaginação, ainda curtas, limitam a volição do
homem a sim ples tendência que, no fundo, é as pecto primário da
faculdade de decidir.
Ele mesmo opera a retração da onda m ental que o personali-
za, repelindo as vibrações que o inclinem ao burilam ento sempre
difícil e à expansão sempre laboriosa, para deter-se no reino afeti-
vo das vibrações que o atraem, onde encontra os mesmos tipos de
onda dos que se lhe assemelham, capazes de entre ter-lhe a egola-
tria, no gregarismo da s longas simbioses em repetidas reencarna-
ções de aprendizagem.
A civilização, porém, chega sempre.
O progresso impõe nov os métodos e a do r estilhaça envoltó-
rios.
As m odificações da es colha acompan ham a ascens ão d o co -
nhecimento.
A vontade de prazer e a vontade de dom ínio, no curso de lar-
gos sécu los, co nvertem-se em p razer de aper feiçoar e ser vir,
acompanhados de autodomínio.

Ciclotron da vontade
Arremessa a criatu ra, naturalmente, a própria onda m ental na
direção dos Es píritos que pe netraram m ais am plos horizontes da
evolução.
Alcançando semelhante estágio de consciência, a vontade, no
campo do Espírito, desempenha o papel do ciclotron no mundo da
Química, b ombardeando au tomaticamente os prin cípios m entais
que se lhe contraponha m aos im pulsos. E é, ainda, com essa f a-
culdade d eterminante q ue ela p reside as ju nções de onda, junto
àquelas que s e proponha assimilar, no pl ano das sintonias, de vez
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 78

que, quanto mais elevado o discernimento, mais livre se lhe fará a


criação ment al or iginária para libertar e apri sionar, enri quecer e
sublimar, agravar os m ales ou acre scentar os pr óprios be ns na
esfera do destino.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 79

12
Reflexo condicionado
Importância da reflexão
Entendendo-se q ue to da m ente v ibra na ond a de es tímulos e
pensamentos em que s e id entifica, facilm ente pe rceberemos qu e
cada Espírito gera em si mesmo inimaginável potencial de forças
mento-eletromagnéticas, exteriorizando nessa corrente psíquica os
recursos e valores que acumula em si próprio.
Daí nasce a im portância d a ref lexão em tod os os seto res da
vida.
É que, gerando força criativa incessante em nós, assimilamos,
por impulso espontâneo, as co rrentes mentais que se harm onizem
com o nosso tipo de onda, im pondo às mentes simpáticas o fruto
de nossas elucubrações e delas recolhendo o que lhes seja caracte-
rístico, em ação que independe da distância espacial, sempre que a
simpatia esteja estabelecida e, com mais objetividade e eficiência,
quando o serviço de tro ca mental se evidencie assegurado consci-
entemente.

Tipos de reflexos
Vale a p ena reco rdar o con hecimento do s r eflexos condicio-
nados, em evolução na escola instituída por Pavlov.
Esse campo de experiências traz a estudo os reflexos congêni-
tos ou incondicionados, quais os cham ados protetores, alim enta-
res, posturais e sexuais , detentores de vias nervosas próprias,
como que hauridos da espécie, seguros e estáveis, sem necessida-
de do córtex, e os ref lexos adquiridos ou condicio nados, que não
surgem es pontaneamente, m as s im conquistados pe lo indivíduo,
no curso da existência.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 80

Os ref lexos adquiridos ou condic ionados, que s e uti lizam da


intervenção neces sária do có rtex cerebral, desenvolvem -se sobr e
os reflexos preexisten tes, à m aneira de co nstruções e mocionais,
por vezes inst áveis, e sobre os a licerces das vias nervosas, que
pertencem aos seguros reflexos congênitos ou absolutos.

Experiência de Pavlov
Lembremo-nos de que Pavlov, em uma de suas experiências,
separou alguns cães do convívio m aterno, desde o nascim ento,
sujeitando-os ao aleitamento artificial. Como é lógico, revelaram
naturalmente os reflexo s co ngênitos, quais o pate lar e o c órneo-
palpebral, mas, quando lhes foi mostrada a carne, tanto aos olhos
quanto ao olfato, não se gregaram saliva, não ob stante à frente do
alimento tradicion al da esp écie, dem onstrando a esperada secre-
ção apenas quando a carne lhes foi colocada na boca.
Desde então, os animais se ha bituaram a form ar a m enciona-
da secreção, sem pre que o ref erido alimento lhes fosse apresenta-
do à vista ou ao olfato.
Observemos que o estímulo provocou um reflexo condiciona-
do, com o que em regim e de enxe rtia sobre o reflexo congênito
desencadeado pelo alimento introduzido na boca.

Reflexos psíquicos
Os pr incípios de r eflexão po dem ser ap licados ao s ref lexos
psíquicos.
Compreenderemos, desse m odo, qu e o ato de alim entar-se é
um hábito estratificado na pers onalidade do c ão, e m proc esso
evolucionista, atr avés de re encarnações múltiplas, e qu e o ato d e
preferir carne, m esmo em se trat ando de alim ento ancestral da
espécie a q ue s e entros a, é um há bito qu e ele adq uire, fo rmando
impressões novas sobre um campo de sensações já consolidadas.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 81

Recorremos à im agem sim plesmente p ara salien tar qu e os


nossos ref lexos psíqui cos condicionados se revestem de sum a
importância em nossas ligações mentais diversas.
E esses reflexos são – todos eles – presididos e orientados pe-
la indução.
Nos cães de Pav lov a que nos reportamos, a faculdade de co-
mer repr esenta a titude e spontânea, c omo aquisição me ntal a uto-
mática, mas o in teresse pela carne a que foram habituados define
uma atitud e ex citante, com pelindo-lhes a m ente a exteriorizar
uma onda característica que age como pensam ento fragm entário,
em to rno d eles, a reag ir n eles próprios, not adamente sobr e as
células gustativas. Do mesmo modo, variados estímulos aparecem
nos anim ais aludidos , segundo o desdobram ento das im pressões
que lhes atingem o acanhado m undo se nsório, a centuando-lhes a
experiência.
Podemos, ass im, ap reciar a ri queza dos re flexos condic iona-
dos, pelos quais se expande a vida mental do Espírito humano, em
que a razão, por luz do discernimento, lhe faculta o pr ivilégio da
escolha.
É nes ses r eflexos c ondicionados da ati vidade psí quica que
principiam para o hom em de pensamentos elementares os proces-
sos inconscientes da conjugação mediúnica, porquanto, emitindo a
onda das id éias que lhe são p róprias, ao redor dos tem as que lhe
sejam af ins, ex terioriza na d ireção dos ou tros as im agens e estí-
mulos que acalenta consigo, recebendo, depois, sobre si mesmo os
princípios mentais que exteriorizou, enriquecidos de outros agen-
tes que se lhe sintonizem com as criações mentais.

Agentes de indução
Temos plenamente evidenciada a auto -sugestão, encorajando
essa ou aquela ligaçã o, esse ou aquele hábito, dem onstrando a
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 82

necessidade de autopoliciam ento em todos os intere sses de noss a


vida m ental, porquant o, co nquistada a razã o, com a prerrogativa
da es colha de no ssos objetivos, todo o alvo de nossa atenção se
converte em fator indutivo, compelindo-nos a emitir os valores do
pensamento contínuo na direção em que se nos fixe a idéia, dire-
ção es sa n a qual en contramos os p rincípios co mbináveis com os
nossos, razão por que, autom aticamente, es tamos lig ados em
espírito com todos os encarnados ou desen carnados que pensam
como pensamos, tão mais estreita mente quão mais estreita a d is-
tância entre nós e el es, isto é, quanto mais intimamente estejamos
comungando a atm osfera m ental uns dos outros, independente-
mente de fatores espaciais.
Uma conversação, essa ou aquela leitura, a co ntemplação de
um quadro, a idéia vo ltada p ara certo ass unto, um esp etáculo
artístico, um a visita ef etuada ou re cebida, um c onselho ou uma
opinião representam agentes de indução, que va riam segundo a
natureza q ue lh es é caracterís tica, com res ultados tanto m ais
amplos quanto maior se nos faça a fixação mental ao redor deles.

Uso do discernimento
A li berdade de escolha, na paut a da s Lei s Divi nas, é cla ra e
incontestável nos processos da consciência.
Ainda mesmo em regime de prisão absoluta, do ponto de vis-
ta físico, o homem, no pensamento, é livre para eleger o bem ou o
mal para as rotas do Espírito.
O discernimento deve ser, assim, usado por nós outros à fei-
ção de leme que a razão não pode esquecer à matroca, de vez que
se a v ida física está cercad a de correntes eletrônicas por todos os
lados, a v ida esp iritual, d a m esma so rte, jaz im ersa em largo
oceano de c orrentes me ntais e, dentro delas, é imprescindível
saibamos p rocurar a co mpanhia d os espír itos nobr es, capazes de
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 83

auxiliar a n ossa sustentação no bem, para que o bem , como apli-


cação das Leis de Deus, nos eleve à vida superior.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 84

13
Fenômeno hipnótico indiscriminado
Hipnotismo vulgar
No ex ame dos su cessos devidos ao refle xo condicionado, é
importante nos detenh amos, por alguns inst antes, no hi pnotismo
vulgar.
Há quem diga que o ato de hipnotizar se filia à ciência de atu-
ar sobre o espírito alheio e, para que a impressão provocada nesse
sentido se fa ça dura doura e pr ofunda, é im perioso se não desen-
volva m aior intim idade en tre o m agnetizador e a p essoa qu e lhe
serve d e in strumento, porquanto a facu ldade de hipnotizar, para
persistir em alguém, reclama dos outros obediência e respeito.
Reparemos o fenôm eno hipnótic o em sua feição m ais s im-
ples, a ev idenciar-se, m uita vez, em e spetáculos públ icos me nos
edificantes.
O operador pede silênc io e, para observa r qu ais as pess oas
mais suscetíveis de receber-lhe a influenciação, roga que todos os
presentes fixem determinado objeto ou local, proibindo perturba-
ção e gracejo.
Anotamos aqui a operação inicial do “circuito fechado”.
Exteriorizando-se em mais rigoroso regime de ação e reação
sobre s i m esma, a co rrente m ental do s assisten tes cap azes de
entrar em sintonia com o toqu e de indução do hi pnotizador passa
a abs orver-lhe os ag entes mentais, pred ispondo-se a ex ecutar-lhe
as ordens.
Semelhantes p essoas n ão pr ecisarão e star ab solutamente c o-
ladas à região espacial em que se encontra a vontade que as mag-
netiza. Podem estar até m esmo muito distanciadas, sofrendo-lhe a
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 85

influência atr avés do rá dio, de gra vações e da t elevisão. De sde


que se rendam, profundamente, à sugestão inicial recebida, come-
çam a emitir certo tipo de onda mental com todas as potencialida-
des criadoras da ideação comum, e ficam habilitadas a plasmar as
formas-pensamentos que l hes sejam sugeri das, formas essas que,
estruturadas pelos m ovimentos de ação dos princípios m entais
exteriorizados, reagem sobre elas próprias, determinando os efei-
tos ou alucinações que lhes im prima a von tade a que se subm e-
tem.
Temos aí a perfeita conjugação de forças ondulatórias.

Graus de passividade
Induzidos pelo impacto de comando do hipnotizador, os hip-
notizados produzem oscilações mentais com freqüência peculiar a
cada um , o scilações es sas qu e, p artindo deles , en tram autom ati-
camente em relação com a onda de forças positivas do magnetiza-
dor, voltando a eles próprios com a sugestão que l hes é desfecha-
da, estabelecendo para si m esmos o cam po alucinatório em que
lhe responderão aos apelos.
Cada instrum ento, nesse passo, após dem onstrar obediência
característica, revelar-se-á em determinado grau de passividade.
A maioria estará em posição de hipnose vulgar, alguns cairão
em letargia e alguns raros em catalepsia ou sonambulismo.
Nos dois primeiros casos (isto é, na hipnose e na letargia), as
pessoas apassivadas, à frente do magnetizador, terão libertado, em
condições anômalas, certa classe de aglutininas mentais que facul-
tam o sono comum, obscurecendo os núcleos de controle do Espí-
rito, nos diver sos de partamentos ce rebrais. Alé m di sso, corr ela-
cionam-se com a onda-m otor da vo ntade a que se sujeitam, subs-
tancializando, na c onduta que l hes é im posta, os quadros que s e
lhes apresentem.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 86

Nos dois segundos (na cataleps ia e no sonam bulismo provo-


cado), as os cilações m entais d os hipnotizados, a reag irem sob re
eles m esmos, determ inam o despre ndimento parcia l ou total do
perispírito ou psicossoma, que, não obstante mais ou menos liber-
to das células físicas, se mantém sob o dom ínio direto do m agne-
tizador, atendendo-lhe as ordenações.

Idéia-tipo e reflexos individuais


Na hipnose ou na leta rgia, os passivos co ntrolados executam
habitualmente cen as qu e provo cam adm iração pela jog ralidade
com que se manifestam.
O hipnotizador dará, por exemplo, a dez pa ssivos, em ação, a
idéia de frio, as severando que a atmosfer a se tornou subitam ente
gélida.
Expedirão todos eles, para l ogo, ondas m entais característi-
cas, associando as imagens que sejam capazes de formular.
Semelhantes vibrações encontram na onda mental do hipnoti-
zador o ag ente ex citante qu e lh es alim enta o fluxo crescente na
direção do objetivo determinado.
No decurso de instan tes, essas vibrações terão reagido muitas
vezes sobre os cérebros que as ge ram e entretecem, inclinando-os
a agir como se realmente estivessem em pleno inverno.
Cada um, entretanto, procederá no vaivém das oscilações de
maneira diversa.
Aqui, um deles abotoará fortem ente o cas aco; ali, outro se
encolherá, verg ando a cab eça p ara a fren te; aco lá, outro fará
gestos de quem toma agasalhos, utilizando objetos em desacordo
com os que im agina, e, além, ainda outros tremerão, impacientes,
como que desamparados à ventania de um temporal.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 87

O toque excitante do hi pnotizador la nçou uma idéia-tipo;


contudo, as mentes por ele impressionadas responderam em sinto-
nia, mas segundo os reflexos peculiares a si mesmas.

Aula de violino
Na mesma ordem de fenôm enos, o hipnotizador sugerirá aos
mesmos pas sivos, e m s ono pr ovocado, que se e ncontram numa
aula de música e que lhes cabe o dever de ensaiarem ao violino.
A mente de cada um despedirá ondas de acordo com a ordem
recebida, criando a forma-pensamento respectiva.
Em poucos segundos, sob o cont role do m agnetizador, tê-la-
ão plasmado com tanto realismo quanto lhes seja possível.
Os mais achegados ao culto do referido i nstrumento assumi -
rão atitude consentâne a com o estudo m entalizado, conjugando
movimentos harm oniosos, com a di gnidade de um concertista,
enquanto os a dventícios da mús ica exibi rão ge stos grot escos,
manobrando a form a-pensamento m encionada quais se f ossem
crianças injuriando a arte musical.
Em todos os estado s anômalos a que nos referim os, os sujets
governados dem onstrarão certo gr au de pa ssividade. Da hipnos e
semiconsciente ao sonambul ismo profundo, num erosas po sições
se evidenciam.

Hipnose e telementação
Em determinados estágios da ocorrência hipnótica, verifica-se
o desprendim ento parcial da pers onalidade, com o deslocament o
de centros sensoriais.
Ainda aí, porém , o hipnotizado , no ce ntro da s ir radiações
mentais qu e lhe são p róprias, permanece co ntrolado p ela ond a
positiva da vontade a que se submete.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 88

Nessa condição, esse ou aquele passivo pode ainda represen-


tar o papel de suposta personalid ade, co nforme a sugestão qu e o
magnetizador lhe incuta.
O hipnotizador escolherá, de preferência, uma figura popular,
um can tor, um lite rato ou um regente de or questra qu e es teja n o
âmbito de con hecimento do p assivo em ação e in cliná-lo-á a
sentir-se como sendo a pessoa lembrada.
Imediatamente o sujet estampará, no próprio fluxo de energia
mental, a f igura do artista, do escr itor ou do ma estro, de ac ordo
com a s poss ibilidades da pr ópria i maginação, t omará da pe na,
erguerá a voz, ou em punhará a form a-pensamento de um a batuta,
por ele mesmo criada, manobrando os mecanismos da mente para
substancializar a sugestão recebida.
Entretanto, se o m agnetizador lem bra al gum m aestro de al-
deia, ou escritor sem projeção, ou algum cantor obscuro, conheci-
do apenas dele, não será tão fácil ao pass ivo aten der-lhe as o r-
dens, por falt a de r ecursos i maginativos a serem apostos p or ele
mesmo nas próprias oscilações m entais, o que apenas será conse-
guido após longos exercícios de telementação especializada entre
ambos.

Sugestão e afinidade
Estabelecida a s ugestão ma is profunda, o hipnotizador pode
traçar ao sujet, com ple no êxit o, es sa ou aqu ela incum bência de
somenos importância, pa ra ser executada após desperte do sono
provocado, seja of erecer um lá pis ou um copo d’água a certa
pessoa, s ugestão e ssa que por se u caráter ele mentar é ab sorvida
pela onda m ental do passivo, em seu m ovimento de ref luxo, in-
corporando-se-lhe, au tomaticamente, ao cen tro da aten ção, par a
que a vontade lhe dê curso no instante preciso.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 89

Isso, porém, não aconteceria de modo tão simples se a suges-


tão envol vesse pr ocessos de ma is a lta r esponsabilidade na e sfera
da consciência, porq uanto nos atos m ais complexos do E spírito,
para que haja sinton ia nas ações que envolvam com promisso
moral, é imprescindível que a onda do hipnotizador se case perfei-
tamente à onda do hi pnotizado, com pl ena identidade de tend ên-
cias ou opiniões, qual se estivessem jungidos, moralmente, um ao
outro nos recessos da afinidade profunda.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 90

14
Reflexo condicionado específico
Pródromos da hipnose
Após observarmos o fenôm eno do hipnotismo num espetácu-
lo p úblico, im aginemos qu e o m agnetizador seja um hom em
digno de respeito, capaz de nutrir a confiança popular.
Suponhamos seja ele procurad o por um cidadão qualquer,
portador de doença nervosa, desejoso de tratar-se pela hipnose.
O e nfermo t ê-lo-á vi sto na e xibição a que nos ref erimos ou
dela terá recebido exato noticiário e, por isso mesmo, buscar-lhe-á
o concurso, fortemente decidido a aceitar-lhe a orientação.17
O hipnotizador, de imediato, adquire conhecimento da atitude
simpática do visitante e acolhe-o com manifesto carinho.
Toma-lhe a m ão, entrando de im ediato na aura ou halo de
forças do paciente, endereçando-lhe algumas inquirições.
Nesse toq ue dire to, ino cula-lhe vasta co rrente revitalizadora,
em lhe falando de bom ânimo e es perança, e o doente se lhe ren-
de, satisfeito, aos apelos silenciosos de relaxamento da tensão que
o castiga.

17
A utilizaçã o dos fe nômenos hipnóticos serve , neste livro, s imples-
mente para e xplicar os mecanismos da mediunidade, e não para induzir
os companheiros do Espiritismo a praticá-los em suas tarefas, porquanto
o nosso objetivo primordial é o ser viço da D outrina Espírita que deve-
mos tomar por disciplinadora de todos os fe nômenos que nos rodeiam,
na esfera da s ocorrênc ias mediúnicas, a beneficio de nossa própria
melhoria moral. (Nota do Autor espiritual.)
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 91

O co nsulente p restará ligei ros i nformes a cerca dos si ntomas


de que se vê objeto e o anfitrião, paternal, convidá-lo-á a sentar-se
em larga poltrona que lhe faculte mais amplamente o repouso.

Mecanismo do fenômeno hipnótico


Recorrendo, para ex emplo, em no sso es tudo, ao con hecido
processo de Liébeault, o hipnotizador passará à ação franca, colo-
cando-se à frente do enfermo.
E, situando de leve a mão es querda sobre a sua cabeça, m an-
terá dois dedos da m ão direita, à distância aproximada de vinte a
trinta centím etros dos olhos do paciente, de m odo a form ar com
eles um ân gulo elev ado, com pelindo-o a levantar os olhos, em
atenção alg o labo riosa, para que lhe fixe os dedos por algum
tempo.
Com esse gesto, o m agnetizador estará projetando o seu pró-
prio fluxo energético sobre a epífise do hipnotizado, glândula esta
de sum a importância em todos os processos m edianímicos18, po r
favorecer a passividade dos núcleos recepti vos do cérebro, provo-
cando, ao m esmo tem po, a atenção ou o circuito fechado no
campo m agnético do paciente, cuja onda m ental, projetada para
além de sua própria aura, é imediatamente atraída pelas oscilações
do m agnetizador que, a seu turno, lh e transm ite a es sência das
suas próprias ordens.
Libertando as aglutininas mentais do sono, o passivo, na hip-
nose estimulada, se vê influenciado pela vontade que lhe comanda
transitoriamente o s s entidos, vontade essa a que, de m aneira
habitual, adere de “moto-próprio”, quase que alegremente.

18
Para mais claro entendimento do assunto, indicamos ao leitor a relei-
tura do ca pitulo 2 º do li vro “Miss ionários da Luz” , d o m esmo Autor
espiritual, re cebido pe lo médium Fr ancisco Câ ndido Xavier. (Nota da
Editora.)
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 92

É então que o hipnotizador, para fixar com mais segurança a


sua própria atuação, exclama, em tom grave e calmo:
– “Não receie. S egundo o noss o desejo, passará você, em
breves in stantes, pela m esma tran sfiguração m ental a qu e s e en-
trega cada noite, transitando da vi da ativa para o ento rpecimento
do sono, em que os se us ouvidos escutam sem qualquer esforço e
no qual não se sente você dispos to a v oluntária m ovimentação.
Durma, descanse. Repouse na certeza de que não terá consciência
do que ocorra em torno de nós! Despertará você do presente esta-
do, quando me aprouver, perfeitamente aliviado e fortalecido pela
supressão do desequilíbrio orgânico.”
O doente enlanguesce, satisfeito, acalentado pela sua própria
onda mental de confiança, exteriorizada ao impacto do pensamen-
to positivo que o controla, e o hi pnotizador reafirma, tocando-lhe
as pálpebras de leve:
– ”Durma tranq üilamente. Tu do es tá bem . Acordará livre de
todo o m al. Acalme-se e espere . Não sof rerá qualquer incôm odo.
Dentro de alguns minutos, chamá-lo-ei à vigília.”
O doente dorm e e o m agnetizador retira-se por al guns minu-
tos.

Mecanismo da Hipnoterapia
Enquanto adormecido, a própria onda m ental do paciente, em
movimento renovador e guardando consigo as sugestões benéficas
recebidas, at ua sobr e as cél ulas do veíc ulo fis iopsicossomático,
anulando, tanto quanto possível, as in ibições f uncionais e xisten-
tes.
Como se observa, o agente p ositivo atua como fator desenca-
deante da recuperação, que pass a a ser ef etuada pelo próprio
paciente, em todos os casos de hipnoterapia ou reflexoterapia.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 93

O hipnotizador, depois de um quarto de hora, f á-lo novamen-


te voltar à vigília, e o enfermo, desperto, acusa por vezes grandes
melhoras.
Naturalmente, ag radece ao b enfeitor o so corro as similado;
contudo, o magnetizador agiu apenas como recurso de excitação e
influência, porque as os cilações mentais em ação restaurativa dos
tecidos celulares foram exteriorizadas pelo próprio consulente.

Objetos e reflexos específicos


No segundo dia do tratamento hipnótico, o paciente com mais
facilidade se confiará à vontade orientadora que o dirige.
Bastar-lhe-á o reenc ontro com o hipnoti zador para entrar no
reflexo co ndicionado, pelo qu al com eça a au tomatizar o ato d e
arrojar de si m esmo as próprias forças mentais, impregnadas das
imagens de saúd e e corag em que el e me smo rec orporifica no
pensamento, recordando os apelos recebidos na véspera.
E ass im pro cede o en fermo, no m esmo regi me de condicio-
namento, até qu e a con templação d e um sim ples o bjeto q ue lhe
tenha sido presenteado pelo m agnetizador, com o f im de ajudá-lo
a liberar-se de qualquer crise, na linha de ocorrências da m oléstia
nervosa de que se haja curado, será o suficiente para que se entre-
gue à hipnose de recuperação por sua própria conta.
Semelhante medida, que explica o suposto poder curativo de
certas relíquias m ateriais ou do s cham ados talism ãs d a m agia,
pode ser interpretada como r eflexo condici onado e specífico,
porquanto, sem a presença do hipnotizador, suscetível de imprimir
novas modalidades à onda mental de que tratamos, o objeto aludi-
do s ervirá – m uito p articularmente ness e cas o – com o reflexo
determinado para o refazimento orgânico, em certo sentido.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 94

Circuito magnético e circuito mediúnico


Se o paciente, depois de curado, prossegu e submisso ao hip-
notizador, sus tentando-se en tre ambos o intercâm bio seguro,
dentro de algum tempo ambos se encontrarão em circuito mediú-
nico perfeito.
A ond a m ental d o m agnetizado, r eeducada para a ex tirpação
da moléstia anteriormente apresentada, terá atendido ao restabele-
cimento da região em desequilíbrio, mostrando-se, agora, sadia e
harmônica para os serv iços da tr oca, na hi pótese do cont inuísmo
de contacto.
Voltando-se diariamente para o magnetizador que, a seu tur-
no, diariam ente a inf luencia, e de vidamente ajustada ao cérebro
em que s e apó ia, d o ponto de vista da resistência do campo,
passará a refletir a on da m ental da vontade a que livremente se
submete, absorvendo-lhe as inclinações e os desígnios.
Verificam-se aí os mais av ançados pro cessos de telem enta-
ção, incl usive o de sdobramento controlado, pe lo qual o passivo,
ausente do co rpo físico, sob a indução preponderante do hipnoti -
zador, apenas verá e ouvirá de acordo com a orientação p articular
a que se sujeita.
É o estado de permuta magnética aperfeiçoada, em que o pas-
sivo, na hipnose ou na vigília, transmite co m facilidade as deter-
minações e pr opósitos do me ntor, na es fera da s s uas possi bilida-
des de expressão.

Auto-magnetização
Ainda há que apreciar uma ocorrência importante.
Se o hipnotizador não mais tem contacto com o passivo e se o
passivo prossegue intere ssado no progresso de suas conquist as
espirituais, es te con segue, à cu sta de esforço, por interm édio da
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 95

profunda concentração das ener gias mentai s, na lem brança dos


fenômenos a que se co nsagrou junt o a o ma gnetizador, cair e m
hipnose o u le targia, c atalepsia ou sonam bulismo – ainda pelo
reflexo condicionado igualm ente específico –, afastando-se do
envoltório carnal, em plena con sciência, par a entr ar em contact o
com entid ades en carnadas o u dese ncarnadas d e su a co ndição o u
para provocar por si m esmo certa categoria de fenômenos físicos,
mediante a ap licação de energia acumulada, com o que se expli-
cam as ocorrências do faquirism o oriental, nas quais a própria
vontade do operador, parcial ou integralmente separado do corpo
somático, exerce determinada ação sobre as células físicas e extra-
físicas, estabelecendo acontecimentos inabituais para o m undo
rotineiro dos cinco sentidos.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 96

15
Cargas elétricas e cargas mentais
Experiência vulgar
Para ex aminar as ocorrência s do fenôm eno m ediúnico indis-
criminado, referimo-nos linhas antes19, ao fenôm eno hipnótico de
ordem popular, em que hipnotizadores e hi pnotizados, sem qual-
quer recurso de sublimação do espírito, se entregam ao serviço de
permuta dos agentes mentais.
Contudo, para gravar as linhas básicas de n osso estudo, re-
cordemos a pro pagação indeterminada dos el étrons nas fai xas da
Natureza.
De sem elhante propagação, qu alquer pessoa pode r etirar a
prova ev idente com vários o bjetos com o, por exem plo, com a
experiência cl ássica da caneta-t inteiro qu e, f riccionada com um
pano de lã, nos deixa perceber que as bolhas de ar existentes entre
as fibras do pano fornecem os elét rons liv res a elas ag regados,
elétrons que se acum ulam na can eta mencionada, por suas quali-
dades dielétricas ou isolantes.
Efetuada a operação, elem entos leves, port adores de cargas
elétricas positivas ou, mais exatamente, muito pobres de elétrons,
como sejam pequeninos fragmentos de papel, serão atraídos pela
caneta, então negativamente carregada.

Máquina eletrostática
Na máquina eletrostática ou i ndutora, utilizada nas experiên-
cias p rimárias d e eletricidade, a ação se v erifica sem elhante à
experiência da caneta-tinteiro.

19
Capítulo 13º.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 97

Os discos de ebonite em atividade rotatória como que esfare-


lam as bolhas de ar, guardadas entre eles , com primindo os elé-
trons que a elas se encontram frouxamente aderidos.
Com o auxílio de escovas, esse s el étrons se encami nham às
esferas m etálicas, o nde se aglom eram até qu e a carg a s e faç a
suficientemente elevada para que seja extraída em forma de cente-
lha.

Nas camadas atmosféricas


As correntes de elétrons livres estão em toda a parte.
Nos dias estivais, os conjunto s de átom os ou m oléculas de
água sobem às camadas atmosféricas mais altas, com o ar aqueci-
do.
Nas zonas de altitude fria, aglu tinam-se formando gotas que,
em seguida, tombam na direção do solo, em razão de seu peso.
Todavia, as go tas q ue vertem de c ima, s em ch egarem ao
chão, por se evapor arem na vi agem de retorno, são surpreendidas
em c aminho pe las corre ntes de ar aquecido em ascens ão e, atri-
tando os elem entos nesse encontro, o ar quente, na subida, extrai
das m oléculas d’águ a o s elétro ns livres que a elas s e encontram
fracamente aderid os, arras tando-os em turbilh ões para a altu ra,
acumulando-os nas nuvens, que se to rnam então eletricam ente
carregadas.
Quando as correntes eletrônicas aí agregadas tiverem atingido
certo v alor, as semelham-se as n uvens a m áquinas indu toras, em
que a tensão se el eva a milhões de volts, das quais os elétrons em
massa, na f orma de relâm pagos, saltam para outras nuvens ou
para a terr a, provocando descargas que, às vezes, tomam a feição
de faíscas elétricas, em meio de aguaceiros e trovoadas.
Em identidade de circunstâncias, quando o planeta terrestre se
encontra na direção de explosõe s el etrônicas part idas do Sol ,
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 98

cargas imensas de elétrons perturbam o campo terrestre, respon-


sabilizando-se pelas tempestades magnéticas que afetam todos os
processos vitais do Gl obo, – a existência hu mana inclusive, por-
quanto costumam desarticular as válvulas microscópicas do c ére-
bro humano, impondo-lhes alterações nocivas, tanto quanto dese-
quilibram a s vál vulas dos a parelhos ra diofônicos, pr ejudicando-
lhes as transmissões.

Correntes de elétrons mentais


Dentro de certa an alogia, temos também as co rrentes de elé-
trons m entais, por toda a parte, form ando cargas que aderem ao
campo magnético dos indivíduos, ou que vagueiam , entre eles, à
maneira de campos elétricos que acabam atraídos por aqueles que,
excessivamente carregados, se lhes afeiçoem à natureza.
Recorrendo à im agem da caneta-tinteiro, em atrito com o pa-
no de lã, e da m áquina eletrostática, em que o s elétrons se condi-
cionam para a produção de ce ntelhas, le mbraremos q ue t oda
compressão de agentes mentais, através da atenção, gera em nossa
alma estados indutivo s pelos quais atraímos cargas de pensam en-
tos em sintonia com os nossos.
A le itura de ce rta pá gina, a c onsulta a es se ou àquele livro,
determinada conversação, ou o in teresse voltado para esse ou
aquele as sunto, no s co locam em correlação es pontânea co m as
Inteligências encar nadas ou de sencarnadas que c om el es se ha r-
monizem, p or in termédio d as carg as m entais que acum ulamos e
emitimos, na form a de quadros ou centel has em série, com que
aliciamos pa ra o noss o c onvívio mental os que se entregam a
ideações análogas às nossas.
Não nos propomos afirmar que o fenômeno da caneta-tinteiro
ou do aparelho eletrostático seja igual à ocorrênc ia da indução
mental no cérebro.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 99

Assinalamos apenas a analog ia de superfície, para salientar a


importância dos nossos pensamentos concentrados em certo senti-
do, porque é pela projeção de nossas idéias que nos vinculamos às
Inteligências inferiores ou superiores de nosso caminho.
E para estampar, com mais segurança, a nossa necessidade de
equilíbrio, perante a vida, recordemos que à maneira das correntes
incessantes de fo rça, que sustentam a Na tureza terrestre, também
o pensam ento circul a ininterrupto, no cam po m agnético de cada
Espírito, extravasando-se para além dele, co m as es sências carac-
terísticas a cada um.
Queira ou não, cada alm a pos sui no próprio pensamento a
fonte inestancável das próprias energias.
Correntes vivas fluem do íntimo de cada Inteligência, a se lhe
projetarem no “halo energético”, estruturando-lhe a aura ou fotos-
fera psíquica, à base de cargas magnéticas constantes, conforme a
natureza qu e lhes é p eculiar, de certa fo rma sem elhantes às co r-
rentes de f orça que partem da m assa planetária, com pondo a
atmosfera que a envolve.

Correntes mentais construtivas


Assim como a Natu reza encontra, na distribuição harmoniosa
das pr óprias e nergias, o c aminho j usto par a o pr óprio e quilíbrio,
sustentando-se em m ovimento contínuo, o E spírito id entifica, n o
trabalho ordenado com se gurança, a trilha i ndispensável para o
seu clima ideal de euforia.
Quanto mais enobrecida a consciência, mais se lhe configura-
rá a riqu eza d e im aginação e p oder me ntal, s urgindo, porta nto,
mais complexo o cabedal de suas cargas magnéticas ou correntes
mentais, a v ibrarem ao redo r de si mesmo e a ex igirem mais am -
pla quota de atividade construtiva no serviço em que se lhe plas-
mem vocação e aptidão.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 100

Seja no esforço intelectual em elevado labor, na criação artís-


tica, nas obras de benem erência ou de educação, se ja nas dedica-
ções domé sticas, na s t arefas s ociais, na s pr ofissões di versas, nas
administrações públicas ou particulares, nos empreendimentos do
comércio ou da indústria, no amanho da terra, no trato dos ani-
mais, nos desportos e em todos os departamentos de ação, o Espí-
rito é chamado a servir bem, isto é, a servir no benefício de todos,
sob pena de c onturbar a c irculação das próprias energias mentais,
agravando os estados de tensão.

Correntes mentais destrutivas


Os referidos estados de tensão, devidos a “núcleos de força na
psicosfera pessoal”, procedem, quase sempre, à feição das nuvens
pacíficas repentinamente transformadas pelas cargas anorm ais de
elétrons livres em máquinas indutoras, atraindo os campos elétri-
cos com que se fazem instrumentos da tempestade.
Acumulando em s i m esma as fo rças au togeradas em p roces-
sos de prof undo desequilíbrio, a al ma exterioriza forças m entais
desajustadas e des trutivas, p elas quais atrai as forças d o mesm o
teor, caindo freqüentemente em cegueira obsessiva, da qual mui-
tas vezes se afasta, desorientada, pela porta inde sejável do remor-
so, após converter-se em intérprete de inqualificáveis delitos.
Noutras circun stâncias, con siderando-se que o processo da
obliteração mental , ou acumulação desord enada das nuvens de
tensão no cam po da aura, se caract eriza por imensa gradação, se
as criaturas conscientes não se dispõem à distribui ção natural das
próprias cargas m agnéticas, em trabalho digno, es tabelecem para
si a degenerescência das energias.
Nessa posição, em item ondas m entais pe rturbadas, pelas
quais s e aj ustam a I nteligências pert urbadas do me smo s entido,
arrojando-se a lament áveis estações de av iltamento, em ocorrên-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 101

cias deploráveis de obsessão, nas quais as mentes desvairadas ou


caídas em monoideísmo vicioso se refletem mutuamente.
E chegadas a semelhantes cont urbações, seja no arrastamento
da pai xão ou na s ombra do ví cio, sofrem a ap roximação de co r-
rentes m entais arras adoras, o riundas do s seres em penhados à
crueldade, por ignorância – encarnados ou desencarnados –, que,
em lhes v ampirizando a ex istência, lhes im põem disfunções e
enfermidades de variados m atizes, segundo os pontos vulneráveis
que apresentem, criando no m undo vastas províncias de alienação
e de sofrimento.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 102

16
Fenômeno magnético da vida humana
Hipnose de palco e hipnose natural
Analisando a ocorrência mediúnica, na base do reflexo condi-
cionado, assinalemos mais alguns aspectos de semelhante estudo,
na esfera do cotidiano.
Assistindo ao fenôm eno hipnó tico indiscrim inado, nas de-
monstrações públi cas, pr esenciamos algu ém se nhoreando o psi-
quismo de diversas pessoas, por alguns minutos; mas, na exp eri-
ência diária, vem os o m esmo fe nômeno em nossas relações, uns
com os outros.
Na exibição popular, o m agnetizador pratica a hipnose que se
hierarquiza por muitos graus de passividade nos hipnotizados.
Na vida com um, todos prati camos espontaneamente a s uges-
tão, em que a obediência maquinal se gradua, em cada um de nós,
através de vários graus de rendição à influência alheia.
Tal situação começa no berço.

Centro indutor do lar


O lar é o mais vigoroso centro de indução que conhecemos na
Terra.
À maneira de alguém que recebe esse ou aq uele tipo de edu-
cação em estado de sonolência, o Espírito reencarnado, no perí o-
do infantil, recolhe dos pais os mapas de inclinação e conduta que
lhe nortearão a existê ncia, em processo an álogo ao da escola
primária, pelo qual a criança é impelida a co ntemplar ou mentali-
zar certos quadros, para refleti-los no de senvolvimento natural da
instrução.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 103

As alm as v alorosas, do tadas de m ais a lto p adrão m oral, s e-


gundo as aquisições já feitas em num erosas reencarnações de
trabalho e sacrifício, constituem exceções no ambiente doméstico,
por s e sob reporem a ele, ex teriorizando a vonta de ma is ené rgica
de que se fazem mensageiras.
Contudo, via de regra, a maioria esmagadora de Inteligências
encarnadas retratam psico logicamente aqu eles qu e lh es d eram o
veículo físico, transformando-se, por algum tempo, em instrumen-
tos ou m édiuns dos ge nitores, à f ace do ajustam ento das ondas
mentais que lhes são próprias, em c ircuitos c onjugados, pel os
quais permutam entre si os agentes mentais de que se nutrem.
Somente depois que experiências mais fortes lhes renovam a
feição interior, costumam os fil hos alterar de m aneira mais ampla
os moldes mentais recebidos.

Outros centros indutores


Em todos os planos determina a Providência do Criador seja a
criatura amparada com segurança.
Cada consciência que renasce no campo físico traz consigo as
ligações do agrupamento espiritual a que se filia, demonstrando as
afinidades profu ndas d e qu e a on da m ental dá no tícia no fl uxo
revelador com que se apresenta.
Se os pais guardam sintonia com as forças a qu e se lhes jun-
gem fluidicamente os filhos, a vi da prossegue harm oniosa, como
que sobre rodas nas quais as cr enas se mo stram p erfeitamente
engrenadas.
Entretanto, se h á divergên cia, p assada a p rimeira infân cia,
começam atritos e d esencontros, à face das interferências inevitá-
veis, com perturbações dos circuitos em andamento.
Surgem as incom patibilidades e d isparidades q ue a g enética
não consegue explicar.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 104

Enredados à influência de com panheiros que permanecem fo-


ra do vas o fi siológico, os fil hos, ne ssas ci rcunstâncias, evide nci-
am tend ências inq uietantes, sem que os genitore s con sigam rei-
vindicar a autoridade de que se revestem.
Todavia, a escola ed ificante espera-os, nas linhas da civiliza-
ção, para restaurar-lhes, desde cedo, as noções de ordem superior,
diante da vida, exalçando os conceitos de elevação moral, impres-
cindíveis ao aprimoramento da alma.
Transfiguram-se, então, os me stres com uns em orientadores
dos aprendizes que, se aten tos ao ensino, se fazem médiuns tem-
porários das mentes que os instruem, através do mesmo fenômeno
de harmonização das onda s mentais, porquanto o professor, ensi-
nando, torna m ais lentas as osci lações que despede, enquanto que
os alu nos, aprend endo, fazem m ais curtas as o scilações q ue lhes
são peculiares, verifica ndo-se o nec essário aj uste de ní vel para
que a permuta dos agentes espirituais se faça com segurança.
Os di scípulos que fogem de liberadamente ao de ver da a ten-
ção, relaxando os com promissos q ue ab raçam, perm anecem au-
sentes do benefício, liga dos a circuitos outros que lhes retardam a
marcha na direção da cultura, po r desertarem dos exercí cios que
lhes favoreceriam mais dilatada iluminação íntima.
E, além da escola, surgem, para os rebentos do lar terrestre, as
obrigações do trabalho prof issional em que a p ersonalidade segue
no encalço da vocação ou som a de experiência que já conquistou
na vida.
Cada oficina de ação construtiva, seja qual for a l inha de ser-
viço em que se expresse, é novo educandário para a criatura em
lide no campo humano, em que a chefia, a escalonar-se através de
condutores diversos, convoca os cooperadores, nos vários círculos
da subalternidade, ao esforço de melhoria e sublimação.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 105

Ainda a qui, ve mos, por i ntermédio da m esma ocorrência de


harmonização mental, os que orient am, er guidos à condição de
Espíritos prote tores, e os que obedecem, tran sformados em ins-
trumentos para determinadas realizações.

Todos somos médiuns


Nos centros de atividade refe ridos em nosso estudo, encon-
tramos o reflexo condicionado e a sugestão com o ingredientes
indispensáveis na obra de educação e aprimoramento.
Urge r econhecer que a li berdade é tant o mai or par a a alma
quanto maior a parcela de conhecimento que se lhe debite no livro
da existência.
Por isso m esmo, quanto m ais cresça em possibilidades, nesse
ou naquele sentido, m ais se lh e desdobram cam inhos à visão,
constrangendo-a a vigiar sobre a própria escolha.
Mais extensa mordomia, responsabilidade mais extensa.
Isso acontece porque, com a in tensificação de nossa influên-
cia, ne sse ou na quele ca mpo de i nteresses, ma is per sistentes se
fazem os apelos em torno, para que não nos esqueçamos do dever
primordial a cumprir.
Quem avança está invariavelmente entre a van guarda e a re-
taguarda, e a romagem para Deus é uma viagem de ascensão.
Toda subida, quanto qualquer burilamento, pede suor e disci-
plina.
Todo estacionamento é repouso enquistante.
Somos todos, assim, médiuns, a cada passo refletores das for-
ças qu e ass imilamos, p or fo rça d e nos sa v ontade, n a focaliz ação
da energia mental.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 106

Perseverança no bem
É i mprescindível recor dar o impositivo da perseverança no
bem.
O c omprazimento nessa ou naquel a es pécie de atitude ou
companhia, leitu ra ou conv ersação menos ed ificantes, es tabelece
em nós o reflexo cond icionado p elo q ual in conscientemente nos
voltamos para as correntes invisíveis que representam.
É desse modo que formamos hábitos indesejáveis pelos quais
nos fazemos pasto de entidades vampirizantes, acabando na feição
de arcabouços vivos para moléstias fantasmas.
Pensando ou conversando consta ntemente so bre ag entes en-
fermiços, quais sejam a acus ação indébita e a criti ca destrutiva, o
deboche e a crueldade, incorporamos de imediato, a influência das
criaturas encarnadas e des encarnadas que os alimentam, porque o
ato de voltar a sem elhantes tem as, c ontrários aos pr incípios que
ajudam a vida e a regen eram, se transforma em ref lexo condicio-
nado de caráter doen tio, autom atizando-nos a capaci dade d e
transmitir tais agentes mórbidos, responsáveis por largo acervo de
enfermidade e desequilíbrio.

Gradação das obsessões


Muitas v ezes, em nosso s estado s de t ensão deliber ada, i ncli-
namo-nos para forças violentas que se n os insinuam no halo psí-
quico, aí criando ferm entações infelizes que resultam em atitudes
de c ólera arra sadora, pelas quais, despreve nidamente, nos trans-
formamos, na vida, em m édiuns de aç ões de lituosas, arr astados
nos fenômenos de associação dos agentes mento-eletromagnéticos
da m esma natureza, se melhantes aos q ue caracterizam as exp lo-
sões de recursos químicos, nas conhecidas reações em cadeia.
É assim que som os, p or v ezes, loucos tem porários, grandes
obsidiados de alguns minutos, alienados m entais em m arcadas
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 107

circunstâncias de lugar ou de te mpo, ou, ainda, doentes do racio-


cínio em crises periódicas, m édiuns la stimáveis da de sarmonia,
pela n ossa perm anência lo nga em ref lexos condi cionados vicio-
sos, adquirindo com promissos de gr ave teor nos atos m enos feli-
zes que pr aticamos, semi -inconscientemente, s ugestionados uns
pelos outros, porquant o, perante a L ei, a no ssa vontade é respon-
sável em todos os nossos problemas de sintonia.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 108

17
Efeitos físicos
Simbioses espirituais
Compreendendo-se que t oda cr iatura se m ovimenta no seio
das em anações qu e lh e são p eculiares, intuitivamente percebere-
mos os processos sim bióticos, dentro dos quais se efetua a i nflu-
enciação das Inteligências desencarnadas que tomam alguém para
instrumento de suas manifestações
Muitas vezes, essa ou aquela i ndividualidade, ao re encarnar,
traz nos pr óprios pa ssos a c ompanhia i nvisível de ssa ou daquela
entidade com a qua l se mostre mais inte nsamente associ ada em
tarefas e dívidas diferentes.
Harmonizadas na mesma onda mental, é possível sentir-lhes a
integração, qual se fossem hipnotizador e hipnotizado, em proces-
so de ajustamento.
Se a person alidade en carnada acu sa pos sibilidades d e larga
desarticulação das próp rias forças aním icas, encon tramos aí a
mediunidade d e efeitos fís icos, su scetível de ex teriorizar-se em
graus diversos.
Eis po rque c omumente s omos d efrontados na Terra por jo-
vens m al saídos da prim eira infâ ncia, servindo de medianei ros a
desencarnados m enos esclarecidos que com eles s e af inam, na
produção dos fenôme nos físi cos de espéci e inferi or, como sejam
batidas, sinais, deslocamentos e vozes de feição espetacular.
É certo que semel hantes evi dências do pla no e xtrafísico s e
devam, de modo geral, a entidades de pouca evolução, porquanto,
imanizadas aos médiuns naturais a que se condicionam, entremos-
tram-se entre o s hom ens, à m aneira de ca prichosas cr ianças, e m
afetos e desafetos de sgovernados, bastando, às vezes, s imples
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 109

intervenção de a lguma autoridade moral, através da exortação ou


da p rece, p ara q ue as pertur bações em andam ento cessem de
imediato.
Tal eclos ão de recu rsos m edianímicos, capaz de oc orrer e m
qualquer idade da constituição fisiológica, independe de quaisquer
fatores de cult ura da i nteligência ou de apri moramento da al ma,
por filiar-se a fatores positivamente mecânicos, tal qual ocorre nas
demonstrações públicas de agili dade ou de fo rça em que um
ginasta qualquer, com treinam ento adequado, apre senta vari adas
exibições.

Médium teleguiado
Imaginemos que persista na individualidade encarnada a fácil
desassociação das forças aní micas. Nesse caso, tem o-la habilitada
ao fornecimento do ectoplasma ou plasma exteriorizado de que se
valem a s Int eligências de sencarnadas para a produção dos fenô-
menos físicos que lhes denota a sobrevivência.
Chegada a es se p onto, se a cria tura de seja c ooperar na obra
do esclarecimento humano, recebe do Plano Espiritual um guarda
vigilante – mais comumente chamado “o guia”, se gundo a apreci-
ação terrestre –, guarda es se, porém, que, diante da esf era extrafí-
sica tem as funçõ es de um zelador ou de um mordomo responsá-
vel pelas ener gias do medi aneiro, sem pre de posição evolutiv a
semelhante.
Ambos passam a form ar um circuito de for ças, s ob a s vi stas
de Instrut ores da Vi da Maior, que os m obilizam a serviço da
beneficência e da edu cação, em muitas cir cunstâncias com pl eno
desdobramento do corpo espiritual do médium, que passa a agir à
feição de uma Inteligência teleguiada.
Daí nasce a possibilidade da co nstituição dos círculos de es-
tudo das oc orrências de ma terialização, com os fenôm enos de
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 110

telecinesia, a com eçarem nos “rap s” e a cu lminarem na ectop las-


mia visível.

Dificuldades do intercâmbio
Não podemos esquecer que o campo de oscilações mentais do
médium – envoltório natural e irremovível que lhe pulsa do espíri-
to – é o filtro de todas as operações nos fenômenos físicos.
Incorporam-se-lhe ao dinamismo psíquico os contingentes ec-
toplásmicos dos assistentes, aliados a recursos outros da Natureza;
mas, ainda aí, os elementos essenciais pertencem ao médium que,
consciente ou inconscient emente, pode interferir nas m anifesta-
ções.
A exteriorização dos princípios anímicos nada tem a ver, em
absoluto, com o aperfeiçoamento moral.
Cumpre des tacar, as sim, as d ificuldades p ara a m anutenção
de largo intercâmbio dilatado e seguro, nesse terreno.
Basta leve modificação de propósito na personalidade media-
nímica, seja em m atéria de in teresse econôm ico ou de conduta
afetiva, para que se lhe alterem os raios mentais. Verificada seme-
lhante metamorfose, esboçam-se-lhe, na aura ou fulcro energético,
formas-pensamentos, por vez es em compl eto de sacordo com o
programa traçado no P lano S uperior, ao m esmo tem po que peri-
gos consi deráveis assoma m na esfera do serv iço a fazer, de v ez
que a transform ação das ondas m ediúnicas imprime novo rum o à
força exteriorizada, que, desse modo, em certas ocasiões, pode ser
manuseada por entidades desencarnadas, positivamente inferiores,
famintas de sensações do campo físico.
Em tais sucessos, pe rturbações vari adas podem ocorrer, de-
sencorajando experiências magnificamente encetadas.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 111

Médiuns e assistentes
Todavia, é imperioso anotar que não somente o fulcro m ental
do médium intervém nas atividades em grupo.
Cada as sistente aí com parece com as os cilações q ue lh e s ão
peculiares, t angenciando a esfera m ediúnica em ação, e, se os
pensamentos com que interf ere nesse cam po diferem dos objeti-
vos traçados, com facili dade se erige, ig ualmente, em fator alter-
nante, por insinuar-se, de m odo indesejável, nos agentes de com -
posição da obra espe rada, im pondo desequilí brio a o conj unto,
qual acontece ao instrumento desafinado numa orquestra comum.
Disso decorrem os em baraços graves para o co ntinuísmo efi-
ciente dos agrupamentos que se formam, na Terra, para as chama-
das tarefas de materialização.
Se as en tidades espirituais sensatas e nob res estão dependen-
tes da faixa de ondas mentais do médium, para a condução correta
das forças ectoplasmáticas dele exteriorizadas, o médium depende
também da influência elevada dos circunstantes, para sustentar-se
na harmonia ideal.
É por isso que, se o m edianeiro tem o espírito parcialmente
desviado da me ta a ser atingida, sem dificuldade se rende, invigi-
lante, às so licitações dos acompanhantes encarn ados, quase sem -
pre i mperfeitamente habili tados pa ra os com etimentos em vista,
surgindo, então, as fraudes inconscientes, ao lado de perturbações
outras d e q ue s e queix am, aliás in consideradamente, o s m etapsi-
quistas, pois lidando com agen tes mentais, lon ge aind a de serem
classificados e catalog ados em sua natureza, não podem aguardar
equações imediatas como se lidassem com simples números.

Lei do Campo Mental


Lamentam-se amargamente os m etapsiquistas de que a m aio-
ria dos fenôm enos m ediúnicos se encontram eivados de obscuri-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 112

dades e extr avagâncias, e que, por i sso me smo, a doutr ina da


sobrevivência, para eles, se mostra repleta de impossibilidades.
Estabelecem exigências e, depois de atendidos, acusam a ins-
trumentação medi anímica de cri ar personal idades i maginárias;
exageram a função dos cham ados pod eres in conscientes da v ida
mental, estranhando que a força psíquica, como recurso mediador
entre encarnad os e d esencarnados, não procede na balança da
observação humana à maneira, po r exemplo, das combinações do
cloro com o hidrogênio.
Com referência ao as sunto, é imperioso salientar que se des-
conhece ainda, no m undo, a Lei do Cam po Mental, que rege a
moradia energética do E spírito, segundo a qual a cr iatura consci-
ente, seja onde for no Universo, apenas assimilará as influências a
que se afeiçoe.
Cada m ente é com o se fora um m undo de per si, respirando
nas ondas criativas que despede – ou na psicosfera em que gravita
para e sse ou a quele obj etivo s entimental, conform e os próprios
desejos –, sem o que a lei de responsabilidade não subsistiria.
Um médium, ainda mesmo nas mais altas situações de amné-
sia cerebral, do ponto de vista fi siológico, não está inconsciente
de todo, na faixa da realidade espiritual, e ag irá sempre, nunca à
feição de um autômato perfeito, mas na posição de um a consciên-
cia limitada às possibilidades próprias e às disposições da própria
vontade.

Futuro dos fenômenos físicos


No entanto, devemos declarar que conhecemos, em vários pa-
íses, al guns c írculos de a ção e spiritual nos qua is a si nergia das
oscilações m entais entre m édiuns, ass istentes e en tidades des en-
carnadas se ergu e a níveis convenientes , facultando acontecimen-
tos de profunda significação, nas províncias do espírito, não obs-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 113

tante, até certo po nto, servirem apen as com o índ ice de pod er
mental ou de sim ples inform ações s em ma ior p roveito pa ra a
Humanidade, tal o m ecanismo co mpreensivelmente fech ado em
que se encerram.
A ciência humana, porém, caminha na direção do porvir.
A nós, os Espíritos desencarnados, interessa, no plano extrafí-
sico, m ais am pla su blimação, para qu e façam os ajus tamento d e
determinados pr incípios me ntais, com r espeito à execução de
tarefas específicas.
E aos en carnados interessa a ex istência em plano moral mais
alto para qu e def inam, com exatid ão e p ropriedade, a su bstância
ectoplasmática, analis ando-lhe os com ponentes e protegendo-lhe
as manifestações, de modo a oferecerem às Inteligências S uperio-
res m ais seguros cabe dais de tr abalho, e quacionando-se, com os
homens e para os homens, a prova inconteste da imortalidade.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 114

18
Efeitos intelectuais
Nas ocorrências cotidianas
No estudo da m ediunidade d e efeitos in telectuais, pod emos
invocar as oc orrências coti dianas par a il ustrar a noss a c onceitua-
ção de maneira simples.
Basta exam inar o hábito, com o cristalização do ref lexo con-
dicionado específico, pa ra encon trá-la, a cada ins tante, n os p ró-
prios encarnados entre si.
Tomemos o hom em moderno buscando o jornal da manhã, e
vê-lo-emos procurando o setor do noticiário com que m ais sinto-
nize.
Se os ne gócios ma teriais l he definem o cam po de interesses
imediatos, assimilará, automaticamente, todos os as suntos comer-
ciais, em itindo oscilações cond icionadas aos pregões e avisos
divulgados.
Formará, então, largos racioc ínios sobre o m elhor m odo de
amealhar o s lu cros po ssíveis e, se o co metimento d emanda a
cooperação de alguém , buscá-lo-á, incontinenti, na pessoa de um
parente ou afeiçoado que lhe partilhe as visões da vida.
O sócio potencial de aventura ou vir-lhe-á as alegações e, m e-
canicamente, absorver-lhe-á os pensamentos, passando a incorpo-
rá-los na onda que lh e seja própria, mentalizando os problemas e
realizações previstos, em termos análogos.
Cada um de per si f alará na ação em perspectiva, com impul-
sos e resoluções individuais, embora a idéia fundamental lhes seja
comum.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 115

Pelo reflexo condicionado específico, haurido atr avés da im-


prensa, ambos produzirão raios mentais, subordinados ao tema em
foco, comunicando-se intimamente um com o outro e partindo no
encalço do objetivo.
Suponhamos, porém, que o leitor se decida pelos fatos polici-
ais.
Avidamente procurará os su cessos mais la mentáveis e, finda
a voluptuosa seleção dos crimes ou desastres apre sentados, esco-
lherá o mais impressionante aos próprios olhos, para nele concen-
trar a atenção.
Feito isso, começará exteriori zando na onda m ental caracte-
rística os q uadros terr ificantes qu e lhe n ascem do cérebro, plas-
mando a sua própria versão, ao redor dos fatos ocorridos.
Nesse estad o d e ân imo, atrairá co mpanhias s impáticas qu e,
em lhe escutando as conjeturas, passarão a cunhar pensamentos da
mesma natu reza, ass ociando-se-lhe à m aneira ín tima de v er, não
obstante cada um se mostre em campo pessoal de interpretação.
Daí a in stantes, se as formas-pensamentos fossem visíveis ao
olhar hum ano, os comentaristas contemplariam no próprio agru-
pamento o fluxo tóxico de im agens deploráveis, em torno da
tragédia, a lh es nascerem da mente no re gime da s re ações e m
cadeia, es praiando-se n o rum o de outras m entes interessadas no
acontecimento infeliz.
E, po r vezes, s emelhantes c onjugações de onda s des equili-
bradas culminam em grandes crimes públicos, nos quais Espíritos
encarnados, em desvario, pelas idéias doentes que permutam entre
si, se an tecipam às manifestações da just iça h umana, ef etuando
atos de extrem a ferocidade, em canibalismo franco, atacados de
loucura c oletiva, par a, ma is ta rde, r esponderem à s s ilenciosas
argüições da Lei D ivina, cada qual na m edida da colaboração
própria, no que se refere à extensão do mal.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 116

Mediunidade ignorada
Na pauta do reflexo condicio nado específico, surpreendemos
também vícios diversos, tão vulgares na vida social, como sejam a
maledicência, a cr ítica sistemática, os abus os da alimentação e os
exageros do sexo.
Esse ou aquele Espírito encarnado, sob o disfarce de um título
honroso qualquer, lança o m otivo inconveniente numa reunião o u
conversação, e q uantos lhe aderem ao mote passam a lançar osc i-
lações m entais n o pl ano m enos digno que lh es di ga re speito,
plasmando form as-pensamentos es tranhas, ent re as quai s per ma-
nece o conjunto em com unhão tem porária, do qual cada um se
retira exp erimentando excitação d e natureza inferi or, à ca ça de
presa para os apetites que manifeste.
Como é fácil reconhecer, cada qual foi apenas influenciado de
acordo com as su as inclinaçõ es, mas d ebita a si p róprio o s erros
que venha a perpetrar, conform e a onda m ental que deit ou de si
mesmo.
Tais n otas ajud am a co mpreender os m ecanismos da m ediu-
nidade de efeitos intelectuais em que encarnados e desencarnados
se associam nas m anifestações da chamada metapsíquica subjeti-
va.
Qual se observa nos ef eitos físicos, a ecl osão da força psíqui-
ca nos efeitos intelectuais pode surgir em qualquer idade f isioló-
gica, verificando-se, muita vez, a simbiose entre a entidade desen-
carnada e a entidad e encarnad a d esde o renas cimento d essa ú lti-
ma, pela ocorrência da conjugação de ondas.
Em todos os continentes, pode mos encontrar m ilhões de pes-
soas em tarefas dignas ou menos dignas – mais destacadamente os
expositores e artis tas da palav ra, na tri buna e na pena, como veí-
culos mais constantemente acessíveis ao p ensamento – s enhorea-
das por Espíritos de senfaixados do liam e físico, atendendo a
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 117

determinadas obras ou infl uenciando pessoas para fins superiores


ou inferiores, em largos processos de mediunidade ignorada, fatos
esses vulgares em todas as épocas da Humanidade.

Mediunidade disciplinada
Imaginemos que certa personalidade se disponha a disciplinar
as energias medianímicas, segundo os m oldes morais da Doutrina
Espírita, c ujos post ulados s e de stinam a sol ucionar, tã o simpl es-
mente quanto possível, todos os problemas do destino e do ser.
Admitida ao cír culo da atividad e espiritual, recolherá na ora-
ção o ref lexo condicionado específ ico para exteri orizar as oscil a-
ções m entais próprias, no rum o da entidade de sencarnada que
mais de perto lhe comungue as ideações.
Decerto que, nos serviços de intercâmbio, experimentará lar-
go período de vacilações e dúvidas, porquanto, morando no centro
das próprias em anações e recolhendo a infl uenciação do plano
espiritual – com que, m uitas vezes, j á se en contra i nconsciente-
mente auto matizada –, a prin cípio supõ e qu e as ond as m entais
alheias incorporadas ao campo de seu Espírito não sejam mais que
pensamentos arrojados do próprio cérebro.
Ilhado no fulcro da consciên cia, d e aco rdo com a Lei do
Campo Mental que especifica obrigações para cada ser guindado à
luz da razão, habitualmente se tortura o medianeiro, perguntando,
imponderado. se não de ve interrom per o ch amado “desenvolvi-
mento mediúnico”, já que não cons egue, de imediato, discernir as
idéias que lhe p ertencem das id éias que pertencem a ou trem, sem
aperceber-se de que ele próprio é um Espírito responsável, com o
dever de resguard ar a própria vi da me ntal e de e nriquecê-la c om
valores mais elevados pela aquisição de virtude e conhecimento.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 118

Passividade mediúnica
Se o m édium consegue transpor , valoroso, a f aixa de hesita-
ções pueris, entendend o que im porta, acim a de tudo, o bem a
fazer, p rocura ofertar a reta co nduta, no ref lexo condicionado
específico da pr ece, à Es piritualidade Superi or, e passa, então, a
ser objeto da confiança dos B enfeitores desencarnados que lhe
aproveitam as cap acidades no amparo aos semelhantes, dentro d o
qual assimila o amparo a si mesmo.
Quanto mais se lhe acentu em o ap erfeiçoamento e a abn ega-
ção, a cultura e o desinteresse, mais se lhe sutilizam os pensamen-
tos e, com is so, m ais s e lh e ag uçam as percepçõ es m ediúnicas,
que se elevam a maior demonstração de serviço, de acordo com as
suas disposições individuais.
Com base no m agnetismo enobr ecido, os inst rutores de sen-
carnados influenciam os mecanismos do cérebro p ara a fo rmação
de certos f enômenos, com o acont ece ao s m usicistas qu e tang em
as cordas do piano na produção da me lodia. E a ssim c omo a s
ondas sonoras se asso ciam na m úsica, as ondas m entais se con ju-
gam na expressão.
Se o instrumento oferece male abilidade mais avançada, mais
intensamente específico aparece o toque do artista.
Nessa base, identificamos a ps icografia, desde a estritam ente
mecânica até a in tuitiva, a in corporação em graus d iversos d e
consciência, as inspirações e premonições.

Conjugação de ondas
Vemos que a conjugação de onda s m entais surg e, p resente,
em todos os fatos mediúnicos.
Atenta ao reflexo condicionado da prece, nas reuniões doutri-
nárias ou n as experiências psíquicas, a m ente do m édium passa a
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 119

emitir as oscilações que l he são próprias, às quais s e en trosam


aquelas da entidade comunicante, com vistas a certos fins.
É natural, dessa forma, que as dificuldades da filtragem me-
diúnica s e façam , às v ezes, ex tremamente prepo nderantes, po r-
quanto, se não há riqu eza de m aterial in terpretativo no ful cro
receptor, as ma is vi vas ful gurações a ngélicas pa ssarão des perce-
bidas para quem as procura, com sede da luz do Além.
Cabe-nos recon hecer qu e, ex cetuados os cas os esp eciais, em
que o m edianeiro e a entid ade es piritual se comp letam d e mo do
perfeito, na maioria das circunstâncias, apesar da integração men-
tal profunda entre um e outro, qu ase toda a exteriorização fisioló-
gica no intercâm bio pertence ao médium, cujos traços caracterís-
ticos, via de re gra, as sinalarão as m anifestações até q ue a força
psíquica da Humanidade se mostre mais intrinsecamente aperfei-
çoada, para mais aprimorada evidência do Plano Superior.

Clarividência e clariaudiência
Idêntico mecanismo preside o s fenômenos da clariv idência e
da cla riaudiência, porqua nto, pe la a ssociação a vançada dos r aios
mentais entre a entidad e e o m édium dotado de m ais amplas per-
cepções visuais e au ditivas, a v isão e a au dição se fazem diretas,
do recinto exterior para o campo íntim o, graduando-se, contudo,
em expressões variadas.
Escasseando os recursos ultra-sensoriais, surgem nos médiuns
dessa categoria a v idência e a au dição internas, m ais entranhada-
mente radicadas na conjugação de ondas.
Atuando sobre os raios m entais do medianeiro, o desencarna-
do transmite-lhe quadros e im agens, valendo-se dos centros autô-
nomos da visão profunda, localiz ados no diencéfal o, o u lhe co -
munica vozes e sons, utilizando-se da cóclea, tanto m ais perfeita-
mente q uanto m ais intensam ente se verif ique a com plementação
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 120

vibratória nos quadros de freqüência das ondas, oc orrências essas


nas quais se afig ura ao médium possuir um espelho na intim idade
dos olhos ou uma caixa acústica na profundez dos ouvidos.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 121

19
Ideoplastia
No sono provocado
Para ma ior c ompreensão de qualquer fe nômeno da transmis-
são m ediúnica, não nos será lícito esquecer a i deoplastia, pel a
qual o pensam ento pode m aterializar-se, cr iando for mas que
muitas vezes se revestem de longa duração, conforme a persistên-
cia da onda em que se expressam.
Entendendo-se que os poderes mentais são inerentes tanto às
criaturas desencarnadas quanto às e ncarnadas, é na tural que os
elementos p lásticos e o rganizadores da id éia se ex teriorizem dos
médiuns, com o tam bém dos co mpanheiros que lhes com ungam
tarefas e ex periências, es tabelecendo-se proble mas espontâneos,
cuja solução reclama discernimento.
Para clarear o ass unto, recordemos o circu ito de forças exis-
tente entre magnetizador e magnetizado, no sono provocado.
Se o prim eiro sugere ao segun do a ex istência de determinada
imagem, em certo local, de imediato a mente do “sujet”, governa-
da pelo toque positivo que a orienta, concentrará os próprios raios
mentais no ponto indicado, aí plasm ando o qua dro sugerido,
segundo o princípio da reflexão, pelo qual, como no cinematógra-
fo, a projeção de cenas repetidas mantém a estabilidade transitória
da imagem, com o movimento e som respectivos.
O hipnotizado contem plará, en tão, o de senho e stabelecido,
nas menores particularidades de tessitura, e se o hipnotizador, sem
preveni-lo, lhe coloca u m espel ho à frente, o sens itivo p ara log o
demonstra insopitável assom bro, ao f itar a gravu ra em dup la
exibição, p orquanto a im agem refletida p arecer-lhe-á tão real
quanto a outra.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 122

Emprega-se comumente a palav ra “alucinação” para desi gnar


tal fenômeno; contudo, a def inição não é p raticamente segura, de
vez que na ocorrência não entra em jogo o devaneio ou a ilusão.
Qual acontece nos es petáculos d a telev isão, em que a cena
transmitida é essencialmente real, através da conjugação de ondas,
o quadro entretecido pela m ente do m agnetizado, ao influxo do
magnetizador, é fundam entalmente verdadeiro, segundo análogo
princípio, porque, fa zendo convergir, em cert a região, as oscila-
ções do pr óprio Espírito, o hi pnotizado cria a gr avura sugerida,
imprimindo-lhe vitalidade corres pondente, à forç a da pe rcussão
sutil, pela qual a tela se estrutura.
O acontecimento, corriqueiro aliás, dá noções exatas da ideo-
plastia em todas as ativ idades mediúnicas comandadas por inves-
tigadores em que a exigência alcança as raias da presunção.
Multiplicando instâncias, além da fiscalização compreensível
e justa, não se precatam de que se transformam em hipnotizadores
incômodos, ao invés de estudiosos equilibrados, interferindo no
circuito de energias m antido en tre o benf eitor desencarnado e o
servidor encarnado, obstando, assim , a realização de program as
do P lano S uperior, com vistas à identificação e rev elação da
Espiritualidade Maior.

Nos fenômenos físicos


Nas sessões de efeitos f ísicos, ante as en ergias ectoplasmáti-
cas exteriorizadas no curso das tarefas em vias de efetivação pelo
instrutor espiritual, se o experim entador humano formula essa ou
aquela reclam ação, eis que a m ente m ediúnica, qu al o corre ao
“sujet”, na hip nose artificial, se deixa em polgar pela ordem rece-
bida, em itindo a própria onda m ental, não mais no sentido de
atender ao am igo desencarnado qu e d irige a ação em foco, m as
sim para satisfazer ao pesquisador no campo físico.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 123

Daí porque, apreendendo, com mais segurança, as necessida-


des do m édium e respeitando-as co m o elev ado critério d e quem
percebe a com plexidade do serv iço em desenvolvim ento, as enti-
dades indulgentes e sábias se retraem na experiência, mantendo-se
em guarda para proteger o conjunto, à maneira de professores que,
dentro das suas possibilidades, se colocam na posição de sentine-
las quando os alunos abandonam os objeti vos enobrecedores da
lição, a pervagarem no terreno de caprichos inconseqüentes.

Interferências ideoplásticas
Mentalizemos o orientador desencarnado, numa sessão de ec-
toplasmia regu larmente controlada, quando es teja constituindo a
forma de u m braço co m os recu rsos exteriorizados do médium , a
planejar maior desdobramento do trabalho em curso. Se, no me s-
mo instante, o experimentador terrestre, tocando a forma tangível,
solicita, por exem plo: – “um a pulseira, quero um a pulseira no
braço” – , d e im ediato a m ente do m édium recolh e o im pacto da
determinação e, em vez de pr osseguir sob o contr ole benevolente
do operador desencarna do, passa a obedecer ao investigador
humano, centralizando, de m odo inconveniente, a própria onda
mental induzida sobre o braço já parcialmente m aterializado, a í
plasmando a pulseira, nas condições reclamadas.
Surgida a interf erência, o s erviço da Esf era E spiritual sof re
enorme d ificuldade d e ação, d iminuindo-se o prov eito da assem-
bléia encarnada.
E, na me sma pa uta, r equerimentos fúteis e p edidos deso rde-
nados dos circunstante s pr ovocam ocorrê ncias i deoplásticas de
manifesta inco ngruência, b aixando o teor das m anifestações, po r
viciarem a m ente m ediúnica, liga ndo-a à inf luência d e agen tes
inferiores que, não raro, passam a atuar com manifesto desprestí-
gio dos projetos de sublim ação, a pri ncípio a calentados pel o
conjunto de pessoas irmanadas para o intercâmbio.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 124

Mediunidade e responsabilidade
Decerto não invocamos o relaxamento para o governo das re-
uniões de ectoplasmia, nem endossamos a irresponsabilidade.
Recordamos simplesmente que a b ancarrota de m uitos círcu-
los organizados para o trato dos efeitos físicos e, notadam ente, da
materialização, se deve à própria incúria ou impertinência daque-
les que os constituem, na maioria das vezes indagadores e pedin-
chões i nveterados que de scambam, i mperceptivelmente, pa ra a
leviandade, comprometendo a obra ideada para o bem , porquanto
interpõem o s m ais es tranhos r ecursos n a ed ificação program ada,
provocando enganos ou fraudes inconscientes e in tervenções
menos desejáveis em resposta à irresponsabilidade deles mesmos.

Em outros fenômenos
Idênticos fenôm enos co m a ideo plastia por base são com uns
na fo tografia trans cendente, em seus vários tipos , porque, se o
instrumento m ediúnico e acom panhantes n ão dem onstram m ais
alta compreensão dos atributos que lhes cabem na mediação entre
os dois planos, prepond erando com a fo rça de suas p róprias osci-
lações mentais sobre as energias exteriorizadas, perde-se, como é
natural, o asc endente da Es fera Superior, que sulc aria a exper iên-
cia com o selo de su a presença ilum inativa, im pondo-se-lhe tão
somente a m arca dos encarn ados inq uietos, aind a in capazes d e
formar o cam po indispensável à receptividade dos ag entes de
ordem mais elevada.
Na mediunidade de efeitos in telectuais, a ideo plastia assume
papel extremamente importante, porque certa classe de pensamen-
tos co nstantemente rep etidos sobre a m ente m ediúnica m enos
experimentada, pode constrangê-la a tom ar certas im agens, man-
tidas pela onda m ental persistente, com o situações e personal ida-
des reais, tal qual uma criança que acreditasse estar contemplando
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 125

essa pai sagem ou a quela pe ssoa, t ão só por ver -lhes o r etrato


animado num filme.

Na mediunidade aviltada
Onde os agentes ideoplásticos assumem caráter dos m ais sig-
nificativos desde épocas im emoriais no m undo, é justam ente nos
círculos do magismo, dentro dos quais a mediunidade rebaixada a
processos inferiores de manifestação se deixa aprisionar por seres
de posição primitiva ou por Inteligências de gradadas que cunham
idéias escravizantes para quantos se permitem vampirizar.
Aceitando s ugestões de primentes, quantos s e en tregam ao
culto da m agia av iltante arrem essam de si p róprios as im agens
menos dignas a que se vinculam , engendrando ta bus dos quais
dificilmente se desv encilham, à fa ce do terror que lhes instila o
demorado cativeiro às forças da ignorância.
Submetida a mente a idolatria desse jaez, passa a m anter, por
sua própria conta, os agentes com que se tortura, tanto mais inten-
samente quanto mais extensa se lhe revele a sensibilidade recepti-
va, porque, com m ais alevantado poder de plasm agem m ental, a
criatura mais facilmen te gera, para si m esma, tanto o bem que a
tonifica quanto o mal que a perturba.
E não se diga que o assunto vige preso a mero entrechoque de
aparências, de vez que a sugest ão é poder inc onteste, ligando a
alma, de maneira inequívoca, às criações que lhe são iner entes no
mundo íntim o, obrigando-a a recolher as result antes da treva ou
da luz a que se afeiçoe.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 126

20
Psicometria
Mecanismo da psicometria
Expondo algumas anotações em torno da ps icometria, consi-
derada nos c írculos me dianímicos por faculdade de pe rceber o
lado oculto do am biente e de ler im pressões e l embranças, ao
contacto d e ob jetos e docum entos, nos dom ínios da sensação a
distância, não é dema is t raçar sint éticas obser vações acer ca do
pensamento, que varia de criatura para criatura, tanto quanto a
expressão fisionômica e as marcas digitais.
Destacaremos, assim, que, em certos indivíduos, a onda m en-
tal a ex pandir-se, q uando em reg ime de “circuito fechado”, n a
atenção profunda, carreia consigo agentes de percepção avançada,
com capacidade de transportar os sentidos vulgares para além do
corpo físico, no estado natural de vigília.
O fluido nervoso ou força psíqui ca, a desarticular-se dos cen-
tros vitais, incorpora- se aos rai os de ener gia ment al ext erioriza-
dos, neles conf igurando o cam po de p ercepção q ue s e deseje
plasmar, segundo a dileção da vo ntade, conf erindo ao Espírito
novos poderes sensoriais.
Ainda aqui, o fenôm eno pode se r ap reendido, guardando-se
por base de observação as expe riências do hipnotism o com um,
nas quais o sensitivo – muitas vezes pessoa em que a força nervo-
sa está mais fracamente aderida ao carro fisiológico – deixa esca-
par com fa cilidade es sa me sma fo rça, qu e p assa, d e pro nto, ao
impacto espiritual do magnetizador.
O hipnotizado, na profu ndez da hipnose, po de, então, libertar
a sensibilidade e a m otricidade, transpondo as limitações conheci-
das no cosmo físico.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 127

Nestas oc orrências, s ob a s ugestão do m agnetizador, o “su-


jet”, com a energ ia men tal d e qu e dispõe, desassocia o fluido
nervoso de c ertas re giões do veíc ulo c arnal, pas sando a r egistrar
sensações fora do c orpo denso, em local sugerido pelo hipnotiza-
dor, ou impede que a mesma força circule em certo membro – um
dos braços por exem plo –, que se faz prati camente ins ensível
enquanto perdu re a ex periência, até q ue, ao toq ue p ositivo d a
vontade do m agnetizador, ele m esmo reconduza o pr óprio pensa-
mento revitalizante para o braço inerte, restituindo -lhe a energia
psíquica temporariamente subtraída.

Psicometria e reflexo condicionado


Nas pessoas do tadas de forte se nsibilidade, bast a o r eflexo
condicionado, por interm édio da oração ou da centr alização de
energia m ental, para que, por si m esmas, desloquem mecanica-
mente a força n ervosa co rrespondente a esse ou àquele centr o
vital do organism o fisiopsicossomático, entrando em relação com
outros impérios vibratórios, dos quais extraem o material de suas
observações psicométricas.
Aliás, é im perioso ponderar que semelhantes faculdades, ple-
namente evidenciadas nos portadores de sensibilidade mais exten-
samente extroversível, esboçam -se, de m odo potencial, em todas
as criatu ras, atrav és d as sen sações instintivas de si mpatia ou
antipatia com que se acolhem ou se repelem um as às outras, na
permuta incessante de radiações.
Pela reflexão, cada In teligência pressente, diante de outra, se
está sendo defrontada por algué m fa vorável ou nã o à dir eção
nobre ou deprimente que escolheu para a própria vida.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 128

Função do psicômetra
Clareando o assunto quanto possível, vam os encontrar no
médium de psicometria a individualidade que consegue desarticu-
lar, de m aneira au tomática, a fo rça nerv osa d e certo s nú cleos,
como, por exem plo, os da visão e da audição, tran sferindo-lhes a
potencialidade para as próprias oscilações mentais.
Efetuada a tran sposição, tem os a idéi a de que o medi aneiro
possui olhos e ouv idos a dis tância do env oltório denso, acrescen-
do, muitas vezes, a circunstância de que tal sensit ivo, por autode-
cisão, não apenas desassoci a os agentes p síquicos do s n úcleos
aludidos, mas também opera o desdobramento do corpo espiritual,
em processo rápido, acom panhando o m apa que se lhe traça às
ações no espaço e no tempo, com o que obté m, sem maiores em-
baraços, o montante de impressões e informações para os fins que
se tenha em vista.

Interdependência do médium
Como em qualquer atividade coletiva entre os homens, é for-
çoso convir que médium algum pode agir a sós, no plano comple-
xo da psicometria.
Igualmente, aí, o sensitivo está como peça interdependente no
mecanismo da ação.
E como é f artamente compreensível, se os com panheiros de-
sencarnados ou encarnados da oper ação a r ealizar não guar dam
entre si os ascendentes da harmonização necessária, claro está que
a onda mental do i nstrumento mediúnico somente em circunstân-
cias m uito esp eciais n ão se d eixará inf luenciar pelo s elem entos
discordantes, invalidando-se, de sse m odo, qualquer possibilidade
de êxito nos tentames empreendidos.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 129

Nesse campo, as fo rmas-pensamentos adq uirem fund amental


importância, porque to do objeto deliberadamente psicometrado já
foi alvo de particularizada atenção.
Quem apresenta ao p sicômetra um pertence de an tepassados,
na maioria das vezes já lhe invo cou a memória e, com isso, quan-
do não tenha atraído pa ra o objeto o intere sse afetivo, no Plano
Espiritual, terá desenhado mentalmente os seus traços ou qua dros
alusivos às reminiscências de que disponha, estabelecendo, assim,
recursos de i ndução par a que a s pe rcepções ult ra-sensoriais do
médium se lhe coloquem no campo vibratório correspondente.

Caso de desaparecimento
Noutro aspecto, im aginemos que de terminado o bjeto se ja
conduzido ao sensitivo para ser psicometrado, com vistas a certos
objetivos.
Para clarear a asserção, suponhamos que uma pessoa acaba de
desaparecer do quadro doméstico, sem deixar vestígio.
Buscas minuciosas são empreendidas sem resultado.
Lembra-se alguém de tomar-lhe um dos pertences de uso pes-
soal. Um lenço por exemplo.
A recordação é submetida a exame de um médium que reside
a longa distância, sem que informe algum lhe seja prestado.
O médium recolhe-se e, a brev e tempo, voltando da profunda
introspecção a que se entregou, descreve, co m m inúcias, a fisio-
nomia e o caráter do pr oprietário, reporta-se ao desaparecim ento
dele, ex plana so bre p equeninos in cidentes em torn o do cas o em
lide, esclarece que o dono desencarnou, de repente, e inform a o
local em que o cadáver permanece.
Verifica-se a exat idão de t odas as notas e, co mumente, atri-
bui-se ao psicômetra a autoria integral da descoberta.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 130

Entretanto, analisad o o ep isódio do Plano E spiritual, outras


facetas ele revela à visão do observador.
Desencarnado o amigo a q ue aludimos, afeições que ele p os-
sua na esfera extrafísi ca i nteressam-se em ajudá -lo, au xílio es se
que se estende, naturalmente, à s ua equipe doméstica. Pensamen-
tos agoniados daqueles que f icaram e pensam entos ansiosos dos
que residem na vanguarda do E spírito entrecruzam-se na procura
movimentada.
Alguém sugere a rem essa do lenço para inves tigações psico-
métricas e a solução aparece coroada de êxito.
Os en carnados v êem hab itualmente ap enas o sen sitivo q ue
entrou em função, m as se es quecem, não raro, da s Inteligências
desencarnadas que se lhe incorp oram à onda mental, fornecendo-
lhe todos os avisos e instruções, atinentes ao feito.

Agentes induzidos
Todos os objetos e am bientes psicometrados são, quase sem -
pre, francos mediadores entre a esfera f ísica e a esfera ex trafísica,
à maneira de agentes fortemente induzidos, estabelecendo fatores
de telementação entre os dois planos.
Nada difícil, portan to, entender que, ai nda aí. prev alece o
problema do merecimento e da companhia.
Se o consulente e o experimentador não se revestem de quali-
dades morai s re speitáveis par a o e ncontro do me lhor a obter ,
podem carrear à pres ença do s ensitivo elem entos desencarnados
menos afins com a tarefa sup erior a que se p ropõem e, se o in ter-
mediário humano não está espiritualmente seguro, a consulta ou a
experiência resulta em fracasso perfeitamente compreensível.
Nossas anotações, demonstrando o extenso campo da influen-
ciação dos desencarnados, em todas as ocorrências da psicom etri-
a, não excluem, como é natural, o reconhecimento de que a m até-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 131

ria assinala sistemas de vibrações, criados pelos contactos com os


homens e com os seres inferiores da Natureza, possibilitando as
observações in abituais das pessoas dotadas de poderes sensoriais
mais prof undos, com o por exem plo na vis ão, atr avés de c orpos
opacos, n a clarividên cia e n a cl ariaudiência telem entadas, na
apreensão críptica da sensibilidade e nos diversos recursos radies-
tésicos que se filiam notadamente aos chamados fenômenos de
telestesia.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 132

21
Desdobramento
No sono artificial
Enfileirando algum as anotaçõe s co m resp eito ao desdo bra-
mento da pe rsonalidade, c onsoante as nos sas r eferências a o hi p-
notismo c omum, r ecordemos ai nda o fenôm eno da hipnose pro-
funda, entre o magnetizador e o sensitivo.
Quem possa observar além do campo físico , re parará, à m e-
dida se af irme a ordem do hipn otizador, que se es capa abu ndan-
temente do tórax do “s ujet”, caído em transe, um vapor branqui-
cento que, em se condensando qual nuvem inesperada, se conver-
te, habitualmente à esquerda do corpo carnal, numa duplicata dele
próprio, quase sempre em proporções ligeiramente dilatadas.
Tal seja o poten cial mais am plo da von tade que o dirige, o
sensitivo, desligado da veste fí sica, passa a m ovimentar-se e,
ausentando-se m uita vez do recint o da experiência, atendendo a
determinações recebida s, pode efetuar apontam entos a longa
distância ou transmitir notícias, com vistas a certos fins.
Seguindo-lhe a ex cursão, vê-lo-emos, porém , constantemente
ligado ao corpo somático por fio tenuíssimo, fio este muito super-
ficialmente comparável, de certo modo, à onda do radar, que pode
vencer im ensuráveis d istâncias, voltando, inalterá vel, ao cen tro
emissor, não obstante saberm os que semelhante confronto resulta
de todo im próprio para o fenôm eno que estudam os no campo da
inteligência.
Nessa fa se, o pa ciente exe cuta as orde ns que rec ebeu, de sde
que não constituam de srespeito ev idente à su a dign idade m oral,
trazendo informes valiosos para as realidades do Espírito.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 133

Notemos que aí, enquanto o carro fisiológico se detém, resfo-


legante e im óvel, a in dividualidade real, em bora teleg uiada, ev i-
dencia ple na inte gridade de pe nsamento, t ransmitindo, de longe,
avisos e an otações atra vés dos órgãos vocais , em circu nstâncias
comparáveis aos im plementos d o alto-f alante, n um ap arelho
radiofônico.
À s emelhança do fl uxo e nergético da circulação sanguínea,
incessante no c orpo denso, a onda mental é inestanc ável no Espí-
rito.
Esmaecem-se as im pressões n ervosas e do rme o cé rebro de
carne, mas o coração prossegue ativo, no envoltório somático, e o
pensamento vibra, constante, no cérebro perispirítico.

No sono natural
Na maioria das situações, a criatura, ainda extremamente apa-
rentada co m a anim alidade prim itivista, tem a m ente com o que
voltada para si m esma, em qual quer e xpressão de de scanso, t o-
mando o sono para claustro remançoso das impressões que lhe são
agradáveis, qua l cria nça que , à solta, procura sim plesmente o
objeto de seus caprichos.
Nesse ensejo, configura na onda mental que lhe é característi-
ca as imagens com que se acalenta, sacando da memória a visuali-
zação dos próprios de sejos, im itando alguém que im provisasse
miragens, na antecipação de acontecimentos que aspira a concre-
tizar.
Atreita ao narcisism o, tão logo demande o sono, quase sem -
pre se detém justaposta ao veículo físico, como acontece ao con -
dutor que repousa ao pé do carro que diri ge, en tregando-se à
volúpia m ental com que alim enta os própri os im pulsos af etivos,
enquanto a máquina se refaz.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 134

Ensimesmada, a alm a, usando os recursos da vi são profunda,


localizada nos fulcros do diencéfalo, e plenamente desacolchetada
do corpo carnal, por te mporário desnervam ento, nã o ape nas s e
retempera nas telas ment ais com que preliba satisfações distantes,
mas experimenta de igual m odo o resultado dos pr óprios abusos,
suportando o des conforto da s vís ceras inju riadas p or ele m esmo
ou a inquietude dos órgãos que desrespeita, quando não padece a
presença d e rem orsos constrangedores, à fa ce dos atos reprová-
veis que pratica, po rquanto ni nguém s e l ivra, no próprio pensa-
mento, dos reflexos de si mesmo.

Sono e sonho
Qual oc orre no a nimal de e volução s uperior, no home m de
evolução pos itivamente i nferior o de sdobramento da i ndividuali-
dade, por interm édio do sono, é quase qu e abso luto es tágio d e
mero refazimento físico.
No prim eiro, em que a ond a m ental é s implesmente f raca e-
missão de f orças fragmentárias, o sonho é puro re flexo das ativi-
dades f isiológicas. N o segundo, em que a onda m ental está em
fase iniciante de expansão, o sonho, por m uito tempo, será invari-
ável ação reflexa de seu próprio mundo consciencial ou afetivo.
Evolui, no enta nto, o pens amento na criatura que amadurece,
espiritualmente, através da repercussão.
Como no caso do sensitivo que, fora do envoltório f ísico, vai
até ao local sugerido pelo m agnetizador, tom ando-se a ordem
determinante da hipnose artifici al pel o reflexo condicionado que
lhe comanda as idéias, a criatura na hipnose natural, fora do veí -
culo som ático, possui no próprio desejo o reflexo c ondicionado
que lhe cir cunscreverá o âmbito da ação além da ro upagem fisio-
lógica, al ongando-se até ao local em que se lhe vincula o pensa-
mento.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 135

O homem do cam po, no repouso f ísico, supera os fenômenos


hipnagógicos e volta à gleba que sem eou, contem plando aí, em
Espírito, a plantação que lhe recolhe o carinho; o artista regressa à
obra a q ue se co nsagra, m entalizando-lhe o ap rimoramento; o
espírito maternal se aco nchega ao pé dos filhinhos que a v ida lhe
confia, e o delinqüente retorna ao lugar onde se encarcera a dor do
seu arrependimento.
Atravessada a faixa das cham adas imagens eutópticas, exteri-
orizam de s i m esmos o s q uadros m entais p ertinentes à a tividade
em que s e con centram, com os q uais an gariam a atenção d as
Inteligências des encarnadas que c om eles se afinam , recolhen do
sugestões para o tr abalho em que se em penham, muito embora, à
distância d a ves te som ática, fre qüentemente procedam ao m odo
de crian ças con duzidas ao am biente de pessoas adultas, manten-
do-se ent re as idéi as super iores que recebem e as id éias infan tis
que lhes são próprias , do que resulta, na maioria das ve zes, o
aspecto caó tico d as rem iniscências que conseguem guardar, ao
retornarem à vigília.
Nesse estági o evolutivo, per manecem mi lhões de pessoas –
representando a faix a de ev olução m ediana da Hum anidade –
rendendo-se, cada dia, ao im positivo do sono ou hipnose natura l
de refazimento, em que se desd obram, mecanicamente, entrando,
fora do indum ento carnal, em si ntonia com as entidades que se
lhes revelam afins, tan to na ação construtiva do be m, q uanto na
ação deletéria do m al, entretecendo-se-lhes o cam inho da experi-
ência que lhes é necessária à sublimação no porvir.

Concentração e desdobramento
Quantos se entregam ao labor da arte, atraem, durante o sono,
as inspirações para a obra que realizam, compreendendo-se que os
Espíritos enobrecidos assimilam do con tacto com as In teligências
superiores os motivos corretos e brilhantes que lhes palpitam nas
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 136

criações, ao passo que as ment es sarcást icas ou c riminosas, p elo


mesmo processo, apropriam -se dos temas infelizes com que se
acomodam, aco rdando a iro nia e a irresp onsabilidade naq ueles
que se lhes ajustam aos pensamentos, pelo trabalho a que se dedi-
cam.
Desdobrando-se no sono vulgar , a criatura s egue o rum o da
própria concentração, procura ndo, aut omaticamente, fora do
corpo de carne, os obje tivos que se cas am com os seus in teresses
evidentes ou escusos.
Desse modo, mencionando apenas um exemplo dos contactos
a que aludim os, determ inado escrit or exporá i déias edi ficantes e
originais no que tange ao serviço do bem , induzindo os leitores à
elevação d e nív el m oral, ao pa sso que outro ex ibirá element os
aviltantes, alinhando escárnio ou lodo sutil com que corro mpe as
emoções de quantos se lhe entrosam à maneira de ser.

Inspiração e desdobramento
Dormindo o corpo denso, continua vigilante a onda mental de
cada um – presid indo ao sono ativo, quando registra no cérebr o
dormente as impressões do Espírito desligado das células físicas,
e ao sono passivo, quando a m ente, nessa condição, se desinteres-
sa, de todo, da esfera carnal.
Nessa posição, sintoniza-se com as oscilações de companhei-
ros desencarnados ou não, com as quais se harm onize, trazendo
para a vigília no carro de matéria densa, em forma de inspiração,
os resultados do in tercâmbio que levou a ef eito, porquanto rara-
mente con segue conscientizar as ativ idades q ue em preendeu n o
tempo de sono.
Muitos apelos do pla no terrestre são atendidos, integralmente
ou em parte, nessa fase de tempo.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 137

Formulado esse ou aquele pedi do a o c ompanheiro de sencar-


nado, habitualmente surge a resposta quando o s olicitante se acha
desligado do vaso f ísico. Entretanto, como nem sempre o cérebro
físico está em posição de fixar o encontro realizado ou a in forma-
ção recebida, os remanescentes da ação esp iritual, entre encarna-
dos e de sencarnados, pe rmanecem, naqueles Espíritos que ainda
se dem orem chum bados à Terra, à feição de quadros sim bólicos
ou de fragment árias remi niscências, quando não sejam na form a
de súbita intuição, a expressarem, de certa forma, o socorro parci-
al ou total que se mostrem capazes de receber.

Desdobramento e mediunidade
As ocorrências referidas vigem na conjugação de ondas men-
tais, porque apenas excepcionalm ente co nsegue a criatura encar-
nada desvencilhar-se de todas as amarras naturais a que se prende,
adstrita às conv eniências e n ecessidades de redenção ou evolução
que lhe dizem respeito.
É imperioso notar, porém, que considerável número de pesso-
as, p rincipalmente as q ue se ad estraram para ess e fim , ef etuam
incursões nos planos do Espírito, transformando-se, muitas vezes,
em preciosos in strumentos d os B enfeitores d a Es piritualidade,
como oficiais de ligação entre a esfera física e a esfera extrafísica.
Entre os m édiuns dessa categori a, su rpreenderemos tod os os
grandes mís ticos da fé , porta dores de val iosas obs ervações e
revelações para quantos se decidam marchar ao en contro da V er-
dade e do Bem.
Cumpre destacar, en tretanto, a im portância do estudo para
quantos se vejam cham ados a se melhante gê nero de se rviço,
porque, segundo a Lei do Cam po Me ntal, cada Espí rito som ente
logrará chegar, do ponto de vist a da compreensão necessária, até
onde se lhe paire o discernimento.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 138

22
Mediunidade curativa
Mente e psicossoma
Compreendendo-se o envoltório ps icossomático por te mplo
da alma, estruturado em bilhões de células a se caracterizarem por
atividade incessante, é natural imaginemos cada centro de força e
cada órgão por departamentos de trabalho, interdependentes entre
si, não obstante o caráter autônomo atribuível a cada um.
Semelhantes peças, no entanto, obedecem ao com ando m en-
tal, sediado no cérebro, que lh es mantém a coes ão e o equ ilíbrio,
por intermédio das oscilações inestancáveis do pensamento.
Temos, as sim, a s va riadas pr ovíncias cel ulares sofrendo o
impacto constante das radiações m entais, a lhes ab sorverem os
princípios de ação e reação dess e ou da quele teor, pelos quais os
processos da saúde e d a enfermidade, da harmonia e d a desarmo-
nia s ão a ssociados e des associados, c onforme a di reção que l hes
imprima a vontade.
Naturalmente não p odemos esqu ecer q ue o alim ento com um
garante a subs istência do corpo físico, através da perm uta contí-
nua de substâncias com a incessan te transformação de ener gia, e
isso acontece porque a força m ental conjuga substância e energ ia
na produção dos recurs os de apoio à existê ncia e dos elem entos
reguladores do metabolismo.
Além desses fatores, cabe- nos contar com os fatores m entais
para a sustentação de todos os ag entes da vida, que se fará dessa
ou daquela forma, segundo a qualidade desses mesmos ingredien-
tes.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 139

Conforme a integridade desses princípios, resultará a integri-


dade do poder mecânico da mente para a formação dos anticorpos
na intimidade das forças componentes do sistema sanguíneo.

Sangue e fluidoterapia
Salientando-se que o sistema hemático no corpo físico repre-
senta o conj unto das ener gias ci rculantes no corpo esp iritual o u
psicossoma, energias essas tom adas em princípio pela m ente,
através da respir ação, ao r eservatório incom ensurável do fluido
cósmico, é para ele q ue nos compete voltar a aten ção, no estudo
de qualquer processo fluidoterápico de tratamento ou de cura.
Relacionados com os centros ps icossomáticos, os variados
núcleos da vi da s anguínea pr oduzem a s gra ndes coleti vidades
corpusculares das hemáci as, dos leucócitos, trom bócitos, m acró-
fagos, linfócitos, histiócitos, pl asmócitos, monó citos e ou tras
unidades a se dividirem, inteligentemente, em famílias numerosas,
movimentando-se em trabalho constante, desde os fulcros gerado-
res do baço e da m edula óss ea, do fí gado e dos gâ nglios, a té o
âmago dos órgãos.
Fácil entender que todo desreg ramento de na tureza fís ica ou
moral faz-se refletir, de imediato, por reações mentais conseqüen-
tes, sobre as pr ovíncias celulares, determinando situações favorá-
veis ou desfavoráveis ao equilíbrio orgânico.
O pensamento é a força que, devidamente orientada, no senti-
do de garantir o nível das entidades celulares no reino fisiológico,
lhes faci lita a mi gração ou l hes a celera a m obilidade para certos
efeitos de preservação ou defens iva, seja na improvisação de
elementos com bativos e im unológicos ou na im pugnação aos
processos patogênicos, com a intervenção da consciência profun-
da.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 140

Deduzimos, sem dificuldade, que se é possível a hipnotização


da mente humana, com vistas a cer tos fins, com mais propriedade
operar-se-á a magnetização das en tidades corpuscu lares, para
efeitos determinados, no ajustamento das células.

Médium passista
Entendemos que a m ediunidade cu rativa s e reves te d a m ais
alta importância, desde que alicerçada nos sentimentos mais puros
da mais pura fraternidade.
É claro que não nos reportam os aos m agnetizadores que de-
senvolvem a s forç as que l hes sã o pec uliares, no tra to da sa úde
humana.
Referimo-nos, sim, aos intérpretes da E spiritualidade Superi-
or, consagrados à assi stência provi dencial aos enfer mos, par a
encorajar-lhes a ação.
Decerto, o estudo da constituição humana lhes é naturalmente
aconselhável, tanto qu anto ao al uno de enfer magem, embor a não
seja m édico, se recom enda a a quisição de conhecim entos do
corpo em si. E do m esmo modo que esse aprendiz de rudimentos
da Medicina precisa atentar para a ass epsia do seu quadro de
trabalho, o m édium pa ssista ne cessitará vi gilância no seu cam po
de ação, porquanto de sua higien e espirit ual resu ltará o reflexo
benfazejo naqueles que se propo nha so correr. Eis po rque se lh e
pede a su stentação d e hábitos no bres e ativid ades lim pas, com a
simplicidade e a hum ildade por alicerces no serviço de socorr o
aos doentes, de vez q ue semelhantes fatores func ionarão à manei-
ra do tungstênio na lâmp ada elétrica, suscetível de irradiar a força
da usina, produzindo a luz necessária à expulsão da sombra.
O inv estimento cu ltural am pliar-lhe-á os recurs os p sicológi-
cos, facilitando-lhe a recepção das ordens e avisos dos instrutores
que lhe propiciem am paro, e o as seio mental l he consolidar á a
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 141

influência, purif icando-a, além de do tar-lhe a p resença com a


indispensável au toridade m oral, capaz de i nduzir o enfermo ao
despertamento das próprias forças de reação.

Mecanismo do passe
Tendo mencionado o fenôm eno hipnótico em diversas passa-
gens de nossas anotações, a ele recorreremos, ainda uma vez, para
definir o me dianeiro do pas se ma gnético por autê ntico represen-
tante do magnetizador espiritual, à frente do enfermo.
Estabelecido o cli ma de confiança, qual acon tece entre o d o-
ente e o médico preferido, cria-se a ligação sutil entre o necessita-
do e o socorrista e, por sem elhante elo de forças, ainda im ponde-
ráveis no mundo, verte o auxílio da Esfera Superior, na m edida
dos créditos de um e outro.
Ao toqu e d a energ ia em anante do pass e, com a sup ervisão
dos benfeitores desencarnados, o próprio enf ermo, na pauta da
confiança e do m erecimento de que dá testem unho, em ite ondas
mentais características, assimilando os recursos vitais que recebe,
retendo-os na própria constituição fisiop sicossomática, atrav és
das várias funções do sangue.
O socorro, quase sem pre hesitante a principio, corporifica-se
à medida que o doente lhe confere atenção, porque, centralizando
as p róprias radiaçõe s sobre as províncias celulares d e que se
serve, lhes regula os movimentos e lhes co rrige a atividade, man-
tendo-lhes as m anifestações dentro de normas desejáveis, e, esta-
belecida a recom posição, volve a harm onia orgânica pos sível,
assegurando à me nte o ne cessário gover no do ve ículo e m que s e
amolda.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 142

Vontade do paciente
O processo de socorro pelo pass e é tanto mais eficiente quan-
to mais intensa se faça a ad esão daquele que lhe recolhe os bene-
fícios, de vez que a vo ntade do paciente, erguida ao lim ite máxi-
mo de aceitação, determ ina sobre si m esmo mais elev ados poten-
ciais de cura.
Nesse es tado de am bientação, ao influxo dos passes recebi-
dos, as o scilações m entais do enferm o se cond ensam, m ecanica-
mente, na direção do trabalho restaurativo, passando a sugeri-lo às
entidades celulares do veículo em que se expressam , e os milhões
de c orpúsculos do or ganismo fi siopsicossomático tendem a obe-
decer, instinti vamente, à s or dens re cebidas, sint onizando-se c om
os propósitos do comando espiritual que os agrega.

Passe e oração
O passe, com o gênero de auxí lio, inv ariavelmente ap licável
sem qua lquer contr a-indicação, é sempre valioso no tratamento
devido a os e nfermos de t oda c lasse, des de as c riancinhas t enras
aos pacientes em posição provecta na experiência física, reconhe-
cendo-se, no entanto, ser menos rico de resultados imediatos nos
doentes adultos que se m ostrem jungidos à in consciência tempo-
rária, por desajustes complicados do cérebro.
Esclareçamos, porém , que, em toda si tuação e em qual quer
tempo, cabe ao m édium passista buscar na prece o fio de ligação
com os plan os mais elevados da vida , porqua nto, at ravés da or a-
ção, contará com a presença sutil dos instrutores que atendem aos
misteres da Pr ovidência Divina, a lhe utilizarem os recursos par a
a extensão incessante do Eterno Bem.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 143

23
Animismo
Mediunidade e animismo
Alinhando apontamentos sobre a mediunidade, não será licito
esquecer algum as co nsiderações em torno do anim ismo ou con-
junto dos fe nômenos psí quicos produzidos com a co operação
consciente ou inconsciente dos médiuns em ação.
Temos a qui mui tas oc orrências que podem repontar nos f e-
nômenos me diúnicos de e feitos físi cos ou de e feitos i ntelectuais,
com a própria Inteligência enca rnada comandando manifestações
ou delas participando com diligência, numa demonstração de que
o corpo espiritual pode efetivamente desdobrar-se e at uar com os
seus recu rsos e im plementos ca racterísticos, como consci ência
pensante e organizadora, fora do carro físico.
A verificação de sem elhantes aconteciment os crio u en tre os
opositores da Doutrina Espírita as teorias de nega ção, porquanto,
admitida a poss ibilidade de o pr óprio Es pírito e ncarnado poder
atuar fora do traje fisiológico, apressaram-se os cépticos invetera-
dos a afirm ar qu e tod os os su cessos m edianímicos se reduzem à
influência de um a força nervosa que efetua, fora do corpo carnal,
determinadas açõ es m ecânicas e p lásticas, co nfigurando, aind a,
alucinações de variada espécie.
Todavia, os e stardalhaços e pa vores le vantados por es ses ar -
gumentos indébitos, ar redando para longe o otim ismo e a espe-
rança de tantas criaturas que co meçam confiantemente a iniciação
nos serviços da m ediunidade, não apresentam qualquer significa-
do substancial, porque é forç oso ponderar que os Espíritos desen-
carnados e encarn ados não s e f iliam a raças antagônicas que se
devam reencontrar em condições miraculosas.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 144

Semelhanças das criaturas


Somos necessariamente impelidos a reconhecer que, se os vi-
vos d a Terra e os v ivos do Além resp irassem clim as evo lutivos
fundamentalmente diversos, a com unicação entre eles resultaria
de todo impossível, pela impraticabilidade do ajuste mental.
Seres em desenvolvime nto para a vida et erna, uns e outros
guardam consigo, seja no plano ex tra-físico, preparando o retorno
ao campo terrestre, ou no plano fí sico, em direção à esfera espiri-
tual, facul dades adquir idas no vasto cam inho da experiên cia, as
quais lhes servirão de recursos à percepção no ambiente próximo.
Tem cada E spírito, em vias d e reencarnação, todos os meios
de que já se m uniu para contin uar no círculo dos encarnados o
trabalho de aperf eiçoamento que lhe é próprio, co nservando-os
potencialmente no feto, tanto quan to possui o Espírito encarna do
todas as possibilidades que já entesourou em si mesmo para pros-
seguir em suas atividades no Plano Espiritual, depois da morte.
Assinalada es sa o bservação, é fá cil anot ar que a criatur a na
Terra partilha, assim, até certo ponto, dos se ntidos que caracteri-
zam a c riatura de sencarnada, nas esferas i mediatas à experi ência
humana, conseguindo, às vezes, d esenfaixar-se do corpo denso e
proceder como a Inteligência desenleada do i ndumento carnal ou,
ainda, o bedecer aos ditam es do s E spíritos d esencarnados, com o
agente mais ou menos fiel de seus desejos.
Encontramos, ne ssa ba se, a eluci dação cla ra de mui tos dos
fenômenos do faquirismo vulgar, em que o Espírito encarnado, ao
desdobrar-se, pode pr ovocar, em relativo es tado de consciência,
certa classe de f enômenos f ísicos, enq uanto o co rpo carnal s e
demora na letargia comum.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 145

Obsessão e animismo
Muitas vezes, conform e as circunstâncias, qual ocorre no fe-
nômeno hipnótico isolado, pode ca ir a m ente nos estados anôm a-
los de sentido inferior, dom inada por forças retrógradas que a
imobilizam, tem porariamente, em atitudes e stranhas ou i ndesejá-
veis.
Nesse asp ecto, su rpreendemos m ultiformes proc essos de ob-
sessão, nos quais Inteligências desencarnadas de grande poder
senhoreiam vítimas in abilitadas à def ensiva, detendo-as, po r
tempo indeterm inado, em certos tipos de record ação, segundo as
dívidas cármicas a que se acham presas.
Freqüentemente, p essoas en carnadas, n essa m odalidade de
provação regeneradora, são encontráveis nas reuniões mediúnicas,
mergulhadas nos m ais com plexos estados em otivos, quais se
personificassem entidades outras, quando, na realidade, exprimem
a si m esmas, a em ergirem da su bconsciência nos trajes ment ais
em que s e ex ternavam nou tras ép ocas, sob o fasc ínio co nstante
dos desencarnados que as subjugam.

Animismo e hipnose
Imaginemos um sensitivo a qu em o magnetizador intencio-
nalmente fizess e recu ar até es se ou aqu ele m arco do pretérito ,
pela deliberada regressão da m emória, e o deixasse nessa posição
durante semanas, meses ou anos a fio, e teremos exata compreen-
são dos casos m ediúnicos em que a tese do anim ismo é cham ada
para a explicação nece ssária. O “suj et”, nessa experiência, decla-
rar-se-ia como sendo a personalidade invocada pelo hipnotizador,
entrando em conflito com a realid ade objetiva, mas não deixaria,
por isso, de ser ele mesmo sob controle da idéia que o domina.
Nas ocorrências várias da alie nação mental, encontramos fe-
nômenos assim tipificados, reclamando larga dos e de p aciência e
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 146

carinho, por quanto as víti mas de sses pr ocessos de fi xação nã o


podem ser catego rizadas à co nta d e m istificadores incons cientes,
pois representam, de fato, os agentes desencarnados a elas jungi-
dos por teias fluídicas de significativa expressão, tal qual acontece
ao sensitivo com um, m entalmente m odificado, na hipnose de
longo curso, em que demonstra a influência do magnetizador.

Desobsessão e animismo
Nenhuma justif icativa existe pa ra qualquer recusa no trato
generoso de pers onalidades me dianímicas pr ovisoriamente e sta-
cionadas em sem elhantes p rovações, d e v ez que s ão, em si p ró-
prias, Esp íritos sofred ores ou co nturbados qua nto quaisquer ou-
tros que se m anifestem, exigin do es clarecimento e s ocorro. O
amparo espontâneo e o auxílio genuinamente fraterno lhes reajus-
tarão as ondas mentais, concurso esse que se estenderá, inevitável,
aos com panheiros do pretérito qu e lhes assediem o pensam ento,
operando a reconstituição de c aminhos ret os par a os se nsitivos
corporificados na Terra, tão im portantes e tão nobres em sua
estrutura q uanto aqu eles qu e os dou trinadores encarnados s e
propõem traçar para os amigos desencarnados menos felizes.
Aliás, é preciso dest acar que o esforço da escola, seja el a o
recinto con sagrado à in strução p rimária ou a in stituto corretivo,
funciona co mo recu rso renovador da m ente, equilibrando-lhe as
oscilações para níveis superiores.
Não há novi dade a lguma no i mpositivo da ac olhida ma gnâ-
nima aos o bsessos dessa natureza, hipnotizados por forças que os
comandam espiritualmente, a distância.

Animismo e criminalidade
Os ma nicômios e as pe nitenciárias est ão r epletos de irm ãos
nossos obsidiados que, alcançando o ponto específico de suas
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 147

recapitulações do pretérito culposo, à falta de pr ovidências reedu-


cativas, na da ma is pude ram fa zer que re cair na l oucura ou no
crime, porque, em verdade, a alienação e a delinqüência, na maio-
ria das vezes, expressam a queda mental do Espí rito em r eminis-
cências de lutas preg ressas, à sem elhança do aluno que, voltando
à lição, co m recu rsos deficitári os, incorre lam entavelmente nos
mesmos erros.
O res surgimento de certas s ituações e a v olta d e m arcadas
criaturas ao nosso cam po de atividade, do ponto de vista da reen-
carnação, funcion am em noss a v ida íntima como ref lexos condi-
cionados, com provando-nos a capa cidade de s uperação de noss a
inferioridade, antigamente positivada.
Se estivermos desarmados de elementos morais suscetíveis de
alterar-nos a ond a mental para a assimilação de recursos superi o-
res, qu ase sem pre to rnamos à m esma pertu rbação e à m esma
crueldade que nos assinalaram as experiências passadas.
Nesse fe nômeno r eside a ma ior pe rcentagem da s ca usas de
insânia e crim inalidade em todos os setore s da civilização terres-
tre, porquanto é aí, nas chamadas predisposições mórbidas, que se
rearticulam velhos conflitos, arrasando os m elhores propósitos da
alma, sempre que descure de si mesma.
Convenhamos, p ois, qu e a taref a esp írita é ch amada, d e ma-
neira particular, a contribuir no aperfeiçoam ento dos im pulsos
mentais, favorecendo a solução de todos os problemas suscitados
pelo animismo. Através dela, são eles endereçados à esfera ilum i-
nativa da educação e do am or, para que os sensitivos, estagnados
nessa clas se de acon tecimentos, sejam devidam ente amparados
nos desajustes de que se vejam portadores, impedindo-se-lhes o
mergulho nas som bras da pertur bação e recu perando-se-lhes a
atividade para a sementeira da luz.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 148

24
Obsessão
Pensamento e obsessão
O estudo da obsessão, conjuga do à mediunidade, se realizado
em maior amplitude, abrangeria o exam e de quase toda a Hum a-
nidade terrestre.
Expressamos tal conceito, à face do pensamento que age e re-
age, carreando para o em issor to das as fecundaçõ es felizes ou
infelizes que arr emessa de si pr óprio, a de terminar par a c ada
criatura os estados psíquicos que variam segundo os tipos de
emoção e conduta a que se afeiçoe.
Enquanto se não aprim ore, é cer to que o Espírito padecerá,
em seu instrum ento de m anifestação, a resultante dos próprios
erros. Esses desajustes, como é na tural, não se limitam à comuni-
dade das células físicas, quando em disfunções múltiplas por força
dos agentes m entais v iciados e enfermiços; esten dem-se, m uito
especialmente, à constituição do co rpo espiritual, a ref letir-se no
cérebro ou gabinete com plexo da alma, aí ocasionando os diver-
sos sintomas de perturbação do campo encefálico, acompanhados
dos fenôm enos psico-sensoriais que produzem alucinações e
doenças da mente.

Perturbações morais
Não nos propom os analisar aqui as personalidades psicopáti-
cas, do p onto de v ista d a Ps iquiatria, n em focalizar as cham adas
psicoses de involução, ou as demências senis, claramente necessi-
tadas de orie ntação mé dica; r ecordaremos, contudo, que na reta-
guarda dos desequilíbrios m entais, se jam da id eação ou da afeti-
vidade, da atenção e da m emória, tanto quanto por trás de enfer-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 149

midades psíquicas clássicas, com o, por exem plo, as esquizofreni-


as e as parafren ias, as oligof renias e a para nóia, as psicoses e
neuroses de mul tifária expressão, permanecem as perturbações da
individualidade transviada do cam inho que as Leis Divinas lhe
assinalam à evolução moral. Enquanto se lhe mantém a internação
no instrum ento físico transitório, até cert o ponto el a consegue
ocultar no esconderijo da carne o s res ultados das p aixões e abu -
sos, extravagâncias e viciações a que se dedica.
Assim vive na paisag em social em que transita, até que, arre-
dada de s emelhante vas o pe la i nfluência de cisiva da mort e, não
mais s uporta o r egime de fa ntasia, obrigando-se a sof rer, em s i
própria, as conseqüências dos excessos e ultrajes com que, impre-
vidente, se desrespeitou.
Torturada por suas próprias ondas desorientadas, a reagirem,
incessantes, so bre os cen tros e m ecanismos d o corpo esp iritual,
cai a m ente nas d esarmonias e fix ações conseqüentes e, porque o
veículo de célula s extrafísicas que a serv e, de pois da mort e, é
extremamente influ enciável, am bienta nas próprias f orças os
desequilíbrios que a senhoreiam , consolidando-s e-lhe, de sse
modo, as inibições que, em futu ra existência, dom inar-lhe-ão
temporariamente a personalidade, sob a form a de fa tores m órbi-
dos, condicionando as disfunções de certos recu rsos do cérebro
físico, por tempo indeterminado.

Zonas purgatoriais
Entendendo-se que todos os delinqüentes deitam de si oscila-
ções m entais d e terrív el caráte r, con densando as reco rdações
malignas que albergam no seio, compreenderemos a exis tência
das zonas purgatoriais ou i nfernais como regiões em que se com-
plementam as temporárias c riações do rem orso, as sociando arre-
pendimento e amargura, desespero e rebelião.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 150

Na intimidade dessas província s de som bra, em que se agru-


pam m ultidões de crim inosos, segundo a espécie de delito que
cometeram, Espíritos culpados, através das o ndas m entais com
que ess encialmente s e af inam, s e com unicam recip rocamente,
gerando, ante os seus ol hos, qua dros vi vos de extrem o horror,
junto dos quais desvairam , rece bendo, de retorno, os estranhos
padecimentos que criaram no ânimo alheio.
Claro está que, embora comandados por Inteligências perver-
tidas ou bestializadas na s trevas da ignorância , esses antros jazem
circunscritos no Espaço, fiscalizados por Espíritos sábios e benfa-
zejos que dis põem de meios precisos para observar a transf orma-
ção i ndividual das consci ências em processo de purif icação ou
regeneração, a fim de conduzi-las a providências compatíveis com
a melhoria já alcançada.
Semelhante supervisão, entretanto, não impede que essas vas-
tas cavernas de to rmento reeducativo sejam, em si, im ensas peni-
tenciárias do Espírito, a que se recolhem as feras conscient es que
foram hom ens. A í p ermanecem detidas po r gu ardas esp ecializa-
dos, que lhes são afin s, o que nos faz def inir cada “purgatório
particular” como “prisão-manicômio”, em que as alm as embrute-
cidas no crim e sofrem , de volta, o im pacto de suas fecundações
mentais infelizes.
Tiranos, suicidas, hom icidas, carrascos do povo, libertinos,
caluniadores, malfeitores, ingratos, traidores do bem e viciados de
todas as procedências, reunidos conforme o tipo de falta ou defec-
ção a que se renderam , se exam inados pelos cientistas do m undo
apresentariam à Medicina os m ais extensos quadro s para estudos
etiológicos das mais obscuras enfermidades.
Deduzimos, assim, que todos os redutos de sofrimento, além-
túmulo, não passam de largos po rões do trab alho evolutivo da
alma, à feição de g randes ho spitais carcerár ios para t ratamento
das consciências envilecidas.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 151

Reencarnação de enfermos
Dos ab ismos ex piatórios, vo lvem à reen carnação qu antos se
mostram inclinados à recu peração dos valores m orais em si m es-
mos.
Transportados a novo berço, comumente entre aqueles que os
induziram à queda, quando não se vêem objeto de am orosa ternu-
ra por parte de co rações que por eles renunciam à imediata felici-
dade nas Esferas Superiores, são resguardados no recesso do lar.
Contudo, renascem no corpo ca rnal e spiritualmente jungidos
às linh as in feriores de que são advindos, a ssimilando-lhes, facil-
mente, o influxo aviltante.
Reaparecem, desse m odo, na arena física. Mas, vi a de regra,
quando não se m ostram retardados mentais, desde a infância, são
perfeitamente classificáveis entre os psicopatas amorais, segundo
o con ceito da “ moral insanity”, vulgarizado pe los ingleses, de-
monstrando m anifesta perversidade, na qual se re velam constan-
temente bru talizados e ag ressivos, petulantes e pé rfidos, indif e-
rentes a qual quer noçã o da di gnidade e da honra, conti nuamente
dispostos a mergulhar na criminalidade e no vício.
Aqueles Espíritos relativamente corrigidos nas escolas de re-
abilitação da Espiritu alidade desenvolvem-se, no ambiente huma-
no, enquadráveis entre os psicopatas astênico s e abúlicos, fanáti-
cos e h ipertímicos, ou id entificáveis c omo rep resentantes d e
várias doenças e delírios psíquico s, incl usive aberr ações sexuai s
diversas.

Obsessão e mediunidade
Tais enfermos da alm a, tantas vezes submetidos, sem resulta-
do satisfatório, à insulina e à convulsoterapia, quando recomenda-
dos a o a uxílio dos templ os e spíritas, poderão ser ti dos como
médiuns? S em dúvida, são m édiuns doentes, afinizados com os
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 152

fulcros de s entimento de sequilibrado de onde ressurgiram para


novo aprendizado entre os homens.
Por certa quota de tem po, são in térpretes de f orças degrada-
das, às quais é preciso opor a in tervenção m oral necessária, do
mesmo modo que se prescreve medicação aos enfermos.
Trazendo consigo as seqüelas oc ultas da internação na pro-
víncia purgatorial, de que volvem pe la porta do berç o terrestre,
exteriorizam ondas mentais viciadas que lhes alen tam as disfun-
ções dos implementos físicos, ondas essas pelas quais recolhem os
pensamentos das en tidades inferiores a lh es constituírem a cobe r-
tura da retaguarda.
Apesar di sso, de vem s er ac olhidos nos santuários do Espiri-
tismo por m edianeiros de planos que é pr eciso t ransformar e
ajudar, porquanto um Espírito renovado pa ra o Bem – Lei do
Criador para todas as criaturas – é peça im portante para o reajus-
tamento g eral d essa o u daqu ela en grenagem contu rbada n a m á-
quina da vida.

Doutrina Espírita
Forçoso é consi derar que a at ividade religiosa, digna e v ene-
rável, em qualquer se tor da ed ificação h umana, exp rime s ocorro
celeste aos desajustes morais de quantos se d emoram na re encar-
nação, buscando a restauração precisa.
E, com preendendo-se q ue elevada percen tagem das persona-
lidades humanas traz, no im o do pr óprio ser, raízes e b rechas de
comunhão com o pretérito de sombra, através das quais são susce-
tíveis de sofrer os mais estranhos processos de obsessão oculta – a
se reavivarem, constantes, nos diversos períodos etários que cor-
respondem ao tem po de formação dos débitos cárm icos que bus-
cam equacionar no corpo terrestre –, é justo encarecer, assim , a
oportunidade e a ex celência do amparo moral da Doutrina Espíri-
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 153

ta, como sendo o recurs o mais sólido na assi stência às vítim as do


desequilíbrio espiritual de qualq uer m atiz, por oferecer-lhes, no
estudo nobre e no serviço santificante, o clim a indispensável de
transmutação e harmonização, com que se recuperem, no domínio
dos pensamentos mais íntimos, para assi milarem a inf luência
benéfica dos agentes espirituais da necessária renovação.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 154

25
Oração
Mediunidade e religião
Misturada à m agia vulgar, a m ediunidade é d e todos os tem-
pos no mundo.
Confundida entre os totens e manitus, nas raças primitivas, al-
teia-se, g radativamente, e su rge, s untuosa e com plexa, n os tem -
plos in iciáticos do s povos antigos, ou reba ixada e d esordenada,
entre os magos da praça pública.
Ocioso seria en umerar suces sos e prof ecias, constantes dos
livros sagrados das religiões, nas épocas anciãs.
A cada passo, nas recordações de todas elas, encontram os re-
ferências a manifestações de anjos e demônios, evocações e men-
sagens de se res desencarnados, visões e s onhos, encantamentos e
exorcismos.

Reflexo condicionado e mediunidade


Em toda a parte, desde os am uletos das tribos m ergulhadas
em profunda ignorância até os cânticos sublimados dos santuários
religiosos dos te mpos mode rnos, vem os o reflexo condicionado,
facilitando a exteriorizaç ão de recursos da mente, para o inter-
câmbio com o plano espiritual.
Talismãs e altares , vestes e pa ramentos, símbolos e im agens,
vasos e perf umes, não passam de petrechos de stinados a i ncenti-
var a produção de ondas m entais, nesse ou na quele sentido, atra-
indo forças do m esmo tipo que as arrem essadas p elo op erador
dessa ou daquela c erimônia má gica ou r eligiosa e pela s a ssem-
bléias que os acompanham, visando a certos fins.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 155

E com preendendo-se qu e os s emelhantes se atraem , o bru xo


que se vale da m andrágora para endereçar vibrações deprimentes
a cer ta pes soa, a e sta pr ocura i nduzir à em issão de en ergias d o
mesmo naipe com que, à base de terror, assimila co rrentes m en-
tais inferiores, prejudicando a si mesma, sempre que não possua a
integridade da co nsciência tranqüila; o s acerdote de classe eleva-
da, toda vez que a proveita os el ementos d e su a fé para co nsolar
um espírito desesperado, está im pelindo-o à pr odução de r aios
mentais enobrecidos, com os qu ais fo rma o clim a ad equado à
recepção do auxilio da Esfera S uperior; o m édico que encoraja o
paciente, usando autoridade e do çura, inclina-o a gerar, em favor
de si me smo, os cilações me ntais r estaurativas, pel as quai s se
relaciona com os podere s curativos estu antes em todos os escani-
nhos da Natureza; o professor, estimulando o discípulo a dominar
o aprendizado dessa ou daquela expressão, impulsiona-o a condi-
cionar os elem entos d o p róprio espírito, ajus tando-lhe a onda
mental para incorporar a carga de conhecimento de que necessita.

Grandeza da oração
Observamos em todos os m omentos da alma, seja no repouso
ou na atividade, o reflexo condic ionado (ou ação independente da
vontade que se segue, imediatamente, a uma excitação externa) na
base das operações da m ente, ob jetivando esse ou aquele gênero
de serviço.
Daí r esulta o i mpositivo da vi gilância s obre a noss a pr ópria
orientação, de vez que som ente a conduta reta su stenta o reto
pensamento e, de posse do reto pensamento, a or ação, q ualquer
que seja o nosso grau de cultura intelectua l, é o m ais elevad o
toque de indução para que nos coloquemos, para logo, em regim e
de comunhão com as Esferas Superiores.
De es sência div ina, a p rece se rá se mpre o ref lexo p ositiva-
mente sublim e do Espírito, em qualquer posiç ão, por obri gá-lo a
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 156

despedir de si m esmo os elem entos mais puros de que possa dis-


por.
No reconhecimento ou na petição, na diligência ou no êxtase,
na alegria ou na dor, na t ranqüilidade ou na aflição, ei-la exterio-
rizando a consciência que a fo rmula, em ef usões indescritíveis,
sobre as quai s as ondulações do Céu corrigem o m agnetismo
torturado da cria tura, insulada no sofrim ento educativo da Terra,
recompondo-lhe as faculdades profundas.
A m ente centralizad a n a ora ção p ode s er com parada a u ma
flor estelar, aberta ante o Infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutri-
ente de vida e luz.
Aliada à higiene do espírito, a prece representa o comutador
das correntes mentais, arrojando-as à sublimação.

Equilíbrio e prece
É indispensável com preender qu e a Intel igência encar nada
conta com múltiplos meios de preservar o corpo físi co em que se
demora.
Além dos inestimáveis serviços da pele e da mucosa intestinal
que o defendem das intr omissões indébitas de elementos físicos e
químicos, prontos a l he arruinarem a es tabilidade, o h omem con-
segue m obilizar todo um sistem a de quim ioterapia bacteriana,
atualmente em plena evolução para mais ampla eficiência, com a
antibiose ou atuação bacteriostática levada a efeito por determina-
das unidades m icrobianas sobre ou tras, na vangua rda dos proces-
sos imunológicos.
É possível, então, coib ir, com relativ a s egurança, a febre ti-
fóide, as disenterias, a tuberculose, as riquetsioses, a psitacose, as
infecções pulmonares e urinárias, etc.; entretanto, não acontece o
mesmo, quando nos reportam os à at mosfera psicológica em que
toda criatura se submerge na vida social do Planeta.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 157

Visto a distância, o hom em, na arena carnal, pode ser compa-


rado a um viajor na selva d e pens amentos heterogêneos, apren-
dendo, por interm édio de rudes exercícios , a encontrar o seu
próprio caminho de libertação e de ascese. Mentalmente exposto a
todas as inf luências psíquicas, é imperioso se eduque para gover-
nar os próprios im pulsos, aperfe içoando-se mora l e in telectual-
mente, para que se lhe aprimorem as projeções.
No que tange à saúde e m anutenção do corpo e no que se re-
fere à aq uisição de co nhecimentos, utiliza a co nsulta a m édicos e
nutricionistas, prof essores e orie ntadores diver sos. É natura l,
dessa forma, se valh a da prece pa ra angari ar a i nspiração de que
precisa, a fim de afinizar-se com as diretrizes superiores.
No circuito de forças est abelecido com a oração, a alm a não
apenas se pr edispõe a r egenerar o e quilíbrio da s cél ulas fí sicas
viciadas ou exaustas , através do inf luxo das energias renovadoras
que i ncorpora, es pontaneamente, assimilando os raios da Vida
Mais Alta a que se d irige, mas também reflete as sugestões ilumi-
nativas das I nteligências de sencarnadas de condiç ão ma is nobr e,
com as quais se coloca em relação.

Prece e renovação
Na floresta m ental em que avança, o hom em freqüentemente
se vê defrontado por vibrações subalternas que o golpeiam de rijo,
compelindo-o à f adiga e à irrit ação, sej am elas pr ovenientes de
ondas enferm iças, partidas do s desencarnados em posição de
angústia e que lhe partilham o c lima psíquico, ou de oscilações
desorientadas dos pr óprios compa nheiros t errestres de sequilibra-
dos a lhe respirarem o ambiente. Todavia, tão logo se envolva nas
vibrações ba lsâmicas da pr ece, ergue-se-lhe o pe nsamento ao s
planos sublimados, de onde recolh e as idéias transformadoras dos
Espíritos benevolentes e amigos, convertidos em vanguardeiros de
seus passos, na evolução.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 158

Orar constitui a fórmula básica da renovação íntima, pela


qual divino ente ndimento desce do Coraçã o da Vi da pa ra a vida
do coração.
Semelhante atitu de da a lma, p orém, não deve, em tem po al-
gum, resumir-se a simplesmente pedir algo ao Suprimento Divino,
mas pedir, acim a de tudo, a com preensão quanto ao plano da
Sabedoria Infinita, traçado para o seu próprio aperfeiçoamento, de
maneira a apr oveitar o ensej o de trabalho e se rviço no bem de
todos, que vem a ser o bem de si mesma.

Mediunidade e prece
A mediunidade, na ordem superior da vida, esteve sempre as-
sociada à oração, para converter-se no instrumento da obra ilum i-
nativa do mundo.
Entre os egípcios e hindus, chineses e persas, gregos e ciprio-
tas, gauleses e rom anos, a prece, expressa ndo i nvocação ou lou-
vor, adoração ou m editação, é o ag ente refletor do P lano Celeste
sobre a alma do homem.
Orando, Moisés recolhe, no Sinai, os m andamentos que ali-
cerçam a ju stiça de to dos os tempos e, igual mente em prece, sej a
nas margens do Genesaré ou em pleno Tabor, respirando o silên-
cio de Getsêmani ou nos braços da cruz, o Cristo revela na oração
o reflexo condicionado de natureza divina, suscetível de facultar a
sintonia entre a criatura e o Criador.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 159

26
Jesus e mediunidade
Divina mediunidade
Em nos reportando a qualquer estudo da m ediunidade, não
podemos olvidar que, em Jesu s, ela assum e to das as característi-
cas de exaltação divina.20
Desde a ch egada do E xcelso Benf eitor ao Pl aneta, obser va-
se-lhe o pe nsamento sublime penetrando o pe nsamento da Huma-
nidade.
Dir-se-ia qu e n o es tábulo s e reúnem pedras e arbustos, ani-
mais e c riaturas hum anas, r epresentando os divers os reinos da
evolução ter restre, pa ra r eceber-lhe o pri meiro t oque me ntal de
aprimoramento e beleza.
Casam-se os hinos singelos dos pastores aos cânticos de amor
nas vozes dos m ensageiros espi rituais, saudando Aquele que
vinha libertar as nações, não na forma social que sempre lhes será

20
Em “A Gênese” (pá gs. 293 e 294, FEB, 12ª e dição). Anota Allan
Kardec, com referência aos fenômenos da mediunidade em Jesus:
“Agiria com o m édium nas curas que operava? Poder-se-á c onsiderá-lo
poderoso médium curador? Não, porquanto o médium é um intermediá-
rio, um instrumento de que se servem os Espíritos dese ncarnados, e o
Cristo nã o precisava de a ssistência, pois que era ele quem ass istia os
outros. Agia por si m esmo, em vi rtude do seu poder pessoa l, c omo o
podem fazer, em certos casos, os encarnados, na medida de suas forças.
Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe seus próprios pensamentos
e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho recebia, esse
só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele
era médium de Deus.” (Nota indicada pelo Autor espiritual)
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 160

vestimenta às necess idades de ordem coletiva, m as no ádito das


almas, em função da vida eterna.
Antes dele, grandes com andantes da idéia haviam pisado o
chão do mundo, influenciando multidões.
Guerreiros e políticos, filósof os e prof etas alinhavam-se na
memória popular, recordados com o disciplinadore s e heróis, m as
todos d esfilaram com exército s e fórm ulas, en unciados e av isos,
em que se misturam retidão e parcialidade, sombra e luz.
Ele chega sem qualquer prestígio de autoridade humana, mas,
com a s ua m agnitude m oral, im prime novos rum os à vida, po r
dirigir-se, acima de tudo, ao espírito, em todos os climas da Terra.
Transmitindo as ondas mentais das Esferas Superiores de que
procede, tr ansita entr e as cri aturas, desp ertando-lhes as ener gias
para a Vida Maior, como que a tanger-lhes as fibras recônditas, de
maneira a harmonizá-las com a sinfonia universal do Bem Eterno.

Médiuns preparadores
Para recepcionar o influxo m ental de Jesus, o Eva ngelho nos
dá notícias de um a pequena congregação de médiuns, à feição d e
transformadores elét ricos conj ugados, p ara acolh er-lhe a força e
armazená-la, de princípio, antes que se lhe pudessem canalizar os
recursos.
E longe de anotarmos aí a p resença de qualquer instrum ento
psíquico m enos seguro do ponto de vista m oral, encontram os
importante núcleo de medianeiros, desassombrados na confiança e
corretos na diretriz.
Informamo-nos, assim , nos apon tamentos da Boa Nova, de
que Z acarias e Is abel, os pai s de Joã o Bat ista, precursor do Mé-
dium Divino, “eram am bos just os perante D eus, andando sem
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 161

repreensão, em todo s os m andamentos e preceitos do Senhor” 21,


que Maria, a jovem simples de Nazaré, que acolheria o Embai xa-
dor Celeste nos braços m aternais, se achava “em posição de lou-
vor di ante do Et erno Pai ”22, q ue Jo sé da Gali léia, o varão que o
tomaria sob pate rnal tu tela, “ era ju sto”23, que S imeão, o amigo
abnegado que o aguardou em prece , durante longo tem po, “era
justo e obediente a Deus”24, e que Ana, a viúva que o esperou em
oração, no tem plo de Jerusalém, por vários lustros, vivia “servin-
do a Deus”.25
Nesse grupo de m édiuns adm iráveis, não apenas pelas per-
cepções avançadas qu e os s ituavam em contacto com os E missá-
rios Celestes, m as tam bém pela conduta irrepree nsível de que
forneciam tes temunho, su rpreendemos o circu ito d e fo rças a q ue
se ajustou a onda m ental do C risto, para daí expand ir-se na reno-
vação do mundo.

Efeitos físicos
Cedo com eça p ara o Mestre Div ino, ergu ido à pos ição de
Médium de Deus, o apostolado excelso em que lhe caberia carrear
as noções da vida imperecível para a existência na Terra.
Aos doze anos, assenta-se entre os doutores de Israel, “ouvin-
do-os e interrogando-os” 26, a provocar admiração pelos conceitos
que exp endia e a en tremostrar a s ua co ndição de in termediário
entre culturas diferentes.

21
Lucas, capítulo 1, versículo 5.
22
Lucas, capítulo 1, versículo 30.
23
Mateus, capítulo 1, versículo 19.
24
Lucas, capítulo 2, versículo 25.
25
Lucas, capítulo 2, versículo 37.
26
Lucas, capítulo 2, versículo 46.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 162

Iniciando a tarefa públ ica, na ex teriorização de energias su -


blimes, encontram o-lo em Caná da Galiléia, of erecendo notáv el
demonstração d e ef eitos fís icos, com ação a distân cia s obre a
matéria, em transformando a água em vinho27.
Mas, o acontecim ento não perm anece circunscrito ao âm bito
doméstico, porquanto, evid enciando a ex tensão dos s eus poderes,
associados a o c oncurso dos me nsageiros es pirituais que, de or di-
nário, lhe obedeciam às ordens e sugestões, nós o encontramos, de
outra feita, a m ultiplicar pães e p eixes28, no tope do m onte, para
saciar a fome da turba inquieta que lhe ouvia os ensinamentos, e a
tranqüilizar a Natureza em desvario29, quando os discípulos assus-
tados lhe pedem socorro, diante da tormenta.
Ainda no campo da fenomenologia física ou metapsíquica ob-
jetiva, id entificamo-lo em plen a levitação, cam inhando sobre as
águas30, e em prodigiosa oc orrência de mat erialização ou ecto-
plasmia, qu ando se p õe a conv ersar, diante dos aprendizes, com
dois varões desencarnados que, po sitivamente, apar eceram g lori-
ficados, a lhe falarem de acontecimentos próximos.31
Em Jerusalém, no templo, desaparece de chofre, desmateriali-
zando-se, ante a expectação geral32, e, na mesma cidade, perante a
multidão, produz-se a voz di reta, e m que bênç ãos di vinas l he
assinalam a rota.33
Em cada acontecimento, sentimo-lo a governar a matéria, dis-
sociando-lhe os ag entes e rein tegrando-os à vo ntade, com a cola-

27
João, capítulo 2, versículos 1 a 12.
28
João, capítulo 6, versículos 1 a 15.
29
Marcos, capítulo 4, versículos 35 a 41.
30
Marcos, capítulo 6, versículos 49 e 50.
31
Lucas, capítulo 9, versículos 28 a 32.
32
João, capítulo 7, versículo 30.
33
João, capítulo 12, versículos 28 a 30.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 163

boração dos servidores espirituais que lhe assessoram o ministério


de luz.

Efeitos intelectuais
No c apítulo dos ef eitos in telectuais ou , s e q uisermos, n as
provas da me tapsíquica s ubjetiva, que recon hece a in teligência
humana co mo possu idora d e ou tras v ias de con hecimento, além
daquelas que se cons tituem dos sentidos no rmais, reco nhecemos
Jesus nos mais altos testemunhos.
A dis tância da s ociedade h ierosolimita, vaticina os sucessos
amargos que culminariam com a sua morte na cruz.34 Utilizando a
clarividência que lhe era peculiar, antevê Simão Pedro cercado de
personalidades inferiores da esfera extrafísica, e avisa-o quanto ao
perigo que isso representa pa ra a fraq ueza do ap óstolo.35 Nas
últimas instruções, ao pé dos am igos, conf irmando a profunda
lucidez qu e lhe caracterizava as a preciações pe rcucientes, de-
monstra conhecer a perturbação consciencial de Judas 36, a despei-
to da s dúvida s que a ponderação s uscita en tre os ouv intes. Nas
preces de G etsêmani, aliando clarividência e clariaud iência, con-
versa com um mensageiro espiritual que o reconforta.37

Mediunidade curativa
No que se refere aos poderes curativos, temo-los em Jesus nas
mais altas afirmações de grandeza. Cercam-no doentes de variada
expressão. Pa ralíticos e stendem-lhe me mbros mi rrados, obte ndo
socorro. Cegos recuperam a visão. Ulcerados mostram-se limpos.

34
Lucas, capítulo 18, versículos 31 a 34.
35
Lucas, capítulo 22, versículos 31 a 34.
36
João, capítulo 13, versículos 21 e 22.
37
Lucas, capítulo 22, versículo 43.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 164

Alienados me ntais, no tadamente obsidiados diversos, rec obram


equilíbrio.
É importante considerar, porém, que o Grande Benfeitor a to-
dos convida para a valorização das próprias energias.
Reajustando as células enfermas da m ulher hemorroíssa, diz-
lhe, convincente: – “Filha, tem bom ânimo! A tua fé te cu rou.”38
Logo após, tocando os olhos de do is cegos que lhe recorrem à
caridade, exclama: – “Seja feito, segundo a vossa fé.”39
Não salienta a co nfiança por simples ingrediente de natureza
mística, mas sim por recurso de ajustamento dos princípios m en-
tais, na direção da cura.
E e ncarecendo o i mperativo do pens amento ret o para a har -
monia do binômio mente-corpo, por várias vezes o vem os impelir
os sofredores aliviados à vida nobre, como no caso do paralítico
de Betesda, que, devida mente refeito, ao reencontrá-lo no templo,
dele ouviu a advertência inesquecível: – “Eis que já estás são. Não
peques mais, para que te não suceda coisa pior.”40

Evangelho e mediunidade
A pr ática da me diunidade nã o es tá som ente na passagem do
Mestre entre os homens, junto dos quais, a cada hora, revela o seu
intercâmbio con stante com o Plano Superior, seja em co lóquios
com os emissários de alta estirpe, seja em se dirigindo aos aflitos
desencarnados, no socorro aos obsessos do caminho, mas também
na e quipe dos c ompanheiros, a os quais se ap resenta em pesso a,
depois da m orte, ministrando instruções para o e difício do Evan-
gelho nascente.

38
Mateus, capítulo 9, versículo 22.
39
Mateus, capítulo 9, versículo 29.
40
João, capítulo 5, versículo 14.
Francisco Cândido Xavier - Mecanismos da Mediunidade - pelo Espírito André Luiz 165

No dia de Pentecostes, vários fenômenos mediúnicos marcam


a t arefa dos a póstolos, me sclando-se e feitos físi cos e int electuais
na praça pública, a constituir-se a m ediunidade, desde então, em
viga mestra de todas as construções do C ristianismo, nos séculos
subseqüentes.
Em Jesus e em seus primitivos continuadores, porém, encon-
tramo-la pura e esp ontânea, como deve ser, distan te de particula-
rismos inferiores, tanto quanto isenta de sim onismo. Neles m os-
tram-se os val ores me diúnicos a serviço da R eligião Cósmi ca do
Amor e da Sabedoria, na qual os regulam entos divinos, em todos
os mundos, instituem a responsabilidade moral segundo o grau de
conhecimento, situan do-se, desse m odo, a Justiça Perfeita, no
íntimo de cada um , para que se outorgue isso ou aquilo, a cad a
Espírito, de conformidade com as próprias obras.
O Evangelho, assim, não é o li vro de um povo apenas, m as o
Código de Princípios Morais do Universo, ad aptável a todas a s
pátrias, a todas as co munidades, a to das as raças e a tod as as
criaturas, porque representa, ac ima d e tu do, a carta de con duta
para a as censão da co nsciência à im ortalidade, na re velação da
qual Nosso Senhor Jesus-Cristo empregou a mediunidade sublime
como agente de luz etern a, exaltando a v ida e an iquilando a m or-
te, abolindo o m al e gl orificando o bem , a fim de que as leis hu-
manas se p urifiquem e se en grandeçam, se santifiqu em e se ele-
vem para a integração com as Leis de Deus.

--- Fim ---

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