Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
buscando a verdade?
QUANDO? No século 12 E.C. — 200 anos antes de Wycliffe e Huss, e 300 anos
antes de Lutero. Onde? No sul da França, nos vales alpinos desse país e no
norte da Itália. Qual era a situação? O povo comum vivia na pobreza e era
propositalmente mantido em ignorância pela rica e muitas vezes corrupta classe
clerical. A Igreja Católica Romana exercia o poder supremo em toda a Europa,
sendo poderosa, opulenta e mundana.
PRECURSORES
Historiadores católicos e protestantes discordam quanto às origens dos
Valdenses. Os primeiros querem fazer-nos crer que aquilo que qualificam de
“seita herege” dos valdenses foi um fenômeno isolado, que surgiu
repentinamente no fim do século 12, liderado por um francês procedente de Lião,
chamado Valdès ou Valdo. Por outro lado, muitos protestantes afirmam que os
valdenses foram um dos elos da corrente ininterrupta de dissidentes desde o
tempo do Imperador Constantino (quarto século E.C.) até o tempo dos
reformadores protestantes do século 16. Esses protestantes são da opinião de
que o nome valdenses se deriva da palavra latina vallis, que significa “vale”, e se
refere ao fato de que esses dissidentes, continuamente perseguidos como
hereges, foram obrigados a se refugiar nos vales alpinos da França e da Itália.
Valdo era próspero negociante em Lião. Era casado e tinha duas filhas. Homem
devoto e católico praticante, pediu a um amigo teólogo conselho bíblico quanto
ao que deveria fazer para agradar a Deus. Em resposta, seu amigo citou Mateus
19:21, onde Jesus disse ao jovem rico: “Se queres ser perfeito, vai vender teus
bens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu, e vem, sê meu seguidor.”
Valdo tomou a peito este conselho. Após fazer provisão para sua esposa e
internar suas duas filhas num convento, comissionou dois sacerdotes, Etienne
d’Anse e Bernard Ydros, para traduzir os Evangelhos e outros livros da Bíblia
para a língua vernácula falada nas provincias de Provença e Delfinado, no
sudeste da França. Daí, distribuiu o restante de seus bens mundanos entre os
pobres e começou a estudar a Palavra de Deus. Ademais, pregou nas ruas de
Lião, convidando os habitantes a despertarem espiritualmente e retornarem ao
cristianismo simples e bíblico.
Tendo sido bem conhecido como próspero negociante, Valdo conseguiu muitos
ouvidos atentos e logo teve um grupo de seguidores. Eles se alegraram ao ouvir
a mensagem consoladora da Bíblia em sua própria língua, pois até então a igreja
impedira a tradução da Bíblia para qualquer outro idioma além do latim. Muitos
concordaram em abandonar os seus bens e em se devotar ao ensino da Bíblia
no idioma do povo comum. Tornaram-se conhecidos como os “Pobres de Lião”.
Essa pregação leiga suscitou a ira do clero. Em 1179, o Papa Alexandre III
proibiu Valdo e seus seguidores de pregar sem a permissão do bispo local. Como
era de se esperar, o Bispo Bellesmains, de Lião, negou-se a consentir nisso.
Registros históricos indicam que Valdo, confrontado com essa proscrição,
replicou à hierarquia com as palavras de Atos 5:29: “Temos de obedecer a Deus
como governante antes que aos homens.”
Valdo e seus associados continuaram a pregar. Portanto, em 1184, o Papa Lúcio
III excomungou-os, e o bispo de Lião baniu-os de sua diocese. O resultado foi
similar ao ocorrido quando os primitivos cristãos foram perseguidos em
Jerusalém, a ponto de terem de fugir. Sobre estes, a Bíblia diz: “Os que tinham
sido espalhados iam pelo país declarando as boas novas da palavra” — Atos
8:1-4.
A posição básica dos primitivos valdenses era a de que a Bíblia é a única fonte
de verdade religiosa. Num mundo que começava a emergir do que se tem
chamado de a “Idade do Obscurantismo”, saíram tateando à procura da verdade
cristã. Pelo que parece, fizeram o melhor que podiam com os poucos livros das
Escrituras Hebraicas e Gregas que possuíam numa língua que conseguiam ler
e entender.
A PREGAÇÃO RESULTA EM
PERSEGUIÇÃO
Os primitivos valdenses argumentavam que não é necessário ir ao edifício duma
igreja para adorar a Deus. Realizavam reuniões clandestinas em celeiros, em
lares particulares ou onde quer que pudessem realizá-las. Ali eles estudavam a
Bíblia e treinavam novos pregadores, que eram enviados junto com outros mais
experientes. Viajavam aos pares de fazenda em fazenda, e, nas cidades e
aldeias, de casa em casa. O conceituado Dicionário de Teologia Católica (Vol.
15, coluna 2591, em francês) declara o seguinte num artigo que, no demais,
desfavorece os valdenses: “Desde os primeiros anos, seus filhos já começavam
a aprender os Evangelhos e as Epístolas. A pregação de seus diáconos,
sacerdotes e bispos consistia principalmente em citações tiradas da Bíblia.”