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DE SANTA CATARINA
“A escola de Educação Básica é o espaço em que se ressignifica e se recria a
cultura herdada, reconstruindo-se as identidades culturais, em que se aprende a
valorizar as raízes próprias das diferentes regiões do País”
(RESOLUÇÃO Nº 4, DE 13 DE JULHO DE 2010. Art.
11)
1. Apresentação
O projeto politico pedagógico constitui-se como documento explicitador de intenções,
filosofias, necessidades, fortalecimento e qualificação da Educação escolar indígena no
âmbito da Educação Básica no Estado de Santa Catarina, com vistas à educação
específica e diferenciada que possibilite a afirmação étnica e cultural, como estabelecem
os ditames legais.
Os povos indígenas, vem intensificando suas lutas para que suas formas próprias de
organização social, seus valores, tradições, saberes, sejam garantidos e fortalecidos . A
extensão educacional, constitui-se como possibilidade de os povos indígenas se
apropriarem da instituição escola, como espaço de fortalecimento de sua identidade.
Porém, cabe destacar que historicamente a escola configurou-se como espaço de
imposição de valores, de produção de mão de obra para o mercado e padronização dos
pensamentos para a construção da identidade nacional, protagonizada pela elite política e
econômica dominante. Esse modelo de sistema escolar, configurou-se historicamente
como espaço legitimador dos padrões estabelecidos nos projetos de nação, que na
maioria dos casos, negou-se o reconhecimento e o respeito às diversidades étnicas,
raciais, de gênero, culturais e sociais.
A partir da Constituição de 1988, a escola passa a ser reivindicada pelas comunidades
indígenas como espaço de construção de relações baseadas na interculturalidade e na
autonomia política. Uma Educação Escolar Indígena - caracterizada pela afirmação das
identidades étnicas, pela recuperação das memórias históricas, pela valorização das
línguas e especificidades dos povos indígenas.
O desafio que se instala, é o de garantir a associação entre
escola/sociedade/identidades, em conformidade aos projetos societários definidos
autonomamente por cada povo indígena. Pode-se afirmar que foi uma conquista que
nasce das lutas empreendidas pelos povos indígenas e seus aliados, e um importante
passo em direção da democratização das relações sociais no país.
Com base nessas constatações, a proposta de elaboração do Projeto Político Pedagógico
para a Educação Escolar Indígena no âmbito da Educação Básica em Santa Catarina,
implica em trazer à luz desse dessa proposta alguns elementos das Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica, Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Escolar Indigena na Educação Básica. e Proposta Proposta Curricular de
Santa Catarina,mapeamento da situação da Educação Escolar Indigena em Santa
Catarina, Educação Básica e Formação Inicial e Continuada, Referencial Curricular
Nacional para a Educação Escolar Indigena - RCNEI
Seção I
Educação de Jovens e Adultos
Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-se aos que se situam na faixa
etária superior à considerada própria, no nível de conclusão do Ensino Fundamental e do
Ensino Médio.
§ 1o Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de cursos gratuitos aos jovens e aos
adultos, proporcionando-lhes oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
cursos, exames, ações integradas e complementares entre si, estruturados em um projeto
pedagógico próprio.
§ 2o Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a Educação Profissional articulada com
a Educação Básica, devem pautar-se pela flexibilidade, tanto de currículo quanto de
tempo e espaço, para que seja(m):
I - rompida a simetria com o ensino regular para crianças e adolescentes, de modo a
permitir percursos individualizados e conteudos significativos para os jovens e adultos;
II - providos o suporte e a atenção individuais às diferentes necessidades dos estudantes
no processo de aprendizagem, mediante atividades diversificadas;
III - valorizada a realização de atividades e vivências socializadoras, culturais, recreativas
e esportivas, geradoras de enriquecimento do percurso formativo dos estudantes;
IV - desenvolvida a agregação de competências para o trabalho;
V - promovida a motivação e a orientação permanente dos estudantes, visando maior
participação nas aulas e seu melhor aproveitamento e desempenho;
VI - realizada, sistematicamente, a formação continuada, destinada, especificamente, aos
educadores de jovens e adultos.
Seção II Educação Especial
Art. 29. A Educação Especial, como modalidade transversal a todos os níveis, etapas e
modalidades de ensino, é parte integrante da educação regular, devendo ser prevista no
projeto político-pedagógico da unidade escolar.
§ 1o Os sistemas de ensino devem matricular os estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas classes comuns do
ensino regular e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), complementar ou
suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos multifuncionais ou em
centros de AEE da rede publica ou de instituições comunitárias, confessionais ou
filantrópicas sem fins lucrativos.
§ 2o Os sistemas e as escolas devem criar condições para que o professor da classe
comum possa explorar as potencialidades de todos os estudantes, adotando uma
pedagogia dialógica, interativa, interdisciplinar e inclusiva e, na interface, o professor do
AEE deve identificar habilidades e necessidades dos estudantes, organizar e orientar
sobre os serviços e recursos pedagógicos e de acessibilidade para a participação e
aprendizagem dos estudantes.
§ 3o Na organização desta modalidade, os sistemas de ensino devem observar as
seguintes orientações fundamentais:
I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudantes no ensino regular;
II - a oferta do atendimento educacional especializado;
III - a formação de professores para o AEE e para o desenvolvimento de práticas
educacionais inclusivas;
IV - a participação da comunidade escolar;
V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações e informações, nos mobiliários e
equipamentos e nos transportes;
VI - a articulação das políticas publicas intersetoriais.
Seção III
Educação Profissional e Tecnológica
Art. 30. A Educação Profissional e Tecnológica, no cumprimento dos objetivos da
educação nacional, integra-se aos diferentes níveis e modalidades de educação e às
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia, e articula-se com o ensino regular e
com outras modalidades educacionais: Educação de Jovens e Adultos, Educação
Especial e Educação a Distância.
Art. 31. Como modalidade da Educação Básica, a Educação Profissional e Tecnológica
ocorre na oferta de cursos de formação inicial e continuada ou qualificação profissional e
nos de Educação Profissional Técnica de nível médio.
Art. 32. A Educação Profissional Técnica de nível médio é desenvolvida nas seguintes
formas:
I - articulada com o Ensino Médio, sob duas formas:
a) integrada, na mesma instituição; ou
b) concomitante, na mesma ou em distintas instituições;
II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o Ensino Médio.
§ 1o Os cursos articulados com o Ensino Médio, organizados na forma integrada, são
cursos de matrícula unica, que conduzem os educandos à habilitação profissional técnica
de nível médio ao mesmo tempo em que concluem a ultima etapa da Educação Básica.
§ 2o Os cursos técnicos articulados com o Ensino Médio, ofertados na forma
concomitante, com dupla matrícula e dupla certificação, podem ocorrer:
I - na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais
disponíveis;
II - em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais
disponíveis;
III - em instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade,
com planejamento e desenvolvimento de projeto pedagógico unificado.
§ 3o São admitidas, nos cursos de Educação Profissional Técnica de nível médio, a
organização e a estruturação em etapas que possibilitem qualificação profissional
intermediária.
§ 4o A Educação Profissional e Tecnológica pode ser desenvolvida por diferentes
estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de
trabalho, incluindo os programas e cursos de aprendizagem, previstos na Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT).
Art. 33. A organização curricular da Educação Profissional e Tecnológica por eixo
tecnológico fundamenta-se na identificação das tecnologias que se encontram na base de
uma dada formação profissional e dos arranjos lógicos por elas constituídos.
Art. 34. Os conhecimentos e as habilidades adquiridos tanto nos cursos de Educação
Profissional e Tecnológica, como os adquiridos na prática laboral pelos trabalhadores,
podem ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou
conclusão de estudos.
Seção IV Educação Básica do Campo
Art. 35. Na modalidade de Educação Básica do Campo, a educação para a população
rural está prevista com adequações necessárias às peculiaridades da vida no campo e de
cada região, definindo-se orientações para três aspectos essenciais à organização da
ação pedagógica:
I - conteudos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses
dos estudantes da zona rural;
II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do
ciclo agrícola e às condições climáticas;
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
Art. 36. A identidade da escola do campo é definida pela vinculação com as questões
inerentes à sua realidade, com propostas pedagógicas que contemplam sua diversidade
em todos os aspectos, tais como sociais, culturais, políticos, econômicos, de gênero,
geração e etnia.
Parágrafo unico. Formas de organização e metodologias pertinentes à realidade do
campo devem ter acolhidas, como a pedagogia da terra, pela qual se busca um trabalho
pedagógico fundamentado no princípio da sustentabilidade, para assegurar a preservação
da vida das futuras gerações, e a pedagogia da alternância, na qual o estudante participa,
concomitante e alternadamente, de dois ambientes/situações de aprendizagem: o escolar
e o laboral, supondo parceria educativa, em que ambas as partes são corresponsáveis
pelo aprendizado e pela formação do estudante.
Seção V Educação Escolar Indígena
Art. 37. A Educação Escolar Indígena ocorre em unidades educacionais inscritas em suas
terras e culturas, as quais têm uma realidade singular, requerendo pedagogia própria em
respeito à especificidade étnico-cultural de cada povo ou comunidade e formação
específica de seu quadro docente, observados os princípios constitucionais, a base
nacional comum e os princípios que orientam a Educação Básica brasileira.
Parágrafo unico. Na estruturação e no funcionamento das escolas indígenas, é
reconhecida a sua condição de possuidores de normas e ordenamento jurídico próprios,
com ensino intercultural e bilíngue, visando à valorização plena das culturas dos povos
indígenas e à afirmação e manutenção de sua diversidade étnica.
Art. 38. Na organização de escola indígena, deve ser considerada a participação da
comunidade, na definição do modelo de organização e gestão, bem como:
I - suas estruturas sociais;
II - suas práticas socioculturais e religiosas;
III - suas formas de produção de conhecimento, processos próprios e métodos de ensino-
aprendizagem;
IV - suas atividades econômicas;
V - edificação de escolas que atendam aos interesses das comunidades indígenas;
VI - uso de materiais didático-pedagógicos produzidos de acordo com o contexto
sociocultural de cada povo indígena.
a ) Educar na alteridade: Alteridade tem a ver com a questão do outro. Quem são os
outros na cultura e na educação? Os outros são todos e não apenas alguns outros. O
outro se constrói, permanentemente, na cultura e na educação, multiplica-se, transforma-
se, e é irredutível a uma identidade que, pelas relações de poder, faz-se a oficial. Pensar
a alteridade é reconhecer que o outro é sempre uma relação, é romper com
representações que o especializam e o fixam em uma categoria que o impede de
demonstrar seu devir.
Nas práticas escolares, a alteridade pressupõe o reconhecimento das diferenças
pessoais, grupais ou culturais sem reduzi-las à compreensão de um eu, evitando assim
processos de homogeneização das diferentes identidades que integram os espaços
formativos (LEVINAS, 1980). Esse conceito tem por base a tese central de Levinas, em
que se inaugura a crítica frontal da categoria da totalidade, típica da filosofia ocidental
greco-romana no seu culto do Mesmo e do Neutro, do pensamento absoluto e
globalizador, ressaltando, em contrapartida, a relação ética, do frente a frente humano,
fonte de todo sentido.
É na elaboração do Projeto Político Pedagógico – PPP que se tem a oportunidade de
discutir, coletivamente, os princípios a serem seguidos pela comunidade escolar. Educar
na alteridade e na diferença é, sem duvida, um princípio fundamental para tomar
consciência de que as pessoas podem se relacionar de outro modo, no qual as diferenças
não são mais ignoradas ou vistas como problema, pelo contrário, são enriquecimento. Por
exemplo, em uma Educação para as Diferenças Sexuais na Educação Básica, o PPP
deve garantir a promoção do respeito e do reconhecimento dos sujeitos de todas as
orientações sexuais e identidades de gênero. Ao se ter esse princípio no PPP, faz-se
necessário traduzi-lo em ações pedagógicas, principalmente, na relação de um com o
outro nas situações de preconceito e discriminação que precisam ser enfrentadas.
Não existe uma fórmula a ser seguida para aquele que discrimina ou para aquele que
recebe a discriminação. É importante conhecer o que motiva o outro a discriminar para,
então, dialogar com aquele que discriminou, sem repressão, mas em um movimento que
o faça perceber que sua atitude não condiz com o projeto pensado para sua escola, não
condiz com uma escola que tem em seu projeto o combate aos estereótipos criados em
relações de alteridade que definem pessoas ou grupos como problemas e, por
consequência, instituem-se práticas opressivas e excludentes. Discutir, no âmbito das
Escolas, as rotinas, atitudes e práticas pessoais, adotadas nos espaços educativos, por
exemplo, que possam estar promovendo a homofobia, a misoginia, o machismo, o
racismo, a transfobia e a lesbofobia, a fim de erradicá-las.
Nas ações pedagógicas, gestores, professores e estudantes não atuam na formatação do
outro; eles reconhecem a existência das diferenças, discutem, vivem e convivem com a
presença do outro, considerando e valorizando a história e a experiência de cada sujeito,
em um movimento relacional que permite conhecer o outro pela proximidade que se tem
com ele. Educação na/da alteridade e na diferença é reconhecer que o outro está na
escola, bem perto de nós, não como alguém a ser tolerado, mas como alguém que tem a
escola a sua disposição na promoção de ambientes inventivos, plurais e respeitosos.
b) Consciencia política e histórica da diversidade: Para respeitar as diversas formas
de ser, existir, viver e produzir é preciso conhecer os processos históricos que produziram
exclusões e desigualdades. Como decorrência desta compreensão, são estratégias
didáticas possíveis:
20. 20 Valores Civilizatórios Afro-brasileiros e Indígenas são valores e concepções pertinentes à visão de
mundo destes grupos étnicos, os quais organizam suas realidades sociais e expressam e conferem
identidade a estes grupos.
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significa dizer que a escola vai além de garantir acesso a todas as pessoas, o que implica
em práticas pedagógicas livres de preconceitos e discriminações. Ao se discutir o PPP da
escola é de fundamental importância considerar que a igualdade de direitos pressupõe o
direito à diferença.
É importante salientar que o direito à igualdade avançou nas questões políticas e legais,
mas é crucial que a escola compreenda o direito à igualdade nas questões pedagógicas.
Um exemplo de direito à igualdade na questão pedagógica é reconhecer a capacidade
universal de aprender de todos como ponto de partida e compreender que existem
diferenças nos processos de aprendizado dos estudantes.
Outro exemplo de direito à igualdade é trabalhar o conhecimento escolar a partir de uma
visão intercultural, na qual diversos grupos sociais e culturais são contemplados em sua
história, geografia, entre outras áreas do conhecimento. Garantir, também, o acesso e a
permanência de estudantes e profissionais LGBT nos espaços educacionais em todas as
etapas da Educação Básica e modalidades de ensino, combatendo a discriminação e o
preconceito, respeitando a orientação sexual e identidade de gênero e o uso do nome
social.
PARTEI
Com relação aos fundamentos gerais da educação escolar indigena, dou merito pelo
reconhecimento de que o Brasil e uma nação constituida por muitos povos de diferentes
etnias, com historias, saberes, culturas e linguas proprias; a existencia de um grande
numero de povos indigenas
10 pais; a consciencia de que estes povos constituiram, ao longo de sua historia, suas
organizaçoes sociais, saberes e processos proprios de aprendizagem; o reconhecimento
do direito dos povos indigenas a
3. Autodeterminação P A R T E I
As sociedades indígenas em todo o mundo, no contexto atual de inserção em estados
nacionais, têm contato com valores, instituições e procedimentos distintos dos que lhes
são próprios. Elas têm o direito de decidirem seu destino, fazendo suas escolhas,
elaborando e administrando autonomamente seus projetos de futu- ro. Um olhar que
acompanhe a história dessas sociedades no Brasil dos ultimos anos reconhece um claro
processo de consolidação de experiências de autonomia indígena. Estas se desenvolvem,
porém, ao lado de situações críticas, em que a proteção do Estado é essencial para a
sobrevivência física e cultural dos povos envolvidos. Permanecem questões fundamentais
ainda não resolvidas, como a da demarcação e garantia das terras de muitos dos povos
indígenas no país.
No mundo todo, onde ainda existem povos tradicionais, na Africa, na Asia, norte da Europa e Norte-
America, nao importa o quanto estejamos afastados dos grandes centros urbanos, temos que responder a
tantas perguntas que incluem desde escola, saude, administração de terras, negocios com terceiros ...
Basta esta lista para exemplificar o quanto estamos todos sendo intimados a criar novas respostas para um
grande numero de perguntas que nem são tão novas assim. Ailton, liderança Krenak, MG
• uma visão de sociedade que transcende as relaçoes entre humanos e admite diversos "seres " e forças
da natureza com os quais estabelecem relaçoes de cooperação e intercambio a fim de adquirir - e
assegurar - determinadas qualidades;
• valores e procedimentos proprios de sociedades originalmente orais, menos marcadas por profundas
desigualdades internas, mais articuladas pela obrigação da reciprocidade entre os grupos que as integram;
•noçoes proprias, culturalmente formuladas (portanto variáveis de uma sociedade indigena a outra) da
pessoa humana e dos seus atributos, capacidades e qualidades;
• formação de crianças e jovens como processo integrado; apesar de suas inumeras particularidades, uma
caracteristica comum as sociedades indigenas e que cada experiencia cognitiva e afetiva carrega multiplos
significados - economicos, sociais, tecnicos, rituais,
cosmologicos.
PARTE
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA AS ESCOLAS INDIGENAS
comunidades indigenas, mesmo tendo sofrido enormes mudanças no aspecto mais aparente de sua
cultura, mesmo ai onde tudo parece ter mudado profundamente, a força mais sutil da alma de um povo
subsiste. Ailton, liderança Krenak, MG.
Permite que se projetem, mesmo que como utopia democrática, relações igualitárias entre
os povos indígenas, a sociedade civil e o Estado. Chama-se a atenção para as
contribuições que a educação escolar específica e diferenciada pode dar ao exercício da
cidadania indígena. Parte do sistema nacional de educa- ção, a escola indígena é um
direito que deve estar assegurado por uma nova política publica a ser construída, atenta e
respeitosa frente ao patrimônio linguístico, cultural e intelectual dos povos indígenas. Esse
esforço de projetar uma nova educação escolar indígena só será realmente concretizado
com a participação direta dos prin- cipais interessados—os povos indígenas, através de
suas comunidades educativas. Essa participação efetiva, em todos os momentos do
processo, não deve ser um detalhe técnico ou formal mas, sim, a garantia de sua
realização. A participação da comunidade no processo pedagógico da escola,
fundamentalmente na definição dos objetivos, dos conteudos curriculares e no exercício
das práticas metodológicas, assume papel necessário para a efetividade de uma
educação específica e diferen- ciada.
5.1.2. Intercultural:
Porque deve reconhecer e manter a diversidade cultural e linguística; promo- ver uma
situação de comunicação entre experiências socioculturais, linguísticas e históricas
diferentes, não considerando uma cultura superior à outra; estimular o entendimento e o
respeito entre seres humanos de identidades étnicas diferentes, ainda que se reconheça
que tais relações vêm ocorrendo históricamente em contextos de desigualdade social e
política.
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA AS ESCOLAS INDIGENAS
PARTEI
5.1.3. Bilingue/multilingue:
Porque as tradições culturais, os conhecimentos acumulados, a educação das gerações
mais novas, as crenças, o pensamento e a prática religiosos, as repre- sentações
simbólicas, a organização política, os projetos de futuro, enfim, a repro- dução
sociocultural das sociedades indígenas são, na maioria dos casos, manifesta- dos através
do uso de mais de uma língua. Mesmo os povos indígenas que são hoje monolingues em
língua portuguesa continuam a usar a língua de seus ancestrais como um símbolo
poderoso para onde confluem muitos de seus traços identificatórios, constituindo, assim,
um quadro de bilinguismo simbólico importante.
5.1.4. Específica e diferenciada:
Porque concebida e planejada como reflexo das aspirações particulares de povo indígena
e com autonomia em relação a determinados aspectos que regem o funcionamento e
orientação da escola não-indígena.
Todo projeto escolar so será escola indigena se for pensado, planejado, construido e
mantido pela vontade livre e consciente da comunidade. O papel do Estado e outras
instituiçoes de apoio deve ser de reconhecimento, incentivo e reforço para este projeto
comunitário. Não se trata apenas de elaborar curriculos, mas de permitir e oferecer
condiçoes necessárias para que a comunidade gere sua escola. Complemento do
processo educativo proprio de cada comunidade, a escola deve se constituir a partir dos
seus interesses e possibilitar sua participação em todos os momentos da definição da
proposta curricular, do seu funcionamento, da escolha dos professores que vão lecionar,
do projeto pedagogico que vai ser desenvolvido, enfim, da politica educacional que será
adotada.
Gersem dos Santos, professor Baniwa, AM.
Alunos na Escola Capivara, MT (Professora Jeny Kaiabi)
1 http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf
2. A satisfação dessas necessidades confere aos membros de uma sociedade a
possibilidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de respeitar e desenvolver a sua
herança cultural, linguística e espiritual, de promover a educação de outros, de defender a
causa da justiça social, de proteger o meio-ambiente e de ser tolerante com os sistemas
sociais, políticos e religiosos que difiram dos seus, assegurando respeito aos valores
humanistas e aos direitos humanos comumente aceitos, bem como de trabalhar pela paz
e pela solidariedade internacionais em um mundo interdependente.
3. Outro objetivo, não menos fundamental, do desenvolvimento da educação. é o
enriquecimento dos valores culturais e morais comuns. É nesses valores que os
indivíduos e a sociedade encontram sua identidade e sua dignidade.
4. A educação básica é mais do que uma finalidade em si mesma. Ela é a base para a
aprendizagem e o desenvolvimento humano permanentes, sobre a qual os países podem
construir, sistematicamente, níveis e tipos mais adiantados de educação e capacitação.
De posse do conhecimento e compreensão da base legal que orienta o processo
educativo, sobretudo da compreensão sobre o cenário que indica a configuração de
sociedade que temos e que sociedade desejamos, os professores precisam se
enxergarem como profissionais capazes de construir propostas passíveis de
operacionalizar no cotidiano da escola.
b. Objetivo Geral:
Promover o acesso, a permanência e a garantia da aprendizagem significativa às
crianças, adolescentes, jovens e adultos, conforme estabelece a base legal destinada à
Educação Básica.
c. Objetivos Específicos: (Elaborar com os cursistas)
d. Ações a serem desenvolvidas e as pessoas ou segmentos que irão realizá-las.
3. Proposta curricular
Conforme o que estabelece as DCNEB (2010, p. 27), pensar as formas para a
organização curricular da escola, implica no entendimento de que currículo é o conjunto
de valores e práticas que proporcionam a produção e a socialização de significados no
espaço social e que contribuem, intensamente, para a construção de identidades sociais e
culturais dos estudantes. Deve-se difundir os valores fundamentais do interesse social,
dos direitos e deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e à ordem democrática,
bem como considerar as condições de escolaridade dos estudantes em cada
estabelecimento, a orientação para o trabalho, a promoção de práticas educativas formais
e não-formais.
Na Educação Básica, a organização do tempo curricular deve ser construída em função
das peculiaridades de seu meio e das características próprias dos seus estudantes, não
se restringindo às aulas das várias disciplinas. O percurso formativo deve, nesse sentido,
ser aberto e contextualizado, incluindo não só os componentes curriculares centrais
obrigatórios, previstos na legislação e nas normas educacionais, mas, também, conforme
cada projeto escolar estabelecer, outros componentes flexíveis e variáveis que
possibilitem percursos formativos que atendam aos inumeros interesses, necessidades e
características dos educandos. Quanto à concepção e à organização do espaço curricular
e físico, se imbricam e se alargam, por incluir no desenvolvimento curricular ambientes
físicos, didático-pedagógicos e equipamentos que não se reduzem às salas de aula,
incluindo outros espaços da escola e de outras instituições escolares, bem como os
socioculturais e esportivo-recreativos do entorno, da cidade e mesmo da região.
Essa ampliação e diversificação dos tempos e espaços curriculares pressupõe
profissionais da educação dispostos a reinventar e construir essa escola, numa
responsabilidade compartilhada com as demais autoridades encarregadas da gestão dos
órgãos do poder publico, na busca de parcerias possíveis e necessárias, até porque
educar é responsabilidade da família, do Estado e da sociedade. A escola precisa acolher
diferentes saberes, diferentes manifestações culturais e diferentes óticas, empenhar-se
para se constituir, ao mesmo tempo, em um espaço de heterogeneidade e pluralidade,
situada na diversidade em movimento, no processo tornado possível por meio de relações
intersubjetivas, fundamentada no princípio emancipador.
Cabe, nesse sentido, às escolas desempenhar o papel socioeducativo, artístico, cultural,
ambiental, fundamentadas no pressuposto do respeito e da valorização das diferenças,
entre outras, de condição física, sensorial e socioemocional, origem, etnia, gênero, classe
social, contexto sociocultural, que dão sentido às ações educativas, enriquecendo-as,
visando à superação das desigualdades de natureza sociocultural e socioeconômica.
Contemplar essas dimensões significa a revisão dos ritos escolares e o alargamento do
papel da instituição escolar e dos educadores, adotando medidas proativas e ações
preventivas. Na organização e gestão do currículo, as abordagens disciplinar,
pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar requerem a atenção criteriosa da
instituição escolar, porque revelam a visão de mundo que orienta as práticas pedagógicas
dos educadores e organizam o trabalho do estudante. Perpassam todos os aspectos da
organização escolar, desde o planejamento do trabalho pedagógico, a gestão
administrativo-acadêmica, até a organização do tempo e do espaço físico e a seleção,
disposição e utilização dos equipamentos e mobiliário da instituição, ou seja, todo o
conjunto das atividades que se realizam no espaço escolar, em seus diferentes âmbitos.
De acordo com o (Art. 14.) a base nacional comum na Educacao Basica constitui-se de
conhecimentos, saberes e valores produzidos culturalmente, expressos nas politicas publicas e
gerados nas instituicoes produtoras do conhecimento cientifico e tecnologico; no mundo do
trabalho; no desenvolvimento das linguagens; nas atividades desportivas e corporais; na producao
artistica; nas formas diversas de exercicio da cidadania; e nos movimentos sociais.
§ 1o Integram a base nacional comum nacional:
a) a Lingua Portuguesa;
b) a Matematica;
c) o conhecimento do mundo fisico, natural, da realidade social e politica,
especialmente do Brasil, incluindo-se o estudo da Historia e das Culturas Afro-Brasileira e
Indigena,
d) a Arte, em suas diferentes formas de expressao, incluindo-se a musica;
e) a Educacao Fisica;
f) o Ensino Religioso.
§ 2o Tais componentes curriculares sao organizados pelos sistemas educativos, em forma de areas
de conhecimento, disciplinas, eixos tematicos, preservando-se a especificidade dos diferentes
campos do conhecimento, por meio dos quais se desenvolvem as habilidades indispensaveis ao
exercicio da cidadania, em ritmo compativel com as etapas do desenvolvimento integral do cidadao.
A area Ciencias da Natureza e Matematica sera desenvolvida com base nos pressupostos
pedagogicos assumidos pela Proposta Curricular de Santa Catarina, com a abordagem
historico-cultural, segundo a qual a escola e lugar de mediacao cultural para a formacao
cognitiva, afetiva e etica, nao somente voltada a aquisicao de conhecimentos, mas
4. Matriz Curricular
Turno: Diurno
Unidade Escolar:
Nº mínimo de dias de efetivo trabalho escolar: 200 dias
Nº mínimo de semanas letivas: 40
Nº de dias semanais de efetivo trabalho: 05
Duração hora/aula: 45 minutos - 5 horas/aulas diárias (4 horas), com recreio.
Carga horária mínima anual para os alunos: 800 horas.
Disciplinas (aulas semanais) ANOS INICIAIS ANOS FINAIS
BASE COMUM 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º
Ano ano Ano Ano Ano ano ano Ano Ano
Língua portuguesa X X X X X 04 04 04 04
Matemática X X X X X 04 04 04 04
Ciências X X X X X 02 02 02 02
História/cultura indígena X X X X X 02 02 02 02
Geografia/cultura indígena X X X X X 02 02 02 02
Educação Física 02 02 02 02 02 02 02 02 02
Arte/kaingang,Guarani Xokleng 02 02 02 02 02 02 02 02 02
Ensino Religioso X X X X X 01 01 01 01
Lingua Materna 4 4 4 4
PARTE Língua - - - - - 03 03 03 03
DIVERSIFICADA Estrangeira
TOTAL SEMANAL 20 20 20 20 20 26 26 26 26
4.1.2 Matriz Curricular – Ensino Médio Noturno
CARGA
AREAS DO
DISCIPLINAS SÉRIES HORARIA
CONHECIMENTO
TOTAL
1ª 2ª 3ª
Língua portuguesa e literatura 03 03 03 288
Língua estrangeira Moderna 02 02 02 192
Linguagens
(Língua Materna) 02 01 02 160
Códigos e suas
Arte 02 02 02 192
tecnologias
Educação Física 09 08 09 832
Subtotal
Química 02 02 02 192
Da Natureza, Física 02 02 02 192
Matemática e suas Biologia 02 02 02 192
tecnologias Matemática 03 03 03 288
Subtotal 09 09 09 864
Geografia 02 02 02 192
História 02 02 02 192
Ciências Humanas e
Filosofia 01 02 02 160
suas tecnologias
Sociologia 02 02 01 160
Subtotal 07 08 07 704
Totais Semanais 25 25 25 2400
CARGA
AREAS DO
DISCIPLINAS SÉRIES HORARIA
CONHECIMENTO
TOTAL
1ª 2ª 3ª
Escola e Comunid Vida e
Moradia ade Sociedad -
e
Língua portuguesa e literatura 04 03 04 352
Língua estrangeira Moderna 05 05 05 480
Arte 01 01 01 96
Educação Física 01 01 01 96
Linguagens Informática 01 01 01 96
Empreendedorismo 01 01 01 96
Almoço e Intervalo
240
Orientados
Subtotal 13 12 13 1456
Química 02 03 03 256
Física 02 03 03 256
Ciências da Natureza Biologia 02 03 03 256
Almoço e Intervalo
240
Orientados
Subtotal 06 09 09 1008
Geografia 03 02 02 224
História 03 02 02 224
Ciências Humanas Filosofia 02 02 02 192
Sociologia 02 02 02 192
Almoço e Intervalo
240
Orientados
Subtotal 10 08 08 1072
Matemática 04 04 03 352
Almoço e Intervalo
Matemática 150
Orientados
Subtotal 04 04 03 502
Futsal 02 02 02 192
Musica 02 02 02 192
Tênis de Mesa 02 02 02 192
Violão 02 02 02 192
Voleibol 02 02 02 192
Cultura e Esporte Xadrez 02 02 02 192
Artesanato 02 02 02 192
Teatro 02 02 02 192
Almoço e Intervalo
240
Orientados
Subtotal 12 12 12 1392
CARGA
AREAS DO
DISCIPLINAS SÉRIES HORARIA
CONHECIMENTO
TOTAL
1ª
Escola 2ª 3ª
e Comunida Vida e -
Moradi de Sociedade
a
Língua portuguesa e 04 04 04 382
literatura 03 03 03 288
Língua estrangeira 01 01 01 96
Moderna ( indígena) 01 01 01 96
Linguagens
Arte e Arte Indígena 01 01 01 96
Educação Física 10 10 10 960
Informática
Subtotal
Química 03 03 03 288
Ciências da Natureza Física 03 03 03 288
Biologia 03 03 03 288
Subtotal 09 09 09 864
Geografia 03 03 03 288
História 03 03 03 288
Ciências Humanas Filosofia 02 02 02 192
Sociologia 02 02 02 192
Subtotal 10 10 10 960
Matemática 04 04 04 384
Matemática
Subtotal 04 04 04 384
Cultura e Esporte Futsal 02 02 02 192
Musica 02 02 02 192
Tênis de Mesa 02 02 02 192
Violão 02 02 02 192
Voleibol 02 02 02 192
Xadrez 02 02 02 192
Artesanato 02 02 02 192
Teatro 02 02 02 192
Subtotal 04 04 04 384
d) Metodologia de ensino
Elaborar a proposta nos diferentes níveis de ensino detalhando como dar-se-ão os
procedimentos pedagógicos por meio das áreas do conhecimento, (ter presente a
concepção de percurso formativo e formação integral). Trabalhar com Eixos Temáticos
que contemplem: Valores, Ética, Vida em Comunidade, Cidadania, Manifestações
Artísticas, Ampliação para a prática esportiva. Material didático específico para EJA;
Partir do conhecimento adquirido, as experiências, assim como sua cultura,
contextualizando-as com o científico; Desenvolver projeto que estimulem aprendizagem,
com ênfase nas manifestações artísticas.
6. Dimensão física
Descrever:
a) Instalações gerais: biblioteca (espaço físico, acervo, serviços oferecidos), secretaria,
salas de aula e outras, sanitários, etc. Promover uma avaliação semestral de todas as
dimensões elencadas neste documento. Fomentar a criação dos Conselhos da
Comunidade em todas as Comarcas; Participação ativa dos professores nos Conselhos
da Comunidade para captar, aplicar e discutir os recursos; Através de Oficio e Projetos
solicitar verbas aos Orgãos Jurisdicionais.
Bebedouro;
Biblioteca equipada com livros;
Ventilação para sala de aula;
Comunicação rápida com a segurança;
CANARIO, Rui. A escola tem futuro? Das promessas ás incertezas. Porto Alegre:
artmed, 2006.
KUHM, Thomas. A estrutura das Revoluções Científicas. 5 Ed. São Paulo: Editora
Perspectiva, 2000.
Referencial curricular nacional para as escolas indígenas/Ministério da Educação e do
Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998.