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Nassif diz que Paulo Guedes ainda é movido pelo modelo Pinochet
(Foto: Felipe Gonçalves)
247 – "Paulo Guedes significou a radicalização do ultraliberalismo
que, no fundo, ocultou sua enorme incompetência para tratar de temas
de responsabilidade de um Ministro da Economia – ainda mais
controlando um superministério, que juntou à Fazenda os Ministérios
do Planejamento e do Desenvolvimento", avalia o jornalista Luis
Nassif, em coluna publicada no GGN.
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“Eu sou oncologista, então eu tenho direito de usar uma droga que não
tem efeito na doença daquele paciente? Esse é um direito meu? E o
direito do doente? [O doente] que está recebendo uma droga que não
vai acrescentar nada e poderá juntar efeitos colaterais. O médico não
tem esse direito, não. O médico tem que se basear na melhor
informação científica disponível para adaptá-la para aquele paciente”,
diz.
Bom, eu acho que ele é o principal, mas não é o único. Há muita gente
responsável, inclusive esses meninos de classe média que se metem
nos bares, que organizam festas clandestinas, e outras autoridades que
também negaram as medidas de proteção da sociedade.
[Também] tem o erro crasso de não pensar nas vacinas quando elas
estavam disponíveis. Qualquer pessoa diria, ‘bom, os Estados Unidos,
a Europa, a Ásia tão indo atrás, nós temos que ir atrás também’. Era
arriscado, claro, mas a troco de que os países estavam investindo
bilhões de dólares na compra de vacinas? São idiotas? Eles estavam
afim de jogar dinheiro fora? Quando todos os países estavam correndo
em busca das vacinas, não havia por que o Brasil não fazer o mesmo,
né?
A pergunta que mais recebemos dos nossos Aliados foi: qual a sua
opinião sobre os médicos que receitam o chamado “tratamento
precoce” ou “kit-Covid” com cloroquina, ivermectina e outros
remédios que hoje sabemos que são comprovadamente ineficazes
contra o coronavírus?
Minha opinião é a pior possível, né? Como é que você tem um médico
que sai defendendo uma droga inútil, com nenhuma eficácia
demonstrada, para que continue sendo receitada? A medicina não
pode ser assim A medicina tem que ser baseada nas evidências
científicas. Isso é o que diferencia a medicina atual daquela que foi
praticada há 100 anos atrás, [quando] os médicos faziam sangria,
aplicavam sanguessugas. Isso foi feito durante milênios, quando a
medicina não era baseada nas evidências.
O que mudou da metade do século passado para agora foi a
necessidade de você comprovar que determinado tratamento tem ação
contra aquela doença. Todos os estudos que foram feitos até aqui não
permitiram identificar uma única droga com a ação contra o
coronavírus. Quem não gostaria de ter uma droga barata com
toxicidade conhecida, que pudesse ser administrada nas fases iniciais
da doença e que impedisse que a doença se tornasse grave, ou que
curasse a doença? Por que nós somos contra? Porque não há nenhuma
evidência. Não é que não há evidências de que a droga seja útil. As
evidências todas são de que elas são inúteis. E que ainda podem
acrescentar efeitos colaterais.
Um dos nossos Aliados fez uma pergunta que resume o que muitos
brasileiros estão sentindo agora: nós vamos conseguir acabar com
a pandemia ou ela vai acabar conosco antes?
Nós estamos tendo três mil e tantas mortes por dia, há vários dias.
Imagine que nós tivéssemos agora 420 milhões de doses de uma
vacina mágica, que você deu duas doses, pronto, ninguém mais pega a
doença. Ia acabar a epidemia? Claro. Mas ia acabar agora? Evidente
que não. Primeiro porque você precisa de um tempo pra administrar
essa vacina, depois porque as pessoas que já adquiriram o vírus vão
desenvolver a doença. Quando morre alguém, essa pessoa se infectou,
no mínimo, duas ou três semanas atrás. Então, as mortes por
coronavírus contam a história da epidemia no passado, não no
presente.
Então, a situação é de que nós vamos conviver com o vírus. Ele vai
continuar sendo transmitido enquanto nós não vacinarmos todos os
brasileiros, até as crianças. E mesmo assim, conseguir 100% de
cobertura vacinal da população inteira é muito complicado. Mesmo
para o Brasil, que tinha um dos melhores programas de imunização do
mundo, mesmo a gente contando com essa infraestrutura de 38 mil
salas de vacinação espalhadas pelo país, não será fácil a gente vacinar
um número suficiente de brasileiros para fazer o vírus desaparecer.
Mas, aí, nós partimos de um erro, que eu espero que nunca mais seja
cometido em nenhuma nova epidemia no país, que é o conceito do
grupo de risco. Esse conceito colabora muito para a disseminação da
epidemia. O que a gente dizia na época da AIDS? Os grupos de risco
eram os homens homossexuais e os usuários de droga injetável. Então
você era mulher, não usava droga na veia, você não fazia parte do
grupo de risco, e aí você se arriscava. Você arranjava um namorado
que era bissexual ou que era usuário de droga e você não sabia. Você
expõe a população quando estabelece a coisa do grupo de risco.
Espero que nunca mais seja feito isso no Brasil. Não temos grupos de
risco, nós temos comportamentos de risco. E aí, infelizmente, isso
irmana aqueles que saem pra trabalhar, porque não têm alternativa, e
os outros que saem pra passear, pra fazer festas em ambientes
fechados.
Nós temos que pensar assim: o que foi feito de errado no Brasil, já foi
feito. Daqui pra frente, como nós temos que pensar? Bom, nós vamos
conviver com esse vírus por muito tempo. Então nós temos que
ensinar as criancinhas, os jovenzinhos, a usar máscara o tempo todo.
A máscara tem que fazer parte do nosso vestuário, assim como eu não
saio de casa sem camisa, nós não podemos mais sair sem máscara. A
ciência é que tem que dizer pra população o que pode e o que não
pode fazer.
Não fizemos assim com a AIDs? A gente dizia como é que tem que
ser sua vida sexual, o que você pode fazer que não tem risco e o que
você não pode fazer que tem risco. Não dá pra fazer como a igreja
fazia: não pode ter atividade sexual, sexo só no casamento. Resolveria
o problema, mas as pessoas são teimosas, elas não obedecem.
Nós temos que dizer o que é possível. Por exemplo, ao ar livre, o risco
é menor de pegar o vírus do que dentro de um ambiente fechado.
Então, ‘ah, eu vou sair pra dar uma volta porque eu não aguento mais’,
você pode sair com a máscara. Só que você não vai encontrar o amigo
ou amiga na esquina e abraçar e beijar. Tem que estabelecer quais são
as regras pras pessoas entrarem nesse jogo com segurança
Bom, aí o que acontece? ‘Eu não saio, fico trancado em casa. E chega
no fim de semana, eu tenho dois casais de amigos que tão trancados
como a gente, vamos convidar eles pra vir aqui’. É assim que se
transmite o vírus. Porque você fica num ambiente fechado, às vezes as
pessoas até chegam de máscara, aí na hora que serve o primeiro
aperitivo tem que tirar a máscara, depois já ficam sem. Você pode
estar aglomerado com cem pessoas e não ter nenhuma infectada e
você não corre risco nenhum, e você pode receber a visita de uma
pessoa só, infectada, que te transmite o vírus.
Eu acho que daqui em diante, nós temos que fazer essas definições e
divulgar isso pelos meios de comunicação. Nós passamos essa
epidemia inteira e o que nós divulgamos pelos meios de comunicação
de massa? Eu participo do Todos Pela Saúde, nós que fizemos a
primeira campanha para utilização de máscara. Isso não tem
cabimento, uma iniciativa privada fazer uma coisa que caberia às
autoridades federais, estaduais, municipais, a todos
Primeiro são as sequelas. Essa não é uma doença que tem um curso
típico de infecção viral na qual você fica doente, febre, outros
sintomas, depois tudo passa, o sistema imunológico se recupera e você
toca a vida pra frente. Quantas gripes a gente não teve que ocorreram
dessa maneira? Essa doença é um vírus que se dissemina pelo corpo
todo, e provoca fenômenos inflamatórios especialmente nos músculos,
no coração, nos pulmões, no fígado e em outros órgãos, até no
cérebro. E uma proporção razoável dos pacientes não consegue
resolver isso em duas semanas. Ficam com sequelas que se mantêm. A
gente vê na televisão pessoas que saem das UTIs de cadeira de rodas.
Muitos não conseguem andar, às vezes pessoas fortes.
Nós temos um outro lado dessa questão que é o seguinte: o vírus vai
ficar. Se o vírus vai ficar, vai continuar havendo uma demanda no
Sistema Único de Saúde. Não vai ter jeito. Nós não podemos relaxar
neste ponto, dizer: ‘bom, então desmobiliza, esquece os leitos de UTI,
fecha.’ Vai ter que fazer essa operação com cuidados. Veja a diferença
da primeira pra segunda onda, ela nos pegou de surpresa. Leitos
fechados, hospitais de campanha fechados. Não estou dizendo que
eles deviam ter permanecido abertos, porque manter uma estrutura
dessas sai caro e não tem nenhuma utilidade por meses. Mas nós
temos que ter agilidade pra montar outros rapidamente se eles forem
necessários. Então nós vamos ter a necessidade de uma vigilância do
sistema de saúde.
É lógico que você fica decepcionado. Você tem uma vida inteira de
atuação profissional, grande parte dela dedicada à divulgação de
conhecimentos científicos e de informações sobre saúde para a
população. E aí, você vê, de repente, pegarem uma fala sua que foi
feita em janeiro [de 2020], quando não havia nenhum caso no Brasil,
não havia nenhum caso na Itália ainda. As informações que nós
tínhamos eram da China. Lógico que eu errei, evidente. Mas acho que
eu não cometi um erro de avaliação naquele momento porque nós não
tínhamos dados. O mundo inteiro não esperava que isso acontecesse.
Agora, você pega uma frase dessa e joga nesse contexto… até agora,
toda hora repetem isso: ‘ai, não era um resfriadinho?’. Eu tenho um
desprezo tão profundo por essa gente [que espalha desinformação]
que, sinceramente, não me atinge mais, sabe? Porque é uma gente
desclassificada, é o pior tipo de brasileiro que pode existir. Eu não
tenho diálogo com essas pessoas. Não vão me atingir, eu não sou
candidato a nada, nunca serei, meu trabalho não é político. Não levo a
sério. É uma coisa tão baixa. E é destinada a fazer o quê? A confundir
a população. A justificar os absurdos que o Presidente da República
fala – e não é que ele falou em janeiro do ano passado, quando a
epidemia não estava aqui. Ele fala até agora. Passou um ano inteiro
confundindo a população. Dando exemplo pessoal de como facilitar a
disseminação do vírus. Isso sim é um crime que não pode ficar sem
punição, eu acho. Nem sei qual a punição, isso nem cabe a mim, isso é
coisa dos dos juristas.
É, pois é
Nós temos que resistir. Quando eu tinha seis, sete anos, minha avó me
contava as histórias da gripe espanhola. Ela e meu avô tinham três
filhos pequenos naquela época. Ela dizia: ‘ah, filho, você não imagina
o que aconteceu aqui. A gente tinha que ficar fechado em casa, só saía
correndo pra comprar alguma coisa na venda e trazia pra casa. E
mesmo assim, a gente ia com muito medo porque as pessoas morriam,
as famílias velavam durante a noite, e na manhã seguinte colocavam
os corpos na calçada pras carroças levarem pra enterrar em valas
coletivas.’ É uma história que eu ouvi de pequenininho, e tenho até
hoje essa imagem dos corpos na calçada. A gente morava no Brás, que
é um bairro operário aqui de São Paulo.
Nós somos descendentes – todos nós, você, eu e todos que estão nos
lendo – de pessoas que sobreviveram à gripe espanhola e puderam
deixar descendentes dessa maneira. Eles sobreviveram numa época
[entre 1918 e 1920], em que eles tinham que ficar trancados em casa e
não tinham nem rádio. Imagine.
Falando nisso, um dos nossos editores que leu o seu livro sobre
corridas perguntou como o senhor tem se organizado pra manter
as atividades físicas que tanto preza?
Dez?
Não, senhora, não vou falar. Lógico que você não vai pegar e subir 16
andares na primeira vez, mas você começa fazendo uma vez. O
segredo é descer de elevador, porque na descida você machuca o
joelho. E quando você desce, você faz aquele alongamento de dobrar
o corpo e pôr a mão no pé, sem dobrar os joelhos. É importante
isso. Seja aliado da Pública
2Ces deux livres renouvellent-ils l’approche de ce film déjà beaucoup commenté, analysé,
étudié par le passé ? C’est ce qu’il faut évaluer. En langue française, depuis le livre de
Francis Bordat, Chaplin cinéaste (dans la feue collection « 7e art » des éditions du Cerf : qui
va rééditer ce texte ?), il ne semble pas qu’il y ait eu beaucoup de travaux décisifs sur
Chaplin. On a plutôt exploité le « mythe » Charlot qu’a encore appesanti l’ouverture d’un
Musée Chaplin à Vevey sous l’égide du Musée Grévin.
3On se lance donc avec curiosité dans la lecture de ces deux livres qui sont assez différents
dans leurs compositions et leurs visées. Guillaume Debrulle s’est efforcé d’être exhaustif et
son livre est didactique au bon sens du mot. Laurent Jullier et Jean-Marc Leveratto ont plutôt
pris le parti de soutenir une thèse sans s’embarrasser, fût-ce d’une bibliographie...
4Commençons par ce dernier qui – c’est à noter – ne fait aucune référence à Bordat
contrairement à Debrulle qui lui dédie son texte. Le livre de la collection « Philosophie et
cinéma » se lit avec intérêt tant il conjugue avec aisance érudition et analyse de film. Il
n’allait pas de soi, s’agissant d’un des personnages (auteur, acteur, metteur en scène,
producteur, compositeur, homme public) les plus commentés de l’histoire du cinéma,
débordant d’ailleurs largement cette dernière, s’agissant en outre d’un ouvrage à vocation
pédagogique, que l’on ne s’y ennuie pas au gré de retrouvailles plutôt que de découvertes.
Or les deux auteurs, formant désormais un couple bien rodé dont on devine quelque peu la
part qu’ils ont pris chacun à l’ouvrage divisé en deux parties, renouvellent bel et bien le sujet
qu’ils se sont donné. Certes il y a une « grille » Leveratto et un « modèle » Jullier d’analyse
de film, mais il faut reconnaître que le personnage Charles Spencer Chaplin et ses différentes
déclinaisons (Charlie, The Tramp, Charlot, le petit homme, le vagabond, etc.) semble fait sur
« mesure » pour vérifier l’approche sociologique de la Mesure de l’art.
5En stigmatisant d’entrée l’étroitesse de la notion d’auteur telle que mise en place par « la
Nouvelle Vague française » (il vaudrait mieux dire les rédacteurs des Cahiers du cinéma) –
qui occulte la chaîne de savoir-faire de tous les collaborateurs du film – le livre montre que
Chaplin est en somme le modèle, dès les années 1920, de cette figure construite. Or le
travail d’équipe, dit-on d’entrée, fait bénéficier le film d’une « efficacité
esthétique particulière » due au décor, au scénario, à la bande sonore et à
l’accompagnement musical (domaine auquel était alors étranger Chaplin). On ne saurait en
rester à la seule prestation de l’acteur et à son talent personnel. L’accueil intellectuel de City
Light conduisant à l’émergence de cette idéologie de l’auteur cinématographique est repéré
dans une source inattendue, un discours de distribution des prix au Collège Saint-Simon par
M. Patri, professeur de philosophie. (qui permet de faire observer au passage que le discours
de Sartre dans son lycée, qui passait pour une innovation, entrait, somme toute, dans un
certain habitus du prof. de philo dans les années 1930). Patri voit dans City Light la
réalisation parfaite de la « définition de la beauté donnée par Kant », une « pure distraction
esthétique » due au respect par le metteur en scène, Chaplin, de l’essence artistique du
cinéma. « C’est de son génie personnel, du style particulier qu’il impose au rythme et à la
distribution des images que dépend la qualité artistique du film » (publié dans l’Instantané
journal mensuel de tout amateur photographe, octobre 1931) (p. 17).
9Cette dernière appréciation permet de se demander si, remis en cause dans la Première
partie, l’auteur Chaplin ne se voit pas restauré dans la Deuxième. Comment repérer, en
effet, dans les analyses de films, les contributions dont bénéficie le film outre la performance
d’acteur et les choix de mise en scène de Chaplin ? Disparaissent-elles dans le produit final
que dès lors on continue d’identifier avec Chaplin ? Les choix de cadrage, du montage alterné
et le reste, dans un film Keystone (Mack Sennett) puis Essanay doivent-ils être imputés au
seul Chaplin comme ils peuvent l’être dans City Lights quinze ans plus tard ou à l’imposition
de protocoles différents d’une époque à l’autre et peut-être d’un studio à l’autre ? Sur ces
points c’est l’autre livre sur City Lights qui fournit des réponses parlant de « la ``bande’’ à
Chaplin » mais aussi de son « obsession du contrôle » (Debrulle, pp. 28-31).
10On convient dans les deux parties du livre d’une rupture dans la filmographie chaplinienne,
sans doute pas située au moment de City Lights mais lors du passage au long métrage
(avec The Kid Robert Desnos exprime son dépit). Ce qui troublerait les critiques attachés aux
premiers films burlesques de Chaplin (comme les surréalistes) et qui ferait renâcler devant
ses films plus narratifs, ce serait « l’efficacité dramatique du récit conçu pour arracher des
larmes au spectateur en utilisant tous les moyens [...] permettant de faire sympathiser avec
les personnages ». C’est le refus du mélodrame et de la narration fluide qu’adopte alors
Chaplin. Mais si on ne peut que souscrire à cette reconnaissance de l’importance du modèle
mélodramatique dans le cinéma de la fin des années 1910 et des années 1920 – y compris
pour des metteurs en scène « d’avant-garde » comme Gance, Epstein, Dulac – on peut aussi
comprendre la position des surréalistes (et pas eux seuls) autrement que comme une
volonté de distinction. Une citation d’Henri Michaux exprime fort bien cela : « [Charlot]
bafoue toutes les autorités, il ne travaille pas ; s’il travaille, il brise tout, il trompe son
patron, il n’a pas de respect pour la femme d’autrui, il est chapardeur à l’occasion, il est une
non-valeur sociale ». Comment s’articule dans ce cas-là « l’action du spectateur » ou plutôt
de quel spectateur parlons-nous !
11Le livre de Guillaume Debrulle, s’il ne répond pas aux questions que peuvent poser Jullier-
Leveratto, fournit une documentation plus ample que la leur, en particulier touchant à la
genèse du film, aux variantes, aux essais et aux changements : la perspective est, en partie,
celle d’une génétique textuelle, en partie aussi une inscription du film dans les genres (le
mélodramme, justement) et une analyse des conditions de production (financières,
techniques). Ce livre est, on l’a dit, assez différent, ne serait-ce parce qu’il se conforme à un
schéma qui est celui de toutes les monographies de films dans cette maison d’édition et qui
se distribue ainsi : des repères (la carrière de Chaplin depuis le music-hall anglais, les
conditions de travail, la genèse du film depuis 1928) ; des problématiques (« rire et larmes
mêlés », slapstick, gag, la poétique du contraste, un cinéma du corps – la pantomime, la
conquête de la vision, le son), enfin des outils qui s’adressent directement aux lycéens
(épreuve écrite et épreuve orale, chacune avec des conseils méthodologiques et un exemple,
un séquencier, une filmographie, des ressources, un glossaire et des photogrammes).
12Les recoupements avec Jullier-Leveratto permettent d’opposer ce que ceux-ci soutenaient
d’une conformité du scénario aux préceptes des manuels hollywoodiens à l’affirmation étayée
sur la documentation selon laquelle « le scénario s’invente au tournage », que les scènes
sont improvisées et que « cette manière de travailler extrêmement coûteuse est sans
équivalent à Hollywood à la fin des années 1920 », car elle « contredit tout bon sens
économique » (p. 31). Debrulle recourt à tout un ensemble de données complémentaires au
film tel qu’on peut le voir, à commencer par le matériel des répétitions filmées, les rushes
qu’avait révélés Kewin Brownlow dans les années 1970 (Chaplin Unknown) et qui ont amené
à reconsidérer tout ce qu’on savait de la manière de travailler de Chaplin. David Robinson
comme Francis Bordat durent en tenir compte. D’autre part les archives disponibles
permettent d’étudier la pré-production (1928) et tout le processus de production jusqu’à la
sortie en 1931.
14La partie la plus originale de l’ouvrage est celle qui réfléchit, à tous les sens du terme, la
question de la vision qui est évidemment un thème central du film (la jeune femme aveugle)
mais que l’auteur repère dans l’ensemble des personnages, des actions et des situations,
qualifiant le film de « comédie des illusions ». On pourrait même élargir cette thématique –
avec ses effets sur le découpage, le montage et le cadrage des films – à une bonne partie de
l’œuvre de Chaplin (une scène de The Gold Rush fondée sur la méprise visuelle est restée
fameuse et s’est révélée d’autant plus centrale avec la comparaison menée par Bordat entre
la version originale du film et son remaniement par l’auteur après la Deuxième Guerre). Ce
thème se prolonge dans le rapport au spectateur puisqu’il s’agit, pour Debrulle, d’« ouvrir les
yeux du spectateur » : donner à voir la misère, dénoncer le préjugé social, renouveler notre
regard sur le monde sensible. La différence entre ces deux ouvrages éclate ici car la thèse de
Jullier-Leveratto, on l’a vu, est celle d’un spectateur actif et non d’une construction textuelle
« donnant à voir » et à comprendre en ménageant une place au spectateur. Pour eux, c’est
au spectateur, en somme, d’ouvrir les yeux, on ne saurait les lui ouvrir...
15NB. Regrettons que les éditions Vrin ne se donnent pas les moyens d’un relecteur ou d’une
relectrice qui eût évité de nous faire lire « monture » au lieu de « mouture » (p. 50),
« Claude » Prévost au lieu de « Jean » (p. 90), eût pu rechercher les références françaises
des citations d’auteurs qui ont été traduits (Brecht) et parfois ont écrit en français (Jaubert),
voire d’offrir une bibliographie en fin d’ouvrage.
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Référence électronique
François Albera, « Guillaume Debrulle, Charlie Chaplin. Les Lumières de la ville ; Laurent Jullier,
Jean-Marc Leveratto, Analyse d’une œuvre : les Lumières de la ville (City Lights) Charlie Chaplin,
1931 », 1895. Mille huit cent quatre-vingt-quinze [En ligne], 84 | 2018, mis en ligne le 10 juillet
2018, consulté le 29 avril 2021. URL : http://journals.openedition.org/1895/6255 ; DOI :
https://doi.org/10.4000/1895.6255
Charlie Chaplin
Virginia Cherrill
Acteurs principaux
Florence Lee
Harry Myers
Durée 87 minutes
Sortie 1931
Sommaire
1Synopsis
o 1.1Contexte
o 1.2Déroulement
2Personnages principaux
3Fiche technique
4Distribution
5Production
o 5.1Genèse du film
o 5.2Tournage
6Musique
o 6.1Composition
o 6.2Liste des titres
7Distinction
8Analyse
9Autour du film
o 9.1Autour de la distribution
10Notes et références
o 10.1Notes
o 10.2Références
11Voir aussi
o 11.1Bibliographie
o 11.2Liens externes
Synopsis[modifier | modifier le code]
Contexte[modifier | modifier le code]
Le film est contemporain à son époque et se situe entièrement dans une grande
ville américaine. On découvre également l'intérieur d'une boîte de nuit et une
salle de boxe.
Le Krach boursier de 1929 et, donc, la crise économique des années 1930,
sont survenus durant le tournage du film. Au niveau cinématographique, le
« code Hays », qui interdit l'emploi dans les films américains de certains mots,
de dialogues, ou de situations pouvant porter atteinte aux bonnes mœurs, est
promulgué la même année, mais le film est tourné juste avant que cette loi ne
soit appliquée et n'en subit pas les conséquences.
"Charlot"
Habillés tous les deux en frac, les deux hommes montent dans une Rolls-
Royce et se rendent dans une boite de nuit assez chic. Il s'ensuit une série de
gags (dont celui de la chaise, celui des spaghettis et celui de la « danse
apache »), le plus élaboré étant le gag de la danse endiablée que le vagabond,
devenu complètement exalté par l'ambiance, engage avec une inconnue. Le
lendemain matin, aux aurores, ils finissent tous deux par quitter le club pour se
rendre chez le millionnaire encore bien éméché et ils ne doivent la vie sauve
qu'à l'absence de circulation. Le vagabond finit même par prendre le volant
pour éviter l'accident. Arrivé à bon port, c'est-à-dire au domicile, l'homme
fortuné décide de lui offrir sa Rolls-Royce avant de s'écrouler ivre devant sa
porte d'entrée. Le vagabond fait appel au majordome qui vient chercher son
maître pour le porter dans la maison mais il refuse l'entrée au vagabond, qui
reste à l'extérieur sur l'escalier d'entrée. Assis, dépité, le pauvre chemineau
s'assoit sur les marches et découvre alors la jeune vendeuse de fleurs passant
sur le trottoir. Pendant ce temps-là, l'homme riche se rend compte que son ami
n'est pas avec lui et demande au majordome d'aller le chercher. Celui-ci
s'exécute et c'est alors que le vagabond arrive en trombe dans le salon pour
demander de l'argent pour acheter des fleurs. Le millionnaire s'exécute et le
petit homme va retrouver la jeune femme aveugle, lui achète toutes ses fleurs
et la ramène chez elle avec la Rolls.
En fin de matinée, les dernières vapeurs d'alcool finissent par s'évaporer et le
riche ami ne semble ne plus se souvenir de son ami pauvre qui lui a pourtant
sauvé la vie. Revenu de son déplacement, le petit pauvre ne peut plus rentrer
chez le grand bourgeois, car celui-ci a décidé qu'il ne voulait voir personne
(« I'm out to everybody ») et, dès lors, le personnage joué par Chaplin, chassé
par le majordome, se retrouve de nouveau à la rue, mais tout de même en Rolls
(sketch du cigare) ! Cependant, quelque temps plus tard, le millionnaire, ayant
oublié sa parole donnée le matin même, récupère sa voiture. Le vagabond est
circonspect et n'a rien compris à son attitude : l'homme riche, quand il est à
jeun, est pourtant bien un autre homme.
À noter que les personnages n'ont pas de nom. Ils sont simplement désignés
selon leurs descriptions.
Le vagabond
Personnage central du film, les circonstances font de lui un amoureux transi
d'une jeune fille aveugle mais qui n'a pas le sou. Il est également l'ami d'un
homme riche mais qui ne reconnait cette amitié que dans l'ivresse.
La jeune fleuriste
Jeune fille pauvre et atteinte de cécité, élevée par sa grand-mère, qui ne doit sa
subsistance qu'en vendant des fleurs sur le trottoir. Sa rencontre avec le
vagabond se base sur un quiproquo (elle le croit riche) mais qui tournera à son
avantage.
Le majordome du millionnaire
Irréprochable garde-chiourme et parfaitement conscient de la double
personnalité de son maître, il n'aime pas le vagabond et entretient avec lui des
rapports de condescendance notable.
Distribution[modifier | modifier le code]
Charles Chaplin : Le vagabond
Virginia Cherrill : La jeune fleuriste aveugle
Florence Lee : La grand-mère de la jeune fille
Harry Myers : Le millionnaire "excentrique"
Allan Garcia : Le majordome du millionnaire
Hank Mann : Le boxeur
Henry Bergman : Le maire et le voisin de la jeune aveugle
Victor Alexander : Le boxeur superstitieux
Albert Austin : Le balayeur et le cambrioleur
Joe Van Meter L'autre cambrioleur
Alvin Carry : le contremaître
T.S. Alexander : Le docteur
Eddie Baker : L'arbitre
Granville Redmond : Le sculpteur
Robert Parrish : Le jeune vendeur de journaux
Harry Ayers : Le policier
Eddie Mc Auliffe : Le boxeur qui s'enfuit
Stanhope Wheatcroft : Le client du café
Jean Harlow : une cliente du restaurant (non créditée)
Production[modifier | modifier le code]
Genèse du film[modifier | modifier le code]
Le scénario a subi de nombreux changements au fil du temps
bien que le handicap (la cécité) fût pour son réalisateur le thème
essentiel du film.
Chaplin désire produire un film sonore non parlant dans lequel
l'intrigue et l'action seront supportées par une image suggestive
introduite par des pantomimes et la gestuelle des acteurs 3.
Tournage[modifier | modifier le code]
Ce film fut la plus longue œuvre de création parmi toutes les
créations cinématographiques de Charles Chaplin. Il passa plus
de deux ans et demi à écrire et concevoir cette production dont
plus de six mois pour le tournage4.
La scène au cours de laquelle la fleuriste aveugle prend le
vagabond pour un homme riche a notamment nécessité rien de
moins qu'un record de 342 prises, pour ne trouver sa version
définitive qu'au dernier jour de tournage. La richesse n'étant
pas a priori un état perceptible par d'autres sens que la vue,
Chaplin a en effet dû déployer tous les ressorts de son talent de
metteur en scène pour imaginer un concours de circonstances
suffisamment crédible.
La scène de l'élévateur devant le magasin d'antiquité a été
préférée au montage à une autre scène au cours de laquelle le
vagabond joue avec un morceau de bois coincé dans une grille
d'aération sans parvenir à l'y glisser. La foule curieuse s'amasse
bientôt autour de lui et un employé derrière sa vitrine, très docte,
lui explique par gestes, la méthode la plus rationnelle pour faire
tomber le bout de bois.
Toute la séquence de boxe est inspirée du court métrage Charlot
boxeur. L'attente dans le vestiaire durant laquelle le vagabond
prend conscience de la violence des combats en voyant revenir
les perdants inanimés et le combat lui-même, lorsqu'il tire parti
de tous les moyens qui sont mis à sa disposition (l'arbitre, les
cordes...) pour éviter les coups de son adversaire, figurent déjà
dans ce précédent film de Chaplin. La séquence est néanmoins
enrichie de nouveaux gags ainsi que d'une intrigue et d'une mise
en scène plus soignées.
Musique[modifier | modifier le code]
Composition[modifier | modifier le code]
Violetera (le thème de la marchande de fleurs) mis à part car
écrit par le musicien espagnol José Padilla Sánchez, Charlie
Chaplin a composé l'ensemble de l'accompagnement musical du
film. Chaque personnage possède généralement son propre
thème, celui du vagabond étant un mélange de mélancolie et de
joie.
Liste des titres[modifier | modifier le code]
No Titre
1. Ouverture / Unveiling the statue
2. The flower girl (violetera)
3. The flower girl (violetera)
4. Evening / Meeting the millionaire
5. At the millionnaire's home
6. The night club / Danse suite
7. Homeward Bound / Buying flowers
8. The sober dawn
9. The party & the morning after
10. Eviction/The road sweeper / At the girl's home
11. The boxing match
12. Back from Europe / The burglars
13. The flower shop / Reunited
Distinction[modifier | modifier le code]
National Film Registry 1991 : Sélectionné et conservé à
la Bibliothèque du Congrès américain.
Analyse[modifier | modifier le code]
Charlie Chaplin et Albert Einstein à la première des Lumières de la ville.