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O Despertar da

Razão Mística

Poeta Felipe Amaral


O DESPERTAR DA RAZÃO MÍSTICA

(do convencional à Essência)

Poeta Felipe Amaral

... então duvide que você crê, mas não se esqueça que
você pode só estar crendo que está duvidando.

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Sumário

Intróito - A Destinação da Obra ____________________________________ 4

Parte 1 - Aplicação do Método de Perscrutação Causal _________________ 5

Parte 2 - Roteirização para Direcionamento Cognitivo __________________ _6

Parte 3 - A Doutrina dos Sonetos Contemplativos ______________________ 7

Epílogo - As Conclusões da Razão Mística __________________________ 22

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Intróito

A Destinação da Obra

Esta pequena, porém significativa, obra é destinada a trazer à luz, de três


modos distintos, o conhecimento do Método de Perscrutação Causal que
poderá levar o leitor a enxergar além dos porquês do que é secundário,
partindo para o vislumbre da Essência dos movimentos.

Propositalmente, foi escolhida a seguinte forma de apresentação textual para


uma mais rápida chegada ao nível de conhecimento que se visa para que, a
partir do tal, possa o leitor seguir a vida tirando da proposição presente suas
próprias conclusões filosófico-existenciais, e, destas, conclusões místicas
libertadoras.

Boa leitura a todos!

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PARTE 1

... é bom duvidar que a realidade é uma grande dúvida e


começar a crer que ela é uma grande crença.

Aplicação do Método de Perscrutação Causal

Vejamos... Tudo, desde o seu estado mental mais ínfimo até a ação
mais espalhafatosa... Tudo é causado. Se não o fosse, seria aleatório, por isso
sem sentido. Sendo tudo causado, o conceitual e o mais palpável, o ponto
inicial de repouso requereria a postulação, visto que sem o princípio jamais se
chegaria ao atual. Sendo que estamos aqui, então retrocederíamos em
motivações secundárias sem repouso e pararíamos na Causa Incausada, que,
por ser incriada, ingerada, incausada, transcendente e áltera diferiria de nós.
Não achando então possibilidade de fazer-se analogia, entregar-nos-íamos à
inexplicabilidade, mas não para desespero, e sim para encontro com a
Libertação da mente...

Continuando...

Logo tudo é incorpóreo. Crença somente. Não é isso um salto de fé, mas
uma conclusão inferida das premissas lógico-racionais expostas na explanação
causal...

Crença-motivação... Motivação-convicção... Tudo inescapável...

Olhe para as pessoas à sua volta. Movimentos frutos de motivações!


Você não vê que tem crido até agora?! Por que te moves? A não-indiferença
prova a presença da fé. Ninguém é imoto!

Crie sua realidade, mas, saiba: A Causa já o fez! Mas nada te impede de
crer...Se descreves a realidade óbvia ou afirmas sentenças matemáticas
autoevidentes, saiba: Tudo só acontece! O que você diz, pensa e uma pedra:
tudo criado! Nada autônomo! Mas podes crer ser autônomo! Podes crer! Sendo
as leis meras opiniões, as motivações não passam de pura crença.

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PARTE 2

Já se perguntou por que você se dá ao trabalho de


perguntar?... Então, pergunte!

Roteirização para Direcionamento Cognitivo

1° Passo - Pergunta Reflexiva:

O que causa a necessidade de se respaldar um argumento e ter ciência do que


seja necessário para se respaldar um?

2° Passo - Problemática:

A questão não é a validação da resposta, mas o que causa tudo de tal modo
que torna necessário o pensamento da necessidade de ter que se validar
qualquer coisa e saber o que seja validar.

3° Passo - Tese Concordante:

A Causalidade é mãe de toda necessidade.

4° Passo - Tese Contrastante:

A autonomia é mãe da responsabilidade.

5° Passo - Ilusão Cognitiva:

A satisfação diante da verossimilhança.

6° Passo - Conclusão Gnosiológico-causal:

A alteridade da Causa Primeira e a inexauribilidade da descrição das causas


secundárias resultam na inexplicabilidade do todo.

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PARTE 3

O verdadeiro e o real confundem-se no que toca à validação


argumentativa, mas, causalmente são só convencionais.

A Doutrina dos Sonetos Contemplativos

Seção I

O Vácuo

O que o vácuo poder-me-ia dar

De caráter de uma elucidação?

O que o vácuo seria, na questão,

Para o vácuo? Ele pode cogitar?

Há vontade num "Vácuo Elementar"?

Esse vácuo detém uma intenção?

Haveria no mesmo explicação

De haver uma razão de questionar?

Há quem diga que o vácuo é um estado

Diferente do, aqui, já postulado.

Mas seria este um vácuo, "na real"?

Vácuo é vácuo e uma escada é uma escada,

Do contrário, até nada não é nada,

E é nada! E a vida é irracional.

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Autonomia

O mover do que fosse surgiria

Como fruto de uma arbitrariedade?

Mas subsiste na aleatoriedade

Algum tipo de lógica sadia?

Na "magia do acaso" não seria

Sustentada uma irracionalidade

Que traria uma impossibilidade

À Ciência que em causas se confia?

Até mesmo a linguagem, "por conceito",

Vem seguir "relação de causa e efeito",

De outro modo, seria sem sentido.

As palavras viriam sem propósito

E o "final" da "montagem" do compósito

Não teria algo a ser compreendido.

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Causação

Há na'ação não-humana uma razão?

E na'humana há razão pra se expressar?

O que existe por trás que faz brotar

A ação de tomar-se a decisão?

De onde vem o mover do coração,

Do querer, da vontade e do pensar?

Onde está o motor que faz girar

O motor de um arbítrio a uma ação?

E a impulsão de objeto assemelhado

A um átomo que insta em ser levado

A vibrar como o mundo no geral?

Descrever cada impulso ou mesmo cada

Influência é missão tão demorada

Que um mortal não veria o seu final.

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Repouso

Se fizéssemos tal postulação

De infinitos impulsos por detrás

Das ações atuais, seriam más

As certezas da nossa conclusão!

Pois, como é que teríamos ação

De "repouso" pra dela ser capaz

De haver um prosseguir certo e veraz

Rumo ao "ato atual" desta questão?

Tudo mesmo requer uma "parada",

Ou o "ato atual" não vê entrada

No recinto fiel da realidade!

Sem "repouso" não há prosseguimento.

Ilusório é seguir um argumento,

Pois depõe contra a própria validade.

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Incognoscibilidade do Repouso?

Dir-me-ia o objetor , e com razão!:

"Tal repouso seria irracional

Visto que ele seria algo anormal

Por não ver-se sujeito à causação!"

Ao que eu, sério, daria explicação:

"Só há base pra sua factual

Conclusão, se existir esta causal

Cessação da qual eu fiz a menção!"

Qual a base pra tudo que se afirma?

Toda a asseveração só se confirma

C'uma prova cabal que finde o pleito.

Ou qualquer movimento far-se-ia

Impossível por que jamais veria

A razão pela qual seria feito.

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Seção II

A Impassibilidade do Repouso

Se o "repouso causal" fosse afetado

Por qualquer influência não seria

Impossível dizê-lo ser a via

Que sustenta o que é manifestado?

Só que, agindo, o repouso postulado,

Um motivo concreto, não teria?

A intenção como então se explicaria,

Se o repouso não vem ser motivado?

É a única forma de poder-se

Embasar uma ação e compreender-se

Esta "prática vida" temporal!...

Fora disso, só resta o acaso aflito

E o processo sem pausa do infinito

De retorno a um caminho sem final.

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Vida Prática x Vida Teórica

O que falo, assevero só na via

Cotidiana da vida em sua prática,

Entretanto, sabendo haver dramática

Diferença entre esta e a teoria.

Pois contemplo, mediante uma arredia

Intuição perscrutante, a não-pragmática

Conclusão que uma busca sistemática

Leva a mente a tirar dia após dia.

É que o mundo do ser contemplativo

Não é como o do ser não-reflexivo

Que se apraz na superficialidade.

"No profundo" a ciência é tão complexa

Que a razão é nublada e jaz perplexa

Ante atroz inexauribilidade.

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A Atemporalidade do Repouso

Vê-se tudo causado, pois, não sendo,

Far-se-ia aleatório e sem sentido.

E um repouso seria requerido

Pra chegar-se no agora que estou vendo.

Só que o tempo da ação desse tremendo

Expediente criativo é referido

Como não compreensível, se é sabido

Que o repouso não tem nenhum adendo.

Tudo nele "subjaz na" alteridade.

Tudo é "Outro", sem similaridade,

Não-análogo, solto e transcendente.

As premissas conduzem-nos a tal.

Se o repouso causal nos fosse igual,

Não seria um repouso certamente.

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A Não-dualidade do Todo

O que penso, o que falo e o que vejo;

O que sinto, o que intento e o que toco:

Tudo isso é causado e, só no foco

Não-profundo, divergem nesse ensejo.

Uma pedra e a idéia dela, almejo

Dizer ser uma só coisa e convoco

A razão que conduz-me ao que eu enfoco,

Mesmo que isso extrapole o seu cotejo.

É que o Todo repousa no "repouso",

E dizer de outra forma eu jamais ouso,

Pois que tal far-me-á contraditório.

Há dois lados somente em "visão prática",

Todavia, na via "supraenfática"

Do repouso o dual é ilusório.

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A Não-diferenciação e a Ciência Exata

Se descreves a óbvia realidade

Ou afirmas sentenças matemáticas

Que são autoevidentes como enfáticas,

Sabe tu que tudo é causalidade.

Tudo só acontece, na verdade.

Nada ganha o "status" de emblemáticas

Leis de lógicas rígidas dogmáticas,

Pois que o Todo mantém neutralidade.

Não há "Cânon". Nada é obrigatório.

Pra o "repouso primevo" é ilusório

Dizer ter validade ou não dizer.

É inútil fixar Credo ou encargo,

Que o "repouso" não pode ter embargo

Por ser imperturbável o seu ser.

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A Incompreensibilidade da Valoração

O valor é "real" no "viés prático",

Mas, tratando-se do âmbito real

De uma profundidade imparcial,

De um delírio não passa. E eu sou enfático!

Pois nós damos valor axiomático

Ao que achamos valer, mas o ideal

É ter a indiferença por fanal,

Porém não como um ouro idiossincrático.

Tudo ocorre somente. O que é valor?!

Nem meu texto, nem eu, nem um senhor

Que se impõe como o líder inconteste.

Que devemos fazer o bem, é certo!

Mas um bem pra o "repouso", nem de perto,

É a idéia de bem que nos reveste.

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Tudo é Crença (inclusive isto!)

A pessoa se move por que crê

Que seu jeito é o certo e sua vida.

Se não cresse, parada sem partida

Haveria no mundo que ela vê.

Mas não há por que a mesma, por auê

Ou razão, toma ação que diz cabida.

Ela cega pra dúvida e, empedernida,

Continua a agir e diz por quê.

Mas não sabe a pessoa que não cria

O seu mundo, não tendo autonomia!

Não é Causa Primeira, faz alarde.

Crendo ou não, faz aquilo que ela faz

Por ser fruto de causas. E é veraz

Que se um dia souber já será tarde.

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Seção III

Convenção x Essência

Tudo digo em teor convencional.

Nada pode atingir a pura Essência,

Visto ser do teor da transcendência

E não ter similar substancial.

Adotamos linguagem parcial.

Até mesmo a moral é anuência.

Todo o senso de ordem da vivência

É termo "acomodado" e cultural.

Porém, mesmo o "viés da convenção"

É nublado por esta condição

Secundária na qual "adormecemos".

Despertar pra Essência é impossível

Enquanto esta "realidade" defectível

Insistir em turvar o que entendemos.

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Paradoxismo Existencial

Pode até parecer singela a vida,

No entanto, equivoca-se o que anui,

Pois que a mesma, na Essência, constitui

Uma guerra de lados desmedida.

Causação, liberdade; analogia

"Vérsus"alteridade; transcendência,

Imanência; alma, corpo; fé, ciência;

Cognição, agnosia; antinomia

"Vérsus" lei; unidade, pluralismo;

Tempo contra "acronismo"; idealismo

"Vérsus" materialismo; e muito mais.

Tão-somente o que traz-me desconforto

E me faz inquirir deixa-me absorto,

Que o "repouso causal" não sente os ais.

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Compreender e Interpretar

A exegese da vida é empreendida

Pela mente que pensa compreender.

Conhecer sempre é mais que conhecer.

O saber é tarefa incompreendida.

Nosso filtro hermenêutico é a mente,

Limitada por existência tal

Neste aspecto espaço-temporal,

Impressão que aprisiona o ser vivente.

Cognição amoldada ao que é finito;

Aptidões circunscritas ao restrito

Contemplar da Essência da existência.

Mesmo estando na Causa, não poder

Observar o "Repouso" e compreender

Plenamente o Real e sua Essência.

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Epílogo

As Conclusões da Razão Mística

Sendo secundário (conforme deduz-se da Prática), o ser só terá a


crença como ferramenta. Pois, quem poderá definir essencialmente a Causa
Primeira (o Repouso)?

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