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TEORIAS DE CLASSE E ESTRATIFICAÇÃO

Marcadores: SOCIOLOGIA 1º ANO

Em nossa sociedade, podemos verificar as diversas formas com as quais os membros de uma
população se relacionam segundo a classe econômica. A partir dessas observações, podemos perceber
que:
~ pessoas e grupos têm acesso diferenciado ao conjunto dos bens produzidos e distribuídos pelo
conjunto da sociedade;
~ o acesso desigual aos bens, à propriedade, aos meios de produção e às oportunidades de ascensão
e mobilidade social cria desigualdades estruturadas entre diferentes grupos de pessoas;

~ uma das maneiras de descrever as desigualdades existentes entre grupos nas sociedades humanas
é por meio de sistemas de estratificação social.
Há diversos sistemas de estratificação social, que variam conforme as características consideradas
pelos historiadores, economistas e sociólogos que analisam a sociedade em questão. Geralmente, a
estratificação social leva em consideração as diferenças em termos de bens ou propriedades, mas é
possível observar diferenças entre grupos sociais em razão de muitos outros aspectos, que vão além
da renda e da riqueza.
As primeiras ideias desenvolvidas sobre como as sociedades se organizavam remontam ao final do
século XIX e ao início do século XX. Dois dos principais autores estudados pela Sociologia, Karl Marx
(1818-1883) e Max Weber (1864-1920), formaram a base para a maioria das teorias sociológicas de
classe e estratificação. Nesta etapa, estudaremos como Marx e Weber pensavam a organização da
sociedade em estratos e classes.
I – Karl MARX

Karl Heinrich Marx (1818-1883) foi um filósofo e sociólogo alemão cujas


ideias foram fundamentais para a formação da Sociologia. Escreveu sobre
economia, política, socialismo e história. Vivendo no século XIX. Marx
testemunhou o crescimento das fábricas e da produção industrial. bem como
as desigualdades que resultaram da exploração do trabalho nessa época.
Uma de suas principais preocupações foi explicar as mudanças na sociedade
durante a Revolução Industrial. Marx adotou posições políticas radicais em relação à situação
enfrentada pelos trabalhadores de sua época e se tornou um dos grandes defensores do comunismo.
Karl Marx, jovem.

1.1 – O pensamento de Marx

"Para Marx, uma classe é um grupo de pessoas que se encontram em uma relação comum com os meios de
produção - os meios pelos quais elas extraem o seu sustento. Antes do avanço da indústria moderna, os
meios de produção consistiam primeiramente na terra e nos instrumentos utilizados para cuidar das
colheitas ou dos animais no campo. Logo, nas sociedades pré-industriais, as duas classes principais eram
aquelas que possuíam a terra (os aristocratas, a pequena nobreza ou os donos de escravos) e aqueles que
se envolviam ativamente na produção a partir da terra (os servos, os escravos e os camponeses livres). Nas
sociedades industriais modernas, as fábricas, os escritórios, o maquinário e a riqueza, ou o capital
necessário para comprá-las, tomaram-se mais importantes. As duas classes principais são formadas por
aqueles que possuem esses novos meios de produção - os industrialistas ou capitalista - e aqueles que
ganham a vida vendendo seu trabalho para eles - a classe operária, ou, no termo hoje em dia um tanto
arcaico às vezes preferido por Marx, O 'proletariado'." (GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre:
Artmed, 2006. p. 235).

A partir da leitura, podemos fazer as seguintes observações:

1º a análise desenvolvida no pensamento de Marx é histórica, ou seja, leva em consideração sempre o


tipo de produção social de uma dada sociedade, historicamente determinada. Por exemplo: na
sociedade pré-industrial, a produção dos bens econômicos ocorre sempre a partir a terra e das
relações de posse, uso e trabalho da terra. Já na sociedade capitalista, os meios de produção se
diversificam e novas relações de trabalho surgem em função disso:
2º a estrutura de classes é um fenômeno histórico-social que surge somente no tipo de produção
social capitalista moderna;
3º elementos que definem as classes sociais são as condições comuns, ou seja, uma relação comum
com os meios de produção que leva essas pessoas a se encontrarem em idênticas condições de vida,
interesses, problemas e costumes1[1].
Finalizando a discussão sobre a teoria de Marx, cabe ainda a questão: E onde ficariam as classes
médias? Para Marx, no processo de desenvolvimento do capitalismo, haveria uma tendência à
concentração do capital e da propriedade da terra e, consequentemente, à formação de duas classes
fundamentais: de um lado, a dos grandes proprietários de terras e dos grandes capitalistas e, de
outro, a dos trabalhadores assalariados, com a progressiva incorporação de elementos de outros
setores sociais. "As classes médias - 'classes residuais', 'pequena burguesia', 'classes de transição',
'classe dos pequenos proletários autônomos' - colocar-se-iam entre os dois polos das classes
fundamentais: entre a classe dominante e a proletária 2[2]."
A abordagem de Weber baseia-se em várias considerações de Marx, mas aprofunda-as em diversos
aspectos.

1[1] HIRANO, S. Castas, estamentos e classes sociais: introdução ao pensamento sociológico de Marx e
Weber. Campinas: Editora da Unicamp, 2002.

2[2] Idem, p.150


II – Max WEBER
Max Weber (1864-1920) nascido na Alemanha, escreveu sobre os mais
variados campos do conhecimento, desde economia, direito, filosofia,
religião, história e principalmente sociologia. Preocupou-se ainda com o
desenvolvimento do capitalismo moderno e com a maneira como a
sociedade moderna se organizava socialmente em comparação com as -
sociedades do passado. Seu método de análise é conhecido como
compreensivo e tem como um dos objetos centrais de investigação a ação
social e seus significados.

Max Weber.

Um elemento fundamental na análise weberiana é o tipo ideal. Trata-se de uma construção analítica
que pode ser usada para compreender o mundo real. É importante enfatizar que os tipos ideais:
a)      não são um objetivo perfeito ou desejável a ser alcançável. O termo "ideal" significa que eles
pertencem ao plano das ideias, isto é, só existem em hipótese;
b)seriam formas "puras" de um fenômeno e, portanto, não existiriam exatamente da forma como
foram idealizados no mundo real ou sequer seriam encontrados. Porém, essas construções hipotéticas
são muito úteis como referências para comparação. Ao compararmos a realidade com um tipo ideal,
podemos compreender melhor o mundo.
A tese da estratificação de Weber, portanto, também deve ser entendida como uma construção
baseada em tipos ideais. Isso significa que a descrição de como a sociedade capitalista moderna
estaria organizada é apenas uma referência teórica para pensarmos a realidade.

2.1 – O pensamento de Weber

"Assim como Marx, Weber percebia as classes como categorias econômicas (Weber, 1946 [1922]: 180-95).
Entretanto, ele não achava que um critério único - posse ou falta de propriedade - determinasse a posição
de classe. A posição de classe, escreveu, é determinada pela 'situação de mercado' da pessoa, o que inclui a
posse de bens, o nível de educação e o grau de habilidade técnica. Nessa perspectiva, Weber definiu quatro
classes principais: grandes proprietários; pequenos proprietários; empregados sem propriedade, mas
altamente educados e bem pagos; e trabalhadores manuais não proprietários. Dessa forma, empregados de
colarinho branco e profissionais especializados surgem como uma grande classe no esquema de Weber.
Weber não apenas ampliou a ideia de classe de Marx como também reconheceu que dois outros tipos de
grupos, que não a classe, têm relação com a maneira como a sociedade é estratificada: grupos de status e
partidos." (BRYM, R.; LIE, J. et al. Sociologia: sua bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage
Learning, 2008. p. 192. ).
“Na teoria de Weber, o status refere-se às diferenças existentes entre os grupos sociais quanto à honra e ao
prestígio social conferido pelos demais. Nas sociedades tradicionais, o status era, em geral, determinado
com base no conhecimento direto de uma pessoa, adquirido por múltiplas interações em diferentes
contextos ao longo de um período de anos. No entanto, com o aumento da complexidade das sociedades,
criou-se a impossibilidade de o status ser sempre concedido dessa forma e, em vez disso, de acordo com
Weber, o status passou a ser expresso por meio dos estilos de vida das pessoas. Sinais e símbolos de status
- como moradia, o vestir, o modo de falar e ação - ajudam a moldar a posição social do indivíduo aos olhos
dos outros. As pessoas que compartilham do mesmo status formam uma comunidade na qual existe uma
noção de identidade conjunta." (GIDDENS, Anthony. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 237).
a) 
Depois de expostas as teorias e os pensamentos de Karl MARX e Max Weber, passemos, ponto a
ponto, às diferenças entre as teorias de ambos sobre a estratificação social.
1º ponto: assim como Marx, Weber considerava que a sociedade capitalista moderna caracterizava-se
pelo conflito sobre a posse de bens e recursos materiais e econômicos;
2º ponto: a ordem econômica é apenas a maneira como os bens e serviços são utilizados e
distribuídos. Weber distinguia também duas outras ordens, que interferiam na organização da
sociedade: a ordem jurídica, que influencia diretamente a distribuição do poder, e a ordem social, que
é o modo como a ‘honra’ social se distribui dentro de uma unidade entre os grupos que a compõem.
Por honra social entendemos as posições de prestígio e status conferidas a indivíduos e grupos;
3º embora as condições econômicas estivessem diretamente relacionadas na determinação das
divisões de classe, para Weber as desigualdades sociais se originam de fatores mais complexos do que
a posse ou não dos meios de produção. A posição de mercado, as qualificações, as titulações, o grau
de escolaridade, os diplomas e as habilidades adquiridas modificam sensivelmente as oportunidades e
as possibilidades de ascensão social dos indivíduos.

______________
Fontes: (SÃO PAULO-SEE, Caderno do professor: sociologia, EM, 1ª S., V.4, pp.14-17)

HIRANO, S. Castas, estamentos e classes sociais: introdução ao pensamento sociológico de


Marx e Weber. Campinas: Editora da Unicamp, 2002.
3
[2] Idem, p.150

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