Você está na página 1de 4

IMPACTO DA VIOLÊNCIA POLICIAL: UMA ALERTA A

SOCIEDADE PARA O SERVIÇO DE CAPELANIA

Com os acontecimentos dos últimos dias na sociedade angolana,


principalmente as mortes indevidas de cidadãos por policiais (como caso de
Dr. Sílvio Dala, o mais relevante atualmente). Os questionamentos comuns
são, quem são os alvos da violência? Porque está acontecendo esses factos
na corporação da policia? Qual é o recado que essas ações de violências
sequenciais estão dando para a sociedade, e especificamente para o
ministério do interior. Talvez não devamos olhar nesses acontecimentos
como fatos isoladas.
A nossa intenção nesse artigo, é levar as pessoas a pensarem nesses
acontecimentos de violência policial não como acidentes somente, mas como
consequência de um defeito que existe dentro das corporações policiais,
ministério do interior, e subsequentemente, do próprio estado. Os dados
indicam que a violência policial em angola, não é um facto novo, muito pelo
contrário, como tudo, existe um período alto e outros baixos – em que muitas
das vezes os impactos da violencia é silencioso a sociedade angolana.
Muitos tem sugerido como solução a essa brutalidade policiais a
expulsão dos agentes, outros a demissão do comandante geral da policia,
outros ainda do porta voz da policia, alguns do ministro do interior, e todos
de um pedido de desculpa destes a sociedade angolana pelo procedimento.
Sem desmérito a contribuição de todos, mas não vejo como essas soluções
paliativas poderiam ajudar de uma maneira mais profunda e eficiente na
resolução deste problema. Na nossa opinião, a resolução desse problema,
perpassa numa analise profunda da realidade sociopsicológico e laboral na
policia nacional como um todo.
O trabalho do policial é citado como envolvendo riscos diferenciados,
que abrangem desde quesitos físicos como psicológicos. Em meio a tudo que
tem acontecido, levanta-se indagação como: “Como é tratada a Segurança e
Saúde do policial?”, talvez possamos mencionar um “conjunto de
adversidades” a que é submetido o policial, como, por exemplo, “o estresse
da profissão, o baixo salário, a ausência do profissional na família que leva
à desintegração familiar, o contato com ocorrências graves que deixam
marcas profundas nas pessoas, jornadas de trabalho com horários variados e
risco de vida permanente”.
Existe varias situações de perigo e estresse a que sofre no dia-a-dia. Ficar
muito tempo de pé, em ambiente frequentemente poluído ou muito tempo
sentado em viaturas, causam o desgaste físico, bem como o não
estabelecimento de horário regular para alimentação e as convocações para
participar de operações policiais nas horas de folga. O desgaste psicológico
adviria das incompreensões dos superiores, do público, dos cidadãos tensos
ou em profundo sofrimento, das ameaças dos encontros com criminosos e,
em raros casos aqui em angola, com a possibilidade de ser emboscado por
vingança que pode alcançar até os familiares - a pior fonte de tensão de
todas.
Neste contexto a implementação do serviço de Capelania na Polícia é
um importante auxiliar no atendimento ao servidor policial civil que, no dia
a dia sofre as mazelas do serviço policial, o stress, os plantões que são
acumulados com seus próprios problemas pessoais, aumentando assim a
carga negativa sobre si, o que reflete na qualidade de seu serviço. Assim, o
serviço de Capelania trará a esse policial apoio espiritual de que necessita.
Alguns policiais passam por transtornos emocionais, dependência de drogas
e álcool, os quais se agravam com a sobrecarga do serviço policial. Então o
capelão entra em cena para dar apoio espiritual ao policial, orientando-o para
o enfrentamento dos desafios de sua profissão.
Em vários países do mundo, assim como no brasil, trata-se de uma
assistência religiosa prestada por ministro religioso garantida por lei em
entidades civis e militares de internação coletiva como dispositivo previsto
na Constituição Brasileira de 1988 nos seguintes termos: “é assegurada, nos
termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva.” (CF art. 5º, VII).
Capelania é uma atividade cuja missão é colaborar na formação integral
do ser humano, oferecendo oportunidades de conhecimento, reflexão,
desenvolvimento e aplicação dos valores e princípios éticos-cristãos e da
revelação de Deus para o exercício saudável da cidadania. Sendo assim,
capelão é um ministro religioso autorizado a prestar assistência religiosa e a
realizar cultos religiosos em comunidades religiosas, colégios,
universidades, hospitais, presídios, corporações militares e outras
organizações. Ao longo da história, muitas cortes e famílias nobres tinham
também o seu capelão.
As atribuições do capelão são as seguintes: coordenar todo o serviço de
Capelania, respondendo diretamente junto às entidades públicas ou privadas,
civis ou militares; designar os capelães auxiliares no atendimento a pacientes
e a funcionários; dirigir e coordenar os serviços dos capelães-auxiliares;
organizar as atividades de capelania; aprovar todo material impresso a ser
distribuído; estabelecer praxes acerca dos deveres e direitos dos pastores e
leigos visitadores; empreender conferências dentro da entidades e com a
comunidade, cabendo-lhe a seleção de conferencistas de fora; observar o
cumprimento dos regulamentos da capelania, zelando pelo bom convívio
com outros religiosos e pessoal da entidade; escrever ou aprovar artigos para
publicação e boletins da capelania; dirigir ofícios fúnebres a pedido da
família dos servidores das entidades públicas ou privadas, civis ou militares;
convocar reuniões com a equipe da capelania.
Deve-se evitar no serviço de capelania: Despreparo espiritual e
intelectual; Indumentária inadequada; Linguagem inadequada; Descontrole
emocional; Medo; Intolerância; Desconhecimento das leis que regem a
capelania; Desconhecimento bíblico e litúrgico; Incapacidade legal para a
obtenção do ofício de ministro religioso; proselitismo.
A capelania pode ser exercida em: Escolas; Presídios; Hospitais;
Quartéis Militares; Cemitérios; Sindicatos; Empresas; Clubes; Creches,
Condomínios e Instituições Públicas.
A capelania militar ou castrense, tem regulamentação própria. O capelão
militar é um ministro religioso encarregado de prestar assistência a alguma
corporação militar (exército, marinha, aeronáutica, polícia militar, corpo de
bombeiros).
Finalmente, em resumo, esse artigo sugere a criação da figura do
capelão na polícia nacional. Uma pessoa que atuará diretamente nas
esquadras e quartel policial. Trabalha com os policiais para fornecer apoio e
aconselhamento. Eles trabalham em conjunto com os departamentos de
polícia e outros grupos policiais para fornecer aconselhamento, apoio e
outros serviços ao pessoal da lei. Isso significa falar com oficiais que
passaram por experiências traumáticas, mas também significa visitar aqueles
que estão feridos, falar com a família de um oficial que morreu no
cumprimento do dever e fazer orações em certos eventos. Na maioria dos
casos, um capelão da polícia oferece aconselhamento espiritual e emocional.

O Mundo Da Fé
Serie: A Importância da Capelania
Tema: Impacto Da Violência Policial: Uma Alerta A Sociedade Para O Serviço de
Capelania
Autor: João André Florentino
Luanda, 12 de setembro de 2020

Você também pode gostar