Você está na página 1de 27

Correntes de pensamento geográfico

MÉTODO REGIONAL
Para Hartshorne não há fenômenos particulares à
Geografia, assim como também não há um objeto de
estudo que lhe seja específico. Para ele, as ciências se
definem, sobretudo, por seus métodos próprios de
investigação, e menos segundo a determinação de
objetos particulares de estudo. Afirma que não cabe à
Geografia investigar a gênese e desenvolvimento dos
fenômenos. O olhar do geógrafo deve estar dirigido para
a apreensão do caráter das áreas, não se confundindo
com o olhar do historiador, interessado nos processos
em si. Isso porque, cabe ao geógrafo entender a
diferenciação das áreas da superfície terrestre.
A Geografia Quantitativa ou Nova Geografia
“A matemática e a estatística, associadas, têm trazido
à geografia uma contribuição não só operacional, mas
também conceitual e lógica. Dois exemplos podem ser
citados, evidentes e simples: o uso dos conceitos da
teoria dos conjuntos para operacionalizar e classificar
o conceito de região e o uso de um modelo
probabilístico epidemiológico, para descrever a
operação espacial/regional.”
(FAISSOL,S. Teorização e quantificação na geografia. Revista
Brasileira de Geografia. 1972)
“ A consequente aplicação mais direta do rigor
matemático deu à geografia um cientificismo de que
ela necessitava para afirmar-se, embora a linguagem
matemática e a busca de uma geometria nos
processos espaciais tenha lhe valido alguns exageros
que foram duramente criticados e, aos poucos, sendo
corrigidos.
(FAISSOL, S. A Geografia Quantitativa no Brasil: como foi e
o que foi? Revista Brasileira de Geografia. 1989)
Se a geografia tradicional pode ser acusada de ter sido
ingênua e alienada dos problemas reais que afetam a
sociedade, constituindo-se em uma ideologia, à “Nova
Geografia” esta acusação é mais cabível,
acrescentando-se ainda que além de alienada ela é
alienante: mistificando sobre a realidade sócio-espacial
com a “elegância”, “neutralidade” e “cientificidade” que o
positivismo lógico fornece, acaba transformando o
geógrafo em um pesquisador alienado, que levanta
falsas questões(...) que muitas vezes se perde com
“geometrias estéreis”, e que se preocupa com a
aparência dos fenômenos sociais, esquecendo-se de
sua essência.”
(CORRÊA, Roberto Lobato- Da Nova Geografia à Geografia
Nova. 1980)
A GEOGRAFIA CRÍTICA

“É necessário saber pensar o espaço,


para saber nele se organizar, para saber
nele combater”
(Yves Lacoste)
Geografia Humanista
A Geografia Humanista procura um entendimento
do mundo humano através do estudo das relações
das pessoas com a natureza, do seu
comportamento geográfico, bem como dos seus
sentimentos e idéias a respeito do espaço e do
lugar. (TUAN, 1982)
(...) qualquer paisagem é composta não apenas por
aquilo que está à frente dos nossos olhos, mas tam-
bém por aquilo que se esconde em nossas mentes.
MEINIG, Donald W. O olho que observa: dez visões sobre a mesma
cena. Espaço e cultura, UERJ, n. 13, p. 35-46, jan./jun. 2002.
Maior mineroduto do mundo começa a funcionar em meio a
queixas
Na manhã de 23 de agosto, a lavradora Maria da Consolação da Silva,
63, encontrou dezenas de peixes mortos no córrego atrás de casa.
Eram traíras e piabas boiando de barriga para cima no meio de uma
água cheia de espuma.
"Não sei até hoje o que matou os peixes", conta dona Maria. "Só sei
que não sobrou nem um lambarizinho nessa água", diz ela, que mora
há 20 anos na área e usava o córrego para pescar, lavar roupa e dar
água aos animais.
Segundo o laudo do centro tecnológico Cetec, os peixes morreram de
hemorragia por causa da água contaminada com amônia. O governo
acredita que soda cáustica tenha sido despejada na água.
A casa de dona Maria da Consolação fica a três quilômetros
da barragem de rejeitos da mineradora Anglo American. É lá
que são represados resíduos químicos resultantes do
beneficiamento do minério de ferro que a Anglo extrai da
região.
A empresa afirma estar investigando o caso e diz que o
laudo não é conclusivo.
A mortandade de peixes é só o mais novo capítulo da
história atribulada do maior mineroduto do mundo, o Minas
Rio, projeto que o ex-bilionário Eike Batista vendeu à Anglo
American em 2008.
Com cinco anos de atraso e custo US$ 10 bilhões acima do
estimado, um dos maiores estouros de orçamento da história da
mineração, o mineroduto começou a funcionar no fim de outubro.
Trata-se de um duto de 529 quilômetros que sai da mina e da
planta de beneficiamento de minério, em Conceição do Mato
Dentro (MG), passa por 32 cidades e chega ao porto do Açu
(RJ), levando minério misturado com água. O primeiro navio,
com 80 mil toneladas de minério de ferro, zarpou rumo à China.
Na esteira do projeto Minas Rio, que inclui mina, mineroduto e
porto, problemas se acumulam: casas próximas ao mineroduto
tremem e trincam, moradores se queixam da poluição dos rios e
eliminação de nascentes, técnicos disseram terem sido achacados
para liberar licenças ambientais, muitos contestam a venda de suas
propriedades à empresa.
Para completar, em meio a uma das piores secas que Minas Gerais
já viveu, a mina e o mineroduto consomem 2.500 metros cúbicos de
água por hora, quantidade suficiente para abastecer uma cidade de
220 mil habitantes.
"Há uma seca e não temos controles suficientes, essas outorgas
para uso da água precisam ser revistas", diz Marcelo Mata
Machado, promotor público de Conceição.
TERREMOTO
O mineroduto passa a cem metros do terreno de Rosemeire Teixeira,
50, na comunidade do Turco. Quando ligam as bombas, tudo na casa
vibra. "Parece terremoto: a gente senta na cama e fica tudo tremendo,
os pratos batem uns nos outros. Olha esta rachadura aqui", mostra.
No estudo de impacto ambiental (EIA-Rima), a mineradora dizia que "a
localização relativa das estações de bombeamento, combinada com o
nível de ruído das bombas, não trará incômodos às comunidades".
Os moradores do Turco não são considerados atingidos pela obra e
não têm direito a indenização.
A Anglo admite que foi detectada vibração no mineroduto, que diz ser
"fato incomum", e que "tomará as medidas cabíveis".
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/12/1555725-
maior-mineroduto-do-mundo-comeca-a-funcionar-em-meio-a-
queixas.shtml 01-12-2014
(TPS 2010) Os primeiros anos da modernidade são
marcados pela produção de uma enorme quantidade de
dados e de informações dificilmente tratáveis de maneira
sistemática pela ciência da época. A ausência de
segmentação no seio da ciência impossibilitava a análise de
certos temas particulares nascidos desses dados. Assim, a
partir do início do século XIX, os domínios disciplinares
específicos organizaram-se definindo seu objeto próprio em
torno dessas questões.
Paulo César da Costa Gomes. Geografia e
modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, p. 149
(com adaptações).
A partir do texto acima, assinale a opção correta acerca
da história do pensamento geográfico e da
institucionalização da geografia como ciência.
(A) A institucionalização da geografia como disciplina
acadêmica originou-se na França, com os estudos
regionais empreendidos pelos herdeiros do Iluminismo do
século XVIII, como Vidal de La Blache.
(B) A geografia firmou-se como domínio disciplinar
específico na Antiguidade, com obras de geógrafos como
Estrabão e Ptolomeu, que delimitaram o objeto de estudo
próprio da nova disciplina que surgia: o espaço terrestre.
(C) Grande parte dos historiadores da geografia atribui a
Alexander von Humboldt a responsabilidade pelo
estabelecimento das novas regras do pensamento
geográfico moderno, visto que ele rompeu com o
enciclopedismo francês e abandonou as narrativas de
viagens e as cosmografias.
(D) A geografia moderna tornou-se científica com a
ascensão do possibilismo, cujos ideais, já em meados do
século XIX, superaram as ideias deterministas e
naturalistas em voga no início do século.
(E) A geografia científica, que surgiu a partir do século
XIX, com as obras de Alexander von Humboldt e Carl
Ritter, foi influenciada pelo saber geográfico anteriormente
produzido e pelo sistema filosófico de Emmanuel Kant,
que considerava a geografia uma ciência ao mesmo
tempo geral/sistemática e empírica/regional.
(TPS 2011) Com relação à geografia moderna,
estruturada no século XIX, julgue (C ou E) os itens
subsequentes.
1. ( ) A guerra franco-prussiana é considerada episódio
central para o desenvolvimento da geografia na França,
visto que a derrota francesa foi creditada, em parte, à
superioridade da reflexão e do conhecimento geográfico
alemães.
2. ( ) O surgimento de escolas nacionais decorreu da
necessidade de criação de identidades culturais no âmbito
da geografia e da dificuldade de integração entre
geógrafos de nacionalidades distintas.
3. ( ) A motivação colonial foi uma das bases do
desenvolvimento dos estudos de geografia, visto que
cada metrópole pesquisava o espaço das
respectivas colônias.
4. ( ) A geografia moderna, desenvolvida
principalmente por autores alemães (e prussianos),
foi impulsionada pelo processo de unificação
nacional tardio da Alemanha.
(1ª Fase 2016) No que diz respeito às principais
correntes metodológicas da Geografia e sua
aplicação, julgue (C ou E) os itens seguintes.
1. O fato de a Geografia Humanista considerar o
espaço um lugar, extensão carregada de
significações, possibilita que ela trate de questões
práticas como as que envolvam a percepção
ambiental e a valoração arquitetônica.
2. Tanto o planejamento urbano quanto os símbolos
patrimoniais ou culturais da formação territorial
histórica, dimensões do espaço vivido nas
metrópoles que impactam as pessoas, podem ser
analisados no viés geográfico crítico.
3. A Geografia Teorética ou Nova Geografia reforça a
Geografia Tradicional e desprestigia o planejamento
territorial adotado pelo Estado.
4. A Geografia Crítica, ao debater a questão da
produção econômica do espaço, reconhece a
importância dos agentes hegemônicos do capital na
minimização das disparidades urbanas.
(1ª Fase de 2016) No início do século XIX, o
conjunto de pressupostos históricos de
sistematização da geografia já havia ocorrido: a
Terra já estava toda reconhecida; a Europa
articulava um espaço de relações econômicas
mundial; havia informações dos lugares mais
variados da superfície terrestre, bem como
representações do globo, devido ao uso cada vez
maior de mapas.
Antônio Carlos Robert Moraes. Apud: Auro de
Jesus Rodrigues. Geografia: introdução à ciência
geográfica. São Paulo: Editora Avercamp, 2008
(com adaptações).
O neocolonialismo teve forte influência no
desenvolvimento do pensamento geográfico europeu
durante o século XIX e o início do século XX. A
geografia, enquanto ciência a serviço dos Estados
nacionais, foi instrumento de poder europeu sob
vastas extensões territoriais na África, na América, na
Ásia e na Oceania. A respeito desse assunto, julgue
(C ou E) os itens que se seguem, tendo como
referência o texto apresentado.
1. Os estudos da geografia na França, com uma
formação filosófica e social mais humanista, voltavam-
se, no período citado, para os estudos das diferenças
entre as várias regiões do país e do mundo, com
apontamentos das causas do subdesenvolvimento
das colônias e da riqueza das metrópoles.
2. O levantamento e a descrição de informações nos
trabalhos geográficos do século XIX e do início do
século XX foram influenciados pela ideia de
multidisciplinaridade das ciências. Assim, as
informações sobre paisagens e regiões eram
apresentadas, de forma detalhada, com sessões
conjuntas para fatos humanos (população, economia,
povoamento etc.) e fatos naturais (clima, relevo,
vegetação, geologia, hidrografia, recursos naturais).
3. Os estudos geográficos constituíram, no período
citado, uma justificativa ideológica de legitimação da
exploração de outros povos pelos países imperialistas,
em substituição à religião, cujas explicações para tal
exploração estavam sendo questionadas, com a
difusão do conhecimento científico.
4 .O determinismo geográfico serviu para a
legitimação das políticas expansionistas dos países
imperialistas europeus, notadamente o alemão. O
geógrafo alemão Ratzel, por exemplo, teorizou a
relação entre os Estados nacionais e seu território,
apontando que o potencial de desenvolvimento de um
Estado-nação se daria basicamente pela relação entre
dois fatores: a população e os recursos naturais do
território.
(3ª Fase 2001) Em certo sentido, pode-se dizer
que o "ambientalismo contemporâneo"
representa, ao mesmo tempo, uma ruptura e
uma continuidade frente ao velho
"determinismo geográfico". Explique por quê

Você também pode gostar