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CENTRO DE TECNOLOGIA
SOBRAL
AGOSTO DE 2020
FRANCISCO ALEXANDRE SILVA FREITAS
OUTUBRO DE 2020
FRANCISCO ALEXANDRE SILVA FREITAS
Aprovado em ___/___/_____
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Prof. Doutor
Universidade Federal do Ceará (UFC)
________________________________________________________
Prof. Doutor
Universidade Federal do Ceará (UFC)
________________________________________________________
Convidado
A Deus.
()
RESUMO
A demanda de energia vem crescendo constantemente por parte da sociedade nos últimos anos
e com ela a necessidade de uma ótima continuidade no fornecimento de energia. Com isso as
concessionárias de energia vêm investindo em processos tecnológicos para melhorar seus
indicadores de qualidade de energia, com o propósito não só de que os mesmos se mantenham
dentro das metas estabelecidas pelas agências reguladoras de energia do setor elétrico brasileiro,
como também de que o consumidor se satisfaça com o produto e com a prestação de um serviço
qualidade. Nesse plano, os sistemas de recomposição de redes de distribuição vêm apresentando
um papel muito importante na continuidade e qualidade do fornecimento de energia elétrica em
momentos em que na existência de falta de energia os processos de recomposição restringem
pequenas porções de carga afetadas. Pretende-se com essa monografia salientar a importância
da recomposição de redes realizadas pela Enel (antiga Coelce) no seu sistema elétrico de
distribuição, com o intuito de mostrar que a concessionária dispõe de processos de operação de
rede, na qual, havendo situações de contingências, a mesma estará preparada para minimizar
ou mitigar o tempo de interrupção de energia, mostrando assim seu compromisso e respeito
pelos seus clientes no que tange a qualidade e continuidade do fornecimento de energia elétrica.
Neste trabalho são apresentados tanto o conceito de qualidade de energia quanto os
componentes que integram o sistema elétrico de distribuição da Enel, bem como é apresentada
uma análise sobre o comportamento do sistema nas ações operativas.
1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 12
1.1- OBJETIVOS ............................................................................................................................ 14
1.2- ORGANIZAÇÃO DO TEXTO .............................................................................................. 14
2.1 – CARACTÉRISITCAS GERIAS DO SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO.............................. 17
2.3 - QUALIDADE DE ENERGIA .................................................................................................... 19
2.3.1 - Qualidade Do Produto ......................................................................................................... 20
2.3.2 - Qualidade Do Serviço .......................................................................................................... 31
3 OPERAÇÃO DO SISTEMA ...................................................................................................... 35
3.1- SISTEMAS DE OPERAÇÃO DE REDE .............................................................................. 37
3.2- OPERAÇÕES DE REDE ....................................................................................................... 38
3.2.1- Tempo Real ............................................................................................................................ 38
3.2.2 - Operador do Sistema ........................................................................................................... 40
3.2.3- Sistema de Ajuda a Condução (SAC).................................................................................. 41
3.2.4 - Sistema de Supervisão e Controle....................................................................................... 42
3.2.5 - Atuação diante de incidências – (Monitoramento em rede MT) .............................. 43
3.2.6 - Análises Da Operação .......................................................................................................... 44
3.2.6.1 Gestão De Intervenção .................................................................................................... 44
3.2.6.2 - Análise e aprovações de desligamentos ....................................................................... 44
3.2.7- Estudos Elétricos ................................................................................................................... 45
3.2.8 - Normatização ....................................................................................................................... 45
3.2.9 - Plano Operacional................................................................................................................ 45
3.2.10- Atendimento Emergencial .............................................................................................. 46
3.2.10.1 - Central de Relacionamento e Agências de Atendimento ............................................. 46
3.2.10.2 - Centro de Controle de Baixa Tensão – CCBT.......................................................... 47
3.3- ANÁLISE DE REDE .............................................................................................................. 48
4- SISTEMA ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÃO ............................................................................. 49
4.1- CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO ....................................................... 49
4.2- EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E SECCIONAMENTO DE REDE DE
DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA ........................................................................................................... 52
4.2.1 - Chave Fusível ....................................................................................................................... 52
4.2.2 - Religadores ........................................................................................................................... 58
4.2.3 - Seccionalizadores ................................................................................................................. 64
4.2.4 - Seccionadoras Telecomandadas ......................................................................................... 65
5- RECOMPOSIÇÃO DE SISTEMAS PRIMÁRIOS DE DISTRIBUIÇÃO .....Erro! Indicador não
definido.
5.1- COMO FUNCIONA A RECOMPOSIÇÃO DE REDES ATRAVÉS DE MANOBRAS
TELECOMANDAS............................................................................................................................. 70
5.3- BENEFÍCIOS TÉCNICOS ......................................................................................................... 73
5.4- REI – REDES ELETRICAS INTELIGÊNTES ........................................................................ 76
5.5- GLOBALIZAÇÃO DA REI........................................................................................................ 77
6 - CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................................. 83
APÊNCICE A: ORDEM DE TRABALHO (OT) ............................................................................. 88
APÊNCIA B: DIAGRAMA UNIFILAR REDUZIDO DO ALIMENTADOR SED SBQ01F2 ..... 89
1- INTRODUÇÃO
A energia elétrica está diretamente ligada ao desenvolvimento econômico e social de
um país, em que o aumento da demanda de energia elétrica reflete no crescimento econômico
e no nível de qualidade de vida de qualquer sociedade, apresentando-se, dessa forma, está
diretamente ligado aos principais setores de crescimento econômico e tecnológico de um país.
Em virtude de tal afirmação, nota-se que existe uma relação entre o consumo de energia elétrica
e o processo de desenvolvimento.
Contudo o grande desafio das empresas privadas diante das sanções criadas pelo órgão
regulamentador de energia elétrica (ANNEL), foi começar a melhorar a forma como atender
seus clientes, tanto na qualidade do atendimento, na qualidade do serviço, como também na
qualidade do produto, para que sejam satisfeitas as exigências do mercado.
Segundo Kagan, Robba e Schimidt (2009) é comum distinguir a qualidade de energia pelos
três conceitos mais usados que são afetos da qualidade de energia.
Uma vez que se estabelece tal afirmação, têm-se como síntese, segundo o módulo oito do
procedimento de distribuição rede da ANNEL, as definições de cada condição.
1.1- OBJETIVOS
Este trabalho justifica-se através da importância da correta operação do sistema elétrico,
visto que o mesmo está sujeito a anomalias oriundas de agentes externos que comprometem o
fornecimento de energia. Por conseguinte, a adequada operação faz com que os esforços
realizados pela ENEL distribuição Ceará na operação em tempo real possa realizar manobras
rápidas e eficientes de recomposição de redes elétricas em que o principal objetivo é deixar o
menor número possível de clientes afetados a falhas presentes na rede.
O intuito é apresentar uma forma prática de analisar uma ocorrência de falta de energia,
na qual se pode observar os esforços feitos pela concessionária Enel Ceará para minimizar e
interromper o fornecimento de energia inesperado em determinado alimentador, causado por
uma anomalia inesperada. Sendo possível ver, através dos processos da operação, o uso da
ferramenta de recomposição da rede elétrica, no qual se pode mitigar ou minimizar o tempo de
interrupção, deixando o menor número de clientes afetados, contribuindo, assim, para a
continuidade e confiabilidade do sistema na presença de falhas que acarretaram a interrupção
de energia.
O processo de recomposição de redes elétricas, através da Smart Grid, está
possibilitando o surgimento de uma nova geração na automação dos equipamentos e sistemas
na operação das redes elétricas, tornando, assim, possível uma reconfiguração através de
sistema autônomo, capaz de identificar o defeito na rede, e se auto restabelecer, sem a presença
de intervenção humana.
• Baixa tensão (BT) – Rede com tensão inferior ou igual a 1 kV. Usualmente
este nível de tensão é usado para conectar residências e pequenos
estabelecimentos comerciais.
• Média tensão (MT) – Sistemas com tensão superior a 1 kV e inferiores ou
iguais a 44 kV. A maioria dos utilizadores destes níveis tensão são
indústrias, comércios, hotéis, hospitais, grandes escolas, etc.
A energia está presente em nossa rotina diária sendo utilizada em todas as tarefas
essenciais no dia a dia. A sua qualidade é mensurada e controlada como a de qualquer outro
produto. Em virtude da mesma ser de grande valia à sociedade, é importante,
consequentemente, a contínua e permanente averiguação e controle de seus padrões de
qualidade. Esses padrões de qualidade estão associados às alterações que ocorrem no sistema
elétrico, as quais venham a ocasionar distúrbios na magnitude da forma de onda ou frequência
da tensão e/ou da corrente elétrica, que resulte falha na operação do sistema e de equipamentos.
A figura abaixo ilustra os principais distúrbios comumente encontrados no sistema elétrico, a
partir de diferentes formas de onda, no qual afetam a qualidade de energia.
2.3.1.3– Harmônicos
∞
1
𝑓(𝑡) = 𝑎0 + ∑[𝑎ℎ cos(ℎ𝜔𝑡) + 𝑏ℎ 𝑠𝑒𝑛(ℎ𝜔𝑡)]
2 (2.2)
ℎ=1
2
𝑎ℎ = ∫ 𝑓(𝑡) . cos(ℎ𝜔𝑡) 𝑑𝑡, ℎ = 1,2 … (2.3)
𝑇0 𝑇0
2
𝑏ℎ = ∫ 𝑓(𝑡) . sen(ℎ𝜔𝑡) 𝑑𝑡, ℎ = 1,2 …
𝑇0 𝑇0 (2.4)
Sendo:
Na figura abaixo é possível observar uma onda senoidal distorcida através das suas
componentes harmônicas e da onda senoidal fundamental.
𝑉𝑎 = 𝑉0 + 𝑉1 + 𝑉2
𝑉𝑏 = 𝑉0 + 𝛼²𝑉1 + 𝛼𝑉2
(2.5)
𝑉𝑐 = 𝑉0 + 𝛼𝑉1 + 𝛼²𝑉2
Na forma matricial tem-se:
𝑉𝑎 1 1 1 𝑉0
[𝑉𝑏 ]=[1 𝛼2 𝛼 ].[𝑉1 ]
𝑉𝑐 1 𝛼 𝛼 2 𝑉2 (2.6)
𝑉−
𝐹𝐷% = 100.
𝑉+ (2.10)
12
1
3
𝑃𝑙𝑡 = √ ∑(𝑃𝑠𝑡)³
12 (2.12)
𝑖=1
Os valores limites das referências das flutuações de tensão estão listados na tabela
abaixo:
Tabela 10: – Limites para flutuação de tensão
Deverão ser apurados para todas as unidades consumidoras ou por ponto de conexão, os
indicadores de continuidade a seguir discriminados:
𝐷𝐼𝐶 = ∑ 𝑖(𝑡)
(2.13)
𝑖=1
𝐹𝐼𝐶 = 𝑛
(2.14)
Onde:
1. O supervisor do serviço junto com sua equipe ter elaborado no local uma análise
de acidente de qualquer natureza; elaborador as fases do planejamento da
intervenção do desligamento.
2. Estarem concluídas as manobras necessárias;
3. Estarem colocadas das as sinalizações de advertência e os dispositivos de
bloqueio físico pertinentes;
4. Ter sido autorizado o início dos serviços contidos nos documentos envolvidos
na liberação.
3 OPERAÇÃO DO SISTEMA
Fonte: (COPEL)
O SAC (Sistema de Ajuda a Condução) tem como objetivo principal tanto a integração
com os sistemas de informação corporativos e o sistema SCADA, como também a alta
disponibilidade da aplicação do controle e da supervisão por parte do operador do sistema
elétrico Enel Ceará.
Outro objetivo é evitar a duplicidade de entrada de informações. O sistema SAC,
portanto, garante que sejam introduzidas informações necessárias de uma única vez, sobre a
gestão da rede elétrica própria do centro de controle.
Esta plataforma é uma ferramenta informática que permite a integração de todos os
sistemas necessários para a operação de redes de distribuição. As atividades próprias da
operação de rede de distribuição se desenvolvem a partir de um centro de controle de rede em
um regime de operação de 24 horas x 365 dias ao ano. O sistema é operado por usuários a partir
de terminais denominados POE (Posto de Operação Elétrico) e são encarregados do controle e
monitoramento da rede de distribuição e transmissão.
As características funcionais do SAC são um conjunto das funcionalidades dos
diferentes sistemas que o compõem. A seguir são nomeados os diferentes sistemas do SAC:
3.2.8 - Normatização
É o subprocesso responsável pela execução, disponibilização, controle e divulgação dos
documentos específicos de operação da rede elétrica de Alta Tensão (AT) e Média Tensão (MT)
da Enel Distribuição Ceará.
2.3.3 - Plano Operacional
As buscas por melhorias nos indicadores DEC/FEC, estão diretamente ligadas aos
resultados de modernização e avanço tecnológico nas redes de distribuição. A atuação dos
equipamentos de proteção é fator essencial para tornar o sistema seguro, garantindo a segurança
operacional, a integridade e a confiabilidade do sistema elétrico de distribuição.
Um sistema de proteção é aquele ao qual estão associados todos os equipamentos
necessários para detectar, localizar iniciar e completar a eliminação de uma falta ou de uma
condição anormal de operação de um sistema elétrico.
Os casos mais recorrentes em faltas transitórias ou permanentes são galhos de árvores
sobre as redes de distribuição aérea, abalroamentos de estruturas, descargas atmosféricas, ou
até mesmo degradação dos equipamentos de proteção. Com o desenvolvimento da automação
nas redes elétricas, a ideia de proteção, confiabilidade e estabilidade foram incorporados nos
dispositivos de proteção e seccionamento, os quais atuam sobre qualquer tipo de anomalia
presente na rede. Os equipamentos mais utilizados e encontrados ao longo das linhas do sistema
de distribuição são:
• Religadores
• Chaves fusíveis
• Seccionalizadores
• Chave UP
4.2.1 - Chave Fusível
Figura 9: Chave fusível tipo Pedestal e Chave fusível Isolador de Corpo Único
Fonte: (FILHO, 2005)
Figura 10: Articulação de abertura de uma chave fusível com a utilização de Load buster
Fonte: (FILHO, 2005)
Já os elos fusíveis tipo argola são aqueles que possuem nas extremidades duas argolas.
São utilizados geralmente na proteção de pequenas unidades transformadoras, principalmente
de sistemas MRT (monofilar com retorno por terra).
De acordo com as características elétricas os elos fusíveis são caracterizados pelas
curvas de atuação de tempo x corrente, que permite classificá-los em H, K e T.
Os elos fusíveis tipo H, são usados na proteção primária de transformadores de
distribuição para correntes de até 5 A. São considerados elos fusíveis de alto surto, pois
apresentam tempo de atuação lento para altas correntes.
Os elos fusíveis tipo K, são utilizados na proteção de redes áreas urbanas e rurais. São
considerados fusíveis de atuação rápida para altas correntes. Apresentam correntes variando de
6 A a 200 A.
Já os elos fusíveis tipo T, são considerados fusíveis de atuação lenta para correntes
elevadas. Sua aplicação principal é na proteção de ramais primários de redes aéreas de
distribuição.
Os elos fusíveis seguem a premissa de que o tempo de atuação é inversamente
proporcional à magnitude da corrente de defeito. A corrente na rede em presença de curto-
circuito tem um crescimento rápido em um curto prazo de tempo, durante o tempo que essa
corrente é elevada ao passar pelo elo fusível, gera calor de forma quadrática à intensidade da
corrente elétrica, atingido, assim, o tempo máximo de fusão do elo e consequentemente
liberando a abertura da chave e interrompendo o circuito.
A Figura abaixo mostra o comportamento dos elos fusíveis tipo K para vários níveis de
corrente. Nesta tabela é possível verificar por meio das curvas tempo x corrente dos elos
fusíveis, os valores limites de coordenação.
Figura 14: Representação da curva de corrente x tempo dos elos fusíveis tipo K
Fonte: (FILHO, 2005)
• Os elos fusíveis do tipo H não devem ser utilizados nos ramais primários dos
alimentadores. São próprios para proteção dos transformadores de distribuição.
Normalmente os religadores a vácuo com controle digital são os mais utilizados tanto
em subestações, como também em alimentadores urbanos e rurais em classes de tensões de
15kV a 25,8kV. O seu controle tem como base um microprocessador responsável pelo sistema
de proteção, como também pelas funções de aquisição de dados e protocolo de comunicação.
O fechamento e a abertura dos contatos são realizados através de atuadores magnéticos. Sendo
assim, o atuador possui apenas uma bobina que pode realizar a função de abertura quando é
percorrida por uma corrente num determinado sentido, e a função de fechamento quando circula
uma corrente no sentido contrário.
Figura 17: Religador Noja
O módulo relé contém controle microprocessado, na qual possui uma grande quantidade
de curvas tempo x corrente, que podem ser modificadas de acordo com as condições do sistema.
São comuns os religadores apresentarem curvas características normatizadas pela IEC
e IEEE, e as desenvolvidas pelo fabricante. As quatros curvas temporizadas mais utilizadas que
compreende o Tempo Inverso Mínimo Definido (IDMT) são as denominadas, segundo a norma
IEC, Normalmente Inversa, Muito Inversar, Extremamente Inversa e Ultra Inversa. Cada curva
dessas é definida por sua equação, na qual é possível modicar os parâmetros de proteção do
religador, de acordo com as mudanças dos parâmetros das equações.
Figura 18: Curvas IEC
• Sensor RGDAT
Figura 25: Sensor RGDAT
Fonte: (CIÊNCIA & ENGENHARIA, 2016)
Ao enviar uma equipe técnica ao local, para fazer inspeção ao longo da saída do
alimentador, foi constato que um veículo colidiu com poste na saída da subestação. Ao saber
de todas as informações necessárias, o operador presente no centro de controle abre o religador
de linha da SE B e fecha a chave de encontro entre os dois alimentadores, assim transferindo as
cargas restringidas pelo defeito para o alimentador da SE A.
Figura 29: Representação didática de recomposição após as transferências de cargas entre alimentadores
Fonte: (ADAPTADO DE RUPPENTHAL, 2019)
Após deixar todo o trecho defeituoso isolado e seguro para intervenção, é entregue às
equipes de manutenções para realizar todos os procedimentos necessários para o
restabelecimento da rede para as condições seguras de operação. Ressaltando que as manobras
que permitem as transferências de fluxo de carga, respeitam todo o processo de restrições já
citado, como o carregamento máximo dos alimentadores, as capacidades elétricas das chaves e
cabos, como também a adequação dos ajustes da proteção dos religadores após a reconfiguração
da rede.
5.2- ANALISE DE UM CASO REAL
Neste momento será analisado uma ocorrência real ocorrida no alimentador 01F2 da SE
SBQ, localizada em Sobral, no qual o alimentador descrito alimenta a região da serra da
Meruoca onde possui uma carga de 7395 clientes. Além disso, serão descritas todas as etapas
realizadas pelo o operador, as quais objetivam a rápida reposição do sistema elétrico.
Segue relato da ocorrência:
Às 12h07min do dia 25/06/2020 o relé de proteção do alimentador SED SBQ 01F2
atuou e subiu a informação para o SACMT a proteção 50/51N (instantânea/temporizada de
neutro) fases A e B, onde iniciou-se um ciclo de operação, que se resumiu em 4 aberturas e 3
fechamentos do religador TC-0551/01F2-SBQ, nesta situação deu-se início ao processo de
detecção e localização do possível local de defeito. Pode-se observar a seguir o passo-a-passo
da tomada de decisão do operador de sistema para reposição do sistema.
1) O operador do sistema (Tempo Real) observou que havia atuação de proteção 50/51
BC no religador de linha TC-0551/01F2-SBQ (próximo ao Zé leiteiro), via SAC-MT às
12:07:05. Em um primeiro momento o operador de sistema, às 12:07:53, efetuou a abertura do
religador FV-0218/01F2-SBQ e fechou via SAC-MT a chave de encontro TC 3283(01F2/SBQ-
01C3/CRU) ficando afetado 1788 clientes e normalizando 5.413 clientes às 12:08:42) Em
seguida, às 12:09:00 o operador abriu a chave telecomandada via SACMT FV-0196/01F2-SBQ,
que é a primeira chave de atuação do religador TC-0551/01F2-SBQ, para primeiro teste no
trecho. Percebeu-se que após fechar o religador de linha TC-0551 (12:09:21), o mesmo não
aceitou o comando, ficando evidenciado que o defeito se encontrava no primeiro trecho do
circuito (12:11:39).
3) Sabendo da localidade do trecho defeituoso, às 12:13:35 o operador fecha o religador
de linha FV 0218/01F2-SBQ até a chave telecomandada FV 0196/01F2-SBQ, fechando de
retorno pelo o alimentador 01C3/CRU, normalizando, assim, o fornecimento de energia de 63
clientes e ficando afetados 537 clientes.
4) Logo após foi deslocado uma equipe emergencial para a chave fusível FV-
0138/01F2-SBQ no intuito de fazer o teste com o religador de linha TC-0551/01F2-SBQ, a fim
de restringir mais ainda o trecho defeituoso, como também normalizar o fornecimento de
energia de mais clientes. Às 12:23:00 a equipe emergencial abre a chave fusível FV-0138/01F2-
SBQ sobre orientação do operador, e às 12:23:54 é fechado o religador de TC-0551/01F2-SBQ,
deixando o trecho defeituoso entre a chave telecomanda FV 0196 e a chave fusível FV0138,
normalizando mais 19 clientes e deixando afetados 147 clientes sobre o trecho defeituoso.
5) Às 13h03min foi localizado uma árvore tombada sobre a rede de MT fechando curto
circuito nas fases BC na localidade ST Floresta.
Devido ao sucesso deste projeto o mesmo foi iniciado nas outras empresas do Grupo
Enel CE ano 2016 e Enel GO ano 2018.
Na figura abaixo tem os dados de DEC e FEC da Enel distribuição Rio até o ano de
2019, disponibilizado pela ANNEL. Pode-se observar que o DEC continuou mantendo um nível
cada vez mais baixo do que cada ano anterior. Os índices de continua da Enel distribuição Ceará
teve uma queda bem considerável nos anos de 2015 a 2016, mantendo dentro dos limites nos
anos seguinte, só extrapolando o limite de DEC no ano de 2019.
Fonte: (ANAEEL)
Com os altos investimentos para uma nova metodologia voltada para automação nas
redes elétricas, está surgindo uma nova concepção do processo de recomposição de redes
elétricas. A evolução da tecnologia e a implantação de inteligência nos equipamentos de
manobra de rede de distribuição estão contribuindo para o processo de redes elétricas
inteligentes (REI), as quais podem operar de forma automática nos processos de monitoramento
e tomada de decisões em situações que necessitem a recomposição da rede elétrica.
A otimização avançada está proporcionando grandes avanços na operação do sistema
elétrico de distribuição, pois está incorporando um novo sistema que agrega mais segurança,
proteção, confiabilidade, eficiência e sustentabilidade ao sistema elétrico como um todo.
Os dispositivos eletrônicos inteligentes (IED - Intelligent Electronic Devices) estão
sendo incorporados nessa nova geração de automação, bem como sendo inseridos em
equipamentos, como religadores, chaves motorizadas, unidades terminais remotas e
dispositivos de controle e medição, que são fundamentais para a criação dos chamados, sistema
de capacidade de auto monitoramento (selfmonitoring), e sistema de auto recomposição (self-
healing) (PRAMIO, 2014 apud FALCAO, 2010).
Dentro de uma nova concepção de REI, o termo sef-healing se destaca por se mostrar
um sistema de auto regeneração, capaz de detectar, localizar e analisar as informações em tempo
real através do selfmonitoring, com ação de tomada de decisões em situações de defeito ou
anomalia presente na rede, reconfigurando a rede elétrica de forma autônoma sem a necessidade
da presença do operador no COS.
Define-se um sistema “self-healing” (auto regenerável ou auto
recuperável) como aquele capaz de detectar, analisar, responder e
restaurar falhas na rede de energia elétrica de forma automática (e em
alguns casos de forma instantânea) (PRAMIO, 2014 apud FALCÃO,
2010, p. 27).
Esse novo processo usado para recomposição deve conter todos os planos de manobras
admissíveis de operação para o isolamento do trecho do circuito isolado que contenha o defeito,
e reconfigurar a rede automaticamente de forma a reestabelecer o fornecimento de energia para
as partes das cargas que estavam afetadas, considerando todas as restrições de operação dos
equipamentos, cabos e da segurança operacional.
Diante dessa nova geração de automação presente na REI, alguns problemas existentes
serão contornados com essa nova metodologia de aplicação nas redes elétricas. Abaixo será
apresentado algumas técnicas e limitações encontradas no sistema de automação atual:
• A verificação de muitas informações, em especial quando acontecem múltiplas
faltas, descoordenação das proteções ou falha de equipamentos, o qual torna inviável
o reconhecimento da falta e a recomposição da rede elétrica com a celeridade e a
precisão que a incumbência pede;
• Grau de confiabilidade menor, em virtude do sistema de automação utilizar
redes WAN que contém maior possibilidade de falta de comunicação entre o sistema
de automação das subestações e o COS (SAMPAIO, 2017 apud SAMPAIO;
BARROSO; LEAO, 2005).
Além das limitações citadas acima é possível notar, ainda, outra, qual seja a de que
usuais funções de automação centralizadas, incorporadas aos sistemas SCADA não satisfaz às
necessidades das REI (SAMPAIO, 2017).
O outro fator que também colabora como limitação do processo atual é o acesso ao
grande volume de informações e tomada de decisões rápidas e precisas, que os operadores se
deparam em situações de múltiplas contingências, tornando o processo estressante e passivo de
erros.
Dentre as características requeridas pelas REI, podem ser observados os benefícios
previstos às empresas de energia e consumidores em geral, quais sejam:
• Redução do estresse do operador no momento de recompor a rede elétrica;
• Diagnóstico de falta e recomposição do sistema de Distribuição de Média
tensão de forma automática independente do estado emocional do operador;
• Redução de custos de operação e manutenção (O&M) para deslocamento de
equipes a campo;
• Redução do tempo de restabelecimento da rede elétrica da ordem de horas para
poucos minutos;
• Redução de custo operacional;
• Melhoria significativa da confiabilidade e qualidade de serviço do sistema de
distribuição;
• Melhoria da imagem da empresa de energia junto aos consumidores
(SAMPAIO, 2017).
Assim como nos países citados, o Brasil possui diferentes iniciativas onde
concessionárias de energia elétrica, universidades, laboratórios e empresas estão desenvolvendo
técnicas e ferramentas para a implantação da REI.
Os projetos catalogados pela ANEEL totalizam 178 projetos, que somam investimentos
de aproximadamente R$ 411,3 milhões, sendo recursos provenientes das empresas executoras
e parceiras (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2012).
De acordo com o levantamento realizado, também é possível observar a lista de alguns
dos projetos voltados para automação da distribuição em desenvolvimento pelas algumas
concessionarias no tema REI levantados pelo estudo.
Figura 35: Principais projetos de implantação de REI nos sistemas de distribuição no Brasil
Fonte: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2012.
Em suma, através de leituras, pôde ser observada a existência de estudos feitos por
pesquisadores e universidades a respeito do processo de recomposição automática na cidade
Inteligente de Aquiraz, Ceará com parcerias da Enel Ceará; e por meio desses estudos foi
possível perceber a subsistência de métodos que estão sendo analisados e implementados neste
processo, dentre eles o de implementação de um sistema de recomposição automática (SRA)
da rede elétrica de distribuição baseado em um modelo de Redes de Petri Coloridas (RPC) e o
método multiagente aplicada a sistemas de distribuição de energia elétrica em média tensão.
6 – CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Brasília - DF, 2012. Disponível em:
<https://www.cgee.org.br/documents/10195/734063/Redes_Eletricas_Inteligentes_22mar13_
9539.pdf/36f87ff1-43ed-4f33-9b53-5c869ace9023?version=1.5>. Acesso em: 06 maio 2020.
PRAMIO, Jeferson Turatti. Estudo sobre Self Healing: conceitos, metodologias e aplicações
em redes de distribuição de energia elétrica. 2014. 94 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2014. Disponível
em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/3650>. Acesso em: 06 maio 2020.
FALCÃO, Djalma M. Por que precisamos de Redes Elétricas Inteligentes?, 2014. 53 slides.
Disponível em: <https://docplayer.com.br/2359701-Por-que-precisamos-de-redes-eletricas-
inteligentes-djalma-m-falcao-falcao-nacad-ufrj-br-programa-de-engenharia-eletrica.html>.
Acesso em: 06 maio 2020.
FILHO, Mamede João. Manual de equipamentos elétricos. 4ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
CUNHA, Raissa Frota Carneiro da. Operação do sistema elétrico de distribuição do estado
do Ceará. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal do Ceará,
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http://www.dee.ufc.br/anexos/TCCs/2011.1/RAISSA%20FROTA%20CARNEIRO%20DA%
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TAVARES, Silvio Romero Ribeiro. O Papel da ANEEL no Setor Elétrico Brasileiro. 2003.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia
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APÊNCICE A: ORDEM DE TRABALHO (OT)
Figura 36: Ordem de trabalho (OT)
APÊNCIA B: DIAGRAMA UNIFILAR REDUZIDO DO ALIMENTADOR SED SBQ01F2
Figura 37: Unifilar do Alimentador SBQ