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Mario Eduardo Marteloíta (org.)


Marlangela Ríos de Olivelra - María Maura Cezarlo
Angélica Furfado da Cunha - Sebasílao Votre
Marcos Antonio Costa - Victoria Wilson
Eduafdo Kenedy - Márcio Martins Leltáo
RozaPalomanes

Manual de lingüística

eciitoracontexto
] 92 Monuat de lingüística

AJguns autores pteferem o termo ‘encarnado'', que parece passar ínmbtím a ideia de que o faianic nao deve ser visto
como algo idealizado, nías como set real, injerido no ambiente cultural cm que atua.
Turncr propóe que as cxpressócs lingüisticas, por si jó , nSo possucm significado, país sao sinaliza^ócs para que o
hotnem possa construir significados a paríir do que ele j í conhece e dos poderosos proccssos cognitivos que s5o
actonados por ele U m fracasó dt n fc n n d a ^ Q parte'do conhecimenio da rcalidade, do mundo» o p ta veis jioc urna
forma de cogni^áo, de comprectisáo e interpretado do discurso
Alguns amores prcícrem utilizar a expressáo "introdutores de espatos mentáis’* Optamos, portante, peía u tilizad o
do termo "conscrmorcs de espatos mentáis'-por ser urna tr a d u jo mais fiel ao termo inglés spact b uttícn. termo de
Faucon n¡er (1997).
Lingüística textual
Mariangfbt Riot dt Olivara

Ao contrário dos capítulos antecedentes, que apresentam e descrevem distintas


abordagens lingüísticas com base cm distintos enfoques teóricos, ou seja, em variadas
concep^oes de linguagem, vamos, a partir de agora, tratar de um ramo dos estudos
lingüísticos que se caracteriza pelo escopo de sua investigado, pelo objeto que toma
como unidade de foco analítico - o texto- Nessa forma de tratamento, cujo material
de análise cambém é compartilhado com outras abordagens, o$ propósitos sao outros,
urna vez que o que está em jogo agora é a observado das relaces textuais e,m seus
variados matizes e intersegóes,
A lingüística textual come$ou a se desenvolver na Europa no século XX, durante
a década de 1960, e a partir daí se disseminou; no Brasil, conta com expressivo
número de pesquisados1Trata-se, portanto, de urna abordagem relativamente recente
se comparada, por exemplo, á obra de Saussure, que data do inicio do século XX.. A
lingüística textual representa um momento em que se procura a superado do
tratamento lingüístico em termos de unidades menores - palavra, frase ou período -
no entendimento de que as relaces textuais sao muito mais do que um somatórío de
itens ou sintagmas - nessa perspectiva, dois mais dois é mais que quatro* ■
Um dos maiores desafíos para a lingüística textual e exatamente definir seu
objeto de análise - o texto. Fávero eKoch (1994) apresentam-no em urna multi plicidade
de conceitua^oes, partindo de um enfoque bastante ampio, na base da concepto de
texto como toda e qualquer forma de comunicado fundada num sistema de signos
(como um romance, urna pe$a teatral, urna escultura, um ato religioso, entre outros),
e chegando a urna definido mais escrita Nessa última definido, o conceito de texto
se refere a urna unidade lingüística de sentido e de forma, falada ou escrita, de extensáo
variável, dotada de "textualidade”, ou seja, de um conjunto de propriedades que Ihe
conferem a cóndilo de ser compreendido pela comunidade lingüística como um
194 Manual de HngOísHca

texto. Assim» podemos dizer que o texto é a unidade comunicativa básica, aquilo que
as pessoas rém a. declarar urnas i*s outras, Essa declaragao pode ser um pedido, um
relato* urna opiníáo, umaprece, enftm, as mais diversas formas de comunicado. Neste
capiculo estamos parando do sencido escrito da conceitua<;5o de texto.
A seguir, apresentamos as propriedades mais salientes e relevantes que tém
sido aponcadas em termos de textualidade» de acardo com Beaügrande e Dressler
(198 i). Por mocivos meramente didáticos, essas propriedades enconcram-se distribuidas
em dois grandes rótulos, já consagrados na área - coesño e coerémta\ na verdade» trata­
se de faces da mesma moeda, urna vez que dízem respeico, respectivamente, hs
articulares de forma e de sentido construcoras da malha texcua], articulares que,
em geral> se sobrepóem, se interseccionam, numa verdadeira confluencia funcional.
Para ilustrar os comentarios teóricos, utilizaremos dois textos, em versáo fajada e em
sua correspondente escrita, componentes do "Coi’ptts Discurso & Gramática - A
Ungua falada e escrita na cidade de Niterói”. Esses textos foram produzidos pela
informante Eiiane» do último período universitárío, no final da década de 1990, sob
forma de entrevista, a partir da seguinte proposta: Ueu gostaria que vocé me narrasse
urna história, que pode ser urna historia triste ou alegre, que tenha ocorrido com
alguém que vocé conhece, e que esse alguém contou para vocé": :v ;

FALA

“bom... eu lembrei agora nao sci por que., de urna... de urna historia assim um
pouco... um pouco triste.. né? de urna colega que estava trabalhando comigo... que
eu nao vou dizer o nome déla,, é que ela cem problema de::/ cía tem urna assim/
muica timidez... entao ocorreu um faco na vida déla... de separado dos pais. . cal... e
ela estava apaixonada por um rapaz..., esse rapaz morreu atropelado... e ela centou::
corear, um dos pulsos.. ela me concou assim::-.. eu:: fiquei cao::/ um pouco chocada...
porque eu.., assim... n5o conheci ninguém que já tenha... eh::... pracicado assim/
tentando suicidio.. entendeu? ent5o cu fiquei muito chocada com isso.... ai depois eu
tíve aré que rir.., porque ela concando., né? como é que ela corcou o pulso... enráo ela
corcou só um pulso.,, c numa Ünhazínha assim bem fininhiu. né? eu tive que rir,.
porque ((risos)) porque ela contando... escou crente que é urna coisa assim ... aqueje
suicidio. . aquela coisa assim for::ce... mas ela cortou/ grabas a Deus... corcou bem de
leve o bra<jo..s entao eu cheguei a rir. . quer dizer.... parecía ser urna história crisce mas
no final... deu tudo cerro... ela/ n5o aconceceu nada com ela,.. foi urna pequeña
tentativa mas... que fracassou... grabas a Deus.-."

ESCRITA

“Cerco dia* eu e urna colega de Faculdade convcrsávamos sobre aiguns problemas


existenciais E em determinado momento da conversa» comou-me que sofreu muito
na época em que seus país estavam se separando, que tinha sido um processo muito
doloroso para todos de sua familia, e ela nunca soube lidar direito com esse problema..
Lingüística textual 195

No decorrer de sua adolescencia, ela conheceu e se apaixonou por um menino


que morava perro da casa de scu padrinho, E como a vída tem seus percalíos, volta e
meia, prega urna pega na gente, esse menino veto a falecer sendo v/cima de um aero-
pelamen to,. Parecía que a vída escava Ihe roubando a melhor parte de sua própria vida,
Foí quando ela me contou que centou cortar os pulsos, logo após o acontecido.
Fique! chocadísstma e pergunteí-lhe mais detalhes sobre o ocorrido. Perguntei-lhe se
liavia tentado cortar os dois pulsos, ela olhou-me com um olhar meio enigmático que
eu nno conseguí decifrá-lo. Disse-me que só havia cortado um dos pulsos e o corte foi
de leve.
Sentí um grande alivio e, ao mesmo tempo, umn vomade de rir, afmal, grabas a
Deus, a sua tentativa de suicidio n5o se configurou. Acabamos rindo e fazendo piadas
da “triste” situado. Pedi-the que nunca mais ousasse repetir a dose.”

Coesao
Esta propriedade, urna das mais fundamentáis para o estabelecimento da
textualidade, diz respeico á unidade semánttcosintática que deve marcar a produjo
textual A coesao pode ser definida como o conjunto de escratégias de sequenciaJizagao
responsável pelas liga^óes linguíscicasrelevantes entre os consdcuin tesarticulados no texto.
Essas ligares podem ocorrer tanto no nivel semántico, referentes aos senados veiculados,
como no nivel sintático, relativas as quescóes de ordenado desses constituintes. A coesao,
pois, se obcém por intermedio da acivado do sistema léxico-gramatical.
Segundo Halliday e Hasan (1976), sao cinco os mecanismos básicos de
coesao textual:

a) Referencia
Tratarse do relactonamemo dos consticuintes textuais com outros consticuintes
do texto ou nao, numa correspondencia necessária á interpretado eexpansáo dos sencidos
articulados. A referencia pode se processar no nivel situacional, numa relajo
extralingüiscica-ou exofirica—ou nos limites do texto-denominada entao de endofórica.
Dos dois cipos de referencia, a endofórica parece representar o modelo mais comum,
sendo, inclusive, mais tratada e pesquisada pelos estudiosos da lingüística textual,
A referencia exofórica diz respeico a situado comunicativa, em que o referente
esrá fora do texto. Em gerai, trata-se de um tipo de relado coesiva recorrence em
textos oráis devido as condí^oes de produdo d* fala> em que a situado comunicativa
tem papel fundamental. Dentre os textos de Eiiane, observamos apenas no inicio de
sua fala urna referencia desse tipo, quando ela diz “..eu lembrei agora nao sei por
que../’, em que o adverbio “agora' refere-se ao momento em que o entrevistador faz
a proposta da narrativa - horario, dia, mes e ano em que ocorre a entrevisca.
Na remissao endofórica, o referente se sicua no texto, podendo preceder ou
suceder o icem com o qual se relaciona. Tomemos as duas produ$oe¡s Eiiane; em
19ó Manual de lingüistica

ambas, temos a história da tentativa de suicidio de sua amiga, Assim, ao longo das
narrativas fajada e escrita, encontramos diversas referencias a essa personagem principal,
constantemente retomada pelos pronomes “(d)ela\ "sua” e MlheM, por exemplo.
O tipo mais comum de referencia endofórica é aquele em que a remissao ocorre por
precedencia, o que chamamos ciassícamente de anáfora, Procedimentos anafóricos
garantem a unidade temática dos textos ao promoverem a manutengo dos sentidos
referidos. Constituintes pronominais prestam-se especialmente a esse modo de
referendario- Voitemos aos textos de Eiiane: na fala, após a men<;áo da história "de urna
colega que estava rrabalhando comigo” já comentada, temos a seqüéncia “e ela estava
apaixonada por um rapaz*.. esse rapaz morreu acropeiado.., e ela centou:: cortar.,, um dos
pulsos..ela me contou assim:: em que o pronome “ela" anafóricamente refere-sea ‘urna
colega que estava trabalhando corrugo”. Na escrita, o mesmo tipo de referencia<;áo se
verifica: no inicio do segundo parágrafo, os pronomes “ela” e “seu/sua" remetem ao
sintagma “urna colega de Faculdade: No decorrer de sua adolescencia, ela conheceu e se
. apaixonou por um menino que morava perto da casa de seu padrinho”. Como todos os
comentarios, tanto na fala como na escrita, giram em torno das dificuldades da amiga de
Eiiane, é natural e mesmo previsível que, por meio da anáfora, se mantenha tal remissao..
Quando a referencia endofórica searticula numa conexáo com o item subseqüeru^
a nomeamos anáfora, Embora menos freqiientes do que os procedimentos anafóricos,"
os mecanismos catafóricos concribuem de modo considerável para a coesao textual
Diferentemente da anáfora, a catáfora esta a servio da expansáo temática» dos sentidos
novos articulados na superficie textual. Ñas produces de Eiiane encontram~se aiguns
•exemplos dessa articulado. Na fala, o sintagma “tuna história assim um pouco..um
pouco triste1’ prepara a cena para o que vai ser contado - a história dos problemas da
amiga eo desfecho final, quase trágico-e, portanto» todo o relato refere-sea essesintagma.
Na escrita, logo no primeiro periodo, a seqüéncia "problemas existenciais” catafori-
camente inaugura o texto e a partir daí a referéncia dessa expressao será preenchida por
intermedio da informado acerca da separado dos pais, da mor te do rapaz por quem era
apaixonada e, por fim, da tentativa de suicidio da amiga.
Os procedimentos de referenciasáo endofórica representam eficazes recursos
de unidade e de sequencia^o semántico-sintáticas. Anáfora e cacafóra consticuem
v faces da mesma moeda, responsáveis, respectivamente, pela manutengo e expansao
r do fluxo textual num jogo que organiza progressivamente informales recorrentes, já
conhecidas pelos interlocutores, e outras novas, mencionadas pela primeira vez no
texto. Num texto, por vezes o mesmo constituime apresenta essa dupla ítm9áo, como
podemos observar com o “assim” no trecho citado “urna história assim um pouco....
um pouco triste”. Nesse fragmento, podemos dizer que o 4assim” tem valor anafórico
e catafórico já que remete ao nome antecedente “história” (anáfora) para Ihe fazer a
atribuido “um pouco#triste” (catáfora).
Lingüísticatextual 197

b) Substituido
Consiste num tipo de remissao coesiva em que, distintamente da referenciado,
o termo substituido nao recupera totalmente o item a que se refere; na substituido,
há urna certa matizado dos sentidos entSo articulados, que pode se traduzir sob a
forma de urna maior especificado, urna reorientado ou reavaliado. Em língua
portuguesa, por exempio, aó substituimos “feliz'1 por "contente" ou ‘alegre" num
fragmento textual, nao estamos lidando com a mera troca de qualiPicadores, já que
esses adjetivos, embora se aproximem em termos semánticos, náo possuem equivaiéncia
absoluta de sentido. Esse comentario ilustrativo se aplica, em geral, &s palavras tratadas
como sinónimos.. Dentre os recursos lingüísticos utilizados nessa modalidade de coesao
citam-se sintagmas nomináis e mesmo sintagmas oracionais.
No texto oral de Eiiane, a história da amiga anónima comega a ser mencionada
pelo sintagma “urna história assim um pouco_ um pouco triste". A partir daí, Eiiane
conta o ocorrido coesivamente. Esse sintagma inicial vai progressivamente sendo
substituido por outros, que passam a atuar como formas correferentes a contribuir
para a progressáo narrativa; assim atuam os sintagmas “e ela tentou:: cortar... um dos
pulsos11; “suicidio” e “ela cortou só um pulso1’, até a substituido final "foi urna pequeña
tentativa”. Na escrita, verificamos a substituido coesiva na seqüéncia “aiguns
problemas existenciais”, que evolui textualmente, no segundo parágrafo, para
"percalas” e "urna p e d ’* Como declaramos no parágrafo anterior, esses sintagmas,
ñas duas modalidades da narrativa, náo corresponderá ou substituem totalmente os
termos antecedentes, mas sim recuperam parte do conteudo da referencia inicial,
Devemos ressaltar que a substituido representa muito mais que questáo de
estilo individual. Trata-se de urna estratégia comprometida com a progressáo
infoimadonai; representa urna expansao da forma - termos substituidos ~ correlata a
expansáo do sencido - cometidos veicuiados.

c) Elisáo
Também chamada de anáfora zerosconstituí um mecanismo de coesao em que a
recuperado de um conscituinte é processada num espado formalmente vazio; o
preenchimencosefazno plano semántico com aati vado das informales subentendidas,
e essas informantes, em principio, já ocorreram no texto num momento anterior.
Em portugués, podem ser elididos, ou suprimidos, constituintes de natureza
morfolológica ou extensao distintas. Por se tratar de recurso muito recórreme e
consagrado, principalmente na modalidade escrita, nao há maiores dificuldades para,
na recepdo, os usuarios recuperarem ou preencherem as elisóes. A morfología verbal
portuguesa, por exempio, muito rica em seus paradigmas flexionais, por vezes torna
dispensável a presensa formal do sujeito na seqüencializado textual Nesses casos, a
própria norma culta orienta no sentido de que se processe a elisáo, sob pena de o
texto se tornar um tanto redundante ou “pieonástico".
198 Manuel de lingüistica

í 0 que obsemmaii psr mmplQ) com as frases "rufa narramos" ou “eu narre!11,
em que n referencia á primeira pessoa, respectivamente do plural edo singular, enconcha­
se canco no pronome reto quanto no verbo; em seqüéncias como essas, bascaría a
utilizado da forma verbal, já que as desinencias -mos e -rei sao privativas de primeira
pessoa - do plural e do Angular,
Os textos de nossa informante Eiiane iluseram o comentario, Na fala, como )í
mencionamos» a elisao é pouco recórreme, urna vez que o modo de produjo oral
tende a se articular com maior preenchimento de consticuintes; assim» apenas na
estrucura “estou crente que é urna coisa assim” encontramos a forma verbal de primeira
pessoa elidida do pronome “eu”; em todas as demais referencias a si, EÜane udliza-se
do referido pronome, Já na produjo escrita, a informante recorre mais a elisao,
como verificamos em “fiquei chocadfssima e perguntei-lhe”, "sentí um grande alivio”
e “pedi-lhe que nunca mais”.. As condi^oes de organizado do texto escrito motivam
a baixa freqüéncia do pronome “eu" nessa modalidade, cabendo as desinencias número-
pessoais dos verbos a futido de referenciar a primeira pessoa - “eu”.

d) Conjunto
Distintas dos mecanismos coesivos anteriores, as rela0es conjuntivas
caraceerizam-se porestabelecervínculos de naturezalógico-semántica naseqüendaliza^üo '
textual, como temporalidade, causatividade, conseqüéncia, condigao, finalidades-
proporcionalidade, entre outros, Constituintes de natureza adverbial ou de fun^ao
relaciona!, como conjuntes ou preposi^oes, prestarn-se especialmente a esse tipo de
articulado ao concorrerem para a integrado das partes constitutivas do texto.
Voleemos a narrativa oral de Eiiane e observemos as quatro ocorréncias de
“entao”, tradicionalmente classificado como adverbio de cempo numa abordagem
restrira ao ámbito da frase ou do período, Numa perspectiva textual tal como a aquí
apresentada, esse termo circunstanciador, sem deíxar de preservar sua referencia
temporal, assume outros valores, abstratiza-se em distintos graus, redimensiona sua
funcionalidade ao articular praticamente todo o relato da informante.
Com a primeira ocorréncia, “entao ocorreu um fato na vida déla”, inaugura-se
efetivamente a narrativa após um comentario introdutório de Eiiane, em que “prepara
a cena1para o que sera contado. Assim, podemos dizer que esse “entao”, iniciador do
relato, retoma e amplía coesivamente a citado de “urna história assim um pouco..,
um pouco triste”, articulado preliminarmente. A terceira ocorréncia, “ent5o ela cortou
so um pulso”, e a quana, “entao eu cheguei a rir”, também articulam essa fun$á° c¡e
retomada do fio narrativo, concorrendo para a unidade semántico-sintática de todo o
relato - como a informante vai contando e comentando a história ao mesmo tempo,
recorre a mecanismos de retomada do eixo narrativo ao se desviar em comentarios e
avalia<;ctes pessoais; para tanto, um dos instrumentos de que se utiliza é a reiterado
de “entao” tal como se estivesse volcando a olhar a cena, a rememorar o acontecido..
Lingüística textual 199

Devenios destacar a segunda ocorréncia, "anñQ eu Aquel muito chocada com ísso'S
em que a nodo de tempo ralidade coma-se mais abstrata aínda na medida em que
aquilo que se recoma nao é o eixo narracivo, e sim o escado emocional da informante
diame do ocorrído que já constava da declarado inicial; “eu lembrei agora nao seí
por que.-, de urna.., de urna historia assim um pouco.,. um pouco triste.., né?”.
Trata-se de um comentário paralelo á história contada, Em contextos como esse, a
referencia temporal de “ernao” abstrariza-se de tal forma que pode assumir outros
sentidos, como conseqüéncia ou conclusáo, ou, ainda* adicionalmen te, como o exemplo
aqui comentado, pode retomar a informado anteriormente veiculada.
No texto escrito, em termos de relagoes conjuntivas, um dos destaques é o uso
dos sintagmas adverbíais “certo día” e “no decorrer de sua adolescencia' a iniciar,
respectivamente, o primeiro e o segundo parágrafos. Na verdade, esses consticuintes
nao fazem referéncia somente aos períodos em que se integram.. Eles drcunstancializam
todo o parágrafo - c o conjunto de períodos a que se referem, numa ampliado de seu
escopo, já que tradicionalmente o advérbio é considerado termo modificador de um
verbo, um nome ou outro adverbio,' Tomemos o segundo parágrafo como ilustrado:
o encontro da amiga com o amor de sua vida, a paixao subseqíiente (primeiro período),
o acropelamento do rapaz e sua morte (segundo período), bem como a sensado de
que havia sido roubada de boa parte da vida (terceiro período), tudo se enquadra “no
decorrer de sua adolescencia”. A fundo relaciona] de constituintes adverbíais estende-
se ainda mais com o simagma introducor do terceiro parágrafo “foi quando”, que
atua aí como conjunto, Na verdade, essa estrutura nao só concorre para a expansáo
dos dois últimos parágrafos, que artículam o grande acontecimento narrativo - a
rentadva de suicidio - como também retoma coesivameme o parágrafo inicial» que
traca da conversa com EÜane e sua amiga, de certa forma “interrompida” pelo segundo
parágrafo, com os comentarios da fase adolescente da amiga.
Quando os constituintes examinados nesrasedo organizam ou retomam porgóes
textuais mais ampias, promovendo a orientado ou reorientado dos sentidos ou termos
articulados - tal como se verifica com “entao”, no texto falado, e “foi quando”, no texto
escrito sSo denominados, no ámbito da lingüística textual, de operadores discursivos.5
Trata-se de urna fundo macrossincauca relativamente recente nadescrid0 do portugués,
urna vez que a abordagem da gramática tradicional restringe-se ao ámbito do chamado
período composto por coordenado ou subordinado* Com o advento da investigado
do texto e a conseqüence análise de seus mecanismos de expansao semántico-sintátícos,
é possível a depreensao e pesquisa dos operadores discursivos,

e) CoesSo lexical
Essa última modalidade de coesao relaciona-se a, pelo menos, dois mecanismos
aqui já mencionados: a referencia^áo endofórica - por promover certa remissao a
consdtuintesjáocorridosnasuperfície textual~e asubstituido-umavez que diz respeito
200 Manual de lingüística

a processos de sinonimia e hipero nimia, enere outros. Destacada sua característica de


dependencia em relajo aos demais mecanismos citados, passemos a definido da coesao
lexical: craca-se de um tipo de vinculantes textual fundado na selecto c na relajo dos
termos lexicais articulados, termos esses retomados literalmente, como no caso da
repetido, ou parcialmente, por intermedio de sinónimos ou hiperónimos, por exemplo.
Vale ressalcar que, dadas as especificidades do oral e do escrito, há certa distingo entre
esses termos: na escrita, os itens lexicais costumam ser mais específicos ou precisos,
enquamo na oraíidade utilizam~se itens mais genéricos ou imprecisos.
Observados os textos de Eiiane sob a perspectiva da coesao lexical, podemos
depreender em sua organizado a concorréncia de dois eixos polares e complementares - a
tristeza (o que parecía) e o riso (o que era); em outros termos, o suicidio frustrado, No
primeiro eixo encontramos no texto falado termos como uhiscória assim um pouco triste”,
“separado dos pais”, (esse rapaz) “morreu acropelado”, (ela) “centou:: cortar..,, um dos
pulsos”, "tentado suicidio”, “eu fiquei muito chocada”, "aquele suicidio11e “aquela coisa
assim for::ce\ No texto escrito levantamos os cermos "aiguns problemas existenciais”,
“sofreu muito”, "seus pais estavam se separando”, “processo muito doloroso”, “esse
problema”, Ha vida tem seus percalas”, “prega urna pe$a \“vícima de acropelamento”, “a
vida estava lhe roubando”, "centou cortar os pulsos” e "fiquei chocadíssima”. Já o segurido
eixo na oraíidade apresenca-searticulado em torno dos itens “eu tive até que rir”, “corcou so
um pulso”, "linhazinha w> bem fminha”, "eu cive que rir”, “estou crence”, “eu cheguet a
rir”, "deu tudo certo”, "nao aconceceu nada', “pequeña tentativa”, “fracassou” e “grabas a
Deus‘\Na escrita verificamos "oihar meio enigmácico”, “o corte foi de leve”, “grande
alivio”, "voncade de rir”, "gratis a Deus", “nao seconfigurou”, “acabamos rindo”, “fazendo
piadas”, “‘triste situad0” e udose”. Esses cermos, semaneramente vinculados e disposcos
num mesmo espado textual, concorrem para a unidade de conteúdo e formadas produces
lingüísticas, um dos mais básicos (acores de textualidade,

Coeréncia
Estamos assumíndo aqui a coeréncia com urna propriedade marcada pelo cra$o
da incerpretabilidade. A coeréncia diz respeico a conscrudo do sentido textual, seja
na perspectiva da produdo pelolocucor, seja na da recepdo da codificado lingüística
pelo interlocutor. A coeréncia, porcanco, traca da possibilidade, e mesmo da necessidade,
de atribuido de sentido hs produces texcuais, condid° básica para que essas produces
sejam entendidas e assumídas como cais.
Diante dessa conclusáo, o que dizer a respeico de textos com problemas de
coeréncia localizados, motivados por uso indevido de mecanismos de coesao? Ou
ainda daqueles textos aparentemente incoerences, marcados por sérios e generalizados
desvíos de padróes'gramacicais básicos de ordem morfossincácica? Ou das produces
Lingüistica textual 201

lingüísticas de individuos portadores de disturbios psíquicos? Ou de certas obras


literarias que parecem romper com os principios de aceitabilidade, provocando o
chamado <Jestranhamento” na recep$áo?
Nossa resposta a esses questionamencos é que essas produces nao podcm ser
vistas como incoerenees em cermos absolutos, já que o contexto comunicativo em
que estáo inseridas precisa ser levado em conta na acribuigao de sentido ks mesmas.
Essa perspectiva permite-nos declarar, com ressalva a falta de consenso dos estudiosos
da área a respeico dessa quescáo, que; a) em principio, nao há textos totalmente
incoe rentes; b) é possível alguma incoeréncia localizada em textos escritos» que, numa
atividade de reescritura ou releitura, pode ser superada; c) as aparentes incoeréncias
de textos falados se resolvem, em gera!, no contexto situacional, ñas condi0es
comunicativas específicas da inceraepo,
Trata-se a coeréncia de urna propriedade articulada no ámbito da situa^áo
comunicativa levando-se em conta, parascchegara tal arciculagáo, os dominios lingüístico,
pragmático e extralingüísdco. Passemos a examinar cada um desses componentes;

a) Dominio lingüístico
Diz respeito ao controle e h utilizado de recursos gramatical nos níveis fonctico-
fonológico, semántico e morfossincático, e a seie^ao de itens lexicais canco no ámbico
do sintagma nominal ou verbal como nos limites do período, do parágrafo ou do
texto como um todo,
Em cermos lingüísticos, canto a versSo falada quanto a escrita da narrativa de
Eiiane mostram-se igualmente coerences. Na fala, Eiiane, conforme o processamenco
característico da oraíidade, produz unidades menores marcadas por pausas (reticencias),
algumas hesitares, alongamencos (quatro pontos) e rupcuras (barras), além de se
utilizar de conectores próprios da conversado (“bom”, l<né?”, “tal”, *eh;;n). Na escrita,
a aluna trabalha adequadamente com a paragrafa<;ao e com a poncua<;aot parámetros
específicos dessa modalidade que acuam a servido da progressáo de sua narrativa; a
escrita favorece ainda a utilizado de el (ticos como em “contou-me e perguntei-lhc”,
além de termos mais convencionais, como "problemas existenciais", “percai^os”,
“falecerpor exemplo, constituintes estes ausentes em sua produjo oral.

b) Dominio pragmático
Refere-se as condi^des de processamenco da intera$áo. Nesse sentido, diz respeito
as questoes envolvidas no ato comunicativo em que o texto é produzido e recebido..
Assim, pertencem ao dominio pragmático fatores como: contexto situacional, cipo de
ato de fala, intenso e aceitado comunicativas, valores c cren^as dos participantes da
intera^o - produtor e receptor-, enflm, todos os aspeccos ou constituintes situacionais
que incerferem na produjo de sentido cextual, definindo-a.
Voleemos ks produces de Eiiane para nossa exemplifica^ao da propriedade de
coeréncia pragmática. Seus dois textos respondem suficientemente ao comando inicial do
202 Manual de lingüística

entrevistador, Ueu gestaría de que vocfi me narrasse urna história, que pode ser urna hiscória
criste ou alegre, que cenha ocorrido com alguém que vocé conhece, e que esse alguém
concou para vocé’1. Diante da proposta, Eiiane elabora» em versáo falada e escrita, urna
narrativa que cometa em tom meio crisre (no oral» encontramos a referencia inicial a "urna
historia assim um pouco... um pouco crisre”; na escrita, ela menciona preliminarmente os
“problemas existenciais”) e progressivamente vai tomando novo rumo, atingindo nfveis
de comicidade, inclusive, ñas duas modalidades, com a men^ao ao riso final A personagem
da história é urna amiga (no oral, trata-se de urna colega de trabalho; na escrita» passa a
urna colega de faculdade; de qualquer forma, é urna pessoa conhecida), o que satisfaz o
comando do entrevistador, que !he solicita urna história ocorrida com alguém conhecido,
e que esse alguém Ihe havia contado. Portante» do ponto de visca pragmático, os textos
apresemam-se coerentememe. Dencre os varios episódios que poderia relatar» Eiiane,
cooperativamente» seleciona um que considera aceitável e preenchedor dos quesitos
referidos pelo encrevistador, procurando algo interessame e inusitado, mas preservando o
anonimato de sua amiga, a protagonista do narrado.

c) Dominio extrajingüístico
£ relativo ao conhecimento de mundo, as vivencias e experiencias daquelcs
envolvidos na situado comunicativa. Essa bagagem experiencial representa o conjunto de-
informa?oes advindas do coridiano, fruto da condi^áo de todos os humanos de “estarem
no mundo’’, e de contextos mais específicos, como o académico, o artístico, entre outros,
O conhecimento de mundo vai depender, de feto, da trajetória de vida de cada individuo,
daquilo que reve oportunidade de ver, sentir, fazer, 1er, trocar, enfim, de viven.
Quando aludimos ao conhecimento de mundo, estamos falando tanto do
conhecimento do produtor do texto, .daqueles conteúdos e informagóes necessários a
elaborado lingüística, quanto do conhecimento do receptor do texto, que necessita
comparcilhar peío menos parre das experiencias do produtor para que possa dar sentido
ao que le ou ouve,
No que concerne ao dominio extralingüístico, ambos os textos revelam-se
igualmente coerentes, Contam urna história aparentemente triste, já que em nossa
sociedade» em geral, pessoas que tentam o suicidio cncomram-se cm situado de extrema
dificuldade, perdem o controle da própria vida em momento de total desespero. E a
amiga de EÜane enquadra-se coerentememe nesse rol: sofreu com a separado dos pais»
com a qual náo soube lidar» e o rapaz por quem era apaixonada morreu vítima de um
atropelamento em plena juventude. Mas o que seria trágico se transforma em cómico
devido ao procedimento suicida pouco arriscado, já que o corte dos pulsos da amiga, na
verdade, foi num só deles e, como declara Eiiane, “numa Ünhazinha assim bem fininha,
o corre foi de leve”-Esse desfecho meio inusitado, que de certa forma frustra a expectativa
de morte, conduz ao riso, á comicidade. No final dos relatos ocorre a expressáo “grabas
a Deus*\forma lingüística estereotipada de desfecho e de agradecimento em consonánda
com os principios da doutrina crista vigente em nossa sociedade.
Lingüistica textual 203
*
Esse aspecto interacional ou dialógico do dominio extralingüístico, no nivel
da coeréncia, tem a ver com questóes mais especificas da organizado textual, no
nivel da coesao, A inter-rela^ao pode ser observada no processamento do fluxo informa*
cional, no jogo enere informes dados e novos, ou seja» enere referencias já conhecidas
ou compartilhadas pelos envolvidos na inceragáo (no ámbito mera ou extralingüístico)
e oucras introducidas ou apreseneadas pela primeira vez na superficie textual. Assim,
nao por acaso as referencias iniciáis á personagem principal c ao rapaz atropelado sao
feitas, respectivamente, por imermédio de artigo indefinido: “urna colega”, “um rapaz”
e “um menino”. Após essa primeira men<;ao, ou seja, urna vez conhecidos os referentes,
eles passam a figurar como dados, como informado já conhecida, e, portanto, alteram-
se também os instrumentos lingüísricos para sua retomada. Nessas recorréncias, tem
papel fundamental os pronomes como eficientes alcernativas de reincrodu<;áo
informaciona!, tais como: “o nome déla”, "esse rapaz” e 'seus pais”.
Com o comentario anterior, ratificamos a sobreposigáo das propriedades
textuais, a inter e mulcifuncionalidade dos consctcuintes lingüísticos quando
examinados numa perspectiva mais ampia. A lingüistica textual, como urna das recentes
áreas de investigado científica, ainda tem muito o que trilhar, urna vez que centra
seu olhar num amalgama de sentidos e de formas - o texto,

Exercícios
1) A partir da leitura da crónica n seguir de Luis Fernando Verlssimo, fa<;a os exercícios sugeridos:
O homem trocado
O homem acorda da anestesia c olha em volca Ainda está na sala de recuperado. Hd urna
enfermeira do seu lado. Ele perguma se foi ludo bem
- ludo perfeito ~ dh a enfermeira, sorrindo.
- Eu estava com medo desea operado
- Por qué? Nao havta risco nenhum..
- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido tima serie de engaños
H conca que os enganos come^aram com ¿eu nnscimenrn Hoiive urna troca de bebés no ber^ário
e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientáis, que nunca cntenderam o fato de rercm
um filho claro com olhos redondos Descoberto o erro, ele fora vi ver com seus verdaderos
pais Ou com sua verdadeira mác, pois o pai abandonara a mulher depoís que esta nao soubcra
explicar o nascimcnro de um bebe chines.
- E o meu nomc?'Outro engano.
- Seu nome nao é Lírio?
- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório c...
Os enganos se sucediam Na escola, vivía rccebendo castigo pelo que nao fazia. FUera o vestibular
com sucesso mas nao conseguía entrar na universidade O computador se enganarn, seu nome
nao aparcceu na lista
- Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveís No mes passado ti ve que
pagar mais de Cr$ .300 mít
k*
204 Manual de lingüistica

- O scnhor nao faz chamadas interurbanas?


- Eu nao tenho. celcfone!
Conheccra sua mulher por engano Ela o^confundira com outro. Nao foram fclizts.
- Por que?
- Ela me enganaya
Fora preso por engano. Varias vezes. Recebia informales para pagar dividas que nao fazia. Ace
tivera urna breve, pouca alegría, quando ouvira o medico dizer;
- O senhor está desengañado.
Mas também fora um engano do medico Nao era rao grave assim Urna simples apendicíte...
- E se vocé diz que a operado foi bcm...
A enfermeira parou de sorrir
- Apendicite? - perguntou* hesitante.
- É. A operado era para tirar o apendice
- Nao era para trocar de sexo?
(Luís Fernando Verfesimo Sele^ao de crónicas do livro
Comédia cU vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996)

a} Toda a crónica se desenvolvc lingüísticamente cm torno do que o titulo sugere: "O homcm
trocado”.. Destaque do texto termos que letomam as sucessivas c maleantes “trocas" do personagem
b) No prímeiro parágrafo, '*o homem" e referido imcialmente e, em seguida, e retomado por
intermedio de outras tres estrategias de remissao coesiva Informe que artificios sao esses ^
c) Observe o trecho do diálogo entre a enfermeira c o homcm:
- Por quó? Nao havia risco nenhum.
- Comigo, sempre há risco,..
O termo dessacado, embora formalmente repetido, c articulado com distintos sentidos. O que
"risco” significa para cada urna das personagens?
d) O que justifica dizer que em Comigo, sempre há risco Minha vida e urna serie de engaños.
O termo em destaque articula urna referencia catafórica?
c) Qual o papel dos termos em destaque ñas seguintes seqüéndas para a configurado da urjtdade textual?
Mas tambem fora um engano do medico
- B se vocé diz que a operado fot bem...
0 Como a declarado do m e d i c o O scnhor está desengañado’*pode ser interpretada pelo personagem
como urna boa informado? Por que essa possibilidade leva ao humor?
g) Por que podemos clarificar a crónica “O homem trocado” como um texto coerence?

Notas
1 Dcntre as produces maís expresivas da lingüística textual no Brasil, citam-se, entre outros, os trabalhos de Ingcdore
Koch, Leonor Fávcro, Luiz Antonio Marcuschi, Luiz Carlos Travaglta c Hudiniison Urbano.
5 Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasilcira, o adverbio pode chegar a modificar urna oraqio por ¡nteiro, quando
é nomeado de "adverbio de ora^So’' (C unha e Cintra, 1985: 530). Mas a cradl^áo gramatical nao vai al¿m, dcixando
sem clasificado ou referencia as fu n d e s textuais mais ampias desse termo.
J Há m uiia variado na denom inado, e as vezes na d e fin id o , desses constituintes por parte dos especialistas da drea;
podem ser chamados tambem de operadora arpimttiktítwu (Koch, 1987K marendores discursivas {Risso, 1999),
entre outras denom inares No ámbito da andlise da conversado, sao cnconrrados tamb¿m sob o rótulo de marcadores
canotrsnaonais (Urbajjp. 1993)
Aquisigáo, processamento
e ensino

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