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Casa e família, habitar comer e vestir na Europa Moderna – Raffaella Sarti

Prefácio:

A autora busca em seu trabalho fazer uma análise sobre como era a vida das
pessoas na Época Moderna, as suas casas e as suas coisas. O livro debruça-se sobre
temas pertinentes à “história da família, das mulheres, das casa, dos consumos, da
arquitetura, da alimentação, da decoração e do vestuário.”1

Ela nos informa que serão tratadas “coisas banais”, triviais, recorrentes na vida
dos europeus modernos. Faz também questão de mencionar as fontes que utiliza para a
composição de seu trabalho, sejam estas questões levantadas a partir de interrogatórios,
fragmentos de cartas, testamentos e livros antigos. Afirma, por outro lado, que em razão
de a pesquisa ter sido feita em arquivos na Bolonha, a trajetória de sua narrativa insere-
se nesse contexto espacial, expandindo-se para a capital parisiense. Além disso, no que
tange ao método, à organização dos argumentos e dos paradigmas teóricos, Sarti nos
informa que optou pela análise que aproxima-se de um determinado acontecimento e,
sem se prender a ele, faz voos maiores, procurando conceber estes casos celulares num
complexo mais abrangente, buscando compreender em que medida ele corresponde à
realidade do momento analisado, se a sua singularidade pode ser, de alguma forma,
assemelhada à singularidade de outros casos. Nesse sentido, podemos ver traços da
microhistória, mas não só isso, análises mais amplas, também comentadas enquanto
método de análise por Ginzburg.2

Portanto, “o objectivo do estudo é, sobretudo, captar as diferenças entre o estilo


de vida de pessoas que viviam em zonas diferentes e/ou pertenciam a grupos sociais e
religiosos no interior das actuais fronteiras da Europa.” 3 Sintetizando o seu esforço
interpretativo, Sarti diz que o livro pode ser resumido como uma história da família, que
parte das características materiais que elas guardavam durante a modernidade, isto é, ao
que consumiam, e quais os significados engendrados pelas pessoas para atribuir valor a
determinados objetos, e o que elas faziam para obtê-los ou alcançá-los.

Capitulo I – Casa e Família: “Pars destruens” ou desmontagem

I Sem casa = sem família?


1
P.18
2
P.21
3
P.21.
Neste capítulo, Sarti faz um estudo sobre a semântica dos termos casa e família,
buscando dissolver os prováveis equívocos hermenêuticos que podem ocorrer a partir da
análise que parte dos significados ordinários que os termos assumem
contemporaneamente. Este esforço mostra-se fundamental, pois os significados das
palavras alternam-se conforme mudam os sujeitos e os ambientes os quais são
evocados.

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