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9.

O ESTADO COLOIDAL
Em 1861, o químico inglês Thomas Graham estudando a difusão de uma serie
de substancias, classificou estas substancias em dois grupos: cristalinas e coloidais.
Sabe-se atualmente que a expressão “colóide” refere-se a um estado da matéria e
não a uma classe particular de substancias.
Para entender melhor o que é e como reconhecer o estado coloidal será agora
apresentado este estado da matéria tão importante para a química analítica.
9.1. Quando se atinge o estado coloidal?
O estado coloidal é atingido quando se faz uma reação química e
aparentemente formou-se um precipitado, porém, não se observa uma deposição de
sólido no fundo do frasco de reação. Aparentemente o colóide se assemelha a uma
gelatina dispersa na água.
9.2. Sistemas dispersos
As soluções coloidais pertencem a uma classe geral de sistemas dispersos.
Estes são sistemas em que uma substância finamente dividida esta distribuída ou
dispersa em uma segunda substancia, chamada de dispersante ou fase de dispersão.
Os sistemas dispersos apresentam grandes variações em relação ao grau de
dispersão. Em um extremo estão as suspensões, em outro extremo as soluções
verdadeiras. Entre este dois extremos temos as soluções coloidais.
Nos sistemas dispersos podemos fazer as seguintes considerações em relação
ao tamanho das partículas dispersas:
-7
a) Suspensões e emulsões: as partículas dispersas são maiores que 10 m;
-7 -9
b) Soluções coloidais: as partículas dispersas têm entre 10 m e 10 m;
-9
c) Soluções verdadeiras: as partículas dispersas são menores que 10 m;
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9.3. Características do estado coloidal
Algumas reações químicas aparentemente não formam precipitadas, mas
apresentam uma coloração tão intensa e quando são observadas pela luz refletida
apresentam-se opacas (não permitem a passagem da luz). Se um poderoso feixe
luminoso atravessar a solução, e esta for observada por um microscópio em ângulos
retos à luz incidente, será observado a dispersão da luz (pontos de luminosidade
brilhante contra um fundo escuro), evidentemente ocasionada pela luz refletida nas
partículas em suspensão na solução. A dispersão da luz é conhecida como EFEITO
TYNDALL. As soluções verdadeiras (aquelas com partículas de dimensões
moleculares) não apresentam efeito Tyndall.
Quando se tenta filtrar uma solução coloidal observa-se que as partículas
ultrapassam facilmente o papel de filtro.
Quando se deixa em repouso uma solução coloidal, mesmo por um longo
tempo, não se observa a deposição de sólido no fundo do frasco.
Soluções coloidais não são, portanto, soluções verdadeiras. Um exame mais
aprofundado mostra que não são homogêneas, mas consistem em uma suspensão de
partículas sólidas ou líquidas em um líquido.
9.4. Classificação dos colóides
Os sistemas coloidais, que apresentam um líquido como meio de dispersão,
são geralmente denominados sóis para distingui-los das soluções verdadeiras; a
natureza do líquido é indicada por um prefixo, como hidrossol (quando o líquido for a
água) ou alcoossol ( quando o líquido for o álcool).
O sólido produzido após a coagulação ou floculação de um sol foi originalmente
denominado gel, mas esta expressão esta agora restrita aos casos em que todo o
sistema forma um estado semi-sólido, sem que houvesse inicialmente qualquer líquido
sobrenadante. Alguns autores utilizam o termo gel abrangendo precipitados
gelatinosos, tais como os hidróxidos de alumínio e ferro (III), formados a partir de sóis,
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enquanto outros se referem a eles utilizando o termo coagel.
O processo de dispersão de um sólido floculado ou gel (ou coagel) para a
obtenção de uma solução coloidal é denominado peptização.
As soluções coloidais podem ser dividas em dois grupos principais: liófobo (do
grego: repulsa ao solvente) e liófilo (do grego: afinidade pelo solvente). Quamdo o
meio de dispersão é a água utiliza-se os termos: hidrófobo e hidrófilo.
Os sais hidrófobos apresentam viscosidade e tensão superficial semelhante a
da água. Como exemplos podemos citar: sais de metais, halogenetos de prata,
hidróxidos metálicos e sulfato de bário.
Os sais hidrófilos apresentam viscosidade maior que a da água (apresentandose
como uma massa gelatinosa) e tensão superficial mais baixa que a da água (às
vezes espumas são produzidas). Como exemplos podemos citar: sóis de ácido
salicílico, estanho (IV), gelatina, amidos e proteínas.
9.5. Coagulação de colóides
Em certas circunstâncias pode se provocar que as partículas do colóide se
aproximem entre si e se reúnam umas com as outras, dando como resultado uma
massa de material que se sedimenta rapidamente. O sólido resultante se designa com o
nome de precipitado coloidal e o processo em que ele é formado se denomina
coagulação ou agregação.
Os precipitados coloidais coagulados têm um aspecto completamente diferente
dos precipitados cristalinos típicos. Alguns são tênues e gelatinosos, não possuindo
nenhuma regularidade em sua estrutura e se parecem com grandes massas amorfas.
Uma das propriedades dos colóides é a sua tendência de coagular-se dando uma
massa maior, mais facilmente filtrável. Geralmente a coagulação é conseguida por meio
de calor ou por adição de um eletrólito (solução iônica).

9.6. Exemplos de colóides


Quando se passa gás sulfídrico através de uma solução refrigerada de óxido de
arsênio (III), não se observa a formação de precipitado ao se examinar a mistura
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resultante. A solução, no entanto, adquiriu uma coloração intensamente amarela. É
evidente que na reação se formou o sulfeto de arsênio (III), mas com partículas tão
finamente divididas que não se apresentam como um precipitado. Na verdade estão no
estado coloidal.
Outras soluções coloidais que podem ser encontradas em análise qualitativa
incluem hidróxidos de alumínio, ferro (III) e cromo (III), sulfetos de níquel, cobre (II) e
manganês (II), e cloreto de prata e ácido silícico.
9.1. Em que consiste a diferença entre colóides liófilos e colóides liófobos?
9.2. O que é a coagulação das soluções coloidais?
9.3. O que é peptização?
EFEITO TYNDALL

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