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A organização do Sistema Educacional Brasileiro ocorre por meio dos sistemas de ensino da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretri-
zes e Bases da Educação Nacional (LDB), instituída pela lei nº 9394, de 1996, são as leis que regem
o sistema educacional brasileiro em vigor.
A atual estrutura do sistema educacional regular no Brasil consiste na educação básica – educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio e a educação superior. Os municípios têm a função edu-
cacional de atuar no ensino fundamental e na educação infantil; já os Estados e o Distrito Federal são
responsáveis pelo ensino fundamental e ensino médio.
E o governo federal exerce uma função redistributiva e supletiva na educação, devendo prestar assis-
tência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como deve organi-
zar o sistema de educação superior no país.
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, é realizada em creches, para crianças com
até três anos de idade, e nas pré-escolas, para crianças de 4 a 6 anos. O ensino fundamental, com
duração mínima de nove anos, (Conforme a LEI 11.274 DE 06/02/2006), é obrigatório e gratuito na
escola pública, devendo o Poder Público garantir sua oferta para todos, inclusive aos que não tiveram
acesso na idade própria para o mesmo.
O ensino médio, etapa que finaliza a educação básica, tem duração mínima de três anos e oferece
uma formação geral ao educando, podendo incluir programas de preparação geral para o trabalho e,
de forma facultativa, a habilitação profissional.
Além do ensino regular, a educação formal possui as seguintes modalidades específicas: a educação
especial, para os portadores de necessidades especiais; a educação de jovens e adultos, para aque-
les que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade pró-
pria para os mesmos.
A educação superior abrange os cursos de graduação nas diferentes áreas profissionais, que são dis-
poníveis aos candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classifi-
cados dentro do número de vagas em processos seletivos específicos. A pós-graduação também faz
parte do nível superior de educação e compreende programas de especialização, mestrado, douto-
rado e pós-doutorado.
Com a Lei nº 9.394/96 (LDB) o grande objetivo tornou-se normatizar o sistema educacional e garantir
acesso igualitário para todos com relação à educação. Essa lei, de forma geral, oferece um conjunto
de definições políticas que orientam o sistema educacional e introduz mudanças importantes na edu-
cação básica do Brasil.
Desse modo, a nova proposta para a educação brasileira tem como meta a democratização e univer-
salização do conhecimento básico, oferecendo educação e cuidado com a escolarização, assumindo
um caráter intencional e sistemático, que oferece uma atenção especial ao desenvolvimento intelec-
tual, sem descuidar de outros aspectos como o físico, o emocional, o moral e o social (Lei nº
9394/96).
Sobre a Educação e a Escola no Brasil, Saviani (1987) identifica quatro importantes concepções utili-
zadas na organização e funcionamento da escola: a concepção humanista tradicional, a moderna, a
analítica e a dialética.
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A concepção humanista tradicional identifica a educação a partir de uma visão pré-concebida do ho-
mem, o qual é visto como tendo uma essência que não pode ser modificada. A partir dessa concep-
ção, sugere que a educação deve ser feita conforme a essência humana, e a partir disso entende que
as mudanças realizadas nas pessoas por meio do processo educativo são simples acidentes.
Essa concepção tradicional possui uma vertente religiosa que prevaleceu até a Idade Média e uma
vertente leiga feita por pensadores modernos como modo de consolidação da hegemonia da burgue-
sia. Como princípios, defende a existência de sistemas públicos de ensino que sejam leigos, univer-
sais, gratuitos e centrados no educador que deve ser imitado pelos seus educandos.
A segunda concepção educacional é a humanista moderna que possui também um conceito prévio
de homem, mas considera que a existência do homem é anterior à sua essência e disso resulta que
para esta corrente educacional o homem é "um ser completo desde o nascimento e inacabado até a
morte".
Assim, essa corrente defende que o aspecto psicológico predomina sobre o lógico e transfere o cerne
do processo educativo do adulto para a criança considerando as suas atividades de existência, consi-
derando que a educação segue o ritmo de vida que varia segundo as diferenças individuais, descon-
siderando, na educação, esquemas predefinidos e lógicos.
Uma terceira concepção proposta foi a analítica, que formula o seu conceito de educação com base
na tarefa educacional que é definida como aquela que oferece um significado lógico à linguagem em
função do seu contexto (tempo, lugar, a situação, a identidade, os temas de interesse e as histórias
pessoais) tanto do educador quanto daqueles a quem ele se dirige.
Por último, a concepção dialética considera a educação a partir do conjunto das relações sociais e,
assim, aborda os problemas educacionais compreendidos dentro de um contexto histórico.
Nota-se, então, que a escola brasileira, pensada segundo os moldes liberais, tem a missão de redimir
os homens do seu duplo pecado histórico: a ignorância (miséria moral) e a opressão (miséria política)
(ZANOTTI, 1972).
Portanto, a articulação das concepções de educação com a sociedade brasileira possui um aspecto
estrutural e é sustentada pelas práticas e projetos sociais, por meio dos quais os interesses, os princí-
pios e os pressupostos do grupo social dominante tornam-se propósitos e valores do senso comum,
ideologia compartilhada pelo conjunto de sociedade e é essa lógica que torna o pensamento liberal
hegemônico e a burguesia além de classe dominante, também dirigente.
Os 8 Princípios-Base do Ensino
O artigo 206 da Constituição Federal estabelece oito princípios nos quais o ensino deve ser baseado.
São eles:
V – Valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de car-
reira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;
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VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos
de lei federal.
Já o artigo 208 da Constituição estabelece que o Estado brasileiro tem sete responsabilidades para
efetivar seu compromisso com a educação:
I – Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada inclusive sua
oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
V – Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capaci-
dade de cada um;
VII – Atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas su-
plementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
Vale a pena destacar que “o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo” (§ 1°,
inciso VII, art. 208 da CF), ou seja, é um direito intrínseco ao sujeito, que pode reivindicá-lo caso não
esteja sendo cumprido pelo Estado.
Além da Constituição, o ensino no Brasil também é regulamentado por outras leis, que vão abordar
questões mais específicas e com maior profundidade do que a Carta Magna. Entre as mais funda-
mentais, estão a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e o Plano Nacional de Educação
(PNE), cujas diretrizes e objetivos deste último, por sua vez, estão dispostas no Art. 214 da Constitui-
ção.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) é a principal legislação educacional brasi-
leira, considerada a Carta Magna da Educação. Ela organiza e regulamenta a estrutura e o funciona-
mento do sistema educacional público e privado em todo o país com base nos princípios e direitos
presentes na Constituição Federal. Sua legislação é de competência exclusiva da União (Art. 22 da
Constituição Federal), ou seja, Estados, Distrito Federal e Municípios não têm direito a legislar sobre
o assunto.
A primeira LDB foi criada em 1961, tendo sido reformulada em 1971 e 1996. Apesar da versão de
1996 ainda estar em vigor (lei n° 9.394/1996), esta já sofreu diversas alterações ao longo dos anos,
sendo que sua última modificação data de 2017.
Assim como a Constituição, a LDB também define os princípios, fins, direitos e deveres referentes à
educação nacional. Porém, além disso, ela estabelece e aprofunda outros pontos relacionados ao sis-
tema educacional, como:
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professores e a composição dos diferentes sistemas de ensino (federal, estadual – inclui o Distrito Fe-
deral – e municipal);
Os níveis são divididos em educação básica (composta por educação infantil, ensino fundamental e
ensino médio que pode ser profissionalizante ou não) e ensino superior. Já as modalidades incluem
educação de jovens e adultos conhecido popularmente como supletivo, educação especial, educação
profissional e tecnológica, educação a distância e educação indígena;
Entre os avanços e novidades da atual LDB estão a implementação do conceito de educação básica,
nível de ensino que corresponde aos primeiros anos de educação escolar, e a introdução, em 2013,
da educação infantil como primeira etapa desse nível, que também inclui o ensino fundamental e o
ensino médio.
Como a educação básica é obrigatória, a educação infantil também passou a ser e, portanto, os pais
ficaram obrigados a matricular seus filhos na escola a partir dos 4 anos.
A LDB também determinou que os currículos da educação infantil, fundamental e média tenham uma
base nacional comum, porém, respeitando as diversidades de cada região, dividiu melhor as compe-
tências entre as esferas governamentais, pôs fim à obrigatoriedade do vestibular como única forma
de ingresso à universidade, trouxe as creches para o sistema educacional, estimulou novas modalida-
des como a educação a distância e determinou a elaboração de um novo Plano Nacional de Educa-
ção.
Como foi visto acima, o PNE é mencionado no artigo 214 da Constituição, que estabelece a elabora-
ção de um plano nacional de educação para articular o sistema nacional de educação e estabelecer
diretrizes, estratégias e metas para a educação durante dez anos. Contudo, vale ressaltar que, antes
mesmo de estar na Constituição de 88, o primeiro PNE foi organizado em 1962, seguindo diretrizes
da LDB de 61.
A LDB atual determina que o PNE deve ser organizado pela União em colaboração com Estados,
Distrito Federal e Municípios e estipulou prazo de um ano – a partir da data de publicação da lei,
20/12/1996 – para elaboração e apresentação do plano ao Congresso Nacional. Sendo assim, o se-
gundo PNE foi aprovado em janeiro de 2001. Com o fim de sua vigência em 2010, um novo plano foi
desenvolvido e colocado em tramitação no Congresso. Foi aprovado em 2014, após quase quatro
anos de tramitação (lei n° 13.005, de 25 de junho de 2014).
Ao todo, o plano apresenta 254 estratégias e 20 metas a serem cumpridas ao longo de dez anos, que
buscam garantir o direito à educação básica de qualidade, a universalização do ensino obrigatório, a
redução das desigualdades, a valorização da diversidade, a valorização dos profissionais da educa-
ção e o aumento das oportunidades educacionais.
São diretrizes que mobilizam todas as esferas administrativas e, por isso, Estados e Municípios tam-
bém foram obrigados a elaborar seu próprio plano estadual ou municipal de educação, seguindo os
princípios do plano nacional, mas adaptados a sua realidade.
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O plano é, portanto, uma ferramenta para planejar e articular as ações de todas as esferas do go-
verno em função de objetivos em comum, a fim de otimizar suas ações e evitar problemas causados
pelas lacunas entre União, Estados e Municípios, como descontinuidade de programas e de políticas
públicas e insuficiência de recursos.
As 20 metas do PNE
Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 a 5 anos de idade e
ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças
de até 3 anos até o final da vigência deste PNE.
Universalizar o ensino fundamental de 9 anos para toda a população de 6 a 14 anos e garantir que
pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigên-
cia deste PNE.
Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o
final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%.
Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender,
pelo menos, 25% dos (as) alunos (as) da educação básica.
Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo
escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:
9. Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o
final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabe-
tismo funcional.
10. Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos funda-
mental e médio, na forma integrada à educação profissional.
11. Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade
da oferta e pelo menos 50% da expansão no segmento público.
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12. Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da po-
pulação de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das
novas matrículas, no segmento público.
13. Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo
docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75%, sendo, do total,
no mínimo, 35% doutores.
14. Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a
titulação anual de 60.000 mestres e 25.000 doutores.
15. Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
no prazo de 1 ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educa-
ção de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de
1996, assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação
específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.
16. Formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professores da educação básica, até o último ano
de vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os (as) profissionais da educação básica formação
continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações
dos sistemas de ensino.
17. Valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a
equiparar seu rendimento médio ao dos (as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o
final do sexto ano de vigência deste PNE.
18. Assegurar, no prazo de 2 anos, a existência de planos de Carreira para os (as) profissionais da
educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos
(as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissi-
onal, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.
19. Assegurar condições, no prazo de 2 anos, para a efetivação da gestão democrática da educação,
associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no
âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto.
Organizações e movimentos sociais, como a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, tiveram
participação ativa na elaboração do PNE 2014-2024. Contudo, para seu efetivo cumprimento, é muito
importante que a sociedade civil continue acompanhando e monitorando o desenvolvimento do plano
mesmo após sua aprovação.
Para isso, foi criada a plataforma online Observatório do PNE, que monitora e analisa os indicadores
referentes às metas e estratégias e apresenta informações sobre programas e políticas públicas edu-
cacionais existentes.
De acordo com o próprio site do Observatório, “a ideia é que a ferramenta possa apoiar gestores pú-
blicos, educadores e pesquisadores, mas especialmente ser um instrumento à disposição da socie-
dade para que qualquer cidadão brasileiro possa acompanhar o cumprimento das metas estabeleci-
das”.
Ficou confuso sobre a Lei de Diretrizes e Bases e o Plano Nacional de Educação? Então confira as
diferenças fundamentais entre os dois na tabela a seguir:
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Com as recentes alterações na LDB, entrou em debate a formulação de um currículo com base nacio-
nal comum, para determinar as condutas que trariam uniformidade à educação. Após quatro anos de
elaboração, foi finalizada a BNCC para as duas primeiras etapas do ensino básico: a educação infan-
til e o ensino fundamental. Agora, essas duas fases de projeto serão apreciadas pelo Conselho Naci-
onal de Educação, enquanto a terceira continua a ser discutida e tem direta relação com a Reforma
do Ensino Médio.
Temas Transversais
Segundo o Ministério da Educação (MEC), “são temas que estão voltados para a compreensão e
para a construção da realidade social e dos direitos e responsabilidades relacionados com a vida pes-
soal e coletiva e com a afirmação do princípio da participação política. Isso significa que devem ser
trabalhados, de forma transversal, nas áreas e/ou disciplinas já existentes”. Os temas transversais,
nesse sentido, correspondem a questões importantes, urgentes e presentes sob várias formas na
vida cotidiana.
Com base nessa idéia, o MEC definiu alguns temas que abordam valores referentes à cidadania:
Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo e Pluralidade Cultural. No en-
tanto, os sistemas de ensino, por serem autônomos, podem incluir outros temas que julgarem de rele-
vância social para sua comunidade.
Os temas transversais são assim adjetivados por não pertencerem a nenhuma disciplina específica,
mas atravessarem todas elas como se a todas fossem pertinentes. Eles fazem parte dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs), criados a partir do Plano Nacional de Educação (PNE), estabelecido
em 1999, os quais não constituem uma imposição de conteúdo a serem ministrados nas escolas. São
apenas propostas nas quais as secretarias e as unidades escolares poderão se basear para elaborar
seus próprios planos de ensino.
Esses temas, que correspondem a questões presentes na vida cotidiana, foram integrados no currí-
culo por meio do que se chama de transversalidade. Ou seja, pretende-se que esses temas integrem
as áreas convencionais de forma a estarem presentes em todas elas, relacionando-as às questões da
atualidade e que sejam orientadores também do convívio escolar.
Assim, por exemplo, a área de Ciências Naturais inclui a comparação entre os principais órgãos e
funções do aparelho reprodutor masculino e feminino, relacionando seu amadurecimento às mudan-
ças no corpo e no comportamento de meninos e meninas durante a puberdade e respeitando as dife-
renças individuais. Dessa forma, o estudo do corpo humano não se restringe à dimensão biológica,
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mas coloca esse conhecimento a serviço da compreensão da diferença de gênero (conteúdo de Ori-
entação Sexual) e do respeito à diferença (conteúdo de Ética).
Assim, segundo orientação dos PCNs, não se trata de que os professores das diferentes áreas de-
vam “parar” sua programação para trabalhar os temas, mas sim de que explicitem as relações entre
ambos e as incluam como conteúdos de sua área, articulando a finalidade do estudo escolar com as
questões sociais, possibilitando aos alunos o uso dos conhecimentos escolares em sua vida extra-
escolar.
Não se trata, portanto, de trabalhá-los paralelamente, mas de trazer para os conteúdos e para a me-
todologia da área a perspectiva dos temas. Segundo o MEC, caberá aos professores mobilizar tais
conteúdos em torno de temáticas escolhidas, de forma que as diversas áreas não representem pon-
tos isolados, mas digam respeito aos diversos aspectos que compõem o exercício da cidadania.
Para a execução da proposta dos temas transversais, os PCNs indicam a elaboração de projetos,
que são uma das formas de organizar o trabalho didático e que podem integrar diferentes modos de
organização curricular.
Existem múltiplas possibilidades de projetos que visem resultados voltados para a vida comunitária,
tais como os que envolvem a questão do lixo, o desperdício, a necessidade de reciclagem e reapro-
veitamento de materiais, a qualidade ambiental da comunidade, o que fazer em casa, na escola, no
bairro, e que podem ter resultados significativos na mudança de atitudes e práticas de todos os envol-
vidos, sendo o principal deles o fato de que os alunos se vejam como verdadeiros cidadãos.
Os temas transversais atuam como eixo unificador, em torno do qual organizam-se as disciplinas, de-
vendo ser trabalhados de modo coordenado e não como um assunto descontextualizado nas aulas. O
que importa é que os alunos possam construir significados e conferir sentido àquilo que aprendem.
Quando enfocamos o tema transversal Trabalho e Consumo, poderemos enfatizar a informação das
relações de trabalho em várias épocas e a sua dimensão histórica, assim como comparar diversas
modalidades de trabalho, como o comunitário, a escravidão, a exploração, o trabalho livre, o assalari-
ado.
Poderemos também analisar a influência da publicidade na vida das pessoas, enfocando a Industria
Cultural. Refletir como a propaganda dissemina atitudes de vida, padrões de beleza e condutas que
manifestam valores e expectativas. Analisar criticamente o anseio de consumo e a autêntica necessi-
dade de adquirir produtos e serviços.
O papel da escola ao trabalhar Temas transversais é facilitar, fomentar e integrar as ações de modo
contextualizado, através da interdisciplinaridade e transversalidade, buscando não fragmentar em blo-
cos rígidos os conhecimentos, para que a Educação realmente constitua o meio de transformação so-
cial.
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