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História 4º Teste

O Espaço Português- A Consolidação De Um Reino Cristão

Índice
2.1. A fixação do território 1
2.3. País rural e senhorial 2
2.4. O poder régio, fator estruturante da coesão interna do reino 4

2.1. A fixação do território

Reconquista: é o processo de recuperação, pelos cristãos, do território


peninsular. Termina, com a conquista de granada, apenas em 1492.

Da reconquista ao estabelecimento das fronteiras nacionais


Após a batalha de S. Mamede (1128), e o reconhecimento de D. Afonso Henriques
como rei pelo Papa, os sucessivos reis portugueses continuaram a reconquista de
território aos mouros.

A reconquista terminou, no que diz respeito ao território nacional, em 1249, quando D.


Afonso III conquistou o Algarve. Contudo, graças a discordâncias com Castela foi só
com o tratado de Alcanises, assinado em 1297 por D. Dinis, que se consolidaram as
fronteiras nacionais. A igreja foi fundamental na delimitação das fronteiras entre
Portugal e Castela.

2.3. País rural e senhorial

Imunidade: privilégios que permitiam o senhor de proibir a entrada de


funcionários régios no seu senhorio, ficar com os impostos das pessoas e
beneficiar dos seus serviços, e exercer funções jurídicas. Neste sentido,
concentravam em si um grande conjunto de poderes.
Num primeiro momento, durante a reconquista Cristã, o senhorialismo dominou:

 Consequência das sucessivas doações régias (à Nobreza Honras e ao Clero


Coutos);

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 Era uma forma que os reis tinham de garantir a defesa e o povoamento das zonas
já conquistadas;

O exercício do poder senhorial


Assim, foram concentrados poderes nas mãos dos senhores (nobres ou eclesiásticos)
sobre as pessoas que habitavam estas terras. Os senhores exerciam o seu poder de
forma autónoma. Os habitantes do senhorio dependiam do senhor. A maioria dos
privilégios senhoriais decorria da cobrança de impostos e obrigações aos moradores,
como:

 Aposentadoria- obrigação de hospedar o senhor;


 Anúduva- obrigação de participar em obras ou construções;
 Carraria- obrigação de transportar géneros em benefício do senhor;
 Jeiras- obrigação de prestar dois ou três dias de trabalho semanal gratuito nas
terras do senhor;
 Lutuosa- pagamento ao senhor por morte de um outro habitante do senhorio;
 Manaria- entrega ao senhor dos bens de um morto, caso este não tivesse
descendência;
 Portagens- pagamento pela entrada de produtos no senhorio;
 Fossadeira- multa paga pelo não cumprimento do serviço militar;
 Direitos Banais- renda paga pelo uso de meios de produção (como o moinho);
 Osas- pagamento por casar uma segunda vez;
 Gaiosas- pagamento por casar fora do senhorio;

A exploração económica de um senhorio


A exploração dos senhorios fazia-se segundo três tipos de contratos:

 A Parceria- menos de 10 anos, pagamento de uma renda fixada numa parte da


produção. Em caso de morte o contrato era anulado;
 O Arrendamento- menos de 10 anos, pago em dinheiro ou em géneros em caso
de morte, os herdeiros teriam de o cumprir até terminar;
 A Enfiteuse- mias de 10 anos, pagamento de uma parte da produção, era
vitalício ou perpétuo. Era o contrato mais usual, devido á necessidade de
povoamento e de cultivo

A exploração do senhorio poderia ser:

 Direta: na qual o camponês trabalhava a reserva e utilizava as unidades e


ferramentas de exploração agrícola;
 Indireta: entregue a rendeiros e a foreiros, sendo constituída por casais/mansos
(pequenas parcelas onde os camponeses trabalhavam e habitavam);

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Resumindo, a exploração de um senhorio era feita através:

 parcelas territoriais que incluíam campos de cereais, vinhas, pomares, pastos e


bosques;
 compreendiam a quintã ou paço, exclusiva do senhor;
 exploração da quintã cabia aos colonos;
 a exploração da quintã obrigava à prestação de serviços gratuitos e obrigatórios;
 casais ou mansos, eram parcelas de exploração arrendadas;
 A exploração dos casais ou mansos podia ser feita mediante diferentes contratos de
arrendamento;
 a exploração dos casais ou mansos obrigava ao pagamento de rendas fixas ou uma
parcela das colheitas.

A sociedade portuguesa nas comunidades rurais dependentes


A sociedade portuguesa em geral, era dividia entre:

 O clero (os que oram);


 A nobreza (os que lutam);
 O terceiro estado (os que trabalham);

O terceiro estado, que não usufruía de quais quer tipo de privilégios, era dividido em
estratos sociais, consoante o estatuto militar, económico e social:

 Os cavaleiros vilãos/ herdadores- distinguiam-se pelo facto de terem bens e


terras, o que lhes garantia a possibilidade de sustentar um cavalo. Poderiam até
fazer parte da baixa nobreza;
 Os peões/colonos- homens livres que, apesar de não terem terras, possuíam
casais, adstritos ás terras do senhor;
 Os assalariados- homens livres que viviam do trabalho sazonal;
 Os pobres- homens que constituíam o universo da marginalidade social.
Poderiam ser filhos deserdados, soldados que abandonavam o exército,
criminosos, etc.

Apesar desta estratificação, todos pagavam tributos, rendas e jeiras aos senhores.

2.4. O poder régio, fator estruturante da coesão interna


do reino
Monarquia Feudal: governo onde o rei se afirmava como o
senhor dos senhores, na qual o rei concede terras e privilégios

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aos senhores. Entre o reinante e o senhor, existe um laço de


dependência, na qual o senhor é obrigado aprestar auxílio,
fidelidade e conselho ao rei.

Cortes: assembleia convocada pelos reis, a partir do século XIII,


na qual participavam os nobres, clérigos e os representantes
dos concelhos
A centralização do poder
Com o fim da reconquista, e o fim da necessidade de povoamento e defesa de zonas
rurais, os reis tentaram travar o crescimento do poder senhorial e aperceberam-se da
grande necessidade de unificar o reino e centralizar o poder nacional.

Os monarcas usaram essencialmente os seguintes


processos para a afirmação do poder real:
 O exercício do poder real, em nome de Deus: Esta condição fez com que, mesmo
nos piores momentos, os reis nunca perdessem o seu prestígio, nem deixassem de ser
considerados “herdeiros e representantes de Deus na Terra”. Os nossos primeiros reis
referiam sempre essa origem do seu poder, considerando-se reis por “graça” ou
“vontade” de Deus;

 Reafirmação da sua posição como suseranos supremos: Os reis fizeram com que
todos os senhores feudais de um reino passassem a estar direta ou indiretamente
dependentes do rei. De então em diante o rei foi sempre na pirâmide feudal o
“suserano dos suseranos”;

 Os reis portugueses conseguiram impor-se como supremos juízes: Os tribunais reais


reservavam para si, em exclusivo a aplicação da justiça suprema ou justiça maior, o
que lhe permitia condenar à morte ou corte de membros, o que afirma claramente a
supremacia da justiça real;

 Direito de aposentadoria: Este direito consistia na hospedagem gratuita que os


moradores de uma determinada localidade concediam ao rei ou ao senhor da terra e
respetivas comitivas quando por lá passavam;

 Exclusivo da cunhagem da moeda: Os reis chamaram a si não só o direito de “bater


a moeda” como também o direito de a “quitar” (quebrar, desvalorizar) ou “levantar”
(valorizar, elevar), ou seja, de alterar o seu valor.

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Meios de controlo do poder senhorial e de reforço do


poder régio:
 Inquirições.
 Confirmações.
 Leis de desamortização.
 Organização das comunidades concelhias.
 Convocação de Cortes.

As ações de cada monarca


Deste modo, o primeiro rei a tentar por fim às usurpações foi D. Afonso II, que criou as
Leis Gerais de 1211.

Já o seu filho, D. Afonso III, desenvolveu um processo de centralização do poder:

 Publica a Lei das Alcaidarias, que proíbe os abusos feitos em nome do rei;
 Publica a Lei das Almotaçarias que fixa os preços;
 Realiza as Inquirições Gerais, inquéritos feitos para averiguar os direitos régios
e a legalidade dos senhorios (1258);

D. DINIS Promulga as Leis de Desamortização, que/assim:

 Impediu a compra de propriedades latifundiárias, por parte do clero;


 Definiu que em caso de incumprimento, fossem confiscadas posses ao clero;
 Procurou que não fossem subtraídos rendimentos à coroa;
 Interditou que os clérigos herdassem bens de ordens religiosas;
 Revelou o poder e a autoridade do rei;

AFONSO IV:

 Publica o Chamamento Geral (1325), que promove a fiscalização de bens e a


confirmação dos privilégios.
 - Publica a Lei Pragmática (1340), para clarificar os lugares na hierarquia
social.

OBJETIVOS DAS INQUIRIÇÕES:

 Evitar os abusos dos senhores.


 Garantir que os senhores respeitassem a suprema jurisdição da Coroa.
 Impedir a ampliação dos poderes senhoriais.
 Definir os limites da ocupação do território.
CONSEQUÊNCIAS DA AÇÃO CENTRALIZADORA: DO MONARCA:

 Concentração do poder nas mãos do rei.

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 Deterioração das relações do rei com o clero e o papado.


 Fortalecimento do poder régio e da sua autoridade.
 Complexificação da burocracia.
 Aumento do número de funcionários.
 Afirmação de uma monarquia em que o rei assume especial destaque face
aos outros senhores do reino e da Corte.

CENTRALIZAÇÃO NO DOMÍNIO DA JUSTIÇA

- Livros de Leis e Posturas. - Ordenações de D. Duarte. - Ordenações Afonsinas.

CENTRALIZAÇÃO NO DOMÍNIO DAS FINANÇAS E FISCALIDADE

- Separação financeira entre o reino e a Casa Real. - Casa dos Contos. - Reorganização
fiscal do Reino (almoxarifados e comarcas).

CENTRALIZAÇÃO NO DOMÍNIO MILITAR

- Alferes-mor: comandante das tropas. - Divisão do reino em unidades de organização


militar. - Instituição dos Besteiros do Conto: lançam a base de um exército permanente
e nacional.

RESTRUTURAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO CENTRAL


Em resultado das diversas iniciativas de centralização do poder, foi necessário reestruturar a
administração do reino. Assim foram criados diversos órgãos administrativos:

 As cortes, antiga cúria, que tinham como função auxiliar as decisões do rei.

Criaram-se novos funcionários régios:

 Legistas que redigem leis; ocupam cargos administrativos e defendem a


autoridade do rei (advogados);
 O Chanceler tornou-se uma figura importante na administração;
 O Mordomo-mor era o chefe da casa real;
 O Corregedor desempenhava funções judiciais;
 Os Ouvidores, que eram conselheiros do rei;
 Os Alferes-mor, que tinham funções militares;

Na administração local:

 Juízes de Fora, nomeados pelo rei, intervêm na Assembleia dos Homens-bons e


na aplicação da justiça.
 Almotacés, fiscais;
 Corregedores atuam nos concelhos como delegados do monarca;

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 Vereadores;
 Escrivão da câmara;
 Assembleia dos Homens-Bons- poder local;

Isto levou a:

 Maior intervenção régia;


 Aumento do número de funcionários na administração local;

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