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FACULDADE ANHANGUERA DE PASSO FUNDO

ENGENHARIA MECÂNICA

WILLIAN BRAMBATTI CHAPARINI

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM


ENGENHARIA MECÂNICA

Passo Fundo
2020
WILLIAN BRAMBATTI CHAPARINI

RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM


ENGENHARIA MECÂNICA

Relatório de Estágio apresentado ao Curso de


Engenharia Mecânica da IES Faculdade Anhanguera
de Passo Fundo, para a disciplina de Estágio Curricular
Obrigatório em Engenharia Mecânica.
Coordenador de Curso: Nathan da Costa
Maidana.

Passo Fundo

2020
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SAE Society of automotive engineering


kgf Quilograma-força
MPa Mega Pascal
m Metro
h Hora
min Minuto
mm Milímetro
rpm Rotação por minuto
cm Centímetros
ton Tonelada
N Newton
m³ Metro cúbico
L Litro
SUMÁRIO
1 RESUMO......................................................................................................3

2 INTRODUÇÃO.............................................................................................4

3 OBEJETIVOS...............................................................................................5

4 ELEVADOR DE CANECAS.........................................................................6

4.1 PRINCIPAIS COMPONENTES DO ELEVADOR.........................................6

5 CÁLCULO DO EIXO DE TRANSMISSÃO..................................................9

5.1 CÁLCULO DA CAPACIDADE E POTÊNCIA DO ELEVADOR....................9

5.2 CÁLCULO DAS CARGAS SOLICITANTES NO EIXO..............................10

5.3 CÁLCULO DO DIÂMETRO DO EIXO DE TRANSMISSÃO.......................12

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................14

7 REFERÊNCIAS..........................................................................................15
1
2 RESUMO

Com o aumento da demanda de alimentos e em consequência a produção em


todo o mundo, novos processos e tecnologias tiveram de ser criadas para isso se
tornar possível. Uma delas foram os elevadores de canecas que conseguem
transportar verticalmente grandes quantidades de materiais sejam eles pós ou
grãos. Um elevador de canecas é constituído de diversas partes fundamentais para
seu funcionamento dentre elas seu eixo de transmissão, no qual foi dimensionado
para um elevador com capacidade de transportar 40 toneladas por hora a uma altura
de 30 metros.
3 INTRODUÇÃO

Atualmente o elevador de canecas é considerado um dos meios mais


eficientes e econômicos de transporte vertical de produtos como grãos ou pós,
utilizado nos mais variados meios, pois a sua capacidade varia muito, podendo
suprir as necessidades de pequenas, médias e grandes indústrias, como
cooperativas agrícolas, cervejarias, mineração entre outras. Isso se dá em razão dos
vários benefícios que o equipamento oferece, como baixa manutenção, longa vida
útil, equipamentos com alta capacidade ocupam um mínimo espaço, entre outros.
Apesar de existir muitas vantagens, existem algumas desvantagens como,
por exemplo, o entupimento por sobrecarga, uma vez que pode danificar o
equipamento pela sua parada brusca necessitando seu desligamento para
desentupimento e avaliação de danos.
Neste trabalho aborda-se os cálculos necessários para determinar as
dimensões e características de um eixo de transmissão para um elevador de
canecas, com capacidade de 40 toneladas por hora e uma altura entre polias de 30
metros.
4 OBEJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo projetar um eixo de transmissão, para um


elevador de canecas, utilizando o método de equações da ASME (Sociedade Norte-
americana de Engenheiros Mecânicos). Este elevador será utilizado no transporte
vertical de grãos a uma altura de 30 metros e deve possuir uma capacidade de 40
toneladas por hora.
5 ELEVADOR DE CANECAS

O elevador de canecas também pode ser chamado de elevador de caçambas,


que possui a finalidade de elevar os materiais a uma altura desejável para despejá-
los a algum local determinado através de tubulações. Sendo caracterizado como a
melhor maneira de elevar verticalmente produtos como pós ou grãos. São
projetados de diversos formatos levando em conta os tipos de produtos
transportados para os mesmos não sofrerem avarias.
O seu funcionamento se dá por canecas uniformemente espaçadas, fixas a
uma correia ou corrente presas por duas polias, uma na parte superior e outra na
parte inferior alimentadas por outros equipamentos sendo eles, roscas
transportadoras, esteiras transportadoras, dentre outras, localizadas na parte inferior
chamado de pé do elevador. Seu acionamento é feito por um motoredutor acoplado
ao eixo de transmissão na parte superior do elevador.
Sua velocidade de trabalho varia de acordo com o tipo de produto
transportado e também com o tipo de descarga, que podem ser de dois modos.
Descarga centrífuga: devido a sua maior velocidade o produto é arremessado pela
força centrífuga no momento em que a caneca passa a polia superior. Descarga
gravitacional: trabalha com velocidades baixas evitando quaisquer tipos de danos
aos materiais transportados, indicado para materiais frágeis.

4.1 PRINCIPAIS COMPONENTES DO ELEVADOR

O elevador de canecas é constituído por vários componentes fundamentais


para seu funcionamento. É possível dividi-lo em cinco partes principais: a cabeça, o
pé, as calhas, a correia com os canecos e o acionamento. Na Figura 1 são
mostrados esses e outros componentes do elevador.
Figura 1 – Partes de um elevador de canecas.

Fonte: [ CITATION Mil02 \l 1046 ].

Neste trabalho será desenvolvido estudos na cabeça do elevador, onde está


situado seu conjunto de acionamento, constituído pelos componentes: eixo, mancal,
polia e motoredutor. Na Figura 2 pode-se observar melhor esse conjunto.

Figura 2 – Conjunto acionamento.


Fonte: [ CITATION ANA11 \l 1046 ]

O acionamento do elevador é feito através de um motoredutor com eixos


paralelos e acoplamento através de eixo oco. O eixo de acionamento do elevador é
montado diretamente no motoredutor, neste mesmo eixo está montada a polia da
qual aciona a correia com as canecas para o transporte dos grãos. Para o suporte
do eixo é utilizado dois mancais com rolamento.
6 CÁLCULO DO EIXO DE TRANSMISSÃO

A seguir será apresentado o desenvolvimento dos cálculos e a obtenção dos


resultados das cargas e forças envolvidas no eixo de transmissão do elevador de
canecas.

5.1 CÁLCULO DA CAPACIDADE E POTÊNCIA DO ELEVADOR

Para o cálculo de capacidade e potência do elevador de canecas foi utilizado


as fórmulas disponíveis no livro de [ CITATION ROB13 \l 1046 ].
A capacidade de transporte do elevador de canecas (ton/h) como mostra
Figura 3. Ela depende da velocidade linear da correia (v), do passo entre as
canecas (p), da capacidade volumétrica individual da caneca (c), da densidade do
material transportado (ρ) e do fator de enchimento (i).

Figura 3 – Fórmula da capacidade.

Fonte:[ CITATION Mil02 \l 1046 ].

Os valores utilizados a seguir foram retirados do catálogo de produtos da GSI


Brasil:
Velocidade linear da correia: v = 3,2 m/s.
Passo entre canecas: p = 150 mm.
Capacidade volumétrica da caneca: c = 0,73 L.
Densidade do material transportado: ρ = 750 kg/m³.
Fator de enchimento: i = 95%.
Utilizando esses dados na equação da Figura 3 se obtém a capacidade de 40
ton/h no elevador.
Para o cálculo da potência absorvida no elevador utiliza-se a equação da
Figura 4. Ela depende da capacidade do elevador (C), da altura entre os centros das
polias superior e inferior (h) e da aceleração gravitacional (g = 9,81 m/s²).

Figura 4 – Fórmula da potência.

Fonte:[ CITATION Mil02 \l 1046 ].

Utilizando a capacidade calculada acima de 40 ton/h, uma altura entre polias


de 30 metros, encontra-se a potência absorvida de 4,4 CV. A potência em motores
disponíveis no mercado logo acima da potência calculada é de 5CV.

5.2 CÁLCULO DAS CARGAS SOLICITANTES NO EIXO

A Figura 5 mostra a equação utilizada para cálculo do torque no eixo.


Utilizando a potência calculada de 5 CV e uma rotação de acionamento de 77 rpm
obtém-se um torque de 456,1 N.m.

Figura 5 – Fórmula do torque.

Fonte:[ CITATION ROB13 \l 1046 ].

A Figura 6 mostra o sistema de equação utilizada para o cálculo da tensão da


correia, devido ao seu peso, ao peso das canecas e o material transportado, e a sua
tensão efetiva.

Figura 6 – Fórmulas da tensão da correia.


Fonte: [ CITATION Mil02 \l 1046 ].
Abaixo encontra-se os valores de cada componente das equações e seus
respectivos significados.
TP = 27,9 kgf tensão, devido ao peso da correia.
Tp = 68 kgf tensão, devido ao peso das canecas.
Te = 285,46 kgf tensão efetiva.
P = 0,93 kgf/m peso linear da correia.
p = 0,17 kgf peso da caçamba.
N = 2 número de fileiras de caçambas.
s = 15 cm espaçamento entre caçambas.
m = 0,547 kgf peso de material em cada caçamba.
H = 30 m altura entre eixos do elevador.
Ho = 9,14 para elevadores de caçambas espaçadas.
T = 40 ton/h capacidade do elevador.
A tensão total obtida foi Tm = 381,4 kgf (3741,5 N).
A Figura 7 abaixo demostra a posição das cargas no eixo de transmissão.

Figura 7 – Diagrama das cargas.


Fonte: O autor.

Como mostrado acima o eixo é fixado por dois mancais de rolamento, onde o
mesmo sofre ação do torque pelo motoredutor e força peso das cargas citadas. O
peso da polia é representado por Ppolia, a massa é de 40 kg portanto o seu peso é de
392,4 N. O peso do motoredutor é representado por P motoredutor, a massa é de 60 kg
portanto o seu peso é de 588,6 N.
Na Figura 8 é mostrado o diagrama do momento fletor ao longo do
comprimento do eixo.
Figura 8 – Diagrama do momento fletor.

Fonte: O autor.

O momento máximo solicitado no eixo é a 200 mm da ponta esquerda da


Figura 7 e seu valor é de 349 N.m.
5.3 CÁLCULO DO DIÂMETRO DO EIXO DE TRANSMISSÃO

A Figura 9 apresenta a equação para o cálculo do diâmetro do eixo. Esta


equação provém do método ASME (Sociedade Norte-americana de Engenheiros
Mecânicos) para o projeto de eixos de transmissão publicada como B106.1M-1985,
retirado do livro [ CITATION ROB13 \l 1046 ]. Este procedimento pressupõe que o
carregamento é constituído de flexão alternada (componente de flexão média nula) e
torque fixo (componente alternada nula do torque). Muitos eixos de transmissão
utilizados na indústria encontram-se nesta categoria de solicitações, inclusive o eixo
que está sendo calculado neste trabalho. A matéria-prima utilizada no eixo será aço
SAE 1045.

Figura 9 – Fórmula para o cálculo do diâmetro do eixo. ASME B106.1M-1985.

Fonte: [ CITATION ROB13 \l 1046 ].

Para a escolha do coeficiente de segurança (Nf) deve-se considerar alguns


fatores: com relação a manutenção, caso ocorra alguma falha ou quebra do eixo, o
trabalho de substituição deste componente do elevador pode se tornar muito caro e
trabalhoso; o valor do eixo representa pouco quando comparado ao valor do
equipamento; as propriedades do material utilizadas nos cálculos provém da norma
SAE, porém na indústria nem sempre são verificadas e podem ser um fator de baixa
confiabilidade. Sendo assim, o valor do coeficiente de segurança utilizado no cálculo
será 2.
O fator de concentração de tensão em fadiga (Kf) segundo [ CITATION
ROB13 \l 1046 ] para chaveta tem valor de 2,25.
Como as propriedades para a fadiga do material que está sendo utilizado não
estão disponíveis, esses valores podem ser estimados de valores da resistência do
material. O limite de fadiga corrigida (Se) e o limite de fadiga teórico (Se’) será obtido
a partir da equação da Figura 10.

Figura 10 – Fórmula do limite de fadiga corrigida.

Fonte: [ CITATION ROB13 \l 1046 ].

A resistência última a tração (Sut) do material SAE 1045 é 585 MPa e para o
limite de escoamento (Sy) é 450 MPa.
O valor obtido para o limite de fadiga corrigido (Se) é de 156 MPa. Os valores
utilizados para os fatores de correção estão abaixo e foram retirados de [ CITATION
ROB13 \l 1046 ] :
Ccarregamento: 1 (para flexão);
Ctamanho: 0,84;
Csuperfície: 0,78;
Ctemperatura: 1;
Cconfiabilidade: 0,814 (99%);
Aplicando os valores encontrados na fórmula da Figura 9 foi obtido o valor do
diâmetro do eixo de transmissão 47mm, porém as medidas padronizadas dos
rolamentos dos mancais encontrados na indústria são de 45 mm ou 50 mm. Sendo
conservativo e a favor da segurança será utilizado um eixo com diâmetro de 50 mm.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em uma unidade armazenadora de grãos o equipamento elevador de


canecas é essencial para o funcionamento adequado da unidade. A quebra ou a
falha de algum componente deste equipamento pode levar a parada da unidade e
consequentemente a perda de produção. Considerando que o eixo de transmissão
do elevador é um componente fundamental para o bom funcionamento do
equipamento, é essencial o dimensionamento correto e adequado do mesmo.
Para os cálculos de dimensionamento do eixo de transmissão foram
considerados parâmetros e solicitações mais próximos do real funcionamento, assim
como, os efeitos da fadiga no material.
Conclui-se que utilizando o método de equações da ASME (Sociedade Norte-
americana de Engenheiros Mecânicos) para o projeto de eixos de transmissão sob
fadiga, para um elevador de canecas com capacidade de 40 toneladas por hora e 30
metros de altura, será necessário um eixo com 50 milímetros de diâmetro utilizando
o material SAE 1045.
8 REFERÊNCIAS
CONSOLID - TECNOLOGIA EM PROCESSAMENTO DE PÓS, PASTAS E
GRANULADOS. Elevador de caneca. Consolid - Tecnologia em processamento
de pós, pastas e granulados. Disponivel em:
<http://www.consolid.com.br/elevador-caneca>. Acesso em: 10 outubro 2020.
FABIO LUCAS CAMPOS MARTINS, et al. CONSTRUÇÃO DE ELEVADOR
DE CANECAS. INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS – CAMPUS AVANÇADO
ARCOS. Arcos, p. 56. 2016.
MILMAN, M. J. Equipamentos para pré-processamento de grãos. Pelotas:
Editora e Gráfica Universitária - UFPel, 2002.
NORTON, R. L. PROJETO DE MÁQUINAS - UMA ABORDAGEM
INTEGRADA. 4º EDIÇÃO. ed. PORTO ALEGRE: BOOKMAN, 2013.
OCHÔA, A. L. D. S. AVALIAÇÃO DO INDICE DE QUEBRA DE GRÃOS EM
TRANSPORTADORES. UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do
Rio Grande do Sul. Panambi, p. 48. 2011.
ZEPPELIN SYSTEMS LATIN AMERICA. Elevador de Canecas. Zeppelin
Systems Latin America, 2016. Disponivel em: <http://zeppelin-
la.com/produto/elevador-de-canecas.html>. Acesso em: 4 outubro 2020.

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