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MATERIAL DIDÁTICO
EDUCAÇÃO: JUDICIALIZAÇÃO E
JURISPRUDÊNCIA
Impressão
e
Editoração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
UNIDADE 1 – A JUDICIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ............................................... 8
1.1 SURGIMENTO DO FENÔMENO DA JUDICIALIZAÇÃO .................................................... 8
1.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ................................................................................... 12
1.3 O PRINCÍPIO DA “RESERVA DO POSSÍVEL” E DO “MÍNIMO EXISTENCIAL” ..................... 15
1.4 ATIVISMO JUDICIAL.............................................................................................. 21
1.5 CONSEQUÊNCIAS DA JUDICIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ............................................. 23
UNIDADE 2 – O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO PROCESSO DE
JUDICIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ........................................................................ 28
2.1 A ESTRUTURA DO MINISTÉRIO PÚBLICO (MP) ....................................................... 28
2.2 ÁREAS DE ATUAÇÃO DO MPF .............................................................................. 30
2.3 FUNÇÕES E PRINCÍPIOS DO MP ............................................................................ 32
2.4 ATUAÇÃO DO MPF NA JUDICIALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ........................................... 34
UNIDADE 3 – JURISPRUDÊNCIA E A GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO . 38
3.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ................................................................................... 38
3.2 A RELAÇÃO PÚBLICO-PRIVADO NA EDUCAÇÃO E O STF .......................................... 40
3.3 EMENTAS DE DECISÕES DOS TRIBUNAIS E AÇÕES PROMOVIDAS PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO (AÇÃO CIVIL PÚBLICA OU INQUÉRITOS CIVIS) RELACIONADAS À EDUCAÇÃO ........ 41
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49
3
INTRODUÇÃO
Figura 2: Jurisprudência.
Fonte: http://www.tce.sc.gov.br/acom-intranet-ouvidoria-biblioteca
1
Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou
similares.
2
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora
Positivo, 2005.
7
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl +
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local.
8
3 Welfare State ou Estado de Bem-Estar Social baseia-se em uma ideia de que o homem possui
direitos indissociáveis a sua existência enquanto cidadão, estes direitos são direitos sociais. De
acordo com esta concepção, todo o indivíduo tem o direito, desde seu nascimento, a um conjunto de
bens e serviços que lhe devem ser oferecidos e garantidos de forma direta através do ESTADO, ou
indiretamente, desde que o Estado exerça seu papel de regulamentar isso dentro da própria
sociedade civil.
Em linhas mais gerais, os direitos sociais no Welfare State visam assegurar que as desigualdades de
classe social não comprometam o exercício pleno dos direitos civis e políticos.
9
demanda jurídica para que esses direitos fossem garantidos. Entretanto, já em 1803,
com o caso Madison VS. Marbury, no qual a Suprema Corte dos Estados Unidos
declarou nulo um ato do Poder Legislativo, entendendo que tal ato feria a
Constituição, pode-se dizer que foi aberto um caminho para o Controle de
Constitucionalidade, prática disseminada no século XX. Antes disso, ainda por volta
dos anos de 1780, já é possível identificar a prática do Controle de
Constitucionalidade, mas com um objetivo político diferente do empregado nos dias
atuais. Naquele período, sua função estava restrita a dar ao povo a proteção contra
legisladores desonestos, que por algum motivo não agiam em conformidade com a
lei (OLIVEIRA, 2011).
JOSÉ GERALDO ALENCAR FILHO (2011) explica que o fenômeno da
judicialização da política é caracterizado por uma involuntária transferência de poder
para as instâncias judiciais em detrimento de instituições políticas tradicionais, que
são o Legislativo e o Executivo. Por sua vez, juízes e tribunais passaram, dentre
outros temas polêmicos e complexos, a revisar e também implementar políticas
públicas, revendo com isso as regras do jogo democrático.
Esse fenômeno da judicialização se trata de uma interferência que se diz
involuntária, que é fruto de um processo normal do constitucionalismo moderno,
visto ser a Constituição composta por conceitos de caráter aberto que precisam ter
seu sentido interpretado pelo Poder Judiciário, seja por meio do controle de
constitucionalidade ou por decisões de natureza política (ALENCAR FILHO, 2011).
ERNANI CARVALHO (2004, p. 3) aponta as condições políticas para o
surgimento da Judicialização:
i) democracia, condição necessária, porém não suficiente;
ii) separação dos poderes, que no Brasil é princípio constitucional;
iii) direitos políticos formalmente reconhecidos pela Constituição;
iv) uso dos tribunais pelos grupos de interesse econômicos e sociais centrais
(como movimentos sindicais);
v) uso dos tribunais pela oposição, que se utiliza para frear, obstaculizar e
até mesmo inviabilizar as alterações promovidas pela maioria;
vi) inefetividade das instituições majoritárias, referindo-se a incapacidade
dessas instituições em dar provimento às demandas sociais e os tribunais, diante da
inércia, acabam em pôr fim a conflitos que deveriam ser resolvidos no âmbito
político.
10
Guarde...
Conforme LOIANE PRADO VERBICARO (2008, p. 390), no contexto
brasileiro, entre as condições propiciadoras e/ou facilitadoras do processo de
judicialização da política, destacam-se:
a promulgação da Constituição Federal de 1988;
a universalização do acesso à justiça;
a estrutura tripartite de organização dos poderes do Estado;
a existência de uma Carta Constitucional com textura aberta, normas
programáticas e cláusulas indeterminadas;
a crise do paradigma formalista de interpretação inspirado nas premissas do
positivismo jurídico;
a ampliação do espaço reservado ao Supremo Tribunal Federal;
a permissão por parte da Constituição de 1988 para que o Poder Executivo
edite medidas provisórias;
a ampliação do rol dos legitimados ativos a propor a ação direta de
inconstitucionalidade;
a veloz modificação da base econômica do Brasil;
a existência de novas forças sociais representadas por importantes
movimentos, organizações e grupos sociais;
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4 O julgado do Recurso Extraordinário 700.227EDD /AC, sob a relatoria da Ministra Carmen Lúcia no
ano de 2013, determinou o seu voto que: “O Tribunal de origem restringiu-se a extinguir o processo
sem resolução de mérito, por impossibilidade jurídica do pedido, por considerar inviável ao Poder
Judiciário intervir na implementação de políticas públicas. Todavia, esse entendimento não se
harmoniza com a jurisprudência deste Supremo Tribunal, que assentou que o Poder Judiciário, em
situações excepcionais, pode determinar que a Administração Pública adote medidas assecuratórias
de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso configure contrariedade
ao princípio da separação dos Poderes” (Supremo Tribunal Federal. Segunda Turma. RE
700.227ED/AC- Acre, rel. Min. Carmen Lúcia. Decisão por unanimidade. Brasília 23.04.2013. DJ
31.5.2013. Disponível em:
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=3890562>
5 EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS. DETERIORAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE
INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO. CONSTRUÇÃO DE NOVA ESCOLA. POSSIBILIDADE.
INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. GARANTIA DO
DIREITO À EDUCAÇÃO BÁSICA. PRECEDENTES. As duas Turmas do Supremo Tribunal Federal
possuem entendimento de que é possível ao Judiciário, em situações excepcionais, determinar ao
Poder Executivo a implementação de políticas públicas para garantir direitos constitucionalmente
assegurados, a exemplo do direito ao acesso à educação básica, sem que isso implique ofensa ao
princípio da separação dos Poderes. Precedentes. Agravo regimental a que se nega provimento.
(Supremo Tribunal Federal. Primeira Turma. ARE 761.127- AgR -AP, Rel. Min. Roberto Barroso.
Decisão por unanimidade. Brasília. 24.06.2014. DJ de 18.08.2014. Disponível
em:<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28direito+%E0+educa%
E7%E3o%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/nd7f5te
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ativismo judicial é uma expressão cunhada nos Estados Unidos e que foi
empregada, sobretudo, como rótulo para qualificar a atuação da Suprema
Corte durante os anos em que foi presidida por Earl Warren, entre 1954 e
1969. Ao longo desse período, ocorreu uma revolução profunda e silenciosa
em relação a inúmeras práticas políticas nos Estados Unidos, conduzida por
uma jurisprudência progressista em matéria de direitos fundamentais [...]
Todavia, depurada dessa crítica ideológica – até porque pode ser
progressista ou conservadora – a ideia de ativismo judicial está associada a
uma participação mais ampla e intensa do Judiciário na concretização dos
valores e fins constitucionais, com maior interferência no espaço de atuação
dos outros dois Poderes.
6
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8072.htm
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7 A justiça passou a ser chamada amiúde a solucionar conflitos no âmbito escolar, que extrapolam a
questão da responsabilidade civil, ou seja, se antes se contemplava na esfera do judiciário, ações de
indenizações ou reparação de danos envolvendo o sistema educacional, ou mandados de segurança
para garantia de atribuições de aulas a professores, hoje, a realidade é bem diversa, e várias são as
situações em que se provoca o judiciário com questões educacionais. A efetividade do direito à
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a) SISTEMA DE EDUCAÇÃO:
a.1) Transferência de responsabilidade – grande parte das questões
escolares e que devem ser solucionadas na própria escola, são transferidas para a
esfera judicial. Os responsáveis pela educação não assumem o compromisso que é
próprio da educação em esgotar os recursos internos baseados no diálogo. Exemplo
típico dessa situação refere-se à questão da violência. Hoje, muitos casos
encaminhados à justiça revestem-se mais de características de ato de indisciplina do
que ato infracional. A escola, muitas vezes, sequer esgota os mecanismos previstos
no próprio regimento escolar, preferindo provocar a atuação do Judiciário, Ministério
Público, Autoridade Policial e Conselho Tutelar. Sendo ato de indisciplina, a
competência para analisá-lo continua sendo da própria escola e não do sistema de
garantia de direitos.
a.2) Desconhecimento da legislação relacionado à criança e ao
adolescente – outra questão da judicialização da educação diz respeito a este
desconhecimento legal. Várias são as situações em que a escola provoca a
instituição errada para o encaminhamento das ocorrências. Provoca-se o Poder
Judiciário ou Ministério Público quando, na verdade, o caso deveria ser
encaminhado ao Conselho Tutelar. Desconhecem as atribuições do sistema de
garantia de direitos. Há também situações em que este desconhecimento legal
acaba por levar ao Judiciário ou Conselho Tutelar, situações que não poderiam ser
encaminhadas, antes do esgotamento das medidas administrativas. No mesmo
sentido, ocorre essa hipótese quando da instauração de procedimento em face do
aluno e não são obedecidos os princípios constitucionais básicos da ampla defesa e
do contraditório.
Vale lembrar que não está se pretendendo que todo e qualquer profissional
da educação tenha o conhecimento do direito. No entanto, toda legislação que lhe
diga respeito diretamente, não pode ser ignorada. Exemplo dessa situação ocorre
8
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp75.htm
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Nesses casos, o MPF age por meio da ação civil pública, da ação civil
coletiva ou da ação de improbidade administrativa.
O MPF também age preventivamente, extrajudicialmente, quando atua por
meio de recomendações, audiências públicas e promove acordos por meio dos
Termos de Ajuste de Conduta (TAC).
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) coordena, com a
colaboração de seu Grupo de Trabalho, a atuação dos membros do MPF no tema
Educação. A atuação da PFDC se dá por meio de: instauração de procedimento
administrativo, expedição de notificação a autoridades, requisição de informações e
documentos, expedição de recomendações, celebração de Termos de Ajustamento
de Conduta (TAC), realização de audiências públicas e participação em grupos
interinstitucionais, além do diálogo e interlocução direta com parlamentares,
representantes da sociedade civil e demais setores interessados.
O Grupo de Trabalho (GT) Educação da PFDC foi instituído em 2005 e, por
meio de portarias, vem tendo sua vigência renovada a cada ano. O GT atua
examinando as demandas relacionadas ao tema e propondo à PFDC estratégias de
atuação e diretrizes para orientação dos trabalhos dos Procuradores dos Direitos do
Cidadão.
Os focos de atuação do GT estão em:
garantir o acesso democrático e isonômico aos cursos de pós-graduação, nas
Universidades Públicas, através do aperfeiçoamento do processo seletivo;
enfrentar a questão relativa à cobrança de contribuições compulsórias em
estabelecimentos oficiais de ensino, em especial nos Colégios Militares;
exigir a implementação de políticas públicas de educação profissionalizante
para os adolescentes em conflito com a lei;
exigir o fomento de políticas públicas de capacitação de professores para o
magistério das disciplinas Filosofia, Sociologia (Lei 9.394/1996 – LDB),
História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena (Leis 10.639/2003 e 11.645/2008)
e Educação Ambiental (Lei 9.795/1999);
exigir o acompanhamento e fiscalização do cumprimento dos requisitos de
adesão ao sistema educacional para os beneficiários do Programa Bolsa
Família;
cobrar a promoção de mecanismo público que garanta a revalidação dos
diplomas dos médicos formados em Cuba;
32
9
Disponível em: http://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/pfdc/institucional/grupos-de-
trabalho/educacao
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Figura 5: Jurisprudência.
Fonte: http://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/direito-facil-1/jurisprudencia-x-precedente
b) Transporte escolar:
Da mesma forma como mencionado no item anterior, a Constituição Federal
(art. 208, VII), o Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 54, VII) e a LDB (art. 4.º,
VIII), meta 17 do capítulo do ensino fundamental do Plano Nacional de Educação,
também estabelecem a necessidade de atendimento ao educando, no ensino
fundamental, de programa de transporte. Nesse sentido, apontam as decisões a
seguir:
APELAÇÃO CÍVEL – Apelo voluntário da Municipalidade – Contagem de
prazo que se submete à regra do art. 198, II, do ECA, ainda que aplicado em dobro,
em razão do disposto no art. 188 do Código de Processo Cível – Intempestividade
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c) Falta de professores:
A falta de professores prejudica o pleno desenvolvimento do educando,
regra básica prevista na Constituição Federal (art. 205), Estatuto da Criança e do
Adolescente (art. 53) e LDB (art. 2, 12 e 13). Por outro lado, a LDB estabelece toda
uma política de organização educacional (arts. 10 a 13) e normas relativas aos pro-
fissionais da educação (art. 67) que, uma vez desrespeitada, enseja medida judicial,
como a ação a seguir mencionada:
Ação Civil Pública proposta pelo Ministério Público do Estado do Amapá
objetivando que o Estado do Amapá imediatamente lote professores em todas as
disciplinas ministradas nas seguintes escolas da rede estadual sediadas na Cidade
de Calçoene: Professor Sílvio Elito da Lima Santos, Amaro Brasilino de F. Filho e
Lobo Dálmada, fixando multa diária a ser paga pessoalmente pelo senhor secretário
de Estado da Educação, no caso do não cumprimento da obrigação, conforme
previsto no art. 213, § 2º, do ECA.
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f) Cancelamento de matrículas:
Ação Civil Pública – Determinação da Secretaria de Educação que
cancelava a matrícula de crianças e adolescentes que não comparecessem nos
primeiros dez dias do ano letivo. Manifesta ilegalidade. Determinar o cancelamento
da matrícula de crianças e adolescentes em razão de falta escolares, ainda que
injustificadas, viola o direito de acesso à educação. (Tribunal de Justiça do Estado
de São Paulo – Recurso ex officio nº 60.258- 0/6-00. Fazenda Pública do Estado de
São Paulo e Ministério Público).
Mandado de Segurança – Ensino. Anulação de ato administrativo.
Indeferimento de matrícula em curso de língua estrangeira, ministrado pelo Centro
de Estudos de Línguas, da Secretaria Estadual da Educação, com fundamento na
Resolução nº 6, de 22/01/2003, que estabeleceu como beneficiários do curso de
línguas somente aqueles alunos matriculados na rede pública de ensino. Alegação
desincompatibilidade superveniente do impetrante com o programa CEL diante do
fato de não mais estar matriculado na rede pública de ensino. Inadmissibilidade.
Aluno carente que foi contemplado com bolsa de estudos em escola da rede
particular para o ensino médio. Hipossuficiência não afastada. Ofensa aos
dispositivos constitucionais que garantem o acesso integral à educação. Segurança
concedida. Decisão Mantida. (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Apelação
nº 465.757-5/4. Apelante: Fazenda do Estado de São Paulo. Comarca de
Araçatuba).
g) Licença gestante:
Mandado de Segurança – Adolescente – Estudante – Licença gestante com
prazo de 120 dias – Dirigente Regional de Ensino que concedeu afastamento de
apenas 90 dias, fundado na Lei nº 6.202/75 – Prazo de 120 dias previsto no artigo
7º, inciso XVIII, da CF. Prevalência da norma constitucional. Ordem concedida.
Sentença mantida. (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Apelação Cível nº
161.501-0/02 – Presidente Prudente. Apelante: Fazenda do Estado de São Paulo.
Apelado: Ministério Público).
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h) Escolas particulares:
Além dos temas mencionados, existem outros que se referem
especificamente às escolas particulares. Na discussão que se trava com as escolas
particulares, o fundamento legal extrapola a Constituição Federal, LDB, ECA,
resoluções e portarias, incluindo como suporte o Código de Defesa do Consumidor –
Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. As discussões travadas têm ligação direta
com eventual cobrança por parte das escolas. São exemplos de decisões que bem
demonstram essa relação:
Apelação – Cobrança – Prestação de serviços educacionais – Comprovação
do réu de cancelamento de matrícula solicitada pelo aluno. Tendo a instituição de
ensino demonstrado expressamente que o réu protocolou pedido de cancelamento
de sua matrícula, não há como exigir-se o pagamento das mensalidades restantes.
(Apelação cível nº 1117339-0/2, Santo André, TJSP, Relatora: Des. Lino Machado).
Fornecimento de histórico escolar – Negativa ante a existência de débito –
Inadmissibilidade – Segurança concedida – Recurso improvido. (Apelação cível nº
1160767-0/2, Ituverava, TJSP, Relator: Des. João Omar Marçura).
Mandado de Segurança – Prestação de serviços educacionais. Recusa de
fornecimento de certificado de conclusão de curso de ensino médio.
Inadmissibilidade. O caput do artigo 6º da Lei nº 9.870, de 23 de novembro de 1999,
proíbe a retenção de documentos escolares ou a aplicação de quaisquer outras
penalidades pedagógicas por motivo de inadimplemento. Além disso, a negativa da
autoridade impetrada atenta contra o artigo 205 da C.F., uma vez que impede a
continuidade dos estudos do impetrante. (Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo. Recurso nº 1.075.234.0/1. São Paulo).
Prestação de serviços – Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor
à prestação de serviços educacionais – Multa limitada à 2% – Desconto
pontualidade que configura multa disfarçada e inadmissível “bis in idem” – Retenção
de documentos escolares – Dano moral – Indenização reduzida – Recurso
improvido. (Apelação cível nº 930565-0/9, São José do Rio Preto, TJSP, Relator:
Des. Eduardo Sá Pinto Sandeville).
Não pode a apelante, sem justa causa, recusar-se a fornecer os documentos
necessários para a transferência do apelado, uma vez que a Lei nº 9.870/99 no seu
artigo 6º caput e §1º, proíbe a aplicação de penalidades em razão de
inadimplemento e, ainda, dispõe expressamente, que a instituição e ensino tem o
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REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS BÁSICAS
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
APPIO, Eduardo. Direito das Minorias, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2008.
CAMARGO, Paulo de. Quando a educação é caso de justiça (2014). Disponível em:
http://www.revistaeducacao.com.br/quando-a-educacao-e-caso-de-justica/
CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 7 ed. Salvador: Editora
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ESTEVES, José M. Mudanças sociais e função docente. In: NOVOA, Antônio (org.).
Profissão professor. 3. ed. Portugal: Porto Celina, 1995. p. 93-124.
NUNES JÚNIOR, Flávio Martins Alves. “O Poder Judiciário e sua vinculação aos
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PITA, Flávia Almeida. A jurisprudência como fonte do direito. Qual é hoje o seu
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SAMPAIO, Marcos. O conteúdo essencial dos direitos sociais. São Paulo: Saraiva,
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SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 8 ed. Porto Alegre:
Editora Livraria do Advogado, 2007.
SOUZA, Motauri Ciocchetti de. Direito educacional. São Paulo: Verbatim, 2010.