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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FLORESTAIS (DCF)

Mineração: atividade indutora de


desenvolvimento sustentável?
Implicações no contexto social e econômico em
municípios mineradores no Brasil.

João Pedro Machado e Souza


/2015

Relatório final atendendo as exigências do edital PIBIC 2014/2016 e às normas específicas


do CNPq que regem a concessão da bolsa de iniciação científica.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................7
2 OBJETIVO GERAL..........................................................................................................11
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................11
3 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................11
3.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL...............................................................11
3.2 EFEITOS ECONÔMICOS......................................................................................16
3.3 EFEITOS SOCIOAMBIENTAIS.............................................................................25
4 METODOLOGIA..............................................................................................................35
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS E MINERAIS ANALISADOS...........37
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS INDICADORES ECONÔMICOS.............................38
4.3 CARACTERIZAÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS........................................40
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................................43
5.1 ASPECTOS MACROECONÔMICOS...................................................................43
5.2 ASPECTOS MICROECONÔMICOS.....................................................................52
5.2.1 Sul......................................................................................................................52
5.2.1.1 Treviso.......................................................................................................52
5.2.1 Sudeste.............................................................................................................53
5.2.1.1 Catas Altas................................................................................................53
5.2.1.2 Paracatu....................................................................................................55
5.2.1.3 Tapira.........................................................................................................56
5.2.1 Centro Oeste....................................................................................................58
5.2.1.1 Alto Horizonte...........................................................................................58
5.2.1.2 Ouvidor......................................................................................................59
5.2.2 Nordeste............................................................................................................60
5.2.2.1 Itagibá........................................................................................................60
5.2.2.2 Rosário do Catete....................................................................................62
5.2.1 Norte..................................................................................................................63
5.2.1.1 Canaã dos Carajás..................................................................................63
5.2.1.2 Paragominas.............................................................................................65
5.2.1.3 Parauapebas............................................................................................66
5.3 ASPECTOS SOCIAIS.............................................................................................68
5.3.1 Sul......................................................................................................................68
5.3.1.1 Treviso.......................................................................................................68
5.3.2 Sudeste.............................................................................................................70
5.3.2.1 Catas Altas................................................................................................71
5.3.2.2 Paracatu....................................................................................................72
5.3.2.3 Tapira.........................................................................................................74
5.3.3 Centro Oeste....................................................................................................76
5.3.3.1 Alto Horizonte...........................................................................................76
5.3.3.2 Ouvidor......................................................................................................78
5.3.4 Nordeste............................................................................................................79
5.3.4.1 Itagibá........................................................................................................80
5.3.4.2 Rosário do Catete....................................................................................82
5.3.5 Norte..................................................................................................................83
5.3.5.1 Canaã dos Carajás..................................................................................84
5.3.5.2 Paragominas.............................................................................................86
5.3.5.3 Parauapebas............................................................................................88
6 CONCLUSÕES................................................................................................................89
7 REFERÊNCIAS...............................................................................................................91
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Evolução da balança comercial brasileira de 1950 a 2013. Fonte:
MDIC/SECEX/DEAEX........................................................................................44
Gráfico 2: Porcentagem do setor extrativo mineral na exportação nacional.
Fonte: SECEX/MDIC..........................................................................................44
Gráfico 3: Composição das exportações brasileira por categorias de uso. Fonte:
MDIC/SECEX, DNPM/DIPLAM..........................................................................45
Gráfico 4: Composição do setor mineral no ano de 2013. Fonte: MDIC/SECEX,
DNPM/DIPLAM...................................................................................................46
Gráfico 5: Produção Mineral do Brasil no período de 2005 a 2015. Fonte:
IBRAM.................................................................................................................47
Gráfico 6: Os 10 primeiros países com participação nas exportações do setor
mineral no 2º semestre/2014. Fonte: DNPM, MDIC..........................................48
Gráfico 7: Comparativo entre o saldo da balança do setor extrativo mineral e do
Brasil. Fonte: MDIC/IBRAM................................................................................48
Gráfico 8: Percentual dos produtos minerais nas exportações do setor mineral
em 2014. Fonte: MDIC Sistema AliceWeb/IBRAM............................................49
Gráfico 9: Percentual dos produtos minerais nas exportações do setor mineral
em 2014. Fonte: MDIC Sistema AliceWeb/IBRAM............................................50
Gráfico 10: Evolução da CFEM no Brasil, 2004 – 2015. Fonte: DNPM.............51
Gráfico 11: Arrecadação da CFEM por UF, 2004 – 2014. Fonte: DNPM..........52
Gráfico 12: a) Evolução da arrecadação da CFEM, 2004 – 2014 b) Proporção
da CFEM nas transferências federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional...........53
Gráfico 13: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................53
Gráfico 14: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................54
Gráfico 15: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................55
Gráfico 16: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................56
Gráfico 17: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................56
Gráfico 18: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................57
Gráfico 19: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................57
Gráfico 20: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................58
Gráfico 21: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................59
Gráfico 22: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................60
Gráfico 23: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................60
Gráfico 24: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................61
Gráfico 25: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................61
Gráfico 26: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................62
Gráfico 27: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................63
Gráfico 28: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................64
Gráfico 29: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................64
Gráfico 30: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................65
Gráfico 31: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................66
Gráfico 32: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros
aportes financeiros federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional..........................67
Gráfico 33: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro
Nacional..............................................................................................................67
Gráfico 34: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado
de Santa Catarina. Fonte: PNUD.......................................................................68
Gráfico 35: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade e b)
Indicadores de qualidade de vida no município de Treviso-SC. Fonte: PNUD
(2010)..................................................................................................................69
Gráfico 36: a) Perfil populacional b) Ocupação da população no município de
Treviso. Fonte: PNUD.........................................................................................70
Gráfico 37: a) Renda per capita b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município de Treviso-SC. Fonte: PNUD................................................70
Gráfico 38: Indicadores de qualidade de vida e desigualdade para o estado de
Minas Gerais em 2010. Fonte: PNUD................................................................71
Gráfico 39: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade no município
de Catas Altas-MG. Fonte: PNUD......................................................................71
Gráfico 40: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de
Catas Altas-MG. Fonte: PNUD...........................................................................72
Gráfico 41: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município de Catas Altas-MG. Fonte: PNUD........................................72
Gráfico 42: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade e b)
Indicadores de qualidade de vida no município de Paracatu-MG. Fonte: PNUD
(2010)..................................................................................................................73
Gráfico 43: a) Perfil populacional b) Infraestrutura no município de Paracatu.
Fonte: PNUD.......................................................................................................73
Gráfico 44: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município de Paracatu-MG. Fonte: PNUD.............................................74
Gráfico 45: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade no município
de Tapira-MG. Fonte: PNUD..............................................................................74
Gráfico 46: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de
Tapira-MG. Fonte: PNUD...................................................................................75
Gráfico 47: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município de Tapira-MG. Fonte: PNUD.................................................75
Gráfico 48: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado
de Goiás. Fonte: PNUD......................................................................................76
Gráfico 49: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b)
Indicadores de qualidade de vida no município de Alto Horizonte-GO. Fonte:
PNUD..................................................................................................................77
Gráfico 50: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de
Alto Horizonte-GO. Fonte: PNUD.......................................................................77
Gráfico 51: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município Alto Horizonte-GO. Fonte: PNUD.........................................78
Gráfico 52: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b)
Indicadores de qualidade de vida no município de Ouvidor-GO. Fonte: PNUD 78
Gráfico 53: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de
Ouvidor-GO. Fonte: PNUD.................................................................................79
Gráfico 54: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município Ouvidor-GO. Fonte: PNUD....................................................79
Gráfico 55: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado
da Bahia. Fonte: PNUD......................................................................................80
Gráfico 56: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b)
Indicadores de qualidade de vida no município de Itagibá-BA. Fonte: PNUD. .80
Gráfico 57: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de
Itagibá-BA. Fonte: PNUD....................................................................................81
Gráfico 58: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município Itagibá-BA. Fonte: PNUD......................................................81
Gráfico 59: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado
do Sergipe em 2010. Fonte: PNUD....................................................................82
Gráfico 60: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b)
Indicadores de qualidade de vida no município de Rosário do Catete-SE. Fonte:
PNUD..................................................................................................................82
Gráfico 61: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de
Rosário do Catete-SE. Fonte: PNUD.................................................................83
Gráfico 62: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município de Rosário do Catete-SE. Fonte: PNUD...............................83
Gráfico 63: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado
do Pará em 2010. Fonte: PNUD.........................................................................84
Gráfico 64: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b)
Indicadores de qualidade de vida no município de Canaã dos Carajás-PA.
Fonte: PNUD.......................................................................................................85
Gráfico 65: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de
Canaã dos Carajás-PA. Fonte: PNUD...............................................................85
Gráfico 66: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida de Canaã dos Carajás. Fonte: PNUD.........................................................85
Gráfico 67: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b)
Indicadores de qualidade de vida no município de Paragominas-PA. Fonte:
PNUD..................................................................................................................86
Gráfico 68: a) Perfil populacional e b) Infraestrutura no município de
Paragominas-PA. Fonte: PNUD.........................................................................87
Gráfico 69: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município de Paragominas-PA. Fonte: PNUD.......................................87
Gráfico 70: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b)
Indicadores de qualidade de vida no município de Parauapebas-PA. Fonte:
PNUD..................................................................................................................88
Gráfico 71: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de
Parauapebas-PA. Fonte: PNUD.........................................................................89
Gráfico 72: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de
vida no município de Parauapebas-PA. Fonte: PNUD......................................89

Lista de Figuras
Figura 1: Aplicação dos royalties da mineração em diferentes países..............22
Figura 2: Municípios e minerais analisados com suas respectivas reservas e
produção. Fonte: DNPM (2014) e E&MJ (2010)................................................38
Figura 3: Indicadores sociais selecionados. Fonte: PNUD................................42
1 INTRODUÇÃO

O Brasil nas últimas décadas promoveu um desenvolvimento econômico


que apesar de gerar divisas para Estado se mostra perverso em relação ao ser
humano e ambiente, aumentando ainda mais a desigualdade social e a
injustiça ambiental. Esse modelo de desenvolvimento vem sendo adotado não
só no país, mas em toda América Latina, que segundo Dário Bossi e Marcelo
Carneiro, em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos, se caracteriza pelo
pensamento de crescimento econômico implicando em desenvolvimento, a
visão de Estado e instituições privadas como entidades complementares
visando atender a demanda externa (BOSSI e CARNEIRO, 2014). O
neodesenvolvimentismo é um modelo de desenvolvimento que busca a
integração do crescimento econômico com a equidade social através da
inserção no mercado internacional (MILANEZ, 2012).

O setor mineral brasileiro é uma das prioridades do Estado para o


desenvolvimento econômico do país como divulgado no vídeo institucional
“Panorama do Setor Mineral Brasileiro”, criando um ambiente favorável para
investimentos nesse ramo econômico. A ampliação de informações geológicas
do território brasileiro e a melhoria das bases para exploração mineral é parte
do interesse do governo em explorar os recursos minerais. A ideia que a
atividade gera emprego, renda, receitas cambiais e estimula o desenvolvimento
regional são argumentos utilizados para implantar empreendimentos minerários
no Brasil.

A atividade da mineração é regulada pelo Decreto Lei nº 227, de 28 de


fevereiro de 1967, conhecido como Código de Mineração. Pode-se dizer que,
basicamente, o código regula os direitos sobre os recursos minerais do País,
os regimes de aproveitamento de tais recursos, de fiscalização, de pesquisa e
de lavra, além de outros aspectos relacionados à indústria mineral.

Todavia, se encontra em tramitação no Congresso a regulação o Novo


Marco da Mineração para aprimoramento na atividade de mineração no país,
mas de acordo com Milanez (2012) essa proposta se apresenta de forma
setorial e com caráter neodesenvolvimentista, por tratarem a mineração de
forma isolada, não abrangendo todo o contexto da sociedade, assim como a
atuação do Estado no sentido de favorecer grandes empresas mineradoras
para acelerar seu crescimento econômico.

Outro ponto é a falta de transparência na elaboração do projeto, com


pouca participação dos movimentos sociais e da sociedade. Na visão de
Guilherme Zagallo o projeto não faz nenhuma referência à questão trabalhista
e ambiental e à proteção dos direitos dos trabalhadores, muito menos uma
previsão contundente de proteção ambiental com o fechamento das minas. As
criticas recaem também na não criação de áreas livres de mineração para
outros usos e na possível exploração mineral em áreas indígenas, contrapondo
ao Estatuto dos Povos Indígenas (Projeto de Lei 1610) e à Convenção 169 da
Organização Internacional do Trabalho, no qual o Brasil é país signatário.

A mineração é um dos setores básicos da economia do país,


fundamental para o desenvolvimento da sociedade contemporânea, desde que
operada com responsabilidade social. Entretanto, independente da substância
mineirada, a atividade de mineração gera impactos por se apresentar intensiva
no uso de recursos naturais e por exigir grandes áreas para sua funcionalidade
total.

Em geral, a mineração provoca um conjunto de efeitos não desejados,


denominados externalidades, causadora de conflitos com a comunidade local e
extra local, com origem na implantação do empreendimento onde,
normalmente, as preocupações, anseios e expectativas da população local não
são consultados previamente. Os impactos econômicos negativos, em um
primeiro momento, podem não ser sentidos, fato mais notado após o
encerramento do ciclo produtivo.

Os números extravagantes são comumente utilizados para vangloriar as


atividades do setor, contudo, secundam as tensões e situações de conflitos que
grandes projetos provocam na esfera socioeconômica e nos recursos naturais.
Com a globalização do mercado as empresas multinacionais atuam em bolsas
de valores e mercado de ações. A contradição se expõe quando a empresa
argumenta que o empreendimento pretende desenvolver a região com a
melhoria da qualidade de vida da população ao mesmo que participa nas ações
de mercado obedecendo à lógica da rentabilidade, onde o que importa é o
lucro da empresa e, consequentemente, de seus acionistas. Nessa visão os
setores marginalizados da sociedade são excluídos dos benefícios do sistema,
ficando à mercê dos interesses capitalistas e com os custos ambientais e
sociais.

Cabral (2006) aponta a pressão dos organismos financeiros


internacionais e das entidades ambientalistas, juntamente com as reformas
econômicas e mudanças políticas ocorridas nos anos 80 e 90 no país, além do
ideário de sustentabilidade como principais elementos da adoção da dimensão
ambiental pelas indústrias de mineração.

No trabalho serão abordados dois tipos de efeitos que envolvem a


instalação de empreendimentos de grande porte: as tensões econômicas que
em escala nacional se relaciona com a geração de divisas e sua contribuição
na economia do país e em escala subnacional a influência na dinâmica
econômica do local; as tensões socioambientais que se revelam nos conflitos
gerados, concomitantemente, com a degradação ambiental e a degeneração
do quadro social.

A estruturação se divide em seis seções, além desta contextualização,


sendo: os objetivos que levaram a realização do estudo; a próxima seção se
subdivide entre a temática do desenvolvimento sustentável e suas implicações
no modelo econômico dominante, as questões econômicas da mineração na
economia do Brasil e como foi sendo moldadas as políticas do modelo de
crescimento adotado no país e aos conflitos sociais e ambientais decorrentes
das atividades de mineração tratado com base nos fundamentos da ecologia
política; a quarta seção apresenta a metodologia utilizada, balizada por dados
disponíveis ao público; a penúltima parte apresenta os resultados encontrados
e as discussões pertinentes sobre os mesmos; e por fim o que podemos
concluir diante do espectro apresentado.

A industrialização de bens minerais é imprescindível na sociedade


moderna industrial, estando presente no cotidiano de diversas formas e em
diversos setores econômicos: agricultura, indústria, química, informática,
construção civil, etc. Cada pessoa consome em média 10 toneladas anuais de
minério de cerca de 350 substâncias (LEITE et al. 2013).

Por isso, não cabe ao estudo defender um protecionismo sobre os


recursos naturais, mas instigar um pensamento crítico a respeito da política
econômica voltada para exportação de bens minerais, a exploração destes e a
distribuição dos benefícios e impactos negativos gerados entre os atores
envolvidos.

2 OBJETIVO GERAL

Analisar de forma crítica a mineração, tal como uma atividade


fundamental na política atual de gestão governamental. Como a extração
mineral influência o contexto social e econômico na qual ela se insere. E por
meio desses fatores julgar se a mineração de fato pode ser considerada uma
atividade indutora de desenvolvimento sustentável.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Debater o conceito de desenvolvimento sustentável e sua inserção no


Brasil;
 Analisar o efeito da mineração na dinâmica social e econômica nas
regiões mineradoras.
 Comparar os indicadores socioeconômicos dos municípios que
arrecadam a CFEM;

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL


As visões de sustentabilidade vêm sofrendo mudanças em função do
contexto social, econômico e político que rege a relação sociedade e natureza.
Jatobá (2009) cita três abordagens que buscam solucionar os problemas
ambientais. Em primeiro lugar, a ecologia radical que enfoca as questões
ecológicas submetendo as atividades humanas às leis da natureza, no entanto
não se articulando com os objetivos econômicos e sociais. O ambientalismo
moderado surge em meio à crise econômica desencadeada no final dos anos
70 e na preocupação do esgotamento dos recursos naturais que ameaçava as
bases de produção material. Com um caráter conciliador tenta aliar
crescimento econômico com preservação ambiental, mas sem provocar
grandes mudanças do modelo econômico dominante. A mais recente delas é a
ecologia política, que entende que a crise ecológica não pode ser
compreendida desvinculando os aspectos políticos, sociais e econômicos.

A ecologia política se propõe a integrar as ciências ecológicas às


realidades políticas e ambientais buscando compreender o contexto dos
conflitos relativos a distribuição ecológica e os problemas sociais dele
decorrentes (LITTLE, 2006).

A apropriação desigual de bens naturais, em especial pelos países


ocidentais industrializados do Norte e certos segmentos sociais de outros
países tem como resultado uma dívida ecológica destes para com os demais
ocupantes do planeta. Essa dívida social e ecológica é produto da apropriação
privada de bens naturais coletivos que foram transformados em objeto de
acumulação de capital (LEROY, 2000).

Fernandez (2004) questiona a sustentabilidade difundida em muitos


projetos atualmente, assumida sem ao menos ser testada e que, em sua
maioria, atende a interesses individuais ou locais. Para o autor o
desenvolvimento sustentável na prática está mais para um objetivo necessário
ou um argumento para viabilizar a exploração em áreas protegidas ou
promover a inserção de produtos no mercado, ou até mesmo angariar
recursos financeiros internacionais para outros fins.

Para Lima (1999) a sustentabilidade ambiental é irracional a lógica


econômica, uma vez que certamente o capital natural será explorado a partir do
momento que o retorno proveniente de seu uso produtivo ultrapasse outras
formas de investimento. Nessa perspectiva é extremamente pertinente a
integração do sistema ecológico e do sistema econômico em um único sistema
para aí sim pensar em um modelo sustentável que respeite o limite de
funcionamento do ecossistema (CAVALCANTI, 2012).

Atualmente predomina a visão econômica da natureza, nela o meio


ambiente é um apêndice do sistema econômico, ou seja, o meio natural é um
fenômeno exógeno na qual os distúrbios ambientais são falhas do mercado e
devem ser internalizadas nos custos do agente econômico (CAVALCANTI,
2010). É preciso incorporar a natureza no centro da definição dos modelos
econômicos e, sobretudo, o prevalecimento da ética ecológica/social em
relação à lógica econômica (SILVA, 2007).

A economia tradicional apresenta em sua concepção um aspecto


mecanicista, ou seja, a natureza é percebida como um processo reversível, de
maneira que a energia despendida e não reaproveitada em todo processo de
transformação, portanto, irreversível do ponto de vista físico, é ignorada por tal
corrente de pensamento (CAVALCANTI, 2010). O atual modelo econômico não
enxerga a disponibilidade de recursos naturais uma restrição à expansão da
economia, os limites quando existentes são parciais e superados a partir do
progresso científico-tecnológico (ROMEIRO, 2012).

De acordo com Da Costa Mattos et al. (2005) a economia neoclássica ao


atribuir ao mercado a função de resolver os problemas ambientais valoriza os
bens e serviços produzidos pelo homem e não àqueles que provém da
natureza. A internalização das externalidades pressupõe a valoração dos
recursos naturais o que configura uma ampliação indefinida dos limites
ambientais frente ao crescimento econômico (FERNANDEZ, 2011).

Nessa linha neoclássica surge a economia ambiental que defende a


equivalência entre dos ativos do capital manufaturado e os recursos naturais,
transformando estes em ativos que compõem a economia produtiva, sendo a
monetarização a forma encontrada para valorar o estoque de capital natural
(LIMA, 1999). Essa valorização monetária se dá por meio dos preços do
mercado que, de certa maneira, refletem a escassez de longo prazo dos bens e
serviços ambientais. No entanto, essa atribuição falha ao não refletir
corretamente as diversas externalidades ambientais e por não constar os
estoques e processos à margem do mercado, como certas funções
ecossistêmicas, que tem seu valor revelado quando ameaçados tendo a
possibilidade de já ter ocorrido perdas irreversíveis (LIMA, 1999).

A economia ecológica, consolidada a partir da década de 80, se apodera


da abordagem termodinâmica, inteirando os princípios da física com a atividade
econômica, para estabelecer restrições biofísicas como garantia da
sustentabilidade do desenvolvimento (CAVALCANTI, 2010). A questão
norteadora dessa linha de pensamento é estabelecer um crescimento
econômico em escala sustentável, levando em contas os limites de capacidade
de suporte do ecossistema (FERNANDEZ, 2011).

Na concepção da EE, matéria e energia constantemente entram no


sistema econômico, passam pelo processo de transumo transformando em lixo
ou matéria e energia degradada no fim da cadeia. Noutros termos a economia
como atividade produtiva é um subsistema aberto inserido no sistema
ecológico (CAVALCANTI, 2004).

Em síntese, na economia tradicional a natureza é uma externalidade do


processo econômico; a economia ambiental se concentra em atribuir valor
monetário aos bens e serviços da natureza, ao contrário da economia
ecológica onde a natureza é vista como alicerce de todo o funcionamento da
sociedade (CAVALCANTI, 2004).

A sociedade como um todo é conivente com o modelo de reprodução do


capital predominante, pois a existência do mercado está atrelado à uma
sociedade de consumo. A partir do século XVI com o surgimento da
globalização, o pensamento político-social da sociedade adquire uma
concepção de superioridade sobre os recursos naturais (EKINS e MAX-NEEF,
1992 citado por PÁDUA, 2000).

Na avaliação de Pádua (2000) a problemática ambiental se encontra no


funcionamento normal e cotidiano da economia, e não em seus eventos
extraordinários e desastrosos. A economia capitalista ao aumentar o poder
aquisitivo das pessoas estimulou o aumento do consumo, transformando a
sociedade contemporânea em uma sociedade de consumo em massa.

Uma mudança estrutural revendo os padrões de consumo, produção,


distribuição e tratamento dos resíduos, com maior democratização no acesso à
terra e à renda, aos recursos naturais e aos bens de consumo, assim como
uma sensibilização de que somos parte da natureza são caminhos para a
sustentabilidade (PÁDUA, 2000). O consumo é o ponto chave para a
diminuição da desigualdade e melhora na qualidade de vida, uma vez que a
intensidade da crise ecológica está diretamente ligada ao tamanho da
população e o consumo de recursos per capita (FERNANDEZ, 2004).

Para Mattos (2008) a redução do nível de consumo das pessoas implica


na reformulação de seus princípios e valores, até então moldados pela lógica
capitalista passando a sociedade a se preocupar primeiramente com a própria
essência. A população foi educada sobre uma ótica de que os recursos
naturais são bens infinitos e que a natureza estará sempre à disposição para
satisfazer suas demandas. Acontece que nas últimas décadas o que se vê é
um aumento cada vez maior da utilização destes recursos, atingindo padrões
insustentáveis para capacidade de suporte do ecossistema (WWF, 2014). 1

Nesse contexto, a indústria de mineração no Brasil tanto pode ser


considerada insustentável como também buscando a sustentabilidade (VIEIRA,
2011). Para Lima (1999) a condição de sustentabilidade deve levar em conta
as restrições impostas ao crescimento pela escassez dos recursos naturais e
pela eficiência no processo de gestão destes recursos, assim como,
reconhecerem as estruturas sociais de poder sobre as quais são pautadas as
decisões econômicas, definindo o acesso e os direitos de apropriação de
recursos.

Como dito por Dener Giovanni2, em artigo do O Eco, “achar que tem o
controle ou domínio sobre a natureza é ingenuidade por parte do ser humano”,
ela não precisa de nossa defesa, devemos apenas amá-la e respeita-la o que

1
Segundo o Relatório Planeta Vivo 2014, da WWF em parceria com ZSL e Global Footprint Network,
atualmente a população humana consome 50% a mais do que a Terra é capaz de produzir em recursos
naturais em um ano.
2
Um ambientalista no século XXI: Por favor, não defendem a natureza – O ECO
necessariamente requer uma reflexão profunda sobre nossas ações e
comportamentos.

3.2 EFEITOS ECONÔMICOS

Para Senra (2011) as políticas públicas regionais no Brasil foram se


reconfigurando com o tempo, sendo possível identificar quatro fases distintas:
Nacional-Desenvolvimentista, Desenvolvimentista-Militar, Neoliberal e
Neodesenvolvimentista. No entanto todas elas se caracterizavam pelo objetivo
de reduzir as desigualdades econômicas e sociais regionais e ocupação do
território nacional (SENRA, 2011).

A nacional-desenvolvimentista previa a intervenção do Estado na


economia e investimento público para garantir estabilidade em períodos de
desaceleração econômica. As políticas desse período focavam principalmente
a região Nordeste e maciços investimentos em infraestrutura e industrialização
(SENRA, 2011). Nessa fase o setor de mineração não se obtinha de grande
relevância nas questões do governo.

A era dos governos militares se caracterizava pelo elevado investimento


em infraestrutura econômica para ocupação do território nacional,
desencadeando um processo de ampliação da indústria mineral, especialmente
com a entrada das grandes jazidas amazônicas no cenário político e
econômico. Com o pretexto de que na região havia um grande “vazio
demográfico” e por isso era preciso intervir para não perder a autonomia, os
governantes trataram de incentivar, entre outras atividades, a exploração
mineral na Amazônia. A ampliação de incentivos fiscais e tributários e
creditícios, a instalação de hidrelétricas, construção de obras de infraestrutura
e de estradas e a criação de aparatos institucionais atendiam a interesses
geopolíticos que se beneficiavam com as condições oferecidas (MONTEIRO,
2005).
O declínio do crescimento econômico deflagrado na década de 70
estimulou ações direcionadas à indústrias de produção de bens de capital, a
criação de pólos de desenvolvimento, como Grande Carajás, Trombetas e
Amapá, era estratégia do governo para concentrar o elevado investimento na
região (MONTEIRO, 2005). Essa nova economia extrativa mineral com
investimentos intensivos e em áreas isoladas e não urbanizadas provocou uma
mudança estrutural na Amazônia, criando novas formas de produção do
espaço (RODRIGUES, 2007).

Com a crise econômica dos anos 80 e reposicionamento estratégico


econômico dirigido para pagamento da dívida externa contraída nos períodos
anteriores obrigou a adoção do modelo neoliberal, acelerado pela crescente
internacionalização do capital financeiro. Esse modelo iniciou um processo de
diminuição da intervenção estatal, liberalização da economia a capitais
internacionais e ampliação da exportação (SENRA, 2011). Nessa fase também
se percebe a reiteração da exportação intensiva de recursos naturais na
política de desenvolvimento nacional.

No início do século o XXI o Brasil passa novamente por uma


transformação da orientação de seu modelo de desenvolvimento econômico. O
processo de reprimarização da economia, indicado na participação do setor
extrativo no PIB e na pauta de exportação brasileira, são indícios de um
modelo, ainda incipiente no país, denominado neoextrativismo. Gudynas (2009;
2012b) o define como um modelo com ênfase no crescimento econômico
pautado na apropriação de recursos naturais, com pouca diversificação
produtiva e na inserção na nova divisão internacional (citado por DOS SANTOS
E MILANEZ, 2013).

Esse modelo é resultado de um processo gradual e histórico oriundo de


uma combinação de políticas da era desenvolvimentista nacional, passando
pelo neoliberalismo da década de 90 e finalmente se formalizando com a
eleição de governos progressistas. Nessa conjuntura o Estado passa a
desempenhar um novo papel no cenário político e econômico que vai desde a
flexibilização de legislações como estímulo a extração de recursos naturais, o
apoio à internacionalização de empresas nacionais a partir da disponibilidade
de recursos financeiros e infraestrutura voltada para o escoamento da
produção com destino ao mercado internacional, e transferência de renda para
grupos específicos na forma de programas sociais de combate a pobreza como
legitimação de sua ação (DOS SANTOS E MILANEZ, 2013).

Dos Santos e Milanez (2013) apontam as consequências da implantação


deste no modelo no âmbito econômico onde, além dos produtos primários
apresentarem tendências a queda de preço a longo prazo e serem instáveis,
com efeito no planejamento econômico do país, a entrada repentina de capital
estrangeiro em regiões de exploração de recursos naturais pode provocar a
redução da diversidade produtiva causando uma dependência econômica do
setor intensivo em recursos naturais, especialmente se tratando de recursos
não renováveis, cuja a ausência de outras alternativas de renda pode levar a
uma depressão econômica da região.

A partir de 2000, houve uma intensificação da demanda e elevação dos


preços dos bens minerais. Esse fato tende a continuar pelo menos até 2020
impulsionado pelo crescimento mundial e pela demanda doméstica decorrente
das obras de infraestrutura para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas e
como parte da política de crescimento adotado pelo governo federal com
destaque para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Outro fator
que contribuiu para esse boom foi o processo de urbanização em países com
extensões territoriais relevantes, elevado PIB e alta densidade demográfica,
casos da China e Índia (IBRAM, 2012).

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu como propriedade da União


os recursos minerais (art. 20, IX), com o Estado concedendo o direito de
aproveitamento do mineral à terceiros por meio de concessão. As empresas de
extração mineral no Brasil estão sujeitas ao regime de tributação geral e ao
pagamento como contraprestação ao direito exclusivo de uso, conhecidos
como Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
(CFEM).
Os royalties são encargos exclusivos da mineração definido no art. 6º da
Lei 7.990 de 28/12/1989 como até 3% sobre o valor do faturamento liquido 3 da
venda do produto mineral, desde última etapa do processo de beneficiamento
até antes da sua transformação industrial, sendo partilhado entre as esferas
federal, estadual e municipal. O Departamento Nacional de Produção Mineral
(DNPM), autarquia do Ministério de Minas e Energia responsável pela
fiscalização e estabelecimento de normas sobre a CFEM, determina que
alíquota se dê em função da substância com o minério de alumínio, manganês,
sal gema e potássio com valor de 3%; no ferro, fertilizante, carvão mineral e
demais substâncias é de 2%; no ouro é aplicada uma taxa de 1% e pedras
preciosas, coradas lapidáveis, carbonatos e metais nobres com percentual de
0,2%4

A cobrança dos royalties sobre a mineração é justificada com base em


três parâmetros: 1) propriedade, que no caso do Brasil pertence à União (art.
20 parágrafo IX na CF 1988); 2) exaustão, pelo caráter não renovável, há uma
depreciação do patrimônio público e; 3) renda econômica, com o excedente
econômico diferenciado em função das características mina (teor, composição,
localização, etc.) refletindo no custo de produção (ELIESER BRAZ em BRASIL,
2009).

O Decreto Federal nº 1/1991 veda a aplicação das compensações


financeiras em pagamentos de dívidas e no quadro permanente de funcionários
da União, dos estados, Distrito Federal e municípios. O mesmo decreto prevê a
distribuição do montante da seguinte maneira: 12% são destinados à União,
23% aos estados e 65% aos municípios. A parcela que cabe ao governo
federal é repartida entre o DNPM (9,8%), IBAMA (0,2%) e MCT/FNDCT (2%).

A CFEM não pode ser entendida como uma tributação, mas sim uma
contraprestação frente à exploração de um recurso natural não renovável.

3
A Lei nº 8.001 de 13/13/1990 define faturamento liquido como sendo o total das receitas de vendas,
excluídos os tributos incidentes sobre a comercialização do produto mineral, as despesas de transporte
e de seguro.

4
O Novo Marco da Mineração tem como proposta a criação de uma Agência Nacional de Mineração
(ANM) em substituição ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), com isso a
arrecadação dos royalties da mineração passará a ser realizada pela ANM
Então nada mais é que uma apropriação por parte do Estado da parcela de
riqueza extraída dos recursos naturais de propriedade da União, e
consequentemente, da sociedade. Portanto, os valores advindos da CFEM
deveriam ser revertidos na geração de alternativas a mineração e não na
mitigação ou compensação dos prejuízos sociais e ambientais, mesmo porque
o fato de tratar de muito danos torna a mensuração e a monetização
imensurável (INESC, 2013).

Dessa forma, segundo o DNPM, os recursos financeiros recolhidos


devem ser “aplicados em projetos, que direta ou indiretamente revertam em
prol da comunidade local, na forma de melhoria da infraestrutura, da qualidade
ambiental, da saúde e educação”., A alteração da cobrança dos royalties é
vista como estratégia do governo para angariar uma maior cifra das receitas, a
proposta gira em torno do aumento da alíquota cobrada e a base de cálculo da
CFEM.

Aproveitando da legitimação prevista na Constituição Federal, os


governos centrais vêm promovendo mudanças nas suas legislações nacionais
para facilitar a exploração dos recursos naturais de seu território. O Novo
Marco da Mineração de acordo Milanez (2012) vem com o intuito de promover
um aumento na exploração dos recursos minerais e se apresenta como uma
política neodesenvolvimentista.

Na realidade o Novo Marco da Mineração é apoiado por duas falácias


propagadas pelos setores empresariais e pelo governo, tais como a mineração
como indutor de desenvolvimento a partir da geração de riquezas e melhoria da
qualidade de vida e a priorização da mineração sobre outras formas de uso dos
territórios sob o argumento de atende ao “interesse nacional ou público”,
controverso quanto se verifica que a exploração mineral é de caráter privado
onde somente duas instituições estão envolvidas, a União e as empresas
mineradoras (MILANEZ, 2012).

Segundo o autor quatro objetivos podem ser identificados na proposta


da nova legislação da mineração: a ampliação e intensificação da exploração
mineral; aumentar a participação do Estado nas divisas geradas através dos
royalties da mineração; desenvolver a verticalização do setor e criar
instrumentos para mitigação dos impactos ambientais da atividade (MILANEZ,
2012).

O aumento na exploração mineral idealizado pelo novo marco legal é


caracterizado pela criação de garantias de que a atividade de mineração seja
desenvolvida, sujeito a penalidades aqueles não exercerem de fato os direitos
de lavra que possuem. Como consequência desse processo novas frentes de
extração serão estabelecidas, atingindo uma proporção muito maior de áreas
(MILANEZ, 2012).

Outra orientação do novo marco é o incentivo ao beneficiamento dos


minérios no país sob a perspectiva de agregar valor aos produtos, resultando
numa maior receita com exportações e impostos e a geração de mais
empregos. Essa tendência é criticada por Bruno Milanez já que a fragilidade
institucional do Brasil, na qual os custos sociais e ambientais não são
considerados nos cálculos econômicos, permitiria que o mercado internacional
comandasse essa verticalização do setor metalúrgico nacional, incentivando a
produção de bens semimanufaturados, de baixo valor e preços instáveis, e
inibindo a produção de manufaturados. Outra questão é a permanência da
sociedade na economia mineral, por manter a dependência sobre um recurso
natural não renovável e não promover a diversificação econômica preparando
as economias locais para a fase pós mineração (MILANEZ, 2012).

A cobrança dos royalties da mineração no Brasil também é criticada.


Enríquez (1998) cita vários aspectos: o que tange a baixa taxa aplicada no país
em comparação com outros países e com a base de cálculo sendo sobre o
faturamento liquido das empresas, de difícil mensuração devido a ausência de
dados disponíveis; os benefícios dos royalties se restringirem ao município
minerador, excluindo outros que sofrem com as externalidades da atividade; o
mal uso dos recursos pela União, estados e municípios e por fim a ineficiência
na fiscalização da aplicação da compensação financeira.

Nas Nações Africanas essa taxa pode variar de 0 a 12% dependendo do


país e do mineral, na Ásia está entre 2 e 3% para metais básicos. Outra
diferenciação encontrada é quanto a forma de administração, em países
desenvolvidos, como Canadá e Austrália, o valor pago de royalties é
determinado pelas províncias e pelos estados, respectivamente. Nos Estados
Unidos o processo é complexo por variar conforme a propriedade da terra, se
federal (não havendo cobrança), estadual ou terras indígenas, e pela
substância minerada ficando entre 5% e 12% sobre a receita bruta (ELIESER
BRAZ, 2009). O novo marco legal pretende aumentar a alíquota cobrada às
empresas e alterar a base de cálculo do CFEM para a receita líquida, com isso
haveria uma menor dedução na contribuição.

No Canadá, os recursos minerais são de propriedade das províncias e


as taxas são variáveis entre 3% a 9% sobre a receita bruta, dependendo da
província, da substância, do teor da jazida e do retorno do capital investido Na
Venezuela as taxas variam de 1% a 4% da receita bruta em função da
substância e teor da jazida (ENRIQUEZ, 1998).

A figura 1 extraída Flores et al. (2004) mostra como a cobrança do


royalties é realizado em diferentes países, percebe-se diferentes quanto a
alíquota sobre a exploração e na base de cálculo do pagamento. Entre os
países da América do Sul, o Brasil é o que menos recebe recursos financeiros,
tanto pela taxa quanto pela base de cálculo,

Países Taxa Base


Argentina 3% valor boca de mina
Austrália variável conforme estados taxa variável
Bolívia 1 a 7% venda bruta
Brasil 0,2 a 3% venda liquída
Canadá variável conforme província variável conforme província
Chile n/a n/a
China 2% venda bruta
Colômbia 1 a 12% valor boca de mina
Estados Unidos n/a n/a
Peru 1 a 3% venda bruta
África do Sul n/a n/a
n/a: não aplicável
Fontes: Global Mining Taxation Comparative Study C.S.M (2000), James Ottoc; Base de
dados Conchilco; e A Primer on Mineral Taxation, Thomas Baunsgaard. Adaptado da
revista Minería Chilena nº 264, 2003. Atualizado com dados do projeto MMSD Brasil, Lei
28.258 do Peru

Figura 1: Aplicação dos royalties da mineração em diferentes países.


Muitas vezes a falta de transparência quanto a aplicação dos royalties
dificulta seu direcionamento correto. A ausência de mecanismos de fiscalização
eficiente para rastrear o destino do montante arrecadado e de uma política
eficaz de utilização da renda mineral, aliada a inexistência de planejamento de
médio e longo prazo e limitação de envolvimento do poder público e de
qualificação da comunidade atenuam os efeitos negativos da atividade
(SIMÕES, 2009).

Na concepção de Enríquez (1998) a definição de mecanismos de


prestação de contas e a criação de fundos de investimento independentes que
evitem a entrada no caixa único dos municípios prevenindo a utilização para
outros fins são fundamentais para garantir o direcionamento efetivo do
montante em benefícios para a comunidade.

Rodrigues et al. (2008) comparando indicadores socioeconômicos, tendo


como referência a compensação financeira, em municípios mineradores e
aqueles sem a atividade em Minas Gerais concluiu que somente renda e o
emprego tiveram diferenciação significativa entre os municípios, sendo os
demais (saúde, educação e habitação) não apresentando distinção. É possível
afirmar, portanto, que os resultados não são condizentes com os objetivos da
compensação financeira de ser um instrumento de desenvolvimento dos
municípios.

Outro ponto que deve ser ressaltado é o efeito concentrador dos


recursos da compensação financeira. A concentração espacial da atividade
mineral e a porcentagem repassada aos municípios mineradores (65%)
resultam numa concentração demasiada da CFEM em poucos municípios. É
evidente que municípios e regiões mineradores sofram mais com os danos
decorrentes da mineração, mas é necessário inserir não só as áreas de
influencia e impacto da mina, mas da cadeia produtiva da atividade que
compreende o transporte, a infraestrutura portuária e o beneficiamento no rol
de beneficiários (INESC, 2013).

De acordo com o Informe Mineral do segundo semestre de 2014 do


Departamento Nacional de Produção Mineral, somente 10 municípios, sendo
nove produtores de minério de ferro arrecadaram 54,1% de toda a CFEM do
período. O município de Parauapebas se destaca com 18,7% de participação
da CFEM no período, seguido por Nova Lima (6,2%), Mariana (5,2%), Itabira
(5,0%), Congonhas (4,5%), São Gonçalo do Rio Abaixo (3,9%), Itabirito (3,4%),
Brumadinho (3,0), Ouro Preto (2,4%) e Canaã dos Carajás (1,9%).
A compensação financeira, quando investida eficientemente na
diversificação da economia, tem possibilidade de gerar fluxo financeiro
constante ao município, prevenindo uma possível especialização da economia
para o setor minerário. Enríquez (1998) analisando os investimentos em
infraestrutura e em setores produtivos em municípios mineradores na
Amazônia percebeu que estes eram bem inferiores quando comparados com o
percentual da CFEM no orçamento municipal e conclui que a atividade não
promoveu melhorias na qualidade de vida da população local.
A exploração minerária apresenta peculiaridades que a distingue de
outras atividades econômicas, o fato de explorar recursos naturais não
renováveis faz dela uma atividade transitória que exige planejamento e
operação mais coerente com a realidade local, especialmente, em relação à
sua desativação (Von Kruger, s.d).

O desenvolvimento local depende da capacidade de organização com


aumento da autonomia local e crescente inclusão social ao processo de
tomada de decisão, aliado a conservação e preservação do meio ambiente
(RODRIGUES et al. 2008).

Monteiro (2005) analisando a implantação de grandes empreendimentos


de exploração e transformação mineral na Amazônia Oriental na segunda
metade do século XX afirma que a atividade não foi capaz de alavancar o
desenvolvimento regional. O autor como motivos a dependência das atividades
à dinâmicas extra regionais definindo padrões tecnológicos e o tipo de
operação da empresa não incorporando sistemas produtivos locais; os
processos produtivos são padronizados a nível global não relevando as
especificidades sociais, culturais, ecológicas e econômicas existentes; a lacuna
presente entre as políticas tributária e as estratégias de desenvolvimento local,
onde a tributação é ínfima quando comparado com o faturamento empresarial;
a grande concentração de capitais e renda reduzindo o poder de decisão local
e a necessidade de mão de obra especializada em desconformidade com os
conhecimentos locais e regionais.

Drummond (2005) em sua análise sobre o papel do manganês de Serra


do Navio concluiu que o minério pouco contribuiu para o desenvolvimento do
Amapá nas décadas de 1950 a 1970, ficando limitado a ser exportado in
natura. Entre seus argumentos se destacam a ausência de uma siderurgia no
estado, uma vez que o manganês é fundamental na produção de aço e ferro,
não proporcionado agregação de valor ou diversificação produtiva; o
abastecimento de energia para as indústrias siderúrgicas era através de carvão
vegetal vindo das matas nativas; a maior presença de grandes siderurgias no
Sudeste que contava com maior força política, excluindo o Amapá dos efeitos
desenvolvimentistas industriais e a competição de outros depósitos de
manganês em locais estratégicos.

3.3 EFEITOS SOCIOAMBIENTAIS

Os impactos causados pela mineração, associados à competição pelo


uso e ocupação do solo, geram conflitos socioambientais ao passo que esta
não reconhece a pluralidade dos interesses envolvidos. A expansão das
fronteiras econômicas acarreta choque entre territoriedades, prevalecendo o
Estado e suas formas de uso do solo que ao colocar as questões econômicas e
políticas a frente dos interesses sociais despreza outras formas de
territoriedades (LITTLE, 2002).

A implantação de grandes empreendimentos até meados dos anos 80 se


pautava na lógica territorial-patrimonialista, ou seja, indenizando somente os
proprietários das terras afetadas diretamente pelo projeto. Essa forma de
pensar desconsiderava questões como a desestruturação das relações sociais,
culturais e de valores. A mudança ocorre a partir da introdução dos conceitos
de deslocamento físico e econômico, englobando todos aqueles que tiveram o
acesso a recursos produtivos reduzidos ou perdidos de alguma maneira,
incluindo não proprietários, as comunidades anfitriãs onde os deslocados serão
reassentados e aqueles que poderão sofrer impactos de longo prazo (VAINER,
2008).

Sob a égide de desenvolvimento, muitas empresas que demandam


amplos espaços, se apropriam de territórios antes ocupados por outros atores
sociais. Por detrás desses empreendimentos existem conflitos com grupos
fragilizados político e economicamente pela disputa de espaços dentro desses
territórios em razão dos interesses contrastantes no uso dos recursos naturais
disponíveis (COSTA, 2013).

Wanderley (2009) cita os casos de Trombetas e Juruti cuja implantação


de grandes corporações mineradoras implicou em uma nova racionalidade
através do ordenamento territorial sob a forma de institucionalização do
espaço definindo novas normas e regras quanto ao uso e funções do território
bem como a criação de novos limites territoriais. Essa nova ordem espacial se
contrapõe com o espaço pré-existente formado por modos de vida e
organizações territoriais das populações locais na Amazônia.

Seguindo seu raciocínio, Wanderley (2009) define como atingidos


aqueles que “sofreram de alguma forma os impactos e mudanças materiais
e/ou simbólicas sobre seu território e/ou modo de vida” como consequência das
atividades mineradoras. Esses impactos podem vim na forma de processo de
transformação social e física que atingem diferentes dimensões e escalas,
tanto temporais quanto espaciais.

A Constituição Federal 1988 foi o marco envolvendo as questões


ambientais no Brasil, onde no seu artigo 225 define que “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”. O inciso 2º do parágrafo VII do artigo citado define que “aquele que
explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei”.
No entanto o que acontece é uma parceria entre Estado e as empresas
que ao priorizarem os interesses econômicos privados promovem o detrimento
dos direitos sociais e ambientais. Por exemplo, a cadeia produtiva de ferro
gusa na Amazônia a partir da retirada de madeira nativa para produção de
carvão vegetal, principal combustível e agente redutor do minério de ferro, sem
autorização legal como revelada pela reportagem chamada o “A Floresta que
virou Cinza”. A conclusão de que a quantidade de ferro gusa produzida era
superior à capacidade de abastecimento de carvão vegetal pelas carvoarias,
mostra que o ferro gusa é produzido com uso de carvão vegetal a partir da
extração de madeira nativa ilegal (Instituto de Observatório Social, 2011).

Em reportagem publicada pela organização Amazônia Pública, Ana


Castro, apresenta inúmeros estudos sobre os impactos sociais e ambientais
que a produção de ferro gusa causa na região. Citando estudo Greenpeace, a
autora mostra que 60% da madeira presente nos alto fornos da carvoaria é
provenientes de desmatamento ilegal, além disso, o processo vêm
acompanhado de uma série de problemas para os trabalhadores como a
exposição a poeira, fumaça, altas temperaturas e substâncias químicas
irritantes e potencialmente cancerígenas.

O embate entre economia e meio ambiente é evidenciada nos conflitos


envolvendo a transferência dos danos causados pelas alterações ambientais à
grupos fragilizados. Em contrapartida aqueles com maior poder político e
econômico se beneficiam da degradação, havendo, portanto uma distribuição
desigual do ônus e dos benefícios da expropriação dos recursos naturais em
função da desigualdade de poder entre os atores (JATOBÁ, 2009).

A lógica que rege a acumulação de riqueza opera a partir de práticas


danosas que se localizam em áreas desvalorizadas e ausentes de políticas que
regulam a ação do mercado, provocando, consequentemente, a exposição
maior à danos ambientais de grupos despossuídos (ASCELRAD, 2010).
Segundo o mesmo autor a revelação desses mecanismos e a capacidade
organizativa e de resistência de grupos sociais fez emergir a pressão pela
redefinição das práticas sociais presentes na apropriação do meio, da
localização espacial das atividades e da distribuição do poder sobre os
recursos (ASCELRAD, 2010).

Segundo Little (2006) a análise dos conflitos socioambientais deve ter


como mote central o conflito em si com identificação dos atores sociais
envolvidos e suas reivindicações, a cota de poder de cada grupo social, a
interação entre atores e destes com o meio biofísico e social e os recursos
naturais em disputa. Nascimento e Bursztyn (2010) também afirmam que o
objetivo da análise não é solucionar o problema, mas compreender as ações e
posicionamentos dos atores, a dinâmica e relações relevantes no processo de
disputa, procurando identificar elementos chaves e definidores dos problemas
para uma melhor tomada de decisão.

A implantação de qualquer empreendimento de grande porte em


localidades política e economicamente fragilizadas modifica as relações
sócioespaciais existentes. Desde o anúncio do empreendimento grupos
sociais sofrem com os efeitos do projeto, muitas vezes criando um ambiente de
incertezas, insegurança e medo sobre as comunidades atingidas (FONSECA et
al. 2013). Examinando o conflito social em torno do Projeto de mineração Rio-
Minas, em Conceição do Mato Dentro, Pereira et al (2013) mostra a violação
dos direitos humanos e ambientais das comunidades pelas ações de
negligência da empresa responsável e pela inoperância do Estado no papel de
mediador do confronto atendendo aos interesses privados frente a demanda de
outros atores sociais envolvidos.

O carvão catarinense foi descoberto em 1822 com o uso de práticas


rudimentares de extração. Na década de 60 a extração seletiva foi
abandonada, a partir daí o produto mineral passou a ser lavado em pré
lavadores instalados próximo às minas. A presença de pirita no minério, que
quando exposta ao calor e ar se oxida, ocasiona a drenagem ácida causando
impactos no sistema hidrológico (FARIAS, 2002).

O rebaixamento do lençol freático na área de influência da mina e a


disposição de rejeitos proveniente da etapa de beneficiamento são outros
problemas sobre os recursos hídricos da região. O interessante é constatar que
os impactos são mais sentidos na população de baixa renda, expondo-a a uma
maior vulnerabilidade aos riscos da atividade carbonífera (GONÇALVES e
MENDONÇA, 2007).

Vale ressaltar os danos causados à saúde das pessoas devido a falta de


fiscalização ambiental da época. O curta metragem Natureza Mortas, filmado
em Criciúma em 1995, retrata os riscos e problemas com doenças respiratórias
dos trabalhadores da Bacia Carbonífera de Santa Catarina. Em outro
documentário intitulado Gold or Water? produzido pela Compaigns for Social
Justice expõe o drama da população de El Salvador com os anos de
contaminação da mineração e agricultura afetando 90% dos rios utilizáveis. A
mineração de ouro por companhias estrangeiras alterou drasticamente o
ecossistema da cabeceira do rio que abastece 2/3 da população, gerando
grave crise hídrica.

A aplicação do conceito de rigidez locacional utilizada pelo setor mineral


como pretexto de instalação exclusiva e privilegiada em locais de grande
ocorrência mineral é questionado por Lima (2005) pelo fato de não depender
da mão de obra e do mercado consumidor. Tendo como caso analisado a
mineração no estado de Goiás que até a década de 70 era baseada em
atividades de garimpo com pouca ou nenhuma tecnologia e que hoje é um dos
grandes centros da produção mineral em escala industrial no Brasil. Contudo,
essa riqueza em reservas minerais e sua produção significativa não garantem
ao estado benefícios prometido, já que parte é exportada para as regiões
Sul/Sudeste do país ou à outros países, onde é industrializado, deixando ao
estado a exploração e operações intermediárias, além dos problemas de
sociais e ambientais (LIMA, 2005).

A atração populacional proporcionada pela expectativa de enriquecer


rapidamente de pessoas sem trabalho amplia a pressão sobre os
equipamentos urbanos e serviços públicos, além de alteração na dinâmica
social local. A Amazônia é um exemplo claro de esperança de renda com
grande fluxo migratório resultado dos garimpos na região ainda no imaginário
da população (RODRIGUES, 2007).

Leite et al (2013) analisando o caso de Paragominas, no Pará, mostra


que a expectativa de desenvolvimento local a partir da mineração gera um
incremento nos investimentos, novos empregos e mais renda per capita,
atraindo a chegada de novos moradores ao município. No entanto a
capacidade de suporte para atender tal demanda não é oferecida pelo
município e também o impedimento das grandes mineradoras à entrada de
outros mercados não permite suprir as necessidades da população, uma vez
que não há desenvolvimento da cadeia produtiva do minério e nem geração de
novos postos de trabalho.

Em matéria da ONG Repórter Brasil, organização de jornalistas que


apoia o combate ao trabalho escravo no país Barros (2007) mostra que no
município de Parauapebas cerca de 50 novas famílias desembarcavam na
estação de trem no ano de 2007 provocando inchaço das periferias de
pessoas que se instalava em condições precárias à espera de emprego.

Contudo, os conflitos socioambientais podem colaborar


significativamente para que as ações sejam mais voltadas ao meio ambiente.
Nascimento e Bursztyn (2010) descrevendo um conflito entre uma empresa
mineradora e agricultores no município de Içara-SC concluíram que o embate
entre os atores resultou em desdobramentos que fortaleceu o processo de
gestão ambiental, promovendo mobilização social em prol de um objetivo
coletivo; a criação de leis e normas, como a criação de uma unidade de
conservação; provocou a revisão de processos, com alteração do projeto inicial
da atividade e; forçou as empresas mineradoras a adotarem posturas mais
adequadas.

Dentro da perspectiva de estudo dos conflitos socioambientais vale


ressaltar o movimento por justiça ambiental originado da luta da sociedade civil
nos Estados Unidos nos anos 80 contra a prática de destinação de maior carga
dos danos ambientais, como depósitos de lixo tóxico e de indústrias poluentes,
próximos às áreas habitadas por populações marginalizadas e vulneráveis.
(DAMASCENO e SANTANA JÚNIOR, 2011).

Segundo os autores supracitados as lutas sociais são expressões da


insatisfação popular, trazendo à tona a noção de cidadania e participação
popular, por meio de reivindicações de direitos e questionamento das
instituições, sejam elas públicas ou privadas. Portanto, o movimento por justiça
ambiental é uma extensão do movimento contemporâneo por direitos civis,
podendo afirmar que “o movimento ambiental é um movimento social”
(DAMASCENO e SANTANA JÚNIOR, 2011).

ACSELRAD (2004) chama a atenção para a articulação entre


degradação ambiental e justiça social como resultado de políticas que orientam
a distribuição desigual dos problemas ambientais e acrescenta que a solução
da crise ecológica passa pela distribuição de poder mais justa sobre os
recursos naturais. As condições de sustentabilidade estão intimamente ligadas
às relações sociais de poder em que as decisões econômicas são decididas
(LIMA, 1999).

No inicio do século XXI, as entidades e movimentos sociais no Brasil


sofreram modificações em sua forma, influenciadas por movimentos
internacionais, passando a adotar a noção de justiça ambiental, sobre o qual, a
degradação ambiental está intimamente ligada à injustiça social. Essa vertente
do ambientalismo defende a multiplicidade sociocultural do meio ambiente e
que este apresenta distintas representações e lógicas de uso em diferenças
sociedades. A desigualdade na distribuição dos benefícios e danos ambientais,
inerente ao processo de acumulação de capital, caracterizado pela facilidade
de movimentação do capital e aumento do poder da chantagem locacional 5,
gerou criticas ao modelo de desenvolvimento e as práticas sociais envolvidas
na apropriação e distribuição de poder sobre os recursos naturais (ASCELRAD,
2010).

No Brasil há diversos movimentos de base que se mobilizam em prol


das comunidades mais despossuídas, que em decorrência do “progresso”
veem suas estruturas sócias e econômicas desestabilizadas. O fortalecimento
da resistência social a empreendimentos de origem extrativa é importante para
limitar a ação dos investidores, exigir esclarecimento dos impactos e o
cumprimento da legislação. Dentre as redes inter e nacionais na luta social
contra projeto minerários, se destacam a Rede Brasileira de Justiça Ambiental
5
Prerrogativas que corporações multinacionais exigem para implantação no país ou município. Segundo
Ascerald (2010) as empresas utilizam a falta de emprego e receitas públicas para estabelecer práticas
ambientalmente danosas. No plano nacional essas exigências são vantagens financeiras, liberdade de
remessas do lucro e estabilidade; em nível subnacional passa ser a flexibilização de normas ambientais e
sociais e vantagens fiscais.
(Articulação Mineração-siderurgia - 2007), Articulação Internacional dos
Atingidos pela Vale (2010), Movimento dos Atingidos pela Mineração; Comitê
Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração (2013) (MILANEZ,
2013).

O ambientalismo no Brasil se construiu a princípio de maneira informal


ligado a objetivos específicos e localizado. A chegada de entidades
internacionais inseriu temas globais nos debates das associações nacionais. A
diferença, entretanto, envolvia a importância dada às questões de
desigualdade nas lutas ambientais. Em meados da década de 1990 essas
organizações ambientalistas passaram a ser profissionalizar, atendendo as
pretensões do Estado e do mercado. Na década de 1990, houve uma tentativa
de neutralização dessas lutas sociais, concomitantemente, com o surgimento
de entidades ambientalistas estruturadas com estruturação jurídica com
tendência à atender o Estado e o mercado (ASCERALD, 2010).

Apenas como ilustração do cenário analisado o Mapa de conflitos


envolvendo injustiça ambiental e Saúde no Brasil desenvolvido pela Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Federação de Órgãos para
Assistência Social e Educacional (FASE), a partir de conflitos levantados tendo
por base principalmente às situações de injustiça ambiental discutidas em
diferentes fóruns e redes desde 2006, mostra que “os principais impactos
socioambientais se referem à alteração no regime tradicional do uso de solo”.
Esses impactos se relacionam com a disputa por territórios por parte de setores
econômicos e o modo de vida das populações tradicionais. As atividades
relacionadas à extração mineral são uma das principais atividades
responsáveis pelos conflitos. Outras atividades citadas no estudo podem estar
correlacionadas com a mineração, como a construção de hidrelétricas e
barragens, atuação de entidades governamentais, monocultura (fonte de
carvão vegetal para siderurgia), entre outros.

A ausência de atividades econômicas locais duradouras em regiões


minerárias provoca efeito direto sobre a comunidade onde a jazida está
localizada com a diminuição da renda e outros serviços. Foi o que ocorreu no
Amapá, onde segundo Simões (2009) a criação de alguns municípios teve
grande influência da mineração que estabeleceu uma economia exclusivista
voltada para a atividade e que, por paralisação ou saída da atividade nos
municípios, desestrutura toda sociedade sob a forma de desemprego em
massa, redução da receita pública e da circulação de bens e mercadorias,
entre outros fatores.

O Programa Grande Carajás (PGC) criado em 1980 pelo governo militar


a pedido da então estatal Companhia Vale do Rio Doce como forma de
desenvolver a região. Esse projeto vem acompanhado de vários incentivos
tributários e financeiros para os empreendimentos do PGC. Os principais eram
a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, da Estrada de Ferro Carajás o
porto de Itaqui. O movimento Justiça nos Trilhos denuncia a luta pelos direitos
das populações ao entorno da Estrada de Ferro Carajás que transporta minério
da Serra de Carajás, no Pará até o Terminal Ponta Madeira, no Maranhão,
para escoamento da matéria bruta para o mercado internacional. Essa ferrovia
percorre, ao longo dos seus 900 km de extensão, 720 comunidades e
povoamentos nos dois estados que convivem diariamente com riscos de
atropelamentos, ruído, vibração, poluição, tem a mobilidade dos moradores
afetada, causando um forte impacto sobre as pessoas no entorno da estrada.

As modificações na legislação ambiental a partir da década de 1980,


assimilando um caráter mais rigoroso, refletiram nos padrões envoltos no
processo de extração mineral. Cabral (2006) analisando as ações ambientais
de uma mineradora no Pará e em Minas Gerais observou uma assimetria no
tratamento da questão ambiental. Para a autora a institucionalização ambiental
moldou a estratégia de atuação da empresa. As ações no estado do Pará
adquiriram um caráter proativo com criação de áreas reservadas e certificação
ambiental, fato não visto em Minas Gerais, que após décadas de exploração
sem regulação do uso dos recursos naturais é confrontado com um grande
passivo ambiental.

A proteção de áreas ambientais se tornou estratégico para salvaguardar


grandes reservas minerais contribuindo para o estabelecimento de um novo
padrão organizacional do espaço como forma de contenção do contingente
populacional, para minimizar conflitos existentes nas áreas de entorno do
projeto, na criação de áreas autônomas e para legitimar ações de caráter
preservacionista e mascarar o interesse de exploração de médio a longo prazo
da área (RODRIGUES, 2007).

No Brasil a extração de urânio é realizada somente na unidade das


Indústrias Brasileiras Nucleares, em Caetité – BA. Um estudo feito no município
pela ONG Greenpeace, em 2008, a partir de coletas de amostras de água e
sedimento no entorno da mina. O resultado mostra que em algumas amostras
foram detectadas concentração de urânio elevadas em poços utilizados para
consumo humano, chegando a ser sete vezes mais ao recomendado pela
Organização Mundial de Saúde. Também identificou contaminação de urânio e
tório em duas lagoas naturais no entorno da mina. Embora a limitação do
estudo não permita concluir com certeza se a contaminação é resultado da
operação de mineração, deixa clara a necessidade de monitoramento dos
impactos no ambiente e na saúde humana, de responsabilidade da INB
(GREENPEACE, 2008). Outro estudo resume os problemas com poluição dos
recursos hídricos devido à mineração de urânio com restrições de uso pela
comunidade em razão dos teores de Al 3+ e F- acima dos definidos pela
Resolução 020/86 do Conama (BRASIL, 2003).

Segundo o relatório “Ciclo do Perigo – Impactos da Produção de


Combustível Nuclear no Brasil”, elaborado pelo Greenpeace, mostra a
ocorrência de vários acidentes com vazamento e transbordamento das piscinas
de licor de urânio provocando a dispersão de resíduos e contaminação do solo
e da água. A segurança no trabalho na Unidade de Concentração de Urânio de
Caetité (URA Caetité) também é citado com a exposição à riscos de
funcionários sem a devida precaução ou equipamento de segurança. O não
cumprimento de condicionantes solicitadas no EIA/RIMA da unidade, como o
Plano de Desenvolvimento Sustentável e reassentamento das pessoas ou o
monitoramento das pessoas no entorno da mina e os possíveis impactos sobre
elas mostra o descaso da mineradora com as comunidades locais.

O estabelecimento de leis ambientais e de um aparato institucional


provocou a incorporação da dimensão espacial na alocação dos recursos das
empresas, como a obrigatoriedade da realização da Avaliação de Impacto
Ambiental em empreendimentos que cause modificação no meio ambiente, tal
como a mineração e suas estruturas adjacentes.

A imagem negativa da atividade de mineração em decorrência aos


impactos causados fez com que muitas empresas adotassem estratégias
sustentáveis com o objetivo de distorcer a visão de atividade ameaçadora do
meio ambiente, transformando a indústria de mineração impulsionadora de
desenvolvimento com melhoria da qualidade de vida das comunidades e
geração de novos. Contudo, o que se percebe entre as empresas é a
incorporação da gestão ambiental como vantagem competitiva atendendo as
exigências do mercado externo e as políticas internas do país onde atuam
(CABRAL, 2006).
Enríquez (2009) a partir de indicadores ambientais identificou essa
relação entre a conservação dos recursos ambientais e fatores como idade e
região geográfica. Nas minas mais antigas percebe-se um maior passivo em
razão da ausência de preocupação com o ambiente na época, com aquelas
localizadas na região sudeste tendo um padrão reativo, ou seja, após a
institucionalização das normas ambientais estas passaram por um processo de
adaptação, incorporando o meio ambiente em seu processo de gestão. No
norte do país, porém, observa-se um padrão ativo já que muitas minas foram
instauradas após o implementação de mecanismo legais de proteção
ambiental.

4 METODOLOGIA

De acordo com Sen, 2010 (citado por RODRIGUES et al., 2008) o


desenvolvimento é um processo que pode ser medido por indicadores que não
se restringe somente ao nível de industrialização e tecnológico do local, mas
inclui serviços como de saúde e educação.

Usando a definição de Kayano e Caldas (2001) “indicadores enquanto


instrumentos importantes para controle gestão e verificação e medição de
eficiência e eficácia não apenas na administração privada, mas também e
principalmente na administração pública, por permitirem comparar situações
entre localidades (espaços territoriais) ou entre períodos diferentes de um
mesmo município”.

Os indicadores são importantes ferramentas gerenciais para a gestão


pública, como também instrumento fundamental para a fiscalização, controle e
acompanhamento desta administração, permitindo uma maior transparência da
gestão e facilitar o diálogo entre grupos sociais e destes com o governo. No
entanto, vale ressaltar que o fato de indicadores descreverem determinado
aspecto da realidade por meio de números, restringe a interpretação da
complexidade da realidade, sendo necessária uma análise e discussão
qualitativa e melhor elaborada do caso analisado (KAYANO E CALDAS, 2001).

A escolha dos indicadores, segundo Deponti (2001), deve ser feita


considerando: a relevância, validade e objetividade; a sensibilidade a
mudanças temporal; a facilidade de compreensão de modo a inserir a
participação da população local no processo; a possibilidade de replicação; o
custo e a dificuldade de obtenção; a relação com outros indicadores; dentre
outros.

Portanto, os indicadores são importantes instrumentos na análise da


realidade social por disponibilizar informações básicas que avaliar e balizar
determinadas políticas e programas públicos. Neste sentido, a utilização de
indicadores é fundamental para o fortalecimento da participação popular e
controle social (KAYANO E CALDAS, 2001).

A definição e mensuração de desenvolvimento é uma tarefa complexa e


delicada, porém dados de emprego e renda, saúde, habitação e meio
ambiente, segurança pública e gestão podem ser utilizados para medir o
desenvolvimento socioeconômico (RODRIGUES et al., 2008).

O desenvolvimento até recentemente era avaliado a partir do Produto


Interno Bruto (PIB), indicador de desempenho econômico que mostra a
capacidade de geração de renda da economia. Contudo, ao não considerarem
a distribuição da renda interna de cada área; serem fortemente afetados pela
variação cambial; serem unidimensionais e não captarem outras dimensões
importantes, esses indicadores não demonstravam a totalidade que envolve a
realidade. A criação do IDH, por outro lado, não avalia o desenvolvimento por
meio da obtenção da riqueza como finalidade mas como meio que propicia a
expansão das capacidades humanas, abrangendo não só aspectos
econômicos, mas políticos e sociais (KAYANO E CALDAS, 2001).

Nesse sentido, foram escolhidos onze municípios mineradores


espalhados no território brasileiro buscando analisar as implicações
socioambientais em nível local e relacioná-las com a porção nacional e as
alterações econômicas decorridas da atividade exploratória no local de
instalação do empreendimento.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS E MINERAIS ANALISADOS

A definição dos municípios analisados se relaciona com a região onde


estes se encontram e o tipo de minério explorado. Buscou-se abranger a maior
variedade de substâncias em função de suas importâncias para o
desenvolvimento do Brasil. A representatividade geográfica se justifica, pois,
segundo Enríquez (2009) o grau de influência e os efeitos da mineração se
diferem devido ao contexto social e econômico, local ou regional, onde tais
atividades são implantadas. A distinção socioeconômica e o cumprimento das
legislações ambientais entre as regiões são fatores importantes na análise da
interferência do projeto.

Por serem os principais estados mineradores do Brasil, o Pará e Minas


Gerais, representando a região norte e sudeste respectivamente, tiveram o
maior número de casos analisados, cada um com três municípios.

Na região centro oeste foi selecionado estado de Goiás por também se


destacar no aspecto minerário, sendo representado por dois municípios.

A região sul teve no município de Treviso seu representante. Por último


a região nordeste os municípios analisados foram Itagibá, na Bahia, e Rosário
do Catete, em Sergipe.
Quanto aos minérios é necessário ressaltar que o níquel é utilizado na
indústria metalúrgica, enquanto que o potássio e o fosfato é utilizando como
matéria prima para fabricação de fertilizantes de grande importância agrícola
para o país, o nióbio por sua ocorrência rara e por ser metal estratégico, o ouro
pelo seu valor de mercado, o minério de ferro por ser o carro chefe da
mineração no Brasil, o cobre pelo aumento da demanda mundial em conjunto
com a diminuição de operações de exploração e a bauxita como insumo na
produção do alumínio.

Reservas Produção
UF Município Mineral Participação Participação
Mundial (% ) Posição Mundial (% ) Posição
BA Itagibá Níquel 13,7 III 4,3 NE
SE Rosário do Catete Potássio 2,5 XI 0,9 XI
Alto Horizonte Cobre 2,0 NE 1,5 XIV
GO
Ouvidor Nióbio 98,2 I 92,8 I
Catas Altas Ferro 13,6 IV 13,1 III
MG Paracatu Ouro 4,4 VI 2,9 XIII
Tapira Fosfato 0,5 IV 3,0 NE
Canaã dos Carajás Cobre 2,0 NE 1,5 XIV
PA Paragominas Bauxita 11,0 V 12,7 III
Parauapebas Ferro 13,6 IV 13,1 III
SC Treviso Carvão NE NE 0,1 NE

Figura 2: Municípios e minerais analisados com suas respectivas reservas e produção. Fonte:
DNPM (2014) e E&MJ (2010).

4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS INDICADORES ECONÔMICOS

Os indicadores macroeconômicos são dados referentes à economia no


mercado exterior do Brasil enfatizando as exportações e importações de
produtos, com foco nos produtos minerais, assim como sua participação na
contabilidade da receita nacional. Os dados foram coletados de órgãos federais
ligados a atividade de mineração e as finanças brasileiras.

Dentro de um enfoque regional, as principais transferências


constitucionais para os municípios são o Fundo de Participação dos Municípios
- FPM (art. 159 da Constituição Federal), Imposto Sobre Operações
Financeiras/Ouro - IOF-Ouro, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - FUNDEF e o Fundo de
Compensação pela Exportação de Produtos Industrializados – FPEX.

As transferências constitucionais são parcelas de recursos arrecadados


pelo Governo Federal, transferidas para estados, Distrito Federal e municípios,
conforme estabelecido na Constituição Federal.

O Fundo de Participação dos Municípios é uma transferência


constitucional (CF, Art. 159, I, b), da União para os Estados e o Distrito Federal,
composto de 22,5% da arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI), distribuído entre os municípios,
aplicando-se os coeficientes individuais estabelecidos pelo TCU. A distribuição
dos recursos aos municípios é feita de acordo com o número de habitantes,
onde são fixadas faixas populacionais, cabendo a cada uma delas um
coeficiente individual. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
faz o levantamento do número de habitantes de cada município e o informa ao
TCU. Após análise dessas informações, o TCU estabelece o coeficiente
individual de participação para cada município, com base no disposto no
Decreto-Lei nº 1.881/81 (BRASIL, 2005).

A indústria extrativa mineral é a que tem o menor efeito multiplicador, na


geração de empregos e, portanto, no incremento da população. Naturalmente
isto depende muito do porte do empreendimento, já que uma atividade mineira
de larga escala gera demandas e expectativas que levam a fluxos migratórios
importantes para a região de implantação.

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de


Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) foi criado pela Emenda
Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo
Decreto nº 6.253/2007, em substituição ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério
(Fundef), que vigorou de 1998 a 2006. É um fundo de natureza contábil,
instituído no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, com a finalidade
exclusiva de financiar projetos e programas do ensino fundamental, criado pela
E.C. nº 14/96 e regulamentado pela Lei 9.424/96. A distribuição dos recursos é
feita através de coeficiente individual de participação estabelecido pelo MEC,
calculado com base no número de alunos matriculados anualmente na primeira
a oitava séries do ensino fundamental, nas escolas cadastradas das
respectivas redes de ensino (MEC, 2014)

Dos recursos do Fundo, pelo menos 60% deverá ser aplicado na


remuneração dos profissionais do Magistério em efetivo exercício de suas
atividades no ensino fundamental público. Os 40% restantes deverão ser
aplicados na manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental.

O FPM é incondicional, isto é, não está amarrado a destinações, nem


exigem contrapartidas. Já o FUNDEB está condicionado ao desenvolvimento
do setor educacional no município. Neste caso, o seu valor é um indicativo de
ações tomadas no sentido de melhorar os níveis de instrução da população e
indiretamente favorecer a inclusão social.

No caso de municípios com atividades de mineração, o CFEM é outro


aporte de recursos em contrapartida à utilização econômica de recursos
minerais existentes em seus territórios.

4.3 CARACTERIZAÇÃO DOS INDICADORES SOCIAIS

O aumento da renda per capita nem sempre conduz a melhorias no bem


estar da população dos municípios mineradores, podendo mascarar eventuais
desigualdades. A utilização de outros indicadores deve ser proposta como
contraponto ao PIB per capita que releva apenas a questão econômica. Os
indicadores sistematizados no Atlas do Desenvolvimento Humano pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) podem auxiliar
nessa tarefa.

O IDH surgiu após a constatação de que indicadores como o PIB ou PIB


per capita, denominados de primeira geração, possuíam caráter bastante
restritivo. A ilusão de que crescimento econômico implicava em melhoria de
qualidade de vida foi sendo desconstruída ao longo do tempo, estimulando a
criação de novos indicadores que melhor refletiam o bem estar da população.
Nesse cenário, surgem os indicadores de segunda geração, entre o Índice de
Desenvolvimento Humano que busca estimar o nível de desenvolvimento de
um país de maneira mais completa que a simplicidade do PIB, incorporando
três dimensões: renda, educação e longevidade. O IDH tem como
característica o fácil entendimento e em repassar seu significado a um público
diverso (Guimarães e De Martino Jannuzzi, 2011).

Guimarães e De Martino Jannuzzi (2011) criticam a utilização desses


indicadores no âmbito de politicas públicas pela limitação de abranger as várias
dimensões que envolvem vulnerabilidade social e pobreza em um só número.
Na visão dos autores há um superdimensionamento desse índice onde a
avaliação da melhoria das condições de vida dos países reduz-se a
identificação da variação do indicador restrito à três dimensões; outro aspecto
abordado é a mistura de indicadores de características distintas na construção
do índice; a utilização de grandes médias nacionais que mascaram as
desigualdades existentes nas periferias dos países e pelo fato de o "progresso"
dos países serem medidos por mudanças quantitativas não englobando
aspectos qualitativos de desenvolvimento.

Cardoso (1998) aponta o problema dessas análises não considerar as


relações de poder internacionais, geradora de desigualdade de acesso à
riqueza entre os países pobres e ao estabelecerem padrões ocidentais
contemporâneos como modelo a serem atingidos por todas as nações (citado
por Guimarães e De Martino Jannuzzi,2011).

O Índice de Desenvolvimento Humano sintético (IDH –M) é um ajuste


metodológico do IDH global, podendo ser uma ferramenta importante na
análise do efeito da atividade de extração mineral nos municípios e avaliar se a
implantação da mineração resultou ou não em melhorias para população local.

Uma das virtudes do IDH foi esclarecer aos gestores públicos que
crescimento econômico não é sinônimo de progresso, acrescentando a saúde
e educação como fatores integrantes do processo de desenvolvimento, porém
o IDH apresenta pouca efetividade em definir os impactos das politicas públicas
e serem utilizados como critério de seleção de municípios a serem
contemplados com ações públicas específicas. Por exemplo, municípios com o
mesmo IDH – inclusive os mais “pobres” – podem apresentar requerimentos de
políticas sociais totalmente distintos (Guimarães e De Martino Jannuzzi, 2011).

No entanto o objetivo do trabalho é analisar os efeitos da mineração nos


municípios, tendo a utilização do IDH uma ferramenta importante nessa
análise. Em vista do que foi apresentado no contexto acima sobre esses
indicadores, outras variáveis foram acrescentadas, como o GINI que é uma
medida de desigualdade econômica; a população do município como forma de
analisar o grau de influência da mineração na variação populacional e índices
de pobreza como se apresenta como uma maior especificidade, permitindo
uma avaliação mais minuciosa.

O quadro abaixo mostra os indicadores analisados e suas respectivas


descrições.

SIGLA NOME DEFINIÇÃO


Número médio de anos que as pessoas deverão viver a partir do nascimento, se
ESPVIDA Esperança de vida ao nascer permanecerem constantes ao longo da vida o nível e o padrão de mortalidade por idade
prevalecentes no ano do Censo.
Mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda
domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda domiciliar
GINI Índice de Gini per capita de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é
máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda).O universo de indivíduos é limitado
àqueles que vivem em domicílios particulares permanentes.
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. Média geométrica dos índices das
IDHM IDHM
dimensões Renda, Educação e Longevidade, com pesos iguais.
Índice sintético da dimensão Educação que é um dos 3 componentes do IDHM. É obtido
IDHM_ E IDHM Educação através da média geométrica do subíndice de frequência de crianças e jovens à escola,
com peso de 2/3, e do subíndice de escolaridade da população adulta, com peso de 1/3.
Índice da dimensão Longevidade que é um dos 3 componentes do IDHM. É obtido a partir
do indicador Esperança de vida ao nascer , através da fórmula: [(valor observado do
IDHM_L IDHM Longevidade
indicador) - (valor mínimo)] / [(valor máximo) - (valor mínimo)], onde os valores mínimo e
máximo são 25 e 85 anos, respectivamente.
Índice da dimensão Renda que é um dos 3 componentes do IDHM. É obtido a partir do
indicador Renda per capita , através da fórmula: [ln (valor observado do indicador) - ln (valor
IDHM_R IDHM Renda
mínimo)] / [ln (valor máximo) - ln (valor mínimo)], onde os valores mínimo e máximo são R$
8,00 e R$ 4.033,00 (a preços de agosto de 2010).
Razão entre o somatório da renda de todos os indivíduos residentes em domicílios
RDPC Renda per capita particulares permanentes e o número total desses indivíduos. Valores em reais de
01/agosto de 2010.
PESORUR População rural População residente na área rural
PESOTOT População total População residente total
PESOURB População urbana População residente na área urbana
Razão entre o número de pessoas de 18 anos ou mais de idade ocupadas no setor
% dos ocupados no setor extrativo
P_EXTR extrativo mineral e o número total de pessoas ocupadas nessa faixa etária multiplicado por
mineral - 18 anos ou mais
100.
% dos ocupados no setor agropecuário - Razão entre o número de pessoas de 18 anos ou mais de idade ocupadas no setor
P_AGRO
18 anos ou mais agropecuário e o número total de pessoas ocupadas nessa faixa etária.
% dos ocupados no setor de construção - Razão entre o número de pessoas de 18 anos ou mais de idade ocupadas no setor de
P_CONSTR
18 anos ou mais construção e o número total de pessoas ocupadas nessa faixa etária multiplicado por 100.
Proporção dos indivíduos com renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 255,00
mensais, em reais de agosto de 2010, equivalente a 1/2 salário mínimo nessa data. O
PPOB % de vulneráveis à pobreza
universo de indivíduos é limitado àqueles que vivem em domicílios particulares
permanentes.
Proporção dos indivíduos com renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 70,00
PIND % de extremamente pobres mensais, em reais de agosto de 2010. O universo de indivíduos é limitado àqueles que
vivem em domicílios particulares permanentes.

Figura 3: Indicadores sociais selecionados. Fonte: PNUD


Como referência de valores aqueles IDH que se apresentarem abaixo de
0,4 são considerados baixo desenvolvimento; entre 0,5 e 0,8 o
desenvolvimento é mediano e acima de 0,8 têm-se um alto desenvolvimento.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 ASPECTOS MACROECONÔMICOS

A diversidade e a quantidade de minerais presentes em território


nacional os colocam como elemento fundamental na manutenção da política
administrativa do governo federal, com a exportação de matéria bruta para
países, como a China, Estados Unidos e Alemanha, para o saldo favorável da
balança comercial.

A globalização econômica é perversa quando se verifica uma


dependência dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, que é o
caso do Brasil, em relação aos grandes centros do capitalismo. A troca
envolvendo a transferência de produtos primários em contrapartida adquirindo
produtos com valor agregado evidencia a desigualdade predominante no
sistema econômico vigente. Mesmo no Brasil com certo grau de
industrialização ainda sim há uma subordinação à economia mundial.

No início do século XXI a entrada de governos populares no Brasil


ocasionou um aumento significativo na exportação nacional. A economia
baseada na exploração de matéria prima para atender o mercado estrangeiro
implantada no país foi fator determinante no processo.
260
240
220
200
US$ bilhões FOB 180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
-20
-40
1953

1956

1959

1971

1974

1977

1980

1995

1998

2001

2004
1950

1962

1965

1968

1983

1986

1989

1992

2007

2010

2013
Exportação Importação Saldo Comercial

Gráfico 1: Evolução da balança comercial brasileira de 1950 a 2013. Fonte:


MDIC/SECEX/DEAEX

O setor de extração mineral contribuiu significativamente na pauta de


exportação do país. O gráfico a seguir apresenta o percentual dos minerais em
relação aos produtos exportados. Durante o período analisado a mineração se
configurou sempre entre os quatro primeiros produtos mais exportados.

Participação do setor mineral nas


exportações brasileiras
21,0

18,0

15,0

12,0
%

9,0

6,0

3,0

0,0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Gráfico 2: Porcentagem do setor extrativo mineral na exportação nacional. Fonte:


SECEX/MDIC

Os gráficos 03 e 04 mostram que a maior parte das exportações


brasileiras, em 2013, foi de produtos primários e intermediários. O mesmo
acontece com o setor mineral onde prevalece a exportação de produtos
primários, com baixo valor agregado e com potencial de geração de riqueza
subaproveitado.

A exportação de matéria bruta desvaloriza os recursos naturais


encontrados no Brasil que para serem economicamente viáveis necessitam de
grandes volumes de comercialização. A elevada participação dos produtos
primários caracteriza uma reprimarização da economia brasileira em termos de
exportação, deturpando a indústria de transformação e criando uma forte
dependência do mercado externo, fato que pode gerar implicações negativas
em caso de crise econômica mundial como ocorre atualmente. A dependência
das exportações brasileira de matérias primas expõe a capacidade do capital
internacional de definir as políticas econômicas nacionais, cada vez mais
influentes no rumo a seguir da economia brasileira.

Exportações brasileiras em 2013

8,0% 2,0% Matérias Primas/Produtos


Intermediários
Bens de Capital
17,0%
Bens de Consumo

63,0%
Combustíveis e
Lubrif icantes
Transações especiais
10,0%

Gráfico 3: Composição das exportações brasileira por categorias de uso. Fonte: MDIC/SECEX,
DNPM/DIPLAM

Como salienta Lima (2005) a disponibilidade de grandes volumes de


minerais não significa a independência econômica do país, pois mesmo com
minérios amplamente utilizando, alguns países apresentam baixo nível ou
ausência de desenvolvimento tecnológico, tornando-os dependentes das
grandes empresas exploradoras. É o caso do Brasil, que embora apresente
certo grau de industrialização, ainda predomina a exportação de produtos
primários ou semielaborados, sem agregação de valor.
O nióbio resume a dependência de países periféricos em relação aos
industrializados. Com 98% das reservas mundiais de um minério extremamente
estratégico para indústrias de ponta como aeroespaciais, na construção de
foguetes, satélites, turbina de motor de avião, o país sequer estabelece o preço
do minério. A consequência dessa omissão brasileira não permite que a
população brasileira se beneficie desse potencial, que em caso de uma
exploração bem planejada, reverteria em melhoria das condições de vida no
país.

Exportações do setor mineral em 2013

5,9% 1,7%

23,3% Bens Primários


Semif aturados
65,0%
Manuf aturados
Compostos químicos

Gráfico 4: Composição do setor mineral no ano de 2013. Fonte: MDIC/SECEX, DNPM/DIPLAM

A elevação dos preços dos minerais gera um expectativa de aumento da


lucratividade do setor extrativo mineral no mercado internacional com efeitos
desencadeados na economia nacional.

Abaixo se apresenta os valores da produção mineral do Brasil, o gráfico


resume a evolução da produção mineral entre os anos de 2005 e 2015. Ao
longo de dez anos, as operações totais passaram de US$ 13 bilhões para US$
38 bilhões, atingindo US$ 53 bilhões em 2011, recorde do setor.

No entanto, há uma redução dos valores a partir de 2011, essa


tendência também é prevista para 2015, em ocasião do baixo crescimento da
economia mundial, mais especificamente da China, principal comprador do
minério de ferro do país (DNPM, 2014).
Evolução da Produção Mineral Brasileira
60,0
53
50,0 48
44
39 40 38
40,0
US$ bilhões

30,0 28
24
17 19
20,0
13
10,0

0,0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Gráfico 5: Produção Mineral do Brasil no período de 2005 a 2015. Fonte: IBRAM

A figura a seguir resume o sistema econômico atual, no qual países


subdesenvolvidos, com pouco ou nenhum grau tecnológico, são fornecedores
de matéria prima aos países industrializados para atender suas demandas por
recurso natural e manterem sua hegemonia mundial.

A relação dos principais destinos dos minerais brasileiros tem a China


como principal mercado e impulsionadora do setor de mineração do Brasil com
participação de 39,8% das exportações.

Participação dos países nas exportações


brasileiras
39,8%
40,0%

30,0%

20,0%

10,0% 8,0%
5,4% 4,6%
4,2% 4,0%
0,0% 3,0%
2,3% 2,1%
China Japão
EUA Países
Coréia
Baixos do Sul Reino Índia Omã
Unido Suíça
Gráfico 6: Os 10 primeiros países com participação nas exportações do setor mineral no 2º
semestre/2014. Fonte: DNPM, MDIC

Em 2014, a mineração teve um superávit (numa relação entre


importações e exportações) de US$ 26,3 bilhões sendo que o saldo da balança
comercial brasileira foi de US$ 4 bilhões negativos. Destaca-se a importância
do setor mineral para fechamento da balança comercial brasileira,
principalmente o minério de ferro que correspondeu por 75,3% das exportações
do setor, seguido pelo ouro com 7%, conforme o gráfico 5. Em 2014 o salso
mineral foi 8,5 vezes o saldo do Brasil. Portanto a exportação de minério de
ferro é fundamental para se atingir o superávit primário na balança comercial
contribuindo significativamente para o pagamento da dívida pública.

Comparação saldo do Setor Mineral


x Brasil
milhões U$$

40.000,0

30.000,0

20.000,0 Setor Mineral

10.000,0
Brasil

0,0
2012
-10.000,0 2013
2014

Gráfico 7: Comparativo entre o saldo da balança do setor extrativo mineral e do Brasil. Fonte:
MDIC/IBRAM
Participação Percentual no Valor das Exportações
1%
4% 1% 2%
1% Ferro

Ouro
5%
5% Ferronióbio

Cobre
7%
Alumínio

Manganês

Pedras Nat. e Revest.


75% Ornamentais
Caulim

Outros

Gráfico 8: Percentual dos produtos minerais nas exportações do setor mineral em 2014. Fonte:
MDIC Sistema AliceWeb/IBRAM

Já as importações estão melhores distribuídas entre o potássio (37%), o


carvão (35%) e cobre (12%). O Brasil, apesar de grande produtor de
commodities agrícolas, ainda depende das importações de fertilizantes como o
potássio e o fosfato. O Plano da Mineração 2030 tem como um dos objetivos o
abastecimento do mercado interno por meio da produção de insumos
fundamentais, a exemplo, o fosfato.

A dependência brasileira em fertilizantes é uma questão discutida há


muito tempo no país, mas para garantir uma produção independente deve
abordar além da disponibilidade de jazidas, a cadeia produtiva do produto. No
caso do fosfato, o produto final requer ácido fosfórico, que demanda enxofre,
pouco produzido no Brasil e tem de importar para produzir o ácido sulfúrico,
outro insumo da produção. Por isso a tendência à importação de produtos
industrializados (DNPM, 2014).
O cloreto de potássio é utilizando principalmente como fertilizante, com o
setor agrícola responsável pela maior demanda da substância. O país é um
grande importador de potássio fertilizante, em virtude da pequena produção
interna para atender a demanda doméstica. Em 2013, a produção doméstica
de KCl representou cerca 6,03% do consumo interno aparente (DNPM, 2014).
Participação percentual no Valor das Importações
2% 1% Potássio
2%
7% Carvão
4%
Cobre

37% Enxofre
12%
Zinco

Rocha Fosfática

Pedras Nat. e Revest.


Ornamentais
Outros
35%

Gráfico 9: Percentual dos produtos minerais nas exportações do setor mineral em 2014. Fonte:
MDIC Sistema AliceWeb/IBRAM

Outro indicador da atividade é o CFEM arrecado das empresas que


desenvolvem atividades de mineração. O gráfico 5 mostra os valores da
compensação financeira no Brasil entre os anos de 2004 e 2014.

Com o aumento da demanda nacional e mundial por recursos minerais,


aliado ao aprimoramento do DNPM o valor apurado da CFEM saltou de R$ 326
milhões, em 2004, para R$1,7 bilhões, em 2014. Percebe-se que o ano de
2013 foi recorde com arrecadação de 2,4 bilhões de reais, com aumento de
29% em relação à 2012. Em 2009, devido à crise econômica desencadeada no
ano anterior, a arrecadação teve uma leve queda.
2.500,00 Arrecadação da CFEM nacional

Milhões (R$)
2.376,16

2.000,00
1.834,95
1.711,98
1.560,76
1.500,00

1.083,14
1.000,00
857,82
742,73

500,00 547,26
465,88
406,05
326,08

0,00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Gráfico 10: Evolução da CFEM no Brasil, 2004 – 2015. Fonte: DNPM

Os 10 primeiros estados arrecadadores no segundo semestre de 2014


foram: Minas Gerais (45,7%) e Pará (27,7%), grandes produtores de minério de
ferro, concentrando 73,4% da arrecadação dos royalties da mineração Na
sequência das maiores arrecadações, estão os estados de Goiás (4,8%), São
Paulo (4,0%), Bahia (2,9%), Mato Grosso do Sul (2,2%), Mato Grosso (1,6%),
Rio de Janeiro (1,2%), Santa Catarina (1,2%) e Paraná (1,0%). Os demais
estados tiveram participação de 7,7% na arrecadação nacional de CFEM
(DNPM, 2014).

Dentre os estados analisados destacam-se Minas Gerais e Pará, muito


além dos demais em relação à arrecadação da compensação financeira, como
notado no gráfico 11.
Compensação financeira sobre exploração mineral nos
1.400,00 casos analisados
Milhões (R$)

1.200,00

1.000,00

MG
800,00
BA
PA
600,00
SE
SC
400,00
GO

200,00

0,00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Gráfico 11: Arrecadação da CFEM por UF, 2004 – 2014. Fonte: DNPM

5.2 ASPECTOS MICROECONÔMICOS

Nesse tópico serão analisados os royalties destinados aos municípios


em questão durante o período de 10 anos (2004 – 2014)

Outro aspecto que será verificado é a porção da compensação dos


aportes de recurso no município. Para isso será considerado o FPM, o
FUNDEB, o ICMS e a CFEM, com o objetivo de observar o peso da tributação
na receita municipal entre os anos de 2004 e 2014.

Para melhor visualização os municípios serão distribuídos em subgrupos


de acordo com a região.

5.2.1 Sul

5.2.1.1 Treviso

O carvão mineral mostrou um aumento na arrecadação, com o ano de


2013 atingindo seu recorde. A crise energética desencadeada no Brasil nos
últimos anos favoreceu a produção do minério. O incremento do CFEM nos
aportes federais condiz com o aumento na arrecadação.

a) Arrecação CFEM b) Participação dos aportes federais


Treviso Treviso - Carvão
5,0
100,0
Milhões R$

4,0 80,0

3,0 60,0
CFEM

%
40,0
Total
2,0
20,0
1,0 0,0
2010 2011 2012 2013 2014
0,0 CFEM 37,7 38,7 41,2 45,7 41,5
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 62,3 61,3 58,8 54,3 58,5

Gráfico 12: a) Evolução da arrecadação da CFEM, 2004 – 2014 b) Proporção da CFEM nas
transferências federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

Observa-se um incremento relativamente baixo nos recursos do FPM e


FUNDEB indicando pouco investimento em programas educacionais e ações
sociais.

Transferências constitucionais
Treviso - Carvão
12,0
Milhões

10,0

8,0

6,0
FPM
FUNDEB
4,0
Total
CFEM
2,0

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 1.675.126,41 2.314.868,06 3.291.656,80 3.313.301,87 4.152.986,33 4.773.764,06
FUNDEB 82.793,63 76.499,63 250.191,97 371.552,46 577.624,56 860.093,91
Total 2.916.303,56 3.592.000,98 5.057.072,64 6.056.340,65 8.186.486,11 9.741.565,23
CFEM 1.042.541,77 1.055.634,00 1.386.599,63 2.285.025,80 3.375.924,25 4.043.891,37

Gráfico 13: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

1.1.1 Sudeste

5.2.1.2 Catas Altas


O ferro é de longe o principal mineral em valor da indústria brasileira,
tendo a China a maior parceira. Minas Gerais é o maior detentor de minério de
ferro do Brasil, com 72,5% das reservas no território brasileiro. Em 2013 o
estado foi responsável por 68,8% da produção (DNPM, 2014).

A crise financeira desencadeada em 2008 e a desaceleração do


crescimento econômico levaram a queda dos preços do minério de ferro
causando impactos negativos sobre o setor, como verificado no gráfico 14a. A
redução brusca da arrecadação da commoditie em 2009 é consequência da
crise.

A CFEM tem grande importância nos aportes federais destinados a


Catas Altas, representando mais da metade do montante. Essa dependência é
preocupante no sentido de ficar vulnerável a situações de flutuações no
mercado global à curto e médio prazo e a depressão econômica após o término
da atividade, caso o recurso advindo da compensação financeira não seja
convertido em alternativas à mineração.

a) Arrecação CFEM b) Participação dos aportes federais


Catas Altas Catas Altas - Fe
14,0
100,0
Milhões R$

12,0
80,0
10,0
60,0
8,0 CFEM
%

40,0
6,0 Total
20,0
4,0
0,0
2,0 2010 2011 2012 2013 2014
0,0
CFEM 53,4 58,1 53,5 49,8 61,0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 46,6 41,9 46,5 50,2 39,0

Gráfico 14: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

Pelo valor verificado para o FUNDEB é possível identificar baixo


investimento em educação, sugerindo ações mais efetivas na melhoria do
segmento. Pelo aumento da arrecadação proveniente da CFEM se esperava
um maior apoio ao ensino educacional.
Transferências constitucionais
Catas Altas - Ferro
Milhões 25,0

20,0

15,0

FPM
10,0 FUNDEB
Total
5,0 CFEM

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 1.919.648,45 2.662.869,81 3.791.311,49 3.826.711,99 4.845.568,39 5.613.685,14
FUNDEB 424.946,87 682.202,94 1.091.406,40 1.276.874,66 1.356.398,30 1.628.344,62
Total 3.001.760,45 4.205.028,91 11.190.979,44 11.350.736,06 13.734.468,22 19.198.282,96
CFEM 586.826,07 781.441,76 6.176.965,62 6.056.078,81 7.346.824,56 11.720.400,24

Gráfico 15: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

5.2.1.3 Paracatu

O ouro é segundo minério de exportação depois do ferro. O estado de


Minas Gerais é o principal produtor de ouro do país, responsável por 64% do
total, seguido por Goiás, Bahia e Pará (E&MJ, 2010).
A recente alta dos preços do ouro levaram a novos investimentos em
expansão e exploração para que a produção de ouro do país aumente
significativamente, consequentemente refletindo nos valores arrecadados.

Em Paracatu localiza a mina com ouro de menor grau do mundo, com


perspectiva de exploração por cerca de 30 anos. A mina apresenta potencial
para se tornar a maior produtora de ouro do Brasil, atraindo grande interesse
das multinacionais (E&MJ, 2010).

A quantia de recursos originados da atividade mineração propriamente


dita em Paracatu é pouco significativa sugerindo que há outras fontes de
captação de recursos no município, além da mineração.
a) Arrecação CFEM b) Participação dos aportes federais
Paracatu Paracatu- Ouro
20,0
100,0
Milhões R$

15,0 80,0
60,0
CFEM

%
10,0 40,0
Total
20,0
5,0
0,0
2010 2011 2012 2013 2014
0,0 CFEM 24,6 24,4 27,7 27,2 24,1
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 75,4 75,6 72,3 72,8 75,9

Gráfico 16: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

Houve um grande incremento nos aportes federais (FPM e FUNDEB)


indicando que programas de cunho educacional e ações sociais estão sendo
desenvolvidas no município.

Transferências constitucionais
Paracatu - Ouro
80,0
Milhões

70,0

60,0

50,0

40,0
FPM
30,0 FUNDEB
Total
20,0
CFEM
10,0

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 8.318.474,73 12.424.236,47 16.429.015,03 17.857.988,07 22.612.651,16 26.197.196,26
FUNDEB 5.578.280,51 6.976.645,75 12.946.883,03 16.413.298,20 19.897.721,09 24.683.069,70
Total 18.334.170,59 24.604.216,72 36.161.475,77 49.133.057,90 62.779.904,11 71.149.442,10
CFEM 3.574.935,20 4.146.158,58 5.407.459,48 12.107.465,10 17.418.554,68 17.116.224,10

Gráfico 17: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

5.2.1.4 Tapira

O Estado de Minas Gerais foi responsável, em 2013, por produzir 49%


do fosfato nacional, seguido de Goiás, com 36%, São Paulo, com 10%, Bahia,
com 4%, e Tocantins com o restante. Tapira é o maior produtor de rocha
fosfática do Brasil (DNPM, 2014). Percebe-se uma maior contribuição da CFEM
nos recursos federais, ultrapassando a metade do montante em 2013, isso
pode ser reflexo da política nacional de incentivo a produção de fertilizantes.
Essa maior participação está condicionada pelo aumento na arrecadação
monetária referente à exploração mineral.
a) Arrecação CFEM b) Participação dos aportes federais
Tapira Tapira - Fosfato
12,0
100,0
Milhões R$

10,0
80,0
8,0 60,0
CFEM

%
6,0 40,0
Total
4,0 20,0

2,0
0,0
2010 2011 2012 2013 2014
0,0 CFEM 44,0 37,4 46,0 51,2 52,1
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 56,0 62,6 54,0 48,8 47,9

Gráfico 18: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

O incremento na arrecadação é um bom impulsionador de


ações/investimentos na melhoria das condições sociais e econômicas das
comunidades na área de influência do empreendimento. No município de
Tapira observa-se que as transferências constitucionais (FPM e FUNDEB)
tiveram incrementos tímidos, o que sugere ações pouco efetivas para criação
de novas fontes de renda e de investimentos na área de educação. Nota-se
que pela arrecadação da CFEM os valores repassados à programas sociais e
de educação ainda são insuficientes.

Transferências constitucionais
Tapira - Fosfato
25,0
Milhões

20,0

15,0

FPM
10,0 FUNDEB
Total
5,0 CFEM

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 1.919.648,45 2.662.869,81 3.791.311,49 3.826.711,99 4.845.568,39 5.613.685,14
FUNDEB 619.320,25 777.165,95 1.146.029,10 1.466.876,46 1.795.196,77 2.167.374,64
Total 6.340.530,17 7.945.143,21 9.834.351,21 10.773.727,32 15.109.037,54 19.833.841,61
CFEM 3.658.470,08 4.310.709,20 4.565.536,64 4.740.226,66 6.950.563,53 10.324.244,38

Gráfico 19: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional
1.1.1 Centro Oeste

5.2.1.5 Alto Horizonte

A produção brasileira de cobre é subdesenvolvida. O estado de Goiás foi


o segundo maior produtor de cobre em 2013, com 23,7% da produção da
nação, tendo o Pará como maior produtor com 68% do total (DNPM, 2014).

A compensação financeira é de grande importância para o município


representando grande parcela da arrecadação de Alto Horizonte. O royaltie
deve ser investido em projetos de desenvolvimento local em conexão com a
mineração e na diversificação das alternativas de renda para que após
encerramento a comunidade tenha renda fixa independente do
empreendimento minerário.

a) Arrecação CFEM b) Participação dos aportes federais


Alto Horizonte Alto Horizonte - Cu
35,0
100,0
Milhões R$

30,0
80,0
25,0
60,0
20,0 CFEM
%

40,0
15,0 Total
20,0
10,0
0,0
5,0 2010 2011 2012 2013 2014
0,0
CFEM 81,0 80,7 80,1 73,3 68,3
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 19,0 19,3 19,9 26,7 31,7

Gráfico 20: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

As transferências do FUNDEB e FPM foram discretas até 2008, a partir


de 2010 houve aumento relativo, indicando uma tendência do município à
criação de programas de educação. Essa elevação pode ser em função da
exploração mineral do cobre já que o inicio da operação coincidiu com o
aumento dos valores, porém ainda muito discretos em termos de relação
percentual entre CFEM e FUNDEB. No entanto, esses valores podem ser
incrementados com o amadurecimento do empreendimento minerário.
Transferências constitucionais
Alto Horizonte - Cobre
Milhões 40,0

35,0

30,0

25,0

20,0
FPM
15,0 FUNDEB
Total
10,0
CFEM
5,0

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 1.799.027,07 2.497.293,21 3.582.981,55 3.600.677,06 4.480.175,37 5.145.861,12
FUNDEB 222.147,39 314.146,32 547.477,70 869.703,66 2.308.340,34 3.695.781,62
Total 2.053.659,69 2.859.046,70 24.867.121,64 26.285.683,26 36.095.877,08 29.551.961,66
CFEM 20.678.108,75 21.283.754,72 28.897.233,05 20.196.742,64

Gráfico 21: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

5.2.1.6 Ouvidor

As reservas lavráveis de nióbio no Brasil estão nos estados de Minas


Gerais, Amazonas, Goiás, Rondônia e Paraíba. O estado de Goiás é o
segundo maior produtor de nióbio do Brasil com 42% do total produzido, atrás
apenas de Minas Gerais. O nióbio brasileiro domina a produção mundial, em
2013 essa participação no mercado global foi de 92,8% (DNPN, 2014, E&MJ,
2010).
O gráfico a seguir mostra a importância da tributação mineral no
município de Ouvidor, ultrapassando a receita dos demais recursos federais.
A queda de arrecadação da compensação em 2014 é devida,
principalmente, a desaceleração da economia, grande consumidora da liga
ferro-nióbio para produção de aço (DNPM, 2014).
O aumento da participação da CFEM nas transferências constitucionais
é em função da maior arrecadação em 2012, 2013 e 2014.
a) Arrecação CFEM b) Participação dos aportes federais
Ouvidor Ouvidor - Nióbio
9,0
100,0
Milhões R$

8,0
7,0 80,0
6,0 60,0
5,0 CFEM

%
40,0
4,0 Total
3,0 20,0
2,0 0,0
1,0 2010 2011 2012 2013 2014
0,0 CFEM 33,7 30,2 53,2 56,1 49,8
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 66,3 69,8 46,8 43,9 50,2

Gráfico 22: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

Observa-se, ainda, que as transferências constitucionais ao FUNDEB


teve incremento discreto, pressupondo pouca mobilização no sentido de
investimentos na área de educação. O FPM aumentou em razão de a
população ter quase duplicado em duas décadas.

Transferências constitucionais
Ouvidor - Nióbio
16,0
Milhões

14,0

12,0

10,0

8,0
FPM
6,0 FUNDEB
Total
4,0
CFEM
2,0

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 1.799.027,07 2.497.293,21 3.582.981,55 3.600.677,06 4.480.175,37 5.145.861,12
FUNDEB 116.665,13 173.915,46 386.854,35 659.037,07 1.085.694,22 1.722.187,39
Total 3.812.200,18 4.690.758,56 6.347.498,71 6.892.517,53 12.259.644,36 14.009.027,84
CFEM 1.755.796,80 1.840.812,70 2.138.191,50 2.322.984,05 6.518.369,37 6.976.446,59

Gráfico 23: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

5.2.2 Nordeste

5.2.2.1 Itagibá

O município de Itagibá conta com a maior mina de níquel sulfatado a céu


aberto da América Latina e a segunda maior das Américas ficando atrás da
canadense Inco. Com investimento de US$ 450 milhões, a estimativa de
produção de 4,6 milhões de toneladas de minério anuais, onde metade deste
montante será exportada para Finlândia e a outra parte para a Votorantin em
Minas Gerais e Ceará (Jornal da Mídia, 2009).

A contribuição da CFEM se inicia em 2010 e logo se percebe seu


aumento nos dois anos seguintes e uma posterior queda no valor arrecadado.

a) Arrecação CFEM b) Participação dos aportes federais


Itagibá Itagibá - Níquel
12,0
100,0
Milhões R$

10,0
80,0
8,0 60,0
CFEM
%

6,0 40,0
Total
4,0 20,0

2,0
0,0
2010 2011 2012 2013 2014
0,0
CFEM 29,7 39,2 38,2 47,4 26,3
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 70,3 60,8 61,8 52,6 73,7

Gráfico 24: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

O aumento dos valores repassados do governo federal ao FUNDEB e


FPM pode ter alguma influência do inicio da operação mineral no município.
Nota-se um aumento substancial nas transferências constitucionais a partir de
2010, passando de 5,7 milhões em 2004 para 27,2 milhões em 2012.
Transferências constitucionais
Itagibá -Níquel
Milhões 30,0

25,0

20,0

15,0
FPM
FUNDEB
10,0
Total
CFEM
5,0

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 3.551.625,12 4.533.907,84 6.614.302,11 6.633.018,50 8.491.147,24 9.680.351,68
FUNDEB 2.089.971,00 3.182.525,88 4.797.670,50 5.767.861,23 8.205.823,63 8.804.415,15
Total 5.709.907,93 7.812.259,51 11.500.398,51 17.761.668,12 27.203.776,08 25.255.720,97
CFEM 5.270.420,42 10.390.362,63 6.630.085,14

Gráfico 25: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

5.2.2.2 Rosário do Catete

As reservas de sais de potássio no Brasil estão localizadas em Sergipe e


no Amazonas. O estado de Sergipe é onde se encontra a única unidade de
produção do potássio do Brasil.

Com potencial de se tornar a maior planta industrial de extração de


potássio do Brasil, Rosário do Catete será fundamental para a redução da
dependência na importação de fertilizantes que atinge 90% no caso do
potássio. O contrato entre a mineradora Vale  e a Petrobras, assinado em
2012, faz parte do plano de expansão da Vale na área de fertilizantes (Agência
Brasil, 2012).

Percebe-se uma oscilação frequente nos valores arrecadados pela


CFEM indicando a vulnerabilidade que o município está sujeito em relação à
atividade. Esse fato reforça a defesa da diversificação produtiva dos
municípios, evitando uma especialização econômica e criando alternativas de
arrecadação de recursos financeiros.
Arrecação CFEM Participação dos aportes federais
a) Rosário do Catete b) Rosário do Catete - Potássio
8,0
100,0
Milhões R$

7,0
6,0 80,0
5,0 60,0
CFEM

%
4,0 40,0
Total
3,0 20,0
2,0
0,0
1,0 2010 2011 2012 2013 2014
0,0 CFEM 43,2 19,5 33,4 41,1 37,9
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 56,8 80,5 66,6 58,9 62,1

Gráfico 26: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

O aumento no valor do FUNDEB não pode ser considerado em função


da atividade minerária, uma vez que a CFEM se manteve estável ao longo do
período analisado. Pode ter havido uma maior participação popular nas
políticas públicas exigindo maior investimento na educação. Contudo é um fato
elogiável o maior repasse monetário para este setor, como forma de inclusão
social. Os valores do FPM são compreensíveis, pois são mais sentidos em
empreendimentos de grande porte que atrai um elevado contingente
populacional.

Transferências constitucionais
Rosário do Catete - Potássio
20,0
Milhões

18,0
16,0
14,0
12,0
10,0
FPM
8,0 FUNDEB
6,0 Total

4,0 CFEM

2,0
0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 2.123.414,26 2.720.520,27 3.777.512,29 3.780.279,33 4.709.654,08 5.411.580,04
FUNDEB 975.694,08 1.685.197,78 2.721.197,56 3.447.305,73 4.428.367,99 6.043.523,85
Total 9.200.345,08 7.708.208,96 11.248.044,10 12.940.629,27 13.913.935,78 18.639.821,13
CFEM 5.908.393,22 3.116.697,82 4.514.319,34 5.592.696,19 4.652.759,89 7.058.864,50

Gráfico 27: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

1.1.1 Norte
O alto grau de ocupação da região Sudeste e Sul e o esgotamentos de
minas próxima à esses centros econômicos, em conjunto com expansão do
setor agrícola no Centro Oeste, faz com que a atividade de mineração seja
deslocada para regiões mais distantes com potencial de exploração, caso da
região Norte do país, com destaque para o estado do Pará.

5.2.2.3 Canaã dos Carajás

O município de Canaã dos Carajás é o principal município minerador,


com a exploração de minério de cobre prevalecendo sobre as demais
substâncias.

De 2004 a 2014 a arrecadação do município proveniente da CFEM


aumentou mais de quatro vezes, com recorde em 2013 alcançando o valor de
R$ 37,6 milhões. Com o grande volume de recursos financeiros da CFEM, esse
aporte tem peso significativo no total repassado ao município.

a) Arrecação CFEM b) Participação dos aportes federais


Canaã dos Carajás Canaã dos Carajás - Cu
40,0
Milhões

100,0
30,0 80,0
60,0
CFEM
%

20,0 40,0
Total
20,0
10,0
0,0
2010 2011 2012 2013 2014
0,0 CFEM 58,1 57,5 58,2 57,6 47,8
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 41,9 42,5 41,8 42,4 52,2

Gráfico 28: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

A mineração no município de Canaã dos Carajás é considerada de


grande porte, servido de polo atrativo de migrantes de regiões mais pobres.
Esse aumento populacional provocou consequentemente o valor de
arrecadação do FPM e no FUNDEB, mostrando ações no âmbito social e da
educação.
Transferências constitucionais
Canaã dos Carajás - Cobre
Milhões 80,0

70,0

60,0

50,0

40,0
FPM
30,0 FUNDEB
Total
20,0
CFEM
10,0

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 2.258.725,97 3.085.952,73 6.478.101,17 7.502.033,00 9.205.834,28 12.105.354,53
FUNDEB 2.521.403,59 3.048.938,49 6.395.598,04 10.287.622,18 15.848.010,75 21.705.099,78
Total 12.599.029,20 28.035.205,91 41.113.082,32 45.428.468,30 63.295.183,90 68.088.157,79
CFEM 7.624.156,37 21.344.415,23 26.898.958,85 26.389.306,77 36.867.859,49 32.525.046,46

Gráfico 29: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

5.2.2.4 Paragominas

Outro município analisado no estado do Pará foi Paragominas que tem a


bauxita, além da areia e argila, como minérios explorados. A bauxita, no
entanto, é responsável por quase todo valor recolhido. Em 2012 e 2014, esse
minério representou 99,9% do total da CFEM municipal.

A contribuição do CFEM nos aportes do município teve uma ligeira


queda, ainda sim é importante no orçamento municipal.

Arrecação CFEM Participação dos aportes federais


a) Paragominas
b)
Paragominas - Bauxita
20,0
100,0
Milhões R$

15,0 80,0
60,0
CFEM
%

10,0 40,0
Total
20,0
5,0
0,0
2010 2011 2012 2013 2014
0,0 CFEM 15,5 13,7 17,7 14,9 14,2
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 84,5 86,3 82,3 85,1 85,8

Gráfico 30: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional
O incremento substancial nos valores do FUNDEB indica um maciço
investimento em programas de educação, o que mostra uma melhoria no
serviço disponibilizado para este segmento. O FPM também teve aumento,
porém mais modesto resultado do aumento populacional. Fica claro que a
mineração tem grande contribuição no aumento dos valores repassados ao
município.

Transferências constitucionais
Paragominas - Bauxita
120,0
Milhões

100,0

80,0

60,0
FPM
FUNDEB
40,0
Total
CFEM
20,0

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 7.905.539,29 10.799.881,0 15.115.568,8 16.075.784,6 19.726.787,4 24.210.708,7
FUNDEB 10.246.911,7 14.368.441,7 30.880.636,8 41.709.640,8 65.818.189,8 70.229.027,9
Total 19.339.549,5 26.691.854,1 52.752.092,4 70.406.580,8 105.771.963, 111.990.672,
CFEM 5.435.059,67 10.916.670,6 18.709.075,2 15.926.260,4

Gráfico 31: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

5.2.2.5 Parauapebas

O Pará possui a terceira maior reserva de ferro do Brasil, porém O município


apresenta o minério de maior qualidade, com 64,8% de teor de ferro (DNPM,
2014), descoberta em 1967 suas reservas ultrapassavam 2 bilhões de
toneladas de minério de ferro de alto teor.

Parauapebas possui uma grande importância, pois representa a maior


arrecadação da CFEM no Pará, sendo responsável por 73% do total
arrecadado no estado em 2014, queda de 14% em relação ao ano anterior. A
contribuição a nível nacional chegou a 21% do total arrecadado no ano
passado. O minério de ferro, em 2013 e 2014, representou 98% do total
recolhido. Outros minérios também contribuíram como o manganês, o ouro,
granito, gnaisse e níquel, porém, de maneira não muita significativa
(DIPAR/DNPM, 2014).

Em quatro anos houve um incremento de 55% nos aportes indicando


expansão do empreendimento e da população. O que se percebe é uma
enorme participação da CFEM nos recursos federais destinados à
Parauapebas. De 2010 a 2014 esses valores representaram mais que 70% do
total recolhido ao município.

Arrecação CFEM Participação dos aportes federais


a) Parauapebas b) Parauapebas - Fe
800,0
100,0
Milhões R$

600,0 80,0
60,0
CFEM
%
400,0 40,0
Total
20,0
200,0
0,0
2010 2011 2012 2013 2014
0,0 CFEM 70,6 75,2 75,2 83,1 67,9
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total 29,4 24,8 24,8 16,9 32,1

Gráfico 32: a) Arrecadação da CFEM e b) Relação entre CFEM e outros aportes financeiros
federais. Fonte: DNPM/Tesouro Nacional

Os níveis e os incrementos dos aportes indicam crescimentos da


população e de ações sociais. O aumento expressivo no valor repassado pelo
FUNDEB sugere a existência de programas de educação, a eficácia destes, no
entanto, deve ser verificada para melhores conclusões.

A atividade minerária neste caso foi o principal motivo do aumento do


FPM devido a grande atração de pessoas que um grande empreendimento
promove.
Transferências constitucionais
Parauapebas - Ferro
600,0
Milhões

500,0

400,0

300,0
FPM
FUNDEB
200,0
Total
CFEM
100,0

0,0
2004 2006 2008 2010 2012 2014
FPM 7.340.857,92 10.798.634,6 19.434.302,7 38.549.611,5 48.528.336,8 52.769.541,7
FUNDEB 10.448.634,9 15.226.877,7 35.291.549,1 50.120.887,6 81.442.736,0 109.295.494,
Total 54.702.263,0 110.947.079, 217.980.229, 325.535.540, 567.959.567, 544.010.961,
CFEM 30.302.698,9 77.182.521,9 156.474.677, 229.896.598, 427.086.035, 369.352.761,

Gráfico 33: Recursos federais transferidos à programas sociais. Fonte: Tesouro Nacional

5.3 ASPECTOS SOCIAIS

Conforme referido anteriormente há indicadores disponíveis que avaliam


a qualidade de vida da população.

Os municípios analisados foram os mesmo mencionados nos aspectos


econômicos. A seguir são exibidos os índices para as localidades
selecionadas.

Para efeito de melhor compreensão os municípios foram divididos em


subgrupos de região.
5.3.1 Sul

Indicadores 2010
Santa Catarina
1,0
0,86
0,774 0,773
0,8 0,697

0,6 0,49
0,4

0,2

0,0
IDHM GINI IDHM_E IDHM_L IDHM_R

Gráfico 34: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado de Santa


Catarina. Fonte: PNUD

5.3.1.1 Treviso

O município de Treviso foi o representante da região Sul, de intensa


exploração do carvão mineral, com vários conflitos socioambientais entre
comunidades e empresas mineradoras e com graves danos ambientais. O
carvão do sul catarinense foi importante na economia do país algumas décadas
atrás, no entanto, hoje exerce pouca influência.

As figuras mostram uma evolução significativa nos valores dos índices,


especialmente o referente à educação. A longevidade foi o único índice que
atingiu um alto desenvolvimento. Os demais foram considerados medianos,
embora apresentem valores representativos. O índice de desenvolvimento
humano apresentou maior crescimento na última década. O baixo valor do
índice GINI indica uma baixa desigualdade social.

a) IDHM e GINI b) Indicadores


Treviso - Carvão 1,0
1,0 0,8
0,8 0,6
0,6 0,4
0,4 0,2
0,2 0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,237 0,439 0,714
IDHM 0,459 0,612 0,774 IDHM_L 0,739 0,793 0,882
GINI 0,38 0,32 0,34 IDHM_R 0,553 0,657 0,737
Gráfico 35: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade e b) Indicadores de
qualidade de vida no município de Treviso-SC. Fonte: PNUD (2010)

Considerando o ano de 2010 somente o indicador de renda apresentou


valores abaixo do verificado em Santa Catarina. O índice de educação é
bastante expressivo quando comparado com o estado. Verifica-se também
uma menor desigualdade no município de Treviso.

Todos os indicadores foram superiores ao do Brasil, exceto o referente à


renda que ficou um pouco abaixo. A desigualdade presente no Brasil supera a
do município, enquanto, Treviso é de 0,34, o GINI nacional é de 0,60.

A população do município cresceu cerca de 20% em 20 anos Até os


anos 2000 a população rural era superior à urbana, o que se inverteu em 2010,
porém o que se vê é uma semelhança no número de habitantes. Considerando
somente três setores econômicos fica claro que grande parcela é direcionada
para agropecuária, na extração mineral houve um decréscimo de trabalhadores
entre 2000 e 2010, ainda assim exerce forte influência na região com 25% da
população em 2010.

a) Perfil População b) Setores econômicos


60,0
8.000
50,0
7.000
40,0
6.000
30,0 Setor agropecuário
%

5.000
População total 20,0
4.000 Setor de construção
População urbano
10,0
3.000 População rural Setor extrativivo
0,0
2.000 2000 2010 mineral
Setor agropecuário 23,88 12,81
1.000
Setor de construção 6,81 5,27
0 Setor extrativivo
1991 2000 2010 26,37 24,54
mineral

Gráfico 36: a) Perfil populacional b) Ocupação da população no município de Treviso. Fonte:


PNUD

A renda per capita de Treviso aumentou de R$ 249,93 em 1991 para R$


784,39 em 2010, ficando abaixo do estado de Santa Catarina (R$ 983,90).
a) Renda individual b) 100,0
Indicadores 3
900,0
800,0 80,0
700,0 784,39
60,0
600,0
R$ 500,0 40,0 vulneráveis
extremamente
400,0 477,34
20,0 ESPVIDA
300,0
200,0 0,0
249,93 1991 2000 2010
100,0 vulneráveis 63,2 16,4 7,3
0,0 extremamente 8,45 0,00 0,09
1991 2000 2010 ESPVIDA 69,31 72,59 77,94

Gráfico 37: a) Renda per capita b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no município
de Treviso-SC. Fonte: PNUD

Observa-se uma redução da situação de pobreza do município. Somente


0,09% da população vivem em extrema pobreza e 7,3% está vulnerável, este
último apresentou uma evolução, uma vez que em 1991 esse valor era de
63,2%.

A expectativa de vida verificada é maior que a média nacional, que em


2010 era de 73,94 anos, por sua vez a do município de Treviso alcançou 77,94
anos.

5.3.2 Sudeste

As figuras 7 e 8 mostram o quadro de Minas Gerais dos indicadores


considerados no estudo para título de comparação com os casos analisados.

Indicadores 2010
Minas Gerais
1,0
0,838
0,8 0,731 0,73
0,638
0,6 0,56

0,4

0,2

0,0
IDHM GINI IDHM_E IDHM_L IDHM_R

Gráfico 38: Indicadores de qualidade de vida e desigualdade para o estado de Minas Gerais em
2010. Fonte: PNUD
5.3.2.1 Catas Altas

Os indicadores de educação e renda mostram números que merecem


atenção, sendo classificados como mediano em termos de desenvolvimento. O
índice de desenvolvimento humano apesar da melhora dos anos 90 até a
última década ainda está abaixo do esperado. A longevidade foi o único
aspecto que apresentou um alto desenvolvimento, mas como visto no gráfico
16 esse índice já se caracterizava como um bom indicador.

O índice de desigualdade mostra uma distribuição de renda equilibrada,


bem abaixo da média estadual de 0,560.

a) IDHM e GINI b) Indicadores


Catas Altas - Ferro 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6

0,4 0,4
0,2
0,2
0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,187 0,433 0,582
IDHM 0,423 0,592 0,684 IDHM_L 0,717 0,813 0,828
GINI 0,49 0,45 0,39 IDHM_R 0,564 0,589 0,665

Gráfico 39: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade no município de Catas Altas-


MG. Fonte: PNUD

A população rural decresceu em 63% enquanto a urbana aumentou em


59% entre o período analisado. Em 2010 87% das pessoas viviam na cidade. A
extração mineral é a principal atividade do município, embora o decréscimo de
14%, ainda assim ocupa parcela expressiva de 20% da população.

a) Perfil População b) Setores econômicos


60,0
12.000
50,0
10.000
40,0

8.000 30,0 Setor agropecuário


%

População total 20,0


6.000 Setor de construção
População urbano
10,0
4.000 População rural Setor extrativivo
0,0
2000 2010 mineral
2.000 Setor agropecuário 17,11 12,46
Setor de construção 7,02 9,64
0 Setor extrativivo
25,22 19,11
1991 2000 2010 mineral

Gráfico 40: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de Catas Altas-


MG. Fonte: PNUD
A renda por pessoas aumento nos últimos anos, embora seja menor que
a do estado de Minas Gerais, atingindo R$ 502,15 em 2010. As pessoas em
situação de extrema pobreza diminuíram ao longo do tempo, mas ainda afeta
1,21% da população. Pior é o quadro daqueles vulneráveis à ela, onde apesar
da melhora significativa, atinge 26% da população. A expectativa de vida em
2010 é inferior a do estado de Minas Gerais.

a) Renda individual b) 100,0


Indicadores 3
600,0

80,0
500,0
502,15
60,0
400,0
R$ 40,0 vulneráveis
300,0
extremamente
312,29
267,64 20,0 ESPVIDA
200,0

0,0
100,0 1991 2000 2010
vulneráveis 74,2 59,4 26,2
0,0 extremamente 9,54 10,76 1,21
1991 2000 2010 ESPVIDA 68,04 73,75 74,65

Gráfico 41: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no município
de Catas Altas-MG. Fonte: PNUD

5.3.2.2 Paracatu

A educação é um dos índices que devem ser melhorados, porém se


encontra acima do verificado para o estado de Minas Gerais. O índice de
desenvolvimento humano, em 2010, para o município também foi superior ao
do estado.

A disparidade da renda é outro fator a ser considerado, embora haja


reduzido ao longo do tempo, ainda sim é possível identificar uma concentração
desta entre a população.

Os índices apresentaram uma melhora considerável, especialmente na


última década analisada. Esse quadro não se deve exclusivamente à atividade
minerária, já que se encontram outras formas de economia no município.
a) IDHM e GINI b) Indicadores Paracatu
Paracatu - Ouro 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6

0,4 0,4
0,2
0,2
0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,236 0,470 0,685
IDHM 0,458 0,613 0,744 IDHM_L 0,686 0,761 0,854
GINI 0,58 0,59 0,51 IDHM_R 0,594 0,645 0,704

Gráfico 42: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade e b) Indicadores de


qualidade de vida no município de Paracatu-MG. Fonte: PNUD (2010)

Nota-se uma forte urbanização da população já na década de 90 com os


valores aumentando de 1991 a 2010. O setor extrativo teve um aumento no
número de trabalhadores entre 2000 (3,80%) e 2010 (5,36%), porém
predominando a agropecuária.

Perfil População Setores econômicos


a) b)
40,0
180.000
35,0
160.000 30,0
140.000 25,0
120.000 20,0 Setor agropecuário
%

100.000 População total 15,0


10,0 Setor de construção
80.000 População urbano
5,0
60.000 População rural Setor extrativivo
0,0
40.000 2000 2010 mineral
Setor agropecuário 26,00 18,72
20.000
Setor de construção 7,20 10,65
0 Setor extrativivo
3,80 5,36
1991 2000 2010 mineral

Gráfico 43: a) Perfil populacional b) Infraestrutura no município de Paracatu. Fonte: PNUD

A renda aumentou ao longo do tempo, em 2010 o valor foi inferior à


verificada em Minas Gerais (R$ 749,69). Os índices de pobreza do município
são preocupantes com 30,2% da população, em 2010, em situação de
vulnerabilidade. A esperança de vida no município mostrou um aumento com
os anos alcançando 76,22 anos em 2010, valor maior que a do estado de
Minas Gerais, 75,30 anos.

Renda individual Indicadores 3


a) b) 100,0
700,0

600,0 80,0
637,80
500,0 60,0

400,0
R$ 443,35 40,0 vulneráveis
extremamente
300,0
321,51 20,0 ESPVIDA
200,0
0,0
100,0 1991 2000 2010
vulneráveis 68,4 57,0 30,2
0,0 extremamente 16,43 8,64 2,37
1991 2000 2010 ESPVIDA 66,13 70,66 76,22
Gráfico 44: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no município
de Paracatu-MG. Fonte: PNUD

5.3.2.3 Tapira

No gráfico a seguir pode-se observar um progresso no índice de


educação, embora ainda permaneça com números pouco expressivos.Os
índices de longevidade e renda foram os que se apresentaram com números
mais contundentes.

O índice de desenvolvimento humano que em 2010 foi de 0,712 abaixo


do apurado no âmbito estadual, mas mesmo assim ainda é considerado bom.
Fator preocupante é o aumento da disparidade econômica ao longo do tempo,
evidenciando uma maior concentração da riqueza no município.

a) IDHM e GINI b) Indicadores


Tapira - Fosfato 1,0
0,80
0,8
0,60
0,6
0,40 0,4
0,2
0,20
0,0
1991 2000 2010
0,00
1991 2000 2010 IDHM_E 0,192 0,436 0,590
IDHM 0,423 0,593 0,705 IDHM_L 0,708 0,777 0,821
GINI 0,50 0,46 0,54 IDHM_R 0,568 0,621 0,724

Gráfico 45: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade no município de Tapira-MG.


Fonte: PNUD

Houve um declínio na população total e rural no município, enquanto a


urbanização aumentou em 25%. Em consonância com o declínio da população
também houve uma redução na mão de obra dos três setores em estudo. Em
2010, cerca de 4% da população estava empregada na extração mineral. Esse
fato evidencia que a mineração é pouco influente em termos de geração de
emprego.
a) Perfil População b) Setores econômicos
70,0
14.000
60,0
12.000 50,0
10.000 40,0
Setor agropecuário

%
30,0
8.000 População total
20,0 Setor de construção
6.000 População urbano
10,0
População rural Setor extrativivo
4.000 0,0
mineral
2000 2010
2.000 Setor agropecuário 46,95 39,8
Setor de construção 5,28 5,34
0 Setor extrativivo
1991 2000 2010 5,42 3,91
mineral

Gráfico 46: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de Tapira-MG.


Fonte: PNUD

A renda per capita do município sempre foi alta, em 2010 esse valor
alcançou R$ 1.485,51, superior a média nacional de R$ 793,87. A expectativa
de vida da população se encontra em padrão satisfatório.

Renda individual Indicadores 3


a)1600,0 b) 100,0

1400,0 80,0
1485,51
1200,0
60,0
1000,0
R$ 40,0 vulneráveis
800,0
extremamente
600,0 766,64 20,0 ESPVIDA

400,0 591,94
0,0
1991 2000 2010
200,0
vulneráveis 68,4 50,3 21,5
0,0 extremamente 35,30 11,57 4,81
1991 2000 2010 ESPVIDA 70,07 73,33 75,8

Gráfico 47: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no município
de Tapira-MG. Fonte: PNUD

O número de pessoas em extrema ou vulnerável a pobreza, ainda que


tenha evoluído nas últimas décadas, não estão em patamares aceitáveis,
principalmente os que se encaixam no segundo grupo (21,5% do total). A
redução da pobreza não foi acompanhada pela maior distribuição da riqueza
gerada, visto no aumento da renda per capita, portanto é necessária a
reformulação da política no sentido de efetivar seu objetivo de maior inclusão
social.
1.1.2 Centro Oeste

Indicadores 2010
Goiás
1,0
0,827
0,8 0,735 0,742
0,646
0,6 0,55

0,4

0,2

0,0
IDHM GINI IDHM_E IDHM_L IDHM_R

Gráfico 48: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado de Goiás. Fonte:
PNUD

5.3.2.4 Alto Horizonte

Alto Horizonte apresenta bons indicadores de qualidade de vida,


especialmente os que tangem aspectos de longevidade e desenvolvimento
humano. O valor do IDH_E de 0,624 em 2010 mostra um progresso excelente
na educação no município. O gráfico 53b mostra uma distribuição mais
igualitária no município ao longo do tempo.

O índice de desenvolvimento humano mostra município com boas


condições para proporcionar melhor qualidade de vida, corroborados pelos
índices de longevidade e renda.

a) Índice de Desenvolvimento humano e b) Indicadores Alto Horizonte


GINI Alto Horizonte 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6

0,4 0,4
0,2
0,2
0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,110 0,371 0,624
IDHM 0,342 0,557 0,719 IDHM_L 0,687 0,795 0,841
GINI 0,62 0,51 0,49 IDHM_R 0,528 0,585 0,709

Gráfico 49: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b) Indicadores de


qualidade de vida no município de Alto Horizonte-GO. Fonte: PNUD
A população urbana que no ano 1991 era inexistente, em 2010
representava cerca de 90% do município. Se em 1991 a extração mineral era
incipiente, em 2010 quase 8% da população estava vinculada a atividade. O
setor de construção também houve aumento para atender o acréscimo de
moradores.

População Alto Horizonte Setores econômicos Alto Horizonte


a) b) 60,0
10.000
9.000 50,0
8.000 40,0
7.000 30,0 Setor agropecuário

%
6.000 População total 20,0
5.000 Setor de construção
População urbano
4.000 10,0
População rural Setor extrativivo
3.000 0,0
2000 2010 mineral
2.000
Setor agropecuário 38,31 14,36
1.000 Setor de construção 10,14 13,86
0 Setor extrativivo
1991 2000 2010 0,39 7,43
mineral

Gráfico 50: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de Alto Horizonte-


GO. Fonte: PNUD

O aumento da renda per capita no municipio não atingiu toda população,


visto que 28% ainda se encontra em situação de vulnerabilidade econômica.
Vale ressaltar a exclusão de grande parcela da sociedade em extrema
pobreza. A expectativa de vida superior a do estado de Goiás confirma a boa
infraestrutura da região.

Renda individual Indicadores 3


a) 700,0 b) 100,0

600,0 661,19 80,0

500,0 60,0

R$ 400,0 40,0 vulneráveis


extremamente
300,0
20,0 ESPVIDA
305,61
200,0
213,55 0,0
100,0 1991 2000 2010
vulneráveis 81,7 63,7 28,1
0,0 extremamente 36,83 9,73 1,38
1991 2000 2010 ESPVIDA 66,2 72,69 75,48

Gráfico 51: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no município
Alto Horizonte-GO. Fonte: PNUD

5.3.2.5 Ouvidor

O município de Ouvidor apresenta valores de alto desenvolvimento no


que tange a longevidade de sua população. Os demais índices também podem
ser considerados satisfatórios, podendo ser melhorado no segmento da
educação, que ainda assim apresentou uma evolução positiva. Observa-se
uma tendência a descentralização da renda.

a) IDHM e GINI b) Indicadores


Ouvidor - Nióbio 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6

0,4 0,4
0,2
0,2
0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,280 0,516 0,697
IDHM 0,486 0,636 0,747 IDHM_L 0,682 0,789 0,830
GINI 0,66 0,51 0,44 IDHM_R 0,600 0,631 0,721

Gráfico 52: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b) Indicadores de


qualidade de vida no município de Ouvidor-GO. Fonte: PNUD

Verifica-se que a população urbana quase dobrou em duas décadas,


acompanhada da redução da população rural. O setor de extração mineral teve
acréscimo alcançando 6% da população em 2010, contra 3% em 2000. O fato
de o Brasil predominar o mercado do nióbio provoca expectativas na geração
de emprego em regiões possuidoras do minério.

Perfil População Setores econômicos


a) b) 40,0
12.000
35,0
10.000 30,0
25,0
8.000 20,0 Setor agropecuário
%

População total 15,0


6.000 10,0 Setor de construção
População urbano
5,0
4.000 População rural Setor extrativivo
0,0
2000 2010 mineral
2.000 Setor agropecuário 30,13 15,65
Setor de construção 4,82 9,25
0 Setor extrativivo
2,63 6,34
1991 2000 2010 mineral

Gráfico 53: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de Ouvidor-GO.


Fonte: PNUD

A renda por indivíduo é inferior daquela referente ao estado de Goiás


(R$ 810,97 em 2010). Houve melhoras nos índices de pobreza, mas vale
ressalva para aqueles ainda em condições de vulnerabilidade econômica,
indicando ações no sentido proporcionar condições dignas de vida à
população.
Renda individual Indicadores 3
a) 800,0 b) 100,0

700,0 80,0
710,38
600,0
60,0
500,0
R$ 40,0 vulneráveis
400,0
extremamente
406,05 ESPVIDA
300,0 20,0
334,96
200,0
0,0
1991 2000 2010
100,0
vulneráveis 82,5 50,0 17,2
0,0 extremamente 18,00 4,92 1,52
1991 2000 2010 ESPVIDA 65,89 72,35 74,81

Gráfico 54: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no


município Ouvidor-GO. Fonte: PNUD

A expectativa de vida equivale à verificada para o estado de Goiás. Os


indicadores de pobreza mostra que grande parte da população saiu do estado
de extremamente pobres e de vulnerabilidade à pobreza. A redução da
desigualdade econômica em conjunto com aumento de renda e redução nos
índice de pobreza indica sucesso na política governamental nesse sentido.

5.3.3 Nordeste

Indicadores 2010
Bahia
1,0
0,783
0,8
0,66 0,62 0,663
0,6 0,555

0,4

0,2

0,0
IDHM GINI IDHM_E IDHM_L IDHM_R

Gráfico 55: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado da Bahia. Fonte:
PNUD

5.3.3.1 Itagibá
Os indicadores de 1991 mostra a precariedade das condições presentes
no município. Contudo, os indicadores de renda e educação permanecem
relativamente baixos o que indica a necessidade de programas
socioeconômicos.

Todos esses fatores contribuem para o baixo índice de desenvolvimento


humano mostrando que ações devem ser realizadas em direção à melhora da
qualidade de vida da população.

a) IDHM e GINI b) Indicadores


Itagibá -Níquel 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6

0,4 0,4
0,2
0,2
0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,104 0,240 0,469
IDHM 0,296 0,421 0,589 IDHM_L 0,597 0,662 0,770
GINI 0,56 0,53 0,47 IDHM_R 0,418 0,469 0,566

Gráfico 56: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b) Indicadores de


qualidade de vida no município de Itagibá-BA. Fonte: PNUD

A população geral teve uma redução possivelmente pela procura de


lugares com mais oportunidades e melhores condições de vida. Observa-se um
grande êxodo no campo com a população rural saindo de 12 mil pessoas em
1991 para 5,6 mil em 2010. A população urbana teve pouca alteração no
período.

Pelo gráfico 64b visualizamos a redução de empregos nos setores


econômicos em questão. A mineração sofreu uma queda de 67% ficando claro
que a mineração pouco influencia na ocupação dos moradores do município. A
formalização da atividade pode ter contribuído para redução da mão de obra no
setor.

a) Perfil População b) Setores econômicos


70,0
45.000
60,0
40.000
50,0
35.000
40,0
30.000 Setor agropecuário
%

30,0
25.000 População total
20,0 Setor de construção
20.000 População urbano
10,0
15.000 População rural Setor extrativivo
0,0
10.000 2000 2010 mineral
Setor agropecuário 52,75 37,45
5.000
Setor de construção 4,41 7,36
0 Setor extrativivo
4,63 1,49
1991 2000 2010 mineral
Gráfico 57: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de Itagibá-BA.
Fonte: PNUD

Percebe-se pela renda per capita um nível de renda baixo reforçando os


valores encontrados no IDH_R. A parcela da população em extrema pobreza
teve melhora expressiva, porém ainda apresenta valores que indicam a
necessidade de intervenção de políticas públicas. O número de pessoas no
limite da pobreza é preocupante e atinge 64,5% do município, valor elevado e
chama a atenção pela gravidade da situação. A expectativa de vida está
coerente com a verificada no estado da Bahia em 2010 (71,97 anos).

Renda individual Indicadores 3


a)300,0 b) 100,0

80,0
250,0 270,27
60,0
200,0
R$ 40,0 vulneráveis
150,0
extremamente
148,30 20,0 ESPVIDA
100,0
107,93
0,0
50,0 1991 2000 2010
vulneráveis 95,3 86,3 64,3
0,0 extremamente 57,43 38,21 14,20
1991 2000 2010 ESPVIDA 60,82 64,73 71,2

Gráfico 58: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no município
Itagibá-BA. Fonte: PNUD

Indicadores 2010
Sergipe
1,0
0,781
0,8
0,665 0,672
0,62
0,6 0,56

0,4

0,2

0,0
IDHM GINI IDHM_E IDHM_L IDHM_R

Gráfico 59: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado do Sergipe em


2010. Fonte: PNUD

5.3.3.2 Rosário do Catete


Dentre os indicadores de qualidade de vida do município em todos é
possível ver uma evolução positiva, destacando o índice da educação. Porém
nenhum deles é considerado de alto desenvolvimento, sendo o de longevidade
aquele que apresentou melhores resultados.

a) IDHM e GINI b) Indicadores


Rosário do Catete - Potássio 0,8
0,8
0,6
0,6
0,4
0,4
0,2
0,2
0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,227 0,352 0,571
IDHM 0,388 0,492 0,631 IDHM_L 0,527 0,627 0,731
GINI 0,49 0,55 0,5 IDHM_R 0,488 0,538 0,603

Gráfico 60: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b) Indicadores de


qualidade de vida no município de Rosário do Catete-SE. Fonte: PNUD

A população do município teve aumento de 63% entre 1991 e 2010, com


o aumento no número de habitantes tanto na zona rural como na urbana. O
número de trabalhadores no setor extrativo mineral aumentou
consideravelmente de 2000 para 2010, ocupando 10% da população. Esse
fator deve ser em resposta do investimento do governo federal em substâncias
essenciais para a economia do país, a exemplo do potássio. É importante se
atentar ao fato de haver uma migração intensa para o setor com impactos
negativos podendo ocorrer no encerramento da atividade.

Perfil População Setores econômicos


a) b)
35,0
20.000
30,0
18.000
16.000 25,0

14.000 20,0
Setor agropecuário
%

12.000 População total


15,0
10.000 10,0 Setor de construção
População urbano
8.000 5,0
População rural Setor extrativivo
6.000 0,0
2000 2010 mineral
4.000
Setor agropecuário 15,17 13,12
2.000 Setor de construção 12,37 9,81
0 Setor extrativivo
2,43 9,67
1991 2000 2010 mineral

Gráfico 61: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de Rosário do


Catete-SE. Fonte: PNUD

A renda individual aumentou e alcançou R$ 341,06 em 2010, valor


abaixo da média do estado de Sergipe (R$ 523,53).
Renda individual Indicadores 3
100,0
400,0

350,0 80,0

300,0 341,06
60,0
250,0
R$ 40,0 vulneráveis
200,0 227,23 extremamente
150,0 20,0 ESPVIDA
167,18
100,0
0,0
1991 2000 2010
50,0
vulneráveis 83,5 76,4 58,1
0,0 extremamente 31,32 25,66 11,68
1991 2000 2010 ESPVIDA 56,59 62,61 68,84

Gráfico 62: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no município
de Rosário do Catete-SE. Fonte: PNUD

A parcela da população vulnerável à pobreza estando ainda em níveis


elevados e a expectativa de vida aquém da média estadual (71,84 anos) exige
ações públicas no sentido de melhora das condições sociais e econômicas no
município.

1.1.3 Norte

O Pará não teve nenhum indicador classificado como de alto


desenvolvimento em 2010. Nota-se uma disparidade econômica acentuada no
estado. A disparidade econômica na região é relevante incitado pela ida de
pessoas em busca de melhores condições de renda e pela oferta de empregos
para as obras do desenvolvimento planejado para o estado.

Indicadores 2010
Pará
1,0
0,789
0,8
0,646 0,62 0,646
0,6 0,528

0,4

0,2

0,0
IDHM GINI IDHM_E IDHM_L IDHM_R

Gráfico 63: Indicadores de qualidade de vida e de desigualdade para o estado do Pará em


2010. Fonte: PNUD
5.3.3.3 Canaã dos Carajás

A melhoria do índice de educação fica claro no gráfico que se segue,


saindo de 0,072 em 1991 para 0,673 em 2010. Outro aspecto interessante foi o
retrocesso ocorrido na longevidade no município, principalmente no ano de
2000 que atingiu o valor de 0,223.

O índice de renda alcançou um patamar de desenvolvimento médio,


porém não há uma distribuição igualitária entre a população.

O indicador de desenvolvimento humano foi outro aspecto que teve um


progresso elevado que reflete uma melhoria na qualidade de vida da
população.

a) IDHM e GINI b) Indicadores


Canaã dos Carajás - Cobre 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6

0,4 0,4
0,2
0,2
0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,072 0,223 0,569
IDHM 0,276 0,456 0,673 IDHM_L 0,612 0,709 0,801
GINI 0,52 0,63 0,55 IDHM_R 0,475 0,600 0,670

Gráfico 64: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b) Indicadores de


qualidade de vida no município de Canaã dos Carajás-PA. Fonte: PNUD

Em duas décadas houve um aumento demográfico intenso em Canaã


dos Carajás. No ano de 1991 não havia população urbana no município, já em
2010 essa população era de 20.727 pessoas, isto é, 77% do total. A
expectativa de renda e emprego que grandes empreendimentos gera, estimula
a ida de pessoas de regiões pobres para aquelas onde estes se instalam. É
possível identificar um processo de migração do campo para a cidade, com a
população rural decrescendo pela metade em 2010.

Verifica-se uma migração das pessoas para o setor mineral, em


contraste com a diminuição nos demais setores. A mão de obra na extração de
minérios, em 2010 foi de quase 10% da população. Esse fator deve ser
observado pelo fato da mineração ser uma atividade temporária, podendo
causar sérios impactos na fase de desativação.
a) Perfil População b) Setores econômicos
70,0
60.000
60,0
50.000 50,0
40,0
40.000 Setor agropecuário

%
30,0
População total
30.000 20,0 Setor de construção
População urbano
10,0
20.000 População rural Setor extrativivo
0,0
2000 2010 mineral
10.000 Setor agropecuário 54,64 18,56
Setor de construção 3,33 12,50
0 Setor extrativivo
1991 2000 2010 1,23 7,77
mineral

Gráfico 65: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de Canaã dos


Carajás-PA. Fonte: PNUD

A renda per capital teve um grande incremento nas últimas décadas


passando de R$ 153,51 em 1991 para R$ 517,33 em 2010.

Renda individual Indicadores 3


a) 600,0 b) 100,0

80,0
500,0
517,33
60,0
400,0
R$ 40,0 vulneráveis
300,0
335,44 extremamente
20,0 ESPVIDA
200,0

0,0
100,0 153,51 1991 2000 2010
vulneráveis 83,7 67,9 45,6
0,0 extremamente 38,81 20,67 8,24
1991 2000 2010 ESPVIDA 61,71 67,52 73,06

Gráfico 66: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida de Canaã
dos Carajás. Fonte: PNUD

A porcentagem de pessoas vulneráveis a pobreza ainda é expressivo,


apesar da evidente melhora, com redução de 83,7% para 45,6%. A expectativa
de vida também se observa uma melhora expressiva ficando acima da média
do estado em 2010.

5.3.3.4 Paragominas

A bauxita produzida no estado do Pará representa 85% do total do país,


dentre os municípios exploradores do minério está Paragominas.

O índice de educação ainda com a evolução em seus valores se mostra


abaixo do desejado, havendo a necessidade de maior investimento na área.
Os índices de desenvolvimento humano e renda sugerem uma
comunidade de baixa renda, porém acima da linha da pobreza. O índice de
longevidade se mostrou positivo com o tempo, com valores satisfatórios.

A atividade mineradora altera a dinâmica econômica do local, com


aumento da renda e do fluxo monetário na região. Todavia essa movimentação
financeira fica restrita à uma pequena parcela da população. O índice Gini
mostra um aumento que pressupõe uma população com tendência à
concentração da renda.

a) IDHM e GINI b) Indicadores


Paragominas - Bauxita 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6

0,4 0,4
0,2
0,2
0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,117 0,254 0,514
IDHM 0,336 0,471 0,645 IDHM_L 0,591 0,684 0,781
GINI 0,54 0,61 0,6 IDHM_R 0,549 0,600 0,667

Gráfico 67: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b) Indicadores de


qualidade de vida no município de Paragominas-PA. Fonte: PNUD

A população total no município de Paragominas aumentou em 62% em


duas décadas, com a rural permanecendo estável nesse período. Já a
população urbana mais que dobrou passando de 36 mil pessoas em 1991 para
76 mil em 2010.

No caso de regiões com certo grau de isolamento das demais, com


economia baseada principalmente na subsistência e presença de comunidades
fragilizadas do ponto de vista político e social, como é o caso da região
Amazônica, a chegada de pessoas de outra região é um impacto negativo
muito grande, desestruturando um modo de vida peculiar abruptamente.

Perfil População Setores econômicos


a) b) 35,0
250.000
a) 30,0
Pe
200.000 25,0
rfil 20,0
Setor agropecuário
%

po
150.000 População total
15,0

pu População urbano
10,0 Setor de construção
100.000 5,0
lac População rural Setor extrativivo
0,0
io
50.000
2000 2010 mineral
Setor agropecuário 23,79 18,39
na Setor de construção 5,31 9,19
l e0 Setor extrativivo
0,13 4,49
1991 2000 2010 mineral
b)
Inf
ra
es
tru
tur
a
m
un
icí
pi
o
de
Ca
Gráfico
na 68: a) Perfil populacional e b) Infraestrutura no município de Paragominas-PA. Fonte:
PNUD
ã
do
s A renda per capita de R$ 507,16 de Paragominas é superior que a do
Ca
estado do Pará (R$ 446,76). Percebe-se uma redução no emprego voltado
raj
ás agropecuária. Em contrapartida no setor de construção houve um
para
-
acréscimo
PA possivelmente em razão da necessidade de infraestruturas para
.
sustentar
Fo o aumento populacional. O setor minerário que em 2000 tinha pouca
nt
quase
e: nenhuma influência no município passou em 2010 a empregar 5% da
PN
população.
U
D
Renda individual Indicadores 3
a) 600,0 b) 100,0

a) 80,0
Pe500,0 507,16
rfil400,0 60,0

po
R$ 40,0 vulneráveis
pu300,0 334,78 extremamente

lac200,0 243,91
20,0 ESPVIDA

io 0,0
100,0 1991 2000 2010
na vulneráveis 75,7 70,8 52,0
l e 0,0 extremamente 19,82 15,44 7,49
ESPVIDA 60,47 66,06 71,87
b) 1991 2000 2010

Inf
Gráfico
ra 69: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no município
dees Paragominas-PA. Fonte: PNUD
tru
tur Muitas pessoas saíram do status de extremamente pobres que passou a
a
representar 7,5% da população em 2010 contra os 19,82% observados em
no
m
1991. No entanto a vulnerabilidade à condição de pobreza ainda é iminente em
un
52%icí da população, valor considerado elevado. Esse resultado pode ser
pi
contraditório
o à medida que se considera o aumento na concentração da
de
riqueza,
Ca indicando pouca efetividade nas ações voltadas para redução da
na
pobreza, determinada tanto pela concentração de renda quanto pela riqueza.
ã
do
s
Ca
raj
5.3.3.5 Parauapebas
ás
-
PA
. Os índices de longevidade e renda evoluíram positivamente atingindo
Fo
patamares
nt satisfatórios. O índice de desenvolvimento humano é classificado
e:
como
PN mediano, porém superior à do Pará. A disparidade econômica da
U
população
D verificada nos anos 2000 é resultado do fluxo migratório para região
de pessoas em sua maioria de baixa renda que são atraídas pela oferta de
empregos, especialmente nas empreiteiras localizadas na região. Em 2010,
contudo houve um maior equilíbrio entre as rendas individuais.

a) IDHM e GINI b) Indicadores


Parauapebas - Ferro 1,0
0,8 0,8
0,6 0,6

0,4 0,4
0,2
0,2
0,0
1991 2000 2010
0,0
1991 2000 2010 IDHM_E 0,199 0,361 0,644
IDHM 0,439 0,553 0,715 IDHM_L 0,678 0,726 0,809
GINI 0,59 0,65 0,53 IDHM_R 0,626 0,646 0,701

Gráfico 70: a) Índice de desenvolvimento humano e de desigualdade b) Indicadores de


qualidade de vida no município de Parauapebas-PA. Fonte: PNUD

A população urbana em Parauapebas sofreu uma expansão, passando


de 27 mil em 1991 para 139 mil em 2010, aumento de mais de 400%.

O setor de construção é responsável pela maior parte das ocupações,


estando relacionado com a demanda por infraestrutura. Percebe-se um
aumento no número de trabalhadores no setor extrativo mineral, com quase
10% da população em 2010, juntamente com a redução no setor agropecuário
em função do aumento das instalações urbanas sobrepondo as áreas de
campo.

A informação de que o minério de ferro da Serra dos Carajás, no qual se


insere Parauapebas, com perspectiva de exploração de 400 anos, e agora com
a possibilidade de exaurir em 2024, é uma preocupação, pois ao longo de
exploração do minério não foi incentivado a verticalização e diversificação da
economia, criando um ambiente de incerteza quanto ao futuro do município 6

a) Perfil População b) Setores econômicos


35,0
350.000
30,0
300.000 25,0
250.000 20,0
Setor agropecuário
%

15,0
200.000 População total
10,0 Setor de construção
150.000 População urbano
5,0
População rural Setor extrativivo
100.000 0,0
mineral
2000 2010
50.000 Setor agropecuário 13,6 4,68
Setor de construção 8,36 16,14
0 Setor extrativivo
7,79 9,21
1991 2000 2010 mineral

6
Entrevista concedida pelo primeiro prefeito do município, Faisal Salmen, ao jornalista
Francesco Costa, da Folha de Parauapebas.
Gráfico 71: a) Perfil populacional e b) Ocupação da população no município de Parauapebas-
PA. Fonte: PNUD

A renda per capita do município em 2010 foi de R$ 627,61, superando a


estadual (R$ 446,76). A porcentagem de pessoas extremamente pobres
decresceu no intervalo de tempo estudado, porém representa uma porção
significativa da população. Outro indicador que merece destaque é o de
vulnerabilidade à pobreza que atinge 34,7% da população em 2010.

a) 700,0 Renda individual b) 100,0


Indicadores 3

600,0 80,0
627,61
500,0 60,0

R$ 400,0 444,97 vulneráveis


40,0
392,48 extremamente
300,0
20,0 ESPVIDA
200,0
0,0
100,0 1991 2000 2010
vulneráveis 61,3 61,7 34,7
0,0 extremamente 13,20 14,25 4,42
1991 2000 2010 ESPVIDA 65,69 68,57 73,55

Gráfico 72: a) Renda per capita e b) Indicadores de pobreza e expectativa de vida no município
de Parauapebas-PA. Fonte: PNUD

6 CONCLUSÕES

O modelo de desenvolvimento econômico baseado na exportação de


produtos primários coloca o Brasil em situação de vulnerabilidade econômica,
uma vez que, atrelado à economia globalizada qualquer mudança no cenário
político e econômico pode ocasionar impacto na receita do governo. A
atividade extrativa mineral tem peso significativo na economia do país, sendo
setor estratégico do país para sua inserção internacional. Porém esse processo
é baseado na utilização dos recursos minerais sem nenhuma agregação de
valor ao produto extraído.

O valor da arrecadação da compensação financeira sobre a exploração


mineral é ínfima quando comparado com o montante ganho pelas empresas e
pelo Estado na extração de recursos naturais, restante a comunidade atingida
os ônus ambientais e sociais. Há também o problema de concentração destas
receitas em alguns poucos estados e municípios, excluindo parte da sociedade
do direito à compensação por ter seu patrimônio sendo reduzido.
A maioria dos municípios teve na CFEM uma grande contribuição nos
aportes federais destinados a eles, especialmente aqueles que têm o minério
de ferro como principal substância extraída. Outro fator notado é o incremento
significativo dos aportes federais destinados aos municípios da região Norte,
isso se deve especialmente por se tratar da nova fronteira econômica do Brasil,
tendo a mineração como um dos principais pilares desse processo.

Quatro municípios apresentaram IDH maior que seus respectivos


estados, sendo dois deles no Pará. No entanto percebem-se valores próximos
entre eles, com exceção de Catas Altas, e Minas Gerais, e Itagibá, na Bahia.
Houve uma maior desigualdade econômica no Norte e no Nordeste, por serem
regiões historicamente pobres, devido ao maior interesse do país nas regiões
Sul e Sudeste, a implantação de empreendimentos de grande porte cria
expectativa na população na geração de empregos e aumento da renda,
atraindo um fluxo migratório para as regiões mineradoras, alterando a dinâmica
econômica do local e, consequentemente, aumento o grau de disparidade
socioeconômica.

O número de pessoas vulneráveis a pobreza apresentou evolução


bastante positiva em todos os municípios, mas percebe-se uma maior
vulnerabilidade socioeconômica nas regiões mais carentes. 72% dos
municípios, isto é, oito dentre onze, tiveram valores acima de 20% da
população em situação vulnerável. Os municípios da região Nordeste estes
valores ultrapassaram 50% da população, isto também foi verificado naqueles
extremamente carentes.

Nos municípios em que o setor extrativo teve aumento significativo no


número de trabalhadores de 2000 a 2010 apresentaram também um maior
aumento na população. Os municípios da região Amazônica foram o que mais
tiveram incremento na sua população, com destaque para Parauapebas. Isso
corrobora com a afirmação de que o empreendimento é um polo de atração de
pessoas.

Em síntese, os valores dos royalties da mineração assim como sua


distribuição e aplicação devem fazer parte de um processo participativo com
maior transparência e controle social. O Estado deve priorizar as necessidades
da população e não aos interesses das grandes empresas e da economia
globalizada. O investimento em educação, saneamento, infraestrutura, saúde e
segurança são fundamentais para o desenvolvimento social. No que tange os
aspectos econômicos a diversificação da economia dos municípios, assim
como uma maior distribuição dos benefícios da atividade, se faz necessário
pela finitude do recurso natural analisado, evitando assim uma depressão
econômica e social pós mineração.

Nesse contexto a mineração não pode ser considerada indutora de


desenvolvimento da região, ficando restrita somente ao aspecto econômico. Os
âmbitos social e ambiental não são considerados nos cálculos das empresas
mineradores, causando uma degradação no local, muitas vezes irreversível.

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Acorda Brasil! Nióbio Brasil 98 x 2 Canadá. Disponível em:


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Comissão Pastoral da Terra – INB: a vida no entorno da mina de urânio.


Disponível em: http://www.cptnacional.org.br/index.php/publicacoes-2/noticias-
2/12-conflitos/1994-documentario-inb-a-vida-no-entorno-da-mina-de-uranio

Compaigns for Social Justice - Gold or Water? Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=6X4a_9i2f64
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e Serviço Geológico do
Brasil (CPRM) - Panorama do Setor Mineral Brasileiro. Disponível em:
http://www.cprm.gov.br/videos_inst/panorama_integral.wmv

Justiça nos Trilhos - Minério de ferro, viagem sem retorno. Disponível em:
http://www.justicanostrilhos.org/Documentario-Minerio-de-ferro

Naturezas Mortas. Disponível em: http://curtadoc.tv/curta/direitos-


humanos/naturezas-mortas/

Considerando a grande importância turística do Distrito de Conceição do Ibitipoca,


este estudo busca analisar, os impactos do turismo na região. Mais especificamente, o
objetivo do trabalho é analisar as possíveis transformações econômicas e sociais que o
turismo pode ter causado no Vilarejo de Conceição do Ibitipoca. Para a consecução
deste objetivo foram analisados dados demográficos e socioeconômicos do IBGE, tais
como: distribuição populacional entre zonas rural e urbana, anos de estudo dos
responsáveis pelos domicílios particulares, abastecimento de água, tipo de esgotamento
sanitário, entre outros, referente aos censos de 1991 e 2000.

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