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A tecnologia, nas últimas décadas, vem crescendo em um ritmo cada vez mais acelerado e trazendo,

com ela, como toda grande revolução, melhoria em qualidade de vida e mudança de cultura em
escala global, e um efeito negativo no impacto sobre o mundo, na relação entre as pessoas.

Analisaremos aqui alguns aspectos em comum da interpretação dessas mudanças feitas por dois
grandes pensadores: Pierre Lévy e Roger Chartier. Aspectos esses: a fragmentação na relação com a
informação, a mudança na cultura linguistica, e concluiremos com o papel do livro físico em um
planeta cada vez mais digital.

Chartier comenta sobre um indivíduo jamais poder ter acesso à totalidade das escrituras, porque não
há uma língua universal, apesar de vários projetos para que isto aconteça. Mas Pierre complementa
esta fala dizendo que, na rede, existe uma língua padrão: o inglês. Por mais que o mundo inteiro
ainda não fale inglês, esta é a linguagem que está se tornando universal. Mas por quê?
Simplesmente, porque além de ser o "idioma dos negócios", é uma das línguas mais faladas no
mundo. Contudo, isso não significa que os outros dialetos serão esquecidos e apenas o inglês
predominará. Não, pelo contrário, isto faz com que as traduções de "inglês - outras línguas e outras
línguas - inglês" produzam mais informações e conteúdos disponibilizados. Isto ainda não faz com
que um indivíduo tenha acesso à totalidade das informações, como Chartier disse; porém, seguindo
neste caminho, certamente será mais fácil ter tal acesso, até porque, como Chartier disse: as
comunidades ajudam seus membros a aprender o que querem saber. [citação]

Mas, com todo esse tipo de informação sendo compartilhada na rede, as culturas não estão
ameaçadas? Não, justamente por conta desse acesso, novas culturas são criadas e as antigas são
mantidas através do compartilhamento. Chartier, por exemplo, afirmou que antigamente era comum
as pessoas lerem seus livros ou jornais em voz alta a fim de ser um ato sociável. Hoje em dia essa
prática não é tão comum, porém, com o avanço da rede foi possibilitada a criação de várias novas
culturas, uma delas a cultura cibernética de amantes de livros que fazem suas resenhas a partir da
internet. É como na fala de Pierre que ele diz que a manutenção da diversidade cultural depende da
iniciativa de cada um e que a principal riqueza do ciberespaço é nutrida pelas pessoas que o povoam,
ou seja, enquanto as pessoas repassarem seus conhecimentos a cultura não se extinguirá, seja ela
cibernética ou não.

Chartier se mostra receoso quando fala a respeito de livros em forma eletrônica, tanto que afirmou
não conseguir imaginar muito bem fazer uma leitura na cama com um computador. Atualmente esta
é uma prática bem comum, a internet certamente facilitou o acesso às informações e agora não é
obrigatório um indivíduo ir a uma biblioteca ou uma livraria pessoalmente para pegar o livro de
interesse. Basta alguns 'cliques' para se ter quase que imediatamente acesso ao livro desejado sem
ter que sair do lugar.

A discussão do "livro virtual versus livro físico" já é antiga e hoje isso é totalmente subjetivo. Já
existem dispositivos tecnológicos próprios para leitura virtual que não agridem aos olhos e até
mesmo simulam uma folha de livro, como o 'Kindle". É certo que ambas formas do livro tem suas
vantagens e desvantagens: a forma virtual, por exemplo, economiza em valor e em um espaço
absurdo que seria ocupado pelos livros físicos, em contrapartida, ele utiliza eletricidade, então
necessariamente precisa de carga.
Os livros físicos, apesar de ocuparem e pesarem muito mais que os virtuais, caem no aspecto beleza,
cheiro e são muito mais íntimos que uma tela virtual. Comprar um livro novo, abrí-lo e cheirá-lo é
quase um ritual que deve ser feito, além também da beleza que é ter toda uma coleção completa de
livros em uma estante, é algo lindo que dá orgulho, não é apenas um objeto ali deixado de
decoração, é mais que isso, é uma personificação de um sentimento por uma história.

Pegar um livro físico que já desejava há tempos, olhá-lo e ter o sentimento maravilhoso de tê-lo nas
mãos é algo inexplicável, é uma enorme emoção por ter tal obra magnífica que finalmente poderá
ser lida! Há quem não goste de fazer marcações individuais em seus livros, contudo, marcar páginas
ou trechos importantes da história é mais um exemplo de ato íntimo entre leitor e o livro. Esta
sensação já não é tão afeiçoada com o livro virtual, pois por mais que nele tenham recursos de
aplicativos de textos pré-formatados, não é a caligrafia do leitor que nele está inserida e sim uma fria
representação de bits de 0 e 1 para o leitor como letras pré-formatadas.

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