Pagar pecados de outro? Isso basicamente pode remeter à ideia da sociedade
psicologizada hodierna, a qual, segundo Jay Adams, joga a culpa não sobre o culpado, mas sobre a sociedade que o cerca, sobre seus pais ou em cima de alguma suposta doença inventada, questão essa que é fruto relacionado ao marxismo cultural, conforme salienta Solano Portela. É interessante observar que mesmo em meio a ilegitimidade caótica de pensamentos e atitudes da sociedade atual, a escritura acaba mostrando uma certa legitimidade quanto a alguém que paga o preço da culpa em lugar de outro. Este alguém é Jesus Cristo, o único inocente de toda a história, o qual se fez culpado, se fez pecado, pelos que são dele. O texto de Levítico 16.21 fala sobre o animal em que sobre sua cabeça são lançadas as iniquidades de um povo. Tal história diz respeito a uma história bem maior, que fala sobre a iniquidade não sobre a cabeça dos filhos, mas sim sobre a cabeça do filho por excelência, no caso, Jesus. Diante do cenário atual mergulhado em psicologia, até escritores não cristãos atentam para o perigo que é uma sociedade psicologizada, a qual não assume a responsabilidade por seus erros. Sabendo disto, Mark Driscoll afirma que tal psicologização não tem gerado homens, mas grandes crianças por dentro e por fora, grandes crianças que são chamadas de homens, que moram com a mãe, com seus quarenta anos de idade, que não gostam de trabalhar, que não pagam suas contas e que vivem para jogar videogame. Tudo isso é fugir da responsabilidade. Driscoll ainda afirma que tal atitude vai totalmente contra o cristianismo, o qual, à luz da escritura, prega que ser homem é ser responsável, é ser como Jesus que, por exemplo, toma o pecado que não é dele e se torna responsável por ele, a fim de salvar muitos, trata-se da história da redenção, do justo tomando sobre si o que deveria ser da responsabilidade dos injustos. À luz disto destaca-se que o problema não é o meio, porque este apenas como que realça o que há dentro do homem. Não diz respeito ao meio ou o exterior conforme pregam muitas escolas da psicologia, mas sim uma questão mais profunda, é uma questão de coração, porque, conforme afirma Jesus, é do coração dos homens que procedem os maus desígnios. Portanto, o culpado do caso do garoto Marcelo não é o videogame, mas o próprio garoto. Crianças não são inocentes, conforme muitas heresias sustentam e sustentaram no decorrer da história, bem como muitos pensam na sociedade hodierna. O próprio salmo de Davi já demonstra, inicialmente, que em pecado ele fora concebido por sua mãe. Eis que disso se deduz que todos os homens nascem pecadores e precisam ser salvos de tal situação terrível diante do Deus santo, todo-poderoso. A solução de tal situação só é possível com Jesus, o salvador, aquele que salva os seus deles mesmos, do pecado, do mundo, de satanás, da morte, e da ira do todo-poderoso sobre os que estão mortos em seus delitos e pecados, conforme afirma a escritura e pensadores como Paul Washer e Augustus Nicodemus. Portanto, tal menino e família precisavam era de Cristo, o qual tem poder de transformar não só atitudes, mas corações, pensamentos e famílias. Por fim, o registro bíblico de Levítico traz à memória a história maior que dá esperança aos que são de Deus em um mundo tão maluco como este: a história de Jesus Cristo, o cordeiro sem pecado por excelência, que se fez pecado pelos seus, tomando sobre si as iniquidades deles, a fim de deixá-los sãos. Nisso sim há legitimidade: alguém, Jesus, pagar o preço em lugar de outro, os que são seus!