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Diversidade animal

Material Teórico
Os Invertebrados: Parte I

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Priscila Granado

Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
Os Invertebrados: Parte I

• Introdução

• Filo Porifera: as esponjas

• Filo Cnidaria

• Filo Ctenophora

• Animais bilaterais acelomados

• Filo Platyhelminthes

• Filo Nemertea

• Blastocelomados (pseudocelomados)

• Filo Annelida

• Filo Mollusca

Nesta Unidade você verá a importância da multicelularidade no reino


animal e de que forma essa contribuiu para o aumento do tamanho e
complexidade dos diferentes filos animais. Analisará também alguns dos
principais filos de invertebrados e suas mais importantes características,
principalmente as que contribuíram para o sucesso desse grupo.
O principal objetivo é que você consiga captar a importância
das novidades evolutivas que ocorreram e de que forma essas
contribuíram para que tais organismos obtivessem sucesso e
conquistassem outros ambientes.

Tente sempre estabelecer relações entre os diferentes filos que serão estudados. Quais
novidades evolutivas esses apresentam e de que forma esses desenvolvimentos contribuíram
para o sucesso do grupo em questão.
Procure ficar atento(a) também às importâncias econômica e ecológica dos organismos.

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

Contextualização

Para melhor compreensão desta Unidade você precisa ter em mente conceitos aprendidos na
Unidade anterior, a fim de que consiga estabelecer relações entre os conteúdos passados e atuais.
Quando ler esta Unidade, primeiramente fique atento às novidades e à importância da
multicelularidade para os organismos. Depois volte sua atenção aos principais filos multicelulares
e suas mais importantes características.
Finalmente, tente compreender que:

Devido às células serem as unidades elementares da vida, a


evolução de organismos maiores que àqueles unicelulares surgiu
como um agregado destas unidades de construção. A natureza “fez
experiências” com a produção de organismos maiores sem uma
diferenciação celular – certas algas marinhas unicelulares maiores,
por exemplo – mas estes exemplos são raros. Tipicamente, a
natureza tem insistido obstinadamente na construção multicelular
em seu progresso para níveis de organização maiores (HICKMAN
JR.; ROBERTS; LARSON, 2004, p. 226).

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Introdução
Como tratado na Unidade anterior, a multicelularidade apresenta vantagens como a
divisão de tarefas entre diferentes tipos celulares e aumento da superfície de área para as
atividades metabólicas.
Entre os metazoários (multicelulares), começaremos pelas esponjas, organismos que
originalmente foram considerados plantas e, somente quando suas correntes de água internas
foram descobertas, é que foram classificados como animais.

Filo Porifera: as esponjas


Entre as características que distinguem as esponjas de outros animais há o sistema aquífero.
Esses organismos possuem poros pelos quais a água passa para transportar nutrientes e oxigênio
para dentro da esponja e eliminar os dejetos para o ambiente.
São constituídas por células e um esqueleto de espículas. Não possuem órgãos ou tecido
verdadeiro e também não possuem sistema nervoso. São denominados animais parazoários, ou
seja, não apresentam tecidos embrionários verdadeiros – endoderme, mesoderme e ectoderme.
Assim, entre os fatores que contribuíram para o sucesso desses organismos estão as células
totipotentes, que podem ter diversas funções, e o sistema aquífero. Esse apresenta três tipos: o
ascon, com organização mais simples, mantendo apenas uma camada de células; a condição
siconóide, que é a conformação em que há o dobramento de uma das camadas celulares; e a
condição leuconóide, que apresenta subdivisões formando câmaras flageladas.

Você Sabia ?
Espículas são estruturas de sustentação e proteção de esponjas que podem ser constituídas de
carbonato de cálcio ou sílica.

Figura 1 – Representação dos três diferentes sistemas aquíferos encontrados


em esponjas, de acordo com a complexidade corporal.

Fonte: Philcha/Wikimedia Commons

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

Outra característica desses organismos é o conjunto de meios de defesa mecânicos e


bioquímicos, em que algumas espécies produzem biotoxinas potentes a ponto de provocar
irritações na pele humana. Apresentam agentes antimicrobianos, que auxiliam na redução
da predação e infecções e também desenvolvem substâncias químicas que interferem na
competição por espaço, eliminando outros organismos sésseis. Algumas espécies de esponjas
são recorrentemente estudadas, pois apresentam compostos antimicrobianos e antibióticos.
Assim, esponjas são classificadas em três classes:
• Calcarea – possui espículas calcárias;
• Hexactinellida – possui espículas silicosas;
• Demospongiae – possui espículas silicosas ou espongina.

Filo Cnidaria

Entre os cnidários mais conhecidos estão as águas-vivas e as anêmonas. Diferentemente


das esponjas, esses organismos apresentam tecidos germinativos, no caso, apenas ectoderme
e endoderme, que formarão duas camadas do corpo do animal: a epiderme (ectoderme) e a
gastroderme (endoderme).
Outra característica desses organismos é a apresentação de simetria radial, dessa forma,
com tentáculos ou projeções ao redor da extremidade oral, que auxiliam na captura do
alimento. Esses animais também possuem células nervosas verdadeiras, porém sem um
sistema nervoso centralizado.
Estruturas que caracterizam esse filo e dão origem ao seu nome são os cnidoblastos, células
que produzem o nematocisto, uma organela urticante disparada pelo animal para sua defesa ou
captura de alimento.
Um dos aspectos importantes desse filo é que esse apresenta a chamada alternância de
gerações, ou seja, duas formas corpóreas a de pólipo, fase séssil e a de medusa, fase móvel.
Essa forma de vida dupla permite a esses organismos a exploração de diferentes ambientes e
recursos, além da mobilidade das formas medusoides, permitindo que a reprodução sexuada
ocorra em lugares diferentes das formas polipoides sésseis.

Você Sabia ?
Recifes de corais: um dos organismos mais importantes desse ecossistema são os corais
chamados hermatípicos (construtores de recifes), pois precipitam o carbonato de cálcio da água
do mar. Os recifes de corais são limitados a águas rasas, pois dependem de temperaturas mais
altas e luminosidade devido a associação com as zooxantelas (vistas na Unidade anterior), que
fazem a fotossíntese e fornecem recursos alimentares para seus hospedeiros.

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As classes encontradas no filo Cnidaria são:
• Hidrozoa – são os hidróides e hidromedusas. Apresentam alternância de gerações na
maior parte dos gêneros;
• Anthozoa – são as anêmonas, corais e gorgônias. São encontrados apenas no
ambiente marinho, apresentando-se de forma solitária ou colonial e sem estágio de
medusa (livre natante);
• Cubozoa – são constituídos apenas por medusas.
• Scyphozoa – são as conhecidas águas-vivas, em que esse estágio medusoide é o predominante.
Figura 2 – Formas medusoides livre natantes. Figura 3 – Forma polipoide séssil.

Fonte: Thinkstock/Getty Images

Filo Ctenophora

Ctenophora corresponde a organismos semelhantes a cnidários, sendo que ambos os filos


apresentam simetria radial, embora o filo que veremos agora é caracterizado pela presença de
oito fileiras de dentes denominados ctenos, que permitem sua locomoção. Apresentam mesma
estrutura corpórea de cnidários, ou seja, no desenvolvimento embrionário, possuem apenas
dois tecidos a ectoderme, que originarão a epiderme e a endoderme, essas que formarão a
gastroderme. Vivem em colunas de água em profundidades Ctenóforos. Ao contrário de
cnidários, não apresentam nematocistos (com exceção da espécie Haeckelia rubra).
Figura 4 e 5 – Fotografias de Ctenophora.

Fonte: Wikimedia Commons

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

Animais bilaterais acelomados

Como visto na Unidade anterior, há quatro tipos de simetria (esférica, radial, birradial e bilateral)
e para os organismos triploblásticos (que possuem os três folhetos germinativos), verificamos
três tipos de conformação corpórea de acordo com a presença ou não da cavidade celomática,
que são acelomados, blastocelomados ou pseudocelomados e celomados verdadeiros.

Aqui começaremos com os filos constituídos por animais bilaterais e acelomados, ou seja,
que não apresentam celoma.

Importante
Os animais com simetria radial ocupam em ambientes estritamente aquáticos e, na sua maioria,
vivem assentados, permanecendo à espera de suas presas. Já a simetria radial permite a esses animais
perceberem o ambiente em qualquer direção. Agora, estudaremos animais que buscam ativamente
suas presas, assim como os melhores locais para sobrevivência e parceiros reprodutivos. Dessa forma,
inovações evolutivas como a cefalização (concentração dos órgãos sensoriais na região anterior),
diferenciação do corpo em região dorsal e ventral, sendo essa região especializada na locomoção,
resultaram em um animal bilateralmente simétrico. Essas novidades nas estratégias de sobrevivência
e organização corpórea possibilitaram a esses organismos a conquista de outros ambientes que não
apenas o aquático.

Filo Platyhelminthes

Os platyhelminthes são caracterizados como vermes achatados dorso-ventralmente, são


animais triploblásticos acelomados e bilateralmente simétricos.

As principais novidades evolutivas encontradas nesses organismos são o sistema nervoso


constituído por um par de gânglios nervosos anteriores com cordões longitudinais que são
conectados por cordões transversais, denominado sistema nervoso em forma de escada;
desenvolveram estruturas osmorreguladoras e excretoras denominadas protonefrídeos. Essas
estruturas consistem em bulbos chamados de células-flama, que estão conectados a túbulos
que conduzem a nefridióporos. O achatamento corporal verificado nesses organismos facilita
processos vitais realizados através de difusão (já que não têm todos os sistemas corporais
desenvolvidos), como excreção e trocas gasosas.
O filo é dividido em quatro classes:

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• Monogenea;
• Trematoda;
• Cestoda;
• Turbellaria.
Alguns organismos dessas classes são de interesse dos humanos, pois são parasitas como a
Taenia saginata (parasita de gado) e a Taenia solium (parasita de porco), chamadas de solitárias
e pertencentes à classe Cestoda. Na fase adulta essas solitárias vivem no intestino delgado de
seres humanos. Conforme as proglótides (partes do corpo) tornam-se maduras, são eliminadas
nas fezes do hospedeiro. Os ovos liberados no ambiente desenvolvem-se no estágio de
oncosfera. De modo que o gado ou porco, ao pastar, pode ingeri-la, sendo assim, transportada
para o sistema muscular do hospedeiro intermediário (bovino ou suíno), desenvolvendo-se no
estágio de cisticerco. Se a carne desses animais é ingerida crua ou mal cozida pelo ser humano,
o parasita se fixa ao intestino delgado, crescendo e amadurecendo.
Figura 6 – Representação de um Platyhelminthe Figura 7 – Fotografia de um Platyhelminthe da classe
da classe cestoda e a divisão do corpo em partes turbellaria, é a conhecida planária (Dugesia sp.).
denominadas proglótides.

Fonte: Thinkstock/Getty Images Fonte: Eduard Solà/Wikimedia Commons

Filo Nemertea

Nemertinos também são animais triploblásticos e possivelmente acelomados (alguns


pesquisadores afirmam que são celomados). Apresentam sistema digestivo completo, ou seja,
possuem ânus e, assim como platyhelminthes, apresentam protonefrídeos para excreção e
osmorregulação. Uma estrutura peculiar desse filo é a presença de uma probóscide, que consiste
em um tubo alongado e eversível que está relacionado ao sistema digestório. Essa estrutura
encontra-se dentro de uma cavidade revestida por fluido, denominada rincocele. A eversão da
probóscide é realizada através da contração dos músculos da rincocele.

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

Figura 8 – Fotografia de um Nemertea.

Fonte: Beckers P., Loesel R. Bartolomaeus T./Wikimedia Commons

Blastocelomados (pseudocelomados)
Os organismos blastocelomados ou pseudocelomados são aqueles que apresentam como
cavidade corpórea a blastocele. Essa estrutura se forma no desenvolvimento embrionário e persiste
até a fase adulta desses animais. São denominados blastocelomados ou pseudocelomados, pois
a cavidade da blastocele é parte revestida por endoderme e outra parte revestida por mesoderme
(dois dos três folhetos germinativos). Para ser considerada uma cavidade celomática verdadeira
é necessário que toda a cavidade seja revestida por mesoderme.
Para facilitar sua compreensão acerca dos organismos blastocelomados, você precisa saber
quais são as funções gerais e as implicações da blastocele nos filos que são assim classificados.
A cavidade blastocelomática é preenchida por fluido e tem como funções auxiliar nos processos
vitais dos organismos; como transporte interno de nutrientes; sistema de sustentação hidrostático;
trocas gasosas; excreção; locomoção e propulsão de partes que funcionam através de pressão.
A seguir alguns filos que são blastocelomados.

Filo Rotifera
São animais minúsculos, mas exibem uma variedade de formas corporais. A maioria é
encontrada em água doce, mas há espécies marinhas e de solos úmidos. Correspondem a
grande parte do plâncton de água doce e salobra.

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Figura 9 – Fotografia de um rotífera.

Fonte: Wikimedia Commons

Filo Nemata
Os vermes nematódeos são amplamente conhecidos, por exemplo, como lombrigas,
áscaris e oxiúros, sendo que inúmeras espécies são parasitas, tornando-se importantes
econômica e ecologicamente.
Uma das infecções causada por organismos desse filo é a filariose. Essa doença é provocada pelo
parasita Wuchereria bancrofti que, se presente em grandes quantidades, bloqueia vasos linfáticos em
seres humanos, causando acúmulo de fluido e grande inchaço, patologia conhecida por elefantíase.
Figura 10 – Fotografia de um Wuchereria bancrofti.

Fonte: Public Health Image Library

Filo Nematomorpha
Os organismos pertencentes a esse filo são também chamados de cabelo e vermes crina de
cavalo devido a semelhança com essas estruturas.

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

A blastocele é caracterizada por ser espaçosa e cheia de fluido, ou ser preenchida por mesênquima
(tecido de preenchimento). As larvas desses animais são parasitas de artrópodes, sendo que os
organismos adultos vivem em água doce, entre folhas e algas próximos a corpos d’água, ou ainda
em ambientes semiterrestres e o gênero Nectonema vive em ambientes marinhos.
Figura 11 – Fotografia de um Nematomorpha, no caso, a espécie Gordius Aquaticus.

Fonte: Cuaderno de Campo - goo.gl/VEsifh

Filo Acanthocephala
São conhecidos pois parasitam em intestinos de vertebrados, principalmente peixes teleósteos
de água doce.
Figura 12 – Fotografia de um Acanthocephala da
espécie Macracanthorhynchus Hirudinaceus.

Fonte: CDC/Wikimedia Commons

Filo Entoprocta
São organismos marinhos e formas coloniais. Fixam-se em substratos. Espécies solitárias são
comensais em hospedeiros como esponjas e poliquetas.

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Figura 13 – Fotografia de Entoprocto.

Fonte: Keisotyo/Wikimedia Commons

Filo Annelida

Minhocas, sanguessugas e diversos vermes marinhos são organismos amplamente conhecidos


desse filo. São denominados vermes segmentados e apresentam como característica marcante a
divisão do corpo em segmentos ou metâmeros.
Esse corpo segmentado é caracterizado pela presença de partes internas e externas
repetidas em todos os segmentos, o que é conhecido como homologia seriada. O filo Annelida,
diferentemente dos filos estudados até agora, é celomado, possui celoma verdadeiro, ou seja,
uma cavidade completamente revestida por mesoderme. Apresenta ainda trato digestivo
completo; sistema circulatório fechado; sistema nervoso bem desenvolvido; protonefrídeos,
como estruturas excretoras; e uma característica importante é a presença da larva trocófora em
algumas formas marinhas. Esse tipo larval é um aspecto compartilhado com outros organismos
protostômios, como os dos filos Sipuncula, Echiura e Mollusca.

Você Sabia ?
Organismos denominados protostômios são aqueles que, durante o desenvolvimento
embrionário, o blastóporo (invaginação da massa celular no início do desenvolvimento embrionário)
origina boca. Há também organismos deuterostômios, nos quais o blastóporo origina ânus.

O filo é dividido nas seguintes classes:


• Polychaeta – apresenta grande quantidade de cerdas ao longo dos segmentos do
corpo, parapódios bem desenvolvidos, presença de órgãos sensoriais, tais como palpos,
cirros e tentáculos.

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

Você Sabia ?
Parapódios são apêndices laterais que têm como função a locomoção e, em alguns casos,
podem ter sua função diferenciada para realizar trocas gasosas.

Figura 14 – Fotografia de um Polychaeta Nereis pelagica

Fonte: Alexander Semenov/Wikimedia Commons

Figura 15 – Fotografia de estruturas encontradas


em costões rochosos que nada mais são do que
construções de tubos realizadas por poliquetas do
gênero Phragmatopoma sp. Figura 16 – Fotografia de um Magelona Papillicornis

Fonte: Alvaro E. Migotto/Cifonauta - USP/CBM Fonte: Thinkstock/Getty Images

• Clitellata – composta pelas minhocas e sanguessugas. Esta classe não possui parapódios,
as cerdas são reduzidas ou ausentes e apresentam o clitelo, estrutura utilizada para
reprodução. É dividida em duas subclasses: Oligochaeta, composta pelas minhocas;
e Hirudinoidea, formada por sanguessugas. Uma observação importante: alguns
autores colocam Oligochaeta e Hirudinoidea como classes e não subclasses, como são
consideradas aqui:
»» Oligochaeta: popularmente conhecida como minhocas. Apresentam poucas
cerdas, estruturas sensoriais reduzidas, corpo denominado homônomo, ou seja, sem
diferenciações entre as partes do corpo entre os segmentos.

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»» Hirudinoidea: as chamadas sanguessugas. Assim como os anelídeos em geral,
também apresentam o corpo segmentado, mas com número fixo. As cerdas são
escassas ou ausentes. Apresentam clitelo e ventosas anterior e posterior.
De maneira mais específica, vamos entender um pouco sobre a reprodução dessas duas
subclasses, pois o desenvolvimento de novas estratégias reprodutivas contribuiu para que
minhocas e sanguessugas conquistassem com sucesso ambientes terrestres e de água doce.
Oligochaeta e Hirudinoidea são hermafroditas, ou seja, apresentam os sexos masculino e
feminino no mesmo organismo, de modo que possuem gônadas permanentes e segmentos
específicos para reprodução, o que facilita a fertilização cruzada. Dentre as inovações
reprodutivas, uma das mais importantes é, sem dúvida, o clitelo. Essa região é constituída por
tecido glandular com células responsáveis pela secreção de muco, que ajuda na cópula; material
para a formação da parte externa do ovo, o casulo e secreção de albumina, substância nutritiva
depositada no interior do casulo.
A reprodução se dá da seguinte forma: os parceiros alinham-se em direções opostas e a
secreção de muco pelo clitelo os mantem juntos, havendo a troca mútua de espermatozoides e,
logo em seguida, os animais separam-se. Depois de algum tempo, o casulo é formado, sendo os
de espécies terrestres mais fortes e resistentes às condições adversas. A deposição de albumina
acontece em seguida, sendo também depositada em maior quantidade em espécies terrestres.
Depois de formado o casulo, os movimentos corporais o direcionam para a região anterior
do organismo. Conforme se desloca o casulo, esse primeiro receberá os óvulos para depois os
espermatozoides (transferidos anteriormente pelo parceiro), ocorrendo a fertilização dentro do
casulo. Depois desse estar formado, é depositado no ambiente.

Figura 17 – Fotografia de uma minhoca, com destaque para a região do clitelo.

Fonte: Thinkstock/Getty Images

Figura 18 – Fotografia de minhocas acasalando.

Fonte: Thinkstock/Getty Images

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

Ainda dentro da classe clitellata, se considerarmos as sanguessugas, essas foram utilizadas


por grande espaço de tempo para tratamentos medicinais, especificamente a espécie Hirudo
Medicinalis, doenças as quais acreditava-se que sugando o sangue do humano o tratamento
seria efetivo. Atualmente, porém, são utilizadas para evitar ou reduzir hematomas em áreas
corporais de difícil tratamento. As sanguessugas produzem uma substância anticoagulante
denominada hirudina, além de também produzirem substâncias anestésicas que comumente
permitem que esses organismos se fixem em um hospedeiro sem que sejam notados.

Figura 19 – Fotografia de um Hirudo Medicinalis.

Fonte: Thinkstock/Getty Images

Filo Mollusca
Dentre os filos de invertebrados vistos até agora, certamente os moluscos são os organismos
mais conhecidos. Nesse filo encontramos animais como caracóis, caramujos, lulas e polvos.
Moluscos, assim como anelídeos, são protostômios celomados, porém, o celoma nesses
organismos é significativamente reduzido e a principal cavidade encontrada é a hemocele. Se
observarmos mais atentamente um molusco, por exemplo, veremos que possui uma grossa
camada de cutícula epidérmica, conhecida como manto, região que abriga ctenídeos (brânquias);
osfrádios (quimiorrecptores); nefridióporos; gonóporos e ânus. O manto também é responsável
pela secreção da concha, estrutura calcária encontrada nesses organismos.
O corpo de um molusco compreende as regiões da cabeça, pé e massa visceral. Verificamos
que esses animais apresentam diversas estruturas com funções sensoriais concentradas na região
da cabeça, tais como olhos, estatocistos e tentáculos. Se pensarmos em termos de diferenças
encontradas nesse filo, podemos citar (além da concha) uma estrutura chamada rádula. Rádula
é uma esteira com dentes utilizada para a raspagem dos alimentos, auxiliando na alimentação.
Um fato interessante sobre a rádula é que o formato dos dentes pode variar entre os animais de
acordo com o hábito alimentar de cada um. Mas nem todos os organismos do filo alimentam-
se através da rádula, alguns possuem hábitos microfágicos e suspensívoros. Nesses animais,
os ctenídeos sofrem modificações que permitem a retenção de matéria particulada da corrente
de água que entra na cavidade do manto. Esse hábito alimentar ocorre em alguns gastrópodes
(lesmas, por exemplo) e na maioria dos bivalves (mexilhão, por exemplo).

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Os moluscos são únicos, pois somente nesse filo ocorre o processo de torção, mais precisamente
na classe gastropoda. Esse consiste na torção de 180º da massa visceral, manto e concha em
relação à cabeça e ao pé. A torção acontece sempre no sentido anti-horário e é dividida em
duas partes: uma parte mais rápida de noventa graus, que se dá quando o músculo retrator
do pé se fixa no lado direito da concha, contraindo-se e causando um giro da concha e das
vísceras. E uma parte mais lenta, também com noventa graus de torção e que se dá através do
crescimento diferencial dos tecidos. Quando o processo chega ao fim, os nervos encontram-se
torcidos no formato do número oito.

Saiba mais sobre a concha dos moluscos:


Essa estrutura é produzida pelas glândulas da concha localizadas no manto. O
carbonato de cálcio é eliminado, precipitando-se e sendo recoberto por perióstraco,
um envoltório orgânico.

O filo Mollusca é dividido em sete classes:


• Aplacophora – caracterizada pelo formato vermiforme. Não possui concha, somente
espículas ou escamas calcárias que são secretadas pela epiderme. Não possui olhos,
tentáculos, estatocistos e nefrídios.
Figura 20 – Fotografia de um molusco da classe
Aplacophora. Detalhe para a ausência da concha.

Fonte: Thinkstock/Getty Images

Polyplacophora – caracterizada pelo alongamento e achatamento do dorso-ventralmente,


com pé ventral significativamente desenvolvido e concha composta por oito placas dorsais. Os
animais desta classe são marinhos da região do entremarés, sendo também encontrados em
regiões profundas.
Figura 21 – Fotografia de um molusco Polyplacophora.
Detalhe para as oito placas dorsais que constituem a concha.

Fonte: Kirt L. Onthank/Wikimedia Commons

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

• Gastropoda – são os caracóis, caramujos e lesmas. Apresentam a concha constituída de


uma única peça, comumente em forma espiral.

Figura 22 – Fotografia do molusco gastrópoda caramujo. Figura 23 – Fotografia do molusco gastrópoda lesma.

Fonte: Thinkstock/Getty Images

• Bivalvia – ostras e mexilhões. Caracterizados por serem comprimidos nas laterais,


apresentarem concha constituída de duas valvas e articuladas por ligamento.

Figura 25 – Detalhe para as duas valvas da concha de


Figura 24 – Um banco de mexilhões em um costão rochoso. um mexilhão.

Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Rainer Zenz/Wikimedia Commons

• Scaphopoda – é mais conhecida como concha dente de elefante. A concha é formada


por uma única peça, tendo formato tubular e aberta nas duas extremidades.

Figura 26 – Fotografia de molusco Scaphopoda. Detalhe


para a abertura maior, onde sai a cabeça do organismo.

Fonte: © Hans Hillewaert / CC-BY-SA-3.0

• Cephalopoda – são os polvos, lulas e náutilos. A concha nesses animais é, geralmente,


reduzida ou ausente, somente o náutilo apresenta concha externa. Possuem olhos grandes
e complexos, braços e tentáculos.

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Figura 28 – Polvo, um dos principais representantes
Figura 27 – Lula, um dos principais representantes da classe da classe Cephalopoda.

Fonte: Thinkstock/Getty Images

Figura 29 – Náutilo, um dos principais representantes da


classe Cephalopoda.

Fonte: Thinkstock/Getty Images

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

Material Complementar

Para complementar seus estudos e melhorar sua compreensão acerca do tema abordado nesta
Unidade, assista aos seguintes vídeos, que mostram Platyhelminthes e seus hábitos predadores:
• Land planaria. 13 set. 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=u-
RiQwb96Tk>;
• Predatory flatworm hunting snails. 4 jan. 2014. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=3DU_pvAtIYQ>.
Além desses dois, assista ao terceiro vídeo, que mostra a alimentação de um Ctenophora:
• Sea sooseberry (Pleurobrachia bachia) feeding – comb jellyfish, Phylum Ctenophora. 27
jul. 2012. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zsMUeo4qJjk>.

Para ampliar seu conhecimento teórico, não deixe de ler os capítulos seis; oito; nove; dez;
doze; treze e vinte do livro:
• BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.

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Referências

BRUSCA, R. C.; BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

HICKMAN JR., C. P.; ROBERTS, L. S.; LARSON, A. Princípios integrados de Zoologia. 11.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

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Unidade: Os Invertebrados: Parte I

Anotações

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