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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

FRANCISCO ALEXANDRE SILVA FREITAS

ESTUDO DE CASO DE RECOMPOSIÇÕES DE ALIMENTADORES DE MÉDIA


TENSÃO ATRAVÉS DA IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE
TELECONTROLE

SOBRAL
AGOSTO DE 2020
FRANCISCO ALEXANDRE SILVA FREITAS

ESTUDO DE CASO DE RECOMPOSIÇÕES DE ALIMENTADORES DE MÉDIA


TENSÃO ATRAVÉS DA IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE
TELECONTROLE

Monografia apresentada ao curso de


Engenharia Elétrica do Departamento de
Engenharia Elétrica da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Elétrica.
Área de concentração: Sistema Elétrico de
Potência.
Orientador:

OUTUBRO DE 2020
FRANCISCO ALEXANDRE SILVA FREITAS

ESTUDO DE CASO DE RECOMPOSIÇÕES DE ALIMENTADORES DE MÉDIA


TENSÃO ATRAVÉS DA IMPLEMENTAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE
TELECONTROLE

Monografia apresentada ao curso de


Engenharia Elétrica do Departamento de
Engenharia Elétrica da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel em Engenharia Elétrica.

Aprovado em ___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________
Prof. Doutor
Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________________________
Prof. Doutor
Universidade Federal do Ceará (UFC)

________________________________________________________
Convidado
A Deus.

À minha mãe, Francisca.

Ao meu pai, Tony.

Ao meu irmão, Alexssandro.

À minha namorada, Vanessa.

À minha família e amigos.


AGRADECIMENTOS
“EPIGRAFE”

()
RESUMO

A demanda de energia vem crescendo constantemente por parte da sociedade nos últimos anos
e com ela a necessidade de uma ótima continuidade no fornecimento de energia. Com isso as
concessionárias de energia vêm investindo em processos tecnológicos para melhorar seus
indicadores de qualidade de energia, com o propósito não só de que os mesmos se mantenham
dentro das metas estabelecidas pelas agências reguladoras de energia do setor elétrico brasileiro,
como também de que o consumidor se satisfaça com o produto e com a prestação de um serviço
qualidade. Nesse plano, os sistemas de recomposição de redes de distribuição vêm apresentando
um papel muito importante na continuidade e qualidade do fornecimento de energia elétrica em
momentos em que na existência de falta de energia os processos de recomposição restringem
pequenas porções de carga afetadas. Pretende-se com essa monografia salientar a importância
da recomposição de redes realizadas pela Enel (antiga Coelce) no seu sistema elétrico de
distribuição, com o intuito de mostrar que a concessionária dispõe de processos de operação de
rede, na qual, havendo situações de contingências, a mesma estará preparada para minimizar
ou mitigar o tempo de interrupção de energia, mostrando assim seu compromisso e respeito
pelos seus clientes no que tange a qualidade e continuidade do fornecimento de energia elétrica.
Neste trabalho são apresentados tanto o conceito de qualidade de energia quanto os
componentes que integram o sistema elétrico de distribuição da Enel, bem como é apresentada
uma análise sobre o comportamento do sistema nas ações operativas.

Palavras Chaves: Processos tecnológicos, indicadores de qualidade de energia, recomposições de


redes
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estrutura Institucional do setor elétrico .................................................................... 16


Figura 2: Representação do sistema elétrico de potência .......... Erro! Indicador não definido.
Figura 3: Representação dos setores da Operação.................................................................... 36
Figura 4: Áreas de responsabilidade operacional ..................................................................... 39
Figura 5: Estrutura Organizacional da Operação ..................................................................... 39
Figura 6: Representação da tela principal do SAC MT ............. Erro! Indicador não definido.
Figura 7: Arquitetura e interface de comunicação com o Sistema Elétrico ............................. 43
Figura 8: Esquematização do sistema de distribuição primário e secundário .......................... 49
Figura 9: Topologia radial ........................................................................................................ 51
Figura 10: Topologia radial com recurso ................................................................................. 51
Figura 11: Chave fusível tipo Pedestal e Chave fusível Isolador de Corpo Único .................. 52
Figura 12: Articulação de abertura de uma chave fusível com a utilização de Load buster .... 53
Figura 13: Porta fusível ............................................................................................................ 54
Figura 14: Representação dos elos fusíveis tipo botão ............................................................. 55
Figura 15: Representação da curva de corrente x tempo dos elos fusíveis .............................. 56
Figura 16: Representação da curva de corrente x tempo dos elos fusíveis tipo K ................... 56
Figura 17: Ciclo de operação do religador ............................................................................... 58
Figura 18: Diagrama temporal da operação de interrupção e fechamento ............................... 59
Figura 19: Religador Noja ........................................................................................................ 60
Figura 20: Curvas IEC .............................................................................................................. 61
Figura 21: Curvas de Interseção entre religador e chave fusível .............................................. 62
Figura 22: Curvas de Interseção entre religadores ................................................................... 63
Figura 23: Representação da coordenação entre religador e seccionalizador .......................... 64
Figura 24: Chave telecomandada em operação ........................................................................ 65
Figura 25: Gabinete periférico .................................................................................................. 65
Figura 26: Transformador de potencial .................................................................................... 66
Figura 27: Sensor RGDAT ....................................................................................................... 66
Figura 28: Tempo de restabelecimento da rede após uma falta com e sem função avançadas de
automação no sistema de distribuição de média tensão ........................................................... 68
Figura 29: Representação didática de recomposição na situação sem anomalia presente a rede
.................................................................................................................................................. 70
Figura 30: Representação didática de recomposição na situação com presença de defeito ..... 71
Figura 31: Representação didática de recomposição após as transferências de cargas entre
alimentadores ............................................................................................................................ 71
Figura 32: Representação da redução de DEC da Enel distribuição Rio período de 2015 a
2017 .......................................................................................................................................... 74
Figura 33: Manobra Manual X Manobra Telecomanda ........................................................... 74
Figura 34: Índices de continuidade ENEL RJ .......................................................................... 75
Figura 35: Índices de continuidade ENEL CE ......................................................................... 75
Figura 36: Principais projetos de implantação de REI no mundo ............................................ 78
Figura 37: Principais projetos de implantação de REI nos sistemas de distribuição no Brasil 80
Figura 38: Ordem de trabalho (OT) .......................................................................................... 88
Figura 39: Unifilar do Alimentador SBQ ................................................................................. 89
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 12
1.1- OBJETIVOS ............................................................................................................................ 14
1.2- ORGANIZAÇÃO DO TEXTO .............................................................................................. 14
2.1 – CARACTÉRISITCAS GERIAS DO SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO.............................. 17
2.3 - QUALIDADE DE ENERGIA .................................................................................................... 19
2.3.1 - Qualidade Do Produto ......................................................................................................... 20
2.3.2 - Qualidade Do Serviço .......................................................................................................... 31
3 OPERAÇÃO DO SISTEMA ...................................................................................................... 35
3.1- SISTEMAS DE OPERAÇÃO DE REDE .............................................................................. 37
3.2- OPERAÇÕES DE REDE ....................................................................................................... 38
3.2.1- Tempo Real ............................................................................................................................ 38
3.2.2 - Operador do Sistema ........................................................................................................... 40
3.2.3- Sistema de Ajuda a Condução (SAC).................................................................................. 41
3.2.4 - Sistema de Supervisão e Controle....................................................................................... 42
3.2.5 - Atuação diante de incidências – (Monitoramento em rede MT) .............................. 43
3.2.6 - Análises Da Operação .......................................................................................................... 44
3.2.6.1 Gestão De Intervenção .................................................................................................... 44
3.2.6.2 - Análise e aprovações de desligamentos ....................................................................... 44
3.2.7- Estudos Elétricos ................................................................................................................... 45
3.2.8 - Normatização ....................................................................................................................... 45
3.2.9 - Plano Operacional................................................................................................................ 45
3.2.10- Atendimento Emergencial .............................................................................................. 46
3.2.10.1 - Central de Relacionamento e Agências de Atendimento ............................................. 46
3.2.10.2 - Centro de Controle de Baixa Tensão – CCBT.......................................................... 47
3.3- ANÁLISE DE REDE .............................................................................................................. 48
4- SISTEMA ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÃO ............................................................................. 49
4.1- CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO ....................................................... 49
4.2- EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E SECCIONAMENTO DE REDE DE
DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA ........................................................................................................... 52
4.2.1 - Chave Fusível ....................................................................................................................... 52
4.2.2 - Religadores ........................................................................................................................... 58
4.2.3 - Seccionalizadores ................................................................................................................. 64
4.2.4 - Seccionadoras Telecomandadas ......................................................................................... 65
5- RECOMPOSIÇÃO DE SISTEMAS PRIMÁRIOS DE DISTRIBUIÇÃO .....Erro! Indicador não
definido.
5.1- COMO FUNCIONA A RECOMPOSIÇÃO DE REDES ATRAVÉS DE MANOBRAS
TELECOMANDAS............................................................................................................................. 70
5.3- BENEFÍCIOS TÉCNICOS ......................................................................................................... 73
5.4- REI – REDES ELETRICAS INTELIGÊNTES ........................................................................ 76
5.5- GLOBALIZAÇÃO DA REI........................................................................................................ 77
6 - CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................................. 83
APÊNCICE A: ORDEM DE TRABALHO (OT) ............................................................................. 88
APÊNCIA B: DIAGRAMA UNIFILAR REDUZIDO DO ALIMENTADOR SED SBQ01F2 ..... 89
1- INTRODUÇÃO
A energia elétrica está diretamente ligada ao desenvolvimento econômico e social de
um país, em que o aumento da demanda de energia elétrica reflete no crescimento econômico
e no nível de qualidade de vida de qualquer sociedade, apresentando-se, dessa forma, está
diretamente ligado aos principais setores de crescimento econômico e tecnológico de um país.
Em virtude de tal afirmação, nota-se que existe uma relação entre o consumo de energia elétrica
e o processo de desenvolvimento.

O setor elétrico brasileiro passou por um processo de estruturação na década de 1990,


em que no mesmo período o governo estabeleceu estruturas de um novo modelo econômico
que tem como pressuposto a abertura da participação de capitais privados nos sistemas de
transmissão e distribuição de energia elétrica. Dessa forma, o objetivo do governo para o plano
de reestruturação do setor elétrico falido em razão do desprovimento do estado, era trazer
investimentos na modernização da estrutura para a crescente demanda de energia devido ao
crescimento econômico do país. Sendo assim, o sistema elétrico ficou exposto a muitos
problemas, diante desse contexto, foi instituída a Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL através da Lei 9.427, de 26 de dezembro de 1996, com a finalidade de regular e
fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica no país.

Contudo o grande desafio das empresas privadas diante das sanções criadas pelo órgão
regulamentador de energia elétrica (ANNEL), foi começar a melhorar a forma como atender
seus clientes, tanto na qualidade do atendimento, na qualidade do serviço, como também na
qualidade do produto, para que sejam satisfeitas as exigências do mercado.
Segundo Kagan, Robba e Schimidt (2009) é comum distinguir a qualidade de energia pelos
três conceitos mais usados que são afetos da qualidade de energia.
Uma vez que se estabelece tal afirmação, têm-se como síntese, segundo o módulo oito do
procedimento de distribuição rede da ANNEL, as definições de cada condição.

[...] QUALIDADE DO PRODUTO: define a terminologia, caracteriza os fenômenos


e estabelece os indicadores e limites ou valores de referência relativos à conformidade
de tensão em regime permanente e às perturbações na forma de onda de tensão;
[...] QUALIDADE DO SERVIÇO: define os conjuntos de unidades consumidoras,
estabelece as definições, os limites e os procedimentos relativos aos indicadores de
continuidade e dos tempos de atendimento;
[...] QUALIDADE DO TRATAMENTO DE RECLAMAÇOES: estabelece a
metodologia de cálculo dos limites do indicador de qualidade comercial FER
(Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, 2018).
Com a crescente demanda por energia elétrica nas últimas décadas, segundo projeções
feitas em 2016 pela empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo de eletricidade
aumentará em 2026 cerca de 26,6% em todo Brasil. Logo, com o crescimento da demanda de
energia elétrica as concessionárias têm se preocupado com a qualidade da sua energia e a
prestação de seus serviços, partindo da premissa de proporcionar o fornecimento de energia
elétrica de modo que a mesma seja constante e de qualidade, atendendo, assim, a demanda da
população por um fornecimento satisfatório.

A evolução do sistema elétrico de potência foi ocorrendo gradativamente ao decorre dos


séculos, impulsionada pelos avanços tecnológicos de informação e comunicação como também
pelo avanço dos sistemas digitais. Como o Brasil possui um sistema de distribuição com uma
alta complexidade juntamente com o número elevado de consumidores, houve a necessidade
de possuir sistemas de automação e controle, que outrora só era utilizado em sistemas de
geração e transmissão de energia.
Os investimentos na automação dos sistemas de distribuição de media tensão só vieram
ficar fortes a partir do século XXI, com a implantação da Smart Grid nas redes de distribuição
passou-se a ter comunicação nas mesmas, em virtude disso tornou o sistema mais robusto e
confiável à segurança operacional e ao fornecimento de energia.
O sistema Supervisory Control and Data Aquisition (SCADA), é um sistema implantado
na supervisão e controle em Centros de Operação da geração e transmissão, o qual passou a ser
adotado nos sistemas de distribuição de energia elétrica. Esse sistema possui em sua
funcionalidade uma tela de supervisão, telecomando e tela de medições, que tem como objetivo
controlar equipamentos remotamente, colher informações sobre equipamentos presentes na
rede em tempo real a fim de detectar anomalias, bem como prevenir falhas que possa
comprometer o fornecimento de energia.
Os processos de recomposições de redes, portanto, são integrados através do sistema
SCADA, onde ao momento da existência de uma falha no sistema elétrico, em que venha
intervir em serviços importantes para a sociedade como transportes públicos, telecomunicações,
fornecimento de energia para hospitais, bancos e etc, o operador no centro de operações (COS),
por meio de manobras rápidas e inteligentes de fluxo de carga, poderá reduzir o tempo de
interrupção de energia ao encontrar o trecho da rede defeituoso, restringindo pequenas parcelas
de cargas afetadas.
Sendo assim, é notório observar que a sociedade é extremamente dependente da energia
elétrica e, portanto, durante a ocorrência de um problema que interrompa o fornecimento de
energia elétrica à população, tem-se o conhecimento da importância do trabalho que o operador
presta à sociedade, bem como observa-se que o sistema de supervisão é a principal ferramenta
da operação do sistema, visto que visa evitar falhas futuras no mesmo.

1.1- OBJETIVOS
Este trabalho justifica-se através da importância da correta operação do sistema elétrico,
visto que o mesmo está sujeito a anomalias oriundas de agentes externos que comprometem o
fornecimento de energia. Por conseguinte, a adequada operação faz com que os esforços
realizados pela ENEL distribuição Ceará na operação em tempo real possa realizar manobras
rápidas e eficientes de recomposição de redes elétricas em que o principal objetivo é deixar o
menor número possível de clientes afetados a falhas presentes na rede.
O intuito é apresentar uma forma prática de analisar uma ocorrência de falta de energia,
na qual se pode observar os esforços feitos pela concessionária Enel Ceará para minimizar e
interromper o fornecimento de energia inesperado em determinado alimentador, causado por
uma anomalia inesperada. Sendo possível ver, através dos processos da operação, o uso da
ferramenta de recomposição da rede elétrica, no qual se pode mitigar ou minimizar o tempo de
interrupção, deixando o menor número de clientes afetados, contribuindo, assim, para a
continuidade e confiabilidade do sistema na presença de falhas que acarretaram a interrupção
de energia.
O processo de recomposição de redes elétricas, através da Smart Grid, está
possibilitando o surgimento de uma nova geração na automação dos equipamentos e sistemas
na operação das redes elétricas, tornando, assim, possível uma reconfiguração através de
sistema autônomo, capaz de identificar o defeito na rede, e se auto restabelecer, sem a presença
de intervenção humana.

1.2- ORGANIZAÇÃO DO TEXTO


A estrutura deste trabalho é composta por seis capítulos, os quais estão dispostos da
seguinte maneira:
No capítulo 1 é descrito e apresentado a descrição do objetivo e da justificativa do tema
abordado.
No capítulo 2 é descrito as características gerias do sistema elétrico de distribuição,
ressaltando algumas definições e atribuições do prodist sobre qualidade de energia e
procedimentos operativos do sistema de distribuição;
No capítulo 3 é apresentada a organização da operação do sistema elétrico da Enel
distribuição Ceará, objetivando as principais funções da operação.
No capítulo 4 são apresentadas as configurações das redes elétricas de distribuição da
Enel distribuição Ceará, quanto a sua topologia, como também quanto aos equipamentos de
proteção presentes nas mesmas, utilizados como base de comportamento do sistema elétrico de
distribuição, descrevendo a sua importância e as suas principais características elétricas e
mecânicas.
No capítulo 5 é apresentado o conceito e um caso real de recomposição de redes elétricas
através da operação de equipamentos telecomandados, a fim de tornar mais compreensível este
processo, no qual se precisa respeitar e estabelecer normas para a correta operação do sistema
e dos equipamentos nele presentes. Assim como também é mostrado o conceito de sef-healing
através na nova concepção de redes elétricas inteligentes.
Por fim, no capítulo 6, é exposta a conclusão do respectivo trabalho.

2 SISTEMA ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÃO

O Brasil passou por processos de reestruturação do sistema elétrico de potência nas


últimas décadas. Em 1990 o panorama do setor elétrico brasileiro apresentava-se bastante
precário, visto que o país passava por uma crise financeira, inviabilizando a expansão do
crescimento do sistema elétrico, bem como gerando a falta de manutenção no sistema, o qual
era responsável pelo fornecimento de energia com padrões de qualidade e confiabilidade. Nessa
mesma década foi criada a Lei nº 8.031/90 que institui o Plano Nacional de Desestatização
(PND), o qual diz respeito a menor participação do Estado no mercado de energia, abrindo
novas portas com incentivo a competição e investimento de capital privado a empresas
tradicionais do setor produtivo estatal.
Em linhas gerais, a reestruturação do setor elétrico teve como principais objetivos tanto
introduzir a competição nos setores da geração, como a comercialização de energia, a fim de
garantir que a condição socioeconômica pudesse expandir a oferta da energia elétrica em todo
território, o qual traz consigo uma eficiência produtiva que pudesse suprir o aumento da
demanda de energia elétrica.
Um dos problemas constatados na reestruturação após a privatização de algumas
companhias foi a falta de um órgão regulamentador que supervisionasse e regulamentasse os
serviços prestados pelas novas empresas que estavam vinculadas ao sistema elétrico nas
prestações de serviços. Com isso a ANEEL iniciou o processo de regulamentação e fiscalização
do setor, na qual ficou estabelecido que a mesma teria autonomia para a execução dos processos
regulatórios e para a decisão de conflitos dela decorrentes, resolvendo os impasses dos distintos
interesses entre governo, empresas e consumidores.
Em 1998, através da Lei nº 9.648/98, deu-se a criação do Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS), por meio do qual houve a necessidade de ter controle, através do poder público,
na coordenação central, para que assim ocorra a manutenção e planejamento no setor elétrico,
já que as empresas privadas detinham uma participação no sistema elétrico. De acordo com
Pires (2000) as principais funções da ONS consistem em promover tanto o planejamento como
a programação das operações elétricas, bem como tem como incumbência o controle do
despacho da geração e transmissão de energia elétrica.
Em 2004 ocorreu uma nova mudança na estrutura institucional do sistema elétrico, onde
foi introduzido o novo modelo do setor elétrico. Esse novo modelo garantiu a segurança no
suprimento energético em virtude dos apagões e racionamentos de energia elétrica recorrentes
em todo o território brasileiro no ano de 2001 e 2002.
O Governo Federal, com a implantação desse novo modelo, manteve o Poder Executivo
Federal, por meio do Ministério de Minas e Energia (MME), responsável pela formulação de
políticas para o setor de energia elétrica, com assessoramento do Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE) e do Congresso Nacional. Foi mantido também a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). E foram criados
novos agentes, como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e a Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica (CCEE), como também a instituição do Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico (CMSE).
Figura 1: Estrutura Institucional do setor elétrico
Fonte: (ANEEL, ATLAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL)

2.1 – CARACTÉRISITCAS GERIAS DO SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO

O sistema de distribuição é a parte do sistema que interliga aos blocos de cargas


(residências, industrias, comércios) ao resto do sistema elétrico de potência (SEP), que tem por
finalidade fornecer energia elétrica aos consumidores nele conectados.
O sistema elétrico de potência no Brasil é divido entre a rede básica de energia e o
sistema de distribuição. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Rede
Básica dos Sistemas Elétricos Interligados é composta por todas as subestações e linhas de
transmissão em tensões de 230 kV ou superior, enquanto o sistema de distribuição corresponde
aos níveis inferiores as 230 kV. A operação e administração da Rede Básica é atribuição do
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); é regulado e fiscalizado pela ANEEL através
dos procedimentos de redes.
O sistema de distribuição está regulado em um conjunto de regras sob as resoluções
da ANEEL, em um documento intitulado procedimentos de distribuição (PRODIST). O
PRODIST tem por objetivo normatizar e padronizar o desempenho e funcionamento do sistema
de distribuição de energia elétrica através das atividades técnicas, a fim de que possa garantir a
segurança, eficiência, qualidade e confiabilidade do sistema, no qual visa subsidiar aos agentes
acessantes e de outras entidades associadas ao sistema de distribuição.
Figura 2: Estrutura Institucional do setor elétrico

Fonte: (ANEEL, ATLAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL)

2.2 NIVEIS DE TENSÃO

No Brasil, de acordo com o PRODIST no modulo um, as tensões nominais


padronizadas para a distribuição de energia são divididas nas 3 (três) categorias a seguir:

• Baixa tensão (BT) – Rede com tensão inferior ou igual a 1 kV. Usualmente
este nível de tensão é usado para conectar residências e pequenos
estabelecimentos comerciais.
• Média tensão (MT) – Sistemas com tensão superior a 1 kV e inferiores ou
iguais a 44 kV. A maioria dos utilizadores destes níveis tensão são
indústrias, comércios, hotéis, hospitais, grandes escolas, etc.

• Alta tensão (AT) – Níveis de tensão igual ou superior a 69 kV e inferiores


ou igual a 230 kV. Este nível de tensão é utilizado por grandes indústrias,
portos, aeroportos de grande porte.

O modulo três do PRODIST estabelece as tensões nominais padronizadas para conexões


de acordo com a classificação do sistema de distribuição.

Tabela 1: Tensões nominais de conexão padronizada


Sistema de Tensões nominais
Número de fases
Distribuição (V)
Sistema de 138k
Trifásico
Distribuição em AT
69k
Sistema de 34,5k
Trifásico
Distribuição em MT
13,8k
220/127
Trifásico
Sistema de 380/220
Distribuição em BT 254/127
Monofásico
440/220
Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 3)

2.3 - QUALIDADE DE ENERGIA

A energia está presente em nossa rotina diária sendo utilizada em todas as tarefas
essenciais no dia a dia. A sua qualidade é mensurada e controlada como a de qualquer outro
produto. Em virtude da mesma ser de grande valia à sociedade, é importante,
consequentemente, a contínua e permanente averiguação e controle de seus padrões de
qualidade. Esses padrões de qualidade estão associados às alterações que ocorrem no sistema
elétrico, as quais venham a ocasionar distúrbios na magnitude da forma de onda ou frequência
da tensão e/ou da corrente elétrica, que resulte falha na operação do sistema e de equipamentos.
A figura abaixo ilustra os principais distúrbios comumente encontrados no sistema elétrico, a
partir de diferentes formas de onda, no qual afetam a qualidade de energia.

Figura 3: Principais distúrbios que afetam a qualidade de energia

Fonte: QEE UFC


O módulo oito do PRODIST regula os padrões de Qualidade de Energia Elétrica (QEE),
qualidade esta que mede quão bem a energia pode ser usada pelos consumidores, com
continuidade de suprimento e conformidade com os parâmetros de operação segura.
A seguir observa-se as grandezas utilizadas para mensurar a qualidade da energia e seus
respectivos valores de referência e limites tolerados segundo o módulo oito do PRODIST.

2.3.1 - Qualidade Do Produto

A qualidade do produto caracteriza os fenômenos que afetam a qualidade da onda tensão


ocasionados pelos distúrbios presente no sistema elétrico e por meio desses fenômenos se
estabelece os parâmetros e valores referência relativos à conformidade da tensão em regime
permanente. Contempla os seguintes fenômenos:

▪ Tensão em Regime Permanente


▪ Fator de Potência
▪ Harmônicos
▪ Desequilíbrio de Tensão
▪ Flutuação de Tensão
▪ Variação da frequência
▪ Variação de Tensão

2.3.1.1 - Tensão em Regime Permanente

O sistema elétrico de distribuição é projetado para trabalhar em classes com níveis de


tensão de atendimento. O mal fornecimento prolongado fora dos níveis aceitáveis de tensões de
atendimento traz não só sérios prejuízos ao sistema, como também aos consumidores industrias,
residências, hospitais, shopping centers, etc. Por isso as tensões de atendimento têm que estar
dentro dos limites aceitos de fornecimento.
Os problemas relativos aos perfis de tensão nas redes elétricas são os mais frequentes
relacionados a qualidade de energia. A localização de um determinado consumidor ao longo da
linha de distribuição define seu nível de tensão. Isso porque ao longo do alimentador existe
queda de tensões devido a extensão do alimentador, impedância dos cabos é o perfil das cargas
ao longo da linha, logo a queda de tensão vai se acentuando cada vez mais ao meio que aumenta
a distância da fonte de suprimento, em que acaba ocasionando oscilações na tensão de
alimentação.
A solução tomada pelas concessionárias para minimizar esse problema é a utilização
de equipamento que regule a tensão. Os equipamentos reguladores de tensão são destinados
para controlar o perfil de tensão no sistema, os mesmos são colocados nas subestações de
distribuição e ao longo das linhas de distribuição.

O PRODIST regula os níveis de tensão a serem adotados pelas concessionárias em


classes de tensões de atendimento nos pontos de conexões. Segundo o item 2.3.2.3 do módulo
oito estabelece que, com relação às tensões contratadas junto à distribuidora:

a) a tensão a ser contratada nos pontos de conexão pelos acessantes


atendidos em tensão nominal de operação superior a 1 kV deve situar-se
entre 95% (noventa e cinco por cento) e 105% (cento e cinco por cento) da
tensão nominal de operação do sistema no ponto de conexão e, ainda,
coincidir com a tensão nominal de um dos terminais de derivação
previamente exigido ou recomendado para o transformador da unidade
consumidora;
b) a tensão a ser contratada nos pontos de conexão pelos acessantes
atendidos em tensão igual ou inferior a 1 kV deve ser a tensão nominal do
sistema (Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, 2018, p. 7).

São estabelecidos os limites adequados, precários e críticos para os níveis de tensão em


regime permanente. A tensão de referência, a qual deve ser a tensão nominal ou a contratada,
de acordo com o nível de tensão do ponto de conexão, deve ser comparada com os valores de
tensão leitura obtidos no ponto de conexão do sistema a fim de verificar seu perfil de
disponibilidade. Pode se verificar abaixo as tensões de atendimento, de acordo com os limites
estabelecidos.

Tabela 2: – Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou superior a 69 kV e inferior a 230 kV

Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

Tabela 3: Pontos de conexão em Tensão Nominal superior a 1 kV e inferior a 69 kV.


Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

Tabela 4: Pontos de conexão em Tensão nominal igual ou inferior a 1 kV (380 V/220)

Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

2.3.1.2– Fator de Potência


No sistema elétrico de distribuição a regulação do fator de potência é fator obrigatório
pelas cargas conectadas nos sistemas de alta tensão e média tensão e pelas distribuidoras nos
pontos de conexão entre as redes. Isso ocorre devido nas instalações elétricas das grandes cargas
e nas redes das concessionárias existirem transformadores, geradores, motores e outros
equipamentos que tem como força a energia elétrica, que é usada como energia ativa e reativa.
A energia reativa não é usada para a realização de trabalho, mas sim para magnetização do
campo magnético que é responsável pelo acionamento desses equipamentos. A energia ativa
garante o trabalho e o funcionamento desses equipamentos. A energia aparente é a composição
da energia ativa e reativa.

Figura 4: Triangulo das potências

FONTE: REVISTA UNINGÁ REVIEW


O fator de potência é a razão entre a potência ativa e a potência aparente, no qual indica
a eficiência da energia utilizada.
𝑃
𝑓𝑝 = (2.1)
√𝑃2 + 𝑄²

O PRODIST regula o fator de potência nos pontos de conexão os valores compreendidos


entre 0,92 e 1,00 (um) indutivo ou 1,00 (um) e 0,92 capacitivo. Em situações que houver um
valor de potência abaixo dos valores de referência, existe a ocorrência de quedas de tensões
acentuadas, maiores perdas nas linhas e redução da vida útil dos equipamentos presentes nas
redes. A concessionária puni os acessantes que registrarem em suas instalações um baixo fator.
O cliente recebe em sua fatura de energia, um acréscimo em reais devido a energia reativa
registrada, como forma de punição pelo mau uso do sistema de distribuição de energia

2.3.1.3– Harmônicos

No sistema de distribuição as formas de onda da corrente e da tensão devem ser


conforme o contrato de fornecimento, perfeitamente senoides equilibradas. No entanto, em
campo, na maioria das situações os sinais de tensões e corrente se encontram distorcidos. Esse
desvio é usualmente causado pelas distorções harmônicas.
Os harmônicos são distorções nas formas de onda da tensão e corrente em relação à
onda senoidal da frequência fundamental. Através da série de Fourier é possível quantificar o
grau de distorção harmônica presente na onda distorcida. Fourier demostrou que uma função
periódica não senoidal pode ser demostrada por uma série trigonométrica composta pela
somatória de senos e ou cossenos.


1
𝑓(𝑡) = 𝑎0 + ∑[𝑎ℎ cos(ℎ𝜔𝑡) + 𝑏ℎ 𝑠𝑒𝑛(ℎ𝜔𝑡)]
2 (2.2)
ℎ=1

Os termos 𝑎ℎ e 𝑏ℎ , são obtidos respectivamente a partir das expressões:

2
𝑎ℎ = ∫ 𝑓(𝑡) . cos(ℎ𝜔𝑡) 𝑑𝑡, ℎ = 1,2 … (2.3)
𝑇0 𝑇0
2
𝑏ℎ = ∫ 𝑓(𝑡) . sen(ℎ𝜔𝑡) 𝑑𝑡, ℎ = 1,2 …
𝑇0 𝑇0 (2.4)

Sendo:

▪ f(t) a função periódica;


▪ 𝑎0 a componente CC do sinal, conhecido como nas literaturas como “DC offset”;
▪ 𝑎ℎ e 𝑏ℎ , representam a amplitude (valor máximo) dos componentes harmônicos
em cada ordem;
▪ 𝜔 o valor da frequência angular fundamental do sinal f(t);
▪ ℎ o valor inteiro que determina a ordem do harmônico.

Na figura abaixo é possível observar uma onda senoidal distorcida através das suas
componentes harmônicas e da onda senoidal fundamental.

Figura 5: Onda senoidal distorcida através das suas componentes harmônicas

FONTE: SCIELO BRASIL

As distorções harmônicas são causadas principalmente pela operação de equipamentos


eletrônicos através de chaveamentos de dispositivos não lineares. A presença de onda
distorcidas no sistema de potência ocasiona vários problemas, como:
• Má operação de equipamentos eletrônicos, equipamentos hospitalares, equipamentos de
controle, de proteção, de medição e outros;
• Sobretensões gerando comprometimento da isolação e da vida útil do equipamento;
• Interferências em sistemas de comunicação (principalmente sinais de rádio);
• Aumento das perdas por efeito Joule nos enrolamentos dos transformadores;

Comumente as componentes harmônicas são medidas na forma de distorções e


quantificadas como distorções harmônicas totais (DHT) ou Total Harmonic Distortion (THD), que
pode ser expressa na forma da tensão e corrente. A tabela abaixo sintetiza as termologias
aplicáveis pelo PRODIST no cálculo das distorções harmônicas. As equações para os cálculos
dos THD estão no anexo.
Tabela 5: Identificação das grandezas para o cálculo da distorção harmônicas

Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

Os valores de referência das distorções harmônicas totais estão listados na tabela


abaixo:
Tabela 6: Valores de referência das Distorções Harmônicas totais
Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

2.3.1.4 – Desequilíbrio de Tensão

Em um sistema elétrico o desequilíbrio de tensão é uma condição na qual as três fases


apresentam diferentes valores em módulos de tensão ou defasagem angular entre fases
diferentes de 120°, ou ainda as duas situações simultâneas. As origens desta condição é a má
distribuição de cargas monofásicas nas redes trifásicas da concessionária, como também
consumidores alimentados de forma trifásica que possuem má distribuição de cargas nos seus
circuitos internos, impondo correntes desequilibradas na rede da concessionária.
Para quantificar o fator de desequilíbrio é usado o método das componentes simétricas
através do teorema de Fortescue, no qual é possível representar um sistema desequilibrado em
módulo e ângulo em três sistemas equilibrados, sendo um sistema de sequência positiva,
negativa e zero.
Figura 6: Componentes de sequência

FONTE: POWER SYSTEM ANALYSIS AND DESING FIFTH

As equações das componentes simétricas podem ser representadas abaixo, onde:

𝑉𝑎 = 𝑉0 + 𝑉1 + 𝑉2
𝑉𝑏 = 𝑉0 + 𝛼²𝑉1 + 𝛼𝑉2
(2.5)
𝑉𝑐 = 𝑉0 + 𝛼𝑉1 + 𝛼²𝑉2
Na forma matricial tem-se:

𝑉𝑎 1 1 1 𝑉0
[𝑉𝑏 ]=[1 𝛼2 𝛼 ].[𝑉1 ]
𝑉𝑐 1 𝛼 𝛼 2 𝑉2 (2.6)

Onde 𝛼 na forma retangular representa:


−1 √3
𝛼= +𝑗
2 2 (2.7)

▪ 𝑉𝑎 , 𝑉𝑏 e 𝑉𝑐 representam os fasores desbalanceados do sistema 3 trifásico;


▪ 𝛼 representa o operador rotacional;
▪ 𝑉0 fasor de sequência zero;
▪ 𝑉1 fasor de sequência positiva;
▪ 𝑉2 fasor de sequência negativa;

Rescrevendo as equações para obter as componentes de sequencias em função do


fasores desbalanceados, basta determinar a matriz inversa da matriz quadrada ( 3𝑥3 ) do sistema
matricial.
𝑉0 1 1 1 𝑉𝑎
1
[𝑉1 ]= 3 [1 𝛼 𝛼 2 ].[𝑉𝑏 ]
𝑉2 1 𝛼2 𝛼 𝑉𝑐 (2.8)

As equações das componentes de sequência podem ser representadas abaixo, onde:


1
𝑉0 = (𝑉 + 𝑉𝑏 + 𝑉𝑐 )
3 𝑎
1
𝑉1 = ( 𝑉 + 𝛼𝑉𝑏 + 𝛼²𝑉𝑐 )
3 𝑎 (2.9)
1
𝑉2 = ( 𝑉𝑎 + 𝛼 2 𝑉𝑏 + 𝛼𝑉𝑐 )
3
Para cálculo do desequilíbrio de tensão a tabela abaixo apresenta as termologias
aplicáveis pelo PRODIST.

Tabela 7: Identificação das grandezas para o cálculo do desequilíbrio de tensão

Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

A expressão para o cálculo do desequilíbrio de tensão é:

𝑉−
𝐹𝐷% = 100.
𝑉+ (2.10)

Os valores de referência do desequilíbrio de tensão estão listados na tabela abaixo:

Tabela 8: Limites para os desequilíbrios de tensão

Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

2.3.1.5 – Flutuação de Tensão

A flutuação de tensão é um fenômeno sistemático dos valores eficazes de tensão ou uma


série de mudanças aleatórias, cuja as magnitudes não ultrapasse os valores de tensão
preestabelecidos. De acordo com os procedimentos estabelecidos nas normas IEC 61000-4-15,
se estabelece uma função de distribuição acumulada complementar para cálculo dos níveis de
flutuação de tensão que são processadas e traduzidas em níveis de centilização luminosa, o qual
a é taxa de probabilidade de ocorrência.
A tabela abaixo representa as termologias usadas pelo PRODIST para formulação do
cálculo da sensação de centilação luminosa.

Tabela 9: Identificação das grandezas para o cálculo da flutuação de tensão

Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

As equações para o cálculo da flutuação de tensão são:

𝑃𝑠𝑡 = √0,0314𝑃0,1 + 0,0525𝑃1 + 0,0657𝑃3 + 0,28𝑃10 + 0,08𝑃50


(2.11)

12
1
3
𝑃𝑙𝑡 = √ ∑(𝑃𝑠𝑡)³
12 (2.12)
𝑖=1

Figura: Distribuição Acumulada Complementar da Sensação de Cintilação.


Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

Os valores limites das referências das flutuações de tensão estão listados na tabela
abaixo:
Tabela 10: – Limites para flutuação de tensão

Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

2.3.1.6 – Variação da frequência

A variação de frequência para existir o equilíbrio carga-oferta, o sistema de distribuição


deve operar em regime permanente dentro dos limites de 59,9 Hz e 60,1 Hz. Em situações onde
haja a necessidade de corte de geração ou de carga para permitir a situação do equilíbrio
geração-carga, durante distúrbios da distribuição a frequência deve permanecer:
1. Em condições extremas a frequência deve estar entre os limites de 56,6Hz e
66Hz;
2. Pode permanecer acima de 62 Hz por no máximo 30 segundos e acima de 63,5
Hz por no máximo 10 segundos;
3. Pode permanecer abaixo de 58,5 Hz por no máximo 10 segundos e abaixo de
57,5 Hz por no máximo 05 segundos.

2.3.1.7 – Variação de Tensão


As variações de tensão de curta duração são desvio na amplitude do valor eficaz da
tensão em um curto intervalo de tempo inferior a 3 min. As variações de tensão são classificadas
na tabela abaixo:

Tabela 11: Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração

Fonte: (ANELL, PRODIST MODULO 8)

2.3.2 - Qualidade Do Serviço

Para avaliar a qualidade do serviço prestado e o desempenho do sistema elétrico por


parte da prestação de serviços das concessionárias, a ANEEL avalia a qualidade dos serviços
prestados por meio do controle das interrupções e através do cálculo dos indicadores de
continuidade.
Os indicadores de continuidade do serviço de distribuição de energia elétrica são
representados quanto à duração e frequência de interrupção. Os indicadores deverão ser
calculados para períodos de apuração mensais, trimestrais e anuais.
Ademais, o conjunto de unidades consumidoras é definido por Subestação de
Distribuição – SED. Deverão ser apurados para cada conjunto de unidades consumidoras os
indicadores de continuidade a seguir discriminados:
2.3.2.1 - Indicadores de continuidade Individual

Deverão ser apurados para todas as unidades consumidoras ou por ponto de conexão, os
indicadores de continuidade a seguir discriminados:

▪ Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora (DIC);

𝐷𝐼𝐶 = ∑ 𝑖(𝑡)
(2.13)
𝑖=1

▪ Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora (FIC);

𝐹𝐼𝐶 = 𝑛
(2.14)

Onde:

i - índice de interrupções da unidade consumidora ou por ponto de conexão no período


de apuração, variando de 1 a n;
n - número de interrupções da unidade consumidora ou por ponto de conexão
considerado, no período de apuração;
t(i) - tempo de duração da interrupção (i) da unidade consumidora considerada ou do
ponto de conexão, no período de apuração;

2.3.2.2 Indicadores de continuidade de conjunto de unidades consumidoras

Deverão ser apurados para cada conjunto de unidades consumidoras os indicadores de


continuidade a seguir discriminados:

▪ Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC), utilizando a


seguinte equação:
∑𝐶𝑐
𝑖=1 𝐷𝐼𝐶(𝑖)
𝐷𝐸𝐶 = (2.15)
𝐶𝑐

▪ Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), utilizando a


seguinte equação:
∑𝐶𝑐
𝑖=1 𝐹𝐼𝐶(𝑖)
𝐹𝐸𝐶 = (2.16)
𝐶𝑐
Onde:
DEC - duração equivalente de interrupção por unidade consumidora, expressa em
horas e centésimos de hora;
FEC - frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora, expressa em
número de interrupções e centésimos do número de interrupções;
I - Índice de unidades consumidoras atendidas em BT ou MT faturadas do
conjunto;
Cc - número total de unidades consumidoras faturadas do conjunto no período de
apuração, atendidas em BT ou MT;
DIC (i) - Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora, excluindo-
se as centrais geradoras;
FIC (i) – Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora,
excluindo-se as centrais geradoras.

2.4 PROCEDIMENTOS OPERATIVOS DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO

Os procedimentos operativos do sistema de distribuição estabelecido no módulo quatro


do PRODIST, detalha os procedimentos operativos do sistema de distribuição a serem seguidos
pelas distribuidoras e os demais agentes envolvidos cujas as instalações não pertençam ao
sistema interligado nacional (SIN), no qual tem o objetivo de formular planos e ações
operacionais dos sistemas de distribuição, como também estabelecer a uniformidade de
procedimentos de comunicação e relacionamento operacional das distribuidoras e dos demais
agentes. Serão abordados alguns pontos deste módulo que é de grande importância para o
desenvolvimento do respectivo tema.

2.4.1- Programação de intervenções em instalações

O objetivo é estabelecer as distribuidoras e o agentes envolvidos os procedimentos e


requisitos para as programações de intervenções que interferem nas instalações de distribuição,
no qual visa garantir a operacionalidade dos equipamentos e minimizar os riscos para o sistema
elétrico. Os centros de operação das distribuidoras (COD) devem analisar, coordenar,
acompanhar e executar os processos de intervenções no qual se julguem de caráter emergencial
ou de urgência nos casos de solicitações de desligamento programado ou não programado.
Antes de ser liberada a intervenção no sistema pelo COD, deve ser observada as
seguintes situações:

1. O supervisor do serviço junto com sua equipe ter elaborado no local uma análise
de acidente de qualquer natureza; elaborador as fases do planejamento da
intervenção do desligamento.
2. Estarem concluídas as manobras necessárias;
3. Estarem colocadas das as sinalizações de advertência e os dispositivos de
bloqueio físico pertinentes;
4. Ter sido autorizado o início dos serviços contidos nos documentos envolvidos
na liberação.

2.4.2- Coordenação operacional

O intuito é estabelecer os as condições mínimas para o relacionamento operacional entre


os centros operacionais das distribuidoras com os demais agentes envolvidos, no qual objetiva
a operação coordenada e segura das instalações e do sistema de distribuição. O COD deve
coordenar, controlar, supervisionar e executar as ações operativas nas redes de distribuição,
elaborando instruções de operações (IO), e informando sobre as condições operativas no
sistema de distribuição que possam interferir na operação de suas instalações.

2.4.3 - Análise de Perturbações

O objetivo é fornecer meios para a determinação das reponsabilidades no que tangem a


origem, as causas, e as consequências das perturbações e identificar as reponsabilidades dos
agentes envolvidos;
Em situações que ocorrer anormalidades no qual gere perturbações ao sistema e
dificultam a operação e recomposição do sistema afetado, devesse verificar deste o início da
perturbação até a normalização, os seguintes aspectos:

1. o cumprimento e adequação dos procedimentos operativos;


2. as providências para restabelecimento do sistema;
3. avaliação do desempenho dos sistemas de comunicação;
4. desempenho das proteções e esquemas de controle de emergências.;

O relatório da descrição da ocorrência deve constar no mínimo:


1. a descrição detalhada da perturbação;
2. a análise da operação em tempo real, que detalha as ações realizadas durante a
contingência, e do desempenho do sistema;
3. as conclusões;
4. as providências tomadas e em andamento;
5. as recomendações

3 OPERAÇÃO DO SISTEMA

Neste capítulo são apresentadas as orientações estratégicas para a procedimentos


operacionais através de definições, conceitos da organização operacional do setor elétrico da
concessionária Enel distribuição Ceará. Desta forma, é mostrado o nível operacional
estabelecido entre os centros de operação, com as respectivas responsabilidades entre
concessionária de energia do Ceará e os agentes. Também são apresentadas as definições táticas
para a operação da rede, através de premissas, diretrizes, responsabilidades e critérios que
norteiam o desenvolvimento de cada um dos processos de Sistema de Operação de Rede,
Operação de Rede e Análise de rede, permitindo que se tenha uma visão global da gestão
operacional exercida pela Enel distribuição Ceará, pois todo processo de recomposição de rede
ocorre sobre premissa da operação.
A ONS conceitua a operação do sistema como sendo a programação, normatização,
coordenação, supervisão e controle da operação integrada do sistema elétrico, com a finalidade
de garantir seu funcionamento de forma otimizada, confiável e segura. Dentro desse contexto,
a operação do sistema elétrico é um setor de grande importância que apresenta muitas
responsabilidades, visto que é na operação do sistema elétrico que se encontra todo processo de
infraestrutura, juntamente com ferramentas capazes de fornecer meios subjacentes para que o
operador possa monitorar e controlar as instalações elétricas (usinas, subestações,
equipamentos), trazendo consigo a segurança na operação e a continuidade do fornecimento de
energia elétrica.
O controle da operação do sistema é executado através dos Centros de Operação do
Sistema (COS), que atua na coordenação, supervisão e controle da rede de operação que pode
ser Regional/Local, as quais são de responsabilidade dos agentes que fazem a operação do
sistema. Logo, é relevante frisar que o COS para a Enel Ceará se subdivide em centros operação,
tais como CCS, CCR e UAM.
Sendo assim, o centro de controle do sistema (CCS) é o centro de operação com maiores
responsabilidades nas operações de redes da Enel Ceará, portanto, é responsável pela
coordenação, supervisão e controle operacional das instalações elétricas, atuando em conjunto
com as outras delegações, que são os centros regionais da operação da Enel Ceará. Para as
regionais onde possui COS, a Enel Ceará possui os CCR (Centro de Controle Regional) e UAM
(Unidade de Apoio a Manutenção), que também são responsáveis pela supervisão e operação,
dando apoio CCS.
A operação da rede segundo a norma MGQ-001/2014 (Manual de Gestão da Qualidade
da Operação Técnica, Setembro/2014), constava que a diretoria da operação técnica era
responsável pela operação do sistema, a qual fornecia as descrições dos processos básicos da
operação do sistema em que era agrupada de forma temporal, conforme o exposto a seguir: Pré-
Operação, Tempo Real, Atendimento Emergencial, Pós-Operação, Sistema de Informação
Técnicas e Manutenção das proteções e automações do sistema.

Figura 2: Representação dos setores da Operação

Fonte: (COPEL)

Em virtude do processo de mudança da marca corporativa, em 2016 a distribuidora passa


a ser conhecida de Enel Distribuição Ceará. O mesmo é um passo importante, visto que está em
conformidade com a nova identidade e posicionamento da empresa, que se traduz na abertura de
novas tecnologias, novos usos de estratégias e novo enfoque operacional do grupo.
Com o resultado do processo citado, houve a necessidade de estabelecer novas premissas
básicas da operação do sistema, na qual passou a ser chamado de Operação e Manutenção Ceará
segundo a norma MGQ-C 001/2017 (Manual de Gestão da Qualidade da Operação e Manutenção,
SETEMBRO/2017). A mesma é responsável pela operação do sistema elétrico da Enel Distribuição
do Ceará, na qual abrange os seguintes processos:
• Sistemas de Operação de Rede
• Operação de Rede
• Análise de Rede
Logo é de grande valia frisar que o presente trabalho dará enfoque maior no processo
de Operação de Rede, pois é nesse processo que se encontra todas as estruturas da operação
necessárias para o entendido do processo de recomposições de redes elétricas.

3.1- SISTEMAS DE OPERAÇÃO DE REDE


O respectivo processo é responsável não só pela manutenção dos sistemas de proteção
e automação das subestações de distribuição e dos equipamentos de telecontrole, na qual estão
instalados nas redes de distribuição de MT da Enel distribuição Ceará, como também pela
gestão e disponibilização aos clientes internos e externos das informações sobre o
comportamento da infraestrutura da rede. Também é responsável por incorporar, armazenar e
preservar as informações associadas aos ativos elétricos. Sendo composto pelos seguintes
subprocessos:
• Manutenção de telecontrole: subprocesso responsável pela gestão das atividades de
manutenção preventiva e corretiva dos sistemas de automação das subestações de
distribuição da Enel distribuição Ceará;
• Manutenção das Proteções: subprocesso responsável pela gestão e execução dos
serviços de manutenção preventiva e corretiva dos sistemas de proteção das
subestações de distribuição da Enel Distribuição Ceará;
• Estudos de Proteção: subprocesso responsável pela análise e ajustes das proteções do
sistema elétrico da Enel distribuição Ceará e das proteções de fronteira de outros
agentes, na condição operacional e em contingências, visando proteger a integridade de
pessoas e equipamentos do sistema elétrico;
• Planejamento da Manutenção dos Sistemas de Rede: subprocesso responsável pelo
planejamento, programação e gestão das atividades necessárias para emissão de ordens
de ajustes, manutenção preventiva, corretiva e comissionamento dos sistemas de
proteção e de automação da Enel Distribuição Ceará;
• Comissionamento Elétrico: subprocesso responsável pela gestão de atividades
necessárias à execução de comissionamento elétrico dos sistemas de proteção e de
automação das subestações da Enel Distribuição Ceará;
• Cadastro de Rede: subprocesso responsável pela verificação, aprovação, confirmação
e realização de incrementos no Sistema de Distribuição da Endesa - SDE, para
atualização do cadastro cartográfico e ortogonal da rede elétrica de Alta, Média e Baixa
tensão;
• Cadastro do Cliente: subprocesso responsável pelo cadastro dos clientes de AT, MT
e BT por novas conexões, no Sistema de Distribuição da Endesa - SDE.

3.2- OPERAÇÕES DE REDE

É o processo responsável pela operação da rede elétrica da Enel distribuição Ceará


visando à continuidade do fornecimento de energia elétrica, reduzindo ou eliminando o impacto
de intervenções programadas e não programadas no sistema. O processo é distribuído nas
regiões que possui COS conforme a área de responsabilidade.

O processo de operação de rede é composto pelos seguintes subprocessos:

3.2.1- Tempo Real

É o subprocesso responsável pela coordenação, monitoramento e execução de


comandos na rede elétrica de alta tensão (AT) e Média Tensão (MT) da Enel distribuição Ceará
em regime normal e de contingência em intervenções programadas e não programadas, sendo
responsável também pela coleta de dados das ocorrências de AT e MT. Bem como é válido
frisar que a operação ocorre de acordo com a área de responsabilidade.
Os Centros de Operações em Tempo Real são desempenhados pelos Centros de
Operações divididos em Centros de Controle do Sistema (CCS), Centros de Controle Regionais
(CCR) e Unidade de Apoio a Manutenção (UAM). Todas essas delegações da Operação
trabalham em conjunto fazendo a supervisão da Operação da Rede no estado do Ceará.
O Centro de Controle do Sistema (CCS) é a única delegação que controla, supervisiona,
comanda e executa ações operativas de alta e média tensão do estado do Ceará. O mesmo é
responsável por todas instalações das redes AT e MT da concessionária com as demais
instalações de transmissão (DIT). As outras delegações atuam nas ações referentes apenas a
média tensão, que implica nas responsabilidades por todas instalações de rede de MT e BT que
saem das subestações automatizadas e não automatizadas. O sistema de operação é dividido por
áreas operacionais, na qual isso acaba por implicar que um determinado equipamento que se
encontra presente no sistema pertence a área de responsabilidade do centro de operação.
Dentro desse contexto, salienta-se que cada Centro de Operação tem sua área de
responsabilidade operacional, isso implica de forma que um determinado equipamento só pode
pertencer a uma área de responsabilidade; em virtude disso, faz-se necessário destrinchar os
mesmos:

• Centro de Controle Regional de Sobral (CCRS) - controla o Centro de Distribuição


Norte e Atlântico;
• Centro de Controle Regional de Juazeiro do Norte (CCRJ) - controla o Centro de
Distribuição Sul;
• Unidade de Apoio à Manutenção de Canindé (UAMC) - controla o Centro de
Distribuição Centro Norte;
• Unidade de Apoio à Manutenção de Limoeiro do Norte (UAML) - controla o Centro
de Distribuição Leste;
• Unidade de Apoio à Manutenção de Iguatu (UAMI) - controla o Centro de
Distribuição Centro Sul (CUNHA, 2011, p. 22).

Figura 3: Áreas de responsabilidade operacional

Fonte: (ALVES, 2014)

Figura 4: Estrutura Organizacional da Operação


Fonte: (FROTA, 2014)

3.2.2 - Operador do Sistema

Os operadores do sistema são aqueles que foram devidamente treinados e credenciados


para coordenar e operar equipamentos elétricos remotamente nas subestações ou ao longo dos
circuitos de distribuição. Sendo assim, devem ter pleno conhecimento de manuseio e funções
dos mesmos para operá-los com segurança operacional.
A sua principal missão é delegar e executar as manobras para o perfeito funcionamento
do sistema elétrico, com competência para analisar e tomar decisões seguras e rápidas para
minimizar ou erradicar a falta de energia por meio de manobras telecomandadas na presença
por falta no sistema.
É relevante observar que os operadores do sistema terão como principais requerimentos
de competências os seguintes pontos:
➢ Realizar manobras através de telecomando averiguando sua viabilidade;
➢ Estreita observância ao regulamento para operação do sistema elétrico da
Enel distribuição Ceará;
➢ Comandar manobras, bloqueios e sinalização de equipamentos a partir do
centro de controle.
➢ Sempre considerar os procedimentos de segurança vigentes na empresa;
➢ Conhecer o sistema elétrico de transmissão de 69kV e distribuição 13,8 kV
da Enel Ceará de suas responsabilidades;
➢ Os pontos de entrega da supridora (CHESF), e os sistema de geração de
energia elétrica particulares que interligam com a Enel Ceará dentro de sua
área de responsabilidade.
➢ Conhecer os sistemas de comunicações disponíveis com as respectivas
codificações operacionais;
➢ Conhecer a estrutura organizacional da Enel Ceará, no que concerne a
operação e manutenção da transmissão e distribuição.
Bem como, os operadores do sistema deverão estar capacitados, habilitados e
autorizados nos seguintes aspectos:
➢ Leitura de esquemas unifilares de operação, proteção e medição;
➢ Conhecimento do sistema de telecomando, controle e sinalização das
instalações e equipamentos;
➢ Ser treinado na norma regulamentadora NR 10 do ministério do trabalho;
➢ Ser treinado no regulamento da operação do sistema elétrico da Enel Ceará;
➢ Treinamento na termologia operacional necessária à comunicação verbal na
operação;
➢ Apresentar um bom estado de saúde;
➢ Ter capacidade e predisposição para trabalhar em regime de escala;
➢ Conhecer os procedimentos operacionais do sistema SAC para fins da
operação eficientes das subestações e equipamentos automatizados;
➢ Ter aptidão para tomar decisões e reações serenas, seguras e rápidas, ante
as de situações de pressão ou urgências.

3.2.3- Sistema de Ajuda a Condução (SAC)

O SAC (Sistema de Ajuda a Condução) tem como objetivo principal tanto a integração
com os sistemas de informação corporativos e o sistema SCADA, como também a alta
disponibilidade da aplicação do controle e da supervisão por parte do operador do sistema
elétrico Enel Ceará.
Outro objetivo é evitar a duplicidade de entrada de informações. O sistema SAC,
portanto, garante que sejam introduzidas informações necessárias de uma única vez, sobre a
gestão da rede elétrica própria do centro de controle.
Esta plataforma é uma ferramenta informática que permite a integração de todos os
sistemas necessários para a operação de redes de distribuição. As atividades próprias da
operação de rede de distribuição se desenvolvem a partir de um centro de controle de rede em
um regime de operação de 24 horas x 365 dias ao ano. O sistema é operado por usuários a partir
de terminais denominados POE (Posto de Operação Elétrico) e são encarregados do controle e
monitoramento da rede de distribuição e transmissão.
As características funcionais do SAC são um conjunto das funcionalidades dos
diferentes sistemas que o compõem. A seguir são nomeados os diferentes sistemas do SAC:

• O Sistema de Gestão de Rede (Network Management System - NMS),


integra as funções essenciais que são cruciais para a incorporação dos dados
exibidos pelos outros diferentes sistemas, apresentando esses dados como
um sistema único;

• O sistema SCADA permite a captação de dados disponibilizados pelos


sistemas remotos que possibilitam a interação com os dispositivos
telecontrolados;

• O Sistema DMS (Distribution Management System) fornece mecanismo


para a gestão de rede de distribuição com a gestão de incidências, a gestão
de desligamentos ou Power Flow;

• O sistema HIS (Historical Information System) registra qualquer dado do


sistema, seja calculado pelo mesmo ou recebido do campo, com frequência
e precisão de tempo.

A interface do Sistema de Gestão de Rede representa a tela principal do SAC, pois o


sistema NMS e responsável por incorporar os dados de todos os outros sistemas. O operador
pode ter acesso as informações do sistema através de cada função presente na tela principal do
SAC através da interface NMS.

3.2.4 - Sistema de Supervisão e Controle

O sistema SCADA, software de supervisão e controle usado na operação do sistema,


que realiza interface homem-máquina, possibilita o operador a controlar equipamento
remotamente. A interface proporcionada pelo SCADA possibilita que o operador a visualize a
topologia da rede elétrica juntamente como os equipamentos de transformação e proteção do
sistema.
As informações coletados nas redes elétricas que este sistema permite visualizar é
realizado através da Unidade Terminal Remota (URT), equipamento composto por software e
hardware, instalado nas subestações, na qual é interligado ao sistema de telecomunicação, o
qual realiza o telecontrole e telesupervisão do processo, como também controlar equipamentos
e instalações automatizadas.
O sistema SCADA possibilita também a leitura de informações disponibilizadas pelos
sistemas remotos, que são instalados ao longo das linhas de distribuição, possibilitando a
integração com os equipamentos telecomandados.
A figura abaixo mostra como funciona a relação SAC, SCADA e operador, em que o
SCADA consiste na interface utilizada para acessar o SAC:
Figura 5: Arquitetura e interface de comunicação com o Sistema Elétrico

Fonte: (FROTA, 2014)

3.2.5 - Atuação diante de incidências – (Monitoramento em rede MT)

Uma incidência ou emergência na rede – AT e MT pode provocar uma falha com ou


sem interrupção do fornecimento de energia. Diante disso o sistema de monitoramento de rede
emite um alarme ao centro de controle sempre que ocorre alguma anomalia detectada nas redes.
No caso das interrupções de fornecimento de AT e MT, este alarme está normalmente associado
a operações como atuação de proteção do religadores, saída de alimentadores ou atuação de
equipamentos presente na subestação. Dessa forma, o alarme será a primeira informação
recebida pela central de relacionamentos (inclusive antes das ligações telefônicas dos clientes).
Ao receber um alarme ou aviso de atuação da proteção de algum equipamento o
centro de controle receberá informações como:
• Subestação
• Equipamento (s) operado (s)
• Proteção atuada
• Circuitos (s) afetados (s)
• Área afetada
• Data/Hora de início

3.2.6 - Análises Da Operação

É o subprocesso responsável pelo acompanhamento operativo, pela análise do


desempenho das ocorrências significativas, como também do acompanhamento das ocorrências
reiteradas do sistema elétrico da Enel distribuição Ceará.

3.2.6.1 Gestão De Intervenção

É o subprocesso responsável pela análise das programações que resulta em intervenções


no sistema elétrico da Enel distribuição Ceará, bem como nas instalações elétricas de agentes e
clientes quando estas impactarem na operação do sistema elétrico da Enel distribuição Ceará.
É interessante frisar que a gestão de intervenção é realizada nas regiões de acordo com
a área de responsabilidade.
3.2.6.2 - Análise e aprovações de desligamentos

É o processo pelo qual a gestão de intervenção tem a responsabilidade de analisar as


programações de atividades, na qual compreendem tanto as manutenções das redes e
equipamentos, como também o processo de expansão da rede elétrica, na qual ambas resultam
na intervenção do sistema elétrico, que tem como princípio aprovar ou rejeitar tal intervenção.
Toda atividade de intervenção se baseia por um documento que consta informações de
todos os processos, tais como a análise de risco da atividade, a solicitação de transferência de
carga, o tempo que o sistema irá ficar afetado por tal intervenção, os códigos dos respectivo-s
equipamentos que irão ser abertos ou fechados e os nomes dos respectivos técnicos que irão
fazer a atividade.
A solicitação de desligamento programado deve ser acompanhada de uma ordem de
trabalho (OT), onde consta informações como nomes dos técnicos que irão realizar os trabalhos.
Esta ainda descreve a atividade a ser executada, tais como data, local e horário previsto da
execução da atividade.
Após a análise, caso seja negada a solicitação, o solicitante deve alterar o que for
necessário e encaminhar uma nova solicitação. No caso de ser aprovado tal documento, o
mesmo será confirmado pelo solicitante, e no dia da execução da atividade será repassada a
responsabilidade para o centro de controle que atua em tempo real, na qual este tem a
responsabilidade de conferir todas as informações do documento, bem como o
acompanhamento de toda a atividade, desde a liberação até a finalização do serviço, garantindo,
dessa forma, não só a segurança operacional, como também da equipe de trabalho.

3.2.7- Estudos Elétricos

É o subprocesso responsável pelos estudos elétricos de fluxo de carga e regulação de


tensão, o qual tem por finalidade analisar e descrever as condições de desempenho do sistema
elétrico da Enel Distribuição Ceará no cenário atual e no curto prazo em condições normais e
de contingências. É realizado também o atendimento das solicitações de dados de carga junto
ao Operador Nacional do Sistema elétrico.

3.2.8 - Normatização
É o subprocesso responsável pela execução, disponibilização, controle e divulgação dos
documentos específicos de operação da rede elétrica de Alta Tensão (AT) e Média Tensão (MT)
da Enel Distribuição Ceará.
2.3.3 - Plano Operacional

Quando da existência da interrupção de energia elétrica devido falha presente em


subestações ou alimentadores ou até mesmo quando o sistema elétrico estiver em contingência,
existe uma instrução de recomposição em que o operador deve seguir algumas instruções
programadas. Esse documento é estruturado no modelo da ONS, unificando todos os
documentos em um único tipo de documento, denominado Instrução de Operação (IO) que são
usadas no plano de operação normal do sistema e no plano de reposição de serviços.
O plano de operação normal contempla todas as manobras realizadas nas subestações e
redes em caráter programado e/ou de urgência para a realização de manutenção corretiva e/ou
preventiva. Em contrapartida, o plano de reposição de serviço contempla as manobras a serem
realizadas no sistema elétrico para energizar de forma total ou parcial as cargas inicialmente
afetadas.
Por outro lado, as IOs são documentos utilizados como ferramentas pelos operadores
dos sistemas de alta e média tensão e pelos supervisores dos respectivos COS. As IOs
descrevem todas as ações e procedimentos que o operador deve seguir em situações normais ou
de contingências.
Visto isso, salienta-se que o presente trabalho apresentará como enfoque maior o plano
de operação de serviços, que compreende a IO de Recomposição de Alimentador. A mesma
contempla todas as informações que são inerentes ao operador que presencie uma situação de
falha no sistema elétrico, para que possa energizar o maior número possível de cargas,
deixando, dessa forma, poucas cargas afetadas no menor tempo possível. As informações que
constam nesse documento são:
• Diagrama unifilar do alimentador com todas as estruturas de proteção e
seccionamento do circuito com seus respectivos códigos (chaves fusíveis, religadores
de linha, chaves seccionadoras, banco de capacitores).
• Quantidade de clientes conectados ao alimentador e com referências as
principais cargas conectadas.
• Endereço de todas as chaves do alimentador.
• Análise dos encontros de alimentadores, apresentados dados de carregamento
máximos e mínimos.
• O encontro mais próximo da subestação a qual pertence o alimentador a ser
transferido.
• O encontro mais próximo da subestação que não pertence o alimentador a ser
transferido. (CUNHA, 2011, p. 21).

3.2.10- Atendimento Emergencial

É o subprocesso responsável pela gestão do atendimento emergencial na rede elétrica


de Baixa Tensão (BT) em intervenções programadas e não programadas, sendo responsável
também pela coleta das ocorrências de BT. Sendo assim, é de grande valia salientar que o
atendimento emergencial acontece primeiramente nas Centrais de Relacionamento ou Agências
de Atendimento.

3.2.10.1 - Central de Relacionamento e Agências de Atendimento

Sempre que um evento traga como consequência uma interrupção no fornecimento de


energia aos clientes e após o recebimento de reclamações, a Central de Relacionamento ou
Agências de Atendimento terá como as principais responsabilidades:
• Classificar as reclamações
• Gerar os avisos

3.2.10.2 - Centro de Controle de Baixa Tensão – CCBT

O CCBT deverá monitorar de maneira permanente o surgimento de avisos gerados pela


Central de Relacionamento ou agências de atendimento devendo avisar a equipe 196 em que
esteja mais próxima da área afetada para realizar inspeção/manutenção da rede.
No caso de incidência em BT (incluído o transformador MT/BT) a coordenação para a
resolução da ocorrência será do operador do sistema de baixa tensão. Em se tratando de uma
incidência nas redes de MT em que não se afete equipamento de proteção como religadores, o
operador do sistema de baixa tensão também assume o atendimento da ocorrência, onde o
mesmo tende a repassar para uma equipe mais próxima a realização da inspeção ou manutenção
da rede. Após atendimento da mesma e repassada a resolução da ocorrência para operador de
MT, o operador de MT fará as afetações no sistema.
Ressalta-se que todas as atividades realizadas pelas equipes de atendimento
emergencial, sob a coordenação do CCBT, deverão ficar registradas no sistema de ajuda a
condução (SAC-BT). Esse registro deve conter, pelo menos, os seguintes itens:

• Identificar a equipe emergencial mais próxima para a inspeção e


manutenção;
• Identificação do operador do sistema de baixa tensão;
• Identificação da Ordem de Trabalho (OT);
• Registro pelo centro de controle da hora da designação a equipe
emergencial;
• Registro pelo centro de controle da hora da apresentação da equipe
emergencial;
• Registro da hora da apresentação da chegada equipe emergencial no local
da incidência;
• Identificação da magnitude da incidência e área afetada;
• Descrição de todas as manobras e reparações realizada na rede elétrica;
• Registro da hora de restabelecimento parcial e/ ou total do fornecimento na
área afetada;
• Identificação da causa que originou a incidência;
• Previsão da resolução;
3.3- ANÁLISE DE REDE

O processo de Análise de Rede é responsável pela apuração e divulgação dos


indicadores de continuidade coletivos, individuais e emergenciais, bem como pela gestão de
reclamações de níveis de tensão e de medições das amostras.
Este processo também realiza o planejamento e acompanhamento do plano anual de
inspeções nas instalações do sistema elétrico da Enel Distribuição Ceará, além de realizar o
comissionamento eletromecânico e as inspeções termográficas em linhas de distribuição de alta
tensão e equipamentos elétricos das subestações de distribuição. Adicionalmente, executa as
manutenções preventivas e corretivas em transformadores de força, comutadores sob carga e
sistemas de suprimento auxiliar de subestações de distribuição.

• Qualidade do Produto: subprocesso responsável pela gestão e


disponibilização aos clientes internos e externos as informações referentes
ao processo de medições de níveis de tensão em regime permanente
originadas por reclamações de níveis de tensão e o processo de medições
amostrais de níveis de tensão em conformidade com as exigências do
módulo 8 do Prodist da ANEEL.

• Qualidade do Serviço: subprocesso responsável pela validação das


ocorrências do sistema elétrico da Enel Distribuição do Ceará, apuração e
divulgação dos indicadores de continuidade coletivos e individuais e de
atendimento emergencial, bem como é responsável por emitir repostas
oficias das ocorrências do sistema elétrico da Enel Distribuição Ceará.

• Plano Anual de Inspeções: subprocesso responsável pelo planejamento,


elaboração e gestão das manutenções preditivas e preventivas na rede de
distribuição de alta tensão e média tensão da Enel Distribuição Ceará.

• Manutenção AT: subprocesso responsável pela manutenção nas


instalações de alta tensão compreendendo as atividades de execuções de
inspeções termográficas em linhas de distribuição de alta tensão e
subestações, como também nas manutenções preventiva e corretiva no
sistema elétrico.

4- SISTEMA ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÃO

Neste capítulo são apresentadas as configurações e características da rede elétrica de


distribuição administrada pela Enel distribuição Ceará, como também os equipamentos de
proteção utilizados como base de comportamento do sistema elétrico, na qual, com a análise da
atuação destes equipamentos, é possível atuar em falhas presentes, que podem ser transitórias
ou permanentes na rede em que são responsáveis por proteger. Além disso, com a atuação dos
mesmos tem-se o levantamento dos indicadores de continuidade abordados anteriormente.

4.1- CONFIGURAÇÃO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO

Segundo a ANEEL, o sistema de distribuição consiste em um segmento do setor elétrico


dedicado à entrega de energia elétrica para um usuário final. O mesmo está situado entre o
sistema de transmissão e as unidades consumidoras. Ademais, este sistema pode ser detalhado
através de seus principais de elementos, os quais estão apresentados abaixo.
• Sistema de Subtransmissão: Linhas que interliga a transmissão às subestações
de distribuição. Normalmente com níveis de tensões de 69kV e 138kV;
• Subestações distribuição (SE).
• Sistema de distribuição primário (Alimentadores de Distribuição);
• Transformadores de Distribuição;
• Sistema de distribuição Secundário;
• Ramais de Ligações.

Figura 6: Esquematização do sistema de distribuição primário e secundário


Fonte: (SAMPAIO, 2017)

Os alimentadores de distribuição primários são os circuitos principais que saem das


subestações de distribuição no nível de tensão de 13,8kV para atender os consumidores finais
por meio de níveis de tensões de 13,8kV ou 380/220 V.
Estes circuitos primários são chamados de alimentadores de distribuição, que suprem
tanto o perímetro urbano, como também o perímetro rural. Além disso, existem características
distintas entre esses dois tipos de alimentadores; sendo assim, o alimentador urbano está
caracterizado por possuir grandes blocos de cargas ao longo do alimentador, com perfis de
cargas industriais, comercias e residenciais. Em contrapartida o alimentador rural é
normalmente um alimentador longo, com poucos clientes e cargas localizadas no fim do
alimentador.
A Enel distribuição Ceará utiliza dois tipos de configurações nas suas redes de
distribuição primária para fornecer energia aos consumidores, na qual são conhecidas como
sistemas de distribuição com topologia radial e radial com recurso.
O sistema com topologia radial é caracterizado por um fluxo de corrente em um único
sentido. O qual é utilizado em áreas com baixa densidade de cargas nas quais os circuitos tomam
direções distintas. Este sistema também não contempla encontros de alimentadores, ou seja,
não é possível uma determinada carga ser alimentada por outro alimentador em condições de
emergências.
Figura 7: Topologia radial

Fonte: (FROTA, 2017)

A grande desvantagem dessa topologia é a sua menor confiabilidade e disponibilidade,


pois na existência de uma falta de energia na linha tronco do alimentador, todos os clientes
serão afetados.
No entanto, o sistema com topologia radial com recurso é o mais adotado nas redes de
distribuição da Enel Ceará, visto que se torna um sistema com mais confiabilidade e
disponibilidade, em virtude de possuir encontros com outros alimentadores, em que aumenta o
número de alternativas de fornecimento para uma mesma carga. É utilizado em áreas que
contenham grandes blocos de cargas, ou cargas importantes, como hospitais, centrais de
telecomunicação, fábricas, shoppings centers, estações de tratamento de esgoto e dentre outras.
Para exemplificar, o mesmo é ilustrado na figura abaixo.

Figura 8: Topologia radial com recurso

Fonte: (FROTA, 2014)

Conforme a ilustração, a topologia apresenta chaves normalmente abertas (NA), que


podem mudar seu estado para normalmente fechadas (NF) em decorrência de alguma falha
presente no sistema, realizando, dessa forma, a transferência de carga em situações de
emergência entre alimentadores da mesma subestação, ou alimentadores de subestações
diferentes. Essas chaves normalmente são chaves seccionadoras manuais ou automáticas, sendo
controladas por uma unidade periférica (UP).
4.2- EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E SECCIONAMENTO DE REDE DE
DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA

As buscas por melhorias nos indicadores DEC/FEC, estão diretamente ligadas aos
resultados de modernização e avanço tecnológico nas redes de distribuição. A atuação dos
equipamentos de proteção é fator essencial para tornar o sistema seguro, garantindo a segurança
operacional, a integridade e a confiabilidade do sistema elétrico de distribuição.
Um sistema de proteção é aquele ao qual estão associados todos os equipamentos
necessários para detectar, localizar iniciar e completar a eliminação de uma falta ou de uma
condição anormal de operação de um sistema elétrico.
Os casos mais recorrentes em faltas transitórias ou permanentes são galhos de árvores
sobre as redes de distribuição aérea, abalroamentos de estruturas, descargas atmosféricas, ou
até mesmo degradação dos equipamentos de proteção. Com o desenvolvimento da automação
nas redes elétricas, a ideia de proteção, confiabilidade e estabilidade foram incorporados nos
dispositivos de proteção e seccionamento, os quais atuam sobre qualquer tipo de anomalia
presente na rede. Os equipamentos mais utilizados e encontrados ao longo das linhas do sistema
de distribuição são:
• Religadores
• Chaves fusíveis
• Seccionalizadores
• Chave UP
4.2.1 - Chave Fusível

A chave fusível é um equipamento destinado à proteção de sobrecorrente em circuitos


primários, os quais são utilizados usualmente em subestações de distribuição, bem como em
redes aéreas de distribuição, é utilizada também em subestações de cabine primária de
consumidores alimentados em média tensão (FILHO, 2005).

Figura 9: Chave fusível tipo Pedestal e Chave fusível Isolador de Corpo Único
Fonte: (FILHO, 2005)

No sistema de distribuição, as mesmas são destinadas para a proteção de


transformadores e alimentadores. Nas redes de distribuição, as chaves são instaladas ao longo
da linha tronco do alimentador e nas derivações de ramais, para que possam coordenar de forma
seletiva as atuações das proteções, protegendo a linha tronco do alimentador e fazendo com que
se tenha a menor perca de carga possível.
No que tange as características mecânicas das chaves fusíveis, as mesmas são
constituídas normalmente de isoladores de porcelana vitrificada, bem como possuem
isolamento e resistência mecânica, o qual é suficiente para suportar altas tensões e impactos de
aberturas e fechamento de seus contatos.
As chaves fusíveis não são equipamentos adequados para abertura de circuito com
carga, devido à inexistência de um sistema de extinção à arco elétrico. A operação deste
equipamento com carga só deve ser utilizada com um dispositivo com a extinção de arco
elétrico, conhecido como Load buster. Na figura abaixo é possível observar a articulação de
abertura de uma chave fusível com a utilização de Load buster.

Figura 10: Articulação de abertura de uma chave fusível com a utilização de Load buster
Fonte: (FILHO, 2005)

O outro componente, também importante, da chave fusível é popularmente conhecido


como canela, o qual atua na interrupção do arco elétrico. O cartucho ou porta-fusível consiste
em um tubo de fibra de vidro ou fenolite, que é dotado de um revestimento interno além de
aumentar a robustez do tubo, se constitui na substância principal que gera, em parte, os gases
destinados à interrupção do arco (FILHO, 2005).
O dimensionamento físico do cartucho está diretamente ligado à capacidade de ruptura
a que se destina a chave fusível. Se em determinada localidade do trecho onde se localizada a
chave fusível, o nível de curto circuito for superior a capacidade de ruptura ou interrupção da
chave, o cartucho não suportará.
Figura 11: Porta fusível
Fonte: (FILHO, 2005)

A cada operação da chave fusível ocorre a diminuição da espessura da parede do tubo


do porta-fusível, resultante de desgastes da camada que gera os gases liberados pelo tubo
interno, previamente constituído de materiais apropriados para extinção do arco elétrico.
Os elos fusíveis são elementos metálicos, construídos de um material que não se altere
quimicamente e fisicamente com a passagem de corrente, normalmente formado por uma liga
de estanho, com ponto de fusão de aproximadamente 230ºC. A finalidade do elo fusível é de
fundir-se ao momento que se tem uma passagem de corrente maior do que aquela que se foi
projetada para suportar.
De acordo com as características construtivas, existem dois tipos de elos fusíveis: os
elos tipo botão e argola (FILHO, 2005).
A figura abaixo mostra elos de fusíveis tipo botão mais utilizados em redes de
distribuição aérea.
Figura 12: Representação dos elos fusíveis tipo botão

Fonte: (FILHO, 2005)

Já os elos fusíveis tipo argola são aqueles que possuem nas extremidades duas argolas.
São utilizados geralmente na proteção de pequenas unidades transformadoras, principalmente
de sistemas MRT (monofilar com retorno por terra).
De acordo com as características elétricas os elos fusíveis são caracterizados pelas
curvas de atuação de tempo x corrente, que permite classificá-los em H, K e T.
Os elos fusíveis tipo H, são usados na proteção primária de transformadores de
distribuição para correntes de até 5 A. São considerados elos fusíveis de alto surto, pois
apresentam tempo de atuação lento para altas correntes.
Os elos fusíveis tipo K, são utilizados na proteção de redes áreas urbanas e rurais. São
considerados fusíveis de atuação rápida para altas correntes. Apresentam correntes variando de
6 A a 200 A.
Já os elos fusíveis tipo T, são considerados fusíveis de atuação lenta para correntes
elevadas. Sua aplicação principal é na proteção de ramais primários de redes aéreas de
distribuição.
Os elos fusíveis seguem a premissa de que o tempo de atuação é inversamente
proporcional à magnitude da corrente de defeito. A corrente na rede em presença de curto-
circuito tem um crescimento rápido em um curto prazo de tempo, durante o tempo que essa
corrente é elevada ao passar pelo elo fusível, gera calor de forma quadrática à intensidade da
corrente elétrica, atingido, assim, o tempo máximo de fusão do elo e consequentemente
liberando a abertura da chave e interrompendo o circuito.

Figura 13: Representação da curva de corrente x tempo dos elos fusíveis

Fonte: (ROCHA, 2018)

A Figura abaixo mostra o comportamento dos elos fusíveis tipo K para vários níveis de
corrente. Nesta tabela é possível verificar por meio das curvas tempo x corrente dos elos
fusíveis, os valores limites de coordenação.
Figura 14: Representação da curva de corrente x tempo dos elos fusíveis tipo K
Fonte: (FILHO, 2005)

Ademais, Filho (2005, p.161) afirma que:


Para proceder à coordenação entre elos fusíveis é necessário aplicar-se algumas regras
básicas:
• O elo fusível protegido deve coordenar com o elo fusível protetor, para o maior
valor da corrente de curto-circuito ocorrida no ponto de instalação do elo fusível
protetor.

• Os elos fusíveis do tipo H não devem ser utilizados nos ramais primários dos
alimentadores. São próprios para proteção dos transformadores de distribuição.

• Reduzir ao mínimo o número de elos fusíveis nos alimentadores.

• Deve-se reduzir também ao mínimo os tipos de elos fusíveis.

• Realizar os cálculos de curto-circuito em cada ponto de interesse da linha de


distribuição de cada alimentador levando-se em conta também as impedâncias dos
cabos em função das distâncias que estão distribuídos no sistema elétrico;
4.2.2 - Religadores

Os religadores são equipamentos de interrupção de correntes elétricas que operam na


abertura e fechamento de seus contatos em uma série programada de repetições estabelecidas
quando há um defeito no circuito por ele protegido.
As distribuidoras de energia têm optado pela utilização em larga escala dos religadores
em linhas de distribuição aérea, por permitir que os defeitos transitórios sejam eliminados sem
a necessidade do deslocamento da equipe de manutenção, amenizando, assim, as perdas
técnicas. Os religadores mais usados são os trifásicos, que possuem o controle eletrônico, onde
são possíveis os ajustes de valor de corrente de acionamento, número de disparos e a curva de
atuação.
Os religadores permitem ajustes para quaisquer ciclos de operação, discriminados a
seguir, com o máximo de quatro operações, sendo a última operação, o seccionamento do
circuito, até que seja fechada pela ação do operador.
• Uma operação rápida e três temporizadas.
• Duas operações rápidas e temporizadas.
• Três operações rápidas e temporizadas.
• Quatro operações rápidas.
Abaixo é apresentada uma ilustração dos ciclos de operação de um religador na presença
de falha no sistema, onde pode-se observar as quatro etapas da operação do religador.

Figura 15: Ciclo de operação do religador


Fonte: (FILHO, 2005)

Na figura abaixo é possível observar o diagrama temporal para operação de interrupção


e fechamento dos contatos do religador NOJA OSM-15-16-800.

Figura 16: Diagrama temporal da operação de interrupção e fechamento

Fonte: (MANUAL RELIGADOR OSM NOJA POWER)

O mesmo apresenta os seguintes parâmetros operacionais:


• Tempo de abertura: < 30ms
• Tempo de arco: < 20ms
• Tempo de Interrupção: < 50ms
• Tempo de fechamento: < 60ms
Os investimentos presentes nas redes elétricas estão relacionados com as exigências de
qualidade e continuidade dos serviços prestados pelas concessionárias, portanto, para que sejam
atendidas essas exigências faz-se necessário a implantação de uma nova geração de religadores,
os quais possuem características úteis para uma rede automatizada, características estas que
são:
• Comunicação com Centro de Operação através de protocolo aberto.
• Localização dos defeitos na rede elétrica.
• Proteção direcional.
• Monitoramento da qualidade de energia
Os religadores devem ser instalados no sistema de acordo com as seguintes condições:
Para serem instalados tanto em subestações de distribuição, como também ao longo de
alimentadores, Filho (2005, p.1052) preceitua que:
Os religadores devem ser instalados no sistema de acordo com as seguintes condições:
• A tensão nominal do religador deve ser compatível com a tensão do sistema.
• A capacidade de corrente nominal do religador deve ser igual ou superior à
corrente de demanda máxima do alimentador.
• A capacidade de ruptura do religador deve ser igual ou superior à máxima
corrente de curto-circuito trifásica ou fase e terra do sistema no ponto de sua
instalação.
• A tensão suportável de impulso do religador deve ser compatível com a do
sistema.
• O ajuste da temporização de religamento deve possibilitar a coordenação com
os equipamentos de proteção instalados a jusante do alimentador, tais como chaves
fusíveis, seccionadores automáticos ou outros religadores.

Normalmente os religadores a vácuo com controle digital são os mais utilizados tanto
em subestações, como também em alimentadores urbanos e rurais em classes de tensões de
15kV a 25,8kV. O seu controle tem como base um microprocessador responsável pelo sistema
de proteção, como também pelas funções de aquisição de dados e protocolo de comunicação.
O fechamento e a abertura dos contatos são realizados através de atuadores magnéticos. Sendo
assim, o atuador possui apenas uma bobina que pode realizar a função de abertura quando é
percorrida por uma corrente num determinado sentido, e a função de fechamento quando circula
uma corrente no sentido contrário.
Figura 17: Religador Noja

Fonte: (DIRECT INDRUST)

O módulo relé contém controle microprocessado, na qual possui uma grande quantidade
de curvas tempo x corrente, que podem ser modificadas de acordo com as condições do sistema.
São comuns os religadores apresentarem curvas características normatizadas pela IEC
e IEEE, e as desenvolvidas pelo fabricante. As quatros curvas temporizadas mais utilizadas que
compreende o Tempo Inverso Mínimo Definido (IDMT) são as denominadas, segundo a norma
IEC, Normalmente Inversa, Muito Inversar, Extremamente Inversa e Ultra Inversa. Cada curva
dessas é definida por sua equação, na qual é possível modicar os parâmetros de proteção do
religador, de acordo com as mudanças dos parâmetros das equações.
Figura 18: Curvas IEC

Fonte: (DUARTE, 2013)

Os religadores também possuem curva de proteção de Tempo Definido (TD). A seguir


estão elencadas algumas proteções que são de características dos religadores:
• Falta Sensível de Terra;
• 50N - sobrecorrente instantâneo de neutro
• 51N - sobrecorrente temporizado de neutro
• 50F - sobrecorrente instantâneo de fase
• 51F - sobrecorrente temporizado de fase
• 81- Sobrecorrente de Linha Viva
• 27/59- Sub/Sobretensão;
• Sub/Sobre Frequência
• Detecção por perda de alimentação;
• Proteção Harmônica;
• 79- Rele de Religamento AC
• Sequência de Fase Negativa
Por conseguinte, Filho (2005, p. 1089) estabelece que:
Existem alguns critérios que devem ser adotados para aplicar religadores automáticos
nos diferentes pontos das redes aéreas de distribuição, quais sejam:
• Em pontos predeterminados de circuitos longos, onde a corrente de curto
circuito, pela elevação da impedância, não tem valor expressivo capaz de sensibilizar
o equipamento de proteção, disjuntor ou religador, instalado no início do alimentador.
• Na derivação de alguns ramais que suprem cargas relevantes, cuja área
apresenta um elevado risco de falhas transitórias.
• Em alimentadores que tenham dois ou mais ramais.
• Num ponto imediatamente após uma carga ou concentração de carga que
necessita de uma elevada continuidade de serviço.
• Em ramais que alimentam consumidores primários cuja proteção seja feita
através de disjuntores dotados apenas de relés de indução.

Sumarizando as condições de coordenação anteriormente estudadas, é possível ajustar


as curvas de atuação do religador, buscando a melhor coordenação com o fusível a jusante, a
fim de que para as curvas lentas do religador, o fusível a jusante atue primeiro; e para curvas
rápidas, o religador atue antes que o fusível a jusante. Pode-se, dessa forma, apresentar as curvas
características de um religador e do elo fusível e observar as interseções das curvas. Sendo
assim, Filho (2005, p. 1093) estabelece que “quando a curva de operação com retardo do
religador não intercepta a curva de tempo máximo de interrupção do elo fusível, o ponto de
corrente mínima corresponde à corrente de acionamento do religador”.
Figura 19: Curvas de Interseção entre religador e chave fusível
Fonte: (ROCHA, 2018)

Quando se tem a aplicação de religadores em série, conforme Filho (2005, p. 1.110), é


possível permitir uma:
[...] grande flexibilidade quanto ao ajuste de suas características operacionais, o que
facilita o estudo de coordenação. São as seguintes as recomendações que devem ser
adotadas:
• Os intervalos de religação devem ser selecionados de sorte que o religador
protegido tenha os seus contatos fechados ou esteja programado para isso no momento
do fechamento dos contatos do religador protetor.

• O valor da corrente mínima de acionamento do religador protegido deve ser


superior ao valor da corrente de acionamento do religador protetor. Desse modo, o
religador protetor deve operar antes do religador protegido.

• Selecionar os intervalos de rearme para que cada religador opere, em todas as


condições de defeito, segundo um ciclo predeterminado. A curva do religador
protegido deve ser superior em pelo menos 12 ciclos (≅0,2 s), para a corrente de curto-
circuito máxima, à curva do religador protetor.

• O intervalo de tempo de rearme do religador protegido deve ser igual ou


superior ao tempo de rearme do religador protetor.

• A seleção dos intervalos de religamento deve permitir que o religador protetor,


toda vez que fechar para testar a permanência do defeito no circuito, tenha tensão nos
seus terminais de entrada, isto é, o religador protegido fica com seus contatos
fechados.

Figura 20: Curvas de Interseção entre religadores

Fonte: (FILHO, 2005)


4.2.3 - Seccionalizadores

O seccionalizador é um dispositivo automático para operar em série, como equipamento


de retaguarda para seccionamento do trecho defeituoso, com religadores ou disjuntores
comandados por reles de sobrecorrente.
Atualmente os sistemas de controle dos seccionalizadores são digitais ou
microprocessados, os quais realizam multifunções, quais sejam: proteção, medição (correntes,
potências, fator de potência, etc.), registros de eventos (número de interrupções, tempo de
duração de interrupções, natureza da interrupção, etc.). Estas informações são colhidas do
circuito ao qual estão conectados através de redutores de corrente e tensão (TCs e TPs).

Figura 21: Representação da coordenação entre religador e seccionalizador

Fonte: (DUARTE, 2018)

O seccionalizador não interrompe a corrente de feito, ele é programado para interromper


uma corrente proporcional a sua corrente nominal.
A operação deste equipamento se dá por ocasiões de sobrecorrente, cuja o valor seja
maior ou igual a corrente de acionamento, caso isso aconteça, o equipamento é armado e
preparado para uma contagem. A contagem refere-se ao número de interrupções do religador a
montante. A cada operação do religador, o secionalizador passa a contar a uma interrupção, se
o número de operação de religamento atingir o número programado de contagem do
seccionalizador, o trecho será desernegizado pelo seccionalizador, antes que o religador da
retaguarda abra seus contatos.
4.2.4 - Seccionadoras Telecomandadas

As chaves telecomandas em redes de distribuição de energia é um dispositivo que


tem o objetivo de seccionar trechos ao longo dos alimentadores a fim de contribuir, junto com
os religadores de linha, nas manobras de redes em situações de operação.

A operação deste equipamento ocorre de forma remota, através do sistema SCADA


localizados nos centros de operação. A operação deste equipamento também pode ocorrer de
forma local, ou seja, através do manuseio das equipes de operação. Além disso, este dispositivo
pode ser instalado tanto no tronco do alimentador, como também antes ou depois de um
religador, em ramais ou próximo ao encontro de alimentadores, podendo a configuração ser
normalmente fechada (NF) ou normalmente aberta (NA).

Figura 22: Chave telecomandada em operação

Fonte: (CIÊNCIA & ENGENHARIA, 2016)

A seccionadora é constituída da chave propriamente dita e dos componentes a


seguir:

• Gabinete de Controle (Unidade Periférica – UP)


Figura 23: Gabinete periférico
Fonte: (CIÊNCIA & ENGENHARIA, 2016)

A UP é uma peça inteligente que possui componentes eletrônicos que recebem e


enviam as informações ao sistema SCADA presente no Centro de Operação do Sistema (COS).
A UP realiza a mesma função da URT.

• Transformador de Potencial (TP)


Figura 24: Transformador de potencial

Fonte: (CIÊNCIA & ENGENHARIA, 2016)

O TP alimenta o circuito auxiliar da UP, realizando a transformação da média


tensão (13.8kV) em baixa tensão (220V), desta forma o módulo VCA (Voltagem de Corrente
Alternada) leva a tensão ao carregador das baterias.

• Sensor RGDAT
Figura 25: Sensor RGDAT
Fonte: (CIÊNCIA & ENGENHARIA, 2016)

Os sensores são responsáveis por transmitir os registros das grandezas de tensão e


corrente à UP, essas informações podem ser enviadas por eventos na distribuição ou por
condições normais. Além disso, o sensor tem a tarefa de verificar a Seccionadora motorizada e
acioná-la através de um comando lógico quando for necessário.

5- RECOMPOSIÇÃO DE SISTEMAS PRIMÁRIOS DE DISTRIBUIÇÃO

Em virtude do sistema de distribuição de energia elétrica representar,


predominantemente, redes elétricas aéreas, está suscetível a falhas transitórias ou permanentes,
que em sua grande maioria são oriundas de interferência ambiental e humana como descargas
atmosféricas, vegetações sobre a rede, abalroamento de estruturas, entre outros.
Independentemente do que gerou a interrupção, o sistema precisa ser restabelecido no menor
tempo possível, assegurando a confiabilidade e a disponibilidade.
As interrupções do fornecimento de energia superiores a três minutos que interrompem
o fornecimento de grandes blocos de cargas, impactam diretamente nos indicadores de
qualidade de energia elétrica, acarretando, dessa forma, prejuízos para grandes consumidores
(hospitais, indústrias, entre outros), como também para a imagem da concessionária.
Para minimizar esses impactos causados pelas interrupções e atender as necessidades
dos consumidores, houve a necessidade de possuir automação nas redes elétricas de
distribuição, onde a mesma mostrou-se como um recurso a fim de minimizar o tempo de
interrupção de energia elétrica, como também para reduzir os custos operacionais.
Antes de todo o processo de modernização e evolução das redes elétricas, em situações
de existência de um defeito que cause interrupção no fornecimento de uma rede de distribuição,
os operadores só tomavam conhecimento da ocorrência da falta de energia no sistema de média
e baixa tensão, a partir das informações repassadas aos consumidores através da central de
relacionamento Call Center.
Nessa situação, o tempo necessário para que a equipe de manutenção encontre o defeito
e restabeleça o fornecimento de energia sem que exista automação na rede elétrica é superior,
comparado a uma rede automatizada que possui em sua composição sistemas de
monitoramentos e proteção capazes de executar abertura e fechamentos de equipamentos.
Na representação abaixo pode-se observar as diferenças de tempo para restabelecimento
do fornecimento de energia aos consumidores após uma falta, com e sem a implantação de
funções avançadas de automação nos SDMT (STASZESKY; CRAIG; BEFUS, 2005 apud
SAMPAIO, 2017).
Figura 26: Tempo de restabelecimento da rede após uma falta com e sem função avançadas de
automação no sistema de distribuição de média tensão

Fonte: (SAMPAIO, 2017)

Esse tempo menor no restabelecimento de energia mostra que através do auto


investimento na automação dos sistemas de distribuição de energia e do processo de
recomposição da rede elétrica, é possível observar um sistema capaz de detectar o defeito e
isolar o trecho defeituoso através da operação dos equipamentos telecomandados,
restabelecendo o fornecimento de energia elétrica para a maior parcela de consumidores
possíveis.
A recomposição de rede é apresentada como um recurso utilizado na interrupção
inesperada do fornecimento de energia elétrica. Esse recurso se dá através da alteração da
estrutura da topologia da rede, através de manobras remotas, as quais se dão pela determinação
de quais chaves disponíveis no sistema devem ser abertas ou fechadas para que se ocorra a
transferência de carga entre alimentadores, alimentando cargas que estavam afetadas, após o
isolamento do trecho defeituoso.
A recomposição de sistemas de energia elétrica consiste, portanto, nas atividades
relacionadas ao estado restaurativo do sistema, uma vez que trata do restabelecimento
de energia a áreas isoladas, após a ocorrência de uma grande perturbação que tenha
resultados na interrupção do serviço de maneira parcial ou total, ou seja, em blecaute
(MOTA, 2005).

A boa qualidade de um método de reconfiguração no sistema de distribuição pode ajudar


as concessionárias a detectar, diagnosticar rapidamente e eliminar falhas em potencial.
Existem restrições operacionais que devem ser respeitadas para realização de um plano
de reposições nas redes elétricas. Esses critérios propuseram que antes de qualquer plano de
recomposição, devem ser respeitadas tanto a integridade da operação como também do sistema
elétrico. Dentre estas restrições, pode-se exemplificar algumas delas como:

• Determinação de uma configuração de rede em menor tempo, sem a violação


dos limites operacionais.
• Uso mínimo de manobra para realização em cada situação de transferência de
carga.
• Recomposição da maior quantidade de carga possível.
• Operação de equipamentos em limites seguros.
• Manter a radialidade da rede elétrica, mantendo as características elétricas da
rede (PODELESKI, 2017 apud GRUPPELLI FILHO et al., 2003).

Ademais, as recomposições de redes na operação do sistema elétrico ocorrem


basicamente em três situações distintas:
• Casos de contingências, quando a topologia da rede muda para isolar faltas
e restabelecer a energia para os consumidores afetados que não se
encontram na região com defeito;
• Casos de manutenção programada, quando a topologia muda para isolar
uma determinada região que precisa ser desligada e transferir parte dos
consumidores para outra rede;
• Condições normais de operação, quando a topologia muda para melhorar
parâmetros de desempenho da rede, como carregamento de alimentadores e
níveis de tensão, por exemplo.

Os casos de contingência são em sua grande maioria as situações onde se aplica o


processo de recomposição de redes. Sendo assim, em virtude de ter sido abordado todo o
conceito de recomposição de rede, será tratado como situações futuras, para entendimento do
processo, um caso didático e real para percepção de uma análise compreensiva a respeito do
processo de recomposição.

5.1- COMO FUNCIONA A RECOMPOSIÇÃO DE REDES ATRAVÉS DE


MANOBRAS TELECOMANDAS

A aplicação de um sistema de automação nas redes de distribuição requer um alto custo


de investimentos em equipamentos que realizam o monitoramento e a proteção da rede para
tornar o sistema robusto e eficaz na presença de defeitos que podem acarretar a falta no
fornecimento de energia. Analisando um exemplo didático de uma rede de distribuição com
topologia radial com recurso, na qual cada circuito de distribuição é alimentado por subestações
distintas e interligados por uma chave de encontro normalmente aberta; cada circuito de
distribuição possui um religador de linha normalmente fechado, no qual o mesmo está
realizando o monitoramento e a proteção da rede.
Figura 27: Representação didática de recomposição na situação sem anomalia presente a rede
Fonte: (ADAPTADO DE RUPPENTHAL, 2019)

Trazendo uma situação hipotética onde, em uma ocorrência de defeito na saída do


alimentador da SE B, o religador de proteção da subestação atuou abrindo todo o circuito,
deixando todas as cargas afetadas, sem o fornecimento de energia após todas as tentativas de
religamento.
Figura 28: Representação didática de recomposição na situação com presença de defeito

Fonte: (ADAPTADO DE RUPPENTHAL, 2019)

Ao enviar uma equipe técnica ao local, para fazer inspeção ao longo da saída do
alimentador, foi constato que um veículo colidiu com poste na saída da subestação. Ao saber
de todas as informações necessárias, o operador presente no centro de controle abre o religador
de linha da SE B e fecha a chave de encontro entre os dois alimentadores, assim transferindo as
cargas restringidas pelo defeito para o alimentador da SE A.

Figura 29: Representação didática de recomposição após as transferências de cargas entre alimentadores
Fonte: (ADAPTADO DE RUPPENTHAL, 2019)

Após deixar todo o trecho defeituoso isolado e seguro para intervenção, é entregue às
equipes de manutenções para realizar todos os procedimentos necessários para o
restabelecimento da rede para as condições seguras de operação. Ressaltando que as manobras
que permitem as transferências de fluxo de carga, respeitam todo o processo de restrições já
citado, como o carregamento máximo dos alimentadores, as capacidades elétricas das chaves e
cabos, como também a adequação dos ajustes da proteção dos religadores após a reconfiguração
da rede.
5.2- ANALISE DE UM CASO REAL
Neste momento será analisado uma ocorrência real ocorrida no alimentador 01F2 da SE
SBQ, localizada em Sobral, no qual o alimentador descrito alimenta a região da serra da
Meruoca onde possui uma carga de 7395 clientes. Além disso, serão descritas todas as etapas
realizadas pelo o operador, as quais objetivam a rápida reposição do sistema elétrico.
Segue relato da ocorrência:
Às 12h07min do dia 25/06/2020 o relé de proteção do alimentador SED SBQ 01F2
atuou e subiu a informação para o SACMT a proteção 50/51N (instantânea/temporizada de
neutro) fases A e B, onde iniciou-se um ciclo de operação, que se resumiu em 4 aberturas e 3
fechamentos do religador TC-0551/01F2-SBQ, nesta situação deu-se início ao processo de
detecção e localização do possível local de defeito. Pode-se observar a seguir o passo-a-passo
da tomada de decisão do operador de sistema para reposição do sistema.
1) O operador do sistema (Tempo Real) observou que havia atuação de proteção 50/51
BC no religador de linha TC-0551/01F2-SBQ (próximo ao Zé leiteiro), via SAC-MT às
12:07:05. Em um primeiro momento o operador de sistema, às 12:07:53, efetuou a abertura do
religador FV-0218/01F2-SBQ e fechou via SAC-MT a chave de encontro TC 3283(01F2/SBQ-
01C3/CRU) ficando afetado 1788 clientes e normalizando 5.413 clientes às 12:08:42) Em
seguida, às 12:09:00 o operador abriu a chave telecomandada via SACMT FV-0196/01F2-SBQ,
que é a primeira chave de atuação do religador TC-0551/01F2-SBQ, para primeiro teste no
trecho. Percebeu-se que após fechar o religador de linha TC-0551 (12:09:21), o mesmo não
aceitou o comando, ficando evidenciado que o defeito se encontrava no primeiro trecho do
circuito (12:11:39).
3) Sabendo da localidade do trecho defeituoso, às 12:13:35 o operador fecha o religador
de linha FV 0218/01F2-SBQ até a chave telecomandada FV 0196/01F2-SBQ, fechando de
retorno pelo o alimentador 01C3/CRU, normalizando, assim, o fornecimento de energia de 63
clientes e ficando afetados 537 clientes.
4) Logo após foi deslocado uma equipe emergencial para a chave fusível FV-
0138/01F2-SBQ no intuito de fazer o teste com o religador de linha TC-0551/01F2-SBQ, a fim
de restringir mais ainda o trecho defeituoso, como também normalizar o fornecimento de
energia de mais clientes. Às 12:23:00 a equipe emergencial abre a chave fusível FV-0138/01F2-
SBQ sobre orientação do operador, e às 12:23:54 é fechado o religador de TC-0551/01F2-SBQ,
deixando o trecho defeituoso entre a chave telecomanda FV 0196 e a chave fusível FV0138,
normalizando mais 19 clientes e deixando afetados 147 clientes sobre o trecho defeituoso.
5) Às 13h03min foi localizado uma árvore tombada sobre a rede de MT fechando curto
circuito nas fases BC na localidade ST Floresta.

5.3- BENEFÍCIOS TÉCNICOS

É notória, a vista do que foi destrinchado, a importância da automação na rede elétrica,


a qual traz muitos benefícios para operação do sistema. Diante disso, no que tange as empresas
do Grupo Enel Brasil, a Enel distribuição Rio foi a primeira que passou por todo processo de
investimento. Em 2016 e 2017, a companhia investiu R$ 1,9 bilhão na rede elétrica de sua área
de concessão, com foco em digitalização e modernização. Os investimentos em equipamentos
de telecomando possibilitou que o projeto de telecontrole fosse o mais sucedido em resultados
positivos na diminuição do tempo de interrupção, logo impactou diretamente na melhoria do
DEC.
O investimento no projeto foi responsável pela redução de 7,4 horas no DEC no período
de 2015 a 2017.
Figura 30: Representação da redução de DEC da Enel distribuição Rio período de 2015 a 2017

Fonte: (FONESCA, OLIVEIRA, 2019)

O benefício do DEC acontece em função da primeira manobra de telecontrole, visto que


se tem uma redução importante em relação a manobra manual. Os dados abaixo foram extraídos
de determinado alimentador da Enel distribuição Rio, conforme é exibido na imagem a seguir:

Figura 31: Manobra Manual X Manobra Telecomanda

Fonte: (FONESCA, OLIVEIRA, 2019)

Devido ao sucesso deste projeto o mesmo foi iniciado nas outras empresas do Grupo
Enel CE ano 2016 e Enel GO ano 2018.
Na figura abaixo tem os dados de DEC e FEC da Enel distribuição Rio até o ano de
2019, disponibilizado pela ANNEL. Pode-se observar que o DEC continuou mantendo um nível
cada vez mais baixo do que cada ano anterior. Os índices de continua da Enel distribuição Ceará
teve uma queda bem considerável nos anos de 2015 a 2016, mantendo dentro dos limites nos
anos seguinte, só extrapolando o limite de DEC no ano de 2019.

Figura 32: Índices de continuidade ENEL RJ

Fonte: (ANAEEL)

Figura 33: Índices de continuidade ENEL CE


Fonte: (ANAEEL)

5.4- REI NOS DIAS ATUAIS

Com os altos investimentos para uma nova metodologia voltada para automação nas
redes elétricas, está surgindo uma nova concepção do processo de recomposição de redes
elétricas. A evolução da tecnologia e a implantação de inteligência nos equipamentos de
manobra de rede de distribuição estão contribuindo para o processo de redes elétricas
inteligentes (REI), as quais podem operar de forma automática nos processos de monitoramento
e tomada de decisões em situações que necessitem a recomposição da rede elétrica.
A otimização avançada está proporcionando grandes avanços na operação do sistema
elétrico de distribuição, pois está incorporando um novo sistema que agrega mais segurança,
proteção, confiabilidade, eficiência e sustentabilidade ao sistema elétrico como um todo.
Os dispositivos eletrônicos inteligentes (IED - Intelligent Electronic Devices) estão
sendo incorporados nessa nova geração de automação, bem como sendo inseridos em
equipamentos, como religadores, chaves motorizadas, unidades terminais remotas e
dispositivos de controle e medição, que são fundamentais para a criação dos chamados, sistema
de capacidade de auto monitoramento (selfmonitoring), e sistema de auto recomposição (self-
healing) (PRAMIO, 2014 apud FALCAO, 2010).
Dentro de uma nova concepção de REI, o termo sef-healing se destaca por se mostrar
um sistema de auto regeneração, capaz de detectar, localizar e analisar as informações em tempo
real através do selfmonitoring, com ação de tomada de decisões em situações de defeito ou
anomalia presente na rede, reconfigurando a rede elétrica de forma autônoma sem a necessidade
da presença do operador no COS.
Define-se um sistema “self-healing” (auto regenerável ou auto
recuperável) como aquele capaz de detectar, analisar, responder e
restaurar falhas na rede de energia elétrica de forma automática (e em
alguns casos de forma instantânea) (PRAMIO, 2014 apud FALCÃO,
2010, p. 27).

Esse novo processo usado para recomposição deve conter todos os planos de manobras
admissíveis de operação para o isolamento do trecho do circuito isolado que contenha o defeito,
e reconfigurar a rede automaticamente de forma a reestabelecer o fornecimento de energia para
as partes das cargas que estavam afetadas, considerando todas as restrições de operação dos
equipamentos, cabos e da segurança operacional.
Diante dessa nova geração de automação presente na REI, alguns problemas existentes
serão contornados com essa nova metodologia de aplicação nas redes elétricas. Abaixo será
apresentado algumas técnicas e limitações encontradas no sistema de automação atual:
• A verificação de muitas informações, em especial quando acontecem múltiplas
faltas, descoordenação das proteções ou falha de equipamentos, o qual torna inviável
o reconhecimento da falta e a recomposição da rede elétrica com a celeridade e a
precisão que a incumbência pede;
• Grau de confiabilidade menor, em virtude do sistema de automação utilizar
redes WAN que contém maior possibilidade de falta de comunicação entre o sistema
de automação das subestações e o COS (SAMPAIO, 2017 apud SAMPAIO;
BARROSO; LEAO, 2005).

Além das limitações citadas acima é possível notar, ainda, outra, qual seja a de que
usuais funções de automação centralizadas, incorporadas aos sistemas SCADA não satisfaz às
necessidades das REI (SAMPAIO, 2017).
O outro fator que também colabora como limitação do processo atual é o acesso ao
grande volume de informações e tomada de decisões rápidas e precisas, que os operadores se
deparam em situações de múltiplas contingências, tornando o processo estressante e passivo de
erros.
Dentre as características requeridas pelas REI, podem ser observados os benefícios
previstos às empresas de energia e consumidores em geral, quais sejam:
• Redução do estresse do operador no momento de recompor a rede elétrica;
• Diagnóstico de falta e recomposição do sistema de Distribuição de Média
tensão de forma automática independente do estado emocional do operador;
• Redução de custos de operação e manutenção (O&M) para deslocamento de
equipes a campo;
• Redução do tempo de restabelecimento da rede elétrica da ordem de horas para
poucos minutos;
• Redução de custo operacional;
• Melhoria significativa da confiabilidade e qualidade de serviço do sistema de
distribuição;
• Melhoria da imagem da empresa de energia junto aos consumidores
(SAMPAIO, 2017).

5.5- GLOBALIZAÇÃO DA REI

Nesse novo período de transição, tornou-se crescente a busca por inovações


tecnológicas promissoras na automação dos sistemas elétricos de potência, onde o interesse de
pesquisadores, órgãos regulamentadores e empresas cresceram bastante, a fim de disponibilizar
ferramentas e técnicas para o desenvolvimento de sistemas inteligentes aplicados as REI
capazes de trazer resultados satisfatórios para o mercado.
REI é um conceito que fornece inovações tecnológicas tanto para as redes elétricas como
também para as de comunicação atuais, objetivando adaptar os âmbitos de geração, transmissão
e distribuição de energia, de acordo com as novas necessidades do ramo elétrico no século XXI,
quais sejam manter o equilíbrio entre o desenvolvimento ambientalmente sustentável e o
crescimento econômico; e reduzir os efeitos nas mudanças climáticas (FANG et al., 2012; YU
et al., 2011, apud SAMPAIO, 2017).
Contudo a política de implantação de REI, no mundo inteiro, consiste em um projeto de
médio e longo prazo, amparado em políticas governamentais, que contará com a participação
dos diversos agentes do setor elétrico (SAMPAIO, 2017).
Na figura abaixo é apresentado um panorama das iniciativas de implantação de REI no
mundo.
Figura 34: Principais projetos de implantação de REI no mundo
Fonte: (SAMPAIO, 2017)

Assim como nos países citados, o Brasil possui diferentes iniciativas onde
concessionárias de energia elétrica, universidades, laboratórios e empresas estão desenvolvendo
técnicas e ferramentas para a implantação da REI.

Segundo levantamento realizado no âmbito do programa de Pesquisa e


Desenvolvimento (P&D) coordenado pela a ANEEL, até o ano de 2011, encontram-se
catalogados 178 projetos no programa de P&D organizado pela Agência, nos subtemas
subsequentes:
• Sistemas de medição inteligente de energia elétrica, incluindo novos modelos e testes
de novas funcionalidades de medidores eletrônicos de energia elétrica;
• Automação da distribuição, incluindo sistemas de supervisão das redes de
distribuição de energia elétrica;
• Geração distribuída, microgeração e micro redes;
• Sistemas de armazenamento distribuídos e baterias;
• Veículos elétricos e híbridos plugáveis, além de sistemas de carregamento e
supervisão associados;
• Telecomunicações para Rede Elétrica Inteligente;
• Tecnologias da Informação para Rede Elétrica Inteligente, incluindo sistemas de
BackOffice;
• Prédios e residências inteligentes e interação do consumidor com a Rede Elétrica
Inteligente;
• Novos serviços para o consumidor final sobre uma Rede Elétrica Inteligente, como
medição de serviços de água e gás, serviços de segurança, serviços de comunicação e
serviços de eficiência energética (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2012).

Os projetos catalogados pela ANEEL totalizam 178 projetos, que somam investimentos
de aproximadamente R$ 411,3 milhões, sendo recursos provenientes das empresas executoras
e parceiras (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2012).
De acordo com o levantamento realizado, também é possível observar a lista de alguns
dos projetos voltados para automação da distribuição em desenvolvimento pelas algumas
concessionarias no tema REI levantados pelo estudo.
Figura 35: Principais projetos de implantação de REI nos sistemas de distribuição no Brasil
Fonte: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 2012.

Em suma, através de leituras, pôde ser observada a existência de estudos feitos por
pesquisadores e universidades a respeito do processo de recomposição automática na cidade
Inteligente de Aquiraz, Ceará com parcerias da Enel Ceará; e por meio desses estudos foi
possível perceber a subsistência de métodos que estão sendo analisados e implementados neste
processo, dentre eles o de implementação de um sistema de recomposição automática (SRA)
da rede elétrica de distribuição baseado em um modelo de Redes de Petri Coloridas (RPC) e o
método multiagente aplicada a sistemas de distribuição de energia elétrica em média tensão.

6 – CONCLUSÃO

No decorrer do presente trabalho foi destrinchado a respeito da historicidade dos


processos de reestruturação do sistema elétrico de potência, a qual mostra, em especial, que foi
a partir da década de 90, que se iniciou todo processo de mudança e aperfeiçoamento da
estrutura do setor elétrico; na qual o sistema de distribuição, através dos órgãos competentes,
passou a ser mais criterioso e exigente na sua forma de atuação ao longo dos anos. Sendo assim,
houve cada vez mais a exigência das concessionárias de energia, a fim de que não só haja o
fornecimento de um produto de qualidade, como também de atendimento e prestação de serviço
de qualidade aos seus clientes. À vista disso, as concessionárias estão dispondo de alto custo
em investimentos para aplicação em processos tecnológicos aplicados a redes de distribuição,
bem como sendo rigorosos na exigência de profissionais cada vez mais qualificados e
especializados, visto que o setor elétrico é uma área de grande potencial, que requer sempre
soluções inovadoras.
Ademais, os esforços feitos pela concessionária Enel Ceará para minimizar e
interromper o fornecimento de energia inesperado são realizados através dos processos de
operação, que compõem os estudos da operação de rede, o qual trabalha tanto no planejamento
e execução de manutenção dos equipamentos e da rede elétrica, como também na elaboração
de documentos, procedimentos e diretrizes que devem ser adotadas pelos operadores do sistema
em tempo real. Outro processo desenvolvido é o de análise de rede, que trabalha na apuração e
divulgação dos indicadores de continuidade coletivos, individuais e emergenciais, relatando,
através de relatórios, as principais falhas encontradas no sistema a fim de propor melhorias. Em
síntese, ficou evidenciada a grande complexidade do processo de operação de rede, no qual é
composto pela técnica de recomposição, que se mostrou um processo de grande valia, pois em
dada situação de contingência em determinado alimentador, pode-se deixar restringido apenas
um pequena parcela de cargas afetadas sem fornecimento de energia, através de manobradas
telecomandas, alterando a topologia da rede elétrica.
Nesse sentido, salientou-se, através de todos os processos de operação de redes da
concessionária do Ceará, que a mesma dispõe de um sistema de operação que tem como
principal objetivo fornecer um serviço e um produto de qualidade aos seus clientes, respeitando
as normas e critérios estabelecidos pelos agentes reguladores.
Outrossim, dentro do contexto de recomposição de redes elétricas, o termo Smart Grids
(Redes Elétricas Inteligentes), surgiu como conceito de cidades inteligentes, as quais possuem
uma nova arquitetura de distribuição de energia elétrica mais segura e inteligente, que integra
e possibilita ações a todos os usuários a ela conectados. Observa-se, então, um período de
transição, na qual há a busca crescente por inovações tecnológicas promissoras na automação
dos sistemas elétricos de potência. Ainda mais, dentro dessa nova concepção de REI, o termo
sef-healing, está se destacando por se mostrar um sistema de autorregeneração capaz de
detectar, localizar e analisar as informações em tempo real em situações de anomalia presentes
nas redes elétricas.
Em suma, apesar de ser um assunto pouco abordado no decorrer da trajetória acadêmica,
o conhecimento acerca do sistema elétrico de potência e as maneiras que são possíveis de
interagir com o mesmo é crucial para o trabalho de um engenheiro eletricista, bem como é de
grande valia para o conhecimento dos equipamentos e do comportamento desse sistema diante
dos avanços tecnológicos e automatização dos serviços e da sociedade de forma geral.

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APÊNCICE A: ORDEM DE TRABALHO (OT)
Figura 36: Ordem de trabalho (OT)
APÊNCIA B: DIAGRAMA UNIFILAR REDUZIDO DO ALIMENTADOR SED SBQ01F2
Figura 37: Unifilar do Alimentador SBQ

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