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Fundação Cargill

BAAA - TEORIA E PRÁTICA DE CULTIVO


2ª edição

Raul S. Moreira

São Paulo – Brasil


1999

[INSTRUÇÕES]

Todas as ilustrações são do autor, salvo as que estão identificadas.


Permite-se reprodução parcial ou total, desde que se cite o autor e editor.

Dedicatória
Tu foste
FRANCISCA SOARES MOREIRA,
mas partiste como
MINICA;
porém me deste, tudo que de sublime existe:
o amor, o carinho e a vida.

Agradeço

a DEUS,
por ter-me dado saúde para reescrever este livro,
e à IRENE,
minha mulher, por ter-me dado amor e apoio, sem os quais
minha recuperação e o preparo deste livro seriam impossíveis.

APRESETAÇÃO

Honra-me sobremaneira o prezado colega e amigo Raul Soares Moreira,


me convidar para apresentar o trabalho que acaba de escrever sobre a cultura da
banana.
Encontro, neste livro, muito que aprender sobre tão importante fruta
tropical que - embora tendo como centro de origem o sul da China ou a Indochina,
onde vem sendo cultivada há milênios - já era também conhecida de nossos indígenas,
quando aqui aportou Pedro Alvares Cabral.
De passagem, destaco a curiosa tendência que se tem de identificar órgãos
dessa planta com os dos animais, ou do próprio homem. Disto tive comprovação. Em
1946 - por essa época ainda trabalhava nessa grande Instituição que é o Instituto
Agronômico de Campinas - recebi a incumbência de acompanhar a visita de ilustre
casal, o Sr. e a Sra. Dr. A. Radomysle, da “London School of Economics”,
interessados em colher subsídios sobre a agricultura aqui praticada. Percorremos os
campos experimentais na Fazenda Santa Eliza, hoje Centro Experimental de
Campinas, quando nos deparamos frete a uma bananeira. Vieram as perguntas. E, a
Sra. Radomysle nos brindou com uma inusitada e inesquecível: “Diga-me, como a
bananeira ‘pare’ seu cacho?”. Fiz algum esforço para rememorar um pouco a
botânica da Musacea, com seu tronco subterrâneo. O pseudocaule constituído pelas
bainhas das folhas e que é percorrido, internamente, desde o solo até o topo, pela
inflorescência com suas flores femininas e masculinas, separadas, onde irá se formar
o cacho de bananas. Dadas essas sumárias explicações acrescentei: “Ele é ‘parido’
no alto da planta, por entre as folhas!”. Voavam arapuás e quase incidia em erro ao
atribuir às vespinhas a função da fertilização. Mas, corrigindo-me imediatamente
pude explicar que a fruta tem desenvolvimento partenocárpico e, não é fecundada,
não tem sementes, mas minúsculos pontos pretos que são apenas óvulos abortados.
Enfim, foi um “Deus nos acuda”. Verifico agora que as mesmas palavras usadas por
Sra. Radomysle são também empregadas pelos bananicultores, ao descrever o
nascimento do cacho, da bananeira.
Rememoro este episódio ao ler, com especial interesse, este precioso livro
sobre nossa mais apreciada e consumida das frutas: a banana.
Em “Banana - Teoria e prática de cultivo”, Raul S. Moreira deixa
registrada toda sua larga experiência profissional. Faz jús ao merecido título que
desfruta de maior especialista em bananicultura do Brasil, quiçá, um dos mais
destacados do mundo, atualmente. Da leitura de seus vários capítulos logo se
constata que foram escritos por quem conhece profundamente o assunto. Mais do que
isso, por quem viveu os problemas e tem visão do que poderá acontecer à
bananicultura, no Brasil, caso não sejam tomadas certas medidas urgentes, umas de
caráter fitossanitária e, outras de manejo cuidadoso da fruta, se quisermos tentar
conquistar novos mercados no além-mar.
A ciência agrícola do País fica enriquecida com esta monografia que será
obrigatoriamente compulsada por quantos se interessarem pela bananicultura. Está
de parabéns o Autor e o Instituto Agronômico de Campinas, que completou em 1987
seu centenário, com um notável acervo de trabalhos já prestados a São Paulo e ao
Brasil. Ali trabalhando, Raul S. Moreira, no campo da fruticultura tropical, segue a
trilha de um Felisberto Camargo. Teve também o exemplo edificante de Sylvio
Moreira - seu Pai - assim mantendo e cultivando uma tradição de trabalho e de
pesquisas que soube preservar e engrandecer.

GLAUCO PIHTO VIEGAS


Campinas, novembro de l987.

Prefácio da segunda edição

Alguns motivos justificaram a revisão deste livro. Inicialmente, o fato das


evoluções que o cultivo da bananeira sofreu depois de 1987, quando da sua primeira
edição. Além de novas técnicas de cultivo pesquisadas, surgiram novos problemas
culturais, fitossanitários e comerciais, os quais já seriam suficientes para rever o que
fora escrito.
Fazendo algumas considerações sobre essas modificações, podemos
referir-nos aos atuais materiais usados na implantação dos bananais, a maneira de
conduzí-los, a expansão da sigatoka-negra, das viroses, dos nematóides e as evoluções
da comercialização.
Estes aspectos, ligados à planta e ao meio ambiente, estão sempre nos
causando surpresas e exigindo permanentes investigações.
Entretanto, a comercialização é, principalmente, um reflexo das condições
humanas. No caso da banana, a mudança da estrutura familiar, que sofreu grande
redução no número de seus componentes, fez com que ela passasse a ser comprada por
quilo e até mesmo por gramas, em vez de fazê-la por dúzias. A multiplicação do
número de supermercados e o comparecimento dos consumidores, semanal ou
bissemanalmente, criou o hábito de comprar frutas em todas essas ocasiões, o que
possibilita tê-las sempre frescas em casa. Além disso, a atual estabilidade econômica
do Brasil, associada à melhoria do padrão de vida dos brasileiros de menor renda, fez
com que eles passassem a consumir mais bananas e a exigir melhor qualidade. Decorre
daí, em parte, o fato do consumidor optar pelas bananas em buquê em detrimento da
penca.
A menor margem de lucro em todos os níveis, que a nova situação
econômica impôs ao país, fez com que os produtores comercializassem suas bananas
diretamente com os supermercados e frutarias, reduzindo ou eliminando o número de
intermediários. Devido a essa mesma situação, os retalhistas finais passaram a cuidar
melhor do seu produto, para reduzir-lhes as perdas.
Essas evoluções despertaram também nos consumidores o desejo de
diversificar o paladar das bananas compradas, levando os produtores a plantar outros
cultivares. Da mesma forma, esses consumidores começaram a comprar outras frutas,
o que determinou ao produtor de bananas a necessidade de apresentá-las de forma
melhor manuseada, para não perder seus fregueses.
No campo da ciência e comunicação, não se pode deixar de comentar a
evolução havida no intercâmbio bananícola, em nível internacional, desde que se criou
a Associação para a Cooperação em Investigações de Bananas no Caribe e na América
Tropical (ACORBAT) que realizou, em l998, no Equador, sua XIII Reunião, na qual
foram apresentados 74 trabalhos de interesse universal. Não menos importante, porém
em nível nacional, têm sido as reuniões do Simpósio Brasileiro de Bananicultura, que
o
naquele mesmo ano, fez seu 4. Simpósio, assim como as da Sociedade Brasileira de
Fruticultura (SBF) que proporcionou seu 15o Congresso.
Essas evoluções já seriam suficientes para a revisão deste livro, do qual
parte dele foi totalmente reescrita. Entretanto, um grande lapso meu, na primeira
edição, seria, por si só justificável sua reedição unicamente para o corrigir. No
prefácio, deixamos de listar os nomes de dois colegas que tiveram grande participação
na equipe de banana, que criou as bases dos atuais métodos de cultivo dessa fruteira,
no Brasil, os quais são usados pelos nossos produtores: Antônio Ambrósio Amaro e
Rúter Hiroce não poderiam deixar de ser lembrados. E eu o faço agora.
Ao reeditar este livro, considero também estar fazendo o pagamento de uma
dívida que assumi com a sociedade, que investiu na minha formação profissional e nas
atividades que tive como pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). A
consideração que sempre recebi dos bananicultores e a colaboração e o apoio de
colegas foram um estímulo para o fazer e com isso poder legar, por escrito, a todos
aqueles que têm interesse pelo Cultivo da Bananeira, graças a Fundação Cargill, os
conhecimentos que adquiri.

O AUTOR

rmoreira@mpcnet.com.br

Prefacio da primeira edição (revisada)

As primeiras informações de que nossos indígenas já conheciam e


cultivavam a banana, quando Pedro Álvares Cabral aqui chegou, datam de 1570, as
quais foram escritas por Pero Vaz de Caminha e publicadas em l780, no livro “O
tratado”.
A bananicultura brasileira, como atividade agrícola de grande valor
comercial para os homens que vivem do cultivo da terra, teve seu início no século
passado, por volta de 1820, quando foram feitas as primeiras exportações para o
mercado platino.
Baseado em informações de cultivo trazidas das regiões bananeiras Centro
Americanas, Caribe, Ilhas Canárias, África, Filipinas, etc. os plantios de banana se
desenvolveram e se expandiram das frias encostas rio-grandenses, até a foz do
Amazonas, ou seja, onde houvesse gente disposta a efetuá-los.
Os tratos culturais, nessa ocasião, eram relativamente simples, e a
implantação do bananal era a tarefa mais difícil e dispendiosa.
A banana ‘Maçã’, acompanhada da ‘Nanica’, eram as mais importantes
variedades cultivadas. Entretanto, havia outras que eram encontradas em diversas
localidades, constituindo os pomares caseiros das fazendas.
Estas variedades que estavam dispersas foram, em 1925, coletadas pelo
engº agrº Felisberto Cardoso de Camargo, que organizou entre nós, na Fazenda Santa
Eliza, do Instituto Agronômico, IAC, em Campinas, a primeira coleção de bananeiras
de que se tem notícia no Brasil. Esta coleção, inicialmente constituída de apenas uma
dúzia de variedades, tem sido mantida e ampliada por aqueles que o sucederam na
pesquisa bananícola e, por esse motivo, ela reúne hoje 120 acessos de bananas
comestíveis.
Desde o início do século, os produtores estavam conscientes da necessidade
de conservar a fertilidade do solo de seus bananais e, com base em informações
trazidas do exterior, aplicavam esterco de curral, sulfato de amônio, fosfatos, sais de
potássio, cinzas, tortas e cal.
Coube ao engº agrº João Ferreira da Cunha a primazia de instalar, no Brasil,
em 1931, os primeiros experimentos de fertilizantes em bananeiras. Trabalhando em
propriedades particulares, como a Fazenda Trindade, em Santos, ou na Estação
Experimental de Prainha (hoje Miracatu) ou, posteriormente, nas Estações
Experimentais de Ubatuba e de Jaú, foi testando as reações das bananeiras às
leguminosas e fertilizantes formulados em N-P-K, fornecendo as primeiras
informações de adubação aos produtores. Foi também resultado de suas pesquisas a
produção artificial do primeiro híbrido de banana obtido no Brasil, o IAC-1 (‘Maçã’ x
Musa balbisiana), em 1948.
As exportações de bananas feitas inicialmente com frutos colhidos na
Baixada Fluminense, em Paranaguá, em Florianópolis, em Caraguatatuba e em Santos,
foram progressivamente diminuindo suas produções, exceto na Baixada Santista onde
a bananeira se fixava e expandia com o passar dos anos.
A partir de 1950, com as pesquisas já feitas pelo IAC e com o aumento do
intercâmbio científico e maiores facilidades dos nossos técnicos visitarem bananais de
outros países, foi possível fazer para os produtores do Estado de São Paulo, a primeira
grande divulgação dos conhecimentos bananícolas então adquiridos. Nessa ocasião, o
Estado de São Paulo se transformou no único exportador brasileiro e na maior unidade
de produção do país.
Em l967, simultaneamente com a expansão máxima das áreas de produção
de bananas do Vale do Ribeira, desapareceram os plantios de Caraguatatuba, SP.
(Fazenda Trindade, mais conhecida por Fazenda dos Ingleses, que tinha mais de dois
milhões de bananeiras) com a catastrófica tromba d’água ocorrida.
Foi de 1955 a 1965 o período áureo da expansão geográfica da
bananicultura em São Paulo. Nessa ocasião, um grupo de Engenheiros Agrônomos,
atuando junto aos produtores, foi capaz de difundir novos conceitos e técnicas de
cultivo que provocaram a melhoria da qualidade e o aumento da produtividade da
banana. Difícil, senão impossível, seria pretender enumerar as evoluções que
ocorreram nos bananais do Vale do Ribeira e Litoral Paulista, durante este período,
mas é certo que os produtores jamais esquecerão dos profissionais que, atuando como
extensionistas ou pesquisadores, foram os responsáveis por este desenvolvimento, a
quem devem seus agradecimentos, cujos nomes podem ser assim relacionados:
Ernesto Bleinroth
Jayme Vazquez Cortez
João Adelino Martinez
João Jacob Hoelz
José Cione
Luiz Carlos de Barros Novita
Luiz Jorge Elbel
Marcos Vilela de Magalhães Monteiro
Massaychi Maegi
Nelson Nobrega
Reynaldo Lepsh
Zeno de Martin
Especial destaque deve-se também dar o apoio que o Instituto Agronômico
de Campinas recebeu de produtores, que permitiram que fossem instalados múltiplos
experimentos em suas propriedades, a saber:
Nome Localização
Estância Jangada Avaré
Fazenda Abarra Pedro Barros
Fazenda Barra do Quilombo Registro
Fazenda Lagoa Oliveira Barros
Fazenda Pé da Serra Itimirim
Fazenda Roseira Itimirim
Fazenda Santa Rosa Pedro Barros
Fazenda São Carlos Sete Barras
Policultura de Itariri Itariri
Sociedade Agrícola Aurea Condi Guarujá
Sociedade Agrícola Mambu Itanhaém
Sociedade Agrícola Piraquara Itanhaém
Sociedade Agrícola São Francisco Itanhaém
Sociedade Agrícola São Pedro Itanhaém
Ao elaborarmos este livro, que pode ser considerado um manual para o
bananicultor mais evoluído, procuramos escrever sempre com as vistas voltadas para a
produção de bananas dos cultivares Nanica e Nanicão, os dois mais importantes para o
Estado de São Paulo que, por sinal, são os únicos exportados. Neste trabalho,
reunimos informações que adquirimos ao longo de nossa vida profissional, sempre
voltada para a bananicultura, quer como extensionista, pesquisador ou produtor. Os
vários aspectos bananícolas que enfocamos são aqueles que julgamos terem validade
para os bananicultores, os quais adquirimos por experiência própria, através de visitas
a outras áreas produtoras ou por meio de literatura.
Neste manual não nos preocupamos em apresentar as citações
bibliográficas rotineiras no texto, para deixar a leitura mais fluente e menos cansativa,
pois sabemos que em alguns itens os assuntos são complexos. Nossa intenção é
procurar fornecer ao produtor, exatamente, aquele mínimo que ele deve saber para ter
sucesso no seu investimento bananícola. Não pretendemos, de forma alguma, tolher a
criatividade de cada um, mas procuramos traçar parâmetros para que o produtor erre
menos e lucre mais.
Durante nossa vida profissional pudemos executar inúmeras pesquisas com
bananeiras. Algumas delas se perderam devido às intempéries, inclusive a primeira
delas, quando instalamos em 1959, sob os auspícios do Instituto Brasileiro de Potassa,
sob a coordenação do Dr. Jean Medcalf, na Fazenda Cubatão, do Dr. Rubens Paiva,
em Eldorado Paulista, um experimento de adubação com N-P-K, que desapareceu com
uma inundação.
Se de fato tivemos muitos percalços em nossas pesquisas, é verdade que se
não tivemos tido o apoio dos colegas, bananicultores e também do nosso IAC, esta luta
teria sido bem mais difícil. Cabe ainda agradecer a cooperação ímpar que recebemos
dos Auxiliares de Engenheiro Agrônomo:
Alcindo Biajoli
Antônio Camargo
Gilberto Corrêa de Abreu
Sérgio Luiz de Melo,
sem os quais, estamos certos que não teríamos muitos dos subsídios necessários para
podermos escrever grande parte do conteúdo deste trabalho.
No ano de 1987, quando o INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS
- como ficou internacionalmente conhecido - vem a completar seu 1º Centenário de
suas atividades em pesquisas agrícolas - julgamos que a elaboração deste livro é a
melhor forma de agradecer a todos as colaborações recebidas. Queremos também
agradecer, em especial, à Fundação Cargill, pela sua impressão e divulgação deste
trabalho.
Não poderíamos de forma alguma, nos esquecer de agradecer a Deus a
oportunidade que tivemos de receber os incentivos, as críticas e conselhos emanados
de um grande pesquisador, e ainda o privilégio de com ele ter convivido - SYLVIO
MOREIRA, meu pai.

O Autor
Raul Soares Moreira, nasceu em 1° de novembro de 1932, na Estação
Experimental de Cordeirópolis, do Instituto Agronômico de Campinas, atual Centro de
Citricultura “Sylvio Moreira”. Fez seus estudos básicos em Campinas e obteve o grau
de Engenheiro Agrônomo e o título de Doutor em Agronomia na Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiróz”, USP, em Piracicaba, SP, respectivamente em 1958 e
1974. Trabalhou como extensionista de 1958 até 1964, quando iniciou suas pesquisas
bananícolas no IAC. Por motivos de saúde, aposentou-se em 1989, mas mesmo assim
não se separou da lides bananícolas. Instalou sua primeira pesquisa com um
experimento de adubação, em 1959, quando ainda era extensionista e não parou até
hoje, pois continua investigando novas técnicas para melhoria da produção e fazendo
consultoria aos produtores. Em suas visitas por todos os estados brasileiros, ministrou
cursos em todos os níveis e, através de palestras, publicações em revistas e do
Suplemento Agrícola do jornal O Estado de São Paulo, onde manteve uma coluna por
mais de dez anos, divulgou os conhecimentos adquiridos em suas pesquisas e nos
inúmeros países visitados. Participou de muitas conferências internacionais como
apresentador de trabalhos, ouvidor e Delegado Brasileiro em reuniões oficiais. Foi
Conselheiro Principal do programa de banana da FAO em Angola, consultor “ad hoc”
da FAPESP, do CNPq, da FINEP e da FAESP e ainda do Programa Nacional de
Desenvolvimento da Bananicultura de Moçambique, além de ter sido produtor de
bananas. Sua contribuição e a do seu grupo de colaboradores para a ciência é
facilmente avaliada pelos trabalhos relacionados na literatura desta obra, em sua
segunda edição. Seu senso prático possibilitou a criação da metodologia da reforma
periódica dos bananais, da atomizadeira acoplada ao trator, do desbastador “lurdinha”,
que viabilizou o desenvolvimento da metodologia da aplicação de nematicidas,
fungicidas e fertilizantes no interior das bananeiras, a qual reduz a poluição ambiental
e por isso está sendo adotada em vários países. Introduziu a calagem e os
micronutrientes na bananicultura brasileira e a tecnologia da isca “queijo”. Os
resultados de suas pesquisas possibilitaram o início da utilização do fosfato natural
durante o preparo do solo, do sulcador de cana-de-açúcar na abertura das covas, assim
como a aplicação do detergente de uso doméstico na coagulação da seiva durante a
embalagem das bananas, e da água sanitária na desinfecção das mudas convencionais
em substituição aos agrotóxicos. Fez a maior coletânea dos cultivares de bananeiras
existentes no Brasil e os descreveu; realizou o primeiro estudo nutricional comparativo
de 50 diferentes cultivares realizado no mundo. Foi sócio-fundador e membro de
diversas diretorias da Sociedade Brasileira de Fruticultura e tem sido assíduo
participante de seus congressos, assim como os da Associação para a Cooperação em
Investigações em Bananeiras no Caribe e na América Tropical (ACORBAT). Dentre
as inúmeras homenagens e menções honoríficas que tem sido agraciado, talvez seja o
único pesquisador que recebeu de seus companheiros, produtores e inclusive de seu
mestre Jean Champion, o título de Cidadão Banana, em face das suas contribuições
científicas ao mundo bananícola. Examinando a bananicultura brasileira, científica e
prática, pode-se ver que ela teve grande influência dos trabalhos de Raul Moreira.

Banana: Teoria e Prática de Cultivo

CAPÍTULO I - ASPECTOS GERAIS DA BAAICULTURA

1- Introdução

A banana é fruta de consumo universal, comercializada por dúzia, por quilo


e até mesmo por unidade. É rica em carboidratos e potássio, médio teor em açúcares e
vitamina A, e baixo em proteínas e vitaminas B e C.
A banana é apreciada por pessoas de todas as classes e de qualquer idade,
que a consomem in natura, frita, assada, cozida, em calda, em doces caseiros ou em
produtos industrializados.
A fruta verde é usada in natura com grande sucesso na desidratação
infantil, depois de bem homogeneizada no liqüidificador; seu tanino, revestindo as
paredes intestinais e do tubo digestivo, evita, por ação mecânica, que as células do
órgão continuem se desidratando.
No meio rural é utilizada, ainda verde, como alimento de animais, depois de
cozida, para eliminar o efeito do tanino nos intestinos.
A importância da bananicultura varia de local para local, assim como de
país para país. Por vezes, ela é plantada para servir de complemento da alimentação da
família (fonte de amido), como receita principal ou complementária da propriedade ou
como fonte de divisas para o país.
Com freqüência, seu cultivo é feito em condições ecológicas adversas, mas,
em vista da proximidade de um bom mercado consumidor, esta atividade se torna
economicamente viável.
A bananeira é cultivada em altitudes que vão de 0 até 1.000 metros; no
Brasil, tem a característica de ser plantada em quase todos os municípios, em maior ou
menor quantidade.
A produção das bananeiras é proporcional ao trato que recebem e, também,
segundo as condições ecológicas da localidade. É uma planta muito exigente em água,
que, em média, constitui quase 90% de seu peso total.
Há uma grande diversidade de cultivares, cujos frutos têm vários sabores e
utilizações. O porte das plantas varia de 1,50 m a 8,0 m e seus cachos podem ser
compostos por algumas bananas ou centenas delas.
Merece realçar que seu tronco não é um tronco e, sim, um imbricamento de
bainhas de folhas. Seu período de vida é definido pelo aparecimento do “filhote” na
superfície do solo e a sua colheita ou a seca do seu cacho. Entretanto, sua lavoura é
considerada de caráter permanente na área.
As bananas cultivadas podem ser divididas em duas classes: as consumidas
frescas ou industrializadas e as consumidas fritas ou assadas, que chamamos de
bananas de fritar ou da terra. Na língua espanhola, apenas as bananas do subgrupo
Cavendish (‘Nanica’, ‘Nanicão’, ‘D’água’, etc.) (Cap. II-1) são chamadas de bananas;
as demais são conhecidas por “plátanos”.
O agricultor encontrará, neste livro, informações que objetivam divulgar
conselhos para conseguir produção a baixo custo, pois cremos que essa é a forma
correta de lhe assegurar a possibilidade de obter maiores lucros. Para isso, antes de se
iniciar uma plantação, é oportuno efetuar uma planificação de tudo que se pretende
executar, iniciando pela elaboração de um projeto para instalação do bananal; para
tanto sugerimos o método Pert, onde cada uma das etapas é definida, descrita e
programada. Os elevados preços dos insumos modernos (corretivos de solo, adubos,
nematicidas, inseticidas, fungicidas e herbicidas), exigem que sejam usados
moderadamente e que deles se obtenha a maior eficiência.
A tecnologia de produção bananícola aqui apresentada é mais dirigida aos
cultivares Nanica e Nanicão, estando firmada basicamente nos resultados das
pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas. Tal tecnologia
possibilita colher cachos a menor custo e é também a que melhor se adapta, hoje, às
condições ecológicas das três regiões bananícolas do estado de São Paulo - Litoral
Paulista, Vale do Ribeira e Planalto - e que mais atende às exigências dos nossos
mercados consumidores.
As áreas de produção, assim como os mercados brasileiros, estão passando
por modificações bastante acentuadas, por isso, haverá, sempre que se justifique,
recomendações específicas para um cultivar ou uma localidade diferente.
As terminologias empregadas neste livro são as mesmas usadas
internacionalmente, onde é normal o emprego de expressões populares como planta
“mãe” para se referir à bananeira mais velha da touceira ou da “família”. Nas demais
línguas, essas designações são feitas da mesma forma, com tradução literal do termo:
como “planta madre”, “plante mère”, “mother plant”, etc., terminologias essas aceitas
e usadas em trabalhos científicos e também pelos produtores (ver o glossário).
Uma recomendação de suma importância para aqueles que vão iniciar suas
atividades com bananas é lembrar-lhes sempre que “fruta se vende primeiramente pela
aparência e depois pelo sabor”.

2- Origem da banana
A palavra banana é originária das línguas serra-leonesa e liberiana (costa
ocidental da África), a qual foi simplesmente incorporada pelos portugueses à sua
língua.
Não se pode indicar com exatidão a origem da bananeira, pois ela se perde
na mitologia grega e indiana. Atualmente admite-se que seja oriunda do Oriente, do
sul da China ou da Indochina. Há referências da sua presença na Índia, na Malásia e
nas Filipinas, onde tem sido cultivada há mais de 4.000 anos. A história registra a
antigüidade da cultura.
As sementes das bananeiras primitivas, que eram férteis, teriam tido 2 cm.
Atualmente, em geral são estéreis e se apresentam como pequenos pontos escuros
localizados no eixo central da fruta.
As bananeiras existem no Brasil desde antes do seu descobrimento. Quando
Cabral aqui chegou, encontrou os indígenas comendo in natura bananas de um
cultivar muito digestivo que se supõe tratar-se do ‘Branca’ e outro, rico em amido, que
precisava ser cozido antes do consumo, chamado de ‘Pacoba’ que deve ser o cultivar
Pacova. É interessante lembrar que a palavra pacoba, em guarani, significa banana.
Com o decorrer do tempo, verificou-se que o ‘Branca’ predominava a região litorânea
e o ‘Pacova’, a Amazônica.
O cultivar Pacova possuía com certa freqüência, sementes muito grandes
em relação às atuais, pois quase igualavam em tamanho às da mucuna preta (Mucuna
aterrima). Os registros de importação das primeiras bananeiras para o continente
americano datam de 1494 a 1530, épocas em que já se conhecia, no continente
asiático, elevado número de espécies do gênero Musa, incluindo-se aquelas
ornamentais, sem valor alimentício. Como tais espécies não foram encontradas pelos
descobridores em nossa terra, pode-se deduzir que deve ter havido uma seleção do
material trazido desses locais de origem da bananeira. Esse aspecto é um ponto
pacífico em que os historiadores se baseiam para explicar a etnia asiática do índio das
Américas. Atribui-se a esses imigrantes a primeira seleção de bananas no mundo e a
introdução das primeiras sementes produtoras de bananeiras comestíveis no
Continente Americano.

3- Distribuição geográfica
Por se tratar de uma planta tipicamente tropical, a bananeira, para bom
desenvolvimento, exige calor constante e elevada umidade. Essas condições são,
geralmente, registradas na faixa entre os paralelos de 30° norte e sul, nas regiões onde
as temperaturas permanecem acima de 10°C e abaixo de 40°C. Entretanto, há
possibilidade de seu cultivo em latitudes maiores de 30°, contanto que a temperatura o
permita.
A expansão de um cultivar, em determinados países e áreas, é função da sua
aclimatação, interesse do mercado local ou do importador. Disso resulta que há
relativa diversificação de cultivares entre as regiões produtoras.
Os principais países que produzem banana podem ser assim agrupados por
região:
América do Sul América Central
Argentina (2) * Costa Rica (7)
Brasil (1) Guatemala (10)
Colômbia (5) Honduras (9)
Equador (4) México (11)
Guianas (17) Nicarágua (8)
Paraguai (3) Panamá (6)
Venezuela (18)
África Região do Caribe
Angola (20) Cuba
Rep. Camarões Ocidental (21) Guadalupe (França) (14)
Rep. Camarões Oriental (21) Ilhas Windward (16)
Zaire (Congo) (19) Jamaica (13)
Costa do Marfim (23) Martinica (França) (15)
Guiné (22) República Dominicana (12)
Ilhas Canárias (Espanha)
Ilhas Madeira (Portugal) Oriente Médio
Madagascar (27)
Moçambique (28) Israel (39)
Somália (29) Jordânia (40)
Líbano (41)
Ásia
Oceania
Sri Lanka (Ceilão) (30)
China (36) Austrália (33)
Filipinas (37) Ilhas Fidji (34)
Índia (38) Samoa Ocidental (31)
Java (32)
Sumatra (35)
* O número indica sua localização no mapa mundi (Figura I-1).
Figura I-1- Mapa mundi com os principais países produtores de banana.

4- Importância da bananicultura
4.1- Mundial
Histórica - As primeiras informações da história contemporânea, do início
da comercialização efetiva de bananas, datam de 1870, feita em escuna, que
transportou da Jamaica para os Estados Unidos (cidade de Jersey) 160 cachos.
Exportações esporádicas ocorreram anteriormente das ilhas do Caribe, onde os
cultivares Nanica (1829), e Gros Michel (1835) já tinham sido introduzidos.
Os primeiros plantios extensivos, na América Central, foram feitos
principalmente na Costa Rica, Honduras e Colômbia, entre 1870 e 1879, prevalecendo
o cultivar Gros Michel que passou a ser a Rainha das Bananas, até que o
mal-do-panamá explodiu nesta região em 1900. Novas áreas foram plantadas
procurando sempre uma fuga dessa enfermidade. Em 1912, o mal-do-panamá já era
bastante grave na Jamaica. Visando diversificar os plantios de ‘Gros Michel’ e
‘Nanica’, foi plantado o cultivar Mysore, que se admite tenha sido introduzido em
1912, na República Dominicana.
O cultivar Gros Michel, pela alta suscetibilidade ao mal-do-panamá, foi
substituído, em todo o mundo, por diversos cultivares do subgrupo Cavendish, que
apresentam alta tolerância a essa enfermidade. Assim é que encontramos o ‘Poyo’ (ou
‘Robusta’) em Guadalupe e na África Ocidental; o ‘Nanica’ e o ‘Grande Naine’ na
Martinica (local de origem dessa última) e o ‘Lacatan’, na Jamaica. No Brasil são
encontrados o ‘Nanica’ e o ‘Nanicão’, sendo que o ‘Gros Michel’ nunca chegou a ser
plantado comercialmente, pois ele é muito exigente em calor.
Atualmente, para os produtores mundiais que objetivam a exportação, são
as bananas do subgrupo Cavendish que mais interessam. É preciso que se diga que o
mercado mundial tem demonstrado, nesta última década, um interesse crescente por
bananas de fritar. É o caso, por exemplo, da Venezuela, que tem uma área de mais de
dez mil hectares contínuos do cultivar Harton, semelhante ao nosso ‘Pacova’ e cuja
produção é praticamente toda exportada para os EUA. Outros países do Caribe, como
Cuba, também são grandes produtores de banana de fritar. No Continente Africano e
na Índia, esses tipos de banana têm muita importância, pois são usados como fonte de
amido (Quadros I-1 e I-2).
A "Standard Fruit Company" introduziu, em suas plantações na América
Central e do Sul, um cultivar de Giant Cavendish, o ‘Valery’. Para isso fez uma coleta
de mudas de cultivares desse grupo em todo o mundo, inclusive, em 1939, em Santos
(SP), onde já havia cultivares de Nanicão, em tudo e por tudo iguais ao ‘Valery’.

Todas as companhias que produzem bananas do tipo Cavendish, a partir de


1980, ampliaram mais a diversificação de seus cultivares plantando o ‘Grande Naine’.
No Brasil, os cultivares do subgrupo Prata, em especial o ‘Prata’, são muito
importantes por serem os mais consumidos. Os do tipo de fritar, que não apresentavam
grande interesse, têm tido, também aqui, maior procura pelos consumidores, nesta
última década.
A partir de 1960, principalmente em São Paulo, houve substituição do
‘Nanica’ (‘Dwarf Cavendish’) por diversos clones do ‘Nanicão’ (‘Giant Cavendish’) e,
dez anos depois, ocorreu a introdução do ‘Grande Naine’. Além dessas trocas de
cultivares, desde 1980, iniciou-se a introdução do cultivar Enxerto (‘Prata anã’ - Cap.
III-4) nas regiões tradicionalmente plantadoras de bananas altas do subgrupo Prata e
também naquelas que estão iniciando novos plantios. A aclimatação desse cultivar, em
áreas completamente diferentes daquela de sua origem (Criciúma, SC), tem sido boa e
os produtores e os consumidores o têm aceito muito bem.
A exportação regular de bananas por navios a vapor, começou em 1894,
transportando cachos sem nenhuma embalagem, que eram produzidos na Costa Rica e
Panamá, com destino aos Estados Unidos. Atualmente, a tonelagem de banana
exportada para diversos mercados é a maior de todos os vegetais, superando a dos
cítricos, café, maçã, soja, etc.
A sofisticação do transporte, começou em 1901, com a utilização de navios
refrigerados, mas foi a partir da 2ª Guerra Mundial que ocorreram as maiores
evoluções, culminando com os atuais “containers” frigorificados (diesel/elétricos),
automáticos, pré-reguláveis, capazes até mesmo de processarem o amadurecimento
das bananas, totalmente embaladas em caixas de papelão, durante seu transporte do
galpão de embalagem até ao mercado consumidor, sem a interferência de operadores.
A exportação de bananas pelo Brasil iniciou em 1897, para a Argentina e
Uruguai, com frutas colhidas nas Baixadas Fluminenses e Santista, em propriedades
localizadas junto aos rios ou ao longo das ferrovias.
Os cachos eram transportados ao porto do Rio de Janeiro ou de Santos, por
chatões ou gaiolas ferroviárias e transferidos para os navios, que tinham apenas
ventiladores nos seus porões. A partir de 1912, a maior parte das exportações já era
feita pelo porto de Santos, cuja liderança permaneceu até 1964, utilizando sempre
navios, muitos dos quais precariamente ventilados e com o serviço de estiva da pior
qualidade que se pode imaginar.
Nas remessas de cachos feitas para a Inglaterra (Frigorífico
Anglo-Caraguatatuba, SP), iniciadas em 1922, eles foram embalados em mantas de
“linter” de algodão com papel “kraft”. Após a 2ª Guerra Mundial, foram utilizadas
caixas de madeira, completamente fechadas, para a acomodação das pencas que eram
envoltas em sacos de polietileno, até 1960, quando essas exportações pararam.
Com a construção de novas rodovias (BR-101 e 116), as exportações
passaram a ser feitas (1962-64) em caminhões frigoríficos, que levam bananas (800 a
1.000 caixas de 20Kg) e retornam da Argentina com maçãs. A facilidade de se
carregar o veículo na propriedade e descarregar na câmara de climatização do
importador, reduz o tempo de 10 a 12 dias da colheita até a câmara, para 3 a 4. Mais
recentemente têm-se tentado fazer este transporte no sistema “rol-on-rol-off”
(“ro-ro”), via porto de Santos.
Em 1962-64, tentou-se introduzir a caixa de papelão comum, para a
embalagem das pencas a serem exportadas para os mercados platinos mas, devido seu
alto preço e o reduzido número de galpões de embalagem, ela não se consolidou.
A partir de 1960, por iniciativa da Cooperativa Central de Bananicultores
do Estado de São Paulo (CCBESP), foi introduzida a caixa de madeira, para a
embalagem das pencas destinadas ao mercado interno, denominado torito. Assim, os
cachos colhidos passaram a ser despencados e embalados dentro do próprio bananal e
nessas mesmas caixas eram, e ainda são, amadurecidas e entregues aos feirantes,
quitandeiros e supermercados.
Nas demais áreas do Brasil, o transporte dos cachos era feito de forma
precária, mas, atualmente, o uso dessas caixas de madeira está bem generalizado.
Porém, ainda hoje, o mercado da Grande São Paulo recebe banana Maçã e Terra de
Rondônia (3.000Km) sem embalagem.
Simultaneamente com a introdução do torito, em 1960, a Cooperativa
Central dos Bananicultores do Estado de São Paulo, juntamente com a Secretaria da
Agricultura do Estado de São Paulo, montou no país, a primeira câmara de
amadurecimento usando gás ativador com temperatura e umidade controladas, o que já
era utilizado no mundo todo.
Objetivando manter um comportamento mais uniforme e atuante nos
mercados de exportações, foi formada, em 17 de setembro de 1974, a União dos Países
Exportadores de Banana (UPEB) que congrega Colômbia, Costa Rica, Panamá,
República Dominicana e Venezuela. Entretanto, a comercialização é feita sempre pela
United Brands, atualmente Chiquita Brands International Incorporation, com a marca
Chiquita; pela Standard Fruit, com a Dole; e a Del Monte, com a Del Monte, que,
efetivamente, são donas de mais de 63% do mercado mundial.
Não se pode comercializar a fruta sem um contrato prévio entre o produtor
e alguém que seja detentor de uma cota. No caso do Mercosul, essas regras não são
válidas e a comercialização é feita pelo importador e pelo exportador, que às vezes é
produtor.
Esse comércio é regido por acordos previamente estabelecidos pelo GATT
(Acordo Geral de Tarifas e Comércio), no qual se fixam cotas mundiais de vendas, as
quais são “divididas” pelos países produtores com base na sua tradição. Algumas
dessas companhias são produtoras e também atuam como intermediadoras. Neste caso,
há um contrato direto com o produtor, estabelecendo-se responsabilidades, sendo certo
que as bananas são inspecionadas durante sua produção, nos galpões de embalagem e,
finalmente, nos portos de embarque.
Tem-se estimado que as perspectivas de exportação mundial não serão boas
a curto prazo; pelo Quadro I-3, verifica-se que, de 1980 a 1996, houve um aumento de
49% no consumo e que a produção cresceu 73%, o que confirma essa preocupação e
se conclui que o mercado é francamente vendedor.
O preço mundial da caixa de banana continua se mantendo, nestas duas
últimas décadas, no valor de US$4,50 (± 0,50) FOB, com pouca expansão de consumo
em relação ao aumento da oferta. Decorre disso, não se esperar aumentos de preços da
banana, nesse mercado.
Estatística - A produção mundial, por país e por continente, referente aos
anos de 1989-91, 1994, 1996 e 1997, está relacionada no Quadro I-1; foram
selecionados apenas aqueles com produção superior a 100 mil toneladas, separando-se
as bananas de consumo in natura das de fritar (“plátanos”), com suas respectivas
percentagens, em função do ano de 1997.

Quadro I-1- Produção de bananas e do tipo de fritar (“plátanos”) mundial, por continente e por país,
com mais de 100 mil toneladas e respectivas percentagens em 1997.

Bananas “Plátanos”
1989-91 1994 1996 1997 % 1989-91 1994 1996 1997
%
Mundial 46.874 55.032 55.787 58.975 100,00 26.468 27.966 29.746
29.501 100,00

África 6.450 6.773 6.803 7.178 12,17 19.129 20.650 21.736


21.648 73,38
África do Sul 224 135 165 202 0,34 --- --- --- ---
---
Angola 275 285 295 295 0,50 --- --- --- ---
---
Burundi 1.552 1.487 1,544 1.507 2,56 --- --- --- ---
---
Camarões 719 950 986 986 1,67 959 950 1.000 1.030
3,49
Costa do Marfim 148 173 219 304 0,52 1.187 1.300 1.366 955
3,24
Egito 399 459 500 585 0,99 --- --- --- ---
---
Gabão --- --- --- --- --- 236 250 248 250
0,85
Gana --- --- --- --- --- 1.004 1.475 1.642 1.800
6,10
Guiné 115 151 150 150 0,25 397 429 429 429
1,45
Quênia 200 220 220 225 0,38 340 360 370 370
1,25
Madagascar 221 210 230 260 0,44 --- --- --- ---
---
Nigéria --- --- --- --- --- 1.322 1.665 1.712 1.750
5,93
Tanzânia 772 834 631 769 1,30 772 834 631 769
2,61
Uganda 540 580 590 590 1,00 7.797 9.000 9.550 9.303
31,53
Zaire 405 410 412 --- --- --- 2.069 2.424 2.270
7,69

América Central 8.058 8.252 8.508 8.765 14,86 1.644 1.617 1.448 1.337
4,53
Costa Rica 1.657 2.000 2.100 2.400 4,07 93 102 105 105
0,36
Cuba 191 180 160 160 0,27 115 115 100 100
0,34
Guadalupe 114 116 87 87 0,15 --- --- --- ---
---
Guatemala 485 638 728 681 1,15 --- --- --- ---
---
Haiti 227 233 239 239 0,41 287 270 270 270
0,92
Honduras 1.037 839 927 990 1,68 163 189 206 206
0,70
Jamaica 131 120 130 130 0,22 --- --- --- ---
---
Martinica 235 173 291 291 0,49 --- --- --- ---
---
México 1.900 2.295 2.210 2.064 3,50 --- --- --- ---
---
Panamá 1.094 899 875 875 1,48 75 105 106 106
0,36
R. Dominicana 390 283 383 389 0,66 651 581 317 318
1,08
Santa Lúcia 114 115 112 76 0,13 --- --- --- ---
---

América do Sul 12.145 14.966 15.052 15.466 26,22 4.899 4.890 5.712 5.661
19,19
Argentina 202 142 170 170 0,29 --- --- --- ---
---
Bolívia 389 279 279 336 0,57 143 150 215 230
0,78
Brasil 5.510 5.722 5.619 5.779 9,80 --- --- --- ---
---
Colômbia 1.677 2.400 2.150 2.200 3,73 2.360 2.396 3.212 2.597
8,80
Equador 3.052 5.086 5.309 5.727 9,71 1.013 922 870 896
3,04
Peru --- --- --- --- --- 830 845 1.348 1.391
4,72
Venezuela 1.172 1.193 1.026 1.123 1,90 522 535 526 504
1,71

Ásia 18.959 23.763 25.643 26.203 44,43 791 805 845 850
2,88
Bangladesh 629 630 634 628 1,06 --- --- --- ---
---
Camboja 116 129 140 140 0,24 --- --- --- ---
---
China 1.813 3.082 2.677 3.141 5,33 --- --- --- ---
---
Filipinas 3.018 3.283 3.391 3.500 5,93 --- --- --- ---
---
Índia 7.139 9.946 9.935 9.935 16,85 --- --- --- ---
---
Indonésia 2.358 2.614 2.600 4.768 8,08 --- --- --- ---
---
Malásia 505 530 530 530 0,90 --- --- --- ---
---
Omã --- --- --- --- --- 243 275 285 290
0,98
Paquistão 152 82 83 84 0,14 --- --- --- ---

Sri Lanka --- --- --- --- --- 548 530 560 560
1,90
Tailândia 1.614 1.700 1.750 1.700 2,88 --- --- --- ---
---
Vietnã 1.246 1.375 1.282 1.282 2,17 --- --- --- ---
---

Europa 447 385 423 442 0,75 --- --- --- ---
---
Espanha 395 338 371 396 0,67 --- --- --- ---
---
Portugal 44 40 40 40 0.8 --- --- --- ---
---

Oceania 815 892 919 921 1,56 --- --- --- ---
---
Austrália 174 208 214 214 0,36 --- --- --- ---
---
Papua-N. Guiné 592 640 665 665 1,13 --- --- --- ---
---
Fonte: FAO - Production Yearbook, volume 51, 1997.

Com base no Quadro I-1, pode-se compor o Quadro I-2, onde fica mais fácil comparar as
quantidades produzidas de bananas com aquelas consumidas fritas (“plátanos”), por continente, em
1997.

Quadro I-2- Produção mundial e por continente, em 1997, das bananas e das de fritar (“plátanos”),
em mil toneladas, com seus percentuais respectivos.

Bananas % “Plátanos” %
Mundial 58.975 100,00 29.501 100,00
África 7.178 12,17 21.648 73.38
América Central 8.765 14,86 1.337 4,53
América do Sul 15.466 26,22 5.661 19,18
Ásia 26.203 44,43 805 2,72
Europa 442 0,74 --- ---
Oceania 921 1,56 --- ---

A exportação mundial, por país e por continente, referente aos anos de


1980, 1983, 1994, 1995 e 1996, está relacionada no Quadro I-3, onde foram
selecionados apenas aqueles com produção superior a 100 mil toneladas de bananas,
sem incluir as de fritar (“plátanos”), com suas respectivas porcentagens, em função do
ano de 1997.
Quadro I-3- Total das exportações de bananas (mil toneladas) do mundo, por continente e por
país e respectivas percentagens em 1996.

1980 1983 1994 1995 1996 %


Mundial 6.911,00 6.226,10 12.774,80 13.540,50 14.145,00 100,00

África 208 160 336 395 394 2,79


Camarões 59 45 165 187 160 1,13
Costa do Marfim 121 73 156 180 200 1,41
Somália 32 35 10 21 25 0,18
África do Sul --- --- 0,052 0,054 0,11 0,00

América Central 3.453 3.409 4.912,30 5.101,60 5.073,20 35,87


Belize 15 10 53 52 64 0,45
Costa Rica 887 848 1.880 2.038 2.125 15,02
Dominicana 9 4 96 93 71 0,50
Guadalupe 90 114 87 65 --- ---
Guatemala 352 249 577 635 669 4,73
Honduras 866 718 475 529 575 4,07
Jamaica 33 23 75 83 85 0,60
Martinica 73 160 148 158 --- ---
México 17 37 207 100 162 1,15
Nicarágua 110 76 28 54 80 0,57
Panamá 600 656 719 690 632 4,47
Santa Lúcia --- --- 91 112 102 0,72

América do Sul 2.132 1.825 4.907,40 5.204,20 5.528,40 39,08


Brasil 67 79 51 12 27 0,19
Colômbia 785 805 1.703 1.360 1.476 10,43
Equador 1.318 800 3.065 3.732 3.931 27,79
Suriname 34 32 32 35 25 0,18
Venezuela 5 3 50 62 62 0,44

Ásia 1.050,00 794,90 1.386,70 1.409,00 1.494,30 10,56


China 105 106 61 47 57 0,40
Filipinas 922 615 1.155 1.213 1.252 8,85
Indonésia --- --- 33 55 101 0,71
Malásia 23 25 81 35 30 0,21
Paquistão 12 10 1 2 1 0,01
Tailândia 12 12 1 2 2 0,01
Vietnã --- --- 10 10 10 0,07

Europa* 433 433 79 153 183 1,29


Madeira 28 32 3 10 30 0,21
Ilhas Canárias 405 401 76 143 153 1,08

Oceania 86 130 447 972 1.015 7,18


Austrália 14 71 252 478 604 4,27
Nova Zelândia 69,9 57 180 450 370 2,62

Fonte: FAO - Trade Yearbook, volume 50 - 1996.


* A despeito de estarem relacionados pela FAO (1996), vários países como
exportadores no Continente Europeu, cuja soma de seus percentuais atingiria a 11,69%
do volume mundial, deixamos de considerar estas informações uma vez que elas
dizem respeito a reexportação. Decorre daí ter-se feito referência a apenas as
produções das Ilhas Canárias e Madeira, que são efetivamente os plantadores.

Quanto às exportações efetivas, por continente produtor de banana, o


Quadro I-3 permite compor o Quadro I-4, onde estão relacionados os percentuais de
cada um deles.

Quadro I-4- Percentuais de efetiva exportação, por continente.

Continente %
América do Sul 39,08
América Central e Caribe 35,87
Ásia 10,56
Oceania 7,18
África 2,79
Europa (Ilhas Canárias e Madeira) 1,29

Os Quadros I-1 e I-3 permitem selecionar os maiores países exportadores e suas


participações percentuais no mercado mundial, juntamente com os de suas produções
exportadas. É interessante observar, pelo Quadro I-5, que apenas sete países são
responsáveis por 75,06% das exportações mundiais.

Quadro I-5- Relação dos maiores países exportadores, suas porcentagens da exportação mundial e
da banana produzida que foi exportada, durante o ano de l996.

País % da exportação % da produção


mundial exportada
Equador 27,79 68
Costa Rica 15,02 88
Colômbia 10,43 67
Filipinas 8,85 35
Panamá 4,47 72
Guatemala 4,43 98
Honduras 4,07 58
Total 75,06

A banana constitui hoje grande fonte de divisas para os seguintes países,


internacionalmente cognominados Repúblicas Bananeiras: Colômbia, Costa Rica,
Equador, Guadalupe, Honduras, Jamaica, Martinica, México, Panamá e Venezuela.
Pelos Quadros I-8 e I-9 é possível compor o Quadro I-6, onde fica evidente que
a exportação do Brasil é pequena e tem diminuído. É o mercado interno que consome
quase 100% da nossa produção.

Quadro I-6- Produção e exportação do Brasil, em mil cachos e o seu percentual no ano.

Ano Produção Exportação % exportada


1973 356.399 6.924 1,94
1984 470.815 5.157 1,09
1997 595.344 2.005 0,33

O Quadro I-7 relaciona os países que importaram mais de mil toneladas de


bananas e das de fritar (“plátanos”), em 1980, 1983, 1994, 1995 e 1996, e os
respectivos percentuais de cada um deles durante 1996.

Quadro I-7- Total das importações de bananas e do tipo de fritar (“plátanos”) com mais de mil
toneladas, do mundo por continente e por país, e a respectiva percentagem em 1996.
1980 1983 1994 1995 1996 %
Mundial 2.915,30 2.545,90 12.631,30 13.059,40 13.717,50 100,00

África 34,4 22 49,1 109 93,1 0,68


Argélia 0,6 12 10 32 32 0,23
Líbia 15 12 13 10 10 0,07
Tunísia 9 14 17 37 16 0,12

América do Norte 2.392,90 2.780,70 4.303,90 4.288,70 4.425,30 32,26


Canadá 245 250 386 399 408 2,97
Estados Unidos 2.147 2.257 3.850 3.834 3.963 28,89

América do Sul 379,6 154 470 449,4 497,6 3,63


Argentina 195 72 243 201 248 1,81
Chile 88 43 147 144 150 1,09
Paraguai --- --- 13 15 2 0,01
Uruguai 30 25 47 35 47 0,34

Ásia 1.057,90 874,3 1.774,90 1.792,00 2.074,00 15,12


Arábia Saudita 135 147 187 172 155 1,13
China --- --- 93 159 512 3,73
Cingapura 23 24 45 37 30 0,22
Coréia 4 7 138 21 124 0,90
Emirados Árabes --- --- 60 60 60 0,44
Hong Kong 21 25 42 47 36 0,26
Japão 726 575 929 873 818 5,96
Kuwait 25 35 20 22 23 0,17
Síria 39 --- 87 52 52 0,38
Turquia --- --- 66 87 97 0,71

Europa 2.260,30 2.094,90 5.960,60 6.347,90 6.518,50 47,52


Alemanha 610 497 1.175 1.223 1.199 8,74
Áustria 78 64 143 110 95 0,69
Bélgica 81 --- 811 820 1.123 8,19
Bulgária 12 4 75 53 21 0,15
Croácia --- --- 43 67 39 0,28
Checo --- --- 120 161 148 1,08
Dinamarca 26 23 38 40 54 0,39
Eslovênia --- --- 56 63 81 0,59
Espanha 405 399 183 222 235 1,71
Finlândia 39 36 168 66 58 0,42
França 443 440 571 664 608 4,43
Grécia 16 0,0 70 62 82 0,60
Hungria 15 13 75 66 56 0,41
Holanda 107 90 226 154 166 1,21
Itália 300 304 461 464 543 3,96
Noruega 30 33 59 59 60 0,44
Polônia --- --- 177 245 255 1,86
Portugal 32 33 142 153 161 1,17
Reino Unido 322 307 567 617 677 4,94
Romênia --- --- 33 71 50 0,36
Suécia 70 67 154 146 149 1,09
Suíça 65 55 75 75 73 0,53
URSS 58 77 381 503 308 2,25

Oceania 36,5 40 72,5 72 108,8 0,79


Nova Zelândia 35 39 71 71 107 0,78
Fonte: FAO - Trade Yearbook, volume 50 - 1996.
Quanto às importações (Quadro I-7) a Europa se destaca com 47,52%, mas
esse índice tem agregado a si valores de reexportações havidas entre países. A
América do Norte se apresenta com efetivos 32,26%; a Ásia, com 15,12%; a América
do Sul, com 3,63%; a Oceania, com 0,79% e a África, com 0,68%.
Os EUA têm se mantido como o maior comprador de bananas nos últimos
vinte anos e apresentado um aumento constante nas importações. Em 1980, eles
importaram 2.147 mil toneladas e, em 1996, passaram para 3.963 mil toneladas
(28,89% da mundial), ou seja, um aumento de 85%.
O Japão é o segundo maior importador efetivo, pois a Alemanha e a
Bélgica reexportam. Em 1980, o Japão comprou 726 mil toneladas e, em 1996, 818
mil toneladas (5,96% da mundial), tendo portanto, aumentado apenas 12%.
Quanto à Argentina, que em 1980, importou 195 mil toneladas, aumentou
para 248 mil toneladas em 1996 (1,81% da mundial), ou seja 27% a mais.
Os quadros acima evidenciam que os países exportadores de banana são
exatamente aqueles em desenvolvimento, enquanto os importadores correspondem aos
desenvolvidos, com economia estabilizada.
Admite-se que, para efeito de cálculos, que em cada 55 caixas tipo
exportação com 18,14 kg ou 40 libras haja uma tonelada de pencas de banana, porém,
com uma tonelada de cachos de bananas produz-se apenas 50 dessas caixas.

4.2- Brasileira
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de banana, com 9,80% do
total, e também o segundo maior consumidor, pois para o povo em geral, ela não é
apenas uma fruta, mas um complemento de sua alimentação diária. O maior produtor e
consumidor é a Índia.
O cultivo da bananeira no Brasil talvez seja uma das poucas explorações
agrícolas feitas, em maior ou menor proporção, em quase todos os municípios. É essa
freqüência que torna o Brasil um grande produtor. A banana e a laranja são as frutas
de consumo mais constantes da população, e sua presença é sempre assinalada nos
mais diversos mercados e feiras livres.
Com o crescimento da população e melhoria da sua capacidade aquisitiva,
houve aumento de consumo desse alimento barato, em todos os mercados
consumidores.
Paralelamente a esse aumento de consumo, surgiu em nossos bananais,
durante a década de 60, a moléstia conhecida por mal-de-sigatoka-amarela ou
simplesmente sigatoka-amarela (cercosporiose da bananeira - Cap. XI-2.2) que,
causando grandes prejuízos, fez com que a produção diminuísse em quantidade e
qualidade. Em conseqüência, o preço elevou-se e o mercado consumidor passou a
exigir que os produtores cuidassem das bananeiras como uma cultura e não mais como
uma simples planta de produção quase extrativa, como vinha sendo feito.
Nas últimas décadas, a bananicultura brasileira passou por sucessivas
remodelações na tecnologia de cultivo. Os resultados de estudos feitos entre nós, com
as bananeiras, principalmente aqueles a partir de 1960, permitiram que se firmassem
novos conceitos de produção para nossos agricultores, no que diz respeito a solo,
clima, época de plantio, cultivares, aplicação de corretivos de solo, adubação,
espaçamento de plantio, rotação de cultura, controle fitossanitário manejo do bananal e
da fruta pós-colheita, a fim de atender aos novos mercados brasileiros que se
formaram.
O elevado preço dos fretes de produtos perecíveis como a banana, tem feito
com que muitos plantios, principalmente de frutas e verduras, se desloquem para perto
de grandes centros urbanos.
Em termos de comercialização exterior, ela é feita praticamente só para os
mercados platinos e apenas com bananas de São Paulo junto com as de Santa Catarina
e do Rio Grande do Sul, sendo que esses dois últimos a fazem de modo esporádico.
Raras exportações tem ocorrido para a Europa.
Algumas propriedades agrícolas de qualquer das regiões paulistas
produzem, já há algum tempo, bananas ‘Nanicão’, em tudo e por tudo iguais àquelas
da América Central, comercializadas nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.
Essas lindas e perfeitas frutas sofreram, durante muito tempo, injustificados
maus tratos por parte dos colhedores, embaladores e transportadores (ver Foto VII-27).
As injúrias que lhes foram impostas permitiu a entrada de outros países em nossos
tradicionais mercados importadores. Nas vendas internas, grande parte dessa
produção se perdia nas bancas de comercialização de nossas feiras livres ou
supermercados, dada a sua péssima aparência.
Quando o produtor brasileiro pensa no plantio de bananas visando o
mercado exterior, geralmente está pensando em outros além do Mercosul, tais como o
americano e o europeu. Entretanto, ele precisa lembrar também que as exigências do
mercado platino são muito menores do que as dos demais. Além disso, comparando-se
a média histórica dos preços pagos ao produtor brasileiro, com a dos países que a
produzem visando principalmente a exportação, verifica-se que, nos últimos dez anos,
a do nosso mercado interno foi mais interessante.
As exigências dos mercados europeus e americano, em relação às
qualidades organolépticas da banana, principalmente a ausência do “chilling” (Cap.
IV-1.1.2), limitam muito as possibilidades de que regiões geográficas, com latitudes
maiores do que as do estado do Espírito Santo, venham a se tornar suas fornecedoras,
uma vez que nelas há sempre o problema do frio.
Para os mercados americano e europeus, as áreas de produção somente
poderiam recair nos vales dos grandes rios do Nordeste. Mesmo assim, seria preciso
que fossem localizadas próxima de portos marítimos e que o volume produzido
possibilitasse a exportação semanal de, no mínimo, 1.500 toneladas, ou seja, cerca de
75 mil caixas, com 18 kg. Esse volume corresponde a carga de um navio bananeiro
pequeno. Há, porém, a considerar que o carregamento das caixas é feito hoje em
contêineres auto-frigorificados, o que permite pensar na possibilidade da utilização de
navios com cargas mistas. Entretanto, é imprescindível ter uma produção suficiente
para se poder ofertar uma quantidade mínima de 5 a 10 contêineres, com mil caixas
em cada um, semanalmente, uma vez que esses mercados negociam através do sistema
de bolsas de valor. Nas exportações para as regiões sulinas, a banana tem sido
transportada em carretas (jamantas) frigorificadas ou em contêineres também
frigorificados, porém as entregas são feitas sob prévia encomenda. Em geral, elas
levam bananas e retornam com maçãs. Sua capacidade de carga é de 800 a 1.000
caixas.
Quanto aos bananicultores da Baixada Fluminense, do Litoral Paulista, do
Vale do Ribeira e os do Sul, que tradicionalmente abastecem, o ano todo, os mercados
das grandes metrópoles - Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba - e os platinos, eles
devem aprimorar-se mais para produzir uma fruta melhor e não sonhar com aqueles
mercados de além-mar, onde somente poderiam comparecer com as produções obtidas
durante o verão.
Nas exportações para o Mercosul, as bananas ainda são acondicionadas em
pencas e buquês, dentro de caixas feitas de aglomerado de fibras de madeira
(Duratex), protegidas internamente por uma cinta de plástico. Uma tampa do mesmo
material é utilizada para fechá-las. Quando a banana se destina aos mercados da
Europa, empregam-se caixas convencionais de papelão com 18,14 kg (40 libras) de
peso, sempre acondicionadas em contêineres frigorificados.
O Quadro I-8 informa a quantidade de bananas exportadas em cachos,
tomando por unidade o volume de mil cachos.
Quadro I-8- Exportação brasileira de bananas, em 1.000 cachos, durante o período de 1904 a
1997.
Ano São Paulo Brasil Ano Brasil Ano Brasil
mil cachos mil cachos mil cachos mil cachos
1904 339 1.882(1) 1936 11.102 1967 8.545
1906 231 1.852 1937 11.453 1968 8.006
1907 339 1.878 1938 11.119 1969 8.138
1908 346 2.404 1939 12.081 1970 10.212
1909 467 2.094 1940 10.096 1971 8.816
1910 757 2.542 1941 6.172 1972 5.709
1911 987 2.887 1942 3.313 1973 6.924
1912 1.219 2.596 1943 2.165 1974 7.800
1913 1.499 2.839 1944 2.449 1975 7.372
1914 1.951 3.260 1945 2.914 1976 4.607
1915 1.803 2.745 1946 4.779 1977 5.582
1916 2.252 2.980 1947 6.218 1978 6.626
1917 1.602 2.053 1948 8.057 1979 6.424
1918 1.659 1.869 1949 8.281 1980 6.366
1919 1.196 1.876 1950 7.572 1981 3.334
1920 2.304 2.618 1951 9.448 1982 2.958
1921 2.295 2.560 1952 10.863 1983 4.471
1922 2.901 3.227 1953 8.981 1984 5.157
1923 3.402 3.729 1954 11.957 1985(2) 5.264
1924 --- 1955 10.501 1986 5.041
1925 1.664(3) 1956 9.410 1987 4.061
1926 3.950 1957 10.930 1988 3.808
1927 4.299 1958 13.480 1989 4.179
1928 5.025 1959 10.512 1990 2.685
1929 5.646 1960 11.958 1991 4.557
1930 6.688 1961 12.471 1992 4.598
1931 7.307 1962 10.504 1993 4.482
1932 5.957 1963 9.179 1994 2.589
1933 7.556 1964 9.574 1995 624
1934 8.711 1965 10.787 1996 1.496
1935 10.356 1966(4) 10.240 1997 2.005
(1) Lourenço Granato. (2) A partir de l985, com dados da Secretaria de Comércio Exterior
(SECEX), que foram coletados em caixas e convertidos em cachos, considerando-se que
são necessários 55 cachos para se ter uma tonelada de caixas de banana em pencas ou
buquês. Normalmente, considera-se que 50 cachos pesem uma tonelada. (3) Até 1965, os
dados foram divulgados pela Divisão de Fiscalização de Produtos Agrícolas do
Departamento da Produção Vegetal (DPV), da Secretaria da Agricultura do Estado de São
Paulo. (4) A partir de 1966, a Carteira de Exportação do Banco do Brasil (CACEX) passou a
apresentar os dados.

A quantidade de banana que hoje é consumida nos mercados brasileiros


supera, em larga escala, o consumo daquelas do Velho Mundo e dos Estados Unidos
juntas.
A produção brasileira corresponde a 40% de toda a exportação mundial, da
qual participa somente com 0,19% (Quadro I-3), o que representa apenas 0,33% da
nacional (Quadro I-6), sendo portanto, seu consumo dirigido quase 100% para o
mercado interno.
A produção brasileira e de cada estado encontram-se no Quadro I-9,
juntamente com a suas áreas bananícolas e os habitantes de cada um deles.

Quadro I-9- Produção em 1.000 cachos, área plantada em hectares e população em mil habitantes do
Brasil e dos estados e respectivas porcentagens em 1997.

1973 1984 1993 1997 %


BRASIL
Produção 356.399 470.815 557.980 595.344 100,00
Área 316.142 429.838 520.014 541.322 100,00
População 101.432 129.273 151.571 159.884 100,00
ACRE
Produção 618 4.671 8.531 4.734 0,80
Área 412 3.634 7.274 4.275 0,79
População 2.387 3.974 5.212 492 0,31
ALAGOAS
Produção 2.442 8.363 3.859 4.036 0,68
Área 2.316 7.882 3.926 4.032 0,74
População 1.704 2.178 2.604 2.680 1,68
AMAPÁ
Produção 75 514 118 --- ---
Área 50 399 197 --- ---
População 130 217 308 386 0,24
AMAZONAS
Produção 1.389 854 4.212 5.877 0,99
Área 1.267 1.124 5.114 6.701 1,24
População 1.031 1.678 2.217 2.432 1,52
BAHIA
Produção 21.492 74.070 84.907 62.220 10,45
Área 15.943 53.674 81.511 59.474 10,99
População 8.052 10.346 12.278 12.767 7,99
CEARÁ
Produção 71.800 44.857 22.235 31.767 5,34
Área 40.099 28.956 37.895 44.087 8,14
População 4.831 5.686 6.549 6.931 4,34
DISTRITO FEDERAL
Produção 480 450 233 210 0,04
Área 320 450 204 156 0,03
População --- 1.333 1.673 1.854 1,16
ESPÍRITO SANTO
Produção 27.392 22.008 27.174 27.813 4,67
Área 22.872 28.054 28.846 29.626 5,47
População 1.676 2.236 2.698 2.853 1,78
GOIÁS
Produção 24.435 32.490 11.443 12.600 2,12
Área 15.943 53.674 11.003 12.171 2,25
População 3.969 3.452 4.171 4.596 2,87
MARANHÃO
Produção 12.568 10.556 13.135 20.456 3,44
Área 8.778 8.060 8.088 12.315 2,27
População 3.197 4.341 5.088 5.316 3,32
MATO GROSSO
Produção 3.672 12.009 24.622 41.882 7,03
Área 2.654 17.586 32.928 56.247 10,39
População 1.833 1.466 2.178 2.276 1,42
MATO GROSSO DO SUL
Produção --- 5.276 3.703 7.670 1,29
Área --- 3.879 2.837 5.433 1,00
População --- 1.521 1.850 1.962 1,23
MINAS GERAIS
Produção 27.740 36.171 38.163 42.382 7,12
Área 41.696 34.361 36.864 38.014 7,02
População 12.141 14.252 17.144 16.972 10,62
PARÁ
Produção 3.878 12.985 45.430 57.685 9,69
Área 2.250 10.798 30.126 39.919 7,37
População 2.387 3.974 5.212 5.609 3,51
PARAÍBA
Produção 8.925 14.490 22.643 38.366 6,44
Área 6.910 9.505 21.030 24.478 4,52
População 2.571 2.929 3.274 3.365 2,10
PARANÁ
Produção 8.695 8.467 9.417 9.120 1,53
Área 7.153 5.125 5.042 5.700 1,05
População 7.793 7.932 8.587 9.165 5,73
PERNAMBUCO
Produção 27.813 31.885 37.470 50.760 8,53
Área 16.021 20.180 33.712 37.590 6,94
População 5.582 6.507 7.295 7.532 4,71
PIAUÍ
Produção 2.615 8.363 7.207 7.384 1,24
Área 2.316 7.882 4.817 4.802 0,89
População 1.873 2.302 2.657 2.721 1,70
RIO DE JANEIRO
Produção 38.992 37.778 31.445 27.347 4,59
Área 50.124 31.885 32.679 30.731 5,68
População 9.817 11.851 13.065 13.647 8,54
RIO GRANDE DO NORTE
Produção 5.248 5.143 2.880 4.138 0,70
Área 4.761 3.148 2.400 3.326 0,61
População 1.745 2.089 2.503 2.604 1,63
RIO GRANDE DO SUL
Produção 14.372 6.375 10.103 9.971 1,67
Área 7.904 6.871 10.637 10.227 1,89
População 7.140 8.278 9.370 9.808 6,13
RONDÔNIA
Produção 388 18.020 29.156 21.188 3,56
Área 194 20.726 34.631 25.335 4,68
População 130 728 1.241 1.251 0,78
RORAIMA
Produção 260 275 --- 2.185 0,37
Área 170 669 --- 2.500 0,46
População 45 130 241 251 0,16
SANTA CATARINA
Produção 16.804 34.724 49.045 43.666 7,33
Área 12.926 23.747 31.845 32.157 5,94
População 3.161 3.965 4.697 4.962 3,10
SÃO PAULO
Produção 33.957 46.900 60.070 54.180 9,10
Área 31.384 33.364 41.340 42.880 7,92
População 19.426 27.459 32.701 34.721 21,72
SERGIPE
Produção 1.379 2.225 3.607 3.686 0,62
Área 1.184 2.188 3.208 3.401 0,63
População 955 1.270 1.551 1.653 1,03
TOCANTINS
Produção --- --- 7.172 3.974 0,67
Área --- --- 1.960 5.745 1,06
População --- 798 970 1.067 0,67
Fonte: IBGE - Anuário Estatístico. IBGE, 1997.
Segundo o Quadro I-9, os dez estados maiores produtores, em porcentagem
são os seguintes: Bahia (10,45%), Pará (9,69%), São Paulo (9,10%), Pernambuco
(8,53%), Santa Catarina (7,33%), Minas Gerais (7,12%), Mato Grosso (7,03%),
Paraíba (6,44%), Ceará (5,34%) e Espírito Santo (4,67%).
Merece comentar-se a posição da Bahia com uma produção de 62 milhões
de cachos e uma população de 12 milhões, o que daria um consumo per capita/ano de
cinco cachos e também a do Pará, com 57 milhões de cachos e uma população de 5
milhões, correspondendo ao consumo, per capita/ano de onze e meio cachos. Não há
notícias do envio de grande volume dessas bananas para outros estados.
Em face desses dados, é possível admitir uma grande perda nas lavouras ou
que a unidade de referência (cacho) não é correta ou que tais dados são discutíveis.
O mercado da Grande São Paulo, com seus 16 milhões de habitantes, tem
um consumo de mais de 2.500 toneladas por dia, ou seja, 156 gramas ou uma banana
de tamanho médio per capita..
Por vezes, os preços da banana tem sofrido grandes oscilações, em
determinados mercados, em função de sua falta ocasional, decorrente de acidentes
climáticos (inundações, geadas, granizos, vendavais e secas) em suas regiões
abastecedoras, pois muitos dos plantios de banana são feitos em marginais condições
de altitude e clima. Todavia, a diversidade geográfica das nossas áreas de produção e a
atual facilidade dos meios de transporte têm uniformizado o abastecimento. Com isso,
os preços têm se tornado mais constantes e, em média, um pouco acima do mercado
internacional.
Entretanto, os custos de produção têm aumentado, em vista, principalmente,
dos tratamentos fitossanitários, custos de embalagem e encargos sociais.
Decorrente dessa nova situação, a maioria dos produtores verificou que era
melhor exigir que seus operários fizessem a colheita e o transporte da banana com
maior cuidado. Eles construíram galpões de embalagem, onde a banana passou a ser
selecionada, classificada e embalada sob sua fiscalização direta. Os encarregados dos
supermercados e donos de bancas de frutas, que as manuseavam como se fossem
paralelepípedos, também entraram nesse esquema, que possibilitou ao consumidor a
oportunidade de comprar uma fruta melhor cuidada.
Esse processo evolutivo de comercialização, que há dez anos, julgávamos
ser uma questão de educar todos os proprietários e operários participantes da
problemática do esquema pós-colheita, que envolveria também a necessidade de uma
fiscalização governamental, teve outra solução, impondo a todos a adoção imediata de
medidas que eliminaram essas perdas: a econômica.
A redução das margens de lucro e a perda quase total dos mercados
platinos, associada aos direitos do consumidor em exigir uma melhor fruta, obrigaram
o produtor a cuidar melhor de sua banana. Atualmente, é possível comprar, nos bons
supermercados e frutarias, bananas absolutamente iguais às comercializadas em
qualquer bom mercado do mundo.
Indiscutivelmente, para se ter sempre essas belas frutas, seria necessário
que os produtores cuidassem melhor de todos os bananais. No estado de São Paulo,
esta situação foi sentida em primeiro lugar. Os produtores que não quiseram participar
da nova modalidade de encarar a bananicultura, acabaram por abandonar suas
lavouras, uma vez que as suas frutas passaram a ser refugadas pelos compradores.
Esse abandono, associado aos problemas climatológicos ocorridos nos bananais
paulistas, provocou falta de frutas de qualidade para atender às demandas dos
mercados.
Como conseqüência disto, novas áreas de produção se formaram no interior
paulista e nos outros estados também. Esses novos plantios têm a característica de
produzir para o abastecimento dos mercados mais próximos.
O interesse que a bananicultura tem despertado entre os agricultores
brasileiros prende-se, em grande parte, ao aumento de consumo com o crescimento
populacional urbano, que se registra em todos os quadrantes do país, associado à
maior renda per capita do povo. Essa realidade econômica tem determinado maior
consumo de alimentos, em especial de frutas frescas.
Simultaneamente com essas transformações, o mercado da banana tem
sofrido mudanças bastante significativas, no que diz respeito à procura de cultivares
com novos paladares.
O mercado da Grande São Paulo, que sempre foi mais comprador de
bananas do subgrupo Cavendish, está aumentando o consumo dos cultivares do
subgrupo Prata e também a procura pelos do subgrupo Terra.
Curiosamente, essa mudança no paladar do consumidor paulista é também
verificado nas demais regiões brasileiras e de além-mar.

4.2.1- Situações regionais


Pela grande extensão territorial do Brasil, o cultivo da banana deve ser
apreciado regionalmente.
Na Bacia Amazônica, o bananal é feito de forma quase indígena, com
aspectos de extrativismo. Predominam, em ordem de importância, os cultivares
Pacova, Maçã, Maranhão, Terra e Branca e em menor quantidade, o ‘Nanicão’ e o
‘Nanica’. Nos últimos dez anos, a área cultivada aumentou cerca de cinco vezes,
porém quase sempre com o nomadismo típico da região. Esses plantios novos têm sido
feitos onde há melhores estradas, em terra firme, isto é, áreas não inundáveis na época
das cheias dos rios, e mais com os cultivares Branca e Nanicão. Nas áreas inundáveis,
os plantios não têm sofrido mudanças.
O moko (pronuncia-se môko) está tendo um desenvolvimento pequeno,
atingindo quase que somente as terras baixas, com raros casos nas terras altas. A
evolução e a expansão da sigatoka-negra (Cap. XI-2.3) ainda é uma incógnita e o
futuro dos plantios amazônicos de banana, outra.
No Brasil Central, os plantios têm-se expandido e passaram a ser feitos
com os cultivares Nanicão, Enxerto e Terra. Os plantios dos dois primeiros são feitos,
na maioria, com mudas de laboratório. Há também muitos plantios de ‘Pacovan’,
principalmente para ser comercializado em Brasília, onde o nordestino é seu grande
consumidor. A irrigação passou a ser uma constante nesses bananais.
Os plantios tradicionais de ‘Maçã’ têm diminuído devido ao
mal-do-panamá. Os novos plantios, em caráter empresarial, estão sendo feitos em
áreas virgens, com o emprego de mudas de laboratório, sendo ainda imprevisível sua
longevidade. Os plantios de desbravamento, que eram realizados em baixo das matas,
quase não ocorrem mais.
Nessa região, os plantios tendem a aumentar e há grande interesse por
novas informações tecnológicas. As produções da banana ‘Maça’ são comercializadas,
principalmente, no mercado de São Paulo, que paga um bom preço por elas. O
consumo de banana na Capital Federal, com seus quase dois milhões de habitantes, e
nas dos estados da região, têm aumentado bastante.
A região Sul, que já chegou ao limite máximo de sua expansão geográfica
possível para cultivar bananeiras, tem tido grande aumento de produtividade.
O estado de Santa Catarina é o maior produtor, seguido pelo Rio Grande do
Sul e Paraná. Estes dois últimos têm aumentado suas áreas de produção, na região
Norte-litorânea, utilizando as tecnologias atualmente geradas em Santa Catarina. Neste
estado, os bananais foram plantados nas partes altas das fraldas da Serra do Mar,
próximos do litoral e, mais recentemente nas baixadas marítimas, com os cultivares
Enxerto (Prata anã), Branca e Prata como uma defesa contra a friagem. Há ainda
plantios de ‘Nanicão’, ‘Caturrão’ e ‘Imperial’, que são menos tolerantes ao frio, o que
em parte, é compensado pela altura dos dois últimos cultivares, que chegam a 6 e 7 m.
Ambos, porém, apresentam o defeito do ciclo de produção ser mais longo.
A produção é consumida nos grandes centros sulinos, mas boa parte é
também remetida para São Paulo e até Belo Horizonte. Em determinados anos, as
bananas alí colhidas, no verão, são exportadas para o Uruguai. Os bons preços que os
produtores têm obtido e o aumento de consumo, estimularam os bananicultores a
ampliar seus plantios, empregando os mais recentes conhecimento tecnológicos
bananícolas. Infelizmente, a região é sujeita a problemas de excesso de chuvas e
baixas temperaturas, com ocasionais chuvas de pedra.
No Hordeste, onde persiste o sistema de irrigação por inundação, o cultivo
de banana é feito nos antigos perímetros do Departamento Nacional de Combate à
Seca (DNOCS), com predominância dos cultivares Nanica, Nanicão e Grande Naine.
Nestas áreas, o nível tecnológico é bastante baixo, a despeito de todo apoio que a
entidade cooperativista lhes proporciona.
No Ceará, há novos plantios feitos com mudas de laboratório e alta
tecnologia, muitos dos quais com o cultivar Maçã. Entretanto, na serra de Baturité os
plantios continuam sendo com as tecnologias tradicionais.
Como reflexo desse novo padrão de produção, a comercialização dos
mercados de Fortaleza e Belém estão se tornando mais exigentes. Os marginais e
tradicionais produtores têm visto sua fruta ser desprezada comercialmente pelos
consumidores, em favor das bananas produzidas por proprietários que evoluíram e
passaram a apresentar produtos de primeira qualidade.
No sul do Maranhão e do Ceará estão se formando áreas com plantios bem
tecnificados, com o cultivar Pacovan e, em menor quantidade, com o ‘Grande Naine’.
As ricas terras aluviais, que podem ser irrigadas com as águas da barragem
de cabeceira do rio Açu (RN), onde o clima é bem seco e que distam cerca de 40 km
do porto marítimo, representam as melhores áreas agrícolas para a produção de
bananas no Nordeste e no Brasil.
Nelas, há um empreendimento bananícola, já em produção, da mais alta
importância agrícola e comercial, devidamente projetado para ser uma empresa capaz
de apresentar bananas de padrão internacional, tanto em qualidade de produto como
em embalagem, a qual é feita em caixas de papelão. Sua comercialização é realizada
nos principais centros do país e está servindo para demonstrar o potencial de consumo
de bananas de primeiro mundo que temos e, ainda, dê exemplo do que se deve fazer
para apresentar um bom produto aos consumidores. Já há dois outros
empreendimentos, que estão se instalando nessa área, com iguais características e
metas.
Em áreas irrigadas, foi possível obter com o ‘Grande Naine’, produtividade
de mais de 80 t/ha/ano.
No baixo São Francisco, na região de Petrolina e Juazeiro, há um grande
pólo de produção em expansão, estimado em dez milhões de bananeiras, no qual se faz
o plantio, principalmente, do ‘Pacovan’.
Esses dois pólos bananícolas do semi-árido tem como características
básicas comuns, a pequena propriedade e as águas do São Francisco distribuídas
dentro dos bananais, por aspersão, tanto abaixo como acima das folhas.
No sul da Bahia, há áreas não irrigadas, onde o plantio foi feito
principalmente para sombreamento do cacau, sendo a banana tida como cultura
secundária. Nelas predominam os cultivares Branca, Prata e Pacovan. Nessas áreas, os
altos índices de produtividade que vêm sendo obtidos com ‘Pacovan’ e ‘Terra’, e sua
boa aceitação pelos consumidores, abrem boas perspectivas de expansão desses
plantios.
Suas produções são comercializadas, principalmente, nas capitais dos
estados e, as produzidas mais ao sul, remetidas para Vitória e Rio de Janeiro.
A facilidade de obter financiamentos subsidiados junto à SUDENE, para o
plantio com irrigação, associada aos altos índices de produtividade, tem motivado os
agricultores a estabelecer novos bananais.
Foi no Centro-Sul que o cultivo da bananeira mais se desenvolveu e atingiu
maior índice de tecnologia e produtividade.
Os cultivares Branca e Prata, em função dos bons tratamentos recebidos,
tem possibilitado bons rendimentos e produzido ótimas bananas em Minas Gerais
(região sul do estado) e Espírito Santo, cujos mercados consumidores pagam
razoavelmente bem por esses padrões de qualidade.
O cultivar Nanicão foi progressivamente introduzido nas terras
mecanizáveis do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, enquanto nas áreas acidentadas
desses estados, continuam sendo plantados os cultivares Prata, Branca e incrementado
o ‘Ouro da Mata’.
Há plantios do cultivar Ouro nas encostas da Serra do Mar, onde eles
encontram condições de clima favorável para uma boa produção. Outros cultivares que
também se aclimataram bem na base dessas encostas foram os cultivares Terra e
Maranhão, cujos cachos, freqüentemente, atingem 80 kg de peso.
Nesses três estados, a bananicultura se expande de forma constante,
acompanhando o consumo.
No norte de Minas Gerais, nas várzeas do alto do rio São Francisco, na
região de Janaúba, formou-se uma grande área de produção, atualmente com mais de
dez mil hectares de bananeiras. A maior parte dessas plantações foi feita com mudas
produzidas por biotecnologia sendo todas irrigadas. Há galpões que recebem a banana
por meio de cabos aéreos.
Nessa região, por estar na área de atuação da SUDENE, o produtor tem
direito aos seus incentivos governamentais para os plantios. Infelizmente, há falta de
apoio tecnológico. A despeito disso, dado o interesse do produtor, essas regiões têm
apresentado boas produções e boas bananas. A produção é comercializada tanto em
Brasília como em Belo Horizonte e São Paulo.
No estado de São Paulo, o cultivo da bananeira é feito com fins comerciais
desde o século passado, quando houve predominância de plantio dos cultivares Nanica
e Maçã. A exportação vem se processando desde essa ocasião.
Os plantios de banana ‘Maçã’ que aí existiam, a partir de 1930, começaram
a desaparecer devido ao mal-do-panamá. Já em 1965, não se encontrava, em todo o
estado, mais nenhuma lavoura desse excelente cultivar.
A partir de 1960, iniciou-se a substituição do cultivar Nanica pelo
‘Nanicão’, devido ao melhor aspecto dos frutos. Hoje, há cerca de 50% de cada um
deles nas lavouras do Litoral Paulista e do Vale do Ribeira.
O cultivar Grande Naine, introduzido no Vale do Ribeira em 1970, está se
desenvolvendo bem, uma vez que sua aclimatação foi boa. Entretanto, o mesmo não
aconteceu em regiões de pouca precipitação ou baixa umidade relativa do ar, como no
Planalto.
Os outros cultivares Enxerto, Terra, Ouro, etc. não despertavam interesse
entre os bananicultores paulistas. Entretanto, dado o constante aumento de seu
consumo no mercado da Grande São Paulo, passaram a plantá-los, principalmente o
cultivar Enxerto. Mesmo assim, dada a falta de banana ‘Prata’, o abastecimento tem
sido complementado com produções vindas de outros estados.
As grandes companhias bananícolas que haviam no Litoral Paulista,
praticamente desapareceram, em vista de dificuldades de mão-de-obra e ao alto valor
das propriedades, ante o enorme desenvolvimento imobiliário e turístico que se
registra na região. Poucas propriedades ainda produzem bananas em larga escala.
No Vale do Ribeira, há uma tendência de diminuição das áreas de plantio e
maior aceitação de tecnologias de produção. A irrigação, tida como desnecessária, já é
feita por alguns produtores. Atualmente, a região está com sua área de produção
reduzida a quase 50%, devido às sucessivas inundações e fortes ventos que a têm
assolado.
O controle da sigatoka-amarela já vem sendo feito rotineiramente, nos
últimos vinte anos, por meio de aviões, helicópteros, tratores e atomizadores costais.
Muitos galpões de embalagem foram construídos nesta última década, mas
há ainda parte desta operação sendo feita no meio dos bananais. A construção dos
galpões é um reflexo das exigências dos consumidores, que pagam mais pela melhor
qualidade das bananas. Elas são embaladas em buquês e em muitas propriedades se faz
o seu resfriamento antes de serem remetidas aos mercados onde irão ser amadurecidas.
Os cabos aéreos para o transporte de banana aos galpões de embalagem,
que há dez anos não haviam no Brasil, já estão instalados em várias propriedades e
estados.
A comercialização ainda é feita em grande parte na CEAGESP, havendo,
contudo, muita venda direta do produtor aos supermercados. Nessa central de vendas,
a comercialização em cachos através de leilões, praticamente acabou. As vendas são
feitas quase só em pencas e buquês, embaladas em caixas de madeira, papelão e
plástico.
O Planalto Paulista, que antigamente chegou a ser grande produtor de
‘Maçã’, já possui vários pólos de 50 a 100 mil plantas de ‘Nanicão’ e ‘Enxerto’, com
tendência de expansão, empregando-se a mais alta tecnologia de produção. Estes pólos
têm se formado, principalmente, junto à cidades de 100 a 200 mil habitantes e estão se
multiplicando.
A produção desses bananais é, em geral, colhida, embalada, climatizada e
vendida aos supermercados próximos da sua área de plantio, pelo próprio agricultor.
Entretanto, ainda é pequeno o número de produtores que se associam para efetuar suas
vendas e as compras de insumos.
Tal sistema de comercialização tem assegurado maiores lucros para os
produtores e reduzido muito suas perdas com refugos, pois ele passou a classificar as
bananas em 1a, 2a e 3a categoria e vendê-las com preços diferenciados, porém vende
tudo que produz.
Dessa forma, os produtores paulistas estão descobrindo que é mais
lucrativo terem menores áreas de produção, mas cuidarem com mais atenção da
comercialização até ao nível do retalhista final, quando então ele cria um pólo de
vendas restrito de 50 a 60 Km de sua propriedade. Esta situação tende a se consolidar
e se repetir cada vez mais em todo o país.
O amadurecimento da banana é feito em câmaras de climatização. As
antigas estufas já são coisa do passado. Estas câmaras estão localizadas tanto nas áreas
de produção como nas metropolitanas e nas CEASAs das cidades do interior.
Em face desse panorama de evoluções, os consumidores de todo o Brasil,
passaram a procurar por uma banana com melhor aparência, ao efetuarem suas
compras e o produtor está se vendo obrigado a adotar as usuais tecnologias de colheita
e embalagem, dominantes no mercado internacional.

5- Apoio tecnológico
Quanto ao apoio técnico aos produtores, é preciso dizer que as informações
tecnológicas que reformularam, a partir de 1960, nossos conceitos de produção de
banana, foram geradas e divulgadas, ao nível de Brasil, pelos Institutos: Agronômico
de Campinas (IAC), Biológico de São Paulo (IB), Economia Agrícola (IEA) e
Tecnologia de Alimentos (ITAL) e com o apoio da Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI), órgãos da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo.
A partir de 1976, com a criação do Centro Nacional de Pesquisas de
Mandioca e Fruticultura (CNPMF), em Cruz das Almas (BA), hoje EMBRAPA, cerca
de trinta pesquisadores bananícolas têm feito experiências locais e acompanhado os
trabalhos de outros cinqüenta ou mais pesquisadores, que também os executam em
níveis estaduais. Com exceção das investigações feitas no Estado de São Paulo, que
tem seu próprio sistema de pesquisa, modificou-se completamente o quadro de
pesquisadores nacionais, que antes podiam ser contados nos dedos de uma só mão.
Além da EMBRAPA, a bananicultura passou a ser lecionada por
professores com maior especialização nas universidades brasileiras, que hoje têm mais
de setenta faculdades de Agronomia. Eles fazem pesquisas com bananeiras e orientam
muitos de seus alunos no desenvolvimento de teses sobre essa fruteira, para obtenção
de títulos de mestrado e doutorado.
Na EMBRAPA foram criados laboratórios de biotecnologia para produção
de mudas para plantio dos experimentos e venda aos produtores, assim como foram
estabelecidas várias empresas privadas produtoras desse tipo de mudas, para vendas
diretas aos bananicultores. As pesquisas sobre melhoramento genético e variações
somaclonais realizadas no antigo CNPMF, onde existe hoje um dos maiores bancos
ativos de germoplasma de banana do mundo, graças aos efetivos trabalhos de coleta do
Dr. Kenneth Shepherd, têm gerado híbridos que estão começando a ser testados em
nível nacional.
A Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF), criada em 31 de outubro de
1970, que organiza a cada dois anos o Congresso Brasileiro de Fruticultura e que em
o
l998, realizou seu XV Congresso, tem possibilitado que jovens pesquisadores sejam
motivados a relatar os resultados de sua investigações e facilitado o intercâmbio
científico, em nível nacional, com os estudiosos da bananeira. Nas últimas dez
reuniões houve uma freqüência de cerca de mil participantes e um número de 600 a
800 trabalhos apresentados sobre as diversas fruteiras. A existência da SBF tem sido
um fator de motivação para criação de associações bananícolas estaduais e locais, em
todo o Brasil.
Por este ou por aquele motivo, o fato é que, nas últimas três décadas,
formou-se no Brasil, um grupo de mais de 150 pesquisadores bananícolas que vêm
divulgando os resultados de suas investigações, em congressos nacionais e
internacionais, o que representa grande evolução no cenário científico brasileiro e uma
fonte de subsídios para nosso agricultor poder melhorar o padrão de sua bananicultura,
o que já está efetivamente acontecendo.

CAPÍTULO II - A BAAEIRA: CLASSIFICAÇÃO E


MORFOLOGIA

1- Classificação botânica
As bananeiras produtoras de frutos comestíveis foram classificadas, pela
primeira vez, por Linneu, que as agrupou no gênero Musa com as espécies: Musa
cavendishii, Musa sapientum, Musa paradisiaca e Musa corniculata.
Essa classificação foi abandonada porque, dado seu empirismo, não seria
possível incluir todos os cultivares hoje conhecidos, sem provocar grandes conflitos
dentro da mesma espécie.
Atualmente, segundo Simmonds (1973), as bananeiras produtoras de frutos
comestíveis são classificadas como plantas da:
Classe ......................... Monocotyledonea
Ordem ........................ Scitaminea
Família ....................... Musaceae
Subfamília .................. Musoideae
Gênero ....................... Musa
Subgênero (ou seção) .. Eumusa
Espécies comestíveis .. Musa acuminata Colla e
Musa balbisiana Colla
Segundo Simmonds & Shepherd (1955), Musa acuminata e Musa
balbisiana, ambas com 11 cromossomos (x = 11)‚ englobam todas as bananas
comestíveis. Para fazer essa classificação, hoje aceita por todos, esses autores se
basearam em 15 caracteres botânicos que tornaram possível enquadrar todas as
bananeiras produtoras de frutos comestíveis, inclusive seus híbridos, em uma das
seguintes fórmulas de ploidia.
A espécie Musa acuminata é representada pelo genômio A e, segundo sua
ploidia, pode ser:
a- Diplóide AA com 2n = 2x = 22 cromossomos, ou
b- Triplóide AAA com 2n = 2x = 33 cromossomos, ou
c- Tetraplóide AAAA com 2n = 2x = 44 cromossomos.
A espécie Musa balbisiana é representada pelo genômio B e, conforme sua
ploidia, pode ser:
a- Diplóide BB com 2n = 2x = 22 cromossomos, ou
b- Triplóide BBB com 2n = 2x = 33 cromossomos, ou
c- Tetraplóide BBBB com 2n = 2x = 44 cromossomos.
As espécies M. acuminata e M. balbisiana cruzaram entre si na natureza e
também em laboratório e produziram os híbridos:
a- Diplóide AB com 2n = 2x = 22 cromossomos, e
b- Triplóide AAB e ABB com 2n = 2x = 33 cromossomos, e
c- Tetraplóide ABBB, AABB e AAAB com 2n = 2x = 44 cromossomos.
Para classificar os diferentes cultivares segundo esse método, o taxonomista
deverá observar os 15 seguintes caracteres botânicos: cor do pseudocaule; forma do
canal do pecíolo; pedúnculo; pedicelo; óvulos; bráctea externa da inflorescência, seu
enrolamento, sua forma, seu ápice, sua cor, sua descoloração e sua cicatriz da bráctea;
tépala separada da flor masculina; cor da flor masculina e do estigma. Eles estão
descritos no Quadro II-1.
Se o caráter se assemelha mais a M. acuminata recebe 1 ponto; se for mais
para M. balbisiana vale 5 pontos. Resulta disso que, basicamente, o limite máximo de
pontos que M. acuminata pode receber é 15 pontos, pois são 15 caracteres vezes 1
ponto. Entretanto, para M. balbisiana esse valor passa para 75 pontos, pois são 15
caracteres vezes 5 pontos. Na prática, esses rígidos limites foram acomodados para ser
de 15 até 23 para identificar M. acuminata pura e de 67 até 69 para mais, para
caracterizar M. balbisiana pura. Os cultivares que totalizarem pontos entre tais limites
(23 e 67) são considerados híbridos de M. acuminata e M. balbisiana.
Com base no mesmo critério de pontos é que se compõe a fórmula da
ploidia de um cultivar que esteja sendo estudado. Por exemplo: AAB indica que os
cultivares desse grupo são triplóides, com predominância de pontos que caracterizam
M. acuminata em relação aos obtidos por M. balbisiana. É por isso que aparece duas
vezes o genômio A. Dessa forma, pode-se compor as seguintes fórmulas genômicas:
a- Diplóides .............. AA, AB e BB
b- Triplóides .............. AAA, AAB, ABB e BBB
c- Tetraplóides .......... AAAA, AAAB, AABB, ABBB e BBBB
Esse sistema de classificar apresenta algumas dificuldades para se
enquadrar novos cultivares que têm aparecido cotidianamente. Além disso, em alguns
dos 1500 e tantos cultivares já conhecidos e ainda os outros que estão sendo criados
em laboratório nos programas de melhoramento genético, têm aparecido variações
para mais e para menos do número básico de cromossomos (n=11). Diante desses
problemas, está sendo estudado um novo sistema de classificar as bananeiras,
baseando-se no seu DNA. Assim poder-se-á, muito mais facilmente, saber se as
variações somáticas (clones) que um cultivar apresenta são função do cultivo, do
ambiente ou se efetivamente, é uma variação genética ou somaclonal.
Quadro II-1- Caracteres básicos para classificação dos cultivares nas espécies Musa acuminata e
Musa balbisiana e dos grupos intermediários, propostos por SIMMONDS & SHEPHERD, 1955.

Caracter M. acuminata M. balbisiana

1. Cor do pseudocaule Intensamente marcado com manchas Manchas leves ou


ausentes
marrons ou pretas
2. Canal peciolar Margens eretas ou com asas escamo- Margens fechadas não
aladas
sas para baixo, não abraçando o embaixo, abraçando o
pseudocaule pseudocaule
3. Pedúnculo Usualmente piloso Sem pêlo
4. Pedicelo Curto Longo
5. Óvulos Duas fileiras regulares em cada lóculo Quatro fileiras irregulares
em
cada lóculo
6. Ombro das brácteas (G) Relação: <0,28 Relação: >0,30
7. Enrolamento das brácteas (G) Após abrir, encurvam-se e se enrolam As brácteas levantam-se
mas
para cima não se enrolam
8. Forma das brácteas (G) Lanceoladas ou estreitamente ovaladas, Largamente ovaladas, não
afilando-se a partir dos ombros afilando rapidamente
9. Ápice das brácteas (G) Agudos Obtusos
10. Cor das brácteas (G) Vermelhas, púrpura embaçada ou Púrpura marrom do lado
de
amarela por fora, rosada púrpura fora; por dentro,vermelha
embaçada ou amarela brilhante
11. Mudança gradual de cor Interior das brácteas tende ao amarelo, Coloração interna das
em direção à base brácteas é contínua até a
base
12. Cicatrizes Proeminentes Levemente proeminentes
13. Tépala livre da flor masculina Variavelmente corrugada abaixo do Raramente corrugada
ápice
14. Cor da flor masculina Branca cremosa Variavelmente rosada
15. Cor do estigma Alaranjado ou amarelo vivo Creme, amarelo ou rosa
pálido
(G)= Masculino
Considerando o interesse que os cultivares triplóides de Musa acuminata
(Grupo AAA) e, especialmente, aqueles do subgrupo Cavendish vêm apresentando na
comercialização mundial, são especificados a seguir os caracteres de identificação
apenas para este grupo, segundo SIMMONDS (1973).
Grupo AAA
a. Frutos finos (comprimento cinco vezes maior que o diâmetro) e
marcadamente curvos:
a.1. Fruto com pedúnculo em forma de gargalo de garrafa; bainha de baixo
verde ou rósea pálida; frutos amarelos brilhantes, quando maduros, e plantas
altas (4 a 8 m) suscetíveis ao mal-do-panamá: ‘Gros Michel’;
a.2. Frutos com extremidades despontadas; bainhas internas de cor vermelha
brilhantes; frutos esverdeados, quando maduros; plantas imunes ou altamente
tolerantes ao mal-do-panamá: subgrupo Cavendish:
a.2.1. Brácteas muito ou pouco persistentes:
a.2.1.1. Plantas pequenas (1,8 a 2,1 m) com índice foliar
(comprimento/largura) variando entre 1,8 e 2,2: ‘Nanica’ (‘Dwarf Cavendish’);
a.2.1.2. Plantas médias (3 a 4 m) com índice foliar entre 2,1 e 2,6:
‘Nanicão’ (‘Giant Cavendish’).
a.2.2. Brácteas caducas:
a.2.2.1. Plantas médias (2,8 a 4 m) com índice foliar entre 2,3 e 3,1:
‘Robusta’ (‘Poyo’);
a.2.2.2. Plantas altas (4 a 6 m) com índice foliar entre 3,0 e 4,7:
‘Lacatan’.
b. Frutos arredondados (comprimento três a quatro vezes maior que o
diâmetro), ligeiramente curvos ou não:
b.1. Frutos com casca verde: ‘Caru Verde’ (‘Green’);
b.2. Frutos com casca roxa: ‘Caru Roxa’ (‘Green red’).
No Brasil, sobretudo no Estado de São Paulo, notam-se muitas variações
nos cultivares do subgrupo Cavendish, de porte médio e alto, sendo que o termo
Nanicão tem sido usado, indistintamente, para se referir a esses cultivares. No Litoral
Paulista, vários tipos de porte médio desse subgrupo, ainda não identificados, são
denominados ‘Congo’.
Tentando identificar as tais bananeiras “Nanicão” de porte médio alí
encontradas, usando expressões populares entre os bananicultores, pode-se dizer que
“Nanicão de rabo sujo" (ráquis masculina com brácteas persistentes ou pouco
persistentes) é o ‘Nanicão’, e o “Nanicão de rabo limpo" (brácteas caducas) é o
‘Robusta’.
Além disso, as bananeiras tipo ‘Nanicão’ de porte alto, que têm sempre o
rabo do cacho limpo (brácteas caducas) é o ‘Lacatan’.

1.1- Relação dos cultivares pertencentes às espécies Musa acuminata e Musa


balbisiana, agrupados segundo seus respectivos genômios
GRUPO AA
‘Colatina ouro’ ‘Ouro (Sucrier)’
‘Ouro mel’

GRUPO AAA
‘Caru roxa’(Red) ‘Caru verde’(Green red)
‘Caru vermelha de Paranaguá’ ‘Gros Michel’
‘Leite’ ‘São Mateus’(dois cachos)
‘São Tomé’
Subgrupo Cavendish
‘Americani’ ‘Anã do alto’
‘Baé’ ‘Bout-round’(Burron)
‘Cachiola’ ‘Canela’
‘Caturrão’ ‘Congo’
‘Giant-fig’ ‘Grande Naine’
‘Imperial’ ‘Jangada’
‘Johnson’ ‘Lacatan’
‘Monte Cristo’ ‘Nanica’
‘Nanica das Canárias’ ‘Nanica caturra’
‘Nanicão ‘Nanicão açu’
‘Nanicão branco’ ‘Nanicão de Eldorado’
‘Nanicão de Santos’ ‘Nicão’
‘Piruá’ ‘Pseudocaule roxo’
‘Poyo pseudocaule preto’ ‘Robusta’(Poyo)
‘Salta do cacho’ ‘Valery’
‘Williams’
GRUPO AAAA
‘IC-2’(Golden Beauty)
GRUPO AB
‘Ney poovan’
GRUPO AAB
‘Maçã’(Silk) ‘Maçã casca amarela’
‘Maçã casca brancacenta’ ‘Maçã pseudocaule roxo’
‘Mysore’ ‘Padath’
‘Pisang rajah’ ‘Pome
‘São Domingos’(Figue rosê)
Subgrupo Prata
‘Branca’ ‘Brancacenta’
‘Enxerto’(Prata anã) ‘Java’
‘Miomba’ ‘Nóbrega’
‘Pachá naadan’ ‘Pacovan’
‘Prata’ ‘Prata do Itimirim’
‘Prata do Nordeste’ ‘Prata ponta aparada’
‘Prata Santa Maria’ ‘Prata Zulú’
‘Vai-vai’ ‘Viropaxy’
Subgrupo Terra (subgrupo Plantain)
Tipo Terra (French Plantain) Tipo Chifre (Horn
Plantain)
‘Angola’ ‘Pacova’
‘Carnaval’ ‘Pacovaçu’
‘D'Angola’
‘Maranhão branca’
‘Maranhão caturra’
‘Maranhão vermelha’
‘Mongolô’
‘Mucocô’
‘Pacoví’
‘Samburá’
‘Terra’
‘Terrinha’

GRUPO ABB
Subgrupo Figo (Bluggoe)
‘Figo cinza’ ‘Figo cinza escura’
‘Figo vermelha’ ‘Figo vermelha rachada’
‘Figo de Xai-xai’ ‘Pão’

Grupo AAAB
‘Ouro da Mata’ ‘Platina’
Estima-se que existam 130 cultivares básicos distribuídos pelo mundo e dez
vezes mais de outras pequenas mutações.
Para nomear corretamente um cultivar, deve-se escrever, por exemplo:
cultivar Nanicão, clone Jangada, triplóide de Musa acuminata Colla, do subgrupo
Cavendish ou ‘Nanicão Jangada’ (AAA), subgrupo Cavendish, ou ainda, ‘Nanicão
Jangada’ (AAA) ou, mais simplesmente, ‘Nanicão Jangada’. Há também a considerar
o exemplo: cultivar Enxerto, triplóide de Musa acuminata Colla e Musa balbisiana
Colla, subgrupo Prata, ou ‘Enxerto’ (AAB), subgrupo Prata ou, ainda, ‘Enxerto’
(AAB) ou simplesmente ‘Enxerto’.

2- Classificação quanto à utilização


Segundo o destino que a banana vai ter, pode-se classificar as bananeiras
mais cultivadas em cinco grupos:
a. Banana destinada à exportação e mercado interno: ‘Baé’, ‘Bout-round’,
‘Caturrão’, ‘Grande Naine’, ‘Gros Michel’, ‘Jangada’, ‘Johnson’, ‘Lacatan’, ‘Monte
Cristo’, ‘Nanica’, ‘Nanicão’, ‘Pseudocaule roxo’, ‘Piruá’, ‘Robusta’, ‘Valery’ e
‘Williams’.
b. Banana de mesa para consumo interno: ‘Baé’, ‘Bout-round’, ‘Branca’,
‘Canela’, ‘Caru roxa’, ‘Caru verde’, ‘Caturrão’, ‘Colatina ouro’, ‘Congo’, ‘Enxerto’,
‘Figo cinza’, ‘Figo cinza escura’, ‘Figo vermelha’, ‘Figo vermelha rachada’, ‘Giant
Fig’, ‘Grande Naine’, ‘Jangada’, ‘Johnson’, ‘Lacatan’, ‘Leite’, ‘Maçã’, ‘Miomba’,
‘Monte Cristo’, ‘Mysore’, ‘Nanica’, ‘Nóbrega’, ‘Ouro’, ‘Ouro da mata’, ‘Ouro mel’,
‘Pachá naadan’, ‘Pacovan’, ‘Padath’, ‘Pão’, ‘Piruá’, ‘Platina’, ‘Prata’, ‘Prata ponta
aparada’, ‘Prata Santa Maria’, ‘Prata Zulú’, ‘Pseudocaule roxo’, ‘Robusta’, ‘Salta do
cacho’, ‘São Domingos’, ‘São Mateus’, ‘São Tomé’, ‘Valery’, ‘Viropaxy’ e
‘Williams’.
c. Banana para fritar, conhecidas como banana da terra e na língua
espanhola como "plátano": ‘Angola’, ‘Carnaval’, ‘D'Angola’, ‘Figo cinza’, ‘Figo
cinza-escura’, ‘Figo vermelha rachada’, ‘Maranhão branca’, ‘Maranhão caturra’,
‘Maranhão vermelha’, ‘Mongolô’, ‘Mucocô’, ‘Ouro’ (quando verde), ‘Pão’, ‘Pacova’,
‘Pacoví’, ‘Pacovaçu’, ‘Samburá’, ‘Terra’, ‘Terra caturra’ e ‘Terrinha’.
d. Banana para compota: ‘Nanica’ e todos os cultivares do subgrupo
Cavendish, ‘Ouro’, ‘Pacovan’, ‘Prata Zulú’, ‘São Domingos’, ‘Terra’ e todos os
cultivares do subgrupo Plantain.
e. Banana para doce em massa: ‘Branca’, ‘Enxerto’, ‘Nanica’ e todos os
cultivares do subgrupo Cavendish.

3- Classificação quanto ao porte


a. Porte baixo, até 2,0 metros: ‘Nanica’ e ‘Salta-do-cacho’.
b. Porte médio, de 2,0 a 3,5 metros: ‘Angola’, ‘Baé’, ‘Bout-round’,
‘Congo’, ‘Enxerto’, todo o subgrupo Figo, ‘Grande Naine’, ‘Jangada’, ‘Java’,
‘Johnson’, ‘Leite’, ‘Maçã’, ‘Maranhão caturra’, ‘Monte Cristo’, ‘Nanicão’, ‘Ouro’,
‘Pacova’, ‘Pacovaçu’, ‘Padath’, ‘Piruá’, ‘Platina’, ‘Pseudocaule roxo’, ‘Robusta’, ‘São
Mateus’, ‘São Tomé’, ‘Terrinha’, ‘Valery’ e ‘Williams’.
c. Porte alto, de 3,5 a 6 metros: ‘Canela’, ‘Carnaval’, ‘Caru roxa’, ‘Caru
verde’, ‘Colatina ouro’, ‘Giant fig’, ‘IC-2’, ‘Lacatan’, ‘Nóbrega’, ‘Miomba’,
‘Mongolô’, ‘Mysore’, ‘Ouro mel’, ‘Pachá naadan’, ‘Pacoví’, ‘Prata ponta aparada’,
‘Prata Santa Maria’, ‘Prata Zulú’, ‘Samburá’ e ‘Viropaxy’.
d. Porte muito alto, mais de 6 metros: ‘Branca’, ‘Caturrão’, ‘Gros Michel’,
‘Imperial’, ‘Maranhão branca’, ‘Maranhão vermelha’, ‘Ouro da mata’, ‘Pacovan’,
‘Prata’ e ‘Terra’.

4- Sinonímia de alguns cultivares


‘Caru roxa’
Brasil – ‘Vinagre’, ‘Ferro’, ‘Sangüínea’ e ‘Pelé’(SP); ‘Carnaval’,
‘Banana Roxa’, ‘Banana de Taiti’(PB); ‘Sangue de boi’ e
‘Vinagre’(CE)
América Central – ‘Claret’ e ‘Green’
Colômbia – ‘Tafetan’ e ‘Tafetan morado’
México – ‘Morado’
Peru – ‘Kulli’
Venezuela – ‘Morado’, ‘Injerto’
‘Caru verde’
Brasil – ‘Banana verde’(SP); ‘Cobre’(RG)
Colômbia – ‘Tafetan verde’ e ‘Guayalo’
México – ‘Plátano macho’ e ‘Plátano harton’
Peru – ‘Harton’ e ‘Harton velhaco’
Venezuela – ‘Morado verde’
‘Figo cinza’
Brasil – ‘Cinco quinas’, ‘Marmelo’, ‘Figo’ e ‘Zinco’(SP)
América Central – ‘Bluggoe’
Venezuela – ‘Ice Cream’
‘Figo vermelho’
Brasil – ‘Cacau’, ‘Banana Figo’(SP); ‘Sapo’(PB); ‘Pão’(PE e AL);
‘Coruda’, ‘Sapo’(CE); ‘Caju’, ‘Banana de Velho’(RN);
‘Quinuda’ e ‘Três quinas’ (RJ)
América Central – ‘Bluggoe’
Venezuela – ‘Topocho’, ‘Quatro quinas’
‘Grande Naine’
Brasil – ‘Grande Naine’, ‘Nanica alta’
Venezuela – ‘Pineo gigante’
'Gros Michel'
Brasil – 'Gros Michel'
Angola – ‘Gros Michel’
Colômbia – ‘Banano’, ‘Habano’ e ‘Guineo patriota’
Equador – ‘Gros Michel’
México – ‘Plátano roatan’
Peru – ‘Seda’
‘Lacatan’
Brasil – ‘Caturrão’, ‘Giant fig’, ‘Imperial’, ‘Mata galo’, ‘Mestiça’,
‘Pai Antônio’ e ‘Peruíbe’
Angola – ‘Mestiça’
Jamaica – ‘Lacatan’

‘Maçã'’
Brasil – ‘Leite’(RN); ‘Branca’(MA)
América Central e Espanhola – ‘Manzana’
Antilhas Britânicas – ‘Apple banana’
China – ‘Go-sai-leong’
Colômbia – ‘Manzana’
EUA – ‘Apple fig banana’ e ‘Silk
Filipinas – ‘Lady finger’
Japão – ‘Shima’
Paraguai – ‘De oro’
Venezuela – ‘Cambur Manzano’
‘Maranhão caturra’
Brasil – ‘Maranhão anã’ e ‘Terra caturra’(SP)
Antilhas – ‘French plantain’ e ‘Banana creole’
Equador – ‘Maduro’
Peru – ‘Plátano de cosinar’
‘Nanica’
Brasil – ‘Caturra’, ‘Ana’, ‘Banana da China’, ‘Banana de
italiano’(SP); ‘Baé’(CE); ‘Casca verde’(MA); ‘Inglesa’ (PB);
‘Banana d’água’(RJ) – neste Estado atribuem este
nome a todas as bananeiras do subgrupo Cavendish.
África do Sul – ‘Dwarf Cavendish’
Angola – ‘Anã’ e ‘Cambuta’
Cochinchina – ‘Chuoi duu’ e ‘Towille duu’
Ilhas Canárias – ‘Johnson’, ‘Pequeña enana’
Ilhas Fidji – ‘Vidi papa lagi’ e ‘Jainaleka’
Malásia – ‘Camim’, ‘Bola’
Paraguai – ‘China’, ‘Enana brasileña’ e ‘Carapé’
Peru, Equador e Colômbia – ‘Pigmeo’, ‘Enano’, ‘Índio’ e
‘Português’
Região de língua inglesa – ‘Dwarf Cavendish’, ‘Dwarf banana’,
‘Chineses’
Taiti – ‘Kina’
Venezuela – ‘Camburi’ e ‘Pineo enano’
‘Nanicão’
Brasil – ‘Congo’(SP); ‘Anã do Alto’, ‘Baé’(PE)
América Central – ‘Giant Cavendish’, ‘Valery’
Antilhas – ‘Grande Naine’ (impropriamente)
Região de língua inglesa – ‘Giant Cavendish’
‘Ouro’
Brasil– ‘Pêra’, ‘Bananinha’(SP); ‘Ouro Paulista’, ‘Dourada’(GO);
‘Inajá’ e ‘Imperador’(PB, PA e RJ)
América Central – ‘Date’, ‘Niño’, ‘Red’, ‘Guineo banano’
Antilhas Britânicas – ‘Lady finger’ e ‘Fig’
Austrália – ‘Sugar banana’
Colômbia – ‘Bocadillo’, ‘Latil’, ‘Papelito’ e ‘Banano de seda’
Cuba – ‘Cineto a la boca’
Equador – ‘Orito’
EUA – ‘Sugar fig banana’
Guadalupe – ‘Coffee fig’ e ‘Fird Fig’
Guiné Francesa – ‘Figue ti-malice’
Peru – ‘Pêra’
Suriname – ‘Pilien missifinger’
Venezuela – ‘Titiano’
‘Pacova’
Brasil – ‘Farta Velhaco’(SP e PB); ‘Banana de chifre’, ‘Banana
comprida’,
‘Chifre de bode’, ‘Prata caiana’(CE e PE)
Camarão – ‘Banana corne’
Colômbia – ‘Harton’, ‘Harton de castilla’, ‘Liberal’
‘Piruá’
Brasil – ‘Bico verde’(PE)
‘Poyo’
Brasil – ‘Robusta’
América Central – ‘Poyo’
Angola – ‘Poyo’
Jamaica – ‘Robusta’
Colômbia – ‘Unnamed’
Região de língua inglesa – ‘Robusta’
‘São Domingos’
Brasil – ‘Abóbora’, ‘Banana da Ásia’, ‘Engana menino’, ‘
Figo róseo’ e ‘Rangedeira’
Antilhas – ‘Figure rose’
Peru – ‘Islã’
Venezuela – ‘Tornassol’
‘São Tomé’
Brasil – ‘Banana curta’(SP)
Venezuela – ‘Crioulo’
‘Terra’
Brasil – ‘Maranhão’(SP); ‘Comprida’(PE); ‘Chifre de boi’(PA e PB)

5- Descrição morfológica
A bananeira, planta típica das regiões tropicais úmidas, é um vegetal
herbáceo completo, pois apresenta raiz, tronco, folhas, flores, frutos e sementes. O
tronco é representado pelo rizoma e o conjunto de bainhas das folhas de pseudocaule.
Entretanto, no linguajar popular este é chamado de tronco da bananeira.
A multiplicação da bananeira se processa, naturalmente no campo, por via
vegetativa, pela emissão de novos rebentos. Entretanto, o seu plantio também pode ser
feito por meio de sementes, processo este usado mais freqüentemente quando se
pretende fazer a criação de novas variedades ou híbridos.
A bananeira, como todas as plantas, tem um ciclo de vida definido. Sua fase
de gestação começa com a geração de um proto-rebento em outra bananeira, mas
como nos animais, o início da contagem de sua vida somente se faz com seu
aparecimento ao nível do solo. Com seu crescimento, há a formação de uma bananeira
que irá produzir um cacho, cujas frutas se desenvolvem, amadurecem e caem,
verificando-se em seguida o secamento de todas as suas folhas, quando se diz que a
planta morreu. A morte encerra o ciclo de vida, o qual também pode ser abreviado
com a colheita do cacho, que corresponde ao “assassinato” da bananeira.
Como esse processo é contínuo e extremamente dinâmico, uma bananeira
adulta apresenta sempre ao seu redor, em condições naturais, outras bananeiras em
diversos estádios de desenvolvimento. Esse conjunto de bananeiras interligadas, com
diferentes idades, oriundas de uma única planta e crescendo desordenadamente,
denomina-se touceira (Figura II-1).

Figura II-1- Corte horizontal esquemático de uma touceira


de bananeiras, com a “mãe” com cacho, mostrando a formação
inicial de três "famílias".

Essa característica de constante renovação das plantas é que permite dizer


que os bananais têm vida permanente, apesar das bananeiras possuírem um ciclo de
vida perfeitamente definido.
É universalmente usual, tanto entre os técnicos como entre os produtores,
referir-se aos diversos órgãos das bananeiras com palavras naturalmente empregadas
para animais e seres humanos, em vez de se aplicar termos botânicos. Para não
fugirmos aos usos e costumes, o mesmo será feito neste trabalho.
Botanicamente, as touceiras de bananeiras são formadas por rebentos que
constituem a primeira, segunda, terceira, etc., gerações da muda original e que
popularmente recebem as denominações de “mãe”, “filho”, “neto”, etc.
Mãe - É a planta mais velha da touceira, que pode estar na fase vegetativa
ou ter lançado sua inflorescência ou já estar ou não com o cacho completamente
formado, o qual poderá estar ou não no ponto de colheita. Ela perde a denominação de
“mãe” após a colheita. A “mãe” é sempre uma só, salvo no caso da ocorrência da
dicotomia.
Filho - É todo e qualquer rebento originário do intumescimento de uma
gema vegetativa seguido de seu posterior desenvolvimento (gema lateral de brotação,
que será uma “olhadura”), localizada no rizoma da planta “mãe”.
Heto - É todo e qualquer rebento originário de um “filho”.
Irmão - É todo rebento que se forma devido ao desenvolvimento de outra
“olhadura” de um mesmo rizoma. Isso quase sempre ocorre mais de uma vez, o que dá
origem a uma irmandade, cujo número é bastante variável.
Família - É um conjunto de rizomas interligados e descendentes,
representados pela “mãe”, um “filho” e um “neto”, onde todos os demais rebentos
(“filhos” e “netos”) foram eliminados.
A “mãe” pode ter vários “filhos”, que serão “irmãos” entre si e cada um
destes, por sua vez, pode também emitir seus “filhos”, os quais serão os “netos” da
“mãe” original. É assim que surge uma touceira.
Na touceira que se forma naturalmente portanto, sem que se tenha feito
nenhum desbaste, é possível com o tempo, individualizar-se duas, três, quatro ou mais
famílias, desenvolvendo-se ao mesmo tempo (ver Figura II-1). Imaginando-se uma
touceira que tenha certa idade, pelas cicatrizes deixados no solo pelos rizomas das
plantas já colhidas, é possível traçar uma verdadeira árvore genealógica.
Após a colheita da planta “mãe”, a planta “filho” assume a posição desta e
a planta “neto”, por sua vez, assume a posição de planta “filho”, e assim
sucessivamente.

5.1- Raiz
As raízes têm sua origem na região de transição entre o cilindro central e o
córtex do rizoma. Elas se formam simultaneamente em grupos de três ou quatro e
ganham o exterior distribuindo-se em toda a calota subterrânea do seu órgão formador.
O número de raízes que a bananeira gera depende do cultivar e varia de 400 a 800,
havendo certa relação direta na quantidade com a sua altura. Essa quantidade, assim
como seu vigor, também estão em função do arejamento (oxigenação) e nutrientes
existentes no solo. Desse total, cerca de 250 a 300 delas são emitidas enquanto a
planta estiver emitindo folhas lanceoladas. À medida que o bananal envelhece, as
plantas passam a diminuir a emissão de raízes.
As raízes são fasciculadas e crescem em maior porcentagem
horizontalmente, nas camadas mais superficiais do solo, ocupando seus primeiros 20 a
30 cm; apenas um reduzido número delas (cerca de 20%) se desenvolve no sentido
vertical, atingindo em geral, cerca de 50 a 70 cm.
As raízes superficiais têm comprimento variável e podem até ultrapassar os
4 m de extensão. Em condições de solos próprios para a bananeira, uma muda com
sessenta dias de idade já apresenta raízes horizontais com 1 m de comprimento. As
verticais, dependendo da natureza física e disponibilidade de água no solo, podem
atingir comprimento igual ao das horizontais ou nem chegar a 50 cm. Em geral, seu
diâmetro é de 4 a 8 mm, podendo contudo, em determinados cultivares, chegar a 20
mm.
A distribuição horizontal das raízes no solo, no caso do plantio inicial, é
igual nos 360° que as rodeiam. Com o passar do tempo e já havendo se formado a
“família” (“mãe”, “filho” e “neto”), as raízes da planta mais jovem (“neto”) se
distribuem sempre da seguinte forma: sua quase totalidade se localiza, a partir da
trajetória de caminhamento da família, a 90° para a direita e 90° para a esquerda,
situando-se a maior porcentagem delas nos primeiros 15° da direita e da esquerda. É
com base nisso que se faz a indicação do local da adubação.
Fazendo-se um corte transversal na raiz encontra-se, externamente, um
tecido mais macio - o córtex - que envolve um tecido bastante fibroso e resistente
denominado cilindro central. Na extremidade da raiz há uma coifa brancacenta,
espécie de um aguilhão que, pela ação dos seus produtos químicos e enzimáticos
exsudados, distrói as resistências que ocasionalmente tentam impedir-lhe seu
alongamento. Ela é revestida de pequenos pêlos, cuja vida é marcada em horas.
Normalmente, em toda a extensão da superfície externa das raízes, existem
abundantes radicelas que se assemelham a uma cabeleira. Agindo como pequenas
bombas de sucção, elas retiram a água do solo, juntamente com elementos químicos
necessários à vida da planta. Pelo fenômeno da osmose, o líquido atravessa suas
paredes celulares e penetra nas raízes e, por elas, atinge o rizoma. Este processo de
sucção da seiva bruta é feito pelas folhas, que a elas vai ter através de suas bainhas
(pseudocaule).
As raízes da bananeira plantada em solo fértil e bem adubado, com boa
drenagem e provido de umidade suficiente, exercem suas funções com grande
intensidade e todo o sistema radicular se apresenta bastante vigoroso. Nessas
condições, elas chegam a crescer até 60 cm por mês. O grande número permanente de
radicelas que essas raízes possuem facilita a absorção de água e de elementos
químicos. Em solos pobres, sem fertilizantes, com drenagem deficiente ou sem a
umidade necessária, as raízes apresentam-se delgadas, curtas, em pequeno número,
quase desprovidas de radicelas. Estas são sempre mais numerosas e ativas
principalmente nos 50 cm mais próximos da coifa.
Em solos com problemas de salinização ou com oscilações do lençol
freático devido à influência das marés, a vida das raízes é muito curta e suas pontas
ficam aparadas como se tivessem sido roídas. Sua parte terminal, muito
freqüentemente, seca.
A bananeira gera raízes continuamente apenas até a diferenciação floral,
simultaneamente com o processo de formação das folhas. As raízes são geradas, mas
até que ganhem o exterior levam algum tempo, que é o mesmo que a inflorescência
gasta para a sua parição. Nessa ocasião, estão vivas na planta de 25 a 50% das raízes
emitidas durante sua vida. Simultaneamente com a parição, cessa o aparecimento das
novas raízes. À medida que as folhas morrem por senilidade, fome, desidratação,
parasitismo fúngico, etc., as raízes formadas na mesma época dessas folhas também
morrem. São, portanto, dois processos contínuos e simultâneos: de um lado, a emissão
de raízes e folhas e, de outro, a morte desses mesmos órgãos.
Quando as bananas amadurecem sem que o cacho tenha sido colhido e elas
começam a cair, as raízes cessam progressivamente suas atividades e morrem também.
A morte é acelerada quando se colhe o cacho.

5.2- Rizoma
O rizoma ou caule subterrâneo é a parte da bananeira onde todos os seus
órgãos, direta, ou indiretamente se apóiam.
Erroneamente, o rizoma da bananeira tem sido chamado de bulbo, que,
botanicamente, é um órgão de reserva de certas plantas, como da cebola e do alho. O
bulbo não dá formação a brotos.
O rizoma novo possui um aspecto carnoso e relativamente aquoso, que se
torna gradativamente mais rígido, à medida que envelhece.
O rizoma apresenta, externamente, na região inferior, as raízes, e, na
superior o pseudocaule. Internamente, ele é constituído de duas partes, como as raízes.
Fazendo-se um corte vertical, passando pelo centro do rizoma de uma
bananeira, que já emitiu mais de 20% de suas folhas, pode-se identificar
perfeitamente, o córtex e o cilindro central. Essas duas áreas, quando expostas ao ar,
se oxidam rapidamente.
O córtex é a camada mais externa, cuja espessura máxima chega a ser de 3
a 5 cm (Figura II-2). Ele é constituído de uma massa rígida, cheia de fibras finas e
revestido externamente, por um fino tecido com menos de 0,5 mm. Principalmente nos
cultivares do subgrupo Cavendish, essa película é bem escura e impregnada de
pequenas manchas quase negras, enquanto, nos do subgrupo Prata, essa camada é bem
clara. Nela, é possível observar as cicatrizes dos arcos de círculo, onde as bainhas das
folhas que já morreram estiveram fixadas. A partir do arco de circulo mais velho,
portanto já na parte bem inferior do rizoma, é que aparecem as primeiras linhas de
raízes. Estas se dispõem em diversos níveis, descrevendo linhas helicoidais, sendo que
as mais do alto correspondem às mais novas e, muitas vezes, algumas delas iniciam
seu crescimento fora da terra.
Figura II-2- Corte de um rebento mostrando:
1)Córtex; 2)Cilindro central; 3)Ramificações da raiz;
4)Gema apical de crescimento.
O cilindro central é envolto pelo córtex e constituído por fibras rígidas
mais grossas. Sua coloração interna é mais creme do que a do córtex, uma vez que este
é um pouco mais brancacento. Após a colheita, se as condições fitossanitárias foram
boas, o cilindro central apodrece primeiro, enquanto o córtex permanece vivo e
consistente, por vários semestres.
Tal é a semelhança do tecido desse cilindro central com o do cilindro
central das raízes, que se pode dizer que o cilindro central destas é uma expansão do
tecido central do rizoma. Da mesma forma, o córtex da raiz é um alongamento do
córtex do rizoma.
Na região superior de ambas as partes do rizoma, como que as recobrindo,
encontra-se o colo do rizoma, que é uma delgada superfície de transição entre o córtex
e a base das bainhas das folhas.
No rebento de uma bananeira, com um ou dois meses de idade, o seu colo
se apresenta como uma superfície quase plana. À medida que ela se vai tornando mais
velha, o colo também se alonga para o alto.
Na parte superior do colo, há uma série de arcos de círculos concêntricos,
quase completos, esculpidos em baixo-relevo, que correspondem à linha de fixação de
cada uma das bainhas. No centro dos arcos, o córtex e o cilindro central se fundem em
um só, formando uma região meristemática denominada câmbio.
Os diâmetros dos arcos de círculos crescem com a idade das folhas, de
modo que o maior diâmetro representa a linha de inserção da bainha da folha mais
externa e, portanto, a mais velha. Os arcos de círculos que correspondem às folhas
mais jovens são tão pequenos que é impossível vê-los a olho nu. Com auxílio de lentes
que aumentam de 10 a 20 vezes, verifica-se que, na sua região mais central, há um
conjunto de células que recebe o nome de gema apical de crescimento. Ela está
exatamente no ponto de fusão do córtex e do cilindro central, ou seja, o câmbio.
O câmbio é o responsável pela contínua geração das células que
constituirão a gema apical de crescimento, que produzirá as folhas e as gemas laterais
de brotação, até que haja o fenômeno da diferenciação floral.
Durante o desenvolvimento da bananeira, o rizoma cresce internamente,
com uma silhueta semelhante a uma bexiga de borracha quando inflada, dentro da
água. Disso resulta que o colo da bananeira, inicialmente quase plano, após a formação
das primeiras quinze a vinte folhas, adquire um aspecto alongado para cima, que se
acentua mais com o envelhecimento da planta.
Esse alongamento, causado como que por uma força atuando de baixo para
cima, empurra cada vez mais a gema apical de crescimento para o alto. Ao fazer o
alongamento, o cilindro central vai, progressivamente, invadindo o interior do
pseudocaule.
A grande expansão interna do rizoma se processa durante a fase de
pré-diferenciação floral da gema apical de crescimento, pois, nessa ocasião, o rizoma
apresenta-se quase exclusivamente constituído pelas fibras rígidas do cilindro central.
Dependendo do cultivar e da fertilidade do terreno onde se fez o plantio do
bananal, o rizoma pode atingir de 45 a 50 cm de diâmetro (‘Pacovan’). O ‘Nanicão’,
quando cultivado em boas condições, tem em média, 30 cm.

5.3- Gema apical de crescimento e gema lateral de brotação


Conforme descrito no item rizoma, a gema apical de crescimento se
encontra sempre no centro dos semi-arcos de círculos esculpidos pela fixação das
bainhas das folhas. Tais semi-arcos não se completam pelo fato de terem um ponto de
interrupção, no qual há outro conjunto de células meristemáticas, que são em tudo e
por tudo iguais à gema apical de crescimento. Apenas sua fisiologia é diferente. Ela é
a gema lateral de brotação.
A gema apical está sempre em processo de multiplicação, no qual são
produzidos uma folha (bainha, pecíolo e lóbulos foliares) e sua respectiva gema lateral
de brotação. Isso ocorre durante um prazo definido pelas condições ecológicas,
nutricionais e genéticas. Vencido esse tempo, a gema apical cessa essas atividades
vegetativas e passa a ter funções de produção. É a fase da diferenciação floral, quando
então as células do câmbio se modificam e criam a inflorescência da planta (futuro
cacho).
Sendo simultânea a formação da folha e da gema lateral de brotação,
pode-se facilmente concluir que a bananeira tem tantas dessas gemas quantas forem as
folhas geradas.
Depois que a gema lateral de brotação e a folha estão formadas, é possível
vê-las com uma lente de 10 a 15 vezes de aumento, uma vez que este conjunto se
apresenta como um cone, com no máximo, 1 ou 2 mm. Para isso, é preciso fazer uma
dissecação completa do pseudocaule, uma vez que ele está no seu interior.
Estando formadas a gema lateral de brotação e a folha, inicia-se um
crescimento radial concêntrico, até chegarem próximo da periferia do rizoma. No
início desse processo de crescimento o diâmetro do semicírculo aumenta, assim como
a gema lateral de brotação e, com isso, cria-se um espaço interno para a formação de
outro conjunto de folha e gema lateral de brotação. Esse contínuo crescimento vai
fazendo aparecer uma série de cones superpostos. À medida que isso acontece, há um
aumento na velocidade de crescimento dos dois órgãos. Ao estarem próximas da
periferia do rizoma, a gema lateral de brotação já tem cerca de 2 cm de diâmetro e é
conhecida por olhadura ou mamica. À medida que cresce, ela passa a exercer as
mesmas funções da gema apical de crescimento e, assim, acaba formando uma
protuberância que se transformará, futuramente, em um rebento.
O ponto de ligação entre o rizoma da planta “mãe” e do “filho”, a região
entre o córtex e o cilindro central, apresenta-se bastante comprimido, como se a
natureza quisesse violentamente separá-los por estrangulamento. Esta é, por assim
dizer, uma ponte de ligação entre os dois rizomas, ou seja, um cordão umbilical entre
“mãe” e “filho”, por onde se processarão as trocas de seiva e de hormônios (Figura
II-3).

Figura II-3- "Cordão umbilical" da bananeira


ligando "mãe" e "filho".
5.4- Folhas
A folha mais interna do pseudocaule, logo após seu nascimento,
apresenta-se como um pequeno cone foliar, tendo sua base apoiada sobre a região do
cilindro central do rizoma, em cujo interior se encontra a gema apical.
Com o desenvolvimento do cone, suas microscópicas dimensões aumentam
e a gema apical de crescimento que ficou no seu interior reinicia o processo de
multiplicação.
É a partir das paredes do cone que se originam todas as partes componentes
da folha, ou seja, bainha, pecíolo, nervura principal, páginas (ou lóbulos) foliares com
suas nervuras secundárias e de bordo e o aguilhão (ou “pavio”).
Sendo contínuo o processo de formação de folhas, há no interior do
pseudocaule uma série de cones superpostos. Tendo alcançado de 8 a 12 mm,
verifica-se que o mais externo já apresenta seu vértice mais alongado terminando por
um delgado filamento (pavio).
Os pequenos cones passam por um processo de desenvolvimento e vão
progressivamente assumindo o aspecto de uma folha. Quando isso ocorre, é possível
contar de 10 a 15 cones superpostos no seu interior. A medida que a folha vai se
formando no centro do pseudocaule, sua velocidade de desenvolvimento é acelerada,
assim como seu deslocamento para o alto. A primeira parte que emerge para o exterior
é o pavio seguido pela vela.
A vela é formada pelo enrolamento dos lóbulos foliares de forma muito
perfeita e compacta, sendo que o lóbulo esquerdo é enrolado sobre si mesmo e o
direito, envolvendo o primeiro.
Foto II-1- O lóbulo direito da folha se enrola sobre o
esquerdo e é ele que primeiro se abre.
A vela permanece ereta por um ou dois dias para começar a se desenrolar e
formar o cartucho. Nessa posição, a folha permanece por 24 a 30 horas, em função
dos fatores ecológicos, até completar seu total desenrolamento.
Quando a folha se abre, ela tem sempre o lóbulo esquerdo um pouco mais
colorido do que o direito (vendo-se a folha através da página inferior para a superior),
pelo fato desse ter desenrolado primeiro.
As folhas das bananeiras, ao se desenrolarem totalmente, já têm as suas
dimensões definidas, isto é, não crescem mais. A relação comprimento/largura, nas
plantas adultas, é um índice característico do cultivar.
O processo de formação de folhas, sendo constante, vão surgindo do
interior da bananeira uma folha após outra e, com isso, tem-se sempre folhas jovens no
alto da planta e as mais velhas, nas partes mais baixas.
A gema apical pode gerar de 30 a 70 folhas, segundo o potencial do
cultivar. Esse número é tanto maior quanto maior for o índice de fertilidade e o
adequado teor de umidade no solo e na temperatura ambiente.
As folhas são numeradas de cima para baixo em algarismos romanos. A
vela (ou o cartucho) é sempre a folha de número 0 (zero).
As primeiras folhas do jovem rebento são praticamente pequenas escamas
deltóides; quando mais velho, o “filhote” emite folhas constituídas apenas pela
nervura principal. As primeiras folhas são bastante estreitas devido ao não
desenvolvimento dos lóbulos foliares e, por ter uma forma lanceolada, são chamadas
de “espada”. À medida que a planta cresce, as novas folhas apresentam dimensões
maiores até que seja atingido o estágio de adulta.
Esse comportamento do formato da folha decorre da grande atuação
hormonal inibidora da planta “mãe” sobre o desenvolvimento do “filho”. Essa inibição
vai diminuindo progressivamente até a diferenciação floral da “mãe”, e cessa por
completo com o seu florescimento. É nessa ocasião que se verifica um grande
desenvolvimento do “filho”, cujas folhas passam a ser adultas e com o índice foliar
característico do cultivar, quanto à relação comprimento/largura.
Em resumo, o formato da folha, levando-se em conta seu comprimento e
sua largura, permite avaliar a influência hormonal inibidora que a “mãe” está
exercendo sobre o “filho”, através da ligação umbilical dos seus rizomas.
As bainhas das folhas da bananeira têm grande importância, pois são elas
que, imbricadas umas sobre as outras, formam o falso tronco da bananeira, ou seja, o
pseudocaule, sustentáculo do cacho e também armazenador de nutrientes e água.
A bainha mais externa, portanto a que envolve todo o pseudocaule, torna-se
menos envolvente na sua parte mais alta, devido ao seu formato deltóide,
principalmente nas bananeiras que ainda não sofreram a diferenciação floral.
Examinando-se uma folha adulta, verifica-se que na parte mais alta da
bainha ela se afasta do pseudocaule e assume o formato da letra U.
A região da bainha, onde inicia seu estrangulamento em U, até onde os
lóbulos foliares se expandem, recebe o nome de pecíolo da folha. Seu prolongamento
dentro da folha constitui a nervura central ou principal.
A nervura principal se expande dos dois lados formando o lóbulo foliar
direito e o esquerdo, que constituem as superfícies foliares.
Moldurando o contorno da folha, em ambos os lóbulos, encontra-se a
nervura de bordo, representada por uma linha escura e de consistência um pouco mais
rígida.
A nervura central é ligada nas de bordo pelas nervuras secundárias, que
são paralelas entre si, porém, com suas extremidades distais ligeiramente voltadas para
o ápice da folha. Em determinadas circunstâncias nutricionais, é possível observar
nervuras terciárias fazendo ligações entre as secundárias.
É chamado de roseta foliar a região delimitada no pseudocaule pelo ponto
onde a folha mais velha se afasta dele e a mais nova folha está se abrindo. Nas plantas
mais jovens, a roseta foliar é mais alongada e nas que já floresceram, mais compacta.
Prenunciando o aparecimento da inflorescência, a bananeira emite de três a
quatro folhas cada vez mais curtas, as quais correspondem as últimas folhas a serem
lançadas.
A última folha emitida pela bananeira tem sua conformação mais coriácea,
cujo formato é em geral, anormal, tendo suas nervuras secundárias muito pronunciadas
e irregularmente onduladas, sendo conhecida pelos bananicultores como folha pitoca.
Esta folha, que geralmente envolve mais intimamente a inflorescência quando ainda
dentro do pseudocaule, muitas vezes seca durante o desenvolvimento do cacho.
O rebento “guarda-chuva” não emite nunca folhas lanceoladas, pois já as
primeiras são bastante largas. Esse aspecto faz com que eles recebam o nome muda
“orelha-de-elefante” ou muda “guarda-chuva” ou ainda, muda “d’água”, tal é a
turgescência do seu pseudocaule e rizoma. O cordão umbilical dessas mudas, por
algum motivo de origem mecânica ou provocado por insetos ou nematóides, foi
bloqueado e não há troca de seiva entre ela e sua “mãe”.
Nas primeiras folhas de qualquer tipo ou tamanho de muda convencional,
aparecem sempre manchas irregulares de cor pardo-chocolate, bem visíveis nas
páginas foliares superiores (Foto II-2). À medida que essas mudas se desenvolvem,
tais manchas desaparecem. Elas são formadas pela reação da antocianina ao pH do
suco foliar que, nesta ocasião, é mais ácido. Nos “filhotes” agregados na planta “mãe”,
isso não acontece, pois a seiva que circula na “família” é uma só. Entretanto, o mesmo
não acontece com a muda “guarda-chuva” que se forma dentro do bananal, uma vez
que ela não pertence a “família” (Cap. II-5.10.2). Esse tipo de muda não emite nunca
folhas lanceoladas, por não ter recebido hormônios inibidores da “mãe”. As mudas de
laboratório geralmente não apresentam tais manchas.

Foto II-2- As manchas achocolatadas de antocianina desaparecem


normalmente com o crescimento da muda.
A estrutura das bainhas é constituída por um tecido parenquimatoso,
formado por células bem grandes. Estas vão, progressivamente, diminuindo de
tamanho, à medida que chegam mais próximo do início da nervura principal. Esta, por
sua vez, também apresenta tais células, que se reduzem a tamanhos bem pequenos
quando estão perto do pavio.
É nas folhas que se processa a fotossíntese, quando então a seiva bruta é
transformada em seiva elaborada, que na bananeira é muito adstringente e conhecida
como cica.

5.4.1- Área foliar


A área foliar total da bananeira é obtida pela soma das áreas de cada folha
que ela emitiu durante sua vida. O peso que o cacho vai ter é função direta da área
total. O número de pencas está relacionado com o número de folhas emitidas. Não se
pode extrapolar, para diferentes cultivares, a relação entre o peso do cacho e a área
foliar, da mesma forma que a relação número de folhas e número de pencas do cacho
também só é valida para o mesmo cultivar, pois essas relações são específicas.
Pode-se calcular a área foliar da bananeira empregando-se a fórmula:
S = 0,8 x C x L
onde: C = comprimento, L = largura e 0,8 = fator de correção.
Numa bananeira do cultivar Nanicão que tenha tido bom desenvolvimento,
sua área foliar chega a ser, em média, 32 m².
Os limites da espessura da folha variam com o cultivar e com as condições
ecológicas entre 0,35 e 1,00 mm.
Os estômatos distribuem-se regularmente em ambas as páginas: na superior
há, em média, 54/mm² e, na inferior, 220/mm².

5.5- Pseudocaule ou falso tronco


O pseudocaule da bananeira é um estipe. Ele é formado pelas bainhas das
folhas superpostas. As bainhas se fixam sobre o rizoma descrevendo arcos de círculos
concêntricos, em torno da gema apical de crescimento. Eles formam fortes cicatrizes
no rizoma, por onde as fibras do rizoma invadem as bainhas e chegam até as folhas.
Essa região de transição entre ambos os órgãos denomina-se colo do rizoma ou da
bananeira.
Nas plantas mais jovens, o pseudocaule tem o formato de um cone
alongado; nas adultas seu formato é quase que cilíndrico.
Seu comprimento, que representa a altura da planta, é igual à distância do
solo até ao topo da roseta foliar. O pseudocaule pode ter de 1,2 até 8 m de altura (ver
Foto III-15A) e o seu diâmetro na base varia de 10 a 50 cm, a 30 cm do solo.
Foto II-3- O diâmetro do pseudocaule varia com o cultivar,
sendo influenciado pelos fatores ecológicos (Foto ‘Pacovan’- planta
vigorosa).
Seu diâmetro, na extremidade superior, pode também atingir quase as
mesmas dimensões da base, mas em geral, é equivalente a apenas 80%. Quando se faz
referência ao diâmetro de uma bananeira, normalmente, se refere àquele medido a 100
cm do solo.
Seu peso pode oscilar de 10 a 100 kg.
É do pseudocaule que se pode extrair fibras usadas na fabricação de tecidos
para confecção de roupas, cordas, dar resistência às chapas impregnadas com plástico,
na fabricação de tijolos, etc. Ele pode ainda ser utilizado na alimentação, etc.
É através do pseudocaule que a inflorescência ganha o exterior da planta.
O pseudocaule de uma planta que ainda não lançou sua inflorescência é
constituído somente de bainhas imbricadas umas sobre as outras. Naquelas que já
lançaram a inflorescência, o pseudocaule é formado por bainhas que capeiam o
“palmito” da bananeira. Ele é constituído pelo alongamento do cilindro central do
rizoma, o que acontece durante a ascensão da inflorescência, no seu caminhamento
para o exterior.
Ao longo do palmito, pode-se ver as últimas três ou quatro gemas laterais
de brotação, correspondentes às últimas três ou quatro folhas emitidas, pois é nele que
as bases de suas bainhas estão fixadas.
O palmito é quase branco, menos fibroso do que o cilindro central, e tem
sido utilizado como recheio de pastéis e tortas, pela sua semelhança com o palmito
verdadeiro de certas palmáceas.
Quando o palmito ganha o exterior, ele passa a constituir o cabo do cacho e,
em seguida, o eixo da inflorescência.

5.6- Diferenciação floral


Depois de gerado o total de folhas e gemas laterais de brotação da planta, a
gema apical cessa essa atividade, devido a uma série de fatores hormonais. Há, então,
uma modificação do seu aspecto e ela se transforma no órgão de frutificação da
bananeira: a inflorescência. A essa fase da vida da planta dá-se o nome de
diferenciação floral, quando então cessa sua vida vegetativa e começa a de
frutificação ou de produção. O período compreendido entre a diferenciação floral e do
lançamento da inflorescência corresponde ao de gestação do cacho.
O processo de diferenciação floral ocorre quando cerca de 60% de todas as
folhas geradas (jovens e adultas) já se abriram para o exterior da planta. Os restantes
40% de folhas já estão formados, porém ainda permanecem se desenvolvendo dentro
da planta e envolvendo toda a inflorescência.
Dada a modificação da gema apical em inflorescência, conclui-se que, após
a diferenciação floral, a bananeira não gera mais folhas, porém continua ainda
lançando aqueles 40% de folhas já geradas. Por conseguinte, após o lançamento da
inflorescência, ela também não emite mais nenhuma folha.
O processo da diferenciação floral, no cultivar Nanicão, se dá, em geral,
quando o alongamento vertical sofrido pelo cilindro central do rizoma já está, em
média, na altura de 40 cm. Essa distância é calculada a partir de onde as raízes mais
superficiais ganham o exterior do rizoma e a gema apical de crescimento. Nessa fase
da vida da planta, é possível verificar, externamente, a que altura está se processando
a diferenciação floral, pois nesse local há uma dilatação do pseudocaule. Nesse
cultivar, nas condições climáticas do Estado de São Paulo, a inflorescência leva de
dois a três meses para vencer a distância entre o ponto de processamento da
diferenciação floral e a roseta foliar. Esse tempo varia segundo o cultivar e as
condições ecológicas. O agricultor refere-se a essa fase como o de “engravidamento”
da bananeira.
Uma vez formada a inflorescência, ela passa a ter um rápido processo
vertical de caminhamento, subindo pelo centro do pseudocaule, ultrapassando a roseta
foliar para expandir-se no exterior.
Esse processo determina, a uma só vez, o alongamento vertical final do
cilindro central do rizoma, que deu a formação do palmito, cujo prolongamento no
exterior da planta corresponde ao engaço.
Fazendo-se uma inspeção interna na bananeira, que já sofreu a
diferenciação floral, mas que ainda tem a inflorescência no seu interior, pode-se contar
perfeitamente o número de pencas e de flores que ela tem. Quanto mais próxima da
ocasião da diferenciação floral, menores serão esses órgãos e, por outro lado, quanto
mais perto da roseta foliar a inflorescência estiver, mais fácil se torna a identificação
do sexo das flores e a contagem do número delas e das pencas.
A contagem das pencas pode ser feita logo após a diferenciação floral, usando-se uma
lente de 10 a 15 vezes de aumento (Foto II-3A). A identificação do sexo das flores é
facilmente feita nessa ocasião, pois os ovários já estão perfeitamente diferenciados
quanto ao seu comprimento. Para o cultivar Nanicão, a identificação de pencas e flores
pode ser feita a olho nu, quando a inflorescência atinge cerca de 50 a 60 cm de altura
do solo.
Foto II-3A- A primeira penca já formada de uma
inflorescência a 70 cm do solo, retirada do pseudocaule.
Dessa forma, já não se pode mais influenciar com nenhum tratamento o
número de bananas e pencas que o cacho virá a ter, uma vez que o número de flores e
o seu sexo é definido durante a diferenciação floral.
Para aumentar o tamanho do cacho é, portanto, necessário que os bons
tratos culturais e nutricionais sejam feitos bem antes dessa fase.

5.7- Inflorescência e flor


A inflorescência da bananeira é terminal, pois é o ultimo órgão que se
forma (Foto II-4). Ela é uma espiga, que pode ficar em posição ereta, horizontal ou
pendida para baixo. É formada por conjuntos de flores completas. Ela emerge do
centro das bainhas foliares completamente envolta por uma grande bráctea, que como
tal, é uma folha modificada. A esta, os produtores chamam de placenta.
Foto II-4- A inflorescência é o último órgão que se
forma e que a planta emite.
As flores femininas, masculinas ou hermafroditas estão reunidas em pencas
isoladas e protegidas cada uma delas por uma bráctea, que é sempre caduca para as
femininas, o que pode ou não acontecer para as demais.
Em cada penca encontram-se flores de um só sexo, porém na região de transição entre
elas, podem aparecer numa mesma penca, flores femininas e masculinas.
A flor da banana comestível é zigomórfica, sempre completa com os órgãos
femininos e masculinos, verificando-se em algumas a atrofia das anteras (flores
femininas) e, em outras, dos ovários (flores masculinas). Devido a essas diferenças no
tamanho do ovário, é possível basear-se neste fato para se identificar o sexo das flores
(Foto II-5).
Foto II-5- A flor com ovário maior é a feminina.
As flores femininas têm o ovário bem desenvolvido e são as primeiras a
aparecer e as responsáveis pela formação das bananas. Nas masculinas, o ovário é
cerca de 30 a 50% menor e, geralmente, elas abortam ou se desenvolvem formando
rudimentares frutinhos como no cultivar Nanica.
As flores masculinas e femininas das bananeiras produtoras de frutos
comestíveis apresentam cinco tépalas (sépala + pétala), dispostas em dois vertículos,
que se fundem para formar um cálice tubular denominado de perigônio. Sua
extremidade se apresenta fendilhada, formando cinco pequenos dentes ou lóbulos, de
forma variável, segundo o cultivar. Suas colorações características identificam o grupo
a que pertence a espécie. A tépala dorsal é independente e livre e, por isso, recebe a
denominação específica de tépala livre.
Tanto as flores masculinas como as femininas apresentam cinco estames
(antera + filamentos) bastante semelhantes, assim como o pistilo (ovário + estilo +
estigma). Os estames das flores masculinas possuem anteras normais e os sacos
polínicos estão dispostos ao longo do filamento em duas linhas paralelas. Os grãos de
pólen são geralmente de cor branco-amarelada. Nas flores femininas, as anteras são
atrofiadas, o filamento é mais curto e o pólen, degenerado.
As flores masculinas e femininas apresentam um ovário ínfero e trilocular,
estilo filiforme e estigma grosso (dilatado). Nas flores femininas, os ovários se
dispõem em cada loja (lóculo) em duas linhas regulares ou em quatro irregulares. As
flores masculinas têm o ovário bastante atrofiado, mas o estilo e o estigma se
apresentam apenas com as dimensões um pouco reduzidas.
Após o aparecimento de todas as flores femininas, normalmente surgem as
pencas de flores masculinas. Por vezes, podem se formar pencas de flores
hermafroditas em número variável, intercaladas entre as pencas de flores masculinas
(Foto II-6). O desenvolvimento das hermafroditas também produzem frutos
comestíveis, porém com aspecto anormal e atrofiado, cujo paladar é bastante inferior
ao dos frutos normais.
Foto II- 6- O aparecimento de frutos hermafroditas
é bastante comum no cultivar Mysore (cacho normal).
Quando a inflorescência emerge da planta as flores femininas têm sua
extremidade distal voltada para o solo devido ao geotropismo positivo, mas
geralmente, após a partenocarpia(1) ou a polinização, elas vão se voltando para o alto,
como se houvesse um geotropismo negativo atuando sobre elas. As flores masculinas,
por via de regra, permanecem sempre voltadas para o solo ou se elevam apenas até
quase a posição horizontal, enquanto que as hermafroditas ficam na posição horizontal
formando um pompom.

5.7.1- Fecundação das flores


A fecundação das flores nas bananeiras selvagens é feita normalmente por
insetos. Retirando o pólen de flores masculinas de uma inflorescência, ele fecunda as
flores femininas de outra inflorescência (polinização cruzada). A polinização somente
pode se processar dessa forma, pois na mesma planta as flores femininas nascem
sempre primeiro na inflorescência e, com isso, quando os grãos de pólen das flores
masculinas estiverem viáveis para a polinização, os ovários das femininas já não
estarão mais receptíveis, por estarem velhos.
As bananeiras de frutos comestíveis, em geral, não produzem grãos de
pólen férteis e os ovários das flores femininas dificilmente podem ser fecundados,
devido a um atrofiamento do estigma que impede a passagem do pólen. Porém, há
casos de não acontecer o atrofiamento e a fecundação poderá se processar
normalmente, surgindo com isso sementes férteis.
O cultivar Gros Michel, por ter o estigma apenas parcialmente atrofiado
pode, com relativa facilidade, vir a produzir sementes pelo que tem sido usado como
“mãe” nos trabalhos de melhoramento.
Em bananeiras, a polinização é realizada apenas nos trabalhos de pesquisa,
uma vez que as bananas se formam naturalmente por partenocarpia.

A polinização é feita retirando-se o grão de pólen fértil de uma flor


masculina (quase sempre selvagem) e depositando-o em uma feminina, que ainda
esteja protegida pela bráctea, o que indica que ela ainda deve estar virgem. Essa
bráctea é levantada para realizar a polinização e, imediatamente, reconduzida à sua
antiga posição e amarrada para evitar a entrada de insetos que possam trazer outros
grãos de pólen. Não há necessidade de reabrir a bráctea depois; com o tempo, ela cairá
naturalmente.
Obter-se-á certeza do sucesso da polinização observando o aspecto do fruto
que, neste caso, deverá ser mais cilíndrico e mais curto. A confirmação de que houve a
polinização somente se terá com a presença das sementes, nos frutos maduros.
As bananeiras selvagens apresentam em média, de 80 a 100 sementes
férteis por fruto. Nos trabalhos de melhoramento, esse número geralmente é bastante
reduzido, dificilmente ultrapassando 5 sementes por fruto.

5.8- Cacho e fruto


O cacho é constituído de engaço, ráquis, pencas de bananas, sementes e
botão floral.

Foto II-7- O cacho pode ter seu peso variando de


alguns quilos a mais de 100 e com número variável
de uma a 600 bananas.
O cacho de banana comestível pode apresentar, ocasionalmente, até 600
bananas reunidas em 20 ou mais pencas, com peso ao redor de 100 kg.
O tamanho do cacho varia segundo o cultivar, o clima, a fertilidade do solo,
os tratos culturais e fitossanitários. Seu formato quase sempre é tronco-cônico, mas há
também o quase cilíndrico.
Medindo-se seu comprimento, apenas na parte em que as pencas de
bananas se inserem, pode-se encontrar alguns com 20 a 30 cm ou até com 200 a 250
cm. Da mesma forma, o diâmetro do cacho varia de 20 cm a até 60 a 70 cm.
As pencas podem estar mais ou menos imbricadas uma sobre as outras,
dando-lhe a aparência de maior ou menor compactação. Essa é uma característica do
cultivar, mas pode ser influenciada pelos fatores ecológicos e nutricionais.
O engaço é o pedúnculo da inflorescência, sendo conhecido como o cabo
do cacho. Ele é a continuação do palmito que, por sua vez, é o alongamento do
cilindro central do rizoma. Ele tem início no ponto de fixação da última folha e
termina na inserção da primeira penca. Botanicamente, é conhecido por pedúnculo da
inflorescência. Ele é revestido por pêlos rudimentares, com comprimento variável,
segundo o cultivar. A forma do engaço sendo de uma bengala, facilita o transporte do
cacho após a colheita. Devido a isso, esse órgão também é conhecido como bengala
do cacho. Dependendo do cultivar, das condições ecológicas reinantes antes do
lançamento da inflorescência, da situação fitossanitária e das fertilizações, a distância
do ápice da alça do engaço até a base da primeira penca, pode variar de quase 0 a mais
de 100 cm. Seu diâmetro é igualmente influenciado pelos mesmos fatores, podendo
oscilar entre os limites de 5 e 15 cm.
A ráquis, continuação do engaço, é definida botanicamente como eixo da
inflorescência, que é onde se inserem as flores. Inicia-se a partir do ponto de inserção
da primeira penca e termina no botão floral. Ela pode ser dividida em ráquis feminina,
ráquis masculina e ráquis hermafrodita, conforme o sexo das pencas das flores que
nela se inserem. À medida que a ráquis se alonga, sua extremidade final fica mais fina,
podendo terminar com apenas 2 cm ou menos de diâmetro.
Entre os bananicultores, a expressão “ráquis” refere-se apenas à parte
masculina deste órgão. Esta parte, também chamada como rabo-do-cacho, pode se
apresentar despida ou não de restos florais e suas respectivas brácteas. O comprimento
total e a sua forma (curvatura) variam segundo o cultivar.
Na extremidade final da ráquis feminina, encontra-se o botão floral
(coração ou mangará) que é o conjunto de pencas de flores masculinas ainda em
desenvolvimento, com suas respectivas brácteas. Pode-se dizer que o coração é a gema
apical de crescimento, modificada, que ganhou o exterior.
Nos cultivares em que as flores masculinas são caducas, após sua
deiscência, aparecem protuberâncias na ráquis masculina denominadas “nó” ou
cicatriz e que correspondem às almofadas atrofiadas das pencas de bananas. A
distribuição e a orientação dessas cicatrizes são as mesmas que ocorreram nas pencas
de bananas.
Simultaneamente, com o início do amadurecimento das bananas, o coração
cessa suas atividades, morre e seca.
A penca (ou “mão”) de banana é o conjunto de frutos reunidos pelos seus
pedúnculos em duas fileiras horizontais e paralelas (Foto II-8). O pedúnculo da banana
pode ter de quase zero mm a cerca de 50 mm de comprimento.

Foto II-8- O número de bananas e pencas variam com o cultivar e os


fatores ecológicos. O pedúnculo do fruto é a parte verde e a almofada,
a enegrecida.
Os pedúnculos das diversas bananas se fundem e formam a almofada, que
se confunde com a ráquis. As almofadas variam seu comprimento segundo o cultivar.
Nas primeiras pencas, elas podem ter até pouco mais de 40 mm. Esse comprimento
sempre diminui nas últimas, podendo chegar a quase zero.
As almofadas se fixam na ráquis sempre em níveis diferentes, seguindo três
linhas helicoidais e paralelas. Partindo da primeira penca para a última (a mais de
baixo), verifica-se que o sentido da linhas é anti-horário, portanto, levógiro.
O número de pencas e bananas é influenciado pelas condições ecológicas,
de fertilidade e sanitárias em que a planta se desenvolveu, porém o potencial genético
do cultivar limita esses números.
O primeiro terço de pencas femininas se forma, em média, uma a cada 24
horas; o segundo leva cerca de 30 horas e o terço final aproximadamente 36 horas.
Implica isto em dizer que em um cacho com 10 pencas, por exemplo, a primeira penca
pode ter se formado de 13 a 15 dias antes da última. Esse tempo aumenta
progressivamente, com o aumento do número de pencas. Durante a formação das
pencas masculinas o tempo continua aumentando sempre, podendo-se ter nas últimas
intervalos superiores a três dias.
Todos esses valores são básicos para as condições de verão do Estado de
São Paulo. Em condições de inverno, eles são muito aumentados e mais ainda, se não
houver irrigação. Em locais mais quentes e úmidos, eles são encurtados.
A banana, também chamada de dedo, é o resultado do desenvolvimento
partenocárpico ou da polinização dos ovários das flores femininas da inflorescência.
Elas são bagas alongadas e triloculares. O pericarpo corresponde à casca e o
endocarpo é a polpa que se come. O pericarpo é constituído do epicarpo, que é a parte
verde; o mesocarpo é a parte brancacenta da casca, na qual se encontram as suturas do
mesocarpo, que são os fios internos da banana. O endocarpo tem no seu interior, as
sementes férteis ou apenas os rudimentos de sementes, que são as pequenas
pontuações escuras junto ao seu eixo central.
As bananas podem ter formatos bastante variáveis, desde retos até curvos
como uma meia lua. Seu comprimento pode chegar a 45-50 cm, com diâmetro de até
quase 10 cm e peso de 2 a 3 kg. A coloração da casca varia da cor palha de milho
passando pela verde-clara, amarela, avermelhada e quase preta. A espessura da casca
oscila de 2 a 10 mm segundo o cultivar, as condições ecológicas e de fertilidade em
que a planta e o fruto se desenvolveram. A polpa também pode apresentar as cores
branca, creme, amarela e rósea.
As bananas podem apresentar duas a quatro linhas de sementes, em cada
um dos seus três lóculos (ou loja). A quantidade de sementes e sua disposição são
caracteres utilizados na classificação botânica (Foto II-9). Suas sementes podem ser
férteis ou abortivas (estéreis). Sua coloração é escura, quase preta.

Foto II-9- Ocasionalmente, qualquer cultivar pode apresentar sementes


férteis, mas as selvagens as apresentam sempre (Foto M. balbisiana).
As sementes férteis apresentam-se revestidas por uma carapaça dura com
dimensões semelhantes às do algodão, enquanto as estéreis se reduzem a pequenas
pontuações. As sementes das primitivas bananeiras tinham até 20 mm de
comprimento; hoje, estão reduzidas para 4 a 5 mm.
Nas bananas comestíveis, as sementes são estéreis e estão sempre na região
central da polpa, onde os três lóculos se encontram e elas se apresentam como
rudimentares pontuações escuras. Elas formam duas ou quatro linhas dentro de cada
lóculo.
As bananeiras produtoras de sementes (as selvagens) não dispensam a
polinização para a formação e desenvolvimento do fruto. Se for impedida a
polinização de sua flor, esta chega intumescer mas algumas semanas depois seca e cai.
Ao contrário das bananas comestíveis, cujas sementes são rudimentares, nas
selvagens elas ocupam quase todo o interior do fruto devido a sua quantidade e
tamanho. Tais sementes são envolvidas por uma massa semelhante à polpa das
bananas comestíveis, a qual é bem mais adocicada e mais gelatinosa.
As bananas comestíveis têm desenvolvimento partenocárpico, portanto, não
produzem sementes. No melhoramento genético, este é um dos pontos difíceis para o
especialista, pois, lançando mão de bananeiras produtoras de frutos com sementes, ele
deverá obter híbridos, cujas frutas não as tenham.

5.9- Dicotomia
É o fenômeno pelo qual a bananeira pode produzir dois ou mais cachos.
Pode ocorrer na gema apical de crescimento, antes ou depois da diferenciação floral.
A dicotomia consiste no fato da gema apical de crescimento, durante o seu
processo vegetativo de multiplicação, dividir-se em duas ou mais partes, mantendo em
cada uma delas a estrutura inicial. Cada uma delas passa a constituir per si, de uma
nova gema apical que se desenvolverá normalmente. Havendo dois ou mais pontos de
crescimento, cada um deles irá formar um novo pseudocaule, que produzirá seu cacho.
Tendo em vista que esse fenômeno pode se repetir em várias ocasiões, é
possível encontrar bananeiras com pseudocaules bifurcados, trifurcados ou mais vezes.
Se a dicotomia ocorrer apenas na inflorescência, haverá um pseudocaule e dois ou
mais cachos. Há casos em que ela se processa mais de uma vez em diferentes épocas,
ficando a planta por exemplo, com dois pseudocaules com um total de cinco cachos
(Foto II-10). Ela pode também ocorrer apenas no rabo do cacho.
Foto II-10- No cultivar São Mateus, a dicotomia ocorre sempre uma ou
mais vezes.
Em cultivares que apresentam a dicotomia, isso acontece freqüentemente,
mais de uma vez na mesma planta, como tem sido observado no cultivar São Mateus,
que é um mutante do ‘São Tomé’. Neste cultivar, esta tara genética se manifesta em
quase 100% das plantas. No ‘Nanica’, é menos freqüente.
Os cachos das bananeiras com dicotomia têm desenvolvimento quase
normal e seus frutos em nada diferem dos demais quanto ao paladar. Havendo
suficiente nutrientes no solo, todas as flores femininas produzirão frutos de aspecto
normal.

5.10- Mudas
O plantio de uma bananeira é, normalmente, feito por meio de uma muda
extraída de alguma outra. A esse tipo de muda dá-se o nome de muda convencional, e
o método é conhecido como via vegetativa ou in vivo.
A multiplicação das mudas convencionais podem ser feitas em viveiros, ou
por um processo mais rápido, a partir do desenvolvimento do meristema das gemas
apicais e laterais de brotação. Este método denominado “tupiniquim”, pode ser feito
em condições de estufa. Nele, não há um perfeito controle da assepsia, conforme
pode-se ver a seguir.
A multiplicação dos meristemas das gemas ou de outras partes (tecidos) da
bananeira também pode ser feita em laboratório de biotecnologia (método in vitro),
onde a assepsia tem que ser absoluta.
A partir de um rizoma com 3 a 5 kg, após 80 a 100 dias, obtém-se cerca de
40 a 60 mudas em condições de plantio definitivo. Na multiplicação in vitro, o tempo
que se gasta para obter o primeiro lote de mudas é, em média, de 8 a 12 meses, porém
a sua quantidade pode chegar a 2.000 a 3.000 mudas a partir de uma gema.
Pelos métodos descritos a seguir, pode-se avaliar perfeitamente que o custo
da instalação do primeiro (estufa) é irrisório, se comparado com o segundo
(laboratório), que pode ser estimado hoje em 200 a 300 mil dólares. A mão-de-obra
utilizada no primeiro requer pouquíssima especialização, enquanto a do segundo é
altamente técnica e especializada. Para o caso de bananeiras, as metodologias
operacionais e de apoio variam até com o cultivar.
Essas duas metodologias possibilitam produzir mudas livres de nematóides,
insetos, fungos e bactérias. Entretanto, nenhuma delas consegue eliminar a presença
dos vírus que a muda contenha. Há autores que informam que o vírus do CMV foi
eliminado através do cultivo in vitro, o que nem sempre ocorre.
Em termos de pesquisa, para obter novos híbridos utilizam-se sementes.

5.10.1- Seleção do bananal fornecedor de mudas


Em vista do bananicultor não querer pagar o real valor de uma muda, não
tem aparecido o viveirista de mudas de bananas e com isso ele aceita qualquer uma
para iniciar seu plantio.
É importante que esse setor se forme, para que haja uma melhoria da
fitossanidade das mudas e assim, das plantações. Não se plantando uma muda
saudável, não se pode ter um bananal produtivo.
Diante dessa realidade, o produtor deve observar alguns aspectos de muita
relevância, quanto ao bananal fornecedor de mudas para os novos plantios,
principalmente em se tratando de áreas virgens, as quais mereceriam receber somente
mudas produzidas por biotecnologia.
a) Vírus - Fazendo-se um exame no cartucho ou mesmo na vela da planta
“mãe” ou dos “filhos” maiores, é possível constatar se a “família” está ou não
infectada por vírus. Sendo positivo, toda a esta “família” deve ser sistematicamente
refugada. O ideal seria fazer-se seu PCR (ver Cap. XI-1).
b) Hematóides - Um exame visual do sistema radicular permite avaliar se
há ou não nematóides parasitando a planta. Este cuidado pode evitar que o produtor
tenha de combater os nematóides o resto da vida do bananal, tendo despesas com
mão-de-obra e na aquisição de nematicidas, que poderiam ser evitadas. Mudas com
nematóides nunca devem ser plantadas. A despeito disso, é imprescindível um
rigoroso combate preventivo, antes do transporte da muda para o local de plantio.
c) Broca-das-bananeiras - Uma inspeção interna nos rizomas das plantas
que já produziram recentemente permite uma boa avaliação quanto à presença ou não
do indesejável “moleque”. Os cuidados são os mesmos recomendados para os
nematóides.
d) Mal-do-panamá - É preciso que se faça cuidadosa inspeção nas partes
internas do rizoma, no plantio de cultivares suscetíveis a esse fusário, como é o caso
do cultivar Maçã. O melhor é inspecionar todas as mudas, independentemente da sua
idade, o que implica dizer que, no plantio desses cultivares, só se deve usar mudas do
tipo pedaço de rizoma. Encontrando-se uma muda com sintomas, todo o lote se torna
imprestável para extração de mudas. Nos demais cultivares não há necessidade de tal
rigor. O mais recomendável é plantar mudas de laboratório.
e) Moko - Ao preparar mudas em regiões onde já foi constatada a presença
de moko, o cuidado na seleção das bananeiras é da mais alta importância. Se houver
um foco de moko nas proximidades, é preferível ir buscar mudas de um outro bananal,
distante no mínimo, 5 km. Este cuidado se prende ao fato de que, eventualmente, pode
haver outros focos da moléstia ainda não detectados, por estar em processo de
incubação. Nessas áreas, o mais recomendado seria realmente, a aquisição de mudas
certificadas, produzidas por viveiristas credenciados ou aquelas produzidas em
laboratório.
f) Cultivares - É outro fator a ser considerado, pois a mistura de cultivares
poderá trazer complicações, principalmente se eles forem de diferentes portes ou
comportamentos quanto às enfermidades, como por exemplo as sigatokas. A
uniformidade do cultivar dentro da mesma área ou quadra deve ser rigorosamente
observada.
g) Porte - Deve-se optar, sempre que possível, por cultivares de porte baixo
dentro do grupo genético que se pretende plantar. Deve-se ter este cuidado pelo fato
dos ventos causarem grandes prejuízos nas plantações de porte mais alto. Os tratos
culturais e o manejo dos cachos, nessas plantações, também são mais difíceis de
realizar.
h) Produtividade - Sem dúvida alguma, a capacidade genética de produção
do cultivar escolhido é um aspecto que não pode ser esquecido.
i) Fatores morfológicos - Vários fatores que são característicos do cultivar
devem ser levados em conta, tais como: relação entre comprimento e largura da folha;
angulosidade da folha (que influi na densidade de plantio); curvatura dos frutos
(pensando-se no tipo da embalagem da fruta); tipo do rabo-do-cacho, quando procurar-
se-á saber se é limpo ou sujo, devido a problemas com a traça-das-bananeiras e o
moko; nível da emissão dos rebentos (afloramento do rizoma); vigor na emissão de
rebentos (desbastes); etc.

5.10.2- Muda convencional ou in vivo


A muda convencional é formada por um rizoma ou uma parte dele, com um
pedaço maior ou menor de pseudocaule. Desse rizoma, uma ou mais gemas (apical ou
laterais) irão brotar e cada uma produzirá uma nova bananeira.
Para melhor entender a origem e a formação da muda, é oportuno fazer um
retrospecto da descrição morfológica do rizoma.
Em síntese, conforme foi esclarecido no item 5.3, a gema apical de
crescimento gera simultaneamente, uma folha e uma gema lateral de brotação. Esta é
inicialmente, visível apenas com auxílio de uma lente de aumento. Os arcos de
círculos formados pela base da bainha da folha sobre o colo do rizoma, vão crescendo
com o passar do tempo e, com isso, aumentando seu diâmetro. Nesse processo de
desenvolvimento, o pequeno cone foliar gerado vai aumentando de tamanho, assim
como a gema lateral de brotação. Com o tempo, a diminuta gema se intumesce e vai
progressivamente chegando mais próximo da parte exterior do rizoma. Antes que isso
aconteça, ela já se estruturou como um botão cônico, que tenta romper as bainhas
correspondentes às folhas, anteriormente geradas. Com isso, a gema lateral produz
uma protuberância conhecida como olhadura ou mamica.
Havendo em todas as folhas uma gema lateral, pode-se dizer que
teoricamente, a bananeira tem possibilidade de desenvolver tantas olhaduras quantas
for o número de folhas que ela produz. Entretanto na prática, apenas as folhas mais
velhas têm suas gemas intumescidas. Se é fato que uma bananeira ‘Nanicão’ pode
gerar 40 folhas, ela deveria produzir igual número de olhaduras, mas, em geral, isso
ocorre com apenas 40% delas. Mesmo assim, esse porcentual de brotação somente
acontece quando se implanta o bananal. A medida em que a “família” vai ficando mais
velha, há grande perda de seu vigor e essa porcentagem sofre diminuição,
reduzindo-se a 10% ou menos.
Tais olhaduras desenvolvendo-se, produzem um rebento que é uma muda.
Examinando-se o colo da bananeira, verifica-se que, no ponto onde se daria
a união do arco de círculo da base de cada uma das bainhas das folhas, encontra-se a
gema lateral de brotação. Esta localização corresponde exatamente no lado oposto ao
da abertura da folha.
As folhas da bananeira desabrocham uma de cada vez, em posição quase
diametralmente opostas uma a outra. Em média, o ângulo formado entre uma folha e a
outra imediatamente mais nova, em planta saudável, é aproximadamente de 154° no
sentido horário.
Traçando-se círculos concêntricos com diferentes diâmetros, que
correspondam aos arcos de círculos de fixação das bainhas das folhas e assinalando-se
neles as gemas laterais de brotação, ter-se-á a Figura II-4, onde é possível determinar
o ângulo entre duas gemas.
Figura II-4- Corte esquemático de um rizoma visto do alto,
contendo no centro a gema apical de crescimento.
Os números representam a localização das gemas laterais de brotação.
Ligando por uma linha pontilhada, como está na Figura II-4, as gemas de
número ímpar e da mesma forma, as de número par, começando pelas mais externas,
verificar-se-á a existência de duas linhas em espiral que terminam no centro da figura,
local onde está a gema apical. Observando-se do alto as folhas da bananeira,
verifica-se que essa disposição das espirais também se repete com as folhas.
Traçando nessa figura raios que passem por todas as gemas laterais de
brotação, obtêm-se ao todo sete raios que formam entre si um ângulo de 51°
aproximadamente. Isso evidencia a possibilidade teórica da divisão de um rizoma,
antes da diferenciação floral em sete pedaços, ficando cada um deles pelo menos com
uma gema lateral de brotação.
Essas gemas que eram quase imperceptíveis, logo depois de geradas, em
pouco tempo começam a ter as mesmas funções de uma gema apical de crescimento.
Estando nestas condições, seccionando o rizoma em pedaços e os
plantando, essas gemas já tem possibilidades de se desenvolver e de formar cada uma
delas, uma nova planta.

5.10.2.1- O preparo e os tipos de mudas convencionais


Os vários tipos de mudas convencionais podem ser classificados em apenas
dois: rizomas inteiros e pedaços de rizoma.
5.10.2.1.1- As mudas rizoma inteiro
As mudas rizoma inteiro, principalmente quando novas, tem sempre suas
folhas bem estreitas, lanceoladas, pelo que também são chamadas de espada ou
baioneta.
Essas folhas são atrofiadas devido às toxinas que a planta “mãe” lança
sobre seus filhotes, para que eles não desenvolvam suas partes aéreas. Dessa forma, os
“filhotes” não realizam nenhuma síntese metabólica. Por outro lado, a “mãe” permite
que seu rizoma cresça, bem como seu sistema radicular, uma vez que ele estará
ativamente trabalhando na captação de nutrientes para ela. É por isso que os rebentos,
ainda com folhas tipo espada, tem um rizoma desproporcional à sua altura.
Há alguns “filhotes” que, por algum motivo, sofrem um trauma no cordão
umbilical, que reduz ou interrompe as trocas metabólicas entre eles e a “mãe”. Esse
trauma pode ser causado por uma ferramenta ou mesmo por insetos ou nematóides.
Dessa forma, eles não recebem as toxinas inibidoras de crescimento das folhas, nem as
outras que estimulam apenas o desenvolvimento de seu rizoma e suas raízes.
Em face dessa situação, esse rebento cresce como se fora uma muda
plantada e, como tal, ela tem que processar seu próprio metabolismo. Sendo isso
realizado pelas folhas, nesses “filhotes” elas se apresentam muito expandidas no
sentido de sua largura, como se fora uma planta adulta. Esse tipo de muda é chamado
guarda-chuva ou orelha-de-elefante ou ainda, muda d’água (Foto II-11).

Foto II-11- Nas primeiras folhas da muda “guarda-chuva”, por não haver
trocas de hormônios entre ela e a “mãe”, a antocianina se manifesta.
As mudas rizoma inteiro são obtidas, geralmente, de bananais em produção.
Não é recomendável que esse tipo de muda seja arrancado de bananais que ainda não
sofreram a primeira colheita, pois isto provoca grande tombamento das plantas
“mães”.
Isto se prende a dois aspectos práticos:
1º) O arrancamento provoca grandes danos no sistema radicular da “mãe”,
deixando-a descalçada e, com isso, favorece seu tombamento, uma vez que ela não
terá tempo para reconstituir seu órgão de sustentação. A maior porcentagem de plantas
que caem são aquelas já com cacho;
2º) Nos bananais novos, os “filhotes” estão a maiores profundidades,
exigindo, por conseguinte, mais mão-de-obra para seu arrancamento.
Há apenas duas formas de se obter mudas rizoma inteiro:
a
1 ) Arrancando com o enxadão ou a chibanca (Foto II-12) toda a touceira e
depois, com uma ferramenta cortante que é geralmente um facão, separa-se o “filhote”
do rizoma da “mãe”, seccionando-se seu cordão umbilical;
a
2 ) Abrindo-se uma vala ao lado da planta “mãe” e, depois, com uma vanga
reforçada (Foto II-12A), secciona-se o cordão umbilical de cada filhote. Uma vez feita
essa extração do “filhote”, deve-se fechar a vala aberta com terra bem socada, para
reduzir os possíveis tombamentos dessa planta.

Foto II-12- Eliminando a parte cortante da chibanca, ela se torna mais


eficiente para o arrancamento das mudas e é mais resistente por ter
o cabo mais grosso que o enxadão.
Foto II-12A- Uma vanga reforçada e estreita facilita o arrancamento
dos “filhotes”.
A muda rizoma inteiro pode também ser obtida em viveiros. O método de
sua extração é o mesmo.
Uma vez arrancado o “filhote” ou a touceira da bananeira, faz-se o
desligamento de todos os rebentos que ela possua e se processa a eliminação de todas
as suas raízes com um facão. Isto não causará problemas, pois as raízes das bananeiras
não rebrotam mais depois de cortadas; outras novas se formarão em substituição a
elas.
A seguir, com um facão bem afiado, faz-se um “escalpelamento”
(descascamento) do seu rizoma (Foto II-13), quando então são eliminadas todas as
suas partes escuras, tanto na região cortical externa como no seu cilindro central, as
quais são causadas por nematóides e ou a broca-das-bananeiras.
Foto II-13- A muda rizoma inteiro deve ser “escalpelada”
com um facão de modo a eliminar todos os pontos escuros.

Esta limpeza externa do rizoma deve ser feita sobre uma superfície limpa,
como uma mesa ou um caixão. A cada rizoma trabalhado, deve-se remover com o
dorso do fação todos os resíduos produzidos em cima dessa superfície. É uma limpeza
grosseira dessa “mesa de cirurgia”, porém importante para se reduzir re-infestações
dessas pragas.
Nessa operação de escalpelamento, é preciso eliminar por completo, todo e
qualquer tecido que esteja escurecido (necrosado), ainda que seja necessário
aprofundar esse descascamento e, com isso, reduzir-se muito o tamanho desse rizoma.
Enquanto houver manchas escuras, continua-se realizando o escalpelamento. Caso o
rizoma fique muito pequeno, deve-se descartá-lo.
Os pseudocaules dos “filhotes” com folhas lanceoladas, depois de
devidamente escalpelados, devem ser aparados um pouco abaixo de sua roseta foliar,
de modo a eliminá-la por completo. Assim, haverá “filhotes” com várias alturas,
segundo o seu tamanho inicial.
As mudas “guarda-chuva” também terão seus rizomas escalpelados e seus
pseudocaules aparados da mesma forma.
O corte feito na roseta elimina todas as folhas, evitando assim que venham
a ser queimadas pelo sol. Dessa forma a muda recomeça sua brotação apical mais
facilmente.
A conservação desse toco de pseudocaule proporciona maior hidratação ao
rizoma, que facilita o desenvolvimento inicial de suas raízes mais rapidamente.
Tradicionalmente, por uma questão de maior facilidade de manuseio e
transporte da muda, o produtor tem o hábito de podar seu pseudocaule a poucos
centímetros acima de sua gema apical de crescimento.
Em face do exposto e procurando-se uma medida conciliatória, o mais
recomendável é que se corte o pseudocaule tomando por base as alturas seguintes,
medidas a partir do rizoma:
mudas com menos de 20 cm ...rebaixar o pseudocaule para 10 a 15 cm;
mudas com até 30 cm ............. .rebaixar o pseudocaule para 20 a 25 cm;
mudas com até 50 cm .............. rebaixar o pseudocaule para 25 a 30 cm;
mudas com até 100 cm ............ rebaixar o pseudocaule para 60 a 70 cm;
mudas com altura igual ou maior do que 130 cm terão o pseudocaule
aparado a 90 a 100cm;
mudas “guarda-chuva” terão o pseudocaule aparado a 50% de sua altura.
Conforme seja o peso que essas mudas tenham ficado depois de
escalpeladas e aparadas, elas recebem as seguintes denominações:
a- chifrinho ou filhote até 1.000 g;
b- chifre de 1.000 a 2.000 g;
c- chifrão de 2.000 a 3.000 g;
d- muda alta ou replante de 3.000 a 5.000 g;
e- muda pau de lenha mais de 5.000 g.

As mudas “guarda-chuva” serão enquadradas nessa tabela, segundo seu


peso, pois elas também são rizoma inteiro.

Foto II-14- Muda chifrinho, chifre, chifrão, alta e pau de lenha, da direita
para a esquerda.

É certo que as mudas rizoma inteiro têm seu desenvolvimento tanto mais
rápido quanto maior for seu peso, pois seu aumento indica também maior idade. Os
tipos c, d e e, quase sempre dispensam a operação de replantio, uma vez que a
porcentagem de falhas é desprezível.
Há ainda a se considerar um outro tipo de muda, que seria o “pau-de-lenha”
com um pequeno “filhote” agregado. É uma muda excelente, que só pode ser usada se
for produzida em viveiro, pelo próprio plantador. É uma muda difícil de ser
manuseada e impossível de se fazer um bom tratamento fitossanitário.

5.10.2.1.2- A muda pedaço de rizoma


Ela recebe várias designações regionais: muda pedaço, talhada, cepa, cará,
olhadura, batata, etc.
A muda pedaço de rizoma é usualmente preparada da seguinte forma:
inicialmente, tanto as bananeiras que emitiram inflorescência como as outras mais
jovens, são arrancadas. Depois de devidamente separados todos os rizomas e aparadas
suas raízes, se efetuará um completo escalpelamento em seu rizoma, como no caso da
muda rizoma inteiro. Em seguida, faz-se um corte transversal no seu pseudocaule, à
altura de 8 a 12 cm acima do colo do rizoma, para separar estas duas partes. Um outro
corte deve ser feito na parte mais inferior do rizoma, transversalmente ao seu
comprimento e distante 5 a 10 cm (dependendo do tamanho do rizoma) do ponto de
inserção da bainha mais externa. Esse corte elimina o fundo da meia esfera, que é o
rizoma. Com isso, tem-se um grande disco, que é composto do rizoma com suas gemas
e pedaços de bainhas que estão fixadas nele.
Retalhando-se radialmente esse disco, obtêm-se pedaços com a forma de
uma cunha, que são as mudas (Foto II-15 e Foto II-16). Deve-se cuidar para que a
gema lateral de brotação mais visível fique no centro da parte externa da primeira
cunha que se vai fazer. Levando em conta que teoricamente a cada 51° haverá uma
outra gema, os demais cortes devem acompanhar esse compasso (ver Figura II-4).
Entretanto, na prática, isso não pode ser feito em todos os rizomas, pois muitas vezes
ele é pequeno e produziria mudas com peso muito reduzido.

Foto II-15- O rizoma escalpelado e já banhado no hipoclorito é dividido


em pedaços. Na foto, é possível ver que sua cor branca interna não foi
afetada.
Foto II-16- A muda pedaço de rizoma tem seu peso
variando conforme o cultivar. No vértice da bainha,
pode-se ver uma gema lateral intumescida.
As mudas tipo pedaço de rizoma devem ter peso aproximado de:
a) 800 g quando obtidas de rizomas que ainda não tenham
florescido;
b) 1.200 a 1.500 g quando obtidas daqueles que já frutificaram.
Esses pesos são válidos para mudas de cultivares do subgrupo Cavendish,
devendo ser elevados em 30 a 40% para os do subgrupo Prata e Terra.
Para obter mudas com os pesos acima citados é necessário que o disco do
rizoma, depois de pronto, tenha no mínimo 1.500 g. Rizomas menores podem ser
retalhados, pois é certo que eles tem mais de uma gema lateral de brotação, mas suas
reservas são pequenas e a porcentagem de falhas, após o plantio, é muito grande.
Na falta de mudas, pode-se utilizar rizomas menores e também reduzir seu
tamanho. Neste caso, é recomendável que se faça a sua ceva, em canteiros
especialmente preparados para isso.
Uma simples olhadura que cada pedaço de rizoma tenha é suficiente para
formar a bananeira depois de algum tempo.
É boa prática e economicamente recomendável plantar a muda pedaço de
rizoma em sacos de plástico e não diretamente no campo. Este método possibilita que
se mantenha essa muda por quase 60 dias em condições de telado (ou ripado), onde se
pode dar-lhe maior atenção no que diz respeito à irrigação e protegê-las de insetos.
Dessa forma, evitam-se despesas com carpição e irrigação em toda a área de campo.
Os sacos de plástico de 5 a 8 litros com paredes de 0,6 mm, deverão ser
cheios com terra esterilizada com brometo de metila, na dosagem de 160 ml/m³ de solo
úmido.
A esterilização da terra começa peneirando-se o volume de 50 latas de 20
litros de terra, ao qual se adiciona 300 litros de esterco de curral bem curtido. Na sua
falta, pode-se adicionar 80 litros de esterco de galinha ou 15 litros de torta de mamona.
Essa terra deve ser mais arenosa do que argilosa. Na sua falta, pode-se misturar um
terço de areia grossa ou restos de casca de arroz ou mesmo café. Esses ingredientes
têm a função de deixar a terra mais arejada. Depois de bem misturados deve-se
peneirar toda a mistura para eliminar torrões e raízes. Em seguida, a mistura de terra
deve ser apenas umedecida. No dia seguinte, com um cabo de vassoura, faz-se vários
furos no monte, nos quais se vai introduzir o gás de brometo de metila e como este é
altamente tóxico, deve-se imediatamente cobrir todo o monte com uma camada de 10
cm de capim seco, que, por sua vez, será coberto com uma manta de plástico. Para
evitar vazamento do gás, nos bordos da manta, deve-se colocar uma camada de terra.
A terra tratada deve ficar coberta por um período mínimo de 48 horas, sendo desejável
o dobro desse tempo. Após uma semana da retirada da manta de plástico, toda a terra
tratada deve ser peneirada novamente, para eliminar o resto dos gases ainda existentes.
Posto isso, pode-se fazer o enchimento dos sacos, seguido de imediato plantio das
mudas.
Ao se fazer o plantio da muda pedaço de rizoma no saco de polietileno, ela
será colocada na mesma posição em que estava na planta de onde foi retirada. Sua
localização no saco será tal que a parte interior central do rizoma fique encostada em
um dos lados. Desse modo se coloca a gema lateral de brotação voltada para o centro
do saco. Este cuidado é para orientar o plantador quando for realizar seu plantio no
campo, quanto a sua posição de brotação, a qual definirá o sentido de caminhamento
da futura “família”. A seguir, ela será completamente coberta com terra solta
esterilizada, até completar cerca de 5 cm de altura.
As mudas já plantadas devem ser postas para desenvolver dentro de uma
tenda feita com tela tipo sombrite, fechado dos lados e por cima também, com 1,80 a 2
m de altura. Os sacos devem ser colocados dentro dessa tenda formando canteiros com
100 a 120 cm e com comprimento livre. Essa limitação quanto a largura é para facilitar
a movimentação dos sacos plásticos. Esse cuidado visa proteger a muda de insetos
cortadores e, principalmente, contra aqueles que são vetores de vírus.
Logo após o plantio, as mudas devem ser irrigadas abundantemente e
normalmente em cada uma das três semanas seguintes, apenas uma única vez na
semana. O excesso d’água pode matá-las. Tendo elas emitido o seu primeiro folíolo,
deve-se irrigar de modo a manter a terra apenas úmida..
Tendo a muda emitido seu primeiro par de folhas normais, deve-se
aumentar, progressivamente, o espaçamento entre elas, para facilitar seu
desenvolvimento, evitar que fiquem pernaltas e também impedir que as raízes
penetrem no chão. Como padrão de referência, pode-se dizer que, nessa ocasião, as
mudas devem ser afastadas umas das outras, na distância correspondente a um caibro
de madeira de 6 x 6 cm.
Simultaneamente com a mudança de local, inicia-se a aplicação de 5 g de
sulfato de amônio em cada muda e a cada 20 dias.
As mudas deverão ser aclimatadas para céu aberto, 10 dias antes da data de
seu plantio, o que deve acontecer quando elas já estiverem com 4 a 6 folhas formadas.
É recomendável que elas não sejam irrigadas nas 48 horas que antecedem seu plantio
no campo. Isto evita que seu torrão de terra se parta e danifique as raízes durante seu
transporte.
Essa prática é válida também para as mudas de pequeno porte tais como a
chifrinho, chifre e as que foram cevadas. Para as demais, o tamanho do saco que se
teria de usar e, conseqüentemente, o volume de terra a ser gasto, poderia tornar esta
recomendação pouco econômica.

5.10.2.2- Tratamento da muda convencional


O tratamento da muda consta de duas fases a saber:
a) As mudas rizoma inteiro terão suas raízes e os tecidos necrosados
totalmente eliminados com o facão (ver Foto II-13);
b) As mudas rizoma inteiro terão somente seus rizomas mergulhados por
apenas 3 a 5 minutos em uma solução a 1% de hipoclorito de sódio, que pode ser
preparada a partir de uma boa água sanitária como a “Cândida” ou a “Q-boa”, que
contém no mínimo 2 % desse produto. Essa solução é obtida misturando-se um litro da
água sanitária com um litro d’água. Ela também pode ser obtida diretamente do
hipoclorito de sódio, que é vendido no comércio para limpeza de piscinas, com
diferentes concentrações. Deve-se mergulhar as mudas apenas durante as primeiras
duas horas de preparo da solução, devido às perdas por volatilização. Outra indicação
de que a solução precisa ser substituída é quando se verificar que a muda não está mais
ficando com o seu rizoma amarelado, depois de alguns minutos de ter sido mergulhada
(Foto II-17).

Foto II-17- No tratamento da muda, apenas seu rizoma já escalpelado


é banhado no hipoclorito, o que o torna amarelado.
As mudas inteiras, somente após terem sido banhadas no hipoclorito de
sódio serão transformadas em mudas pedaço de rizoma. Esse procedimento dispensa
qualquer outro tratamento na muda pedaço de rizoma. Banhando-se os pedaços de
rizoma na solução, haverá queima das gemas laterais e, conseqüentemente, a
porcentagem de mudas mortas será quase de 100%.
Qualquer tipo de muda assim tratada dispensa o tratamento na cova, salvo
em casos especiais, que serão definidos na oportunidade.

5.10.3- Multiplicação pelo método “tupiniquim”


Conforme foi comentado, esse método não exige uma assepsia completa, o
que o torna possível de ser utilizado em nível de produtor.
Uma vez selecionada a planta fornecedora de mudas do cultivar que se
pretende multiplicar, arrancam-se seus rebentos e, depois de uma completa eliminação
apenas de suas raízes, apara-se seu pseudocaule na altura de 20 a 25 cm para os
“filhotes” maiores (3 kg), e 10 a 15 cm para os menores (2 kg). Mudas maiores ou
menores do que estas não devem ser utilizadas nesse método de multiplicação, assim
como as tipo pedaço de rizoma.
As mudas, depois de lavadas, terão somente seus rizomas mergulhados por
1 a 2 minutos em solução de hipoclorito de sódio a l%. Depois de secas, cada uma será
plantada em um saco de plástico (ou um balde) com 5 a 8 litros de terra esterilizada.
Após o plantio, cada muda deverá ser irrigada com cerca de 200 a 300 ml, de uma
solução contendo nematicida sistêmico a 0,2%, de produto comercial 5 G. Regas
devem ser repetidas sempre que houver necessidade, porém usando-se água pura.
Objetivando criar condições semelhantes a uma estufa (na sua falta),
deve-se vestir um saco de plástico incolor e transparente sobre o balde com a muda,
deixando sempre um espaço livre de 15 a 20 cm acima dela. Este deve ser amarrado no
balde para evitar evaporação.
Decorridos 30 a 60 dias do plantio, quando as mudas já estarão enraizadas,
deve-se aparar completamente o seu pseudocaule, reduzindo-o para apenas 1 a 2 cm
acima do seu colo. A gema apical, assim como todas as laterais que estejam
intumescidas, deverão ter seu topo cortado em cruz de modo perpendicular a ele e de
forma superficial (1 a 2 mm), com uma lâmina gilete, cuidando-se para atingir apenas
a sua ponta.
Em cada uma dessas gemas cortadas forma-se um calo meristemático,
dando início ao desenvolvimento de pequenos “bulbinhos”, que ao atingirem uma
altura de 4 a 8 cm, serão cuidadosamente retirados com um bisturi ou canivete de
enxertia, desinfetado ou simplesmente flambado. Eles serão plantados em copos de
plástico de 500 ml, perfurados no fundo, os quais foram cheios com terra esterilizada
ou vermiculita. Mesmo trabalhando-se dentro de estufa, para evitar a desidratação
desses tenros rebentos, recomenda-se para sua maior proteção, que se vista o copo e a
muda com um saco de plástico transparente e incolor, bem justo, sem que haja contato
entre ele e a muda.
Sempre que se perceber que o ambiente dentro do saco plástico não é de
100% de umidade, a muda deve ser irrigada.
Quando ela já estiver bem desenvolvida, com um mínimo de duas a quatro
jovens folhas abertas, faz-se seu transplante para um recipiente maior, com 3 ou mais
litros de terra. Em seguida, a muda será colocada numa tenda feita com sombrite,
descrita anteriormente, para completar seu desenvolvimento.
O número de mudas produzidas por esse método varia segundo o cultivar, o
vigor que tinha o rizoma escolhido e sua idade. Quanto mais próximo o rizoma estiver
da sua diferenciação floral, maior será o número de mudas produzidas.

5.10.4- Multiplicação em laboratório ou in vitro


A cultura de tecidos e de meristemas em bananeiras foi iniciada em 1972, e
é ainda objeto de estudos em laboratórios de pesquisas. O método padrão para esse fim
ainda tem sofrido muitas modificações. A muda produzida por este sistema é
conhecida como muda de laboratório ou por biotecnologia, ou ainda, por cultivo in
vitro.
A grande limitação para a vulgarização do uso da muda de laboratório tem
sido o aparecimento de elevado número de plantas diferentes do cultivar padrão,
chegando algumas vezes a 30%. Isto é conhecido como variação somaclonal, que pode
consistir no aparecimento de uma simples diferença na coloração das folhas, como
cachos aleijados ou até mesmo plantas que não produzem o cacho. Como o
desenvolvimento de um bananal é sempre por multiplicação vegetativa, pode-se
avaliar a desuniformidade que isso pode ocasionar em plantio comercial.
Resultados de pesquisas já concluíram que a principal causa dessa variação
é o número de vezes que o material foi multiplicado, tendo ficado evidente que ele não
deve ultrapassar a 5, sendo melhor que seja somente 3.
Entre os diversos casos ocorridos no Estado de São Paulo, têm-se aquele
havido com um laboratório inidôneo que forneceu a uma cooperativa, cerca de 100 mil
mudas, as quais apresentaram variação somaclonal, constatada por este autor, como
superior a 80%.
Para evitar que fatos como esse venham a se repetir, é prudente que o
produtor ao adquirir mudas de laboratório, exija do fornecedor um atestado de que a
variação somaclonal não será maior do que 3%. Porém, para o produtor, o desejável é
que não haja variação alguma.
Entretanto para fins de pesquisas, a variação somaclonal pode ser uma fonte
de criação de novos cultivares, pois, eventualmente, pode aparecer alguma planta com
característica interessante como diminuição de sua altura, um paladar melhor ou
mesmo uma resistência a algum inimigo das bananeiras.
Determinados cultivares, como por exemplo o ‘Enxerto’, ao ser
multiplicado em laboratório, por vezes, retorna ao seu ancestral ‘Branca’ ou evolui
para o ‘Pacovan’.
Conforme foi dito na introdução da produção de mudas, não se deve
esperar que, por meio da cultura de tecidos, seja possível obter mudas livres de vírus.
Por esse motivo, após a seleção do material, é necessário fazer um teste serológico (ou
o PCR) para verificar sua sanidade. No que se refere as demais pragas e doenças,
tem-se absoluta certeza da sua eliminação.
O laboratório produtor de mudas deve ter um banco de matrizes
devidamente indexado, para evitar que plantas infectadas com vírus venham a ser
multiplicadas. A indexação deve ser feita nesse banco no mínimo duas vezes por ano,
sendo desejável que se fizesse antecipadamente a cada coleta de mudas. O teste
serológico ELISA tem o rigor de segurança de 99,34%, enquanto o PCR é de 100%
(Cap. XI-1.1).
A cultura de tecido permite usar qualquer parte da planta. No caso da
bananeira só se obteve resultado, até agora, a partir do eixo da inflorescência jovem,
de gemas florais e da polpa da banana. Neste caso, é mais fácil a partir dos frutos mais
maduros do que nos mais jovens (recém-granados). Há notícias também de sucesso no
uso de pedaços de lóbulos foliares. Não se obteve resultado dos óvulos, inflorescência
não emergida, bainhas, rizomas e raízes.
A produção de mudas in vitro somente pode ser feita em laboratório onde
haja um mínimo de condições para isso. O ambiente tem que ser o mais estéril
possível, sendo necessário que o ar seja filtrado, as capelas com fluxo de ar laminar
contínuo, a temperatura controlada as 24 horas do dia, as salas de crescimento dos
explantes com luz, temperatura e umidade controladas, o que torna necessário a
existência de um grupo gerador de eletricidade para suprir eventuais faltas, e as mesas
de serviço devem ser de fórmica. Entretanto, o mais importante é a existência da mão
de obra especializada.
Indiscutivelmente, para que o investimento em um laboratório seja rentável,
é preciso ter uma produção de, no mínimo, 500 mil mudas por ano, o que envolve não
menos do que 30 pessoas trabalhando no laboratório e nas estufas.
O ritual da produção de mudas in vitro segue uma seqüência de operações
onde se usam vários produtos. Estes e suas dosagens ainda são objeto de estudos e
“segredos tecnológicos” dos laboratórios comerciais.
Basicamente, a produção de uma muda em laboratório é a seguinte:
a) Retira-se de uma touceira do banco de matrizes uma muda chifre ou
chifrão, cujo peso deve ser de 2 a 3 kg, sem ter sido ainda escalpelada;
b) Quanto mais rapidamente for possível fazer a limpeza de suas raízes,
melhor serão os resultados. Em seguida retiram-se todas as bainhas mais externas até
reduzir seu peso a 50 a 100 g. Isto deve ser feito sobre uma mesa, em ambiente aberto
(Foto II-18).
Foto II-18- O rizoma é reduzido, drasticamente, para poder completar sua
toalete.
c) A muda é levada para o laboratório onde, na capela com fluxo laminar de
ar, completa-se a retirada das bainhas. À medida em que se processa esta operação,
procede-se a lavagem do que sobrou dela, em água destilada e esterilizada e também
em uma solução de hipoclorito de cálcio, para eliminar todos os organismos
patogênicos aí existentes;
d) O ápice caulinar é o que sobrou da muda, após a sua redução completa.
Ele é composto de 2 a 3 mm de rizoma e 3 a 4 mm de bainhas (Foto II-19). Esse ápice
também pode ser preparado a partir de gemas laterais bem intumescidas.

Foto II-19- Na foto, um ápice caulinar contendo o


meristema de crescimento, com tamanho ainda
3 vezes maior do que o usado como explante.
e) O ápice caulinar, assim reduzido, é chamado de explante. Ele é então
introduzido em um frasco de vidro, onde existe um meio de cultura específico, o qual
varia na sua composição e concentração segundo o cultivar que está sendo
multiplicado, com a época do ano, com o tamanho do rizoma, etc. O explante, antes de
ser colocado nesse meio de cultura, deve ser cortado em cruz no seu topo,
verticalmente, de modo a quase atingir o rizoma, mas sem o fazê-lo. Esse corte é feito
para provocar o aparecimento de pequenas protuberâncias como reação do tecido, as
quais, ao crescer, se transformam em “bulbinhos”.
f) Os vidros com os explantes serão tampados com um filme transparente
(Foto II-20) e adesivo de PVC e colocados em prateleiras com iluminação artificial e
temperatura controlada. Os parâmetros usados como limites para esses dois fatores
variam segundo os diferentes laboratórios. Nessa fase, se o explante estava
contaminado ou se houve contaminação no meio de cultura, aparece uma infecção e o
vidro é sumariamente descartado (Foto II-21).

Foto II-20- Os explantes são plantados em vidros com meio de cultura.


Foto II-21- Nas prateleiras, os vidros são mantidos sob iluminação por
cerca de 20 h/dia, com temperatura e umidade controladas.
g) Os “bulbinhos” tendo se formado (Foto II-22), podem ser
individualizados e postos para crescer em um tubo de ensaio ou em um vidro igual ao
que se colocou o explante. Esse “bulbinho”, devido aos hormônios de crescimento que
recebe, continua se multiplicando e acaba por produzir vários deles. Esses hormônios
envolvem o ácido naftaleno-acético (ANA), ácido indolbutírico (AIB), ácido
indolacético (AIA), açúcares, proteínas, sais minerais, vitaminas, etc.

Foto II-22- Os “bulbinhos” são retirados dos explantes e plantados nos


tubetes das bandejas com vermiculita.
h) Os “bulbinhos” que estiverem com 2 a 5 cm de altura são retirados desse
meio de cultura e plantados em bandejas, onde existem tubetes, previamente enchidos
com vermiculita. Nessa ocasião, eles são transferidos para a casa de vegetação, onde a
umidade é mantida ao redor de 90%. A temperatura e a circulação do ar são
controladas por meio de ventiladores insufladores ou exaustores (Foto II-23). Nesse
ambiente, eles crescem e, tendo formado duas folhas, serão entregues ao produtor para
plantio no campo ou em sacos plásticos com 3 a 5 litros, cheios de terra (Foto II-24).
Foto II-23- As bandejas são levadas às estufas para as mudas
completarem seu desenvolvimento.

Foto II-24- Muda pronta para ser plantada no campo


ou em sacos de plásticos. O tempo entre coletar a
muda no jardim de matrizes e se obter uma muda
com essa idade varia de 6 a 8 meses.
As mudas produzidas em laboratório são indicadas para plantio em
definitivo, mas sua maior importância é como plantas matrizes de viveiros.
Há laboratórios que não fazem essa individualização dos “bulbinhos” e os
plantam todos juntos em uma caixa maior também com vermiculita. À medida que
cada um deles forma seu par de folhas e atinge cerca de 10 cm de altura, ele é retirado
e entregue ao produtor para o plantio em saco plástico com 3 a 5 litros de terra
esterilizada.
Nesse processo aqui descrito sucintamente, em geral, o tempo que se leva
para produzir as primeiras mudas em condições de serem plantadas nos sacos de
plástico com terra varia muito, segundo os diferentes métodos adotados pelos
laboratórios. A literatura cita que é possível obtê-las após 4 a 5 meses, mas, na prática,
este autor encontrou entre os diversos laboratórios comerciais que visitou, o tempo de
7 a 8 meses após a obtenção do explante.
Quando se está multiplicando um híbrido recém criado, há interesse em se
saber rapidamente, as taxas de sua resistência às pragas e às moléstias. Quanto às
moléstias, na fase em que os “bulbinhos” foram repicados, são feitos testes de
resistência e, se forem aprovados, irão para plantio em condições de estufa, para
ripado e, posteriormente, para avaliação da produção em condições de campo. Quanto
às pragas, esses testes são feitos mais tardiamente, porém antes das mudas irem para o
campo.
Os explantes, sendo tecidos muito frágeis, têm sido tratados por raios gama
(irradiação) de intensidade variada até o limite 20 krad (20.000 doses de radiação
absorvida) objetivando-se produzir mutantes. Porém, ainda não há notícias de sucesso.
Pode-se concluir pelas informações disponíveis, que a cultura de tecidos
oferece grandes possibilidades não só para multiplicação maciça de um novo cultivar,
como também, para o aparecimento de novos mutantes em função do aparecimento
das variações somaclonais.
Em bananicultura, a cultura in vitro é, sem dúvida alguma, um grande
avanço na área da pesquisa e no processo de multiplicação de mudas livres de
patógenos, mas deve ser feita em laboratórios especializados e não em nível de
produtor, pela alta tecnologia exigida. E, é por isso que as informações que
fornecemos não estão detalhadas, pois esse é um assunto especializado e com
metodologia ainda em estudos, cujo assunto não é pertinente a este livro.
As mudas de laboratório ou as do tipo tupiniquim não devem ser plantadas
diretamente no campo. Recomenda-se que sejam primeiramente plantadas em sacos de
polietileno perfurado com paredes de 0,6 mm, com capacidade mínima para 8 a 10
litros, cheios com terra esterilizada (Foto II-25). Isto evita que elas morram logo após
o plantio ou se infeccionem com vírus (Cap. XI-1) e ainda permite reduzir as despesas
com irrigação, controle de mato e replantes na sua fase inicial.
Essas mudas, quando novas, são muito procuradas pelas formigas
cortadeiras, em especial pelas saúvas. Evita-se esse problema fazendo-se um cinturão
com inseticidas ao redor de todos os canteiros. Além disso, é preciso protegê-las
contra os insetos vetores de vírus. Para isso, é recomendável que elas sejam postas em
uma tenda de tela feita com sombrite, descrita anteriormente, e seguir-se as mesmas
instruções recomendadas.
O plantio das mudas que estavam nos tubetes das bandejas deve ser feito
nos sacos de polietileno, de modo que apenas seu torrão seja enterrado, ou seja,
deve-se adicionar uma pequena camada de terra, com no máximo um centímetro sobre
ele.
A muda de laboratório que vai ser plantada de raiz nua ou a originada pelo
sistema tupiniquim deve ser colocada sobre a terra do saco de polietileno, com suas
raízes esparramadas para, em seguida, se colocar uma camada de terra solta até que
apenas seu rizoma seja coberto.
Somente depois de 30 dias do plantio pode-se colocar mais terra nesses três
tipos de mudas. Colocando-se maior quantidade de terra sobre elas, pode-se provocar
sua morte.
Elas devem ser irrigadas duas a três vezes por semana, observando-se
sempre se não está havendo encharcamento da terra do fundo do saco. Elas
permanecerão nos sacos até que sejam emitidos, no mínimo, 4 a 6 pares de folhas
normais e que estejam bem formadas (Foto II-25). Nessa idade, já é possível
identificar as eventuais variações somaclonais que apareceram e fazer-se seu refugo.
Os demais tratos culturais e as adubações serão feitas de forma igual à
descrita para a muda tipo pedaço de rizoma plantado no saco de polietileno, assim
como a sua movimentação no telado e aclimatação antes de ir para o campo.

Foto II-25- Muda de laboratório com ótimo tamanho


para plantio em definitivo.

5.10.5- A ceva da muda


A ceva da muda é recomendada que seja feita em canteiros, para aquelas do
tipo pedaço de rizoma, e em montes para as do tipo pau de lenha.

5.10.5.1- O canteiro de ceva


A ceva da muda tipo pedaço de rizoma é a operação pela qual se criam
condições para acelerar o intumescimento das gemas laterais e também haver o início
do desenvolvimento de seu sistema radicular. Ela deve ser feita somente nesse tipo de
muda.
A ceva apresenta as seguintes vantagens sobre o plantio direto:
a) Permite uma perfeita seleção das mudas que irão brotar no campo.
Apenas as que estiverem brotadas serão retiradas dos canteiros de ceva e levadas para
plantio definitivo;
b) Cria condições para que haja maior número de mudas aproveitáveis,
devido à maior assistência que lhes são prestadas;
c) Permite classificar as mudas quanto ao seu desenvolvimento inicial;
d) Uniformiza os lotes do bananal, quanto a sua vida vegetativa e à primeira
colheita;
e) Dispensa praticamente o replantio, pelo insignificante número de falhas
que ocorrer;
f) Permite a redução de uma ou duas capinas, durante a formação do
bananal, pois o período de intumescimento das gemas e seu desenvolvimento inicial
ocorre nos canteiros de ceva. As mudas cevadas têm o desenvolvimento inicial mais
rápido, uma vez que, ao serem plantadas, já estão emitindo raízes;
g) Possibilita que o operário verifique, mais facilmente, o lado em que a
muda brotou e, portanto, a posição em que ela deve ficar na cova;
h) Evita ocasionais mortes de mudas por encharcamento, quando se
registram vários dias de chuva, logo após o plantio;
i) Oferece mais tempo para que se execute devidamente o preparo do solo,
pois a muda fica nos canteiros de ceva por duas a três semanas.
Nos experimentos de tratos culturais, em que a uniformidade e o
desenvolvimento inicial da muda devem ser rigorosamente observados, o plantio de
mudas cevadas precisaria ser feito quase que obrigatoriamente.
Os canteiros de ceva devem ser feitos diretamente no chão (sem nenhum
preparo prévio), em áreas que não tenham sido ainda plantadas com bananeiras, as
quais serão apenas limpas (capinadas). Para evitar o encharcamento das mudas,
deve-se escolher locais levemente declivosos. Os canteiros podem ter comprimento
variável, mas a largura não deve ultrapassar 120 cm.
As mudas depois de dispostas no canteiro, devem ser irrigadas com uma
solução nematicida a 10% de um produto comercial, usando-se no mínimo 2 litros/m².
Convém lembrar que os canteiros de ceva não devem ser feitos próximos dos
bananais, para evitar a re-infestação das mudas com os “moleques”.
As mudas a serem usadas nos canteiros de ceva serão obtidas de rizomas inteiros, que
foram primeiramente escalpelados, banhados na solução de hipoclorito a 1%, por 3 a 5
minutos e, somente depois de secas, serão transformadas em mudas pedaço de rizoma.
Elas serão colocadas uma ao lado da outra, cuidando-se para que todas
fiquem na mesma posição em que estavam na planta, antes de serem arrancadas.
Após a ordenação das mudas no canteiro, elas devem ser irrigadas com uma
solução de 0,2% de nematicida sistêmico, para protegê-las contra novos ataques da
broca-das-bananeiras e combater os nematóides que, eventualmente ainda estejam na
sua periferia. Posto isso, elas devem ser cobertas com uma camada de casca de arroz,
serragem ou mesmo areia grossa até quase completamente.
Após essa proteção, as mudas serão cobertas com sacos plásticos (os
mesmos utilizados com adubo) para reduzir sua desidratação e mante-las mais
aquecidas durante a noite. Sobre os plásticos, coloca-se uma camada de folhas ou de
mato, para evitar a incidência de luz direta sobre as mudas. O fato delas ficarem soltas
sobre o terreno (não plantadas) facilita as inspeções, para avaliar o desenvolvimento
das gemas laterais e das raízes.
a
Depois de uma semana, deve-se descobri-las e fazer a 1 irrigação e, se
necessário, a 2a aos 15 dias.
Decorridos os primeiros 21 dias da instalação do canteiro de ceva, as
inspeções passam a ser feitas semanalmente. As mudas que já estiverem com as gemas
intumescidas e com 2 a 4 cm de raízes, serão plantadas definitivamente no bananal, em
local especialmente reservado para as desse tipo. As demais serão reagrupadas e
continuarão cevando. Serão feitas outras três inspeções, para retirada das mudas que já
tenham atingido as condições de ir para o campo. Após esse período, deve-se
abandonar o canteiro, pois as mudas que sobrarem serão fracas e terão lento
desenvolvimento.
Eventualmente, as mudas podem precisar permanecer por mais tempo no
canteiro de ceva. Nesse caso, deve-se descobrir o canteiro e esparramar sobre as
mudas mais casca de arroz, serragem ou areia grossa, até cobri-las por completo. Com
esse artifício não haverá problemas, podendo elas ficar até formar 2 a 4 folhas.
Entretanto, o manuseio e o seu transporte para o local de plantio exigirá maiores
cuidados. Outra solução é plantar as que estiverem prontas em sacos de plásticos com
5 a 8 litros de terra, até poderem ir para o local definitivo.
Os canteiros devem ser irrigados, abundantemente, uma vez por semana.

5.10.5.2- A dormência da muda


Apenas as mudas tipo pau de lenha não devem ser plantadas logo após seu
preparo e tratamento. Elas devem passar por um processo de quebra do
desenvolvimento de sua gema apical de crescimento. Para provocar essa dormência,
assim que estejam prontas, elas devem ser empilhadas como se fossem lenha em
metro, porém com a altura máxima de 50 cm.
O local de empilhamento deve ser junto da área de plantio, ou seja, longe
de onde foram preparadas e tratadas. Esse local será forrado com folhas, de modo que
as mudas não entrem em contato com o solo. Depois de empilhadas elas serão bem
cobertas com folhas de bananeira, para evitar sua desidratação.
As mudas devem ficar em dormência por 10 a 12 dias no verão, e por 15 a
20 dias no inverno. Esse tempo de empilhamento da muda é suficiente para que a
gema lateral de brotação, que ficou voltada para o alto, inicie seu desenvolvimento
mais aceleradamente do que as outras e venha a ser o “filho” que será conservado.
Com base neste resultado de pesquisa, ao colocar a muda dentro do sulco,
deve-se cuidar que esse seu lado de brotação fique direcionado para a posição de 12°
norte-leste, conforme está exposto no Cap. V-7.2, como uma forma de condicionar,
ainda mais, que o caminhamento natural da família se processe nessa direção.
Para tornar mais fácil ao operário a identificação desse lado de brotação,
por ocasião do plantio, deve-se proceder da seguinte forma: na hora em que se vai pôr
a muda no monte, o topo do seu pseudocaule será recortado em bisel. Posto isto, ela
será acomodada no monte, de modo que essa superfície cortada fique voltada para o
solo. Dessa forma, o plantador poderá facilmente identificar o lado que deve ocorrer a
brotação do primeiro rebento.
É o primeiro cuidado para se condicionar a conservação do alinhamento
inicial do bananal.
Algumas vezes, essas mudas pau-de-lenha que ficaram em dormência,
depois de plantadas, se apresentam com reinicio de brotação apical, simultaneamente
com a gema lateral. O cacho produzido por essa muda é normalmente pequeno, devido
a seu sistema radicular ter sido drasticamente reduzido. Esse trauma que ela sofreu
pode também provocar seu tombamento. Ponderando esses fatos e lembrando que a
produção do seu “filho” deverá ser muito boa, é prudente deixar que a “mãe” emita
algumas folhas e quando seu rebento estiver com mais ou menos com 40 cm de altura,
se faça uma poda na roseta da “mãe”, para eliminar sua inflorescência. Caso ela ainda
não tenha nascido, esta poda deverá ser repetida até que se consiga sua eliminação. Tal
procedimento acelera o crescimento do “filho”.

5.10.6- Viveiro de muda


A metodologia descrita a seguir poderá ser posta em prática facilmente por
qualquer produtor.
O produtor, assim como os viveiristas e os laboratórios de biotecnologia,
devem possuir um lote de bananeiras que será chamado de jardim de matrizes ou
banco de matrizes, do qual se retirará o material a ser multiplicado, tanto nos viveiros
como nos laboratórios.
Somente as mudas mantidas nesse jardim são chamadas de plantas
matrizes, pois constituem o material básico genético para plantio.
Eventualmente, pode-se retirar mudas desse jardim de matrizes para fazer o
plantio definitivo, porém o melhor é conservá-las como produtoras de material básico
para viveiros.
O jardim de matrizes deve ser plantado nas mesmas condições das de
plantio definitivo. O controle de fertilidade, fitossanitário, ervas daninhas e irrigação
deve ser absolutamente perfeito. O desbaste não será feito, pois elas estarão sempre
fornecendo mudas.
O jardim será formado com mudas adquiridas de um laboratório ou
selecionadas em um bananal por um especialista. Essas mudas somente serão
utilizadas depois de produzir o primeiro cacho, para que haja condições de se avaliar
esse material e eliminar as eventuais variações somaclonais que possam aparecer ou
aquelas que apresentem sintomas de vírus.
O bananal velho, que vai ser destruído, pode perfeitamente fornecer mudas
para banco de matrizes, o viveiro ou o novo plantio, mas será necessário que o
produtor acompanhe, passo a passo esse serviço, para classificar e selecionar o
material a ser arrancado. Uma vez selecionadas as touceiras fornecedoras das mudas,
deve-se procurar arrancar o maior número possível de cabeças (rizomas) nelas
existentes.
O viveiro de mudas deve existir em todas as propriedades, pois todas elas
devem estar com uma área, correspondente a 20% do seu bananal, sendo reformada
anualmente (Cap. VI-14). Existindo na propriedade um viveiro em caráter permanente,
o proprietário estará seguro que todas as mudas que for plantar estarão com sua
fitossanidade em bom nível e que o material genético será uniforme e da melhor
qualidade que ele conseguiu.
Havendo o banco de matrizes, criam-se condições para se ter uma muda de
viveiro com pleno vigor de saúde, dado o permanente acompanhamento que deve
receber.
A área escolhida para o viveiro deverá ter permanecido sem bananeiras pelo
menos durante os 3 últimos anos, preferindo-se entretanto, aquelas que nunca as
tiveram. Elas devem ser levemente inclinadas para evitar eventuais problemas de
encharcamento.
Os solos mais indicados para viveiro são os aluviais bem drenados e ricos
em matéria orgânica; o tipo terra roxa (latossolo roxo) também tem se mostrado bom.
Sempre que possível, durante o preparo do terreno, a aração profunda seguida de uma
boa gradagem, é bastante vantajosa. Nessas condições, pode-se fazer o plantio das
mudas em sulcos, com 15 a 20 cm de profundidade. Se for necessário abrir covas, por
deficiente preparo do solo, elas deverão ter de 15 a 20 cm de profundidade e, no
máximo 30 x 30 cm de boca.
O espaçamento de plantio nos viveiros será de 100 x 100 cm ou no máximo
de 150 x 150 cm, para se ter maior aproveitamento da área. Nos plantios em jardim de
matrizes, o espaçamento será de 250 x 250 cm.
O plantio sendo feito em sulcos, deve-se aplicar de 5 a 10 litros de esterco
de curral bem curtido, por metro linear. No plantio em covas, cada uma delas receberá
50% da quantidade desse esterco.
O plantio deverá ser feito em setembro/outubro (início das chuvas).
As mudas destinadas ao jardim de matrizes ou ao viveiro podem passar por
um programa de ceva ou serem plantadas diretamente. Dessa forma, têm-se as
seguintes situações:
a) Cevando a muda - Visando-se ter o maior aproveitamento do material
selecionado, as mudas obtidas devem ser cevadas, depois de tratadas (Cap.
II-5.10.2.2).
Todos os rizomas obtidos serão transformados em mudas tipo pedaço de
rizoma, com 200 a 300 g, cujo tamanho será pouco maior do que duas carteiras de
cigarro juntas.
Os rizomas das plantas que já produziram ou que já sofreram a
diferenciação floral, fornecem mudas (depois de escalpeladas e banhadas no
hipoclorito) tipo pedaço de rizoma muito grandes e pesadas e por isso, serão retalhadas
radial e depois horizontalmente. Neste segundo corte, eliminar-se-á a parte inferior
fibrosa do rizoma, até próximo da inserção da bainha mais externa. Da mesma forma
far-se-á também uma redução da parte fibrosa interna da muda (cilindro central). Estas
mudas podem ser pequenas, pois precisarão ter apenas condições de fazer com que
uma de suas gemas laterais de brotação inicie seu desenvolvimento. Não deve haver a
preocupação de inspecionar se existe ou não uma gema lateral, uma vez que um
rizoma adulto tem possibilidade de gerar, pelo menos, trinta delas.
Os “filhotes” tipo chifre também serão transformados em mudas pedaço de
rizoma. Todas essas mudas, depois de prontas (escalpeladas e banhadas no
hipoclorito), com mais de 500 g, terão seu pseudocaule aparado cerca de 3 a 5 cm
acima da gema apical de crescimento e, em seguida, transformadas em mudas pedaço
de rizoma; os demais “filhotes” menores serão plantados, diretamente, porém sempre
após o escalpelamento e o tratamento fitossanitário.
Do rizoma de uma planta adulta bem vigorosa, que já tenha sofrido a
diferenciação floral ou produzido, quando convenientemente retalhado, podem ser
obtidas 6 a 8 mudas no padrão descrito. De uma touceira (“mãe” e “filhos”) que tenha
produzido, mas ainda não desbastada, pode-se com relativa facilidade, preparar de 30
a 35 mudas para utilização em viveiros.
Essas mudas serão postas para germinar em um solo bem limpo, levemente
inclinado, uma ao lado da outra, sendo que neste caso específico, elas serão
acomodadas de modo que suas gemas fiquem sempre voltadas para o alto. Depois de
convenientemente arrumadas, elas serão cobertas com uma camada de solo leve, que
será esparramada sobre elas, até formar uma altura de 2 cm.
Para evitar que essas mudas voltem a ser contaminadas com nematóides, é
uma boa prática fazer uma irrigação de caráter geral, com uma solução de nematicida
sistêmico a 0,2% do produto comercial formulado 5 G. Depois disso o canteiro de
ceva deve ser coberto com plástico e capim, à semelhança do processo de ceva das
mudas, descrito no item II-5.10.5.1. Periódicas inspeções semanais permitirão avaliar
o desenvolvimento das gemas e a necessidade de irrigar. Estando elas bem
intumescidas e já com algumas raízes, devem ser arrancadas com o auxílio de uma
espátula e cuidadosamente transportadas e plantadas no jardim de matrizes, no viveiro
ou em sacos de plástico.
A muda cevada será plantada no fundo do sulco ou da cova, com a gema
brotada voltada para o alto. Ela será coberta com uma camada de terra solta, de apenas
5 a 8 cm. Logo após o plantio, deve-se irrigar a cova, com cerca de 500 ml de uma
solução nematicida igual aquela aplicada no canteiro de ceva. A pequena camada de
terra usada na cobertura da muda facilita a emissão e a abertura das primeiras folhas e
evita seu apodrecimento, por eventuais excessos de água. Quando as mudas já
estiverem bem brotadas, pode-se chegar mais terra junto a elas.
b) Plantio direto - Pretendendo-se fazer o plantio das mudas obtidas no
bananal velho, no jardim de matrizes ou no viveiro, é recomendável que após ao
escalpelamento e o tratamento fitossanitário, elas sejam preparadas de modo que seu
peso seja o dobro do recomendado anteriormente, isto é, cerca de 500 g.
As mudas serão plantadas no fundo do sulco ou da cova, cuidando-se que
fiquem na mesma posição em que estavam no rizoma, antes dele ser dividido.
Havendo disponibilidade de mudas, não é necessário que todas elas sejam retalhadas.
Elas podem ser plantadas com o rizoma inteiro, porém precisarão ser escalpeladas e
depois banhadas no hipoclorito, nos moldes recomendados para o plantio em
definitivo.
Este não é o melhor sistema, pelo fato de haver maior porcentagem de
falhas e ter-se que cuidar de toda a área do viveiro, por um período de, no mínimo 30
dias a mais, período esse que corresponde ao da pré germinação feita no canteiro de
ceva.
Os rebentos obtidos que não foram divididos por serem pequenos, depois
de escalpelados e banhados no hipoclorito, serão plantados normalmente, ou seja, no
fundo do sulco com terra suficiente para cobrir o seu rizoma.
Para completar o plantio de todas as mudas, quando elas já estiverem bem
brotadas, deve-se chegar mais terra junto delas, de modo a cobrir melhor apenas seus
rizomas.
As mudas obtidas por biotecnologia serão plantadas inteiras, sem
necessidade de qualquer tratamento.
Logo após o plantio, todas as mudas serão irrigadas com uma solução a
0,2% de nematicida 5 G, sistêmico.
Ao retirar as mudas do jardim de matrizes para o plantio em viveiro,
deve-se arrancar a touceira inteira e imediatamente plantar um de seus “filhotes” no
mesmo local. Este terá suas raízes apenas aparadas, sem se fazer o escalpelamento e
nem o banho no hipoclorito. Trinta dias após, é recomendável aplicar 20 g de um
nematicida sistêmico 5 G, ao redor desse filhote.
O viveiro deverá ser mantido sempre no limpo, fazendo-se capinas manuais
com enxada ou, preferencialmente, com herbicidas residuais.
Decorridos oito dias do plantio, deve-se iniciar um programa de irrigação
aplicando-se, semanalmente, de 5 a 8 litros d’água por planta, caso não chova.
Quando as plantas estiverem com 40 a 50 cm de altura, eliminam-se as
folhas mais velhas, de modo a se elevar sua “saia”. Esta eliminação deve ser executada
a cada duas ou três semanas, puxando-se a folha mais velha para longe do pseudocaule
da planta, provocando assim, o descolamento da sua bainha. A seguir, procura-se
arrancar a bainha junto do rizoma. Esta operação visa expor a gema lateral de brotação
da folha imediatamente mais nova.
Posto isto, deve-se encostar um pouco de terra solta junto ao pé da
bananeira, para cobrir apenas a gema que foi descoberta. Isso faz com que ela se
intumesça mais rapidamente e inicie a emissão das suas primeiras raízes, acelerando a
formação do novo rebento.
Trinta dias após o plantio das mudas, aplica-se, em cobertura, 30 g de
sulfato de amônio ao redor de cada uma, fazendo-se uma faixa circular de 20 cm de
largura, distante 40 cm delas. Essa adubação será repetida mensalmente. Aos 60 dias,
deve-se aplicar 10 g de ácido bórico juntamente com o adubo nitrogenado. As mudas
do jardim de matrizes e as do viveiro devem receber, a cada 4 meses, essa adubação
com B, para provocar maior emissão de “filhos”.
Deve-se aplicar, rotineiramente, a cada 90 dias uma dose de 20 g de
nematicida sistêmico, 5 G, distribuída ao redor e bem junto da muda. Uma pequena
camada de terra deve ser posta sobre o produto para evitar perdas por evaporação.
A irrigação no viveiro deve ser feita de modo que haja, no mínimo, 120 mm
de chuva por mês, distribuída em 3 a 4 vezes. O melhor sistema de irrigação, para esse
caso, é sobre as folhas. A distribuição do adubo pode ser feita nessa água de irrigação.
Para aumentar a velocidade de multiplicação das mudas, após 6 meses de
plantio (fevereiro/março) arrancam-se todas as plantas e procede-se a separação de
seus “filhotes” e ao retalhamento do rizoma “mãe”. Deste se obtém, geralmente 4
mudas tipo pedaço, que serão cevadas e depois plantadas, seguindo as normas
anteriormente apresentadas.
Nessa ocasião, cada muda originalmente plantada poderá fornecer ainda de
8 a 10 filhotes, caso tenham sido convenientemente efetuados os tratos culturais.
Todas estas mudas serão utilizadas no segundo viveiro, no qual se repetirão
as mesmas operações feitas no primeiro.
O segundo viveiro poderá ser arrancado em outubro/novembro, quando
obter-se-ão mudas (peso médio de 400 a 500 g) que já poderão ser utilizadas, sem
restrições, na formação de novos bananais.
Geralmente, essa metodologia permite multiplicar em até cem vezes cada
muda, no prazo de 15 meses.
Se houver interesse em produzir mudas maiores, para plantio em definitivo,
pode-se cortar todas as folhas da planta mãe aos seis meses (quando o viveiro seria
arrancado pela primeira vez), seguido do rebaixamento do seu pseudocaule ao nível do
solo e da extração da sua gema apical de crescimento. Isso favorecerá o
desenvolvimento de todos os rebentos já brotados. Os programas de adubação e de
irrigação são continuados. O arrancamento das mudas deverá iniciar-se da mesma
forma em outubro/novembro, quando os rebentos terão o tamanho desejado.

6- Ciclos da bananeira
Nas condições normais de cultivo, as bananeiras do Litoral Paulista e do
Vale do Ribeira têm uma tendência natural de concentrar sua safra durante o primeiro
semestre do ano.
As melhores condições climáticas que ocorrem nesse período fazem com
que os cachos sejam maiores e as frutas mais bonitas, porém as cotações de mercado
são mais baixas do que as do segundo semestre, quando as bananas têm aparência
inferior e os cachos são menores. Este baixo preço do primeiro semestre decorre, em
grande parte, da maior oferta de bananas e também da presença, de outras frutas
tropicais - tangerina, manga, abacate, mamão, goiaba, etc. - e ainda aquelas de clima
temperado - figo, pêssego, maçã, caquí, uva, etc. - as quais, durante o resto do ano,
quase não aparecem no mercado.
Durante muitos anos, essas eram as informações que o Instituto de
Economia Agrícola do Estado de São Paulo fornecia aos produtores, em face dos seus
dados pesquisados. Atualmente, devido a uma série de acidentes climáticos que se
iniciaram com a desastrosa geada de l985 e também pela expansão dos plantios em
outras regiões do Estado de São Paulo e do Brasil, os parâmetros mudaram e as curvas
de preço de mercado se tornaram mais constantes.
Define-se como ciclo vegetativo de uma bananeira o período compreendido
entre o plantio da muda ou o seu aparecimento na superfície da terra, sob a forma de
“filhote” e a colheita da sua produção.
Define-se como ciclo de produção o intervalo de tempo decorrido entre a
colheita do cacho de uma bananeira e a colheita do cacho do seu “filho”.
Os ciclos vegetativo e de produção são afetados por todos os fatores que
atuam, direta ou indiretamente, na fisiologia da bananeira.
Bananais com mais de três safras, com elevada densidade (mais de 2.500
plantas por hectare), insolação deficiente (menos do que 1.500 horas/ano), cultivados
em latitudes elevadas (mais do que 20° N ou S), ou em altitudes maiores que 200 m,
em solos de baixa fertilidade e elevada acidez (pH abaixo de 5), mal-drenados (lençol
freático a menos de 60 cm), em locais com baixos índices mensais de pluviosidade
(menos de 100 mm), sujeitos a ocasionais baixas de temperaturas (menos que 15°C) e
sem os devidos cuidados com as operações de desbaste, desfolha e controle das ervas
daninhas, podem ter seus ciclos vegetativo e de produção aumentados até em mais de
100%.
Todos esses fatores influem diretamente na fisiologia da bananeira de
forma bastante variada, provocando diferenças no tamanho do cacho, na produtividade
e nos seus ciclos.
Nos bananais velhos, todas as deficiências ecológicas são mais sentidas
pelas plantas e sua recuperação é bem mais demorada do que nos bananais jovens.
Além disso, estes respondem prontamente aos bons tratos culturais, o que não
acontece com os velhos.
Diante do exposto, conclui-se que o ciclo vegetativo e de produção nos
bananais, principalmente nos velhos, podem variar quase que de propriedade para
propriedade e até mesmo de lote para lote, não sendo válida a transferência desses
valores de um local para outro. Há necessidade da determinação dos seus valores para
cada uma dessas situações.
Considerando que à medida que o bananal vai envelhecendo seus ciclos vão
se modificando, há necessidade de serem continuamente avaliados.
O conhecimento do ciclo vegetativo tem grande importância para o
produtor, quando ele pretende condicionar a colheita para determinada época. Ao
deslocar o pico de sua curva de produção de uma época para outra, ele poderá alterar
substancialmente sua renda, desde que essa época seja economicamente mais
favorável.
Nas grandes propriedades, há fatores que limitam muito a execução em
toda ela, de um programa de mudança da época de colheita. Entre esses fatores,
pode-se citar, por exemplo, a formação de um período do ano sem produção, que
poderá causar ociosidade da mão-de-obra e falta de entrada de dinheiro para o caixa da
fazenda. Por outro lado, o condicionamento do bananal para uma época de colheita
pré-fixada exige que todas aquelas variáveis citadas, que influem diretamente no ciclo
vegetativo, sejam transformadas em constantes, o que nem sempre é possível em
extensas áreas. Ainda que a administração tenha alta eficiência, seria muita pretensão
querer admitir ser possível sua imediata atuação, em toda a área, no sentido de
corrigir, a hora e a tempo, alguma deficiência que venha a ocorrer e que seja capaz de
modificar o ciclo vegetativo programado.
Nas pequenas propriedades, isso, em geral, pode ser conseguido desde que
a deficiência surgida não seja de ordem térmica.
O conhecimento do ciclo vegetativo será feito com base na seguinte
equação: o cacho colhido hoje é de um “filhote” que nasceu há um certo número de
dias (meses) (início do ciclo vegetativo) em um bananal normal. Fazendo-se um
desbaste generalizado, em todas as plantas (portanto, aumentando a luminosidade no
bananal) quanto menor será esse número de dias? Tendo sido determinado, na prática,
tal número de dias, fixa-se a data de colheita que interessa ao produtor e faz-se uma
contagem regressiva, para determinar o dia em que o “filhote” deve nascer, para
assegurar que a colheita ocorra na data desejada. No dia previsto para o nascimento do
“filhote”, faz-se um desbaste no bananal deixando-se apenas os “filhos” que
interessam, pois eles deverão ter sua colheita no período desejado.
Nos bananais novos de ‘Nanicão’ do Litoral Paulista e do Vale do Ribeira,
onde se cuidou de eliminar no limite do possível, os fatores negativos ao
desenvolvimento da bananeira, sabe-se que a colheita do primeiro cacho ocorrerá aos
10 a 12 meses de idade do bananal; a do segundo, aos 18 a 20 meses; e, a do terceiro
aos 24 a 28 meses. Após esse período, registra-se um alongamento do ciclo de
produção, passando-se a obter colheitas a cada 12 ou 14 meses, intervalo esse que
continua aumentando progressivamente com a idade do bananal e que tende a
estabilizar por volta dos 18 meses (ver Figura X-2).
Facilmente pode-se avaliar a inibição que a bananeira “mãe” exerce sobre a
bananeira “filho” e esta sobre a bananeira “neto”, mediante uma simples observação
do comprimento e da largura das folhas da “família”. Quanto maior for a idade do
bananal, mais se acentua a ação do membro mais velho sobre o mais novo da
“família”, retardando sua emancipação fisiológica e, com isso, aumentando seu ciclo
de produção. Costuma-se dizer que o vigor da juventude dos bananais, quase
desaparece após a terceira produção da “família”, quando então ele já é considerado
um bananal velho e, como tal, deveria ser reformado para restaurar-lhe essa juventude.
Pelo exposto, verifica-se que a maior produtividade do bananal ocorre
durante as três primeiras colheitas, devido em grande parte, a pequena inibição
hormonal existente, cuja taxa se torna maior a cada colheita que se realiza. Seria
portanto válido afirmar, que nesse período, o produtor deveria ter as maiores
rentabilidades, pois ele terá as maiores produtividades. Porém, fatores alheios à
cultura, ligados principalmente à comercialização, podem por vezes, determinar
normas bem diferentes, justificando a manutenção do bananal por um período um
pouco mais longo.
O aumento do ciclo de produção dos bananais velhos do Litoral Paulista e
Vale do Ribeira, é também bastante influenciado pelas baixas temperaturas que aí se
verificam durante os meses de inverno (junho-julho).
Nas regiões produtoras de banana da América Central encontram-se ciclos
de produção de apenas sete meses, enquanto que nas Ilhas Canárias, algumas vezes,
elas chegam a dezoito ou até vinte e quatro meses.
Observando-se os ciclos de produção das bananeiras na Baixada
Fluminense, Baixo Rio Doce, Baixo São Francisco, Baixo Açu, Baixo Jaguaribe e
Baixo Amazonas, verifica-se que eles são, nessa seqüência, progressivamente mais
curtos do que os encontrados no Estado de São Paulo e de outros da região sul. Esse
fato se deve em parte, à boa fertilidade desses solos e especialmente, a predominância
de condições climáticas mais favoráveis à bananicultura. É de se esperar que nessas
áreas, em bananais bem conduzidos, a longevidade dos ciclos vegetativos e de
produção tenda para os da América Central, já que nesses locais não existem
limitações de temperatura e por isso se tem uma colheita a cada oito a nove meses.

CAPÍTULO III - CULTIVARES

1- Os cultivares
Ao fazer algumas considerações iniciais sobre os diferentes cultivares
existentes no Brasil, é preciso dizer-se que essa possibilidade se deve a um remoto
trabalho iniciado em 1925 no IAC, onde o Eng. Agro. Felisberto Camargo montou
entre nós, a primeira coleção de bananeiras que foi enriquecida posteriormente, com
outros cultivares pelo Eng. Agro. João Ferreira da Cunha e por este autor, que
culminaram por reunir na Estação Experimental de Pariqüera-açu um total de 120
acessos, quase todos eles coletados em nosso país.
Descrever literalmente para o grande público, agricultores, técnicos
agrícolas, extensionistas e pesquisadores, as características identificativas dos
diferentes cultivares é algo muito difícil. Simmonds propôs e descreveu muitos
cultivares utilizando números indicativos de cada um dos caracteres morfológicos e
genéticos deles. Esta metodologia é quase que perfeita, porém seu nível não está ao
alcance de todos aqueles que têm interesse ou estão apenas ligados a algum setor da
bananicultura. Posteriormente, Champion fez um outro brilhante trabalho, já mais
descritivo e com tabelas indicativas dos prováveis locais de aparecimento dos diversos
cultivares. Seguramente mais de 10 autores brasileiros já descreveram os diferentes
cultivares utilizados pelos nossos produtores. O que apresentamos a seguir é mais uma
tentativa dirigida a ajudar as pessoas interessadas por esta fruta, porém sem um
grande conhecimento científico dela, a conseguirem identificá-las.
Serão utilizados e realçados os aspectos peculiares de cada cultivar ou de
seu cacho ou mesmo de cultivo. Tomando por base caracteres comuns a eles, foi
possível reunir os cultivares mais conhecidos da seguinte forma:
Grupo 1- Bananeiras tipo Nanica;
Grupo 2- Bananeiras tipo Prata;
Grupo 3- Bananeiras tipo Maçã;
Grupo 4- Bananeiras tipo Figo;
Grupo 5- Bananeiras tipo Terra;
Grupo 6- Bananeiras tipo Ouro;
Grupo 7- Bananeiras tipo Caru;
Grupo 8- Bananeiras de diferentes tipos.

Nas citações sobre o provável local de aparecimento de alguns cultivares,


usaremos as informações de Champion (1967), Stover & Simmonds (1987) e também
aquelas que são de nosso conhecimento pessoal. Não estão incluídos os sinônimos dos
cultivares, por elas estarem relacionados no Cap. II-4.
Para descrever os cultivares, foram utilizados dados de bananeiras com um
bom padrão de produção. Eles nem sempre são válidos para plantas que estão
produzindo seu primeiro cacho. No final do comentário sobre a foto apresentada,
incluímos uma informação sobre a qualidade do material fotografado.
Para que o leitor tenha maior facilidade de entender as terminologias
populares e outras técnicas aqui empregadas, ele poderá consultar o glossário anexado
no final deste livro.

1.1- Cultivares tipo anica


Este grupo de cultivares tem como base as bananeiras cujo aspecto externo
e paladar sejam semelhantes ao do ‘Nanica’. No estado do Rio de Janeiro, é comum
chamar-se de Banana D’água todos os cultivares cujas bananas tenham o aspecto e o
paladar semelhante ao do ‘Nanica’.
O cultivar Hanica tem seu pseudocaule com cerca de 2,0 m de altura, tendo
a base do seu pseudocaule o diâmetro de 30 a 35 cm e no seu topo cerca de 25 a 30.
Sua coloração é verde garrafa, com manchas esparsas bem escuras, quase pretas, as
quais não invadem a roseta. Esta é bem compacta, revestida de muita cerosidade.
Quando a planta sofre deficiência hídrica ou de temperatura, a roseta fica muito
compacta a ponto de impedir que a inflorescência ganhe o exterior, ficando engasgada
nela. Quando ela é cultivada com deficiência de Mg, a roseta sofre um desarranjo
organizacional, tendendo a se abrir como a árvore dos viajantes (Ravenalia
augustiforme). A parte externa das bainhas internas tem cor vermelha com anuâncias
esverdeadas e são muito brilhantes. O pecíolo tem seu comprimento ao redor de 20 a
25 cm, o qual varia muito segundo os fertilizantes e a água que a bananeira recebe.
Ele, assim como a nervura principal e toda a página inferior da folha, se apresenta com
bastante cerosidade. O comprimento da folha varia ao redor de 160 cm e sua largura,
80 cm. A parte superior da folha tem cor verde-escura porém apresenta variações desta
tonalidade, que pode ser de amarelo canário brilhante a quase verde amarronzado,
como resposta a muitas perturbações nutricionais que a planta esteja sofrendo. O verso
da folha é verde quase acinzentado, devido a intensa cerosidade que a recobre. A
inflorescência tem engaço curto com 30 a 40 cm, com cerca de 10 cm de diâmetro e
revestido de pilosidade mediana e a cor verde amarelado. As brácteas que são bem
vigorosas se enrolam e caem. Sua parte externa é bem roxeada e a interna é rosada. As
flores são de cor verde claro e com tépalas cor amarronzada. O cacho se apresenta com
10 a 12 pencas, sendo que a primeira chega a ter até 36 bananas, que são bem
recurvadas em meia lua, com comprimento chegando a 20 cm. A última penca tem de
6 a 8 bananas, são quase retas e com 8 a 10 cm. Resulta disto ser o formato do cacho
bem tronco-cônico. As pencas são bem imbricadas, o que torna o cacho bastante
compacto. As bananas têm pedúnculo médio (± 2 cm) e são de cor verde garrafa clara
e com o pistilo seco e fortemente aderido a elas. Elas, inicialmente, têm quinas bem
visíveis, mas durante a colheita são roliças. A extremidade distal da banana é quase
redonda, lembrando as pontas de uma salsicha. Quando madura a casca fica amarelo
gema de ovo. Facilmente apresenta-se bastante “pintadinha”, devido a infecções
conhecidas como antracnose. A polpa quando verde é branca e ao ficar madura se
torna levemente creme. Quanto mais creme ela for, mais doce é. O rabo é reto, porém
completamente revestido de flores masculinas secas e quase que completamente
cobertas pelas brácteas, que ficam empapuçadas umas sobre a outras. O coração não
cessa suas atividades e, à medida que chega o momento da colheita, ele fica reduzido a
quase nada. Tem baixa resistência a sigatoka-amarela e a negra, sendo medianamente
procurada pelos “moleques”, muito atacada pelos nematóides e alta tolerância ao
mal-do-panamá. Quando ocorrem ataques da traça das bananeiras é o cultivar mais
prejudicado, pois seus restos florais masculinos são excelentes para recria das larvas.
É o cultivar tradicionalmente mais comercializado na cidade de São Paulo, como fruta
fresca e também mais procurado pela indústria para produção de bananada, banana
passa, purê de banana, etc., devido sua acidez. Quando não muito madura é usada na
cozinha doméstica sendo preparada à milanesa, em tortas, compotas, etc. Ao ser
descascada solta-se facilmente, sendo que por vezes os “fios” se soltam da casca e
ficam aderidos à polpa.
Foto III-1- O cacho do ‘Nanica’ é tronco-cônico,
com pencas bem imbricadas e o rabo é sempre
sujo - cacho normal.
O cultivar Hanica das Canárias é um mutante que ganhou cerca de 40 a 50
cm a mais do que o ‘Nanica’ normal. Os cachos são, em geral, maiores.
O cultivar Hanica caturra é um mutante do ‘Nanica’ que apenas perdeu
cerca de 50 cm de altura. Muitas vezes seu coração chega a encostar no chão, mesmo
sem que o cacho esteja no ponto de colheita. As bananas são um pouco mais
espalmadas.
Foto III-2- ‘Nanica caturra’- planta pouco nutrida.
O cultivar Salta do cacho é uma variação do ‘Nanica caturra’, que é mais
baixo do que ele. O cacho quase encosta sua última penca no chão. Quando é feita a
irrigação ou ocorrem chuvas ele fica salpicado de terra. Por vezes, suas bananas, ainda
quando verdolengas, se despencam do cacho.
O cultivar Grande Haine é um mutante, como o próprio nome indica, do
‘Nanica’. Ele surgiu em Martinica, tendo sido introduzido desse país pelo Dr. João
Martinez em 1970. Ele tem se mostrado bastante instável na sua altura e também na
porcentagem de seu rabo coberto ou não com brácteas. Pode chegar a ter de 2,00 a
3,00 m de altura. O pseudocaule é igual, mas a roseta é um pouco mais frouxa, o que
diminui em parte o problema de “engasgamento” dos cachos. As folhas são um pouco
maiores sendo menos intensamente coloridas e com menor cerosidade. O engaço é
mais piloso e um pouco mais comprido, assim como as bananas. À semelhança do
‘Nanica’, as bananas das primeiras pencas são mais longas do que as das últimas. A
amplitude dessa diferença é menor, mas mesmo assim o cacho é bem tronco-cônico.
As pencas da primeira metade do cacho têm as almofadas mais curtas do que as do
‘Nanica’, sendo que nas demais pencas este defeito se acentua ainda mais, chegando a
quase não existir nas últimas. Isto faz com que ao se despencar o cacho, por vezes,
haja necessidade de se anexar um pedaço da ráquis na penca, para que as bananas não
se separem. As bananas são menos curvas do que as do ‘Nanica’, o que facilita um
pouco sua embalagem em pencas. A comercialização em buquês contorna, em parte,
este defeito. O rabo se apresenta reto, sendo o mais comum apresentar-se com o
primeiro terço quase que limpo, enquanto que a parte restante é cheia de restos florais
masculinos, os quais são parcialmente cobertos com brácteas. O coração é maior do
que o do ‘Nanica’. Quanto a pragas e moléstias a situação é a mesma. Atualmente é o
cultivar mais plantado para a comercialização internacional. Seu porte menor do que o
do ‘Nanicão’ reduz os efeitos danosos dos fortes ventos. Entretanto, as perdas por ter
as últimas pencas fora do padrão são grandes. Nos locais onde a comercialização é
feita em caixas de 1ª, 2ª e 3ª, este prejuízo é menor, mas onde se planta visando a
exportação isto não acontece. Para compensar este defeito, ao se fazer a eliminação de
pencas, nas organizações exportadoras, chega-se a retirar até as últimas três pencas.

Foto III-3- ‘Grande Naine’ tem como característica


o porte baixo para médio, apresentar no mínimo
50% do rabo com brácteas e cacho tronco-cônico
- planta bem nutrida com cacho muito bom.
O cultivar Hanicão é um mutante do ‘Nanica’ surgido no litoral de Santos,
ainda no século passado. Mutações como esta têm ocorrido várias vezes e com isto é
possível identificar-se alguns diferentes cultivares. O mais tradicional e antigo é
aquele que se tornou mais robusto e com a altura de 3,0 a 3,5 m. Seu pseudocaule
apresenta as mesmas colorações e pigmentações do ‘Nanica’, porém com a roseta bem
alongada, o que a torna mais harmoniosa e reduz muito o “engasgamento” da
inflorescência. As folhas são mais longas e mais estreitas do que as do ‘Nanica’,
porém sua coloração é igual, havendo no seu verso menos cerosidade. O pecíolo é
mais comprido e a nervura principal é mais intumescida do que a do ‘Nanica’. Ele é
menos revestido de cerosidade, o que o torna um verde mais claro. Seu engaço tem até
60 cm de comprimento, sendo quase tão grosso como o do ‘Nanica’. As
inflorescências são grandes, porém não tão inchadas como as do ‘Nanica’, sendo
formadas por 12 a 15 pencas. As bananas das primeiras pencas são longas com até 25
cm e as últimas com 12 cm. Quando bem desenvolvidas, as da segunda penca atingem
40 mm de diâmetro. As primeiras pencas se apresentam com até 30 bananas e as
últimas com 10 a 12. As bananas são voltadas para cima, devido a sua acentuada
curvatura quase junto ao seu pedúnculo, a qual lembra o formato do casco dos barcos
dos Vikings. Devido a este formato, a execução da embalagem das pencas em caixas
ficou mais fácil do que o ‘Grande Naine’. Com o sistema de embalagem em buquês,
esta operação ficou mais fácil ainda e realçou muito a aparência das bananas nas
caixas. Esta curvatura se abranda na últimas pencas, mas não desaparece. Esta posição
e a quantidade de bananas no cacho o tornam quase que cilíndrico. Este cultivar tem
menor número de bananas do que o ‘Nanica’, apesar de seu cacho ser maior.
Colherem-se cachos com mais de 40 kg é bastante comum, em bananais
razoavelmente bem cuidados. Isto demonstra o potencial de produção deste cultivar. A
polpa tem o mesmo sabor do ‘Nanica’ e é quase creme. O rabo normalmente é reto,
limpo, medianamente grosso e com até 80 cm de comprimento. As cicatrizes são
iguais às do ‘Nanica’. O rabo apresenta grandes variações. Ele pode se apresentar
levemente curvo, com esparsos e irregulares restos florais. Em alguns pode-se
encontrar brácteas nos seus últimos 30 a 40%. Entretanto, o típico deste cultivar é ficar
com o rabo reto, completamente limpo e com as brácteas caindo precocemente. Esta
característica está ligada à produção de cachos maiores e com bananas mais longas.
Quando no ponto de colheita, o coração é maior do que o do ‘Nanica’ e raramente
chega a secar. A planta, devido ao peso do cacho, tem certa facilidade para o
tombamento. A resistência à sigatoka-amarela e à negra perde um pouco para o
‘Nanica’, porém quanto à resistência aos ataques dos “moleques” e dos nematóides ele
é menor do que o ‘Nanica’. É mais sensível ao desenvolvimento de fusário, decorrente
de desequilíbrios nutricionais. O ‘Nanicão’ emite menor número de “filhos” do que o
‘Nanica’ e também as plantações envelhecem mais prematuramente, determinando a
necessidade da sua reforma em prazo mais curto. Sua produção reage mais
rapidamente à presença ou à ausência de fertilizantes. Este cultivar é mais exigente em
Mg do que o ‘Nanica’ e, havendo sua falta, a roseta foliar se desarranja mais
intensamente e suas folhas se abrem perfeitamente como a árvore dos viajantes e a
planta pode apresentar o “azul-da-bananeira” (ver Cap. VIII-1.4).
Foto III-4A- ‘Nanicão’, bom exemplar de porte alto
com 13 pencas.
Foto III-4B- ‘Nanicão’, exemplar de porte baixo com
11 pencas - cacho normal.
Foto III-5- ‘Nanicão’, cacho compacto com rabo sujo
- cacho normal.
O ‘Hanicão Peruíbe’ é uma variação do ‘Nanicão’ que ficou quase 200 cm
mais alto. Normalmente tem sua primeira penca distanciada das demais, as quais são
bem compactas. O rabo é limpo e quase reto.
O cultivar Hicão é um mutante surgido em Sete Barras, SP, em uma
plantação de ‘Nanicão’. Ele é muito vigoroso, com pseudocaule verde escuro intenso,
com muitas manchas escuras amarronzadas e com a altura de 3,5 a 4,0 m. O cacho tem
de 15 a 20 pencas, bem distribuídas ao longo de cerca de 150 cm da ráquis feminina.
As bananas são menos encurvadas do que o ‘Nanica’, porém quase tão longas como as
do ‘Nanicão’. O imbricamento das pencas não é muito acentuado, porém as pencas se
mantêm harmonicamente bem dispostas. É comum cachos com mais de 300 bananas,
que os tornam grandes e com boa aparência. O rabo é longo (100 cm), reto e quase
totalmente limpo de restos de flores, porém sem nenhuma bráctea. O coração, que fora
grande, fica bastante reduzido por ocasião da colheita. Quanto ao parasitismo não
apresenta diferenças.
Foto III-6- ‘Nicão’, cacho com 19 pencas, 365 bananas
e 83 kg - cacho normal.
O cultivar Hanicão branco se diferencia do ‘Nanicão’ padrão apenas por ter
sua polpa bem mais branca quando madura e por isso tem menor aroma e é também
mais insípida. Leva mais tempo para chegar no ponto de colheita. Deve-se evitar seu
plantio.
O cultivar Hanicão açu, é uma bananeira que se sujeita a produzir em solos
rasos e argilosos. Os cachos são mais compactos, menor número de pencas e as
bananas mais curtas. O rabo é curvo em S alongado, limpo nos seus primeiros 20 a 30
cm e com brácteas persistentes na parte restante. Sua produção é melhor do que a do
‘Nanicão’ quando plantado nestas condições.
O cultivar Hanicão de Santos apresenta a diferença de ter a polpa bem
amarelada, ser mais perfumada e mais doce, mas tem o defeito de amolecer mais
facilmente quando madura.
O cultivar Hanicão de Eldorado é uma bananeira de porte com 50 cm a
mais, pseudocaule cerca de 10 cm a menos apenas no diâmetro da sua base, o que o
torna mais cilíndrico. É mais propenso a sofrer quebramento no seu pseudocaule, com
ventos fortes. O cacho é bem conformado, dando-lhe um aspecto bastante cilíndrico e
bonito, pelo fato das bananas serem um pouco mais longas e se apresentarem todas
voltadas para cima e não ficarem desordenadas como o cultivar Valery. Os cachos, em
geral, não ultrapassam 10 pencas, as quais têm menor número de bananas, o que reduz
o seu diâmetro. As bananas se apresentam acentuadamente tipo Vikings. A polpa é
creme como a do ‘Nanica’. O rabo se apresenta quase totalmente limpo, sem flores ou
brácteas e levemente curvo em S.
O ‘Hanicão Jangada’ é um mutante originado de um ‘Nanicão’
coletado em Eldorado Paulista, que perdeu cerca de 80 cm de altura, porém o diâmetro
de seu pseudocaule aumentou, eqüivalendo ao do cultivar Grande Naine. Conservou o
mesmo tipo de roseta foliar da sua planta original, o que torna mais fácil a parição da
inflorescência, pois praticamente não engasga. As pencas não são tão imbricadas como
o ‘Nanicão’ típico. O rabo do cacho é quase 100% limpo de restos florais e bem reto.
A distribuição das pencas é bastante uniforme e regular, apresentando bananas
encurvadas tipo Vikings. O número de pencas e bananas segue o padrão ‘Nanicão’, o
que faz o cacho ser tipo quase cilíndrico. Eles tem em geral, 12 pencas e peso superior
a 40 Kg. Suas bananas chegam facilmente no padrão 40 a 42 mm na segunda penca. É
um cultivar bastante vigoroso, que emite muitos “filhos”. O paladar não sofreu
nenhuma alteração. Tem demonstrado maiores exigências nutricionais em Zn. Na sua
falta ocorre sintomas semelhantes ao de Fusarium. Quanto aos nematóides, a
broca-das-bananeiras e a sigatoka-amarela e negra não apresenta diferenças. É um
mutante instável, pois por vezes retorna ao padrão original que era de planta alta com
cerca de 4 m. Quando isto ocorre é recomendável que essa planta seja eliminada.

Foto III-7A- ‘Nanicão Jangada’, mutação ocorrida em Avaré, SP -


cacho normal (2º cacho).
Foto III-7B- ‘Nanicão Jangada’. Cacho cilíndrico, quase
no ponto de colheita - cacho muito bom.
O cultivar Williams, que antigamente era chamado de Williams Hybrid, é
um ‘Nanicão’ tido como um pouco mais tolerante ao frio, cerca de 2°C a menos e um
pouco mais resistente a falta d’água. Aos 15°C ele não hiberna e também não engasga
sua inflorescência. Os sintomas de “chilling” na planta e nos frutos são menores do
que os demais cultivares do subgrupo Cavendish. Ele tem um pseudocaule mais
vigoroso e roseta harmoniosa. Seu cacho tem de 12 a 14 pencas, é quase tão
tronco-cônico como o ‘Grande Naine’. As bananas são mais longas, chegando a 22 ou
25 cm de comprimento, porém não engordam tanto como o ‘Jangada’, pois quando as
bananas da 2ª penca chegam ao diâmetro de 38 mm, elas já começam a amadurecer. O
formato do ápice das bananas é acentuadamente semelhante ao gargalo de garrafa. A
identificação desse cultivar é facilmente feita pelo fato dele ser, provavelmente, o
‘Nanicão’ que tem o pistilo mais longo e acentuadamente esbranquiçado, o que o
diferencia de todos os demais. As pencas não são perfeitas e nem harmoniosamente
distribuídas na ráquis, o que lembra um pouco o ‘Valery’. Esta condição faz com que
as bananas se disponham de modo um pouco desorganizado, principalmente quando o
cacho está no ponto de colheita. Quanto ao restante tem comportamento igual ao
‘Nanicão’.
Foto III-8- ‘Williams’, cacho levemente cônico sendo
os pistilos esbranquiçados - cacho quase ótimo.
O cultivar Valery é um ‘Nanicão’ que recebeu este nome em um programa
de seleção clonal feito pela Standard Fruit Company, da qual participaram mudas
coletadas em Santos em l939. Ele não é muito vigoroso, mas a planta segue os padrões
normais. Este cultivar tem grande variação de porte, pois as plantas têm de 2,50 a 4,00
m de altura. A coloração da inflorescência e das bananas não difere dos padrões
citados para esse tipo, assim como o comprimento e o engordamento das bananas.
Tem a característica negativa das bananas se apresentarem com seus pedúnculos
relativamente frouxos e por isso, por ocasião da colheita, o cacho fica com suas pencas
bem desorganizadas e as bananas um pouco caídas umas sobre as outras. Este aspecto
dificulta o seu transporte nos cabos aéreos, que é compensado, em parte, transportando
os cachos em posição invertida, para não provocar injúrias. O rabo é limpo e nem
sempre reto. Apresenta uma certa pilosidade.
Foto III-9- ‘Valery’, muito plantado no Equador. As pencas são frouxas
e por isso precisam receber as almofadas entre elas para o transporte
- cacho quase ótimo.
O ‘Congo’ é um mutante de ‘Nanicão’, que tem o diâmetro do pseudocaule
cerca de 80% menor do que o padrão. O cacho lembra ao ‘Nanica’ (ligeiramente
tronco-cônico), porém com no máximo 10 pencas. O rabo é completamente limpo
apenas na sua primeira metade enquanto que na parte restante conserva as brácteas
empapuçadas sobre os restos florais, tendo acentuada curva em S. O coração quase
desaparece por ocasião da colheita. Quanto às demais características não apresenta
variações. Foi introduzido em Caraguatatuba, SP, por volta de 1940.
O cultivar Anã do alto é um ‘Nanicão’ comum que apareceu no Nordeste,
que tem a diferença de apresentar folhas um pouco mais estreitas e mais claras. A
angulosidade de sua inserção na roseta também é menor, o que as deixa mais em pé.
Seus cachos e suas bananas seguem o padrão, porém são sempre menores em tudo.
O cultivar Cachiola é uma bananeira ‘Nanicão’, com aparência geral de
planta fraca, cujo pseudocaule é mais verde limão, quase sem apresentar as esparsas
manchas típicas amarronzadas. Os pecíolos têm pouca cerosidade, as folhas também
são mais claras (verde-limão) como se tivesse sido feita recentemente uma calagem. A
curvatura dos frutos é menos acentuada e a coloração deles é verde mais claro, como
as folhas. O rabo do cacho é quase totalmente limpo, mas apresenta sempre algumas
brácteas junto ao coração. Este praticamente se finda quando da colheita. Não
apresenta diferenças do tipo padrão quanto aos parasitas.
O cultivar Johnson é um ‘Nanicão’ mediano, com desenvolvimento lento,
com folhas mais curtas, mais largas e mais claras. O rabo é reto sem brácteas e quase
sem flores. Tem coração normal, mas durante a colheita ele permanece maior do que
um ovo de pata. É um pouco mais tolerante à sigatoka-amarela.
Foto III-10- ‘Johnson’, cacho compacto, com frutas
desorganizadas dentro da penca - cacho bom.
O cultivar Monte Cristo tem as mesmas características do ‘Nanicão’,
apenas um pouco mais baixo e com maior diâmetro no pseudocaule. O engaço é mais
escuro, mais piloso e de maior diâmetro, lembrando aos do ‘Nanica’. As pencas são
em menor número, mas se distribuem mais ordenadamente na ráquis. O número de
bananas por penca é mais constante. A polpa é mais cor de creme e mais doce. O rabo
é mais longo e com brácteas persistentes.
O cultivar Piruá é um ‘Nanicão’ normal na sua aparência, com bananas
pouco acentuadas para o tipo Vikings. O rabo tem flores e brácteas persistentes apenas
na sua última metade. Apresenta-se bastante resistente ao parasitismo da
broca-das-bananeiras. Os frutos, quando maduros, são mais ácidos e ao serem
industrializados produzem bananada com bom “ponto de corte”.
O cultivar Poyo é um mutante muito semelhante ao ‘Nanicão de Eldorado’
onde o pseudocaule é relativamente fino, com a roseta alongada. Sua altura é em geral
50 cm a mais do que a do ‘Nanicão’ padrão, portanto com cerca de 3,50 m. As pencas
se apresentam com dedos longos, voltados para o alto ficando esparsas e
harmoniosamente distribuídas ao longo da ráquis. O rabo é sempre limpo e levemente
curvo em S, tendo o coração maior do que o ‘Nanicão’. É mais exigente em calor e
água. Na falta deles há acentuada redução no seu tamanho e alongamento do ciclo de
produção. Quanto ao mais não há diferenças.
Foto III-11- ‘Poyo’, em locais quentes como a Jamaica,
tem bom desenvolvimento - planta bem nutrida.
O cultivar Hanicão pseudocaule roxo é uma bananeira semelhante ao
‘Nanicão’, cuja mutação tem ocorrido com relativa freqüência em vários países. Ele
apresenta as bainhas, pecíolos e nervuras principais fortemente coloridas de roxo
acinzentado, mas que difere da tonalidade do “azul-da-bananeira”. O pseudocaule é
um pouco mais fino do que o padrão. As folhas são mais coreáceas dando a impressão
de que estão levemente recobertas com fuligem de carvão. Tem demonstrado maior
resistência às injúrias do frio do que o ‘Nanicão’ padrão. Por outro lado, intoxica-se
facilmente com o “spray oil”. O cacho é quase cilíndrico, com pencas e bananas
regularmente dispostas na ráquis. A casca dos frutos é de cor normal. O rabo é curvo e
semi-limpo. O coração quase desaparece na colheita. Sua resistência às sigatokas e
demais parasitas é igual. É um mutante estável.
Foto III-12- ‘Nanicão pseudocaule roxo’, mutação
ocorrida em Jacupiranga, SP - cacho normal.
O cultivar Caturrão é um mutante do ‘Nanicão’, que apareceu em Santa
Catarina, tendo ficado mais alto 100 cm, com a roseta bem harmoniosa, cacho
compacto e quase cilíndrico, pencas maiores e mais distanciadas, frutos mais longos,
rabo reto sendo 50 % sujo. Tem maior resistência aos nematóides e aos “moleques”.
Foto III-13- ‘Caturrão’, planta alta e mais tolerante aos
nematóides e ao “moleque” - cacho normal.
O cultivar Burron é um ‘Nanicão’ bem vigoroso, que tem seu pseudocaule
um pouco mais baixo e escuro do que o normal, assim como suas folhas. Estas são
mais curtas e mais largas sendo sua extremidade distal fortemente arredondada e não
afilada como deveria ser. Este caráter é que lhe proporcionou o nome de ‘Bout Rond’.
Sua roseta é mais achatada e o engaço mais curto. Seu cacho é menor do que o do
‘Nanicão’ e as bananas têm suas pontas cheias como a extremidade da salsicha. O rabo
é sujo quase como o cultivar Nanica. É menos perseguido pela broca-das-bananeiras,
porém bastante pelos nematóides. É pouco tolerante ao frio, a casca risca facilmente, e
é freqüente o aparecimento de enfermidades na ponta dos frutos.
O cultivar Lacatan foi assim rebatizado na Jamaica em 1930, tendo
vindo da Malásia com outro nome (Filipino). Ele é um ‘Nanicão’ com o pseudocaule
um pouco mais fino, mais alto cerca de 1,50 m, portanto com 4,0 a 4,5 m. O
pseudocaule é mais impregnado de manchas amarronzadas do que o ‘Nanicão’, tendo
sempre a roseta harmoniosa. Ele lembra também o ‘Poyo’, porém é mais alto. As
folhas são um pouco mais estreitas com pecíolos e comprimentos mais longos e com
postura mais em pé. Apresenta-se sempre com mais filhos do que o ‘Nanicão’, que
crescem mais lentamente, com pseudocaules finos e com folhas lanceoladas até quase
2 m de altura. Seu cacho é formado por bananas mais compridas e com tipo Vikings
bastante acentuado e com imbricação mediana, o que o torna bastante cilíndrico e
imponente. Este tem, em geral, 12 pencas que facilmente formam um cacho com 120
cm de comprimento, porém o número de bananas diminui em cada uma delas. Os
dedos atingem mais de 22 cm e ficam bem cheios quando no ponto de colheita, porém
são mais insípidos que os do ‘Nanicão’. É muito fácil de se fazer a embalagem das
pencas em caixas, dado o formato das bananas. Seu engaço é proporcionalmente
longo, assim como seu rabo, que é limpo de brácteas, porém com algumas flores
masculinas abortadas e curvo em S já nos seus primeiros 25% de seus 100 cm de
comprimento. O coração que já não era muito grande, quase que desaparece na
colheita. Seu ciclo de produção fora das regiões tropicais é bastante alongado por falta
de temperatura. É muito difícil de se encontrar um cacho engastado por frio ou seca. A
sua altura dificulta muito as pulverizações nas folhas e os tratos culturais nos cachos,
além de sofrer muitos prejuízos com os ventos. É menos perseguido pelos nematóides
e a broca-das-bananeiras do que o ‘Nanicão’, porém se comporta igualmente quanto
aos ataques de outros parasitas.

Foto III-14- ‘Lacatan’, bananas longas, tem rabo limpo


sendo acentuadamente curvo para depois voltar a vertical
- cacho médio.
O cultivar Giant fig ou Mestiça é uma variação do ‘Lacatan’ cujo
pseudocaule não é tão grosso, o que realça à vista. As folhas têm pecíolo mais longo,
são mais estreitas e se dispõem formando uma roseta mais achatada verticalmente e
são um pouco mais eretas. As pencas são iguais, mas dispostas mais juntas, porém
com dedos um pouco mais curtos e mais gordos, o que torna o cacho visualmente mais
compacto e menor. O rabo é curvo em S, um pouco mais fino e limpo também, mas o
coração é um pouco maior. Tem maior resistência aos nematóides e é igual no
restante.
O cultivar Imperial é um ‘Lacatan’ muito freqüente no sul do Brasil que
ganhou mais altura, chegando a mais de 5 m. O pseudocaule é mais escuro com roseta
bastante harmoniosa. O cacho tem melhor aparência por ser a imbricação das pencas
mais uniforme e também as bananas com tipo Vikings mais acentuado. É difícil de
engasgar. O paladar é semelhante ao ‘Nanicão’, porém menos ácido. O rabo é
inteiramente limpo, curvo como o ‘Gros Michel’, com coração mediano na colheita. É
um cultivar de difícil controle da sigatoka-amarela, devido a sua altura. É
medianamente perseguido pelo “moleque”, altamente tolerante ao mal-do-panamá. As
plantas sofrem o parasitismo dos nematóides, mas seus prejuízos são, provavelmente,
os menores de todos os cultivares do subgrupo Cavendish. Seu ciclo de produção é
bastante alongado, nas regiões onde o inverno é acentuado.
O cultivar Gros Michel até a década de 60 ainda era conhecido como a
Rainha das Bananas, tanto pelos produtores como pela sua aceitação no comércio
internacional. Dada a impossibilidade de se conseguir controlar o mal-do-panamá
(FOC) nesse cultivar, os seus plantios foram substituídos com outros do subgrupo
Cavendish, começando com o ‘Valery’ que já está cedendo lugar para o ‘Grande
Naine’. O ‘Gros Michel’ é muito exigente em calor e umidade. Em regiões não
tropicais seu ciclo de produção sofre grande alongamento e diminuição da planta e do
cacho em todas suas dimensões. É uma planta que tem de 6 a 8 m de altura. O
diâmetro de seu pseudocaule é bem maior do que o ‘Nanicão’, assim como seu rizoma.
A parte externa das bainhas internas não tem a cor avermelhada do subgrupo
Cavendish e por isso quando se corta transversalmente a ponta do pseudocaule de um
rebento, nos seus últimos 5 a 10 cm, não aparecem os anéis típicos desse subgrupo.
Externamente, ele é verde claro e sem as pigmentações amarronzadas que existem no
‘Nanicão’, porém tem outras quase pretas. As folhas mais velhas são longas e estreitas,
com ângulo de postura como se elas não quisessem chegar na horizontal. O pecíolo e a
nervura principal são verdes, mais claros do que as bainhas. O engaço é longo e
robusto. O cacho tem formato bastante cilíndrico e com muita freqüência pesa 60 Kg
ou mais e com 150 cm de comprimento. Ele se forma com 12 ou mais pencas, com
bananas de 24 a 26 cm, que devido ao seu formato chega a lembrar os cachos de
bananas tipo ‘Maranhão’, quando magra, sendo que seus ápices são bem iguais aos
dele. Elas são quase retas, com curvatura apenas no pedúnculo, tipo Vikings, bastante
acentuada. As bananas ficam quase que paralelas à ráquis. O pedúnculo é longo e a
almofada é bastante desenvolvida. A casca que é bem grossa e quase rígida, tem
coloração verde desmaiada, passando a amarela esbranquiçada quando madura,
ocasião em que ainda conserva algumas quinas. A polpa é bem branca e o paladar é
quase que insípido. O rabo, com suas cicatrizes muito proeminentes, tem maior
diâmetro que o do ‘Nanicão’ e tem sua forma curva como o do ‘Maçã’, cuja curvatura
se inicia logo abaixo da última penca, o que é bem típico dele. Apresenta esparsos
restos florais masculinos até sua primeira curva e depois fica limpo por completo e o
coração é pequeno. A bráctea se enrola mostrando sua cor púrpura brilhante interna. O
coração termina bem afunilado e com ombro alto. Tem boa resistência aos ataques do
“moleque” e mediana a sigatoka-amarela. A sua não tolerância ao fusário fez com que
ele deixasse de ser plantado. O fato dele quase não se injuriar durante o transporte e a
facilidade para se fazer sua embalagem em caixas são características ainda não
encontradas em nenhum outro cultivar que pudesse vir a substituí-lo.
Foto III-15A- ‘Gros Michel’, cachos e bananas grandes,
pouca tolerância ao FOC - cacho bom.

Foto III-15B- Penca de ‘Gros Michel’.


O cultivar Golden Beauty, ou IC-2, é um híbrido que foi produzido pelo
Imperial College of Trinidad, em 1928, para substituir o ‘Gros Michel’. A planta é um
pouco mais baixa do que esta e menos vigorosa. O pseudocaule tem cor verde mais
escuro, sendo que o diâmetro de sua base é quase igual ao do ‘Gros Michel’, porém na
sua roseta apresenta uma grande redução de diâmetro, ficando com cerca de 60% dele.
Ele tem as folhas caídas (cansadas) como o ‘Maçã’, com coloração verde, um pouco
mais escura, levemente amarronzada, especialmente na sua nervura principal. Elas são
bastante revestidas de cera e possuem pecíolos longos e com lóbulos foliares largos e
mais curtos. O cacho lembra o da sua mãe (‘Gros Michel’), mas é pequeno, assim
como suas bananas que são verde garrafa e bem roliças. Seu paladar é um pouco
melhor, tem mais aroma e a coloração da casca é quase igual a do ‘Nanicão’, porém
levemente enfumaçada. A polpa é um pouco amarelada. Tem elevada resistência à
sigatoka-amarela e à negra, à broca-das-bananeiras e aos nematóides e é muito
tolerante ao mal-do-panamá. Entretanto, seu paladar não agradou aos consumidores.

Foto III-16- O híbrido ‘Golden Beauty’ é resistente a quase tudo, mas


o paladar não agradou ao consumidor - cacho pequeno.

1.2- Cultivares tipo Prata


Considero que todos os cultivares, citados a seguir, dentro deste grupo,
tiveram sua origem no cultivar Branca, que deve ter sido aquele descrito por Pero Vaz
de Caminha, como o que era comido pelos índios, por ocasião da descoberta do Brasil.
Esta afirmação se baseia no fato de que sempre que se faz a multiplicação por
biotecnologia, de qualquer um dos cultivares Branca, Prata, Enxerto, Pacovan ou
Vai-vai, os quais pertencem aos do subgrupo Prata, é comum aparecer o ‘Branca’
entre as variações somaclonais.
A grande semelhança entre o cultivar Branca e o Prata tem feito com que
muitos os considerem um só. Entretanto, é perfeitamente possível a identificação
deles, em condições de campo. Dada a imponência do nome Prata, ele passou a ser o
mais conhecido. Entretanto, é certo que nos bananais considerados popularmente
como ‘Prata’, na realidade existe, quase sempre, maior porcentagem de bananeiras do
cultivar Branca.
Cultivares deste grupo são encontrados nos quatro cantos do Brasil e são
também os mais plantados. Seu desenvolvimento é melhor nos solos declivosos e mais
arejados.
As bananas deste grupo nem sempre precisam ser climatizadas para
serem consumidas. Conservam-se em condições de consumo por um período bem
maior do que qualquer cultivar do subgrupo Cavendish. Têm também maior tolerância
ao frio do que aqueles desse subgrupo. Sua conservação, envolta em papel jornal, nos
refrigeradores domésticos também é mais fácil.
O cultivar Branca é encontrado com mais freqüência ao longo de quase
todos os rios, como se fosse uma bananeira nativa e também em moitas em regiões
interioranas. A bananeira desse cultivar apresenta menor vigor no seu todo do que o do
‘Prata’. Seu pseudocaule tem de 5 a 6 m, sendo que a sua base chega a ter 45 cm e
próximo da roseta de 25 a 30. Ele é um pouco mais escuro do que o ‘Prata’, sendo no
seu restante tudo igual. As folhas são um pouco mais eretas, ficando a quase 60° com
a horizontal. Elas são mais estreitas e tendem mais para verde oliva claro. Os cachos
são um pouco menores e mais leves por terem menos pencas, menos bananas as quais
são também mais curtas e menos gordas do que o ‘Prata’. As bananas despencam
menos do que as do ‘Prata’. As suas quinas são menos pronunciadas e quando a
banana está madura ela fica mais roliça do que as do ‘Prata’. A casca é mais fina,
menos almofadada, mais seca e por isso se mancham mais facilmente durante o
manuseio. Ao ser descascada quase não deixa seus “fios” aderidos à polpa. Esta, por
sua vez, é de coloração mais branca do que a do ‘Prata’, sendo daí a origem do seu
nome. A polpa é mais insípida, mais seca, mais consistente, menos doce, tem menos
aroma e seus lóculos não se separam tão facilmente como aqueles do ‘Prata’. As
diferenças mais visíveis entre esses dois cultivares são que, nos cachos do ‘Branca’,
aparecem com mais facilidade algumas bananas abortadas dentro da penca ou mesmo
uma penca inteira, fato esse que é conhecido pelos produtores como “chocheamento
da banana” ou inguirin. As bananas do ‘Branca’ têm sua extremidade distal mais
enxuta, o que deixa mais pronunciado o seu aspecto de gargalo de garrafa, do que no
caso das bananas ‘Prata’. Além disso, é muito freqüente no ‘Branca’ o aparecimento
de manchas esparsas pouco acinzentadas, nas cascas das bananas, causadas por
Cladosporium musae, que não evoluem (ver Foto XI-45). Outra característica
diferenciativa é a postura dos seus cachos. No ‘Branca’ ele permanece por mais tempo
na posição horizontal e nunca chega a ficar totalmente na vertical. É muito freqüente
encontrarem-se nele pencas começando a se desenvolver, ainda quando a ráquis está
quase na horizontal e por isso, ao ficarem gordas e estando o cacho mais próximo da
vertical, elas se apresentam bastante retorcidas. O rabo é sempre limpo, chegando aos
100 cm de comprimento, com as brácteas caindo precocemente. Estando as bananas
ainda em flor, já se pode observar que o rabo cai verticalmente, imediatamente após a
última penca, formando um ângulo quase reto. Este posicionamento dá a impressão de
que o rabo está “destroncado”. Ele é mais longo, mais fino, com coração menor do que
o ‘Prata’, chegando a quase desaparecer quando as bananas começam a amadurecer.
Nesta ocasião o cacho está mais próximo da vertical, sem contudo assim ficar.
Somente nestas condições é que a ráquis quase se apruma com o rabo. O rizoma do
‘Branca’ tem menor tendência a aflorar e também emite menos filhotes que o ‘Prata’.
Ele tem maior resistência à sigatoka-amarela, aos nematóides, à broca-das-bananeiras
e também maior tolerância ao fusário do que o ‘Prata’, características essas que lhe
garantiram sua sobrevivência até hoje, nos locais em que tem sido plantado, o que não
acontece com o ‘Prata’. Os fabricantes de bananadas gostam de misturar uma certa
quantidade de bananas ‘Branca’ com as do ‘Nanicão’, quando estão preparando seus
doces, pois alegam que o produto fica com melhor consistência e dá melhor ponto de
corte. Até cerca de 50 anos atrás, este cultivar assim como o ‘Prata’, o ‘Enxerto’ e o
‘Pacovan’, era apenas conhecido no Brasil, apesar de haver muitos outros cultivares
semelhantes a ele em outras regiões.

Foto III-17- ‘Branca’, inflorescência quando nova quase


horizontal, rabo limpo e caído verticalmente - cacho normal.
Foto III-18- Mesmo na colheita, o cacho do ‘Branca’
não fica na vertical e quase sempre apresenta
bananas arrepiadas ou retorcidas.
O rabo fica sempre na vertical - cacho normal.

Foto III-19- É típico da banana ‘Branca’ ter a ponta como que “chupada”.
O cultivar Prata tem porte de 5 a 6 m, com pseudocaule colorido de verde
claro, quase tão claro como o ‘Maçã’. Na sua base, ele chega a ter quase 50 cm e
próximo da roseta de 25 a 30 cm. Se comparado com o ‘Nanicão’, suas folhas são bem
mais longas e mais estreitas, com um verde desmaiado e opaco. A nervura principal é
verde bem claro, assim como o pecíolo, que também é mais longo e fino do que o
‘Nanicão’. A postura e a cor da folha são iguais às do ‘Branca’. Enquanto a
inflorescência está se desenvolvendo, suas flores femininas se mantêm quase que em
90° com a ráquis. A base da flor feminina (ovário) tem cor rósea esverdeada, o que a
diferencia totalmente da do ‘Nanicão’, que é um verde puxando para amarelo. A cor
rósea acentuada da tépala chama a atenção. Quando as flores masculinas começam a
se abrir, o cacho que já estava a quase 45° com a horizontal, passa para a posição
próxima da vertical. As bananas, por sua vez, sofrem um geotropismo negativo e
tendem a se voltar para o alto. Nesta ocasião tem-se a impressão de que o cacho está
“arrepiado”. Um bom cacho chega a pesar de 25 a 30 Kg, sendo o mais comum com
cerca de ¾ desse peso (Foto III-21). Com o engordamento das bananas, elas acabam
ficando voltadas para o alto. Elas são quase retas, com cinco quinas bem definidas,
que quase desaparecem quando chegam próximo da colheita. A casca, quando madura,
é amarelada desmaiada e ao ser retirada observa-se que é bem mais almofadada do que
a do ‘Branca’. Muitos de seus “fios” ficam aderidos à polpa. Estes “fios”, em geral,
não agradam aos consumidores. A cor da polpa é que dá o nome ao cultivar, pois
lembra a do metal prata. É uma banana de aroma suave, doce, pouco ácida e de
digestão leve. Sua casca resiste melhor aos atritos e impactos do que o ‘Nanicão’. A
banana é mais longa que o ‘Branca’ chegando as maiores ao comprimento de 20 cm.
Sua extremidade distal termina como gargalo de garrafa, porém menos abruptamente
que o ‘Branca’ (Foto III-22). O rabo segue harmonicamente a curvatura da ráquis
(Foto III-20). Ele fica, nos seus primeiros 10 a 15 cm, com algumas flores masculinas
enquanto que o restante é sempre limpo. O rabo tem quase 100 cm e as cicatrizes se
apresentam bastante proeminentes, o que o torna mais grosso. À medida que se chega
no final desse órgão, ele vai progressivamente se afinando. O coração, na colheita, fica
reduzido a um ovo de galinha. Nesta ocasião a ráquis e o rabo formam uma só linha,
praticamente, vertical. É um cultivar um pouco mais resistente à sigatoka-amarela do
que o ‘Nanicão’, porém com pouca tolerância ao mal-do-panamá, muito perseguida
pelos “moleques” e nematóides. Estes aspectos têm contribuído para o
desaparecimento de muitos plantios. São bananeiras com um agressivo sistema
radicular e por isso sobrevivem e produzem em solos relativamente pobres e também
com alguma deficiência hídrica.
Foto III-20- O cacho do ‘Prata’ curva-se harmonicamente junto com o
rabo que é limpo e coração grande - planta normal.

Foto III-21- O cacho do ‘Prata’ chega a pesar


mais de 30 kg - cacho quase ótimo.
Foto III-22- Mesmo nas últimas pencas do ‘Prata’, as bananas têm
seu ápice cheio.
O cultivar Pacovan é um mutante do cultivar Prata, encontrado na serra
de Baturité, no Ceará, no início deste século. É cerca de 50 cm mais alto do que o
‘Prata’. É mais robusto em geral. Seu pseudocaule é mais grosso chegando a 50 cm na
sua base e a quase 30 na sua roseta (ver Foto II-3). Ele é pouco mais claro que o
‘Prata’ e com sua roseta bastante harmônica. As folhas são mais compridas e mais
largas com postura tendendo mais para uma posição horizontal, com uma certa
semelhança com as do cultivar Maçã. O pecíolo tem a cor de bananeira que recebeu
calagem recentemente, lembrando um pouco o ‘Figo vermelho’, com um leve tom
rosado. Muitas vezes o fungo Cladosporium musae se desenvolve nele causando-lhe
leves manchas acinzentadas. O engaço tem cor verde garrafa e é bem volumoso. As
tépalas são mais rosadas do que no caso do ‘Prata’ e do ‘Branca’. A inflorescência tem
uma postura de 45°, já desde seu nascimento, sendo que o rabo cai mais suave e
harmonicamente. Com o desenvolver das bananas, o cacho e seu rabo ficam
praticamente em posição vertical. Ele é grande com 12 ou mais pencas, contendo mais
bananas do que o ‘Prata’, cujo peso chega a mais de 35 Kg. As bananas têm as cinco
quinas bem definidas, sendo mais compridas. Quando no ponto de colheita ficam mais
gordas, porém as quinas não desaparecem por completo. A extremidade distal
permanece com as quinas e são volumosas, lembrando o ‘Gros Michel’. A casca é
mais almofadada do que os frutos do ‘Prata’ e tem mais “fios” também. A polpa é
levemente rosada. Quando amadurecida ao natural tem um pequeno sabor amiláceo, o
que a torna pouco digestível. Entretanto quando climatizada fica semelhante ao
‘Prata’, sendo que, neste caso, a cor de sua casca torna-se mais amarelada. Uma
característica importante para a identificação deste cultivar é o fato da banana madura
apresentar sempre seu pedúnculo e a almofada com a mesma cor verde intenso, que ela
tinha quando verde (Foto III-23). A casca pode também ficar apenas um pouco
impregnada com manchas acinzentadas do fungo citado. O rabo apresenta os nós bem
proeminentes e mais compactados do que os demais cultivares, o que o torna bastante
grosso. Ele é completamente limpo e bem longo com a cor verde escura. Seu coração é
sempre bem maior do que o ‘Prata’, mesmo na colheita. Muito freqüentemente no
meio do seu rabo aparecem flores hermafroditas, formando um verdadeiro pompom de
bananas curtas, porém completamente roliças. Estas têm paladar com menor gosto de
amido. Outra característica típica é o fato da planta emitir “filhos” bem embaixo dela,
o que torna difícil o seu arrancamento, pois mesmo no bananal velho eles não afloram.
O rizoma dos “filhos” é sempre maior do que os dos demais cultivares, assim como o
diâmetro das raízes. Eles permanecem emitindo folhas lanceoladas até a altura de
quase 2,0 m. É uma planta bastante exigente em calor e umidade, pois em condições
menos tropicais seus ciclos alongam muito e tudo nela se torna menor. Tem elevada
resistência à sigatoka-amarela e boa tolerância ao fusário, quando cultivada em solos
com alto teor de Mg e Zn. É pouco perseguida pelos “moleques” e os nematóides. É a
bananeira mais comum no Nordeste brasileiro, principalmente no estado do Ceará.

Foto III-23- Os pedúnculos e a almofada no ‘Pacovan’ são acentuadamente


verdes sempre.
O cultivar Brancacenta tem características semelhantes ao ‘Branca’. Sua
polpa não é tão alva e nem tão cor creme como o ‘Prata’. Seu paladar é intermediário
assim como a aparência da banana. Há também uma diferença nas dimensões do
coração, pois ele é intermediário entre um e outro.
O cultivar Prata do Hordeste é extremamente parecido com o cultivar
Prata, apenas com o inconveniente de ser menos tolerante ao fusário. Quanto as
demais características pode-se dizer que não há diferença.
O cultivar Prata do Itimirim é muito semelhante ao ‘Prata’, apresentando a
diferença de ter dedos maiores e quando madura se despenca menos, colore-se de
amarelo mais intenso e é também mais doce.
O cultivar Prata ponta aparada apresenta muita semelhança com o ‘Prata’.
A inflorescência se desenvolve com uma angulosidade de 45° com a horizontal e o
rabo com a mesma curvatura do ‘Pacovan’. À medida que as bananas se desenvolvem,
o cacho tende para a posição vertical assim como seu rabo. Este apresenta-se com os
nós bem realçados, quase como o ‘Pacovan’. O seu cacho, já estando completamente
desenvolvido, as bananas ficam bem roliças e são cerca de 40% mais curtas, tendo sua
extremidade distal cheia, o que lembra uma salsicha.
Foto III-24- O ápice das bananas do ‘Prata ponta aparada’
é quase igual ao do ‘Ouro’.
O cultivar Prata Zulu (pronuncia-se zulú) teve sua origem na África. Foi
coletado por este autor em Angola em 1987, que resolveu dar-lhe este nome em
homenagem à raça da pessoa que o forneceu e pela impossibilidade de conseguir
pronunciar sua denominação regional. O pseudocaule é cerca de 100 cm mais baixo
que o cultivar Prata. Em geral, ele é verde levemente amarelado. Suas folhas são um
pouco mais curtas e mais largas. A parição da inflorescência é igual, mas sua cor é
acinzentada tanto no engaço como nos ovários das flores, devido à forte e longa
pilosidade que é bastante desenvolvida. Esta é perfeitamente visível e sensível ao tato,
característica esta também presente nos frutos, mesmo quando maduros, porém menos
acentuadamente. Os restos florais são mais róseos do que o ‘Prata’ e seu pistilo é bem
grande, persistente e quando seco fica esbranquiçado quase como os do ‘Williams’. Os
frutos não chegam a ser tão longos como uma excelente banana ‘Prata’. Ao se
descascar a banana, sua casca se solta delicadamente da polpa, sendo bastante fina
como no cultivar Ouro. A casca, depois de retirada da banana, em poucos minutos se
oxida e fica quase preta, tanto por dentro como por fora. Ela é um pouco mais doce,
mais branca e macia do que a do ‘Prata’ e conserva-se em boas condições de consumo,
depois de madura, por 3 a 5 dias a mais do que aquela. É uma banana delicada, que
exige cuidados no seu manuseio. Quanto aos parasitismos se comporta como o ‘Prata’.
Foto III-25- No ‘Prata Zulu’, o engaço e as bananas são bastante pilosos.
O rabo é limpo, reto, verde escuro com cicatrizes proeminentes
e compactas - cacho normal.

Foto III-26- O verde do pedúnculo quase desaparece na banana ‘Zulu’


madura.
O cultivar Miomba foi coletado por este autor, em 1981, em Moçambique.
Ele é muito semelhante ao cultivar Prata Zulu, na postura da planta. Entretanto seu
cacho apresenta bananas com pilosidade mais curta e postura mais vertical quando
bem desenvolvido. Os pistilos são mais curtos e um pouco mais escuros quando secos.
A casca é um pouco mais grossa e não se oxida tão rapidamente. A cor da polpa é um
pouco mais creme, é macia e mais doce e tem aroma mais acentuado. Os frutos são um
pouco mais curtos, sendo que nas primeiras pencas seu comprimento é da ordem de 15
cm. Eles apresentam no seu pecíolo uma torção vertical, para cima, mais acentuado do
que o ‘Prata Zulu’. Tem igual conservação depois de colhido, mas é um pouco mais
sensível ao mal-do-panamá.

Foto III-27- Os pêlos no cacho do ‘Miomba’ são


mais curtos do que os do ‘Zulu’. As bananas
são mais voltadas para o alto e o rabo é pouco
curvo junto à última penca - cacho normal.
Foto III-28- O pedúnculo do ‘Miomba’ é mais claro e as bananas são
mais curtas do que as do ‘Zulu’ - penca fraca.
O cultivar Ouro da Mata, segundo comunicação verbal do Prof. Otto
Anderson, deve ter surgido na Zona da Mata, próximo de Viçosa, onde ele o coletou
há quase 60 anos. É um cultivar tipo Prata, mais vigoroso, com igual altura, com
pseudocaule, pecíolos e folhas um pouco mais escuro do que o ‘Branca’, sendo que
seu coração é igual a este. As folhas são um pouco mais longas e com pecíolos mais
volumosos. O rabo é grosso quase como o ‘Pacovan’. O cacho se apresenta com mais
pencas do que o ‘Prata’, porém com menor número de bananas, que se dispõem com
seu ápice voltado para o alto e também com mais quinas que o ‘Prata’. Elas ficam bem
embricadas, possuem um aroma agradável e são mais doces e de cor mais creme do
que o ‘Prata’, porém levemente ácidas. Tem o rabo longo, com os nós mais
volumosos, compacto e limpo. O coração solta rapidamente suas brácteas e fica
bastante reduzido quando na colheita.
Foto III-29- As pencas do ‘Ouro da Mata’ têm a mesma postura
das do ‘Prata’- cacho fraco.
O cultivar Enxerto (Foto III-30) é uma mutação do cultivar Branca,
ocorrido em Criciúma, SC, no início do século. Recebeu este nome pelo fato da
bananeira ser visualmente parecida com o ‘Nanicão’ e seu cacho semelhante ao de um
‘Prata’. Seu pseudocaule é mais robusto sendo cerca de 50 cm mais alto que o
‘Nanicão’ e com diâmetro 10 cm maior tanto na sua base como no seu alto. A roseta
é bem harmônica, porém um pouco mais achatada. O pseudocaule, pecíolo e nervura
principal são verde-claros e brilhantes mais escuro do que o ‘Prata’, mas não chegando
ao do ‘Nanicão’. As folhas têm coloração verde-amarelado, com dimensões que
lembram ao ‘Grande Naine’, com postura do ‘Nanicão’. A inflorescência se apresenta
em posição de 45° e com as tépalas brancacentas que vão, com o passar dos dias, se
tornando quase tão rosadas como as do ‘Pacovan’, cujas cores e transformações
lembram precisamente o que acontece com a flor do algodoeiro, quando polinizada.
Seu engaço é verde com anuâncias avermelhadas. Normalmente ele é bastante
vigoroso, o que contrasta muito com as bananas que, no início, têm um lento
desenvolvimento. Elas, no princípio são finas, dando a impressão de que vão ficar
chochas, o que não acontece. No ponto de colheita os cachos são um pouco mais leves
do que os do ‘Prata’. As pencas se inserem bem juntas, tendo pedúnculo pequeno. As
bananas, quando gordas, são mais curtas do que as do cultivar Branca. Sua
extremidade distal tem acentuado formato de gargalo de garrafa, sendo praticamente
sem quinas, porém não ficam roliças. Os restos florais secos evidenciam o seu grande
pistilo, que se torna esbranquiçado quase como o do ‘Williams’. Seu paladar é menos
definido do que o ‘Prata’, porém mais acentuado do que o ‘Branca’, sem ter a acidez
do ‘Nanicão’. A cor da polpa fica entre o ‘Prata’ e o ‘Nanicão’. Quando bem adubado
com Zn produz cachos maiores, mais pesados e com frutos mais desenvolvidos e, na
colheita, ficam com maior diâmetro e sua extremidade distal bem cheia, quase como a
banana ‘Ouro’. O cacho deste cultivar, quando está em meia granação, realça nele o
fato do seu rabo ficar com 30 a 40% do seu comprimento limpo, tendo apenas as flores
masculinas abortadas. Na parte restante as brácteas são persistentes, ficando bastante
empapuçadas e compactas. Elas são mais largas do que compridas. Internamente as
brácteas são enrugadas e coloridas fortemente com a cor de roupa de bispo. O coração
é muito inchado, podendo-se dizer que é um dos maiores entre as bananas comestíveis.
Seu ombro é bem alto. Neste cultivar, aparece com muita freqüência, principalmente
nas plantas originadas de mudas produzidas por meristemas, no seu rabo, flores
hermafroditas, que chegam a completar seu desenvolvimento, formando um pompom
cheio de bananas curtas e bem roliças, com suas extremidades distais quase pontudas,
formando pencas bem juntas. O paladar destas é bem semelhante ao das bananas
normais, sendo apenas um pouco mais doces. Nessas plantas produzidas por
biotecnologia, aparecem muitos mutantes somaclonais de ‘Branca’ e ‘Pacovan’.
Geralmente, apenas neste cultivar, o primeiro cacho destas mudas de laboratório não
são muito grandes. Este cultivar, quando tem muito sangue do cultivar Vai-vai (veja
abaixo), tem a característica genética de apresentar, algumas vezes, bananas que ficam
semi-atrofiadas, distribuídas aleatoriamente nas pencas. As bananas do cultivar
Enxerto apresentam muito comumente, depois de sua granação, manchas acinzentadas
nas cascas causadas pelo fungo Cladosporium musae. Por vezes, em regiões mais frias
e com elevada umidade relativa do ar ou em períodos com baixa temperatura, este
fungo se desenvolve e chega a provocar infecções, que acabam produzindo manchas
muito intensas, que anulam suas condições de comercialização (Cap. XI-2.4.3). Já,
desde muitas décadas, têm sido feito extensos plantios desse cultivar no estado de
Santa Catarina, principalmente nas partes mais altas dos morros isolados, onde as
folhas e os frutos não sofrem grandes injúrias, causadas pelo frio. Em condições mais
tropicais, este cultivar tem demonstrado diminuição de sua tolerância pelo
mal-do-panamá. Ele tem maior resistência à sigatoka-amarela e à negra do que o
‘Nanicão’ e é pouco parasitada pelo “moleque”. Quanto aos nematóides também tem
se demonstrado pouco perseguido por eles. É um cultivar que está sendo muito
plantado nas mais diferentes regiões do Brasil, dada a sua aceitação agrícola e
comercial. Há alguns anos, a EMBRAPA, por motivos não justificáveis, resolveu
trocar-lhe o nome por cultivar Prata anã, a despeito dela não ser uma planta anã. Com
isto tentou-se eliminar um nome já popularmente consagrado e tipicamente original,
motivo pelo qual, este autor prefere continuar chamando-o de cultivar Enxerto.
Foto III-30- Já no 2° cacho o ‘Enxerto’ demonstra seu potencial
de produção - cacho médio.

Foto III-31- Os pedúnculos do ‘Enxerto’ mantêm-se quase tão verdes


como os do ‘Pacovan’ - sexta penca.
O cultivar Cris ou Vai-vai é uma variação do cultivar Enxerto, que é em
tudo e por tudo semelhante a ele, apenas com a diferença de que praticamente todos os
cachos apresentam sempre uma ou mais pencas com uma ou mesmo todas as bananas
com sua polpa pouco desenvolvida.
Foto III-32- Todos os cachos do cultivar Cris têm pencas ou bananas
que não completam seu desenvolvimento.
Há um outro cultivar conhecido como Branca de Santa Catarina, que é em
tudo e por tudo semelhante ao ‘Branca’, apresentando apenas a característica de ter sua
polpa mais ácida.
O cultivar Padath, que foi introduzido pelo IAC em 1968, da Índia, lembra
ao ‘Enxerto’, porém mais baixa cerca de 50 cm, com folhas mais largas, escuras e
pouco mais coreáceas. O pecíolo lembra mais ao do ‘Nanicão’. O cacho se apresenta
com o mesmo número de pencas e bananas do Enxerto, porém suas quinas, mal
desenvolvidas lembram o ‘Figo’. Seu paladar puxa para o do ‘Pacovan’, sendo
contudo um pouco mais doce, mais farinhenta e com a polpa mais amarelada. A casca
deixa esculpida e aderida na polpa, de forma bem nítida, seus “fios” que não saem
com ela quando se descasca a banana. Ela é mais “almofadada” e apresenta-se com
sinais do fungo Cladosporium musae, com mais freqüência do que o ‘Branca’. O rabo
apresenta flores masculinas secas, apenas no seu início, sem nenhuma bráctea aderida.
A seguir as brácteas se tornam persistentes. O coração seca antes que as 10 ou 12
pencas do seu cacho se desenvolvam completamente. É bastante tolerante ao
mal-do-panamá, elevada resistência à sigatoka-amarela, à broca-das-bananeiras e aos
nematóides.
O cultivar Pachá naadan que também foi introduzido pelo IAC em 1968,
da Índia, é parecido com o ‘Padath’, porém menos robusto. O pseudocaule apresenta
pontuações escuras esparças, como se alguém o tivesse cutucado, superficialmente,
com a ponta de um guarda-chuva, o que decorre de um parasitismo fúngico. A
inflorescência é lançada na posição de 45°, tendo seu rabo na posição vertical, como o
‘Branca’. Com o desenvolver dos frutos, o cacho e o rabo tendem para a posição
vertical. O cacho é um pouco menor do que o ‘Padath’, porém com frutos maiores. Ele
tem o defeito de suas bananas, quando amadurecem naturalmente, apresentarem
tendência a despencar. Sua casca bastante almofadada, é limpa com cor verde claro e,
quando madura, fica com um amarelo bem intenso, como o ‘Padath’, conservando
suas quinas bem definidas. Quanto ao paladar lembra o do ‘Prata’ e a cor da polpa é
semelhante ao do ‘Padath’, porém sem o perfume que lhe é característico. O rabo se
apresenta com algumas flores masculinas, apenas no seu início, as quais chegam a
granar um pouco. A partir destes, o rabo se torna totalmente limpo. Tem elevada
resistência à sigatoka-amarela, mediana tolerância ao mal-do-panamá e com pequeno
parasitismo do “moleque” e dos nematóides.

1.3- Cultivares tipo Caru


Este grupo é pouco explorado comercialmente, porém é encontrado, muito
freqüentemente, em touceiras esparsas nas propriedades e fundos de quintal.
O cultivar Caru verde tem o rizoma bastante desenvolvido e quase sempre
na superfície do solo, rodeado de curtas raízes adventícias. O pseudocaule tem cerca
de 4,5 a 5,5 metros de altura, com quase 45 cm de diâmetro na sua base e se reduzindo
à metade no seu topo. Suas folhas são praticamente iguais às do ‘Branca’, porém com
pecíolo um pouco mais longo e com sua calha mais fechada. Tanto o pseudocaule
como a nervura principal têm a mesma cor verde garrafa, enquanto que as folhas são
da mesma cor do ‘Nanicão’. As últimas folhas da planta são “preguiçosas”, mas as
demais têm sua inserção na roseta fazendo angulosidade de cerca de 60°. O engaço
tem o comprimento de 50 a 60 cm, é verde e com pelos bem curtos. A inflorescência
ainda nova, já tem posição quase vertical, assim como seu rabo. As flores têm cor
rosada. O cacho possui de 6 a 8 pencas, sendo que a última quase sempre é apenas
meia penca. A banana é semelhante ao do ‘Nanica’, sendo um pouco mais curta e bem
roliça. As primeiras pencas têm uma leve curvatura tipo Vikings e as últimas são quase
retas. A casca é mais “almofadada” do que as do ‘Nanica’. Tem forte aroma peculiar e
a polpa é cor creme. Ao ser descascada apresenta muitos “fios” que se soltam
facilmente. O rabo tem restos florais abortados distribuídos ao acaso ao longo de seus
primeiros 30 cm, porém sem nenhuma bráctea. O restante do rabo é completamente
limpo. Ele é bastante vigoroso, com nós proeminentes e com curvatura em S como o
‘Maçã’. Na sua extremidade, o coração que é maior e mais longo do que do ‘Nanica’,
não tem nenhuma bráctea agregada, as quais são róseo-esverdeadas. O comprimento
do rabo chega a ser quase duas vezes o comprimento do cacho. Os “filhotes” têm a
característica de se formarem quase que na superfície do solo. Este cultivar possui um
robusto sistema radicular. É medianamente resistente à sigatoka-amarela, altamente
tolerante ao mal-do-panamá e muito pouco perseguida pelos “moleques” e os
nematóides. Esta banana é muito usada no preparo de cozidos e à milanesa.
O cultivar Caru roxa é em tudo e por tudo semelhante ao cultivar Caru
verde, com a diferença de ser revestida inteira e intensamente de cor róseo-desmaiada.
As bananas quando novas são de um roxo mais intenso, quase pretas, mas quando
próximas do ponto de colheita perdem essa coloração e se tornam apenas um vinho
tinto claro. São muito usadas para ornamentar fruteiras dada sua coloração, onde se
conservam por longo tempo firmes e em condições de consumo. Com relativa
facilidade este cultivar perde a coloração roxa e fica todo verde, sendo o reverso
verdadeiro também. Isto possibilita que se encontre em uma mesma touceira os dois
cultivares. Este apresenta cloroses de falta de Mg, com mais facilidade do que o
cultivar Caru verde.
Foto III-33- As bananas ‘Caru roxa’ ficam com a cor
um poucomais clara quando maduras - cacho normal.

Foto III-34A- O pecíolo e o pseudocaule do ‘Caru roxo’ são acentuadamente


róseos - planta normal.
Foto III-34B- Duas pencas de ‘Caru’ com bananas maduras e pequenas.
O cultivar Caru vermelho de Paranaguá é uma variação do ‘Caru roxa’,
cuja banana apresenta a casca com um roxo mais avermelhado, a qual se torna bem
vermelha por ocasião da colheita. Depois de madura essa tonalidade se intensifica
mais ainda.

1.4- Cultivares tipo Figo


São cultivares utilizados principalmente para consumo fritos ou cozidos,
devido a seu alto teor de amido. Para serem fritas, as bananas não devem estar muito
maduras para não haver encharcamento com a gordura. São também utilizadas para
produção de compotas. Não são indicadas para fabricação de bananadas. Os cultivares
deste tipo têm pouca resistência ao mal-do-panamá (FOC raça 4), o que torna
necessário que ele seja sempre bem adubado, a fim de se procurar retardar o
desenvolvimento desta moléstia (Cap. XI-2.1).
O cultivar Figo cinza se apresenta com o porte de 3,5 m a 4,0 m, com suas
últimas folhas caindo como “cansadas”. O pseudocaule é verde claro bem uniforme.
Normalmente a folha I se apresenta amarela muito brilhante e flácida, evidenciando
falta de S. As páginas superiores das folhas mais velhas, pelo seu brilho, dão a
impressão de estarem impregnadas de óleo, enquanto que as inferiores se apresentam
revestidas com muita cerosidade. A leve tonalidade cinza que o pecíolo e a nervura
principal possuem se define de modo mais intenso nas bananas. As folhas velhas ficam
arqueadas como se estivessem cansadas. O cacho apresenta engaço com 60 a 80 cm,
com 6 a 8 pencas que, por se inserirem perpendicularmente na ráquis e bem
distanciadas, dão a impressão de formarem leques em diferentes níveis. As bananas
com seus até 20 cm de comprimento são quase retas e formam pencas com 12 a 14
delas. As bananas, quando jovens, têm quinas bem definidas, as quais depois se
esmaecem apenas um pouco. A casca é bastante “almofadada” e macia. Quando
madura, se retira a casca com relativa facilidade e aparecem muitos “fios” soltos, que
ficam parcialmente aderidos a ela e à polpa. Esta é clara como a banana ‘Branca’,
tendo sua parte externa corrugada como papel crepom. Os três lóculos do fruto tendem
a se separar, dando origem a um pequeno vazio entre eles. Com relativa freqüência se
encontram bananas com sementes férteis e com mais facilidade outras bem
desenvolvidas, porém estéreis. Os cachos, logo após a colheita, devem ser
despencados pois seus finos pedúnculos rapidamente perdem sua turgescência,
dificultando seu transporte. O rabo que é limpo, é bastante reto, quase sem nó e com
cerca de 80 cm de comprimento. O coração tem ombro alto, com corpo cheio. Seu
tamanho que era mediano, por ocasião da colheita, se apresenta pouco reduzido. A
bráctea se levanta um pouco e as flores masculinas caem precocemente. Ela tem cor
interna uniformemente róseo-intensa e são quase lisas, sendo que primeiro se levantam
por inteiro, a quase 90°, para depois de algum tempo caírem. É quase resistente à
sigatoka-amarela. Por ser bem perseguido pelo “moleque” e os nematóides, é
necessário um rigoroso combate a eles, para as plantas não sucumbirem.

Foto III-35- Mesmo no ponto de colheita, as bananas do tipo Figo


têm quinas bem acentuadas - cacho pequeno de ‘Figo cinza’.
O cultivar Figo cinza escuro difere do anterior apenas na sua casca que é
muito mais escura, dando impressão das bananas estarem enfumaçadas e impregnadas
de uma tênue camada de poeira. Este cultivar apresenta muito facilmente bananas com
sua casca rachada, já antes do ponto de colheita e também com muitas manchas
ásperas ao tato causadas por tripes.
O cultivar Figo vermelha é muito semelhante ao ‘Figo cinza’, havendo
diferença na cor da casca que é levemente avermelhada, ou melhor, alaranjada com
pouca cerosidade. O pseudocaule é verde alaranjado, assim como a roseta e a nervura
principal. Quando maduras, as bananas ficam bem alaranjadas. Sua polpa é um pouco
mais avermelhada e mais consistente. Esta consistência possibilita que seja cozida na
água e comida como pão, justificando o nome que o nordestino lhe dá - “Banana Pão”.

Foto III-36- As bananas ‘Figo vermelha’ têm menos cerosidade


do que as do ‘Figo cinza’- cacho médio.
O cultivar Figo de Xai-xai foi introduzido por este autor, em 1980, de
Moçambique. Tem características intermediárias entre o ‘Figo cinza’ e o ‘Figo
vermelha’, pois a coloração da planta não é bem definida para nenhum dos dois. A
casca é mais fina e sua cor, quando madura, tende mais para o ‘Figo cinza’. Ela pode
ser retirada com mais facilidade. A polpa é a mais branca de todos desse grupo e
também mais macia. Seu paladar é mais doce, devido a seu teor de amido ser menor.
Ela pode até ser consumida ao natural. Quando frita, em gordura, tende a se
desmanchar e fica bastante alva. Quanto às pragas e moléstias não difere dos demais.

1.5- Cultivares tipo Ouro


São todos aqueles que têm sua casca muito amarelada, quando madura,
lembrando a coloração do ouro.
O cultivar Ouro se desenvolve melhor nas encostas úmidas, porém não
encharcadas, localizadas onde a temperatura diurna é alta e a noturna seja baixa. O
clima das regiões serranas é favorável para seu desenvolvimento. Ele é muito exigente
em água. Sua falta alonga-lhe muito seus ciclos, sendo que o intervalo de produção
pode chegar, com facilidade, de 24 a 30 meses. Seu rizoma é pequeno, muito fibroso.
Seu pseudocaule tem cerca de 3,5 a 4,0 m, sendo que o diâmetro da sua base, que era
de 20 a 25 cm, sofre apenas um pequeno afinamento na sua roseta. Ele tem cor
amarelo brilhante, quase sem cerosidade, apresentando manchas negras esparsas e
irregularmente distribuídas por todo ele. A planta produz poucos “filhos” que crescem
bem junto ao rizoma, o que dificulta seu arrancamento. As folhas destes são bastante
lanceoladas, até quase 2 m de altura. A roseta é harmoniosa, com as folhas em uma
posição de 60°. As folhas são longas como as do ‘Nanicão’, porém bem mais estreitas.
A nervura principal é bem amarelada, enquanto que os lóbulos são um pouco mais
claros e relativamente brilhantes. A nervura de bordo do pecíolo e das folhas é
bastante realçada por serem bem pretas. A inflorescência é composta de flores com
tépalas de cor rósea bem escuro e durante a parição fica na posição quase horizontal.
Os cachos são leves tendo de 10 a 12 pencas, com um número de 18 a 24 bananas nas
primeiras e 8 a 10 nas últimas. As bananas são normalmente pequenas, com 10 a 12
cm e por isso este cultivar é chamado de “Bananinha”. O agrupamento das bananas
nas almofadas das pencas e estas na ráquis são bastante compactos. No ponto de
colheita ficam completamente roliças e com sua extremidade distal bem arredondada e
sem nenhuma protuberância deixada pelo pistilo. Quando ultrapassa um pouco o ponto
de colheita, as bananas começam a amadurecer e a casca fica impregnada de pontinhos
pretos causados por antracnose e ela se racha. A casca é bem fina e macia, porém
muito fibrosa, o que dificulta o início de seu descascamento. A polpa é bem
amarelada, macia, firme, bastante doce, sem nenhum gosto de amido. O rabo é reto,
vertical e limpo, tendo o coração sempre pequeno e cor de vinho tinto escuro, com
anuâncias esverdeadas. Por ocasião da colheita, o coração está do tamanho de um ovo
de galinha caipira. A broca-das-bananeiras ataca muito este cultivar, o que faz com
que seu rizoma fuja do solo. Suas galerias normalmente são encontradas na sua
periferia e raramente atingem a gema apical de crescimento. Os nematóides raramente
causam-lhe problemas de tombamento. Não se têm notícias de que este cultivar tenha
sido atacado pelo mal-do-panamá, porém não apresentam nenhuma resistência à
sigatoka-amarela, sendo, provavelmente, o cultivar mais atacado por esta enfermidade.
Entretanto, tem se mostrado muito tolerante à sigatoka-negra. É muito exigente em
nutrição de Mg. Quando verdolenga se presta muito para ser frita em rodelas, à
semelhança de batata.
Foto III-37- O pseudocaule do ‘Ouro’ é cor de ouro com esparsas
manchas escuras. É altamente atacada pela sigatoka-amarela e
muito tolerante à sigatoka-negra - cacho fraco.
Foto III-38- Quando maduro o cacho de ‘Ouro’ é bem
amarelo e “pintadinho” - cacho bom.
O cultivar Ouro mel é muito semelhante ao ‘Ouro’. A coloração geral da
planta é toda amarelada, porém um amarelo pouco brilhante, dando a impressão de
ouro usado. A planta tende sempre para a altura mais próxima de 4,0 m. As bananas
são bem mais compridas, chegando as maiores a ter de 14 a 16 cm e as menores de 8 a
10 cm. Seu diâmetro é bastante fino, cerca de menos do que 2,5 cm, não tendo quinas
desde que se forma e a casca é bastante lisa. Seu aspecto levemente curvado para o
alto, lembra um delicado dedo de mulher que toca piano. A consistência e a cor da
polpa são semelhantes ao ‘Ouro’, porém são mais secas e com o paladar um pouco
menos adocicado. Todas as outras características da planta são iguais, inclusive quanto
às pragas e moléstias.
O cultivar Colatina Ouro lembra muito ao ‘Ouro mel’. Foi coletada por este
autor em Colatina, ES, em 1972. Ele tem a característica de ter bananas mais longas do
que este, pois facilmente atingem a 20 cm, sendo um pouco mais curvas. Quando
verdes são um pouco mais quebradiças na região peduncular, junto da almofada, sem
contudo se despencarem naturalmente quando maduras. A planta também é mais
vigorosa, o que implica dizer que ela é um pouco maior em tudo.
Foto III-39- As bananas do ‘Colatina ouro’ são mais
finas, mais compridas e menos doces. Quando maduras
ficam com a cor quase igual à do ‘Ouro’ - cacho normal.

1.6- Cultivares tipo Maçã


As bananas deste tipo são, sem dúvida, para os brasileiros, a mais nobre
dado ao seu agradável buquê. Elas são muito usadas na dietética infantil. Se bem
maduras e com açúcar, são um bom regulador do funcionamento dos intestinos; se
verdolengas e sem açúcar, dado aos seus efeitos adstringentes, são ótimas para
estancar desinterias infantis. Devem ser consumidas somente quando maduras, devido
a essa adstringência. Nesta ocasião se despencam facilmente. É um dos cultivares de
menor tolerância ao mal-do-panamá (FOC) e por isso precisa ser bem fertilizado com
Zn, Ca, Mg e P. Ele tem sido usado como cultura de desbravamento no interior do
Brasil, pois seu período de produção é, geralmente, muito curto, limitando-se de 3 a 5
colheitas, devido a essa enfermidade fúngica. Seus plantios devem ser feitos sempre
em solos virgens de bananeiras, pelo menos durante os últimos trinta anos e se
possível utilizando mudas produzidas por biotecnologia.
Foto III-40- É típico dos cultivares Maçã ter as folhas arqueadas.
O cultivar Maçã de casca amarela (Foto III-41) tem seu pseudocaule com o
porte de 3,5 a 4,0 m e com o diâmetro de 30 a 35 cm na sua base e 20 a 25 cm no seu
topo. Sua roseta é bem harmoniosa e a bainha, pecíolo e nervura principal são de
coloração verde-clara, tendo as folhas um verde um pouco mais escuro. A roseta assim
como os pecíolos e as nervuras principais chegam a ser quase cinzentas, devido à
grande cerosidade que lhes reveste. No pseudocaule, na sua parte mais alta, há
algumas manchas esparsas e irregulares, quase pretas. As folhas são ligeiramente
opacas e têm a característica de serem preguiçosas e por isso a planta fica com o
aspecto de um guarda-chuva de praia aberto, sendo que a maior curvatura ocorre no
primeiro metro a partir do pecíolo. Normalmente a planta tem poucas folhas, pois as
velhas secam prematuramente. Na parição a inflorescência é até mesmo pequena,
sendo suas tépalas de cor rósea . Seu pistilo é dos mais longos. Seu engaço é mediano
e relativamente fino. O cacho chega a ter 12 pencas, sendo mais freqüente de 6 a 8 e
com peso ao redor de 10 a 12 Kg. As pencas se inserem na ráquis bem distanciadas
umas das outras. As primeiras têm, geralmente, 18 bananas e as últimas de 6 a 8; as
maiores têm de 15 a 18 cm de comprimento, sendo que a maioria tem de 10 a 12. As
bananas são pouco curvas ficando as primeiras delas com os frutos voltados para o
alto e as últimas quase na horizontal. Sua casca é fina, porém mais grossa que a do
‘Ouro’, delicada, com suave aroma e a sua cor verde amarelada se torna
amarela-canário-pálida ao amadurecer. Quando madura elas têm tendência de
racharem sua casca devido a sua desidratação. A polpa é levemente adocicada, muito
macia, quase farinácea e brancacenta. Esporadicamente aparecem sementes férteis no
seu interior. Quando ainda verdolenga é difícil de despencar e de se descascar, porém
já madura isto ocorre com facilidade. O rabo é bastante longo, medianamente grosso,
limpo ou apresentando apenas algumas flores masculinas no seu princípio. Logo após
as últimas pencas sofre uma curvatura em S alongado, terminando sempre na posição
vertical. Os internódios são bastante espaçados. O coração é de cor róseo-clara,
grande, porém diminui à medida que chega próximo da colheita. É um cultivar
bastante exigente no nutriente magnesiano, pois demonstra clorose dele em suas folhas
muito facilmente. De todos os cultivares plantados em São Paulo foi o que demonstrou
maior tolerância à seca. É o cultivar mais procurado pelos “moleques” e os
nematóides. Tem alta resistência à sigatoka-amarela, porém é das mais intolerantes ao
mal-do-panamá.

Foto III-41- A altura da bananeira ‘Maçã’ varia bastante,


assim como o tamanho do cacho - cacho bom.
Foto III-42- No cacho de ‘Maçã’ baixa tem-se a impressão
de que as bananas foram espetadas - cacho pequeno.
O cultivar Maçã de casca brancacenta é quase igual ao anteriormente
descrito, porém nas suas folhas os sintomas de deficiência de B são bastante
acentuados. Sua casca tem a cor de palha de milho, que se torna mais realçada quando
madura. Este cultivar, muito comumente, apresenta um “empedramento” de sua polpa,
cuja origem é atribuída à deficiência de B. Ele tem um buquê menos acentuado e a
polpa que é mais branca é também menos adocicada. Quanto aos problemas
fitossanitários não há diferença.
Foto III-43- A banana ‘Maçã casca brancacenta’ quando recebe boro empedra
menos - penca normal.
O cultivar Maçã pseudocaule roxo é um mutante que tem a característica de
ter seu pseudocaule, pecíolos e nervura principal de cor roxa brilhante, quase preta.
Sua folha é verde mais escuro e mais coriácea que as demais deste tipo. Não se têm
notícias da ocorrência de “empedramento” neste cultivar. Os outros órgãos não
apresentam diferenças e nem em seu comportamento fitossanitário.
O cultivar Platina surgiu em Macaubau, SP, em 1967, em uma plantação de
‘Maçã’, que morreu com FOC, onde também havia algumas bananeiras ‘Nanica’ e por
ela ser medianamente tolerante a essa enfermidade, conseguiu sobreviver. Este híbrido
natural, que é um tetraploide, foi identificado e assim denominado por este autor por
ter um nobre paladar doce e levemente ácido que lembra os dois cultivares citados.
Seu rizoma é vigoroso como o do ‘Nanica’ e o pseudocaule quase tão escuro como o
dele, sendo porém, cerca de 50 a 80 cm mais alto. A postura das folhas é a mesma do
‘Maçã’, com coloração, dimensões e cerosidade quase iguais as do ‘Nanica’. Suas
folhas se dispõem mais harmonicamente do que as do ‘Nanica’, formando assim uma
roseta como a do ‘Maçã’, motivo pelo qual a inflorescência não engasga. Esta é grande
como a do ‘Nanica’ tendo flores com tépalas róseas e pistilo mais longo. Seu engaço é
igual ao do ‘Nanica’. O cacho pesando até 20 kg é composto por 8 a 10 pencas pouco
espaçadas, com 12 a 20 bananas levemente voltadas para o alto. Quando verdes as
bananas são como as do ‘Nanica’ e ao amadurecerem ficam com um amarelo
desmaiado conservando os pistilos como os do ‘Maçã’. No ponto de colheita as
bananas ficam bem roliças, porém se ela for retardada, facilmente se rompem no seu
comprimento à semelhança das do ‘Maçã’. A cor da polpa tende para a do ‘Nanica’. O
rabo tem brácteas iguais ao do ‘Nanica’ e o coração é grande pouco se reduzindo por
ocasião da colheita. Seu comprimento é 30 a 40 % maior do que o cacho. A emissão
de “filhos” é igual ao do ‘Nanica’, porém com rizomas mais desenvolvidos e
pseudocaules mais curtos e acentuadamente cônicos. Eles demoram para ganhar altura.
Tem boa atratividade para os “moleques” e sua vigorosas raízes são pouco destruídas
pelos nematóides e a sigatoka-amarela não lhe causa grandes prejuízos. Ainda não
demonstrou sintomas do mal-do-panamá.
1.7- Cultivares tipo Terra
Os cultivares desse tipo são conhecidos na língua espanhola como
“plátanos” e, em geral, precisam ser cozidos, assados ou fritos para serem consumidos,
dado ao seu elevado teor de amido. Nas Regiões Amazônicas e Nordestinas assim
como em muitos países centro-americanos, cultivares deste tipo constituem uma das
principais fontes de amido para a população mais carente. Os povos latino-americanos
e também de muitas outras regiões brasileiras consideram ser as bananas desses
cultivares uma especialidade, principalmente quando fritas. Na África é o cultivar
mais plantado, pois é consumido em substituição ao pão. Os cultivares deste tipo tem
ciclo de produção mais longo, gastando em geral, de 16 a 18 meses, nas regiões
subtropicais e mais longo ainda nas mais frias. Apresentam inférteis sementes que são
mais desenvolvidas e, no local onde os três lóculos deveriam se unir, há sempre um
pequeno espaço vazio. São bananeiras razoavelmente resistentes à sigatoka-amarela,
tolerantes ao mal-do-panamá, medianamente prejudicadas pelos nematóides e
altamente perseguidas pelos “moleques”. Seus bananais têm vida curta; geralmente se
colhe a “mãe” com muito boa produção, o “filho” com mediana e o “neto” com muito
baixa, devido, principalmente, à presença dos “moleques”. São muito exigentes em B
e Zn. O mais recomendado é explorarem-se apenas as duas primeiras produções.
O cultivar Terra tem seu pseudocaule bem robusto, com diâmetro de 40 a
50 cm na base, o qual vai de afinando ao longo de seus 5 a 6 m de altura até chegar a
30 a 35 cm na sua roseta. Quando plantado em solos bem férteis e em regiões
tropicais, produzem cachos com 12 a 15 pencas, cujo peso atinge a casa dos 80 Kg. A
planta normalmente precisa ser escorada e tutorada, para evitar seu tombamento ou o
quebramento de seu pseudocaule. Sua coloração lembra a do ‘Prata’, sendo que nele
são bem visíveis as manchas isoladas amarronzadas, como as do ‘Nanicão’. A base do
pecíolo é intensamente colorida de um verde bronzeado que se esmaece ao longo da
nervura principal. A folha é de um verde mais intenso do que o ‘Prata’, comprida
como este, porém mais larga e mais espessa, tendo as nervuras secundárias bem
intumescida. O botão floral é grande com brácteas coloridas de vinho. As tépalas são
rosadas e com longo pistilo. As primeiras pencas se apresentam com 20 a 25 bananas
cujo comprimento varia de 25 a 28 cm. Elas são quase retas, porém com pedúnculo
fortemente encurvado e longo (3 a 5 cm), o que faz com que fiquem voltadas para o
alto, em posição quase vertical. Esta curvatura vai progressivamente diminuindo nas
bananas das últimas pencas, que ficam em posição quase horizontal. Normalmente
estas têm a metade do comprimento das primeiras. A partir das pencas nas posições
medianas, as bananas quando bem gordas, perdem sua rigidez peduncular e caem
lateralmente sobre as demais deixando, por isso, o cacho relativamente desorganizado.
As bananas da primeira metade das pencas são bem cheias, em sua posição mediana,
de modo que ficam quase roliças, sem contudo perderem por completo suas quinas,
principalmente nas suas extremidades. A casca é verde-clara-desmaiada, bastante
espessa, sem ser almofadada como as do ‘Figo’. Quando madura ela se solta
facilmente assim como seus “fios”. Elas se riscam com relativa facilidade e é muito
comum o desenvolvimento de fungos externamente, o que as deixa enegrecidas. A
polpa é levemente rosada e firme. Se forem fritas quando muito maduras tendem a
encharcar. O rabo é revestido quase que inteiramente de flores masculinas abortadas,
sendo que muitas vezes as primeiras chegam apenas a iniciar seu desenvolvimento,
enquanto que as demais secam. Elas não são deiscentes. Por ocasião da colheita, o
coração que era grande se reduz a um empapuçado de brácteas secas. É uma planta
muito exigente em nutrientes, principalmente o B, e ela demonstra sua fome
“plissando” e fendilhando o ápice de suas folhas, que, de forma muito prematura,
ficam necrosadas. A clorose de Mg é muito visível, principalmente durante o período
de formação do bananal. Quando se aduba com Zn e B, as bananas engordam mais
uniformemente, quase perdem suas quinas por completo e emitem muitos “filhos”.

Foto III-44- Os cachos de ‘Terra’ têm bananas mais


curtas, mais grossas e desorganizadas do que os do
‘Maranhão’. O tutoramento é indispensável - cacho muito bom.
Foto III-45- Uma boa penca de ‘Terra’.
O cultivar Maranhão branco é muito semelhante ao ‘Terra’, sendo cerca de
50 cm mais alto, seu pseudocaule um pouco mais avermelhado apresentando
diâmetros um pouco menores. As folhas se quebram facilmente com o vento, de modo
que na colheita elas ficam reduzidas a 3 ou 4. O cacho tem sempre 2 ou 3 pencas a
mais do que o ‘Terra’, havendo na primeira delas 25 a 30 bananas. Este aumento segue
também nas demais pencas. As bananas são mais longas, superando facilmente a casa
dos 30 cm, mas raramente atingindo os 35 cm. As bananas, mesmo no ponto de
colheita, são magras, se comparadas com as do ‘Terra’. Apesar de terem seu
pedúnculo mais comprido, as bananas se mantêm sempre em posição vertical, dando
assim um visual mais uniforme e cilíndrico ao cacho, o que o torna bastante bonito e
imponente. Elas têm menor aroma e sabor inferior por não serem tão doces, sendo que
a polpa é mais branca, seca e por isso, ao serem fritas, quase não encharcam, o que
possibilita serem utilizadas em estado mais adiantado de maturação. A retirada da
casca madura é mais difícil, havendo quase sempre seu rompimento. O vazio interno
do fruto, formado entre os lóculos, é maior, assim como as rudimentares sementes. O
rabo é cheio de flores masculinas abortadas, que geralmente secam com o
desenvolvimento das bananas. O coração reduz-se a quase nada.
Foto III-46- O cacho de ‘Maranhão’ é mais cilíndrico;
as bananas ficam quase na vertical mesmo na colheita
- cacho muito bom.

Foto III-47- A banana ‘Maranhão’ tem acentuado formato dos Vikings


com longo pedúnculo - banana fraca.
O cultivar Maranhão vermelha é um mutante do ‘Maranhão branco’ em
que a polpa tornou-se rósea, sendo mais doce e macia quando se frita. As nervuras das
folhas também são um pouco mais bronzeadas, principalmente na base dos pecíolos.
Este cultivar é mais perseguido pelos “moleques”. Quanto ao mais não se observam
diferenças sensíveis.
O cultivar Maranhão caturra é um mutante do ‘Maranhão branco’ no qual
todas as suas dimensões ficaram reduzidas quase que à metade. Ele é cerca de 2 m
mais baixo, seu engaço é bastante curto, o que dificulta o desenvolvimento e o
desabrochamento do cacho, que fica embutido dentro da roseta. Esta sua posição
lembra o que ocorre com os cachos do ‘Nanica’ quando falta água ou ocorre frio. As
bananas, o número de pencas, a distância entre elas, o rabo, o coração, etc. ficam
reduzidos. Entretanto, a polpa, apesar de curta, conserva as mesmas qualidades
daquelas do ‘Maranhão branco’.
O cultivar Pacovi (pronuncia-se pacoví) é um mutante do ‘Maranhão
branco’ que é em tudo normalmente menor. O pseudocaule é cerca de 2 m mais baixo,
com coloração e pigmentação que lembra muito ao ‘Nanicão’. O pecíolo e a nervura
principal têm a cor bronzeada típica deste tipo de cultivar. O cacho tem engaço um
pouco mais curto e mais fino, se apresenta no máximo, com 8 pencas, sendo as
primeiras com 12 a 14 bananas e as últimas com 5 a 6. A posição e o formato das
bananas são do ‘Maranhão branco’, assim como sua polpa. Seu rabo tem cerca de 50
cm e é cheio de brácteas persistentes até a colheita.

Foto III-48- A planta e o cacho de ‘Pacovi’ são pequenos,


o que dispensa o tutoramento - cacho normal.
O cultivar Terrinha ou Angolinha é um cultivar que deveria ser chamado de
cultivar Terra menor, pois sua diferença é na morfologia, que é apenas
proporcionalmente menor em tudo. A cor da polpa é um pouco amarelada. Quando se
frita esta banana, ela torna-se bem amarela e exala um forte aroma, muito agradável,
que impregna toda a casa. Tem a vantagem de ser mais baixa e por produzir cachos
menores dispensa o escoramento e o tutoramento.

Foto III-49- Os cachos de ‘Terrinha’ são sempre pequenos - cacho normal.

Foto III-50- Uma boa penca de ‘Terrinha’.


O cultivar Carnaval foi encontrado pelo Eng. Agro. José Régis de Mello
Filho, em Conceição de Macabu, RJ, há cerca de 50 anos. É um cultivar semelhante
em tudo ao ‘Terra’, que apresenta quimeras, nas folhas e frutos. As partes afetadas
perdem a capacidade de produzir clorofila e com isto ficam listradas, com faixas
verde-intenso alternando com faixas quase brancas, que se distribuem sempre no
sentido das nervuras secundárias e no comprimento das bananas. É uma modificação
que se processou apenas externamente, sem ter afetado a polpa. Quanto ao mais não há
diferenças. É mais perseguido pelos “moleques”.

Foto III-51- No cultivar Carnaval toda a planta é listrada.

Foto III-52- No ‘Carnaval’ as bananas também são listradas - penca fraca.


O cultivar Pacova (pronuncia-se pacóva) que na língua indígena guarani
quer dizer banana, é uma bananeira que tem cerca de 4,0 a 4,5 m de altura, com as
mesmas características morfológicas do cultivar Terra. Produz cachos com um total de
18 a 20 bananas distribuídas em três ou quatro pencas. As duas primeiras pencas têm
bananas mais longas, chegando as maiores a ter 40 cm de comprimento. Quando
gordas perdem totalmente suas quinas, ficando bem roliças, a ponto de atingirem 5 cm
de diâmetro. A casca, quando madura, é difícil de ser retirada, pois fica aderida na
polpa que é quase branca. Essa banana é consumida apenas quando está bem madura,
ou seja, quando a casca já está ficando quase preta. Se consumida antes, ela é bastante
seca e insípida, porém nesse ponto ela se comporta como a banana ‘Maranhão branca’.
O rabo é curto com 30 a 40 cm, atrofiado, com suas flores e o coração
semi-desenvolvidos, os quais ficam quase secos, por ocasião da colheita. No meio
rural é consumida cozida em água, em substituição ao pão. É comum encontrarem-se
nessas bananas sementes férteis, sendo que as demais são, em geral, o dobro do
tamanho daquelas rudimentares que são encontradas no cultivar Nanica. No restante é
praticamente igual ao cultivar Terra.

Foto III-53- Os cachos de ‘Pacova’ normalmente têm 18 bananas - cacho


normal.
O cultivar Pacovaçu (pronuncia-se pacóvaçu) que na língua indígena
guarani significa banana grande, é um mutante do ‘Pacova’, que ganhou maior
tamanho no seu fruto. Este deve ser o cultivar que foi encontrado aqui, por Pedro
Álvares Cabral, sendo comido cozido ou assado pelos índios, segundo a carta de Pero
Vaz de Caminha. Ele é muito comum na Amazônia. Tem a característica de produzir
cachos com no máximo 12 bananas, sendo mais freqüente com 5 ou 6, porém com
comprimento superior a 40 cm. Nos cachos com menos bananas, elas se tornam mais
longas e grossas. Estes têm a polpa ligeiramente rosada e no mais são iguais ao
descrito anteriormente.

1.8- Bananeiras de diferentes tipos


O cultivar São Tomé é uma bananeira que antes de seu florescimento é
muito semelhante ao ‘Nanicão’, com seus 3,50 m de altura. Seu pseudocaule é cerca
de 10% mais fino, bem cilíndrico, com um verde um pouco mais escuro e com as
manchas escuras também mais intensas e mais abundantes. A roseta é apenas mais
comprimida verticalmente, os pecíolos um pouco mais finos e mais longos. As folhas
têm um verde mais intenso e opaco, sendo menos eretas e um pouco mais curtas e
estreitas do que o ‘Nanicão’. As nervuras secundárias são mais acentuadas. O engaço é
pouco mais fino e o cacho se apresenta com 8 a 10 pencas. A característica marcante
deste cultivar é que as pencas se inserem na ráquis com diminuto espaço entre elas e
também que as bananas, com seu curto pedúnculo, se juntam na almofada, de forma
muito compacta. Em face disto, o cacho fica muito compacto, quase como um ouriço
de pinhão. As bananas são verde oliva, retas e bem roliças, quando no ponto de
colheita. Nesta fase, sua extremidade distal dá a impressão de que foi chupada como
um pirulito, tendo na ponta seus restos florais bem retorcidos e bem pretos. Quando
passam um pouco do ponto de colheita, as bananas se racham no seu comprimento.
Internamente são levemente avermelhadas e com forte aroma de banana. Elas são
muito consumidas junto com cozidos de carne. O rabo do cacho é curto, curvo como o
do ‘Gros Michel’, fino, limpo e o coração que era grande se reduz a um ovo de
galinha. Suas diminutas brácteas arroxeadas apresentam externamente faixas com
anuâncias esverdeadas. São plantas susceptíveis à sigatoka-amarela, aos ataques de
nematóides e da broca-das-bananeiras, porém resistentes ao mal-do-panamá.
O cultivar São Mateus é um mutante do ‘São Tomé’. Este nome foi-lhe
dado por este autor, por esses santos terem vivido juntos e ser uma característica dessa
bananeira produzir sempre dois ou mais cachos, simultaneamente. Este fato ocorre
devido a dicotomia (Cap. II-5.9). Pelo fato dela poder ocorrer em diferentes idades da
planta, uma ou mais vezes, pode-se encontrar bananeiras com um ou mais
pseudocaules produzindo cada um deles um ou mais cachos. Dependendo do número
de vezes em que ocorreu a dicotomia e da fertilização que foi feita, assim será o
tamanho do cacho e das bananas. Havendo alta fertilidade os cachos chegam a ser
quase normais. Quanto ao restante da planta, tudo é igual (ver Foto II-10).
O cultivar Leite tem o porte de 3,0 a 3,50 m. Seu pseudocaule é cerca de
10% mais fino que o do ‘Nanicão’, com a coloração que lembra o ‘Prata’, porém
impregnado de manchas levemente escurecidas distribuídas esparsamente por ele. O
pecíolo e o topo da roseta têm uma tênue cor rósea, coloração essa que invade a
nervura principal, havendo nestes órgãos bastante cerosidade. As folhas têm um
verde-pálido, sendo a postura das primeiras semelhante à do ‘Nanicão’ e as demais são
caídas como as do ‘Maçã’. A nervura de bordo é escura e bem definida, tanto no
pecíolo como nas folhas. O comprimento e o diâmetro do engaço são medianos. A
distância entre as pencas é média e o cacho se apresenta com 6 a 8 delas. É típico da
casca dessas bananas ser sempre de cor verde-pálida, quase creme. Elas são curvas em
meia lua, voltadas para o alto e terminam com o formato de um harmonioso gargalo de
garrafa, ficando quase pontudas. A casca é delicada como a do ‘Maçã’. As bananas
são curtas com 12 a 15 cm e quando maduras, são naturalmente lisas sem nenhum
vestígio de quina. A cor da polpa é intermediária entre as do ‘Nanica’ e do ‘Maçã’,
tendo leve aroma e sabor de leite de vaca. Normalmente é consumida como fruta
fresca. O rabo apresenta inicialmente restos florais masculinos secos, ficando os
restantes 70% completamente limpos. Sua curvatura lembra o do ‘Maçã’, assim como
seu coração. Tem elevada resistência à sigatoka-amarela, alta tolerância ao
mal-do-panamá e sendo medianamente perseguido pelos “moleques” e os nematóides.
O cultivar São Domingos tem o verso das folhas bem róseo, principalmente
nas mais novas. É a única bananeira que tem a caraterística de ter a inflorescência e o
cacho mesmo quando novo, com a cor amarelo claro. Essa coloração do cacho dá a
impressão dele já estar com as bananas maduras, o que não é verdadeiro e por isso lhe
chamam também de ‘Engana menino’. Sua colheita somente deve ocorrer quando as
bananas já estiverem quase sem quinas. O engaço chama a atenção por ser mais longo
do que o cacho pois tem de 80 a 100 cm, com coloração verde-rosada e com bastante
pilosidade. O cacho tem geralmente 8 a 10 pencas, que se inserem esparsadamente e
perpendicularmente na ráquis. As pencas são formadas por bananas retas, com quinas
acentuadas lembrando as do tipo ‘Figo’, sendo porém leves. As maiores têm,
externamente, cerca de 20 cm de comprimento e diâmetro de 4,5 a 5,0 cm, sendo que a
polpa tem apenas 18 cm. As menores medem, externamente, 12 cm. Seu pedúnculo
tem de 2,5 a 3,0 cm. A casca é meio almofadada e a polpa é de coloração bem rósea.
Seu rabo, assim como todo o cacho, fica em posição vertical. O rabo apresenta
coloração verde-escura-rosada com nós bem visíveis e com comprimento máximo de
50 cm. O coração é mediano por ocasião da colheita. Pode ser consumida ao natural,
apesar de ter o sabor levemente amiláceo e doce. Esta banana, quando preparada em
compota, torna-se amarelo canário, macia e consistente. É considerada a melhor das
bananas para se preparar compotas. É razoavelmente tolerante à sigatoka-amarela, não
é atacada pelo mal-do-panamá, sofre medianamente com os nematóides e fortemente
com os “moleques”.
Foto III-54- As bananas ‘São Domingos’ já, logo que se formam,
têm a casca amarela e a polpa rósea - cacho fraco.
O cultivar Mysore foi introduzido no Brasil, por este autor, em fevereiro de
l968, por importação da Índia e por ele distribuído para quase todos os estados. Seu
pseudocaule tem de 5,0 a 5,5 m de altura, com coloração pardo avermelhado e
impregnado de esparsas manchas escuras, quase pretas. Tanto o pecíolo como a
nervura principal e a folha têm as mesmas dimensões das do ‘Prata’. Os dois primeiros
órgãos possuem coloração verde-oliva desbotada, enquanto que a folha é verde-oliva
intensa. Esses três órgãos são impregnados de estrias do vírus BSV (Cap. XI-1.2). O
cacho com 15 a 18 pencas é formado por bananas com 13 a 16 cm de comprimento nas
primeiras pencas e 8 a 10 cm nas últimas. Geralmente, as pencas têm bananas bem
roliças e gordas, mas também ocorre pencas ou somente bananas dentro de pencas que
não se desenvolveram, devido à presença desse vírus. O cacho, nestas condições, tem
em média o peso de 12 kg mas em boas condições de cultivo pode chegar a mais de
20. As bananas, com seus pedúnculos curtos e retos, inserem-se nas almofadas de
modo muito junto, em posição perpendicular à ráquis. A sua extremidade distal é em
formato de gargalo de garrafa. Elas se reúnem em pencas com 18 a 24 bananas nas
primeiras e em 6 a 8 nas últimas. Desta forma, o cacho é compacto e longo. Devido a
esse “costume” de produzir muitas pencas e com bananas curtas, a prática de se
eliminar algumas das últimas pencas é muito recomendável para este cultivar, cujos
resultados são muito bons. A casca, quando verde, tem a tonalidade verde-oliva, mais
escura do que as folhas. As bananas, ao serem climatizadas, ficam amarelo-canário e
se despencam com relativa facilidade. A polpa é amarelada quase como a do ‘Ouro’ e
levemente ácida, o que torna difícil sua digestão. Elas conservam esse leve sabor
ácido, mesmo que tenham passado pela climatização, sendo que, ao degustá-las, este
sabor permanece em nossos estômagos por longo tempo. Se o amadurecimento ocorrer
naturalmente, as pencas vão se colorindo de amarelo, uma a uma, porém nem sempre
segundo sua ordem cronológica de formação. A casca é quase tão delicada quanto a do
‘Maçã’. O rabo é longo, limpo, reto e, no final do seu ciclo, o coração é pequeno. É
altamente resistente à sigatoka-amarela, aos nematóides, à broca-das-bananeiras e ao
mal-do-panamá.
Foto III-55A- Aparecimento de pencas hermafroditas
no cultivar Mysore é comum.

Foto III-55B- As pencas de ‘Mysore’ têm muitas bananas, porém curtas


- 12ª penca de um cacho fraco.
Foto III-55C- O cacho de ‘Mysore’ tem de 15 a 20 pencas com bananas
curtas e que amadurecem desigualmente devido ao BSV. Dispensam a
climatização para ficarem amarelas - bons cachos.
Entretanto, por este material estar contaminado com o vírus BSV, é
recomendável e importante que todas as bananeiras do cultivar Mysore sejam
destruídas, para que elas não contaminem outros cultivares (Cap. II-1.2). Caso o
produtor tenha interesse em cultivá-lo, deve substituí-lo por um mutante, mais
produtivo e que não apresenta bananas mal formadas, chamado ‘Thap Maeo’, que é
em tudo e por tudo igual ao ‘Mysore’, porém sem o vírus.

2- Comparação entre os cultivares anica e anicão


Desde o início da colonização do Brasil, a bananeira Nanica tem sido
cultivada em quase todos os recantos do país. Em algumas regiões ela se aclimatou
melhor que em outras. Nas áreas mais secas do Nordeste brasileiro, o cultivar Nanica
somente atinge boa produtividade com o auxílio de irrigação; porém isto é menos
acentuado com os cultivares Branca, Prata e Pacovan. No sul do país, o ‘Nanica’
também não encontrou as melhores condições para seu desenvolvimento, devido às
baixas temperaturas que aí ocorrem, mas os cultivares Enxerto, Branca e Prata
resistem razoavelmente bem a essas más condições climáticas.
O ‘Nanica’ se fixou e se desenvolveu com grande facilidade na região
Central, principalmente no Estado de São Paulo, onde as condições climáticas lhe são
favoráveis.
Outros fatores que contribuíram para que o cultivar Nanica viesse a ser
plantado, em larga escala, foram sua relativa resistência ao transporte, seu paladar, seu
porte e o elevado rendimento por área.
A relativa resistência ao transporte possibilitou que a distância, entre a
região produtora e a consumidora, fosse percorrida por caminhões que, mesmo não
adaptados para esse transporte, conseguiam fazer as viagens, sem causar grandes
danos à banana.
Como o gosto do cultivar Nanica satisfaz ao paladar dos descendentes do
povo italiano e havendo em São Paulo elevado número desses imigrantes e seus
descendentes, o consumo dessa fruta ficou assegurado. Por isso a banana Nanica é
também conhecida pelo nome de “Banana-de-italiano”.
O mercado platino, que sempre apreciou a banana Nanica, tornou-se com o
passar do tempo, mais exigente em relação à qualidade e pagando melhor pela boa
fruta. Essa diferença de cotação incentivou que alguns bananicultores tecnificassem
suas plantações, visando obter uma melhor fruta.
A adubação, o desbaste e a maior densidade de plantio permitiram a
melhoria do rendimento por área e da qualidade dessa banana, porém ela continuava
curta quando comparada com o cultivar Gros Michel, que fora a rainha do mercado
internacional.
Em face dessa situação, em caráter experimental, no final da década de 50,
grandes produtores exportaram para a Argentina pequenos lotes só de ‘Nanicão’, a fim
de observar a sua aceitação, por aquele mercado que, desde há muitas décadas, já era
conhecido deles. Tais lotes alcançaram as melhores cotações, servindo de motivação
para um programa, que foi imediatamente elaborado: a multiplicação intensiva do
‘Nanicão’ para substituir o ‘Nanica’, nas grandes e pequenas plantações.
A seguir são relacionadas algumas características diferenciativas entre os
cultivares Nanica e Nanicão:
Característica ‘Nanica’ ‘Nanicão’
1. palatibilidade igual igual
2. rendimento em t/ha menor maior
3. % de cachos maiores menor maior
4. % de cachos defeituosos maior menor
5. % de cachos engasgados maior menor
6. comprimento de engaço menor maior
7. comprimento dos dedos menor maior
8. uniformidade dos dedos entre as pencas menor maior
9. uniformidade entre as pencas menor maior
10. aspecto visual do cacho pior melhor
11. cuidados a tomar no manuseio do cacho menor maior
12. densidade por área igual igual
13. prejuízos com enchentes maior menor
14. prejuízos com ventos menor maior
15. prejuízos com geadas maior menor
16. resistência à sigatoka-amarela e negra igual igual
17. resistência à seca menor maior
18. resistência à broca-das-bananeiras maior menor
19. resistência aos nematóides maior menor
20. resposta à adubação menor maior
21. exigência em desbaste igual igual
22. facilidade para se caminhar no bananal menor maior
23. perdas com o manuseio do cacho menor maior
24. facilidade de embalagem menor maior
25. rendimento das pencas em buquês menor maior
26. apresentação dos buquês nas caixas inferior melhor
27. produtividade em caixas menor maior
28. valor obtido com a fruta comercializada menor maior
29. lucro oferecido ao produtor menor maior
30. envelhecimento do bananal menor maior

No início da introdução do cultivar Nanicão no mercado de São Paulo, os


intermediários atacadistas, de um modo geral, não o valorizavam em preço, alegando
elevada porcentagem de quebramento de cachos, durante a “estufagem” para sua
maturação. Por outro lado, o consumidor que adquiria a banana por dúzia, passou a
procurar mais o ‘Nanicão’, já que, para ele, o preço era o mesmo e a fruta maior.
Essa preferência obrigou o varejista ao se abastecer, a escolher os cachos de
‘Nanicão’ e, conseqüentemente, o atacadista também.
Hoje, com a comercialização em caixas, o ‘Nanicão’ se consagrou entre os
produtores, comerciantes e consumidores, como o melhor cotado, principalmente nos
supermercados e feiras livres, de bairros economicamente mais abastados. Aos
consumidores das periferias das cidades, que preferem as bananas miúdas e mais
leves, passaram também a adquirir bananas desse cultivar, representada pelas frutas de
menor tamanho, porém pagando um preço inferior.
Quanto ao cultivar Nanica, atualmente sua produção é bastante reduzida,
mas ainda está presente nos mercados.
O ‘Nanicão’ é um mutante do cultivar Nanica, surgido na Baixada Santista,
no século passado. Mutações como essa ocorrem nos vegetais, com relativa
freqüência, principalmente nos locais onde há grandes oscilações de temperatura,
sendo estimado, para o caso das bananeiras, o aparecimento de um novo mutante a
cada ano, em uma população de um milhão de plantas.
Estudos comparativos feitos entre os diversos clones do cultivar Nanicão
pelo IAC, em bananais do Litoral Paulista e Vale do Ribeira, permitiram separá-los em
cinco tipos distintos quanto à morfologia da planta e do cacho.
Usando suas denominações locais, é possível encontrar-se os seguintes:
‘Nanicão Eldorado’, ‘Nanicão de Santos’, ‘Nanicão-açu’, ‘Nanicão pseudocaule roxo’,
‘Nanicão Jangada’, ‘Nicão’, ‘Nanicão rabo sujo ou de rabo limpo’, ‘Caturrão’, etc.
(Cap. II-4).
Sendo a multiplicação da bananeira um processo vegetativo natural e
contínuo, ao ocorrer uma mutação ela se perpetua, havendo, portanto, a formação de
um novo cultivar. Resulta disto ser imprescindível que o lavrador selecione a touceira
de onde ele irá retirar as mudas, para fazer seu viveiro, a fim de evitar a multiplicação
de cultivares de baixa qualidade ou ainda que não estejam com boa sanidade.
Visando selecionar clones de ‘Nanicão’, para formação de mudas, com
elevado potencial genético de produção e que satisfaçam as atuais exigências de
mercado, deve-se observar que ele tenha as seguintes características:
a) Sua altura deverá ser no máximo de 3 metros, dando-se preferência aos
de menor porte, a fim de evitar os prejuízos causados pelos ventos fortes e também
facilitar o manejo do cacho, quando ele ainda está na planta;
b) O pseudocaule deverá apresentar, a 100 cm acima do solo, o diâmetro
mínimo de 30 cm;
c) Na sua parte mais alta, na região da roseta foliar, o diâmetro deverá ser
pelo menos 80% da base, pois quanto mais robusto for o pseudocaule menor será a
porcentagem de seu quebramento;
d) O cacho deverá ter de 11 a 13 pencas dispostas uniformemente ao longo
da ráquis feminina, dando-lhe o aspecto bem cilíndrico;
e) O número de bananas (dedos) por penca deve ser o mais constante
possível;
f) As bananas das diversas pencas devem ter um comprimento muito
uniforme, aceitando-se o mínimo de 24 cm para as primeiras pencas e 18 cm para as
últimas, apresentando uma curvatura no seu pedúnculo, de modo que suas pontas
fiquem quase que totalmente voltadas para o alto, apesar das bananas propriamente
ditas (polpa) serem retas;
g) O engaço deverá ser longo (mais de 50 cm) podendo, contudo, a ráquis
masculina ser curta ou longa, reta ou curva, porém de preferência despida de brácteas
e restos florais.
As bananas do subgrupo Cavendish, com polpa ligeiramente
amarelo-dourada, têm paladar e aroma mais definidos do que as de polpa branca, que
são quase insípidas e inodoras.
Somente se deve retirar e preparar as mudas para o viveiro, após a
verificação do potencial de produção e das qualidades da touceira eleita para a
multiplicação intensiva.
É oportuno lembrar sempre que as mudas devem ser sistematicamente
desinfetadas e tratadas contra pragas antes de seu enviveiramento. Todas as plantas
que tenham sinais de vírus devem ser refugadas para a plantio.
O ‘Nanicão’ tem grandes possibilidades de ser comercializado no mercado
internacional, pois seu paladar e aspecto são praticamente o mesmo do ‘Valery’ e do
‘Grande Naine’. Para o produtor, o ‘Nanicão’ é mais lucrativo, por ter maior
rendimento na relação cacho/caixa, principalmente quando é embalado em buquês.

CAPÍTULO IV - ECOLOGIA

Antes de se fazer o plantio de um bananal, em escala comercial, é preciso


estudar bem os fatores ecológicos da localidade, para se saber se eles suprem aqueles
que a planta exige. Se eles não forem favoráveis à cultura, dificilmente o produtor
obterá bons lucros, pois os fatores - clima e solo - são os grandes responsáveis pelo
desenvolvimento da planta. Na exploração agrícola intensiva e pequena, com alguns
artifícios é possível suprir determinadas deficiências ecológicas, o que nem sempre é
exeqüível e econômico na grande plantação. Quase todas as deficiências do solo
podem ser corrigidas com auxílio de modernas técnicas, mas há algumas exigências
climáticas que são quase insanáveis, devido às peculiaridades da cultura.
Estes conceitos já fixados há algum tempo precisam ser reformulados. No
que diz respeito à umidade do solo e do ar, eles continuam válidos, porém, no tocante
à umidade relativa superficial das folhas deixaram de ser verdadeiros em face do
aparecimento da sigatoka-negra, que é mais exigente em temperatura e a umidade
relativa superficial. Os elevados custos de seu controle estão se tornando limitantes
para se manter o bananal com folhas sadias, nas regiões tropicais úmidas. Nos
bananais plantados em regiões com temperatura favorável e baixa umidade relativa,
essa enfermidade tem poucas possibilidades de se desenvolver. Entretanto, a irrigação
não poderá deixar de ser feita, mas esta será uma boa fuga para esse grave problema,
até que se seja criado um híbrido resistente à sigatoka-negra e comercialmente bom.

1- Clima
O estudo do clima para cultivo da bananeira deve ser feito sob os aspectos
macro , topo (2) e microclimático (3).
(1)

Ao estudar as condições climáticas para o cultivo da bananeira, deve-se


lembrar que ela não precisa entrar nunca em dormência para produzir e, em condições
ideais, seu crescimento vegetativo se desenvolve num ritmo constante e contínuo.
(1)
Macroclimatologia é o estudo da distribuição dos elementos meteorológicos ligados aos fatores
regionais de ordem geográfica, como latitude, continentalidade, orografia e massas de ar. Nesse caso,
os dados são obtidos em estações meteorológicas padrões.
(2)
Topoclimatologia é o estudo da distribuição dos elementos meteorológicos segundo as condições de
topografia.
(3)
Microclimatologia é o estudo da distribuição vertical dos elementos meteorológicos relacionados
com o tipo de revestimento do solo, como mata, vegetação rasteira e superfície das águas.

1.1- Temperatura
Os limites mais favoráveis de temperatura para o bom desenvolvimento da
bananeira estão entre 20° a 24°C, registrados ao redor do pseudocaule a 100 cm do
solo. A bananeira também pode se desenvolver satisfatoriamente em locais com
temperatura abaixo e acima dos limites citados, porém com prejuízos para o ritmo de
seu desenvolvimento e da qualidade da banana.
As temperaturas de 15° e 35°C têm sido apontadas como os limites
extremos entre os quais a bananeira encontraria boas condições para crescer e
produzir. Se os valores absolutos da temperatura permanecerem dentro desses índices
(15° e 35°C), o cultivo da bananeira estará assegurado na área. Temperaturas pouco
acima de 24ºC, por breve período de tempo, também são favoráveis à produção da
bananeira.
Quando a temperatura mínima no abrigo meteorológico cai abaixo de 12ºC,
os tecidos da planta são prejudicados, principalmente os da casca do fruto. Se descer
até 4ºC, inicialmente começam a aparecer nos bordos das folhas as primeiras manchas
amarelas, as quais se acentuam com o tempo, culminando com danos letais nessa área.
Quando a temperatura sobe acima de 35ºC, há inibições no
desenvolvimento da planta devido, principalmente, à desidratação dos tecidos, em
especial, o das folhas. Isto faz com que elas se tornem rígidas e sujeitas ao
fendilhamento mais facilmente.
A temperatura é muito importante para a bananicultura em relação a várias
moléstias e pragas que atacam a planta e cuja velocidade de desenvolvimento delas
varia em função desse fator.

1.1.1- Baixas temperaturas


Os limites de temperatura, recomendados à exploração da bananeira,
encontram-se normalmente na faixa compreendida entre os paralelos de latitude 30°
Norte e Sul. Conhecendo-se os índices pluviométricos necessários para seu bom
desenvolvimento, pode-se escolher os locais mais aconselháveis dentro dessa região,
para o cultivo da bananeira. Há, entretanto, áreas excepcionais fora desses limites
geográficos, com possibilidades para se implantar uma bananicultura economicamente
rentável, como por exemplo, o litoral do estado do Rio Grande do Sul.
As regiões litorâneas paulistas e o Vale do Ribeira, as maiores produtoras
de banana do Estado de São Paulo, estão localizadas entre 23° e 25° Sul, próximo,
portanto, do limite extremo da faixa viável para seu cultivo.
Em função dessa localização, a produção paulista sofre quase que
anualmente, grandes prejuízos com as nefastas massas de ar frio de origem polar, que
invadem com freqüência a referida área. Essas frentes frias podem penetrar nessas
regiões em qualquer época do ano, mas é na estação hibernal que elas são mais
intensas e causam maiores prejuízos às plantas tropicais e subtropicais. As ondas de
frio, por vezes causam apenas estragos nas folhagens, outras vezes prejudicam
seriamente a produção podendo, em casos extremos, determinar a morte total das
partes aéreas da bananeira, como aconteceu no inverno de 1975, quando a temperatura
chegou a 0ºC. Entretanto, o frio não é suficiente para matar a bananeira, uma vez que
o rizoma não é afetado internamente e a gema apical de crescimento, pela sua
localização, está sempre protegida. Passado o frio, a bananeira reinicia sua brotação e
com o tempo se recupera das injúrias sofridas.
Essas duas importantes regiões bananeiras paulistas, Litoral e Vale do
Ribeira, são consideradas marginais, quanto ao fator temperatura, porém os prejuízos
nas plantas se tornam menores devido à proximidade do oceano, que é um grande
termo-regulador, devido ao seu volume de água, que absorve tanto as altas como as
baixas temperaturas. O mesmo não se verifica no Planalto Paulista que tem clima
continental e não um clima oceânico, como aquelas. As frentes frias que
ocasionalmente vêm dos Andes geralmente provocam no Planalto Paulista maiores
injúrias nas plantas do que as frentes frias polares, naquelas duas citadas regiões.
Quando uma frente fria entra bruscamente em uma região que está com
temperatura muito elevada, pode causar o que é conhecido como chuva de pedra ou de
granizo. Normalmente elas têm duração de alguns minutos. Seus prejuízos são
proporcionais a esse tempo e ao tamanho das pedras (Foto IV-1).

Foto IV-1- Além dos danos que a chuva de pedra faz na planta, ela
causa ferimentos nos frutos que impedem sua comercialização.
As baixas temperaturas limitam em parte o desenvolvimento dos fungos,
com maior atuação naqueles que parasitam as folhas das bananeiras, porém, por mais
baixas que elas sejam, nunca são suficientes para os eliminar. Com a elevação da
temperatura, eles deixam sua pseudodormência e voltam a causar prejuízos.
As baixas temperaturas atmosféricas são capazes de provocar um grande
abaixamento da temperatura nos solos, principalmente nas várzeas muito argilosas.
Neste caso, as raízes entram em estado de dormência, paralisando seu
desenvolvimento e agravando, conseqüentemente, por sua vez, a hibernação da planta.
Este é um fator importante a se considerar, quando se vai escolher a data de início de
plantio de um bananal, pois interessa ao produtor que a bananeira cresça rapidamente e
com isto sombreie o solo para reduzir o combate às ervas daninhas e também entre
logo em produção.
As baixas temperaturas que ocorrem no Estado de São Paulo estão
intimamente ligadas ao período de baixa precipitação pluvial, o que agrava os
prejuízos. Qualquer um dos dois fatores é capaz de causar a compactação da roseta
foliar, dificultando o lançamento da inflorescência. No cultivar Nanica estes prejuízos
são muito grandes, chegando a provocar um “engasgamento” da inflorescência,
tornando o cacho tão deformado, que impossibilita sua comercialização. No cultivar
Nanicão esse problema é bem menos grave.
1.1.2- “Chilling”
O “chilling”, ou seja, a “friagem” consiste em danos fisiológicos na
bananeira e ou no fruto, causados por baixas temperaturas. Essa perturbação
fisiológica, representada pelo fechamento dos estômatos, causa a paralisação parcial
ou total da sua respiração e produz a coagulação dos cloroplastos das células e também
a oxidação do tanino, o que dificulta a circulação da seiva.
O “chilling” ocorre em plantas com qualquer idade, sendo que os tecidos
mais jovens são os mais prejudicados.
O “chilling” ocorre principalmente nas regiões subtropicais, onde a
temperatura mínima noturna atinge, freqüentemente, a faixa de 10 a 4ºC.
Pelo fato da planta não conseguir dissolver o coágulo formado nas células e
também na sua seiva, a sua circulação fica comprometida. Ocorrendo o “chilling” há a
paralisação das atividades fisiológicas da planta, de modo que suas folhas não
processam as trocas metabólicas, o que restringe seu crescimento, que por vezes chega
a paralisar por completo. Com o aumento da temperatura, a bananeira emite novas
folhas, as quais irão ser as responsáveis pelo retorno da sua normalidade. Entretanto,
os amidos já sintetizados antes do frio permanecem imobilizados onde estiverem. As
bananas, por sua vez, também sofrem o mesmo processo de bloqueio, sendo tanto mais
intenso quanto mais jovem ela for. As plantas que sofreram o “chilling” deixam de
controlar o fluxo dos hormônios para o “filho” e “neto” e com isto há, também neles,
uma grande paralisação fisiológica. Esta situação se reflete na produção destes
“filhos”, principalmente se a “mãe” já havia lançado sua inflorescência.
Normalmente o “chilling” ocorre no campo, mas pode também acontecer
durante o transporte dos cachos ou caixas, na câmara de climatização ou então logo
após, quando ainda a banana não se coloriu de amarelo. A maioria dos autores cita que
a temperatura de 12ºC já é suficiente para começar a causar os primeiros sintomas da
friagem.
À medida que a temperatura tende para 4ºC, os prejuízos são maiores, tanto
na planta como no fruto.
Cada vez que a temperatura chega abaixo do limite crítico (12ºC), novos
danos ocorrem, portanto eles são acumulativos. Esses danos também são proporcionais
ao número de horas em que ocorreu o frio. O período de uma hora de frio já é
suficiente para se poder perceber os danos, tanto nas folhas como nos frutos,
representados pelos seus escurecimentos.
Se ocorrer uma baixa temperatura (8 a 6ºC), quando a inflorescência ou
mesmo os frutos estiverem em início de desenvolvimento, os prejuízos serão
praticamente totais.
Nos frutos, os danos são identificados pela coagulação de seiva, na região
sub-epitelial do epicarpo (casca), visíveis como pequenos bastonetes escuros, ao se
levantar essa camada verde da casca (Foto IV-2).
Foto IV-2- O “chilling” produz a coagulação da seiva que se transforma
em pequenos bastonetes escuros, os quais não se dissolvem nunca.
A casca morre prematuramente, tornando-se rígida e dificultando o
descascamento manual da fruta. Após um “chilling” intenso, é comum o aparecimento
de bananas com a casca rachada, tanto no bananal como após a climatização. Isto é
devido à morte da casca seguido de um retorno de seu desenvolvimento interno.
Dentro do cacho, as bananas que ficam mais voltadas para o lado de onde
veio o frio, são as mais prejudicadas.
Nas bananas afetadas pelo “chilling”, o processo de maturação não obedece
aos parâmetros normais, por sua fisiologia estar perturbada. A cor da casca não chega
a se tornar amarela, ficando enfumaçada e a polpa não amolece normalmente,
mantendo-se seca, rígida e sem paladar. Já dentro da câmara, ela começa a exalar forte
odor de fermentação e continua a exalar mesmo depois, embora ainda esteja em
condições de consumo.
Há muitas restrições para o que se chama de banana comível, pois nem
mesmo com a climatização se consegue obter sua maturação, uma vez que a inversão
do amido em açúcares é apenas parcial. A banana colhida com “chilling”, climatizada
ou não, permanece por mais tempo sem apodrecer, pois fica encruada, mas em
compensação também não amadurece.
Em casos extremos, mesmo sem ocorrerem geadas, a casca da banana,
climatizada ou não, chega a se conservar permanentemente verde, devido à oxidação
total do seu tanino. Quanto mais verde (enfumaçada) a casca da banana permanecer
após a climatização, menor será o seu teor de açúcares e maior seu índice de acidez.
Experimentos realizados em áreas do Vale do Ribeira e do Litoral Paulista,
com a aplicação do “spray oil” usado para controle da sigatoka-amarela, pouco antes
de ocorrer o frio, proporcionaram às folhas menor número de sintomas de “chilling”.
Outra pesquisa, também feita nessas regiões, vestindo-se, preventivamente,
os cachos recém-granados, com sacos de polietileno colorido de azul, sem furos,
demonstraram menores prejuízos, quando a temperatura ficou entre 10 a 9ºC.
Concluiu-se também que as bananas assim protegidas, porém com sacos perfurados,
durante os meses de verão, se desenvolveram mais rapidamente, apresentaram maior
peso, melhoraram as qualidades organolépticas e o cacho atingiu o ponto de corte,
quase duas semanas antes (Cap. VI-7).
As bananeiras com carência nutricional de potássio, normalmente
apresentam-se com maiores injúrias, por haver maior coagulação de sua seiva.
O frio, tendendo a se acumular nas partes mais baixas dos terrenos, causa aí
maiores prejuízos. Implica isto dizer que as bananeiras de porte mais alto apresentam
menores sintomas de “chilling”, da mesma forma que os plantios feitos nas encostas
dos morros, em relação às baixadas.

1.1.3-Geada
A geada, no conceito fitotécnico, é uma intensa queda de temperatura que causa a
morte dos tecidos das plantas.
Para a bananeira, a geada é o mesmo que se fazer uma drástica poda em
suas bainhas e folhas, pois provoca um secamento total desses órgãos.
Internamente ela perturba a fisiologia da planta causando-lhe graves
prejuízos, tanto para a safra pendente como para a seguinte. Na safra pendente os
cachos paralisam seu desenvolvimento de modo proporcional à intensidade do frio. Na
safra seguinte, a que vai ser colhida no “filho” em desenvolvimento, tem sido
verificado que seus dedos são curtos, a despeito dos bons tratos que se faça a essa
planta e que o clima também tenha sido favorável. Isto decorre do fato de ter havido a
coagulação da seiva nos vasos dos diversos órgãos da “mãe” e do “filho”, o que
impede sua livre circulação e com isto, todo o metabolismo da bananeira é afetado. A
troca de hormônios entre “mãe” e “filho” quase não se realiza pois, não existindo
folhas vivas na “mãe” e no “filho”, não haverá excitação para que a seiva restante
entre em circulação. A seiva paralisada tende a entrar em fermentação, agravando mais
os prejuízos.
Não se pode, contudo, afirmar que as geadas pouco intensas matem a
bananeira. Ela sofre “pouco” quando a temperatura atinge e permanece por até 2 horas
a 0ºC. Porém, se a temperatura chega a -2ºC por um período de 2 a 4 horas, os “filhos”
com até 30 a 40 cm sofrem queimaduras externas e internas. Se a temperatura atinge
de -4 a -6ºC, por um tempo de cerca de 4 horas, é normal haver uma morte fisiológica
dos pseudocaules dos “filhos” com 50 a 60 cm. Se o “filho” estiver muito na
superfície do solo, esse frio pode matar sua gema apical.
Em condições de temperaturas mais baixas e por períodos mais longos, as
injúrias atingem “filhotes” maiores, podendo até mesmo chegar a afetar as gemas
laterais mais internas da “mãe”. Apenas em condições de prolongado período de muito
frio, a gema apical é atingida, a despeito dos parênquimas de células grandes que a
rodeiam, que funcionam como isolantes térmicos.
As partes aéreas dos rebentos novos (menos de 40 cm) podem morrer com a
geada mas após uma poda ao nível do solo, feita logo após a geada, dificilmente
deixam de rebrotar. Esta poda impede que a podridão que se instala internamente
contamine a sua gema apical. Entretanto, corre-se o risco da ocorrência de uma outra
geada vir a matá-la uma vez que ela ficará exposta.
As folhas mais novas são, em geral, as que mais sofrem pelo fato de
estarem diretamente expostas ao resfriamento e pela irradiação térmica ao espaço do
calor que vem do solo.
As bananeiras dos plantios novos reagem mais rapidamente às injúrias do
frio do que as dos velhos, que já não têm mais o que é chamado de “vigor da
juventude do bananal”.
No bananal em formação, já com folhas adultas, as baixas temperaturas
provocam na planta “mãe” uma paralisação no seu desenvolvimento. Com a elevação
da temperatura há uma lenta retomada no seu crescimento, enquanto que no “filho”
isto é muito mais rápido, a ponto dele a suplantar. Neste caso a planta “mãe” pode até
chegar a produzir um cacho, mas sua qualidade é bem inferior ao esperado. Esta planta
sofre um grande alongamento de seu ciclo de produção.
As geadas podem ser classificadas em brancas e negras. São consideradas
brancas quando há formação de cristais de gelo e negras quando a temperatura cai
além do ponto letal, sem haver congelamento da umidade do ar (Foto IV-3).

Foto IV-3- As geadas provocam sempre a morte dos tecidos.


Outro tipo de geada, que ocorre normalmente durante os avanços de
anticiclones polares (frentes frias), é a de vento. Este vento frio e persistente, embora
com temperaturas superiores a 0ºC, pode prejudicar muito as bananeiras e os cachos.
Esses ventos ocorrem com relativa freqüência nos bananais do Estado de São Paulo e
sul do Brasil. Além deles causarem o “chilling”, provocam também danos mecânicos
nas folhagens.
As plantas que sofrem o impacto da geada de vento podem ficar
“queimadas”, quer estejam na baixa, na média ou na alta encosta, dependendo portanto
da trajetória e da altura do vento, isto é, trata-se de uma questão climática ligada às
condições topoclimáticas.
Quando a geada de vento é pouco intensa, apenas o lado da bananeira
exposto ao vento apresenta-se danificado.
Nas áreas com topografias elevadas, as ondas de frio escorrem pelas
encostas e se acumulam nas baixadas. Se nestas áreas não houver correntes de vento
para dispersar a baixa temperatura, os prejuízos da geada se tornam mais acentuados,
pois as camadas frias se distribuirão de modo semelhante ao nível das águas de um
lago. As injúrias que aparecem são tão mais intensas quanto mais se chega ao “fundo
desse lago de frio”, onde as temperaturas são, obviamente, mais baixas.
Em áreas onde podem ocorrer geadas devem ser tomados os seguintes
cuidados para reduzir as injúrias nos bananais:
a) Plantar nas encostas dos morros, evitando as fraldas e os terrenos de
baixada, onde não haja a possibilidade do ar frio se dissipar facilmente (Foto IV-4).
b) Plantar cultivares de porte alto para que, no mínimo, os cachos fiquem
fora da zona de acumulação de ar frio intenso.
c) Plantar na densidade recomendada para que os efeitos da irradiação do
calor do solo sejam reduzidos.

Foto IV-4- Quando a geada é causada por ventos frios, o queimamento


das folhas é maior no topo das plantas.
Em áreas de maior incidência do fenômeno, pode-se utilizar os meios diretos de defesa
preconizados para as culturas tropicais extensivas (aquecedores, geradores de fumaça,
etc.), porém os resultados nem sempre são compensadores. Nas áreas onde o controle
da sigatoka-amarela é feito com o “spray oil”, verificou-se que a pulverização feita um
ou dois dias que antecedem a geada representa uma boa proteção contra suas injúrias
nas folhas.
Das bananas cultivadas no Brasil, o cultivar Maçã é dos mais resistentes à
geada, enquanto que o cultivar Nanica está entre os mais sensíveis. Os cultivares
comerciais de porte médio, com aproximadamente 1,50 m de altura a mais que os de
porte baixo, são menos prejudicados pela geada, porque se beneficiam dessa maior
altura. No estado de Santa Catarina, o cultivar Enxerto (‘Prata anã’) tem demonstrado
maior tolerância ao frio.
Tem sido mencionado que o cultivar Williams, dentro do subgrupo
Cavendish, é o que menos sofre com as baixa temperaturas.

1.2- Umidade relativa


A bananeira necessita permanentemente de umidade, oriunda de chuvas ou
de irrigação. Para ela o importante não é a média anual que interessa e sim a diária. O
ideal seria que a média anual de chuvas caísse dividida semanalmente.
Regiões onde haja uma estação das chuvas e outra da seca bem definidas
não são boas, pois a bananeira não precisa de hibernação para crescer ou produzir.
A quantidade de água que ela precisa para ter um bom desenvolvimento e
produção varia com os múltiplos fatores climáticos no que concerne aos seus limites
máximos e mínimos e, quanto ao solo, no que se refere aos fatores profundidade,
textura, declividade, drenagem, etc.
Se não houver suficiente regularidade e quantidade de chuvas, a irrigação
precisará ser feita. Isto é importante, principalmente para as raízes poderem ter um
bom e constante desenvolvimento.
Como conceito básico pode-se dizer que, para as condições do Estado de
São Paulo, há necessidade de que haja precipitações de 120 a 150 mm por mês,
dividido em três ou quatro chuvas.
A bananeira apresenta melhor desenvolvimento em locais com médias
anuais de umidade relativa do ar acima de 80%, medidas no posto meteorológico. A
umidade relativa alta acelera a emissão das folhas, prolonga sua longevidade, torna a
sua casca e a polpa mais túrgida, favorece o lançamento da inflorescência e uniformiza
a coloração da fruta, porém propicia boas condições para o desenvolvimento da
sigatoka-amarela e da negra também, além de outras moléstias, que exigem elevado
número de pulverizações para seu controle. Estas vantagens são absolutamente válidas
para a bananeira, porém com o aparecimento da sigatoka-negra (Cap. XI-2.3), pode-se
dizer que houve uma grande mudança nos conceitos de ganhos que a planta tem com
uma maior umidade no ar.
Visando um controle fitossanitário dessas enfermidades, de modo mais
natural, ao se escolher uma área para plantio de bananeiras, deve-se evitar as regiões
tropicais úmidas e optar por áreas com umidade relativa do ar baixa (cerca de 60%),
desde que se possa fazer a irrigação corretamente.

1.3- Vento
O vento é uma das maiores preocupações comuns a todos os produtores de
banana. Os prejuízos e a perda da produção que o vento causa, por derrubar as
bananeiras ou romper suas raízes e folhas, são, em geral, maiores do que os
provocados pela sigatoka-amarela não controlada. Entretanto, a mídia conseguiu
incutir na cabeça do produtor que ele precisa controlar essa doença e lhe vende muitos
produtos agrícolas, com os quais ele gasta elevadas parcelas de dinheiro, mas deixa de
fazer qualquer proteção contra o vento.
Esse é um aspecto para o qual os bananicultores e principalmente os
brasileiros, não têm voltado sua atenção e, por isso, não protegem suas plantações
como o fazem outros povos, em especial os europeus, tanto em suas atuais lavouras
como também já fizeram naquelas que possuíram nas suas ex-colônias africanas. Eles
consideram o quebra-vento como um seguro agrícola, que fica de geração para
geração.
A queda de produção de banana causada por ventos no Estado de São Paulo
tem sido, em alguns casos, da ordem de 20 a 25%, a cada vento mais forte que ocorre.
É por isso que ao se comentar esse fato pode-se dizer que o vento é, para o
bananicultor, “apenas uma preocupação”, já que ele nada faz para o combater. Quando
isto acontece, ele fica contemplativamente observando as plantas caídas ao solo e diz:
“aconteceu de novo, eta prejuízo brabo!”.
Os ventos são capazes de provocar danos suficientes para arrasar em
poucos minutos uma boa plantação. Eles causam prejuízos proporcionais à sua
intensidade, a saber:
a) “chilling” (se for frio);
b) desidratação da planta devido à grande evaporação;
c) fendilhamento entre as nervuras secundárias;
d) diminuição da área foliar pela dilaceração das folhas que já foram
fendilhadas (Foto IV-5);
e) rompimento das raízes;
f) quebra do seu pseudocaule;
g) tombamento inteiro da bananeira e sua “família”.

Foto IV-5- O fendilhamento que o vento provoca nas folhas causa


seu secamento.

Os maiores danos são causados pelos ventos mais fortes, infelizmente os


predominantes nas várzeas, os melhores locais para plantios de bananeiras.
Ventos com velocidades de 20 a 30 km/h causam fendilhamento nas folhas,
reduzindo-as a estreitas fitas presas à nervura principal, que acabam por se dilacerarem
totalmente. Há casos da área foliar ficar reduzida a 20% e até mesmo de restar dela
apenas a nervura principal. Se ele atingir velocidade de 45 a 55 km/h, haverá quebra
do pseudocaule, se seu sistema radicular for saudável. Havendo raízes deficientes ou
com parasitismos, a planta pode tombar já aos 30 km/h. Com velocidade maior que 70
km/h, os prejuízos são praticamente totais.
Essas velocidades de vento causam maiores prejuízos nos cultivares de
porte médio e mais ainda nos de porte alto, quando comparado com os de porte baixo.
Os plantios feitos com densidades mais baixas sofrem mais do que os bananais mais
fechados. Aqueles feitos em linhas duplas ficam também mais sujeitos às injúrias dos
ventos.
Além dos danos causados de imediato nas folhas (dilaceração), é
perfeitamente possível avaliar os prejuízos que um vento causou na bananeira, cerca
de 8 a 10 dias após sua passagem por ela. Para isso, basta observar-se a intensidade do
amarelecimento que surge em suas folhas e a quantidade delas que assim se
apresentam. Estes danos, por vezes, são tão fortes que chegam até mesmo a provocar
secamentos parciais ou totais de folhas. Isto é provocado pelo rompimento das raízes e
pela desidratação que sofreram.
O grau de rompimento das raízes é facilmente avaliado balançando-se a
planta; quanto mais forte ele foi, mais solta ela fica no terreno.
Bananeiras que sofreram um vento forte e já lançaram sua inflorescência e
que, portanto, não vão mais emitir novas raízes, devem ser imediatamente escoradas,
para evitar seu tombamento, pois fatalmente isto irá ocorrer com novos ventos, ainda
que fracos.

1.3.1- Quebra-vento
Quebra-ventos são, em geral, árvores plantadas em renque, em direção
perpendicular aos ventos predominantes e cuja função é diminuir seus efeitos danosos.
Eles atuam elevando a altura da corrente aérea e diminuindo sua velocidade no
patamar logo acima das bananeiras.
Na realidade os quebra-ventos deveriam ser chamados de elevadores de
ventos, pois esta é exatamente a função que eles fazem.
Os quebra-ventos tornam-se tanto mais eficientes quanto maior for o
número de renques plantados.
Se o vento não é superior a 60 ou 70 km/h, os quebra-ventos exercem ainda
uma certa proteção nas bananeiras, porém acima destes limites essa proteção é quase
nula.
Há, entre os produtores, o conceito de que construindo quebra-ventos, eles
terão problemas para pulverizar seus bananais com avião. Entretanto, se os
quebra-ventos forem bem projetados, isto não acontecerá, uma vez que os aviões
poderão voar no sentido paralelo aos renques. Se houver necessidade de fazer
quebra-ventos em duas direções, bastará substituir o avião por helicóptero. Resta ainda
outra alternativa para o produtor que é fazer a pulverização com atomizadeira acoplada
ao trator, evitando todos esses problemas, com um custo operacional muito menor.
Indiscutivelmente o rendimento do avião é maior, mas a possibilidade de poder fazer
as pulverizações à noite com o trator compensa muito esta limitação.
Há ainda a se considerar que é possível fazer-se o controle da
sigatoka-amarela com a aplicação de fungicidas planta a planta e com isso
dispensar-se a atomização convencional (Cap. XI-2.2.8).
O bananicultor deve projetar e iniciar o plantio do quebra-vento juntamente
com o do bananal, pois seu crescimento é lento.
Denomina-se faixa protegida a área de terreno delimitada entre duas fileiras
de quebra-ventos, a qual deverá ser utilizada pela cultura. Quando existem várias
fileiras de quebra-vento, considera-se que a largura da faixa protegida é igual a 20
vezes a altura das árvores plantadas. Sua eficiência, a partir dessa distância, é menor.
Por segurança, se o número de linhas de renques não for grande, o índice de eficiência
deve ser reduzido para 15 vezes e, conseqüentemente, as linhas deverão ser plantadas
mais próximas umas das outras.
As árvores dos quebra-ventos devem ser plantadas em quincôncio, salvo no
caso do plantio de bambu, cujas mudas serão plantadas a cada três metros, em linhas
simples.
O renque de plantas não deve impedir totalmente a passagem do vento. É
bom que ele flua por entre as árvores, principalmente na sua metade inferior. Desta
forma, evita-se a formação de turbilhonamento de ar atrás do renque, que é prejudicial
às bananeiras e provoca o abaixamento das correntes de ar, como pode ser observado
na Figura IV-1.
Figura IV-1- Quebra vento: a- errado; b- certo
a) Quebra-vento rígido com turbilhamento atrás.
b) Quebra-vento permitindo o vento fluir através das suas árvores, sem formar
turbilhamento. Faixa protegida = H (altura do quebra-vento) x 20.

Os quebra-ventos, devidamente planejados, ajudam também a diminuir os


efeitos das geadas de vento.
As árvores escolhidas para plantio devem ter copa em forma cilíndrica, bem
enfolhadas e porte bem alto. Seu sistema radicular deve ser pivotante, com reduzido
número de raízes laterais. As falhas de plantio devem ser evitadas. O efeito da
concorrência em água, entre as plantas do quebra-vento e as da cultura, será diminuído
construindo-se valas laterais paralelas ao seu comprimento. Com isto evita-se que as
raízes laterais invadam o bananal e obriga-se a planta a ter maior desenvolvimento do
seu sistema radicular pivotante.
Não se querendo manter a vala aberta, pode-se fazer uma parede dupla com
lâmina de PVC preto. Neste caso o PVC é colocado revestindo as paredes do sulco e o
vazio interno cheio com terra. Esta barreira é válida por 4 a 5 anos.
No planejamento das áreas não acidentadas, em que se vai iniciar o plantio
de um bananal, deve-se incluir um sistema de quebra-ventos, como uma prioridade.
Basicamente ele deverá ser locado ao longo dos carreadores e caminhos, de modo que
o sol inicia sobre o leito carroçável. As valas de drenagem do carreador servirão
também para conter a invasão do sistema radicular, na faixa protegida.
Na formação dos quebra-ventos para bananeiras, recomenda-se o plantio de
renques de bambu da variedade Bambusa oldhami, cuja altura atinge em geral 15 a 20
m (Foto IV-6). Tendo em vista que o bambu tem crescimento lento, levando 3 a 4 anos
para se tornar eficiente, recomenda-se o plantio de eucalipto da espécie Eucaliptus
degluta intercaladamente, uma vez que este tem crescimento mais rápido. Quando o
bambu suplantar a altura do eucalipto, este será eliminado, por ocasião da próxima
reforma do bananal.

Foto IV-6- O bambu B. oldhami é um dos melhores


para quebra-vento.
A opção pelo bambu se prende a vários fatores:
a) sua flexibilidade permite que ele se curve ao vento forte e retorne
imediatamente a posição normal, a qualquer abrandada do vento. Nesta movimentação
de retorno o bambu age como se estivesse empurrando o vento para o alto;
b) depois de formado, o bambu fornece varas para o escoramento de
bananeiras, preparo de valas de sub-drenagem, etc.;
c) como as touceiras de bambu terão que ser desbastadas, seus brotos
poderão ser vendidos para alimentação humana, propiciando uma renda extra ao
produtor;
d) as abundantes raízes superficiais do bambu contribuem para uma maior
firmeza do leito carroçável do carreador.
Nos solos rasos, o eucalipto não deve ficar em caráter permanente como
quebra-vento, porque seu sistema radicular pivotante não se desenvolve normalmente
e, com isto, ele se torna vulnerável ao tombamento com ventos mais fortes devido a
sua rigidez e altura.
Além do bambu e do eucalipto, é possível também plantar-se o Pinnus
ellioti e ou a Grevillia robusta (Foto IV-7) que exigem cuidados especiais no combate
às formigas.

Foto IV-7- A Grevillia robusta tem crescimento rápido, porém não é


flexível como o bambu.
Nas Ilhas Canárias, onde a propriedade é de apenas alguns hectares, a base
dos quebra-ventos é feita com pedras retiradas da própria área de plantio, sendo que
muitas delas chegam a ter mais de três metros de altura. Complementando esse muro
são usados blocos de cimento (Foto IV-8). Para reduzir ainda mais os prejuízos com o
vento, muitos bananais estão sendo cultivados dentro de estufas cobertas com plástico.
Foto IV-8- Nas Ilhas Canárias os quebra-ventos
são feitos com blocos de cimento.
O espírito imediatista dos bananicultores não tem permitido que eles vejam
a grandiosidade dos prejuízos que os ventos têm causado nos seus bananais. Nos anos
de 1992, 93, 94 e 97, os ventos, associados ao mau controle dos nematóides existentes
nos bananais do Vale do Ribeira, derrubaram, em cada um desses anos, cerca de 20%
de suas plantas. Mesmo assim, os produtores não se sentiram motivados a plantar
quebra-ventos em suas propriedades, mas gastam elevadas importâncias em
fertilizantes para produzirem boas folhas, que exigirão um eficiente controle da
sigatoka-amarela, folhas essas que irão para o chão com o próximo vento forte.

1.4- Luminosidade
A luz desempenha importante papel na vida da bananeira.
A bananeira tem seu melhor crescimento quando recebe mais de 2.000 lux
(horas de luz/ano queimada no heliógrafo) suportando, contudo, até um limite de
1.000 lux. Valores abaixo são insuficientes para que ela tenha desenvolvimento
normal.
Se cultivada em local que receba apenas 30% do limite mínimo de
luminosidade, em caráter permanente, a bananeira tende a não interromper seu
contínuo e lento desenvolvimento, mantendo-se apenas em fase vegetativa, podendo
até mesmo chegar a não entrar no processo da diferenciação floral. Disto resulta que a
bananeira não suporta sombra artificial ou natural (cerração, bruma, poluição, sombra
de morros, etc.) sobre suas folhas, pois ela retarda seu desenvolvimento,
principalmente por não fazer a fotossíntese.
Quando muito acima do limite máximo citado, pode haver queima das
folhas, o que acontece, principalmente, durante a fase de cartucho ou folha
recém-aberta. Nessa idade da folha seu tecido é muito tenro, ficando vulnerável aos
raios solares (Foto IV-9). Da mesma forma, a inflorescência pode também ser
prejudicada pelos mesmos fatores. Apenas nas áreas com luminosidade muito alta
(4.000 lux), poder-se-ia pensar em sombrear parcialmente, as bananeiras.

Foto IV-9- Quando há muitos dias com bruma, o sol provoca


queimamentos nas folhas novas.
Em regiões onde há bruma por 4 ou 5 dias seguidos e a bananeira está com
cacho e poucas folhas, tem sido observado que o sol, ao reaparecer, provoca, com
freqüência, queimaduras na sua “bengala”, abrindo assim uma porta para que os
fungos aí se instalem. Quando isso acontece, geralmente o desenvolvimento do cacho
é bastante prejudicado.
A título de ilustração, tem-se que a insolação em Santos, SP, atinge a 3.500
lux sendo em Registro, SP, de 1.750 lux.
Tem sido verificado acentuado fototropismo pela inflorescência, durante a
primeira produção, de modo que os cachos ficam pendurados para o lado norte da
bananeira; nas safras subseqüentes, isto não ocorre de forma tão acentuada. Este
fototropismo tende a aumentar à medida que os plantios se afastam da região
equatorial, onde ele é quase nulo.
Nas condições de topografia plana ou pouco acidentada do Estado de São
Paulo, esse fototropismo é bastante comum, onde se tem observado que, a despeito do
tipo e da profundidade do plantio da muda, o porcentual de cachos que ficam voltados
para o lado norte chega às vezes a superar o índice de 90% (Foto IV-10).
Foto IV-10- O fototropismo é marcante na direção do nascimento do 1°
cacho.

1.5- Altitude
A altitude afeta diretamente a temperatura, chuvas, umidade relativa,
luminosidade, etc., fatores estes que, por sua vez, influem no desenvolvimento e na
produção da bananeira.
Trabalhos realizados em regiões tropicais equatorianas, com baixas
altitudes, demonstraram que o ciclo de produção da bananeira, principalmente do
subgrupo Cavendish, foi de 8 a 10 meses. Nessas regiões, onde a altitude passou para
900 m, ele aumentou para 18 meses.
Comparações feitas entre plantações conduzidas em situações iguais de
cultivo, solos, chuvas, umidade, etc., evidenciaram um aumento de 30 a 45 dias no
ciclo de produção, a cada 100 m de acréscimo na altitude, em uma mesma latitude.
Estudos feitos com vários cultivares do subgrupo Cavendish, para avaliar
seu comportamento em diferentes altitudes, indicaram que os cultivares Mons Marie e
Williams foram os menos prejudicados com os maiores índices.
O Estado de São Paulo, que é atravessado pelo Trópico de Capricórnio, não
tem condições muito favoráveis à bananicultura. Todavia, o Litoral Paulista e o Vale
do Ribeira, devido à baixa altitude e à elevada umidade relativa do ar, apresentam
condições climáticas mais semelhantes ao “habitat” natural da bananeira do que o
Planalto Paulista. Nesta última região o seu desenvolvimento é retardado, em parte,
devido à altitude que chega ao ser de 600 a 700 m, ter baixo teor de umidade do ar e
chuvas mal distribuídas. Além disso, suas folhas se tornam mais coreáceas e de vida
mais curta.

2- Solos
As características físicas do solo são muito importantes para a vida das
bananeiras, já que dificilmente elas podem ser modificadas. Quanto aos seus teores
nutricionais, eles podem ser corrigidos com as adubações químicas ou orgânicas.
O solo ideal para a bananeira é o alúvio profundo (mais de 1 m), rico em
matéria orgânica e bem drenado. É nesse solo (alúvio, fino-areno-barrento húmico) de
boa capacidade de retenção de água, que as bananeiras conseguem desenvolver todo o
seu potencial genético.
A distribuição e o vigor do sistema radicular servem, perfeitamente, para
indicar quais qualidades físicas e químicas o solo possui. Naqueles que são próprios
para a bananeira, todo o seu sistema radicular desenvolve-se continuamente, dando a
impressão de longos tubos retos; nos demais ele é curto e tortuoso.
As raízes das bananeiras mostram grande tropismo para as zonas mais
férteis, principalmente quando são usados adubos orgânicos.
A maior porcentagem de raízes das bananeiras está nos primeiros 30 cm de
solo, de onde elas, normalmente, retiram os nutrientes que necessitam para seu
crescimento e desenvolvimento. As demais raízes são, em geral mais grossas e
direcionadas para as maiores profundidades. Elas têm as funções precípuas de suprir a
planta em água, nutrientes e ajudar sua fixação ao solo.
O bananal plantado pela primeira vez em determinada área desenvolve, no
solo, uma miniflora específica em função das raízes que o perfuram.
O sistema radicular das bananeiras morre muito rapidamente, se comparado
com o de outras plantas. Ele morre por senilidade. Com a morte das raízes, elas estão
sempre formando novas microgalerias no solo. Esta raiz morta entra em decomposição
biológica e com isto cria um espaço para a circulação da água. Esta situação possibilita
também um certo arejamento do solo, o que facilita que as raízes novas tenham um
melhor desenvolvimento. Além disso, os restos da cultura jogados sobre o solo criam
uma microflora superficial, rica em micorrizas, que favorecem a solubilização dos
fertilizantes aplicados. Em condições normais, são necessários em média dozes meses
para o desenvolvimento dessas microfloras, que são muito importantes para a vida da
bananeira.
Em solos de várzea aluvial, muito argilosa (tabatinga, barro boi, etc.), no
qual haja um bananal, deve-se passar, uma vez por ano, um subsolador que tenha uma
roda de guia bem cortante e, como complemento, um obus para facilitar seu
arejamento. Ele será passado nas entrelinhas, preferencialmente com um trator de
esteira pequeno ou com tração nas quatro rodas, a fim de reduzir a compactação
superficial. Esta operação trará grandes benefícios às plantas, principalmente se feita
no início da estação chuvosa, com o solo seco. Ela romperá muitas raízes, mas este
prejuízo é largamente compensado pelos benefícios físicos que ocorrem no solo, que
possibilitam que a bananeira comece a emitir grande quantidade de outras novas.
Verificou-se que após esta prática, as raízes tendem a se aprofundar mais.
Neste caso, o espaçamento de plantio deve ser adaptado para que se possa realizar essa
operação. Sugere-se que o plantio seja feito diminuindo-se o espaçamento na linha de
plantio e aumentado nas entrelinhas. Outra sugestão para esse tipo de terreno, é que os
plantios sejam feitos anualmente, durante 5 anos. Neste caso, a aração deverá ser feita
profundamente (40 cm) durante a incorporação dos restos de cultura, para aumentar o
arejamento do solo (Cap. V-4).
Os solos rasos, não permitindo o desenvolvimento de raízes profundas,
fazem com que a planta sofra falta de água em qualquer veranico.
Se os solos são rasos devido apenas ao lençol freático que está superficial,
há necessidade de um perfeito sistema de drenagem que o rebaixe, no mínimo a 60 ou
70 cm de profundidade, medida essa que deve ser tomada no centro do canteiro, entre
duas valas de drenagem (Cap. V-2.5).
Solos mais rasos, por apresentarem camadas menos permeáveis, próximo
da superfície, requerem soluções que se tornam anti-econômicas à exploração
bananícola. Estas condições são freqüentes nas áreas levemente onduladas da região
de Registro (Vale do Ribeira, SP), que tem solos dos tipos podzólico
vermelho-amarelo ou latossolo vermelho-amarelo ou intermediários, sendo que muitos
deles se apresentam com horizontes estratificados de argila e seixos rolados. Quando
esses solos têm esse horizonte a menos de 60 cm da superfície, eles são
desaconselháveis para a bananicultura, pois além de não permitirem o
desenvolvimento do sistema radicular a uma profundidade conveniente, apresentam
baixa capacidade de retenção de água.
Os podzólicos vermelho-amarelo (que incluem alguns solos massapés),
geralmente de profundidade média (60 a 120 cm), têm sido cultivados com bananeiras.
Nestes, se a topografia for pouco acidentada e possibilitar a mecanização, as plantas
quase demonstram seu total potencial de produção, contudo, há necessidade de se
aplicarem corretivos, fertilizantes e fazer-se a irrigação.
Os latossolos roxos de média e alta fertilidade (terra roxa legítima) têm se
mostrado próprios à bananicultura, porém, quase sempre, necessitam irrigação; os
demais solos dessa mesma categoria, mas com média a baixa fertilidade (terra roxa
misturada) e baixa fertilidade (terra roxa de campo) são também recomendados para o
cultivo da bananeira, ainda que apresentem menor fertilidade. Na terra roxa legítima,
gasta-se mais água em irrigações do que na terra roxa misturada e, nesta, mais do que
na de campo. Na terra roxa legítima foram encontradas raízes de bananeiras do
cultivar Terra, na profundidade de quase 4 metros.
Os latossolos vermelho-escuro-orto, freqüentes nas regiões de Avaré e
Itapeva, SP, são normalmente divididos em dois grupos pelos agricultores: Catanduva
(os mais claros) e Sangue de tatu (os mais escuros). Eles prestam-se normalmente para
a bananicultura não dispensando, contudo, a adubação, a correção de acidez e a
irrigação.
Os podzólicos vermelho-amarelo, Marília (média a alta fertilidade) e Lins
(média e baixa fertilidade), derivados do arenito Bauru superior, apesar de sua boa
textura, mostram-se pouco recomendáveis ao cultivo da banana, devido, em parte, aos
baixíssimos teores de matéria orgânica que possuem. Além disso, as chapadas desses
solos são totalmente impróprias para esse cultivo, pois sofrem encharcamento
motivado pela diferença textural do horizonte A (arenoso) e B (franco-arenoso e
areno-silicoso), que têm permeabilidades bem diferentes. Por vezes, essa transição
textural se encontra a cerca de 40 cm de profundidade, podendo até mesmo aflorar em
determinados casos, devido à erosão. Nas encostas desses solos, a camada menos
permeável (B) encontra-se em maior profundidade, permitindo o plantio da bananeira,
principalmente em seu terço inferior, onde há mais umidade. Neste solo, o cultivar que
teve melhor adaptação, devido a seu agressivo sistema radicular, foi o ‘Maçã’.
Os solos orgânicos são formados por uma camada de matéria orgânica, que
está depositada sobre um terreno bastante argiloso. Estes solos são sempre muito
ácidos e encharcados. Eles podem ser usados para o plantio de bananeiras, mas a
drenagem e a correção de acidez têm que ser feitas previamente. Neles, é elevada a
porcentagem de tombamento das plantas, pois as raízes não conseguem um bom
desenvolvimento e nem se fixam no terreno. Elas morrem precocemente devido,
principalmente, à presença do gás sulfídrico. A drenagem e a calagem devem ser
cuidadosamente executadas, uma vez que ambas contribuem para o acamamento do
terreno, por reduzirem a quantidade de matéria orgânica. Esta “queima” da matéria
orgânica faz com que o subsolo, que é francamente argiloso, venha a aflorar com o
tempo.
Nesses solos a calagem deve ser feita mais com vistas à nutrição da
bananeira do que a correção do seu pH ou a insolubilização do alumínio (que é sempre
bastante alto). Os resultados das análises químicas desses solos indicam com
freqüência a necessidade de se aplicar doses de calcário superiores a 20 t/ha, para se
poder neutralizar sua acidez ou eliminar o alumínio tóxico. Nesses casos,
recomenda-se, como dose máxima a ser aplicada anualmente, a quantidade de 5 t/ha de
calcário dolomítico. Cada nova aplicação deve ser sempre precedida de uma nova
análise de solo.
Os solos com cascalho, que incluem muitos do tipo salmorão, são
impróprios à bananicultura, principalmente devido a sua alta compactação, que
dificulta muito a formação de matéria orgânica e, conseqüentemente, uma boa
microflora bananícola. Nem mesmo uma simples população de minhocas consegue se
desenvolver nesse solo.
Nos solos muito compactos, o agricultor deve fazer o manejo do cultivo da
bananeira visando sempre obter a sua melhoria física. Uma técnica que pode auxiliar
muito esta meta é fazer o plantio do bananal em alta densidade (mais de 3.000 pés/ha)
e, após a colheita da primeira safra, destruí-lo e com a aração incorporar a ele todos os
restos de cultivo. Repetindo essa prática durante alguns anos e tendo o cuidado de
fazer sempre arações profundas e subsolagens durante o preparo do solo, será possível
melhorá-lo, tornando-o mais leve e mais próprio para o cultivo da bananeira. Nestes
solos, a esparramação de todo e quaisquer resto de outras culturas ou mesmo de lixo
decomposto propiciará uma melhor condição para o desenvolvimento do sistema
radicular da bananeira.
O emprego de cultivadores tracionados por tratores com pneumáticos, com
tração só em duas rodas, nos solos aluviais, lhes causa compactação, com resultados
extremamente danosos ao sistema radicular da bananeira.
Os solos arenosos têm normalmente baixos teores de matéria orgânica e
baixa capacidade de retenção de água. Estes solos são mais freqüentes nas margens de
rios. Eles podem ser usados nos plantios de bananeiras, mas é recomendável a adição
de matéria orgânica, por ocasião do plantio e sempre que for possível. A irrigação
deve ser feita com cuidado, pois eles têm tendência à salinização. Ela deve ser feita a
intervalos menores e a adubação anual mais fracionada, com aplicações a cada dois
meses no máximo, uma vez que o processo de lixiviação é grande neste solo.
Estes solos não devem ficar expostos ao sol, devido à grande capacidade de
evaporação que possuem.
A reforma periódica do bananal, neste caso, apresenta a vantagem de
aumentar a sua quantidade de matéria orgânica.
Nestes solos os nematóides têm maior facilidade de se multiplicarem e seus
estragos nas raízes das bananeiras são muito grandes.
3- Irrigação
A umidade do solo desempenha importante papel na produção do bananal,
especialmente com relação ao lançamento do cacho. Sob severa deficiência de
umidade, a roseta foliar se comprime e quando a inflorescência vai atravessá-la há
como que um bloqueio para sua passagem. Ela fica “engasgada”, sem conseguir
ganhar o exterior, da mesma forma que acontece com as baixas temperaturas ou
quando ocorrem inundações (Foto IV-11).

Foto IV-11- Se a inflorescência não consegue transpor


a roseta, ela se desenvolve naturalmente dentro
do pseudocaule e “aborta”.
Nestas condições adversas, mesmo sem ganhar o exterior, a inflorescência
continua se desenvolvendo e as flores se transformam em bananas, dentro do
pseudocaule, seguido de um prematuro secamento de toda a planta. Se a falta d’água
não for muito intensa, a inflorescência consegue ultrapassar a roseta foliar e as flores
se desenvolvem naturalmente, mas produzem um cacho sem engaço e sem valor
comercial, pois as bananas ficam como que embutidas na roseta foliar.
Em condições menos críticas de seca haverá um acentuado encurtamento
do engaço e o cacho produzido (denominado tipo “japonês”) tem um valor comercial
muito baixo, por ser compacto e ter frutas muito curtas. Este prejuízo é mais comum
no cultivar Nanica e quase ausente no cultivar Nanicão.
A quantidade de água exigida pela bananeira é grande e constante. Seu
consumo varia de 3 a 8 mm por dia, segundo o tipo de solo e as condições de clima
reinantes. Há autores que avaliam para determinadas regiões (Camarões, por exemplo)
a necessidade de 2.000 mm anuais de chuva. Em várias regiões da América Central as
precipitações ultrapassam a 3.000 mm anuais e nem por isso deixa-se de fazer a
irrigação nessas áreas, quando as condições são adversas. Nessas regiões, a planta
sofre estresse de seca, mais rapidamente, por ela não estar acostumada a essa situação.
Experiências feitas em vários locais que correspondem aproximadamente às
condições médias do Vale do Ribeira, SP, indicam que 50 mm de chuvas nos meses de
inverno (período frio) e 120 mm no verão (período quente) seriam os níveis mínimos
suportáveis pelas bananeiras para vegetarem, mas não o suficiente para uma ótima
produção. Estes índices variam com o cultivar, com a densidade populacional do
bananal, com a profundidade que o sistema radicular consegue atingir, com a
insolação, com o compasso de plantio, com o teor de argila do solo, com a insolação,
etc. O compasso de plantio deve ser uniforme, para que o sistema radicular possa
explorar por completo toda a área reservada à “família”.
Os solos arenosos e profundos têm baixa capacidade de retenção d’água.
Neles há necessidade de uma disponibilidade de 30 mm de água a cada 5 dias, o que
corresponde a 1.800 m³ por mês/ha. A bananeira só tem boa produtividade nesses
solos, quando não se deixa faltar água. A irrigação é imprescindível.
Outro aspecto a se considerar é o sistema de desbaste praticado pelo
produtor. Se ele deixa uma, duas ou mais “famílias” por cova, o consumo de água
nesse local, é diferente devido à maior ou menor quantidade de raízes que exploram
essa área.
Um dos fatores que reforça a necessidade de se deixar apenas uma
“família” por cova, se baseia no fato de que as raízes devem ocupar toda a área,
havendo assim uniformidade na exploração do solo, no sentido de extrair água e
nutrientes.
O excesso de chuva, por sua vez, provoca problemas muito complexos, tais
como a necessidade de drenagem, lavagem dos fertilizantes, controle da erosão do solo
e ainda as inundações, cujas conseqüências são imprevisíveis.
A questão do suprimento de água à planta está ligada às propriedades
físicas e mecânicas do solo.
Os solos profundos e argilosos têm maior capacidade de retenção de água e,
nesse caso, o limite de 100 mm de armazenamento de umidade seria suficiente.
Nos solos rasos e declivosos, assim como nas várzeas mal drenadas ou
muito argilosas, onde geralmente o sistema radicular não ultrapassa os 50 a 60 cm de
profundidade, há necessidade de uma melhor distribuição das chuvas ou a irrigação
suplementar.
Observando-se as condições de clima exigidas para o bom desenvolvimento
da bananeira e a porcentagem de água que a constitui (cerca de 90% na planta e 80%
no cacho), torna-se supérfluo acrescentar algo mais sobre as vantagens da irrigação.
Resta apenas lembrar que nas condições do Estado de São Paulo, o
suprimento de água nos períodos de secas (inverno) possibilita, a colheita de bons
cachos durante a primavera, ocasião em que os preços de vendas costumam ser mais
elevados (2º semestre).
No Nordeste e nos solos tipo cerrado, a ausência da irrigação é limitante
para a bananicultura.
Há várias formas e fórmulas para se calcular as necessidades de suprimento
de água para a bananeira, desenvolvidas em diversas regiões do mundo, mas no Brasil
há apenas estudos em fase inicial. Igualmente ainda não se fizeram estudos regionais
relativos ao ponto de murchamento da bananeira. Tendo em conta essa situação
existente, impõe-se a utilização de dados aproximados, adaptados às nossas condições,
tomando-se por base os estudos feitos para outros climas e regiões.
Admite-se que a quantidade de água para um bom desenvolvimento da
bananeira (chuva mais irrigação), seria aproximadamente o dobro do que ela
precisaria para viver precariamente, cujos valores foram anteriormente citados.
O total de água a ser empregado nas irrigações varia, principalmente, com
os diversos tipos de solos, com as condições climáticas locais, com a localização
topográfica da plantação, com o cultivar, seu plantio e seu manejo.
Por falta de informações precisas, pode-se dizer que, economicamente, o
mínimo de água que se deve complementar com as irrigações é para 100 mm/mês,
quantidade essa que pode ser aumentada para 180 mm, se as condições forem
bastante adversas.
Na irrigação em bananeiras, é importante que a água a ser aplicada seja em
quantidades grandes a uma só vez, para se evitar que ocorra a salinização do solo, o
que pode torná-lo impróprio para a agricultura. A eliminação dos altos teores de sódio
de um terreno constitui uma prática de alto custo. Isto tem ocorrido com muita
freqüência nos solos do Nordeste brasileiro, devido apenas à aplicação da água, feita
de forma inadequada.
Genericamente, pode-se dizer que a irrigação poderá ser feita a cada 10 a
12 dias nos solos com elevada capacidade de retenção de água. À medida que essa
capacidade diminui, o período entre as irrigações também se encurta, chegando ao
mínimo de 5 a 6 dias.
Esses limites de turno de rega variam muito também, em função do sistema
de irrigação adotado.
Uma forma prática para se avaliar a necessidade da irrigação é observando
a posição dos lóbulos foliares em relação à nervura principal. Sempre que eles
estiverem caídos verticalmente é sintoma de que a planta já deveria ter recebido água.
Quanto melhor estiver a saúde do seu sistema radicular e maiores
profundidades de solo ele conseguir explorar, menor tempo suas folhas ficarão caídas
a cada dia.
Admite-se ser de até duas horas, por dia, o tempo máximo que cada lóbulo
foliar possa ficar caído na posição de 45° com a horizontal, sem haver prejuízos na
produção (Foto IV-12). Se este tempo ou essa angulosidade for maior, deve-se dar
início imediato nas irrigações. Este é o modo da bananeira “dizer” que está precisando
de água. Entretanto, o produtor não precisa esperar que a planta atinja esses limites
para começar a irrigar. Quanto mais cedo ele começar, menores serão seus prejuízos.

Foto IV-12- Se a bananeira tem sede, ela desidrata seus estômatos


junto à nervura principal e os lóbulos se fecham para reduzir a transpiração.
Nos estudos de avaliação dos efeitos da irrigação levando-se em conta a
evapotranspiração e a umidade no solo feitos em vários países produtores, ficou
evidente, em todos eles, que a irrigação sempre proporciona aumento de produção.
Estando o bananal com boa saúde e bom estado nutricional, tem-se
conhecimento de que a produtividade (tonelada colhida/ha/ano) aumentou, em muitos
casos em até 100%, quando se fez a irrigação de modo a suprir efetivamente suas
necessidades hídricas. Esse aumento de produtividade decorreu da colheita de cachos
maiores e também da redução do ciclo de produção.
Qualquer que seja o sistema de irrigação que se venha a instalar no bananal,
é imprescindível que se faça também um bom sistema de drenagem, para possibilitar
que a água circule dentro do solo. Especial atenção deve ser dada nos solos propensos
a salinização, pois se a água não arrastar esses sais para profundidades maiores, eles
acabarão aflorando, a ponto de os tornar impróprios para o cultivo da bananeira.

3.1- Métodos de irrigação


Inicialmente convém lembrar que o sistema radicular de uma bananeira
sadia deve estar esparramado por toda a área, extraindo dela os nutrientes necessários
para uma boa produção e ainda para assegurar a perfeita fixação da planta. E, para que
isso aconteça corretamente, não deve faltar umidade em parte alguma dentro do
bananal.
Basicamente há três métodos de irrigação válidos e recomendáveis para as
bananeiras: levantamento do lençol freático, inundação e aspersão.
O método do gotejamento somente será usado em bananeiras na condição
específica e excepcional de não se dispor de quantidade suficiente de água para a
irrigação. As duas maiores restrições que se faz a esse método, em bananicultura, é o
fato dele não conseguir umedecer toda a área reservada para cada “família” e a
facilidade dele provocar a salinização da área, principalmente nas regiões de baixa
precipitação anual. Havendo pouca chuva durante o ano, menos de 500 mm, os sais
que tendem a aflorar com o gotejamento, em pouco tempo tornam esses solos
salinizados, exigindo tratamentos especiais, tais como aplicação de gesso ou
inundação do terreno.
Normalmente este sistema é instalado colocando-se um tubo de PVC
flexível de baixa densidade (ou plástico) passando junto de cada linha de plantio. Em
cada “família” são colocados dois gotejadores a mais ou menos 50 cm distante dela,
ficando um na sua frente e o outro atrás. Desta forma cada um deles irá umedecer um
círculo de aproximadamente 25 cm de raio. Nas entrelinhas não se distribui nenhuma
linha de tubo com gotejadores, portanto não haverá irrigação e com isto toda essa faixa
de terra permanecerá seca. E, solo sem água não é explorado pelas raízes.
Para que este sistema de irrigação se tornasse viável para ser utilizado com
2
bananeiras plantadas no espaçamento de 2 x 2,5 m, por exemplo, com 5 m de área
disponível para cada família, haveria necessidade de distribuir, no mínimo, 5 linhas de
tubos com um total de 25 gotejadores. Seria, portanto, uma grande malha de tubos
dentro do bananal, o que tornaria praticamente inviável caminhar-se dentro dele, sem
se danificar o sistema. A realização dos tratos culturais seria difícil de executar e a
colheita e o transporte dos cachos mais ainda.
Pensar que é válido e suficiente instalar um sistema de gotejo, com apenas
uma linha de gotejadores junto às bananeiras seria o mesmo que preparar um prato de
comida, comer menos de 10% dele e ficar contemplando o restante.
Além disso, deve-se considerar que o sistema de gotejamento exige que a
água seja filtrada e que o equipamento funcione, no mínimo, mais de 15 horas por dia,
para conseguir distribuir a quantidade de água necessária para uma perfeita hidratação
da bananeira. Além disso, será preciso manter operadores permanentemente
inspecionando todos os gotejadores, que se entopem com muita facilidade.
Tem-se ainda que o constante caminhamento da “família” bananeira exigirá
o deslocamento periódico da rede de tubos, atrás de sua nova localização.
Neste sistema de irrigação, a fertirrigação é problemática, principalmente
com referência à aplicação dos sulfatos, pois eles aderem facilmente aos tubos e
gotejadores, obstruindo-os. Isto ocorre devido à baixa velocidade de circulação da
água.
Para fins de pesquisas, onde não há água ou a mão-de-obra operária é
supervalorizada, como o caso de Israel, o sistema de gotejo pode ser válido, porém
para as condições do Brasil, isto é desperdício de dinheiro, pois o seu custo/benefício
não é suficiente para pagar tais investimentos.

3.1.1- Levantamento do lençol freático


As várzeas com um bem planejado sistema de drenagem e atravessadas por
pequenas aguadas, podem ser irrigadas pela elevação temporária do lençol freático.
Neste tipo de irrigação faz-se o barramento e a acumulação das águas dos
drenos e das aguadas até que elas quase aflorem na região mediana entre dois drenos.
O tempo de estancamento da água nunca deve exceder a 6 horas, independentemente
de se ter ou não conseguido irrigar a região mediana do tabuleiro. Esta operação
somente será repetida depois de 10 dias para os solos mais leves e de 15 dias para os
solos menos permeáveis.
Deve-se ter especial cuidado quando da saída da água para evitar problemas
de erosão superficial. Esse tipo de irrigação, apesar de barato, é restrito, e só pode ser
feito em condições muito peculiares, por ser bastante difícil seu planejamento e a
ocorrência de áreas viáveis.

3.1.2- Inundação
Neste sistema de irrigação, há um grande desperdício de água e é difícil o
controle do consumo por metro quadrado. Admite-se que a eficiência desse método
seja de 65%.
Nesse sistema de irrigação, há uma total saturação de água no solo, o que
pode ser muito prejudicial à sanidade das raízes, uma vez que elas irão ficar por algum
tempo totalmente asfixiadas. Esta irrigação exige um bom sistema de drenagem aberto,
complementado por um outro feito com subdrenos, isto é, drenos cobertos. Devido ao
elevado custo de sua instalação e de operação, ele não é recomendado para os solos
rasos que necessitam receber irrigações mais freqüentes.
Deve-se ainda considerar que para se instalar este sistema de irrigação a
área precisa ser quase plana, o que é bem difícil de se encontrar. Porém, isto pode ser
obtido fazendo-se a sistematização da área.
Ela consiste em se fazer o seu nivelamento. Neste serviço, as partes mais
altas fornecerão terra para as mais baixas, com o detalhe de que somente será
transportada a camada do subsolo da área fornecedora de terra. Para isso, inicialmente
a camada superior é transferida para uma área anexa, em seguida retira-se o subsolo e
depois retorna-se a camada superficial para seu lugar original. Na área que vai receber
a terra, executa-se a mesma operação de remoção provisória da primeira camada, para
depois se aplicar a terra excedente da outra área. Após isto retorna-se a terra ao seu
primitivo local. Entretanto, muito freqüentemente, durante estes transbordos, há
mistura de solo e subsolo, tornando a área inviável para fins agrícolas por muitos e
muitos anos. A sistematização deve ser evitada a todo custo, nas áreas destinadas ao
cultivo de bananeiras.
No sistema de inundação, a água é conduzida para o bananal por gravidade
ou utilizando as bombas de recalque, através de canais revestidos ou não com
alvenaria ou por tubulações de plástico. A água é, em geral, distribuída aos diversos
locais do bananal por meio de sulcos e para isso é preciso que a textura do solo seja
mais argilosa do que arenosa. Entretanto, nas áreas onde se pode instalar este sistema,
os solos são, em geral, bastante arenosos. Devido a isto, nesses sulcos de distribuição,
onde a velocidade da água é bastante lenta, eles devem ter seu fundo revestido por
uma manta de plástico, para se reduzirem as perdas por infiltração. Há casos em que a
topografia não é totalmente favorável e por isso o canal é substituído por dutos de
cimento.
Em volta das bananeiras devem ser feitas pequenas “taças” que irão ser
inundadas. Essas taças são individualizadas por pequenas leiras que cercam algumas
bananeiras, cujo número varia segundo a topografia do local, podendo ser de apenas 4
ou 5 a até mesmo 20 delas. Não se deve fazer taças com mais de 20 plantas devido a
problemas operacionais e de erosão superficial.
Essas leiras são feitas com terra do mesmo local e têm, em geral, cerca de
30 cm de altura (Foto IV-13).

Foto IV-13- Na irrigação por inundação, o gasto d’água é maior e


as raízes sofrem falta de oxigênio.
O sulco transportador de água circula por entre as taças. Quando se vai
irrigar uma delas, a água do sulco é barrada no seu interior e a leira da taça é
rebaixada, para que a água a invada. Tendo a taça sido inundada completamente,
desobstrui-se a passagem da água no sulco e reconstitui-se a leira no local por onde ela
entrou. Isto exige que os operários estejam sempre atentos, pois as folhas secas
revestindo completamente o solo dificultam a avaliação de quanto de água já entrou na
“taça”. Estas folhas secas reduzem a evaporação, mas causam sérios problemas na
movimentação dos operários.
A irrigação ou seja a inundação é efetuada a cada 15 dias, usando-se um
volume de água que permita o encharcamento uniforme da área, numa profundidade
mínima de 20 cm.
As irrigações devem ser feitas nos dias imediatos em que se realizou a
colheita na área. Este cuidado deve ser tomado para que os operários, por ocasião da
próxima colheita, possam caminhar de modo mais tranqüilo durante o transporte dos
cachos, o que não aconteceria se o solo estivesse encharcado.
Nessas áreas os colhedores e os desbastadores devem tomar cuidado para
que os restos de bananeiras não obstruam os sulcos de passagem d’água.

3.1.3- Aspersão
A aspersão é feita por equipamentos chamados de torniquetes ou “canhão”.
Seu tamanho é bastante variável e tem de estar de acordo com a potência do motor de
bombeamento da água. Sua capacidade de cobertura varia, em geral, de um círculo
com 1,50 m a 90 m de raio.
A aspersão apresenta uma série de vantagens sobre os demais sistemas de
irrigação. Adapta-se a todas as topografias; hidrata melhor as plantas; permite a
distribuição da água de modo uniforme em toda a área; possibilita avaliar com
precisão a quantidade de água distribuída; evita erosão; possibilita a fertirrigação; não
desperdiça água; é mais fácil de ser instalado e o equipamento tem capacidade de
irrigar áreas maiores.
Deve-se ressaltar que havendo o equipamento na propriedade, as adubações
poderão ser feitas mensalmente, o que reduz o consumo de fertilizante e melhora
muito o resultado de sua aplicação. Como desvantagens desse sistema menciona-se o
custo mais elevado do equipamento e a necessidade de haver mão de obra treinada.
O intervalo de tempo (turno de rega) entre uma e outra irrigação, a ser feita
durante o mês, é função do tipo de solo, sendo que nos mais arenosos utilizam-se 5
dias e nos mais argilosos 10 a 12 dias. Entretanto, até que se prove ao contrário, o
melhor método para se avaliar quando e quanto de água se deve aplicar é aquele que se
baseia na posição dos lóbulos foliares.
A quantidade de água que será complementada por turno de rega será a
diferença entre a última chuva caída e o volume indicado para esse período. Esse
volume varia com a capacidade de retenção de água do solo e ainda com a sua
profundidade e declividade, sendo de 100 mm nos solos rasos e pouco inclinados e de
180 mm nos mais profundos e mais inclinados.
Numa boa irrigação por aspersão para a bananeira, deve-se usar de 10 a 15
mm de água/h.
O número de horas da irrigação será calculado de acordo com a vazão dos
aspersores e o volume de água recomendado para o bananal, em função do tipo de
solo.
A aspersão pode ser feita acima das folhas (sobrecopa) ou abaixo das folhas
(subcopa).
Convém lembrar que as aspersões feitas sobre copas não criam condições
para o desenvolvimento das sigatokas, mas podem lavar os produtos que foram
aplicados para seu controle.
No sistema de aspersão sobre as folhas, normalmente se consegue irrigar a
uma só vez maiores áreas do que os métodos anteriormente descritos. Neste caso, o
equipamento pode ser fixo ou móvel. Este sistema tem um coeficiente de
aproveitamento da ordem de 75%, devido às perdas por evaporação, que aumentam
com a temperatura e o vento. Ele apresenta a desvantagem de nem sempre se
conseguir uma distribuição uniforme da água, quando se registram ventos com
velocidade superior a 8 km/h.
No sistema de aspersão sob as folhas a área que cada aspersor irriga é
menor, porém o seu coeficiente de aproveitamento é de 80% e sua distribuição é mais
uniforme.
Na irrigação por aspersão, para ser eficiente, é preciso que haja uma
pressão capaz de assegurar vazão constante no aspersor. A pressão varia segundo a
vazão e o raio que se pretende alcançar, estando, em geral, para o caso da aspersão
sobre a copa, entre os limites de 4 e 8 kg/cm². Nas aspersões por baixo da copa, as
pressões necessárias para garantir as vazões e coberturas desejadas são bem menores
(1,5 a 2,0 kg/cm²), o que torna o sistema muito menos dispendioso na aquisição e mais
econômico na sua operacionalidade.
O recalque da água do ponto de captação para os aspersores, é feito por
uma motobomba, que pode ser acionada por um motor elétrico ou diesel. Há casos
específicos em que este bombeamento pode ser feito por roda d’água, quedas naturais,
etc.
A tubulação inicial é de um diâmetro maior (rede mestre) que se divide em
outras (redes secundárias) com menor diâmetro. Estas, por sua vez, também são
divididas em outras (redes terciárias) com diâmetro mais reduzido ainda.
O material utilizado nas tubulações de recalque assim como na de
distribuição dentro do bananal varia conforme o tipo de aspersor que é utilizado.
A aspersão pode ser feita:
a- acima das folhas com:
a .1- canhão de alto ou pequeno alcance que pode ser:
a .1.1- fixo ou
a .1.2- móvel ou
a .1.3- misto
b- abaixo das folhas com:
b.1- miniaspersor que pode ser:
b.1.1- fixo ou
b.1.2- móvel
b.2- microaspersor fixo
O sistema acima das folhas, com canhão de alto alcance e fixo
normalmente é recomendado para as plantações com mais de um milhão de pés. Neste
caso, a tubulação é toda enterrada e feita de aço zincado ou ferro fundido. A rede
mestre tem 10” de diâmetro, a secundária tem de 6 a 8”e a terciária de 3 a 5”. No local
onde o aspersor vai ser instalado, é ligado um cano (torre), em geral com 3”, que é
mantido em pé por meio de um conjunto de tirantes. Seu comprimento é cerca de 100
cm acima das folhas (Foto IV-14).
Foto IV-14- A aspersão acima das folhas exige maior potência no
recalque da água. Onde há sigatoka-negra, sua utilização tem restrições.
Neste tipo de aspersão, o canhão tem grande vazão e em geral, tem sua
boca com uma ou mais polegadas. Seu raio de atuação varia de 40 a 90 m. Para esse
equipamento funcionar perfeitamente é preciso que haja uma pressão de 4 a 10 kg/cm²
no bocal. Exemplificando, para um canhão de uma polegada de vazão com alcance de
50 m, ele precisa de 8 kg/cm². Esse tipo de canhão é, geralmente, removido a cada
turno de rega e para que ele possa ser retirado da sua torre de sustentação, existem nela
vários estribos para o operário poder subir e descer facilmente.
A aspersão sobre a copa também pode ser feita com canhões de alcance de
10 a 15 m de raio. Estes canhões têm bico de ½ a ¾”. Este sistema é mais indicado
para propriedades pequenas. Pode-se ter torres fixas ou removíveis, sendo estas as
mais freqüentes. Elas são ligadas à rede d’água, por meio de uma tubulação flexível de
encaixe rápido e mantidas em pé, por meio de um tripé, pois suas alturas têm de ser
maior do que as bananeiras. As tubulações mais comumente usadas são de PVC rígido
ou de PVC preto flexível de média densidade, com 3 a 5”, que podem ser fixas
(enterrada) ou removíveis (sobre o terreno). Dentro do bananal ela é, em geral, de 1 a
2”.
Todos os sistemas fixos são instalados antes do plantio do bananal. A
localização das torres é planejada, previamente, segundo o equipamento e sua
potência, de modo que toda a área (sem vento) seja uniformemente coberta.
Este sistema opera com um ou dois canhões a cada vez. No caso de se ter
um só canhão com alcance de 60 m de raio, ele deve irrigar cerca de 1 ha, por turno
de uma ou duas horas, segundo a programação. É um sistema muito eficiente que pode
operar as 24 horas do dia e fazer qualquer adubação, porém tem um custo elevado de
instalação.
No sistema de aspersão acima das folhas, com canhão de alto alcance e
móvel, o mais simples que existe é aquele em que se instala sobre uma carreta o
equipamento e um motor elétrico ou a diesel para acioná-lo. Ele é deslocado ao longo
de canais previamente construídos em todo o bananal, de onde retira a água para a
irrigação. Geralmente este equipamento tem canhão com alcance de 25 a 30 m de raio
(Foto IV-15).

Foto IV-15- No sistema móvel o investimento é maior


e há necessidade de melhor mão de obra. É mais
recomendado para topografias planas. A tabuleta branca
indica o local do equipamento trabalhar
Outro equipamento mais sofisticado, desse mesmo sistema, é o misto. Ele
tem uma bomba fixa junto à captação d’água, que a recalca até ao bananal, através de
uma tubulação que corta todos os carreadores. Um conjunto denominado
autopropelido é ligado a essa tubulação, nos pontos de cruzamento com os
carreadores. Para se usar esse equipamento, é preciso que, ao se plantar o bananal,
projetem-se os carreadores transversalmente à declividade do terreno. O autopropelido
tem uma tubulação flexível de 3 a 4”, cujo comprimento é, em geral, de 400 a 500 m.
Essa tubulação fica enrolada em um cilindro, que é rotativo. Este cilindro gira por
meio de uma turbina hidráulica, que é acionada com a passagem da própria água de
irrigação. A torre do canhão, que deve ter a mesma altura do bananal, está ligada na
ponta dessa tubulação flexível e apoiada sobre uma carreta de duas rodas. Inicialmente
este conjunto é colocado no seu ponto mais distante do cilindro rotativo o qual irá,
com a passagem da água de irrigação, recolhendo-o para si e com isto o canhão
irrigará toda uma faixa (Foto IV-16).
Foto IV-16- Nas topografias acidentadas, a aspersão móvel exige
equipamentos mais sofisticados.
Esta torre com o canhão também pode ser movimentada por meio de um
cabo de aço que é enrolado por um trator.
O autopropelido é mais fácil de se operar, mas seu custo é mais elevado,
porém o tubo tem maior durabilidade por não ser arrastado. Em ambos os casos o
canhão opera com 4 a 8 kg/cm² de pressão, valor esse que é fornecido pelo fabricante.
Conforme foi dito, neste sistema de irrigação é preciso que os carreadores
sejam programados para se poder ter um perfeito funcionamento. Tendo em vista que
os atuais equipamentos atomizadores utilizados no controle da sigatoka-amarela
conseguem cobrir uma faixa de 50 m, esta deve ser a distância de centro a centro dos
carreadores. Dada esta condição, o equipamento a ser adquirido deve ter um canhão
capaz de atingir 30 m de raio, para que a irrigação atinja perfeitamente todo o lote.
Em função da capacidade de vazão do canhão, determina-se a velocidade
de deslocamento do equipamento, para se ter a correta lâmina d’água calculada para
esse bananal.
Este sistema tem a vantagem de poder ser usado em áreas planas ou não,
desde que se possa abrir os carreadores em nível. As eventuais curvas que o
equipamento tenha de fazer serão orientadas por meio de estacas previamente fixadas
no centro dos carreadores.
Dentro desse mesmo sistema de aspersão misto tem-se ainda o pivô central.
Ele tem sido usado com sucesso nos cultivares de porte baixo e médio, desde que se
faça uma adaptação da sua altura, a qual deve ser de no mínimo 6 m. Para os cultivares
de porte alto ele não é indicado.
O pivô central consta de uma tubulação onde existem vários aspersores a
cada 3 m, do tipo “margarida” ou mesmo miniaspersores, por onde a água é
esguichada radialmente. Essa tubulação, cujo comprimento chega normalmente a 600
m (em função da topografia), gira em torno de um ponto fixo, pelo qual a água entra e
abastece o equipamento. A tubulação tem a cada 30 a 40 m (em função da topografia),
um apoio para sua sustentação. Este é feito por meio de um par de rodas de trator, que
é acionado e comandado eletricamente. Ao executar o giro, a água é distribuída
uniformemente em toda a área. É um sistema onde a água cai igualmente e quase sem
produzir impactos (Foto IV-17).

Foto IV-17- O pivô central é uma boa forma de irrigar, porém o custo
de aquisição e manutenção são elevados. Há restrição de seu uso
se a sigatoka-negra estiver presente.
Nos bananais recém-plantados, a aspersão acima das folhas pode criar
problemas de erosão superficial, se não houver um bom controle da água aplicada.
Nos bananais que já têm muitas folhas velhas no chão, esse problema deixa de existir,
dada a proteção que elas proporcionam ao solo.
Dos sistemas de irrigação, a aspersão abaixo das folhas é o melhor de
todos, quando se empregam aspersores (“torniquetes”) rotativos com alta vazão e
baixa pressão, que evitam ferimentos nos pseudocaules. É o mais eficiente ao se
considerar as perdas por evaporação, o rendimento de serviço, a potência empregada
na bomba de recalque, o volume de água distribuído por m² e a área irrigada.
Miniaspersores são aqueles de pequeno alcance, tendo um raio que varia de
1,5 a até 12 m.
No sistema de aspersão abaixo das folhas, com miniaspersor fixo a água é
bombeada por tubulações que podem estar enterradas ou não.
O aspersor mais indicado é o do tipo de alta vazão e baixa pressão, cujo
raio de alcance deverá ser de 6 a 8 metros e ângulo de 5 a 7° (Foto IV-18A). É
importante que esse aspersor tenha regulagem capaz de realizar um giro completo de
360°, com 12 a 15 piques. Desta forma, evita-se que o jato seja muito forte e que
também ele permaneça em uma só direção e venha causar danos nos pseudocaules das
plantas (Foto IV-18B).
Foto IV-18A- A aspersão fixa subcopa é a mais indicada, principalmente
onde houver sigatoka-negra. Esse método possibilita o emprego de
aspersores com engate rápido, que uma vez vencido o turno de rega,
pode ser usado em outros pontod de irrigação.
(Foto de Luiz A. Lichtemberg da EPAGRI).

Foto IV-18B- Aspersor de grande vazão indicado


para evitar salinização e não favorecer o
desenvolvimento da sigatoka-negra.
Este aspersor deve ter uma capacidade de distribuir o volume de água
correspondente à dose mensal, a ser aplicada por m², dividido pelo número de vezes
que se fará a irrigação (3 a 6), o qual é determinado pelo tipo de solo, sendo que esse
volume deverá ser distribuído em 3 a 4 horas.
A lâmina d’água deverá ser de 10 a 15 mm/h, valor esse que é válido
também para os equipamentos acima das folhas.
Este é sem dúvida o sistema que apresenta maior eficiência e rendimento
quando se considera a potência empregada na bomba de recalque e o volume de água
distribuída.
Neste sistema, a água é recalcada até ao bananal usando-se tubos de PVC
flexível de alta densidade, rígido ou galvanizado, os quais constituem a rede principal
e têm, em geral, de 6 a 8” de diâmetro. Para a distribuição nos carreadores deve-se
usar tubos iguais (rede secundária), cujo diâmetro é de 4 a 5”. Muitas vezes há
necessidade de se ramificar esta rede e, neste caso, os tubos serão de 2 a 3”.
Toda essa tubulação deve ser enterrada de 50 a 60 cm de profundidade. A
rede d’água que passa na cabeceira das linhas terá uma ramificação a cada 1,8 vez o
raio de alcance do aspersor. A escolha do aspersor deve ser tal que permita que essa
ramificação fique sempre no centro de uma entrelinha de plantio. Desta forma, haverá
uma seqüência de tubos paralelos enterrados dentro do bananal, ao longo dos quais
será colocado um aspersor a cada 1,8 vezes o raio de alcance do aspersor.
A ligação do aspersor com a tubulação será feita com tubos de 5/8” ou 3/4”.
Quando a tubulação é enterrada pode-se usar tubos de PVC marrom que
serão colados. É um sistema de custo inicial mais alto, porém é mais fácil de se
operacionalizar. Ele é recomendável para as regiões onde a irrigação tem de ser feita
por mais de 6 meses seguidos, por falta de chuva.
Os tubos devem ser enterrados a uma profundidade de 50 a 60 cm, para que
não haja problemas com os implementos agrícolas, durante os programas de reforma
do bananal e também com a movimentação dos operários. Neste caso, o tubo onde se
irá colocar o aspersor deverá ficar com um comprimento de 50 cm fora da terra. Os
aspersores que têm engate rápido permitem o seu aproveitamento constante, com sua
remoção de uma linha para outra, na mudança de turno de rega. Para evitar que essa
base do aspersor seja “atropelada” pelos operários, é recomendável que esse tubo seja
encamisado com um outro de PVC, tipo esgoto com 3”. O espaço vazio interno será
preenchido com concreto. Este cuidado é válido e serve também para reforçar essa
tubulação.
Este sistema de miniaspersão não cria condições para o desenvolvimento da
sigatoka-amarela ou da negra, dado ao pequeno número de horas que o equipamento
trabalha em uma mesma área.
No sistema de aspersão abaixo das folhas, com miniaspersor móvel,
recomendado para propriedades com no máximo 20 mil pés, a água é bombeada por
meio de tubos com diferentes diâmetros e materiais, que podem ou não estar
enterrados.
Uma linha de tubos rígidos será distribuída sobre a superfície, na cabeceira das linhas
de plantio. Nela haverá pontos de ligação do tipo engate rápido, a cada 1,8 vezes o raio
de alcance do aspersor. Nesses pontos será ligada uma tubulação flexível, cujo
comprimento deverá ser suficiente para atravessar todo o lote, de carreador a
carreador.
Na ponta desse tubo flexível será ligado um aspersor, que estará fixo num
suporte ou numa haste de ferro de ½ ou 5/8”, com comprimento suficiente para que o
aspersor fique cerca de 30 a 50 cm acima do solo, depois de cravado nele (Foto
IV-19).

Foto IV-19- A aspersão móvel abaixo da copa é válida para bananais


pequenos e com pouca disponibilidade d’água.
Os tubos de plástico flexível precisam aceitar altas pressões, tais como os
da marca Sansuy, que têm no interior de suas paredes uma rede de fios de náilon. Eles
devem ter o diâmetro interno de 5/8”.
No início da irrigação, o aspersor será cravado no lado oposto ao tubo
localizado na cabeceira das linhas de plantio, para ser reconduzido para mais perto
dessa tubulação, toda vez que vencer o tempo de rega, nesse ponto. Essas mudanças
serão feitas a cada 1,8 vezes o raio de atuação do aspersor.
Este sistema permite que se instalem várias linhas de aspersores ao mesmo
tempo, as quais devem ficar metade à direita e a outra à esquerda, para ser mais fácil
seu manejo.
O número de aspersores a ser instalado simultaneamente será definido em
função do diâmetro da tubulação e da potência da bomba de recalque, lembrando que
cada um desses aspersores consome 1,5 a 2,0 kg/cm2 de pressão, medido no seu bico.
Este sistema móvel é muito prático para ser utilizado nos bananais velhos,
sem alinhamento ou naqueles onde haja obstáculos naturais ou a topografia seja
acidentada.
No sistema de aspersão abaixo das folhas, com microaspersor fixo, a água
é recalcada até a cabeceira do lote por algum dos meios já citados e vai para dentro do
bananal por meio de tubos flexíveis pretos de PVC, distribuído sobre o terreno e
passando em todas as entrelinhas.
Nesse tubo se encaixam outros pequenos tubos com 0,5 cm de diâmetro e
cerca de 50 cm de comprimento, a cada 150 cm. A sua extremidade livre será ligada a
um aspersor de pequena vazão, cujo diâmetro do orifício de saída d’água é de 2 mm,
com alcance efetivo de irrigação de 100 a 120 cm de raio. Para manter o aspersor em
pé e a 30 a 40 cm de altura, haverá um suporte de ferro fino (7/16”) ou de plástico.
Neste caso, a pressão no aspersor será de 1 kg/cm², pois eles funcionam com pequena
pressão. Eles são colocados em caráter permanente e todos funcionam
simultaneamente dentro do mesmo lote (Foto IV-20).

Foto IV-20- Qualquer tipo de microaspersor e ou a “margarida” favorecem


a salinização e o desenvolvimento da sigatoka-negra.
Na extremidade final da linha será colocado um tampão ou simplesmente se
dobra e se amarra o tubo flexível. Dada a pequena vazão desses aspersores, haverá
necessidade de se fazer a irrigação por muitas horas, até se completar a quantidade de
água recomendada para o turno de rega. Dependendo dessa vazão esse total de horas
pode chegar a 24, o que é muito comum acontecer. É um sistema que tem como
restrição a necessidade da filtragem da água, a constante inspeção para corrigir os
entupimentos, a grande malha de tubos esparramados pelo bananal que dificulta a
caminhada dos operários, o constante cuidado com os aspersores durante a desfolha e
a colheita.
À semelhança do método de gotejamento há restrições no uso da
fertirrigação, devido aos entupimentos que os adubos causam decorrente da pequena
velocidade de passagem da água.
A pequena quantidade de água que estes aspersores distribuem, em geral, é
suficiente apenas para molhar a superfície do terreno, o que provoca o afloramento do
sistema radicular e não é suficiente para fazer a lixiviação dos elementos tóxicos à
bananeira. A longo prazo, nas regiões mais áridas, este sistema pode causar problemas
de salinização. Entretanto, o seu uso como complemento de irrigação, nas regiões
onde há precipitações superiores a 1.000 mm por ano, é válido, pois essas chuvas
evitarão que ocorram os problemas anteriormente citados.
Este sistema tem a seu favor o menor diâmetro dos tubos condutores d'água,
a menor potência do motor acionador da bomba e, conseqüentemente, menor custo de
aquisição do equipamento e operacional. Ele é justificável para os casos em que não
haja volume d’água para se irrigar todo o bananal, porém com o perigo de se provocar
a salinização da área.
Quando o agricultor vai fazer a compra de seu equipamento de irrigação, é
muito comum ele aceitar as argumentações do vendedor, no sentido dele adquirir este
ou aquele. No caso específico, a argumentação mais comum é de que não há
necessidade de irrigar toda a área do bananal, sendo suficiente distribuir em apenas
50% dela, o que pode ser feito colocando, alternadamente, as linhas de aspersores
entre as linhas de plantio. Desta forma, a área total não fica irrigada e obviamente as
raízes também estarão explorando apenas parte desse solo.
Há ainda o sistema da “margarida”, que também é usado em subcopa, no
qual o miniaspersor é substituído por uma roda com muitos pequenos furos na sua
periferia, por onde a água sai radialmente. Esse jato tem alcance efetivo de 50 a 60 cm
de raio, o que é muito pouco para uma bananeira que foi plantada a 2 x 3 m. Além
disso ela apresenta todos os demais defeitos do sistema anterior, e por isso, é um
sistema menos eficiente ainda. Sua maior desvantagem é não conseguir fazer com que
a água penetre mais do que 20 cm nos solos arenosos e menos ainda nos argilosos.
Como conseqüência, as raízes não conseguem penetrar neles também. Este sistema em
pouco tempo provoca a salinização da área.
Ele tendo que funcionar dia e noite para poder aplicar a quantidade de água
necessária, possibilita ainda mais do que o sistema anterior, o aparecimento da
sigatoka-amarela e a negra nos “filhos”. Isto faz com que a quantidade de inóculo
permaneça sempre grande, favorecendo a ocorrência de sua explosão violenta, quando
houver alguma condição favorável.
É um sistema que não se justifica usar em bananeiras.
Ainda como irrigação de subcopa, há outros métodos, que representam o
esforço e a criatividade de determinados produtores, que têm condições particulares
para fazer uma irrigação. Este é o caso daqueles que distribuem a água com
carros-pipas dentro do bananal ou o chorume de porco ou aquele que aproveita uma
água à montante e a solta por pequenos canais ao longo da declividade do terreno.
Nas áreas passíveis de ocorrer salinização, haverá necessidade de se
programar e construir um esquema de drenagem, para que a água aplicada ou a de
chuva consiga arrastar os sais para maiores profundidades ou eliminá-los pelos canais
abertos.
Da mesma forma que para a drenagem, os problemas de irrigação e suas
soluções precisam ser estudados caso a caso, isoladamente, tomando-se por base as
orientações e considerações aqui apresentadas.

CAPÍTULO V - PLATIO DO BAAAL

1- Conceitos
Os atuais problemas que afligem o cultivo da bananeira no seu todo e os
conhecimentos já adquiridos sobre a planta - sua ecologia, os problemas nutricionais e
fitossanitários, a comercialização e a necessidade de se evitar ao máximo poluir o
meio ambiente com os defensivos - permitiram elaborar uma nova metodologia de
produção no seu todo.
Na implantação de um bananal, deve-se lembrar que os conhecimentos
adquiridos geraram também uma nova filosofia de trabalho que se baseia em conceitos
completamente novos.
O primeiro conceito é de que o bananal não tem vida permanente como
sempre foi considerado, desde os primeiros plantios feitos no Brasil Colônia. A partir
a
da colheita do 5° cacho da “família” (5 “safra”), cerca de 20% da área total do
bananal deverá ser destruída todos os anos. Somente após um período 6 a 8 meses de
descanso da área, completamente sem nenhuma bananeira ou “filhote”, o novo
bananal será plantado. Este período é para que as pragas do solo (nematóides, broca,
traça, etc.) morram ou se reduzam a níveis desprezíveis.
O segundo conceito se aplica às áreas mecanizáveis, onde o bananal velho
poderá ser destruído com o auxílio de implementos agrícolas (desintegrador de restos
de cultivo, enxada rotativa, roçadeiras, rolo-faca, etc.) incorporando ao solo todos os
restos de cultivo, seguido de uma rotação de cultura, de preferência com leguminosas
ou apenas deixando a área completamente sem nenhuma bananeira ou “filhote”, sem
cultivo e sem mato, pelo prazo já citado.
O terceiro conceito é de que o bananal pode ser plantado em área não
mecanizável, desde que na propriedade haja condições de destruir o bananal velho por
meio de criações (bovinos, eqüinos, etc.). O novo plantio somente será feito após ao
descanso e nas condições anteriormente citadas.
O quarto conceito é de que o bananicultor não deverá retirar nenhuma
muda de seu bananal para os novos plantios. Ele deverá manter, em caráter
permanente, uma área reservada para a produção de mudas (viveiro), onde o solo será
tratado contra nematóides e insetos e as plantas inspecionadas, rotineiramente, para
evitar problemas com essas pragas e com os vírus também.
O quinto conceito estabelece que os viveiros serão formados com mudas
adquiridas de laboratórios de biotecnologia, as quais serão aí multiplicadas, avaliadas
sua produção e eventuais aparecimento de variações somaclonais. Elas devem vir
limpas de nematóides, brocas, vírus, bactérias, requisitos esses que deverão estar
declarados no certificado de fitossanidade que acompanhará a entrega das mesmas.
O sexto conceito estabelece que em cada lote do bananal se plantará um só
cultivar.
O sétimo conceito é de que a bananeira deve ser tratada como uma hortaliça
gigante e, como tal, precisará ser irrigada sempre que necessitar, ser protegida por
quebra-ventos, ser adubada sempre, devidamente tratada fitotecnicamente e
fitossanitariamente, etc.
O oitavo conceito é de que os produtores devem programar suas colheitas,
orientando-as para que sejam constantes todos os meses, de modo a evitar a ocorrência
de picos de excesso de produção, que sempre abaixam os preços.
O nono conceito é de que as áreas inundáveis devem ser protegidas por
“polders”, antes do plantio.
O décimo conceito é de que o “neto” deve ter, no mínimo, as seguintes
alturas, por ocasião da colheita da “mãe”, segundo o cultivar, a saber:
‘Nanica’ 20 a 30 cm;
‘Nanicão’ 30 a 40 cm;
‘Enxerto’ (‘Prata anã’) 30 a 50 cm;
‘Prata’ 50 a 60 cm;
‘Pacovan’ 60 a 80 cm.
Caso isso não aconteça, pode-se dizer que o bananal está velho ou com
problemas e por isso deve ser reformado, pois perdeu seu vigor e o produtor está
perdendo dinheiro.
O décimo-primeiro conceito é de que o bananicultor tem que ter espírito
associativista tanto para a compra de insumos, como para a venda de sua produção.

2- Planejamento da propriedade
O planejamento de um bananal deve ser feito antes do plantio, quando se
pode evitar uma série de erros, muitos dos quais impossíveis de serem corrigidos
posteriormente. Um perfeito planejamento do bananal torna mais rápidas e fáceis a
execução das operações de cultivo, controle da sigatoka-amarela, combate às ervas
daninhas, irrigação, desbastes, colheita, transporte e a sua reforma e, com isso a
realização destas operações ficam menos dispendiosas.
O planejamento correto dos carreadores, por exemplo, em determinados
casos pode reduzir muito o tempo das pulverizações e aumentar consideravelmente a
sua eficiência na proteção das plantas.
A maneira mais fácil e econômica de fazer o planejamento é pela análise da
fotografia aérea da propriedade. Nela, as aguadas e ribeirões são bastante visíveis
assim como as diferenças topográficas. Esses detalhes permitem que se estude a
necessidade de eventuais retificações dos leitos dos córregos e também se selecionem
áreas que serão reservadas, dentro da propriedade, para reflorestamento ou para outras
culturas e, ainda, aquelas que não devem ser trabalhadas devido a problemas de
encharcamento ou grandes desníveis topográficos, etc. Da mesma forma se estudará o
traçado do conjunto de carreadores, caminhos e estradas conjugando-os com as
direções dos ventos mais constantes, localização das coordenadas nascente-poente e as
demais obras de engenharia como as barragens, “polder”, localização de casas,
barracões, casas de embalagem, cabos aéreos, etc.
Porém, há outros aspectos básicos, muitos dos quais podem até ser
limitantes e por isso merecem especial atenção, tais como:
2.1- Mercado consumidor
É importante que se tenha um perfeito conhecimento do potencial do
mercado consumidor, das suas limitações sazonais, da sua distância até a propriedade,
das facilidades de acesso à propriedade durante todo o ano e da tradição da variedade
consumida. Estes aspectos precisam ser conhecidos e estudados para evitar dissabores
e problemas futuros.

2.2- Acesso à propriedade


A bananicultura empresarial exige que as colheitas sejam feitas
rapidamente, os frutos embalados prontamente e no menor espaço de tempo sejam
levados para as câmaras de climatização ou sigam para os mercados locais ou os
importadores. Para isso, é condição básica que a propriedade permita que se imprima a
velocidade desejada e necessária na realização dessas operações.
Nessas empresas bananícolas, o volume de produção e a produtividade
devem ser altas e, conseqüentemente, é preciso que as vias de acesso sejam boas e que
haja a possibilidade de se carregar sempre os veículos transportadores nos locais de
embalagens e que, com quaisquer condições de tempo, eles cheguem às câmaras de
maturação ou ao mercado a que se destinam. O transbordo das caixas deve ser evitado
ao máximo, pois além de danificar as frutas onera o preço do produto.
Não se pode pensar que o transporte da produção possa ser feito
empregando-se tropas de animais, carroças, pequenas carretas ou quaisquer outros
meios precários de locomoção, pois a banana, além de ser um produto altamente
perecível, sua casca não tem a resistência de uma abóbora ou um coco, mas apresenta
a delicadeza da casca de um ovo e, como tal, deve ser tratada.
As injúrias causadas nas bananas, por choques ou atritos, são irreversíveis e
se tornam, com o passar das horas, mais acentuadas, depreciando seu valor comercial.
O ideal é que instale cabos aéreos no bananal para o transporte dos cachos até aos
galpões de embalagem.
Deve-se lembrar sempre que, poderá haver outros produtores com melhores
vias de acesso à propriedade, e com isto poderão apresentar ao seu comprador uma
fruta com melhor aspecto, o que lhe possibilitará uma venda mais rápida e a alcançar
preços mais favoráveis.
Apenas a título de ilustração, pode-se mencionar que em diversos países da
América Central, onde a banana é plantada visando à exportação, usa-se o contêiner
para seu transporte. Esses contêineres são semelhantes, tanto em tamanho (1.000
caixas de 20 kg de banana) como em equipamentos refrigeradores das nossas
jamantas, só que não possuem rodas próprias. Os contêineres chegando às
propriedades, seus motores a diesel são ligados para a produção do frio e então
carregados com as caixas de banana e para que em seguida retornem ao porto. Este
equipamento funciona automaticamente, sempre que necessário, a fim de manter a
temperatura interna a 15°C. Os próprios guindastes dos navios os levam para bordo.
Da mesma forma são descarregados quando chegam ao país de destino. A climatização
das bananas, em geral, é feita dentro do próprio contêiner, de onde saem as caixas com
a banana já amadurecida, diretamente para os supermercados. Toda essa estrutura foi
preparada, unicamente, para evitar a baldeação das caixas de bananas e diminuir os
custos operacionais, tanto em terra como no mar.

2.3- Escolha da área para plantio


O cultivo da bananeira, como de quase todas as fruteiras, dever ser
mecanizado para diminuir os custos de produção. É importante que a topografia
permita realizar as operações de preparo do solo, com tratores de rodas pneumáticas.
Ao se selecionar áreas para o cultivo da bananeira, deve-se ter em mente
que, nas várzeas e nas topografias mecanizáveis, os custos de produção serão mais
baixos, por ser possível utilizar-se a mais atual tecnologia.
Nas regiões com temperaturas limitantes para o cultivo da bananeira, os
terrenos de baixadas devem ser evitados para diminuir os prejuízos causados pelo frio,
uma vez que, normalmente, aí se registram as temperaturas mais baixas. Da mesma
forma, devem ser evitadas as encostas expostas aos ventos frios ou muito sombrias.
Nessas regiões, o plantio deve ser feito nas partes mais elevadas, com topografia mais
favorável, lembrando que sempre haverá necessidade de mecanizar determinadas
operações de cultivo.
O relevo acidentado apresenta, em geral, o inconveniente de ter solos mais
rasos (menos de um metro), porém naturalmente bem drenados. A associação desses
fatores reduz a capacidade de retenção de água no solo de modo que, havendo uma
pequena estiagem, o bananal começa a apresentar sintomas de seca mais cedo que os
das várzeas. A irrigação também é dificultada, por exigir a utilização de motobombas
com maior potência, portanto, maior consumo de energia, e ainda por tonar irregulares
as pressões nos aspersores, devido a diferentes alturas e por reduzir o tempo de seu
efeito benéfico, uma vez que a drenagem é mais rápida.
Não devem ser utilizados para plantio de bananeiras os locais onde haja
pedras em quantidade, ou tamanho, que não possam ser removidas, pois aí a
mecanização torna-se difícil ou mesmo impossível de ser feita.
Em áreas de topografia acidentada, com muitas pedras soltas, estas poderão
ser aproveitadas na construção de muros de arrimo, em nível, para terraceamento da
área. Esta técnica foi usada com sucesso, no preparo das áreas bananeiras das Ilhas
Canárias.

2.4- Amostragem de solo para análise


Depois de selecionada a gleba onde vai ser plantado o bananal, deve-se
proceder a coleta das amostras de solo para análise química de todos seus nutrientes
(macro e micro), seguindo o esquema de se individualizarem as áreas, conforme o tipo
de solo. Serão coletadas no mínimo 20 amostras de cada área com solo homogêneo,
para compor a amostra representativa desse lote. Em cada ponto de amostragem,
deve-se limpar a superfície com a ponta do pé, de modo a afastar os detritos e os restos
de cultura. Posto isto introduz-se o trado até a profundidade de 20 cm (Foto V-1).
Apenas a terra da parte interior do trado servirá como amostra. Essa terra será
colocada num balde de plástico, juntamente com outras tantas até completar as 20
amostras. Misturam-se bem todas elas e depois retira-se cerca de 300 gramas, que
devem ser colocadas em caixa de papelão ou saco de plástico, quantidade essa que
constitui uma amostra. Cada uma deve ser numerada e então enviada para o
laboratório. Se a terra estiver úmida, deve-se deixar secar na sombra ao ar livre. Se o
produtor não possuir um trado, ele pode usar um enxadão para coletar as amostras
parciais. Depois de limpa a superfície do local, abre-se um buraco com o enxadão, em
forma de cunha, na profundidade de 20 cm, deixando uma das paredes o mais reto
possível. Posto isto, com o próprio enxadão, corta-se uma fatia de terra com cerca de 3
cm, de cima até em baixo, a qual é transferida para o balde. Misturam-se bem todas as
20 amostras parciais e em seguida prepara-se a caixa com as 300 gramas de terra.

Foto V-1- Detalhe da ponta do trado para amostragem de solo.


Nos bananais já em produção, o local para a coleta de cada amostra é no
centro de quatro plantas, ou seja, no cruzamento das linhas que passam na parte central
das entrelinhas com as que passam na parte central das entreplantas. As amostras
parciais, representativas de um mesmo lote de terra, serão também coletadas num total
de 20, as quais comporão a amostra final (300 g). A coleta da amostra neste local
possibilita avaliar a real fertilidade do solo, pois ele não sofre influência dos resíduos
das adubações. Considerando que os restos das plantas permanecem no bananal, com o
tempo essas áreas deverão apresentar aumento da fertilidade, devido à reciclagem
desses resíduos vegetais.
É de grande importância que o laboratório que irá analisar as amostras
tenha a capacidade de pesquisar, em separado, os teores de cálcio e de magnésio, uma
vez que este último nutriente desempenha importante papel no metabolismo da
bananeira.
O resultado das análises químicas deve estar pronto antes do início do
preparo da área, para que o produtor possa comprar os corretivos a serem aplicados e
os incorporar ao solo, durante essa prática agrícola.

2.5- Drenagem
Os bananais que sofreram inundações mas sobreviveram, apresentam, por 6
a 8 meses, grandes perturbações no seu metabolismo. É freqüente o aparecimento de
cloroses nutricionais, envolvendo vários nutrientes, por falta de raízes e radicelas para
os retirar do solo. Estas morreram por asfixia do solo e por esse mesmo motivo
também levam muito tempo para voltarem a se desenvolver. Decorrido esse tempo a
bananeira tende a voltar a sua normalidade.
Um estudo preliminar sobre a drenagem da área indicará a necessidade da retificação
das aguadas existentes, que passarão a funcionar como valas mestres. Se elas forem
muito sinuosas, é recomendável a abertura de valas tão retas quanto possível, com a
“drag-line” ou uma retro-escavadeira, cujo custo/hora é pequeno em face do seu
desempenho. Elas irão constituir a base do sistema de drenagem da área.
A localização das valas de drenagem, nas grandes áreas, deverá ser feita
segundo um levantamento topográfico. Nas áreas menores, o serviço de topografia
pode ser substituído por uma criteriosa avaliação visual da área, quando ela já estiver
limpa e se possível já arada e gradeada.
A drenagem da área será feita por meio de um sistema de valas abertas, que
iniciará com as valas mestres, as quais receberão as águas das valas secundárias e
estas, por sua vez, as das terciárias. Como auxiliar desse sistema de drenagem serão
abertos vários subdrenos, conforme a necessidade. Estes subdrenos serão abertos onde
eles forem necessários e ligados em qualquer vala.
As valas mestres serão projetadas e construídas a partir das aguadas,
procurando-se sempre abri-las de modo que a sua profundidade tenha o mesmo nível
das aguadas.
As valas secundárias deverão ser abertas com uma profundidade mínima de
80 cm e as terciárias com 40 a 60 cm, para garantir um bom arejamento do solo.
O sistema de drenagem deve ser tal que após uma boa chuva (mais de 30
mm) e tendo a água escorrido das valas (cujo tempo não deve ser maior do que 24
horas), o lençol freático da área compreendida entre duas valas, na sua parte central,
esteja no mínimo a 20 cm de profundidade. Nas próximas 24 horas, este nível
precisará ter passado para 30 a 40 cm e, ao completar 48 horas, estar a 40 cm ou mais.
Caso isto não aconteça, haverá necessidade de abrir novas valas redividindo essa área.
A inspeção do nível do lençol freático pode ser feita abrindo-se buracos no
chão, seguindo uma linha reta perpendicular a duas valas. Os buracos devem ser feitos
na profundidade dessas valas e a uma distância de mais ou menos 5 m um do outro.
Eles podem ser abertos com a cavadeira americana (empregada na construção de
cercas). Dentro de cada buraco coloca-se um tubo de PVC ou um tolete de bambu
gigante, com diâmetro de cerca de 10 cm, pelo qual far-se-ão as inspeções para a
avaliação do nível do lençol freático.
As valas deverão ter suas paredes laterais com uma inclinação de cerca de
20º nos solos mais argilosos e de 30º nos mais arenosos. Deve-se evitar que suas
paredes fiquem na vertical (Foto V-2).

Foto V-2- O número de valas e suas profundidades


variam com o teor de argila do solo.
As valas podem ser abertas manualmente ou com retro-escavadeira ou com
valetadeiras rotativas. A abertura feita com máquinas é mais rápida e eficiente, porém
nem sempre se dispõe do equipamento na exata ocasião.
Em solos semi-argilosos um operário abre 20 m de vala com 80 cm de
profundidade e 60 cm de boca, em 8 horas de serviço. Uma retro-escavadeira abre 30
m da mesma vala em 1 hora.
Sempre que possível, deve-se procurar harmonizar o sistema de drenagem
com o sistema viário, pois praticamente, haverá sempre, ao longo dos caminhos ou
carreadores, uma vala para garantir o trânsito neles o ano todo.
Muitas vezes, para se traçar uma vala bem reta e longa, deixa-se de passar
em locais que poderão acumular águas de chuvas. Para se resolver este problema,
basta abrir-se uma pequena vala drenante ou um subdreno.
Os subdrenos começarão nas partes mais altas do terreno e deverão passar
por todas as depressões para, em seguida, ir desaguar em uma vala. Estes subdrenos
dificilmente terão mais do que 30 m, pois realmente eles servem para drenar apenas a
área compreendida entre dois carreadores.
Os subdrenos, ao serem construídos, terão a largura de um enxadão e a
profundidade mínima de 80 cm. Depois de abertos, coloca-se uma camada de bambus,
deitados no seu fundo, até alcançar a altura mínima de 20 a 30 cm. Todos os bambus
com diâmetro superior a 5 cm deverão ser abertos no sentido do seu comprimento.
Feito isso, os bambus são cobertos com uma manta de polietileno ou então, em sua
substituição, com os sacos vazios utilizados no transporte de fertilizantes. A manta ou
os sacos devem ser colocados de modo que fiquem como que colados nas paredes das
valas, nos seus primeiros 10 a 20 cm acima dos bambus. Depois, fecha-se a vala
usando-se, de preferência, terra da superfície que, normalmente, tem melhor
permeabilidade (Figura V-1).

Figura V-1 No fundo do subdreno são colocadas varas de bambu, as quais


são cobertas com manta de polietileno ou sacos de adubo, antes de ser
tapado com terra.
Este sistema de drenagem, além de eficiente, evita a existência de valas
abertas para serem conservadas. Seu custo de construção é baixo e posteriormente,
toda a área pode ser mecanizada. Se for bem construído, este sistema tem
funcionamento eficiente por um período de 8 a 10 anos.
Em vez de empregar varas de bambu, os subdrenos podem ser feitos com
manilhas perfuradas ou porosas. Estas apresentam as restrições de terem elevado preço
de aquisição e mais o do frete a ser pago até a propriedade, além das inevitáveis perdas
por suas quebras durante o transporte e manuseio. Elas apresentam ainda, com o
decorrer do tempo, o grave defeito de se entupirem com terra infiltrada e, também,
com as raízes das bananeiras que invadem seu interior.
Nos subdrenos feitos com bambu, ao se verificar que eles estão perdendo
sua eficiência, por não estarem mais drenando convenientemente a área, basta
abandoná-los e abrir outros, paralelos aos mesmos. Entretanto, se eles tivessem sido
feitos com manilhas, que tem alto custo, elas precisariam ser recuperadas e para isso
seria necessário desenterrá-las, desobstruí-las, para depois as reutilizar.
Indiscutivelmente, os subdrenos com manilhas perfuradas ou porosas implicam grande
aumento das despesas e nem por isso são mais eficientes do que os de bambu.
Na eventualidade de não se ter bambu disponível para preparar os
subdrenos, eles podem ser substituídos por ramos de árvores, gravetos e até mesmo
galhos de árvores cortados curtos, de modo a se obter um melhor acamamento no
fundo das valas.
O rendimento de serviço na instalação deste sistema de subdrenos, estando
os bambus e os sacos de polietileno de adubos à disposição nos carreadores, é de 30 m
por homem/dia, empregando-se nessa tarefa 3 m³ de bambu e 30 sacos de polietileno.
Para não ocorrer casos de brotação do bambu dentro da vala, é
recomendado que eles fiquem expostos ao sol, por um prazo de 8 a 10 dias.

2.6- “Polder”
Áreas sujeitas a inundações devem ser protegidas para se evitar prejuízos,
que as podem tornar inviáveis para o plantio de bananeiras. Para isso se constroem
“polders”, que podem ser definidos como áreas protegidas por diques para impedir que
a água as inunde.
Antes de se iniciar esta obra, é necessário o parecer de um especialista
quanto à viabilidade técnica de sua execução e também a estimativa do custo do
investimento. A viabilidade econômica da sua construção diz respeito ao custo da obra
em relação à área que será protegida e qual o seu aproveitamento agrícola.
A viabilidade técnica da sua construção, depende de alguns fatores, que
devem ser previamente examinados:
a) se o tipo de solo não terá problemas de infiltração de água, por baixo do
aterro a ser construído;
b) se há terra em quantidade e com qualidade suficiente para a construção
do aterro;
c) se a velocidade máxima das águas que causam as inundações não será
capaz de destruir o aterro ou, então, se elas não são por demais volumosas que venham
a exigir um aterro muito alto, para se ter a proteção desejada;
d) se a bacia hidrográfica, dentro do “polder”, não é muito grande ou se
nela há aguadas muito longas, que venham a exigir a instalação de um conjunto muito
possante de motobombas para a retirada dessa água, quando as comportas forem
fechadas, por ocasião das inundações.
O “polder” deverá ter um bueiro para escoamento natural das águas, que
normalmente corresponde à parte mais baixa do terreno e que é, quase sempre, o
mesmo por onde sai a aguada principal.
Nesse bueiro, pelo lado externo do polder, precisa haver uma comporta
manual ou automática, para o controle de saída das águas. É recomendável também a
construção de outra comporta, pelo lado de dentro desse bueiro, que será fechada
quando se quiser irrigar a área, por levantamento do lençol freático ou por inundação
ou mesmo para estocar água para irrigar por qualquer outro método.
A comporta manual tem o funcionamento semelhante ao de uma guilhotina.
A comporta automática, também conhecida como “de rodo”, consta de uma
prancha de madeira ou de ferro, que tem uma dobradiça fixando-a na parte superior do
bueiro. A sua parte inferior é livre. Ela é em tudo e por tudo igual a uma porta, que só
abre para cima.
Se o nível do rio que recebe a água do polder estiver baixo, ou seja, na
posição normal, ela sairá livremente dele através da comporta. Entretanto, se o nível
estiver alto, a pressão externa passará a ser maior que a interna e a comporta tampará a
boca do bueiro, impedindo que a água do rio entre no “polder”.
A comporta interna deve ser do tipo guilhotina, com funcionamento
manual. Esta somente será acionada quando se quiser impedir que as águas internas
saiam para o rio.
Em ambos os casos, é necessário que, ao se fechar a comporta, a boca da
tubulação esteja bem limpa para que haja boa vedação.

2.7- Carreadores e estradas


Os carreadores são feitos, principalmente, para o transporte da produção
para fora do bananal, mas servem também para o transporte de insumos, realização das
pulverizações, circulação, etc.
Eles devem ser feitos, sempre que possível, retos, paralelos, distantes 50 m
uns dos outros, medidos de centro a centro. Essa distância se baseia no fato de ser o
jato da máquina pulverizadora, para controle da sigatoka-amarela e da negra, capaz de
cobrir perfeitamente essa faixa. Durante as pulverizações aproveita-se sempre o vento
(brisa) reinante naquele momento, para se dirigir o jato de ar da atomizadeira no
mesmo sentido dessa corrente de vento. Isto impede que se faça a pulverização ao
longo dos dois lados do carreador.
A orientação do traçado dos carreadores deverá, sempre que possível, ser
perpendicular ao sentido das brisas predominantes durante a madrugada e o início da
noite. Este cuidado visa aumentar o rendimento e a eficiência das pulverizações ou na
aplicação de adubos foliares, uma vez que estas pulverizações devem ser feitas, de
preferência, durante o período noturno.
A distância de 50 m entre os carreadores favorece muito o transporte dos
cachos colhidos, para fora do bananal, operação que necessita ser feita rapidamente.
Os carreadores deverão ter 8 m de largura e possuírem uma interligação a
cada 200 ou 300 m para facilitar o trânsito de veículos e equipamentos dentro do
bananal. Essa largura de 8 m permite que as pulverizações possam ser feitas com
maior eficiência, principalmente nos bananais de ‘Nanicão’ e ‘Enxerto’. Em plantios
de bananeiras de porte alto, como o cultivar Prata, essa largura deverá ser de 10 m.
Nos carreadores transversais, a largura pode ser reduzida para 6 cm, pois a
atomizadeira, ao transitar por ele, não deverá estar em funcionamento e as carretas
passam livremente nessa largura.
Há determinadas localidades em que as brisas da manhã e da noite não têm
a mesma orientação. Neste caso, haverá necessidade de se fazerem os carreadores
transversais, também com 8 m e a cada 50 m, para serem utilizados na pulverização,
quando necessário.
Nas propriedades que ainda irão fazer a embalagem das pencas dentro do
bananal, as estradas devem ser localizadas, sempre que possível, de modo a cortar
todos os carreadores de pulverização e, de preferência, estarem situadas nos locais
mais elevados. As estradas devem ter a largura mínima de 10 m, serem encascalhadas,
a fim de permitir a passagem permanente de caminhões, que serão carregados com as
caixas trazidas pelas carretas agrícolas.
As estradas e os carreadores precisam estar bem consolidados, antes de
começar a colheita. Se o leito carroçável não for firme, pode-se conseguir isto
estivando esse leito com madeiras quaisquer, postas umas ao lado das outras e em
seguida cobrindo-as com capim. Feito isto, abrem-se valas laterais e com a terra
retirada delas cobre-se tudo. Esta terra das camadas mais inferiores é, em geral, mais
pobre em matéria orgânica e mais rica em argila, o que contribui para se ter maior
firmeza no leito da estrada e do carreador. A camada de terra deverá ter no mínimo de
30 a 40 cm, sendo preferível que tivesse o dobro.
Antigamente, nas áreas de solo de pouca consistência, como os orgânicos,
construíam-se pequenas ferrovias (ferrocarril) dentro dos bananais, para o transporte
dos cachos. Além do alto custo de sua implantação e manutenção, eles apresentavam
ainda o problema de causarem muitas injúrias nas bananas e acidentes, por falta de
uma perfeita manutenção do sistema.
Nas regiões onde há predominância de solos orgânicos, como nas baixadas
das orlas marítimas, a abertura de carreadores e de estradas torna-se bastante difícil.
Para essas áreas e também para aquelas onde se pretende ter bananas de qualidade,
sugere-se a instalação de cabos aéreos, para o transporte dos cachos para os galpões de
embalagem, de fertilizantes para o bananal, etc. desde que a topografia seja plana ou
quase.

2.8- Cabos aéreos


Os cabos aéreos devem ser projetados e instalados junto com toda a
infra-estrutura elaborada para a área, que irá ser plantada. Os cabos aéreos são, sem
dúvida alguma, o melhor sistema de transporte dos cachos, pois todos os outros
causam maiores injúrias nas bananas e nunca se pode ter certeza de que os cachos
sairão do bananal conforme a programação, principalmente nas ocasiões de muita
chuva.
Apesar do cabo aéreo ter um custo de instalação elevado, ele apresenta uma
série de vantagens que o tornam da maior importância na conservação da aparência da
banana, podendo-se citar:
a) possibilita a construção de galpão de embalagem, no qual a fruta chega
sem sofrer nenhum impacto de transporte;
b) a colheita pode ser feita com maior rapidez, uma vez que os
colhedores-transportadores não precisarão esperar pela chegada da carreta, pois eles
terão apenas que pendurar os cachos nos cabos. Nos dias de chuva é comum haver
atraso na chegada das carretas;
c) a colheita pode ser feita mesmo com chuva, sem haver a preocupação de
que os cachos fiquem sujos durante o seu transporte;
d) os cachos devem ser pendurados nos cabos aéreos em sua posição
normal, o que torna mais fácil a eliminação dos restos florais, operação esta que será
feita no galpão de embalagem, se já não foi realizada anteriormente;
e) uma vez estando os cachos pendurados no cabo aéreo, eles podem ser
transportados para o galpão até mesmo à noite.
Esse sistema de transporte por cabo aéreo é construído com cabos de aço
fixo, sobre o qual deslizam as roldanas do dispositivo de se pendurar o cacho.
A implantação de um sistema de cabos aéreos somente é viável se a
topografia for quase plana, sendo necessário para isso, que se elabore um projeto
específico para a área (Foto V-3).

Foto V-3- Os cabos aéreos representam economia de tempo no transporte


dos cachos e asseguram menos injúrias nas bananas.
Os cabos são instalados dentro do bananal sempre em linha reta. Eles são
instalados paralelamente, distanciados cerca de 80 a 100 m. Nas propriedades em que
se fará o controle da sigatoka-amarela com atomizadores tipo “girafa”, os cabos serão
instalados junto aos carreadores, alternadamente.
O cabo aéreo é construído com cabos de aço fixo com o diâmetro de 3/8,
1/2 ou 5/8 de polegada, diâmetro esse que tem que ser igual ao da calha das roldanas.
Os cabos são devidamente esticados e mantidos suspensos por suportes, que
são projetados para que eles nunca fiquem a uma distância inferior a 2,10 m do solo, a
fim de que os cachos não venham a tocar neles. Para evitar o problema de
deslizamento das roldanas, principalmente nos dias de chuva, a declividade da rede
não deve ser superior a 5%. O normal é que essa declividade seja de 1 a 2%.
Esses suportes podem ser feitos de madeira ou de ferro, sendo preferíveis
estes últimos.
Os suportes de madeira são, em geral, feitos com madeira tratada (com
cerca de 12 cm de diâmetro) e algumas vezes com madeira de lei, a fim de garantir sua
maior longevidade. Eles são mais usados quando a topografia é mais plana. Nos locais
de maiores depressões do terreno, eles são substituídos por suportes de ferro.
Em cada local de apoio do cabo, são fixados no solo dois suportes de
madeira, com uma inclinação de 15 a 20°, estando eles a uma distância tal que na sua
parte superior fiquem de 70 a 80 cm um do outro. Desta forma, os pés dos suportes
ficam distanciados entre si de 2,00 a 2,20 m. Eles devem ser enterrados no solo cerca
de 80 cm e serem bem socados.
Esses dois postes são ligados entre si, nas suas partes superiores por uma
vigota de 6 x 12 cm (ou um pedaço de madeira tratada) de modo que sua parte inferior
fique com 2,20 a 2,40 cm do solo, para que o cabo possa ficar sempre em nível.
Os suportes de ferro têm o formato em “U” voltado para baixo. Na sua
parte superior, ao nível do cabo, a abertura é de 80 cm e na base, no mínimo, 2 m
sendo que, nas depressões do terreno, a abertura da base aumentará
proporcionalmente. Estes suportes são construídos dentro do bananal, com cano
galvanizado de 1 e 1/4”, os quais são cortados segundo a topografia local e em seguida
recurvados onde cada um deles vai ser fixado. Cerca de 50 a 60 cm do cano são
introduzidos dentro do solo, sendo que o seu nível superior será o mesmo da vigota do
caso anterior. Para nivelar corretamente a parte superior do suporte, na base de cada
uma de suas alças é colocada uma sapata de concreto armado, com 8 x 30 x 30 cm,
que tem no seu centro um furo. Ao se fundir essa sapata, é colocado um tolete de cano
no seu centro, cujo diâmetro é ¼” maior do que o cano dos suportes. Essa sapata
também pode ser feita de chapa de ferro com 1 x 30 x 30 cm, que apresenta a
desvantagem de ter menor durabilidade. Durante a montagem do suporte, o
nivelamento dele é feito travando-se o cano na sapata por meio de uma cunha de ferro,
introduzida entre ele e o seu furo (Foto V-4).
Foto V-4- Há várias formas de se travar o suporte do cabo aéreo na sapata.
Este permite corrigir facilmente qualquer desnível que ocorra.
Lembrando que o cabo deverá estar sempre quase em nível e havendo uma
maior declividade no terreno, ele poderá ficar a até 5 ou mais metros de altura do solo.
Neste caso, é necessário que o suporte seja feito de ferro e também em duplicidade,
isto é, em cada local de sustentação do cabo deve-se colocar dois suportes soldados
um ao outro com a distância de 20 a 30 cm entre eles.
Os postes de sustentação do cabo serão colocados em distâncias que são
função do comprimento dos separadores dos cachos, independentemente do material
usado na sua construção. Normalmente esses separadores são feitos de conduite de
ferro de 1/2” e têm 80 cm de comprimento e, neste caso, os postes ficarão a cada 10 m.
Há locais onde eles têm até 120 cm e os postes ficam a 15 m. Os separadores sendo
mais longos, o peso de cachos, entre dois postes, será menor. Separador mais longo
representa menos postes por km.
Para pendurar o cabo aéreo no suporte, há necessidade de se fazer uma alça
de ferro com 5/8”, em cuja extremidade inferior ele se apoiará. Nos suportes de
madeira a parte superior da alça se fixará no centro da vigota de 6 x 12 cm, através de
um furo de 3/4” de diâmetro. Sendo o suporte de cano galvanizado, esta fixação
poderá ser feita por meio de um furo de 3/4” na sua parte mais alta ou por meio de um
pedaço de cano de 3/4” que será soldado na parte inferior da curva do U. O cabo é
preso na alça por meio de uma pequena braçadeira de chapa (Foto V-5).
Foto V-5- As braçadeiras fixadoras do cabo no gancho devem ser presas
com parafusos, para facilitar sua manutenção.
Visando manter os cabos bem esticados, para evitar sua flambagem por
ocasião da passagem dos cachos, é preciso mantê-los numa tensão de 8 a 10 mil
libras/pol². Para poder esticar o cabo com essa tensão, uma de suas extremidades é
“ancorada” em um suporte previamente construído. Esse suporte é uma viga de
concreto armado com 25 x 25 x 200 cm, na qual, em sua posição mediana, é fixado um
vergalhão de ferro com 1” e com 3 m de comprimento, sendo que na outra
extremidade será emendado no cabo aéreo. Essa barra de cimento deverá ser enterrada
horizontalmente na profundidade de 100 a 150 cm. Na outra extremidade do cabo
aéreo, haverá um outro suporte igual, ao qual se ligará um tifor para produzir a tensão
citada, que depois será substituído por um tensor. É preciso haver este tensor para se
poder executar o reajuste final da tensão (Foto V-6).

Foto V-6- O cabo aéreo termina em um poste que garante seu nível.
Sua tensão é dada pelo tirante que é fixado nele e numa barra
de concreto que estará enterrada.
Toda vez que for necessário fazer-se uma curva, empregam-se chapas de
ferro de 3/8 x 2” que são recurvadas, conforme a necessidade do local, tendo-se
sempre o cuidado de não se fazer curvas com raio inferior a 4 m. Essa curvatura é feita
com a angulosidade assim aberta para facilitar o tracionamento dos cachos. Quando se
vai fazer uma curva, deve-se usar apenas suportes de ferro, por eles serem mais rígidos
e com isto possibilitarem uma estrutura mais firme, o que evitará acidentes. Na parte
superior da chapa recurvada, é soldado um vergalhão de aço de 1/2 ou 5/8”, que
deverá ser de diâmetro igual ao do cabo aéreo. A união da chapa recurvada com o
cabo aéreo será feita por meio de um sistema semelhante ao que se usa em trilhos de
ferrovia, que é chamado de agulha. O apoio entre eles é feito por meio de uma chapa
com a forma de um J invertido a qual é solidária à chapa recurvada, que descansará
sobre o cabo aéreo. Igual sistema é feito quando se tem que unir duas linhas de cabos
aéreos (Foto V-7).

Foto V-7- Os desvios são sempre feitos com chapas


de ferro, fixas em um conjunto de suportes rígidos.
Para apoio da agulha na chapa, ela terminará com
um J invertido ou a chapa terá um J normal para a
suportar. Na foto têm-se o entroncamento de três
cabos aéreos.
Para pendurar o cacho nos cabos deve haver um conjunto de duas roldanas
solidárias e com um gancho, que deslize sobre os vergalhões dos trilhos da carreta. Ele
consta de um gancho de ferro de 3/8”, com 20 a 22 cm de comprimento, que tem um
desenho especial no seu corpo e a sua parte superior terminando em um ângulo de 90°,
com um comprimento de 3 a 4 cm. Essa parte superior atravessa duas chapas de ferro
com 1/2” de espessura e de 1 e 1/2” de altura e 12 cm de comprimento. Entre elas
existem duas roldanas com 6 a 8 cm de diâmetro e com uma calha de 3/8 ou 1/2”,
cujos eixos estão distanciados entre si por 8 a 10cm. Estas medidas variam conforme o
fabricante. Roldanas menores causam muitos acidentes e dificultam as manobras (ver
Foto VII-8).

3- Preparo da área
A área a ser plantada pode estar com mata ou já estar desmatada.

3.1- Implantação em áreas com mata


A formação de um bananal em áreas com matas, geralmente, é feita em
regiões onde estão sendo implantadas novas fazendas, quase sempre em precárias
condições de administração, a cargo de capatazes tidos como possuidores de grande
experiência e prática. Realmente esses elementos desenvolvem muitas tarefas com
grande êxito, mas são eles que também causam os grandes problemas de infestação de
nematóides e da broca-das-bananeiras em áreas virgens, problemas estes que terão que
ser combatidos, posteriormente, em caráter permanente. Eles poderiam ser evitados, se
fossem observados os cuidados indicados no quinto conceito do item 1 deste capítulo,
que versa sobre a qualidade das mudas para plantio.
Se o terreno estiver coberto com mata, capoeira, etc., antes de começar
qualquer operação, deve ser feita a derrubada total, a retirada da lenha e a queima dos
galhos miúdos. Dever-se optar, sempre que possível, pela produção de carvão para
aproveitar todo tipo de lenha. Não há necessidade de arrancar os tocos, mas deve-se
cortá-los bem rente ao solo.
A prática do destocamento da área com tratores de esteira, não deve ser
feita para se plantar um bananal. A inversão de solo e subsolo que esta operação
provoca, traz grandes prejuízos para o desenvolvimento da bananeira, os quais são
sentidos por muito tempo.
É prática usada ainda hoje, pelos empreiteiros ou formadores de bananal,
escolher de comum acordo com os proprietários, os capoeirões mais velhos e as matas
virgens, para início do plantio. Nessas áreas, após uma operação de roçada com foice,
ficam em pé apenas árvores que terão de ser derrubadas a machado. À sua sombra são
abertas diminutas e rasas covas (15 x 15 x 15 cm) e plantadas as mudas, normalmente
em posição invertida, de modo que as gemas laterais de brotação fiquem voltadas para
o fundo da cova.
Após dois meses do plantio, quando as mudas começam a emitir brotos
para fora da terra, é feita a derrubada total da mata. Decorridos mais dois meses,
ocasião em que as mudas já estão com quase um metro de altura e já houve o
secamento da mata, efetua-se a sua queima. O fogo não chega a causar muitos
prejuízos na gema de brotação, por ela estar na parte mais profunda da cova, porém
toda a parte aérea já brotada é destruída.
Passados mais quatro meses, executa-se com foice e machado a operação
de “bater a jangada”, que consiste em rebaixar os galhos das árvores derrubadas,
simultaneamente com a primeira roçada geral. Nessas precárias condições de serviço,
pode-se imaginar a imperfeição com que é executada a formação desse bananal, com
relação a alinhamentos de plantio, locação de valas de drenagem, carreadores, etc.
Experiências realizadas formando bananais em áreas virgens, com mudas
do tipo pedaço de rizoma, nas condições de plantio embaixo do mato e a céu aberto,
evidenciaram falhas de 40% no primeiro caso, contra 15% no segundo. No primeiro
caso, o replantio das falhas tornou-se quase que impraticável de ser feito, em tempo
hábil, o que não aconteceu no segundo.
As despesas iniciais de formação do bananal, no plantio em “jangada”,
foram menores, porém a soma das despesas da primeira e segunda produção foi maior,
do que a de céu aberto. A renda líquida obtida, da primeira e segunda produção do lote
plantado a céu aberto, foi 50% maior do que a obtida no bananal em “jangada”, onde a
tonelagem colhida foi menor.
A preferência dos empreiteiros ou pequenos proprietários pela formação de
bananal embaixo da mata é uma questão de disponibilidade de mão-de-obra.
Geralmente eles trabalham com pouca gente e esse sistema permite alongar o período
entre o início e o término dos serviços. Eles começam as roçadas bem antes da época
de plantio e, enquanto as mudas já plantadas vão crescendo, eles têm um tempo maior
para fazer a derrubada.
Hoje, quando se procura obter o rendimento máximo das culturas em menor
tempo, não se pode pensar nesse método de trabalho. Entretanto, para as condições de
desbravamento de áreas novas, o sistema de plantio sob a mata pode ser feito, a
despeito das suas imperfeições, porém o mais indicado é aquele em que se derruba a
mata, comercializam-se as madeiras, faz-se carvão e depois se planta o bananal.
Ao se instalar um bananal na época de muita chuva ou em várzeas de
regiões onde os índices pluviométricos mensais são elevados (+150 mm), geralmente
não se consegue a perfeita queima da mata derrubada. Por esse motivo, as demais
operações de plantio tornam-se de difícil execução, por conseguinte mais onerosas.
Nesse caso, onde o plantio é feito embaixo da mata, a derrubada e a queima
devem ser feitas do melhor modo possível, sem contudo queimar-se sua serapilheira.
Logo após a queimada, deve ser feito o rebaixamento da “jangada”, para melhorar as
condições de se poder caminhar no bananal. Isto facilita o trabalho de replante e
possibilita maior rendimento na execução das futuras roçadas, que terão que ser feitas
durante a fase de formação.
Nas regiões com condições climáticas favoráveis à bananicultura,
dificilmente se consegue a queima perfeita da mata derrubada o que, por exemplo, não
se verifica no Planalto de São Paulo.
Se o bananal vai ser instalado em regiões onde a queima poderá destruir a
serapilheira, é vantajoso que se processe a queima da mata, antes mesmo que ela seque
por completo, a fim de poupar esta rica matéria orgânica, que muito beneficiará o
bananal.
3.2- Implantação em áreas não aráveis
Se não houver possibilidades de se realizar a aração, devido à presença de
pedras ou de muitos tocos remanescentes da mata, deve-se apenas marcar as covas nos
espaçamentos recomendados e abri-las com o enxadão ou mesmo a chibanca, nas
dimensões de 30 x 30 x 30 cm.
Em relevo acidentado, é recomendável, sempre que possível, a construção
de cordões de nível ou o plantio em pequenos terraços, visando a conservação do solo
e a retenção das águas de chuva. O uso de sulcador de tração animal também é
recomendável.
Os corretivos de solo serão aplicados manualmente, pouco antes da segunda
capina, em cobertura e a ele incorporados com essa operação.

3.3- A implantação em áreas aráveis


A viabilidade da implantação de um projeto bananícola, capaz de atender
todas as exigências preconizadas pela atual tecnologia para cultivo, produção e
transporte, está condicionada à existência de áreas totalmente destocadas e
mecanizáveis.
Nessas condições, a visualização total da área para o planejamento global,
será mais fácil se ela estiver totalmente limpa. Isto pode ser conseguido passando-se
uma roçadeira de arrasto ou um rolo faca ou a enxada rotativa pesada em alta rotação
ou o desintegrador de restos de cultivo.
Se a área tinha bananeiras, pode-se dar início à implantação das primeiras
tarefas da planificação, menos o plantio do bananal, pois o solo precisará ficar em
pousio, como preconiza o segundo conceito do item 1 deste capítulo.
Em área onde não houve bananal, estando ela limpa, é iniciada a execução
do projeto, implantando a infra-estrutura que consta de:
a) locação e implantação do projeto de drenagem;
b) construção do “polder”;
c) locação de carreadores e estradas;
d) locação de cabos aéreos;
e) locação e implantação das valas de drenagem ao longo dos carreadores e
estradas;
f) construção de subdrenos;
g) plantio dos quebra-ventos;
h) locação dos galpões de embalagem e de insumos;
i) preparo do solo para plantio.
O programa básico de drenagem, conforme foi descrito anteriormente, será
executado em primeiro lugar, pois ele contribuirá muito para o escoamento do excesso
das águas, que podem comprometer o cronograma de trabalho.
Feito isto, executa-se uma aração superficial, seguida de uma gradagem,
para se ter uma idéia mais precisa dos locais onde devem ser abertos os subdrenos. Se
houver necessidade da construção do “polder”, deve-se iniciar de imediato a obra.
Somente após tomadas estas providências é que se começa o preparo do
solo com a aração.

3.4- Aração e calagem


Nos solos com média e grande profundidade, é muito importante realizar-se
sua subsolagem, antes da aração. Nesta operação, pode-se utilizar uma barra com dois
subsoladores, distanciados entre si de 100 a 120 cm, equipados com obus, de modo
que eles consigam atingir 50 a 60 cm de profundidade. Esta prática agrícola se torna
mais importante ainda, por ocasião da reforma do bananal. Esta operação produz um
grande arejamento no solo, que facilita muito o desenvolvimento das raízes e também
aumenta a capacidade de retenção das águas de chuva.
Nesses solos, a aração feita com arado de discos, em profundidade de 30 a
40 cm, é vantajosa. Com isto se consegue melhorar o arejamento superficial do solo, a
incorporação da matéria orgânica e das ervas-daninhas em geral, a uma boa
profundidade, além de misturar as camadas de terra mais do fundo, com os corretivos
de solo aplicados em cobertura.
Nos solos arenosos e nos de orla litorânea, a aração será feita com a própria
enxada rotativa, em baixa rotação, na sua profundidade máxima (15 cm) e não se faz o
tombamento do solo com o arado.
Os solos litorâneos, estando sujeitos às maresias, apresentam freqüentes
problemas de excesso de cloro e sódio que, em quantidades elevadas, são tóxicos às
bananeiras. Com as chuvas continuadas, esses elementos químicos são arrastados para
as camadas mais profundas, onde não afetam a vida das bananeiras. As arações trariam
de volta à superfície, grande parte desses sais, o que não é desejável.
O emprego da enxada rotativa, para o destorroamento formado após a
aração, é muito bom. Isto deverá ser feito em alta rotação, estando contudo o trator
engrenado em segunda reduzida. Velocidades maiores do que esta nunca devem ser
utilizadas, quando o trator estiver operando com enxada rotativa.
De acordo com as recomendações feitas com base na análise de terra,
aplica-se o fosfato natural e realiza-se a aração e a rotovatagem (ou a gradagem) para
sua incorporação. Após 30 a 60 dias, distribui-se o pó calcário dolomítico nas
quantidades indicadas e faz-se sua incorporação com nova aração e rotovatagem. Se o
solo não estiver muito úmido, pode-se abaixar a tampa traseira da rotativa até a
posição de 45°, para se conseguir uma melhor incorporação dos corretivos. A
utilização da rotativa ao final da aração é muito importante para o perfeito
destorroamento da área. Não havendo torrões, ao se fazer a abertura e fechamento dos
sulcos a operação fica mais fácil e melhor.
Esta seqüência e o intervalo de tempo na aplicação dos corretivos, é para
que o fosfato comece sua solubilização, a qual sofrerá redução de sua velocidade ao se
realizar a calagem.
A aplicação destes corretivos de solo poderá ser feita mecanicamente com a
esparramadeira de calcário (ver Foto VIII-1). Uma forma rápida mas menos precisa de
aplicar os corretivos é aquela feita a lanço, com a pá, diretamente de cima do
caminhão (ou carreta), na área que está sendo preparada.

3.5- Sulcamento ou coveamento


Nas áreas aráveis, o sulcamento é em tudo e por tudo melhor e não tem
nenhuma contra-indicação.
A abertura de covas individuais somente deve ser feita em áreas não
mecanizáveis. Elas serão abertas com 30 x 30 x 30 cm, a despeito do tipo de solo.
Cova maior do que a indicada não trás nenhum benefício para o desenvolvimento da
bananeira. O plantio em covas mais profundas quase sempre retarda o crescimento da
muda, que procura emitir um novo rizoma a uma superfície menor (Foto V-8) e
quando isto não acontece, a porcentagem de mudas que morrem é mais elevada.

Foto V-8- A muda sendo coberta com mais de 30 cm


de terra, morre ou emite um 2° rizoma.
Tem sido verificado que, ao se plantarem mudas em covas abertas
manualmente, em solos argilosos, uma porcentagem muito grande delas morre por
encharcamento. Nessas áreas onde foi possível fazer a aração é muito vantajoso
fazer-se a abertura das covas com o sulcador, semelhante ao empregado no plantio da
cana-de-açúcar.
Os sulcos devem ser abertos na direção nascente-poente, para que o
primeiro cacho fique pendurado nas entrelinhas. Trabalhos realizados em áreas
mecanizáveis do Vale do Ribeira, do Litoral Paulista e do Planalto Paulista, por este
autor, confirmaram aquilo que tem sido constatado, em quase todos os novos plantios
que, por ocasião da primeira colheita, geralmente todos os cachos ficam pendurados a
12° norte-leste. Esta tendência é sempre mais acentuada à medida que os plantios são
feitos a distâncias maiores da linha do Equador (ver Foto IV-9).
Este fato associado à orientação do sulcamento virá a facilitar a primeira
colheita e também a escolha do “filho” que dará origem à “família” bananeira, quando
se for realizar o desbaste e, obviamente, a direção de caminhamento do bananal.
Na abertura dos sulcos emprega-se o sulcador de uma só linha, do tipo
semelhante ao da marca Tatu ou Sans, modelo leve (120 kg), que tenha asas
removíveis, reguláveis e capacidade de penetração de seu bico no solo, sem as asas, de
no mínimo 40 cm (Foto V-9).

Foto V-9- O sulcamento permite uma subsolagem abaixo do local de


plantio, tem grande rendimento de serviço e o faz com muita uniformidade.
É bastante elevado o rendimento de serviço do sulcador, sendo possível
abrir mais de 1.000 covas por hora. Além deste aspecto econômico, deve-se
acrescentar a uniformidade do serviço, a certeza de que as covas foram abertas
conforme as indicações, a dispensa da marcação individual das covas em dois
sentidos, etc.
Baseando-se em resultados obtidos, recomenda-se que se passe três vezes o
sulcador em cada linha, com trator sempre engrenado em 3ª reduzida.
Inicialmente, risca-se o solo na profundidade de 10 a 15 cm, com o sulcador
em posição quase horizontal e com pequena abertura de suas asas.
Para se efetuar a segunda passada, deve-se fechar totalmente suas asas
sendo até mesmo preferível retirá-las. O braço do terceiro ponto do hidráulico do trator
será encurtado ao máximo. Nestes condições, o bico do sulcador atinge profundidades
de até 50 cm, fazendo uma subsolagem exatamente no local de plantio. Caso a área
não tenha sido subsolada, pode-se acoplar um obus no sulcador, nesta ocasião.
Esta subsolagem é importante e objetiva:
a) arejar e drenar perfeitamente a cova, justamente embaixo do local onde a
muda vai ser plantada;
b) assegurar melhores condições para o desenvolvimento inicial do sistema
radicular e conseqüentemente, da muda;
c) impedir o encharcamento das covas com águas de chuva que, em geral,
ocasionam a morte da muda por fermentação.
A terceira passada do sulcador é feita em sentido oposto ao da segunda, a
fim de se obter um melhor sulco. Nesta ocasião, as asas do sulcador são reguladas na
posição 3/4 abertas e o braço do terceiro ponto do hidráulico será colocado numa
posição em que o sulcador fique quase que na horizontal.
É importante que, nesta ocasião, se coloque sobre o sulcador um peso
adicional de 30 a 40 kg, uma vez que esta é a operação que vai efetivamente abrir o
sulco, que deverá ficar com a profundidade de 30 cm.

4- Espaçamento
Desde há muito sabe-se que o espaçamento influi no ciclo vegetativo e,
portanto, no ciclo de produção. Maiores densidades implicam em maiores ciclos.
É preciso lembrar-se que os ciclos também aumentam com a idade dos
bananais e que esta influência é maior do que a determinada pela densidade de plantio,
desde que não excedam as recomendações atualmente existentes.
Estudos feitos demonstraram que a densidade de 1.600 plantas/ha (2,5 x 2,5
m) em bananal do cultivar Nanicão, na idade da 3a safra, teve, em média, seu ciclo
encurtado em 40 dias, quando comparado com um outro com densidade de 2.000
plantas/ha (2,0 x 2,5 m). A tonelagem colhida, na maior densidade, foi cerca de 20%
mais elevada, tendo apresentado 15% a mais de lucro. Deve-se ressaltar que as
bananas do lote de menor densidade foram visualmente consideradas mais bonitas. No
lote de maior densidade, foram colhidos quase 400 cachos a mais, o que representou
mais de 1.200 pencas de banana com maior tamanho (correspondente às três primeiras
do cacho), que melhoraram muito o aspecto das caixas.
Antigamente, quando o mercado interno tinha o hábito de comprar bananas
por dúzia, as donas de casa já valorizavam as bananas de maior tamanho. Porém,
interessava muito ao feirante e aos donos de frutarias, que na caixa houvesse apenas
um certo número de frutas de bom tamanho, pois ele as comprava por unidade e
vendia a banana por dúzia. Desta forma ele tinha maior número de dúzias na mesma
caixa. Esta foi uma grande barreira para que o produtor aceitasse as novas tecnologias
de embalagem, que lhes eram apresentadas, tais como limitação de peso em função do
volume da caixa, a transformação das pencas em buquês, a construção de galpões de
embalagem, etc. Tendo a venda de bananas passado a ser feita em quilos, estas
barreiras caíram por terra.
Com referência à banana produzida para exportação, há interesse em se
apresentarem frutas mais longas. Para esse mercado pode-se pensar em plantios no
espaçamento de 2,5 x 2,5 m ou até 2,0 x 3,0 m; espaçamentos maiores do que estes
representam um desperdício de área, aumento de gastos no combate às ervas-daninhas
e também maiores despesas com irrigação.
Atualmente há duas formas de se plantar um bananal no tocante ao
espaçamento.
A primeira é seguindo um esquema onde o espaçamento inicial corresponde
ao número de “famílias” recomendado para plantio do cultivar, número esse que será
mantido permanentemente na área.
A segunda forma é plantando-se inicialmente o dobro do número de
“famílias” recomendadas, número esse que será reduzido a apenas 50%, após a
colheita da primeira safra, quando então se tem a densidade indicada para o cultivar.
O plantio em elevada densidade, com posterior redução da população após
a colheita da primeira safra, apresenta as seguintes vantagens:
a) elevada produção na primeira safra, apesar dos cachos sofrerem uma
pequena redução no seu tamanho (8-9 pencas), mas, em compensação, há um retorno
mais rápido do capital empatado na implantação do bananal;
b) produção de um sombreamento uniforme mais precocemente, em toda
área, dificultando o desenvolvimento das ervas-daninhas, o que torna o combate ao
mato, durante esse primeiro ciclo, mais fácil e reduz para apenas duas ou três as
operações de capina, com máquinas ou a uma ou duas a aplicação de herbicida;
c) o solo sendo mais rapidamente sombreado tem menor insolação e menor
evaporação ficando, portanto, com mais disponibilidade de água para as plantas, que
são em maior número, mas que não “bebem” tanta água como o sol.
O esquema de alta densidade se baseia no fato de que é pequena a
influência da densidade na produção da primeira safra, uma vez que todas as plantas
vão crescer juntas. Deve-se ressaltar que o sucesso desta metodologia depende de
haver um desenvolvimento inicial do bananal bem uniforme, o que se consegue
plantando mudas do mesmo tipo e peso. Ao se fazer o replantio das eventuais falhas,
deve-se empregar mudas mais velhas, para que estas venham a se igualar com o
desenvolvimento das demais plantas.
Estando o bananal já com mais de seis meses de idade e verificando-se que
uma planta está com seu desenvolvimento muito atrasado, ela deverá ser eliminada por
ser uma planta dominada pelas demais e também por sua produção se retardar muito e
seu cacho ser, em geral pequeno, cujo valor comercial será baixo. Com isto, o seu
“filho” começará a crescer e terá sua produção na mesma época dos demais “filhos”
das plantas normais.
O cultivar Nanicão, na densidade dobrada, será plantado no espaçamento de
1,0 a 2,5 m. Após a colheita da primeira safra, se o lote estiver uniforme, elimina-se
alternadamente uma planta dentro da linha, reduzindo-se assim a população a apenas a
50% da inicial. Desta forma o bananal ficará com o espaçamento definitivo de 2,0 a
2,5 m. Se houver falhas, a eliminação das bananeiras não será feita de forma
totalmente sistemática. Onde houver uma falha, deixam-se as duas covas seguintes
sem serem eliminadas e, a partir da segunda, reinicia-se a retirada de plantas
alternadamente.
Este esquema é válido para os cultivares Nanicão e os do tipo Prata, que
têm folhas mais eretas. Para os cultivares Nanica e Grande Naine, esta metodologia
não é recomendável, pelo fato deles terem suas folhas em posição mais horizontal, o
que causaria problemas de acomodação entre elas.
É ponto pacifico que, para os bananais já em produção do cultivar Nanicão,
nas condições do Estado de São Paulo, as densidades de 2.000 (2 x 2,5 m) a 2.500 (2 x
2 m) plantas por hectare proporcionam boas colheitas, com altos rendimentos (50 a 60
t/ha) e frutas de boa qualidade.
O espaçamento para plantio do ‘Grande Naine’ deverá ser de 2 x 2 m ou 2 x
2,5 m assim como o ‘Nanica’.
A fertilidade do solo também influencia no espaçamento. Nos terrenos de
elevada fertilidade, com boas propriedades físicas como as várzeas do rio Ribeira, SP,
e em especial as de Sete Barras, SP, (solo alúvio-colúvio com mais de 6 m de
deposição), o espaçamento não poderá ser menor do que 2,0 x 2,5 m. A exuberante
vegetação do ‘Nanicão’ e do ‘Grande Naine’ provoca acentuada concorrência em luz.
O bananal de ‘Nanicão’ ou de ‘Grande Naine’ também pode ser plantado
no espaçamento definitivo de 2 x 3 m, o que possibilita que se faça sua condução no
sistema de uma “família” e um “filho bastardo” (ver Cap. VI-3.4).
O cultivar Enxerto (‘Prata anã’) deverá ser plantado no espaçamento de 2 x
3 m, quando se usarem mudas convencionais. Se todos os tratos culturais forem bem
feitos, será possível fazer-se a condução do bananal no sistema de uma “família” e um
“filho bastado”. Nos plantios feitos com este cultivar, com muda de laboratório, é
possível fazer-se o esquema de densidade dobrada, pois o desenvolvimento destas
mudas é muito rápido e com isto elas emitem poucas folhas que resultam num
primeiro cacho sempre pequeno. Tendo em vista que a planta “filho” terá
desenvolvimento e produção grande, a redução da densidade de plantio não poderá
deixar de ser feita.
Para os cultivares de porte alto como o ‘Branca’, ‘Prata’ e ‘Pacovan’, o
espaçamento recomendado é de 1,5 x 3,0 m para a primeira safra, devendo-se proceder
em seguida à redução de 50% da população, ficando portanto, com 3,0 x 3,0 m. Em
áreas com maiores temperaturas, com mais fertilidade e com irrigação, o espaçamento
inicial será aumentado para 1,5 x 4,0 m, para posteriormente ficar com 3,0 x 4,0 m.
Este espaçamento possibilita que se conduza o bananal no sistema de uma “família” e
um “filho” bastardo, que compensa, em parte, a redução da produção devido à baixa
densidade (ver Cap. VI-3.4). Caso contrário, o espaçamento será de 1,5 x 3,5 m
passando, quando em definitivo, para 3,0 x 3,5 m.
Para os cultivares do grupo Terra, os espaçamentos deverão ser de 3,0 x 3,0
m ou 3,0 x 4,0 m, densidade esta que será sempre mantida, devido aos problemas de
tutoramento do cacho e da sua colheita.
Para o caso do cultivar Maçã, onde o desbaste é recomendado com
restrições, o espaçamento deverá ser de 3,0 x 3,0 m ou 3,0 x 4,0 m e mantido sempre
assim. Haverá, portanto, a formação de uma touceira que, com o passar do tempo, será
destruída com o mal-do-panamá, salvo se algum dia houver um método, fungicida ou
híbrido que consiga controlar essa enfermidade.
Escolhido o espaçamento, por exemplo 1,0 x 2,5 m, faz-se o sulcamento
conservando-se a maior distância entre os sulcos (2,5 m) e a menor distância (1,0 m)
dentro do sulco. A marcação dos sulcos será feita por balizamento para o tratorista e o
local de plantio, o plantador o fará com o auxílio de uma vara, quando for executar
essa operação. Não se optando pelo plantio adensado, o espaçamento inicial
corresponderá ao que ficaria após a redução da população.
Ao se colocarem as mudas no sulco, deve-se cuidar que elas não fiquem
alinhadas com as outras do outro sulco. Esse descompasso entre elas produzirá um
melhor aproveitamento da área, pela folhagem das plantas.
No espaçamento de 1,0 x 2,5 m (4.000 bananeiras/ha), as capinas poderão
ser executadas com um microtrator tipo Agrale ou Yanmar, que tem maior mobilidade
dentro do bananal do que os tratores normais. Justifica-se a aquisição de um
microtrator no caso de bananicultores com 20 a 30 mil pés ou então com mais de 200
mil pés.
Esta recomendação é válida, devido ao baixo custo de aquisição e
manutenção do microtrator e também por ele resolver os problemas de formação e
condução do bananal do pequeno agricultor. Para os produtores do segundo grupo, o
microtrator permitirá que um trator grande seja empregado em outros serviços,
enquanto ele cuida da formação e manutenção do bananal.
Pode-se até mesmo dizer que, em parte, a opção deste ou daquele
espaçamento dependerá do tipo de trator que houver na propriedade.
Os trabalhos conduzidos no Vale do Ribeira, SP, desaconselham, para as
condições do Estado de São Paulo, o plantio de bananeiras pelo método de linhas
duplas. Neste caso o espaçamento entre linhas não é constante; ele se alterna, sendo
uma vez pequeno outra vez maior.
Dentre os múltiplos inconvenientes que este método apresenta, podem ser
mencionados os seguintes:
a) as plantas apresentam uma maior tendência ao tombamento quando
sujeitas a ventos fortes, por se inclinarem para o lado do espaçamento mais largo e
com isto uma não protege a outra;
b) durante a formação, a mecanização é dificultada, exigindo capinas
manuais nas linhas mais estreitas, uma vez que o microtrator não consegue entrar
nelas, o que não acontece quando o espaçamento entre linhas é uniforme;
c) há maior desenvolvimento de ervas-daninhas nas linhas mais largas,
exigindo capinas por um prazo mais longo, durante a formação do bananal, o que
muito freqüentemente causa destruição de raízes e, quando se aplicam herbicidas, o
seu efeito é menor nessas linhas;
d) a destruição do bananal, por ocasião da reforma, é também mais
dificultada por concentrar desuniformemente a massa de bananeiras.
Entretanto, há produtores que se utilizam de espaçamentos não
convencionais, por quererem fazer determinadas práticas agrícolas que são específicas
e pertinentes apenas para o seu caso.
Pode-se citar situações em que o equipamento para controle do
mal-de-sigatoka seja de pequeno alcance e com isto exija plantios em blocos de 4 ou 5
linhas juntas, seguidas de uma mais larga, por onde o trator irá transitar. Há casos
também do produtor fazer blocos ainda menores para que ele possa molhar seu
bananal. São situações peculiares, mas que o produtor deve procurar, pelo menos
manter dentro dos blocos os espaçamentos anteriormente recomendados.

5- Época de plantio
A melhor época para plantio do bananal é no início do calor e das chuvas.
Em regiões onde a temperatura não sofre grandes oscilações, a definição da
época de plantio fica condicionada à ocorrência de chuvas ou à possibilidade de se
irrigar ou ainda aos preços de mercado, por ocasião da sua primeira colheita.
Os plantios a serem feitos em regiões onde a irrigação é limitante, eles
somente podem ser iniciados quando o sistema escolhido já estiver funcionando.
Como as chuvas na região Sul e Centro-Sul do país, ocorrem a partir de
outubro, simultaneamente com a chegada do calor, este deve ser o período da
implantação dos bananais para elas, pois é a ocasião em que a planta se desenvolve
mais rapidamente.
Outro fator que reforça a escolha dessa época para o início dos plantios é o
fato de que, normalmente, o preço das frutas é mais elevado durante o segundo
semestre (decorrente da menor oferta de todas elas), ocasião em que este bananal
estará, com sua primeira safra, em plena fase de colheita.
Sendo a melhor época para o plantio essa de muito calor e chuvas, há
necessidade de uma prévia instalação de um perfeito sistema de drenagem, para que as
águas caídas escoem rapidamente. Se isto não for providenciado em tempo hábil, as
áreas mal drenadas se encharcarão e o calor solar provocará o cozimento das mudas. O
plantio em sulcos reduz, em parte, esses problemas, mas não os elimina.
A falta de calor diurno não aquece muito o solo e como ele se esfria durante
a noite, as mudas apenas iniciam sua brotação e assim permanecem, até que a
temperatura venha a se elevar. Isto obrigará o produtor a combater o mato por um
maior período, o que onerará os custos de produção sem haver ganho no tempo para a
colheita.

6- Transporte da muda
Ele se divide em duas partes: para a propriedade e dentro dela.

6.1- Para a propriedade


O transporte de mudas convencionais para a propriedade é, geralmente,
feito em caminhão, a granel. O carregamento das mudas deve ser feito tomando-se o
cuidado de não provocar pancadas nelas, para não danificar suas gemas laterais de
brotação, principalmente se elas forem do tipo pedaço de rizoma. Este tipo de muda
deve ser empilhado somente até a altura da guarda da carroceria, para se evitar grande
compactação nas que ficarão em baixo, principalmente se elas já foram escalpeladas.
Se o carregamento for com mudas com mais de 2 kg, tipo rizoma inteiro, pode-se fazer
o empilhamento um pouco mais alto.
Uma vez pronta a carga, deve-se colocar uma camada de capim seco ou
verde sobre elas, que será devidamente amarrado. Este capim tem a finalidade de
reduzir a desidratação das mudas pelo vento ou pelo sol. Se a viagem for demorada,
(mais de 6 horas) ela deve ser feita de preferência durante a noite.
Não se deve usar folhas de bananeiras para se fazer a cobertura das mudas,
pois elas podem ser veículos de contaminações da nova área.
Um caminhão trucado de 8 t pode transportar cerca de 8.000 mudas tipo
pedaço de rizoma, sem que se causem grandes injúrias nelas. Entretanto, sendo mudas
tipo replante ou a pau de lenha, essa carga será de apenas 2.000.
As recomendações feitas para o manuseio das mudas durante o seu
carregamento são também válidas para a descarga.
Convém lembrar sempre que o escalpelamento e o banho de hipoclorito de
sódio na muda, devem ser feitos, de preferência, antes do caminhão chegar na
propriedade, para se evitar a infestação dela com os nematóides bananícolas.
As mudas de laboratório normalmente são entregues nas propriedades,
plantadas em bandejas de plástico (“tubetes”) com vermiculita, pela própria
organização produtora. Elas são transportadas em veículos fechados, muitos dos quais
são refrigerados.
Quando a propriedade é muito distante ou de difícil acesso, os laboratórios
produtores de mudas têm recorrido a um tipo de muda bem mais jovem, com cerca de
10 cm, que são remetidas com raízes nuas, dentro de caixas de isopor, muitas vezes
por via aérea. Chegando na propriedade, inicialmente elas são colocadas nas bandejas
de plástico, para reinício de seu desenvolvimento ou preferencialmente plantadas em
sacos de polietileno e mantidos em viveiros com sombrite, até que tenham formado de
4 a 6 folhas normais, para depois poderem ser transferidas para pleno sol (Cap.
II-5.10.4).

6.2- Dentro da propriedade


As mudas convencionais, quando chegam na propriedade, devem ser
plantadas imediatamente. Na sua impossibilidade, elas devem ser abrigadas do sol e
cobertas com capim, para diminuir sua desidratação.
Se elas não vão ser plantadas nos próximos 3 a 5 dias, é conveniente
deixá-las cevando para não haver perdas, principalmente em se tratando de mudas
pedaço de rizoma.
As mudas rizoma inteiro pequenas (“chifrinho” e “chifre”) devem ser
agrupadas em pé e cobertas com capim, para que não interrompam o fluxo de brotação
de sua gema apical. As maiores podem ficar cevando deitadas e amontoadas como se
fossem lenha empilhada em metro, porém em camada com altura máxima de 50 cm
(Cap. II-5.10.2.1).
Por ocasião do plantio, as mudas tipo pedaço de rizoma e rizoma inteiro
podem ser transportadas em carretas, cuidando-se sempre de se evitar impactos e
também que os operários fiquem sentados em cima delas.
As mudas pedaço de rizoma, pré-germinadas, exigem maior cuidado no seu
transporte dos canteiros de ceva ao local de plantio. Este tipo de muda tem de ser
transportado em caixas de madeira ou cestas rígidas, para não danificar a gema já
intumescida. Ao se fazer a distribuição ao longo dos sulcos, devido a sua fragilidade,
elas não devem ser jogadas e sim tratadas como se fossem ovos.
O trator com uma carreta entrando como que a cavalo sobre os sulcos
possibilita que se distribuam as mudas, de forma simultânea, ao longo de três deles.
Para isso, um operário de cima da carreta irá entregando as mudas para os outros três
que estarão caminhando nos sulcos. Desta forma, as mudas permanecerão, ao longo
dos sulcos, à disposição de outros operários, que virão em seguida, fazendo o plantio.
No transporte das mudas de laboratório para o campo, para o plantio direto
das bandejas e as que foram plantadas em sacos plásticos, deve-se tomar os mesmos
cuidados dispensados para a muda cevada.
As mudas de laboratório plantadas diretamente das bandejas e também as
pré-germinadas devem ser protegidas dos raios solares, enquanto estiverem na carreta
aguardando para serem plantadas. As mudas destes tipos não serão distribuídas ao
longo dos sulcos. Neste caso, cada operário pegará na carreta apenas uma bandeja ou
uma caixa com as mudas que irá plantar. Sob o ponto de vista de fiscalização da
qualidade do serviço de plantio, é recomendável que cada operário trabalhe sempre em
um mesmo sulco.
Nas propriedades onde haja cabos aéreos, as mudas poderão ser
transportadas por eles. Entretanto, se as valas de drenagem não forem muitas, que
limitem o trânsito de tratores com suas carretas, a sua utilização torna o serviço mais
fácil e rápido.

7- Plantio
Ao se plantar um bananal, deve-se usar apenas uma muda em cada cova. As
falhas que eventualmente venham a ocorrer, devem ser replantadas, tão logo seja feita
sua constatação, o que deve acontecer durante a primeira inspeção, a ser feita por volta
do 30° dia do plantio.
Há alguns agricultores que optam por espaçamentos mais largos entre as
covas (nos dois sentidos) e plantam duas mudas em cada uma, a distância apenas de 20
a 30 cm entre elas. Esta é uma prática condenável, pois as mudas irão se desenvolver
ao mesmo tempo, havendo grande competição dos seus sistemas radiculares, que
estarão explorando, intensivamente, apenas o solo ao seu redor e deixando de fazê-lo
em toda a área, dada a enorme distância entre as covas. Se este problema já ocorre no
desenvolvimento inicial da muda plantada, mais grave ele se tornará por ocasião do
crescimento e da produção da planta “filho” e, mais ainda, quando da planta “neto”.
Este erro no plantio pode ser perfeitamente avaliado ao se observar que,
muito prematuramente, as plantas começam a apresentar cloroses de magnésio,
seguida de nitrogênio e depois de micronutrientes, como o zinco e o boro.

7.1- Plantio das diferentes mudas


As mudas tipo pedaço de rizoma, chifrinho, chifre, chifrão, guarda chuva e
de laboratório são normalmente utilizadas na instalação de novas plantações. A muda
tipo replante é utilizada, como o próprio nome indica, no replantio do bananal. A
muda pau de lenha é usada no plantio de novos bananais, em casos especiais (Cap.
II-5.10.2.1).
A muda guarda-chuva tem sido injustamente condenada e por isso é
preciso fazer-se uma ponderação. Ela, que se enquadra como muda tipo rizoma inteiro,
é um material muito bom para plantio, devendo-se contudo, ao se estabelecerem
comparações, levar-se em conta o seu peso. Quer isto dizer que ela tem de ser
comparada com outra tipo rizoma inteiro, que tenha o seu peso igual e não querer-se
tomar como termo de comparação a sua altura, como normalmente é feito.
As mudas alta ou replante e a pau de lenha também podem ser usadas nos
programas de substituição de cultivares, sem destruição do bananal velho, o que não é
tecnicamente recomendável.
A muda tipo pau de lenha, que já foi muito utilizada nos plantios de
bananeiras em pequenas chácaras e em fundo de quintal, apresenta alguns fatores que
limitam o seu uso na formação de novos bananais, tais como:
a) seu custo de aquisição e de transporte são altos;
b) a limpeza e o banho da muda são mais difíceis e demorados;
c) o transporte para o local de plantio é de menor rendimento, assim como a
mão de obra de plantio, se comparada com os demais tipos de muda.
Entretanto, no caso de produtores que resolvam reformar suas plantações,
usando mudas de seu próprio bananal velho, eles têm a seu favor que:
a) nessas mudas o número de falhas é praticamente zero;
b) há um rápido enfolhamento na planta, que com isso sombreia o solo e
reduz o combate ao mato;
c) por vezes, se muito bem tratada, ela ainda produz muito precocemente
um pequeno cacho que, dependendo da época em que estiver sendo colhido, pode ter
certo valor comercial.
Entretanto, o procedimento mais recomendado para esse tipo de muda é
que, ao se selecionar o “filho” que irá dar início à “família”, toda a parte aérea (folhas
e a inflorescência se já houver) seja eliminada ao nível da roseta (Cap.II-5.10.5.2).
O que mais pesa a favor do plantio desse tipo de muda é o fato de que a
produção do seu “filho” é mais precoce e quase sempre de um excelente cacho.
A muda tipo rizoma inteiro de bananeira que já tenha produzido e que
mantenha um rebento bem definido, com 10 a 20 cm junto a ela, é bem precoce. Esta
vantagem é parcialmente anulada, pelo fato dela apresentar o grave inconveniente de
não ser possível fazer-se a eliminação total dos nematóides e da broca-das-bananeiras,
que normalmente a acompanham. Entretanto, este tipo de muda é recomendável, se for
produzido em viveiro, onde haja total controle dessas pragas.
As mudas de laboratório plantadas diretamente da bandeja apresentam
grande rendimento de serviço e rápido desenvolvimento inicial, mas exigem muitos
cuidados. Convém lembrar sempre que este tipo de muda assim plantado pode ser
perseguido por insetos cortadores e ainda contaminado por vírus. Se elas foram
plantadas inicialmente em sacos de polietileno, o rendimento do seu plantio é menor,
porém raramente precisam ser replantadas.

7.2- Caminhamento e orientação da muda


Na seqüência natural da vida da bananeira, a “mãe” morre e cede lugar para
o “filho” e este para o “neto” e assim sucessivamente. Disto resulta que, com o passar
dos tempos, haverá um deslocamento do local inicial do plantio. Esse caminhamento
natural da “família” vai deixando, no terreno, uma série de buracos correspondentes às
cabeças das antigas bananeiras. Essas crateras, geralmente, formam linhas quase retas,
como que fugindo do seu ponto inicial. Medindo-se esse caminhamento feito no
terreno, no decurso de 5 anos, verifica-se que houve um deslocamento no mínimo de 1
m, para os cultivares Nanica e Nanicão. Nos cultivares de porte alto como o ‘Prata’,
‘Pacovan’, etc., esse deslocamento é bem maior (Foto V-10).
Foto V-10- A despeito da profundidade que se plante muda, os rizomas
descendentes tendem a aflorar e a se distanciar do local de plantio.
Diante desse fato natural, pode-se aproveitar esse caminhamento da
bananeira para se tentar, em parte, manter-se o espaçamento inicial do plantio,
condicionando-se o posicionamento da muda na cova.
A muda pedaço de rizoma e a pré-germinada, nos plantios em várzeas ou
em topografias quase planas, devem ser colocadas dentro do sulco, cuidando-se que a
parte seccionada fique voltada sempre para um mesmo lado.
A muda rizoma inteiro também deve ser assim orientada, tomando-se como
base a cicatriz de seccionamento do seu cordão umbilical, a qual deverá ficar voltada
para um só lado.
As mudas rizoma inteiro que ficaram deitadas devem ter seu lado que ficou
voltado para o alto, identificado de alguma forma, pois é aí que a brotação do primeiro
rebento deverá ocorrer.
Este cuidado no posicionamento da muda destes três primeiros tipos,
quanto ao local de plantio, contribui muito para a uniformização do lado de brotação,
uma vez que elas não brotarão onde houve seu seccionamento. Quanto ao último tipo,
o lado de primeira brotação já está definido. Este fato praticamente possibilita a
determinação do sentido de caminhamento do bananal.
Se o sulcamento foi feito no sentido nascente poente, conforme o
recomendado no item 3.5 deste capítulo, o certo será colocar-se a muda de modo que
ela venha a ter seu caminhamento voltado para o norte, ou seja, bastará encostar-se a
parte seccionada da muda de pedaço no lado sul do sulco. Da mesma forma, a muda
rizoma inteiro deverá ter a cicatriz do seu cordão umbilical voltado para o lado sul do
sulco. Com isto se condiciona a uniformidade de caminhamento e também o
lançamento do 1° cacho para os entre sulcos (Foto V-11).
Foto V-11- A orientação do sentido de caminhamento da “família” se
inicia com o posicionamento da muda no sulco.
Esta metodologia de posicionamento e orientação da muda no local de
plantio deve ser usada sempre, a despeito de se estar plantando em sulcos ou em
covas, abertas individualmente.
Nas condições de morro, a orientação da colocação da muda na cova,
anteriormente descrita, deixa de ser válida. Neste caso, deve-se colocar as mudas de
modo que suas primeiras brotações ocorram sempre morro acima.
Para o caso das mudas de laboratório e as de rizoma inteiro que foram
ensacadas, nada se pode fazer para se condicionar o sentido do caminhamento do
bananal, uma vez que durante o plantio ainda não é possível identificar qual das suas
gemas irá produzir o rebento axial, o responsável pela definição desse sentido de
caminhamento. Entretanto, nas mudas pedaço de rizoma que foram ensacadas,
conforme o recomendado, é possível saber-se o seu lado de caminhamento (Cap.
II-5.10.2.1).

7.3- Início do plantio


Ao se iniciar o plantio, deve-se separar as mudas de laboratório (direto da
bandeja ou em sacos plásticos) das de pedaço de rizoma (pré-germinado ou não) e das
do tipo rizoma inteiro (obtidas de lavouras velhas ou de viveiro). As mudas tipo
rizoma inteiro ainda devem ser separadas conforme seu peso. Cada um desses grupos
de mudas deve ser plantado formando lotes isolados. Isto é importante, pois cada um
desses grupos terá desenvolvimento diferenciado e época de colheita também.
É recomendável que o plantio de qualquer tipo de muda, seja feito logo
após a passada do sulcador pela última vez, para que ela fique em contato com a terra
fresca e úmida.
A muda de laboratório é normalmente entregue ao produtor em bandeja de
plástico. Depois que elas chegam na propriedade, elas devem repousar, no mínimo,
por uma semana, em baixo de uma tenda feita com sombrite, completamente fechada,
com 2,0 m de altura. Elas somente devem ser plantadas no campo quando estiverem
com um par de folhas já formados. Considerando que seu desenvolvimento na bandeja
não é uniforme, antes de serem levadas para o campo, portanto ainda sob o sombrite,
elas devem ser classificadas quanto ao seu número de folhas. Apenas as que já tiverem
atingido o padrão acima recomendado, seguirão para plantio. Estas serão transferidas
para outras bandejas, enquanto que as menores continuarão nas suas bandejas, até
chegarem ao ponto de plantio. Fazer-se esta seleção neste local é importante, para se
ter certeza que ela foi feita mesmo. Além disso, evita-se que as mudas que ainda não
atingiram o padrão desejado sofram com o vai e vem ao campo e também com a
insolação direta que irão receber.
O plantio destas mudas é feito abrindo-se no fundo do sulco ou da cova, um
pequeno buraco do tamanho da cápsula da bandeja. Isto pode ser feito com um pedaço
de caibro (5 x 5 cm) tendo uma de suas extremidades despontada nas quatro faces, de
modo a formar uma pirâmide com 12 cm de altura. O comprimento desse caibro deve
ser igual ao espaçamento a ser usado no plantio entre as mudas, dentro do sulco, pois,
assim sendo, ele servirá também como medida, para fazer as marcações.
Uma vez feito o buraco no sulco, a muda é retirada da bandeja e colocada
dentro dele, de modo que seu rizoma fique no fundo do sulco (ou da cova), portanto a
30 cm de profundidade. Uma pequena camada de terra solta (cerca de 5 cm), retirada
dos bordos da cova ou das laterais do sulco, deve ser colocada sobre o torrão da muda,
fazendo-se em seguida uma leve pressão sobre ela, com as mãos.
Este sistema de plantio tem melhor “pegamento” quando feito com o solo
úmido e em períodos de pouco calor e insolação.
Logo após o plantio, deve-se fazer a primeira irrigação e durante todos os
oito dias que se seguirem, com a freqüência de 2 em 2 dias. Decorrido esse tempo, as
regas poderão ser feitas a intervalos maiores, porém a não mais do que 5 dias, em
função do tipo do solo, da temperatura ambiente e do desenvolvimento da muda.
É recomendável que as mudas que foram ensacadas permaneçam as 48
horas, que antecederem ao seu plantio, sem serem molhadas, para tornar seu torrão
mais consistente (ver Foto II-22).
O plantio destas mudas é feito fazendo-se uma cova um pouco mais funda,
para que o seu rizoma fique na profundidade de 30 cm da superfície. Da mesma forma,
no plantio em sulcos, deve ser feita uma pequena cova dentro dele, para abrigar o
torrão da muda. Este refundamento do local de plantio não deve ser feito
antecipadamente (Foto V-12).

Foto V-12- Nas mudas ensacadas, há necessidade de se refundar


o sulco para que seu rizoma fique a 30 cm da superfície.
Para se aumentar o rendimento do plantio, as mudas ensacadas deverão ser
distribuídas ao longo dos sulcos, por um operário que as transportará da carreta uma a
uma ou em caixas de madeira ou cestas de bambu. Tão logo ela seja distribuída, o
plantador deve retirar o saco da muda. Para isso, ele cortará seu fundo e a lateral com
um canivete, tomando sempre o cuidado de evitar que o torrão se rompa. Uma vez
dentro da cova, deve-se calçar o torrão com terra das beiradas do sulco e acrescentar
de 5 a 8 cm de terra solta sobre o mesmo, para melhor fixar o pequeno rizoma da
muda.
Após o plantio das mudas de bandeja ou das ensacadas, quando feitas no
sulco, deve-se puxar um pouco de terra para dentro dele, a montante delas, cerca de 50
cm, principalmente nos terrenos mais arenosos. Este ponto de fechamento do sulco é
feito para se evitar que uma chuva mais forte ou um excesso de irrigação possa
soterrar a muda ou até mesmo arrastá-la dentro do sulco.
O programa de irrigação recomendado para as mudas de bandeja é válido
também para estas.
As mudas pedaço de rizoma serão plantadas colocando-as no fundo do
sulco, na mesma posição em que estavam na bananeira, ou seja, com o topo das
bainhas voltado para o alto ( Ver foto V-11). Se estas mudas estiveram cevando, elas
devem ficar na mesma posição em que estavam no canteiro de ceva. Desta forma, os
brotos ficarão voltados para cima, já prontos para emergirem na superfície do solo. A
parte brotada da muda nunca deverá ficar voltada para o fundo do sulco ou cova, pois
isso atrasará seu desenvolvimento inicial e poderá até mesmo causar a sua morte.
Quando o plantio for feito em cova, quer sejam mudas de pedaço ou cevada
ou rizoma inteiro, elas serão colocadas de modo que a parte seccionada fique
encostada contra uma das paredes do buraco. Nos plantios em sulcos, elas devem ficar
encostadas em uma de suas paredes. Este posicionamento dentro da cova ou do sulco,
é para que as raízes iniciem seu desenvolvimento entrando, de imediato, em contacto
direto com a terra mais fértil, que será usada no seu fechamento.
Nas mudas tipo pedaço, será usada para cobri-las uma camada de apenas 5
a 8 cm de terra solta, retirada da superfície. Esta pequena quantidade é suficiente para
protegê-las dos raios solares e evitar que fiquem sufocadas no fundo do sulco ou da
cova. Na muda cevada esta camada poderá ser um pouco maior, em função do
desenvolvimento da sua gema.
As mudas pedaço de rizoma (e as demais) que foram plantadas em sacos de
polietileno (Ver processo alternativo em Cap. II-5.10.4) serão postas no sulco ou na
cova, seguindo o mesmo ritual da muda de laboratório ensacada.
Se, em vez de se colocar essa quantidade de terra recomendada, o produtor
resolver cobrir a muda (principalmente as dos tipo pedaço de rizoma) com uma
camada maior, duas coisas podem acontecer:
1a- se houver muita chuva a muda morre afogada, principalmente nos
plantios em covas e mais grave se torna ainda este problema, se eles forem em terrenos
de baixada;
2a- ela não morre, pois não houve encharcamento da cova, mas leva muito
tempo para brotar. Neste caso, freqüentemente ela emite um novo cordão umbilical e
forma outro rizoma, mais na superfície do terreno. Este fato é muito freqüente nos
plantios em covas isoladas, com mais de 30 cm de profundidade e abertas em
topografias acidentadas (ver Foto V-9).
As mudas pedaço de rizoma que foram plantadas em sacos de polietileno
serão postas no sulco ou na cova seguindo o mesmo ritual da muda de laboratório
ensacada.
As mudas tipo rizoma inteiro devem ser plantadas, sempre que possível, à
medida que forem sendo arrancadas, preparadas e tratadas. Convém lembrar que, se
estas mudas não forem plantadas em até 3 dias, elas devem ser conservadas em pé.
Todas as mudas rizoma inteiro serão plantadas assentando-as no fundo do
sulco e calçando-as, lateralmente, com terra solta, apenas o suficiente para cobrir até
cerca de 10 cm acima de seu rizoma (Foto V-13 e 14). Se o plantio for em covas, as
mudas devem ficar, com a região de seccionamento do cordão umbilical, encostadas
em uma das suas paredes e a cova preenchida com terra solta da superfície até ao
mesmo nível indicado para o caso do sulcamento.

Foto V-13- As mudas rizoma inteiro devem ser postas no fundo do sulco
e terem apenas seu rizoma coberto com terra solta.
Foto V-14- Nas mudas altas e pau de lenha raramente há necessidade
de se fazer algum replante.
Em resumo, ao se efetuar o plantio das mudas quer seja do tipo pedaço de
rizoma ou rizoma inteiro, não se deve esquecer de respeitar:
a) o local onde a muda vai ficar dentro da cova ou do sulco;
b) a sua profundidade do plantio;
c) a orientação em que ela deve ser colocada na cova ou no sulco, para
facilitar que seu caminhamento ocorra a 12° norte-leste, conforme assim determina a
natureza.
É recomendável aplicar-se o herbicida diuron, (somente produto + água)
logo após ao plantio das mudas dos tipos pedaço de rizoma e rizoma inteiro (todos
eles), pois ele não lhes causa injúrias ou afeta seus desenvolvimentos. Com esta
aplicação do diuron, as mudas se desenvolverão no limpo e pode-se retardar um pouco
mais o fechamento da cova ou do sulco e também o início do controle do mato no
bananal. Entretanto, no caso de mudas cevadas e as de laboratório, retiradas
diretamente das bandejas ou as ensacadas, tem-se verificado a ocorrência de algumas
injúrias, quando a aplicação do diuron é feita logo após o plantio. Para se evitar a
ocorrência deste problema, deve-se proteger as mudas cobrindo-as com um balde, de
modo que o herbicida não tenha contato direto com elas (Cap. VI-1.2).

8- Replantio
Durante o período de verão, independentemente do tipo de muda plantado,
o seu desenvolvimento inicial é mais rápido e por isso, após 30 a 40 dias do seu
plantio, deve-se fazer o replantio do bananal, uma vez que nesta ocasião já se sabe
quais mudas não brotaram. Nos lotes onde foram plantadas as mudas tipo pedaço de
rizoma, cujo desenvolvimento inicial é mais lento, pode-se até mesmo esperar mais 10
a 15 dias para se iniciar o replantio. É possível também tomar-se como padrão de
referência um “standard” médio de desenvolvimento das mudas, para se ter uma
melhor visualização das que não irão brotar ou que, se vierem a fazê-lo, serão fracas, e
com isso se definir o melhor momento de se iniciar o replantio.
Em épocas de menores temperaturas, as mudas plantadas nessa ocasião têm
seu desenvolvimento inicial bem mais lento, principalmente as do tipo pedaço de
rizoma que chegam até mesmo, durante o inverno, a ficar quase que dormentes. Neste
período, ela emite apenas algumas raízes, cujo comprimento não ultrapassa a casa dos
10 a 20 cm. Estas raízes servem somente para manter a muda hidratada. Quando
ocorre o aumento de temperatura, principalmente a noturna, é que a muda entra em
desenvolvimento. Desta forma, não se pode definir um número certo de dias, como
válido para o ano todo, para se iniciar o replantio.
Os lotes plantados com mudas pedaço de rizoma devem ser replantados
com mudas rizoma inteiro, pesando entre 1 e 2 kg.
O replantio das mudas do tipo rizoma inteiro deve ser feito sempre tendo-se
o cuidado de usar mudas desse mesmo tipo, porém com tamanho um pouco maior das
que foram plantadas inicialmente.
Ao se executar o plantio destas mudas replante, deve-se apertar bem a terra
a sua volta, para deixá-la firme, principalmente nos locais onde não se possa irrigar
logo após esta operação.
As mudas replantes devem ser plantadas no mesmo dia em que forem
arrancadas. Estas mudas também devem ser escalpeladas e banhadas em hipoclorito de
sódio antes de serem plantadas, salvo se forem produzidas em viveiros devidamente
tratados.
Os lotes plantados com mudas de laboratório, quer tenham sido de plantio
direto da bandeja ou com mudas enviveiradas em sacos de polietileno, devem ser
replantados após 30 a 40 dias, com mudas de mesma origem, que ficaram crescendo
no telado, em sacos de polietileno.
Estes cuidados com o replantio precisam ser tomados a fim de se manter o
padrão de desenvolvimento do lote, para que a época de colheita dele se concentre em
um só período.

9- Fechamento do sulco ou da cova


O fechamento das covas ou sulcos somente deve ser feito após ao replantio
e a aplicação dos fertilizantes e nematicidas, portanto, aos 30 a 40 dias após ao plantio.
Não se deve aplicar nenhum adubo no local onde a muda vai ser plantada
dentro do sulco, pois tem sido verificada a morte das suas primeiras raízes emitidas,
ocasionada por seu contato com a alta concentração de fertilizantes. Nos plantios em
covas, esse problema também ocorre e pode se tornar mais grave ainda, se o solo for
argiloso e houver um longo período de chuvas. Evita-se esse problema deixando-se
para fazer a primeira adubação após o replantio.
Entretanto, apenas no caso de plantios em covas deve-se aplicar,
antecipadamente, a matéria orgânica já fermentada disponível.
A não aplicação do nematicida, antes ou durante o plantio, se prende ao
fato de que eles, sendo solúveis, acabam se perdendo, uma vez que as mudas não têm
nenhuma raiz para os absorver. Entretanto, apenas no caso do plantio de mudas
ensacadas, isto pode ser feito. Nesta situação peculiar, o nematicida será aplicado logo
após a colocação e fixação da muda no local de plantio. Ele será distribuído em círculo
bem rente ao pseudocaule, seguido de sua cobertura com uma camada de terra
conforme foi recomendado no plantio desta muda, ou seja, 5 a 8 cm.
Nas mudas retiradas diretamente das bandejas, a aplicação dos nematicidas
logo após o plantio, tem demonstrado uma certa toxidez.
Considerando que durante o preparo do solo foi usado o fosfato natural,
deve-se aplicar, logo depois do replantio, apenas o adubo nitrogenado. Porém, se isto
não foi feito, deve-se misturar os adubos nitrogenado e fosfatado recomendados e os
aplicar.
Nos plantios em sulcos, a dose de adubo será dividida em duas metades,
aplicando-se uma em cada lado da muda, dentro do sulco. No caso do plantio em
covas, o adubo será distribuído ao redor da muda, em um círculo, com 20 cm de
largura, guardando a distância de 20 cm dela.
Após ter sido feita a adubação química, se for possível, deve-se aproveitar
que os sulcos entre as mudas ainda estão abertos e aplicar os adubos orgânicos ou
qualquer matéria orgânica tais como restos de outras lavouras ou mesmo lixo de
cidade, excluindo-se os vidros, plásticos e metais que estejam misturados. Se o plantio
foi feito em covas, as quais ainda estão abertas e pretendendo-se adicionar mais
matéria orgânica, deve-se fazê-lo.
Tendo-se terminado as adubações deve-se fazer, de imediato, um combate
preventivo contra os nematóides e a broca-das-bananeiras, colocando o nematicida
bem junto e ao redor da muda, conforme a recomendação feita no Cap. XII-2.11. Esta
aplicação deve ser feita somente após as adubações, para não surgirem problemas de
intoxicação nos operários, devido a eventual volatilização do nematicida.
Para se fazer a aplicação do nematicida pode-se usar uma colher feita com
um pedaço de bambu do tipo japonês (vara de pescar) ou tubo de PVC com 25 mm
(Foto V-15).
Foto V-15- Detalhe da língua da colher feita com tubo de PVC,
para se aplicar o nematicida. O comprimento da língua varia
com a dose a se aplicar.
Somente após a adubação e o “tratamento da muda” (cova), deve-se fechar
o sulco (ou a cova).
O fechamento do sulco pode ser feito com o auxílio de uma grade de
discos, sem os dois conjuntos traseiros, com uma plaina, com um enleirador de café,
ou ainda, com o “rastelão”.
Este implemento é construído com dois pedaços de longarinas de chassi de
caminhão, soldados em V sob uma estrutura de uma grade de disco, sem eles (Foto
V-16). Ele é tracionado pelo trator como se estivesse a cavalo sobre o sulco (Foto
V-17). Este sistema possibilita enleirar-se a terra exatamente sobre o sulco,
tampando-o completamente e dependendo do tamanho da muda, ela também pode até
ser coberta. Recomenda-se, contudo, que ao se fazer este enleiramento, deixe-se a vela
da muda fora da terra.
Foto V-16- O rastelão tem o formato de um V com 120 cm nas suas
laterais e 50 cm de altura. A abertura menor tem 60 cm e a maior 150 cm.

Foto V-17- O rastelão deve ser passado depois da adubação de cova


e a aplicação do nematicida. Ele faz a carpição da cova.
Tendo em vista que, nesta ocasião, as mudas já têm um sistema radicular
bem formado, ela continuará crescendo normalmente e romperá a camada de terra que
a cobriu, como se nada tivesse acontecido.
O fechamento do sulco também pode ser feito manualmente, com uma
enxada, porém seu custo é bem mais elevado.
Nos plantios feitos em covas individuais, o seu fechamento será realizado
manualmente, porém somente após terem-se completado todos os tratamentos
anteriormente mencionados.
O fechamento do sulco e a camada de terra colocada sobre as mudas são
necessários para calçar completamente as plantas e cobrir os adubos químicos,
orgânicos e também os nematicidas aplicados, evitando-se assim perdas por
volatilização.
No caso das mudas de laboratório, plantadas diretamente das bandejas, após
o replantio, aplicam-se os fertilizantes químicos e o nematicida e são apenas cobertas
com uma enxada manual. Tendo as mudas atingido a altura de 40 a 60 cm, deve-se
aplicar toda a matéria orgânica possível e o nematicida e então fazer-se o completo
fechamento do sulco (ou da cova).
Realizando o fechamento do sulco ou da cova, somente nesta ocasião,
evita-se que, eventualmente, ocorra o afogamento das mudas, por chuvas prolongadas
que sobrevenham logo após o plantio. Além disso, há ainda a vantagem de se realizar,
simultaneamente, a primeira coroação das mudas.

10- O desenvolvimento e a produção das mudas


Muitas já foram as pesquisas feitas para se avaliar o comportamento da
muda e sua influência na produção. As conclusões foram unânimes e sobre as quais
faremos alguns comentários a seguir.
O desenvolvimento inicial da muda depende do número de gemas que ela
possui, do seu tamanho (reservas) e da sua capacidade de enraizamento.
Convém lembrar sempre que o desenvolvimento e o crescimento da muda e
da bananeira são também muito influenciados pelo fator clima.
Decorridos trinta dias do plantio, já é possível avaliar a atividade de seu
sistema radicular. Em condições favoráveis de solo e clima pode-se encontrar, nessa
ocasião, raízes horizontais com 40 cm ou mais de comprimento, totalmente revestidas
de radicelas e pêlos absorventes.
A muda de laboratório tem seu primeiro ciclo mais curto, devido aos
hormônios recebidos durante sua fase de produção. Seu sistema radicular é, em geral,
50% maior que das mudas convencionais, devido a esses hormônios e também por
terem sido totalmente limpas de nematóides, insetos, fungos, bactérias e
rejuvenescidas. Infelizmente, em pouco tempo, ela perde estas qualidades e torna-se
uma planta igual às demais, o que já se pode sentir no desenvolvimento e produção da
planta “filho”. As ensacadas têm ciclo mais curto do que as de bandeja, mesmo
contando o tempo em que elas foram transplantadas.
As plantas originadas de mudas tipo pedaço ou as dos tipos chifrinho,
chifrão e guarda-chuva quando atingem 50 cm de altura têm, geralmente, raízes
horizontais com mais de 1 m de comprimento. O seu desenvolvimento até esta idade é
tanto mais rápido quanto maior foi o tamanho do rizoma da muda.
A muda de pedaço de rizoma obtida de rizoma que já havia se diferenciado
ou que já produziu tem desenvolvimento inicial mais lento, se comparada com aquela
de pedaço de rizoma ainda em fase vegetativa.
A muda rizoma inteiro tipo alta, uma vez plantada, quase sempre continua
seu desenvolvimento apical, de modo que 10 a 15 dias depois, ela já apresenta as
primeiras folhas e seu sistema radicular crescendo rapidamente.
O ciclo vegetativo nas mudas menores (“chifrinho”, “chifre”,
“guarda-chuva” e “pedaço de rizoma”) é mais longo, pois gastam mais tempo para se
desenvolver inicialmente, enquanto que nas mudas maiores, como o “chifrão” (2.000 a
3.000 gramas), “muda alta” (3.000 a 5.000 gramas) e a “pau de lenha” (mais de 5.000
gramas), ele é mais curto. Muito freqüentemente, a muda tipo pau de lenha está prestes
a sofrer a diferenciação floral ou já a sofreu, o que, sem dúvida alguma, tem que
determinar um ciclo vegetativo menor.
A muda alta que tem um filhote agregado apresenta um rápido
desenvolvimento deste. Normalmente deixa-se a muda “mãe” crescer um pouco para
depois sacrificá-la, do mesmo modo que se deve fazer com todas as mudas que
estiveram deitadas.
As mudas de bandeja e as de bandeja ensacadas não apresentam diferenças
quanto à sua produção.
A influência do tamanho das mudas de um mesmo tipo sobre a futura
produção é pequena, quase sem importância para o produtor, salvo aquelas com mais
de 5.000 gramas, devido a sua idade fisiológica no plantio. Nas grandes plantações, as
pequenas diferenças decorrentes da muda podem ser quase que anuladas
aumentando-se, um pouco, as doses de fertilizantes a serem aplicadas.
O ciclo de produção, assim como a sua produção dependem das suas
reservas iniciais, do seu enraizamento e da idade fisiológica no plantio. Entretanto, se
os tratos culturais forem bem feitos, eles praticamente anulam todos os efeitos que a
muda poderia causar.
Considerando-se um lote de bananeiras que recebeu os mesmos tratos
culturais, no qual houve apenas variação da muda, chega-se ao Quadro V-1.

Quadro V-1- Classificação entre os diversos tipos e peso da muda quanto à precocidade do
nascimento (N), desenvolvimento inicial (D), 1° ciclo de produção (C) e à produção (P).
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tipo Padrão Avaliação
----------- --------- --------------------------------
N D C P
Laboratório da bandeja 1 3 3 1
no saco 1 1 2 1
Pedaço 200 g 5 6 6 5
1.000 g 4 5 5 3
ceva 200 g 3 3 5 4
ceva 1.000 g 2 2 4 3
Inteira 1.000 g 4 4 4 4
2.000 g 4 4 4 2
3.000 g 3 3 3 2
5.000 g 3 3 2 3
deitada 5.000 g 3 2 2 1
pau de lenha + 5.000 g 2 1 1 6
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Observação: 1= melhor e 6 = pior.

CAPÍTULO VI - TRATOS CULTURAIS

Os tratos culturais envolvem as operações feitas no solo (combate do mato)


e também as ligadas às bananeiras (eliminação de folhas velhas, desbaste e
rebaixamento do pseudocaule, etc.).
1- Combate às ervas daninhas
A eliminação das ervas daninhas precisa ser feita de forma muito enérgica,
pois as bananeiras devem crescer e produzir, sem a concorrência de mato algum. Sua
presença é indesejável, não só por serem sócias nos fertilizantes e da água superficial
do solo, como por serem eventuais hospedeiras de pragas e moléstias ( principalmente
os vírus), que podem causar prejuízos às bananeiras. A presença de mato atrasa o
desenvolvimento do bananal, diminui o vigor das plantas, reduz o tamanho do cacho,
dificulta os tratamentos fitossanitários e as adubações e ainda o deslocamento dos
operários durante a colheita. A virose mosaico do pepino, CMV por exemplo, tem
como plantas suas hospedeiras, já catalogadas, mais de 850, que incluem muitas de
interesse econômico e matos que podem perfeitamente transmiti-la para as bananeiras.
Sempre que se pretende associar o cultivo da bananeira com qualquer outra
planta, o resultado final quase sempre é desastroso, quer sob o ponto de vista
econômico ou de produção (Cap. VI-12).
O combate às ervas daninhas pode ser feito por via mecânica (máquinas e
ferramentas), químicas (herbicidas) ou “mulching” (cobertura morta).

1.1- Capina mecânica


O combate às ervas daninhas em área com topografia acidentada deve ser
feito com roçadeiras manuais, nunca com a enxada e assim mesmo apenas durante o
início da formação do bananal. Esta, além de danificar as raízes das plantas, facilita
muito a erosão da camada fértil do solo.
O uso da enxada manual nas várzeas só é justificado para limpar áreas
isoladas, onde, ocasionalmente, o mato se desenvolveu ou para incorporar ao solo o pó
calcário aplicado, em bananais já formados. São fatores limitantes de seu uso o
elevado preço da mão-de-obra e, principalmente, os danos causados ao sistema
radicular.
Em substituição a enxada pode ser usada a roçadeira manual, neste caso,
com resultados praticamente iguais, sem as mencionadas limitações. Seu elevado
rendimento justifica sua utilização, mesmo porque as roçadas deverão ser feitas
temporariamente, apenas uma ou duas vezes, durante a recuperação da área.
Não havendo bastante sol dentro do bananal, o mato carpido não seca e
rebrota, tal como aquele que foi roçado. Há ainda o fato que o mato roçado funciona
como um “mulching”, abafando o que sobrou, tornando-se até mesmo mais eficiente
do que a capina.
A roçadeira moto-mecanizada ou de arrasto apresenta elevado rendimento e
bom serviço. Entretanto, para que ela possa transitar livremente é preciso que o
bananal ainda esteja alinhado, o que se consegue ter apenas quando ele é novo.
A grade de discos poderá ser utilizada no bananal, na fase inicial de
formação, isso é, apenas durante seus primeiros 60 dias. Após esse período, os danos
que os discos causam no sistema radicular afetam o desenvolvimento da planta e, com
isto, reduzem sua produção. Há ainda a se considerar que, a grade somente apresenta
bons resultados, quando alcança 10 cm de profundidade e em velocidade maior que 3
km/h, velocidade esta considerada alta, para o trator se deslocar dentro do bananal.
Nestas condições de trabalho, são freqüentes os acidentes de “atropelamento” de
bananeiras e também a queda de tratores nas valas de drenagem e a qualidade de
serviço, junto às plantas, deixa a desejar. Entretanto, seu baixo custo operacional é,
por vezes, apresentado pelo agricultor como uma justificativa de seu uso.
A enxada rotativa, acoplada a um trator ou preferencialmente a um
microtrator, é a melhor forma de se manter o bananal no limpo, durante sua fase inicial
de formação. Sua regulagem permite que ela seja operacionalizada em profundidades
pequenas (5cm) e por isso, os danos que ela causa no sistema radicular ficam
reduzidos ao mínimo.
A baixa velocidade, em que deve normalmente operar o microtrator e seu
reduzido tamanho, possibilitam um perfeito serviço na área toda e, principalmente,
junto a bananeira. A rotativa, quando em funcionamento, deve ficar sempre com sua
tampa traseira aberta a 45°, para se evitar que as bananeiras sejam “apedrejadas” com
os torrões de terra que ela levanta.
Em condições de baixa umidade de solo e de pouco mato, é possível operar
com o microtrator engrenado em 2° direta, em vez de 1° reduzida. Velocidade maior
do que esta não é recomendada, para não prejudicar a máquina e a qualidade do
serviço.
Por ocasião da primeira passada, aos 30 dias, a rotativa dever ser regulada
para atuar a 5 cm de profundidade e mais superficialmente ainda, quando se for fazer a
segunda passada, o que normalmente dever acontecer após mais 30 dias.
Eventualmente, pode-se ter de passar mais uma vez, o que deverá ser feito com as
facas apenas tocando no solo, desde que o bananal tenha no máximo quatro meses de
plantio ou até 120 cm de altura. Depois dessa idade ou tamanho, não se deve mais
passar máquina alguma que mexa com o solo, a fim de poupar a integridade do
sistema radicular das bananeiras.
Utilizando-se a enxada rotativa de um microtrator tipo Agrale ou Yanmar, é
possível formar-se um bananal com alta densidade (1 x 2 m) com apenas três
rotovatagens da área.
Caso o agricultor não possua microtrator, ele poderá utilizar-se da enxada
rotativa F.N.I., cujo desempenho e rendimento são também muito bons. Entretanto,
deve-se levar em conta que ela sendo maior, assim como o trator que a aciona, o
agricultor, ao plantar seu bananal, terá de utilizar o espaçamento mínimo de 2,5 m
entre as linhas. Tem-se a restrição que a capina junto as bananeiras não é feita e, ainda
que ela acaba por cortar muitas raízes, dada a impossibilidade de uma regulagem
precisa. Pesa a seu favor o elevado rendimento de serviço, que chega a ser de 1.000
bananeiras por hora, enquanto que o microtrator faz apenas 500 plantas.
Ao utilizar a rotativa F.N.I. na capina, o trator deverá estar engrenado, no
máximo, em 2° reduzida e a rotativa regulada para alta rotação. À semelhança da
rotativa do microtrator, é recomendável que sua tampa traseira fique apenas
ligeiramente aberta (30°), para evitar que as bananeiras sejam apedrejadas com a
constante e rápida saída de torrões.
Durante a operação de capina, as rotativas devem estar sempre equipadas
com facas carpideiras.
Os convencionais cultivadores, tracionados por animais, denominados
“planet”, poderão ser utilizados apenas durante os primeiros 30 a 60 dias de plantio do
bananal. Após esse período causariam uma verdadeira poda no sistema radicular, o
que seria extremamente prejudicial à bananeira.
Em resumo, pode-se dizer que a capina mecânica, motorizada ou não, pode
ser usada apenas durante o início da formação do bananal, dado aos traumas que ela
provoca nas raízes. Há, entretanto, casos especiais, tais como na recuperação de
bananais que estiveram descuidados e por isso o mato cresceu e, em face disto, têm-se
que dar um tratamento de choque para se entrar nos esquemas de rotina para
eliminação do mato. Há ainda os bananais de morro, que devido a grande inclinação
do terreno deixa-se o mato forrar a área para reduzir o problema da erosão, mas o
mantém-se os bananais roçados manualmente o tempo todo, por não haver outra
solução.

1.2- Herbicidas
Sempre que o agricultor observar que há mato se desenvolvendo no
bananal, isto constituí uma boa indicação de que a densidade de plantio está pequena
e, por isso, deve ser aumentada. Porém, se a densidade já estiver entre 2.000 e 2.500
bananeiras/ha para as de porte baixo e médio, ou 1.200 a l.600 bananeiras/ha para as
de porte alto e houver aparecimento de mato, é de se supor que existam problemas
ligados a fertilização, irrigação ou fitossanidade.
Os herbicidas devem ser aplicados usando-se um conjunto pulverizador
(compressor), acionado pelo trator ou por um motor independente. Para alimentar o
compressor, deve haver um reservatório sobre rodas, com capacidade de cerca de
1.000 litros e com um sistema qualquer de agitação do líquido. Há outros
equipamentos menores, com reservatório de 500 litros, que são acoplados diretamente
no trator, porém apresentam limitações na sua capacidade de produção de serviço.
Ligado a este conjunto deve haver, no mínimo, duas mangueiras flexíveis
para alta pressão, com 3/8” de diâmetro interno e com cerca de 50 m, tendo em cada
extremidade uma pistola pulverizadora. Este pulverizador, que normalmente é
tracionado por um trator, cujo eixo tomada de força o aciona, permanece funcionando
no carreador, enquanto os operários caminham com as pistolas pulverizadoras e as
respectivas mangueiras, por dentro do bananal. Normalmente um operário aplica o
herbicida no lote da direita do carreador e um outro no do lado esquerdo. Ao iniciar a
aplicação, cada um dos operários se desloca dentro do bananal, o mais distante
possível, levando sua pistola e a partir desse ponto começa a pulverizar caminhando de
volta, para junto do compressor. Se o bananal ainda não perdeu seu alinhamento de
plantio, a aplicação do herbicida será feita na faixa em que o operário adentrou com a
mangueira e naquelas localizadas a sua direita e a esquerda. Se o bananal já perdeu seu
alinhamento, o mais certo é que ele entre com a mangueira dentro do bananal e volte
pulverizando uma faixa de mais ou menos 8 a 10 metros de largura. Nesses bananais
desalinhados, deve-se pulverizar essa faixa e deixar uma outra, anexa, sem ser feita. A
faixa não pulverizada será tratada posteriormente, quando já for possível observar-se o
efeito do herbicida. Com isto evita-se desperdício com a sobreposição de
pulverizações. O tratorista, por sua vez, permanecerá junto ao pulverizador, para
inspecionar seu funcionamento e recolher as mangueiras, a medida em que isso for
necessário.
O comprimento da mangueira deve ser suficiente para que ela chegue até ao
outro carreador (50 m). Desta forma reduz-se a movimentação do trator e aumenta-se
o rendimento do serviço. Pode-se também usar mangueiras mais curtas com no
mínimo, até a metade da largura do lote de bananeiras. Neste caso, é recomendável,
que a parte restante do lote que não foi pulverizada, somente venha a ser feita após
alguns dias, a fim de que os operários possam identificar facilmente o limite da área já
pulverizada.
Num bananal que não tenha valas e estando ainda alinhado, pode-se utilizar
um microtrator, para se aplicar o herbicida no seu interior. Para isso adapta-se o
depósito de líquido, na parte dianteira do trator e na sua traseira o compressor com
uma barra aplicadora, com largura suficiente para cobrir toda a entre linha.
Os herbicidas também podem ser aplicados com máquinas costais manuais
que, em geral, apresentam baixa qualidade e pouco rendimento de serviço.
O bico do tipo cônico, de alta vazão, não teve ainda sua eficiência superada
pelos demais. A pressão operacional, no bico, deve ser de 40 a 60 libras/pol². O bico
tipo “margarida” ou o trigêmeos, também são bastante eficientes, se estiverem com
jato tipo cônico.
Os herbicidas, quanto à sua atuação, podem ser classificados em: de
contato, sistêmico e residual.
O herbicida de contato é o que provoca apenas o secamento das partes
áreas das plantas, quando pulverizado sobre elas. Ele não atua sobre o sistema
radicular por ser rapidamente degradado e também adsorvido pelas partículas de
argila, quando em contato com o solo. Ele não apresenta nenhum efeito tóxico nas
plantas ou no solo.
Para se ter a maior eficiência dos herbicidas deste grupo, é preciso que haja
sempre a presença de bolhas de sabão, sobrenadando a superfície líquida do tanque do
pulverizador. Sua ausência indica que há necessidade de se acrescentar maior
quantidade da mistura de detergente/espalhante. A função desta mistura é de provocar
um melhor efeito molhante e também aumentar a capacidade iônica do herbicida e
com isto causar um maior secamento no mato. Fixar-se, rigidamente, a quantidade da
mistura detergente/espalhante que se deve adicionar na água é difícil, pois ela depende
da qualidade dessa água. O ideal é usar-se água limpa, principalmente sem conter
nenhuma argila em suspensão, para não se ter redução do efeito do
detergente/espalhante e também do herbicida.
Os resultados dos herbicidas de contato são maiores quando ele é
dissolvido no dobro da quantidade de água normalmente recomendada, ou seja, 800 a
1.000 litros por hectare, por se molhar melhor o mato. Sempre que se reduz a
quantidade de água, há necessidade de aumentar muito a do herbicida, cujo preço é
bastante elevado, principalmente se for comparado com o da água. Neste caso, é
importante que o operário aplicador seja devidamente treinado, para se ter um bom
resultado, sem desperdício de produto.
Estes herbicidas podem ser aplicados ainda que o mato esteja orvalhado,
devendo-se contudo, aumentar a quantidade do herbicida.
Os herbicidas de contato precisam ficar no mínimo 30 minutos sobre o
mato, para terem uma boa atuação, porém sua eficiência é maior quando não chove
nas 24 horas seguintes. Seu efeito é mais acentuado, quando há incidência dos raios de
sol, sobre o mato que está sendo pulverizado. Eles atuam mais energicamente durante
o verão do que no inverno.
Antes de se iniciar a aplicação dos herbicidas deste grupo, é importante
verificar o desenvolvimento do mato, por uma questão de eficiência do produto e
também de economicidade. O mato estando com 60 cm ou mais de altura, é preferível
fazer-se uma roçada com máquina ou mesmo manual. O herbicida será então aplicado
quando o mato alcançar 10 a 20 cm de altura, ocasião de maior rendimento de serviço
e eficiência do produto.
Tem sido observado que vários agricultores, após a aplicação do herbicida
de contato, esperam o mato ficar bastante seco, para então atear-lhe fogo. Esta
operação não deve ser feita, uma vez que fogo estimula a sua rebrota.
Dentre os herbicidas deste grupo, os mais usados são o Gramoxone
(paraquat) e o Reglone (diquat). Qualquer um deles deve ser aplicado usando-se, no
mínimo, 400 a 500 litros de água por hectare, nos quais se dissolve 1.000 ml do
produto mais 200 cc de uma mistura de três partes de um detergente orgânico e duas
partes de um espalhante adesivo de boa qualidade. Essa quantidade de água
recomendada é considerada a mínima. O efeito dessa mistura torna-se bem mais
enérgico, quando se lhe adiciona 0,5% de uréia.
Os herbicidas de contato são mais indicados para a manutenção dos
bananais. Eles podem ser usados durante a formação, mas são difíceis de serem
aplicados sem “queimarem” muitas folhas das bananeiras. Além disso seu custo
torna-se alto dado ao elevado número de vezes que terá de ser aplicado para manter a
área sempre no limpo.
Os herbicidas sistêmicos são absorvidos pelas folhas e passam a circular
com a seiva do mato e, desta forma, se translocam para as raízes, causando-lhes seu
completo secamento e, conseqüentemente, da planta. Eles são aplicados, geralmente,
para controle das gramíneas e, em especial, das ciperáceas dentre as quais, a que mais
se destaca é a tiririca (Cyperus rotundus). Em geral, é necessário fazer-se 2 a
3aplicações para uma perfeita eliminação delas de todo o terreno. Para as demais ervas
daninhas, seus efeitos estão intimamente ligados a sua altura, quando da aplicação; se
estiver com 15 a 20 cm, quase sempre uma só aplicação é suficiente, porém estando
mais desenvolvida, haverá necessidade de se fazer uma outra.
Os herbicidas sistêmicos ao cairem no solo não são absorvidos pelas
plantas. Esta parte está perdida, pois eles não tem nenhum efeito residual no solo.
Entretanto, a parte que foi absorvida pelas folhas é translocada para as raízes e as
matam. Eles não retornam para outras partes aéreas da planta, pois estes herbicidas
não circulam de baixo para cima. Desta forma, uma parte não insolubilizada destes
herbicidas se conserva dentro das raízes mortas e acaba produzindo um pequeno efeito
residual nesta área, durante um período que varia de 60 a 80 dias. Estes resíduos são
absorvidos pelas radicelas dos matos não eliminados e também por aquelas plantas
cultivadas nessa área que neste caso, o prejuízo é das bananeiras, que tem seu
desenvolvimento perturbado. Este efeito residual desaparece do solo, de imediato,
quando se realiza sua aração.
Os herbicidas sistêmicos devem ser aplicados com o mato enxuto e nas
horas mais quentes do dia, quando sua absorção é maior. Estando o mato na fase de
plena vegetação, a absorção do produto aplicado é aumentada. Os herbicidas
sistêmicos precisam de 2 a 4 horas sem chuva para serem absorvidos, porém o 100%
de aproveitamento somente ocorre após 48 horas.
Os sinais visuais de que eles já estão atuando sobre o mato, começam a ser
observados entre 2 e 3 semanas após a aplicação. Porém, a perfeita avaliação dos
efeitos destes herbicidas somente pode ser feita depois de 30 dias da sua aplicação. O
secamento completo do mato apenas vem a ocorrer por volta da 6a a 8a semana. Esses
prazos podem ser um pouco reduzidos se a quantidade do herbicida for aumentada, o
que é economicamente negativo. Se o mato começar a mostrar forte efeito do
herbicida aplicado, antes de duas semanas, é sintoma de que a dose do produto foi
maior do que a necessária.
As considerações feitas quanto á altura do mato para se iniciar a aplicação
dos herbicidas de contato, também são válidas para os sistêmicos.
O Dawpon S (dalapon) atua sobre as gramíneas e não afeta as bananeiras
quando são atingidas. Ele deve ser aplicado na dosagem de 10 kg/ha, dissolvidos em
500 litros de água, acrescidos de detergente/espalhante, nas proporções e dosagens
anteriormente indicadas.
Um outro herbicida sistêmico é o Round-up (glifosato). Sua aplicação em
bananais exige muito cuidado para se evitar seu contato com as folhas, que podem
absorver o produto. Tendo-se optado pelo seu uso, é preciso que, imediatamente após
a sua aplicação, um outro operário elimine as folhas adultas mais velhas e também as
dos filhotes que acidentalmente tenham sido atingidas por ele. Desta forma evita-se a
translocação do produto para o interior da planta e os conseqüentes desequilíbrios.
Se apenas a névoa do herbicida entrar em contato com as bainhas dos
filhotes, em geral causa-lhes secamento externo, o qual não chega a matá-los. As
folhas novas atingidas ficam com os lóbulos atrofiados e muitas delas apresentam
manchas superficiais como se tivessem perdido sua clorofila.
O Round-up torna-se mais enérgico fazendo a seguinte mistura: Round-up
500 ml; uréia 0,5 kg; espalhante adesivo (detergente/espalhante) 60 a 100 ml; água
100 litros. Essa mistura será aplicada sobre o mato de modo a molhá-lo, por completo,
uniformemente. O consumo dessa mistura irá variar segundo a quantidade e a altura de
mato existente, podendo-se, em algumas situações, chegar-se a até 800 litros/ha.
O Round-up usado em doses mais fortes atua, energicamente, sobre a
grama seda (Cynodon daltylon), mas quase sempre é preciso fazer-se mais de uma
aplicação sobre ela. Como freqüentemente ela aparece em reboleiras, costuma-se usar
o pulverizador costal (20 lts.) contendo 200 ml de Round-up, 100 gramas de uréia e 10
ml da mistura detergente/espalhante. Convém lembrar que esta erva daninha é daninha
mesmo, para as bananeiras. Nas áreas onde ela está presente, a bananeira se mantém
quase que em estado de hibernação.
Há ainda o herbicida Finale (glufosinato de amônia) que tem a seguinte
recomendação de uso: 1.000 ml do produto; 0,5 kg de uréia; espalhante adesivo
(detergente/espalhante) 60 a 100 ml; água 100 litros. Essa mistura mata bem as ervas
daninhas e em especial a trapoeiraba (Tradescantia spp.) também conhecido como
“macarrão”, sendo preciso, no mínimo, de 4 horas sem chuva, para poder ter uma
adequada absorção.
Nos bananais em formação, este herbicida só deve ser usado quando as
plantas já estiverem com mais de um metro de altura. Em bananeiras menores tem
ocorrido um pouco de fitotoxidez, que se manifesta trinta dias após sua aplicação, sob
a forma de coloração semelhante à falta de nitrogênio. Estas descolorações
desaparecem por volta dos 60 dias após a aplicação, sem que a planta tenha
demonstrado forte atraso no seu desenvolvimento.
Outro herbicida sistêmico é o Fusilade 2.000 (fluazifop-p-butil) que deve
ser usado na dosagem de 2.000 ml, acrescido de 0,5 % de uréia, 60 a 100 ml de
detergente/espalhante e 400 a 500 lts. de água. Ele atua sobre as gramíneas e em
especial sobre as Ciperaceas spp. e as Cucurbitaceas spp. e a grama seda. As
restrições feitas para o Finale, apenas para os bananais em formação, são as mesmas
para este.
Os herbicidas residuais devem ser aplicados em pré-emergência, isto é,
antes do mato aparecer, logo após a uma gradagem ou rotovatagem. O período de
atuação deste tipo de herbicida diminui com as maiores porcentagens de matéria
orgânica e de argila do solo.
Lembrando-se que os solos mais indicados para a bananicultura são aqueles
ricos em matéria orgânica e teor médio de argila, seria de se imaginar que a eficiência
desses herbicidas fosse pequena, mas eles superam todas estas limitações.
O herbicida residual que melhor resultado tem proporcionado aos
produtores no controle do mato nos bananais, é o Karmex (diuron), principalmente
durante a sua formação. Aplicado como residual, portanto em pré-emergência, usando
apenas o herbicida dissolvido em água na dosagem de 10 kg/ha, em jato dirigido
diretamente sobre as bananeiras adultas com “filhos”, não se verificou nenhum efeito
prejudicial na “família”. Entretanto, quando se adiciona ao Karmex uma mistura de
detergente/espalhante qualquer, ele se transforma em um enérgico herbicida de
contato, sem contudo perder seu efeito residual, que sofre apenas uma certa redução.
Durante os primeiros três a quatro meses do plantio, o controle da
sementeira pode ser feito com a enxada rotativa do microtrator. Estando a área
completamente limpa, aplica-se o Karmex na dosagem de 3 kg/ha em 400 litros
de água, sempre que possível após uma chuva, que tenha molhado bem o solo. Este
molhamento também pode ser obtido com irrigação. Procedendo-se desta forma, é de
se esperar que, durante os 5 a 6 meses seguintes, não haja desenvolvimento de nenhum
mato. Este sistema é válido, mas há possibilidades de ocorrer infecções de vírus,
originárias das ervas daninhas que crescerão (se o controle da sementeira não for bem
feito), durante algum tempo, dentro do bananal.
Pode-se evitar o perigo da contaminação viral pulverizando o Karmex
apenas na faixa do sulco, antes do plantio da muda quer seja de laboratório ou
convencional. Aplicado desta forma, evita-se o nascimento de mato dentro do sulco.
As entre linhas serão mantidas permanentemente no limpo, com a enxada rotativa.
Após ao fechamento do sulco ou da cova, estando a área completamente no limpo e
bem molhada, esse herbicida será então aplicado em toda ela.
Entretanto, a forma mais segura de se formar um bananal é plantar-se a
muda e logo em seguida aplicar-se o Karmex apenas dissolvido em água, na área total,
estando o solo molhado. Dessa forma não haverá crescimento de nenhum mato.
As mudas de laboratório, plantadas diretamente da bandeja ou as ensacadas,
não devem receber a aplicação do Karmex imediatamente após ao seu plantio. Esta
aplicação somente poderá ser feita quando elas já tiverem com 10 ou mais folhas,
ocasião em que este herbicida deixa de lhes causar injúrias. Em todos os demais tipos
de muda recém plantadas, pode-se aplicar o Karmex puro, na dosagem de 3 kg/ha,
sem restrições.
Quando começar a aparecer os primeiros matos nesses bananais em
formação (5 a 6 meses), deve-se aplicar o Karmex, na mesma dosagem (3kg/ha),
associado a 500 ml de Gramoxone, mais 0,5 % de uréia, acrescida de
detergente/espalhante, (na dosagem suficiente para se obter espuma sobre o líquido)
dissolvidos em 500 litros d’água.
Esta é uma mistura que deve ser aplicada sempre nos bananais já formados,
dado aos bons resultados práticos e econômicos que apresenta.
A associação do Karmex com o Gramoxone é tão válida que ela é vendida
comercialmente com o nome de Gramocil. Este herbicida reúne os benefícios da ação
de contato e a residual, porém seus efeitos não são maiores do que quando se aplica os
dois herbicidas isoladamente ou mesmo quando eles estão misturados. Além disso seu
custo é, em geral, mais alto. Ele, assim como a mistura citada, tem ação eficiente no
combate as trapoeirabas.
Durante um período de 5 anos de aplicação do Karmex em bananais, não se
verificou nenhum efeito depressivo do mesmo sobre as plantas e a produção.
A despeito da boa eficiência do Karmex (puro), ele não consegue destruir
determinadas ervas daninhas como a trapoeiraba, grande inimiga das bananeiras, por
ser hospedeira da virose mosaico do pepino, e que exige um tratamento específico,
conforme foi exposto.
Há produtores que fazem aplicações de Round-up misturado com 2,4-D,
para controlarem a grama seda com uma só aplicação e obtém bons resultados. É
preciso que se diga, que esta é uma mistura perigosa para ser utilizada em bananais,
uma vez que as bananeiras são muito sensíveis a estes dois produtos. O uso apenas do
Round-up já é, por si só, suficiente para acabar com a grama seda, ainda que algumas
vezes seja necessário fazer-se duas aplicações, com intervalo de 40 a 60 dias, em
função da época do ano. Além disso, o 2,4-D deixa resíduos aderidos nas partes
internas do equipamento pulverizador e das mangueiras, que não são fáceis de serem
eliminados.
Há outros herbicidas também indicados para uso em bananicultura (Quadro
VI-1), mas os aqui referidos são os que tem demonstrado maior eficiência, menor
custo e danos às bananeiras, desde que sejam aplicados como foram indicados.
Em síntese, pode-se esquematizar a seguinte seqüência para um bom
combate as ervas daninhas.
A- Antes do plantio:
A.1- Has mudas convencionais não ensacadas. Deixar o terreno
completamente no limpo e sulcar:
Opção A.1.1.- Aplicar o Karmex somente no sulco. Plantar e manter as
entrelinhas no limpo com a rotativa por 30 dias. Depois do fechamento do sulco,
estando a área completamente no limpo, aplicar o Karmex em toda ela com solo
úmido.
Opção A.1.2- Plantar. Aplicar o Karmex em toda a área.
A.2- Has mudas de laboratório plantadas diretamente da bandeja ou as
ensacadas. Deixar o terreno completamente no limpo e sulcar.
Opção A.2.1- Plantar. Aplicar o Karmex somente sobre o sulco, protegendo
apenas a muda com um balde emborcado sobre ela. Manter as entrelinhas no limpo
com a rotativa, enquanto for possível, cuidando de controlar o mato a nível de
sementeira. Depois do fechamento do sulco, estando a área completamente no limpo e
o solo úmido, aplicar o Karmex em toda ela.
Opção A.2.2- Plantar. Aplicar o Karmex na área toda, protegendo apenas a
muda com um balde emborcado sobre ela.
Após ao fechamento do sulco, há necessidade de se aplicar o Karmex na
faixa de solo que foi revirada com o rastelão.
B- Ho bananal em formação:
Eliminar todas as reboleiras de mato com a enxada manual ou o Gramocil. Aplicar o
Karmex.
C- Ho bananal em produção:
Aplicar, sempre que as sementeiras começarem a se desenvolver, o
Gramocil ou a mistura Karmex com Gramoxone.
Sugestão de uma boa mistura:
200 litros água 200 ml Gramoxone
200 ml de Karmex 100 g de uréia
200 ml de espalhante sendo 2/3 de um bom detergente e 1/3 de espalhante.

Quadro VI- 1- Outros herbicidas que podem ser usados em bananeiras


nome comercial nome técnico dose/ha* formulação ação
embalagem
Dawpon S dalapon 10 kg PM S 5 kg
Diuron Nortox diuron 3 a 4 kg PM R 5 e
25 Kg
Finale glufosinato de amônia 1 a 2 lts. SA S 1lt
Fusilade 2.000 fluzifop-p-butil 1 a 3 lts. CE S 1 lt
Gramocil diuron + paraquat 2 a 3 lts. SA C 1 lt
e 5 lts.
Gramoxone paraquat 3 a 4 lts. SA C 1 lt
Karmex diuron 3 a 4 kg PM R 5Kg
Reglone diquat 3 a 4 lts. PM C 1 lt
Round-up glifosato 1 lt e 5 lts. CS S 1-5
e 20 lts.
ZAPP sulfosati 2 a 5 lts. CS R 20
lts.

P M = pó molhável C S = concentrado solúvel C E = concentrado emulsionável


S A = suspensão aquosa S = sistêmico C = contato R = residual
* As doses indicadas por ha são válidas em se tratando dos residuais. No demais casos elas variam
em função do volume de mato existente.

1.3- “Mulching”
“Mulching”, ou cobertura morta, é o processo pelo qual se reveste o solo
da área cultivada com um material qualquer. Para tanto tem sido comumente utilizado
restos de cultura, capim picado, leguminosas cortadas, bagaço de cana-de-açúcar,
palha de arroz, etc. e ainda lâminas de plástico.
Os objetivos do “mulching” são vários e, para cada cultura, ele tem uma
finalidade. Em bananicultura, o “mulching” é feito, primeiramente, para evitar a
evaporação e a erosão, principalmente em solos arenosos e profundos, bem
estruturados ou em áreas declivosas. É também utilizado para evitar que ervas
daninhas se desenvolvam dentro do bananal.
Quando se faz a cobertura do solo com qualquer material, há uma tendência
das raízes não se aprofundarem em busca de água, nas camadas mais inferiores. Em
solos argilosos e pouco profundos como são em geral os da Baixada Fluminense, e
principalmente os solos de baixada não aluviais do Vale do Ribeira, SP, o “mulching”
não é recomendável. Ele traria as raízes mais para a superfície, as quais já estão a
pouca profundidade, devido as condições físicas do solo e também à falta de seu
arejamento.
O “mulching”, quando feito com restos de vegetais, provoca, com o passar
do tempo, um aumento do teor de matéria orgânica do solo, em decorrência de sua
decomposição, cujos benefícios são enormes para a bananeira.
As áreas protegidas com cobertura vegetal morta, em geral, criam maior
quantidade de organismos e microorganismos, que aceleram sua decomposição.
Nessas áreas, os problemas nutricionais relativos aos micronutrientes são quase
sempre pouco evidentes, principalmente aqueles ligados ao boro e ao zinco. Há
também maior solubilização do fósforo. Os fosfatos naturais, quando aplicados em
cobertura, devido a ação da microflora e microfauna que aí se formam, se solubilizam
mais rapidamente.
Tem-se verificado que, em regiões de solo bem estruturado, cultivado com
bananeiras, após alguns anos de “mulching” feito com bagaço de cana-de-açúcar, elas
apresentam menores danos causados por nematóides. O simples fato do “mulching”
manter o solo, permanentemente, com maior teor de umidade superficial, já contribui
para um certo controle natural dos nematóides.
Bananais bem conduzidos, com alta densidade de plantio, já a partir da
colheita do primeiro cacho, produzem uma elevada quantidade de restos de cultura,
que constituem o início de um “mulching”. Após a produção do segundo cacho,
forma-se um “mulching” com os restos das bananeiras, que é mais do que suficiente
para cobrir toda a área.
O “mulching” reduz a evaporação, sendo portanto muito benéfico em áreas
com baixo índice de precipitação mas, ele também constituí uma barreira à penetração
no solo, das ocasionais chuvas, o que torna as estiagens mais graves ainda. Porém, no
caso das bananeiras, esse problema é naturalmente contornado, devido a disposição
das folhas mais jovens na planta, que canalizam grande parte das chuvas caídas para o
pseudocaule, que por ele escorrem diretamente para o solo. Desta forma a restrição
apresentada anteriormente, fica muito reduzida.
Em áreas onde há o “mulching”, os programas de irrigação devem ser feitos
levando-se em conta que, inicialmente, parte da água que será aplicada não vai atingir
o solo, pois ela ficará retida na camada vegetal, para somente depois chegar a ele. Esta
realidade deve ser considerada ao se fazer as primeiras irrigações, quando então,
apenas nesta ocasião, se ampliará um pouco mais as horas de serviço, para compensar
essa perda de água que o solo não vai receber, mas que servirá para acelerar a
decomposição do “mulching”, futura adubação orgânica.

2- Limpeza da bananeira
Esta operação consiste na eliminação de folhas cujas bainhas se soltaram do
pseudocaule, velhas ou secas, ou que estejam caídas junto ao pseudocaule.
É importante lembrar que todos os restos das bananeiras não devem ser
retirados da plantação e sim colocados nas entrelinhas, pois eles reciclam nutrientes e
constituem uma grande fonte de matéria orgânica. Mesmo os restos de bananeiras
eliminadas por problemas viróticos ou fúngicos, devem permanecer dentro do bananal,
recomendando-se apenas que eles sejam bem repicados, para entrarem em rápida
decomposição pelos fungos e microrganismos saprófitos. As plantas atacadas por
fusário receberão os mesmos tratamentos das demais, porém aquelas contaminadas
pelo moko tem de ser queimadas no mesmo local (Cap. XI-3.1). Retirar esses restos de
bananeiras do bananal tem elevado custo e não melhoram em nada sua sanidade.

2.1- Desfolha ou eliminação de folhas


A eliminação de folhas também conhecida como limpeza de folhas ou ainda
por desfolha é uma operação que deve ser feita periodicamente nas bananeiras.
A desfolha é importante por:
a) permitir, nos bananais em formação, uma melhor movimentação do trator
com enxada rotativa junto a planta;
b) acelerar o desenvolvimento dos filhos;
c) facilitar as adubações, o desbaste, o combate aos nematóides e a
broca-das-bananeiras;
d) possibilitar um melhor arejamento interno do bananal;
e) eliminar os amontoados de folhas secas caídas junto aos pés das
bananeiras, onde as cobras e as formigas costumam se aninhar;
f) evitar que as folhas fiquem produzindo injúrias nas inflorescências ou
nos cachos e facilitar o ensacamento das inflorescências;
g) possibilitar maior rapidez na colheita;
h) acelerar a decomposição das folhas e dos fungos que estiveram
parasitando-as.
Esta operação é feita com o penado, o facão (Foto VI-1A), a foice bifurcada
(Foto VI-1B) ou o camar.

Foto VI-1A- O facão e o penado são as ferramentas mais usadas nos


bananais.
Foto VI-1B- Nas plantas de porte alto, a foice bifurcada
tem grande utilidade na desfolha.
A desfolha deve ser feita com muito critério, retirando-se somente as
folhas cujas bainhas estejam começando a desencapar o pseudocaule, aquelas que
estejam caídas, as com seu pecíolo quebrado junto ao pseudocaule, aquelas secas
completamente ou apenas com mais de 50% dela (Foto VI-2).

Foto VI-2- Nos bananais em formação a desfolha deve ser feita para
arejar seu interior e melhorar o desenvolvimento da muda.
As folhas que estejam em posição normal, porém estando parcialmente
secas por falta d’água, de nutrientes ou devido à sigatoka-amarela ou negra, mas se
estiverem ainda com 30 a 40% de área verde, pode-se recomendar que se elimine
apenas a parte necrosada. Isto será feito mais por uma questão de estética. Apenas no
caso da sigatoka-negra a eliminação dessa parte é válida (ver Cap. XI-2.3).
Pretender eliminar folhas secas ou apenas a parte que está seca, na
expectativa de se controlar a sigatoka-amarela ou a negra de nada adianta. Esta
operação serve apenas para provocar o apodrecimento mais rápido desse material e
com isso expôr-se esses fungos ao saprofitismo de outros. Retirar estas folhas secas de
dentro do bananal, por esse motivo, em nada interfere com o desenvolvimento dessas
enfermidades. Entretanto, isso representa apenas jogar-se fora nutrientes e matéria
orgânica, que iriam contribuir, como fertilizantes, para a melhoria da lavoura.
O corte das folhas secas deve ser feito nos pecíolos, de baixo para cima,
bem rente ao pseudocaule, tomando-se o cuidado de não desgrudar as bainhas que
ainda estejam aderidas a ele. Aquelas que já estejam se soltando devem ser aparadas
na sua base, na região do colo do rizoma (Foto VI-3).

Foto VI-3- As folhas que ainda tenham o pecíolo vivo serão cortadas
de cima para baixo.
É prática condenável forçar o descolamento das bainhas e sua eliminação,
de modo a deixar exposto o colorido característico da bananeira, que permite
identificar a que grupo ela pertence. Há bananicultores, menos avisados, que gostam
de ver o bananal do cultivar Nanica ou Nanicão, com todos os “troncos vermelhos”
após a desfolha. Deve-se procurar deixar sempre o maior número de bainhas
agregadas ao pseudocaule, pois é o conjunto delas que suporta o peso do cacho e
contribui para o seu desenvolvimento, fornecendo os nutrientes nelas armazenados.
A primeira eliminação de folhas sendo feita aos quatro meses, repetida aos
seis meses e, uma terceira vez, aos dez meses são suficientes para cobrir o período do
plantio a colheita.
Nos bananais já formados, a desfolha deve ser feita de preferência
precedendo o desbaste e as adubações, durante os meses de agosto (após o inverno),
dezembro (durante as chuvas) e abril (antes do inverno). Nas regiões onde não há
verão e inverno bem definidos, deve-se fazer a desfolha três vezes ao ano, em épocas a
ser determinada pelo aspecto do bananal.
Deve-se cortar as folhas que estejam tocando nas inflorescências ou nos
cachos, de modo total ou parcial, segundo os problemas que elas estejam causando.
Mesmo depois de embolsado o cacho, há necessidade de se inspecionar,
periodicamente, o bananal, para se eliminar as folhas que eventualmente estejam
esfregando nele.

2.1.1- Desfolha e poda após a geada


As bananeiras danificadas pela geada devem sofrer uma desfolha de acordo
com a idade da planta. As folhas queimadas pela geada, se conservadas por algum
tempo na bananeira, servem de sua auto-proteção e a dos seus descendentes, contra
novas intempéries. Elas só devem ser eliminadas, nas condições do Estado de São
Paulo e nos outros sulinos, durante a segunda quinzena de setembro, quando são
diminutas as possibilidades de novas geadas.
A planta “mãe” que ainda não tenha lançado a inflorescência, deve sofrer
apenas a eliminação normal de todas as folhas queimadas, como se fossem folhas
velhas. As bainhas que estejam “queimadas” pelo frio, somente devem ser eliminadas
quando vierem a se soltar.
No bananal em formação, as baixas temperaturas provocam na muda
“mãe”, ainda em fase de brotação, a paralisação de seu crescimento. Com a elevação
da temperatura, há imediato desenvolvimento do “filho”, que cresce vigoroso,
enquanto a “mãe” tem seu desenvolvimento muito reduzido, sendo por vezes
suplantada por ele. Nesse caso, a planta “mãe” pode até chegar a produzir um cacho,
mas de qualidade bem inferior e com grande alongamento de seu ciclo vegetativo.
Ocorrendo um grande desenvolvimento do “filho”, é preferível fazer uma
poda na planta “mãe”, eliminando todas as suas folhas e se possível sua inflorescência
também, com um só golpe de facão, dado na altura da roseta foliar. A despeito de ter
sido feita esta poda na muda “mãe” ainda em formação, ela poderá recomeçar seu
desenvolvimento, mas tenderá a definhar em beneficio do “filho”. Não se fazendo esta
poda, a planta “filho” produzirá um cacho com as pencas normais, porém com os
dedos curtos, quase que simultaneamente com a “mãe”.
Esta paralisação do crescimento da “mãe”, decorre da coagulação da seiva
em seus tecidos causada pelo frio e que é proporcional a sua intensidade e ao número
de horas em que ele ocorreu. Isto impede que a seiva volte a circular livremente por
toda a “família”. Fato semelhante ocorre com o ser humano com alto índice de
colesterol em suas veias, o qual dificulta a circulação do sangue.
Se o bananal já está adulto e ainda a bananeira estiver com várias folhas por
emitir, deve-se retirar todas as que estão secas, para facilitar o seu desenvolvimento.
Quanto a se deixar o cacho que ela irá produzir, será um fato a se resolver
posteriormente, em função do seu tamanho, desenvolvimento e da projeção dos preços
do mercado para a ocasião da colheita a ser feita.
Entretanto, fazendo-se a desfolha da “mãe” ou mesmo a colheita da
inflorescência ou do cacho prematuramente, tem sido verificado que a produção do
“filho” é normal, o que não acontece quando não se faz esta poda. Em geral, é
preferível sacrificar essa safra em benefício da próxima.
Caso ela esteja emitindo o cacho, ou já o tenha feito, mas as bananas não
atingiram ainda o desenvolvimento padrão de 28 mm, deve-se cortar a planta na sua
roseta foliar, pois esta fruta não atingirá maior diâmetro, portanto não terá valor
comercial. Essa poda beneficiará o “filho”, que crescerá mais rapidamente.
O cacho, cujos dedos já estejam no padrão de 30 mm, poderão continuar na
planta por mais algum tempo, para ganhar um pouco mais de peso, mas ele não
atingirá padrões maiores, devido ao forte “chilling” ocorrido tanto nos frutos como na
planta. Tais cachos, devido ao secamento das folhas pelo frio, ficam sujeitos a queima
pela sua exposição aos raios solares. Para evitar esse problema, há produtores que,
neste caso, tentam proteger o cacho envolvendo-o com folhas de jornal, cujos
resultados são duvidosos. Cachos nesta situação, em geral tem baixo valor comercial,
mas algumas vezes, por uma contingência de mercado, podem alcançar um preço
razoável.
Se ocasionalmente ocorrer, após a geada, um período de chuva e calor forte
que favoreçam o desenvolvimento da bananeira e do cacho também, as bananas com
30 mm ou mais de diâmetro, voltam a se desenvolver internamente, mesmo estando a
planta sem folha. Entretanto, o mesmo não acontece com sua casca, devido ao
“chilling” e isto provoca o seu rachamento e a anulação do seu valor comercial.
Se o cacho já estava no padrão 34 mm, quando ocorreu o frio, é preferível
colhê-lo porque, praticamente, não apresentará mais nenhum desenvolvimento.

2.1.2- Desfolha após enchente


Os bananais que tenham sofrido inundações por um período máximo de 6
horas quase não apresentam prejuízos. Ressalvam-se os casos em que a água atingiu
total ou parcialmente o cacho, a inflorescência ou o coração quando é comum
aparecer, após alguns dias, infecções na ráquis masculina que acabam atingindo até as
primeiras pencas de bananas.
Se a enchente é rápida e alcança a inflorescência ainda nova, há
possibilidades dela se desenvolver e vir a formar um cacho quase normal. Todavia, se
o cacho já esta formado há mais de 30 a 40 dias, dificilmente será sadio devido as
infecções que se iniciam nos restos florais da banana. Além disso, a fruta fica
impregnada de argila trazida pela enchente, cuja remoção só se consegue com muita
dificuldade. Nestas condições, a banana não é aceita pelo comércio, mas em épocas de
falta de fruta, pode até ser absorvida pela indústria de bananadas, porém sempre a
preço inferior. Nestas circunstâncias, é recomendável que se faça uma poda a nível da
roseta foliar dessas plantas, durante a primeira desfolha após a enchente.
Os prejuízos das inundações se tornam tão mais intensos quanto menor for
a velocidade das águas na área atingida, porque as águas paradas são pobres de
oxigênio e, com isto, as raízes morrem rapidamente por asfixia.
Quando a enchente ultrapassa 12 horas (água parada), recomenda-se, como
medida preventiva, que os “filhos” atingidos sejam imediatamente podados abaixo da
sua roseta foliar, para evitar o apodrecimento da vela.
Na planta “mãe” só se faz a eliminação das folhas secas, quando já
houverem se passados 45 a 60 dias ou depois que tenham ocorrido fortes chuvas,
capazes de dispersar a camada de argila decantada sobre o solo. Fazendo-se a desfolha
imediatamente após a inundação, formar-se-á sobre a área uma manta de folhas, que
impedirá que seja restaurado o sistema respiratório do solo e, com isto, se retarda
ainda mais a recuperação das raízes.
Em bananais que permaneceram inundados (água parada) por mais de 24 h,
é freqüente aparecer o apodrecimento da parte central do pseudocaule dos “filhos” que
foram totalmente cobertos pela água, o que também se verifica nas plantas “mãe”, que
ainda não lançaram sua inflorescência. Neste caso, a vela e o cartucho são os primeiros
a manifestar os sintomas de apodrecimento da parte interna da planta.
Esses órgãos começam a secar internamente, de cima para baixo, chegando
às vezes a atingir o rizoma. Todas as plantas “mãe” ou “filho” que comecem a
apresentar esses sintomas, devem ter seus pseudocaules aparados progressivamente, de
cima para baixo, com cortes horizontais, até se eliminar totalmente as partes afetadas.
Por medida de segurança, recomenda-se que mais 10 a 15 cm de tecido vivo sejam
também eliminados. Isto é feito para se conter a infecção que está matando essas
folhas e facilitar que a bananeira emita outras novas.
Nas plantas não tão severamente prejudicadas, deve ser feita uma criteriosa
eliminação de folhas e bainhas, cortando-se apenas aquelas que apresentarem aspecto
clorótico, facilitando-se assim a recuperação do arejamento do solo, por se depositar
menos cobertura sobre ele.
Estes prejuízos serão menos graves, se restarem algumas raízes vivas nas
bananeiras mas, mesmo assim, haverá certa paralisação no seu desenvolvimento. A
roseta foliar não entra em “trabalho de parto”, mantendo-se estrangulada e isto impede
que a inflorescência ganhe o exterior. Mas, como a formação das bananas é um
fenômeno paternocárpico, portanto não precisam ser fecundadas, elas se desenvolvem
dentro do próprio pseudocaule. Examinando essa bananeira, tem-se a impressão que
ela está “grávida” por apresentar uma grande dilatação no pseudocaule, que
corresponde ao local onde o cacho se encontra. Na linguagem do produtor, diz-se que
ela vai sofrer um “aborto” pois, com o decorrer do tempo o pseudocaule se rompe
verticalmente e em seguida aparece o cacho, já com bananas desenvolvidas. O engaço
fica retorcido, cheio de alças de formato bastante curioso, mas para o agricultor isto
representa apenas uma coisa: prejuízo total. Esta forma de nascimento do cacho é
semelhante aquele que pode ocorrer após as geadas.
Os bananais que sofreram enchente terão a safra seguinte muito
comprometida não só devido a perda de grande número de folhas, como também pela
destruição do seu sistema radicular, havendo, por conseguinte, o aparecimento de
elevada porcentagem de plantas caídas durante o cacheamento. Além disso, o produtor
deve lembrar sempre que bananal que sofreu inundação fica por vários meses
apresentando sintomas de desequilíbrios nutricionais. Isto ocorre por morte de raízes e
falta de oxigenação no solo, o que limita a solubilização de nutrientes e o
desenvolvimento da microflora que também participa desse processo. Além disso,
parte dos adubos aplicados foram lixiviados. Esta situação tende a se normalizar
somente após ocorrerem várias chuvas fortes, que restaurarão a capilaridade do solo.
Depois de uma criteriosa avaliação dos prejuízos, que ainda virão por causa
da enchente, sobre as próximas colheitas e o seu valor comercial nessa época, pode ser
vantajoso reformar prontamente todo o bananal, a fim de assegurar uma boa safra em
época de melhor comercialização.

3- Desbaste

3.1- Considerações
O desbaste consiste em se matar ou extirpar a gema apical de crescimento
de um rebento (“filho” ou “neto”) para se impedir que ele cresça e venha a formar uma
nova bananeira. Caso isto não seja feito, ter-se-á realizado apenas uma poda no
rebento, que fatalmente irá rebrotar. Todos os rebentos desbastados são considerados
supérfluos.
O desbaste favorece o maior e mais rápido desenvolvimento do rebento
deixado, o qual será o responsável pela produção da próxima safra (se for um “filho”)
ou então o que produzirá a safra seguinte (se for um “neto”).
Trabalhos feitos para se estudar a condução de um bananal, demonstraram
que em cada cova deve-se deixar desenvolver apenas uma “família” (“mãe”, “filho”,
“neto”, “bisneto”, etc.), para se obter a maior precocidade na produção. Este sistema
de condução evita a formação de um amontoado de rizomas que acabariam se
tornando uma “touceira” (Foto VI-4).

Foto VI-4- Havendo apenas uma “família” por cova, as raízes se


distribuem melhor e a produção é maior.
Havendo apenas uma única “família” por cova, evita-se o rápido
esgotamento da água e dos fertilizantes do solo nesse local, como acontece no caso de
uma “touceira”. Além disso, na “touceira”, há condições mais favoráveis para o abrigo
e o desenvolvimento da broca-das-bananeiras.
Na “touceira”, seus componentes, ao brigarem por um espaço para crescer,
deixam diminutos vazios para as raízes da “mãe” se desenvolverem. Esta situação
provoca casos em que o estrangulamento é tão forte que estas raízes quase se rompem.
Os rizomas “filhos” crescem em torno do rizoma da “mãe” como
verdadeiras bexigas infláveis, que vão progressivamente aumentando seu volume e
com isto, a planta “mãe” fica como que boiando sobre eles, provocando, com muita
facilidade, o seu tombamento.
O tradicional sistema de se plantar o bananal bem aberto e depois deixar
duas ou três “famílias” se desenvolverem está completamente superado, pois elas
passam, na realidade, a constituir uma pequena “touceira”.
Neste sistema, o bananicultor planta, em geral, cerca de 700 mudas/ha e
deixa três “famílias” se formarem, tem maiores gastos com o controle do mato e colhe
tão somente 700 cachos. Plantando 2.000 mudas/ha de um cultivar de porte baixo ou
médio, ele tem menos gastos no controle do mato e colhe, já na primeira safra, 2.000
cachos. Estes cachos não serão em absoluto, inferiores em tamanho e peso aos do lote
aberto (700 cachos), cuja produção somente se igualará na segunda colheita.

3.2- Quando desbastar


Fazendo o desbaste na época certa, verifica-se que o único rebento deixado
se desenvolve mais rapidamente e com isso os ciclos de produção são mais curtos.
Entretanto, há duas situações conflitantes para se determinar essa época.
Pensando primeiramente em se evitar os problemas que ocorrem na
formação de uma touceira, no que concerne a localização e o desenvolvimento dos
rizomas “filhos”, é possível concluir-se que a melhor época para início do desbaste,
deveria ser quando os “filhos” estivessem ainda bem novos, com aproximadamente 20
a 30 cm de altura, para se evitar os prejuízos que eles causam na “mãe”.
Para reforçar como certo este conceito sobre esta época de desbaste do
“filho”, tem-se o fato que, ao se deixar para realizar esta operação mais tarde, quando
esse “filho” já estiver mais desenvolvido, o desbaste será viável, porém suas gemas
laterais de brotação já estarão suficientemente intumescidas para logo darem origem a
formação de plantas “neto”, as quais, futuramente, terão de ser eliminadas.
Por outro lado, o fato da planta “mãe” conseguir enviar para seus “filhos” e
estes para seus “netos”, hormônios inibidores do crescimento vegetativo de suas
folhas, faz com que estas se conservem lanceoladas por muito tempo e, portanto,
jovens e com diminuta atividade fotossintética. Desta forma, eles não se emancipam e
seus sistemas radiculares ficam totalmente trabalhando para a “mãe”.
Este fato possibilita avaliar-se, visualmente, até quando a “mãe” está
inibindo o desenvolvimento ou melhor, a emancipação fisiológica do “filho”, bastando
para isso observar-se as dimensões das suas folhas. Esta situação de inibição persiste
por um tempo que varia, principalmente em função da densidade de plantio, sendo
mais longo nos espaçamentos menores.
A planta “mãe” por ter grande área foliar, consegue como que succionar
para si todos os líquidos que os “filhos” e os “netos” extraem do solo. Posto isto ela
realiza a fotossíntese dos nutrientes contidos neles, os sintetiza e os armazena em seus
tecidos, não permitindo que eles retornem para os seus “filhos” e “netos”.
Levando-se em conta o exposto e pensando apenas no desenvolvimento da
“mãe”, seria então recomendável realizar-se a operação desbaste somente, quando as
folhas de seus “filhos” começassem a deixar de ser lanceoladas, portanto mais
tardiamente. Com isto se possibilitaria que a “mãe” usufruísse, por um maior período
de tempo, dos líquidos que os sistemas radiculares dos “filhos” conseguissem captar.
Desta forma a “mãe” ficaria mamando nos “filhos” e “netos” invertendo um principio
básico da vida, o qual seja, cabe à “mãe” cuidar de seus jovens “filhos”.
Além destas duas realidades antagônicas (estrangulamento que os rizomas
“filho” provocam sobre o da “mãe” e a inibição da “mãe” sobre o “filho”) tem-se
ainda, para complicar mais a definição da melhor época para a execução do desbaste,
os resultados das recentes pesquisas realizadas usando-se o buraco feito com o
desbastador “lurdinha” (ver Figura VI-3), para a extração da gema apical de
crescimento. Estas pesquisas demonstraram ser possível utilizar-se esse buraco, como
se fosse uma veia, para a aplicação de uma injeção contendo fertilizantes, fungicidas e
ou nematicidas os quais, com esta metodologia, circularão de imediato em toda a
“família” bananeira.
Para se solucionar este impasse sobre melhor época de se realizar o
desbaste, recomenda-se que, uma vez eleito o rebento que será conservado como
“filho” (ou “neto”), todos os demais “irmãos” terão seus pseudocaules apenas
aparados ao nível do solo. A extração da gema apical de crescimento destes rebentos
podados será feita oportunamente, quando das aplicações dos defensivos ou dos
fertilizantes, se o produtor resolver utilizar-se desta técnica. Caso contrário, a extração
da gema apical, que constitui o desbaste propriamente dito, será feita simultaneamente
com a poda, somente nos rebentos mais desenvolvidos isto é, aqueles cujos
pseudocaules tenham seu diâmetro no mínimo, de 12 cm ao nível do solo. Os demais
serão simplesmente podados e a extração da sua gema apical realizada no próximo
desbaste do bananal, quando então eles estarão mais desenvolvidos (Figura VI-1).
Figura VI- 1- Esquema da seqüência do desbaste com uma “família”.
Deve-se retardar a extração da gema apical, nos rebentos de pequeno
diâmetro, por ela ser, neste caso, mais difícil e de menor eficiência. Evita-se esta
situação introduzindo-se a “lurdinha” apenas nos rebentos mais desenvolvidos, ou
seja, naqueles que tenham mais de 12 cm de diâmetro na superfície aparada.

3.3- A seleção e a formação da “família” bananeira


É voz corrente entre os bananicultores que este ou aquele é o melhor
“filho” a ser deixado. Entretanto, resultados experimentais demonstraram que se deve
selecionar como “filho”, aquele que atinja maior altura primeiramente.
Usando-se este critério de seleção, se obtém o próximo cacho mais
precocemente devido ao menor ciclo de produção, portanto, resultados econômicos
antecipados.
Do exposto tem-se que, nas condições de várzeas (ou topografias planas), a
escolha do “filho” a ser conservado para produção da próxima safra, se dará por volta
do 4º mês de plantio do bananal, quando então um dos “filhos” deve ter atingido a
altura abaixo relacionada, conforme o porte do cultivar. Esta escolha será feita
independentemente do seu aspecto ou localização. Geralmente neste primeiro desbaste
os “filhos” maiores tem:
50 a 60 cm para os cultivares de porte baixo;
80 a 100 cm para os de porte médio;
120 a 150 cm para os de porte alto.
Em áreas declivosas, o esquema da eleição do “filho” a ser conservado será
outro, pois recairá sempre naquele que estiver se desenvolvendo na melhor posição de
subir o morro. Esta escolha contraria o exposto anteriormente, mas evita o afloramento
dos rizomas descendentes, o que reduz eventuais quedas de bananeiras.
Depois de escolhido o “filho”, tanto nas condições de várzea como de
morro, os demais rebentos “irmãos” serão considerados supérfluos e como tais
deverão ser podados. O desbaste propriamente dito será feito conforme foi explicado
no item anterior, quando se definiu a melhor época de se realizar esta operação.
Na escolha da planta “neto” a ser mantida, quer seja na várzea ou no
morro, usa-se o mesmo critério aplicado para a planta “filho”, ou seja, conservam-se
vários rebentos “irmãos” até que o maior deles atinja a altura de:
40 a 50 cm para os cultivares de porte baixo;
60 a 70 cm para os de porte médio;
100 a 120 cm para os de porte alto.
Tendo-se obtido a altura citada em um deles, todos os demais serão apenas
podados junto ao solo. A extirpação da gema apical de crescimento somente será feita
segundo o exposto no item anterior.
Durante a formação do bananal, é recomendável que no 4º mês seja feita a
poda dos “filhos” supérfluos e o efetivo desbaste ao 6º e 10º mês de idade.
Durante o desenvolvimento inicial do bananal plantado com mudas
convencionais, pode aparecer em uma mesma cova, duas plantas se formando
simultaneamente, com certa igualdade de crescimento. Estas mudas quase sempre são
“irmãs”. Uma vez estabelecido uma diferença de altura entre elas, aquela que for a
mais alta deverá ser conservada e a outra eliminada. O nascimento de duas mudas
quase iguais é mais difícil de ocorrer nas mudas de laboratório.
Este sistema de desbaste, onde se deixa sempre o maior rebento, sem se
preocupar com sua localização, permite ao produtor colher em seu bananal plantado
em várzea (ou topografias planas), na densidade de 2.000 famílias/ha, com cultivares
de porte baixo ou médio, no Estado de São Paulo, os três primeiros cachos em 24 a 40
meses, desde que sejam supridas todas as exigências da bananeira, relativas a tratos
culturais, irrigação, adubação e tratos fitossanitários. O alongamento da época da
colheita é uma conseqüência dos prejuízos causados pelo frio durante o inverno.
Para que estas produções se processem no tempo mínimo, é preciso que o
bananal seja plantado em setembro/outubro para que a colheita da planta “mãe” venha
acontecer em outubro, a do “filho” em maio e a do “neto” em dezembro.
Entretanto, em regiões mais quentes, com temperaturas de inverno sempre
superiores a 22º C, pode-se obter essas três colheitas em até 20 meses, enquanto que
nas regiões mais frias ele pode se alongar para 36 a 40 meses.
Nos bananais adultos, a época do desbaste seguirá a programação da
desfolha, operação esta recomendada que seja feita em agosto, dezembro e abril, para
as condições do Estado de São Paulo. Nas áreas mais quentes ou mais frias e com
lavouras irrigadas ou não, pré-fixar uma época rígida para se fazer a desfolha e o
desbaste é mais difícil, sendo contudo, recomendável que eles sejam feitos sempre três
vezes por ciclo vegetativo.
Nos bananais adultos, o vigor juvenil das plantas sofre uma diminuição, o
que provoca menor emissão de “filhos” e de “netos”, juntamente com uma redução da
sua velocidade de crescimento. Estes fatores se tornam cada vez mais intensos a
medida em que o bananal envelhece. A despeito disso, a metodologia do desbaste será
a mesma recomendada para os bananais novos, ou seja, deixa-se os “filhos” e os
“netos” crescerem até que um deles atinja a altura citada anteriormente. Todos os
demais serão então apenas aparados e somente desbastados segundo um dos métodos
expostos no item 3.5 a seguir.
Não deve haver a preocupação em se querer manter o alinhamento original
de plantio, pois com o tempo ele desaparecerá naturalmente. Isto decorre do fato de
que uma vez definido o primeiro “filho” e o “neto”, há uma tendência (± 70%) de que
o aparecimento do próximo rebento (“bisneto”) mais precoce ocorra nessa mesma
direção de “caminhamento”, que a “família” está seguindo. Entretanto, seu nascimento
pode se dar tanto de um lado como de outro dessa linha de caminhamento porém,
dentro de um ângulo não superior a 30º, à sua direita ou à sua esquerda.
Todavia, teoricamente, é possível manter-se um bananal com alinhamento
original, porém isto, fatalmente, ocasionará um alongamento do ciclo de produção em
muitas “famílias”, o que é economicamente indesejável. Estas “famílias” terão seu
ciclo alongado, por ter-se de esperar que ocorra o nascimento de um “filho” no
alinhamento desejado. Além disso, o produtor deve ter sempre em mente que a
reforma periódica do bananal é econômica e agricolamente recomendável. É nesta
ocasião que se restaurará o alinhamento de plantio.

3.4- úmero de “famílias” por cova


Os comentários feitos anteriormente, sobre as vantagens de se deixar
apenas uma “família” por cova, se o plantio foi feito nas densidades recomendadas,
são absolutamente válidas. Entretanto, para se corrigir um erro de plantio, no qual se
utilizou espaçamentos maiores do que os indicados, pode-se fornecer algumas opções.
Caso isto tenha acontecido, o agricultor pode compensar esse erro deixando
duas ou três “famílias” por cova, para as condições de várzea (ou de topografia quase
plana). Se o espaçamento foi muito grande a ponto de comportar o desenvolvimento
de quatro “famílias”, é recomendável que se faça um adensamento da área,
plantando-se uma muda tipo replante ou maior ainda, no centro do intervalo de quatro
delas.
A opção pelo número de “famílias” que se vai deixar deve ser feita antes do
primeiro desbaste.
No caso de duas “famílias” por cova, em condições de várzea (ou
topografia quase plana), a primeira delas se iniciará com o “filho” maior. Para a
formação da segunda, deverá ser deixado um “filho” que esteja com a altura 20 a 30%
menor do que o maior já escolhido e em uma posição quase oposta ao primeiro
selecionado. Esta estratégia objetiva dar uma certa defasazem de tempo entre a
colheita da primeira e da segunda “família”. Quanto a localização deles é para evitar
que durante o florescimento e o desenvolvimento do cacho, eles não venham a causar
injúrias reciprocamente. A altura do segundo é menos prioritária do que a sua
localização.
Uma vez escolhido os “filhos” que darão origem às duas “famílias”, o
programa de desbaste para os “irmãos”, “neto”, etc. seguirá as normas definidas no
item VI-3.5.
No caso de três “famílias” por cova, em condições de várzea (ou topografia
quase plana), o critério para a escolha dos “filhos”, que gerarão a 1a e 2a “famílias”,
a
será o mesmo descrito para o caso de duas “famílias”. A 3 “família” será escolhida a
partir de um “filho” que tenha apenas 50 a 60% da altura do “filho” maior. Deve-se
procurar distribui-los uniformemente ao redor da “mãe”, conservando, portanto, 120º
entre eles, lembrando que é mais prioritário a localização deles do que suas alturas.
As recomendações quanto ao desbaste das três “famílias”, após a escolha
dos três “filhos”, são as mesmas feitas para o caso de duas “famílias”.
No caso de topografias acidentadas é possível deixar-se desenvolver até
duas “famílias” por cova, mas quando se deixa três há, comumente, problemas de
tombamentos de toda a “touceira”. No caso de se deixar dois “filhos” que irão formar
as duas “famílias”, eles deverão ficar voltados morro acima, porém o mais distante
a
possível um do outro. Apenas na seleção do “filho”, que irá formar a 1 “família”, se
levará em conta o limite de altura anteriormente citado, segundo o cultivar. Na seleção
do 2º “filho”, se observará apenas sua localização. Quanto ao desbaste, se aplicará as
instruções feitas no item VI-3.5.
Há ainda um outro sistema de se conduzir o bananal, quanto ao número de
“famílias” por cova. Este sistema é conhecido pelos produtores como “uma família e
um filho bastardo”.
Este método é mais recomendado para os cultivares de porte alto plantados
a 3 x 4 metros e para alguns espaçamentos como 2,5 x 3 metros, ou 3 x 3 metros para
plantas de porte médio.
Nese método, o desbaste é feito como se o bananal fosse ser conduzido com
uma só “família” porém, por ocasião da seleção da planta “neta”, deixa-se crescer
também um rebento que tenha brotado da planta “mãe” e que esteja preferencialmente
a 90º, à direita ou à esquerda do sentido de caminhamento da “família”. Esse será o
“filho bastardo”. É importante que esse rebento seja efetivamente um “filho” da “mãe”
e não um rebento brotado de um “filho” já desbastado, pois esse seria um “neto”.
Esse “neto” não servira pois ele não tendo ligação com sua “avó”
decorrente da eliminação (desbaste) do indivíduo que havia entre eles (“filho”), não
ocorreria as trocas hormonais de “mãe” e “filho”, o que lhe provocaria um lento
desenvolvimento, pois ele seria uma muda guarda-chuva.
Durante o processo de desenvolvimento do “filho bastardo”, todos os seus
“filhos” serão sempre apenas podados ao nível do solo, quando estiverem de 40 a 50
cm de altura, independentemente de ser um cultivar de porte médio ou alto. A
utilização do desbastador “lurdinha”, descrito no item seguinte, somente será feita
quando se lhe for aplicar adubos ou defensivos no seu interior, se assim o produtor
optar. Caso contrário ele fará o desbaste propriamente dito, apenas quando for
eliminar este “filho bastardo”, usando só o facão ou o facão mais a “lurdinha”.
Após a colheita do “filho bastardo” ele deverá ser eliminado por completo
com a poda e repicagem do seu pseudocaule até ao nível do solo, em uma só operação.
A escolha do próximo “filho bastardo” será feita sempre, simultaneamente,
com a seleção da planta “neta” da “família” (Figura VI-2).

Figura VI-2- Esquema de desbaste deixando uma “família” e um “filho


bastardo”.
Tudo que se falou sobre desbaste são informações básicas e genéricas. O
desbaste é uma operação que precisa ser feita com muito critério, pois dela depende o
desenvolvimento do bananal. Implica isto em dizer que, o desbastador deve ser uma
pessoa que se inteire do que foi aqui explicado e tenha bom senso.
O desbaste se torna mais difícil de ser feito quando sua programação está
atrasada. Em geral, neste caso, o desbastador terá de usar os seus conhecimentos
técnicos e o bom senso para resolver os problemas, cova por cova, pois as regras
deixam de ser válidas. Com o tempo se corrigirão os erros que fatalmente irão
aparecer.

3.5- O desbaste
O desbaste pode ser dividido em pré-desbaste e o desbaste propriamente. O
pré-desbaste corresponde a poda que se faz nos “filhotes” pequenos até que seus
pseudocaules atinjam o diâmetro de 12 cm, ao nível do solo. Esta poda poderá ser feita
mais de uma vez. O desbaste propriamente somente será feito quando esse “filho”
tenha se desenvolvido e atingido o diâmetro de 12 cm.
Desta forma, quando se for fazer o desbaste, o “filho” (e o “neto”) que irá
dar origem a “família”, já foi definido anteriormente e é facilmente identificável por
nunca ter sido podado, como aconteceu com seus “irmãos” supérfluos.
Há duas formas mecânicas de se realizar a operação de desbaste: a primeira
é feita somente com o facão ou o penado e a segunda, com a complementação da
“lurdinha”.
O desbaste também pode ser feito por meio de herbicidas.
No desbaste mecânico feito com o facão ou o penado, inicialmente corta-se
horizontalmente, bem próximo do solo o pseudocaule dos “filhos” a serem eliminados.
Desta forma ficará apenas aquele “filho” (ou “neto”) que irá futuramente substituir a
“mãe”. Posto isto, recorta-se em profundidade, com a ponta da ferramenta, a superfície
cortada de cada um dos rebentos a ser eliminado, a fim de se tentar atingir a sua gema
apical de crescimento para causar sua destruição. Entretanto, dada a localização dessa
gema, atingí-la é problemático e nem sempre se consegue executar essa operação a
contento, pois, principalmente nos bananais novos, ela se encontra a 15, 20 ou mais
cm de profundidade. Se a ponta da ferramenta não a atingir, o rebento voltará a crescer
novamente, pois como se viu no capítulo sobre a morfologia, o crescimento da
bananeira depende exclusivamente da sua gema apical de crescimento.
Para se evitar essa dificuldade de se atingir a gema apical de crescimento,
em 1967 foi desenvolvido no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), uma
ferramenta específica para esse objetivo, denominada “lurdinha”*, com a qual se faz a
extirpação dessa gema muito mais rapidamente e com 100% de acerto. Uma versão
simplificada deste aparelho, tornou-o ainda mais eficiente. Essa ferramenta
assemelha-se a um vazador de couro, em maiores dimensões, conforme pode-se
observar na Figura VI-3 e Figura VI-3A.

Figura VI-3- “Lurdinha simplificada” - ferramenta desenvolvida no Instituto


Agronômico de Campinas, em l967, para ser utilizada especialmente na
operação de desbaste em bananeiras. Ela é também usada para se fazer a
aplicação de nematicidas sistêmicos no combate aos nematóides e à
broca-das-bananeiras, de fungicidas no controle da sigatoka e ainda na
aplicação de fertilizantes.
* plagiando o nome da metralhadora de um certo político.
* Plagiando o nome de uma certa metralhadora de um certo político.
Figura VI-3A- Modelo aberto da parte penetrante da “lurdinha”.
A metodologia de se desbastar com a “lurdinha” começa com o corte
horizontal do pseudocaule dos rebentos a serem eliminados, corte esse que deve ser
feito com o facão ou com o penado, cerca de 5 a 8 cm do solo. A poda assim feita
evita que se danifique o corte da ferramenta quando, acidentalmente, ela entra em
contato com o solo, como normalmente acontece no método anterior. Posto isto, se
introduz a “lurdinha” tendo como alvo a parte mais central das bainhas do rebento. Ela
deve ficar em posição quase vertical, isto é, com uma inclinação cerca de 5º para longe
da bananeira. Ao se sentir que a sua penetração ficou mais difícil, é indicação que se
atingiu o rizoma, onde está a gema apical de crescimento e que, por isso, não é
necessário que ela seja introduzida mais profundamente. Em seguida, se inclina a
ferramenta para longe da planta, até atingir uma posição de 45º com a vertical. Este
movimento provoca o quebramento do rizoma próximo de seu colo. Retirando-se a
ferramenta de dentro do rebento que está sendo desbastado, sai no seu interior um
pequeno tarugo de pseudocaule (± 10 cm) e de rizoma (± 2 cm), que contém no seu
colo, na sua parte mais central, a gema apical de crescimento. Posto isto, está completa
a operação de desbaste (Foto VI-5).
Foto VI-5- A “lurdinha” possibilita que a gema apical de crescimento
seja efetivamente extirpada.
Não é recomendável que a “lurdinha” penetre profundamente no rizoma,
pois isto iria provocar vários fendilhamentos verticais nele, como se ele tivesse sido
explodido e até mesmo a ruptura do seu cordão umbilical, interrompendo assim o elo
de ligação entre “mãe” e “filho”.
O desbaste feito com o facão e complementado com a “lurdinha”
proporciona a vantagem de não destruir o rizoma do rebento a ser eliminado,
permitindo assim que seu sistema radicular continue alimentando a planta “mãe”. Esta
metodologia abriu uma sistemática totalmente nova no conceito de desbaste, dada sua
rapidez e 100% de eficiência, o que a torna muito recomendável.
Ela ainda possibilita que, dada a estrutura morfológica da bananeira, se
possa introduzir, pelo buraco aberto nos “filhotes” desbastados, adubos e defensivos
diretamente no seu interior, como se fora injetados. Desta forma os produtos são total
e rapidamente absorvidos, o que os tornam muito mais eficientes do que via solo ou
foliar. Dada a estas condições, eles podem ser utilizados em quantidades menores,
tendo-se ainda a vantagem de não causarem nenhuma poluição ambiental, uma vez
que suas degradações se processam no interior da própria planta.
No desbaste químico foi usado, inicialmente, o herbicida 2,4-D sem que se
obtivesse resultados satisfatórios, por ele ter um amplo espectro de ação. Em trabalhos
feitos com o picloran, aplicado com palitos de pinho, mergulhados numa solução a
1%, durante 24 horas, para que absorvessem 0,004 ml do produto, forneceram várias
informações quanto a sua viabilidade. Não se tem, contudo, ainda uma metodologia
conclusiva no que diz respeito a sua melhor concentração, ao número de palitos por
pseudocaule, suas dimensões e local de suas aplicações, pois os resultados
apresentaram variação em função do cultivar e do tamanho do “filho” a ser eliminado.
A importância do desbaste químico é maior no caso dos cultivares suscetíveis ao
mal-do-panamá, como o ‘Maçã’, uma vez que a ferramenta utilizada pode tornar-se
um agente de disseminação dessa moléstia.

3.6 - Desbaste para controle da produção


O valor comercial das frutas, por muitas décadas foi maior no segundo
semestre do que no primeiro, fato este que não está mais ocorrendo sistematicamente
nos últimos anos, conforme foi explicado no Cap. II-6.
A despeito do fator preço, o produtor pode, por motivos de seu interesse,
querer concentrar sua safra em uma determinada época.
Nos bananais recém plantados, conforme foi mencionado anteriormente no
item 3.2, as três primeiras colheitas são mais precoces. Entretanto, se as condições de
mercado indicarem que o 2º cacho (produção do “filho”) a ser colhido (maio - safra do
1º semestre) terá pequeno valor comercial ou então que, devido a eventuais baixas de
temperatura ocorridas no inverno anterior, as bananeiras “filho” e “neto” tiveram seu
desenvolvimento retardado, o produtor terá a opção de sacrificar (através do desbaste)
em janeiro/fevereiro, a planta “filho”, a fim de poder recuperar o atraso no
desenvolvimento do “neto” e com isto conseguir colher a safra deste na época
programada (segundo semestre), quando o preço é, em geral, melhor.
No caso de bananais já em produção, o produtor pode, por meio do
desbaste, mudar a época da sua colheita, porém sempre com um certo alongamento do
ciclo de produção ou com a perda de uma safra.
Inicialmente o produtor, por meio do desabaste, deverá criar condições para
que o nascimento do “filho” ocorra em uma época pré-determinada, cuja produção
venha a coincidir com o período que lhe interessa. Para isso, às vezes é necessário que
se elimine uma “mãe” (com ou sem cacho) ou um “filho” já bem desenvolvido e se
deixe um outro mais jovem ou então somente o “neto” crescer. Perde-se uma safra de
baixo valor comercial, em favor de outra que deverá ser maior.
Para se fazer o controle da produção, é preciso que, inicialmente, o
produtor determine, a quanto tempo nasceu o rebento que produziu o cacho colhido
hoje. Este período, que representa o ciclo vegetativo é específico para cada bananal,
pois ele é influenciado por: densidade de plantio, fertilidade do solo, adubações,
irrigações, tratos culturais, cultivar utilizado, temperaturas, localidade, etc.
Conhecendo-se os ciclos vegetativos do “filho” e do “neto”, faz-se uma
contagem regressiva, para se determinar a época em que nasceu esse rebento produtivo
(“filho” ou “neto”), cujo cacho interessa. Posto isto, calcula-se qual seria a altura que
ele deveria estar hoje (dia em que se pretende iniciar o controle de produção), para se
ter a colheita no período desejado.
Diante desses parâmetros básicos, que são válidos apenas para essa
localidade e que precisam ser previamente testados, deve-se então fornecer ao operário
desbastador as seguintes informações, para que ele execute os desbastes de forma
conveniente:
a) qual é a influência que a planta “mãe” exerce sobre o crescimento do
“filho” e do “neto” a ser deixado, em função do estágio de desenvolvimento dessa
“mãe” e como conseqüência, quais deverão ser as alturas mínimas e máximas que os
“filhos” ou “netos” que serão mantidos, precisarão ter, para estarem no parâmetro
desejado;
b) em função da situação atual da “mãe” e “filho”, como o desbastador
deve proceder para se ter uma colheita na época desejada:
a
1 ) se a “mãe” estiver sem cacho e a altura do “filho” estiver acima da
desejada, ele deverá cortar todas as folhas da “mãe” na sua roseta e eliminar o “filho”
para que o “neto” ou um “irmão” cresça para o substituir e retornar para cortar todas as
folhas da “mãe” até conseguir eliminar a sua inflorescência;
a
2 ) se a “mãe” estiver sem cacho e a altura do “filho” estiver abaixo da
desejada, ele deverá cortar todas as folhas da “mãe” para acelerar o desenvolvimento
do “filho” e retornar outras vezes a essa cova para repetir essa operação, até que
consiga eliminar a inflorescência;
a
3 ) se a “mãe” estiver com cacho (ou a inflorescência) e a altura do “filho”
estiver acima da desejada, ele deverá cortar apenas o cacho e deixar todas as folhas da
“mãe”, para atrasar o desenvolvimento do “filho”;
4a) se a “mãe” estiver com cacho (ou a inflorescência) e a altura do “filho”
estiver abaixo da desejada, ele deverá cortar o cacho e as folhas, na roseta foliar, para
acelerar seu desenvolvimento;
5a) se a “mãe” já foi colhida e a altura do “filho” estiver acima da desejada,
ele deverá eliminar esse “filho” e substituí-lo pelo “neto” ou um “irmão”;
a
6 ) se a “mãe” já foi colhida e a altura do “filho” estiver abaixo da desejada,
ele não terá nada a fazer, a não ser torcer para que ele cresça logo e produza um cacho,
ainda que no final da época desejada pelo patrão.
Do exposto conclui-se que o desbaste para controle de produção envolve
varias opções. Para sua aplicação em um bananal, é preciso que se faça primeiramente
uma experiência em um lote, para se determinar as alturas limites que os “filhos”
produtivos deverão ter, na época de se fazer a “poda” e qual deve ser essa época. Em
face desses resultados, então poder-se-á programar, para o ano seguinte, sua realização
no bananal. Entretanto, é importante lembrar-se sempre que os fatores climáticos
exercem grandes variações no crescimento das bananeiras. Além disso, podem ocorrer
variações atípicas nas curvas de preços, devido a fatores imprevisíveis.
Decorre então ser prudente não se executar esta prática agrícola em todo o
bananal.
Nas regiões frias, como nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
deve-se direcionar a colheita para antes do inverno, a fim de fugir dos prejuízos que as
baixas temperaturas causam à produção, principalmente logo após ao florescimento.
Em plantios de bananais de porte médio, com alta densidade, se o
agricultor não estiver interessado pela produção a ser colhida no primeiro semestre (2a
produção), ele não deverá reduzir a população a 50%, por ocasião da primeira safra, e
sim manter a densidade original de plantio (4.000 pés/ha). Nessas condições, o
desenvolvimento do “filho” será retardado, bem como sua colheita, a qual deverá
ocorrer, então, no segundo semestre.
Nas altas densidades, sem redução da população, a programação da colheita
do “neto”, cujo desenvolvimento será também retardado, dependerá de uma resolução
do agricultor. Ele terá de levar em conta o estágio de desenvolvimento desse “neto”, as
condições de mercado, etc., não sendo possível fazer-se, antecipadamente, um
prognóstico a respeito.
A associação do desbaste, programação de colheita e das reformas
periódicas do bananal, possibilita ao agricultor obter grandes produções e a sua
comercialização em ocasiões de bom preço do mercado, o que poderá lhe assegurar
elevados lucros.

4- Despistilagem
A despistilagem é a eliminação dos pistilos, que são os restos florais que
ficam secos (pretos ou acinzentados) nas pontas das bananas, quando elas já estão
desenvolvidas.
Esta prática possibilita que as bananas fiquem com sua extremidade distal
mais cheia, principalmente nos cultivares do subgrupo Cavendish e em especial os do
subgrupo Prata, que reduzem muito, com isto, o aspecto tão acentuado de gargalo de
garrafa. Para que esta modificação ocorra no fruto, é necessário que a despistilagem
seja feita quando o pistilo estiver começando a secar ou seja, por volta da segunda
semana do aparecimento da inflorescência.
É preciso que se diga que, nesta ocasião, o rendimento do serviço é grande
devido ao fato dos pistilos não terem ainda se tornados rígidos e ásperos. Esse
rendimento varia de 100 a 120 cachos/homem/dia, para os cultivares cuja altura
permita que o operário trabalhe sem precisar subir em nada ou simplesmente em um
pequeno caixão. Esta ocasião corresponde a mesma época da quebra do coração ou
seja, entre o 15º e o 20º dia após ao início do florescimento.
A despistilagem é feita sempre manualmente, provocando-se o
quebramento do pistilo na sua base. Para isso segura-se um grupo de 4 a 6 flores de
uma mesma penca, com uma das mãos e esfrega-se a palma da outra mão contra os
pistilos, para provocar seu quebramento (Foto VI-6). Quando feito desta forma, o
rendimento do serviço é grande, porém nem sempre ele fica 100% perfeito, o que não
acontece quando se faz flor por flor, apenas com a ponta dos dedos, cujo custo é mais
elevado devido ao menor rendimento da mão-de-obra.
Foto VI-6- A despistilagem feita com a inflorescência nessa idade é mais
rápida.
Lembrando que as primeiras dez pencas de flor se abrem, em média, uma a
cada dia e admitindo-se uma inflorescência com 12 pencas, teoricamente, a
despistilagem deveria ser feita em duas etapas, para que não se trabalhasse em pencas
muito velhas (as primeiras) ou em pencas muito novas (as últimas). Entretanto, isto
nem sempre é feito por encarecer a operação. Na prática, a despistilagem é feita no
bananal a cada duas semanas, juntamente com a quebra dos corações e o
embolsamento das inflorescências, sendo contudo, recomendável que este conjunto de
operações seja feito semanalmente.
Em bananais onde ocorre o desenvolvimento de fungos na região pistilar,
como por exemplo o Fusarium spp. (ponta de charuto), Gloeosporium spp.,
Trachysphaera fructigena, Verticillium theobromae (Cap. XI-2.4.2) ou quando há
infestação da Opogona sacchari (traça-das-bananeiras) (Cap. XII-5), a despistilagem
deve ser feita como uma medida profilática, de forma sistemática, logo após a abertura
da última penca, para impedir que eles causem prejuízos nas frutas. A simples
despistilagem é suficiente para o controle deles, em especial para a
traça-das-bananeiras, dispensando totalmente as pulverizações com fungicidas ou
inseticidas nas inflorescências.
É ainda bastante comum encontrar-se produtores brasileiros encaixotando
as pencas de bananas no meio do bananal, sem ter o cuidado de eliminar os restos
florais, o que deixa as caixas com um aspecto muito feio. Estas duas situações não são
admitidas, de forma alguma, para o caso de frutas que vão ser exportadas ou enviadas
para mercados mais exigentes.
A maioria dos produtores, que tem galpão de embalagem, preferem fazer a
despistilagem quando os cachos chegam no mesmo. Entretanto, o mais recomendável
é que a despistilagem seja feita ainda no campo, na banana em flor.
Os pistilos já estando secos tornam-se ásperos e rígidos e por isso acabam
riscando as bananas das outras pencas, durante o transporte dos cachos dentro do
bananal e também na carreta, mesmo que eles fiquem deitados em uma única camada e
sobre colchões de espuma de plástico. Se os cachos são transportados em carretas,
porém pendurados individualmente ou em cabos aéreos em posição normal, estes
prejuízos são pequenos.
Para se reduzir um pouco mais este problema, depois deles estarem
pendurados, pode-se colocar entre as pencas uma pequena almofada, feita com
retalhos de sacos de plástico, usados anteriormente no ensacamento dos cachos. Isto
também é válido no transporte deles quando deitados em carretas (ver Fotos III-9 e
VII-9).
Entretanto, ao se fazer a despistilagem no campo, logo após a colheita,
cria-se um problema com a exsudação da seiva pelo ponto de quebramento do pistilo,
que acaba escorrendo e manchando a casca das demais bananas. Para se resolver este
problema, deve-se pendurar o cacho na posição invertida e fazer a despistilagem
seguida de uma rápida pulverização, visando atingir principalmente as pontas das
bananas. Esta pulverização é feita com uma solução de água e detergente orgânico,
neutro, a 0,2%, o que é suficiente para estancar a hemorragia de látex e dispersar
aquele já extravasado.
Para se pendurar o cacho para se fazer essa despistilagem, há necessidade
de se fazer improvisações, tais como construir um varal de madeira ou ferro, móvel ou
não, ao longo dos carreadores, devendo ter a altura de 180 a 200 cm do chão.
Em propriedades que fazem a despistilagem no galpão de embalagem, é
recomendável que ela seja feita somente um pouco antes do despencamento. Desta
forma, a eventual seiva exsudada escorre na casca das frutas mas não chega a secar,
pois as pencas serão quase que imediatamente mergulhadas no tanque de lavagem e
com isto não haverá formação de manchas enegrecidas, que depreciam o produto.
Neste caso, durante o transporte do cacho para o galpão de embalagem, o produtor não
deve se esquecer de colocar, entre as pencas, as almofadas de sacos de plástico, para
evitar as injúrias que os pistilos secos podem produzir.
Há casos de pequenos produtores que, por não terem o galpão de
embalagem, penduram os cachos nos varais ao longo dos carreadores e aí fazem a
despistilagem seguida do despencamento. Na impossibilidade destes produtores
lavarem as pencas, eles as colocam, isoladamente, sobre folhas de bananeiras até que a
exsudação de seiva se interrompa naturalmente e se coagule. Posto isto as pencas são
embaladas no mesmo local ou levadas para um pequeno galpão onde são encaixotadas.
São adaptações ainda freqüentes para bananas destinadas ao mercado interno, cuja
objetividade é tentar melhorar a apresentação final do produto, com menores
investimentos.
A despistilagem feita depois da colheita do cacho apenas beneficia a sua
aparência, porém, o rendimento de serviço é muito maior (200 a 250 cachos com 10
pencas por homem/dia), se comparada com a operação feita durante o florescimento.
Não há dúvida alguma que a despistilagem melhora sensivelmente o visual
da fruta, sendo que vários autores relatam que, se ela for feita durante o florescimento,
esta prática provoca um pequeno aumento (3%) no peso do cacho.
É uma prática agrícola dispendiosa que nem todos os mercados brasileiros
pagam por ela, porém facilita sua comercialização, principalmente nas épocas de
excesso de frutas, dada sua melhor aparência. A despistilagem, assim como a
comercialização em buquês, representam uma evolução de mercado, que está se
consolidando entre os melhores produtores, os quais quase sempre comercializam sua
fruta diretamente com os grandes supermercados.

5- Eliminação de pencas e da falsa penca


A última penca do cacho é, em geral, defeituosa e formada por bananas
muito curtas ou até mesmo por bananas femininas e masculinas e por isso são
descartadas durante a embalagem em caixas. A sua eliminação é uma técnica de
manejo do cacho que, para ser adotada necessita de uma ponderação, onde se leva em
conta as exigências dos mercados compradores. Se a comercialização é feita em
cachos, como ainda ocorre em algumas cidades brasileiras e até recentemente no
mercado uruguaio, esta é uma prática que não justifica ser feita. Entretanto, nas
comercializações feitas em caixas, onde as bananas devem ser melhor apresentadas,
isto é válido e muito mais ainda, quando as pencas são transformadas em buquês.
As múltiplas pesquisas feitas sobre este assunto indicam que ao se eliminar
todas as bananas em flor, da última penca da inflorescência, exceto uma, faz-se com
que as bananas das demais outras pencas tenham pequeno aumento de tamanho e
engordamento mais rápido (Foto VI-7).

Foto VI-7- A eliminação das últimas pencas é feita normalmente


com a mão. Onde não se faz o ensacamento da inflorescência,
se amarra no toco do rabo do cacho a fita indicativa da data da
realização dessa operação.
A conservação desta única banana nessa penca é para manter a seiva
circulando pelo engaço, que, ao alimentar essa banana, faz com que ele permaneça
vivo até a esse ponto. Isto dificulta o desenvolvimento de fungos (Botryodiplodia
theobromae, Ceratocystis paradoxa, Gloesporium musarum, Thielaviopsis paradoxa,
e outros) no engaço (Cap. XI-2.4.1).
A retirada das bananas em flor da penca é feita manualmente, torcendo-se
uma a uma, de modo a romper o seu pedúnculo, junto a almofada. Pode-se ainda cortar
o pedúnculo das flores por outros sistemas tais como: uma lâmina afiada (faquinha);
serrando com um cordão feito de fios de náilon trançados (com 1,5 mm de diâmetro e
com mais ou menos 50 cm de comprimento), etc.
Para se obter o máximo das vantagens que esta prática proporciona, ela
deve ser feita simultaneamente com a quebra do coração ou seja, por volta do 15° ao
20° dia depois da abertura da última penca de flores.
Normalmente se recomenda a retirada só da última penca. Porém, nos
cachos pequenos e fracos assim como naqueles com mais de 12 pencas, deve-se
eliminar as duas últimas.
No primeiro caso, isto é feito como um “quebra-galho” para que as pencas
remanescentes tenham um melhor desenvolvimento e, conseqüentemente, uma melhor
apresentação. Esta reação é facilmente compreensível, pois a bananeira teria de cuidar
do desenvolvimento de um cacho com maior número de pencas, nas quais ela utilizaria
todas suas reservas energéticas para o “engordar”, porém ele foi diminuído. Além
disso, tem sido verificado que as perdas que se tem com a eliminação das pencas, são
compensadas, em parte, com o aumento de peso que as demais passarão a ter.
Apenas como referência, pode-se citar experiências feitas com
inflorescências pequenas, 5 a 6 pencas, da qual se eliminou 50% delas e se obteve,
durante a colheita, pencas com bananas de bom padrão. Por outro lado, o mesmo foi
feito em cachos com 10 a 12 pencas e se obteve pencas com bananas extremamente
desenvolvidas.
No segundo caso, em que os cachos são grandes, a eliminação das pencas é
feita para abreviar a colheita e também se uniformizar a idade fisiológica das bananas
das primeiras e das últimas pencas, além de se obter os benefícios já citados para o
primeiro caso.
Tentar fixar-se um valor numérico constante e generalizado para esse
encurtamento de tempo do florescimento à colheita, seria acadêmico. Ele varia com a
época do ano em que se fez as eliminações (bananas em flor e coração), com a
condições climáticas locais e também com aquelas que ocorreram após a extirpação
desses órgãos, com as condições de cultivo da plantação, com o cultivar que está
sendo utilizado, etc.
Quanto a uniformização do grau de desenvolvimento da fruta, com vistas à
colheita, conforme já foi explicado, na formação de um cacho com 12 pencas, por
exemplo, haverá uma diferença de idade fisiológica entre a 1ª e a última, no mínimo,
de 12 a 14 dias. Esta diferença é suficiente para que as primeiras pencas cheguem ao
ponto de colheita, enquanto as últimas ainda não e, com isso, seus processos de
maturação e conservação são desiguais.
Nos países que tem sua comercialização voltada principalmente para o
mercado exterior, que nunca está distante a menos de 5 a 8 dias de viagem marítima,
há grande necessidade de se uniformizar, ao máximo, a idade fisiológica das pencas de
todos os cachos que vão ser colhidos. Esta condição tem que ser respeitada, pois
durante o processo de embalagem, uma mesma caixa pode conter pencas de diversos
cachos. Para se conseguir essa uniformidade tem-se que reduzir todos os cachos a um
só padrão de tamanho, o que é feito eliminando-se suas últimas pencas. Em face as
considerações já feitas, o cacho deve ficar com apenas 9 ou 10 pencas,
independentemente do número que ele tenha produzido, para que não haja grande
discrepância entre as idades da 1ª e da última.
Para se identificar mais facilmente os cachos que tiveram pencas
eliminadas, durante um mesmo período, que pode ser uma semana ou uma dezena de
dias, é recomendado amarra-se nele uma fita de plástico colorida, com cerca de 30 cm
de comprimento (ver Foto VI-7). Deve-se usar seis cores para essas fitas, sendo que
cada uma delas identificará a semana em que se fez esse serviço. Ela é, geralmente,
amarrada na ponta do rabo do cacho, podendo-se também usar para isso, a própria fita
utilizada para amarrar o saco de plástico no engaço do cacho, durante o processo de
embolsamento. Há também produtores que preferem fazer esta marcação de forma
mais ostensiva e para isso usam uma tinta a base de látex. Neste caso, a tinta, com
cores bem distintas, é aplicada no pseudocaule com um pequeno rolete de espuma de
plástico, com 5 cm de largura.
Além da eliminação das últimas pencas do cacho, deve-se considerar
também que, por vezes, a primeira penca que se forma é incompleta quanto ao seu
número de bananas. Em geral, esta é constituída por apenas 4 a 6 bananas, com
conformação anormal, principalmente da sua almofada, que quase sempre é muito
comprida. Ela é conhecida como “falsa penca”. Durante o processo de
encaixotamento, ela é descartada, especialmente se o mercado consumidor for de
melhor categoria. Entretanto, essa banana pode ser vendida, juntamente com as de 2ª
ou 3ª categoria, uma vez que sua polpa é normal.
Entretanto, se o produtor vai fazer o embolsamento do cacho e a eliminação
das últimas pencas, para melhorar a qualidade das demais, ele deve retirar também,
simultaneamente, a “falsa penca”, seguindo a mesma tecnologia já descrita para o caso
das últimas. Deve-se lembrar que a retirada da “falsa penca” é mais difícil de ser
executada, devido sua localização em relação ao cacho, porém tem-se ganhos para o
cacho como um todo.

6- Eliminação do “coração”
A eliminação do “coração” (botão floral de flores masculinas) que, no
Nordeste brasileiro é chamado de “mangará”, é, para a fisiologia da bananeira, o
mesmo que se dar a ela uma ordem para que, a partir desse momento, ela cuide apenas
de promover o desenvolvimento do cacho, pois a sua fase produtiva já acabou.
A retirada do coração acelerando o processo de desenvolvimento ou
“engordamento” das bananas, abrevia o tempo de colheita. Esta eliminação aumenta
um pouco o comprimento das bananas das últimas pencas e ainda se consegue um
ganho de peso do cacho. Esse ganho é real, porém esse índice da porcentagem de
ganho, relatada pelos diversos autores, é variável, os quais dizem ter encontrado de 3 a
5% e até mais. Para que se obtenha esse ganho, o quebramento do coração tem que ser
feito quando o cacho ainda estiver em flor.
A eliminação do coração deve ser feita por meio do quebramento do
rabo-do-cacho bem junto a ele, por volta do 15° ao 20° dia, após a abertura da última
penca de flores, ocasião em que elas se voltam para o alto, indicando que estão se
transformando em bananas. Nessa ocasião, o rabo do cacho já estará com
comprimento entre 10 a 12 cm. Ele é quebrado com esse comprimento (leia-se tempo),
para que a eliminação do coração ainda possa ter uma boa influência, nos citados
benefícios para o cacho (Foto VI-8).

Foto VI-8- Esta é a idade certa de se quebrar o coração.


Esse toco restante de rabo-do-cacho ficará sem circulação de seiva e com
isto haverá o desenvolvimento de um processo de infecção, causado pela entrada de
fungos oportunistas (Botryodiplodia theobromae, Ceratocystis paradoxa,
Gloesporium musarum, Thielaviopsis paradoxa, e outros) que penetram no tecido
interno, através da superfície que ficou exposta.
Esse comprimento restante de rabo-do-cacho é um ponto de equilíbrio para
se conciliar os benefícios que a quebra do coração propiciam e a dificuldade que se
cria para que esses fungos consigam atingir aquela única banana deixada na última
penca.
Em regiões muito úmidas, por vezes, para se reduzir e até mesmo evitar que
essas infecções fúngicas entrem e caminhem ráquis a dentro, muito rapidamente, se
torna necessário aspergir ou banhar essa parte com um fungicida, logo após a
eliminação do coração. O fungicida pode ser a base de cobre ou um sistêmico, na sua
dosagem especificada na bula. Outra forma de se evitar esse problema é “afogando” a
ponta restante do rabo do cacho, em um recipiente contendo uma solução de um
detergente, a 1% de produto comercial, por alguns segundos.
A eliminação do coração é uma prática que deveria ser obrigatória, nas
regiões onde o moko (Ralstonia solanacearum) é endêmico, pois ela reduz o período
de tempo para os insetos poderem visitar as flores, principalmente a abelha cachorro
(ou irapuá), a grande transmissora da bactéria causadora dessa doença (Cap. XI-3.1).
Sua eliminação contribui ainda para a diminuição das populações do trips,
em especial, do Chaetanaphothrips spp. e do Frankliniella spp.
Nas plantações onde a traça-das-bananeiras (Opogona sacchari) está
presente, a larva que perdeu a briga na disputa pela hegemonia da flor feminina, ao
cair dela, muito freqüentemente se instala nas brácteas não deiscentes ou mesmo nas
flores masculinas, para completar sua metamorfose. Se for feita a eliminação do
coração, ela não terá onde se alojar.
Além das vantagens citadas, a retirada do coração reduz em
aproximadamente l0% o peso do cacho. Em determinadas circunstâncias críticas de
saúde do sistema radicular da bananeira, este peso a mais (cerca de 3 kg), pode ser o
que faltava para determinar a queda da planta.
A eliminação do coração deve ser feita manualmente, sempre que possível.
Deve-se evitar o uso de ferramentas (fação ou a foice bifurcada) para o corte do
rabo-do-cacho, pois tem sido verificado que elas propiciam maior velocidade no
desenvolvimento daquelas infecções oportunistas.
Um método prático de se fazer esta operação é segurar-se com uma mão o
rabo-do-cacho, de modo que ela fique entre a última banana e o coração e com a outra
mão movimentar-se o coração para provocar o rompimento.
Entretanto, em bananeiras de porte alto, nem sempre é possível fazer-se esta
operação manualmente. Neste caso tem-se que recorrer ao fação ou a foice bifurcada
ou mesmo à “galinha” (Foto VI-9), cuidando-se sempre de se seccionar o
rabo-do-cacho bem junto ao coração.
Foto VI-9- A “galinha” é usada para a desfolha de planta alta, cortar
seu coração e na colheita.
A eliminação de pencas e do coração é mais difícil nos cultivares de porte
médio e alto, porém é, mesmo assim, muito econômico dado aos benefícios que ela
produz nas frutas.
Para os bananicultores mais sistemáticos e cautelosos, a eliminação dos corações
possibilita uma contagem do número de cachos recém-granados e uma previsão de
quanto e quando será sua próxima colheita.
É recomendável a utilização do coração eliminado na alimentação animal,
por ele ser muito rico em caroteno. No consumo humano ele é utilizado para se fazer
pudim doce.

7- Ensacamento dos cachos


Este título não corresponde a realidade do que se faz propriamente, pois
esta operação consiste em se vestir um tubo de polietileno na inflorescência em
desenvolvimento. Seu comprimento deve ser condizente com o vigor da bananeira,
pois não se pode determinar de outra forma qual será o tamanho do cacho, que está
nascendo, salvo se esta operação estiver sendo feita depois da despistilagem. No início
da implantação dessa prática, ela foi feita com sacos, mas em pouco tempo foi
abandonada. Ele formava uma câmara super úmida e quente, condições ideais para os
fungos, como a fumagina (Capnodium spp.), se desenvolvessem, quando não acabava
ficando com água no seu fundo, o que era muito pior.
Na América Central, a aplicação do tubo, saco ou bolsa (que são termos
comumente empregados) somente começou a ser usado após ao início do plantio
(princípio da década de 60) dos cultivares do subgrupo Cavendish. A principal
justificativa para isso, foi a necessidade de se proteger os cachos contra os atritos nas
cascas das bananas. O cultivar Gros Michel que fora muito plantado anteriormente,
tem sua casca muito mais resistente aos atritos e também aos impactos do que os
cultivares do subgrupo Cavendish.
O saco tem ainda a finalidade de proteger a fruta dos ataques de predadores,
trips, fungos e até mesmo das visitas de insetos como a mariposa da
traça-das-bananeiras ou de irapuás (transmissores da bactéria do moko). Ele também
reduz o ataque das lesmas, dos pássaros e dos morcegos, principalmente durante o
inverno, quando há falta de alimentos para esses animais, que chegam a se alimentar
de bananas ainda bem verdes. Além disso, o ensacamento também evita que as cobras
venham a se aninhar nos cachos.
Além dessas proteções físicas contra danos de parasitos, animais,
morcegos, e ainda os mecânicos, como as chuvas de pedras e o atrito causado pelo
roçar das folhas, o embolsamento também pode ser usado, nas regiões onde há
ocorrência de baixas temperaturas, com a finalidade de manter o cacho um pouco
agasalhado.
O embolsamento feito com polietileno de cor mais escura, tendendo para
preto dá ao cacho uma maior proteção contra o frio, porém provoca o aparecimento de
bananas com uma coloração verde apagado.
Várias pesquisas feitas evidenciaram que, o uso de sacos de coloração
azulada e semi-opacos são os mais indicados nos bananais com densidade de l.500 a
2.500 famílias/ha, quando cultivados em regiões com insolação de l.000 a 2.000 lux
(horas de luz/ano queimada no heliógrafo). Se a densidade é menor e ou a insolação é
maior, a tonalidade do saco deve ser mais forte para evitar queimamentos. Porém, se
as condições são inversas, ela deve ser mais suave, podendo-se até mesmo ser usado
sacos incolores.
Trabalhos feitos no IAC, usando tubos não perfurados incolores, azulados,
amarelados, verdes, vermelhos e preto evidenciaram que as duas primeiras cores não
interferiram na coloração das bananas, mas as outras sim. Entretanto, verificou-se que
houve um aumento da temperatura, quando se utilizou sacos preto (+1,8ºC) e
vermelho (+1,2ºC), em comparação com os incolores, temperatura essa que foi medida
junto as bananas da segunda penca do cacho. As demais cores pouca influência
produziram.
Os resultados das pesquisas feitas, no sentido de se determinar os valores
exatos dos dados citados, tem demonstrado que eles variam, dentro dos parâmetros
citados, segundo as regiões e o cultivar que esta sendo estudado.
Em bananais muito abertos ou nas plantas localizadas ao longo dos
caminhos, o embolsamento feito com polietileno opaco azulado evita que as frutas se
queimem com os raios solares. Na falta deste material pode-se embrulhar o cacho com
papel jornal e depois ensacar com bolsas incolores, mas é um “quebra-galho” que tem
algumas implicações.
Se o ensacamento não for feito com a finalidade de evitar o frio, os sacos
deverão ter a espessura de 0,05 a 0,08 mm e ter furos de 5 a 10 mm a cada 80 a 100
mm, em ambas as direções.
Se o ensacamento é feito para proteger o cacho das baixas temperaturas, ele
deverá ser mais grosso, até mesmo 0,13 ou 0,15 mm. Neste caso, o saco não deverá
conter nenhum furo. Seu uso com essa finalidade é condicionado, em parte, ao custo
de aquisição e ao da mão-de-obra.
Quanto as dimensões da bolsa, elas variam de 80 a 120 cm de largura por
150 a 160 cm de comprimento, dependendo, obviamente, do cultivar plantado e do
tratamento que se dá à planta. Apenas como exemplo, para um bom cacho dos
nanicões tipo ‘Caturrão’ ou de ‘Imperial’ ou de ‘Nicão’, esses sacos não seriam
suficientes para os proteger.
Para contornar esse problema, nos países que fazem o embolsamento como
rotina, os sacos foram transformados em tubos, que são cortados no bananal, segundo
o comprimento do cacho que vai ser protegido, ficando ele um pouco maior do que a
extremidade final da ráquis masculina, depois da eliminação do coração e das últimas
pencas.
A época de se realizar o embolsamento depende dos objetivos a que se
propõe. Se a finalidade é proteger a fruta contra ataques da traça-das-bananeiras por
exemplo, o embolsamento deve ser feito quando o botão floral emerge de dentro da
planta e ainda não abriu a bráctea da primeira penca; se ela tem a finalidade de apenas
evitar atritos, ganhar aumento de peso ou mesmo melhorar sua aparência, pode ser
feita logo depois da despistilagem; se é para proteger a fruta de baixas temperaturas
deve ser feita apenas no período de abril a setembro, tão logo as primeiras brácteas
comecem a se soltar; se a finalidade é encurtar o tempo de colheita, o embolsamento
deve ser feito como se fora para proteger a fruta contra a traça-das-bananeiras; se já
houve uma queda de granizo e a planta ficou com poucas folhas, deve-se cobrir o
cacho com jornal e em seguida aplicar-se o saco. São múltiplas as situações para se
determinar quando fazer o embolsamento.
As bolsas normalmente são colocadas absolutamente puras, mas podem
também conter inseticidas ou fungicidas no seu interior, como medida profilática.
O tubo deve ser amarrado no engaço (cabo) do cacho, em uma posição tal
que seja, no mínimo, 10 a 15 cm mais alto que a extremidade distal das bananas da
primeira penca. Esta amarração pode ser feita dando-se um nó nas pontas do tubo. Este
sistema apresenta o inconveniente de não se conseguir uma perfeita amarração,
possibilitando que o tubo escorregue pelo engaço e se coloque no interior da primeira
penca. Esta posição permite um empoçamento de água de chuva ou de irrigação, que
pode causar manchas nessa penca, pela aderência do plástico no fruto. Além disso, em
bananeiras que tenham poucas folhas, os raios solares incidindo nessa poça d’água,
podem provocar queimamentos nessas frutas (Foto VI-10).
Foto VI-10- O tubo (“saco”) deve ser vestido na inflorescência e amarrado
no engaço, bem acima da ponta dos dedos da primeira penca. A cor da
fita indica quando a operação foi feita.
Para evitar esse problema, deve-se usar um fitilho de plástico para amarrar
firmemente o tubo de polietileno no engaço.
Esse fitilho de diversas cores identifica a época em que se fez a eliminação
das pencas, a quebra do coração e o embolsamento (Cap. VI-5).
Nas nossas condições, em bananais de porte médio, onde haja muitas
inflorescências para serem ensacadas, um operário faz de 280 a 320 por dia e se há
pouca inflorescência sua produção é de 150 a 180 delas pois ele tem maior dificuldade
em localizá-las. Estes rendimentos de serviço são obtidos desde que os sacos já
estejam abertos.

8- Limpeza do cacho
Após a despistilagem e o embolsamento do cacho deve-se, periodicamente,
a cada 30 dias, fazer-se uma inspeção nele para verificar se, por acaso, aconteceu de
alguma folha estar caída sobre o mesmo.
Nos bananais onde não se faz o ensacamento dos cachos, ao se quebrar os
corações deve-se retirar também as brácteas que estejam entre as pencas. A cada duas
semanas faz-se uma inspeção no bananal e todas as folhas que estiverem entre as
pencas ou simplesmente roçando no cacho, precisam ser cortadas parcial ou
inteiramente, para se evitar que isto aconteça.

9- Escoramento da bananeira
Basicamente o escoramento da bananeira é feito para se reduzir as perdas
por tombamento. Ele é necessário, principalmente em regiões onde há ventos fortes,
porém, se houver um quebra-vento bem planificado e um bom controle dos
nematóides, ele poderá até mesmo ser dispensado.
Há outros fatores que podem determinar a sua realização, como por
exemplo, quando se tem bananais velhos ou quando eles são cultivados em condições
adversas as suas exigências edafofitossanitárias ou seja, quando eles estão muito
atacados por nematóides, pela broca-das-bananeiras ou ainda se houver drenagem
deficiente, falta de nutrientes que impeçam o bom desenvolvimento do seu sistema
radicular ou quando não se fez o desbaste de forma bem criteriosa.
O escoramento das bananeiras deve ser feito de forma preventiva, logo após
a planta ter formado seu cacho, porém antes do ensacamento. Entretanto, se o bananal
estiver com os rizomas muito aflorados ou seu sistema radicular anormal, poderá ser
necessário fazer-se o escoramento, antes mesmo da emissão da inflorescência.
Basicamente, o escoramento pode ser feito colocando-se escoras como
varas de bambu (Bambusa spp.), ubá (Elettatria cadamamomum) , madeira serrada,
conduite de ferro com meia polegada ou ainda amarrando-se um cordel de fibras
vegetais, náilon, polietileno, plásticos, etc. na roseta foliar de uma planta com cacho e
a outra extremidade na base do pseudocaule de uma outra planta próxima ou a um
pontalete fixo no terreno.
Pode-se usar uma ou duas varas no escoramento das bananeiras, sendo o
mais recomendável e usual‚ o emprego de duas. Somente por motivo de economia de
material e também de mão-de-obra é que se usa apenas uma. Isto pode ser válido nos
plantios feitos em várzeas com alta densidade, desde que a região não seja sujeita a
ventos fortes, o que é bastante difícil de existir.
No escoramento feito com uma só vara, coloca-se uma de suas
extremidades na roseta foliar, um pouco abaixo do inicio da bengala do cacho (cabo
do cacho), em baixo da inclinação da planta. Posto isto, faz-se um esforço de baixo
para cima, com o intuito de se retornar a planta a uma posição próxima da vertical. A
outra extremidade da vara é então apoiada no solo, a uma distância que permita que a
projeção vertical do peso do cacho caia no meio da distância entre o ponto de fixação
da vara no solo e a bananeira que está sendo escorada.
O comprimento da vara deve ser no mínimo igual a altura da planta
(medida da base até ao centro da roseta foliar) acrescido de mais 50 a 60 cm. Em
regiões onde há falta de bambu e, conseqüentemente, seu preço é elevado ou então os
solos são muito soltos, costuma-se colocar um apoio para o pé da vara, de modo que
ela não penetre no mesmo e com isso retarde o seu apodrecimento. Esse apoio é feito
com uma pequena tábua (10 x 15 x 2 cm) na qual se prega, em ambos os lados, uma
ripa transversalmente ao seu comprimento. Essas ripas evitarão que a vara escorregue
de cima do suporte e também que o mesmo deslize sobre o solo.
Usando-se uma só vara, muito freqüentemente o cacho se apoia nela e com
isto danifica a fruta, ainda que esteja ensacada. Esta é uma das restrições que se faz ao
uso de uma só escora; uma outra, é que não se consegue um equilíbrio estável da
planta, principalmente quando ocorre ventanias.
Usando-se duas varas evita-se o problema de instabilidade. Elas podem ser
aplicadas isoladamente nas plantas, diretamente na roseta foliar, ficando uma de cada
lado do cacho, cerca de 10 cm mais abaixo do ponto em que se colocaria a vara, no
caso de se usar uma só.
Para se evitar injúrias da ponta da vara na bananeira, onde podem aparecer
ocasionais infecções, recomenda-se amarrar as duas varas com uma fita de plástico.
Esta amarração é feita cerca de 30 cm da extremidade da ponta da vara, de modo a se
poder formar um X, sobre o qual a roseta foliar se apoiará. Esta amarração pode ainda
ser feita com uma cinta de plástico ligando as pontas das duas varas, de modo que a
roseta foliar se apoie sobre a mesma. Neste caso, o escoramento da bananeira pode ser
feito no próprio pseudocaule, porém sempre na posição mais próxima possível da
roseta foliar (Foto VI-10).
Usando-se duas varas, deve-se cuidar para que os seus apoios no solo
formem com a bananeira um tetraedro com arestas iguais. Para isso, quando as varas
são espetadas individualmente na planta, elas devem ter no mínimo de 50 a 60 cm a
mais do que a altura da bananeira. Para os casos em que elas foram amarradas em X
ou com a cinta, os seus comprimentos terão cerca de 70 a 80 cm a mais do que a altura
da planta, pois uma pequena parte transpassará o ponto de amarração.
É economicamente recomendável usar-se sempre o suporte de madeira nos
pés das varas, para se evitar o seu apodrecimento no contato com o solo.
A vida útil das escoras de madeira ou de ferro variam com a umidade relativa do ar
dentro do bananal e no solo.
Quando se usa o bambu, tem-se também que considerar a variedade e o seu
grau de maturidade. Quando bem maduro, os bambus da variedade Bambusa oldhami -
gigante ereto, duram cerca de 12 a 15 meses; os da variedade Bambusa tuldoides -
bambu comum até‚ 24 meses; os da variedade Guadua spp. - gigante amarelo estriado
e os da variedade Phyllostachys purpurata - bambu japonês ou de pescar - cerca de 12
a 18 meses e ainda a Elettaria cadamamomum - ubá ou cana brava, quando bem
madura, até 30 a 36 meses.
Quanto à madeira serrada, sua durabilidade, varia muito segundo sua
origem, porém dentre as que tem sido usadas mais rotineiramente (madeiras brancas),
elas não superam as varas do B. oldhami.
Durante algum tempo usou-se amarrar a bananeira com fibras vegetais
objetivando reduzir os custos do escoramento, no tocante à aquisição das varas de
bambu ou para economizar a mão-de-obra que se gasta no corte e transporte das varas
de bambu do seu próprio bambual. Devido terem as fibras vegetais curto tempo
(apenas uma safra) de duração, decorrente do seu apodrecimento, mesmo quando
impermeabilizado com cera de carnaúba, - Copernicia cerifera - este material foi
rapidamente abandonado.
Outra tentativa feita, foi a substituição dos cordéis de fibras vegetais por
fitilhos trançados de material plástico. Infelizmente, sua elasticidade não garantia a
sustentação da bananeira que ia, progressivamente, caindo ao solo, quando este não se
rompia por completo.
Atualmente, o mais recomendável é o uso de fitilhos de náilon trançados,
que são capazes de agüentar uma tensão de 9 a l2 kg/cm². Sua durabilidade é bastante
longa, teoricamente por prazo indeterminado. Entretanto, na prática, só é possível sua
reutilização por apenas 6 a 10 vezes, decorrente do constante rompimento que eles
sofrem durante o trânsito dos operários, principalmente por ocasião das colheitas.
Além destes aspectos positivos, há ainda a se considerar que o rendimento de serviço é
maior do que o uso de varas de bambu, principalmente no que tange ao seu transporte
para dentro do bananal.
Em cada bananeira são amarrados dois cordéis pela parte oposta a
localização do cacho. Os cordéis devem ser amarrados dando uma volta completa por
entre a roseta foliar, de modo que acima deles fiquem no mínimo de 3 a 4 folhas. Isto é
feito para evitar que o cordel corra para baixo e ainda para que não haja
estrangulamento da roseta foliar. A fixação dos dois cordéis na roseta também pode
ser feita com o auxílio de um pequeno pedaço de madeira (como um pedaço de um
cabo de enxada com 30 a 40 cm), em cujas extremidades se amarra uma das pontas de
cada um desses cordéis. Este pequeno bastão será colocado em baixo da bengala do
cacho, uma vez que cada cordel passará por um de seus lados. Os cordéis serão
esticados para trás do cacho, passando por entre os pecíolos das folhas (Foto VI-11). A
extremidade livre de cada um dos cordéis é amarrada na base de uma outra planta mais
próxima, tendo-se o cuidado de se dar uma volta completa no pseudocaule desta, para
se obter uma melhor fixação. Desta forma, a bananeira fica como que tracionada para
trás pelos dois cordéis. Estes cordéis também podem ser amarrados em pequenos
pontaletes de madeira fincados no solo.

Foto VI-11- O pedaço de madeira evita injúrias nas folhas.


O consumo de cordéis por planta varia em função da altura do cultivar, do
seu vigor vegetativo, do espaçamento de plantio e também com a idade do bananal,
sendo portanto, impossível fixar-se um número médio de metros a serem utilizados.
Entretanto, pode-se estimar que, durante a primeira safra de um bananal de um cultivar
de porte médio (3 m), plantado em linhas simples, na densidade de 2.000 famílias/ha,
gasta-se de 7 a 8 metros para cada um dos cordéis aplicados ou seja, de 14 a 16 m em
cada planta. Estes dados referem-se a bananais plantados em topografias
mecanizáveis.
Em topografias acidentadas é quase que impossível fazer-se uma
estimativa, ainda que genérica, do consumo dos materiais de escoramento, dada as
múltiplas variações que cada área apresenta, tais como inclinação topográfica,
densidade de plantio, face de exposição solar, idade do bananal, etc.
Nas topografias acidentadas, o cacho tende a ficar sempre pendurado para a
parte mais baixa do terreno, o que dificulta muito o uso de escoras, sendo, neste caso,
mais recomendável a aplicação de fitilhos de náilon.
O escoramento feito com varas ou com a utilização de cordéis causam
grandes dificuldades para se transitar dentro do bananal, principalmente durante as
colheitas. Na tentativa de se contornar este problema, tem sido experimentado em
algumas organizações produtoras da América Central, fazer-se uma rede aérea acima
das rosetas foliares, com arame galvanizado n° 6, nos quais as plantas são amarradas
pela sua roseta foliar. Para se poder instalar este sistema, de forma mais econômica, o
bananal deve ser plantado em linhas duplas, para que em cada linha aérea seja possível
amarra-se as plantas de ambas. A operação de amarração das plantas nos arames é
bastante demorada, por ter-se de fazê-lo com escadas do tipo tripé. É um sistema
instalado em caracter definitivo, onde se empregam postes de cimento armado, cujo
investimento total é bastante alto, porém tem-se a vantagem de ser mais fácil
transitar-se dentro do bananal. Este sistema somente pode ser usado em várzeas ou
topografia quase plana. Há grandes restrições pelos produtores na adoção desta
tecnologia, tanto pelo seu custo como pela sua operacionalidade.
Nas Ilhas Canárias, onde se fazem alguns plantios em estufas armadas com
estrutura de ferro, com 7 m de altura, os engaços dos cachos são amarrados com
cordas nessas ferragens.
Convém lembrar que a melhor solução para o escoramento das bananeiras
é cuidar corretamente da sanidade do seu sistema radicular e com isto não ser
preciso fazer-se nada. Um bananal saudável dispensa qualquer tipo de escoramento
(Foto VI-12).
Foto VI-12- O melhor escoramento para as bananeiras é manter
seu sistema radicular livre de nematóides e da broca.

10- O desvio do cacho ou do “filho”


Esta operação é feita para se evitar que o “filho” venha danificar a
inflorescência ou o próprio cacho, por ficar se esfregando neles e com isto causando
injúrias nas suas cascas.
Há uma tendência natural da bananeira lançar sua inflorescência, do mesmo
lado em que o seu o “filho” está se desenvolvendo. Dado a esta situação, onde o
“filho” está crescendo para cima e o cacho para baixo, haverá grande probabilidade de
ocorrer uma colisão entre eles, salvo se um dos dois for desviado.
Bananais plantados em topografias mecanizáveis, localizados em áreas
distantes da linha equatoriana, principalmente quando já nas regiões sub-tropicais, é
grande a porcentagem de primeiros cachos se formando voltado para o lado dessa
linha, numa posição que, para nós do hemisfério sul, corresponde a 12° norte-leste.
Se a este fato, que ocorre naturalmente, o produtor, ao fazer o plantio,
orientar o posicionamento da muda no sulco, de modo que seu lado de brotação fique
voltado para o norte e na operação de desbaste ele tenha aproveitado o rebento nascido
para esse lado, a probabilidade do caminhamento de todas as “famílias” ocorrer rumo
norte, é de quase 100%. Na seqüência, a maioria dos rebentos descendentes (“filho”,
“neto”, “bisneto”, etc.) tenderão a nascer em baixo do cacho da sua “mãe”. Desta
forma, a “mãe” terá o seu “filho” como ponto de escoramento, o que diminui as
possibilidades de seu tombamento. Entretanto, cria-se com isto um outro problema,
que exigirá cuidados do produtor.
Se o bananal não for muito vigoroso, quando a planta “mãe” estiver
lançando sua inflorescência, o “filho” estará bem abaixo da mesma, havendo portanto,
necessidade de imediato ensacamento dela para evitar-se que eles se toquem. Nos
bananais jovens e bem vigorosos isto não acontece, uma vez que o “filho” já estará
com uma altura maior, quase ultrapassando a roseta da “mãe”, portanto, sem
possibilidade de trombar com a inflorescência. Entretanto, nos bananais mais velhos
isto não acontece, sendo recomendado que se faça o desvio de um dos dois, para se
evitar os prejuízos .
O desvio do cacho pode ser feito puxando-o para um dos lados com o
auxílio de um cordel ou mesmo um pequeno tutor de bambu. Ele também pode ser
empurrado para longe da planta “mãe”, com um pequeno bastão de madeira ou bambu,
que ficará apoiado no seu pseudocaule e na ráquis masculina da inflorescência. Há
casos em que a posição do “filho” é tal que apenas com esse bastão se consegue
desviar o cacho do mesmo.
O desvio do “filho”, por sua vez, pode ser feito com um cordel ou mesmo
uma embira de bananeira puxando-o para uma posição mais favorável, a fim de que
ele saia de baixo do cacho. Isto pode ser feito prendendo uma ponta do cordel na
roseta foliar do “filho” e a outra extremidade numa bananeira próxima.
Este tracionamento também pode ser feito usando uma bainha externa da
própria “mãe”, desde que esteja relativamente fixa na sua base, de modo a se poder
puxar o “filho” para junto dela ou para um dos seus lados (Foto VI-13).

Foto VI-13- Desviando o “filho” ainda


novo, ele não irá prejudicar o cacho.
O “filho” pode ainda ser desviado para longe da planta “mãe”,
colocando-se um pequeno tolete de pseudocaule entre a “mãe” e o “filho”. Esta é sem
dúvida uma má opção, pois com isto já se inicia um processo de desequilíbrio da
bananeira “filho”.
Há ainda uma outra solução simplista que é podar o “filho”, a uma altura
que haja tempo para a inflorescência se transformar em cacho e ela ser embolsada,
sem que as folhas dele a alcancem.
Pode-se também, preventivamente, não deixar “filho” algum se desenvolver
em posição que possa vir prejudicar a formação do cacho. Esta solução impede que a
planta “mãe” use o “filho” para se apoiar e ainda que se tenha, eventualmente, de se
eliminar o rebento axial, que é mais precoce e que quase sempre produz um melhor
cacho. Além disso, provoca-se um desvio da direção de caminhamento da “família”,
acelerando assim o processo de desorganização do alinhamento de plantio.
Nas topografias acidentadas, é recomendado que o desbaste seja sempre
feito de modo que a “família” se desloque morro acima, para se evitar o seu
afloramento. Nessas áreas, a necessidade de se ter que desviar o cacho para não ser
prejudicado pelo “filho” é muito difícil de ocorrer pois, geralmente, os cachos se
formam voltados morro abaixo. Entretanto, quando isto ocorre, qualquer uma das
soluções propostas é suficiente para resolver o problema.

11- Rebaixamento do pseudocaule


Por ocasião da colheita, os pseudocaules serão cortados para a retirada do
cacho. Trabalhos feitos para se determinar o comprimento do pseudocaule a ser
deixado, após a colheita, permitem concluir que quanto mais longo ele for, mais
rapidamente o “filho” se desenvolverá. Concluíram-se também que, praticamente, essa
influência quase cessa, por completo, de 50 a 60 dias após a colheita. Baseando-se
nessas pesquisas é válido recomendar que o pseudocaule, a ser deixado por ocasião da
colheita, deverá ter o maior comprimento possível e que a partir do 60° dia, ele poderá
ser totalmente eliminado, uma vez que as translocações de seiva da “mãe” para “filho”
já se processaram e, portanto, ela em nada mais irá contribuir para o seu
desenvolvimento. Desta forma, os nematicidas, fungicidas e fertilizantes aplicados no
interior do pseudocaule da “mãe”, logo após a colheita, também já tiveram tempo
suficiente para se translocarem para o “filho” e o “neto”.
Fazendo-se a eliminação total do pseudocaule, nessa ocasião (após ao 60o
dia), o rendimento de serviço é maior e ele será mais rapidamente transformado em
matéria orgânica, para benefício de todo o bananal.
Na execução desta operação, é boa prática abrir-se o pseudocaule no seu
comprimento, em duas partes, de cima para baixo, com uma roçadeira, foice ou
penado. Posto isto ele será retalhado em toletes com 50 a 60 cm, até chegar ao rizoma.
Fazendo-se estes seccionamentos no pseudacule, estando ele ainda em pé, evita-se
ocasionais acidentes com os operários e é mais fácil de fazê-lo (Foto VI-14).
Foto VI-14- Somente após 60 dias da colheita é que o
pseudocaule da “mãe” deve ser reduzido a toletes para
acelerar seu apodrecimento. O interior deles devem ficar
voltados para o alto, para não abrigarem os “moleques”.
Estes pedaços de pseudocaule, quando no solo, devem ficar com sua parte
interior voltada para cima. Isto acelera a sua decomposição e evita que, eventualmente,
a broca e a traça-das-bananeiras venham aí se alimentar.
Os restos de pseudocaule, folhas, engaço, etc. formarão uma rica camada de
matéria orgânica, que contém elevada porcentagem de produtos químicos (Cap. IX-1)
já sintetizados, que poderão ser rapidamente absorvidos pelas bananeiras. É uma
forma de se reciclar os fertilizantes que foram aplicados, principalmente os fosfatos
naturais que, assim como os demais nutrientes que aí se encontram, já estão totalmente
solúveis. Além disso, com o tempo, eles se transformarão em um excelente
“mulching”, que ajudará a manter o solo mais úmido.
Estes ricos materiais não devem ser levados para fora do bananal.
Análises químicas, feitas no pseudocaule, permitem afirmar que, nas
condições atuais, a venda de pseudocaules para industrialização precisará ser feita a
um preço igual ao pago pelo cacho, a fim de se poder repor, sob a forma de adubos, os
fertilizantes minerais e orgânicos que deixarão de retornar ao solo.

12- Culturas intercalares


É prática comum entre os bananicultores efetuarem uma cultura intercalar,
durante a fase inicial de formação do bananal. Se a cultura for de uma leguminosa,
como feijão-de-mesa, não haverá concorrência, porém, se for gramínea, como arroz ou
milho, será extremamente prejudicial ao bananal, uma vez que estas são grandes
consumidoras de nitrogênio e é na fase vegetativa da bananeira que ela mais precisa
desse nutriente.
Comparando-se dois plantios de bananeiras, um com cultivo intercalar
usando uma gramínea (arroz e milho) e outra sem nada, foi verificado que o lucro
líquido das duas culturas (banana + qualquer uma das gramíneas) foi inferior ao obtido
só com a bananeira. Além desse prejuízo monetário, que ocorre já na primeira safra, as
gramíneas causam um alongamento do primeiro e do segundo ciclo vegetativo do
bananal. Há também a se considerar o esgotamento do solo, cuja recuperação exigirá
altas doses de adubos, principalmente o nitrogenado.
O plantio da leguminosa perene cudzu tropical (Pueraria javanica),
consorciada ao bananal, poderia ser feito, pois ela é fonte de matéria orgânica e
fixadora de nitrogênio. Porém, esta recomendação seria válida apenas para os solos
aluviais profundos e com boa capacidade de reter umidade (solo
alúvio-fino-areno-barrento-húmico). Nos solos rasos, com deficiente capacidade de
retenção de umidade (o que ocorre freqüentemente nas topografias acidentadas), essa
prática agrícola é desastrosa, a despeito do manejo que se faça com a leguminosa
(roçada periodicamente, ceifada para a alimentação do gado, etc.). Além dos prejuízos
diretos na produção (redução do peso do cacho e alongamento do ciclo de produção)
decorrente da competição em água, há ainda a ressaltar que pequenos animais (ratos,
sapos, etc.) são atraídos pelas sementes produzidas e pelo ambiente que a leguminosa
forma. Atrás destes animais, surgem cobras venenosas, que constituem um sério
perigo para os operários.
Um outro aspecto, bastante sério a se considerar, é a possibilidade que as
culturas intercalares tem de favorecer o desenvolvimento de nematóides como os do
milho - Meloidogyne arenaria, Meloidogyne incognita, e Meloidogyne javanica - que
são os mesmos da bananeira e que produzem as “batatinhas”. Além disso, tem-se
também o problema das viroses, como o CMV ou mosaico do pepino, que tem como
seu hospedeiro o próprio milho. Quanto aos nematóides do feijão-de-mesa, o problema
se restringe ao parasitismo de apenas dos dois últimos citados.
Num bananal formado nos moldes aqui recomendados, mantendo-se as
condições de fertilidade de solo e tratos fitossanitários, a exuberância vegetativa das
plantas proporcionará muito precocemente bastante sombra, que impedirá o
desenvolvimento de mato ou uma outra cultura no seu interior. O ambiente que se
forma sob as folhas das bananeiras é extremamente favorável para ela, mas não para as
outras plantas.
Conclui-se então que, somente o consorciamento de bananas e
feijão-de-mesa seria possível, assim mesmo apenas durante a fase da formação dos
bananais. Entretanto, o próprio feijão-de-mesa é um dos hospedeiros do vírus do
CMV.
O mais prudente é não se plantar nada no meio do bananal.
13- Adensamento do bananal
O adensamento de um bananal já em produção é feito plantando-se mudas
nas partes mais abertas ou deixando-se dois “irmãos” se desenvolverem.
O cultivo da bananeira, visando obter elevados rendimentos, exige o
aproveitamento máximo da área com a menor mão-de-obra possível.
Para se programar a recuperação de um bananal já em produção, deve-se,
primeiramente, inspecionar o seu estado geral, principalmente quanto à sua densidade.
É importante ter-se em mente que um bananal (porte baixo ou médio) deve possuir de
2.000 a 2.500 covas/ha e em cada cova existir apenas uma “família”. Nos bananais de
porte alto a população deve ser cerca de 50% dessa densidade.
Se no bananal houver de 1.000 a 1.200 “famílias”/ha de bananeiras de porte
baixo ou médio, o adensamento poderá ser feito deixando-se formar duas “famílias”
em cada cova, com eventuais replantes de mudas altas ou a pau de lenha (as quais
devem ter um descanso para provocar sua brotação lateral) em algumas clareiras. Estas
mudas poderão ser obtidas no próprio lote ou em outros próximos.
Para o caso de bananeiras de porte alto, ao se avaliar a densidade
populacional do lote, ela deverá ser no mínimo de 500 a 600 “famílias”/ha para se
justificar tentar-se proceder seu adensamento. A metodologia neste caso, será igual a
anteriormente descrita.
Precedendo esta operação, deve ser feita uma carpa ou roçada geral,
seguida da desfolha, do desbaste e da aplicação de nematicida para o combate aos
nematóides e a broca-das-bananeiras. Logo após estas operações, faz-se uma adubação
geral, lembrando que nas covas onde irão ficar mais de uma “família”, se aplicará uma
dose na frente de cada “filho” responsável pela formação delas.
Se a densidade do bananal for inferior aos índices citados é recomendável
que ele seja destruído e se faça sua renovação geral, conforme o item seguinte (VI-14),
pois o tempo que se gastará e os custos para o replantio são tais que invalidam todo o
esforço a ser despendido.
A muda tipo alta ou a pau de lenha, as mais precoces de todas, quando
plantadas no meio do bananal, geralmente levam de 18 a 20 meses para produzirem o
primeiro cacho. Esse cacho normalmente é fraco, sendo que a produção somente
melhora a partir da segunda colheita. Entretanto, no caso em que se pode fazer o
adensamento formando uma segunda “família”, a primeira produção já é normal, se as
adubações forem feitas conforme as necessidades locais.
As vantagens da renovação total da área são tantas, que o adensamento
somente será justificável quando houver fatores econômicos limitantes ou for
impossível a mecanização.
A partir de 1960, iniciou-se no Estado de São Paulo um programa de
substituição do cultivar Nanica pelo Nanicão. Isto foi feito plantando-se mudas tipo
pedaço de rizoma de ‘Nanicão’ no meio de lotes de ‘Nanica’, pensando-se em evitar a
queda de produção da propriedade. O resultado dessa experiência mostrou ser ela uma
prática agrícola desaconselhável, pois os primeiros cachos eram pequenos e só foram
obtidos após 24 meses de plantio dessas mudas.
Este sistema permitiu apenas a troca de cultivar, sem que se fizesse
nenhuma outra correção. Os problemas fitossanitários e as deficientes infra-estruturas
da plantação continuaram, pois não se aproveitou a oportunidade para estudar melhor
a localização de carreadores, fazer a aplicação mecanizada de corretivos ao solo,
corrigir os alinhamentos, etc.
Uma vez sentida essas limitações, concluiu-se que a substituição de
cultivares deve ser feita seguindo-se o mesmo esquema da reforma de bananais, em
que todas as plantas são destruídas mecanicamente (desintegrador de restos de cultura,
enxada rotativa, grade pesada com discos lisos, etc.) e incorporadas ao solo com uma
aração. Uma substituição feita nesses moldes, proporciona, após doze meses, bons
resultados econômicos ao agricultor, com a primeira colheita.

14- Reforma do bananal


Como preceitua o primeiro conceito da instalação de um bananal, deve-se
destruir 20% de sua área anualmente, para se ter sempre a lavoura no seu potencial
máximo de produção.

14.1- Vantagens da reforma periódica


Nas áreas onde existem bananais velhos, com mais de 5 anos de idade,
cujos “netos” não tenham a altura mínima de 10 a 20 cm para os cultivares de porte
baixo, 30 a 40 cm para os de porte médio e 40 a 50 cm para os de porte alto, por
ocasião da colheita da planta “mãe”, eles devem ser destruídos e plantados novamente,
a fim de restaurar-lhes o vigor da juventude e obter as seguintes vantagens:
a) incorporar e misturar com o solo todos os restos vivos e mortos de
bananeiras, que serão rapidamente transformados em matéria orgânica;
b) provocar um bom arejamento no solo de modo a aumentar sua
oxigenação, através do manejo feito com a subsolagem, aração e gradagem ou
rotovatagem;
c) aumentar a área de exploração das raízes do novo bananal por se destruir
as velhas e ainda, as “crateras” formadas pelas “cabeças” das bananeiras que já
produziram. Essas áreas com as “crateras”, normalmente, não são exploradas pelas
raízes das plantas mais novas (“neto”, “bisneto”, etc.) e, por vezes, chegam a ocupar
uma faixa de 30 x 100 cm, em cada “família”, o que corresponde a 6% da área
destinada a ela;
d) diminuir a população dos nematóides com o manejo do solo e rotação de
cultura;
e) eliminar mecanicamente, a uma só vez, todas as brocas-das-bananeiras,
nas suas diversas fases evolutivas, por se destruir todas as plantas onde elas estavam se
criando ou apenas vivendo;
f) interromper o ciclo de reprodução dos insetos que causam danos às
bananeiras, em especial, às suas frutas e folhas;
g) fazer, mecanicamente, aplicações de corretivos do solo (calagem e
fosfatagem), o que reduz o custo dessa operação e possibilita sua incorporação a uma
profundidade maior com as arações;
h) proporcionar condições para realizar adubações específicas, para atender
as diferentes exigências nutricionais (que variam com a idade das plantas) e, com isto,
permitir maior aproveitamento dos adubos, durante a primeira safra e, parcialmente, na
segunda;
i) refundar os rizomas que estavam aflorados e com isto reduzir o
tombamento das bananeiras;
j) corrigir o alinhamento do bananal e a densidade de plantio;
k) eliminar plantas atacadas por vírus e bactérias;
l) redução do número de pulverizações, para controle da sigatoka-amarela,
durante a formação do bananal;
m) plantar uma leguminosa ou uma lavoura que seja capaz de reduzir os
nematóides existentes na área. Convém lembrar que, o simples fato de se eliminar
totalmente as bananeiras de uma gleba, já é suficiente para se reduzir a população dos
nematóides. Quanto maior for o tempo que esse solo fique descansando, sem nenhuma
vegetação, maior será a redução do número desses vermes.
Em conseqüência de todas essas vantagens, o produtor conseguirá restaurar
o vigor juvenil do seu bananal e, além disto, beneficiar-se de situações que
possibilitarão:
a) formar um bananal com mudas saídas, produzidas por biotecnologia ou
em viveiros ou mesmo com mudas devidamente preparadas e tratadas, cuja sanidade
possibilite bom desenvolvimento das raízes e produção futura muito boa;
b) poder até dispensar a aplicação de nematicidas durante a primeira safra,
sem maiores riscos, devido a presença de baixíssima população de nematóides e total
ausência de broca-das-bananeiras, nessa área;
c) uniformizar o período de produção da área reformada, o que traz um
maior rendimento da mão-de-obra, tanto nos tratos culturais como para a colheita;
d) mecanizar o combate às ervas daninhas durante alguns meses, por se
corrigir o alinhamento das bananeiras;
e) corrigir a densidade do bananal que passará a ter a população
recomendada e, com isto, obter maior número de cachos colhidos;
f) diminuir os investimentos na aquisição de adubos, por obter o mesmo
resultado com menores quantidades aplicadas, já que as plantas jovens aproveitam
melhor os fertilizantes, por terem maior vigor e maior número de raízes;
g) aumentar o comprimento das bananas, principalmente das últimas
pencas, devido a formação de um exuberante sistema radicular, capaz de proporcionar
ao cacho uma boa alimentação;
h) obter ciclos de produção da primeira para a segunda e da segunda para a
terceira colheita inferiores ao do bananal velho, aumentando-se assim o número de
cachos produzidos, num mesmo intervalo de tempo, com substancial aumento da
produtividade;
i) reduzir os custos de produção e aumentar o número de toneladas colhidas
no hectare, obtendo assim maiores lucros.

14.2- Planificação da reforma em áreas mecanizáveis


O programa de reforma do bananal é mais viável em área mecanizável. Ele
começa por se fazer seu planejamento por completo, como se fosse uma área virgem
de bananeiras (Cap. V-2).
Deve-se iniciar fazendo as planificações e as locações das infraestruturas
no campo, como se fosse executar todo o projeto imediatamente, ou seja:
a) planificação da construção do “polder”, se necessário;
b) planificação da retificação dos ribeirões, se necessário;
c) planificação da abertura das valas de drenagem e subdrenos, se
necessário;
d) planificação da construção dos carreadores, estradas e cabos aéreos;
e) planificação do plantio de quebra-ventos.
Depois disto o produtor irá executando, por partes, o programa nos seus
diversos itens, conforme as possibilidades e as necessidades mais prementes,
associadas aos fatores da produção pendente e o seu valor comercial.
A destruição do bananal começará pelas partes menos produtivas e a
seguirá, progressivamente, para as demais.
O programa da primeira reforma de um bananal velho, será executado
parceladamente, sugerindo-se 10% da área no primeiro ano; 20% no segundo; 30% no
terceiro ano e, finalmente, 40% no quarto ano. Desta forma o bananicultor terá, apenas
durante o primeiro e segundo ano uma pequena diminuição da sua renda.
Tendo sido reformado o último lote, o produtor passará a fazê-los
anualmente, na proporção de 20% de sua área, quando os custos dos investimentos do
início do programa de reforma já estarão pagos e também instalada toda a nova
infraestrutura programada.
Uma vez escolhida a área a ser reformada, a fim de conseguir colher ainda
mais alguns cachos, o bananicultor deverá começar abrindo o pseudocaule de todas as
plantas que já produziram, no sentido vertical e depois cortá-los em toletes, com cerca
de 50 cm, até um pouco acima do seu colo. Esta repicagem ajuda a acelerar o seu
apodrecimento.
Uma poda igual a anteriormente descrita, deverá ser feita no pseudocaule
de todas as bananeiras que não estejam com cachos, flores ou próximo de florescerem,
provocando assim um grande arejamento do bananal. Isto provocará uma aceleração
no desenvolvimento dessas que permaneceram em pé. As plantas que já floresceram
somente serão conservadas, se a perspectiva do valor comercial de sua produção for
boa, uma vez que os cachos a serem colhidos devem ter pequeno tamanho.
A área programada para a reforma deverá ser dividida em lotes com no
mínimo ½ ha (50 x 100 m), área esta que permite um razoável rendimento operacional
do trator, a despeito das manobras que serão feitas.

14.2.1- Destruição do bananal velho


Após ao término da colheita do lote escolhido para ser reformado, deve-se
cuidar da destruição de todo o resto que sobrou dele. Isto pode ser feito com um
desintegrador tipo Tritton 2.300, uma grade pesada tipo Romi equipada com discos
lisos ou com uma enxada rotativa tipo F.N.I. com facas velozes.
É recomendável que o trator que for tracionar qualquer um destes
implementos tenha pára-choque dianteiro ou lâmina, para poder empurrar as
bananeiras que ainda estejam em pé e de preferência que tenha tração nas quatro
rodas.
O Tritton modelo 2.300 (ou modelo 1.800 cm, que necessita de trator com
menor potência) é um desintegrador de restos de cultura, que apresentou ótimos
a
resultados no serviço de destruir bananeiras. Ele deve ser passado na 1 vez, com seus
martelos cerca de 10 cm acima do solo. Logo após essa operação deve-se passar uma
a
2 vez, regulando-a de modo que seus martelos passem no nível do solo (Foto VI-15).

Foto VI-15- A lâmina do trator empurra as bananeiras e o Tritton


as desintegra totalmente, em uma só operação.
Posto isto já é possível fazer-se a aração de todo o terreno. Os rizomas
arrancados com a primeira aração serão destruídos com a aração seguinte. Uma melhor
e mais rápida destruição desses rizomas poderá ser obtida passando-se a enxada
a
rotativa após a 1 aração e depois da 2ª novamente.
Utilizando-se a grade pesada, ela deve ser passada, inicialmente, toda
aberta apenas para recortar os restos do bananal. Dependendo da eficiência desse
serviço, já na segunda passada, é possível fechar-se um pouco sua regulagem e com
isto começar a enterrar os resíduos. Usando-se esta sistemática e dependendo do
volume dos resíduos, com 3 a 4 passadas, todo ele estará enterrado. (Foto VI-16).
Entretanto, é preferível passar a grade até que apareça um pouco de terra sobre os
resíduos e depois de duas a três semanas completar o serviço. Este equipamento é mais
eficiente em áreas mais secas e em solos com porcentagem menor de argila. As
recomendações já feitas quanto ao uso da enxada rotativa para acabamento do serviço,
também são válidas.
Foto VI-16- A grade pesada, com discos lisos, precisa ser passada três
ou quatro vezes para destruir as bananeiras que foram empurradas
com a lâmina do trator.
Em solos mais argilosos e úmidos as rotativas apresentam melhor
desempenho.
Se o serviço de desintegração do bananal vai ser iniciado com a enxada
rotativa F.N.I., modelo E-60 (tipo pesado), ela deve ser passada em alta rotação (usar
as engrenagens de alta velocidade), bem superficialmente (5 cm), para desintegrar
todos os restos do bananal e ervas daninhas aí existentes. Um melhor desempenho
a
deste serviço é obtido operando-se com o trator engrenado em 1 reduzida (Foto
VI-17). Uma segunda passada da rotativa, em baixa ou média rotação, na
profundidade de 10 cm, é suficiente para misturar os resíduos de bananeiras com a
a
terra. Dependendo das condições de serviço, pode-se operar com o trator em 2
reduzida. Esta segunda passada da rotativa, deverá ser feita logo em seguida da
primeira, por destruir mais intensamente os restos do bananal que ainda estão verdes e
com isto se obter melhor rendimento da aração. Esta deverá ser feita após 2 a 3
semanas, para dar tempo dos resíduos fermentarem e com isto evitar que haja alguma
rebrota de bananeiras.

Foto VI-17- A enxada rotativa F.N.I. modelo pesado, com facas velozes,
consegue repicar as bananeiras em duas passadas.
Uma enxada rotativa de modelo maior exigiria um esforço excessivo do
trator, durante a destruição do bananal, não justificando o pequeno acréscimo obtido
no rendimento de serviço. Ela sendo menor não haverá limitação no seu uso nas
operações de capina, durante a formação do bananal.
As enxadas rotativas F.N.I. são normalmente entregues pelo fabricante com
facas em ângulo reto, denominadas carpideiras. Estas facas não são próprias para a
destruição do bananal, pois em poucos minutos de serviço acabam por se embuchar
com os restos de bananeiras, transformando o eixo rotor em um verdadeiro rolo
compressor. Evita-se este problema substituindo as facas originais por facas curvas,
denominadas facas velozes. Elas devem ser montadas segundo as informações do
fabricante, porém reduzindo de três para dois o número de pares de facas existentes
em cada anel do eixo rotor. Desta forma, é possível trabalhar o dia todo, sem ser
preciso parar para a limpeza. Recomenda-se, contudo, que em solos muito argilosos e
em dias chuvosos, a cada quatro horas de serviço se faça uma limpeza na máquina.
É importante que, ao se acoplar esta rotativa ao trator, se regule o braço do
3° ponto do hidráulico do trator, de modo que a caixa da corrente de transmissão da
rotativa fique no posição vertical, segundo recomendações do fabricante. Este cuidado
operacional diminui as possibilidades de embuchamento da rotativa, principalmente
quando o solo está molhado. Com a mesma finalidade, a tampa traseira da máquina
deve ser mantida na posição horizontal.
Ao adquirir um trator para uma exploração bananícola, a escolha deve
recair em tratores com rodeiros altos, com 90 a 100 HP, se possível com tração nas
quatro rodas, assim como a enxada rotativa deverá ser a F.N.I., modelo E-60 (tipo
pesado) ou o desintegrador Tritton modelo 2.300. Tratores com rodeiros estreitos tem
melhor desempenho para este fim.
As justificativas para aquisição do trator com rodeiro alto são as seguintes:
a) não precisar parar o Tritton ou a enxada rotativa durante as manobras e
por não causar problemas nas cruzetas de seu eixo de tomada de força;
b) nas pulverizações para controle da sigatoka-amarela, ter possibilidade de
se elevar a atomizadeira a uma altura maior, evitando que, eventualmente, ela deslize
sobre os facões, que muito freqüentemente se formam nos carreadores;
c) não atolar nos dias de chuva, quando tracionando carretas;
d) por ter os eixos mais altos possibilita sua utilização em mudas maiores,
sem tocar nelas, quando estiver tracionando o “rastelão” (implemento destinado a
operação de fechamento dos sulcos de plantio - ver Foto V-16). Com ele pode-se
retardar um pouco o fechamento do sulco e ele também executa a capina de cova.

14.3- Planificação da reforma em áreas não mecanizáveis


Os benefícios que se obtém em se reformar um bananal em área não
mecanizável são bem menores do que no caso anterior. Mesmo assim, quando isto se
faz necessário, consegue-se:
a) rejuvenescer o bananal;
b) reduzir os ataques de nematóides e broca-das-bananeiras;
c) refundar os rizomas que estão aflorados;
d) recuperar a densidade de plantio;
e) uniformizar a época das próximas colheitas.
Nos bananais de morro ou em locais onde haja muita pedra ou restos de
mata, a planificação da reforma se resume em:
a) replanificar e melhorar os carreadores;
b) melhorar o escoamento das águas, se for o caso;
c) construção de pequenos galpões para embalagem.

14.3.1- Destruição do bananal velho e seu plantio


Nas áreas não mecanizáveis, a destruição do bananal velho tem que ser
feita a mão ou abandonando-o durante algum tempo como pasto. O pastoreio não
chega a causar o desaparecimento de todas as bananeiras, sendo preciso que após
algum tempo se arranque aquelas que insistam em rebrotar. É sem dúvida uma das
formas mais baratas de se executar a destruição. É eficiente, uma vez que o solo vai
poder ficar por algum tempo sem bananeiras, antes de se voltar a plantá-las, o que
possibilita que seus inimigos nematóides e broca-das-bananeiras morram de fome.
Destruir-se um bananal manualmente, implicaria em derrubá-lo, recortá-lo,
arrancar seus rizomas e os transportar para fora da área. Esta é uma seqüência de
operações que não se deve recomendar, pois seu custo seria proibitivo e jogar fora
todos os restos das bananeiras, seria desperdiçar-se toneladas de matéria orgânica já
sintetizada.
Na área escolhida para se iniciar a reforma do bananal manualmente,
proceder-se-á da mesma forma que no caso das áreas mecanizáveis, quanto à
eliminação das plantas que não estão em produção. Tendo findado a colheita faz-se a
aplicação de um herbicida sistêmico, como o glifosato, em toda a área, para se matar
as plantas que rebotaram. Decorridos 45 a 60 dias da aplicação, quando todas a
bananeiras já estarão mortas, faz-se a locação das covas, sua abertura, seguida do
plantio. Neste caso deve-se plantar mudas produzidas em viveiros ou mudas
descorticadas e tratadas, obtidas em outro bananal. É importante que estas mudas,
quando prontas, tenham um porte condizente com o seu cultivar, a saber:
porte baixo - 80 cm de altura e peso mínimo de 3 kg;
porte médio - 100 cm de altura e peso mínimo de 5 kg;
porte alto - 150 cm de altura e peso mínimo de 8 kg.
Deve-se usar estes tipos e tamanhos de mudas para que a área a ser plantada
não fique por muito tempo descoberta.
Neste caso, logo após ao plantio, faz-se uma aplicação de um nematicida
sistêmico, bem rente as mudas, de modo a se estabelecer um cordão de proteção a elas,
contra eventuais “moleques” que ainda estejam vivos.
Eventualmente, pode-se deixar o terreno sem bananeiras por mais tempo, o
que seria mais recomendável, pois com isto se liquidaria por completo com a
broca-das-bananeiras e se reduziria mais a população de nematóides. Entretanto, o
custo da reimplantação do bananal seria maior devido ao desenvolvimento das ervas
daninhas, que iriam infestar a área. Deixar-se por um tempo muito prolongado a área
sem nenhuma cultura, corre-se o risco de ter-se problemas de erosão.
Uma outra forma de se recuperar, parcialmente, um bananal de morro é
fazendo-se uma eliminação das plantas que não estejam em produção, o que poderá ser
feito cortando-as junto ao solo e desbastando sistematicamente todos os filhotes que
rebrotarem. Igual procedimento será feito com as plantas que venham a ser colhidas.
Simultaneamente se fará o plantio de mudas no padrão acima recomendado. Neste
caso, os benefícios são pequenos mas, mesmo assim, consegue-se refundar os rizomas,
recuperar a densidade de plantio, reduzir-se os prejuízos da broca-das-bananeiras e
restaurar o vigor juvenil do bananal.
As mudas plantadas brotarão com bom sistema radicular. Tendo-se o
cuidado de se começar, imediatamente após ao plantio, o controle previsto para os
nematóides, será possível obter-se um novo bananal com boa saúde, por algum tempo.
É óbvio que ao se replantar o bananal em condições de morro, isto deve ser
feito sempre em curvas de nível ou simplesmente cortando as águas, pois esta prática
facilitará, durante algum tempo, os tratos culturais e a colheita.

14.4- Destruição do bananal inundado


A destruição do bananal que sofreu prolongada inundação é iniciada
cortando-se as plantas na altura da roseta foliar. Em seguida, abre-se verticalmente, de
cima para baixo, o pseudocaule em duas metades e recorta-se todo ele em toletes com
50 a 60 cm, até sua base. Depois é possível passar o Tritton 2.300, a grade pesada, a
enxada rotativa ou até mesmo a roçadeira de arrasto, para provocar a desintegração do
que sobrou.
Com uma aração superficial, feita em seguida, visando apenas trazer um
pouco de terra para cima, criam-se condições para, então, poder-se fazer um
conveniente preparo do solo, que será usado com uma cultura em rotação.

15- Rotação de culturas


Em áreas que estiveram cultivadas com bananeiras, a rotação de cultura é
feita, basicamente, para se conseguir a diminuição das populações de nematóides e da
broca-das-bananeiras.
A rotação possibilita ao agricultor melhorar as qualidades físicas do solo e
ainda beneficiar-se das vantagens de se destruir as pragas e enfermidades parasitas das
bananeiras.
As leguminosas são, dentre as plantas cultivadas, as que têm maior
capacidade de reduzir a população dos nematóides. Para o perfeito sucesso é preciso
também que as áreas fiquem sem nenhuma bananeira, por um tempo mínimo de 6
meses, no caso de solos argilosos e 8 meses para os arenosos. Esse período é suficiente
para quebrar o ciclo biológico da broca-das-bananeiras e, com isto, sua população fica
reduzida a praticamente zero. Sabe-se que haverá grande diminuição na população dos
nematóides, a qual ficará reduzida a níveis variáveis, principalmente em função da
cultura que foi feita em rotação e do manejo que se deu ao solo e ainda do seu teor em
argila. É preciso que se diga que, a rotação de cultura ou o fato de se deixar o solo sem
cultivo algum serve apenas para se reduzir o porcentual de nematóides, mas em
hipótese alguma pode-se afirmar que esse solo ficará completamente livre deles.
Sugere-se que seja feita uma lavoura de feijão-de-mesa, para se aproveitar
todos os resíduos do bananal, seguido do plantio de uma leguminosa para ser
incorporada ao solo. Esta é, sem dúvida alguma, a forma mais econômica, mais
racional e menos poluente de fazer o combate aos nematóides e da
broca-das-bananeiras, sem deixar que a área fique parada e improdutiva.
Há informações sobre a redução da população de nematóides, a níveis
aceitáveis (10 a 12 mil indivíduos/100 g de raízes), plantando-se mucuna preta
(Stizolobium atererrimum), ou uma crotalária (Crotalaria juncea ou a Crotalaria
spectabilis). Qualquer uma destas leguminosas deve ser plantada e deixada crescer até
o início do seu florescimento, quando então será picada com rolo faca ou destruída
com o destruidor de restos de cultivo ou com a roçadeira e em seguida incorporada ao
solo, por meio de aração ou rotovatagem. Este plantio deve ser repetido por duas vezes
no mínimo para se ter o melhor resultado.
As leguminosas são destruídas quando estão florescidas, por ser esta a
época em que os nematóides mais estão agregados às suas raízes. Esta destruição
provoca a morte das raízes e conseqüentemente, os nematóides também morrem por
não terem o que comer e como isto é feito de súbito, eles não tem tempo de se encistar
(órgão de sua defesa).
O florescimento destas leguminosas se processa em geral, por volta dos 100
a 120 dias, após o plantio. A C. spectabilis produz cerca de 4 a 6 t/ha de matéria verde;
a mucuna preta cerca de 6 a 8 t/ha e a C. juncea entre 10 a 15 t/ha.
Considerando que estas leguminosas são incorporadas ao solo ainda verdes,
é possível imaginar-se o aumento do teor de matéria orgânica que ele terá.
O produtor pode também optar pela destruição do bananal mecanicamente e
deixar a área descansando (pousio), sem nenhum cultivo. Neste caso, a área tem que
ficar completamente sem mato e sem bananeira alguma, inclusive seus rebrotes, por
um período mínimo de 6 meses.
Caso o produtor não queira deixar o solo sem nenhuma cobertura, é
possível também plantar-se o cravo-de-defunto (Tegetes minuta), cujas raízes
produzem politienilos que são tóxicos para os nematóides, cujo ciclo de vida é de 120
a 150 dias. Há situações específicas tais como a época do ano, facilidade de semente,
etc., em que se pode plantar outros vegetais, desde que essa planta não seja hospedeira
de nematóides bananícolas como o nabo forrageiro (Brassica rapa variedade rapa).
Entretanto, caso o produtor resolva não deixar a área em pousio ou fazer uma rotação
de cultura, o simples fato dele destruir o bananal velho e plantar o outro em seguida, já
terá grandes benefícios. Não é o ideal, mas é melhor cuidar de um bananal novo do
que de um velho.
Deve-se ainda lembrar que de nada adianta plantar um vegetal qualquer
para reduzir os nematóides consorciadamente com as bananeiras. Havendo a morte
desse vegetal os nematóides migram imediatamente para as raízes das bananeiras.

CAPÍTULO VII - COLHEITA, TRASPORTE ITERO,


EMBALAGEM, AMADURECIMETO, TRASPORTE EXTERO
E UTILIZAÇÃO
1- Colheita

1.1- Considerações
A colheita é a última prática agrícola do cultivo das bananeiras e é uma
operação básica e da mais alta importância, independentemente do destino que se
pretenda dar à fruta.
Tem sido mencionado que as bananas brasileiras são, perfeitamente,
comparáveis com aquelas produzidas pelos líderes da comercialização mundial dessa
fruta, mas somente enquanto ela está na planta. Logo, já na colheita, devido à má
qualidade dos serviços executados, inicia-se a destruição de todo o esforço feito até
então pelo homem e a natureza, durante o período de produção.
A tendência do mercado consumidor brasileiro e mundial é tornar-se cada
vez mais exigente na qualidade de todas as frutas, pois é, principalmente, pela boa
aparência que se consegue boa comercialização.
Têm-se verificado que as grandes empresas brasileiras e as internacionais
vêm se aperfeiçoando, dia a dia, nas técnicas de cultivo. Porém, é preciso ressaltar a
especial atenção que elas tem dado ao cacho, já logo após a emergência da
inflorescência e, particularmente, na colheita, visando sempre evitar o aparecimento de
injúrias de qualquer natureza nos frutos.

1.2- Padrão para colheita


O cacho de banana, normalmente, é colhido quando as frutas atingem o
desenvolvimento conveniente para o mercado a que se destina e de acordo com a
embalagem que vai ser usada.
Múltiplos fatores ligados à ecologia e à planta impedem que se generalize a
informação de quanto tempo o cacho leva para chegar ao ponto de colheita, a partir da
data do nascimento da inflorescência. Na primeira colheita, esse período é o mais
curto. O avanço da idade do bananal é um dos fatores de alongamento desse período.
Pode-se dizer, contudo, que esse período varia entre 80 a 150 dias, para as condições
climáticas do Estado de São Paulo, que tem o verão e o inverno bem definidos.
A padronização do tipo do cacho é feita entre nós usando um calibrador, em
geral, confeccionado em chapa de aço inoxidável ou em alumínio, em forma da letra
U. A abertura é expressa em milímetros, sendo que os modelos variam, em geral, de
30 a 38 mm (Figura VII-1).
Figura VII-1- Calibrador, em mm, usado para classificação do padrão da
fruta.

Antigamente, era usado um padrão visual que se baseava na plenitude do


desenvolvimento da fruta ou na angulosidade das suas quinas. Estabelecendo-se uma
relação entre os dois sistemas temos:
Tipo Padrão visual Cálibre em mm
0 magra 30
I ¾ magra 32
II ¾ natural 34
III ¾ gorda 36
IV gorda (ou natural) 38

Estes padrões, em milímetros, são aplicáveis às bananas do subgrupo


Cavendish e correspondem aos atuais usados internacionalmente, sendo que, neste
caso, a unidade é expressa em polegadas.
Dependendo das condições ecológicas, idade do bananal, etc., as bananas
podem passar do tipo I ao tipo IV, em duas semanas ou levar quatro a cinco. Avalia-se
em 5% o ganho de peso do cacho, quando ele passa de um tipo para o outro ou seja, a
cada acréscimo de 2 mm no seu diâmetro.
A correta medição do diâmetro da fruta e conseqüentemente, o grau de
desenvolvimento do cacho, é feita aplicando-se o calibrador no meio de uma banana,
localizada na posição mediana da 2ª penca.
O diâmetro da banana pode também ser feito por meio de um cálibre em
duplo U, onde um deles mede o diâmetro mínimo e o outro o máximo que a fruta pode
ter para ser colhida. Nos cultivares cuja altura não permita que o cortador alcance a 2a
penca, este duplo U é fixado na outra ponta da haste que tem a “galinha”.
Convém lembrar que, para se identificar cada um dos períodos, em que se
fez a eliminação das pencas e do coração, foram utilizadas 4 a 6 cores diferentes.
A despeito de ter sido usado durante uma semana ou dez dias, uma mesma
cor para indicar uma época em que se fez as podas nos cachos, esse período poderá ser
maior ou menor quando se vai fazer a colheita, pois ele varia com os múltiplos fatores
já citados. Por isso, é necessário que uma vez definido o padrão (em mm) que
interessa ser colhido, o cortador irá ao campo com o cálibre e fará uma estimativa
prévia da cor que represente esse padrão de fruta. Querendo-se fazer a colheita sob o
ponto de vista fisiológico, ela será feita apenas nos cachos que tenham essa cor, quer
seus frutos estejam ou não com o diâmetro desejado, uma vez que eles estão
fisiologicamente no ponto desejado. O aproveitamento ou não destes cachos é um
assunto a ser considerado depois, no galpão de embalagem, pelos fiscais controladores
da qualidade. Este aspecto é de suma importância para o caso em que as bananas vão
ser exportadas.
Se a colheita vai ser feita em função dos padrões citados, os quais foram
criados para cachos com dez pencas, é necessário fazer-se sua adaptação à variação
que ele sofre no seu desenvolvimento, segundo o número de pencas que possui. Se
considerarmos que a fruta se destina ao mercado interno, conforme o número de
pencas que o cacho tem, deve-se usar os seguintes limites:
Cachos com até 8 pencas 34 mm
Cachos com 9 a 10 pencas 34-36 mm
Cachos com 11 a 12 pencas 36-38 mm
Cachos com mais de 12 pencas 38 mm
Estas considerações se fazem necessárias pois, conforme foi visto, a
formação das primeiras pencas de um cacho se verifica a intervalos de mais ou menos
24 horas. Este período, para as últimas mãos dos cachos com 10 ou mais pencas,
aumenta para até 36 horas. Disto resulta serem as primeiras pencas bem mais velhas
do que as demais e, portanto, com atividades fisiológicas mais avançadas.
Esse é um dos motivos pelo qual se deve padronizar o número de pencas
dos cachos, durante a operação de quebra de coração, para que não haja necessidade
de toda vez que o cortador chegue junto a um cacho, seja necessário que ele conte
quantas pencas ele tem e depois consulte a tabela acima, para saber se deve ou não
cortá-lo.
O tipo 32 mm é considerado pelo produtor, como o de melhor paladar. O
tipo 34 mm é utilizado nas exportações em pencas e em buquês.
Nos tipos 36 e 38 mm, usados para o mercado interno, a fruta atinge maior
desenvolvimento e peso e, durante a climatização, segue os parâmetros normais. Seu
processo natural de maturação está quase que iniciado. Estes tipos somente são obtidos
e podem ser ampliados para diâmetros maiores, apenas em bananais onde todas as suas
exigências nutricionais foram atendidas e o estado geral de fitossanidade foi bom.
Neste caso, as plantas estarão com muitas folhas saudáveis, o que permite que esses
limites sejam ampliados, até ter-se colheitas de cachos com bananas no padrão 44 mm.
Nesse padrão, as bananas são mais insípidas e o tempo de sua conservação, após a
climatização, é bastante reduzido, o que pode causar problemas na comercialização.
Quando o produtor consegue colher esse padrão de bananas, há maior rendimento na
transformação de cachos em caixas, mas ele corre o risco delas começarem a
amadurecer no campo e o manuseio, pós-colheita, tem que ser feito com muito carinho
e cuidado.
Quanto ao paladar, a fruta do tipo 36 mm, depois de amadurecida em
câmara de climatização por um mínimo de 60 horas, é a mais apreciada pelos
consumidores.
As bananas do subgrupo Cavendish, destinadas à produção de “banana
passa” (ou desidratada), devem ser colhidas mais magras (30 a 32 mm); para a
industrialização da polpa, ela deverá estar quase totalmente desenvolvida (34 a 36
mm), evitando-se o tipo 38 ou maior, pois elas tem muita água e pouco açúcar.
O ponto de colheita também pode ser determinado pelo penetrômetro, que
mede a resistência da casca à penetração de uma agulha de aço inoxidável. Uma escala
faz a medição dessa resistência, que se torna tanto menor quanto mais madura ela
estiver. Normalmente, para os cultivares do subgrupo Cavendish o índice de colheita é
50 g de pressão. Este valor varia com os diferentes cultivares e também com a
umidade relativa do ar. Ele não é prático e por isso é pouco usado.
Nos países exportadores, onde hoje, praticamente só se cultivam bananas
do subgrupo Cavendish, além do aspecto fisiológico, é preciso que elas tenham no
mínimo, 34 mm de diâmetro e 20 cm de comprimento para poderem ser embaladas
(Figura VII-2). Sendo seus mercados interno muito pequenos, quase que inexistentes,
não há possibilidade de se comercializar bananas fora de padrão, o que não acontece
aquí no Brasil.

Figura VII-2- Comprimento da banana.


Há, contudo, algumas poucas organizações produtoras que têm fábricas de
purê de bananas, onde são aproveitadas aquelas fora de padrão e também as que
apresentam algumas injúrias, somente nas cascas. Estas bananas entram nas indústrias
como matéria-prima, com valor contábil quase zero. Nos demais casos, estas sobras
retornam aos bananais como lixo.

1.3- A colheita
A colheita é a operação pela qual o cacho é separado da bananeira por
seccionamento do seu pseudocaule, quase sempre na altura da roseta foliar. Essa
operação, geralmente, é executada com o facão ou o penado.
Resultados de pesquisas, feitas com vistas a determinar a melhor altura do
seccionamento do pseudocaule e sobre as vantagens de se conservar algumas folhas da
planta “mãe”, permitiram concluir que o melhor é deixar apenas o pseudocaule, no
seu maior comprimento possível eliminando, portanto, todas as folhas. Resulta disto
que o corte feito na roseta foliar é o mais indicado. Entretanto, trabalhando com o
cultivar Nanicão, isto torna-se praticamente impossível de ser feito, devido à altura da
planta. Nos cultivares do subgrupo Prata essa dificuldade é maior ainda. Apesar dessa
dificuldade deve-se, contudo, determinar que o operário deixe o pseudocaule com o
maior comprimento possível.
O hábito de se deixar, após a colheita, uma “bandeira” (uma ou duas folhas)
em pé no pseudocaule é, portanto, contra-indicado. As folhas permanecendo na planta
dificultam que a seiva do pseudocaule se transloque para o “filho” e com isto ele não
se liberta do “julgo” da “mãe”, o que provocará um atraso no seu desenvolvimento.
O que sobrou do pseudocaule da planta colhida será conservado em pé, até
sua eliminação, durante a desfolha e o desbaste (Cap. VI-11).
A presença de fitilhos coloridos amarrados nos cachos que foram
embolsados ou a faixa pintada nas bananeiras ou o número estampado nos sacos
facilita muito a identificação do que deve ser colhido.
Uma vez definida a cor que representa o padrão a ser colhido, por meio do
calibrador, têm-se duas opções para se fazer a colheita. A primeira consiste em se
retirar o saco plástico do cacho e recolhê-lo para uma eventual reutilização, para em
seguida se processar a colheita; a segunda consiste em colher o cacho e envia-lo ao
galpão com esse saco. Este segundo sistema evita bastante as injúrias no cacho.
O produtor deve cuidar sempre de recolher todos os sacos de plástico que
foram usados no embolsamento, assim como qualquer outro plástico, uma vez que eles
não são biodegradáveis. Eles constituem um serio lixo dentro do bananal, por muitas
décadas, mas que podem ser vendidos para a reciclagem.
Recomenda-se que o “cortador” trabalhe com um ajudante, que será o
próprio transportador, para evitar impactos no cacho e também que ele caia no solo.
O operário transportador deverá ter em seu ombro um “berço”, onde o
cacho irá ser apoiado, para proteger as bananas e dar um certo conforto a ele próprio
(Foto VII-1).
Foto VII-1- Na colheita, o transportador se coloca
sob o cacho, com o “berço” em seu ombro e o
cortador secciona o engaço
( Foto Fertipalma Cia Ltda.).
Esse “berço” é semelhante a uma grande telha do tipo colonial, feito de
fibra de vidro, do tamanho de 25 x 70 cm, com uma estrutura interna de metal para seu
reforço. A sua parte côncava, onde o cacho irá ser deitado, é totalmente revestida com
uma camada de espuma de látex, com 5 cm de espessura e com densidade 20. Na parte
inferior, deve haver outra espuma, de igual densidade, com o tamanho de 20 x 20 x 5
cm, que servirá para proteger o ombro do operário, durante o transporte do cacho. Um
saco já usado no ensacamento de cacho, é utilizado para revestir todo o “berço”.
Hos cultivares de porte baixo, ao iniciar a colheita, o cortador eliminará
todas as folhas, cortando-as individualmente. Posto isto, o operário transportador se
posicionará em baixo do cacho, de modo que ele fique deitado no “berço” que estará
em seu ombro. Em seguida, o cortador seccionará o engaço com o comprimento de 50
a 60 cm, medidos a partir da almofada da 1a penca.
Este padrão de comprimento do engaço é válido para a colheita de todos os
cultivares.
Bananeiras do cultivar Nanica, quando plantadas em solos de baixa
fertilidade ou com deficiências no balanço hídrico, após a diferenciação floral,
produzem cachos com engaços muito curtos. A esse tipo de cacho, que muitas vezes
não é aproveitado, o produtor dá o nome de cacho “japonês” ou “cacho mãozinha”.
Para compensar o diminuto engaço que ele possui, costuma-se, ao se fazer a colheita,
seccionar-se o pseudocaule na base da roseta foliar, para que seja possível usar-se
parte do palmito como se fosse engaço.
Hos cultivares de porte médio, ao iniciar a colheita, o cortador com a
ferramenta (penado ou facão) em uma das mãos e com a outra segurando o rabo do
cacho, dá um pequeno corte no pseudocaule, na altura da sua cabeça, para que ele
comece a se arquear. Posto isto, o operário transportador fará o mesmo procedimento
já descrito para os cultivares de porte baixo. Estando o cacho apoiado no “berço”, o
cortador seccionará o pseudocaule na parte mais alta da roseta foliar. Algumas vezes,
devido ao grande vigor da planta, há necessidade de se reduzir o comprimento do
engaço aos padrões recomendados.
Hos cultivares de porte alto, o cortador deve trabalhar com a “galinha” (ver
Foto VI-9) ou a foice bifurcada (ver Foto VI-1B) e uma outra que poderá ser um facão
ou um penado. Com uma daquelas duas ferramentas auxiliares, ele dá um pequeno
corte no pseudocaule, cerca de um metro acima de sua cabeça, para que a planta
comece a se arquear e em seguida, com o facão ou o penado completa a colheita.
Nesta ocasião, o procedimento do cortador e do operário transportador se repetirá de
forma igual ao dos cultivares de porte médio.
A colheita também pode ser feita simultaneamente com o despencamento
no seguinte esquema. O cortador faz um pequeno corte no pseudocaule, na altura da
sua cabeça, para que ele se incline até quase na posição horizontal. Estando o
pseudocaule nessa posição, faz-se o seu escoramento com uma vara de bambu (Foto
VII-2). Em seguida as pencas são retiradas do cacho seccionado-se sua almofada,
começando pelas últimas que se formaram. Posto isto elas são colocadas em um cocho
(Foto VII-3). Este tem uma estrutura feita com conduites de ferro, a qual é revestida
com espuma de látex. Ele tem 150 cm de comprimento e 45 cm de largura (Foto VII-4
e 5). Na parte central há uma fenda no sentido do comprimento do berço, com cerca de
10 cm de largura, para que o látex exsudado caia livremente no chão. Normalmente,
cada berço leva as pencas de um único cacho. Estando completo, o operário o
transporta para o cabo aéreo, protegendo seu ombro com um travesseiro de espuma.
Um outro operário o ajuda a pendurar o berço no cabo aéreo.
É uma técnica recente de transporte, onde se procura reduzir cada vez mais
as injúrias nas bananas. Este sistema de berço possibilita construir-se uma carreta com
uma estrutura tipo várias gavetas, para se fazer o transporte dos mesmos para os
galpões de embalagem. Este “gaveteiro” seria montado na carreta de modo que se
pudesse colocar os berços pelos seus dois lados.
Foto VII-2- Escorando-se o pseudocaule é possível
proceder-se o despencamento, de baixo para cima
(Foto de Luiz A. Lichtemberg da EPAGRI)

Foto VII-3- Para maior facilidade de acomodação das pencas no cocho,


ele deve ficar inclinado 30°. Acima pode-se ver a ráquis já sem as pencas
(Foto de Luiz A. Lichtemberg da EPAGRI).

Foto VII-4- Pela parte inferior do cocho pode-se ver


sua estrutura em conduite de ferro e os ganchos
para seu transporte no cabo aéreo
(Foto de Luiz A. Lichtemberg da EPAGRI).
Foto VII-5- Vista superior do cocho revestido
com espuma de látex
(Foto de Luiz A. Lichtemberg da EPAGRI).
Tendo o operário transportador se retirado com o cacho ou o cocho, o
cortador completará o seccionamento do pseudocaule, o mais alto que ele puder, para
eliminar o pedaço que ficou “mamando”.
Quando não existe o “berço” e nem o “cocho”, o engaço é cortado mais
longo, de modo a se aproveitar a sua curvatura (“bengala” do cacho) para o operário
pendurar o cacho no seu ombro. Este sistema normalmente danifica, por compressão, a
primeira penca que é a melhor delas. O cacho pode também ser colocado diretamente
no ombro do operário que, para sua auto proteção, faz uma almofada com folhas secas
de bananeiras. Esta almofada também pode ser substituída por um pedaço de espuma
a
de látex com 20 x 20 x 10 cm. Neste sistema, o prejuízo da compressão da 1 penca é
transferido para duas outras pencas do meio do cacho, o que é menos ruim do que se
fosse pendurado pela “bengala”, diretamente no ombro do operário.
Depois de colhido, já na costa do transportador, o cacho terá seu rabo
cortado de 10 a 15 cm da almofada da última penca ou seja, mais ou menos no local
daquela banana que sobrou do serviço de eliminação de pencas, a qual será também
eliminada. Esse corte é feito geralmente antes da colheita, porém deixando-o para
fazer posteriormente, ele poderá ser um lugar para o cortador melhor segurar o cacho.

2- Transporte interno
2.1- Transporte dentro do bananal
O transporte do cacho se inicia logo após a colheita, quando então ele é
levado para fora do bananal.
Tendo em vista que um bom cacho deve pesar 30 kg ou mais e que é
volumoso, é normal que o operário transporte apenas um cacho de cada vez. Reforça
esta condição o fato de que, nem sempre, os carreadores estão localizados à distância
prevista de 50 metros mas, com freqüência, a 100 ou 200 metros. A essas distâncias, o
esforço humano no seu transporte é bastante grande e o rendimento de serviço muito
baixo.
A existência de carreadores paralelos e distanciados de 50 metros, permite
um maior rendimento de serviço, pois o operário terá de caminhar com o cacho na
costa, em termos médios, apenas 12,5 metros, o que evita, já nesse primeiro transporte,
que se danifique a produção.
No caso de haver o cabo aéreo, essa distância quase sempre é de 100 m e,
neste caso, o operário caminhará, em média, o dobro ou seja 25 m.
Entretanto, se eles são muito distanciados entre si, faz com que, em geral, o
operário transporte mais de um cacho em cada viagem. Pelo fato deste serviço ser
feito, geralmente, sob empreitada e os cachos nem sempre chegam a apresentar o peso
citado, o operário passa a transportar mais de um deles, chegando ao absurdo de levar
até quatro cachos de uma só vez. As implicações comerciais que isto traz, dispensam
quaisquer comentários. Estes cachos, que já são de categoria inferior, pior ficam ainda.
Nas propriedades que fazem a embalagem no próprio bananal,
normalmente não é usado o berço e muito menos o cocho para o transporte do cacho.
Muitos produtores, que ainda não atingiram esse grau de tecnologia,
transportam o cacho na costa, com uma proteção improvisada e o descarregam no chão
mesmo. Nesse caso, o mínimo que se pode sugerir, é que o solo onde o cacho vai ser
depositado, seja forrado com uma camada de folhas verdes e que o cacho seja
colocado somente em pé.
Hão se pode admitir, de forma alguma, que o cacho colhido entre em
contato com o solo.
Em algumas regiões brasileiras, ainda não evoluídas, as pencas não são
acomodadas em caixas e o cacho inteiro é remetido aos mercados ou eles são
despencados e somente as pencas colocadas nas carroceiras de camionetas e levadas
para a comercialização. Isto apenas evita que o despencamento seja feito na cidade,
mas não reduz os danos nas frutas.
Muito freqüentemente, bananas que vão ser comercializadas em caixas,
tanto no mercado interno como externo, ainda tem sido embaladas nos próprios
carreadores. Neste caso, o veículo transportador inicial poderá ser uma carreta
agrícola, com molas, que levará as caixas cheias até aos veículos rodoviários.
Felizmente, estes dois tipos de marginais produtores estão quase que
desaparecidos, devido as injúrias e falta de qualidade que a fruta se apresenta
posteriormente.
Quando os cachos vão ser transportados por carretas para o galpão de
embalagem, deve haver no local onde eles vão ser depositados, enquanto aguardam
sua chegada, um varal de madeira ou de ferro, no qual eles serão pendurados pela sua
bengala. Os varais podem ser feitos com canos d’água e, neste caso, quase sempre são
móveis. O varal deverá ficar cerca de 180 cm do solo e ter comprimento variável de 8
a 12 m e ser sustentado por dois suportes. Os pontos de apoio do varal ficarão
distantes de suas extremidades cerca de 100 a 120 cm, para seu maior aproveitamento.
Os varais fixos de ferro terão apenas uma barra soldada em cada ponto de apoio. Na
extremidade que vai ser enterrada (40 a 50 cm), deve-se soldar um pedaço (com cerca
de 40 cm) de modo a ficar transversal ao varal, para aumentar sua sustentação. Nos
varais móveis, em cada local de seu apoio, deverá haver dois canos soldados em V
invertido. Nos de madeira, o recomendável é que nos locais de sustentação do varal, se
coloquem dois suportes que se cruzem em X, para dar melhores condições para seu
apoio. Os cachos estando no varal, pode-se fazer tratamentos fitossanitários e a
despistilagem. Dependendo da velocidade de recolhimento dos cachos e da insolação,
os cachos devem ser protegidos com folhas de bananeiras. No “arreador” de cachos
(como o produtor o chama), deve haver um operário para ajudar o transportador a
pendurá-lo no varal ou no cabo aéreo ou na carreta com ou sem trilhos, a fim de evitar
choques nas frutas.

2.2- Transporte para o galpão de embalagem


Os cachos podem ser levados para os galpões de embalagem por meio de
carretas ou cabos aéreos.

2.2.1- Carreta com espuma de látex


Um sistema simples de se transportar os cachos para o galpão de
embalagem é através da carreta, que tem seu soalho forrado com uma manta de
espuma de látex, com 10 cm de altura. Estas espumas devem ser protegidas com uma
capa de pano, contra a seiva da banana.
Com o auxílio do tratorista, o transportador coloca o cacho sobre as
espumas, em uma só camada e separados um do outro com um pequeno travesseiro,
também de espuma. Eles são colocados deitados, em duas fileiras transversais ao
comprimento da carreta.
Esta carreta deve ter apenas um eixo, ser equipada com molas e rodas com
pneumáticos tipo camioneta, porém com tala larga e calibrado com baixa pressão. Ela
é mais indicada para bananais onde haja necessidade de se fazer várias manobras e
também em topografias mais acidentadas. Elas transportam até 30 cachos.
Esta carreta diminui as injúrias, mas não as elimina.

2.2.2- Em carreta com armação de ferro


Uma outra carreta, bem melhor do que a anterior, é aquela que tem uma
armação de ferro, com 200 cm de altura, na qual são colocados trilhos fixos de 2,5 x
1/2”, distanciados um do outro em 80 cm. Nesse trilho será soldado, na sua parte
superior, um vergalhão de aço liso de 3/8” ou ½” ou 5/8” (diâmetro esse que deverá
ser igual ao dos trilhos do galpão), sendo que os pontos de solda são feitos em ambos
os lados e no mesmo local, distanciados 30 ou 40 cm. Esses trilhos podem ficar no
sentido do comprimento ou da largura da carreta (Foto VII-6). A fixação desses trilhos
na estrutura da carreta, deverá ser feita de modo que o lado livre por onde correrão os
ganchos das roldanas, seja o mesmo que houver no galpão. Na construção dessa
carreta pode-se usar um chassi de caminhão. Toda a armação da carreta será feita com
ferro em U com 3 x 1/4”, ficando eles distanciados 80 cm entre si. Para reforçar a
armação, deve-se soldar na sua frente, nas duas diagonais, uma chapa com 1 e 1/2” x
1/2”. Pelo mesmo motivo, em cada lado, serão soldados chapas iguais, a partir dos
seus cantos mais altos fazendo 45° com o soalho. Para evitar acidentes com os
operários, deverá haver um soalho na carreta que poderá ser feito de chapa de ferro.
Alguns agricultores têm adaptado a carreta usada no transporte de automóveis
(“cegonha”), para transportar os cachos pendurados (Foto VII-7).

Foto VII-6- Carretas com três trilhos permitem transportar de 39 a 42


cachos, a uma só vez.

Foto VII-7- A “cegonha” já utilizada no transporte de carros, é uma boa


opção para se levar os cachos para o galpão. Com 4 trilhos ela
transporta 88 cachos.
O cacho é pendurado pelo seu engaço no gancho de ferro das roldanas, cujo
conjunto foi descrito no Cap. V-2.8. Para se pendurar o cacho usa-se uma corda de
náilon, com o comprimento total de 70 cm, emendada nas suas extremidades. Faz-se
uma laçada no engaço e a ponta livre é colocada no gancho das roldanas (Foto VII-8).

Foto VII-8- Dependendo do cultivar é bom proteger


as pencas com sacos já usados. A corda também pode
ser feita com os mesmos sacos.
Este sistema é também usado para se pendurar o cacho no cabo aéreo.
Os cachos são distanciados entre si por meio de espaçadores de ferro
(conduites com ½”) com 70 a 80 cm de comprimento, segundo a qualidade e o cultivar
da banana. Esses espaçadores têm suas extremidades achatadas num mesmo plano, nas
quais são feitos furos com diâmetro igual aos dos elos de encaixe existentes nos
ganchos onde se pendurará o cacho.
O travamento do gancho que suporta o primeiro cacho, é feito por meio de
um espaçador semelhante ao descrito, porém com 20 cm de comprimento. Os furos e o
achatamento das extremidades serão feitos em planos perpendiculares. A parte
dianteira desse espaçador é encaixada em um suporte de 3/8”, com o formato da letra
U (estilizada), a qual é soldada lateralmente na barra fixa. Para evitar que este
espaçador se perca, é conveniente colocar-se uma cupilha na extremidade livre do U.
A outra extremidade do espaçador é colocada no elo de encaixe do gancho de pendurar
o cacho. O U será soldado a 20 cm da extremidade da barra fixa e no mesmo lado em
que o gancho irá deslizar.
Para se puxar os cachos dos trilhos da carreta para os trilhos do galpão de
embalagem, haverá necessidade de se ter uma barra removível (com 200 cm de
comprimento) fazendo a ligação entre eles, para que as roldanas possam deslizar
livremente de um para o outro (ver Fig. VII-8). Essa barra é semelhante as que serão
usadas dentro do galpão.
Para se evitar que na movimentação dos cachos, a barra removível se
desloque e provoque o seu desencaixe do trilho do galpão, deve-se colocar no final do
trilho fixo da carreta, um pino de 3/8”, com comprimento de 1 e ¼”, atravessando-o
transversalmente, em sua posição mediana e a 2,5 cm da sua extremidade. O vergalhão
que será soldado sobre o trilho fixo da carreta, terminará 10 cm antes do final do
mesmo. Esse pedaço faltante será complementado com o vergalhão da barra
removível.
O rabo do cacho é amarrado com uma corda de náilon, a uma argola
colocada no soalho da carreta.
As carretas que tem o trilho fixo transversal, geralmente são usadas em
bananais com topografias mais acidentadas e que tenham de fazer várias curvas no seu
deslocamento até ao galpão. Elas têm de 6 a 7 trilhos fixos, portanto 7 a 8 m de
comprimento e transportam de 24 a 28 cachos, por viagem.
As carretas que têm trilhos fixos, ao longo do seu comprimento, geralmente
são bem mais compridas, o que dificulta as manobras e seu uso é restrito às áreas
pouco acidentadas. Elas costumam ter apenas três trilhos e chegam a transportar de 39
a 42 cachos, sendo seu comprimento em torno de 14 m e a distância entre os trilhos
fixos, a mesma da carreta anterior.
Estas carretas, à semelhança da anterior, têm apenas um eixo e são
equipadas com feixes de molas, rodeiros simples, com pneumáticos tipo camioneta,
porém com tala larga e calibrado com baixa pressão. Eles devem ser cheios d’água
para ajudar a aumentar a estabilidade da carreta, uma vez que seu centro de gravidade
estará alto.
Estes dois tipos de carreta têm todas a mesma estrutura e os cachos são
igualmente manejados nela.
Essas carretas são válidas para propriedades com até 50 mil pés, localizados
em topografias pouco acidentadas, o suficiente para que não se possa instalar cabos
aéreos e que tenha regime de chuva não tropical ou então não haja recursos
econômicos disponíveis para o investimento no cabo aéreo.
Nas áreas onde há muita chuva, o intenso trânsito das carretas exigirá uma
constante manutenção dos carreadores, o que não custa pouco dinheiro.
Quando o transporte dos cachos é feito por carretas, é preciso ter-se várias
delas, para que haja sempre uma sendo carregada e outra esperando a sua vez, para
não provocar atraso na colheita e no transporte.

2.2.3- Em cabos aéreos


Sempre que possível, a instalação de cabos aéreos é a melhor solução para
o transporte dos cachos. É um investimento de custo elevado, mas que se paga em
pouco tempo pela conservação da boa aparência da fruta produzida, pela elevada
velocidade de transporte, pelo baixo custo de manutenção, pela certeza de que os
cachos colhidos vão, efetivamente, chegar ao galpão com ou sem chuva, dispensa o
uso de tratores e carretas, etc. (Cap. V-2.8).
Conforme foi dito no item anterior, com o auxílio de uma corda de náilon,
os cachos são pendurados em duas roldanas solidárias e com um gancho, dispositivo
esse que deslizará sobre o trilho da carreta (ver Foto VII-8). No cabo aéreo usa-se esse
mesmo dispositivo e sistemática de amarração do cacho.
Normalmente os cachos são pendurados nas carretas e nos cabos aéreos na
mesma posição em que estavam na bananeira. No caso do cultivar Valery, ao ser
transportado pelo cabo aéreo, deve-se colocá-lo na posição invertida. Ele tem
tendência de derrubar as pencas mais de cima sobre as de baixo, causando-lhes
ferimentos e neste caso, a colocação de almofadas de plástico entre as pencas se torna
muito importante.
O cacho depois de transportado para junto do cabo aéreo, é pendurado nele,
com a colaboração de um outro operário, que geralmente é o fiscal do corte ou o
próprio puxador dos cachos para o galpão.
Os cachos são puxados como se fossem uma composição férrea. Para a
ligação entre eles usam-se pequenos vergalhões de ferro, com comprimento variável,
em torno de 120 cm, conforme as curvas existentes no sistema de cabos e também para
melhor distribuir o peso dos cachos entre os suportes do cabo aéreo.
O tracionamento dos cachos nos cabos aéreos pode ser feito por três
sistemas diferentes, considerando-se 30 kg o peso médio dos cachos:
a) um pequeno trator tipo Agrale ou Yanmar, com potência de 15 a 20 HP,
é suficiente para puxar cerca de 100 cachos de bananas de cada vez.
O pequeno trator apresenta uma série de limitações quanto à sua utilização,
devido as condições impostas pelo terreno (topografia, valas, charcos, etc.). Sua
movimentação nos dias de chuva torna-se mais difícil, pois a estrada construída sob os
cabos aéreos nem sempre agüenta tráfego muito intenso.
b) o “monorail” consta de um motor diesel de 8 a 10 HP, montado sobre um
chassi tubular, que também fica pendurado no cabo por roldanas. A transmissão da
potência do motor para as roldanas motrizes é feita por sistema hidráulico, através de
uma bomba rotativa. Este equipamento pode tracionar de 50 a 80 cachos, conforme as
declividades existentes no cabo aéreo. Um operário sentado em um pequeno banco,
pendurado também no cabo aéreo, faz manualmente o controle do acelerador, que
comanda a velocidade do conjunto. O sistema é de custo elevado e apresenta
freqüentes problemas de manutenção, mas é o mais exeqüível. Nos dias muito
chuvosos, quando os cabos ficam normalmente molhados, a capacidade de tração do
“monorail” é reduzida. Essa capacidade de tracionamento é também influenciada pelo
peso dos cachos (Foto VII-9).
Foto VII-9- Um só operário pode comandar um comboio com 50 a 80 cachos.
c) um último sistema baseia-se no esforço humano. Um operário atando a
cintura uma das extremidades de uma corda e a outra no primeiro cacho da
composição, puxa-os ao longo dos cabos aéreos. Nessas condições, o operário tem
capacidade de movimentar somente 20 a 25 cachos, a uma distância de 1.500 m.
O emprego da tração animal em substituição ao homem é possível, com um
rendimento de serviço na ordem de 3 a 4 vezes maior.
Nos cabos aéreos não é permitido o transporte de pessoas, devido o
problema de acidentes.

3- Embalagem

3.1- Considerações sobre as caixas


Antigamente os cachos comercializados no mercado interno não recebiam
embalagem alguma. Eles eram colocados na carroceria dos caminhões, sobre uma
camada de folhas verdes que forrava tanto o seu fundo como as laterais. Os cachos
destinados à exportação, para os mercados platinos, eram também enviados sem
nenhuma embalagem ou envoltos em sacos de polietileno perfurados, com 0,06 mm de
espessura, a fim de evitar novos atritos. Uma esteira de tabôa, centeio ou trigo
envolvia o plástico como se fosse uma almofada. Assim embalados eram transportados
para o porto, em caminhões e transferidos para os navios por meio de guindastes. Mas
..., felizmente, isto não se faz mais.
A comercialização evoluiu no país, no sentido da banana ser ofertada em
caixas de madeira, denominada tipo “mercado”* (querosene ou tomate), “torito”** e
ou o “cubito”***. A caixa tipo mercado está quase que em desuso, sendo só utilizada
nas pequenas cidades, por mini produtores.
* O termo “mercado” decorre da freqüência com que, antigamente, as caixas importadas
com duas latas de querosene, foram aproveitadas para levar frutas e legumes ao mercado.
** Nome das caixas que os comerciantes argentinos usavam, para embalar as pencas
retiradas dos cachos que importavam, nome esse que foi introduzido pela Cooperativa
Central dos Bananicultores do Estado de São Paulo, em princípio da década de 60.
*** Termo criado por analogia ao “torito” e também pelo seu formato. Atualmente esta caixa
está sendo feita de plástico e chamada de mini-contêiner.

Estas duas últimas caixas são feitas de ripas com 50 a 100 mm de largura,
sobrando pequenos espaços entre elas, por onde os compradores podem visualizar
quase todas as bananas que estão nelas (Foto VII-10).

Foto VII-10- O torito permite maior visualização das bananas.


Tem havido muitas evoluções no que diz respeito às embalagem da banana
e também à sua apresentação. Tendo os comerciantes passado a aceitar que as pencas
fossem transformadas em ½ penca e depois em buquês (que são grupos de bananas
com 4 a 8 frutas), surgiram duas novas embalagens: o ½ torito e a caixa de papelão.
Inicialmente, os compradores queriam que os produtores colocassem
maiores quantidades de bananas nos toritos, que chegavam a pesar 20 a 25% a mais. O
fato deles serem de madeira e sem nenhuma proteção interna, já era suficiente para
causar muitos ferimentos nas bananas e, com o excesso de frutas exigido, os prejuízos
ficavam maiores ainda. Em face da procura dos consumidores por frutas com melhores
qualidades e da luta dos produtores contra as exigências dos compradores, estes
passaram a entender que é melhor fazer a comercialização em peso e aceitar as caixas
cheias apenas conforme o seu volume (Quadro VII-1).
Os toritos estão fadados a desaparecer do mercado, em face da melhoria do
padrão da banana, o que tornou difícil acomodar as pencas neles. Decorreu daí o
aparecimento do cubito, que é maior e por isso a embalagem das pencas ficou mais
facilitada. Mesmo assim havia ainda muitas injúrias nas bananas. Por outro lado, essas
caixas que outrora chegavam a ter uma vida de 7 a 10 viagens, por motivos vários,
passaram a ter no máximo 50% dessa duração. Como resultado desses problemas,
surgiu a caixa ½ cubito, feitas com madeiras mais finas (compensados), com
qualidades inferiores, preços menores e que em geral, são descartáveis.
As bananas apresentadas nesta nova embalagem assumiram um visual bem
melhor. E, como evolução não para, muitos dos produtores que comercializam suas
bananas diretamente com os supermercados de primeira categoria, já estão usando
caixas de papelão, tipo telescópica, semelhante às de exportação.
As caixas de madeira são fabricadas e montadas por serrarias de pequeno
porte, localizadas em diferentes áreas. Antigamente, elas eram feitas com tábuas de
pinho, mas dado ao seu elevado preço, passou-se a usar qualquer madeira. Decorre
desta realidade, que as suas dimensões nem sempre correspondem exatamente as que
estão abaixo especificadas. Ressalte-se que, no caso das caixas de papelão, que são
recebidas das fábricas para serem montadas nas propriedades, suas dimensões são
corretas.
A partir da inauguração da BR 116, em 1963, iniciou-se a exportação para a
Argentina e Uruguai, por rodovia e passou-se a usar caixas feitas com chapas de
aglomerado de resíduos de madeira. Este tipo é muito semelhante ao torito.
Atualmente, na exportação para a Argentina, também tem sido usadas caixas de
papelão, iguais as do padrão internacional.
Em 1981, o Ministério da Agricultura baixou a portaria n° 126/81,
estabelecendo normas e padrões de identidade, qualidade e embalagem para
classificação e comercialização de bananas, que traz todas as especificações para
mercado interno e externo, mas que já estão superadas.
As construções de galpões, onde a fruta é trazida até ele para ser embalada,
era, no início da década de 60, uma novidade entre nós mas, atualmente, já se
transformou em rotina, entre os produtores que têm se esmerado na apresentação de
uma fruta melhor embalada. Mas, ainda existem muitos que não entraram nesse
esquema e continuam com os sistemas tradicionais, por não quererem evoluir ou não
terem condições para o fazer.

Quadro VII-1- Dimensões das caixas usadas para embalar bananas, em mm e seus pesos líquidos,
em kg.

comprimento largura altura peso


exter inter exter inter exter inter -
torito 600 590 330 300 250 240 22
cubito 528 500 365 345 300 280 28
½ caixa 525 500 370 350 220 190 13
(1)
cx papelão 578 570 295 285 202 200 19
(2)
cx papelão 610 605 335 325 228 225 22
(1)
- mercado internacional
(2)
- mercado nacional
As transformações que as caixas sofreram nestas últimas três décadas,
foram também acompanhadas pelos sistemas de embalagens.

3.2- Embalagem no campo


A embalagem feita no campo corresponde ao nível tecnológico dos
produtores que transportam os cachos pendurados ou deitados no seu ombro, sem usar
“berço”. Os cachos são transportados para junto dos carreadores, onde são colocados
sobre uma manta de folhas verdes de bananeiras, para os proteger do solo.
Normalmente o operário carrega um ou dois cachos. Quando são dois, o embalador o
ajuda a retirá-los do ombro.
Se o cacho estiver ainda envolto com sacos de polietileno, este deve ser
retirado logo na sua chegada, para evitar que os raios de sol incidam sobre eles e
provoquem queimamentos nas bananas. Em seguida eles devem ser cobertos com
folhas verdes de bananeiras, mesmo que haja sombra, pois esta proteção objetiva,
durante o verão, evitar que os cachos sejam aquecidos e, no inverno, que eles sejam
resfriados e, com isto, até mesmo sofrer “chilling”.
O agricultor que faz o despencamento e a embalagem no carreador, deve
mudar esse local constantemente. Isto é necessário para que as bananeiras das
vizinhanças não sejam muito sacrificadas, com o constante corte de folhas para a
forração do solo e proteção solar. Além disso, há também a possibilidade do
aparecimento de infecções fúngicas, que se desenvolvem nos restos de frutas
descartadas, as quais acabam contaminando as bananas. Só se observa que isto
ocorreu, quando a fruta sai de climatização, toda infeccionada.
Na embalagem feita no campo, no meio do próprio bananal, há duas opções
para esse trabalho:
a) sem lavagem - Inicialmente o local onde irá se processar o
despencamento deve ser forrado com folhas verdes. Posto isto o cacho é despencado
por um operário, que pode ou não ter um outro ajudando-o.
Para fazer o despencamento, o operário colocará o cacho em pé, apoiado
em suas pernas e com uma ferramenta cortante qualquer, fará um corte na almofada da
penca.
Há vários tipos dessas ferramentas, mas a que o operário paulista melhor se
adaptou foi com a espátula de vidraceiro, n° 5, recurvada acompanhando a curvatura
externa da garrafa de cerveja. A ferramenta poderá também ser uma “peixeira” (faca
bem afiada e pontuda) ou uma com o formato da letra L e outras mais (Foto VII-11).

Foto VII-11- Com a espátula de vidraceiro recurvada o despencamento é


fácil.
O ajudante pegará a penca cortada e a colocará no chão, sobre as folhas
verdes, em uma única camada, para que a seiva exsudada da almofada se extravase.
Quando não há o ajudante, é o próprio despencador que a põe no chão, para que o
embalador faça a sua embalagem, posteriormente. Este local onde as pencas vão ficar
“chorando” (como diz o produtor), deve ser bastante sombrio, para que os raios de sol
não as queime. O tempo para que as pencas permaneçam “chorando” e a cica se
coagule, deve ser de no mínimo de 20 minutos, tempo esse que será ampliado durante
o período de maiores chuvas, decorrente de sua maior fluidez.
Posto isto, o embalador colocará as pencas nas caixas. Normalmente, ele
usa uma outra caixa como mesa suporte, para ele trabalhar.
No torito convencional, basicamente, se inicia dispondo no seu fundo as
últimas pencas do cacho, com os dedos no sentido transversal ao seu comprimento. As
demais são postas sobre as primeiras, acompanhando o comprimento do torito e
acomodadas com a almofadas para baixo, ficando embricadas umas nas outras, de
modo que a região pistilar da banana ficará para o alto.
Nos cubitos, as últimas pencas do cacho são colocadas no seu fundo, com
os dedos no sentido seu do comprimento. As demais são postas sobre as primeiras, em
duas camadas, de modo a ficarem com seus dedos transversalmente dispostos ao
comprimento da caixa.
b) com lavagem - O local onde se processará a embalagem das pencas, é
preparado como no caso anterior. O despencamento segue também o mesmo ritual.
Neste caso, quase sempre, o despencador tem um ajudante que segurará a
penca cortada e a colocará dentro de um tambor de 200 litros dividido ao meio, no
qual haverá água com 0,2% (200 ml em 100 litros) de um detergente orgânico neutro,
que, preferencialmente contenha dodecil benzeno sulfonado. Esta quantidade de
detergente pode até mesmo ser aumentada ou diminuída, conforme a qualidade da
água. Uma forma prática de se saber se a dosagem do detergente está boa, é pela
presença ou ausência de espuma sobre a superfície. É importante que haja sempre
espuma sobrenadando no tanque.
O uso do detergente na lavagem de bananas, que foi inovado por este autor,
tem a finalidade de provocar a imediata coagulação da seiva exsudada, o que evita que
ela se transforme, quando secas, em manchas escuras e propicia também condições
para que os operários embaladores permaneçam com as mãos limpas. O detergente
tem também um certo efeito fungicida válido por mais ou menos 10 dias,
principalmente na superfície cortada da almofada, o que a torna mais limpa. Além
disso, quando as bananas saem da câmara de climatização, elas ficam com um amarelo
mais brilhante.
À medida em que o ajudante do despencador coloca uma penca no tambor,
o ajudante do embalador retira uma outra de dentro do líquido. É preciso que a penca
permaneça, por um período mínimo, de 15 a 30 segundos dentro da solução, para que
haja tempo do detergente agir. Esta água deve ser substituída a cada 50 caixas prontas.
Na embalagem as pencas são postas diretamente do tambor nas caixas,
seguindo a mesma disposição descrita para o caso anterior tanto para o torito como o
cubito.
Se as pencas vão ser transformadas em buquês, elas são retiradas do
tambor, divididas em grupos de 4 a 8 bananas e colocadas em um segundo tambor, que
contém a mesma solução do anterior. Para se fazer esta divisão, o operário trabalha
sobre uma mesa improvisada com as próprias caixas, da mesma forma que a
embalagem é feita. Entretanto, quando a embalagem é realizada no campo, muito
dificilmente se faz a transformação da penca em buquês, dada aos maiores cuidados
que precisam ser tomados (Foto VII-12).
Foto VII-12- O buquê facilita a embalagem e reduz a porcentagem
de perdas de bananas na embalagem e na comercialização.
Nestas condições de embalagem, quer seja em pencas ou em buquês, é
usual a colocação de uma cinta de polietileno, com 0,03 a 0,04 mm de espessura,
revestindo internamente a caixa. Ela é, em geral fosca, com cores vivas como branco,
amarelo ou azul, segundo o gosto do proprietário ou do comprador. Estas cores são
para realçar as bananas quando maduras. As incolores são mais baratas, mas não dão
vida à caixa.
Em 1970, no Estado de São Paulo, foi experimentado e com sucesso, a
construção de uma carreta com água no seu interior, com abas fixas lateralmente, para
servir de mesa para a embalagem da banana. Esta “banheira”, como foi chamada, é
tracionada por um trator que, por sua vez, arrasta uma outra carreta contendo caixas
vazias (Figura VII-3 e VII-4).
Figura VII-3- “Banheira” para lavagem e embalagem de bananas no campo.
A - vista lateral, com tampa fechada; dimensões em escala aproximada de
1:20;
B - vista lateral e material empregado; C - vista lateral com tampa aberta.
Figura VII-4- “Banheira” para lavagem e embalagem de banana no campo;
A - vista de cima; B - vista de frente.
Este veículo permite que um despencador forneça pencas para dois
operários que farão a embalagem simultaneamente, em ambos os lados. As caixas
cheias são deixadas ao longo dos carreadores para depois serem recolhidas. A
produção normal é de 80 a 100 caixas por hora. Dentro deste sistema, é possível
fazer-se uma boa embalagem, porém para o caso da embalagem em buquês, é bem
difícil (Foto VII-13).
Foto VII-13- O trator traciona a carreta com caixas e a “banheira”,
onde se faz a lavagem e a embalagem das pencas no meio do bananal.
Na embalagem feita no campo, o peso exato de pencas que as caixas levam
é simplesmente aproximado, pois ele é calculado visualmente ou seja, caixa bem
cheia. No torito é de 24 a 28 kg (com 12 a 15 dz), nos cubitos de 25 a 30 kg (com 13 a
17 dz) e na ½ caixa de 14 a 16 kg (com 7 a 8 dz). A quantidade de bananas em cada
uma delas varia com a qualidade da fruta colhida.

3.3- Embalagem em galpões


O agricultor somente poderá pensar em construir um galpão de embalagem,
se houver um sistema de cabo aéreo ou carretas especialmente construídas para
transportar os cachos. Sem ter um desses sistemas de transporte é recomendável que a
embalagem da banana seja feita no próprio bananal, como muitos produtores ainda
fazem atualmente.
Uma alternativa recomendável é que se construa um galpão móvel para
embalagem, sobre uma carreta (“banheira”), que melhora muito o padrão da banana,
em relação a se fazer sem nenhum aparato. Neste caso, devido a eventuais problemas
causados pelas chuvas, a caixa de embalagem não poderá ser de papelão, sobrando,
contudo, a alternativa básica do uso de uma das caixas de madeira ou a de plástico,
que já são utilizadas como mini-contêiner. Se o agricultor quiser usar caixa de papelão
para atender a exigência do comprador ou porque vai exportar a banana, ele deverá
construir uma “banheira” conjugada com uma carreta coberta, para proteger e
transportar as caixas.
A embalagem em galpões representa o que de melhor se pode fazer na
apresentação, padronização, uniformização das bananas e que menos injúrias causa
nas frutas embaladas em caixas, que podem ser de papelão, sem restrições. Entretanto,
o galpão só deve ser construído na propriedade onde haja cabos aéreos ou carretas com
armação de ferro para se pendurar os cachos, durante o seu transporte até ele. O
transporte dos cachos deitados sobre colchões de espumas de látex provoca poucas
injúrias neles, ... mas provoca. Neste caso, deve-se avaliar o custo-benefício de se
evoluir para carreta com armação de ferro, uma vez que já exista o galpão e não haja
possibilidades de se instalar cabos aéreos.
Caso o transporte dos cachos para o galpão tenha que ser feito
empilhando-os em um veículo qualquer, é preferível fazer embalagem no próprio
bananal.

3.4- O galpão de embalagem


O galpão de embalagem faz parte do projeto básico de implantação de um
bananal. Entretanto, como ele somente será utilizado por ocasião do início da colheita,
a sua construção será feita apenas nessa ocasião, pois é um investimento de alto custo,
que deve ser intensivamente usado para sua amortização. Ele deve ser construído na
parte mais baixa do bananal e que tenha um bom acesso para os caminhões que
levarão as caixas cheias para fora da propriedade.
O galpão de embalagem consta de uma área para recebimento dos cachos,
onde eles serão pendurados em trilhos e uma outra parte para despencamento,
lavagem, encaixotamento e depósito de caixas ou de montagem das caixas de papelão.
Normalmente aproveita-se a parte superior da linha de processamento da embalagem,
para a montagem das caixas de papelão. No galpão pode ainda haver câmaras de
climatização.
O galpão de embalagem deve ser construído com seu piso em um só nível,
para facilitar a movimentação dos operários e dos carrinhos transportadores.
Nas propriedades que possuem cabos aéreos, o piso do galpão será 50 cm
acima do nível do terreno. Nas demais propriedades, o piso será nivelado de modo que
ele seja igual ao do assoalho da carroceira das carretas e do caminhão transportador de
caixas cheias.
Os locais de carregamento do caminhão e de descarga da carreta precisão
ser bem pedregulhados.
Internamente, o galpão independe do sistema de transporte dos cachos até
ele. Apenas os locais da chegada dos cachos terão sua estrutura conforme o sistema
utilizado no transporte.
Onde houver cabo aéreo, a ligação entre ele e os trilhos do galpão poderá
ser feita de diferentes formas. A seguir se sugere uma delas.
À despeito da construção do galpão começar pela edificação do seu piso,
para maior facilidade das explicações, serão prestadas, primeiramente, as informações
da montagem interna dos trilhos de sustentação e movimentação dos cachos. Como
fazer o piso e os trilhos de sustentação serão apresentados após os componentes do
galpão.
Inicialmente, é preciso saber-se qual será o veículo transportador dos
cachos do bananal para o galpão. Se não for cabo aéreo, não haverá restrições. Porém,
se este for o meio de chegada dos cachos ao galpão, será necessário ter-se uma
definição de qual lado será montada a estrutura final de fixação do cabo aéreo. Essa
definição é dada em função do lado em que o cacho estiver pendurado no cabo aéreo,
quando ele chegar no galpão. Se, por exemplo, o cacho estiver à esquerda do cabo, a
estrutura será montada do lado esquerdo do galpão, portanto, na frente do primeiro
trilho paralelo, localizado a sua esquerda (trilho E) e caso contrário a sua direita (trilho
D) (Figura VII-5).
Figura VII-5- Planta de um galpão de embalagem com medidas abaixo em
cm.

A- Ponte de ligação da estrutura de fixação do cabo aéreo com os trilhos do


galpão.
↑- Lado em que os cachos estão pendurados.
T- Trilho transversal.
TD- Trilho de despistilagem e despencamento.
SD- Linha dos suportes do lado direito.
SE- Linha dos suportes do lado esquerdo.
1- área de recebimento de cachos (820 x 125 = largura x comprimento).
2- área para circulação e de manobra dos cachos (820 x 125).
3- área de estocagem de cachos em 10 trilhos (820 x 2.500).
4- área para circulação (50 x 2.500).
5- área de proteção dos cachos (50 x 2.500).
6- área de manobra dos cachos e de despistilagem (250 x 820).
7- área de despencamento (250 x 350).
8- tanque de lavagem e coagulação (200 x 350).
9- área de preparo do buquê (200 x 80).
10- tanque de coagulação (200 x 350).
11- filtro d’água.
12- caixa depósito d’água já filtrada.
13- área de seleção dos buquês (70 x 100).
14- área de pesagem (70 x 100).
15- túnel de pulverização (70 x 100).
16- túnel de secagem (70 x 100).
17- área de espera das bandejas (70 x 300).
18- quatro pares de mesas para embalagem (70 x 600).
19- área de estocagem de caixas.
20- canaletas de escoamento de água (20 x 20).
21- área reservada para uma segunda linha de embalagem (largura de 350 a
partir da canaleta e comprimento de 3.000).
22- área para coleta dos engaços.
23- área para embarque e desembarque de caixas.
Sempre que for possível, deve-se construir o galpão de modo que seu maior
comprimento faça um ângulo de 10 a 90°, com a linha de chegada do cabo aéreo, para
facilitar o ancoramento deste no solo.
Para se fazer a ligação final do cabo aéreo com o galpão, haverá
necessidade de se construir um suporte de ferro com um trilho fixo, sobre o qual as
roldanas deslizarão para entrar no galpão. O final desse trilho fixo (A) precisará fazer,
portanto, uma curvatura para se encaixar no início do trilho (E) do galpão. Essa
curvatura será tal que o último metro do trilho fixo fique na mesma direção do
comprimento do trilho (E).
O ponto de ligação (A) entre o trilho fixo e o trilho do galpão precisará
estar no mesmo nível. Se houver diferença de nível entre eles, deve-se cuidar para que
as últimas dezenas de metros do cabo aéreo absorvam essa diferença, uma vez que o
nível do trilho do galpão não pode ser mudado.
A construção do galpão propriamente dito, se inicia com a instalação dos
suportes, sobre os quais se apoiarão os trilhos paralelos onde ficarão com os cachos
que esperam para ser despencados (Figura VII-6).
Neste exemplo, o galpão foi projetado para embalar de 500 a 600 caixas de
20 kg por turno de 8 horas. Para isso o número de trilhos paralelos deve ser 10.
Entretanto, neste desenho, para maior clareza, foram traçados apenas 6 trilhos.
Os suportes (•) serão fixados no piso do galpão, seguindo duas linhas
paralelas (SD e SE), ao longo dos trilhos D e E, de modo a ficarem por fora e distantes
50 cm deles. Cada uma dessas linhas terá 8 suportes sendo de 250 cm a distância entre
o 1° e o 2° assim como entre o 7° e o 8°. Todos os demais terão 500 cm. Essas linhas
ficarão separadas por 820 cm, conforme está calculado abaixo. Os suportes terão a
altura de 230 cm e serão feitos com ferro em duplo T, com 15 cm de altura. Eles
podem ser feitos com treliças de 25 cm de largura ou com postes de cimento
pré-moldado, cujo custo é inferior (Figura VII-6).

Figura VII-6- Planta dos suportes e sustentação da estrutura dos trilhos de


um galpão de embalagem (em cm).
A- Ponte de ligação da estrutura de fixação do cabo aéreo com os trilhos do
galpão.
↑- Lado em que os cachos estão pendurados.
SD- Linha dos suportes do lado direito.
SE- Linha dos suportes do lado esquerdo.
• - Suporte da estrutura dos trilhos.
 - Barra de travamento dos suportes.
 - Ligação entre os travamentos.
---- - Canaletas de escoamento d’água.

No alto de cada uma dessas linhas de suportes (•), haverá uma barra de
ferro em duplo T, com 10 cm de altura, com 3.000 cm de comprimento.
Ligando as barras das linhas SD e SE, haverá a cada 125 cm uma barra em
duplo T, com 10 cm de altura (ou por treliças de 20 cm) e 820 cm de comprimento.
Em baixo dessas barras serão fixados os 10 trilhos paralelos. Eles ficarão distanciados
entre si por 80 cm, sendo que os 2 das laterais estarão a 50 cm dos suportes de apoio,
portanto, tem-se {(80 cm x 9) + (50 cm x 2)} = 820 cm. Desta forma, cada um dos 10
trilhos paralelos terá um ponto de sua sustentação sempre que ele cruze com o trilho
de 820 cm, portanto, a cada 125 cm. Essa sustentação será feita por meio de chapas de
ferro com ¼ x 2” com 30 cm de comprimento, que será soldada no trilho paralelo e no
trilho de 820 cm. Convém lembrar que esta estrutura, quando estiver completa de
cachos, deverá estar sustentando mais de 7 toneladas de cachos.
Esta chapa de 30 cm será acrescida de mais 0,5 cm, na sua parte inferior,
que fará uma dobra em ângulo reto, formando como que um cotovelo. Na sua
extremidade se soldará o trilho paralelo. Todos estes cotovelos ficarão voltados para
um só lado, que será, neste exemplo, do lado esquerdo, para que as roldanas possam
deslizar livremente, sem haver impedimentos para a passagem de seus ganchos. Uma
mão francesa, colocada no lado oposto por onde as roldanas deslizarão, garantirá a
rigidez desse apoio.
Os 10 trilhos paralelos terão a secção de 3/8 x 2” e o comprimento de 250
cm, se houver cabo aéreo e nos demais casos, 2.750 cm. Essa diferença decorre da
ausência do trilho T e da área de manobra dos cachos (2).
Ao longo de todo o comprimento de cada trilho paralelo, sobre sua parte
superior, será soldado um vergalhão de aço com 3/8”, 1/2” ou 5/8”. O diâmetro será
determinado pela calha da roldana. Essa solda será feita a cada 30 a 40 cm de
distância, em ambos os lados e no mesmo ponto sempre (Foto VII-14).
Foto VII-14- As roldanas devem correr livremente sobre os trilhos.
A parte superior dos trilhos paralelos, sobre a qual as roldanas
transportadoras dos cachos irão deslizar, quando pronto, deverá ficar a 200 cm do
piso. Regula-se esta altura variando o comprimento da chapa que tem 30 cm, com a
ponta dobrada em ângulo reto.
A partir do ponto de ligação A (final do trilho fixo do cabo aéreo), inicia
um trilho que fará uma curva à direita, de modo a cruzar transversalmente a ponta de
todos os 10 trilhos paralelos. Essa curva será de 90° com 200 cm de raio.
O final do trilho T será soldado no último trilho paralelo do galpão,
portanto aquele localizado na sua extremidade direita (trilho D). Para isso, haverá
nesse trilho T, uma curva à esquerda, de 90° e 200 cm de raio. Desta forma será
possível puxar as roldanas com os cachos diretamente para dentro do galpão, até ao
final do trilho D, sem nenhuma manobra.
O trilho E não até no ponto A, por ser 30 cm mais curto. Essa distância será
completada com uma barra elevadiça (BE), a fim de se poder puxar as roldanas com os
cachos do ponto A para o trilho E. Uma extremidade dessa barra será articulada na
ponta desse trilho E e a outra se apoiará no ponto A. Para isso ela terminará com um
pedaço de chapa recurvado, com 10 cm de comprimento, cuja secção será da letra J
invertida (Figura VII-7).
Figura VII-7- Barra elevadiça.
Esta barra elevadiça também pode ser construída de modo removível (R).
Esta será igual a que se usará nas ligações dos trilhos fixos das carretas com os do
galpão.
Neste caso, no início do trilho fixo E, haverá um pino de 3/8” soldado nas
mesmas condições já descritas para o trilho fixo da carreta e o vergalhão soldado sobre
o trilho fixo E será, também, 10 cm mais curto do que ele.
A barra removível será construída com um ferro de 2 x 3/8” e com 30 cm
de comprimento. Sobre ele será soldado um vergalhão de ferro com diâmetro igual ao
do galpão. Na extremidade que será acoplada ao trilho fixo E, haverá, de cada lado,
uma chapa de ferro de ¼” com 10 cm de comprimento. O vergalhão terá um
comprimento 2,5 cm maior do que essas chapas. A outra extremidade da barra
removível se apoiará sobre o ponto A. Para isso ela terminará com uma chapa
recurvada em J invertido, igual ao da barra elevadiça (Figura VII-8).
Figura VII-8- Barra removível.

Todos os demais trilhos paralelos terão suas extremidades iniciais em curva


de 90°, com 200 cm de raio. Esta curva será feita voltada sempre para o lado onde
chegam os cachos no galpão (↑). A ponta desta curva não chegará a encostar no trilho
T, pois os seus últimos 30 cm não existirão. Eles serão substituídos por uma barra
elevadiça (BE) ou removível (R) que será articulada na ponta da curva de cada um dos
trilhos paralelos.
Com este esquema, as roldanas com os cachos serão puxados para cada um
dos 10 trilhos paralelos.
O trilho D terá na sua parte final uma curva com 90° a esquerda e com 200
cm de raio. Seu prolongamento terminará exatamente onde o despencador estará
trabalhando. Desta forma, esse trilho será, portanto, transversal a todos os trilhos
paralelos e pode-se chamá-lo de trilho de despistilagem e de despencamento (TD).
Todos os demais trilhos paralelos terão, no seu final, uma curva igual a do
trilho anterior, porém serão 30 cm mais curtos e por isso não chegarão até ao trilho de
despencamento. Na ponta dessa curva será acoplado uma barra elevadiça (BE) ou
removível (R), correspondente aos 30 cm que ficaram faltado.
O sistema de acoplamento desse complemento de 30 cm é igual ao descrito
para os casos anteriores.
O trilho de despistilagem e de despencamento (TD) terminará logo após a
cabeceira do tanque de lavagem. A projeção vertical desse trilho deverá ficar a 70 cm
da cabeceira do tanque. Um sistema semelhante ao descrito para os trilhos paralelos
fará a sustentação desse trilho.
No piso deve haver canaletas, com secção mínima de 20 x 20 cm, para dar
escoamento das águas transbordadas e de limpeza. A fim de facilitar a limpeza dessa
canaleta, é recomendável que seu fundo seja revestido com uma calha de PVC. Uma
dessas canaletas deverá isolar a área de estocagem dos cachos vindos do bananal. Uma
outra deverá passar entre os dois tanques de preparo da fruta, iniciando na canaleta
anterior e terminando no lado externo do galpão. Uma terceira, paralela a esta, deverá
ser construída entre a área de pesagem e o início do túnel de pulverização.
Dependendo da disposição que seja colocada a linha de embalagem, deverá haver uma
outra, separando-a da área de estocagem de caixas. Para facilitar a limpeza, todas essas
canaletas, devem ser cobertas com uma grade de ferro fundido e removível.
O piso deve ter uma inclinação (0,5%), para que a água de limpeza e de
transbordamento escorra naturalmente para as canaletas e também para fora do galpão.
Para isso, as partes mais altas do piso deverão ficar onde serão instalados os tanques
de lavagem da banana, as mesas de embalagem e o centro da área destinada a
estocagem dos cachos.
Nas propriedades que não tenham cabo aéreo, os cachos são transportados
para o galpão em carretas, que podem ou não ter uma estrutura com trilhos fixos, nos
quais os cachos serão pendurados.
A carreta com trilhos fixos chegando ao galpão, é posicionada na área de
recebimento de cachos com seus trilhos exatamente em frente as pontas dos 10 trilhos
paralelos do galpão, os quais, neste caso, não terão curva alguma no seu início.
A ligação entre um trilho da carreta com um do galpão será feita por uma
barra removível, igual à da Figura VII-8, porém com o comprimento de 200 cm, em
vez de 30 cm. Esse maior comprimento é para facilitar o ajuste da distância entre a
carreta e o trilho fixo do galpão. A parte que tem o vergalhão mais longo será
colocado no trilho fixo da carreta e a outra parte dessa barra, com a chapa em J
invertido, será apoiada no trilho paralelo do galpão.
Para que o acoplamento possa ser feito perfeitamente, o piso do pátio de
estacionamento da carreta deverá ser calculado, para que o nível dos trilhos da carreta
e o do galpão sejam o mais próximo possível. Posto isto as roldanas com os cachos
serão puxadas para dentro do galpão.
Ao se fazer o local de estacionamento das carretas, convém lembrar que ela
poderá ter seus trilhos no sentido do seu comprimento ou da sua largura (Cap.
VII-2.2.2).
No caso da carreta que não tem trilho fixo de ferro, os cachos serão
transportados deitados dentro dela. O nível do piso do assoalho da carreta e do galpão
deverão ser o mesmo. Os cachos chegando ao galpão serão pendurados manualmente,
um a um, pelos seus engaços, por meio de uma corda de náilon, ao gancho das duas
roldanas solidárias que deslizarão sobre o trilho levando-os para dentro. Este
dispositivo e o método de se pendurar o cacho são os mesmos usados nas carretas com
trilhos e nos cabos aéreos (Cap. VII-2.2.2).
Este são esquemas básicos, cujas variações serão feitas segundo as
condições locais.
No local de despencamento, deverá haver um sobrepiso, com 10 cm de
altura, para que o despencador possa trabalhar em uma posição mais confortável e
colocar, com maior facilidade, as últimas pencas do cacho dentro do tanque. Esse
sobrepiso deverá ter o comprimento da largura do tanque e a largura de 120 cm, para
que o despencador possa trabalhar com tranqüilidade. Esse sobrepiso deverá ser
levemente inclinado, para que a água possa escorrer sempre para longe do tanque,
evitando assim que o operário fique pisando no molhado.
O tanque deverá ser constituído, preferencialmente, de fibra de vidro,
semelhantemente as piscinas azuis. Este material é mais fácil de ser limpo, não tem
vazamentos, é mais barato do que qualquer construção de alvenaria e pode ser
substituído, prontamente, quando necessário. Suas dimensões devem ser de 200 x 350
cm e profundidade de 60 cm. Eles devem ser assentados de modo que sua borda
superior fique a 90 cm do piso do galpão. Tanques maiores do que este podem ser
usados, mas não trazem vantagens, pois este tamanho é suficiente para se manter um
bom ritmo de serviço. Os maiores utilizam mais água, mais detergente e mais
preciptante de impurezas, que custam dinheiro.
A alimentação de água deve ser feita por encanamento aéreo, que a soltará
no centro do tanque. O sistema sendo aéreo torna mais fácil sua manutenção. Ele deve
ser feito com tubos de PVC, tipo marrom, de 50 mm e o registro também do mesmo
material, cujo funcionamento de bloqueio é do tipo bola giratória. Na parte alta desse
tubo deve-se intercalar um pedaço de plástico flexível, com 20 a 40 cm, para evitar a
rigidez do sistema.
O tanque deve ser assentado em nível, havendo uma tubulação de PVC,
tipo marrom, de 50 mm, para sua drenagem. No início desse tubo, portanto ainda
dentro do tanque, deve ser posto um ralo móvel, para se evitar eventuais entupimentos
com resíduos maiores como pedaço de engaço ou de almofadas ou mesmo de bananas.
O controle da vazão desta tubulação durante a drenagem do tanque, deverá ser feito
por um tampão de rosca, colocado na sua extremidade final. Os tampões instalados
dentro do tanque costumam dar muitos problemas de vazamento. Este sistema
possibilita sua manutenção mais facilmente.
Em substituição a esse tampão de rosca, alguns agricultores improvisam um
sistema que consta em instalar, na extremidade final do encanamento de saída da água,
um tubo de PVC flexível, com 200 cm de comprimento. Para manter fechada a saída
da água, o tubo é colocado na posição vertical, com sua ponta voltada para o alto e
quando se deseja drenar o tanque ele é simplesmente abaixado.
Em ambas as laterais do tanque e opostamente a posição do despencador, a
5 cm do seu bordo, deve-se colocar uma tubulação de 75 mm, para saída do excesso
d’água e das impurezas das bananas.
Essa tubulação despejará a água em um filtro construído com um tubo de
PVC, com 250 mm de diâmetro por 750 mm de altura, dentro do qual se colocarão
dois elementos filtrantes tipo coador, que se apoiarão em sua borda, por meio de alças.
O primeiro filtro será confeccionado com tela de náilon, com crivos de 2 x 2 cm e o
segundo, localizado um pouco mais a baixo, deverá ter crivos de 0,5 x 0,5 cm. Cada
um desses filtros deve ter o volume de no mínimo 5 litros, sendo preferível 10 litros.
Cada um dos tubos de 25 cm, na sua parte inferior, se ligará a um depósito
de líquido que deverá ter capacidade para 500 litros, no mínimo. Esse depósito é para
estocar a água que irá extravasar, quando se iniciar a colocação das pencas no tanque.
Esse tanque deve ser instalado de preferência abaixo do nível do piso do galpão. Na
sua impossibilidade ele ficará no mesmo piso e ao longo do tanque de despencamento,
conforme está na Figura VII-5.
Fazendo-o com formato retangular, tendo 200 cm de comprimento, 50 cm
de largura e 50 cm de altura, permite que o nível da água seja sempre baixo e com isto
se ganha altura de filtragem. Nada impede que ele tenha outro formato, desde que seu
volume mínimo seja de 500 litros e possibilite um funcionamento perfeito do filtro.
Ele deverá ser ligado a uma bomba do tipo auto-escorvante, com capacidade de
recalcar de 18 a 20 m³ de líquido por hora. Ela deverá ser instalada, preferencialmente,
abaixo do piso do galpão, cuja função será de recalcar de volta ao tanque de lavagem o
líquido extravasado. Este tipo de bomba apresenta a vantagem de recalcar grande
volume de água, porém com pequena elevação. Tem ainda a característica de não se
entupir com os resíduos que venham com a água.
O retorno da água para o tanque será feito por meio de uma tubulação de 5
cm, que entrará nele através de 5 tubos de 1 cm cada um, os quais estarão instalados
na cabeceira do tanque, onde o despencador irá trabalhar.
Os dois tubos, que ficarão junto das laterais do tanque, serão localizados a
25 cm dessas paredes e os demais a cada 50 cm um do outro.
O jato de água que sairá pelos tubos, servirá para empurrar as pencas para o
lado oposto ao despencador.
Para evitar que haja retorno da água do tanque para o depósito de 500 litros,
quando a bomba for desligada, é preciso quebrar o vácuo que se formará na tubulação.
Isto é facilmente conseguido fazendo-se um cavalete hidráulico com a tubulação que
alimentará os tubos de 1 cm. Desses 5 tubos apenas o localizado na parte central, terá
sua vazão feita no nível de 5 cm abaixo do bordo do tanque. Todos os outros 4 tubos
de 1 cm terão seu nível de vazão feito a 10 cm abaixo do bordo do tanque. Essa
tubulação mais alta do jato central terá a função de quebrar o vácuo do sistema e
ajudar a manter a superfície líquida sempre limpa, próxima do despencador.
Este sistema permite que a água do tanque esteja sempre circulando e sendo
filtrada.
Um outro tanque, exatamente igual e com os mesmos recursos deste
primeiro, deverá ser instalado em seguida a ele, conservando-se uma distância de 80
cm entre eles.
Uma mesa de madeira, apoiada sobre os bordos dos dois tanques, com seu
tampão protegido por uma camada de espuma de látex, com no mínimo 5 cm de
espessura e com densidade 20, servirá para dois operários fazerem a seleção e a
transformação das pencas em buquês.
Os buquês serão colocados no segundo tanque, os quais serão retirados no
lado oposto, por outros dois operários. Estes últimos farão a classificação segundo o
padrão pré-estabelecido, que poderá ser de lª, 2ª e 3ª categoria. As bananas
classificadas serão colocadas, conforme sua categoria, em uma única bandeja de PVC,
em quantidade suficiente para completar o peso de uma caixa. Não havendo nenhuma
classificação, os buquês serão simplesmente postos em uma bandeja, aleatoriamente,
até completar o peso desejado.
As bananas refugadas serão colocadas em caixas localizadas no chão e atrás
dos operários.
Para que os operários possam fazer a operação de pesagem, deve haver uma
balança eletrônica, previamente tarada para o peso desejado.
Estando completo o peso da bandeja, ela será colocada em uma esteira de
roletes, que deverá estar no mesmo nível do prato da balança.
A esteira de roletes deverá ter 10% a mais de largura do que as bandejas e
também uma chapa lateral, em ambos os lados, com 10 cm de altura, para evitar que as
bandejas caiam. Em uma instalação mais sofisticada, essa esteira de roletes pode ser
substituída por uma esteira elétrica de lona ou de borracha, o que traz algumas
vantagens, porém a um custo mais elevado.
Dependendo da banana e do local de sua comercialização, pode ser
prudente proteger as frutas com uma solução fúngica. Se for este o caso, as bandejas
serão introduzidas em um túnel construído sobre a esteira, dentro do qual o fungicida
será pulverizado sobre as bananas.
O túnel é composto de uma armação de alumínio, com 150 cm de
comprimento por 50 cm de altura. Sobre essa armação coloca-se chapas de acrílico
incolor, tanto nas laterais como na parte superior. Para fechar a parte dianteira e a
traseira, coloca-se uma chapa de acrílico, de modo a ficar um vão livre de 30 cm entre
ela e o bordo da bandeja. Para tapar esses vãos pendura-se uma cortina dupla de
fitilhos de borracha macia, com aproximadamente 2 a 3 cm de largura e comprimento
suficiente para que eles apenas toquem nos bordos das bandejas. Uma bomba
centrífuga, instalada sob o túnel, fará o aspergimento do fungicida, através de 5 bicos
de pulverização, do tipo cônico, os quais ficarão fixados em uma armação, em formato
de um U invertido, que deverá ser localizado no meio do comprimento do túnel e
transversal a ele. Essa bomba deverá ser capaz de produzir uma pressão nos bicos da
ordem de 40 a 50 libras/pol².
O líquido pulverizado cairá sobre as bananas e vazará, através dos furos da
bandeja, para a esteira de roletes.
Em seguida ao túnel de pulverização deve haver um espaço de 100 cm,
onde a maior parte do fungicida escorrerá naturalmente.
Um outro túnel, semelhante ao anterior, será então montado para produzir o
secamento das bananas. Para isso haverá uma turbina de vento capaz de produzir um
jato de no mínimo 25 m³ de ar por minuto, o qual será dirigido sobre as bananas. A
distribuição do ar será através de uma tubulação aberta em formato de espátula, fixada
no teto do túnel. Este vento secará as bananas e forçará o líquido restante na bandeja a
sair dela.
Neste túnel, para que não haja muito extravasamento de ar pelos locais de
entrada e saída das bandejas, é recomendável que a cortina de fitilhos de borracha seja
composta por três camadas delas.
Uma bandeja instalada abaixo da esteira de roletes, coletará todo o excesso
de líquido pulverizado. Essa bandeja terá a largura da esteira de roletes e o
comprimento igual a distância entre o início do túnel de pulverização até ao final do
túnel de secagem.
A bomba centrífuga que aspergirá o fungicida no primeiro túnel, será
instalada abaixo da bandeja depósito de líquido. Deste modo a bomba trabalhará
sempre afogada, o que evitará a entrada de ar e também variação na pressão da
pulverização. Recomenda-se que essa bomba seja do tipo rotativo centrífugo, com
capacidade elevatória de 10 m e com um volume de 18 m3/h, a fim de produzir a
pressão acima recomendada nos bicos aspersores.
Após a saída das bandejas do túnel de secagem, haverá um espaço de no
mínimo 2 m, onde elas permanecerão aguardando para serem puxadas para as mesas
de embalagem.
As mesas de embalagem devem ser de 6 a 8, dispostas em ambos os lados
da esteira.
O embalador retira a bandeja da esteira e a coloca sobre a mesa
embaladora, que tem duas superfícies. Numa delas, cujo nível é fixo, será colocada a
bandeja com aas bananas e na outra, que é possível regular sua altura, se colocará a
caixa que irá receber as pencas e ou os buquês.
Este é um esquema básico de um galpão de embalagem, no qual é possível
preparar de 500 a 600 caixas, com 22 kg de bananas, em 6 a 8 horas. Seu piso total é
de 15,20 x 30,0 m, portanto 456 m².
Esse galpão é suficiente para se operar a produção de até 180 a 200 mil
cachos por ano, em 300 dias trabalhados, o que corresponde a 100 ha.
As áreas anexas, correspondentes ao recebimento de bananas assim como a
de carregamento do caminhão, também deverão ser cobertas.
Havendo interesse em se querer embalar maior quantidade de bananas,
pode-se aumentar o número de horas trabalhadas. Porém, se o aumento desejado for de
100%, é possível construir-se uma outra linha de embalagem, a qual se constituirá
apenas da parte referente do despencador ao embalador e com isto se pode dobrar a
quantidade de caixas embaladas. A área de despistilagem ou seja, onde os cachos
ficam pendurados, não precisará ser aumentada. Apenas a colheita e o transporte
necessitarão ser mais agilizados.
Na hipótese de se pretender embalar maior quantidade de caixas por dia,
deve-se construir outro galpão, em face das distâncias que se terá de transportar os
cachos colhidos. Este galpão, operando em sua plena capacidade, poderá atender a
uma área efetivamente plantada de até 200 hectares.
Este esquema de galpão poderia ser modificado, incluindo-se mais
sofisticações como por exemplo, o retorno das bandejas desocupadas para a área de
classificação de buquês, ser feita por esteiras elétricas, em vez de se fazer
manualmente; as caixas vazias podem ser estocadas em uma plataforma acima dos
embaladores, para depois se fazer um fornecimento delas a eles, individualmente; a
retirada dos resíduos poderá ser feita automaticamente por meio de esteiras elétricas,
etc.
Realmente tudo isto significa maiores facilidades operacionais, porém
representa também mais investimentos.

3.5- A embalagem no galpão


Quando os cachos chegam ao pátio do galpão de embalagem, pelos cabos
aéreos ou carretas, os operários os transferem para os trilhos paralelos onde ficarão
estocados. É neste local que são retirados os sacos plásticos que os envolvem (se
houver). Se o produtor fez a despistilagem no campo, quando a banana estava em flor,
ela, ao ser embalada em toritos, fica com sua apresentação muito realçada. Caso a
despistilagem ainda não tenha sido feita, ela deverá ser executada quando os cachos
estiverem no trilho de despistilagem e de despencamento (TD).
A produção desse serviço tem que ser igual a do despencador, a fim de que
não lhe faltar cachos e também para que não haja tempo da cica, eventualmente
exsudada pela base dos pistilos, se secar e com isto as bananas fiquem manchadas.
Esse serviço, quase sempre é feito por mulheres que têm maior agilidade
nas pontas dos dedos, uma vez que, nesta ocasião, tem-se que fazer banana a banana,
pois os pistilos já estão secos.
Conforme já foi dito, o despencamento pode ser feito com uma ferramenta
cortante qualquer, mas neste caso, em que o cacho está pendurado, pode-se usar
também um fio de náilon trançado, com 1,5 mm de diâmetro e com mais ou menos 50
cm de comprimento. Em cada extremidade deve haver um pequeno pedaço de pau,
para que o operário possa como que serrar a almofada, bem junto ao engaço. Este
sistema é muito válido quando se está despencando cultivares que tenham almofadas
curtas, como é o caso do ‘Grande Naine’.
O despencador deve fazer o corte da almofada o mais próximo possível da
ráquis, deixando a penca com quase toda sua almofada (Foto VII-15). Este
despencamento é feito junto ao tanque de lavagem. Para se aumentar o rendimento do
serviço, sempre que possível, ele deve ser auxiliado por uma outra pessoa, que
segurará a penca cortada e a colocará dentro da água. A ráquis é encaminhada para
fora do galpão, onde é posta em uma carreta, para ser esparramada no bananal ou
triturada e enviada para alimentação de animais.

Foto VII-15- A almofada deve ser cortada bem rente ao engaço.


O despencamento pode também ser feito por seccionamento da ráquis,
junto à penca. Durante a fase de limpeza das pencas e sua divisão em buquês, o
excesso de ráquis será eliminado. Esta é uma solução boa para o problema das últimas
pencas do ‘Grande Naine’, cujas almofadas são muito curtas.
Caso haja interesse em se embalar as bananas em caixas de 1ª e 2ª
categorias, isto pode ser ajudado pelo próprio despencador. Para isso se instalará uma
superfície divisória no tanque, até atingir seu fundo e no sentido do seu comprimento.
O despencador colocará as pencas da primeira metade do cacho em um dos lados e as
restantes do outro. Essa divisória também deverá existir no 2° tanque.
Conforme foi explicado, há uma diferença de idade entre as primeiras e as
últimas pencas do cacho, portanto, apresentando comportamento fisiológico diferente
a a
também. A colocação das bananas em caixas, separando-se a 1 da 2 categoria, faz
com que haja uma maior uniformidade fisiológica dentro de cada uma delas. Isto fará
com que as bananas de uma mesma caixa tenham comportamento mais uniforme
durante seu amadurecimento, possibilitando assim que elas saiam da câmara de
climatização com uma só coloração e igual porcentagem de inversão do amido da
polpa em açúcares.
O tanque de lavagem, com o esquema de circulação d’água, ajuda a lavar as
pencas e também as empurra para o outro lado.
É nesse lado oposto que duas operárias retiram as pencas desse primeiro
tanque e, trabalhando sobre a mesa revestida de espuma de látex, fazem a seleção das
pencas e retiram as bananas defeituosas ou danificadas. É nesse local que se faz a
toalete final das almofadas ou as transformam em buquês, com 4 ou 8 bananas. Para
esse serviço são usadas estreitas facas com sua ponta recurvada a 90° (Foto VII-16).
Em seguida os buquês são colocados no segundo tanque. Caso se pretenda fazer a
embalagem em diferentes categorias, serão colocadas divisórias internas nele.

Foto VII-16- No preparo do buquê e recorte da sua almofada, a faca


deve ter uma lâmina com 15 a 20 cm e estar sempre bem afiada.
Apenas as bananas e as pencas refugadas, por má formação, poderão ainda
ser apartadas para uma embalagem individual, que muitas vezes também são
comercializadas como 3a categoria ou são retiradas para fora do galpão, por meio de
uma esteira sem fim e encaminhadas para a industrialização ou para alimentação de
animais. As demais que apresentam defeitos mais graves, são anexadas aos engaços e
retornadas ao bananal como fertilizantes.
Na água dos dois tanques deve-se adicionar a cada 1.000 litros, dois litros
de um detergente orgânico, não ácido e de boa qualidade, como o ODD, cuja
finalidade é estancar e coagular prontamente a cica exsudada pelos cortes feitos nas
almofadas e também fazer uma desinfecção das bananas contra fungos e bactérias.
Dada a rápida coagulação da cica, evita-se que ela se fixe nas bananas, nas paredes dos
tanques e nas mãos das operárias. Detergentes de qualidade inferior não conseguem
coagular o látex e com isto é necessário aumentar a concentração. Em épocas de muito
calor e umidade, por vezes, é preciso aumentar a concentração do detergente ou deixar
as pencas dentro dágua por mais tempo.
Nos tanques, principalmente no primeiro, deve-se também adicionar 0,1%
de sulfato de alumínio (1 kg /1.000 litros), para provocar a precipitação das impurezas
que vieram com as bananas e que se formaram com o despencamento.
Conforme já foi comentado no item 3.2 deste capítulo, é importante que
haja sempre espuma sobrenadando nos dois tanques.
Nestes dois tanques, principalmente no primeiro, a água deve ser trocada a
cada 200 a 250 cachos despencados.
Caso as pencas não estejam boiando, pode-se adicionar sulfato de magnésio
para que isso aconteça. A quantidade a se adicionar varia com a época do ano e
também com a quantidade de potássio que se aplicou no bananal que produziu essa
fruta e ainda com o seu diâmetro.
As pencas ou os buquês, depois de limpos, são então colocados em uma
bandeja de plástico perfurada, que deve estar sobre uma balança eletrônica (ou mesmo
uma do tipo de peixeiro), previamente regulada, segundo o peso desejado (Foto
VII-17). Esse peso deverá ser 10% maior do que o estipulado para o tipo de caixa, pois
essa diferença corresponde o quanto as bananas perderão durante a climatização.

Foto VII-17- O peso das bananas postas na bandeja é conferido


eletronicamente e é de acordo com as dimensões da caixa.
A balança deve ser tarada nos toritos para o peso de 22 a 23 kg (com 10 a
13 dz), nos cubitos para 28 a 30 kg (com 15 a 16 dz) e nas meias caixas para 13 a 14
kg (com 6 a 7 dz). Esse peso é determinado em função do volume interno da caixa. A
oscilação do peso é função do acerto comercial havido entre o produtor e o comprador.
Depois de pesada, a bandeja é deslizada sobre a esteira rolante onde
atravessará o túnel de pulverização. Caso haja necessidade de se combater algum
inseto que exista nas bananas o produto indicado é o Malathion e para controlar os
fungos, adiciona-se Benlate. As bananas destinadas ao mercado interno, com
comercialização a ser feita a curto prazo, quase sempre não é preciso fazer-se a
aplicação destes produtos, pois o detergente é suficiente.
Em substituição ao Benlate (benzimidazol) pode-se usar um outro fungicida
qualquer constante do Quadro XI-2, dando-se preferência para os de contato.
Pode-se usar menores quantidades destes produtos desde que se faça
associação de pelo menos dois deles.
Em seguida, a bandeja é empurrada para dentro no túnel para secagem com
jato de ar. Continuando na esteira, a bandeja chega às mesas de embalagem
propriamente, onde as pencas ou os buquês serão colocados nas caixas.
A disposição das bananas nas caixas é a mesma, quer seja feita no campo
ou no galpão e é função da caixa a ser usada.
Antes de se começar a colocar as bananas nas caixas, elas são protegidas
internamente com a cinta de polietileno, conforme está no item 3.2 deste capítulo.
No torito convencional e no cubito as pencas são colocadas no mesmo
sistema em que foi descrito para a embalagem no campo.
Quando em buquês, as bananas serão postas sempre transversalmente ao
comprimento da caixa, formando como que duas linhas paralelas, com suas almofadas
voltadas para o fundo e para os lados da caixa. Elas se apoiam sobre uma outra linha
de buquês, que foi colocada no fundo e no centro da caixa, no sentido do seu
comprimento. Desta forma estes grupos de bananas ficam simetricamente opostos um
ao outro e dão um bonito aspecto à caixa. Nestas condições há menos injúrias nas
cascas e é bem mais fácil para se efetuar a embalagem (ver Fotos VII- 18 e 19).
Nas ½ caixas só se embala buquês e elas tem um peso e número de bananas
mais constantes (Foto VII-20).

Foto VII-18- No cubito, a banana fica melhor acomodada do que no torito.


Foto VII-19- No meio torito, é colocado uma linha de buquês no seu
comprimento, a qual é coberta por duas outras, dispostas transversalmente a
ela.

Foto VII-20- No meio torito, os palitos são mais altos para evitar
o contato entre as caixas e as bananas.
Nas organizações mais cuidadosas, quer se trate de banana para mercado
interno ou externo, é comum colocar-se em cada caixa, uma etiqueta identificativa do
embalador, assim como um selo nas bananas com o nome do produtor.
A caixa estando pronta, é empilhada na área de depósito ou vai para a
câmara de climatização, para o veículo transportador ou ainda para a câmara de
refrigeração.
Todos os dias, após ao término da embalagem das bananas, o galpão deve
ser lavado e com especial cuidado, os tanques de lavagem. A solução inseticida e
fungicida não devem ser reaproveitadas no dia seguinte, pois elas se oxidam e perdem
seu efeito.
Atualmente, no mercado interno, há uma tendência de se evoluir a
embalagem das bananas para caixas de papelão. Várias propriedades, mais
distanciadas do centro consumidor de sua banana, principalmente quando ela tem
galpão de embalagem, já estão usando a caixa de papelão, as quais são descartáveis.
Vários fatores contribuem para isso, tais como: alto preço da caixa de madeira, o
extravio dela, pequena durabilidade, ausência da preocupação de sua devolução pelos
compradores, dispensa do serviço de sua recuperação, maior facilidade de
comercialização por não haver o depósito do seu valor e ainda o fato da caixa de
papelão permitir uma melhor apresentação das bananas, por lhes causar menores
injúrias.
Outra grande evolução, é a adoção que está havendo pelos supermercados
em vender as bananas em buquês. Para o supermercado há a vantagem de ter bananas
com um visual mais bonito nas bancas de frutas e, praticamente, sem perdas.
Desaparece com isto o costume do comprador escolher e seccionar a penca para retirar
apenas a parte que lhe interessa. Esta divisão, quando feita com a banana madura e
sem uma faca, danifica muitas delas por compressão. Por sua vez, para o produtor, há
menores perdas durante o processo de embalagem, que também se torna mais fácil de
ser feito e com maior precisão no peso e na uniformidade das bananas nas caixas.
Mão-de-obra necessária para o funcionamento do galpão para 600 caixas
por 8 horas.
1 - recebedor de cachos e despistilador
3 - despistiladores
1 - despencador
2 - retalhadores de pencas (buquê)
2 - pesadores
6 - embaladores
1 - empilhador de caixas prontas
1 - volante fornecedor de caixas e bandejas
1 - limpador do ambiente
1 - fiscal do galpão

19 - total
A banana destinada a exportação é, praticamente, a mesma que se remete
para os supermercados de boa categoria. Há apenas um maior rigor na seleção das
bananas, cujas exigências estão em função do acordo comercial que foi firmado.
Nas caixas de papelão, destinadas a esse mercado, é usual colocar-se no seu
interior um saco de polietileno, com 0,03 a 0,04 mm, perfurados para facilitar as trocas
gasosas e de umidade. Essas caixas são do tipo telescópicas, com peso líquido de 20
kg e as bananas não devem ter comprimento inferior a 18 cm. É o comprador que
determina qual deverá ser o diâmetro da banana a ser embalada. Para se evitar que a
camada superior faça pressão desuniforme sobre a inferior, é possível colocar-se uma
lâmina de papelão entre elas (Foto VII-21).
Foto VII-21- Faz parte da estrutura da caixa uma parede extra,
que é usada para proteger as bananas de baixo.
Foto VII-22- A preferência de bananas em buquê é maior do que
em pencas devido a redução de injúrias.
Quando as caixas vão para mercados mais distantes, quer seja para o
interno ou o externo, se usa revestí-las internamente com uma saco de polietileno sem
perfurações. Dentro dele serão colocadas todas as pencas ou os buquês. Posto isto
faz-se o completo succionamento do ar contido no seu interior e se dá um nó na sua
boca. Estas caixas devem ser imediatamente refrigeradas para a temperatura de 15°C.
Este sistema garante maior tempo de conservação da banana, pois ela quase para de
respirar.
O atual nível tecnológico já atingido pelos produtores exportadores é
bastante alto, mas ainda precisam melhorar, principalmente o transporte interno.
A exportação brasileira está dirigida apenas aos mercados do Mercosul, que
consomem cerca de 0,33% da produção brasileira, a qual é feita quase que só com
bananas paulistas colhidas no Litoral e no Vale do Ribeira. Este mercado tem se
mostrado pouco atrativo para os produtores dessas regiões, que procuram cada vez
mais se fixarem no mercado interno.

4- Amadurecimento
4.1- A câmara de maturação
As câmaras de maturação são compostas de um local onde se instala um
compressor para produção de frio e um salão fechado. No teto deste são fixados os
evaporadores, para dispersão do frio e forçar sua circulação, hidratadores ambientais,
sistema para introdução de gás ativador da maturação e em algumas, há também um
sistema de aquecimento, que é feito por meio de eletricidade. Além desses
equipamentos, deve haver, na parede detrás do evaporador, o insuflador de ar para
fazer a exaustão. Como locais complementares deverão haver plataformas para
recepção e expedição de caixas. A câmara que tem esses equipamentos é denominada
câmara de climatização*.
* Nome criado pela então Cooperativa Central de Bananicultores do Estado de São Paulo, em
Santos, em 1964.
As câmaras devem ser feitas com capacidade para 10 a 12 toneladas de
bananas. Nas câmaras maiores, há sempre dificuldades na exaustão total do gás
carbônico e longo tempo para abaixamento da temperatura, o que provoca sérios
problemas na qualidade da maturação e maiores custos.
Uma câmara para 600 caixas com 22 kg de bananas (torito) deve ter 3,10 m
de altura, 6,50 m de comprimento e 4,20 m de largura. Para facilitar o empilhamento
deve-se colocar apenas 7 a 8 toritos sobrepostos ou seja 2,1 m de altura. Sobre as
caixas, é necessário haver sempre um espaço mínimo de 60 cm para a circulação de ar
(Figura VII-9 e Figura VII-10).

Figura VII-9- Planta de uma câmara de climatização - (1) Plataforma de recepção e


expedição de caixas; (2) Porta da câmara; (3) Janela de injeção de ar; (4) Ventilador; (5)
Interruptor das lâmpadas; (6) Quadro de medidores de temperatura e umidade; (7)
Tubulação para o evaporador; (8) Evaporador; (9) Aquecedor; (10) Injetor de gás; (11)
Umidificador; (12) Lâmpadas; (13) Compressor; (14) Janela de ventilação do compressor;
(15) Garrafas de gás ativador; (16) Porta da sala de comando das máquinas; (17) Quadro de
luz.

Figura VII-10- Detalhe da distribuição interna dos


componentes da câmara: (7) Tubulação e (7.1) forçador
de ar para o evaporador; (8) Evaporador.
As câmaras devem ser construídas com tijolos cheios. Não se deve usar
blocos de cimento e nem aqueles de barro perfurado. O teto da câmara pode ser feito
com laje pré-moldada, mas por cima dela deve haver uma camada de 5 a 8 cm de
reboque. Isto tudo é para que não haja perda do frio produzido dentro da câmara.
Estando pronta as paredes da câmara, elas devem ser rebocadas e depois
revestidas internamente com uma camada de pranchas de isopor, com 5 cm de
espessura. Estas pranchas serão presas nas paredes por meio de ripões de madeira,
com 10 cm de largura por 1,5 cm de espessura. Estes serão parafusados nas paredes,
pois periodicamente haverá necessidade de se substituir a camada de isopor, devido
aos fungos que se instalam nelas. O isopor ajuda a evitar perdas de temperatura.
Muitas câmaras tem sido construídas sem o isopor. Neste caso, é freqüente
as paredes ficarem impregnadas de fungos, os quais são facilmente removidos
fazendo-se uma pintura com cal. As paredes das câmaras não devem ser pintadas com
látex. A presença de fungos é reconhecida pelo aparecimento de manchas escuras nas
paredes, o que costuma acontecer após 4 a 6 meses de uso. A cal evita que os fungos
se proliferem e contaminem as bananas.
Não há necessidade de se fazer a impermeabilização térmica do piso da
câmara. Havendo problemas de excesso de umidade no terreno, é recomendável que a
camada de concreto do piso seja posta sobre tijolos perfurados ou blocos de cimento.
Ele deve ter uma pequena inclinação para a porta, para facilitar a saída da água usada
na sua limpeza e ser acabado com cimento requeimado.
As câmaras construídas, junto aos galpões de embalagem, terão seu piso no
mesmo nível do dele. Entretanto, é recomendável que haja uma pequena diferença de
5 cm a mais, para se evitar que durante a limpeza diária do galpão, a água utilizada
entre no seu interior.
As câmaras devem ser construídas, de modo que a porta de entrada fique
em uma parede exatamente oposta aquela onde irão ser colocados os evaporadores.
Essa disposição é para facilitar a exaustão de ar, que necessitará ser feita.
As câmaras construídas fora do galpão de embalagem, devem ter sua
plataforma de estocagem de caixas, em nível igual ao da carroceria dos caminhões.
Isto facilita muito as operações de carga e descarga. Nessas condições, o transbordo
das caixas poderá ser feito com carrinhos empilhadores, com o que se evita danificar
as bananas. Quanto ao piso interno da câmara, as recomendações feitas anteriormente
são as mesmas.
Todos os interruptores de luz ou de motores devem ficar fora da câmara
para se evitar o problema da “self” indução, que pode provocar faíscas e com isso
ocorrer explosões.
Todas as câmaras devem ter 2 evaporadores (8), que serão instalados um ao
lado do outro, conservando-se uma distância entre eles igual a soma das distâncias que
os separam das paredes laterais. Somente as câmaras com capacidade de até 200
caixas poderão operar com apenas um evaporador.
Os evaporadores serão instalados a 40 cm da parede oposta à porta de
entrada da câmara. Eles devem ser fixados rigidamente a 10 cm do teto da câmara, por
meio de parafusos passantes, pois, periodicamente, eles precisarão ser revisados ou
substituídos. Para isso, durante a construção da câmara, deve-se fazer uma viga de
concreto armado, no local onde será passado esse parafuso de sustentação do
equipamento.
O evaporador retira água do ar da câmara e por isso há necessidade de se
fazer, abaixo dele, uma captação que terá uma tubulação para despejá-la,
externamente, na rede de águas servidas. É importante que haja, nessa tubulação, um
sifão para evitar que o gás ativador escape por ela.
O espaço formado entre cada evaporador e a parede deve ser fechado, com
chapas de zinco nos quatro lados. Na região central de sua parte inferior, haverá uma
janela circular com 40 cm de diâmetro. Nesse vazio será colocado uma tubulação (7)
de chapa zincada ou de alumínio, que terá essa mesma dimensão, a qual será fixada na
parede da câmara. Essa tubulação, que se inicia na janela circular termina a 50 cm do
piso da câmara.
Essa tubulação permitirá que se realize uma melhor circulação das camadas
de ar mais próximas do solo e com isto uma melhor uniformização da temperatura e
dos gases. Para forçar mais energicamente essa circulação do ar, deverá haver um
ventilador (7.1) dentro da tubulação que succionará o ar das camadas mais inferiores e
o insuflará para cima, para alimentar o evaporador, provocando assim uma total e mais
uniforme circulação do ar.
Esta circulação forçada retirará por completo, o ar quente e com gás
carbônico de dentro de todas as caixas. Isto fará com que o compressor trabalhe menos
vezes por hora, portanto, menos “starts” e conseqüentemente, menor consumo de
eletricidade, uma vez que ele somente se desligará, quando a temperatura da câmara
estiver realmente uniforme.
O ventilador da tubulação (7.1) deverá ter potência maior do que a soma
dos dois ventiladores que existem no evaporador (8).
Cada evaporador terá sua tubulação (7) com seu forçador de ar (7.1).
Deve-se fazer na parede oposta ao evaporador, em cada lado da porta de
entrada, uma janela de 40 x 40 cm e distante cerca de 40 cm da parede lateral da
câmara, localizada à 10 cm do piso, cuja abertura se dará externamente. No vazio de
cada uma dessas janelas, será instalado um ventilador, cujo comando deverá estar do
lado de fora. Esses dois ventiladores devem ter capacidade de injetar juntos, o volume
de ar igual a 60 vezes o da câmara, a cada hora de funcionamento. Eles irão ajudar a
exaustão.
Não se deve pensar em abrir janelas atrás dos evaporadores para substituir
esses ventiladores, pois o ar viciado que está no nível do chão, não sera retirado e
também pela dificuldade para sua abertura e fechamento.
Os ventiladores insuflarão ar novo para dentro da câmara e os
evaporadores, auxiliados pelas suas tubulações, jogarão o ar viciado para fora através
da porta de entrada, que deverá permanecer aberta durante a exaustão.
Para se controlar o teor da umidade relativa da câmara, há necessidade de
se instalar um higrômetro elétrico automático.
A hidratatação da câmara é feita por meio de bicos aspersores (11), que
deverão pulverizar a água na frente dos evaporadores, no mesmo sentido e direção da
corrente do jato de saída de ar, a uma distância de cerca de 30 cm dele. Esses bicos
devem ser do tipo cônico, semelhante aos de pulverização. A alimentação desses bicos
é feita com água filtrada do próprio sistema coletivo da câmara. Caso sua pressão não
seja suficiente para isso, haverá necessidade de se adaptar uma bomba centrífuga para
tal. O jato deve ter uma pressão de 40 a 50 libras/pol².
Durante a construção da câmara, deve-se cuidar para que a tubulação que
introduzirá o gás ativador (carbureto ou etileno) (10) tenha sua extremidade final na
frente dos evaporadores, da mesma forma que os aspersores de água. Essa tubulação
poderá ser de latão ou de plástico.
A câmara deve ter um termômetro externo, porém, com seu bulbo dentro
dela. Esse bulbo deve ficar distante do piso cerca de 150 cm e à 10 cm da parede.
Entre os evaporadores, deve haver um sistema elétrico de aquecimento (9),
para eventual uso quando a temperatura externa estiver baixa.
Todas as portas e janelas das câmaras devem abrir sempre para fora e ter o
mesmo revestimento e acabamento das que são usadas nas câmaras frigoríficas.
O conjunto dos comandos e regulagens de hidratação e temperatura serão
instalados externamente, junto à porta de entrada.
Os compressores para a produção do frio, devem ficar instalados ao lado
das câmaras, no solo. A sua vibração e os problemas de manutenção não recomendam
sua instalação sobre as câmaras. Isto tem sido motivo de constante aparecimento de
trincas nas paredes e no teto, por onde o frio se perderá. O local escolhido para o
assentamento do compressor deve ser bem arejado para não comprometer seu
rendimento.
Os compressores devem ter, no mínimo, 1.500 kcal/hora de potência, para
cada tonelada de banana, desde que ela não ultrapasse a 12 toneladas, para abaixar 1ºC
por hora. Entretanto, para aquecer esta câmara, é preciso que haja uma fonte de 1.100
kcal/hora para aquecer 1ºC.
As câmaras devem ter um local ventilado, anexo, onde as garrafas de
etileno serão estocadas e também de onde se fará o controle da injeção do gás nelas.
Em se usando o carbureto, esse será o local onde ele será estocado e se instalará o
equipamento de sua queima.
É importante lembrar que havendo bananas sendo amadurecidas na câmara,
sua temperatura e a circulação do ar terão de ser mantidas, conforme as
recomendações feitas. Implica isto em dizer-se que, não é possível haver falta de
eletricidade, de forma alguma. Locais onde a eletricidade não seja constante, deve-se
instalar um conjunto gerador elétrico, para as emergências ou não se ter a câmara.

4.2- Processamento da maturação


As bananas podem ter o processo de maturação iniciado e completado
naturalmente na bananeira ou em ambiente fechado.
As câmaras de maturação têm a finalidade de desencadear o processo de
maturação quando, então, o amido é convertido em açúcares e a casca é
desverdecida.*. Entretanto, mesmo a banana tendo estado em uma câmara de
maturação, é possível ocorrer apenas a inversão parcial do amido, sem contudo haver
o desverdecimento da casca. Isto acontece, freqüentemente, quando a banana sofreu o
“chilling”, que causa a morte da casca e, como conseqüência, acaba ficando com ela
apenas enfumaçada e não amarelada.
* Desverdecimento é a destruição dos pigmentos verdes como a clorofila, permitindo a visualização
dos pigmentos carotenoides de cores amarela e laranja.
É chamada de estufa, a câmara de amadurecimento usada desde há muito,
que funciona por aquecimento (queima de querosene), pela adição de gases oriundos
de queima de madeira (serragem) ou mesmo do carbureto de cálcio.
Dá-se o nome de câmara de climatização às estufas onde a temperatura,
umidade e gás carbônico são mantidos em níveis pré-determinados e a maturação é
feita mediante o emprego de gases específicos desencadeadores do processo de
amadurecimento.
As bananas amadurecidas em câmaras de climatização têm o processo de
inversão do amido feito de forma lenta e completa. Nas câmaras onde não há controle
da temperatura, esta inversão é parcial, a banana tem pouca conservação, permanece
ácida e com baixa digestibilidade, tendo ou não sofrido o “chilling”.
Por isso pode-se dizer que as qualidades organolépticas e a digestibilidade
das frutas são muito melhoradas nas câmaras de climatização e sua vida,
pós-amadurecimento, é bastante prolongada.
Durante o processo de maturação, a banana tem sua respiração acelerada
consumindo grandes quantidades de oxigênio, e com isto há desprendimento de gás
carbônico que, por ser mais pesado do que o ar, se acumula nas partes mais baixas da
câmara. O gás carbônico impede que a casca da banana fique completa e perfeitamente
amarela e também retarda o seu amadurecimento, o que faz com que ela tenha de
permanecer por mais horas na câmara. Este problema se torna mais grave nas bananas
que estão nas caixas mais baixas, dentro da câmara.
Na região peduncular da banana, a sua parte côncava, tende a se desidratar
mais rapidamente, proporcionalmente ao excesso de gás carbônico existente na
câmara. Quando isto ocorre, essa região do pedúnculo fica com sua cutícula
engruvinhada (Foto VII-23), no sentido transversal ao seu comprimento, chegando
algumas vezes a se romper. Como conseqüência desta situação, o pedúnculo da banana
começa a se quebrar prematuramente. Se o teor de gás carbônico for muito elevado,
isto pode acontecer logo após 24 horas da sua saída da câmara.

Foto VII-23- Quando há falta de oxigênio na câmara, as bananas ficam


com o pedúnculo engruvinhado (buquê menor) e se rompem facilmente
(buquê maior).
Os gases empregados no processo de maturação atuam somente junto à
casca da banana, sem nada influírem ou serem absorvidos pela sua polpa. Seu cheiro
desaparece rapidamente quando a banana é exposta ao ar livre.
O processo de maturação pode ser feito usando-se como gás ativador o
acetileno na proporção de 1:1.000 ou seja 1 litro do gás para 1.000 de ar. Este gás
pode ser produzido no próprio local, pela hidratação (queima) do carbureto de cálcio.
Ele deve ser usado na quantidade de 2,66 gramas do carbureto para cada m³ da
câmara, independentemente do número de caixas que existam dentro dela. Para cada
quantidade dessa de carbureto é necessário adicionar sobre ele, no mínimo 65 ml de
água. No caso de ter sido adicionado mais água não haverá problemas. A quantidade
de carbureto acima indica é suficiente para produzir o volume de gás indicado por
metro cúbico.
Ao se adquirir o carbureto, deve-se dar preferência ao granulado, em
detrimento daquele em pedra, dada a maior facilidade de se pesar a quantidade certa
para a câmara.
O carbureto de cálcio pode ser queimado dentro da própria câmara. Para se
evitar que, durante a sua queima, haja esborrifamento dele no piso da câmara ou nas
caixas de bananas, recomenda-se que ele seja colocado em uma lata com volume
suficiente para receber, com folga, a água necessária para sua queima e que esta seja
colocada dentro de uma outra bem maior. Pode-se evitar este inconveniente utilizando
um tambor para a queima do carbureto, semelhante ao que se usa nas soldas a
oxigênio. Neste caso, este equipamento ficará instalado externamente à câmara.
Um outro gás usado para desencadear o processo de maturação é o etileno,
que se fosse aplicado puro seria na proporção de 1:1.000, ou seja 0,1%. Ele é
normalmente comercializado em garrafas metálicas, iguais as de oxigênio, com a
quantidade de 6 m³ de uma mistura de 5,5% de etileno e 94,5% de nitrogênio, que é
vendido com o nome de azetil ou de etil. Essa mistura é aplicada na quantidade de 1%
do volume da câmara perfeitamente vedada, o que nem sempre acontece. Por
precaução, recomenda-se aplicar 2%. Não se deve aplicar mais do que 5%.
As quantidades de carbureto e de etileno acima indicadas são suficientes
para provocar a maturação das bananas. Maiores porcentagens não aceleram a
maturação e devem ser evitadas, para que não haja perigo de explosões e aumento dos
custos.
O uso do carbureto apresenta um preço muito inferior ao do etileno e os
resultados são absolutamente iguais.
A umidade relativa do ar, dentro da câmara de climatização, deve ser
mantida próxima de 90%. Entretanto, a banana apresentará coloração amarela “gema
de ovo” tão mais intensamente, quanto mais próximo a umidade for de 95%. Porém,
isto provoca problemas paralelos com respeito ao desenvolvimento de fungos nas
frutas. Além disso, a partir desse porcentual, começa a se formar um microfilme de
água sobre as bananas, que impede que o gás ativador atue sobre elas.
Um modo prático de se estimar se o teor de umidade interna está abaixo ou
acima de 90%, é observando-se o cano de saída d’água do evaporador de dentro da
câmara. Se houver vazamento de água por ele, é sinal que a umidade relativa do ar está
na faixa de 90% ou mais.
Sempre que essa umidade relativa estiver abaixo de 90%, haverá
necessidade de se fazer a hidratação da câmara.
Nos locais onde a umidade relativa do ar seja muito baixa, menos de 70%, e
as caixas de madeira também estejam secas ou a temperatura acima de 30°C, é
aconselhável molhá-las antes de as colocar na câmara.
Este “quebra-galho”, muito usual entre os climatizadores, é feito do
seguinte modo. Com o auxílio de um esguicho de jardim, joga-se sobre as caixas cerca
de 20 litros d’água, para cada 100 delas, com 22 kg de bananas. Deixam-se elas
descansando por 15 minutos, para em seguida as colocar na câmara. Esta é uma forma
rápida de se hidratar e ou abaixar a temperatura das bananas pois, dentro da câmara
iria levar muito tempo.
A temperatura dentro das câmaras deverá ser mantida sempre ao redor de
18°C (± 1°C). Esta temperatura é, normalmente, medida por termômetros, cujo bulbo
fica no interior da câmara e o seu painel no lado de fora. Uma forma de se ter maior
precisão nesta leitura é tomando-se a temperatura com termômetro manual,
introduzindo-o no interior das bananas pelo seu ápice. Esta precisão é dispensável no
dia a dia, desde que a câmara tenha o sistema de tubulação forçadora de ar (ver Figura
VII-10) para o evaporador. Geralmente, a temperatura registrada no termômetro da
câmara é mais baixa em média de 0,3 a 0,5°C do que a do interior da banana.
Se as temperaturas ficarem entre 15 e 16°C a fruta tem dois a quatro dias a
mais de tempo de conservação após a saída da câmara e a casca se colore de um
amarelo mais vivo, quando madura. Entretanto, em temperaturas iguais ou acima de
21°C, já começa o “cozimento” da fruta e ela perde quase toda sua resistência e suas
qualidades organolépticas. Quando isto ocorre diz-se que a banana está “bombada”.
Em um ou dois dias após a saída da câmara, ela tem de ser completamente consumida.
Quando a casca da banana fica opaca, enfumaçada, após a saída da câmara,
pode ser que ela tenha pego friagem (“chilling”) no campo, durante seu transporte, que
a temperatura na câmara tenha estado acima de 23°C ou então que a banana tenha sido
retirada da câmara antes de estar com as pontas verdes. Esta coloração indica que
houve coagulação da seiva na casca. e consequentemente, ela está quase morta.
A casca pode também apresentar, depois de 24 horas, manchas escuras
como se tivesse levado um tapa, que nada tem a ver com o enfumaçamento decorrente
do “chilling”. Isto pode acontecer se a temperatura da polpa ficar acima do limite
citado (19° C), quando ainda dentro da câmara ou se ela foi retirada antes das horas
recomendadas ou então se ela recebeu calor indireto depois de colhida.
As caixas devem ser colocadas dentro da câmara distante das paredes.
Levando-se em conta que nem sempre os operários respeitam estas instruções, é de
bom censo colocar no seu piso, junto as paredes, um caibro (6 x 6 cm) para evitar que
eles incorram nesse erro.
As caixas devem ser colocadas sempre de modo a constituírem um único
bloco. Entre elas não deve haver nenhum espaço livre para que não se forme canais de
circulação do ar. Isto perturba a maturação, tornando-a irregular nas diferentes caixas.
No local onde estará instalado o ventilador insuflador de ar, há necessidade
de se deixar, no interior da câmara, na sua frente, um vazio correspondente a uma
pilha de caixas. Este cuidado é para facilitar a entrada do ar.
As caixas contendo bananas tipo 1 (primeiras pencas do cacho) devem ser
colocadas na câmara de modo a poderem ser retiradas primeiramente, pois elas contém
frutas mais velhas e que amadurecem antes. Muito freqüentemente, as demais
precisam ficar um tempo maior para chegar ao ponto certo de sua saída. Conforme a
região, estas outras caixas de bananas precisam até mesmo receber mais uma carga de
gás ativador, para se obter um melhor resultado de maturação. Estas diferenças são
mais sensíveis nas bananas que se formaram antes do inverno.
As câmaras devem ser previamente refrigeradas a 10°C para ser iniciado
seu carregamento com bananas. Este cuidado visa poupar os compressores, após elas
serem fechadas. Somente depois de carregada a câmara e fechadas as portas, é que o
compressor e os evaporadores serão ligados novamente. Este cuidado é importante
também para a saúde dos operários, que estarão trabalhando no vai e vem dentro e fora
da câmara.
Quando a temperatura se estabilizar em 18°C, injeta-se o gás ativador, cuja
permanência no seu interior será de 12 a 13 horas. Depois disto, realiza-se a exaustão
dos gases injetando ar dentro da câmara, durante 15 a 30 minutos. Fazer-se a exaustão
por um prazo mais longo, somente beneficia a maturação, porém pode acontecer de se
aquecer ou resfriar muito a câmara com o ar de fora, o que não é interessante. Quando
há aquecimento, é necessário mais tempo de funcionamento do compressor, para
conseguir abaixar novamente a temperatura, até ao limite indicado. Entretanto, se
houve grande resfriamento, o problema se neutraliza naturalmente ou com a ligação
dos aquecedores elétricos (ver Figura VII-9).
Esta injeção de ar é necessária para aumentar o teor de oxigênio no interior
da câmara e eliminar o gás carbônico aí existente.
Para se iniciar a exaustão deve-se abrir a porta de entrada e também as
portas dos ventiladores insufladores de ar. Em seguida os ventiladores e os
evaporadores são ligados pelo tempo acima recomendado.
Vencido o tempo da exaustão, desliga-se apenas os ventiladores
insufladores de ar e fecham-se todas as portas. Em seguida liga-se o compressor.
Tendo a temperatura se estabilizado em 18°C, injeta-se nova quantidade de gás
ativador, mantendo-se a porta fechada por mais 24 horas. Posto isto, executa-se nova
exaustão nos padrões já descritos, para em seguida fechar-se tudo outra vez. Mesmo
sem gás, as bananas precisam ainda permanecer por mais 24 horas na temperatura de
18°C.
Normalmente, apenas duas cargas de gás ativador são suficientes para
desencadear a maturação das bananas. Entretanto, ao se abrir a câmara para se fazer a
segunda exaustão, pode-se chegar a conclusão sobre a necessidade de se aplicar uma
terceira carga de gás ativador, o que será feito sem nenhum problema. Neste caso,
após as 12 horas da aplicação da terceira carga de gás, deve-se proceder nova
exaustão, para então se deixar as caixas por mais 24 horas, e finalizar o processo da
maturação.
Quando isto ocorre e o maturador tem necessidade de entregar as bananas,
muitas vezes ele faz um “quebra-galho”, que é um choque para tornás-la amarela em
poucas horas. Primeiramente, o sistema de ventilação é desligado e em seguida
despeja-se uma grande quantidade de água sobre as caixas, de modo que todas as
bananas fiquem bem molhadas. Fecha-se a câmara por um período de 4 a 6 horas.
Vencido esse tempo a câmara é novamente ligada, sem ser feita a exaustão, até que a
temperatura chegue a 18°C, quando então as caixas são retiradas e colocadas
esparsadamente em local bem ventilado. Em mais ou menos uma hora, as bananas
estarão amarelas “gema de ovo”. É um processo que encurta um pouco a vida
comercial da fruta, mas atende-se ao cliente.
A sistemática da climatização pode ser assim resumida:
a) resfriar a câmara a 10°C;
b) desligar os equipamentos;
c) encher a câmara com as caixas;
d) ligar o compressor até a temperatura se estabilizar em 18°C;
e) introduzir o gás;
f) depois de 12 a 13 horas fazer a exaustão;
g) ligar o compressor até a temperatura se estabilizar em 18°C;
h) introduzir o gás;
i) depois de 24 horas fazer a exaustão*;
j) ligar o compressor por mais 24 horas;
k) banana pronta no tipo ponta verde.
*Se for necessário fazer uma 3ª introdução de gás, o procedimento será:
i) ligar o compresor até a temperatura se estabilizar em 18ºC;
ii) introduzir o gás;
iii) depois de 12 horas fazer a exaustão;
iv) ligar o compressor por mais 24 horas;
v) banana pronta no tipo ponta verde.

O amadurecimento pode também ser feito banhando-se as bananas em uma


solução contendo 1.000 ppm de etefon com espalhante adesivo a 0,2%. Ela deve ser
banhada por dois minutos e depois ser colocada na câmara. Segue-se o mesmo
esquema anteriormente descrito, sem que haja necessidade de se injetar qualquer gás
ativador. Entretanto, este é um processo cujos resultados não são uniformes, pois
sofrem grandes variações decorrentes do cultivar, do padrão da fruta, da temperatura
ambiente e da precisão da concentração da solução, uma vez que o etefon é volátil.
Deve-se levar em conta ainda que seu preço é elevado.
Durante o processo de maturação, a banana colhida no verão respira mais e
com isto tem maior produção de gás carbônico, porém a do inverno precisa muito de
oxigênio para realizar sua maturação. Apenas estações intermediárias, poder-se-ia
fazer um período mais curto de exaustão.
As bananas quando saem das câmaras de climatização devem ainda estar
com as extremidades verdes (“ponta verde”), porém com a parte mediana já
amarelando, o que indica ter sido bem processada a maturação. Elas não devem sair
amarelas de dentro da câmara, pois não terão quase nenhuma conservação (Foto
VII-24).

Foto VII-24- As bananas devem sair da câmara ainda com as


extremidades levemente verdes, para terem maior tempo de
comercialização e resistência no seu manuseio.
Se a temperatura ambiente for elevada (mais de 30°C), é recomendável
proceder-se uma exaustão, por 30 minutos, antes de se retirar as caixas da câmara,
procurando elevar a temperatura progressivamente para 25°C. Este cuidado é para
evitar que as bananas sofram choques climáticos nesta fase, que podem ocasionar a
morte imediata das células da casca e consequentemente, não haver o seu completo
desverdecimento.
Quando a temperatura da banana está com 10 a 12°C, ao entrar na câmara,
há dois procedimentos para se escolher:
a) coloca-se todas as caixas na câmara, fecha-se sua porta e injeta-se o gás.
A temperatura vai subir lentamente até 18°C e tudo se normaliza;
b) coloca-se a banana na câmara, fecha-se a porta e liga-se o aquecedor
elétrico até a temperatura chegar a 18°C, para então se injetar o gás. Este segundo
método é mais rápido mas tem-se um gasto a mais com a eletricidade.
Quando as bananas são embaladas em caixas de papelão, a umidade relativa
do ar deve ficar próxima da sua saturação ou seja cerca de 95%. Entretanto este teor
dificulta que o gás ativador consiga atuar junto da casca, desverdecendo-a, pois a
película que se forma ao redor da banana funciona como um elemento filtrante.
Uma vez retirada da câmara no ponto “ponta verde”, a banana completa seu
amadurecimento lentamente, possibilitando um bom tempo para a sua
comercialização.
A fruta deve chegar às mãos do consumidor 30 horas após a saída da
câmara e somente estar boa para consumo ao completar 48 horas. Neste caso, o
consumidor estará recebendo uma fruta que sofreu total inversão do amido em
açúcares e sua conservação, em termos de consumo, poderá ser de até oito dias. No
Quadro VII-2, é possível avaliar-se essas inversões, segundo o grau de maturação da
banana.

Quadro VII-2- Características físico-químicas da banana ‘Grande Naine’ segundo os sete graus
internacionais de maturação.
Grau de maturação 1 2 3 4 5 6 7
Cor da casca verde verde+faixa +verde +amarelo ponta toda
pinta-
amarela -amarela -verde verde amarela dinha*
Características
....................................................................................................................ll.....
% de amido 17,73 13,68 8,76 4,96 2,65 1,73
0,80
% de açúcares total 1,32 3,21 6,57 11,26 16,18 19,50
19,71
% de açúcares redutores 0,57 1,50 3,27 5,86 8,60 10,40
10,32
% de sólidos solúveis (°brix) 4,69 7,28 12,48 17,78 20,8l 22,10
22,61
pH 5,24 5,02 4,87 4,77 4,75 4,78
4,88
Acidez (% de ácido málico) 0,41 0,54 0,63 0,67 0,67 0,62
0,52
Relação polpa / casca 1,37 1,45 1,53 1,61 1,69 1,70
1,96
% de umidade 70,00 72,32 72,64 72,97 73,28 73,61
73,92
* Pontos de antracnose
Fonte: CITA - Centro de Investigações em Tecnologia de Alimentos.
Por: Sônia I. Chacón, Floribeth V. e Geraldo Chacón.
Universidade de Costa Rica.

Foto VII-25- A banana verde tem menos açúcar (1) e a pintadinha (7) mais.
Na compra, a preferência é com as extremidades verdes (5), mas para
consumo é pelas pintadinhas (Foto Chiquita Brands Co.).
Estudos feitos com banana ‘Nanicão’ madura, com relação ao rendimento
em polpa, foi possível verificar a existência de uma variação do seu porcentual, em
função do seu comprimento (Quadro VII-3). Pode-se observar também que a
porcentagem de polpa é maior nas bananas mais compridas. Esta informação serve
para orientar o consumidor, no sentido de que, ao comprar bananas mais longas, estará
adquirindo mais polpa, o que justifica, em parte, o pagamento de um preço mais
elevado por elas.

Quadro VII-3- Dados pomológicos médios de bananas maduras ‘Nanicão’, padrão


34 mm, com comprimentos de 12 a 24 cm.
12 14 16 18 20 22 24

Casca (g) 20,80 27,10 34,10 36,00 37,90 48,07 53,00


Polpa (g) 43,90 55,20 83,90 95,50 104,10 145,73 164,00
Peso total (g) 64,70 93,30 118,00 131,50 142,00 193,98 217,00
Polpa (%) 67,85 70,95 71,14 72,62 73,30 75,20 75,60
Fonte: IAC.

5- Transporte externo
As caixas cheias serão transportadas em caminhões para os intermediários
amadurecedores. Esse transporte pode ser feito em caminhões abertos, se a distância a
percorrer não for superior a 100 km, desde que isto seja feito em horas de fraco calor
ou seja pela manhã ou pela tardinha. Porém, se a temperatura ambiente estiver
próximo de 12°C, deve-se efetuar o transporte de dia, para se evitar problemas de
“chilling”. Neste caso é recomendável o uso de caminhões fechados.
As caixas são empilhadas no máximo com 7 camadas (210 cm) e amarradas
com cordas que se apoiarão em cantoneiras de madeira, com 10 cm de largura por 2
cm de espessura. Estas cantoneiras devem ficar em ambos os lados da carroceria e no
seu comprimento total. Um caminhão trucado transporta de 620 a 650 caixas tipo
torito e 510 a 540 caixas tipo cubito, conforme o tamanho de sua carroceria. Em
termos de peso, a carga varia de 12 a 18 t.
Se a distância a percorrer for maior do que a citada, é conveniente que se
utilize caminhões térmicos ou de preferência frigorificados (Foto VII-26). Para o caso
dos térmicos, haverá necessidade de se resfriar as caixas a uma temperatura de 14 a
15°C, para depois se realizar a viagem. Esse resfriamento poderá ser feito em uma
câmara auxiliar ou por meio da injeção de nitrogênio líquido no interior do caminhão
térmico.

Foto VII-26- A “jamanta” refrigerada é a melhor forma de se transportar


a banana para o mercado interno (14 a 15°C) ou externo (12 a 13°C).
As bananas já climatizadas não devem ser transportadas em veículos
abertos, se a distância a percorrer for superior a 30 km, mesmo assim, com as
restrições já citadas quanto a hora e a temperatura em que se vai realizar esse
transporte.
O aquecimento da banana, quer verde ou climatizada, durante seu
transporte, reduz muito sua duração no comércio, pois ela pode ficar “bombada”.
O transporte da banana destinada à exportação, deve ser feito em
contêineres ou jamantas frigorificadas que devem ser preparadas na própria fazenda.
Durante o transporte, tanto no caso do contêiner ou da jamanta, a temperatura interna
deverá ser mantida entre 12 e 13°C e com a umidade relativa do ar entre 80 e 85%. Há
necessidade de se fazer a renovação do ar do contêiner no mínimo duas vezes a cada
24 horas, sendo que no período de verão, quando as bananas respiram mais, deve-se
fazer quatro vezes. A quantidade de caixas que podem ser transportadas nos
contêineres assim como nas jamantas, variam ao redor de 1.000, pois há pequenas
diferenças em seus volumes e também na sua capacidade de peso. Em geral, eles
carregam de 20 a 25 t.
O ideal é que todas as bananas encaminhadas para nossos mercados, fossem
sempre transportadas em contêiner ou pelo sistema “rol-on-rol-off” (“ro-ro”) com
frigorificação, à semelhança do que é feito com aquelas destinadas à exportação.
Considerando que as distâncias a percorrer em termos de mercado interno são
relativamente curtas, poder-se-ia utilizar caminhões “baú” para o transporte e
aplicar-se uma carga de nitrogênio líquido para abaixar a temperatura, carga essa que,
eventualmente, poderia ser repetida se necessário, durante a viagem.
A partir de 1970, o Brasil deixou de exportar bananas por via marítima,
para o Mercosul, tendo optado pelo transporte rodoviário, com jamantas. Esta atitude
foi tomada devido aos péssimos serviços de estiva nos portos, onde os cachos envoltos
em polietileno e palhão vegetal eram jogados de cima dos caminhões, diretamente no
solo, como se cacho de banana e paralelepípedo fossem a mesma coisa (Foto VII-27).

Foto VII-27- Os maus tratos do produtor pós-colheita e, principalmente,


o péssimo serviço de estiva fizeram com que perdêssemos o mercado
argentino.
Por falta da rodovia Pan-Americana é que se usava o porto de Santos para a
exportação. Apenas os produtores da Baixada Santista faziam, em geral, o transporte
dos cachos por meio de barcaças, que aportavam ao lado dos navios. Este meio de
transporte reduzia muito os impactos e também eles tinham o privilégio de fazerem o
transbordo com operários da própria fazenda. O mesmo não acontecia com os demais
produtores (Foto VII-28).

Foto VII-28- Quando o transbordo era feito sem os estivadores os


prejuízos eram bem menores.
Com a melhoria da estrada BR 116, que liga Fortaleza a Porto Alegre, a
exportação para os mercados platinos, tem sido feita quase toda em carretas
frigorificadas, que são carregadas nos galpões de embalagem e descarregadas nas
câmaras de climatização, do país importador.
A partir de 1985, as esporádicas exportações de bananas paulistas, pelo
porto de Santos, destinadas à Argentina e para alguns países da Europa (França,
Inglaterra e Portugal), tem sido feitas usando-se contêineres frigorificados.

6- Utilização da banana
A banana tem sido tradicionalmente consumida como fruta fresca em mesas
das mais diferentes classes sociais, quer como sobremesa ou mesmo como
complemento da alimentação.
O tanino que ela possui quando ainda verde, possibilita seu uso sem
restrições, como controlador das diarréias em crianças ou adultos, principalmente
quando se utiliza o cultivar Maçã, quando ainda “verdolengas”.
No meio rural, a cica da banana tem sido aplicada como anti-séptico, nos
ferimentos feitos a faca, dada a sua capacidade de estancar hemorragias.
Na farmacologia caseira, seu uso é citado constantemente como auxiliar no
tratamento das vias respiratórias, principalmente contra asma, tuberculose, pneumonia
e também, hepatite.
A banana permite a elaboração de alguns produtos industrializados ou na
culinária doméstica, tais como:
a) purê - concentrado de polpa de banana, que pode ser apresentado para
consumo sob as formas congelada, acidificada ou enlatada assepticamente;
b) flocos de banana verde (banana ships);
c) banana em pó liofilizada;
d) banana desidratada (passa);
e) bananada;
f) banana em calda;
g) geléias;
h) bananas com merengue;
i) suflê de banana;
j) bolo de banana;
k) torta de banana;
l) sorvete de banana ao rum.
As bananas do subgrupo Prata não têm sido utilizadas para a produção de
banana desidratada e também para o purê devido seu elevado teor de água. Entretanto,
a banana ‘Branca’ é muito usada junto com as do subgrupo Cavendish, para melhorar
a textura e também o ponto de corte das bananadas.
Da bananeira, dos restos do cacho e da casca da banana podem ser obtidos
os seguintes produtos:
a) “palmito” em salmoura;
b) torta doce de casca de banana;
c) torta doce de engaço;
d) torta doce do “coração”.
Os restos das bananas e dos cachos descartados têm sido usados na
alimentação de bovinos, eqüinos, suínos, etc., com excelentes resultados.
Em algumas regiões do Nordeste, as folhas mais velhas das bananeiras,
porém, ainda vivas, são cortadas e dadas aos animais.
Os restos de pseudocaule, ainda verdes, têm sido usados como cama, para
produção de esterco animal ou ainda, como complemento de ração para os ruminantes.
Estudos feitos pelo IAC demonstraram que a retirada dos restos de cultura
do meio do bananal, diminui a fertilidade da área, não sendo, portanto, prática
recomendável (Quadro IX-1).

CAPÍTULO VIII - CORRETIVOS DE SOLOS

A adubação dos solos para a bananeira deve ser feita em caráter permanente
e fracionada, no mínimo em três doses anuais, de modo a manter o nível de fertilidade
constantemente alto; melhor seria se fossem em quatro vezes.
Nos bananais recém plantados, os fertilizantes podem ser aplicados
isoladamente, a fim de que a bananeira tenha à sua disposição o nutriente que ela está
mais necessitando naquele momento, de acordo com sua idade fisiológica.
Nos bananais adultos, o programa de fertilização perde esta característica,
pois nele existem permanentemente plantas em diferentes fases de desenvolvimento
que, portanto, necessitam absorver simultaneamente todos os nutrientes, para suprir
suas necessidades minerais.
É recomendável mandar fazer a análise química do solo do bananal, antes
de o adubar (ver Cap. V-2.4). A prescrição da adubação baseada nessa análise evita
que, eventualmente, se provoque um desequilíbrio do solo e, por conseguinte,
apareçam perturbações fisiológicas.
Para maior precisão no parecer da adubação, deve-se também, fazer a
análise foliar, levando ainda em consideração o cultivar que vai ser adubado, pois
segundo os Quadros IX-6 e 7, há diferentes exigências nutricionais entre eles.
A fertilização dos solos para cultivo da bananeira deve ser encarada sob
dois aspectos:
a) correção do solo - é feita com o pó calcário dolomítico, o fosfato natural
(adubação básica ou de fundação) e a gessagem;
b) adubação de produção - é feita com os macrofertilizantes que são a base
de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e os microfertilizantes que
são a base de boro, zinco, manganês, ferro, cobre e molibidênio.

1- Calagem
A bananeira pode se desenvolver em solo com pH entre 4 (ácido) e 8
(alcalino) com ou sem fertilizantes, porém, as maiores produtividades têm sido
encontradas em solos com pH entre os limites 6 a 6,5. É nessa faixa de pH que a
bananeira consegue absorver as maiores quantidades de macro e micronutrientes.
Muitos bananais adubados não têm apresentado ótimo nível de produção
devido à falta de correção do pH. Experiências conduzidas em diversos tipos de solo e
regiões do mundo bananeiro, demonstraram haver grande desenvolvimento e aumento
de produção apenas com a correção do pH.
A correção da acidez do solo deve ser feita, de preferência, empregando-se
o pó calcário dolomítico que tenha teores de óxido de magnésio acima de 20%,
tolerando-se, contudo teores de até 17%.
Este cuidado se deve ao fato de que cálcio é encontrado em diversos
adubos, o que não acontece com o magnésio. Além disso, o cálcio se fixa mais
facilmente na partícula de argila do que o magnésio, que é mais lixiviado do que ele.
Cerca de 20 a 30% do magnésio absorvido é utilizado nas atividades da fotossíntese.
Outra parte do magnésio é perdida durante o processo de transporte de fósforo dentro
da planta, principalmente sua translocação dos órgãos mais velhos para os mais
jovens, além daquela que entra na constituição química da clorofila.
A calagem, em bananicultura, é feita primordialmente para se fazer a
adubação de magnésio e depois de cálcio e finalmente para corrigir o pH. Tendo-se
atingido os níveis desejados para o magnésio, geralmente se corrigiu o pH e se
forneceu o cálcio que ela precisa.
A bananeira é uma das plantas que retira maior quantidade de potássio do
solo. Entretanto, para se aplicar elevadas quantidades de potássio no solo, é preciso
que os teores de cálcio e magnésio também estejam em níveis elevados. Um
desequilíbrio entre estes três nutrientes pode ocasionar a moléstia fisiológica,
conhecida por “azul-da-bananeira”.
Os solos fortemente ácidos não devem ser transformados rapidamente em
neutros ou alcalinos, pois isto pode ocasionar desequilíbrios na absorção dos
micronutrientes, cuja correção é bastante problemática. Não é recomendável a
aplicação de doses maiores do que 500 g/m² (5 t/ha), de uma só vez.
Os resultados das análises químicas dos solos orgânicos, normalmente
indicam a necessidade de se aplicar mais de 5 t/ha, mas isto não deve ser feito, pelos
motivos acima expostos e também pelo fato da calagem, nestes solos, provocar a
“queima” dessa matéria orgânica, que com o tempo causará seu desaparecimento.
A correção do pH facilita a assimilação do potássio, nutriente considerado
de grande necessidade para o metabolismo da bananeira e que provoca, após algum
tempo, certa liberação do fósforo que esteja adsorvido na argila. Porém, logo após a
calagem, por dois a três meses, as bananeiras apresentam clorose generalizada da falta
de fósforo.
O pó calcário dolomítico nas condições atuais de preço, fornece o nutriente
magnésio a um preço oito vezes inferior ao obtido através do sulfato de magnésio.

1.1- Classificação dos calcários


Quanto aos teores químicos do material que se vai utilizar para fazer a
calagem há várias opções. O mais natural e freqüente, é usar-se o pó produzido a partir
de uma rocha carbonatada, cujos constituintes neutralizantes são o carbonato de cálcio
(CaCO3) e o carbonato de magnésio (MgCO3) que, em função do seu teor em óxido de
magnésio (MgO), é classificado em:
calcítico quando tem até 6% de MgO;
magnesiano quando tem de 6 a 12% de MgO;
dolomítico quando tem mais de 12% de MgO.
Também podem ser usados na calagem a cal virgem, depois de “queimada”;
a cal hidratada; o calcário calcinado; a escória de siderurgia; os calcários marinhos e
vários outros subprodutos de indústrias.
Deve-se, contudo, notar que estes corretivos não são recomendáveis para o
cultivo da bananeira, por possuírem baixo ou mesmo nenhum teor de magnésio. A sua
utilização iria, com o tempo, provocar clorose magnesiana, evidenciando a fome e,
posteriormente, distúrbios fisiológicos mais graves, como o “azul-da-bananeira”.
O gesso (CaSO4.2H2O) não é considerado corretivo de acidez de solo, mas
apenas corretivo de salinidade ou fonte de enxofre.
Quanto a origem da rocha que vai produzir o calcário, ela pode ser:
cristalina não se hidrata
magmática não se hidrata
metamórfica se hidrata
sedimentar se hidrata
Deve-se sempre preferir os calcários sedimentares e ou os metamórficos
porque eles se hidratam mais facilmente e se decompõem química e biologicamente,
de forma mais rápida. Os calcários de origem cristalina têm velocidade de
decomposição muito mais lenta, que, se expressada em tempo, corresponde de 3 a 4
vezes a mais do que o sedimentar.
Quanto a granulometria ou seja o tamanho da partícula a que foi reduzida a
rocha, ela deve ser moída até que se transformar em pó finamente dividido. Quanto
mais fino for o calcário mais rápida é sua hidratação e as decomposições biológicas.
Dessa forma, as reações químicas se aceleram e, conseqüentemente, os óxidos e
hidróxidos que se formam, neutralizam mais rapidamente a acidez do solo. Decorrente
desses desdobramentos há uma solubilização do cálcio e do magnésio que podem,
então, ser absorvidos pelas raízes das plantas. Parte destes nutrientes é também
adsorvida pelas partículas de argila que, posteriormente, poderão ser retiradas pelas
raízes.
Estas reações que se processam durante o desdobramento químico do
calcário causam algum prejuízo à população microbiana do solo, cuja atividade desses
microrganismos fica diminuída temporariamente, mas que, posteriormente, se
regeneram naturalmente. Por esse motivo, recomenda-se que a calagem seja feita 2 a 3
meses antes do plantio, a fim de que haja tempo para que esta perturbação se
normalize. Este é o principal fator para que não seja recomendada a aplicação de mais
de cinco toneladas por hectare, pois doses muito maiores irão causar maiores
desequilíbrios biológicos.
Quanto a sua moagem, as exigências oficiais estabelecidas para que um
calcário seja comercializado, se baseiam na granulometria medida por peneiras de
malhas padrões, fixadas da seguinte forma:
100% dele deve passar na peneira n° 10 (2,0 mm), cuja eficiência é de 20%;
70% dele deve passar na peneira n° 20 (0,84 mm), cuja eficiência é de 60%;
50% dele deve passar na peneira n° 50 (0,30 mm), cuja eficiência é de 100%.
O ideal seria que 100% dele passasse na peneira n° 50.
Ao se fazer as primeiras calagens, é recomendável a aplicação de calcários
de granulometria mais fina. Desta forma uma parte do calcário reage de pronto e outra,
a prazo mais longo.
Além destes aspectos granulométricos, é preciso considerar o poder relativo
de neutralização total (PRNT) do calcário, que é calculado em porcentagem, pela
fórmula:
PN x ER
PRNT = ------------
100
onde,
PN = poder de neutralização = (% de CaO x 1,79) + (% de MgO x 2,46);
ER = eficiência relativa = 0,2X + 0.6Y + Z;
X = é a porcentagem do material retido na peneira n° 20;
Y = é a porcentagem do material retido na peneira n° 50;
Z = é a porcentagem do material que passa na peneira n° 50.
Do exposto conclui-se que, pretendendo-se fazer uma calagem para efeito
imediato, deve-se usar um calcário dolomítico de origem sedimentar ou metamórfica,
sendo que todo ele deve passar na peneira n° 50 ou melhor ainda, na peneira n° 60,
com PRNT com valor mínimo igual a 67%, que corresponde ao teor médio dos
calcários do Estado de São Paulo.

1.2- Cálculo da necessidade


Quanto ao calcário a ser utilizado em bananicultura, deve-se dar
preferência sempre ao dolomítico sedimentar ou metamórfico, (por ter maior teor de
MgO e se hidratar) e que 100% dele tenha passado na peneira n° 50. Além disso, pela
sua importância como nutriente para a bananeira e como corretivo de solo, o melhor é
aquele que tenha teores de MgO sempre maiores do que 16%.
Uma vez escolhido o pó calcário que vai ser utilizado, deve-se lembrar que
o antigo conceito, de que a dose a ser aplicada deveria ser apenas o suficiente para
neutralizar a toxidez de alumínio ou de manganês, não é mais válido. É preciso
considerar também os outros fatores que interferem na absorção dos nutrientes e que
devem ser eliminados, os quais estão ligados à saturação dos componentes químicos
básicos adsorvidos na partícula de argila.
Estima-se que, em bananicultura, a dose de pó calcário dolomítico a ser
aplicada deve ser tal que se consiga elevar a saturação de bases a 70% e a se elevar o
teor do Mg ao nível de 2,0 mmolc/dm³.
Cálculo da necessidade da calagem (NC), pelo método da saturação por
bases:

1 1
T ( V² - V ) T ( 70 – V )
NC = ---------------- = ----------------- = ? t / ha ou ? x 100 = ? g / m²
PRNT 67
onde
T = CTC = Ca + Mg + K + ( H + Al )
CTC = capacidade de troca catiônica = cátions trocáveis, fornecidos pela análise;
+ +++
( H ) + (Al ) = hidrogênio + alumínio trocável ou acidez potencial;
V² = % de saturação em bases desejada, sendo para bananeiras = 70%;
1
V = % de saturação em bases obtida na análise = ( Ca + Mg + K );
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário, cujo teor médio é de 67%
para o do Estado de São Paulo.
Obs. - Uma tonelada de calcário com 35% de CaO e 17% de MgO aumenta
0,6 mmolc/dm3 de Ca e 0,4 mmolc/dm3 de Mg, depois de ter corrigido as necessidades
da calagem.
Uma vez determinada a dose a ser aplicada, deve-se adquirir o pó calcário
e, tão cedo ele chegue na propriedade, é prudente cuidar de sua distribuição. Ele não
deve ficar exposto a chuvas, para não ocorrer a reagregação dos seus grânulos mais
finos, que irá anular, em parte, os efeitos esperados da calagem.

1.3- Aplicação
A calagem normalmente é feita em quantidade suficiente para ter uma
validade de dois, três ou mais anos, uma vez que a solubilização do pó calcário é lenta
e depende muito do grau de sua moagem.
Sempre que possível, é preferível que a calagem seja feita antes do plantio
inicial do bananal ou durante a sua reforma periódica.
A correta aplicação do pó calcário dolomítico deve ser feita
uniformemente em toda a área do bananal e não apenas ao redor da planta e muito
menos somente dentro da cova, motivo pelo qual adotamos a expressão g/m² e não
t/ha. Isto se justifica porque as raízes crescem e rapidamente deixam o espaço limitado
pela cova; em 40 a 50 dias, elas já têm 100 cm de comprimento e quando adultas,
podem atingir a até 4 m.
Nas áreas mecanizáveis, é preferível aplica-se a dose total do pó calcário
logo depois da aração e fazer sua incorporação ao solo com a gradagem ou com a
rotovatagem. Muitas vezes o produtor prefere fazer a aração seguida de uma gradagem
rápida, aplicar todo o corretivo e realizar uma outra gradagem, o que é vantajoso para
poupar a calcariadeira das trepidações e também para se obter uma mais rápida
solubilização do calcário.
A distribuição do corretivo, nessas áreas, pode ser feita por meio de
calcareadeiras, isto é, máquinas do tipo de um “cocho”, que podem ser tracionadas por
trator ou animal. Ela tem no seu fundo vários furos, por onde o produto escorre. Esses
furos têm uma regulagem que permite dosar sua saída, com relativa precisão. O
corretivo é solto de 15 a 20 cm acima do solo e, com isto, não fica sujeito à influência
do vento. A distribuição é muito uniforme e rápida e pode-se chegar a 20 ou mais
toneladas por dia, desde que haja duas pessoas para fazer o seu reabastecimento (Foto
VIII-1).

Foto VIII-1- A distribuição mecanizada do pó calcário é mais uniforme e


tem alto rendimento.
Outro tipo de calcariadeira é aquele em que o corretivo é esparramado por
força centrífuga, por meio de um disco rotativo. Sua distribuição é menos eficiente e
mais afetada pelos ventos e é de menor rendimento, devido ao tamanho de seu
reservatório.
Nos bananais já formados, a aplicação do pó calcário nem sempre é
possível com implementos. Entretanto, quando isto é viável, a calcariadeira que
esparrama o produto por força centrífuga é a mais indicada.
Uma outra forma de se distribuir o calcário é utilizando uma carreta, com
três operários, que vão distribuindo o produto com uma pá, de modo a cobrir as faixas
da direita, da esquerda e a central, no sentido do caminhamento do veículo. É menos
preciso que os métodos anteriores, mas sua distribuição é bastante rápida.
Nas plantações novas, em terrenos de derrubada recente e não destocados, a
dose do pó calcário será aplicada manualmente, em uma só vez, em cobertura, nos 30
a 60 dias após o plantio. Fazendo-se nesta ocasião, a própria muda brotada serve para
marcar o compasso de distribuição do calcário.
Nas topografias acidentadas, 50% da dose de pó calcário será aplicada no
início das chuvas e os outros 50%, no seu final. Este cuidado é para evitar que,
eventuais chuvas fortes, arrastem o corretivo para as partes mais baixas, sem que haja
tempo suficiente para que o solo absorva o cálcio e o magnésio. As capinas feitas logo
após a calagem ajudam a sua incorporação.
Nessas áreas, onde a calcariadeira não tem condições de entrar, resta a
opção de se fazer a distribuição manualmente, quando então os operários carregam um
saco de calcário nas costas e o distribuem a lanço. Este método é lento, imperfeito e de
custo elevado, mas é a única solução viável, quando o bananal já está em produção ou
as topografias são acidentadas ou são áreas recém derrubadas.
A incorporação do corretivo ao solo se dará naturalmente, ao se fazer uma
capina.
Durante a realização da calagem nos bananais já formados, deve-se evitar
que o pó calcário se deposite sobre as folhas, cuidado esse que deve ser muito
observado principalmente naqueles em formação. O pó calcário sendo uma pedra
moída, quando cai sobre as folhas, ele se super aquece com os raios solares e com isto
ocasiona queimaduras nelas.
Um ano após a realização da primeira calagem, é recomendável fazer-se
nova análise de solo (ver Cap. V-2.4) para se avaliar as modificações havidas na sua
constituição química. É, por volta do 10° mês, que ocorre o maior índice de sua
solubilização.
Nos solos muito ácidos (pH menor que 5), é necessário repetir-se sempre a análise do
solo a cada ano, uma vez que a calagem e adubação recomendada anteriormente
geralmente são reformuladas, em função das modificações ocorridas, principalmente
devido ao corretivo aplicado.

1.4- O “azul-da-bananeira”
Os primeiros sintomas visuais desse desequilíbrio nutricional que causa
uma perturbação fisiológica na bananeira, são muito semelhantes a uma carência de
magnésio. Inicialmente, as folhas ficam sem sua cerosidade natural e o seu brilho
característico, tornando-se opacas como se lhes tivessem passado uma lixa bem fina,
em toda a sua extensão. No lóbulo direito da folha (aquele que se abre primeiro), ao
longo da nervura do bordo, aparece uma leve faixa desverdecida, porém com limites
bem mais definidos do que uma simples falta de Mg, tendendo para o amarelo. Com o
passar do tempo, iguais sintomas surgem no outro lóbulo (Foto VIII-2).
Foto VIII-2- A clorose sub-marginal ao longo da folha indica uma tendência
para o aparecimento do “azul-da-bananeira”.
Aumentando o desequilíbrio, essa faixa se alarga irregularmente em direção
a nervura principal, numa descoloração progressiva. Uma necrose cor palha de milho
se desenvolve nas partes desverdecidas, que acaba por tomar irregularmente toda a
folha. Como o magnésio se desloca das folhas velhas para as novas, esses sintomas
tornam-se, tanto mais intensos, quanto mais velhas forem as folhas (Foto VIII-3).

Foto VIII-3- A clorose se expande folha adentro e manchas fisiológicas


começam a aparecer. Posteriormente toda a folha fica igual.
Inicialmente, a roseta foliar fica como que se as duas hélices foliares
fossem se separar. O agravamento do desequilíbrio torna a roseta compacta,
dificultando a saída da inflorescência. Esse sintoma está intimamente ligado a
ocorrência do prematuro secamento do seu sistema radicular.
Com a evolução do processo, esses sintomas iniciais ampliam-se,
intensificam-se e misturam-se com os de outros nutrientes. Quando isto acontece,
inicia-se o aparecimento de esparsos sinais violáceos no topo das bainhas das folhas,
os quais invadem os pecíolos e até mesmo o princípio das nervuras principais (Fotos
VIII-4 e 5). Estes sintomas são específicos do distúrbio fisiológico descrito por BRUN
(1952) como o “azul-da-bananeira” e constatado pela primeira vez no Brasil, por
MOREIRA et al. (1970) (Foto VIII-6). Uma característica que chama atenção sobre
estas pequenas manchas violáceas é a presença de bastante cerosidade sobre elas.

Foto VIII-4- As pontuações ao longo do


pecíolo são típicas do início do “azul-da- bananeira”.
Foto VIII-5- As pontuações aumentam e começam
a formar manchas alongadas nas nervuras principais das folhas mais velhas.

Foto VIII-6- É o “azul-da-bananeira”.


Esta síndrome nutricional aparece sempre em reboleiras e vai se tornando
mais intensa e expandida à medida que aumentam as adubações minerais em K,
diminuem os teores de umidade no solo, há abaixamento da temperatura e ainda, com
o envelhecimento do bananal. É um processo lento, mas que evolui em quatro a seis
meses, em função desses fatores citados.
Para que o “azul-da-bananeira” se manifeste é necessário que o solo seja ácido, pobre
em Mg e que a adubação com altos teores de K tenha sido feito por um período de
alguns anos. A ocorrência e a intensidade desses problemas variam com os cultivares,
pois, suas exigências e equilíbrios nutricionais também são diferentes, como pode ser
visto nos Quadros IX-5 e 6. Eles são mais freqüentes nos cultivares do subgrupo
Cavendish.
As folhas das plantas que estão com este distúrbio assumem uma posição
mais ereta do que a normal, sintoma este que se acentua por ocasião do florescimento.
No agravamento do “azul-da-bananeira”, os isolados sinais violáceos das
bainhas e pecíolos se fundem em uma mancha brilhante, perfeitamente bem definida,
quase roxa, abrangendo toda a roseta foliar, invadindo o topo das bainhas e as
nervuras principais, mantendo-se sempre revestidas com a cerosidade já citada. As
descolorações das nervuras principias ocorrem apenas na página inferior da folha e
elas acabam ficando com sua epiderme ressecada e fendilhada intermitentemente.
O “azul-da-bananeira” inicialmente reduz o peso e o desenvolvimento das
bananas, acelera também a senilidade das folhas, que passam a apresentar manchas
necrosadas cor palha de milho, prematuramente. A bananeira vai secando suas folhas
durante o desenvolvimento do cacho e, muito freqüentemente, nesses casos, por
ocasião da colheita, ela se apresenta com menos de três folhas vivas. Intensificando o
desequilíbrio, ela pode até mesmo ficar sem nenhuma folha viva, sendo que a parte
inferior das nervuras principais ficam quase que totalmente roxas (Foto VIII-7).

Foto VIII-7- As folhas secam, o cacho não se desenvolve e a planta se


desidrata.
As flores masculinas e suas brácteas têm desenvolvimento anormal, caindo ou
apodrecendo prematuramente, fazendo com que a ráquis masculina se apresente lesada
irregularmente, como se uma severa enfermidade degenerativa a tivesse atacado. No
dizer do cabloco bananeiro, ela fica parecendo “rabo de gato velho”.
O coração vai progressivamente parando suas atividades, diminuindo suas
dimensões até que finalmente morre, sem que todas as flores masculinas tenham
completado seu desenvolvimento.
Simultaneamente com o aparecimento das cloroses nas folhas, o sistema
radicular cessa suas atividades, desidrata-se e morre prematuramente, sem que haja
qualquer ocorrência de ordem parasitária. Uma alta porcentagem de bananeiras, com
cachos ainda em formação, cai por falta de seu órgão de fixação.
Quando o desequilíbrio ainda é pequeno, as bananas, apesar de curvas e
curtas, atingem um desenvolvimento mínimo que permite uma precária
comercialização. Entretanto, durante o processo de amadurecimento, a inversão do
amido e o desverdecimento da casca seguem parâmetros anormais. Disso resulta ser
muito curto o período de conservação dessa fruta, depois de maduras; seu paladar
torna-se insípido, quase sem aroma e os teores de açúcares se reduzem muito. A
banana apresenta tendência a separar seus três lóbulos a uma simples pressão exercida
diretamente sobre a polpa, de forma mais fácil do que no caso de uma falta de Mg.
Este sintoma é facilmente reconhecido na fruta ainda quando verde e, por isso mesmo,
durante a sua comercialização, ela tem sempre cotação comercial inferior.
Com o agravamento do desequilíbrio, os cachos paralisam seu
desenvolvimento, as bananas secam e apodrecem à semelhança de um forte ataque de
antracnose. O pseudocaule se desidrata, torna-se fortemente bronzeado-brilhante, as
bainhas se soltam e ele se curva na sua meia altura, rompendo-se facilmente (Foto
VIII-8).
Foto VIII-8- O pseudocaule tende a se desagregar e
as bainhas internas vão se tornando bronzeado-brilhante.
O bananal com “azul-da-bananeira” não chega a morrer de imediato, pois
os poucos “filhos” que brotam iniciam seu desenvolvimento como se nada houvesse
de anormal. Continuando o programa de adubação, sem aplicar a calagem necessária,
o distúrbio fisiológico persistirá e tudo se repetirá de forma cada vez mais acentuada.
A correção do “azul-da-bananeira” deve ser feita com aplicações de uma
dose de pó calcário dolomítico, segundo os resultados da análise de terra, de modo a se
elevar o teor do Mg ao nível de 2,0 mmolc/dm³. Quando o distúrbio é verificado logo
no início, a aplicação do dolomítico associado a aplicações de óxido de magnésio via
“mãe” colhida ou “filho” desbastado ou foliar, é viável. Sendo via foliar, deve-se usar
o sulfato de magnésio a 3%, à noite, por atomização, gastando-se 30 litros por ha.
Entretanto o mais recomendável e econômico é fazer-se a renovação total do bananal.
Foto VIII-9- Após seis meses da aplicação de apenas 500 g de calcário
dolomítico/m² possibilitou a produção de cachos maiores em comparação
com a testemunha.

2- Fosfatagem
A bananeira no Brasil tem sido, em geral, cultivada em solos ácidos e
pobres em fósforo. Este nutriente, que normalmente é fornecido às plantas sob a forma
de superfosfato, pode ser substituído por fosfatos naturais (fluoropatita -
CaF2.3Ca3(PO4)2). Esta troca traz ao bananicultor e à bananeira algumas vantagens.
Seu custo é bem inferior e a sua aplicação pode ser feita em uma só vez, à semelhança
do pó calcário; sua solubilidade é bastante lenta e as perdas por lixiviação são
praticamente nulas, uma vez que fósforo é quase que imóvel no solo. Para a planta, há
a vantagem dele ser incorporado em toda a área, o que beneficia todo o solo que seu
sistema radicular vai explorar.
Outra vantagem da aplicação do fosfato natural é a facilidade da realização
dos programas de adubação, principalmente nos bananais em formação. A aplicação
do nitrogênio e do potássio poderá ser feita de modo a atender suas exigências
fisiológicas na qual consta mais nitrogênio na planta quando nova e mais potássio após
a diferenciação floral.

2.1- Os fosfatos
Os fosfatos naturais têm em geral, cerca de 30% de P2O5 solubilizáveis, de
forma lenta, porém progressiva. O emprego inicial de uma pequena dose do
superfosfato simples será oportuno, apenas nos solos médios e ou muito pobres em
fósforo, uma vez que esse adubo tem cerca de 20% de P2O5 solúvel, que poderá ser
utilizado pelas bananeiras imediatamente.
Os fosfatos naturais tem sua solubilização acelerada por processos
biológicos, onde as micorrizas têm o papel principal. Elas são muito encontradiças nos
bananais já formados.
A continuidade do emprego do fosfato natural, por ocasião das reformas do
bananal, possibilita que se venha a abandonar o uso do superfosfato (Cap. X-2.4.1.2).

2.2- Dosagens
Recomenda-se incorporar sempre ao solo, como adubação básica mínima,
por ocasião do plantio e nas reformas dos bananais, 100 g de fosfato natural por metro
quadrado quando o resultado da análise de solo indicar a existência de 6 a 10 mg/dm³
de P (resina); para índice inferiores a 5, devem ser usadas 200 gramas por metro
quadrado. Estas quantidades de fosfato natural não dispensam o uso do superfosfato.
Entretanto, pretendendo-se usar apenas o fosfato natural há necessidade de
aumentar essas quantidades de conformidade com o Quadro VIII-1.
Quadro VIII-1- Doses de fosfato natural em função do resultado na análise de terra.
Níveis Limites de P (resina) Quantidade
3
mg/dm g/m²
muito baixo <6 500
baixo 6 - 15 400
médio 16 - 40 300
alto 41 - 80 200
muito alto >80 100

Decorridos 12 meses da aplicação do fosfato natural, deve-se fazer nova


análise do solo para se avaliar as reações havidas. Diante dos resultados poder-se-á
então esquematizar novos programas de correção fosfática do solo.

2.3- Aplicação
As quantidades de fosfato natural serão, à semelhança da calagem,
distribuídas uniformemente em toda a área, com os mesmos equipamentos e
incorporadas ao solo durante a fase do seu preparo.
Os fosfato naturais devem ser aplicados e incorporados ao solo cerca de
60 dias antes da calagem. Este intervalo de tempo se prende ao fato dele ter maior
solubilização em solos ácidos. A calagem retarda sua degradação.
Trabalhos conduzidos no Vale do Ribeira (SP), demonstraram que após 8
meses da aplicação de 200 g de fosfato natural por metro quadrado, o teor de P
analisado pelo método da resina, subiu de 4 para 12 mg/dm3 e assim se conservou por
dois anos.

3- Gessagem
Ela consiste na aplicação do gesso (CaSO4.2H2O) e é conhecida como
gessagem. Ela é usada principalmente para reduzir os índices de salinização do solo.
Este problema é muito grave nos solos arenosos. Nas regiões mais áridas, a irrigação
feita de modo inconveniente, na qual se aplica a água com equipamentos não
indicados e também em diminutas quantidades, a salinização tende a ocorrer. Para se
evitar que isto aconteça, a irrigação deve ser feita a intervalos bastante longos e na
qual se aplique altas quantidades de água, de modo que ela possa se infiltrar,
profundamente, no solo. Desta forma ela arrasta para maiores profundidades, os sais
que tendem a aflorar na superfície do solo. A salinização pode ocorrer também pelo
uso excessivo de adubos acidificantes.
O gesso também pode ser usado como adubo fornecedor de S.

3.1- Dosagens
O Quadro VIII-2 fornece indicações das quantidades recomendadas, para
uma incorporação na profundidade de 15 e 30 cm, inclusive a quantidade de S contida
em cada dosagem, em função do teor de sódio intercambiável.

Quadro VIII-2- Quantidade de gesso a ser aplicada por t/ha e o


correspondente em S.
Sódio t/ha t/ha
Intercambiável 30 cm 15 cm
3
mmolc/dm Gesso S Gesso
S
1 3,8 0,72 2,0
0,36
2 7,6 1,43 3,8
0,72
3 11,6 2,15 5,8
1,07
4 15,4 2,87 7,6
1,43
5 19,3 3,58 9,6
1,79
6 23,1 4,30 11,6
2,15
7 26,9 5,02 13,4
2,51
8 30,7 5,73 15,4
2,87
9 34,7 6,45 17,2
3,22
10 38,5 7,17 19,3
3,58
Fonte: The Fertilizer Handbook of National Plant Food Institute, Washington
D.C. - 1975.

3.2- Aplicação
Quando se vai aplicar o gesso com a finalidade de reduzir a salinização do
solo, ele deve ser distribuído, à semelhança do pó calcário, ou seja em toda a
superfície de forma bastante regular. Posto isto, o solo deverá ser arado para se
facilitar sua mistura em camadas mais profundas. É durante as reformas dos bananais
que se deve aproveitar para se fazer a gessagem.
CAPÍTULO IX - UTRIÇÃO

1- Principais componentes minerais


Para determinar quais os elementos minerais que a bananeira retira do solo
e onde eles se localizam na planta, foram coletadas em quatro municípios do Estado de
São Paulo (Avaré, Itanhaém, Miracatu e Ubatuba), amostras de bananeiras do cultivar
Nanicão, cujos cachos estavam no ponto de colheita (padrão 34 mm) e também outras
que estavam no ponto de florescimento. As amostras coletadas foram de:
pseudocaules, folhas, engaços, pencas e corações. Uma vez analisadas quimicamente
essas amostras, foi possível elaborar o Quadro IX-1 (desbobrado em A em kg/ha e B
em g/ha), que possibilita avaliar-se os minerais extraídos de um hectare cultivado com
2.500 bananeiras, cujos cachos apresentavam peso médio de 30,79 kg, o que equivale
a uma produção de 77 t/ha.

Quadro IX-1- Quantidade dos elementos e de matéria seca na bananeira e a sua distribuição nos
seus diferentes orgãos.
Material vegetal Peso Peso N P K Ca Mg S
Cl
fresco seco
t/ha
----------------------------------------kg/ha------------------------------------------
1) Pseudocaule
Florescimentol 152,6 7630 55 8,6 308 49 18,3 1,533
148
Corte 143,7 6900 53 6,5 274 75 28,2 1,324
180
2) Folha
Florescimento ... 41,0 5137 89 7,2 151 42 15,4 6,220
41
Corte..........ll 25,9 4017 60 5,1 138 62 12,4 4,639
31
3) Engaço
Florescimentol 15,6 1092 27 3,0 45 4 3,6 1,200
9
Corte..........ll 8,7 580 8 1,4 33 2 0,9 1,186
7
4) Botão floral 2,0 167 3 0,4 8 1 0,6 0,381
1
5) Fruto 68,2 13925 140 19,0 600 19 20,8 3,745
80
6) Total
a) Na planta
Florescimento 209,2 13859 171 18,8 504 95 37,3 8,953
198
Corte.........l 180,4 25589 264 32,4 1053 159 62,9 11,275
299
b) Cacho (Fruto
+ engaço)...l 77,0 14505 148 20,4 633 21 21,7 4,931
87
Material vegetal Peso Peso B Cu Fe Mn Mo Zn Al Na
Água
fresco seco
t/ha kg/ha
--------------------------------------g/ha------------------------------------------ %
1) Pseudocaule
Florescimentol 152,6 7630 129 30 1304 2548 0,381 113 984 1258
95.0
Corte..........ll 143,7 6900 124 29 1311 2263 0,621 146 1283 1290
95,2
2) Folha
Florescimento ... 41,0 5137 97 33 1351 3169 0,719 73 1191 1135
87,5
Corte..........ll 25,9 4017 72 21 1012 3715 0,321 66 915 1285
84,4
3) Engaço
Florescimentol 15,6 1092 29 12 155 306 0,141 37 91 173
93,0
Corte..........ll 8,7 580 12 1 95 131 0,168 7 71 114
93,4
4) Botão floral. 2,0 167 6 1 25 55 0,025 6 18 27
91,7
5) Fruto 68,2 13925 153 68 612 682 0,139 132 529 1489
79,6
6) Total
a) Na planta
Florescimento 209,2 13859 255 75 2810 6023 1,241 223 2266 2566
-
Corte.........l 180,4 25589 367 120 3055 6846 1,274 357 2816 4205
-
b) Cacho (Fruto
+ engaço)...l 77,0 14505 165 69 707 813 0,307 139 620 1662
-
Fonte: IAC.

Com base nos resultados das análises, foi possível determinar a


porcentagem de cada elemento químico, encontrado em cada órgão da bananeira,
quando seu cacho estava no ponto de colheita (Quadro IX-2).

Quadro IX-2- Distribuição porcentual da quantidade total de nutrientes extraídos para formação da
parte aérea da bananeira pelos seus diferentes órgãos, por ocasião da colheita.

Porcentagem em relação ao total do nutriente


Parte da planta

Pseudocaule Folha Cacho Botão floral


N 21,1 22,7 56,1 1,1
P 20,1 15,7 63,0 1,2
K 26,0 13,1 60,1 0,8
Ca 47,2 39,0 13,2 0,6
Mg 44,8 19,7 34,5 1,0
S 11,7 41,1 43,8 3,4
B 33,8 19,6 45,0 1,6
Cl 60,2 10,4 29,1 0,3
Cu 24,2 17,5 57,5 0,8
Fe 43,0 33,1 23,1 0,8
Mn 33,0 54,3 11,9 0,8
Mo 48,7 25,2 24,1 2,0
Zn 40,9 18,5 38,9 1,7
Fonte: IAC.
Este quadro evidencia que o cacho armazena as maiores porcentagens do N,
P, K, S, B e Cu, enquanto que, no pseudocaule, estão o Ca, Mg, Cl, Fe, Mo e Zn e na
folha está o Mn.
Em análises químicas feitas em 100 g de polpa de banana do cultivar
Nanica, quando madura, foi possível encontrar, em média, os componentes
relacionados no Quadro IX-3.

Quadro IX-3- Componentes encontrados em 100 g de polpa de banana Nanica.


Água 73,3 g Carboidratos 23,1 g
Amido 1,0 g Fibras 0,3 g
Proteínas 1,1 g Cinzas 1,0 g
Gorduras 0,2 g Calorias 90,0 m
Minerais
Potássio 881 mg Sódio 1,00 mg
Cloro 118 mg Manganês 0,99 mg
Magnésio 31 mg Ferro 0,89 mg
Cálcio 29 mg Zinco 0,19 mg
Fósforo 29 mg Cobre 0,10 mg
Enxofre 10 mg
Açúcares
Sacarose 12,2 mg
Glicose 4,6 mg
Frutose 3,5 mg

Vitaminas
A - (Caroteno) 160-200 UI (casca verde-amarela)
450-500 UI (casca amarela)
Ácido fólico 10 µg
B1 - (Tiamina) 0,04 - 0,06 mg
B2 - (Riboflavina) 0,06 - 0,08 mg
C - (Ácido ascórbico) 0,15 - 0,20 mg (casca verde-amarela)
0,10 - 0,11 mg (casca amarela)
Niacina 0,06 mg
Piridoxina 0,5 mg
Acidez total 3,4

1.1- Macronutrientes estocados no pseudocaule, folhas e cacho, segundo sua


quantidade em kg/ha

Elemento Florescimento Corte No cacho


(planta) (planta + cacho) (fruto + engaço)
N 171 264 148
P 18 32 20
K 504 1.050 633
Ca 95 159 21
Mg 37 62 21
S 9 11 5
Fonte: IAC.
1.1.1- Histograma dos macronutrientes estocados no pseudocaule mais
as folhas e no cacho, segundo sua quantidade em kg/ha

1200

Florescimento
1000
Corte
800 Cacho

600
kg/ha

400

200

0
N P K Ca Mg S

Elementos

1.2- Micronutrientes estocados no pseudocaule, folhas e cacho, segundo sua


quantidade em g/ha

Elemento Florescimento Corte No cacho


(planta) (planta + cacho) (fruto +
engaço)
B 255 367 165
Zn 223 357 139
Cl 198 299 87
Cu 75 120 69
Fe 2.810 3.055 707
Mn 6.023 6.846 813
Mo 1,2 1,2 0,3
Al 2.266 2.816 620
Na 2.566 4.205 1.662
Fonte: IAC.

1.2.1- Histograma dos micronutrientes estocados no pseudocaule mais


as folhas e no cacho, segundo sua quantidade em g/ha
7000
Florescimento
6000
Corte
5000 Cacho

4000
g/ha
3000

2000

1000

0
B Zn Cl Cu Fe Mn Mo Al Na
Elementos

1.3- Comportamento dos diferentes nutrientes conforme o local em que ele


esteja atuando
1.3.1-Volatilização dos nutrientes colocados sobre o solo
Pouco ou não voláteis P K Ca Mg S Zn B Cl Cu Fe Mn Mo Na
Medianamente voláteis Adubos orgânicos N (amoniacal)
Muito voláteis N (nítrico)*
*A uréia é classificada como forma amídica, porém se comporta sempre como os
nitratos.

1.3.2- Mobilidade dos nutrientes no solo


Pouco ou não móveis P Zn Cu Mn Fe Mo
Medianamente móveis Ca Mg B N (amoniacal)
Muito móveis N (nítrico) Cl S

1.3.3- Mobilidade dos nutrientes dentro da bananeira, em ordem


decrescente
Baixa mobilidade Ca
Parcialmente móveis Mn Fe Mo
Móveis Zn S P Cl Na Cu
Altamente móveis N K Mg B

1.3.4- Comportamento fisiológico dos nutrientes, em ordem decrescente


Necessidades K N Mg P Ca S Zn Mn B Cu Fe
Tolerância Cl
Toxidez Na Mn Fe B Al

1.3.5- Facilidade de absorção dos nutrientes pela bananeira

Via Na Nn P K S Ca Mg Zn B Cl Cu Fe Mn Mo
Na
Raízes m g g g g g g g g g p p p p
g
Foliar g m p m g p g g p m g g g g
p
Pseudocaule g g m g g p g g g m g g g g
m

Na = N amoniacal Nn = N nítrico
p = pequena m = média g = grande

2- Análise foliar
Uma forma de se avaliar o estado nutricional de uma planta é através de
uma análise geral dela e de onde ela está plantada. Deve-se levar em conta as
dimensões das folhas, as variações da sua coloração, a existência de cloroses ou
necroses, o aspecto do cacho, dos “filhos” e dos “netos” e outros fatores mais que
possam auxiliar nesta avaliação. Além disto, é preciso considerar também os fatores
ecológicos da região assim como os fitossanitários, que podem estar afetando a planta.
Para isso, é preciso que o fitotecnista seja um especialista de alto nível,
perfeitamente conhecedor da região, para fazer estas apreciações e, mesmo assim, ele
não saberá dizer quanto de nutriente a planta tem mas, somente qual nutriente lhe falta
ou tem em excesso.
Em resumo, por essa forma é possível apenas corrigir-se o que está se
vendo, sem se poder suprir o que está começando a lhe faltar, deixando-se com isto de
se precaver de problemas que ainda estão por vir.
A análise de solo (ver Cap. V-2.4) é um meio de se avaliar as
disponibilidades de nutrientes existentes para as plantas, mas não reflete o que elas
estão efetivamente retirando do solo.
A análise foliar é um método de se avaliar, com maior precisão, a efetiva
situação nutricional das plantas. Ela permite comparar os resultados obtidos nessa
análise com os padrões de nutrição, tanto para carência como para excesso ou mesmo
toxidez, de qualquer um dos elementos nutritivos.
A conjugação das análises de solo e foliar, associados à vivência do
especialista é a solução ideal.
Há alguns órgãos das plantas que expressam, com mais precisão, as
quantidades de nutrientes que existem nela. Da mesma forma, a idade fisiológica da
planta interfere nos resultados das análises.
Para cada espécie vegetal há uma metodologia para a coleta da amostra
destinada à análise foliar, para determinação de seus componentes.
Igualmente, para cada espécie vegetal, existem parâmetros numéricos
indicativos do seu estado nutricional.
A amostra de folha, para análise foliar em bananeiras, é coletada na
terceira última folha normal emitida, antes do lançamento da inflorescência. A retirada
da amostra de folha deve ser feita quando a planta esteja lançando sua inflorescência,
durante o período em que já exista nela uma ou mais mãos de flores femininas
formadas e terminando quando haja no máximo uma a três mãos de flores masculinas
ou hermafroditas abertas (brácteas abertas).
Da folha escolhida para amostragem, retira-se uma faixa em ambos seus
lóbulos, no sentido do comprimento das nervuras secundárias e com a largura de 10
cm, sem incluir a nervura principal. Esta faixa é retirada exatamente na região
mediana da folha. As duas faixas de lóbulos foliares retiradas serão divididas em duas
metades, por meio de um corte feito transversalmente sobre as nervuras secundárias.
Apenas as duas metades que estavam ligadas na nervura principal, serão usadas como
amostra e constituem a Amostra Internacional de Referência (AIR - ano l975) (Figura
IX-1).

Figura IX-1- Folha mostrando a parte que constitui a amostra foliar (AIR).
Na coleta das amostras deve-se escolher dentro do lote, ao acaso, um
mínimo de 10 plantas, para se ter uma melhor informação e também maior volume de
material para o laboratório.
Pesquisas feitas internacionalmente em amostras do tipo descrito (AIR),
permitem que se considere os teores de nutrientes constantes do Quadro IX-4 como
suficientes para assegurar uma boa produção.

Quadro IX-4- Os teores médios de nutrientes encontrados nas folhas das bananeiras de cultivares do
subgrupo Cavendish, tipo gigante (‘Nanicão’), analisado na amostra AIR.

Nutriente % Nutriente ppm


N 2,6 B 16,8
P 0,23 Zn 17,6
P2 O5 0,54 Cu 12,1
K 2,75 Fe 150
K2O 3,3 Mn 1.476
S 0,23 Mo 0,155
Ca 1,00 Al 41,3
CaO 1,40
Mg 0,36
MgO 0,60
Cl 0,76
Na 0,005

Fonte: Vários autores.


Observação: O valor expresso em P2 O5 ÷ 2,3 = P; K2O ÷ 1,2 = K; CaO ÷ 1,4 = Ca; MgO ÷ 1,66
= Mg

Entretanto, estudos de análise foliar feitos em amostras coletadas em


cinqüenta diferentes cultivares, no Vale do Ribeira (SP), permitiram verificar que a
capacidade individual de extração de nutrientes, varia de um para o outro.
A coleção de bananeiras, objeto do estudo, foi cultivada em condições de
média fertilidade e a produção também era média. O Quadro IX-5 relaciona os 50
cultivares estudados por um número.
Nos Quadros IX-6 e IX-7 estão relacionados, respectivamente, os valores
encontrados para os macronutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e os micronutrientes (B,
Cl, Cu, Fe, Mn e Zn) nas amostras de folhas coletadas nesses 50 cultivares, segundo o
método internacional de referência (AIR, 3ª folha).

Quadro IX-5- Relação dos cultivares estudados e agrupados segundo seus respectivos genômios.
01 AA ‘Ouro’
02 AAA ‘Nanica’
03 “ ‘Nanica branca’
04 “ ‘Nanica caturra’
05 “ ‘Nanicão açu’
06 “ ‘Nanicão branco’
07 “ ‘Nanicão de Eldorado’
08 “ ‘Nanicão do Rio’
09 “ ‘Nanicão do Mambu’
10 “ ‘Nanicão de Santos’
11 “ ‘Nanicão pseudocaule roxo’
12 “ ‘Fifi’
13 “ ‘Baé’
14 “ ‘Anã do alto’
15 “ ‘Congo’
16 “ ‘Monte Cristo’
17 “ ‘Piruá’
18 “ ‘Poyo’
19 “ ‘Cachiola’
20 “ ‘Giant fig’
21 “ ‘Salta do cacho’
22 “ ‘Peruíbe’
23 “ ‘Mata galo’
24 “ ‘Lacatan’
25 “ ‘São Tomé’
26 “ ‘Ouro Bahia’
27 “ ‘Caru verde’
28 “ ‘Caru roxa’
29 “ ‘Colônia’
30 “ ‘Vermelha de Paranaguá’
31 “ ‘Gros Michel’
32 “ ‘Leite’
33 AAAA ‘IC-2’ (Golden Beauty)
34 AAB ‘IAC-1’
35 “ ‘Figo vermelha’
36 “ ‘Figo pão’
37 “ ‘Figo cinza’
38 “ ‘Branca’
39 “ ‘Branca do Ribeira’
40 “ ‘Prata’
41 “ ‘Prata do Norte’
42 “ ‘Enxerto’ (Prata anã)
43 “ ‘Pacova’
44 “ ‘Terra’
45 “ ‘Maranhão de Guarujá’
46 “ ‘Sete pencas’
47 “ ‘Guayaneiro’
48 “ ‘Mongolô’
49 “ ‘Mysore’
50 “ ‘Padath’
Fonte: IAC.
Quadro IX-6- Teores de macronutrientes de 50 cultivares de bananas comestíveis da Estação
Experimental de Pariquera-açu (SP), do IAC através do método AIR.
Cultivar %
N P K Ca Mg S
01 2,21 0,172 2,21 2,33 0,20 0,134
02 2,41 0,167 2,90 2,06 0,30 0,235
03 2,17 0,174 1,55 1,23 0,16 0,095
04 2,28 0,182 3,44 1,80 0,16 0,186
05 2,31 0,174 2,15 0,90 0,17 0,162
06 2,53 0,174 2,19 0,80 0,16 0,165
07 2,48 0,169 2,63 0,90 0,22 0,163
08 2,37 0,158 2,02 1,16 0,16 0,089
09 1,77 0,192 3,17 1,49 0,10 0,297
10 2,28 0,158 3,22 1,30 0,14 0,205
11 2,78 0,151 2,90 0,85 0,20 0,129
12 1,73 0,160 3,45 1,01 0,14 0,233
13 2,58 0,163 3,47 1,21 0,31 0,196
14 2,46 0,170 2,31 0,78 0,17 0,096
15 2,51 0,l55 2,07 1,02 0,17 0,144
16 2,42 0,161 2,44 1,47 0,25 0,194
17 2,28 0,158 1,82 0,97 0,17 0,138
18 2,18 0,158 2,80 1,21 0,19 0,266
19 2,36 0,155 3,17 1,06 0,23 0,186
20 2,22 0,171 2,96 0,63 0,12 0,165
21 2,38 0,168 3,17 1,39 0,39 0,152
22 2,22 0,175 2,40 1,03 0,21 0,138
23 2,72 0,167 2,66 1,14 0,32 0,121
24 2,31 0,155 2,81 1,14 0,32 0,165
25 2,37 0,151 2,51 0,73 0,25 0,097
26 2,78 0,150 2,40 0,90 0,30 0,119
27 2,36 0,123 2,53 1,72 0,37 0,201
28 2,17 0,140 2,29 1,63 0,32 0,134
29 2,15 0,154 2,19 1,46 0,29 0,055
30 2,38 0,123 2,24 1,33 0,22 0,253
31 2,54 0,150 1,76 1,30 0,13 0,150
32 2,14 0,186 2,83 1,38 0,23 0,180
33 2,22 0,175 2,87 0,85 0,15 0,140
34 2,26 0,144 1,68 0,82 0,13 0,143
35 2,18 0,139 0,98 1,34 0,35 0,095
36 2,32 0,132 1,23 1,29 0,40 0,103
37 1,73 0,141 1,35 1,61 0, 46 0,111
38 2,40 0,158 2,42 1,11 0,32 0,090
39 2,53 0,158 2,52 1,29 0,28 0,107
40 2,62 0,181 2,33 1,32 0,26 0,140
41 2,97 0,154 2,19 1,00 0,25 0,081
42 2,40 0,165 2,65 0,82 0,22 0,104
43 2,25 0,171 2,20 1,19 0,21 0,187
44 2,50 0,153 2,06 1,24 0,15 0,137
45 2,35 0,151 1,83 0,99 0,25 0,122
46 2,19 0,161 2,68 1,22 0,31 0,146
47 2,18 0,160 2,33 1,38 0,35 0,146
48 2,33 0,160 2,47 1,43 0,38 0,151
49 1,93 0,173 1,50 1,50 0,28 0,233
50 2,58 0,161 1,83 1,29 0,21 0,115
Média 2,34 0,160 2,40 1,22 0,25 0,152
Valor menor 1,73 0,123 0,98 0,63 0,10 0,055
Valor maior 2,97 0,192 3,47 2,33 0,46
0,297
Fonte: IAC.

Quadro IX-7- Teores de micronutrientes de 50 cultivares de bananas comestíveis da Estação


Experimental de Pariquera-açu (SP), do IAC através do método AIR.

Cultivar ppm
B Cl Cu Fe Mn Zn
1 14 1,204 4,8 110 123 16,2
2 12 1,515 6,0 155 639 18,3
3 10 0,864 4,3 117 415 13,9
4 13 1,441 6,3 149 593 18,3
5 12 1,073 6,3 131 444 15,6
6 13 0,929 5,9 98 380 14,4
7 12 0,967 5,1 106 408 14,3
8 13 0,811 5,0 102 536 17,4
9 9 1,236 4,5 114 329 13,6
10 12 0,962 5,4 137 602 18,3
11 10 1,131 7,4 152 438 16,2
12 12 0,788 4,6 99 466 15,1
13 9 1,275 8,3 120 489 17,0
14 13 0,870 8,3 87 403 13,0
15 12 0,840 6,1 263 558 18,9
16 10 1,207 5,5 136 500 16,3
17 10 0,801 6,1 97 385 15,1
18 12 0,986 5,6 133 369 15,1
19 12 0,839 6,2 107 552 18,8
20 19 0,758 6,2 86 270 14,5
21 14 0,975 8,4 103 429 17,9
22 10 0,799 7,5 106 385 14,9
23 11 1,054 7,0 102 275 16,2
24 12 1,149 7,3 103 345 15,5
25 13 0,734 5,8 88 149 12,1
26 11 0,641 8,2 102 232 19,2
27 10 0,695 4,8 90 87 18,0
28 12 0,975 4,9 73 222 15,5
29 12 0,755 3,5 58 169 16,8
30 10 0,688 3,9 101 167 13,1
31 14 0,935 4,5 90 261 13,1
32 15 0,884 5,0 102 318 20,9
33 13 0,743 6,4 98 303 11,7
34 12 0,862 4,4 116 186 13,3
35 10 0,710 3,7 92 112 16,8
36 18 0,864 515 120 123 21,0
37 12 0,832 4,8 97 178 16,5
38 18 0,899 5,2 129 204 16,7
39 15 0,834 7,4 113 237 17,3
40 12 0,958 6,1 239 214 17,5
41 13 0,977 4,7 131 227 15,8
42 16 0,881 5,6 94 175 18,4
43 11 0,856 4,9 115 394 14,7
44 11 0,743 5,2 91 243 11,6
45 11 0,788 5,6 136 254 17,0
46 13 1,030 5,2 187 219 20,1
47 11 1,289 4,8 112 141 17,1
48 10 1,274 4,8 115 217 15,2
49 10 0,654 4,0 96 271 11,6
50 11 1,138 5,4 111 240 14,5
Média 12 0,942 5,7 116 318 16,0
Valor menor 9 0,641 3,5 58 87 11,6
Valor maior 19 1,515 8,4 263 639 21,0
Fonte: IAC.

Fazendo um estudo comparativo sobre as capacidades de extração de macro


e micronutrientes dos 50 cultivares pesquisados, foi possível compor o Quadro IX-8 e
o Quadro IX-9.
Nesses dois quadros, os cultivares foram relacionados em ordem crescente,
quanto à sua capacidade de extração, para cada um dos elementos estudados ou seja, o
de menor capacidade é o primeiro da lista e o de maior é o último.
Observe-se as diversas posições ocupadas, por exemplo, pelo cultivar n° 37
(Figo cinza), no conjunto dos doze elementos pesquisados. Para se saber como se
comporta esse cultivar (n° 37) em relação aos demais, no que diz respeito à extração
do nutriente N, por exemplo, verifica-se que ele é o 1° da listagem, enquanto o cultivar
n° 41 (Prata do Norte) é o 50°. Significa isto dizer-se que o n° 37 é de menor
capacidade de extração, ao passo que o n° 41 é o que mais extrai o N.
Com base nessas informações, o produtor pode saber quais são as maiores e
as menores exigências minerais do cultivar, que ele está explorando.

Quadro IX-8- Classificação ocupada pelos 50 cultivares de bananeiras segundo os teores crescentes
de macronutrientes encontrados nas amostras de folhas analisadas. Os cultivares estão designados
numericamente conforme indicação no Quadro IX-5.
Classificação N P K Ca Mg S
01º 37* 27 35 20 09 29
02º 12 30 36 25 20 41**
03º 09 36 37* 14 34 08
04º 49 35 49 06 31 38
05º 32 28 03 34 10 35
06º 29 37* 34 42 12 03
07º 03 34 31 11 33 25
08º 28 26 17 33 44 14
09º 35 31 45 05 08 36
10º 47 45 50 26 03 42
11º 18 25 08 07 08 39
12º 46 11 44 17 14 37*
13º 01 44 15 45 17 50
14º 33 29 05 41** 15 26
15º 20 41** 41** 12 05 23
16º 22 19 06 15 04 45
17º 43 15 29 22 18 11
18º 34 24 43 19 11 28
19º 17 10 01 38 01 01
20º 04 18 30 23 22 44
21º 10 39 28 24 43 22
22º 24 38 14 08 50 17
23º 05 08 47 43 42 33
24º 36 17 40 18 07 40
25º 48 12 22 13 30 34
26º 45 48 26 46 19 15
27º 19 50 38 03 32 47
28º 27 16 16 44 41** 46
29º 25 46 48 36 25 31
30º 08 13 25 50 45 48
31º 21 42 39 39 16 21
32º 30 23 27 31 40 05
33º 42 02 07 10 39 07
34º 38 21 42 40 49 20
35º 02 47 23 30 29 06
36º 16 07 46 35 26 24
37º 14 14 18 47 02 32
38º 07 20 24 32 13 19
39º 44 01 32 21 46 04
40º 15 49 33 48 24 43
41º 39 43 02 29 23 46
42º 06 05 11 16 38 13
43º 31 03 20 09 28 27
44º 50 06 21 49 35 10
45º 13 33 19 37* 47 49
46º 40 22 09 28 27 12
47º 23 40 10 27 48 02
48º 11 04 04 04 21 30
49º 26 32 12 02 36 18
50º 41** 09 13 01 37* 09
Fonte: IAC.
Quadro IX-9- Classificação ocupada pelos 50 cultivares de bananeiras segundo os teores crescentes
de micronutrientes encontrados nas amostras de folhas analisadas. Os cultivares estão designados
numericamente conforme indicação no Quadro IX-5.

Classificação B Cl Cu Fe Mn Zn
01º 09 26 29 29 27 44
02º 13 49 35 28 35 49
03º 49 30 30 20 01 33
04º 27 27 49 14 36 25
05º 30 35 03 25 47 14
06º 35 25 34 27 25 30
07º 03 33 31 31 30 31
08º 48 44 09 44 29 34
09º 16 29 12 35 42 09
10º 17 20 41** 42 37* 03
11º 11 12 27 49 34 07
12º 22 45 01 37* 38 06
13º 47 22 37* 17 40 50
14º 43 17 47 33 48 20
15º 44 08 48 06 46 43
16º 50 37* 28 12 28 22
17º 23 39 43 30 41** 17
18º 26 19 08 08 26 18
19º 29 15 32 32 39 12
20º 34 43 07 23 50 48
21º 37* 34 44 26 44 28
22º 28 03 46 24 45 24
23º 15 36 38 21 31 05
24º 12 14 10 07 20 41**
25º 40 42 50 22 49 35
26º 18 32 36 19 23 01
27º 07 38 16 01 33 23
28º 05 06 18 50 32 11
29º 10 31 45 47 09 16
30º 02 40 42 39 24 37*
31º 24 10 25 09 18 38
32º 19 07 06 43 06 29
33º 08 21 02 48 22 45
34º 41** 28 15 34 17 13
35º 46 41** 17 03 43 47
36º 45 18 40 36 14 39
37º 33 46 19 13 07 08
38º 04 23 20 38 03 40
39º 06 05 05 41** 21 21
40º 14 11 04 05 11 27
41º 25 50 33 18 05 10
42º 31 24 23 16 12 04
43º 01 01 24 45 13 02
44º 21 16 39 10 16 42
45º 32 09 11 04 08 19
46º 39 48 22 11 19 15
47º 42 13 26 02 15 26
48º 38 47 14 46 04 46
49º 36 04 13 40 10 32
50º 20 02 21 15 02 36
Fonte: IAC.

Essas variações nutricionais são encontradas também nas diferentes


localidades conforme pode-se ver nos resultados contidos no Quadro IX-10.

Quadro IX-10- Variação dos teores dos elementos na folha na época do florescimento em função das
localidades.
Teor na Localidade dms Valor de
matéria ------------------------------------------------------------ CV %
(1) (2)
seca Avaré Itanhaém Miracatu Ubatuba Tukey 5% F
a b ab ab
N% 1,46 2,01 1,80 1,71 0,43 11,32 5,34
*
a a a a
P% 0,118 0,155 0,145 0,148 0,066 21,41 1,18
ns
a a a a
K% 2,67 3,57 2,44 3,13 1,28 19,66 2,97
ns
b a a a
Ca % 1,04 0,70 0,79 0,81 0,15 8,18 8,41
**
a a a a
Mg % 0,38 0,25 0,33 0,26 0,13 20,66 3,84
ns
a a a a
S% 0,114 0,108 0,124 0,136 0,033 12,51 2,62
ns
b ab ab a
B ppm 23 19 18 14 6 14,78 7,36
*
a b b a
Cl % 0,61 0,99 1,00 0,63 0,20 11,60 21,60
**
b b a a
Cu ppm 8,9 8,5 4,5 4,3 0,4 3,01 6,36
*
b a a a
Fe ppm 611 182 168 91 129 22,24 64,88
**
ab c b a
Mn ppm 450 1224 552 242 264 19,43 50,08
**
a a a b
Mo ppm 0,15 0,04 0,08 0,31 0,14 43,02 14,00
**
a c b b
Zn ppm 9,7 18,4 14,7 14,8 1,9 6,12 65,10
**
c a b a
Al ppm 528 105 189 105 71 14,00 152,95
**
a b b b
Na ppm 147 246 262 228 59 12,21 14,29
**
(1) As letras comuns expressam diferenças não significativas; as não comuns, diferenças
significativas pelo teste de Tukey a 5%.
(2) ** Significativo ao nível de 1%; * significativo ao nível de 5% e ns não significativo.

3- Os nutrientes

3.1- Generalidades
Nas bananeiras, os nutrientes têm uma dinâmica muito grande, de modo
que uma situação de carência ou de excesso aparece rapidamente.
As necessidades nutricionais das bananeiras variam com os locais de
plantio, são agravadas quando há problemas fitossanitários tanto nas raízes como nas
folhas e respondem diferentemente conforme os cultivares.
Os estudos nutricionais das bananeiras têm sido feito com maior ênfase
para aquelas do subgrupo Cavendish e em muito menor proporção para as do subgrupo
Prata, cujo interesse quase que se restringe só ao Brasil, onde eles são os mais
cultivados. Recentes pesquisas demonstraram que os cultivares do subgrupo Terra
(“plátanos”) nem sempre demonstram os sintomas nutricionais típicos para os
diferentes nutrientes. Quer isto dizer que muitas das informações que serão abaixo
apresentadas poderão estar ausentes nesses cultivares. É o caso, por exemplo, do
“azul-da-bananeira” que não foi ainda registrado nelas, assim como o Zn, que não lhes
causa tantas deformações.
A importância dos nutrientes para as bananeiras e suas carências foram
estudadas, inicialmente, em vasos com areia, irrigados com soluções nutritivas.
Múltiplas pesquisas têm sido feitas atualmente, em diversas localidades, a fim de
refinar melhor as informações já obtidas. Com o decorrer dos anos, chegar-se-á a
informações bem mais precisas, com requintes de se poder ter indicações específicas
para cada tipo de solo e cultivar, porém, em se pensando em termos de Brasil, ainda
falta muito por se fazer.
As informações sobre nutrição, que serão apresentadas, se referem
basicamente aos cultivares do subgrupo Cavendish.
Os nutrientes têm, isoladamente, funções específicas na fisiologia da
bananeira, porém é preciso que haja uma dosagem certa entre os seus teores para não
se provocar desequilíbrios nutricionais ou intoxicações, que podem favorecer ou não o
desenvolvimento de determinadas moléstias fisiológicas e até mesmo anular sua
produção.
Para que uma planta demonstre toda sua capacidade genética de produção,
é preciso que ela tenha à sua disposição todos os nutrientes que necessita, os quais
poderão estar sob a forma orgânica ou mineral.
Os nutrientes são divididos em dois grupos: os macronutrientes e os
micronutrientes.
Macronutrientes são aqueles que a bananeira exige para sua fisiologia, em
maiores quantidades e são os responsáveis pela formação estrutural e produtiva dela.
Eles são aplicados em toneladas por hectare. Todos os macronutrientes - água (H2O),
matéria orgânica (M.O.), nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca),
magnésio (Mg) e enxofre (S) - são importantes para a bananeira.
Micronutrientes são aqueles que a bananeira precisa ter à sua disposição,
em quantidades pequenas, para complementar sua nutrição e equilibrar a absorção dos
macronutrientes, além de participar ativamente da fisiologia da planta. Eles são
aplicados em quilos por hectare. Dentre os micronutrientes têm-se hoje, que os mais
importantes para a bananeira são o boro (B) e o zinco (Zn), porém, o ferro (Fe), cobre
(Cu), manganês (Mn), alumínio (Al) e molibdênio (Mo) apesar de terem menor
importância, também participam de sua nutrição.
A planta normalmente retira esses nutrientes do solo, da água ou da
atmosfera. Caso isto não aconteça, ela terá fome que comprometerá o seu
desenvolvimento e a sua produção.
Para se conhecer a situação nutricional do bananal, é necessário ter uma
análise química completa do solo, a qual indicará os teores dos elementos aí
existentes. Como complemento das informações, tem-se a análise foliar, cujos
resultados permitem avaliar o que a planta está efetivamente conseguindo retirar do
solo. Eventualmente, pode-se ter ótimos resultados da análise de solo e baixos índices
na análise foliar, devido a problemas tais como aqueles ligados ao sistema radicular
provocados pelos nematóides e a broca-das-bananeiras, à falta de água no solo ou
mesmo uma carga latente de vírus, ou ainda de parasitismos de fungos ou bactérias
que estejam impedindo a nutrição normal da planta. Somente após uma avaliação de
todos estes fatores é que se pode diagnosticar corretamente o estado nutricional da
bananeira.
Esta avaliação permite que se faça um prognóstico do que irá acontecer
com o bananal, se for mantida essa situação existente e também orientar o produtor
quanto a ações futuras, no que diz respeito a adubações que precisarão ser feitas nele.
A bananeira quando tem falta ou excesso de um macro ou micronutriente,
ela apresenta cloroses e até mesmo necroses específicas nos seus diferentes órgãos,
que possibilitam quase sempre, fazer-se a identificação do problema nutricional que a
está afetando. Cabe aos técnicos bananícolas e também aos bananicultores se
inteirarem destas modificações visuais que ela está apresentando, a fim de que possam
fazer as adubações necessárias, para que a sua produção não seja prejudicada.
O tempo que uma bananeira, em processo de diferenciação floral, leva para
demonstrar a falta de um determinado nutriente, somente acontece após um período de
sua privação, que é variável e que pode ser assim resumido:
8 a 10 dias de seca para a água
l a 2 meses para o N
2 a 3 meses para o Ca, Mg, S, Zn, B e Mn
4 meses para o P
5 meses para o K
Esta é a forma pela qual a bananeira procura demonstrar sua situação
nutricional. Porém, todo o quadro visualizado retrata uma situação já vivida, cujos
prejuízos nem sempre podem ser recuperados pela planta e, muito menos na sua
produção, uma vez que eles já perturbaram sua fisiologia.

3.2- Conceitos básicos


Ao se estudar os problemas nutricionais, há necessidade de se fixar alguns
conceitos básicos.
Planta bem nutrida é aquela que demonstra grande vigor vegetativo e
produção elevada.
Planta com fome é aquela que não apresenta sua exuberância característica
e que tem baixa produção.
Clorose são manchas uniformes ou não, que surgem em qualquer parte das
folhas ou nos frutos, modificando a cor típica do órgão afetado. As manchas cloróticas
quase sempre evoluem para necrose. As cloroses indicam que a fisiologia da planta
está perturbada. Elas podem ter origem em fatores ligados à nutrição, a problemas de
solo, de água, de enfermidades de parasitas ou mesmo, serem causadas por injúrias
provocadas por defensivos ou herbicidas.
Hecrose é a morte do tecido que pode ou não ser precedida por uma
clorose. Havendo a necrose do tecido não se consegue mais recuperá-lo, porém, isto
quase sempre é possível, quando ainda o problema nutricional está na fase de clorose,
principalmente através da adubação foliar ou via pseudocaule.
A evolução e a localização das cloroses e necroses nas bananeiras,
constituem, geralmente, sintomas típicos e específicos de cada nutriente ou ainda de
um problema fisiológico ou fitossanitário, os quais, devido suas peculiaridades,
tornam possível fazer-se sua identificação.
A certeza do diagnóstico feito deve ser complementado com uma análise
nutricional e fitossanitária de toda a planta.
A despeito dos sintomas típicos de deficiências nutricionais dos macro e
micronutrientes estarem sempre interligados, é descrito nos itens 3.3 e 3.4 a seguir, de
forma genérica, o que pode ocorrer com as bananeiras, em condições de campo,
quando há falta de um deles, isoladamente.
É importante o técnico bananícola adquirir estes conhecimentos, não se
esquecendo, contudo, que a idade do bananal, assim como as condições físicas do solo
e as climatológicas, podem mascarar ou confundir alguns aspectos.

3.3- Os macronutrientes
3.1- A água
Sem água não há vida e a bananeira não é uma exceção. A simples falta
dela por algum tempo ou o não suprimento de forma adequada é suficiente para
prejudicar sua produção.
O Quadro IX-11 fala por si só da importância da água para a bananeira.

Quadro IX-11- Peso em kg, porcentagem de água e quantidade de litros de água em uma bananeira
‘Nanicão’, em seus diversos órgãos.

Órgão kg % Litros
Pseudocaule 75 95 71
Folhas 20 85 17
Engaço 7,5 93 6,9
Coração 1,3 91 1,18
Pencas 34 79 26
_
Total 137,8 X = 88,6 22,08

3.3.2- A matéria orgânica (M.O.)


A melhor forma de fornecer o nitrogênio é através da matéria orgânica. É
durante a fase inicial de sua vida que a bananeira mais necessita da matéria orgânica,
pois ela estimula muito o desenvolvimento das suas raízes e também constitui um fator
negativo para o desenvolvimento dos nematóides.
Nos solos argilosos, a matéria orgânica é importante, pois estimula a sua
desagregação, tornando-os mais arejados, facilitando com isto o desenvolvimento das
raízes.
Nos solos arenosos, a matéria orgânica é quase limitante para o
desenvolvimento inicial da muda. Na sua ausência as raízes ficam curtas, finas,
desprovidas de radicelas e a coifa, que normalmente é branca e quase que translúcida,
fica com aspecto enegrecido, dando a impressão de ter sido queimada. O lento
crescimento das raízes se reflete no retardado desenvolvimento das folhas.
Em solos de média a alta fertilidade, plantados em densidades elevadas
(2.000 pés/ha, ‘Nanicão’; 1.600 pés/ha, ‘Prata’; 1.100 pés/ha, ‘Terra’), sempre
devidamente adubados, o teor de matéria orgânica tenderá a aumentar com a enorme
quantidade de restos de cultura (matéria orgânica) que fica sobre o solo, por ocasião
das desfolhas, desbastes e rebaixamento dos pseudocaules.
Convém lembrar sempre que todos os engaços que sobram dos cachos após
ao despencamento, também devem ser espalhados no próprio bananal. Entretanto, não
se deve trazer engaços de outros bananais por questões fitossanitárias, principalmente
o moko e a traça-das- bananeiras.
Estima-se que um bananal do subgrupo Cavendish conduzido e explorado
dentro das normas aqui recomendadas, forneça, aproximadamente, de 180 a 200
toneladas de restos de cultura por ano e por hectare. Estas quantidades são muito
reduzidas quando os solos são arenosos e o índice de precipitação pluvial é baixo ou
mal distribuído durante o ano e não haja irrigação.
A matéria orgânica a ser aplicada nos bananais pode ter várias origens:
esterco de gado, de porco, torta de algodão ou de mamona, composto de lixo e, na falta
destes, pode-se aplicar restos de culturas como palha de arroz, milho, café, bagaço de
cana-de-açúcar, etc.
As bananeiras reagem sempre de forma favorável à adubação orgânica
aplicada, pois além de conter nutrientes, ela ajuda a reter a umidade do solo.
O Quadro IX-12 mostra que, a despeito da matéria orgânica ser um ótimo
adubo, ela é pobre em teores de nitrogênio, fósforo e potássio. Os adubos orgânicos
têm, em geral, alguns micronutrientes, principalmente o zinco e o boro, que ajudam a
equilibrar a fertilização das bananeiras. Sua grande importância se prende aos
microrganismos que estão a elas incorporadas, os quais ajudam a desdobrar os
componentes nutricionais do solo e os adubos químicos e naturais (calcário e fosfato)
que forem aplicados.

Quadro IX-12- Valores médios de nitrogênio, fósforo e potássio, em porcentagem, nos adubos
orgânicos, segundo a amostra analisada.
Porcentagem no material ainda úmido
Adubos orgânicos Umidade N P2O5 K2O

Esterco de gado 80 0,6 0,1 0,5


Esterco de porco 75 0,5 0,1 0,4
Composto de lixo 35 0,5 0,2 0,3
Torta de mamona - 5,0 1,7 1,2
Esterco de galinha 40 1,7 0,8 1,0

O esterco de galinha deve ser evitado como adubação continuada em


bananeiras, principalmente se ele é originado de poedeiras, pois suas fezes costumam
ter altos teores de Mn, que podem provocar toxidez nelas, com o decorrer do tempo.
Há produtores que são criadores de porcos e que distribuem, sob forma
líquida, o chorume (lavagem dos mangueirões) no meio do bananal. Alguns bombeiam
o chorume junto com a água de irrigação, enquanto que outros preferem distribuí-lo
com um jato líquido. É um serviço pouco agradável de ser executado, porém o bananal
agradece muito a esse trato.
O grande problema de se aplicar a matéria orgânica dentro dos bananais é a
dificuldade na sua distribuição, seus baixos teores nutricionais e a rapidez com que ela
se decompõe. Pensar-se em manter um bananal somente com M.O., sem utilizar-se de
adubos químicos, é inviável.
3.3.3- Os macronutrientes
Eles são fornecidos para as plantas sob a forma de adubos minerais que
contém um ou mais elementos químicos. Esses elementos são em número de seis e
representam um grande papel no desenvolvimento e na produção da bananeira,
conforme se pode verificar a seguir. Os sintomas descritos, tanto de falta como de
excesso, correspondem aqueles obtidos em condições de cultivo.

3.3.3.1- itrogênio ()

3.3.3.1.1- Suas funções


O N é indispensável na formação das moléculas de clorofila que são as
reponsáveis pela fotossíntese. Ele controla o crescimento da planta, interna e
externamente. O comprimento e a largura das folhas, assim como o tamanho do seu
pecíolo são funções das quantidades de N existentes na planta. É ele também que
determina o número de folhas, de bananas e de pencas que a planta vai emitir. O N é o
responsável pelos aromas das bananas. Ele regula o desenvolvimento em volume e
peso do rizoma, assim como a velocidade e o número de “filhos” a serem emitidos. O
N atua na dinâmica nutricional da bananeira dada sua grande mobilidade dentro dela.
Ele regula a maior ou menor formação de cera nas folhas, o que tem certa influência
no desenvolvimento do mal-de-sigatoka.
O N participa como enzima na formação de vitaminas e coenzimas. O N
produz os nucleotídeos que geram os ácidos nucleicos das células. Ele controla a
síntese e a formação das moléculas de proteínas, as quais se deslocam facilmente das
folhas mais velhas para as mais novas. É um regulador da produção dos carboidratos.
Exerce controle na absorção do K.

3.3.3.1.2- Caracterização da sua falta


A importância do N é maior na fase vegetativa da bananeira ou seja,
quando ela ainda não sofreu a diferenciação floral. Quando ela demonstra sinais de
clorose em suas folhas, nesta fase, é certo que haverá perda de produção, pois o
número de bananas e os seus tamanhos já estão reduzidos. De todos os fertilizantes
aplicados é ao que a planta reage mais rapidamente. Sua falta alonga os ciclos da
bananeira devido ao retardamento de seu desenvolvimento. Ele encurta a vida das
folhas que secam e morrem prematuramente. Produz menor número de folhas, as quais
também são menores, assim como seus pecíolos, porém elas mantém constante a sua
relação comprimento e largura, que é uma característica do cultivar. O pseudocaule é
fino, baixo e emite poucos “filhos”. Produz cachos menores e mais leves por produzir
menos pencas, as quais também têm menos bananas. Há uma maior ocorrência de
desenvolvimento dos fungos tanto nas folhas como nos frutos. Pode haver a morte da
bananeira sem ter havido produção e, neste caso, a morte é por secamento como se
fosse falta d’água. Os frutos se apresentam com menores teores de aminoácidos e
proteínas. As quantidades de carboidratos fotossintetizados são menores e com isto a
fruta fica com menos aroma.

3.3.3.1.3- Reconhecimento da deficiência


O N não é estocado pela bananeira em seus órgãos. Ele, participando
ativamente da dinâmica interna da planta, é constantemente consumido, e por isso,
precisa estar sempre sendo reabastecido.
Os primeiros sintomas de falta de N aparecem tanto nas folhas jovens como
nas adultas que ficam sem brilho e perdem, progressivamente, seu verde intenso. Estes
sintomas se agravam com a idade.
Quando há falta de N, inicialmente começa a aparecer uma coloração
verde-amarelada-pálida nas folhas mais velhas e depois nas mais novas (Foto IX-1).
Simultaneamente aparece uma coloração rósea ao longo de todo o bordo do pecíolo
das folhas novas. Esta coloração que pode chegar a ter uma faixa de até quase um
centímetro, é mais intensa nos bordos e vai diluindo para o centro do pecíolo. Tem-se
a impressão que ela é translúcida. Com o passar do tempo, estando a folha já além da
posição VI, todo esse bordo do pecíolo fica fendilhado e necrosado, em cor palha de
milho e a coloração rósea invade a base do pecíolo e se expande roseta a dentro. Os
pecíolos ficam com sua calha bastante fechada, finos, mais curtos e sem cera (Foto
IX-2).

Foto IX-1- Bananeira verde-amarelada pálida e sem brilho, é falta de N.


Foto IX-2- Falta de N deixa os bordos do pecíolo da folha nova róseo
e provoca o fendilhamento nas folhas velhas.
A falta de N provoca uma compactação e um estrangulamento da roseta, os
pecíolos ficam muito curtos ou mesmo quase que ausentes, sendo que o tamanho da
folha fica menor no seu todo. As folhas se dispõem nas rosetas como se tivessem sido
espetadas nela e ficam em posição bem mais a prumo. Há uma redução geral do
tamanho da planta proporcionalmente à fome de N.
Quando há falta de N, as folhas mais velhas ficam com os bordos mais
amarelados, aparecendo nelas, logo em seguida, necroses cor palha de milho. Há um
secamento precoce e progressivo em toda a planta que começa pelas folhas incluindo
também as suas bainhas. As plantas ficam com pequeno número de folhas vivas sendo
que as secas se quebram na base de seus pecíolos e caem junto ao pseudocaule.
A falta de N deixa o pseudocaule visivelmente desidratado e com as
bainhas mais externas fendilhadas verticalmente, assumindo uma coloração palha de
milho; começam aparecer podridões fisiológicas e fúngicas interna e externamente.
O engaço é tão mais fino e curto quanto maior for a falta de N. As bananas
são curtas e finas com coloração verde levemente amarelada, já desde sua granação.
Os cachos são pequenos com poucas pencas e bananas. O rabo é verde amarelado, fino
e curto. As cicatrizes florais ficam bastante reduzidas. O coração é pequeno,
apresentando as brácteas desidratadas e claras. A deiscência dessas brácteas é
demorada, ficando muitas vezes agregadas sobre o coração, como ocorre na banana
‘Nanica’. O coração, em geral, quase que desaparece antes da colheita do cacho.
Havendo falta de N, tudo na planta é pequeno e amarelado.
Nos bananais recém plantados, a falta de N é o primeiro sintoma de
carência que aparece. Isto ocorre já no primeiro ou segundo mês, inicialmente nas
folhas mais novas. Quando a carência é mais aguda os sintomas começam já na vela.
Ela e as folhas novas ficam verde-amarelada-pálida por falta de clorofila, coloração
esta que permanece quando as folhas se tornam mais velhas. Estas ficam sempre sem
brilho. A vela desenrola seus lóbulos foliares antes de formar seu pecíolo, o qual só se
desenvolve depois da folha aberta. A folha se abre mas mantém, durante algum tempo
a vela da próxima folha presa dentro de sua nervura principal (Foto IX-3 e Foto IX-4).

Foto IX-3- O cartucho se desenrola prematuramente


devido à falta de N.
Foto IX-4- Quando a carência de N é maior, a vela fica
grudada na nervura principal da folha já aberta, principalmente
se houver falta de S também, a qual evidenciada pelo seu brilho típico.
Na base dessa folha jovem, próximo ao pecíolo, o verde pálido que
predomina nela toda vai, progressivamente, perdendo sua coloração. Finalmente, junto
da nervura de bordo, se formam áreas brancas (Foto IX-5).
Foto IX-5- A falta de N provoca faixas esbranquiçadas
junto à nervura de bordo.
O crescimento desta planta é bastante lento e ela fica raquítica, mantendo
sempre a coloração verde-amarela-pálida e sem brilho. Nesta situação a planta pode
morrer sem lançar sua inflorescência.
Vários sintomas agudos de falta de Cu, S, Fe e Zn têm certa semelhança
com os do N.

3.3.3.1.4- Reconhecimento do excesso


Aumenta o período de vida das folhas, permitindo com isto que as mais
velhas permaneçam vivas por mais tempo. As folhas são maiores e em maior número,
portanto a área foliar fica maior. Elas se apresentam com muita cera revestindo-as já
desde novas e com coloração verde-escura (Foto IX-6). O pecíolo é maior tendo sua
calha mais aberta e uniformemente colorido de verde-limão e revestido de cera.
Antes da diferenciação floral é freqüente as bainhas se soltarem do
pseudocaule devido ao grande crescimento interno da planta (Foto IX-7).
Foto IX-6- A roseta é harmoniosa, alongada e com
bastante cera,quando está bem adubada com N e as
folhas são verde garrafa intenso.
Foto IX-7- O N provoca grande crescimento interno
fazendo com que as folhas mais velhas se soltem.
A roseta é longa, frouxa e bem harmoniosa (Foto IX-8).

Foto IX-8- Quando há bastante N, a planta permanece com muitas


folhas verdes, mesmo depois da parição.
O pseudocaule é grosso, comprido e aquoso com cor verde garrafa nas
bananeiras do subgrupo Cavendish e verde limão intenso naquelas do subgrupo Prata.
O rizoma é maior e cercado de grande número de “filhos”.
Os “filhos” permanecem emitindo folhas lanceoladas por mais tempo e se
apresentam vigorosos como a “mãe”. O aparecimento do “neto” é mais precoce.
A planta toda é mais hidratada e por isso seu pseudocaule é mais frágil,
podendo se seccionar transversalmente quando o cacho é muito grande. Durante a
colheita, há bastante exsudação de seiva.
A inflorescência é grande e as brácteas são intensamente rosadas. O engaço
é longo, verde escuro, piloso e grosso.
As bananas são mais compridas e em maior número por penca. Elas se
quebram e se riscam com relativa facilidade, principalmente durante a embalagem e
transporte. É freqüente ocorrer o rachamento da casca após o outono. Na linguagem do
bananeiro, esta fruta está “um vidro”. Este fato ocorre principalmente quando o
fornecimento de N é feito, nesta ocasião, sob a forma de uréia. Ela provoca grande
crescimento da polpa, que não é acompanhado pela casca.
O cacho tem grande número de pencas, é bastante volumoso e pesado. A
distância entre pencas é maior. O rabo é longo, grosso, com cicatrizes proeminentes e
verde-escuro. O coração é grande até secar.
O ciclo de produção é mais curto.
Quando se aplica N há redução de Zn.
Bananas colhidas durante o verão, em áreas onde o teor de amônia (Na) está
muito alto e o de K baixo, elas tendem a se romper junto ao seu pedúnculo, após a
climatização. Neste caso o produtor diz que o “climatizador” ficou só com a
“dentadura da penca”. Isto pode ser corrigido adicionando-se K, Mg e Zn.
O excesso de N é reduzido com irrigação abundante uma vez que ele é
facilmente lixiviado.

3.3.3.2- Fósforo (P)

3.3.3.2.1- Suas funções


O fósforo atua no desenvolvimento do sistema radicular da bananeira, que
por sinal tem grande capacidade de extração desse nutriente do solo.
Ele atua no processo de conversão da energia solar em aminoácidos e
fibras, assim como em todos os processos que envolvem transferência de energia,
através do ATP (adenosina tri-fosfato, que é uma coenzima que fornece energia para
os processos metabólicos).
Ele atua no crescimento da planta por participar da fotossíntese e do
processo de divisão celular. Sua presença é detectada principalmente nos órgãos de
crescimento, onde a multiplicação das células ocorre em grande velocidade, como é o
caso da ponta das raízes, da gema apical e das laterais.
Atua na formação das flores, o que é determinante para o tamanho do cacho
e também no seu desenvolvimento. Participa da resistência das fibras dos tecidos.
Acelera os mecanismos das trocas metabólicas que são as responsáveis pela
velocidade de produção.
Ele é reutilizado internamente nos seus diferentes órgãos e se transloca
facilmente da “mãe” para o “filho”.
Participa da formação dos compostos orgânicos e na condensação dos
glucídeos simples em amido ou seja, no metabolismo dos açúcares.
Por participar do ácido nucleico, como uma coenzima, se torna um dos
responsáveis pela transmissão de fatores hereditários.
Ajuda a fixação simbiótica do N e a assimilação dos micronutrientes.
Atua na eficiência da utilização da água dentro da planta.

3.3.3.2.2- Caracterização da sua falta


A absorção de P acontece em maior quantidade durante a fase vegetativa e
decai com o florescimento. Por este fato ele tem que estar disponível já no início dos
plantios. Sua falta provoca menor sistema radicular, menor número de folhas as quais
são menores e com pecíolo mais curto, e a planta as emite com velocidade irregular.
As folhas se fendilham facilmente com o vento por serem mais coreáceas.
Os cachos são menores por terem menos pencas e menos bananas.
O número de “filhos” emitidos é menor e o tamanho da planta é reduzido
assim como sua velocidade de crescimento.
Os pigmentos e as manchas escuras, que normalmente aparecem no
pseudocaule dos cultivares do subgrupo Cavendish, são menos intensos ou mesmo
quase ausentes. Já os pseudocaules do subgrupo Prata ficam mais pálidos do que
normalmente são.
A presença de Al, Fe e ou Ca solúvel no solo dificulta a assimilação do P,
pois ele tem grande facilidade de se unir a estes nutrientes e formar complexos
insolúveis, que se agregam às partículas de argila.
A falta de água no solo dificulta a assimilação do P.
O sistema de irrigação por aspersão possibilita maior absorção do P do que
o de inundação, enquanto que o gotejamento provoca perdas por lixiviação.
O teor de P no solo é bom quando esta quantidade é de 3 a 4 vezes maior do
que aquela encontrada em toda planta.

3.3.3.2.3- Reconhecimento da deficiência


Lembrando que o P é solicitado pela bananeira já no início de seu
desenvolvimento, os sintomas de carência aparecem após o 4° mês, a partir das folhas
IV e V emitidas.
A coloração da planta toda é de um verde-limão-desmaiado. Esta coloração
é bastante realçada no pecíolo, que se apresenta praticamente sem cera (Foto IX-9).

Foto IX-9- Pecíolos cor verde-limão indicam falta de P.


As folhas mais velhas ficam com pouco brilho e leve bronzeado devido ao
acúmulo de açúcares nelas, os quais já deveriam ter se translocado para as demais
partes da planta, principalmente para as bananas.
Nas folhas mais velhas aparecem, junto das nervuras de bordo, um ou mais
triângulos necrosados cor palha de milho, apoiados em sua nervura de bordo. Estas
necroses são perfeitamente delimitadas por uma fina (1 mm) moldura preta, seguido de
uma mancha amarela bem viva, com uma largura de ± 3 mm, que se esmaece para o
lado da nervura central (Foto IX-10). Quando a carência é mais acentuada, formam-se
estreitas faixas necrosadas cor palha de milho, ao longo das duas nervuras de bordo. À
semelhança do descrito, estas necroses apresentam a mesma moldura de contorno e a
mancha amarela, porém um pouco mais estreitas (Foto IX-11)
Foto IX-10- Necrose com um estreita moldura preta, seguida de outra
amarelo-canário é carência de P.

Foto IX-11- Havendo necrose emoldurada, ao longo das nervuras de bordo,


é sintoma de uma carência mais forte de P.
Com o envelhecimento destas folhas e o agravamento da carência, surgem a
partir das necroses em linha, outras do tipo triangular. Neste caso, estas necroses
tendem a avançar sempre para a nervura principal, com as mesmas características de
coloração.
A hélice foliar, por volta do 7° mês, sofre uma mudança no seu compasso, e
fica como que retorcida.
As plantas jovens e adultas ficam com folhas em posição mais ereta.
Quanto mais forte for a carência mais compacta fica a roseta e com as folhas mais
envassouradas.
Aumentando a carência, as plantas mais velhas ficam com as folhas
totalmente necrosadas e com o pecíolo quebrado junto ao pseudocaule.
As primeiras pencas se apresentam com alguns dedos arrepiados.
A falta de P e Zn provocam aparecimento de folhas velhas com cor verde
quase normal nos bordos, porém com áreas amareladas, na sua página superior, no seu
primeiro terço junto da nervura central. Estas áreas ficam como que salpicadas de
ferrugem. Esta ferrugem é muito forte sobre as nervuras secundárias (Foto IX-12).

Foto IX-12- A carência de P e Zn provocam o aparecimento de ferrugem


sobre a folha.
Se há falta de Zn ou se a calagem é feita em bananais já formados, a folha
e, principalmente o seu pecíolo ficam cor verde-limão (ver Foto IX-9). É importante
lembrar que nos pecíolos dos cultivares do subgrupo Cavendish, essa coloração fica
tão intensa que lembra um pecíolo de banana ‘Figo vermelha’. Apesar da presença
dessa descoloração no pecíolo, a planta continua a emitir folhas normalmente. Essa cor
verde-limão provocada pela calagem desaparece, naturalmente, após algumas chuvas,
em um período de três a quatro meses. Porém, quando a perturbação tem origem na
falta de Zn, ela só desaparece após uma adubação com esse nutriente.

3.3.3.2.4- Reconhecimento do excesso


O pseudocaule de cultivares do subgrupo Cavendish fica intensamente
pigmentado e com manchas enegrecidas típicas do cultivar. Os do subgrupo Prata
apresentam o pseudocaule intensamente colorido de verde quase escuro.
Há aparecimento de muitos “filhos”.
Os frutos, principalmente quando novos, ficam recurvados em meia lua,
tendendo a se normalizarem com o aumento de sua idade.
O excesso de P perturba a sua fisiologia e provoca o aparecimento de
cloroses de Zn, B, Mn e Fe.
O excesso é reduzido com calagem ou Zn e B.
3.3.3.3- Potássio (K)

3.3.3.3.1- Suas funções


O K é o nutriente que a bananeira absorve em maior quantidade e que tem
grande participação nos processos nutricionais, pois controla a retenção de água pelas
células ou seja sua turgidez. Ao controlar a água dentro das células, o K regula a
velocidade de circulação da seiva e, conseqüentemente, a de quase todos os nutrientes.
O K é extremamente móvel dentro da planta, translocando-se facilmente dos tecidos
mais velhos para os mais novos e para o fruto.
Ele atua enzimaticamente junto ao meristema das gemas apicais quebrando
sua dormência e com isto provoca maior geração de “filhos”. Atua na formação e
exsudação da cera. Atua nas trocas metabólicas e transpiração, por controlar a abertura
e o fechamento dos estômatos da folha.
O K na bananeira tem grande função estrutural e como tal ele regula o
comprimento do engaço (que nada mais é do que o alongamento do rizoma), o
desenvolvimento e o tamanho das células parenquimatosas (que é o tecido básico das
folhas) e meristemáticas (pontos de crescimentos - gemas e raízes). Junto com o B
aumenta a lignina e a celulose tornando as células mais fortes.
O K atua no desenvolvimento das bananas conferindo-lhes assim um
melhor aspecto e também maior peso no cacho. Atua ainda no paladar da fruta por ser
o responsável pelo índice de acidez da polpa. Participa da formação de açúcares que
irão se transformar em amido e na velocidade de translocação dos carboidratos
(açúcares), que foram produzidos nas folhas, para os outros órgãos.
Ele aumenta a resistência às geadas e às doenças fúngicas. A
sigatoka-amarela bloqueia a translocação do K de uma folha mais velha para uma
outra mais nova.
No solo, o K atua na ativação das enzimas produzidas por microorganismos
e na fixação simbiótica do N.

3.3.3.3.2- Caracterização de sua falta


As necessidades aumentam com a idade da bananeira.
As cloroses de deficiências raramente aparecem na planta jovem (menos de
5 meses), mas quando isto ocorre indica que o cacho que irá se formar terá peso
menor, pois já está faltando K nos estoques das folhas.
A sua falta alonga o ciclo de vida e provoca o secamento prematuro das
folhas mais velhas.
Quando há falta de K, as folhas ficam com dimensões menores e
desidratadas assim como o pseudocaule. A planta fica mais baixa e o rizoma é
pequeno.
O cacho é o mais afetado, pois não consegue atingir o seu peso normal,
uma vez que as bananas não se desenvolvem, têm pouco açúcar e são ácidas. A
maturação é retardada e irregular.
O número de “filhos” é pequeno e são fracos.
Há uma redução no crescimento dos meristemas e também na síntese de
proteínas e carboidratos. Estes, por sua vez, sofrem redução na sua velocidade de
translocação das folhas para os frutos. A conversão, no fruto, dos açúcares em amido,
é bastante diminuída.
Índices baixos de K reduzem a respiração, provocando menos fotossíntese e
também limitam a circulação de N, P, Ca, Mg, Zn, Na, Mn e Cu dentro da planta.
Quando os níveis de Ca e Mg estão altos na folha, o K é menos assimilado,
porém se os níveis de N e P são mais altos, ele também é mais assimilado. A relação K
: Mg é boa se estiver entre 7,6 a 10,0. A relação K : Ca é boa se estiver entre 2,7 a 3,6.
A irrigação por aspersão aumenta a absorção de K mais do que a
inundação. Se houver muita chuva pode provocar uma forte lixiviação do K e,
conseqüentemente, uma clorose aguda.

3.3.3.3.3- Reconhecimento da deficiência


Os primeiros sintomas de carência aparecem mais freqüentemente depois
do 5° mês, a partir da folha III em diante. Entretanto, se o solo for muito pobre, os
sintomas podem ser vistos antes.
Quando a deficiência é pequena, as folhas novas ficam com um verde
escuro, que lembra um excesso de N, enquanto que as mais velhas se apresentam com
pouco brilho e com leve amarelecimento generalizado. Esta cor escura aparece por
haver acúmulo de açúcares sintetizados nas folhas e que não estão circulando por falta
de K. Acentuando a deficiência e o envelhecimento da planta, as folhas mais velhas
ficam rapidamente e por inteira com a cor amarelo-enxofre, semelhantemente a uma
folha senil (Foto IX-13).

Foto IX-13- Amarelo vivo na folha mais velha, com necrose palha de milho,
começando na sua ponta, indica falta de K.
Na fase inicial da deficiência há um achatamento vertical da roseta, seguido
de sua compactação, como se fosse um diafragma de máquina fotográfica
estrangulando o engaço. As plantas são sempre mais baixas.
Se a deficiência é pequena, a ponto das cloroses não chegarem a necroses, o
cacho é quase normal, porém o engaço é fino e curto. Por ocasião da colheita as
bananas são curtas, magras e um pouco encurvadas como as do cultivar Nanica.
Na seqüência de fome nutricional, começam aparecer, junto à nervura
principal, manchas de ferrugem na página inferior da folha. Elas são sempre mais
intensas e em maior porcentagem em baixo da folha, mas acabam também aparecendo
na parte superior. Esta ferrugem é produzida por um fungo chamado Cladosporium
musae, que pode chegar a ocupar quase toda a página inferior (Foto IX-14). Este
fungo, assim localizado, desaparece por completo quando se aplica o K, dispensando
qualquer tratamento. Nas folhas mais velhas com ou sem ferrugem, aparece uma
necrose negra que se inicia na sua ponta e vai, progressivamente, caminhando para sua
base. Esta necrose seca ambos os lados da folha, de modo igual. Em seguida a ponta
da nervura principal, que também está negra, começa a se enrolar sobre si mesma,
trazendo consigo os dois lados da folha. Este enrolamento normalmente avança apenas
cerca de 30 a 40 cm (Foto IX-15).

Foto IX-14- Fome aguda de K provoca desenvolvimento


de Cladosporium musae no verso da folha.
Foto IX-15- Folha velha amarela com necrose negra na ponta, é fome
aguda de K, por excesso de chuva.
Normalmente, quando isto acontece, a folha já está com os seus dois
lóbulos completamente secos e fendilhados junto às nervuras de bordo. Esse
fendilhamento faz com que a folha fique cheia de estreitas tiras (2 a 5 cm) decorrente
do rompimento do tecido entre as nervuras secundárias. Muito rapidamente essas tiras
se enrolam sobre si mesmas, dando a impressão de um charuto cor palha de milho.
Como as tiras estão completamente secas e estando a balançar com o vento, facilmente
elas se seccionam junto à nervura principal.
Nas folhas mais velhas, ainda não completamente secas, aparece no seu
pecíolo uma coloração violácea, que inicialmente invade a nervura principal e depois
avança para as bainhas. Ela é encontrada também dentro dos tecidos desses órgãos.
Esta coloração é conseqüência das toxinas criadas decorrente da presença do fungo C.
musae na folha. Nestas condições a folha se quebra no primeiro terço do seu pecíolo e
fica balançando junto ao pseudocaule (Foto IX-16).
Foto IX-16- Folha seca com pecíolo róseo externo e
infecção interna indica que ela morreu por fome de K.
A evolução deste processo de secamento é mais rápida quando a bananeira
já lançou sua inflorescência e mais acelerada ainda quando chega próximo da colheita.
Nas últimas semanas ela chega a secar uma folha a cada 4 a 5 dias, a ponto de não ter
folha alguma verde, no dia da colheita. Isto acontece por ter o cacho mobilizado para
si, todo o K que a planta tinha. Conseqüentemente há um forte queimamento das
bananas com os raios solares e o cacho não tem valor comercial. O coração é pequeno
e magro.
Como resultado final da carência de K o cacho é pouco desenvolvido, leve
e muitas vezes sem valor comercial.

3.3.3.3.4- Reconhecimento do excesso


A planta não tem folhas senis e todas elas se apresentam coreáceas, com
coloração verde bronzeada e bastante revestida de cera. As bananas são mais gordas,
portanto os cachos são mais pesados e elas apresentam-se mais espalmadas. O engaço
e o rabo são mais longos e bem grossos. As cicatrizes das flores masculinas são
bastante proeminentes. O coração é volumoso com brácteas grandes lembrando
excesso de N.
O excesso de K provoca um pequeno retardamento do ponto de colheita e a
polpa fica menos ácida. Se houver baixo teor de N, a polpa fica amarelada.
O aumento de K provoca um aumento na absorção de P. Por outro lado o
aumento de K diminui a absorção de N, Ca, Mg e Cu. Convém lembrar que o aumento
do K provoca uma diminuição na quantidade de Mg nas folhas, uma vez que o K o
transloca para as bainhas e o fruto.
O excesso de K é reduzido com calagem.

3.3.3.4- Cálcio (Ca)

3.3.3.4.1- Suas funções


Interfere nas qualidades palatáveis das bananas.
Estimula o aumento do crescimento dos tecidos meristemáticos, em
especial aqueles localizados nas pontas das raízes e radicelas. Da mesma forma,
interfere naqueles das gemas de crescimento (apical e laterais). Ele participa da
estrutura das células e por isso, quando é mobilizado para outra parte da planta
provoca grandes e acentuadas necroses.
Participa junto com o Mg na formação do pectato de Ca e Mg que atua na
formação da membrana celular, que controla a entrada e a saída dos íons no seu
interior.
Participa das reações com hormônios vegetais e das ativações enzimáticas.
Produz juntamente com o K e o Mg, ação anti-tóxica contra certos ácidos orgânicos
considerados inibidores do metabolismo da bananeira. Atua no desdobramento do N
nítrico em outras formas, as quais irão formar as proteínas.
Para a bananeira ter suas funções fisiológicas normais é preciso haver nas
folhas equilíbrio entre o Ca, o Mg e o K, devendo esta relação estar próximo de
1:4:16.
Atua na fixação do K nas folhas e tem ação catalítica na absorção de outros
nutrientes.
O Ca se transloca parcialmente das folhas mais velhas para as mais novas, o
que não é comum em outras plantas. Isto acontece na bananeira por ela ter o floema
difuso nas bainhas. Deve-se lembrar que o pseudocaule ou falso tronco, nada mais é
do que a bainha das folhas. O Ca se acumula nas folhas até ao florescimento e depois
se transfere para o cacho.
Quando aplicado no solo, corrige sua acidez, provocando o deslocamento
do hidrogênio que está agregado à partícula de argila. Solos com pH próximos de 7
ajudam os microrganismos aí existentes a transformar os restos de culturas em M.O.
Esta, por sua vez, possibilita a uma melhor assimilação de nutrientes e a retenção de
água nesse solo.
No solo, o Ca reduz a absorção do K, Mg e Na.

3.3.3.4.2- Caracterização de sua falta


Aumenta as necessidades com a idade da planta fazendo com que as folhas
se formem menores e morram precocemente. A banana é leve e por vezes fica com sua
casca rachada no seu comprimento, sendo que a qualidade da polpa é insípida. A casca
da banana madura apresenta maior porcentagem de Ca, do que a encontrada na planta
e ou na polpa. A planta é mais baixa e tem poucos “filhos”.
Os ciclos vegetativo e de produção são alongados devido ao lento
crescimento da planta. Os terminais de crescimento, principalmente os das raízes, têm
morte bastante precoce, o que reduz o tamanho de seu sistema radicular.
A falta do Ca, no solo, limita muito o desenvolvimento e a penetração das
raízes, tanto nas camadas superficiais como nas mais profundas. Este é um fato
importante, que diz respeito sobre necessidade do Ca ser devidamente incorporado no
solo. Estas limitações trazem como conseqüência menor absorção de água e nutrientes
pelas raízes.
Nos solos onde se faz adubações com altos teores de N, provoca-se uma
perda do Ca. A absorção do Ca pelas raízes é dificultada pela presença de Al e Mn
solúveis. Nos períodos de muita chuva e calor, o Ca é bastante lixiviado, o que pode
provocar carências na planta, sendo mais intensas nas suas folhas.
Quando o solo contém a relação Ca : (K + Ca + Mg) = 0,7 é um ótimo
equilíbrio e deve-se ter o maior rendimento de produção. Considera-se como limites
válidos para esta relação os índices de 0,4 a 1,0.

3.3.3.4.3- Reconhecimento da deficiência


Apesar dos sintomas serem menos visíveis no primeiro ciclo, eles já podem
ser encontrados por ocasião do 2° ou 3° mês do plantio, sendo contudo reconhecidos
mais facilmente nas folhas adultas do que nas jovens.
O primeiro sintoma aparece na folha jovem, que se apresenta com o
primeiro terço das nervuras secundárias intumescidas ou seja a partir da nervura
principal. Na carência de B e S isto também acontece, mas com estes nutrientes o
intumescimento é em toda a extensão. Os lóbulos foliares se apresentam com um
verde opaco.
Na falta de Ca, a roseta fica fortemente comprimida, dando a impressão que
as folhas, com pecíolo muito curto, foram espetadas nela.
Aumentando a deficiência começam aparecer na vela ou no cartucho áreas
com tecido brancacento muito fino que se queimam facilmente com o sol.
No período de altas temperaturas, aparece, freqüentemente, junto à nervura
principal, manchas de queimamento de sol, que poderiam ser confundidas com as de
Ca. Entretanto, as de sol não tem as molduras negras delimitando o contorno da
mancha e nem a cor palha de milho no seu interior, que são típicas da falta de Ca.
Na falta de Ca, as folhas se desenvolvem com aspecto coriáceo, sem brilho
e ásperas ao tato, tendo suas pontas terminadas como se tivessem sido guilhotinadas,
lembrando um pouco a deficiência de B. Começam aparecer, a partir da folha III,
ondulações em seus lóbulos, que se acentuam com o aumento da carência (Foto IX-17)
Foto IX-17- Folha sem brilho e ondulada, é falta de Ca.
O aumento da carência faz aparecer na ponta da folha I um
desverdecimento marginal, descontinuo, tipo dente de serra voltado para a nervura
principal.
Na folha velha, aparece um desverdecimento de bordo com estreita e
descontínua faixa amarela por dentro.
Em vez se ter o quadro anterior, pode aparecer na folha velha, (depois da
folha III) uma ou mais manchas necróticas, pardo-avermelhada-escuras, com tamanho
variável, mais ou menos circulares, com moldura negra com 2 a 3 mm, distribuídas ao
acaso no lóbulo foliar. Elas ocorrem, quase sempre, depois de um período de fortes
chuvas. Quando há mais de uma, em geral uma delas é bem maior dos que as demais
(Foto IX-18).

Foto IX-18- Manchas irregulares cor palha de milho com centro mais claro
e com moldura negra indica fome de Ca, causada por fortes chuvas.
Na folha velha, com falta de Ca, é comum aparecer triângulos com base
menor necrosados inteiramente em cor negra, sem molduras internas, com pequena
base, apoiados na nervura de bordo. Estes triângulos podem ou não aparecer
juntamente com as necroses circulares. Como reação do tecido que foi necrosado,
aparece, em ambos os casos, uma estreita moldura amarela intensa, junto ao seu
contorno, que vai se esmaecendo para o centro da folha (Foto IX-19).

Foto IX-19- Folha velha com necrose triangular negra com moldura
amarelada se esmaecendo, é fome de Ca.
Todas essas manchas que ficam necrosadas têm o seu tecido interno com a
cor de palha de milho seco. Recolhendo-se essas folhas e as conservando em local
sombrio e fresco, após 2 a 3 dias, as áreas com necrose palha de milho, vão
progressivamente se tornando negras, como a moldura inicial.
As necroses negras podem também se apresentar na folha velha, em faixas
envolvendo várias nervuras secundárias, cujas larguras variam de 1 a mais de 20 cm.
Essas faixas negras têm molduras mais negras ainda e estão localizadas principalmente
no terço final da folha. Essas faixas necrosadas facilmente se rasgam com o vento, no
sentido das nervuras secundárias e as tiras formadas se enrolam como charuto, por
estarem muito desidratadas (Foto IX-20).

Foto IX-20- Folha sem brilho, com nervuras secundárias intumescidas


e com necrose negra em faixas iniciando nos bordos, é carência de Ca.
Durante os períodos de muita chuva, nas plantas adultas, podem aparecer
folhas com o limbo incompleto, cujo contorno lembra a falta de S ou B, porém a
coloração da folha é verde opaca, o que é típico da deficiência de Ca (Foto IX-21).

Foto IX-21- Folha verde quase opaca e com limbo incompleto, é falta de Ca.
Quando a carência atinge essa condição, pode aparecer sintomas de fome
oculta de S, que está bloqueando a absorção do Ca. Essa fome que é identificada pelo
estreitamento da faixa entre as nervuras secundárias ou mesmo pelo desaparecimento
de uma delas alternadamente, aparece juntamente com as manchas grandes circulares
típicas da falta do Ca.
As bananas são magras com casca opaca, sem cera, freqüentemente se
racham e têm maturação irregular.
As deficiências de Ca e Mg se apresentam como que se fossem
necessariamente associadas, tal a freqüência de sua simultaneidade, o que decorre da
grande afinidade química de ambos (Foto IX-22).
Foto IX-22- Folha verde-claro sem brilho, com nervuras secundárias
intumescidas e salpicadas de necroses circulares negras, é fome de Ca e
Mg.
Quando há falta d’água no solo ou forte adubação com K, a fome de Ca
sempre aparece.

3.3.3.4.4- Reconhecimento do excesso


É pouco freqüente, porém quando isto ocorre, a poupa fica mais amarela e
provoca deficiências de K, Mg e de micronutrientes.
O excesso é corrigido com aplicações de S.

3.3.3.5- Magnésio (Mg)

3.3.3.5.1- Suas funções


Tem ação constante na vida da bananeira, sendo sua necessidade maior
quando a planta é mais velha. É um nutriente bastante móvel dentro da planta, estando
se deslocando sempre para as partes mais novas, para formar a clorofila. É o elemento
principal do núcleo da molécula de clorofila, que é uma porifina magnesiana e que é a
responsável pela fotossíntese. O Mg tem ação catalítica na absorção de quase todos os
demais nutrientes. É um ativador de enzimas do metabolismo dos carboidratos, ácidos
nucleicos e das sínteses orgânicas, em especial das proteínas.
Ele participa do controle do desenvolvimento das raízes e da emissão de
“filhos”. Atua na longevidade das folhas e raízes.
Atua na absorção do P pelas raízes e no seu transporte dentro da planta.

3.3.3.5.2- Caracterização de sua falta


O Mg não interfere no número de folhas que a bananeira produz, porém,
havendo falta dele, a velocidade de sua emissão é irregular, tendendo sempre para ser
mais lenta. O Mg reduz as dimensões das folhas e a altura da planta.
Quando a deficiência é pequena, há uma desorganização na roseta foliar,
que tende a se dividir em duas metades, o que facilita o quebramento do engaço. Seu
sistema radicular é menor em comprimento e diâmetro, apresentando reduzidas
radicelas. A polpa se apresenta com pouco paladar e aroma. A fixação do CO2 é
inibida.
Quando a carência é muito forte a planta pode secar e morrer antes de
lançar a inflorescência.
Nos cultivares do subgrupo Prata, há um certo favorecimento para o
desenvolvimento do mal-do-panamá, quando a carência é forte.
A translocação do Mg dentro da bananeira é bloqueada se o teor de P for
baixo.
O Mg não interfere na absorção do P e do S. A assimilação do Mg é
dificultada quando há Al solúvel no solo.
Altos teores de N amoniacal e de K no solo, provocam deficiência de Mg,
por desequilíbrio. Se a relação K:Mg estiver abaixo de 1:2 ou 1:3, pode aparecer o
distúrbio fisiológico denominado “azul-da-bananeira”.
A falta de Mg aparece mais freqüentemente do que a de Ca, uma vez que
poucos são os adubos que o contém e além disso, ele é lixiviado mais facilmente.

3.3.3.5.3- Reconhecimento da deficiência


As cloroses típicas do Mg já podem ser vistas a partir do 2° mês do plantio.
Elas aparecem, primeiramente, nas folhas mais velhas, por ele se translocar delas para
as mais novas, o que ocorre devido sua grande mobilidade dentro da bananeira. As
folhas novas, assim como as velhas, se apresentam sem brilho e ásperas. Acentuando a
fome, começa a aparecer nas folhas mais velhas, a partir da sua ponta, uma área
desverdecida, iniciando nos semi-bordos e em ambos os lóbulos e em degradê, que
avança para a nervura principal. Estas áreas se distribuem quase que simetricamente
em relação a nervura principal (Foto IX-23). Quanto mais velha for a folha mais
intensa e ampliada são estas cloroses. Devido a esta evolução, acaba se formando uma
faixa desverdecida em cada lóbulo, ao longo de todo o semi-bordo da folha. A nervura
de bordo, que inicialmente estava apenas mais escurecida, entra em necrose cor palha
de milho. Aumentando a carência do nutriente, o desverdecimento se intensifica e se
amplia por toda a folha, sobrando apenas uma faixa esverdeada junto à nervura
principal (Foto IX-24). Em seguida, aparece nas folhas mais velhas uma necrose preta
uniforme, iniciando ao longo dos bordos que, progressivamente, avança para a nervura
central. Finalmente resta a nervura central com cor verde pálida e os lóbulos foliares
pretos e corrugados.
Foto IX-23- É característico da falta de Mg a presença de um
desverdecimento
iniciando nos bordos da folha.

Foto IX-24- Sendo maior a carência de Mg, a folha


fica apenas com uma faixa esverdeada junto à nervura
principal, que pode até mesmo desaparecer.
Este quadro descrito evolui em progressão com a idade das folhas e por isso
as cloroses iniciais são encontradas a partir das mais novas e as necroses nas mais
velhas. Desta forma, de acordo com a intensidade da carência, é possível encontrar em
uma mesma planta todos os sintomas descritos (Foto IX-25).

Foto IX-25- O Mg se translocando das folhas velhas para as novas produz


um desverdecimento e necrosamento delas de baixo para cima.
Se houver falta de N e principalmente de P, as folhas que já estavam sem
nenhum brilho, ficam totalmente amarela-esverdeada, com pequenas e irregulares
manchas necróticas, cor palha de milho, distribuídas ao acaso em seus lóbulos. Essa
distribuição ao acaso destas manchas dá a impressão delas terem sido feitas como um
esborrifado de tinta. Seu tamanho pode ser de um simples ponto até 2 a 3 cm de
diâmetro (Foto IX-26).

Foto IX-26- A falta de N e P junto com Mg produz folhas sem brilho, amarela
esverdeada cheia de pequenas necroses cor palha de milho, com moldura
preta.
É comum que, após a passagem de um “vento noroeste” (quente e seco) que
soprou por dois ou três dias seguidos, os quais prenunciam fortes chuvas, estes
sintomas aparecerem já no dia seguinte da passagem daquele fenômeno climático.
Essas folhas, que estão amarelo-esverdeado, podem também não apresentar
estas manchas necróticas mas, por estarem rígidas e quase desidratadas, se fendilham
entre as nervuras secundárias, até atingir a principal. Ao longo da linha de
fendilhamento, aparece uma estreita faixa com necrose negra. O fendilhamento divide
a folha em faixas com tamanhos que variam de uma dezena de centímetros a várias.
A roseta foliar fica compacta e a distribuição de saída das folhas perde seu
compasso regular e se abre em um leque, lembrando a árvore dos viajantes (Ravenalia
madagascariensis) (Foto IX-27).

Foto IX-27- Nas bananeiras com falta de Mg, a sua roseta


se abre em leque como a Ravenalia madagascariensis.
As bainhas ficam desidratadas e começam a se soltar iniciando pelos
pecíolos. As bainhas e os pecíolos ficam com sua epiderme desidratada e com
pequenos fendilhamentos verticais, na região da roseta. O pseudocaule fica fino e
desidratado.
O engaço é fino e curto e a inflorescência é magra. As bananas são curtas,
curvas, leves, pouco hidratadas, sem paladar e seus três lóculos são facilmente
separados, com uma leve compressão feita com os dedos. O rabo do cacho é fino e
quase desidratado, apresentando-se com secamento prematuro, assim como o coração.
As raízes morrem precocemente e isso pode provocar a morte da planta
antes do florescimento.
Os sintomas se agravam durante os períodos de seca e, principalmente, nos
veranicos que ocorrem durante os verões chuvosos.

3.3.3.5.4- Reconhecimento do excesso


Não tem sido observado no campo.
Aumento de Mg provoca aumento de absorção de Zn, mas não afeta
absorção do P e do S, porém diminui absorção de K, Ca, Cu, Mn, e pouco o N.

3.3.3.6- Enxofre (S)

3.3.3.6.1- Suas funções


O enxofre tem a função de favorecer a formação da clorofila na bananeira,
sem a qual não é possível a vida vegetal. Ele atua no desenvolvimento geral da planta,
principalmente na sua parte aérea. Atua também na velocidade de emissão das folhas e
participa indiretamente no tamanho das bananas. O S é parte integrante do seu aroma e
sabor, através dos glucídeos, assim como dos aminoácidos sulfonados que produzirão
as proteínas como a cistina, cisteina e a metionina. Além disso, ele participa da
formação de enzimas (coenzima A, que controla o metabolismo de gorduras e
carboidratos) e vitaminas como a biotina e tiamina. Ele atua ainda na fixação
simbiótica do N. Ele tem atuação catalítica junto a vários nutrientes e é bastante móvel
dentro da planta.

3.3.3.6.2- Caracterização da sua falta


Os sintomas de carência podem se manifestar por volta do 2° mês de idade,
acentuando-se rapidamente até o final do ciclo da planta, pois ele é necessário durante
toda sua vida.
A falta de enxofre produz diminuição no ritmo de emissão de folhas, que
nascem cada vez mais curtas, estreitas e sem clorofila. Conforme o grau de intensidade
da deficiência, poderão ocorrer deformações em seus lóbulos foliares e até mesmo não
os formar. A planta tem sua altura diminuída com a deficiência, sendo esta mais
acentuada com a idade.
Além das reduções da área foliar, a falta do S faz diminuir a fotossíntese, a
sua respiração e como conseqüência diminui também a produção de proteínas. A
fixação do N é também reduzida.
A sua falta perturba o metabolismo em geral e reduz a resistência à seca e
ao frio.
Uma deficiência bastante acentuada pode matar a bananeira toda, por ela
não conter clorofila.
O S no solo é adsorvido por argilas, pelo Al e Fe, sendo que em pH inferior
a 5, ele também é bloqueado.
3.3.3.6.3- Reconhecimento da deficiência
A caracterização da deficiência do S pode ser feita, por volta do 2° ou 3°
mês, observando-se as folhas recém-abertas, que, por não formarem a clorofila,
apresentam uma cor amarelo-dourada-brilhante, muito típica e específica desse
nutriente (Foto IX- 28A), sintomas esses que aparecem também nas plantas adultas
(Foto IX-28B).

Foto IX-28A- A fome de S se manifesta na folha I já na planta jovem,


ficando amarelo-dourado brilhante.
Foto IX-28B- O sintoma típico da fome de S desaparece
com o envelhecimento da folha.
Sendo maior a fome em S, pode chegar a aparecer, inicialmente, na base
dos lóbulos, uma coloração branco-amarelada que se esparrama ao longo da nervura
de bordo. Em casos mais acentuados, o cartucho pode ficar todo branco ou mesmo isto
acontecer na própria vela (Foto IX-29).

Foto IX-29- Se a fome de S for muito forte, aparece, apenas nas plantas
jovens,
áreas esbranquiçadas que se alongam pela nervura de bordo. A vela fica
quase branca.
Os lóbulos foliares ficam com amarelo-dourado brilhante.
Dada a fragilidade da folha I, é freqüente ocorrer o seu rasgamento a partir
do 3° mês de idade da planta. Com o passar do tempo, estando essa folha na posição
VI a VIII, essas descolorações podem se regenerar e até mesmo desaparecerem, porém
havendo agravamento da situação nutricional, a roseta foliar fica mais compactada e
levemente desorganizada.
Quando a deficiência é pequena, é bem típico ocorrer um estreitamento da
distância entre as nervuras secundárias, que se tornam acentuadamente delgadas.
Havendo aumento da deficiência ocorre, inicialmente, como que uma diluição da
nervura secundária, de forma alternada, chegando mesmo a desaparecer por completo.
Agravando mais a deficiência, as nervuras secundárias tornam-se bastante espessas e
enrugadas, em quase todo seu comprimento. A folha apresenta estas modificações
morfológicas desde seu nascimento, sendo que de nada adianta fornecer o S que a
planta precisava, pois estes aspectos não são recuperáveis. Estes sintomas são típicos
da falta de S (Foto IX-30).

Foto IX-30- Deficiência pouco severa de S reduz os espaços entre nervuras


secundárias e faz com que elas quase desapareçam alternadamente.
As que sobram ficam inteiramente intumescidas.
Nas folhas velhas, pode-se encontrar uma certa ondulação de seus bordos,
como no caso de falta de Ca e uma necrose palha de milho próximo de suas nervuras
de bordo. À medida que a fome aumenta, as folhas vão se tornando mais curtas e mais
estreitas. Num caso extremo de carência, pode haver aparecimento de folhas com os
lóbulos foliares atrofiados, dando a impressão de que foram comidos por algum inseto.
Esta situação pode se tornar tão grave, que a folha reduz-se a apenas à nervura
principal, o que faz lembrar a deficiência de B. No caso da falta de S, o lóbulo que
sobrou de folha tem cor verde pálido com brilho típico da deficiência, enquanto que na
falta do B ele é verde escuro sem brilho (Foto IX-31).
Foto IX-31- Fome aguda de S produz folhas brilhantes
com lóbulos incompletos.
Os cachos são pequenos e bem compactos tendo, nas últimas pencas,
bananas bastante curtas e curvas, podendo chegar a aparecer frutas com estrias brancas
ao longo do seu comprimento.
Nos períodos de muito calor e umidade ele é lixiviado. A carência de S
normalmente não aparece próximo dos centros urbanos e das indústrias, devido a
poluição que eles produzem.
A carência de S tem certa semelhança com a de B na sua fisiologia e
cloroses. Sua recuperação é rápida, porém seus prejuízos são grandes.
Se a relação entre P e S estiver entre 7 a 10, ela é considerada boa.

3.3.3.6.4- Reconhecimento do excesso


Não ocorre em condições de campo, pois a bananeira só absorve o quanto
precisa.

3.3.4- Os micronutrientes

3.3.4.1- Boro (B)


3.3.4.1.1- Suas funções
O boro tem funções ligadas principalmente ao desenvolvimento das gemas
de crescimento. É, portanto, um micronutriente de suma importância pois atua sobre a
gema apical, as laterais de crescimento, na inflorescência e na formação das raízes.
Desta forma ele participa, obviamente (através da gema apical), da formação das
folhas, das flores, do número de bananas e pencas do cacho. Da mesma forma atua
sobre a geração e o desenvolvimento dos “filhos” (através da gema lateral de brotação)
com conseqüente participação na evolução interna do rizoma e da planta. Por atuar na
coifa da raiz, o B determina seu tamanho e a sua velocidade de crescimento. Participa
da síntese dos ácidos nucleicos e das proteínas e ainda na velocidade de transferência
dos produtos sintetizados (açúcares) pelas folhas para os frutos. Juntamente com o K
participa da formação da lignina e da celulose, os quais tornam as células mais fortes.
O boro tem influência na capacidade de absorção iônica do P, Cl e K.

3.3.4.1.2- Caracterização da sua falta


O B é absorvido durante toda a vida da bananeira, uma vez que ela e seus
“filhos” estão permanentemente se desenvolvendo. Ocorrendo sua falta, há
perturbação na sua fisiologia, podendo chegar até mesmo a causar sua completa
paralisação, já que não haverá crescimento de raízes, de folhas e nem flores. A sua
carência provoca o aparecimento de folhas menores, mais espessas com seus lóbulos
rasgando-se facilmente, por serem mais quebradiças. O agravamento da fome faz
aparecer folhas com os lóbulos deformados, incompletos e até mesmo sem eles.
Em carências agudas, o botão floral, pode ter seu engaço quebrado antes
mesmo de começar a abrir as pencas de flores. O cacho é pequeno em pencas e
bananas (Foto IX-32). Nesse caso, as gemas laterais ficam com suas atividades tão
reduzidas que os poucos “filhos” emitidos tem um lento crescimento, podendo até
morrer, devido ao aparecimento de uma podridão fisiológica interna.
Foto IX-32- Cacho com poucas pencas e reduzido
número de bananas e que são curtas, é conseqüência
de fome de B.
A absorção do boro pelas raízes é limitada pelos baixos teores de cálcio, o
que implica em dizer solos com pH baixo ou solos ácidos.
A falta do B provoca diminuição do ácido indolacético (AIA) que é um
componente dos reguladores de crescimento das plantas e reduz a síntese das
proteínas.

3.3.4.1.3- Reconhecimento da deficiência


Nos plantios iniciais, os primeiros sintomas de deficiência aparecem após a
muda ter a 3ª folha adulta aberta e nas plantas “filho”, por volta do 5° ao 7° mês,
podendo se acentuar mais nos dois a três meses seguintes. Nesta ocasião, a vela que
deve estar sempre ereta, se apresenta recurvada. Esta inclinação é proporcional à
intensidade da carência, podendo em alguns casos ficar quase que voltada para baixo.
A intensidade desse sintoma varia com os cultivares, sendo mais intenso nos do
‘Maçã’, seguido daqueles do subgrupo Prata e menos entre os do subgrupo Cavendish.
Quando isto acontece, a vela é relativamente frouxa. O cartucho por sua vez também é
frouxo, podendo muitas vezes se dobrar dada sua flacidez (Foto IX-33). Se ele se
dobra, a vela da folha mais nova, que está na seu interior, ao se desenvolver, pode
romper o cartucho. Vários são os tipos de acidentes que podem acontecer entre a vela
mais nova e o cartucho que não se abriu.
Foto IX-33- Vela ou cartucho não erecto e frouxo, é falta de B.
Quando a deficiência é fraca, a vela se mantém quase ereta. Quando ela se
transforma em cartucho e começa a se desenrolar, o lóbulo envolvente tem o aspecto
de uma roupa lavada e que não foi passada a ferro.
As folhas, ao se abrirem, mostram-se mais espessas e coriáceas e a sua
ponta é terminada como se tivesse sido cortada, transversalmente, com uma guilhotina,
lembrando o que acontece com a falta de Ca.
Com o passar do tempo, com maior freqüência no lóbulo direito, aquele que
se abriu primeiro, aparece, principalmente no seu terço inicial, portanto, próximo ao
pecíolo, pequenas linhas paralelas entre si, visíveis por transparência, como que
formando “nervuras terciárias” (que não existem). Estas “nervuras” sendo
perpendiculares as nervuras secundárias, formam com elas pequenos quadrados, com
aproximadamente 10 mm de lado (Foto IX-34). As “nervuras terciárias” chegam a ter
de 10 a 30 cm de comprimento, sendo que algumas vezes elas se desidratam e se
rompem. Agravando a deficiência, estas “nervuras” passam a ser vistas na página
superior sob a forma de vincos retos, como se a folha tivesse sido plissada (Foto
IX-35). Quando isto ocorre, esses vincos podem se dispor mais distante um do outro.
As “nervuras terciárias” e os vincos somente aparecem no caso de falta de B e eles são
visíveis mesmo depois das folhas estarem secas.
Foto IX-34- Aparecimento de quadrados que no início só são vistos
por transparência, é fome de B.

Foto IX-35- Sendo a fome de B mais forte, aparecem vincos na base


das folhas.
Nos cultivares Maçã e Terra, estes sintomas são vistos mais intensamente
no ápice das folhas.
Na planta “mãe”, principalmente nos cultivares do subgrupo Prata,
subgrupo Terra e no ‘Maçã’, a ponta das folhas fica irregularmente fendilhada no
sentido das nervuras secundárias, como se ela tivesse sido malhada contra uma
superfície rígida, devido ao fato delas se tornarem mais coreáceas.
Em vários pontos do bananal, começam aparecer folhas com os lóbulos
foliares mal formados, principalmente no seu contorno, junto à nervura de bordo (Foto
IX-36). Esta atrofia lembra as de S e Ca porém, neste caso, o que sobrou de folha tem
cor verde pouco escuro quase igual ao do excesso de N, porém sem cera e sem brilho
como as demais da planta. Evolutivamente, a folha nasce apenas com a nervura
principal.

Foto IX-36- Folha verde quase sem brilho, com vincos e


incompleta, é carência aguda de B.
Podem surgir necroses que se iniciam no bordo das folhas (sem clorose
prévia) e que rapidamente invadem as nervuras secundárias, rumo à nervura principal.
Este tipo de necrose ocorre mais freqüentemente na ponta das folhas.
Agravando a carência, a vela apresenta uma ou mais regiões desidratadas,
com mais freqüência nas plantas “filho”.
Por motivos ainda não devidamente explicados, de um momento para o
outro, uma planta “mãe” do subgrupo Cavendish, que já não era muito vigorosa e que
estava com uma altura de 1,50 a 2,00 m, fica com a vela seca e enrolada como rabo de
macaco. Fazendo-se uma inspeção no interior do seu pseudocaule, verifica-se que ela
está sofrendo um processo de morte fisiológica. Atribui-se esse fato a presença de uma
pequena carga de vírus CMV (sem se poder visualizar suas estrias), bloqueando a
absorção do B (Foto IX-37).

Foto IX-37- Vela enrolada como rabo de macaco e seca,


é sintoma de falta de B e provável presença de CMV.
Em caso de deficiência muito aguda dessas plantas, a vela pode apresentar
uma morte fisiológica, antes de ganhar o exterior, morte essa que pode atingir o
rizoma. Fazendo-se uma inspeção nas bainhas das folhas mais do centro do
pseudocaule, observa-se o aparecimento de manchas escuras irregulares, como se
fossem ocasionadas por um enferrujamento externo do seu tecido, principalmente nas
partes mais altas. Além disso, também aparecem nas partes côncavas dessas bainhas
interiores, pontos isolados de podridão fisiológica, que se fundem em pequenos
bastonetes, com até 10 mm, transversais ao seu comprimento (Foto IX-38).
Foto IX-38- Bastonetes pretos dispostos transversalmente apenas na
parte côncava da bainha, é carência de B e provável presença de CMV.
Fazendo-se um corte vertical na bainha verifica-se que estas necroses
internas do tecido são isoladas, bastante úmidas e fétidas. Inicialmente elas só ocorrem
nas partes mais altas do pseudocaule. Com o passar do tempo, há uma qualescência
dos pequenos bastões necróticos, que acabam completando o anel da bainha.
Evolutivamente, estas necroses úmidas invadem todo o pseudocaule, até atingirem o
rizoma, exalando forte odor, sendo que a morte da gema apical ocorre em último lugar,
ocasião em que se iniciam as necroses no rizoma (Foto IX-39).
Foto IX-39- A carência de B e possível presença de CMV causam,
primeiramente, o apodrecimento do pseudocaule para somente depois
atingir o rizoma. Na foto, pode-se ver que a gema apical ainda não foi
atingida.
Estes sintomas lembram bastante o mal-do-panamá, porém, neste caso, a
necrose do rizoma é preta e não apresenta as nodulações douradas típicas da
enfermidade e nem tão pouco individualizam o córtex do cilindro central (ver Foto
IX-22).
As maiores atrofias e necroses aparecem principalmente nas últimas 3
folhas emitidas ou seja nas folhas I, II e III, antes da planta entrar em colapso.
A deficiência do boro é mais pronunciada quando ocorre um veraníco ou é
período de seca. Nesta ocasião, é freqüente a inflorescência permanecer em posição
horizontal por mais tempo e ao começar a assumir a posição vertical, muito
comumente ela quebra seu engaço, a despeito de seu diâmetro ser normal. É também
fácil ocorrer o aparecimento de inflorescências com frutos abortados, lembrando uma
semi-mumificação, causada por uma antracnose. A ráquis feminina permanece viva,
porém com rudimentares flores que se transformam em precários frutos. Pode ocorrer
o secamento completo da inflorescência. O cacho pode se apresentar com algumas
bananas ou pencas não granadas, distribuídas ao acaso, dentro dele, principalmente
nos cultivares dos subgrupo Prata, que tenham forte “sangue” do cultivar Branca.
A falta de B associada a de K pode ocasionar, no subgrupo Prata, em
especial após ao inverno, o aparecimento de manchas escuras nos frutos e menos
intensamente nos pecíolos e nervura principal, que lembram um esfregaço feito com
fuligem de cinzas, provocado por Cladosporium musae (Cap. XI-2.4.3).
O excesso de P e Ca provoca falta de B. Os solos arenosos, por si só já
apresentam sua deficiência e a água de irrigação, por sua vez, pode provocar grande
lixiviação, aumentando-a ainda mais.
Há inibição de absorção do B se o pH for bem maior ou pouco menor que 7
e também pela presença da matéria orgânica que o adsorve e somente o libera para a
planta após sua decomposição biológica. Se não houver umidade e o tempo estiver
quente não haverá decomposição da M.O. e, com isso, a deficiência será maior.

3.3.4.1.4- Reconhecimento do excesso


Os sintomas de excesso de boro não têm sido encontrados em condições de
campo, salvo nos casos de adubação excessiva. Quando isto ocorre as folhas ficam
pálidas-amareladas e aparece uma necrose de bordo de cor preta com formato irregular
(Foto IX-40).

Foto IX-40- O excesso de B torna as folhas amarelo


pálido. Ao acaso aparecem folhas com necroses pretas,
que se iniciam sempre pelo ápice.
Em soluções nutritivas, com teor de 1.000 a 1.500 ppm não houveram
problemas, porém acima destes limites apareceram necroses.
3.3.4.2- Zinco (Zn)

3.3.4.2.1- Suas funções


Estimula a produção de auxinas que são hormônios responsáveis pelo
crescimento e a frutificação. Interfere nas enzimas produtoras da clorofila e das células
e ainda no metabolismo da planta, ativando diversas enzimas. Participa da síntese das
proteínas e do ácido indolacético (AIA).

3.3.4.2.2- Caracterização da sua falta


As necessidades aumentam com a idade, de modo que os sintomas se
tornam mais acentuados nas plantas mais velhas ou com deficiência maior do solo. A
sua falta provoca a morte da gema apical.
As plantas carentes são mais baixas, fracas e com acentuado
enfraquecimento do pseudocaule, além de apresentar-se com crescimento lento,
poucos “filhos” e sem vigor. Os cachos são leves com bananas fracas e muito
recurvadas.
Provoca cloroses associadas as de P, K, Ca e de Mg.
É recomendável a aplicação de Zn de forma preventiva, para evitar o
aparecimento de clorose na folha mais nova.
É absorvido facilmente pela raiz, porém sua translocação dentro da planta é
menor.
É inibido por alto pH, sendo mais disponível entre 5,0 e 6,5. Tem também
sua absorção reduzida quando há altos teores de P no solo e em função da natureza da
argila, que pode causar maior ou menor fixação dele a ela, tornando-o insolúvel.

3.3.4.2.3- Reconhecimento da deficiência


Os sintomas são melhor identificados, visualmente, em plantas mais velhas
ou naquelas cultivadas em solos com maior deficiência. Eles podem aparecer já no 2°
ou 3° mês do plantio.
A muda jovem perde rapidamente as manchas de antocianina, que são
aquelas colorações achocolatadas distribuídas aleatoriamente na parte superior das
folhas novas, principalmente, nos cultivares do subgrupo Cavendish. O róseo intenso
do verso das folhas novas nas demais plantas também desaparece precocemente.
As plantas jovens, durante o período de frio e com alta umidade, sofrem
maior deficiência. Nessas plantas, em ambos os lóbulos das folhas mais novas, há o
aparecimento de estreitas (± 15 mm) faixas amarela-esverdeada, envolvendo duas ou
mais nervuras secundárias. Devido a isto, tem-se a impressão que a folha ficou
zebrada, dada a alternância dessas faixas. Estes sintomas (zebrada) podem também
aparecer de forma menos visíveis no cartucho ou na vela (Foto IX-41 e Foto IX-42).

Foto IX-41- Folha I com faixas no sentido das secundárias,


alternando entre verde claro e escuro, é fome de Zn.
Foto IX-42- Quando há carência de Zn, a roseta fica
envassourada e as folhas "zebradas".
Quando a deficiência está chegando na fase bem forte e a idade da planta é
quase adulta, as faixas desverdecidas se intensificam tendendo para o branco
amarelado, por falta de clorofila. A vela, o cartucho e a folha nova ficam quase
brancas, sendo que o verso da nervura principal se colore de róseo. Na planta adulta as
folhas novas ficam toda amarelo-esverdeado tendo o verso da nervura principal bem
róseo (Foto IX-43).
Foto IX-43- A carência de Zn deixa as folhas estreitas,
claras e com o verso da nervura principal rosado,
principalmente no subgrupo Prata.
Nos bordos da folha velha, aparece uma necrose preta irregular, com
grande moldura amarela em degradê, avançando para a nervura principal de modo
desordenado, lembrando labaredas (Foto IX-44). Os pecíolos são curtos tendo ou não
riscos escuros no sentido do seu comprimento, os quais se tornam necrosados (Foto
IX-45). A roseta foliar da “mãe” e do “filho” ficam envassouradas e compactas. As
folhas com as necroses pretas emolduradas de amarelo típico, ainda verdes, têm seus
pecíolos quebrados junto aos pseudocaules. Seus pseudocaules são finos e
desidratados, tendo as bainhas externas secas.
Foto IX-44- Bananeira pequena em tudo, com roseta envassourada,
folhas estreitas e curtas, com necrose de bordo seguido de moldura
em labareda, é carência de Zn.

Foto IX-45- Riscos escuros nos pecíolos é causado


por carência de Zn, principalmente no subgrupo Cavendish.
Dependendo da gravidade da carência, essas plantas paralisam seu
desenvolvimento e há como que um secamento do seu cartucho na sua base, sendo
que ele permanece erecto (Foto IX-46). É a morte da gema apical de crescimento. Em
algumas plantas “mães”, no local da gema apical de crescimento forma-se uma cratera
que invade o rizoma, tendo no seu interior um líquido translúcido, semelhante a água,
sem cheiro e sem sabor. Posto isto, a planta morre. O produtor diz que a bananeira está
com “cabeça d’água” (Foto IX-47).

Foto IX-46- Bananeira fraca com roseta envassourada


e com cartucho seco na base e erecto, é carência aguda de Zn.
Foto IX-47- Havendo líquido translúcido dentro do rizoma
é sinal típico de carência de Zn.
Em plantas com carência pouco acentuada, a caracterização visual da
deficiência pode também ser feita da seguinte forma. Corta-se uma folha que apresente
apenas leves anuâncias de amarelecimento e deixa-a descansar à sombra um dia ou
dois. Se houver fome de Zn, as descolorações se intensificarão, acentuando o aspecto
de labaredas anteriormente citado (Foto IX-48).

Foto IX-48- Sintomas típicos de falta de Zn que aparecem, após 48 horas,


nas folhas cortadas e em descanso na sombra.
A inflorescência é magra e pouco mais longa, apresentando-se salpicada de
estrias verdes, principalmente nas primeiras brácteas. A semelhança do B, a
inflorescência por ser muito leve, permanece em posição horizontal por mais tempo,
porém não há quebramento do engaço. Este sintoma é mais acentuado nos cultivares
do subgrupo Prata.
Se o teor de P for alto, o engaço que normalmente é fino e curto devido a
falta de Zn, assume uma coloração rósea.
É bastante típico da carência de Zn, as bananas ficarem com as pontas
magras e semelhantes ao gargalo de garrafa. As bananas recém granadas ficam com
seu pedúnculo torcido e com isto a penca fica retorcida. Elas podem ainda ficar apenas
fortemente curvas, acentuando seu formato em meia lua, principalmente nas últimas
pencas. O tempo para a banana chegar a sua curvatura normal é tão maior quanto
maior for o teor de P. Por ocasião da colheita, as bananas têm cor verde pálido, são
curtas, magras e com formato em conchas.
Os cachos são leves e têm pequeno diâmetro. Eles não sofrem grande
redução no número de pencas, porém o número de bananas por pencas é pequeno. As
pencas ficam mais distanciadas entre elas.
O sistema radicular tem morte prematura, o que contribui para aumentar os
prejuízos no engordamento do cacho.
Os “filhos” se apresentam com folhas bem lanceoladas, curtas e
envassouradas ficando com a roseta estrangulada.
Após a calagem, ocorrem transitórias cloroses de falta de Zn e P. Quando
há excesso de N ou P ou Cu, eles provocam falta de Zn. As cloroses de Zn são maiores
se o pH é maior que 6 e também nos bananais plantados em desaterros. O esterco
aplicado no solo imobiliza o Zn, temporariamente, no corpo dos seus microrganismos,
enquanto que os coloides do solo o adsorvem facilmente. Na superfície do solo tem
mais Zn do que no subsolo.
Nos solos arenosos e com baixa capacidade de troca de cátions (CTC),
durante os períodos de muita chuva, o Zn é bastante lixiviado. Os altos teores de M.O.,
Al, Fe, Mn e as argilas do solo fixam o Zn e provocam grande deficiência dele.

3.3.4.2.4- Reconhecimento do excesso


Ainda não foram observados sintomas de excesso de Zn, quando ele foi
aplicado no solo. Altos teores de Zn na planta aumentam a absorção do P, K, Ca e
Mg.
O Zn contido nas folhas secas é facilmente assimilado pelo solo e
absorvido pelas raízes.

3.3.4.3- Manganês (Mn)


3.3.4.3.1- Suas funções
É um ativador da reprodução celular e participa da síntese da clorofila. Na
sua ausência total as folhas ficam amareladas.
Ele também ativa as enzimas da respiração e do metabolismo do N, quando
então ele é transformado de nitrato em nitrogênio nos aminoácidos, futuras proteínas,
o que implica em dizer que ele é um ativador da produção de proteínas.
Atua junto com o Cu, Fe e Cl no transporte eletrônico dos produtos da
fotossíntese.
Não interfere com a assimilação do S.

3.3.4.3.2- Caracterização da sua falta


Diminuição do peso do cacho por falta de folhas para o alimentar.

3.3.4.3.3- Reconhecimento da deficiência


As primeiras cloroses aparecem na muda já por volta do 3° mês nas folhas
II a IV, causado principalmente pela sua baixa translocação interna. Posteriormente, as
demais folhas aparecem com cloroses, sendo sempre opacas.
As cloroses constam de um amarelecimento nas margens, porém
conservando sempre estreita faixa (± 3 mm) verde nos bordos. A nervura principal fica
amarelada, havendo leve desverdecimento generalizado da folha. Agravando a
carência, as nervuras secundárias ficam desverdecidas, havendo um verde claro entre
elas, que evolui para toda a folha, a qual se torna completamente amarela-esverdeada,
sem brilho e sem cera alguma. Em seguida aparecem, inicialmente, pontuações negras
circulares, em toda a folha, causadas pelo fungo Deightoniella torulosa (Foto IX-49),
sendo que a maior porcentagem delas se desenvolvem na parte superior da nervura
principal. Há morte prematura da folha devido a qualescência das infecções causadas
pelo fungo e outros como a Cordana musae (Cap. XI-2.4.3).
Foto IX-49- A deficiência de Mn provoca o aparecimento de Deightoniella
torulosa,
mais intensamente na parte superior da nervura principal.
Essas mesmas pontuações negras circulares, ocasionadas pelo fungo,
podem aparecer nos frutos também.
Estes sintomas se tornam mais intensos nos “filhos”.
Os solos orgânicos e a aplicação da M.O. tendem a produzir maiores
deficiências, uma vez que o Mn se agrega a ela, de forma iônica, gerando complexos
estáveis e insolúveis. No inverno, os solos com alta umidade e alto teor de M.O.
sofrem maior deficiência.
Os solos arenosos com baixa capacidade de troca em cátions (CTC) e tendo
alta umidade, têm maior deficiência.
O desbalanço entre Ca, Mg e Fe produz deficiência de Mn, assim como o
excesso de P. Igualmente, os solos ricos em cloretos, sulfatos e carbonatos absorvem o
Mn, provocando sua falta. O Mn é mais disponível nos solos ácidos (pH < 6). É muito
freqüente o aparecimento das pontuações negras de D. torulosa, quando se aplica o
calcário na cova, por ocasião do plantio.
A falta de Mn para a bananeira é difícil de ocorrer, uma vez que no solo há
grande quantidade dele. Fazer-se adubações com Mn é uma prática que deve ser muito
bem estudada previamente, em face dos perigos que ele pode provocar, quando em
excesso.

3.3.4.3.4- Reconhecimento do excesso


A planta toda fica com uma cor verde, que lembra uma pequena falta de N
e bem opaca.
As nervuras de bordo ficam sempre muito realçadas, em todas as folhas
novas, sendo estas opacas, um pouco ásperas e quase sem cerosidade.
Há o aparecimento, junto à nervura de bordo das folhas velhas, de uma
estreita faixa amarelo-pálido com contornos semelhantes a pequenos e irregulares
dentes de serra.
A planta emite longas folhas lanceoladas por muito tempo, com faixa
levemente ferruginosa junto a nervura de bordo em degradê para a principal, tendo de
2 a 5 cm de largura, sendo esta mais intensa e larga no ápice (Foto IX-50).
Foto IX-50- Folha verde, opaca, com nervura principal verde clara e com
ferrugem
escura nos bordos e com algum salpicado dourado, é sintoma de toxidez de
Mn.
Havendo toxidez mais forte, as folhas adultas ficam ásperas e a faixa
ferruginosa do bordos se torna bem definida, sem se ampliar. As ferrugens da região
apical ficam bem mais intensas, chegando a envolver todos os últimos 30 a 40 cm
dela.
A planta se apresenta com várias folhas mais velhas vivas, com as necroses
descritas, porém caídas junto ao pseudocaule, por terem sofrido quebra de seu pecíolo
junto a sua base. Por elas assim permanecerem por um longo tempo, chega-se a
encontrar plantas com 4 ou mais folhas vivas caídas junto ao pseudocaule. Isto ocorre
tanto na planta “mãe” como no “filho”.
Depois de algum tempo, estas folhas caídas se tornam amarelo senil,
enquanto que manchas ferruginosas se espalham por toda ela. As necroses
ferruginosas se tornam um pouco mais intensas, sem contudo se ampliarem (Foto
IX-51).
Foto IX-51- Planta com várias folhas quebradas junto à roseta,
vivas com ferrugem nos lóbulos, é sintoma de toxidez de Mn.
Os “filhos” que estão com suas folhas acentuadamente lanceoladas e com
manchas ferruginosas, quase sempre têm o diâmetro de seus rizomas bastante
aumentado.
Quando a carência está neste estágio e a planta tem cacho, há como que
uma quase total paralisação da sua fisiologia. Esse cacho permanece por longo tempo
na planta sem apresentar nenhuma modificação, alongando a época de sua colheita em
2 ou mais meses.
Os cachos são leves com bananas curtas, magras, pobres em amido e
despencam-se facilmente após a climatização. Elas não ficam de forma alguma com o
amarelo canário típico de uma perfeita maturação e não têm aroma e nem sabor doce.
Ao comê-las, têm-se a impressão de se estar mastigando palha de milho seco.
Os engaços são finos e os cachos já granados se quebram na altura da
roseta foliar, com relativa freqüência. O coração é fino e comprido com brácteas
roxeadas e cheias de estrias verdes no seu comprimento (Foto IX-52).
Foto IX-52- Planta com toxidez de Mn fica com a roseta
envassourada e a inflorescência tem cabo fino, longo e nas
brácteas aparecem estrias verdes.
Os “filhos” são poucos e o crescimento é tão lento que, por ocasião da
colheita da “mãe” ele tem cerca de 50% da altura que deveria ter.
O excesso causa maiores prejuízos do que a falta e é bem mais difícil de se
corrigir. Ele inibe a absorção do Ca, Mg, Zn e pouco interfere nos demais nutrientes.
A aplicação de N amoniacal contribui para maior absorção do Mn.
A calagem feita de modo a elevar o pH entre 5,6 a 6,0 faz com que o
excesso de Mn tenda a desaparecer. Nas áreas já em produção, para acelerar o efeito
do calcário aplicado, deve-se incorporá-lo prontamente, com uma capina feita de
forma superficial, com a enxada manual. Em seguida, deve-se fazer várias e
abundantes irrigações para ajudar o calcário ir mais para o subsolo e com isso torná-lo
menos ácido.
Os bananais com problemas de excesso de Mn, em solos com pH próximo
de 7 devem receber, via pseudocaule, doses de B e Zn e serem adubados com óxido de
Mg e enxofre puro.
Dependendo do grau de intoxicação de Mn, pode ser mais vantajoso
fazer-se a reforma do bananal, quando então é possível executar-se as práticas de
subsolagem e aração profunda, que arrastam o Mn para o subsolo.
A bananeira suporta níveis relativamente altos de Mn.
3.3.4.4- Ferro (Fe)

3.3.4.4.1- Suas funções


Atua indiretamente na formação da clorofila, como um catalisador. Age
ainda sobre enzimas ligadas a formação de proteínas e nos processos da respiração.
Participa da assimilação do S e do N, atuando também como fixador deste último.
Junto com o Mn, Cu e Cl executa o transporte eletrônico dos produtos obtidos com a
fotossíntese.

3.3.4.4.2- Implicações da sua falta


Quando a falta é pequena, apenas reduz o tamanho das folhas. Sendo muito
acentuada a carência, pode haver a morte da planta por falta de clorofila.
Ocorre em solos calcários, o que implica em dizer-se que a falta de Fe
ocorre naqueles com pH > 7, devido à sua insolubilidade.
Nos solos do Estado de São Paulo é muito difícil de ocorrer por eles serem
predominantemente ácidos.

3.3.4.4.3- Reconhecimento da sua falta


Os sintomas aparecem nas folhas novas que ficam branco-amareladas com
as nervuras principais verde-acinzentadas, devido à baixa translocação que o Fe tem
dentro da planta.
Com carência moderada, há predominância de folhas lanceoladas. Com o
agravamento dela a planta adulta é raquítica e inteiramente branco-amarelada sendo
que o verde-acinzentado da nervura principal fica mais realçado. Quando a carência de
Fe é bastante forte, os sintomas lembram a uma forte clorose de falta de Zn, pois
nestes dois casos a planta toda se torna amarela-esbranquiçada, salvo a diferença
existente nas nervuras principais (Foto IX-53).
Foto IX-53- Carência de Fe produz plantas pequenas,
com folhas lanceoladas, zebradas, com várias tênues
nervuras secundárias extras, entre as normais.
A falta de K pode provocar sintomas de carência de Fe, do mesmo modo
que o excesso de P, Ca, Mn ou Zn também podem ocasionar o mesmo efeito.
O desbalanço entre Mo, Cu, e Mn pode ocasionar a falta de Fe.
A absorção do Fe diminui quando se irriga por inundação.
As carências são mais freqüentes nos períodos secos da primavera e outono.

3.3.4.4.4- Reconhecimento do excesso


Necrose negra no bordo da folha velha é bem típica de uma toxidade. É
bem raro de ocorrer tendo sido registrado em Angola e no Havaí.
O S elementar neutraliza o excesso.

3.3.4.5- Cobre (Cu)

3.3.4.5.1- Suas funções


O Cu participa da formação da molécula de clorofila, atua na fotossíntese e
na respiração. Ele participa de enzimas responsáveis pelo desencadeamento do
desenvolvimento interno da planta “mãe” e do “filho” também.
Atua na fixação do N. Juntamente com o Mn, Fe e o Cl participa da
realização do transporte eletrônico do produtos sintetizados pela fotossíntese, para os
outros órgãos da planta.

3.3.4.5.2- Implicações da sua falta


As plantas ficam sensíveis a ataques de fungos e ocorrem modificações na
roseta foliar. Ele é facilmente absorvido e tem grande mobilidade interna.

3.3.4.5.3- Reconhecimento da deficiência


Em condições de campo é raro.
A planta toda fica com aspecto pálido semelhante a falta de N, porém nos
pecíolos não ocorre o aparecimento de manchas roxeadas nos seus bordos. A nervura
principal fica encurvada como uma folha “preguiçosa”, que lembra a postura do
cultivar Maçã. Este aspecto se deve ao fato da planta sofrer um murchamento geral em
suas estruturas. As folhas secam prematuramente sem apresentarem necroses.
A deficiência de Cu é mais freqüente de aparecer nos solos com muita
argila, nos orgânicos e naqueles que receberam esterco, pois nesses materiais o Cu se
adsorve mais facilmente. Quando o pH está acima de 6 ou 7 ou há excesso de N, P,
Zn, Fe, Mn ou Al, a disponibilidade também é menor, pois o Cu forma com eles
complexos estáveis, que são quase insolúveis. Em solos arenosos é facilmente
lixiviado e com isto pode sofrer deficiências.
Ele é muito pouco solúvel nos solos argilosos, o que o torna quase imóvel e
por isso quando há falta de Cu, a adubação é feita via foliar ou via pseudocaule.

3.3.4.5.4- Reconhecimento do excesso


No campo só aparece devido ao acúmulo do Cu contido nos fungicidas
aplicados. Ele limita o desenvolvimento das raízes.
Para eliminar a toxidez causada pelo excesso deve-se fazer uma aração
profunda ou aplicar M.O. ou realizar uma calagem. Após a calagem deve-se fazer uma
irrigação para provocar sua lixiviação.

3.3.4.6- Cloro (Cl)

3.3.4.6.1- Suas funções


Atua nas reações fotossintéticas com despreendimento de oxigênio pela
planta.
Age junto com o Mn, Cu e Fe no transporte eletrônico dos produtos obtidos
com a fotossíntese. Ele também participa do transporte do K, Ca e Mg dentro da planta
e no controle da perda da água por transpiração.

3.3.4.6.2- Implicações da sua falta


Varia com o grupo genômico.

3.3.4.6.3- Reconhecimento da deficiência


Não se têm notícias em condições de campo.

3.3.4.6.4- Reconhecimento do excesso


Aparecimento de cloroses bem marginais que evoluem para necroses típicas
de toxidez, que lembram as de excesso de Mn.
A planta é pequena, com clorose amarela generalizada, lembrando uma
forte fome de N. Muito freqüentemente, a planta morre antes de lançar a fraca
inflorescência, da qual dificilmente se obtém algum fruto. Eles não se desenvolvem,
são deformados, finos e pequenos.
Os “filhos” são pequenos, com cloroses iguais as da “mãe” e dão a
impressão de estarem desidratados internamente.
A bananeira é bastante tolerante ao Cl, em relação as demais plantas. Os
excessos ocorrem mais comumente em solos arenosos e salinizados devido às baixas
precipitações e falta de irrigação, como acontece no nordeste do Brasil, Angola,
Colômbia e em Israel.
A toxidez causada pelo excesso de Cl é neutralizada com altas doses de
sulfato de potássio (K2SO4) ou nitrato de potássio (KNO3) ou muita irrigação, feita
com elevada quantidade de água por hora, para poder arrastá-lo para o subsolo.

3.3.4.7- Sódio (a)

3.3.4.7.1- Suas funções


Atua no controle hormonal.

3.3.4.7.2- Implicações de sua falta


A sua falta interfere com balanço do K.

3.3.4.7.3- Reconhecimento da deficiência


Nas condições de campo não ocorre entre nós.
3.3.4.7.4- Reconhecimento do excesso
As folhas mais velhas ficam verde com uma faixa amarelada irregular no
sub-bordo, com ± 2 cm de largura, sendo o lado interno semelhante a dentes de serra,
enquanto que a nervura de bordo apresenta-se necrosada, lembrando excesso de Mn. A
faixa amarelada evolui para necrose cor palha de milho, atingindo ± 30% do lóbulo.
Em seguida, estas folhas ficam com os pecíolos quebrados junto ao pseudocaule (Foto
IX-54).

Foto IX-54- Folha verde, sem brilho, com nervuras secundárias pouco
visíveis, com necrose palha de milho junto aos bordos, seguido de estreita
necrose negra, é toxidez de Na.
Nas folhas mais velhas dos “filhos” ainda com folhas lanceoladas, há o
aparecimento de manchas irregulares e descontínuas, em vários locais, lembrando um
pouco as necroses causadas por ataque de vírus do mosaico-do-pepino ou mesmo um
excesso de Fe.
Os frutos são deformados, finos e magros.
Quando o teor de Na é maior a planta morre.
O Na pode chegar a 1% na folha se o K for baixo.
A neutralização do Na é feita com abundante irrigação ou aplicação de
gesso em doses segundo a intensidade do problema e os tipos de argilas existentes na
localidade. O S elementar também pode ser usado para neutralizar o Na (item
IX-3.3.3.6).
O excesso de Na ocorre geralmente nas regiões próximas do mar, nas áreas
semi-áridas e em solos alcalinos. Nessas áreas, deve-se evitar as irrigações diárias,
optando-se por fazê-las com o maior intervalo de tempo possível e de forma
abundante, para não se ter a salinização do solo e se conseguir provocar a lixiviação
do Na para camadas mais profundas. É importante tomar-se cuidado com a qualidade
da água de irrigação nos solos que têm tendência a salinização.
Ao se fazer a irrigação para lavagem do Ha, é essencial que o terreno
tenha um bom sistema de drenagem, pois caso isto não ocorra, o efeito da água será
pior ainda.
A bananeira é mais sensível ao Na do que ao Cl, porém, por ser uma planta
glicófita não suporta a salinidade.

3.3.4.8- Molibdênio (Mo)

3.3.4.8.1- Suas funções


Aumenta o florescimento, atua no crescimento da raiz e no
desenvolvimento da planta. É essencial na fixação simbiótica do N, principalmente
dos nitratos.
Ajuda as bactérias fixadoras do N do solo a se desenvolverem.

3.3.4.8.2- Implicações da sua falta


Afeta o metabolismo da planta em geral, em especial a do P e do Cu.
A deficiência é maior nos solos ácidos (pH entre 5,5 a 5,0 ou menos) porém
sua disponibilidade aumenta com o aumento do pH. A calagem corrige a falta de Mo,
por formar o molibdato de cálcio (CaMoO4), que é muito solúvel. Os solos arenosos
tem mais deficiência, porém a calagem ou o aumento do teor de P tornam o Mo
solúvel.
A concentração de Mo aumenta cem vezes para cada unidade de aumento
do pH. A quantidade de Mo solúvel no solo é muito baixa, mas quase todos o
possuem, porém em forma não assimilável.
A presença de muito Fe livre no solo, bloqueia a solubilização do Mo.

3.3.4.8.3- Reconhecimento da deficiência


Só se conhece em bananeiras cultivadas em solução nutritiva.
As folhas mais velhas ficam com amarelo-esverdeado, seguido de necrose.
Tem certa semelhança com a falta de Na.

3.3.4.8.4- Reconhecimento do excesso


Não se conhece em condições de campo. Em solução nutritiva provocou os
sintomas típicos de toxidez, já descrito para o caso do Fe.

3.4- Avaliação visual sintética das deficiências e dos excessos de nutrientes, em


condições de campo
-N
 vela encaixada na nervura principal da folha I.
 folha nova sem pecíolo.
 pecíolo de folha nova c/ bordo róseo.
 pecíolo de folha velha c/ bordo fendilhado, fino, longo e s/ cera.
 folhas s/ cera, s/ brilho, cor verde-amarelado pálido c/ secamento precoce.
 roseta compacta, bainhas secas, poucas folhas e quase eretas.
 cacho pequeno em tudo c/ brácteas róseo-pálido.
 planta pequena em tudo.
 poucos “filhos” c/ folhas pequenas abrindo precocemente.
+N
 folha verde escura c/ muita cera.
 pecíolo grosso, longo c/ bastante cera e s/ manchas ou secamento.
 bainhas se soltando c/ folhas vivas.
 roseta longa, frouxa e harmoniosa.
 cacho grande em tudo c/ brácteas bem rósea.
 planta grande em tudo.
 muitos “filhos” c/ folhas longas e lanceoladas.

-P
 folhas levemente bronzeadas c/ necrose iniciando na nervura de bordo, c/ cor
palha de milho, c/ estreita moldura preta contornada por outra igual c/ cor amarelo
vivo.
 pecíolo verde limão.
 roseta da “mãe” e “filho” c/ menor ângulo foliar.
 folhas envassouradas.
+P
 folhas c/ verde escuro, pseudocaule intensamente pigmentado (subgrupo
Cavendish) ou verde claro intenso (subgrupo Prata).
 todos os frutos curvos em ½ lua principalmente quando novos (subgrupo Prata).

-K
 pecíolo tendo na base cor violácea que acaba invadindo a nervura principal.
 folhas mais velhas amarelo-canário c/ necrose negra na ponta, havendo
enrolamento da nervura principal p/ baixo, ao contrário da folha de samambaia.
 salpicamento de ferrugem por baixo da folha, começando junto da nervura
principal.
 folha c/ pecíolo quebrado no seu 1° terço.
 todos os sintomas se agravam quando o cacho está engordando.
+K
 ausência de folha senil.
 folhas verde-bronzeado e coriácea.
 engaço e rabo longo e grosso.
 cicatrizes proeminentes.

- Ca
 áreas da vela ou do cartucho c/ tecido fino e queimado pelo sol.
 folha coriácea, s/ brilho, ásperas e c/ ápice guilhotinado.
 folha depois da posição III c/ lóbulos ondulados.
 folhas velhas c/ desverdecimento geral sendo um pouco mais acentuado nos
bordos e c/ nervuras secundárias intumescidas junto à principal que se
desintumesce gradativamente p/ a de bordo, s/ contudo chegar nela.
 folhas velhas c/ manchas esparsas necróticas pardo-avermelhada-escuras ±
circulares c/ moldura negra ou com triângulo necrótico negro c/ base pequena e c/
amarelo esmaecendo dela para a nervura principal, ou c/ necrose preta em faixas c/
moldura negra ligando a nervura principal c/ a de bordo.
 lóbulos foliares parcial e irregularmente atrofiados a partir da nervura de bordo s/
brilho e levemente desverdecido.
 os sintomas se acentuam quando há inundações.
+ Ca
 pouco freqüente e s/ sintomas típicos.

- Mg
 folhas novas e velhas s/ brilho e ásperas.
 folhas velhas c/ faixa desverdecida em degradê, ao longo dos dois semibordos,
avançando p/ a nervura principal.
 folhas mais velhas c/ apenas uma faixa central verde.
 roseta foliar estrangulada e prensada verticalmente, abrindo em leque.
 bainhas e pecíolos c/ epiderme desidratada e c/ pequenos fendilhamentos no seu
comprimento.
 bananas maduras separando os três lóculos facilmente.
 rabo e coração fino e desidratado c/ secamento prematuro.
+ Mg
 pouco freqüente e s/ sintomas típicos.

- Mg e - Ca (Azul-da-bananeira)
 todos os sintomas de - Mg.
 pecíolos c/ manchas roxeadas na sua base que se ampliam e se tornam violáceas e
depois arroxeadas até atingir a nervura principal.
 roseta compacta quase em leque.
 lóbulos secos das folhas velhas de plantas c/ cacho tendo apenas a nervura
principal arroxeada.
 pseudocaule violáceo e brilhante.
 rabo do cacho igual rabo de gato velho.
 mais freqüente no subgrupo Cavendish.

-S
 folha recém aberta c/ amarelo pálido brilhante.
 desaparecimento de nervuras secundárias alternadamente.
 redução do espaço entre nervuras secundárias.
 nervuras secundárias espessas e enrugadas em quase toda sua extensão.
 lóbulos parcialmente atrofiados a partir da nervura de bordo c/ brilho intenso e
verde-dourado.
 ápice da folha terminando guilhotinado
+S
 não ocorre em condições de campo.

- Zn
 cor rósea do verso da folha nova desaparece logo.
 lóbulos da folha nova zebrada em verde e amarelada.
 igual sintoma na vela ou no cartucho.
 planta adulta c/ folha nova amarela-esverdeada c/ verso da nervura principal rósea.
 folha verde c/ bordos c/ necrose preta irregular, c/ moldura amarela degradê, c/
pecíolo quebrado ou não junto ao pseudocaule.
 pecíolos curtos c/ ou s/ riscos longitudinais escuros e necrosados.
 pseudocaule da “mãe” e “filho” fortemente desidrato e fino c/ roseta envassourada
e compacta c/ folhas eretas, principalmente nos “filhos”.
 “mãe” c/ formação de bolsa de líquido abaixo da gema apical.
 bananas curtas c/ pontas como gargalo de garrafa, principalmente no cultivar
Prata.
+ Zn
 não foi observado no campo.

-B
 vela recurvada ou frouxa c/ aparência de amassada.
 folha c/ ponta guilhotinada e ápice fendilhado.
 nervuras terciárias visíveis por transparência c/ ou s/ epiderme rompida.
 folha c/ vincos perpendiculares às nervuras secundárias formando quadrado.
 vela seca e enrolada como folha de samambaia.
 lóbulos foliares irregularmente atrofiados a partir da nervura de bordo c/ verde
escuro e pouco brilho.
 inflorescência em posição horizontal por mais tempo c/ eventuais quebra de
engaço.
 necrose ferruginosa e ou preta horizontal nas bainhas internas do pseudocaule.
+B
 no campo só c/ excesso de adubação, o que deixa a vela branca e as folhas
amareladas c/ necroses pretas nos seus bordos, nas regiões medianas e do ápice.
 folhas mais velhas c/ necrose negra em toda ela.

- Mn
 folhas opacas c/ amarelecimento nas margens c/ estreita faixa verde junto a
nervura de bordo.
 nervura principal amarelada c/ pontuações negras (Deightoniella torulosa) e
lóbulos levemente desverdecido.
 nervura secundária amarelada c/ verde claro entre elas.
 pontuações negras nas folhas e bananas verdes (Deightoniella torulosa).
 sintomas mais intensos nos “filhos”.
+ Mn
 planta toda com verde opaco semelhante a - N.
 nervuras de bordo realçadas c/ faixa amarelo pálido em dente de serra.
 folhas com faixa ferruginosa, salpicada de plaquetas douradas fosca, apenas nos 2
a 5 cm da nervura de bordo.
 últimos 20 a 30 cm do ápice da folha velha c/ ferrugem.
 folhas mais velhas c/ pecíolo quebrado junto ao pseudocaule.
 folhas caídas acabam ficando c/ amarelo senil, impregnadas de ferrugem contendo
salpiques de plaquetas douradas.
 bananas curtas e magras despencando após a climatização, como se tivesse faltado
oxigênio.
 cachos finos, compridos c/ engaços longos e muito finos.
 brácteas c/ intensas estrias verdes no seu comprimento.
- Cu
 em condições de campo é raro.
+ Cu
 pode ocorrer devido a aplicação de fungicidas que o contenham.

- Fe
 folhas quase que só lanceoladas sendo, quando novas, branco amareladas c/
nervura principal verde acinzentado.
 só ocorre em solos c/ pH maior que 7.
+ Fe
 pouco freqüente e só em solos ácidos.
 folha c/ estreita faixa necrosada negra no bordo.
 folha velha c/ faixa semelhante a + Mn s/ plaquetas douradas.
 esparsas estrias negras salpicando a parte não necrosada.
 aparecimento de tênues nervuras secundárias paralelas às normais.

- Cl
 não se tem notícias em condições de campo.
+ Cl
 cloroses bem marginais que lembram início de + Mn.
 planta pequena c/ clorose amarela generalizada.
 ocorre mais facilmente perto do litoral.

- Na
 não se têm notícias em condições de campo.
+ Na
 folhas mais velhas c/ faixa amarela irregular no sub bordo, c/ 1 a 2 cm tendo no
seu lado interno contorno parecido a dente de serra.
 nervura de bordo necrosada.
 a faixa amarelada fica necrosada em palha de milho até 30% do lóbulo.
 folhas adultas do “filho” ainda c/ folha lanceolada c/ manchas lembrando as
necroses de CMV ou excesso de Fe.

- P e Zn
 folhas velhas c/ bordos verdes e c/ áreas amareladas na página superior, próximo
da nervura principal, salpicadas de ferrugem, sendo mais intenso sobre as nervuras
secundárias.
 pecíolo verde limão por bloqueio de P e Zn devido à calagem recente.

3.5- Resumo dos efeitos do excesso de nutrientes nos diferentes órgãos

Planta
c/ rizoma > NP
+ baixa Fe Cl
verde desmaiado Mn
clorose amarela em geral, semelhante a - N Cl

Nas raízes
favorece o crescimento N Ca Mg
B Zn
inibe o crescimento Al Cl Na Mn Fe
Cu
aparecimento de ponta como que “queimada” Na
morte de todas Cl

Pseudocaule
+ grosso + comprido e c/ > cerosidade N
c/ > pigmentação (subgrupo Cavendish) NP
+ hidratado NK
c/ cor verde garrafa (subgrupo Cavendish) N
c/ cor verde claro intenso (subgrupo Prata) N

Filhos
em pequeno n° Mn Cu Fe
Na
em grande n° N P Ca Mg Zn B
pequenos Cl
c/ > desenvolvimento N Zn
c/ < desenvolvimento Mn Fe Na
c/ folha grande e acentuadamente lanceolada N

Vela
c/ pavio vivo por + tempo N
demorando p/ abrir N
c/ cor verde escuro N

Cartucho
c/ pavio demorando p/ secar N
demorando p/ abrir N
cor verde escuro N

Folha jovem da planta jovem


s/ brilho e ásperas Mn
coriácea K
c/ > n° delas lanceoladas N
em > n° e c/ + cera N
> e c/ > pecíolo N
c/ pecíolos c/ ombros proeminentes N
c/ pecíolo verde uniforme N
c/ nervura principal verde limão Mn
c/ lóbulos verde amarelado pálido Mn
lóbulos cor verde bronzeada K
toda cor verde N
c/ leve amarelecimento e c/ nervura de bordo preta Mn
lanceolada viva e quebrada junto pseudocaule Mn
Folha adulta
s/ brilho e ásperas Mn
coriácea K
> e c/ n° > delas vivas N
vivas se soltando do pseudocaule N
verde escura N
verde amarelado Mn
verde bronzeado K
verde pálida c/ necrose de bordo B
amarela pálida semelhante a - N Cl
c/ nervura principal verde limão Mn
c/ nervura de bordo realçada Mn
c/ clorose pálida bem marginal semelhante à + Mn Cl
do “filho” c/ manchas irregulares lembrando CMV Na
c/ bordos c/ faixa amarela pálida em dente de serra c/ ± 3 mm Mn

Folha velha
c/ bainhas se soltando estando ela viva N
s/ apresentar senilidade NK
verde amarelada pálida Mn
c/ bordos c/ clorose amarelo pálido, em regulares ou
irregulares pequenos dentes de serra c/ ± 3 mm Mn
c/ bordos c/ clorose amarelo pálido, em regulares pequenos
dentes de serra c/ ± 3 cm Mn
s/ brilho, s/ cera, verde intenso apagado, s/ moldura de
borda, c/ ou s/ faixa necrosada Na
estando as + de baixo verdes amarelada pálido, quebradas
junto ao pseudocaule e vivas por longo tempo Mn

Necroses nas folhas jovens da planta jovem


ainda lanceoladas c/ ferrugem na ponta Mn
ainda lanceolada c/ ferrugem no bordo e na ponta Mn
ainda lanceolada viva e quebrada junto ao pseudocaule
c/ ferrugem no bordo e na ponta Mn
ainda lanceolada e senil, quebrada junto ao pseudocaule
c/ ferrugem em geral Mn

Necroses nas folhas adultas


nos bordos c/ faixa ferruginosa c/ ± 3 mm Mn
nos bordos, cor palha de milho, c/ largura variável a partir do
bordo, c/ moldura negra Na
c/ uma ou + folhas vivas quebradas junto ao pseudocaule
c/ ou s/ ferrugem nos bordos s/ serem das + velhas Mn

Necroses nas folhas velhas


nos bordos, c/ cor palha de milho,c/ largura atingindo
1/3 da folha, a partir do bordo, c/ moldura negra Na
nos bordos c/ necrose negra c/ ± 2 mm Fe
estando as + de baixo vivas e quebradas junto ao pseudocaule Mn
c/ amarelo senil e c/ ferrugem nos bordos Mn

Pecíolo
> e uniformemente colorido N
s/ necroses N
quebrado junto ao pseudocaule c/ folha viva Mn
quase seco e quebrado junto ao pseudocaule Na

Nervura principal
c/ > calha N
verde amarelada pálida Mn

Nervuras secundárias
c/ verde amarelada Mn

Roseta
+ longa N
+ harmoniosa NK
levemente achatada verticalmente Mn

Hélice foliar
harmoniosa NK
pequena distorção no seu passo Mn

Inflorescência
> NK
c/ brácteas bem róseas N
magra, pouco rosada e muitas estrias verdes Mn

Engaço
+ grosso e + longo NK
+ verde e + piloso N
acinzentado e fino Mn

Cacho
> N
+ pesado K
leve Mn
> exsudação de seiva N
c/ colheita retardada K Mn

Pencas
em > n° NB
c/ > distância entre elas N Mn

Bananas
em > n° N Zn B
+ compridas N Zn
magras e curtas Mn Na
+ gordas K
c/ desenvolvimento muito lento Cl
deformadas Na
recurvadas quando novas N
recurvadas nas primeiras pencas, em ½ lua quando novas P
c/ casca + frágil N
verde amarelada Mn
c/ faixas brancas S
desidratadas e separando os lóculos Mn
rachamento da casca no campo ou depois da climatização
após outono N (uréia)
despenca facilmente após a climatização Mn

Rabo
fino Mn
+ longo + grosso + verde c/ cicatrizes proeminentes NK

Coração
c/ brácteas > c/ coração > até secar NK
c/ brácteas intensamente róseas N
comprido, fino e c/ brácteas claras Mn
+ pesado K

3.6- Resumo dos efeitos da deficiência de nutrientes nos diferentes órgãos

Aparecimento dos sintomas


após 8 a l0 dias de seca água
1° e 2° mês N
2° e 3° mês Ca Mg S Zn B Mn
4° mês P
5° mês K

Planta
baixa NK
verde amarela pálida N
verde limão desmaiado P

Raízes
curtas e poucas radicelas N P Ca Mg B
finas N P Mg
c/ pontas c/ crescimento lento B

Pseudocaule
curto N Mg
c/ bainha seca N Mg Zn A *
c/ bainhas verde pálido N
c/ bainha seca se soltando Mg
c/ bainha violácea brilhante A
c/ bainha c/ ferrugem interna B
c/ necroses preta transversais c/ 2 a 5 mm nas bainhas
interiores B
c/ qualescência das necroses formando manchas B
c/ epiderme da bainha desidratada Zn B
c/ epiderme da bainha fendilhada na roseta Mg
c/ podridão fisiológica externa N
c/ podridão fisiológica interna NB
c/ morte fisiológica B
* azul-da-bananeira

Filhos
em pequeno n° N P K Ca
Mg S Zn B
c/ desenvolvimento lento N P Ca Mg S Zn

Vela
não ereta B
desidratada e frouxa B
branca S Zn
zebrada Zn
c/ tecido fino brancacento Ca
c/ tecido fino necrosado palha de milho Ca
morta B
aderida na nervura da folha anterior N

Cartucho
frouxo e amassado B
c/ tecido brancacento fino Ca
parcialmente branco S Zn
c/ lóbulos abrindo precocemente N
zebrado Zn
erecto c/ tecido necrosado na base Zn

Folha jovem da planta jovem


s/ cera e s/ brilho N Ca Mg
sem brilho, sem cera, verde intenso apagado Na
ásperas Ca Mg
coriácea e guilhotinada na ponta Ca B
guilhotinada na ponta S
lanceoladas e curtas Zn
s/ pecíolo N
zebrada Zn
ereta por + tempo P
c/ rápida perda da antocianina Zn
c/ aparecimento Deightoniella torulosa Mn
total ou parcialmente s/ lóbulo Ca S B
c/ rasgamento da folha I s/ vento S
c/ ondulações já formadas na folha III S
c/ lóbulo amarelo pálido N
c/ bordos branco junto ao pecíolo S
c/ bordos brancos N
branca amarelada Fe
amarela pálida brilhante S
s/ róseo no verso Zn
verde escuro s/ cera e s/ brilho K
c/ clorose marginal descontínua tipo dente de serra na folha I Ca
c/ faixa desverdecida até a nervura principal c/ ou s/ estreita
faixa verde nos bordos Mg

Folha jovem da planta adulta


amarela esverdeada c/ nervura principal rósea no verso Zn
amarelo pálido brilhante S
verde pouco escuro s/ brilho e s/ cera B
c/ predominância de lanceoladas não vigorosas Fe
curtas e estreitas Zn

Folha adulta
s/ brilho N K Ca Mg Mn
s/ brilho, s/ cera, verde intenso apagado, c/ nervura de bordo
realçada, s/ moldura Na
coriácea Ca
áspera Ca Mg Mn
estreita e curta Ca S Zn
em pequeno n° N
c/ pecíolo seco quebrado na base N
c/ ápice guilhotinado e c/ ondulações Ca S
c/ ápice fendilhado B
c/ aparecimento de nervuras terciárias B
c/ quadrado 10 x 10 mm B
c/ vincos retos cortando as secundárias principalmente junto
ao pecíolo B
branca amarelada Fe
amarela pálida N Mn
c/ leve amarelecimento senil em geral K
amarela em degradê a partir do bordo Zn
c/ amarelo em degradê aumentando após seu corte Zn
c/ faixa desverdecida a partir dos semi-bordos Mg

Folha velha
s/ brilho P
s/ brilho e s/ cera N Ca Mg
ásperas Ca Mg
verde amarela pálida N
c/ bordos desverdecidos N
bronzeada P
ereta por + tempo P
c/ ápice da nervura principal seca e enrolada K
rasgada em tiras e enrolada como charuto K Ca
s/ folha viva na colheita KA
verde limão após a calagem P
c/ bordo verde intenso e c/ áreas amarelas próximas a nervura
principal salpicadas de ferrugem Zn
c/ amarelo enxofre nas + velhas K
c/ aparecimento de Cladosporium musae no verso K
c/ faixa desverdecida em degradê a partir dos semi-bordos Mg
c/ faixa verde só junto a nervura principal Mg
c/ faixa amarela no bordo que desverdece p/ centro Ca
envassourada mesmo na floração A

Necroses nas folhas


cor palha de milho em:
tecido fino da vela Ca
tecido fino do cartucho Ca
faixas agrupando várias nervuras secundárias Ca
toda a folha precocemente N
toda a folha e quebrada junto ao pseudocaule N
manchas pequenas ovaladas distribuídas ao acaso nos
lóbulos Ca + Mg
cor parda no secamento total da folha: A
cor preta:
s/ moldura a partir dos bordos S Mg
c/ moldura amarela em degradê a partir dos bordos Zn
em ∆ apoiado no bordo c/ moldura amarelo vivo P
em ∆ apoiado no bordo c/ moldura palha em degradê Ca
cor negra:
na ponta das + velhas K
inteiramente nas + velhas K
inteira e quebrada no 1° terço do pecíolo K
em faixas agrupando nervuras secundárias Ca
cor pardo avermelhada escura em manchas secas c/ centro
mais claro c/ molduras negras c/ tamanhos diversos
esparramadas nos lóbulos Ca

Pecíolo da folha nova


cresce depois da folha aberta N
curto N Ca Zn
c/ bordo róseo N
s/ cera e verde desmaiado N
s/ cera fino longo NeP
s/ cera e róseo na base N

Pecíolo da folha adulta com


bordo escuro N
cera e salpicado de manchas arroxeadas A
cera e arroxeado totalmente A
cera e verde limão P
cera e violáceo totalmente K
riscos necróticos secos no seu comprimento Zn
epiderme desidratada e quase desgrudada Mg
epiderme c/ fissuras no seu comprimento Mg
Pecíolo da folha velha com
bordo c/ necrose preta N
fendilhamento no bordo N
cera e violáceo K
cera violáceo e c/ podridão fisiológica K
cera e roxo invadindo o pseudocaule A

Nervura principal
c/ a ponta enrolada K
violácea por baixo K
róseo por baixo Zn
arroxeada por baixo A
verde amarelada em toda ela Mn
c/ aparecimento de pontos de Deightoniella tolurosa Mn
encurvadas como guarda chuva aberto Cu

Nervuras secundárias com


< distância entre elas S
alternância de intumescimento entre elas S
intumescimento do 1° terço Ca
intumescimento quase total S
desverdecimento Mn

Roseta
compacta N P K Ca Mg Zn
A
estrangulada N Zn
envassourada N P Zn
c/ mudança do passo da hélice no 7° mês PS
desorganizada P K Ca Mg
em leque Mg A
roxa A

Engaço
fino e curto N KCa Mg Zn
róseo Zn
quebra durante o florescimento B
destroncado A

Inflorescência
magra N Zn
c/ brácteas c/ estrias verdes Zn
permanece longo tempo horizontalmente, s/ haver quebra do
engaço Zn
c/ secamento geral B

Cacho
pequeno N K S B Zn
leve K Mg Zn
Pencas
em pequeno n° N P Zn B
c/ dedos arrepiados nas primeiras pencas P
c/ dedos recurvados nas últimas pencas em ½ lua
quando nova ou velha P
c/ < distância entre elas P Zn
não granadas B

Bananas
em pequeno n° N P Zn B
magras e curtas N K Mg
Zn
encurvadas na colheita K Mg S Zn
A
recurvados nas últimas pencas em ½ lua quando nova ou velha P
deformadas irregularmente S
c/ ápice em gargalo de garrafa Zn
verde amarelada N
verde pálida Zn
c/ estrias brancas S
rachadas quando verde Ca
separando os lóculos Mg A
desidratadas Mg A
c/ podridão fisiológica interna A
c/ pontos pretos de Deightoniella torulosa Mn
não granadas B

Rabo
curto N
fino e murcho N Mg
desidratado c/ secamento prematuro N Mg A

Coração
pequeno e magro NK
c/ brácteas claras N
c/ brácteas c/ estrias verdes Zn
c/ brácteas desidratadas N
seca prematuramente N Mg A

CAPÍTULO X - ADUBAÇÃO

A bananeira deve ser tratada como uma planta de vida relativamente curta.
O programa de adubação deve ser conduzido sempre de forma preventiva. A adubação
deve ser feita de modo que a planta, já no início do seu desenvolvimento, tenha os
adubos à sua disposição para assimilar e armazenar os nutrientes a fim de poder gerar
e produzir um bom cacho.
Como foi visto (Cap. II-5.6), durante o processo da diferenciação floral, a
bananeira define exatamente o número de bananas e pencas que irá produzir, restando
para a segunda fase de sua vida apenas o crescimento e o desenvolvimento da fruta.
Desta forma, se a bananeira não foi bem adubada na primeira fase de sua
vida, não se pode esperar uma boa produção, pois ela precisa primeiro se abastecer de
nutrientes, para poder produzir um bom cacho. As adubações feitas atrasadamente
surtirão efeitos apenas nos “filhos” e muito pouco na produção da planta “mãe”, que
somente terá tempo para “engordar” mais suas bananas, sem contudo aumentar seu
comprimento, o número delas e o de pencas também.
O bananicultor deve ter em mente que as adubações são feitas na planta
“mãe” para garantir a boa produção do “filho” ou seja, ela tem de ser feita sempre
de forma preventiva.

1- Orgânica
Durante o plantio deve-se colocar, sempre que possível, a matéria orgânica
na cova, desde que esteja bem curtida. A quantidade a se usar é exclusivamente uma
questão de disponibilidade e viabilidade econômica, uma vez que os resultados serão
altamente compensadores.
Entretanto, se a matéria orgânica não estiver bem curtida, ela deverá ser
posta na cova, misturada com um pouco de terra e ficar fermentando por 20 a 30 dias,
pois o processo de fermentação produz grande aquecimento no local. Só depois que a
temperatura da cova voltar ao normal é que se pode efetuar o plantio.
No plantio feito por meio de sulcos, que é o mais usual e recomendável
hoje, a muda deve ser colocada no sulco e simplesmente coberta com terra. Trinta dias
mais tarde aplica-se a matéria orgânica, dentro da parte restante do sulco que ficou
aberta, sem haver qualquer preocupação de verificar se ela está ou não devidamente
curtida.
Isto é possível fazer-se com qualquer tipo de matéria orgânica e com toda a
segurança, uma vez que a muda estará, devidamente protegida dela com a terra que foi
usada para seu calçamento, durante o plantio.
Após a aplicação da matéria orgânica deve-se cobrí-la com um pouco de
terra para evitar perdas gasosas.
Estando as plantas crescidas, a aplicação de novas doses de matéria
orgânica torna-se bastante difícil, pelo grande volume a ser transportado,
manualmente, dentro do bananal.
Desde que seja viável sua aplicação, ela deve ser colocada, em cobertura, a
cada seis meses, distante 50 a 80 cm da “família” e em seguida coberta com folhas
secas de bananeiras. Esta distância é para estimular o crescimento das raízes e também
não haver perda do material. Se o espaçamento de plantio permitir que se abra um
sulco contínuo, a uma distância de 150 cm da “família”, com 10 a 15 cm de
profundidade, a matéria orgânica poderá então ser enterrada. A quantidade a se aplicar
é função da disponibilidade e da viabilidade.
Convém lembrar as restrições feitas no Cap. IX-3.3.2, quanto à origem da
M.O.

2- Mineral

2.1- Generalidades
Como o crescimento da bananeira é constante, ela deve ter nutrientes à sua
disposição durante toda sua vida e, por isso, é preciso cuidar para que os adubos sejam
aplicados de modo a atender suas necessidades fisiológicas.
No Capítulo IX, foram definidas as funções, os sintomas de deficiências e
excessos nutricionais e suas épocas de aparecimento para os macros e micronutrientes.
Com base nesses parâmetros é possível definir-se para os bananais recém-plantados, as
seguintes adubações, para suprir o que eles necessitam:
1ª fase - do plantio até a diferenciação floral: N, P, S, Ca, Mg, e
micronutrientes;
2ª fase - da diferenciação floral até a colheita: acrescentar K.
Portanto, de acordo com a fisiologia da bananeira, a adubação deve ser feita
de modo que haja no solo Ca, Mg, P, S e micronutrientes em altos níveis, sempre.
Quanto ao nitrogênio, que interfere diretamente no número de bananas e
pencas do cacho, ele precisará ser fornecido em maiores doses, logo na primeira fase
de vida da bananeira, para assegurar a produção de maior número delas. À medida em
que a bananeira vai chegando próximo de sua diferenciação floral, as doses de
nitrogênio também devem ir diminuindo. É importante lembrar que a bananeira não
consegue estocar o nitrogênio em seus órgãos.
Em ordem inversa, as adubações com potássio deverão ser feitas em doses
crescentes, iniciando pouco antes da diferenciação floral. É, principalmente nas
últimas semanas, que todas as reservas potássicas da planta se translocam para o
cacho.
As diferentes necessidades fisiológicas nutricionais da bananeira podem
ser, genericamente, representadas pela Figura X-1, onde se conclui que as curvas de
absorção de nitrogênio e de potássio são opostas, tendo na diferenciação floral seu
final e início, respectivamente.
Figura X-1- As curvas de absorção de nitrogênio e de potássio
são opostas, tendo porém como ponto final e inicial a diferenciação floral.
Entretanto, um bananal adulto é formado por “famílias” que são compostas
por três gerações de plantas (“mãe”, “filho” e “neto”), que vivem simultaneamente,
porém com idades diferentes. Este fato anula todos os esforços para se conhecer quais
são suas necessidades nutricionais, segundo sua idade. Tem-se que pensar no bananal
como um todo e mantê-lo devidamente adubado sempre.
Quando os plantios forem feitos para se explorar apenas uma safra do
bananal, como já se faz em certas áreas de alguns países, como nas Filipinas, se poderá
aplicar os conhecimentos das exigências fisiológicos nutricionais, para se obter maior
aproveitamento dos fertilizantes aplicados, portanto menor custo de produção.
Se quisermos traçar um gráfico, para um bananal adulto, indicando essas
necessidades fisiológicas nutricionais, durante todo o ano e a quantidade dos vários
nutrientes a serem aplicados, teríamos apenas uma série de linhas retas horizontais e
paralelas, à diversas alturas, correspondendo cada uma delas ao nível de um
fertilizante.
Teoricamente, o fracionamento dos fertilizantes deveria ser feito em caráter
mensal, porém, limitações de ordem econômica impedem que isto seja feito.
Em bananais onde se faz a irrigação, os adubos podem ser dissolvidos na
água e assim distribuídos em toda a área. Porém, para que isto seja feito, é
imprescindível que o controle fitossanitário das raízes seja perfeito, para que elas
explorem a área toda. Se isto não ocorrer, não se deve pretender distribuir o adubo
com a irrigação, uma vez que essas raízes sendo curtas, somente poderão explorar as
áreas próximas das plantas e se perderá muito adubo. Como recomendação, o melhor é
distribuir os adubos na frente de cada “família” e depois irrigar.
Como foi explicado anteriormente, as adubações devem ser feitas baseadas
em resultados de análise de solo (ver Cap. V-2.4) e também nas exigências do cultivar
que está sendo explorado. Os Quadros IX-9 e IX-10 mostram que os diversos
cultivares têm diferentes exigências nutricionais.
A título de ilustração e com base nos resultados das análises químicas dos
principais componentes minerais das bananeiras, constantes do Quadro IX-1, e
lembrando que apenas os cachos são retirados da área de produção, foi possível
elaborar o Quadro X-1, referente às quantidades de elementos que saem por tonelada
de cachos colhidos do cultivar Nanicão.
Quadro X-1- Quantidades de elementos contidos em cada tonelada de cachos colhidos do cultivar
Nanicão.

Elemento em kg/t de cacho Elemento em g/t de


cacho
N 1,922 B 2,142
P 0,264 Zn 1,805
K 8,440 Mn 10,558
Ca 0,272 Fe 9,181
Mg 0,281 Cu 0,986
S 0,064 Mo 0,003
Cl 1,129 Na 21,584
Al 8,051

Para se calcular a quantidade de cada elemento que é retirada com uma


determinada produção, basta multiplicar a tonelagem colhida por hectare pelo valor
correspondente a esse elemento, constante do Quadro X-1. Admitindo-se por exemplo,
uma produção de 20 t/ha/ano, têm-se os valores de cada elemento, os quais estão
reunidos no Quadro X-2.

Quadro X-2- Cálculo dos kg de adubos retirados do bananal, em função da sua produtividade.

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9)


N 1,922 x 20 = 38,44 * =sulfato de amônio 20192,20
kg
P 0,264 x 20 = 5,28 x 2,29 = 12,09 =superfosfato simples 20 60,40
kg
K 8,440 x 20 = 168,80 x 1,20 = 202,56 =cloreto de potássio 60337,40
kg
Ca 0,272 x 20 = 5,44 x 1,40 = 7,61 =calc. dolomítico 24 31,70
kg
Mg 0,281 x 20 = 5,62 x 1,66 = 9,32 =calc. dolomítico 16 58,20
kg
S 0,064 x 20 = 1,28 * =sulfato de amônio 24 1,28
kg
B 2,142 x 20 = 42,84 * =ácido bórico 17252,0
g
Zn 1,805 x 20 = 36,10 * =sulfato de zinco 20 55,4
g
Mn 10,558 x 20 = 211,16 * =sulfato de manganês 26812,15
g
Fe 9,181 x 20 = 183,62 * =sulfato de ferro 19966,42
g
Cu 0,986 x 20 = 19,72 * =sulfato de cobre 13151,69
g
Mo 0,003 x 20 = 0,06 * =molibdato de amônio 26 0,15
g
Na 21,564 x 20 = 431,68 * =cloreto de sódio 38165,48
g
Cl 1,129 x 20 = 22,58 * =cloreto de potássio 45 50,17
g
Al 8,051 x 20 = 161,02 * =hidróxido de alumínio 35 55,74
g

1- Elemento simples;
2- Peso de elemento simples por t de cacho;
3- Produtividade = t/ha/ano;
4- Peso do elemento simples extraído para essa produtividade;
5- Fator de transformação do elemento simples para sua forma em óxido;
6- Peso de óxido necessário;
7- Adubo simples;
8- Porcentagem de elemento simples ou de óxido contido no adubo simples;
9- Peso do adubo simples;
= significa corresponde; * não precisa de fator de correção.

Com base nas informações acima tem-se que, a cada ano da vida de um
bananal, que esteja produzindo 20 t/ha, ele exporta em kg de adubos desse hectare,
com a saída de seus cachos, a soma dos valores da coluna 9, que totalizam 681,18 kg
de macronutrientes, dos quais deve-se excluir o valor de S (1,28 kg), desde que tenha
sido aplicado o sulfato de amônio ou o superfosfato simples, sendo, portanto, esse
valor real de 679,9 kg. Essa mesma coluna possibilita calcular a soma de 2,5092 kg de
micronutrientes exportados com os cachos, dos quais também se deve subtrair 50,17 g
correspondente a quantidade de Cl que foi fornecida juntamente com o cloreto de
potássio, o que reduz aquela quantidade para 2,45903 g. De qualquer forma saíram
desse bananal 682,35903 kg de nutrientes. Convém lembrar que a quantidade de Ca
contido no superfosfato simples já seria suficiente para completar o consumo, mas
como há necessidade de se adicionar o Mg, através do calcário dolomítico, haverá
sempre um excesso de Ca sendo estocado no solo.
Para o produtor saber o quanto ele está retirando de nutrientes do solo do
seu bananal, basta ele saber qual é sua produtividade e substituir na coluna 3 do
Quadro X-2, o valor 20 pela sua.
Comparando-se esses resultados obtidos com as quantidades de adubo que
estão sendo aplicadas nesse bananal é possível saber se o solo está ficando enriquecido
ou empobrecido em nutrientes.
Fazendo-se a aplicação de um quilo da mistura 10-5-30 de N-P-K, por
planta e por ano, o que corresponde a 2.500 kg/ha e mais 225 kg de pó calcário
dolomítico por ha, concluí-se que havendo uma produção de 70 t, os cachos retiram
para fora do bananal:
- todo o potássio;
- metade do nitrogênio;
- terça parte do fósforo;
- metade do cálcio, corresponde a um pó calcário com 24% de CaO;
- todo o magnésio, corresponde a um pó calcário com 16% de MgO.
O Quadro IX-2 nos informa dos porcentuais de nutrientes que cada órgão
da bananeira contém por ocasião da colheita. Analisando os porcentuais de nutrientes
que saem com a retirada do cacho, verifica-se que os valores de N, P, K, S, B e Cu são
os maiores.
Estas informações são importantes para o conhecimento do agricultor, que
deverá considerá-las, na escolha de uma área, para a implantação de um bananal. Solo
que tenha elevada fertilidade natural, facilita o sucesso do empreendimento.
2.2- A época e a localização
Os adubos granulados apresentam a vantagem de terem lenta e contínua
solubilização e isto os torna muito recomendáveis para aplicação em bananeiras, com
as restrições feitas sobre a falta de enxofre em suas constituições (ver itens X-2.4.1.1.3
e X-2.4.1.6.3).
Em bananais onde se fez a calagem e a fosfatagem, antes de se iniciar o
plantio, os nutrientes contidos nesses corretivos não precisarão ser aplicados
novamente, restando portanto, apenas o nitrogênio e o potássio.
Se esses bananais novos foram plantados em setembro/outubro, as épocas e
os fertilizantes a serem aplicados para se suprir da melhor maneira possível suas
necessidades, durante as três primeiras colheitas, são as seguintes:
30 dias após, quer seja cova ou sulco: N e, em solos pobres, adicionar P
aos 2 meses de plantado: N
aos 6 meses de plantado: N e K
aos 8 meses de plantado: N
aos 10, 15, 17, 22 e 24 meses de plantado: N e K (comparar c/ plantio)
Em função dessas épocas de adubação, dos fertilizantes a serem aplicados,
do desenvolvimento das plantas e das colheitas da “mãe”, “filho” e “neto” é
possível compor-se a Figu

Figura X-2- Curvas dos ciclos de vida da “mãe”, “filho” e “neto”, com indicação das épocas de
aplicação dos adubos minerais (NP; N e NK), durante o período de 26 meses (outubro a
dezembro).
Nos bananais onde não se aplicou o fosfato natural deve-se aplicar o
fósforo na cova e aos 6, 15 e 22 meses.
Em bananais adultos, para as condições do Estado de São Paulo, as doses
anuais das misturas N-P-K ou somente N e K, devem ser aplicadas em três parcelas
iguais, durante os meses de agosto, dezembro e abril, o que corresponde a antes,
durante e quase final das chuvas. Melhor seria se os adubos pudessem ser aplicados
quatro vezes, quando então a distribuição deles seria em agosto, novembro, fevereiro e
abril.
Se por motivos diversos, não for possível fazer as três aplicações de
fertilizantes no bananal, o jeito é reduzir para dois o fracionamento da dose anual,
porém nunca para uma só vez. Neste caso, os meses indicados seriam os de setembro e
março, porém não é o certo.
Em locais de topografia acidentada deve-se tomar muito cuidado com a
época das adubações, pois uma forte chuva, logo após a sua distribuição pode arrastar
todo o fertilizante aplicado. Para se reduzir esses prejuízos, é recomendável que se
faça o fracionamento da adubação em quatro vezes no mínimo.
Da mesma forma, nos bananais plantados em solos arenosos a adubação
deve ser fracionada no mínimo em quatro doses iguais. Nestes solos, o problema da
lixiviação é muito grande e, conseqüentemente, pode-se ter muita perda de adubos.
Em locais onde haja freqüentes chuvas muito fortes por um prolongado
período, deve-se optar por um programa de apenas duas aplicações de adubos por ano,
isto é, antes e no final do período das chuvas. Estas adubações serão consideradas
básicas e em complementação, serão feitas adubações foliares.
Nesse caso, principalmente em se tratando de topografias acidentadas, é
recomendável que se evitem os adubos granulados e se usem os fertilizantes em pó.
Isto favorecerá sua mais rápida solubilização e, portanto, maior aproveitamento pelas
plantas. Neste caso, a complementação das adubações, via foliar, não é dispensada.
Não é recomendável que se aplique adubos químicos na cova, mas apenas a
matéria orgânica, seguindo as recomendações já feitas. Não adianta adubar se a planta
ainda não tem raízes.
As covas sendo relativamente pequenas e recebendo os adubos, podem criar
problemas de salinização e as primeiras raízes, devido à seus tecidos tenros, podem vir
a morrer por causticação.
Nos bananais em formação, em áreas mecanizáveis, a primeira adubação
será feita sempre em cobertura, em círculos completos, com 20 cm de largura e à 20
cm distante da muda, antes do fechamento total da cova ou sulco. As adubações
seguintes serão feitas em faixas circulares, de 20 cm de largura, distante 40 cm da
planta (Foto X-1).
Foto X-1- O desenvolvimento inicial das raízes é radial e por isso o adubo
é distribuído em faixa circular de 20 cm e distante 20 cm da planta.
Tendo sido definido, por meio do desbaste, o “filho” que vai ser deixado, as
adubações passarão a ser feitas em faixa de 20 cm de largura, em apenas meio círculo,
localizado na frente desse “filho”, mantendo sempre a distância de 40 cm (Foto X-2).

Foto X-2- Tendo sido definido o “filho”, a adubação passa a ser feita
em faixa de 20 cm, em ½ lua, ficando distante 40 cm da “família”.
Has áreas planas, quando surgir a planta “neto”, os adubos passarão a ser
distribuídos sempre, sobre uma faixa de 20 x 40 cm e distante 40 cm da planta mais
jovem da “família” (Foto X-3).
Foto X-3- No bananal adulto, a adubação é feita em faixa de 20 x 40cm
e distante 40 cm do rebento mais jovem. Essa localização estimula
que o nascimento do próximo rebento ocorra para esse lado.
Esta localização dos adubos se prende, inicialmente, ao fato de que as
bananeiras mais jovens da “família” não emitem raízes contra as plantas mais velhas.
O adubo aplicado em faixa transversal ao caminhamento da “família”, excita os
sistemas radiculares das plantas mais jovens a se desenvolverem para essa área, pois
eles serão quimioterapicamente atraídos para ela.
Este maior desenvolvimento unidirecional do sistema radicular, associado à
maior atividade de absorção de nutrientes, favorece o intumescimento mais rápido da
gema lateral de brotação que estiver aí localizada, o que é absolutamente óbvio de
acontecer. Em decorrência desse fato, essa gema se transformará em um novo rebento,
exatamente no sentido a que se condicionou o caminhamento da “família”.
Deve-se considerar ainda que, continuando-se aplicar o adubo sempre com
esta metodologia, chegará uma ocasião, em que uma bananeira estará crescendo
exatamente sobre uma área anteriormente adubada. Este fato faz com que todos os
remanescentes resíduos de fertilizantes sejam sempre aproveitados por alguma
bananeira.
Has topografias acidentadas, independentemente da idade das plantas, a
distribuição dos adubos será feita sempre, em uma faixa de 20 x 40 cm e distante 40
cm da bananeira mais jovem e em nível mais alto do que ela.
As explicações apresentadas anteriormente, quanto às implicações da
localização dos adubos, são também válidas para este caso, acrescida ainda que, nas
topografias acidentadas, todo esforço feito para se direcionar o sentido do
caminhamento das bananeiras morro acima, é válido.
As adubações devem ser feitas de preferência após a desfolha e ao desbaste,
o que facilita o operário a melhor identificar o local a ser adubado.
O mais recomendável é que todo o adubo seja aplicado diretamente sobre o
solo e não sobre os restos de cultura. Desta forma eles se umedecem mais rapidamente
e com isto sua solubilização também é acelerada.
Uma vez feita a adubação, deve-se fazer a cobertura dos adubos com as
folhas eliminadas, protegendo-os contra eventuais chuvas fortes, principalmente nas
áreas com topografias acidentadas. Esta cobertura reduz, em parte, a volatilização de
algum adubo e também ajuda a manter o local mais úmido.
Abrir pequenos sulcos ao redor da bananeira, para enterrar o adubo,
provoca sempre corte de suas raízes, o que é totalmente contra-indicado, uma vez que
a maior parte delas é bem superficial.

2.3- Misturas fertilizantes


O bananicultor ao comprar os fertilizantes que irá usar em sua propriedade
tem várias opções. Uma delas é adquirir fórmulas prontas contendo grânulos isolados
de N, P e K ou misturas de N-P-K em grânulos, que mais se ajustem às necessidades
indicadas pela análise do solo. As fórmulas prontas, em geral, têm preços mais
elevados do que os adubos simples.
Para a bananicultura, os adubos formulados em N-P-K apresentam o
inconveniente de não possuírem enxofre, pois eles são, em geral, preparados com
uréia, superfosfato triplo e cloreto de potássio, que não o contém. Há ainda a
considerar o rachamento que a uréia causa nas cascas das bananas, logo após ao
inverno (ver item X-2.4.1.1.3).
Além disso, se o bananicultor optar por utilizar o fosfato natural que, em
geral tem preço bem inferior aos superfosfatos (o que reduz muito o investimento em
fertilizantes), ele deverá comprar apenas o nitrogênio e o potássio isoladamente ou já
misturados.
Tendo sido comprado isoladamente os nutrientes, eles serão misturados na
propriedade um pouco antes de iniciar adubação do bananal. Este cuidado é para evitar
que os adubos, uma vez misturados, venham a se empedrar. Comprando grânulos dos
nutrientes não há o perigo de ocorrer o empedramento deles e a mistura é bem mais
fácil de ser feita.
É importante fazer-se um alerta para o emprego de adubos formulados
como FTE, hoje tão em moda o seu uso. Antes de se realizar sua compra, é preciso
verificar se, por acaso, ele contém Mn ou Fe, que são muito tóxicos para a bananeira.
Sob esta formulação eles são facilmente absorvidos e dificilmente eliminados.

2.4- íveis básicos de nutrientes nas folhas e no solo e indicações de adubação


As recomendações de adubação apresentadas a seguir estão baseadas em
vários autores, que julgamos merecer crédito científico e também na experiência
profissional deste autor, utilizando os níveis nutricionais e de fertilidade elaborados
pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), para o Estado de São Paulo.
Essas indicações são de caráter geral, devendo haver por parte do técnico
responsável pelo bananal, a obrigação de fazer, periodicamente, inspeções para
observar eventuais aparecimentos de cloroses, por carência ou toxidez de algum
nutriente e anualmente, fazer novas análises de solo e também de folhas.
Uma boa indicação sobre a validade dos níveis da adubação que estão
sendo utilizados em um bananal é avaliar-se sua produção e a produtividade.

2.4.1- Macronutrientes

2.4.1.1- itrogênio ()

2.4.1.1.1- íveis básicos de  na folha


Teor muito baixo baixo médio alto muito alto
N em g/kg <19 19-26 27-36 > 36

2.4.1.1.2 - íveis básicos de fertilidade de solo em função da M.O. e


adubação de , em gramas por “família”
Teor muito baixo baixo médio alto
muito alto
M.O.* em g/dm³ < 10 10-15 15-25 25-35
>35
‘NANICÃO’
Em N /ano 250 200 150 100
50
3x Sulfato de amônio c/ 20% 415 330 250 165
85
3x Nitrocálcio c/ 20% 380 300 230 150
75
3x Nitrato de amônio c/ 33% 250 200 150 100
50
3x Uréia c/ 45% 185 150 110 75
40

‘PRATA’
Em N /ano 180 150 112 75
38
3x Sulfato de amônio c/ 20% 300 250 190 125
65
3x Nitrocálcio c/ 20% 270 230 170 115
60
3x Nitrato de amônio c/ 33% 180 150 115 75
40
3x Uréia c/ 45% 135 110 85 55
30

* M.O. = C x 1,72

2.4.1.1.3- Considerações sobre a adubação nitrogenada


O N é normalmente absorvido pela raiz como cátion amônio (NH4+).
Os solos pobres em Ca e Mg dificultam a absorção do nitrogênio. A relação
entre N e K deve ser de 1:3.
O N pode ser aplicado no solo através de diversos fertilizantes tais como o
sulfato de amônio - (NH4)2SO4 - com 20% de N, ou nitrocálcio - [35% CaMg(CO3)2 +
65% NH4NO3] - com 20% de N, ou nitrato de amônio - NH4NO3 - com 33% de N, ou
a uréia - CO(NH2)2 - com 45% de N, ou nitrato de cálcio - Ca(NO3)2 - com 14% de N.
+
No solo eles acabam se transformando no cátion amônio (NH4 ) ou então em nitrato
-
(NO3 ), sendo que estes são absorvidos pelas raízes das bananeiras.
O nitrato é muito móvel no solo e pode se perder facilmente por lixiviação,
principalmente nos solos arenosos, devido a muita chuva ou irrigação. Decorre daí a
recomendação de fazer a aplicação do N sempre de forma bastante parcelada.
Quando se vai aplicar adubos de fácil volatilização, como por exemplo a
uréia, eles devem ser colocados diretamente no solo e em seguida serem cobertos com
a palhada da bananeira.
Aplicando-se o N superficialmente, em solos secos, pode haver alguma
volatilização, principalmente se o fertilizante for a uréia. Neste caso, se ela for
aplicada em solo úmido e houver forte insolação diretamente sobre ela, essa
volatilização pode chegar a 20% ou mais do N. Entretanto, quando ela é aplicada em
solos secos, em baixo dos restos de bananeiras, esta perda é desprezível, pois dentro
do bananal não deve haver incidência de raios solares e a palhada também é uma
proteção. Neste caso, ela vai se solubilizando lentamente, bastando para isso a pouca
umidade existente sob os restos de bananeiras e quando houver chuvas ou irrigações,
ela já estará disponível para ser absorvida.
Em bananais que já tenham florescido ou estejam próximo de o fazer, nas
adubações realizadas com N, no final do outono, nas regiões onde as estações do ano
são bem definidas, deve-se evitar a aplicação de nitratos e principalmente da uréia.
Eles provocam um rápido crescimento interno da fruta, que não é acompanhado pela
casca e por isso, freqüentemente, há o rompimento da casca, principalmente após a
climatização. Para que isto não ocorra, recomenda-se sua substituição pelo sulfato de
amônio, nesta ocasião. Entretanto, pode-se reduzir, em parte, este rachamento das
bananas mantendo a câmara com 95% de umidade relativa do ar e não as expondo a
intensa ventilação após seu processamento, tal como freqüentemente acontece durante
seu transporte até ao supermercado em veículos abertos.
A uréia não deve ser usada continuamente nas bananeiras, pois ela atua até
certo ponto como hormônio indutor de florescimento. Muitas vezes, ela provoca uma
parição precoce, que nesse caso, é sempre de um cacho menor. A recomendação de se
aplicar o sulfato de amônio, durante a fase vegetativa da bananeira, objetiva evitar a
antecipação do florescimento e, com isto, obter-se um melhor cacho e também o
fornecimento de S para ela.
Considerando as exigências em S, recomenda-se o uso do sulfato sempre,
podendo-se fazer a aplicação de nitratos ou da uréia, apenas logo após ao inverno, para
se provocar um estímulo no crescimento da planta.

2.4.1.2- Fósforo (P)

2.4.1.2.1-íveis básicos de P na folha


Teor muito baixo baixo médio alto muito alto
P em g/kg <1,2 1,2-1,7 1,8- 2,7 >2,7

2.4.1.2.2- íveis básicos de fertilidade de solo em função de P (resina) e


adubação em P2O5, em gramas por “família”

Teor muito baixo baixo médio altomuito


alto
P em mg/dm³ <6 6-15 16- 40 41-80 > 80
‘NANICÃO’
Em P2O5 /ano 230 170 110 60 30
3x Superfosfato simples c/ 20% 385 285 185 100 50
3x Superfosfato triplo c/ 41% 185 140 90 50 25
2
1x / m Fosfato natural c/ 28% 160 120 80 40 20

‘PRATA’
Em P2O5 /ano 172 127 82 45 22
3x Superfosfato simples c/ 20% 285 210 135 75 35
3x Superfosfato triplo c/ 41% 140 100 65 35 20
2
1x / m Fosfato natural c/ 28% 120 90 60 30 15

2.4.1.2.3- Comentários sobre a adubação fosfatada


As raízes absorvem o P como ânion ortofosfato (H2PO4-).
As adubações fosfatadas são feitas normalmente com o superfosfato
simples - Ca(H2PO4)2.H2O + CaSO4 - com 20% de P2O5 e 10% de S, ou superfosfato
triplo - 9Ca(H2PO4)2.H2O- com 41% de P2O5 ou os fosfatos naturais cuja porcentagem
em P2O5 varia de 23 a 39%.
A disponibilidade do P no solo depende do seu pH, sendo maior quando ele
é de 5,5 a 6,5. As argilas que contém Fe e Al na sua constituição, tem grande
capacidade de adsorver o P. Outra influência da disponibilidade de P no solo é a
natureza do adubo aplicado ou seja, o quanto ele tem de princípio solúvel.
As análises de solo determinadas a partir do método de extração com resina
de troca iônica, mede exatamente a quantidade de P que está solúvel nele. Este método
deixa de avaliar mais uma outra parte restante, que é desprezada, por estar
insolubilizada para a planta, uma vez que está adsorvida junto aos radicais de argila.
Esta facilidade do P ficar adsorvido pelas argilas determina que se aplique
quantidades maiores dele, a despeito da bananeira ser pouco exigente desde nutriente.
2
Os fosfatos naturais devem ser distribuídos por m , antes do preparo de solo
e incorporado durante as arações. A calagem somente deve ser feita após 30 a 60 dias
da fosfatagem, para que haja tempo dele ter iniciado sua solubilização, uma vez que
ela interrompe, temporariamente, este processo.
Os fosfatos naturais são, em especial para as bananeiras, uma fonte de P
excelente e barata, principalmente quando o solo é ácido. Os fosfatos naturais são
rochas ricas em P, que é pouco solúvel e por isso devem ser aplicados em forma de pó
bem fino. Estando assim moído, há um aumento de suas superfícies externas, que
facilita o ataque dos microrganismos, que provocarão a transformação do P insolúvel
em solúvel. Nos bananais já formados, há grande quantidade de micorrizas que são as
maiores desdobradoras dos fosfatos naturais. Quando os fosfatos são calcinados esta
reação biológica é mais facilitada.
Os fosfatos naturais têm em geral, apenas uma pequena porcentagem de P solúvel, o
que é, quase sempre suficiente para o início do desenvolvimento das bananeiras. À
medida em que ocorre a solubilização do P, ele é absorvido pela bananeira, sendo que
grande parte dele retorna ao solo, com os restos de cultivo, portanto, já em forma
solúvel. Com isto, a fosfatagem dispensa a aplicação de fosfatos solúveis por dois ou
mais anos. Entretanto, análises de solo devem ser feitas anualmente, para se avaliar a
necessidade de se realizar novas aplicações. Veja outras informções no Cap. VIII-2.1.

2.4.1.3- Potássio (K)

2.4.1.3.1- íveis básicos de K na folha

Teor muito baixo baixo médio alto muito alto


K em g/kg <26 26-33 34-54 >54

2.4.1.3.2- íveis básicos de fertilidade de solo e adubação de K, em


gramas por “família”
Teor muito baixo baixo médio alto muito alto
K em mmolc/dm³ <0,7 0,7-1,5 1,6-3,0 3,1-6,0 >6,0

‘NANICÃO’
Em K2O /ano 650 550 450 350 250
3x Cloreto de potássio c/ 60% 360 305 250 195 140

‘PRATA’
Em K2O /ano 487 412 337 262 187
3x Cloreto de potássio c/ 60% 270 230 185 145 105

2.4.1.3.3- Comentários sobre a adubação potássica


+
O K é absorvido pela raiz sob a forma do cátion K .
Em bananicultura, normalmente se utiliza o cloreto de potássio (KCl) com
60% de K2O, como fonte de K.
Há outros adubos que contém o K, mas suas porcentagens são menores e os
preços bem mais altos, como por exemplo o sulfato de potássio - K2SO4 - que contém
50% de K2O. Deve-se dizer que apesar do cloreto de potássio conter de 45 a 48% de
Cl, este nutriente não é prejudicial à bananeira, pois ela é uma das plantas que suporta
níveis muito altos de cloro em suas folhas.
O K é considerado medianamente móvel no solo, pois sua grande facilidade
de se agregar eletrostaticamente às partículas de argila, bloqueia seu livre trânsito. Nos
solos mais arenosos, portanto com menos argilas, suas ligações são menos consistentes
o que facilita seu desligamento ou seja, a possibilidade do K ficar solúvel nesses solos
são maiores. Este é o principal motivo pelo qual o K deve ser fracionado nas
adubações.
O K que a planta consegue mobilizar em seus tecidos, não se agrega a sua
+
parte orgânica e com isto não forma complexos, continuando livre como íon K . Este
fato possibilita que os restos da bananeira, ao serem reciclados no solo, libertem o K
neles contido, que poderá ser prontamente absorvido pelas raízes.
O K é normalmente absorvido pelas raízes, porém trabalhos recentes
demonstraram que ele é fácil e rapidamente assimilado, quando se aplica via
pseudocaule de plantas já colhidas ou no interior de “filhos” desbastados. Esta
metodologia de adubação demonstrou que após uma semana da sua aplicação, as
cloroses típicas de falta de K desapareceram, ao se introduzir na “família”, por
qualquer um dos dois meios, apenas 20% da dose que seria recomendada via solo.
Usando-se essa metodologia pode-se aplicar o cloreto de potássio, porém o
mais indicado, nesse caso, é o nitrato de potássio (KNO3) que contém 44 % de K2O e
13 % de N.

2.4.1.4- Cálcio (Ca)

2.4.1.4.1- íveis básicos de Ca na folha

Teor muito baixo baixo médio alto muito alto


Ca em g/kg <1,5 1,5-2,4 2,4-12 >12

2.4.1.4.2- íveis básicos de fertilidade de solo e adubação de Ca, em


gramas
Teor muito baixo baixo médio alto
muito alto
Ca em mmolc/dm³ <2 2-4 5-7 8-9 >
9
‘NANICÃO’ e ‘PRATA’
2
Em CaO /ano/ m 175 140 105 70
35
1x Dolomítico c/ 35% 500 400 300 200
100
1x Gesso c/ 30% 580 465 350 235
115

2.4.1.4.3- Comentários sobre a adubação calcítica


O Ca é absorvido como cátion Ca+2.
Normalmente não se faz adubação com Ca em bananeiras, pois a calagem,
em geral, supre suas necessidades.
Ao se fazer a calagem, o Ca se retém mais fortemente nas partículas de
argila do que o Mg e com isso, com o passar do tempo, o solo acaba tendo um certo
teor de Ca e quase nada de Mg. Há ainda o fato que o Ca é reciclado no solo mais
facilmente e em maior porcentagem do que o Mg, que por sua vez, é muito consumido
com a produção da clorofila e retirado em maior quantidade com as colheitas (ver
Quadro IX-2). Há também o fato que muitos adubos levam na sua composição
química o CaO, como é o caso do nitrocálcio (5%), superfosfato triplo (15%),
superfosfato simples (26%), farinha de ossos (36%), etc. Estes fatores, por si só, já são
suficientes para se recomendar o uso do calcário dolomítico, com altos teores de Mg.
Se não bastasse esses fatos para se recomendar que a calagem seja feita
com pó calcário dolomítico, rico de MgO, tem-se ainda que a bananeira precisa
receber uma forte adubação de K para assegurar uma boa colheita e também a
necessidade de se manter o equilíbrio entre o K e o Mg. Se isto não for respeitado,
pode-se provocar o distúrbio fisiológico conhecido como “azul-da-bananeira”, que é
capaz de anular totalmente a produção.
A calagem deve ser feita segundo suas necessidades, calculadas com base
nos resultados da análise de solo. Quando se faz a calagem, é preciso ter-se muito
cuidado com os teores dos nutrientes K, Zn, B e Mn, pois ela afeta diretamente a eles.
Em casos especiais, onde os solos são naturalmente ricos em Mg e,
havendo necessidade de se fazer a correção de sua acidez, pode-se aplicar o gesso -
CaSO4.2H2O - que contém de 30 % de Ca, como corretivo e nutriente.
Em locais onde seja preciso fazer-se a calagem e não se tenha o dolomítico,
por uma questão de economia, pode-se lançar mão do gesso, que, em geral, tem preço
menor que o calcário e possui também o S, que é importante para a bananeira. Neste
caso, será necessário fornecer-se, posteriormente, o Mg, para se manter o equilíbrio
entre o Ca, Mg e o K.

2.4.1.5- Magnésio (Mg)

2.4.1.5.1- íveis básicos de Mg na folha

Teor muito baixo baixo médio alto


muito alto
Mg em g/kg <1,9 1,9-2,6 2,7-6,0
> 6,0

2.4.1.5.2- íveis básicos de fertilidade de solo e adubação de Mg, em


gramas
Teor muito baixo baixo médio altomuito
alto
Mg em mmolc/dm³ <4 4-5 6-9 10-15 >15
‘NANICÃO’ e ‘PRATA’
2
Em MgO /ano/ m 85 68 51 34 17
1x Dolomítico c/ 17% 500 400 300 200 100
1x Óxido de magnésio c/100% 85 70 50 35 20
3x Sulfato de magnésio c/16% 180 140 105 70 35

2.4.1.5.3- Comentários sobre adubação magnesiana


+2
O Mg é absorvido sob a forma do cátion Mg .
Além das importâncias já citadas que o Mg têm para a bananeira, deve-se lembrar que
o equilíbrio Ca, Mg e K tem que ser mantido e como ela extrai altos teores de K, os
outros dois também tem que estar com porcentual alto. Além disso, o Mg é bastante
consumido pela planta, sofre perdas devido às altas adubações nitrogenadas, é mais
lixiviado do que o Ca, entra em menor porcentagem nos calcários e poucos são os
adubos que o contém.
Principalmente nos solos ácidos, conforme foi citado anteriormente, tem-se
que manter o equilíbrio entre o K e o Mg, para se evitar que ocorra o
“azul-da-bananeira”.
O fornecimento de Mg para a bananeira, é feito normalmente com a
calagem, quando se deve aplicar o pó calcário dolomítico, com o mínimo de 17% de
MgO e se possível, com maiores teores ainda. A preocupação de se recomendar
calcários com altos teores de MgO se prende as seguintes ponderações: esta é a fonte
mais barata de Mg; é um corretivo de solo que fornece o Ca e tem solubilização
constante, o que o torna pouco lixiviado. Apresenta o inconveniente de precisar ser
incorporado ao solo, mas com o conceito de que o bananal deve ser periodicamente
destruído e replantado, esta restrição desaparece.
Outra fonte de Mg é o óxido de magnésio que é pouco solúvel, porém nos
solos ácidos tem maior solubilidade. A sua alta concentração em MgO (100%), o torna
bastante indicado para as regiões onde não haja calcário dolomítico e seja necessário o
uso do Mg, como corretivo de desbalanceamento nutricional.
O óxido de Mg quando aplicado no interior da planta “mãe” recém-colhida
ou no “filho” desbastado, apresenta maior e mais rápida solubilização. Neste caso, ele
é usado apenas como adubo, na dosagem de até 20 gramas por “família”, por vez, com
intervalos de 3 a 4 meses.
Dentre os outros adubos magnesianos existentes, o sulfato de magnésio - (
MgSO4.7H2O) - também pode ser recomendado, pois contém 9% de Mg ou seja 16%
de MgO e 12% de S. O preço do Mg nele contido é alto e por isso não deve ser usado
rotineiramente no solo, portanto, apenas em casos emergenciais de carência aguda ou
desequilíbrios nutricionais. Sua aplicação via foliar é muito eficiente e prontamente
absorvido, podendo ser usado em concentração de 3%, na quantidade de 30 litros por
ha, junto com uréia a até 5% e mais 0,01% de espalhante adesivo.
Em substituição a aplicação via foliar, o sulfato de Mg também pode ser
utilizado via pseudocaule, nas mesmas condições do óxido de Mg.
Os demais adubos magnesianos como o carbonato de magnésio, sulfato de
potássio e magnésio, etc., podem ser utilizados, porém seu preço é bastante alto.

2.4.1.6- Enxofre (S)

2.4.1.6.1- íveis básicos de S na folha


Teor muito baixo baixo médio alto
muito alto
S em g/kg <1,9 1,9-3,1 3,2-4,0
> 4,0

2.4.1.6.2- íveis básicos de fertilidade de solo e adubação de S em gramas


por “família”
Teor muito baixo baixo médio alto muito alto
S em mg/dm³ <4 4-5 6-10 11-15 > 15

‘NANICÃO’
Em S /ano 20 15 10 5
3x Sulfato de amônio c/ 24% 30 20 15 10
3x Superfosfato simples c/ 12% 55 40 30 15
3x Gesso c/ 16% 40 30 20 10
3x Enxofre c/ 95% 10 5 5 5

‘PRATA’
Em S /ano 15 11 8 3,7
3x Sulfato de amônio c/ 24% 20 15 10 5
3x Superfosfato simples c/ 12% 40 30 20 10
3x Gesso c/ 16% 30 20 15 10
3x Enxofre c/ 95% 5 5 5 5

2.4.1.6.3- Comentários sobre a adubação sulfatada


O S é absorvido pelas raízes como ânion sulfato (SO4-2).
Nas adubações feitas para suprimento do S, normalmente se utiliza o
sulfato de amônio que contém 24% de S. Entretanto, há outras fontes de S cujo preço é
maior, como o sulfato de magnésio - MgSO4 - com 12%, o sulfato de potássio - K2SO4
- com 18%, e a uréia-sulfato de amônio com 5%. Nos programas de adubação, é
recomendável que se utilize, no mínimo uma vez por ano, uma fonte rica em S, porém
o melhor seria se fossem duas ou três.
Próximo das grandes cidades a poluição ambiental é uma boa fonte de S.
Em solos salinizados o uso de gesso constitui uma importante fonte de S. A
aplicação de uma t/ha de gesso com 17% de umidade, consegue aumentar 0,5 ppm de
S no solo. Da mesma forma, nesses solos é recomendado a aplicação do S puro
(elementar), que tem alto poder acidificante. No caso de se aplicar o S puro, ele deverá
ser moído ao máximo para se ter sua maior oxidação (forma de se torna-lo solúvel) e,
conseqüentemente, maior poder acidificante.
A adubação de S via foliar, normalmente não é feita, porém a melhor forma
de o fazer é por meio do sulfato de magnésio, na concentração de até 3%, junto com as
pulverizações para controle da sigatoka.
A quantidade de S que as plantas utilizam no seu metabolismo, em geral,
corresponde a apenas 10 a 15% do que elas extraem do solo.
No caso dos cultivares Enxerto (Prata anã) e Pioneira, as suas exigências
em S são maiores e por isso deve-se procurar manter o nível dele sempre alto, ou seja
no padrão do ‘Nanicão’.
2.4.2- Micronutrientes

2.4.2.1- Boro (B)

2.4.2.1.1- íveis básicos de B na folha


Teor muito baixo baixo médio-alto muito alto
B em mg/kg < 0,7 0,7-10 11-25 > 25

2.4.2.1.2- íveis básicos de fertilidade de solo e adubação de B, em


gramas por “família”, via pseudocaule.
Teor muito baixo baixo médio altomuito alto
B em mg/dm³ < 0,2 0,2-04 0,5-0, 0,8-1, >1,0
‘NANICÃO’
Em B /ano 2,5 1,5 0.8
2x Bórax c/ 11% 11,0 7,0 4,0
2x Ácido bórico c/ 17% 7,5 4,5 2,5
2x Borogran c/ 10% 12,5 7,5 4,0

‘PRATA’
Em B /ano 1,8 1,1 0.6
2x Bórax c/ 11% 8,5 5,0 3,0
2x Ácido bórico c/ 17% 5,5 3,5 2,0
2x Borogran c/ 10% 9,0 5,5 3,0

2.4.2.1.3- Comentários sobre a adubação bórica


O B é absorvido pelas raízes como ácido bórico H3BO3.
Quando se aplica o bórax - Na2B4O7.10H2O - (que contém 11% de B) no
solo ou na planta, ele precisa ser transformado em ácido bórico (que contém 17% de
B), para poder ser absorvido. Nos solos ácidos, o B existe em quantidades pequenas e
como sua fixação iônica na partícula argila é frágil, ele apresenta boa mobilidade no
solo, o que o torna facilmente lixiviado com as chuvas ou pela irrigação, chegando em
alguns tipos de solo a 20%. Nas plantas, ele tem pouca mobilidade, devido a existência
do floema que funciona como uma barreira para ele. No caso da bananeira, que tem
seu floema difuso, ele tem grande movimentação.
Ele é também adsorvido pela matéria orgânica, que somente o libera depois
de sua decomposição. Quando se faz a calagem, aumenta-se o pH do solo, o que
provoca liberação de B, porém aumenta a quantidade de Ca que é um bloqueador de
sua disponibilidade. O Al e o Fe também são inibidores da disponibilidade do B, uma
vez que eles o adsovem.
Diante dessas dificuldades de se aplicar o B no solo e obter-se o resultado
desejado e a facilidade de o aplicar via “mãe” colhida ou “filho” desbastado, acrescido
da reduzida quantidade que se deve aplicar por planta, recomenda-se evitar a aplicação
via solo, quando se teria que aumentar a dose para compensar as perdas.
A recomendação do uso do Borogran se prende ao fato dele ser granulado,
o que facilita sua mistura com o nematicida. Isto não acontece com o ácido bórico que
é higroscópico e por isso precisa ser misturado apenas no dia de sua aplicação.
Entretanto, o ácido bórico ou o Borogran podem ser misturados com o nematicida
antecipadamente, desde que sejam mantidos em embalagens fechadas, como garrafas
de plástico completamente cheias, para não haver umidade dentro.
O ácido bórico é bastante solúvel o que viabiliza sua aplicação via foliar.
Entretanto, há certa dificuldade da bananeira em realizar sua absorção pelas folhas.
Ele pode ser aplicado juntamente com as pulverizações para o controle da
sigatoka-amarela. Recomenda-se que ele seja diluído em água e depois devidamente
coado em peneiras, menores do que o bico do pulverizador, para se evitar
entupimentos. A quantidade a se utilizar não deve ultrapassar a 0,1% da solução e a 3
kg por ha por ano, como manutenção. Concentrações maiores podem causar
entupimentos nos equipamentos atomizadores. O uso do ácido bórico quelatizado
facilita sua absorção pela folha, porém seu custo é mais elevado.
Há trabalhos recentes da aplicação do B juntamente com o glifosato, onde
obteve-se bom resultado. Neste caso, o B foi aplicado na quantidade de até 300 gramas
por ha.
É importante tomar-se muito cuidado com as quantidades que se vai
aplicar de B, pois os seus limites de tolerância e toxidez estão muito próximos.

2.4.2.2- Zinco (Zn)

2.4.2.2.1- íveis básicos de Zn na folha

Teor muito baixo baixo médio alto


muito alto
Zn em mg/kg <16 16-19 20-50 >
50

2.4.2.2.2- íveis básicos de fertilidade de solo e adubação de Zn, em


gramas por “família”, via pseudocaule
Teor muito baixo baixo médio alto muito
alto
Zn em mg/dm³ < 0,5 0,6-1,1 1,2-1,3 1,4-1,5 > 1,5
‘NANICÃO’
Em Zn /ano 12 10 6 4 2
2x Sulfato de zinco c/ 20% 30 25 15 10 5
2x Zincogran c/ 20% 30 25 15 10 5
2x Óxido de zinco c/ 50% 12 10 6 4 2

‘PRATA’
Em Zn /ano 9 7,5 4,5 3 1,5
2x Sulfato de zinco c/ 20% 22 19 12 8 4
2x Zincogran c/ 20% 22 19 12 8 4
2x Óxido de zinco c/ 50% 9 8 5 3 2
2.4.2.2.3- Comentários sobre adubação com zinco
+2
O Zn é absorvido pelas raízes sob a forma de cátion Zn .
Os solos ácidos mantém o Zn em maior porcentagem de disponibilidade.
Convém lembrar que os solos ricos em P, freqüentemente provocam o aparecimento
de cloroses de Zn.
Dada a reduzida quantidade que normalmente se aplica de Zn, o mais
recomendado é que ela seja feita via “mãe” colhida ou “filho” desbastado, pois se o
sistema radicular da planta não estiver saudável, ele pode não ser absorvido ou ter
perdas devido a sua lixiviação, imobilização pela M.O., assimilação pelos estercos ou
adsorsão pelos colóides. Salvo estas restrições, qualquer adubo com Zn pode ser
aplicado diretamente no solo.
O adubo mais comumente usado é o sulfato de zinco - ZnSO4.7H2O - que
contém 20% de Zn e 11% de S e que é solúvel em água, não volátil e medianamente
higroscópico. Outro adubo é o óxido de zinco - ZnO - que contém 50% do elemento,
porém é pouco solúvel em água, mas na seiva da bananeira tem sua solubilidade
aumentada. Seu uso é limitado pela dificuldade comercial de sua aquisição. O
Zincogran tem também 20% de Zn, porém ele é preparado a partir do óxido de Zn. Sua
recomendação para banana se prende a possibilidade dele ser aplicado via “mãe”
colhida ou “filho” desbastado, junto com o nematicida e o B. O sulfato de Zn também
pode ser aplicado segundo esta metodologia. Desta forma a pequena quantidade que é
aplicada não sofre perdas, tem seu efeito melhorado e acelerado.
O sulfato de Zn pode ser aplicado via foliar, na concentração de até 1%, na
dosagem máxima de 10 kg por ha e por ano, como manutenção, juntamente com as
pulverizações para controle da sigatoka.

2.4.2.3- Manganês (Mn)

2.4.2.3.1- íveis básicos de Mn na folha


Teor muito baixo baixo médio alto
muito alto
Mn em mg/kg <100 100-200 201-1.500
>1.500

2.4.2.3.2- íveis básicos de fertilidade de solo e adubação de Mn, em


gramas por “família”, via pseudocaule
Teor muito baixo baixo médio alto muito alto
3
Mn em mg/dm <1,2 1,3-5,0 >5,0
‘NANICÃO’
Em Mn /ano 10 5 2
2x Sulfato de manganês c/ 26% 20 10 4
2x Óxido de manganês c/ 41% 12 6 3

‘PRATA’
Em Mn /ano 7,5 3,7 1,5
2x Sulfato de manganês c/ 26% 14,2 7,2 2,8
2x Óxido de manganês c/ 41% 9,0 4,5 1,8

2.4.2.3.3- Comentários sobre a adubação com manganês


+2
O Mn é absorvido pelas raízes como cátion Mn , apesar dele existir no
+3 +4
solo também como óxidos, sob as formas de Mn e Mn , que são pouco absorvidas
pela planta. Ele é mais absorvido com pH entre 5,0 a 6,5 apesar de já estar solúvel em
índices menores.
Quando há efetivamente necessidade de se aplicar Mn no bananal, isto é
feito a partir do sulfato de manganês - MnSO4.4H2O - que contém 26% de Mn e 17%
de S. Este adubo que é bastante solúvel, pode ser aplicado via solo ou via foliar.
Ele pode também ser aplicado como óxido de manganês - MnO - que
contém 41% de Mn, porém é pouco solúvel.
Deve-se tomar muito cuidado com o nutriente Mn, pois ele é muito tóxico
para as bananeiras e difícil de ser insolubilizado.

2.4.2.4- Ferro (Fe)

2.4.2.4.1- íveis básicos de Fe na folha


Teor muito baixo baixo médio alto
muito alto
<77 78-84 85-360
>360

2.4.2.4.2- íveis básicos de fertilidade de solo e adubação de Fe, em


gramas por “família”, via pseudocaule.

Teor muito baixo baixo médio alto


muito alto
3
Fe em mg/dm <4 4-5 6-12 >12
‘NANICÃO’
Em Fe /ano 1,5 1,0 0,5
2x Sulfato ferroso c/ 19% 4,0 2,6 1,3

‘PRATA’
Em Fe /ano 1,1 0,7 0,3
2x Sulfato ferroso c/ 19% 2,8 1,8 0,8

2.4.2.4.3- Comentários sobre adubação com Fe


O Fe é absorvido pelas raízes como cátion Fe+2, sendo mais assimilado com
pH entre 4 a 6,0.
A adubação para suprimento de Fe é muito difícil de ser necessário fazê-la,
pois ao se corrigir o solo com a calagem haverá liberação desse nutriente.
Entretanto, na eventualidade de ser necessária a adubação, ela será feita
com o sulfato ferroso - FeSO4.7H2O - que contém 19% de Fe e 18% de S,
preferencialmente via foliar ou “mãe” colhida ou “filho” desbastado.

2.4.2.5- Cobre (Cu)

2.4.2.5.1- íveis básicos de Cu na folha

Teor muito baixo baixo médio alto


muito alto
Cu em mg/kg <3 3-6 7-30
>30

2.4.2.5.2- íveis básicos de fertilidade de solo e adubação de Cu, em


gramas por “família”, via pseudocaule

Teor muito baixo baixo médio alto


muito alto
3
Cu em mg/dm < 0,2 0,3 0,8 0,9-1,0
>1,0
‘NANICÃO’
Em Cu /ano 1,5 1,0 0,5
2x Sulfato de cobre c/ 24% 3,1 2,0 1,0

‘PRATA’
Em Cu /ano 1,1 0,7 0,3
2x Sulfato de cobre c/ 24% 2,2 1,4 0,6

2.4.2.5.3- Comentários sobre a adubação cúprica


O Cu é absorvido pelas raízes como cátion Cu+2, sendo que sua maior
disponibilidade é encontrada no solo quando o pH está entre 5,0 e 6,5.
Como fonte deste nutriente, o adubo mais recomendado é o sulfato de cobre
- CuSO4.5H2O - que contém 24% de Cu e mais 12% de S. Sua aplicação via solo é
pouco indicada dado aos múltiplos fatores que o tornam quase insolúvel, sendo por
isso recomendado via foliar ou “mãe” colhida ou “filho” desbastado, uma vez que
dentro da planta sua mobilidade é maior e não há perdas.
Merece fazer-se um destaque que, nas regiões onde a sigatoka foi, durante
muitos anos, controlada com produtos cúpricos, este nutriente manteve-se em excesso
no solo por longo tempo.

2.4.2.6- Cloro (Cl)

2.4.2.6.1- íveis básicos de Cl na folha.

Teor muito baixo baixo médio alto


muito alto
Cl em mg/kg <0,4 0.4 -0,8 0,9-1,5
>1,5

2.4.2.6.2- íveis básicos de fertilidade e tolerância de Cl e a no solo.


Teor muito baixo baixo médio alto
muito alto
3
Cl + Na em mg/dm <500 1.000 >1.000
tolera atrofia morre

2.4.2.6.3- Comentários sobre adubação com Cl


-
O Cl é absorvido pelas raízes como ânion cloreto Cl .
Não se recomenda adubações com a finalidade de suprimento em Cl, pois o
mais importante é evitar-se o aumento do seu teor no solo. A quantidade de 45 a 48%
de Cl que está contida no cloreto de potássio (KCl), é mais do que suficiente para a
bananeira. Ela é uma das plantas que têm maior tolerância ao Cl.

2.4.2.7- Sódio (a)

2.4.2.7.1- íveis básicos de a na folha

Teor bom crítico agudo


Na em mg/kg 115 165

2.4.2.7.2- íveis básicos de fertilidade e tolerância de Cl e a no solo.


Teor muito baixo baixo médio alto
muito alto
3
Cl + Na em mg/dm <500 1.000 >1.000
tolera atrofia morre

2.4.2.7.3- Comentários sobre adubação com a


O Na é absorvido pelas raízes como cátion Na+.
À semelhança do Cl, para o Na também não se faz adubações.
Eliminar-se o Na do solo é muito mais difícil do que se corrigir a sua
toxidez na planta.

2.4.2.8- Molibdênio (Mo)

2.4.2.8.1.- íveis básicos de Mo na folha.

Teor muito baixo baixo médio alto


muito alto
Mo em mg/kg <0,05 0,05 0,15-0,16 0,32
>0,32

2.4.2.8.2- íveis básicos de fertilidade de solo de Mo


Teor muito baixo baixo médio alto
muito alto
3
Mo em mg/dm <0,5 12 >12

2.4.2.8.3- Comentários sobre a adubação com molibdato


Ele é absorvido pelas raízes como ânion molibdato (HMoO4-) ou molibdato
de amônio (NH4)6Mo7O24.2H2O.
Efetivamente pouco se conhece do Mo como nutriente em banana, e por
isso ele ainda não é utilizado nos programas de sua adubação. Extrapolando o seu
comportamento em outras fruteiras, pode-se dizer que sua importância é pequena,
motivo pelo qual ainda não se utiliza-o em seus programas de adubação. O molibdato
de amônia contém 39% de Mo.

2.5- Adubações foliares

A adubação foliar é uma prática agrícola relativamente recente para os


bananicultores. Sua recomendação passou a ser feita entre nós, a partir do final da
década de 70, após trabalhos experimentais conduzidos pelo IAC. Tendo sido
comprovado que, em bananeiras, é possível utilizar adubos por via foliar até na
concentração de 25% de sais, sem causar queima nas folhas, esta prática torna-se
econômica. Entretanto, para se atingir níveis tão elevados, é de suma importância
observar-se a hora de se realizar a pulverização, para não se provocar queimaduras
nas folhas. Ela deve ser iniciada somente bem no final da tarde, quando logo mais as
folhas ficarão orvalhadas e então, a solução fertilizante que está altamente concentrada
se diluirá aos níveis convencionais.
A pulverização foliar é feita em atomização, utilizando-se os mesmos
esquemas e equipamentos desenvolvidos para o controle da sigatoka, principalmente
aqueles acoplados ao trator. Para adubação foliar com esses implementos, o bananal
deve ter carreadores conforme indicado no Cap. V-2.7. O atomizador deverá ter
depósito de plástico capaz de transportar, no mínimo, 400 litros para dar um bom
rendimento.
Experiências feitas com aplicações via foliar da mistura N-P-K mais alguns
micronutrientes, demonstraram que mesmo em níveis baixos, o ferro e o manganês são
tóxicos para a bananeira, sendo capazes de até mesmo provocar paralisação no seu
desenvolvimento.
No preparo da solução dos adubos foliares, o nitrogênio poderá ser
fornecido sob a forma de uréia, o potássio sob a forma de cloreto de potássio e o
magnésio sob a forma de sulfato de magnésio.
Verificou-se também que a bananeira conseguiu suportar, sem provocar
queimadura em suas folhas, até os seguintes níveis de adubos, usando-se 30 litros por
hectare da solução, aplicados à noite:
uréia 10%
cloreto de potássio 10%
sulfato de magnésio 5%
Como complementação da adubação de solo, pode-se fazer aplicações
foliares a cada 30 dias. No preparo da solução de fertilizantes podem ser dissolvidos
em cada 100 litros de água, os seguintes adubos, para um consumo de 30 litros/ha:
5 kg de uréia
5 kg de cloreto de potássio
3 kg de sulfato de magnésio
0,5 kg de sulfato de zinco
100 ml de espalhante adesivo
Para combinar o controle da sigatoka com as adubações foliares, basta
adicionar na solução do fungicida os fertilizantes e os aplicar normalmente na dose
recomendada. Neste caso não haverá necessidade de se adicionar o espalhante adesivo.
Há no mercado nacional, um produto oleoso que tem em suspensão N-P-K
e os micronutrientes Mg, Cu, Zn e B, todos em forma de quelatos, cujos resultados, em
bananicultura, superam tudo que se pode esperar. Este produto apresenta ainda a
vantagem de conseguir, por si só, exercer um certo controle da sigatoka. Sua adição a
mistura do fungicida é bastante recomendável.
Bananais com clorose evidenciando carência de magnésio, podem ser fácil
e rapidamente recuperados aplicando-se, via foliar, três vezes 0,3 g de sulfato de
magnésio por planta, em uma solução com uréia a 3%, em intervalos de 15 dias.
Decorridos 30 dias da última aplicação, em geral, não mais se observam as cloroses
nas folhas.
O mecanismo da absorção da adubação foliar pode ser dividida em duas
fases:
1ª fase - passiva, quando o adubo atravessa a cutícula e se difunde no
tecido;
2ª fase - ativa ou metabólica, quando o adubo chega ao simplasto celular e a
partir daí, passa efetivamente a atuar na planta.
A absorção dos adubos foliares é influenciada por condições próprias da
folha (sua estrutura, composição química, idade, etc.), fatores relacionados aos
nutrientes e ainda aqueles inerentes às soluções aplicadas.
Dentre os fatores inerentes aos nutrientes, quando aplicados sobre as
folhas, de forma isolada, eles podem ser classificados em:
Altamente móveis N(n), K, Na
Móveis N(a), P, Mg, S, Cl
Parcialmente móveis Zn, Cu, Mn, Fe, Mo
Imóveis B, Ca
(n) - nítrico (a) - amoniacal
Os fatores inerentes às soluções aplicadas dizem respeito à sua
concentração, à mistura de nutrientes, à presença de agentes molhantes e ao pH.
Há ainda a considerar os fatores externos ou ambientais, que estão ligados à
luz, disponibilidade de água no solo, temperatura ambiente, época do ano (verão ou
inverno), movimentação do ar e ainda a forma de se aplicar a solução fertilizante
(capacidade de produzir uma atomização bem regular).
Os fatores inerentes aos nutrientes podem ser em parte compensados,
misturando-se aos móveis um que apresente problemas na sua translocação.
Os nutrientes que apresentam dificuldades de ser absorvidos via foliar,
podem ser aplicados no solo. Neste caso, sempre que possível, eles devem ser
dissolvidos em água e aplicados no mesmo local em que se aplica o N-P-K, para que
sejam conduzidos pelos demais para dentro das raízes. Esta dissolução só se faz com
os micronutrientes, dada a reduzida quantidade que se aplica em cada “família”.
Uma metodologia muito mais eficiente e simples de se introduzir os
fertilizantes nas bananeiras é aplicar-se os micronutrientes via buraco feito com a
lurdinha, no pseudocaule da “mãe” colhida ou do “filho” desbastado, juntamente com
a aplicação dos nematicidas.
Esta metodologia tem grande importância na aplicação do K, durante o
período prolongado de chuvas, quando ele é facilmente lixiviado e as plantas passam a
demonstrar fortes cloroses.
A absorção de nutrientes é maior quando o índice pH da solução fertilizante
está próxima do ponto neutro (pH=7). Os adubos ácidos sofrem um decréscimo de
absorção quando o pH passa de 7 para 1; porém nas substâncias alcalinas há um
aumento, quando ela passa de 3 para 9.
Quando o fertilizante a ser aplicado, por via foliar, é quelatizado estes
problemas não existem, pois, sob esta forma, eles são absorvidos mais facilmente e em
maior quantidade, porém seu preço é bem mais elevado.
A velocidade de absorção dos íons aplicados isoladamente e, em condições
médias, no que diz respeito aos fatores ambientais, é indicada no Quadro X-3.

Quadro X-3- Velocidade de absorção pelas folhas de bananeiras

Uréia ½ a 2 horas
K, Mg 10 a 24 horas
Ca 10 a 90 horas
Zn, B, Mn 1 a 2 dias
Cl 1 a 4 dias
P, S 5 a 10 dias
Fe, Mo 10 a 20 dias

2.5.1- Absorção foliar de macro e micronutrientes


A absorção foliar dos adubos se processa da forma como indicada a seguir:
-
Nitrogênio - É absorvido sob a forma dos íons nitrato (NO3 ) e amônio
+
(NH4 ), e uréia - CO(NH2)2;
Fósforo - É absorvido sob a forma de fosfato inorgânico (H2PO4-);
Potássio - É absorvido sob a forma iônica (K+) com os mesmos resultados
quer provenha de nitrato, cloreto ou sulfatos;
+2
Cálcio - É absorvido sob a forma iônica (Ca );
Magnésio - É absorvido sob a forma iônica (Mg+2);
Boro, zinco, manganês, ferro, cobre e molibdênio - são micronutrientes cuja
absorção se processa sob a forma iônica.

2.6- Principais fertilizantes simples


O Quadro X-4 e o Quadro X-5 relacionam os fertilizantes simples, seus
componentes e teores, os quais podem ser adquiridos no comércio e utilizados pelos
produtores.

Quadro X-4- Principais macrofertilizantes simples e teores em % de N, P2O5, K2O, S, CaO e MgO.
--------------------- Teores em % -----------------------
Fertilizantes N P2O5 K2O S CaO
MgO
Uréia 45
Sulfato de amônio 20 23
Nitrato de amônio 33,5
Nitrocálcio 27 5
3
Nitrato de potássio 13 44
Fosfato diamônico (DAP) 16 45
Fosfato monoamônico (MAP) 9 48
Superfosfato 30 30 8 28
Superfosfato simples 20 10 26
Superfosfato triplo 45 15
Termofosfato 19 28
16
Escória de Thomas 19 25
Farinha de ossos 30 36
Fosfato Alvorada * 33
Serrana fosfato (Cajati) * 33
Colreto de potássio 60
Sulfato de potássio 50 18
Sulfato de potássio e magnésio 22 22
18
Cinzas de madeira 5
2

*Fosfatos naturais

Quadro X-5- Principais microfertilizantes simples e teores em % de B, Zn, Mn, Fe, Cu e Mo.
Fertilizante Micronutriente
Ácido bórico 17% de B
Bórax 11% de B
Sulfato de zinco 20% de Zn
Óxido de zinco 50% de Zn
Sulfato de manganês 26% de Mn
Óxido de manganês 41% de Mn
Sulfato ferroso 19% de Fe
Sulfato de cobre 24% de Cu
Molibdato de amônio 54% de Mo
Molibdato de sódio 39% de Mo

2.7- Como calcular fórmulas de adubação


Admitindo-se que foi recomendado fazer uma adubação usando apenas
adubos simples e haja interesse em se comprar uma fórmula, como se faz essa
transformação? Vejamos o seguinte exemplo, para uma recomendação de se aplicar,
por “família”, as quantidade dos adubos abaixo relacionados:
400 g de sulfato de amônio que contém 20% de N, portanto, têm 80 g de N.
185 g de superfosfato simples que contém 20% de P2O5 , portanto, têm 37 g
de P2O5.
195 g de cloreto de potássio que contém 60% de K2O, portanto, têm 117 g
de K2O.
Em seguida divide-se os valores obtidos (80, 37, 117) pelo menor deles, para se ter
uma relação entre eles.
80 ÷ 37= 2,2 37 ÷ 37 = 1 117 ÷ 37 = 3,2 ou seja 2,2 : 1 : 3,2
Para se obter uma fórmula a ser comprada, faz-se uma tentativa
multiplicando a relação (2,2-1-3,2) por um número qualquer, que pode ser por
exemplo o 5, cujo resultado será: 11 - 5 - 16 que é a fórmula que será comprada.
Convém lembrar que a atual legislação determina que a soma das relações
na fórmula seja no mínimo de 24 e de no máximo 60.
Posto isto é preciso calcular-se a quantidade dessa fórmula, que será
aplicada para corresponder a recomendação feita. Tomando-se por base um nutriente
qualquer, por exemplo o N e, fazendo-se uma regra de três, tem-se:
100 g da fórmula (11 - 5 - 16) tem 11 g de N
Y g da fórmula (11 - 5 - 16) tem 80 g de N (80 é o que se quer de N)
Calculando-se o valor de Y, tem-se: Y = (100 x 80) ÷ 11 = 730 que é
quantas gramas que se tem que aplicar dessa fórmula por “família”, na qual estará
incluso também as quantidades do fósforo (37 g de P2O5) e do potássio (117 g de K2O)
recomendadas.
Admitindo-se uma outra situação, onde foi feita a recomendação de se
aplicar 300 gramas da fórmula 10 - 5 - 25 por “família” e querendo-se usar adubos
simples apenas, tem-se o seguinte cálculo. Primeiramente é preciso calcular-se a
quantidade que esta fórmula contém de cada um dos três elementos simples:
100 g da fórmula (10 - 5 - 25) tem 10 g de N
300 g da fórmula (10 - 5 - 25) tem Z g de N
Calculando-se o valor de Z, tem-se: Z = (300 x 10) ÷ 100 = 30 g de N.
Repetindo-se este mesmo cálculo para o índice 5 e depois para o 25 da
fórmula, chega-se aos valores que ela contém de cada elemento simples:
30 gramas de N
15 gramas de P2O5
75 gramas de K2O
Posto isto há necessidade de se calcular quantas gramas de cada adubo
simples deverão ser aplicados. Este calculo é o seguinte:
Para nitrogênio:
100 gramas de sulfato de amônio contém 20 g de N
A gramas de sulfato de amônio contém 30 g de N, ou seja:
A = (100 x 30) ÷ 20 = 150 gramas de sulfato de amônio.
Para fósforo:
100 gramas de superfosfato simples contém 20 g de P2O5
B gramas de superfosfato simples contém 15 g de P2O5
B = (100 x 15) ÷ 15 = 75 gramas de superfosfato simples
Para o potássio:
100 gramas de cloreto de potássio contém 60 g de K2O
C gramas de cloreto de potássio contém 75 g de K2O
C = (100 x 75) ÷ 60 = 125 gramas de cloreto de potássio.
Como resposta deste problema, deve-se aplicar os seguintes adubos
simples:
150 g de sulfato de amônio mais
75 g de superfosto simples mais
125 g de cloreto de potássio.

2.8- Fatores de conversão de unidades antigas em unidades do sistema


internacional de unidades (S.I.U.)

Unidade antiga (A) Unidade nova (N) Fator de conversão (F)


(N = A x F)
% g/kg - g/dm³ - g/L 10
ppm mg/kg - mg/dm³ - mg/L 1
meq/100 cm³ mmolc* /dm³ 10
meq/100 g mmolc /L 10
P2O5 P 0,437
K2O K 0,830
CaO Ca 0,715
MgO Mg 0,602
mmoh**/cm dS/m 1
* mmolc = milimol de carga.
** mmoh = medida de condutividade elétrica do solo relacionada c/ sua salinidade.
Na análise de solo os resultados antigos terão as seguintes transformações
para corresponderem aos novos valores:
M.O. % x 10 = g/dm³
K - Ca - Mg - Al - (H +Al) - (SB) - (CTC) meq/100 cm³ x 10 = mmolc/dm³

P - S - B - Zn - Mn - Fe - Cu - Mo - Cl - Na ppm x 1 = mg/dm³

Os resultados da análise de solo também podem ser expressos em cmolc


(centimol carga) e nesse caso, o seu valor numérico corresponde ao mesmo que era
expresso em ppm (partes por milhão).
O antigo resultado das análises de folhas podem ser convertidos nos valores
atuais usando-se os seguintes fatores:
M.O. - P - K - Ca - Mg - S % x 10 = g/kg
B - Zn - Mn - Fe - Cu - Mo - Cl - Na ppm x 1 = mg/kg

CAPÍTULO XI - MOLÉSTIAS

As moléstias das bananeiras podem ser causadas por vírus, fungos e


bactérias.
Vírus são nucleoproteínas que só são encontradas nas células vivas. Para se
transmitirem entre os animais ou entre os vegetais, eles precisam de um vetor
específico, que é, em geral, um inseto sugador. Podem também ser transmitidos por
contato entre tecidos vivos, por meio de ferramentas ou mesmo por instrumentos
cirúrgicos.
Fungos são organismos aclorofilados inferiores que se desenvolvem nos
mais adversos locais, sendo, porém, mais freqüente sobre outros vegetais ou animais,
sempre que haja calor e umidade específica para que isto aconteça.
Seu desenvolvimento pode se dar por via vegetativa (assexuada) por meio
de uma parte de seu corpo (hifa), ou de seus esporos resultantes de simples divisões
mitóticas. Ele também pode se desenvolver por via sexuada, a partir de seus esporos,
aí então formados, a partir de um processo de plasmogamia, seguido de cariogamia e
meiose. Se as condições locais forem adversas ao desenvolvimento dos esporos, eles
podem permanecer dormentes por muito tempo em forma viável e voltar a se
multiplicar, quando as condições forem favoráveis.
Bactérias são microorganismos unicelulares que se multiplicam por meio
de divisão de seu corpo (cissiparidade). Para sobreviver precisam estar em um tecido
animal ou vegetal vivo ou morto, na água, no ar, em pedras, etc., conforme sua
especificidade.

1- Vírus
Os principais vírus que infectam as bananeiras nas diversas regiões do
mundo, conhecidos até hoje são:
CMV - Cucumber Mosaic Vírus, da família Bromoviridae - vírus do
mosaico do pepino - vetores: (afídeos) Aphis gossypii - pulgão do algodão; Aphis
craccivora, Aphis citricola - pulgão das leguminosas; Myzus persicae - pulgão das
batatas, muito freqüente no Estado de São Paulo, que suga também a seiva de
diferentes plantas; Tetraneura nigriabdominalis - pulgão de raízes de gramíneas;
Rhopalosiphum rufiabdominalis - pulgão de raiz de diversas plantas; Pentalonia
nigronervosa - pulgão da bananeira, etc.
BSV - Banana Streak Vírus, da família Pararetroviridae - vírus da estria
das bananeiras - vetores: Pseudococcus spp.; Saccharicoccus sacchari - cochonilha da
cana-de-açúcar; Planococcus citri - cochonilha dos citros que ocorre no Brasil
(badnavirus).
BBTV - Banana Bunchy Top Vírus, da família Circoviridae - vírus da roseta
em tufo das bananeiras - vetor: Pentalonia nigronervosa.
BBrMV - Banana Bract Mosaic Vírus, da família Potyviridae - vírus do
mosaico das brácteas das bananeiras - vetores: Rhopalosiphum maidis - pulgão do
milho; Aphis gossypii e o Pentalonia nigronervosa.
BcSV (ou BcSMV) - Bacciliform Sugar Cane Mosaic Vírus, da família
Pararetroviridae - vírus baciliforme de estria da cana e bananeira - vetores:
Saccharicoccus sachari e Planococcus citri.
Os vírus são uma das menores entidades infecciosas que se conhece. São
partículas moleculares intracelulares, em alguns casos cristalizáveis, com um núcleo
central (core) de ácido nucleico e um revestimento externo de proteína. São
completamente dependente das células (bactérias, plantas ou animais) para sua
reprodução. O ácido nucleico central (DNA - ácido deoxyribonucleico e RNA - ácido
ribonucleico) representa o material infeccioso básico que, em muitos casos, pode
penetrar nas células susceptíveis e iniciar a infecção isoladamente. Seu tamanho varia
de 0,02 a 0,03 µ, sendo portanto visível somente através do microscópio eletrônico
(Apud Manual Merck de Medicina, pag. 178, 1987).
Os vírus das bananeiras como não poderiam deixar de ser, são partículas de
RNA ou DNA envoltos por uma capa proteica, que são transmitidas de uma planta a
outra, por meio de um inseto sugador (vetor), que a tenha sugado uma planta enfectada
com seu estilete bucal, por um tempo mínimo de 10 segundos e depois venha sugar
outra. Os pulgões vetores são, em geral, específicos para cada vírus e tem grande
atração pela cor amarelada das plantas, a qual muitas vezes é encontrado nas folhas
novas das bananeiras, quando há clorose de enxofre.
Normalmente o vetor precisa ser constantemente reabastecido em sua carga
de vírus, em plantas hospedeiras e se isto não acontecer, após ele ter sugado 3 ou 4
bananeiras, ele já estará descontaminado. Entretanto, há certos vírus que deixam o
vetor permanentemente contaminado.
Este fato é de suma importância na viabilidade do controle das viroses em
bananeiras, pois se não houver hospedeiros infectados, a presença de vetores no
bananal em nada o prejudicará, pois eles não terão o que transmitir.
Os vírus vivem dentro das células dos tecidos parenquimatosos. Tendo o
vírus sido introduzido na bananeira ele se multiplica em seus tecidos e passa a circular
em toda ela e também nos seus rebentos. Ele permanece vivo e se multiplica dentro da
planta, enquanto ela estiver viva. Até hoje não se conhece nenhum cultivar imune aos
vírus.
A manifestação dos sintomas visuais da presença de vírus, nas bananeiras, é
melhor quando as plantas são mantidas, constantemente na temperatura entre 25 e
28°C e estão bem nutridas. Seus sintomas só se manifestam em áreas específicas da
planta, que variam segundo o tipo de vírus. Quando as temperaturas são mais baixas,
os sintomas se tornam menos evidentes nos órgãos recém-formados, devido ao estado
de semi-hibernação da bananeira, quando então a velocidade da seiva é reduzida.
Entretanto, se as temperaturas são altas, os sintomas também são bloqueados, devido
ao processo de recobrimento das manchas típicas formadas. Entretanto, as demais
anomalias e perturbações que os vírus causam, permanecem em constante
desenvolvimento.
Os prejuízos que os vírus causam nas bananeiras são, basicamente, sempre
os mesmos, os quais consistem num enfraquecimento da planta, diminuição de seu
porte, as folhas ficam mais estreitas e curtas, o pseudocaule mais fino e mais baixo, o
engaço se torna fino e longo, as bananas são curtas, magras e bem recurvadas, há
redução do número de pencas e bananas por penca, o cacho pode apresentar as pencas
bem imbricadas uma na outra ou ainda bem espaçadas e retorcidas, as raízes são mais
finas, mais curtas e quase sem radicelas. Há uma total perturbação do seu metabolismo
e nas sínteses nutricionais e com isto o seu ciclo de produção é alongado. As bananas
não obedecem as curvas normais de maturação, proporcionalmente a carga viral que
exista na planta que as produziu (Foto XI-1).
Foto XI-1- Todos os vírus perturbam o metabolismo
da bananeira, proporcionalmente ao grau de sua infestação,
o que reduz sua produção, podendo até mesmo anulá-la.
Os prejuízos no desenvolvimento da planta são tão maiores quanto mais
jovem ocorrer a infecção. Dependendo do vírus e da infecção havida, pode ocorrer a
morte da planta.
Essas considerações são um alerta para os produtores tomarem muito
cuidado na escolha da muda a ser usada na formação de seu bananal. Esta precaução
se torna ainda maior quando se vai introduzir mudas vindas de outras regiões, pois,
eventualmente, elas podem conter vírus, que ainda não tenham sido identificados na
área onde elas vão ser plantadas. Esta é uma das razões de se recomendar que se
adquira mudas sempre produzidas por cultura de meristema (biotecnologia) ou então
apenas de viveiristas credenciados (... o que se espera que tenhamos um dia). O
próprio produtor poderá também produzir suas mudas a partir dessas criadas por
biotecnologia, evitando assim incorrer no risco de introduzir novas doenças na sua
lavoura.
No Brasil, a formação de bananais a partir de mudas de laboratório é
recente, tem pouco mais de 10 anos.
Em condições de campo não há como se eliminar os vírus da bananeira.
Uma “família” tendo sido infectada, ela assim permanecerá para sempre, ainda que
visualmente não se observe, naquele momento, os sintomas típicos.
Resulta disto que o produtor deve erradicar todas as plantas infectadas. A
erradicação pode ser feita usando-se o herbicida sistêmico glifosato, formulado como
Round-up. Para isso emprega-se um palito de pinho com 20 cm de comprimento por
0,3 cm de diâmetro, semelhante ao que usa nos espetinhos de carne nos churrascos.
Ele deve ficar mergulhado no herbicida comercial puro, por 24 horas. Posto isto,
introduz-se de 2 a 3 espetinhos na “mãe”, dependendo do seu porte. Em cada “filho”,
em geral, um só é suficiente. Eles devem ser espetados radialmente, até 30% do seu
comprimento, na planta “mãe”, de forma radial, na altura entre 60 a 100 cm do solo e
em pontos distintos, e no “filho”, a mais ou menos 40 cm.
Pode-se obter igual resultado usando-se o herbicida Picloran. Para isso é
preciso deixar-se espetos de bambu ou de pinho, dentro do herbicida, por 24 horas,
para que cada um deles absorva, no mínimo, 4 mg do produto comercial. Posto isso
deve-se introduzir de 2 a 4 espetos em cada um dos pseudocaules da touceira, de
acordo com seu tamanho e com a metodologia anteriormente explicada.
As plantas com sintomas podem também simplesmente serem arrancadas
com o enxadão. Posto isto, elas devem ser apenas repicadas, no mesmo local, para
acelerar sua decomposição. Com isto, nos próximos dias, elas já estarão com sua seiva
desidratada e coagulada, deixando assim de ter qualquer atratividade para os insetos
vetores.
Uma vez estando a bananeira morta pelo herbicida aplicado ou por ter sido
eliminada com o enxadão, pode-se plantar outra no mesmo local, sem que seja
necessário fazer-se aí uma quarentena ou qualquer desinfecção. O replantio deve ser
feito para não haver falhas no bananal, o que causaria perdas de produtividade por
área.
É muito importante que o agricultor, ao adquirir mudas produzidas por
biotecnologia, exija que elas tenham um laudo do laboratório declarando,
textualmente, que estão isentas de vírus, da mesma forma que a sua variação
somaclonal não seja superior a 3%, a fim de evitar futuros problemas insolúveis que
poderiam aparecer fatalmente no seu bananal.
As mudas produzidas por biotecnologia devem ter sua origem em um banco
de matrizes indexadas (isentas) contra os vírus. Esse banco de matrizes deve ser
inspecionado regularmente, a cada quatro ou seis meses, para se ter uma boa
segurança da sua sanidade. Havendo este procedimento, a possibilidade de se ter
mudas com vírus fica reduzida a praticamente zero nas de laboratório, o mesmo não se
podendo dizer das convencionais. É recomendável que o banco de matrizes seja
mantido sob um telado para se evitar a presença de pulgões.
As mudas de laboratório devem ser vendidas livres de vírus, porém, como
não existe vacina contra eles, elas podem vir a ser contaminadas depois que chegam na
propriedade, da mesma forma que uma muda convencional.
A forma tradicional de se fazer os plantios é a partir de mudas
convencionais, adquiridas por um preço irrisório, de outros produtores que estão
abandonando seu bananal ou mesmo reformando-o. Estas mudas são extraídas sem
nenhuma fiscalização quanto a sua sanidade e por isso, o comprador não recebe
atestado algum de fitossanidade. Com isto, eventuais problemas de vírus poderão se
manifestar futuramente, o que nem sempre é detectado de imediato pelo produtor.
Esta situação ocorre no Brasil, por não haver a presença do viveirista
bananeiro, fiscalização governamental e não ser possível o produtor reconhecer
previamente se a muda que ele vai plantar é sadia.
Quando houver o viveirista, ele precisará ter um banco de matrizes,
originado de mudas produzidas em laboratório, as quais deverão ter certificado de
completa sanidade e garantia de não variação somaclonal, o que deve ser confirmado
fazendo-se inspeções posteriores no campo. A despeito disto, o viveirista precisará
ainda fazer um controle permanente dessas plantas matrizes, à semelhança do que
deve ser feito no banco de matrizes abastecedor de material básico para o laboratório.
O banco de matrizes deve ser mantido permanentemente no limpo, com herbicidas e,
preferencialmente sob telado para evitar a presença de insetos vetores.
As eventuais matrizes consideradas contaminadas devem ser eliminadas ou
então fazer-se uma triagem (“screening”). O “screening” é feito somente em
laboratório especializado e permite eliminar totalmente a sua carga de vírus, tornando
este material limpo e viável para voltar ao banco de matrizes.
As mudas de laboratório, quer sejam originadas de cultura in vitro ou in
vivo, são entregues aos produtores em bandejas e nesta idade elas são muito
procuradas, principalmente por insetos sugadores, que podem ser vetores de vírus, em
especial o CMV. Atribuí-se esta atratividade aos resíduos dos hormônios que foram
aplicados durante o processo de produção dessas mudas ou ausência de antitoxinas, as
quais virão a ser produzidas no futuro, contra muitos desses insetos, como por
exemplo a formiga saúva (Atta spp.). Esta é a justificativa pela qual as mudas de
laboratório apresentam maior incidência de vírus no campo, pois elas não tem ainda
aquilo que em virologia é chamado de resistência de planta madura.
Dois outros fatos que não devem ser esquecidos são que:
1°- normalmente os vírus ficam aderidos nas paredes celulares;
2°- as células dessas mudas de laboratório tem uma grande atividade
reprodutiva. Desta forma cria-se possibilidade de intensa multiplicação do vírus, o que
tornará os sintomas visíveis mais precocemente, nessa muda.
Para que haja tempo das mudas se tornarem maduras e com isto se reduzir
os riscos de uma contaminação precoce no campo, é recomendável que elas não saiam
diretamente da bandeja para o local de plantio definitivo. Elas devem ser transferidas
das bandejas para sacos plásticos (polipropileno) pretos, perfurados, com capacidade
mínima de 2 a 3 litros, onde ficarão crescendo em local protegido dos vetores, até
terem perdido seus folíolos e formado não menos do que 4 a 6 folhas. Esse local
protegido corresponde a um abrigo completamente fechado com tela de sombrite (Cap.
II-5.10.3).
Este procedimento, que permite proteger a muda contra uma possível
infecção do vírus e também levar-se para o campo uma muda mais velha, cria
condições de se identificar, mais facilmente, eventuais mutantes somaclonais e mudas
com sintomas de vírus, antes de se iniciar o plantio.
Dada a nossa realidade e não se conseguindo adquirir mudas de laboratório
com atestado de sanidade, a solução é adquirir mudas de produtores que tenham
bananal bem vigoroso, tomando-se o cuidado de se fazer uma prévia inspeção no lote
de onde elas vão ser retiradas. Pelo exposto, nas plantas mais vigorosas, os sintomas
visuais da existência de vírus são mais evidentes. Esta inspeção precisa ser feita
primeiramente nos filhotes e depois na planta “mãe”, pois nem sempre as estrias
viróticas são encontradas neles (vide detalhes abaixo).
A tão apregoada prática agrícola do plantio direto, que dizem ser a melhor
forma de se implantar uma lavoura hoje em dia, é impossível de ser adotada nos
plantios de bananeiras, devido a enorme lista de ervas daninhas hospedeiras
pertinentes a cada vírus.
Tem ocorrido casos de plantios feitos com mudas sadias de laboratório ou
convencionais, mas que foram deixadas no mato em sua fase inicial de
desenvolvimento e, por isso, vieram a apresentar altíssimo grau de infecção (até mais
de 50%), antes mesmo da colheita do primeiro cacho. Esta situação é fruto apenas de
uma contaminação local, devido a presença de vetores e mato hospedeiro infectado.
A melhor forma de se evitar o problema de vírus em bananeiras, é
plantar-se mudas isentas de qualquer deles e manter-se sempre o bananal no limpo,
sem ervas daninhas (inclusive culturas consorciadas), por meio de herbicidas.
Desta forma não haverá plantas hospedeiras e, conseqüentemente,
possibilidade de vetores contaminados, salvo se eles assim vierem de fora do bananal.
Evita-se, ou melhor, reduz-se a contaminação externa mantendo-se também os
carreadores no limpo.

1.1- O CMV
O CMV ou mosaico do pepino ou simplesmente mosaico foi descrito pela
primeira vez em l930 na Austrália, e entre nós, em bananeiras do Estado de São Paulo,
em 1933. É o vírus de maior incidência nos bananais do Brasil. Ele também é
encontrado na Colômbia (1940), América Central, Caribe, Equador, Índia, Paraguai,
Venezuela, e em muitas outras áreas onde há cultivo de bananeiras, podendo-se até
mesmo generalizar dizendo-se, em todos os locais onde se faz seu cultivo. Os
prejuízos que este vírus causa à bananeira varia de região para região, porém não há
cultivar que seja imune a ele.
Este vírus, como o próprio nome indica, já foi detectado nas Curcubitaceas
[abóbora (Cucurbita spp.); chuchu (Sechium edule); maxixe (Cucumis anguria);
melancia (Citrullus lanatus); melão (Cucumis melo); pepino (Cucumis sativus), etc.],
no milho (Zea mays); em leguminosas como o feijão de mesa (Phaseolus vulgaris);
nas Solanaceas como o tomate (Lycopersicon esculentum); no maracujá (Passiflora
spp.) tendo sido também encontrado nas ervas daninhas como as trapoerabas ou
macarrão (Tradescantia spp.); nos carurus (Amarantus spp.); nas guanxumas (Sida
spp.); no picão preto (Bidens pilosa); no rubi ou chá de frade (Leonurus sibiricus) e
outras, totalizando mais de 850 espécies de plantas hospedeiras, as quais não devem
existir por perto de bananais e muito menos no seu interior.
Os insetos vetores que tem sido mais freqüentemente citados como
transmissores do CMV, nos diversos países bananeiros são: Aphis gossypii, Aphis
maidis, Aphis cracciovora, Aphis citricola, Rhopalosiphum rifiabdominalis,
Tetraneura nigriabdominallis. Entre nós não existe ainda um levantamento do
porcentual de transmissão que cada um deles é capaz de fazer. Com a freqüência com
que se encontra o A. gossypii em nossos bananais, pode-se supor que ele seja o vetor
mais importante.
A forma básica de se identificar visualmente o CMV é nas folhas já
formadas, por meio da presença de pequenas estrias quase sem clorofila, dispostas
paralelamente às nervuras secundárias, com comprimento de 2 a 5 nm* por 0,5 a 1 nm
de largura, com contornos bem definidos, dispostas esparsamente em qualquer parte
da folha, havendo contudo uma maior freqüência na sua base, onde os lóbulos foliares
começam a se expandir. A coloração das estrias é verde-claro, decorrente do bloqueio
que o vírus faz nas células, ainda bastante jovens, impedindo-as de formar a clorofila.
No local da estria, tem-se a impressão de que foi retirado uma película superficial da
folha, na qual deveria estar a sua coloração verde. Como isto ocorre quando do
desenvolvimento da vela, é possível encontrar-se essas estrias, de forma menos
intensamente coloridas, já nos seus lóbulos foliares antes mesmo deles se
desenrolarem.

* nanometro = 10 –9 m.
Estas estrias lembram muito aquelas da sigatoka-amarela, na fase C a E da
escala de Klein, que normalmente somente são encontradas nas folhas II a IV e nunca
antes, como ocorre com o CMV (Foto XI-2).

Foto XI-2- As estrias do CMV são semelhantes às da sigatoka-amarela,


porém apenas as dos vírus são encontradas já na vela ou no cartucho.
Elas são sempre paralelas as nervuras secundárias. Na foto, uma vela
desenrolada apresenta as estrias próximas ao bordo.
As estrias do CMV não evoluem de tamanho como as da sigatoka-amarela,
pois elas se mantém sempre com a mesma silhueta que tinham, quando do
desenrolamento da vela. Estas estrias podem ficar enegrecidas, quando as folhas
ficarem mais velhas (IV em diante).
Os sintomas visuais do CMV (Foto XI-3) variam com o clima,
principalmente com a oscilação de temperatura, estado nutritivo da planta, com a idade
em que a bananeira foi infectada, com a estirpe (“strain”) desse vírus (que são muitas)
e também com o cultivar.

Foto XI-3- Manchas típicas do CMV na folha adulta.


Bananais plantados com mudas sadias e mantidos sempre no limpo por
meio de herbicidas não tem apresentado plantas com o CMV.
A presença do CMV em bananeiras do Estado de São Paulo, é hoje, bem
freqüente, porém seus prejuízos são, em geral, pequenos. Quando a bananeira está
pouco afetada, os sintomas somente são visíveis aos olhos e ao tato das pessoas mais
familiarizadas com esse problema. Sabe-se também que ele existe em muitas
bananeiras, em forma latente e com isto os sintomas típicos não são visíveis. Nestas
plantas, a sua detecção somente é possível através do teste serológico ELISA
(enzyme-linked immunosorbent assay), feito em suas folhas, cuja eficiência não é de
100%. Deve-se também complementar esta pesquisa com a análise molecular dos
ácidos nucleicos virais, através do PCR (reação em cadeia da polimerase), que detecta
o seu DNA e que é 100 mil vezes mais eficiente. O PCR pode até precisar a origem da
infecção que está na bananeira, comparando-se os resultados com os isolados dos
possíveis hospedeiros existentes nas cercanias dessa bananeira infectada. As pesquisas
feitas já evidenciaram a existência de três RNA distintos.
Este quadro de infecção latente, que é clássico em CMV, tem sido
constatado com grande freqüência por este autor, cujos sinais nem sempre são
facilmente visíveis aos olhos dos leigos. Em plantas com esse quadro, há o
entumescimento parcial das nervuras secundárias, de modo semelhante àquele que é
típico da deficiência de S, sendo que sua parte superior fica engruvinhada, mais
intensamente junto a nervura principal e se esmaece, por completo, quando chega na
sua metade. Desta forma, apenas o início dessa nervura fica mais dilatado. Nessas
mesmas plantas, quando cultivadas em regiões tropicais como a Amazônica, os
sintomas típicos do CMV são bastante realçados. Plantas como essas, quando
cultivadas em condições semelhantes às do Estado de São Paulo, nem sempre são
eliminadas uma vez que sua produção não é muito reduzida.
Fato que tem merecido destaque, nesses bananais, é a ocorrência de plantas
“mãe”, com pequena carga de vírus de CMV que por vezes emitem “filhos” sem
nenhum sintoma visual. A partir desta constatação os demais descendentes assim
permanecem e tem sua produção dentro dos parâmetros da normalidade. Esta situação
é também descrita por outros autores.
Vários autores informam que a transmissão do CMV não ocorre de
bananeira para bananeira, por meio de ferramentas. Este é um fato real, que tem sido,
diariamente, comprovado durante a realização dos serviços de condução do bananal,
quando então os operários cortam uma planta e em seguida outra, sem desinfetar a
ferramenta e nem por isso esta virose tem explodido nos diversos plantios. Este fato
demonstra, na prática, não serem as ferramentas de cultivo um disseminador do vírus.
É preciso que haja sempre um inseto vetor sugando um hospedeiro infectado e depois
uma bananeira.
Ao se plantar mudas convencionais já infectadas ou mudas de laboratório
que foram infectadas com menos de 50 cm de altura, suas folhas se tornam
lanceoladas e completamente impregnadas de estrias verde-claro. Eventualmente isto
pode ocorrer em plantas maiores, mas não é o mais freqüente (Foto XI-4).

Foto XI-4- As infestações severas nas mudas novas, anulam a produção


da bananeira, porém as tornam atrativos ornamentais.
Em infestações pouco severas, esta virose se apresenta apenas com
discretas estrias típicas nas folhas, distribuídas ao acaso, podendo estarem em um só
lóbulo ou nos dois. Quando isto ocorre, pode-se verificar que as folhas começam a
mostrar sintomas de carência de B (principalmente na vela), ficam com a parte
superior das nervuras secundárias mais entumecidas, ásperas e corrugadas, de forma
anormal, junto a nervura principal e, muitas vezes, quase que totalmente esmaecidas
perto do bordo. Este conjunto de sintomas pode até certo ponto, ser confundido com
uma fome de Ca ou, principalmente, de S (Foto XI-5).
Foto XI-5- O entumescimento das nervuras secundárias, junto à principal,
com corrugamento da epiderme na página superior, indica leve infecção do
CMV.
Às vezes chega-se ver as estrias virais entre essas nervuras.
É freqüente, neste grau de infecção, as folhas mais velhas apresentarem,
uma fraca clorose progressiva de K, sem que esteja havendo falta de adubação, na qual
é perfeitamente possível visualizar-se, na região em início de desverdecimento, um
salpicamento de estrias típicas do CMV. Este salpicamento persiste mesmo com a
progressão dos sintomas de fome de K, de modo a poder ver-se a folha com o amarelo
característico da deficiência (porém menos intenso do que o normal) e as estrias
viróticas (Foto XI-6).

Foto XI-6- Com o envelhecimento da folha aparecem cloroses semelhantes


à fome de K, que tornam as estrias do CMV visíveis.
Neste caso, as plantas produzem cachos normais em número de pencas e
bananas, porém as pencas ficam, por ocasião da colheita, compactadas entre elas e as
bananas são curtas e pouco grossas. O engaço geralmente é mais fino com
comprimento proporcional ao cacho. Seu coração é pouco menor e lento para soltar as
brácteas. O rabo do cacho quase sempre é curto. As bananas não tem o
amadurecimento normal, mesmo passando pela câmara de climatização.
Em infestações medianas, as plantas se apresentam com sistema radicular
saudável e em suas folhas aparecem sintomas visuais de fome de certos nutrientes, à
despeito deles terem sido aplicados com base na análise de terra. Isto ocorre por ter
essa planta dificuldade de mobilizar para si os nutrientes. As cloroses aparecem na
seguinte ordem: K, B, Zn, Ca, S e P. Decorrente destas carências as folhas se quebram
precocemente bem junto ao pseudocaule, sendo que muitas vezes elas ainda não estão
completamente secas. O cacho pode até mesmo ter condições de ser comercializado,
porém as bananas são relativamente curtas e antes de atingirem o padrão 34 mm elas
se racham. Esta situação torna-se bem definida quando, além das poucas estrias
esparramadas pela folha, há o aparecimento de uma faixa sem clorofila alguma,
ligando a nervura principal com a do bordo, cuja largura é variável de 10 a mais de 30
cm, quase sempre na região mediana de um só lóbulo. Visualmente tem-se a impressão
que essa faixa está seca, mas ao tato percebe-se que isto não é verdade. Neste caso não
há ocorrência de necroses pretas e nem fendilhamento dessa faixa (Foto XI-7).

Foto XI-7- Nas infestações medianas, o CMV não mata a folha, ele apenas
impede
a formação da clorofila e por isso tem-se a impressão da folha estar seca.
Em infestações medianas, a redução do peso do cacho chega a ser de até
50%, porém a perda de qualidade é total. Sua comercialização é praticamente nula.
Em infestações severas, em plantas adultas, as estrias do CMV podem ser
vistas às centenas por toda a folha, dispostas indiferentemente nos seus lóbulos.
Quando o número delas aumenta, há uma certa coalescência entre elas e, a folha, cujas
dimensões são normais, pode se tornar total ou parcialmente verde-amarelada,
salpicada de manchas necróticas.
As plantas mais afetadas tem seu engaço bem fino, as bananas são curtas,
magras e em pequeno número, as quais estão distribuídas pelas poucas pencas
produzidas. O engaço é longo e fino assim como o coração. A roseta foliar se
apresenta comprimida e desordenada e há freqüentes quebras de engaço. Pode também
ocorrer casos em que a bananeira chegue a não emitir sua inflorescência. Entretanto,
se essa infecção ocorreu quando a planta ainda era jovem, pode haver a formação de
apenas folhas lanceoladas e cheias de estrias. Há um atrofiamento geral da planta, cuja
altura não ultrapassa os 100 cm e ela não chega a soltar sua inflorescência.
Plantas assim deformadas assumem aspectos curiosos, podendo ser
utilizadas nos jardins como ornamentais (ver Foto XI-4).
Há casos de CMV em que a bananeira, com cerca de 180 cm de altura, que
já estava tendo um desenvolvimento fraco e apresentando leves sinais do vírus em
suas folhas, começa a mostrar fortes sintomas dele, como se ele estivesse se
multiplicando de forma rápida e intensa. As últimas folhas emitidas ficam com seus
bordos incompletos, de modo semelhante a uma carência aguda de B ou S (Foto XI-8).
Nas folhas mais velhas, as estrias e as manchas típicas do CMV estão sempre
presentes. Em seguida, a base da vela nos seus primeiros 10 a 15 cm, fica necrosada,
portanto, quase que na altura da sua roseta foliar, a qual se apresenta bastante
“envassourada”. Quando isto ocorre, a vela seca e se enrola sobre si mesma, como se
fora a ponta de um rabo de macaco. Posteriormente ocorre o secamento das folhas já
emitidas, seguido da morte da planta. Um corte feito em seu rizoma permite ver-se
pontuações que lembram aquelas do mal-do-panamá, mas são simples necroses
degenerativas, enquanto que no interior do seu pseudocaule tudo é normal. Os filhotes
que já eram fracos, geralmente acabam morrendo ou permanecem sem emitir novas
folhas por longo tempo. Não se tem ainda uma explicação por esta súbita modificação
do comportamento do vírus. A planta passa a apresentar um aspecto muito semelhante
a uma deficiência aguda de B, a qual se atribui a um bloqueio nutricional provocado
pelo vírus (Foto XI-8).
Foto XI-8- Quando a planta semi adulta recebe uma
infestação severa, a vela sofre mutilações e pode secar.
Considera-se como uma variação dos sintomas do CMV, a presença de uma
linha de manchas nos dois lóbulos foliares, quase sempre simétricas e dispostas
paralelamente uma à outra, ao longo de toda a sua região mais central. Estas manchas
tem basicamente a silhueta e o tamanho de uma noz pecã (Carya illinoensis), com a
mesma coloração das estrias pequenas (ausência de clorofila) e contorno sempre
esmaecido. Essas manchas têm seu maior comprimento no sentido das nervuras
secundárias. Nas infecções mais fracas, há sempre entre elas, uma região que não
perdeu a cor verde, enquanto que nas mais severas, pode haver coalescência entre
essas manchas, quando então a cor verde desaparece (Foto XI-9).
Foto XI-9- Admite-se ser uma variação do CMV o aparecimento de faixas
desverdecidas ovaladas ou alongadas, entre as nervuras secundárias,
com dimensões irregulares, dispostas quase que simetricamente em ambos
os lóbulos.
Independentemente do grau de infecção do vírus na planta, por vezes, uma
ou mais nervuras secundárias que já estavam bastante corrugadas, podem ficar
necrosadas. Nesse caso, o tecido foliar que circunda a nervura necrosada fica bastante
amarelado, por uma extensão variável de um ou mais centímetros. Estes sintomas
sugerem que esteja ocorrendo uma infecção conjunta de CMV e BSV (Foto XI-10).

Foto XI-10- Necroses conjuntamente com estrias desverdecidas podem


indicar uma infestação de CMV junto com BSV.
Por vezes, há o aparecimento de faixas com larguras irregulares, em
qualquer lugar dos lóbulos foliares, quase sem clorofila. Essas faixas, que se dispõem
no sentido das nervuras secundárias, se assemelham muito a deficiência nutricional
aguda de Zn ou Fe. Nessas faixas, são vistas as estrias causadas pelos vírus e, por
vezes, necrose nas nervuras secundárias. Estes sintomas indicam a presença conjunta
do CMV e do BSV. Esta situação normalmente não ocorre nas infecções pouco
severas de CMV. O restante da folha permanece com seu verde típico e sem manchas.
1.2- O BSV
O BSV - Banana Streak Vírus ou Enfermidade do Rajado da Bananeira -
foi descrito pela primeira vez em 1968 na Costa do Marfim e identificado em
Marrocos, em l985, no cultivar Nanica. Atualmente sabe-se que ele existe em outros
cultivares e em diferentes Musas assim como em outras plantas. Este vírus pertence ao
grupo dos badnavirus, sendo um vírus baciliforme com DNA*, enquanto que no CMV
é com RNA de fita simples, diferenças essas que somente podem ser vistas em estudos
a nível molecular. Ele é transmitido pela cochonilha branca (Pseudococcus spp.),
porém o maior meio de difusão do BSV tem sido a muda e em especial as de
laboratório, cujas matrizes não foram indexadas. Ele não é transmitido pelas
ferramentas.
* Há autores que dizem ser RNA.
Este vírus tem se apresentado associado a outros vírus quando se faz o teste
serológico, como por exemplo, o de forma bacilar da cana - BcSV.
O BSV provoca nas folhas sintomas visuais muito semelhantes ao CMV,
principalmente nos estágios iniciais e por isso durante muito tempo pensou tratar-se de
um mesmo vírus. Esta semelhança é maior ainda nas folhas mais novas. Uma
característica visual típica do BSV é que todas suas estrias acabam sempre se
necrosando, o que é raro com o CMV e quando isto ocorre devido a ele, as necroses
são em diminutas áreas apenas sobre a nervura secundária (Foto XI-11).

Foto XI-11- Todas as estrias do BSV, com o envelhecimento da folha,


ficam necrosadas.
O quadro mais clássico do BSV, na sua fase final, é o aparecimento de
áreas amareladas (semelhantes a falta de K), impregnadas de necroses em faixas, ao
longo das nervuras secundárias, em ambos os lados, na ponta da folha ou então apenas
na sua base. Essas necroses negras ficam tão desidratadas que se retorcem e se
fendilham (Foto XI-12).
Foto XI-12- O BSV quando infesta severamente a bananeira,
ele produz áreas necróticas negras, ressecadas e fendilhadas
e torna a folha amarelada cheia de salpicos enegrecidos
(Foto David Jones, INIBAP, 1993).
As estrias do BSV, que são mais intensamente vistas durante o verão,
podem se apresentar distribuídas irregularmente nas folhas, porém, por vezes,
acontece de se concentrarem em quaisquer áreas e, neste caso, a coalescência entre
elas sempre ocorre, assim como a necrose. Estas estrias são também visíveis nos
pecíolos (Foto XI-13) e, de forma bem acentuada, na parte inferior da nervura
principal.
Foto XI-13- Estrias do BSV aparecem em quase toda a extensão inferior
da nervura principal.
As estrias de BSV também podem formar faixas ao longo das nervuras
secundárias, que se necroseiam, se fendilham e se retorcem. Estas necroses se formam
em qualquer parte da folha, principalmente no cultivar Mysore. Quando isto ocorre, é
certo que o BSV está associado a um outro vírus, o BcSV.
Nas infecções de BSV, as estrias necrosadas também são visíveis nas
bainhas internas e externas, de modo superficial e também no interior do seu tecido.
Freqüentemente há um rompimento vertical de uma ou mais bainhas, que se
inicia entre 20 a 40 cm de altura e se alonga por quase 100 cm (Foto XI-14), e que
lembra em parte o ataque do mal-do-panamá (ver Foto XI-20). Isto nunca acontece em
uma infecção de CMV. Na parte mais alta do pseudocaule, nos seus últimos 80 a 100
cm, pode-se ver que as bainhas das folhas mais velhas tendem a se soltarem, como se
tivessem sido pulverizadas com “spray oil” em excesso.

Foto XI-14- Bainhas rompidas pelo BSV.


Por vezes aparece em uma ou mais folhas, uma faixa colorida envolvendo
muitas nervuras secundárias, semelhantes à uma deficiência pouco intensa de K, cuja
largura é variável de 10 a 30 cm, estando impregnada de estrias desverdecidas e com
todas as suas nervuras secundárias levemente necrosadas. O aparecimento desta faixa
ocorre, com maior freqüência, na posição mediana da folha, sendo, em geral, somente
no lóbulo que abre primeiro. Evolutivamente, ela se necroseia de negro, se fendilha e
se engruvinha, enquanto o restante da folha se mantém normal. São sintomas da
presença do BSV, contaminado com o CMV. Estes sintomas já tem sido encontrado
entre nós, tanto no ‘Mysore’ como no ‘Nanicão’ (Foto XI-15).

Foto XI-15- O aparecimento de uma faixa com cor amarela e estrias


desverdecidas, apenas no lóbulo direito, as quais termina por se necrosar
totalmente, é sintoma de BSV e CMV juntos.
Para se ter certeza que se trata do BSV é preciso preparar-se uma lâmina e
examiná-la ao microscópico eletrônico. O CMV tem partículas isométricas com 28 a
30 nm de diâmetro, enquanto que o BSV tem partículas bacilares com 30 x 130 a 150
nm. Na coleta de amostras para serem examinadas no laboratório é preciso que a parte
extraída da planta tenha sintomas, pois caso contrário nem sempre ele é encontrado.
O BSV apresenta distintas reações serológicas devido às várias estirpes que
se formam naturalmente, as quais são transmitidas por diferentes vetores, que variam
de região para região.
O BSV permite que a planta emita folhas normais por um período de até 5 a
6 meses, para em seguida voltar a apresentar suas estrias nas demais, o que não
acontece com o CMV. Este período tão longo de latência, nos induz a pensar que a
planta está sem o vírus, o que não é verdadeiro. Este fato ocorre devido as oscilações
da concentração deste vírus dentro da planta. Os prejuízos que os diferentes órgãos da
planta sofrem e a redução da sua produção, estão em função da concentração do vírus
no momento da formação desse órgão. É por isso que, por vezes, a bananeira se
apresenta com todas as folhas e o cacho normais, enquanto que outras vezes aparecem
folhas com muitas estrias ou cachos sem pencas ou mesmo com apenas algumas
pencas atrofiadas e mal formadas.
O BSV causa duas preocupações à bananicultura: primeiramente a perda de
produção e produtividade e depois o perigo do seu vetor o transmitir para outras
bananeiras. Ele não tem sido encontrado em todos os cultivares. Tem-se informações
de sua incidência em ‘Horn plantain’ em Honduras, em plantios de Cavendish (sem se
especificar o cultivar) no Equador, na Colômbia no cultivar Dominico-Hartón. Entre
nós, ele é encontrado em todas as plantas do cultivar Mysore, assim como em todo o
mundo. Já foram observados casos isolados desse vírus nos cultivares Pacovan,
Enxerto e Nanica.
A introdução do cultivar Mysore foi feita por este autor, em fevereiro de
1968, com mudas fornecidas pelo Indian Institute of Horticulture Research, da Índia.
Elas tinham os sintomas do BSV, os quais eram tidos como anomalias genéticas, uma
vez que esta virose não havia ainda sido descrita e nem identificada, fato este que
ocorreu somente em 1985. É importante deixar mencionado que o cultivar Mysore foi
introduzido na América Central há mais de 100 anos, onde ele também apresenta os
sintomas do BSV.
Há um clone igual ao ‘Mysore’, chamado ‘Thap Maeo’ (na Malásia é
chamado de ‘Pisang Ceylan’), que foi introduzido recentemente da Tailândia, por K.
Shepherd e F. Ferreira da EMBRAPA, que não apresenta o BSV e por isso produz
cachos com até 40% a mais de peso, sendo suas bananas bem mais compridas também.
Em face do perigo potencial que o cultivar Mysore se apresenta como
hospedeiro do BSV, recomendo que todas as bananeiras desse cultivar sejam
destruídas e substituídas pelo 'Thap Maeo' que não o tem e é mais produtivo.

1.3- O BcSV
O vírus BcSV (Bacciliform Sugar Cane Mosaic Virus) que é muito
difundido, tem sido transmitido pela cochonilha da cana-de-açúcar (Saccharicoccus
sacchari), da cana-de-açúcar para a bananeira e por uma cochonilha dos citros
(Planacoccus citri), de bananeira para bananeira.

1.4- O BBTV
O BBTV (Banana Bunchy Top Vírus) ou simplesmente “bunchy top” como
é mais conhecido, foi descrito, em 1889, nas Ilhas Fidji. Atualmente está presente na
África, Ásia (muito forte nas Filipinas), Austrália, Índia e Ilhas do Pacífico. Este vírus
ainda não existe nas Américas.
Não se encontrou uma explicação genética para o fato do BBTV não
infectar todas as variedades. Ele já foi encontrado em grinaldas (Hedychium
coronarium) e no biri ou cana fístula (Canna indica), que podem ser apenas
hospedeiros.
O pulgão Pentalonia nigronervosa, é o vetor responsável pela disseminação
desse vírus, mas a muda tem sido a maior forma de sua dispersão. Este vírus não é
transmitido por meios mecânicos, principalmente as ferramentas. Seu controle tem que
ser feito por meio da erradicação das plantas infectadas, por qualquer um dos métodos
anteriormente descritos.
Ele também é transmitido nas micropropagações (in vivo) e se manifesta
nas mudas, enquanto elas ainda estão envasadas, antes de irem para o campo.
A constatação da presença do “bunchy top” nas bananeiras também é feito
pelo teste ELISA e ou pelo PCR, em material coletado de seus pecíolos (que é o
melhor para exame laboratorial). Análises feitas no DNA do BBTV têm demonstrado
que ele pode ter mais de um componente viral isométrico, o que significa dizer que,
juntamente com ele, deve haver outros vírus atuando, admitindo-se o envolvimento de
um com RNA.
Este vírus pode ser eliminado da planta pelo calor, em laboratório, o que
torna possível seu retorno sadio ao banco de matrizes.
A presença do “bunchy top” se caracteriza pelo aparecimento de estrias em
linhas retas, bem escuras e pronunciadas, salpicando as nervuras principais e
secundárias, cujo comprimento varia de alguns mm a muitos cm e com a largura de
frações de mm a um ou dois mm. Estas estrias também aparecem nas bainhas externas
e internas. Pelo seu aspecto elas são chamadas de código Morse.
É bastante típico do “bunchy top” provocar um forte envassouramento da
roseta foliar, fazendo com que todas as folhas saiam da roseta como se fosse uma
vassoura de varas de bambu. As folhas ficam muito modificadas, curtas, fortemente
onduladas, assumindo sempre o aspecto lanceolado e se mantém quase em posição
ereta (Foto XI-16). Junto às nervuras de bordo, aparece uma estreita faixa amarelada
que se torna necrosada, quando velha (Foto XI-17).

Foto XI-16- O “bunchy top” se caracteriza por deixar


todas as folhas acentuadamente estreitas, quase eretas
e sem pecíolo, formando uma roseta envassourada.
Foto XI- 17- Nas folhas das bananeiras com
“bunchy top”aparece uma faixa estreita e
irregularmente desverdecida nos seus bordos,
com nervuras secundárias fortemente entumecidas.
As plantas tendem ao nanismo. Se a planta é atacada quando jovem, ela
morre sem emitir sua inflorescência. Se o ataque foi mais tardio, ela pode até mesmo
produzir um cacho, porém sem valor comercial. Nas contaminações intermediárias, a
inflorescência não consegue atravessar a roseta foliar devido sua debilidade e ao forte
estrangulamento aí existente. Por vezes a inflorescência chega a se desenvolver no
interior do pseudocaule ou fica embutida dentro da roseta, mas os frutos ficam
incompletos.

1.5- O BBrMV
O BBrMV (Banana Bract Mosaic Vírus) foi descrito nas Filipinas, em
1988, apesar de já ter sido citado em 1979.
Sua transmissão não é feita mecanicamente, sendo transmitido pelos
vetores já citados e também pelas mudas produzidas por qualquer método.
Seus sintomas que são muito específicos, se apresentam como longas e
estreitas estrias penetrantes. As primeiras estrias são visíveis nos pecíolos,
simultaneamente com um desarranjo da hélice foliar. Nos lóbulos foliares as estrias
aparecem apenas nas regiões internervurais, no sentido paralelo às nervuras
secundárias (Foto XI-18). Quando a infecção é recente, elas aparecem mais
intensamente nas folhas jovens. Nas infecções mais velhas, as estrias aparecem nas
nervuras secundárias de forma mais intensa. Estes sintomas são mais evidentes nas
brácteas (Foto XI-19) e sua presença, neste órgão, é suficiente para definir
precisamente que se trata desse vírus. Estas estrias também podem aparecer no engaço
dos cachos. Nas folhas, ele provoca manchas semelhantes à deficiência de fósforo. No
pseudocaule, as estrias aparecem em faixas com coloração preta-avermelhada. Ele
pode se partir verticalmente, por mais de 50 cm, como um severo ataque de Fusarium,
que permite observar as bainhas mais internas. Em determinadas ocasiões, a bananeira
forma como que uma nova roseta, cerca de 50cm acima da que já existia. Os sintomas
deste vírus são mais difíceis de ser identificados em plantas que ainda não
floresceram. Ele tem sido encontrado também associado ao CMV, porém as estrias nas
brácteas o caracterizam. Sua perfeita identificação é feita com o PCR, onde se verifica
sua estrutura genética. Quanto à produção, cita-se perdas de 40% em determinadas
áreas da Índia.

Foto XI-18- É típico de BBrMV a presença de caneluras profundas


nas brácteas (Foto David Jones, INIBAP, 1993).
Foto XI-19- O BBrMV produz estrias escuras nos pecíolos e pseudocaule
(Foto David Jones, INIBAP, 1993).
O BBrMV tem sido encontrado mais freqüentemente nas bananas de fritar
dos grupos ABB, BB e BBB.

1.6- Controle dos vírus


Pelo exposto, fica claro que, em condições de campo, as bananeiras estão
sendo sempre infectadas por vetores contaminados e, como o único meio dela ser
recuperada é em laboratório, o prognóstico que se pode fazer é bastante tenebroso
pois, a cada dia que passa, há mais e mais bananeiras com vírus. Esta situação
somente se reverterá no dia em que houver uma vacina, que proteja as bananeiras ou
híbridos que sejam imunes.
Para se evitar que o problema das viroses se agrave mais, a solução é fazer
o seu controle que, hoje, se resume em:
a) plantar mudas certificadas. Todo produtor deve manter um viveiro,
formado a partir de mudas certificadas (produzidas por biotecnologia ou por viveirista
credenciado), para as utilizar nos novos plantios ou nas reformas dos bananais;
b) manter a lavoura sempre no limpo, de preferência aplicando-se
herbicidas;
c) não permitir o crescimento de plantas hospedeiras dentro do bananal ou
nas suas proximidades;
d) erradicar as bananeiras infectadas usando herbicida ou com o enxadão.
Quando feito mecanicamente, deve-se fazer em seguida o retalhamento manual
completo da bananeira, conforme foi exposto anteriormente.
É oportuno lembrar que, havendo interesse em se recuperar um material,
que tenha sido infectado, é possível fazê-lo através de um tratamento termoterápico da
muda, seguido de seu cultivo in vitro.
Em face do exposto, é imprescindível que os produtores não façam
introdução de bananeiras de outros países, pois poderão estar trazendo novos vírus
para nossos bananais. Quando houver necessidade de se fazer uma introdução, fazê-la
pelas vias oficiais, ocasião em que o cultivar passará por uma quarentena.

2- Fungos
Há vários fungos que causam prejuízos à bananeira sendo que dois deles
merecem especial atenção, pela gravidade das doenças que eles produzem: o
mal-do-panamá que não há como o evitar e as sigatokas que exigem permanente
controle.

2.1- Mal-do-panamá
Ao se querer demonstrar a importância dessa moléstia, basta atentar para o
seguinte fato: A “Standard Fruit Co.” e a “Chiquita Banana” (Chiquita Brands
International Incorporation, sucessora “United Brands Co.”, que foi sucessora da
“United Fruit Co.”) as duas maiores firmas produtoras de banana do mundo,
cultivavam o ‘Gros Michel’, altamente susceptível a essa moléstia, tal como é a nossa
‘Maçã’. Devido a isto, durante mais de 35 anos, os especialistas daquelas companhias
tentaram inutilmente descobrir um meio para controlar essa moléstia, quer por
melhoramento genético, quer por tratos culturais. O resultado desses exaustivos
trabalhos culminou com a recomendação feita em 1962, pelos seus setores de
pesquisas, às direções dessas firmas, para que determinassem a substituição do ‘Gros
Michel’ por cultivares do subgrupo Cavendish, tidos como tolerantes a essa moléstia,
já que consideravam impossível o controle de seu agente causal.
Foi então que se iniciou a substituição do ‘Gros Michel’ pelo ‘Valery’, um
cultivar muito semelhante ao nosso ‘Nanicão’ e que é o resultado de uma seleção de
clones feita na Indochina, área considerada como de origem da bananeira. Durante o
ano de 1939, foram coletadas pela Standard Fruit Co. no litoral de São Paulo, mudas
de ‘Nanicão’ que fizeram parte desse banco de matrizes.
O mal-do-panamá, conhecido por fusariose da bananeira e também por
FOC, é causado pelo fungo Fusarium oxysporum Schlechetend. Fr. f. sp. cubense
(E.F.Sm.) W. C. Snyder & H. N. Hansen. Foi descrito pela primeira vez por Higgins,
em 1904 em Honolulu. Ele apresenta quatro raças distintas, as quais parasitam
especificamente determinados grupos de cultivares. Estas raças são identificadas em
laboratório, porém em condições de campo o resultado é um só: morte do bananal.
Por volta de 1912, a fusariose da bananeira já se apresentava na Jamaica
como o mal que iria destruir as plantações de ‘Gros Michel’ da América Central. Ela
foi encontrada em 1930, em Piracicaba, SP. Desde então, a pesquisa bananícola tem
suas vistas voltadas para o estudo dessa moléstia.
A raça 1 é mais encontrada no cultivar Gros Michel, a raça 2 quase que só
no subgrupo Figo (Bluggoe) e a raça 4 tem sido encontrada nos cultivares do subgrupo
Cavendish, em vários países. Por outro lado, a raça 3 só foi encontrada em cultivares
selvagens e em plantas ornamentais.
O mal-do-panamá sendo um Fusarium, ele se instala nos vasos das
bananeiras, porém vive também no solo, pois ele é um fungo tipicamente de solo. Sua
permanência em uma área é garantida pela sua capacidade de formar um órgão de
resistência chamado de clamidosporo, que o possibilita permanecer nesse solo, em
hibernação, por longos anos.
A infecção inicial pode se dar através de ferimentos nas raízes, nematóides
contaminados, por insetos que tenham tido contato com plantas infectadas, pelas águas
das chuvas ou de irrigação, enfim por inúmeras formas. Na bananeira, ele invade o
sistema radicular, se expande no cilindro central do rizoma e daí segue para as bainhas
das folhas. Em seguida as folhas apresentam uma clorose amarelada, semelhante a um
sintoma de “fome” potássica. As folhas podem também se apresentar com várias
faixas listradas de amarelo-canário, com largura de 2 a 4 cm, ligando a nervura
principal com a do bordo. Quando isto ocorre, geralmente aparece um fendilhamento
vertical no pseudocaule, com profundidade de 2, 3 ou 4 bainhas. Esse fendilhamento
inicial é pequeno, mas logo se alonga por algumas dezenas de centímetros de
comprimento com vários de largura; ele aparece sempre a partir de 10 a 20cm acima
do colo do rizoma (Foto XI-20). Isto ocorre porque as bainhas externas param de
crescer, enquanto que as de dentro continuam. Nesta ocasião, fazendo-se um corte
transversal no pseudocaule, próximo à sua base, observa-se a existência de manchas
isoladas escuras e irregulares nos tecidos das bainhas, sinal evidente da presença do
mal-do-panamá. Decorridas algumas semanas, estas manchas avançam irregularmente
pelo pseudocaule acima, até atingirem a roseta foliar. Em estágio mais avançado da
infecção, as manchas formadas nos tecidos semi-desidratados também se expandem
lateralmente e formam um anel escuro, um pouco distante da bainha da folha mais
nova. Essa região escurecida e seca, geralmente, apresenta forte odor de
cana-de-açúcar fermentada (Foto XI-21).

Foto XI-20- Um sintoma típico do mal-do-panamá é o fendilhamento


vertical do pseudocaule, que se inicia sempre a menos de 10 a 20 cm
acima do rizoma e se alonga para o alto, rompendo ao mesmo tempo
mais de uma bainha.
Foto XI-21- O mal-do-panamá produz, no pseudocaule, um anel
escurecido ao redor da vela, que tem forte odor de cana-de-açúcar
fermentada.
Fazendo-se cortes transversais nos rizomas pode-se verificar com mais
segurança a presença do mal-do-panamá. O rizoma sadio tem sempre coloração
interna uniformemente branca, porém quando infectada aparece no seu cilindro central
(região mais fibrosa), pequenas manchas pretas isoladas, podendo ter delgados e
longos filamentos, também escuros, como se fossem fios de cabelo.
Essas manchas iniciais tornam-se amarelo-douradas, com tonalidades
variadas, formando interessantes desenhos. Essas colorações do cilindro central não
invadem a região cortical que fica, portanto, bem delimitada por se conservar branca
(Foto XI-22). Pode-se notar que esses filamentos escuros invadem o cilindro central
das raízes e também o ponto de ligação entre a planta “mãe” e “filho” (cordão
umbilical), à medida que a infecção evolui. Devido a esta íntima ligação, é possível
ver-se que a “mãe” está contaminando os “filhos”, contaminação essa que já vinha se
processando anteriormente, com a troca de seiva que sempre ocorre entre eles (Foto
XI-23).
Foto XI-22- O FOC deixa apenas o cilindro central com manchas
amarelo-douradas, circundadas por filamentos enegrecidos.

Foto XI-23- “Filho” com sintomas do FOC recebidos do rizoma “mãe”.


Devido ao entupimento dos vasos da planta “mãe”, há paralisação da
circulação da seiva e ela seca em poucos meses (Foto XI-24).
Foto XI-24- A infecção do Fusarium provoca sempre necroses verticais
nas partes internas das bainhas.
As nervuras principais das folhas quebram-se na altura do primeiro quarto
do seu comprimento, ficando penduradas e secam em seguida. Este quebramento
ocorre em folhas com qualquer idade, podendo-se observar até mesmo o quebramento
e secamento da própria vela, como sintoma inicial da moléstia, que lembra um pouco a
uma fome aguda de B.
Os cachos das bananeiras atacadas, independentemente de sua idade,
paralisam seu desenvolvimento e as bananas entram em fase de desidratação e
apodrecimento.
O ataque do mal-do-panamá em bananeiras susceptíveis, geralmente
começa em um ou mais locais e alastra-se rapidamente por toda a plantação,
podendo em dois a três meses destruir vários hectares, culminando sempre com a
morte de todas essas bananeiras. A velocidade desta mortandade está intimamente
ligada ao grau de susceptibilidade do cultivar.
A erradicação das áreas inicialmente atacadas, por meio de herbicidas,
poderá retardar a rápida expansão da moléstia, porém, fatalmente, dentro de mais
alguns meses, ela reaparecerá invadindo e secando todo o bananal, principalmente em
se tratando do cultivar Maçã.

2.1.1- Tolerância dos cultivares


Os cultivares com baixa tolerância ao mal-do-panamá estão fadados a
desaparecer, dada a inexistência de um meio de seu combate ou controle.
Sabe-se que muitas das bananeiras de frutos comestíveis convivem
normalmente com o Fusarium causador do mal-do-panamá e é por isso que o correto é
usar-se a expressão tolerante ou suscetível e não o termo resistente, para se classificar
os cultivares.
Entre os cultivares de bananas comestíveis pode-se estabelecer um
gradiente de tolerância ao mal-do-panamá, como segue:
a) alta tolerância: ‘Caru Verde’, ‘Caru Roxa’, ‘Golden Beauty’ (IC-2),
‘IAC-1’, ‘Java’, ‘Mysore’, ‘Ouro’, ‘Ouro Mel’, ‘São Tomé’ e subgrupo Cavendish
(‘Nanica’, ‘Nanicão’, Valery’, ‘Grande Naine’, etc.);
b) média tolerância: ‘Branca’, ‘Enxerto’ (Prata anã), ‘Pachá naadan’,
‘Pacovan’, ‘Padath’, ‘Platina’, ‘Terra’, ‘Velhaca’ e ‘Zulu’;
c) baixa tolerância: ‘Figo’, ‘Prata’ e ‘São Domingos’;
d) intolerante: ‘Gros Michel’ e ‘Maçã’.

2.1.2- Medidas de controle


O solo quando contaminado, permite o plantio apenas de bananeiras dos
grupos a e b, pois o Fusarium permanece infectando-o por muitos anos.
Por não haver meios de se combater ou controlar efetivamente o
mal-do-panamá, a única solução segura é o plantio de clones de cultivares tolerantes
a esta enfermidade e não usar os susceptíveis, como é o caso do ‘Maçã’.
Para retardar o aparecimento dessa moléstia, recomenda-se a observância
das seguintes medidas, para os cultivares de média e baixa tolerância:
1) plantar em áreas nunca cultivadas anteriormente com bananeiras. O
Fusarium pode permanecer no solo facilmente por mais de 15 anos;
2) o pH do solo deve ser ligeiramente alcalino (pH = 8), com teor de Mg
acima de 15 mmolc/dm3;
3) plantar, sempre que possível mudas de laboratório ou então somente
mudas devidamente escalpeladas e banhadas em hipoclorito de sódio e transformadas
em tipo “pedaço de rizoma”, retiradas de bananais com mais de 5 anos e cujos rizomas
não apresentem sinais do mal-do-panamá. Estas mudas devem ser, sempre que
possível, plantadas inicialmente, em sacos de polietileno, para depois se fazer o seu
plantio no local definitivo. O uso de mudas pedaço de rizoma possibilita melhor
avaliação interna da sua sanidade;
4) rejeitar todas as mudas de mesma procedência, quando se encontrar uma
delas com sinais da moléstia;
5) proteger as mudas com nematicida sistêmico, logo após ao seu plantio e
depois no bananal, mantendo absoluto controle dos nematóides em toda a área;
6) fazer adubações completas, parceladas, contínuas, a fim de manter a
fertilidade do solo em alto nível, permanentemente, com especial cuidado com o B e o
Zn. Este último nutriente favorece a formação de tiloses, que são pequenos calos nos
seus tecidos vasculares, que dificultam a livre circulação do fungo;
7) plantar de preferência em solos recomendados para o cultivo de
bananeiras (solo com alta porcentagem de matéria orgânica, bem drenado e fértil);
8) irrigar por infiltração ou aspersão abaixo das folhas, sempre que
necessário, para que as bananeiras não sofram perturbações (stress) por falta de água;
9) manter sempre a área livre de ervas daninhas, aplicando herbicidas;
10) sempre que se fizer um desbaste ou uma colheita, aplicar nematicida
sistêmico no interior da planta;
11) fazer um bom controle da sigatoka-amarela.
Sempre que haja suspeita da presença do mal-do-panamá em uma
bananeira, deve-se fazer os exames em suas partes internas. Se houver manchas que
causem dúvidas, remeter um rizoma inteiro contendo algumas raízes para um
laboratório de fitopatologia.
No plantio de cultivares intolerantes como os cultivares Maçã e Gros
Michel, é recomendado que se use exclusivamente mudas de laboratório e solos
totalmente virgens de bananeiras. Quanto à longevidade desse bananal é algo muito
difícil de se estimar, motivo pelo qual se costuma dizer que, plantar banana ‘Maçã’ é
normalmente muito lucrativo, porém economicamente, muito arriscado.
Há notícias de quebra de tolerância ao Fusarium nos cultivares Nanica e
Nanicão, em algumas localidades. Esta situação pode ocorrer, em condições anormais,
como aconteceu no Planalto do Estado de São Paulo, quando foi constatada, há mais
de 10 anos, a presença de Fusarium, causando o mal-do-panamá em um bananal do
cultivar Nanicão, onde o solo apresentava um desequilíbrio de Ca, Mg, Zn, B, P e
havia ainda um forte ataque de nematóides Radopholus similis, Helicotylenchus spp. e
Meloidogyne spp. A doença explodiu quando esta situação foi ainda agravada por forte
estiagem, por mais de 60 dias. Sanado o desequilíbrio nutricional e os nematóides
colocados sob controle, o Fusarium deixou de causar problemas e essa área voltou a
produzir, como faz até hoje, com boa produtividade (mais de 30 t/ha/ano). Porém, para
isso, todos os agentes tidos como responsáveis pela perda de tolerância estão sendo
mantidos sob controle nesse bananal.
Em várias áreas do Litoral Paulista e do Vale do Ribeira, fatos semelhantes
têm ocorrido sem que haja alastramento dos focos surgidos. Uma vez eliminada a
síndrome, o bananal volta a produzir, exceto no caso de cultivares classificados como
de baixa tolerância e intolerante, cuja recuperação não tem sido verificada.
A falta de B é freqüente nos bananais das regiões Sul, Centro-Sul e Central
e sendo comumente, confundida com o mal-do-panamá. Em condições de campo,
quando a carência nutricional ou a infecção é pouco intensa, é possível fazer-se a
identificação do problema. Para isso basta observar:
1°) os primeiros sintomas de falta de B aparecem já nas folhas jovens,
enquanto que os do Fusarium não se manifestam nela;
2°) a planta com fome de B tem seu rizoma normal e, no caso do Fusarium,
o rizoma apresenta as descolorações típicas;
3°) as manchas escuras da falta do B, na parte interna das bainhas, são
levemente transversais e nas que tem Fusarium são no sentido do seu comprimento;
4°) fazendo um corte transversal na bengala do cacho ou no engaço ou
ainda no rabo-do-cacho, os sintomas de falta de B aparecem como pequenas
pontuações escurecidas, distribuídas mais na periferia do órgão. No caso do
mal-do-panamá, este sintoma aparece irregularmente em toda a superfície cortada.
2.2- Sigatoka-amarela

2.2.1- Considerações gerais


O mal-de-sigatoka-amarela ou sigatoka-amarela é também conhecido por
cercosporiose da bananeira, mal das folhas, manchas das folhas, ferrugem das folhas
e queima das folhas.
A moléstia foi constatada pela primeira vez em Java, em 1902, por
Zimmermann, sob a forma de Cercospora musae, mas somente em 1913 se tornou
importante, quando causou enormes prejuízos no vale de Sigatoka, nas Ilhas Fidji, na
Melanésia. Em 1923 apareceu na Austrália, em 1926 estava no Ceilão, em 1932/33 foi
constatada em Suriname e Trindade; no Brasil apareceu em 1935, em Caraguatatuba
(SP), e na Jamaica em 1936. Pode-se verificar, desta forma, que praticamente em 30
anos o fungo deu a volta ao mundo.
Depois do aparecimento da moléstia no Estado de São Paulo só foi
observada em 1944, na região Amazônica. Entretanto, apenas depois de 1952 é que
seus prejuízos começaram a ser sentidos em Jacarepaguá (RJ) e em Guarujá (SP). Em
1962, foi constatada em Eldorado Paulista, o último município da região bananeira do
estado a receber tão indesejável “hóspede”, que veio e ficou. Hoje, pode-se dizer que a
sigatoka-amarela é encontrado em todos os bananais do mundo, onde as condições
ecológicas são favoráveis ao desenvolvimento do fungo.
Em 1932, nas regiões bananeiras da América Central, foram iniciados
estudos de métodos e produtos para controle da moléstia. Atualmente, nos bananais
bem conduzidos, o fungo é mantido sob permanente controle com fungicidas e seus
danos são praticamente desprezíveis. Quando o bananal apresenta muitas necroses da
moléstia, os prejuízos são elevados e isto indica descuido do lavrador ou falta de
interesse pela sua exploração agrícola, uma vez que já há tecnologia, produtos
químicos e equipamentos eficientes para seu controle.
A importância econômica é de tal vulto que, em condições favoráveis à
proliferação do fungo, plantações sem controle, que foram altamente produtivas,
podem em apenas dois anos quase desaparecer. Nessas condições, o grau de ataque do
fungo pode ser tão intenso que não sobra na planta uma única folha sadia e então, o
cacho não chega a completar o seu desenvolvimento. Em casos de infecção moderada,
é freqüente a perda de cinqüenta por cento dos cachos, por apodrecimento prematuro
antes da comercialização.
É normalmente, na vela, no cartucho e na folha recém-aberta que o fungo
inicia seu ataque, porém, em geral, o produtor somente nota a presença da doença e os
seus prejuízos, quando aparecem sinais de necrose nas folhas, ocasião que nada mais
se pode fazer para as proteger (Fotos XI-25A, B e C).
Foto XI-25A- As manchas finais da sigatoka-amarela, nas bananeiras
que ainda não produziram o primeiro cacho, são sempre ovaladas.

Foto XI-25B- O controle da sigatoka-amarela tem de ser feito


preventivamente.
Na folha de bananal adulto a necrose típica é um bastonete alongado preto.
Foto XI-25C- Quando o controle não é feito as necroses tomam a folha toda.
A evolução do patógeno dentro do bananal é extremamente dependente dos
fatores climáticos. É necessário, para seu melhor desenvolvimento, que determinados
índices de umidade e temperatura atuem simultaneamente. O fato de apenas um destes
dois fatores estar favorável não é suficiente para o desenvolvimento da moléstia.
Apesar dele só se instalar nas folhas, o fungo atua indiretamente sobre a
produção, por ocasionar manchas necróticas nas folhas em grande número, os quais
diminuem consideravelmente sua área foliar, com conseqüente perda da assimilação
clorofiliana. Além desse aspecto, durante seu desenvolvimento, o fungo lança toxinas
na seiva da bananeira, o que perturba seriamente seu metabolismo, principalmente o
do K.
Com isto, formam-se cachos com bananas curtas, magras e de qualidade
inferior. Na fase em que as bananas deveriam estar engordando, começam aparecer
pencas amadurecendo desigualmente, da mesma forma que se encontram frutos
maduros e verdes dentro de uma mesma penca (Foto XI-26). As bananas desse cacho
quando maduras, são insípidas, secas, sem aroma, sem nenhuma resistência ao
transporte e ao parasitismo de outros fungos. Em casos de ataques severos, a polpa
dos frutos adquire coloração alaranjada e seu amadurecimento é acelerado (Foto
XI-26A). Cachos colhidos em bananal medianamente atacado, mesmo que estejam
com aspecto sadio, ao serem colocados em locais mal ventilados, como os contêineres,
têm maturação muito acelerada. Esses cachos provocam também o amadurecimento
dos outros colhidos em plantações sadias, devido ao grande desprendimento de gás
carbônico e do etileno, além do aquecimento do ambiente provocado pelas reações
exotérmicas, que se processam durante a maturação. Esta situação anula o valor
comercial de todo o lote.
Foto XI-26- As toxinas do fungo da sigatoka-amarela
provocam o amadurecimento precoce e irregular das
bananas, as quais ficam sem valor comercial.

Foto XI-26A- As bananas com sigatoka ficam com a polpa alaranjada.


Bananas colhidas em plantações, mesmo com pequena incidência de
sigatoka, quando colocadas em câmaras de maturação, não obedecem aos padrões
normais de amadurecimento, de forma proporcional a gravidade da moléstia. Ainda
que tenha sido pequeno o parasitismo nas folhas, as bananas reduzem muito o seu
tempo de conservação, após a saída da câmara de maturação.
Inúmeros têm sido os casos de cargas completas de bananas transportadas
em porões de navios ou contêineres, chegarem a seu destino completamente
inutilizadas, pela maturação precoce, causada pelos efeitos enzimáticos do fungo da
sigatoka-amarela nos frutos.
Bananas colhidas em plantas que foram atacadas com a sigatoka-amarela,
quando ingeridas, provocam digestão anormal, causando a sensação de azia.

2.2.2- Patógeno
A sigatoka-amarela é causada pelo fungo denominado, atualmente, de
Mycosphaerella musicola (Leach) J. L. Mulder (1976), como forma perfeita, cuja
forma imperfeita é Pseudocercospora musae (A . Zimmermann) Deighton (1976).
Estas formas representam partes de um mesmo ciclo evolutivo do fungo. O
patógeno, quer sejam conídios de Pseudocercospora (fase assexuada) ou ascosporos
de Mycosphaerella (fase sexuada), provocam sobre as folhas sintomas finais idênticos,
em forma de pequenas manchas lineares elípticas características da moléstia. Em
bananais recém-plantados (independentemente do tipo de muda e do cultivar plantado)
ou no desenvolvimento dos rebentos tipo “guarda-chuva”, as necroses têm a forma
oval, porém com o aumento da idade dessas jovens bananeiras, começam aparecer as
necroses elípticas (ver Foto XI-25A).
Em Mycosphaerella musicola o agente de disseminação é o ascosporo,
contido dentro de pequenos conceptáculos denominados peritécios, formados no
interior dos tecidos necrosados da lesão, que emergem ao nível dos estômatos. Os
ascosporos são pequenos (15 micra, aproximadamente) hialinos e bicelulares.
Quando o peritécio atinge o estágio de maturação, ele expulsa os
ascosporos contidos em seu interior e liberta-os. Freqüentemente são arrastados pelos
ventos a grandes distâncias. Os ascosporos só são expulsos dos peritécios depois de
uma chuva ou um orvalho muito forte, fator imprescindível para acionar o mecanismo
de sua libertação. Os peritécios são encontrados em ambas as faces das folhas, mas em
maior número na face inferior.
Em Pseudocercospora musae os agentes de disseminação são os conídios
que se apresentam sob a forma de pequenos bastõezinhos (20 a 80 micra de
comprimento), hialinos, pluricelulares, agrupados em feixes (conidióforos) e situados
na superfície da folha. Feixes de conídios saem pelos estômatos e, quando maduros,
desprendem-se, sendo então transportados sobre a folha, juntamente com as gotas de
água que escorrem, quer sejam de chuva ou orvalho. O transporte dos conídios se
processa principalmente pela água, tendo o vento pouca importância. Eles são
encontrados igualmente nas duas faces da folha.

2.2.3- Sintomatologia
A moléstia manifesta-se unicamente sobre os limbos das folhas. Nunca foi
constatada em qualquer outra parte da planta, mas é no fruto que o produtor sente seus
prejuízos.
A evolução total da moléstia provoca em cada ponto de penetração do
fungo, a formação de uma mancha necrótica, que constitui a lesão típica da
sigatoka-amarela (Foto XI-27L). Considerando cada uma das manchas isoladamente,
pode-se dizer que ela não causa prejuízo; a gravidade do ataque vai depender da
multiplicidade das manchas (Foto XI-27A). A coalescência de numerosas manchas
isoladas só aparece quando da presença de um outro fungo - Cordana musae - que
completa a destruição total da folhagem, parasitando as áreas que ainda permaneceram
verdes entre as lesões da sigatoka (ver Foto XI-50).
Os sintomas iniciais da sigatoka-amarela aparecem (Foto XI-27) como
pequenas pontuações descoloridas, distribuídas ao acaso, que correspondem ao local
onde o fungo penetrou. Passado algum tempo, estas manchas descoloridas se
acentuam e provocam a formação de pequenas manchas lineares de coloração
amarelo-pálida, com cerca de 1 a 2 mm de comprimento, sempre dispostas
paralelamente as nervuras secundárias da página superior, das terceiras e quartas
folhas da planta. Raramente são encontradas na segunda folha. Elas aparecem em
grande número demonstrando o quanto houve de inoculação do fungo, porém
relativamente poucas se desenvolvem. Em uma segunda fase, algumas manchas
iniciais aumentam de tamanho, tornando-se elípticas com até 10 mm de comprimento
e 3 mm de largura, de coloração que varia entre marrom-escuro a preta. Este estágio da
lesão, caracterizado por este tipo de mancha, geralmente é encontrado nas quartas,
quintas e sextas folhas. Nos bananais novos (ver Foto XI-25A), as manchas crescem
um pouco mais, ficando com um aspecto oval (algumas vezes quase circular), com 8 a
10 mm de diâmetro, com coloração marrom-escura e com o centro acinzentado. Ao
redor destas necroses, a semelhança do que ocorre no bananal adulto, nota-se, em
algumas ocasiões, uma área um pouco oleosa formando um halo amarelado. Este halo
constitui uma reação dos tecidos sadios da folha às toxinas produzidas pelo fungo. No
centro da mancha podem ser notados os órgãos de frutificação do fungo (peritécio),
bem como de outros fungos saprófitas (Foto XI-27N).
Depois de esparramados sobre as folhas, tanto os conídios de
Pseudocercospora como os ascosporos de Mycosphaerella provocam esse mesmo tipo
de lesão.
Sendo diferente a maneira de dispersão das duas formas, assim como a
localização dos sintomas sobre a folha, é possível distinguir perfeitamente os dois
tipos de ataque, tanto pela disposição das necroses nas folhas, como também pela
posição das folhas atacadas, conforme explicado abaixo:
a) Disposição das necroses
Os conídios só se formam quando a umidade relativa do ar é superior a
98%. Ao atingir a maturidade, o que acontece geralmente pela madrugada, eles são
libertos pela água do orvalho ou da chuva. Esses conídios são arrastados verticalmente
de cima para baixo, com as gotículas dágua que caem das folhas superiores e
contaminam as folhas mais jovens dos filhotes, situados em plano inferior.
Desta forma, os conídios contaminam os filhotes ao longo dos bordos do
seu cartucho e também nas folhas, traçando linhas quase retas e paralelas. Esses
conídios assim esparramados formam, inicialmente, pequenas manchas que ao se
desenvolverem produzem necroses lineares, quase paralelas à nervura principal da
folha. Este tipo de infecção é denominado “line spotting”.
Os ascosporos crescem, saem fora dos peritécios e são transportados pelas
correntes de vento e se depositam, principalmente, no ápice das folhas mais altas,
portanto as mais novas, de forma desordenada, porém quase que simetricamente em
ambos os lóbulos. Entretanto, no seu lóbulo esquerdo haverá sempre uma pequena
porcentagem a mais, por este ter se aberto primeiramente. A este tipo de infecção é
dado o nome “top spotting”.
b) Posição da folha atacada
As lesões originadas dos conídios de Pseudocercospora aparecem nas
folhas mais baixas, principalmente nas dos “filhos”. No caso do ataque ser por
ascosporos de Mycosphaerella as folhas mais atingidas são as mais altas e as manchas
aparecem na parte apical.
A maneira de propagação da moléstia permite compreender o mecanismo
de transmissão às outras bananeiras próximas. Os conídios são transportados pela água
contaminada que escorre das plantas mais altas (“mãe”) para as situadas abaixo delas
(“filhos”), podendo ainda provocar contaminações nas vizinhas, pelo esborrifamento
dessa água sobre suas folhas. Este modo de disseminação, quer por conídios quer por
ascosporos, é limitado, pois restringe-se a pequenas distâncias. A disseminação a
grandes distâncias se dá apenas quando os ascosporos são transportados pelo vento e,
neste caso, a distribuição das manchas sobre as folhas é mais homogênea.

2.2.4- Condições de infecção


Os primeiros sintomas da sigatoka-amarela visíveis a olho nu, aparecem nas
terceiras e quartas folhas e, muito raramente, nas segundas; na maioria dos casos a
infecção se dá quando ainda elas estão na fase do cartucho ou quando recém-abertas.
Folhas de bananeiras de variedades que ao se desenrolarem já se apresentam revestidas
por elevada cerosidade, dificultam que o fungo se instale nelas, como é o caso dos
cultivares do subgrupo Figo.
Pode-se dividir o processo de infecção nas seguintes fases:
a) Germinação - Para que se processe a germinação, quer dos conídios ou
dos ascosporos, é necessário que a temperatura e a umidade relativa sejam favoráveis
simultaneamente. Tanto para os conídios como para os ascosporos o ótimo de
temperatura é de 25°C, aproximadamente. As condições de umidade são mais restritas
para os conídios que para os ascosporos. Os conídios necessitam de um filme de água
sobre a superfície da folha, enquanto que para os ascosporos basta que a umidade
relativa do ar seja 95%. Por outro lado, os ascosporos germinam com maior facilidade
e mais rapidamente do que os conídios, pois podem fazê-lo em 3 horas, enquanto os
conídios só iniciam a germinação depois de 8 a 9 horas de condições favoráveis (calor
e umidade favoráveis, simultaneamente).
Havendo estas condições favoráveis, os conídios germinam emitindo um
tubo germinativo, enquanto que, no caso dos ascosporos são dois. O tubo germinativo
se desenvolve sobre a superfície da folha antes de penetrar no interior dos tecidos,
mesmo que as condições sejam ótimas para a penetração.
b) Penetração - Depois de desenvolvido, o tubo germinativo forma um
engrossamento denominado apressório, justamente sobre um estômato e por aí ele
penetra na câmara sub-estomática, atingindo até as células empaliçadas. Nelas, a hifa
(que é o corpo do fungo) se ramifica e se desenvolve e com isto o tecido empaliçado
torna-se amarelo. Como resultado da penetração e crescimento do fungo, nos tecidos
da folha, logo aparecem os primeiros sintomas visíveis externamente. Quando a
penetração é de qualquer um dos dois tubos germinativos, originados de um
ascosporo, esta é mais rápida do que quando provém de um conídio. O apressório
emitido pelo ascosporo faz sua penetração na folha a partir das 60 horas de condições
favoráveis, enquanto que o apressório dos conídios necessitam de 4 dias. Disto
conclui-se que, os apressórios dos ascosporos atingem mais rapidamente os tecidos
internos das folhas, tanto pela facilidade de sua germinação quanto pelo próprio poder
de sua penetração, do que os apressórios dos conídios.
c) Incubação - O período de incubação é o tempo que vai da penetração do
tubo germinativo, através dos estômatos, até o aparecimento dos primeiros sintomas
visíveis. Este período é muito variável, podendo durar de 15 dias a vários meses, mas
em geral, a média está entre 25 a 30 dias.
A duração do período de incubação está condicionada a diversos fatores,
dentre eles as condições climáticas, sendo mais importante a temperatura. Em
condições de temperatura desfavorável, portanto além dos limites máximos ou
mínimos, a duração do período de incubação aumenta consideravelmente.
Outro fator importante é a quantidade de inóculo sobre uma mesma folha.
Em condições climáticas idênticas, quanto maior for a quantidade de esporos (conídios
ou ascosporos) depositados sobre elas, mais curto será o período da incubação. A
velocidade de crescimento da bananeira também influi; quando as plantas têm
desenvolvimento rápido a incubação também é rápida; se o desenvolvimento é lento, o
período de incubação é maior.
Durante a formação dos bananais, as condições de infecção são menores,
devido a maior e mais rápida formação de cera nas folhas e também pela baixa
quantidade de esporos presentes.
Os índices de fertilidade e do pH do solo devem ser levados em
consideração, pois onde eles são baixos, a exsudação de cera nas folhas das bananeiras
é pequena e tardia, o que favorece a penetração do fungo.

2.2.5- Evolução dos sintomas


A evolução dos sintomas da sigatoka-amarela permite que se definam
várias fases (Foto XI-27):
Fase I - Como resultado do crescimento das hifas dentro do tecido foliar e
de sua atividade parasítica, aparecem os primeiros sintomas da moléstia, sob a forma
de pequenas pontuações amarelo-pálidas ou verde-claras de tamanho diminuto, que
logo se tornam com aspecto linear e sempre dispostas paralelamente às nervuras
secundárias. Estas pontuações têm, no máximo, 1 mm de comprimento.
Resumindo: Fase I - pequenas pontuações de coloração amarelo-pálida ou
verde-clara com 1 mm de comprimento, no máximo.
Fase II - No caso da infecção ser a partir dos conídios, quando as hifas
atingem a câmara sub-estomática, o micélio interno formado sai pelos estômatos e se
ramifica sobre as duas faces da folha, sob a forma de hifas grossas e pardas, com cerca
de 3 micra de diâmetro. Estas hifas cobrem a superfície da folha, ampliando o
contorno inicial da mancha para 2 a 3 mm e vão penetrar novamente em outros
estômatos vizinhos. Os tecidos situados sob o micélio são destruídos progressivamente
e, somente são detidos pelo aparecimento de uma barreira de goma, produzida pelos
tecidos sadios da folha. Essa goma delimita a mancha e impede o fungo de a atravessar
e se expandir.
No ataque feito a partir dos ascosporos, se verifica o mesmo fenômeno de
infecção, mas não é constante. Mesmo sem o aparecimento do micélio externo,
notam-se tecidos necrosados no interior da folha, em virtude do desenvolvimento e
engrossamento interno do micélio. O crescimento do micélio vai ocasionar a imediata
destruição dos tecidos empaliçados, por onde ele penetrou. Há o desenvolvimento das
pontuações que se tornam manchas elípticas, as quais vão, progressivamente,
adquirindo coloração marrom-escura, quase preta. Estas manchas não têm contornos
definidos.
Resumindo: Fase II - mancha verde-clara, alongada, elíptica com alguns
milímetros de comprimento.
Fase III - denominado período de enferrujamento - mancha elíptica de
coloração marrom-escura, quase preta, sem contornos definidos.
O período de evolução das Fases II e III varia com as condições de
crescimento do fungo e pode ser maior que o período de incubação.
Fase IV - Este período apresenta duas características:
a) cessa o desenvolvimento interno do micélio. Os tecidos da planta reagem
contra o fungo formando uma barreira de goma e a mancha passa a ter contornos
definidos, iniciando por um halo amarelado, às vezes oleoso que corresponde à zona
onde o micélio não penetrou;
b) há formação de esporodóquios nas câmaras sub-estomáticas e, se as
condições climáticas forem favoráveis, pode haver abundante esporulação. O centro
da mancha torna-se escuro e definido.
Resumindo: Fase IV - mancha com dimensões definidas, de centro escuro
cujo contorno se define progressivamente.
Fase V - Neste período a barreira de goma se define, a mancha não aumenta
mais. As células da barreira estão cheias de uma substância amorfa e amarelada, que
obstrui os vasos liberianos. A parte central da mancha se retrai e resseca.
Internamente, encontra-se um micélio com abundante número de hifas pardas de 2 a 4
micra de diâmetro. Os peritécios de Mycosphaerella começam a se diferenciar.
Aparecem inúmeros fungos saprófitas. O aspecto da mancha é característico e
corresponde ao desenvolvimento final da lesão. Os tecidos do centro da mancha secam
e têm coloração cinza uniforme e o halo desaparece para dar lugar a um anel negro que
delimita a mancha.
Resumindo: Fase V - mancha definida com moldura amarelada, que passa a
negra, identificando a fase final da lesão.
Os fatores que condicionam a evolução da mancha são os mesmos que
regulam a duração da incubação, porém, admite-se que, neste caso, o vigor vegetativo
da planta não tenha influência. A quantidade de inóculo é um dos fatores mais
importantes. A temperatura é igualmente um fator determinante, pois com
temperaturas baixas (menos de 10°C) ou muito altas (mais de 35°C), o
desenvolvimento das manchas diminui. O fungo resiste às temperaturas baixas (6°C)
ou altas (40°C), porém na natureza, o calor ou frio só detém o desenvolvimento da
moléstia, momentaneamente, sem destruir o fungo.

2.2.6- Controle
Vários métodos já foram usados para o controle da sigatoka-amarela,
iniciando pelas erradicações e, depois, pelo uso de pulverizações convencionais.
Desde a década de 30, inúmeros fungicidas foram testados e dentre todos eles, o que
se revelou melhor foi a calda bordaleza. Mas, com o aparecimento de novas técnicas e
dos novos aparelhos, os atomizadores, a utilização da calda bordaleza tornou-se
inviável técnica e economicamente.
Lançando mão dos equipamentos de atomização, pesquisadores franceses
desenvolveram um método de combate a sigatoka-amarela.
Tentando diminuir a quantidade de água e de produtos químicos, passaram
a experimentar as técnicas de nebulização e atomização. A nebulização foi
rapidamente abandonada em favor da atomização, pois o diâmetro de suas gotículas*
(40 micra) provocava grande dispersão e não proporcionava boa fixação sobre as
folhas. Usando-se a atomização as gotículas ficam com diâmetro de ordem de 100 a
200 micra e se obteve uma boa deposição.
Na utilização destas técnicas surgiram dificuldades quanto ao veículo do
fungicida, pois ao se usar a água, havia uma rapidíssima evaporação das gotículas, que
eram muito finas e os tratamentos se mostraram insuficientes. Procuraram então
encontrar outro veículo para transportar o fungicida até a folha e o fixar nela.
Inicialmente foi usada uma mistura de óleo mineral com óleo diesel e o fungicida.

* De acordo com o seu diâmetro a gota recebe a seguinte denominação:


aerosol .................. 1 a 10 micra
nebulização ........... 10 a 50 micra
atomização ............. 50 a 300 micra, sendo mais usados os limites de 100 a 200
micra (100 micra = 0,1 mm)
O óleo diesel foi incluído a fim de diminuir a viscosidade da mistura, que
era usada na dosagem de 40 litros por hectare. Com o aperfeiçoamento da técnica,
procuraram diminuir cada vez mais as quantidades de óleo e de fungicida, chegando a
ponto de verificar que o óleo, por si só, era tão eficiente no controle da moléstia
quanto as misturas utilizadas. A partir destes resultados, passaram a aplicar somente o
óleo, que utilizado de maneira correta, permite controlar a sigatoka-amarela. Em
condições de pulverização com alto volume, seu uso não é viável.
Vários autores têm tentado explicar o papel do óleo e a sua eficiência no
controle da moléstia. Apesar de não se saber corretamente o mecanismo através do
qual ele atua, já se conhece o exato momento em que ele passa a impedir o
desenvolvimento do fungo. BRUN e FROSSARD (1954), em seus experimentos,
chegaram a conclusão de que o óleo age, preventivamente, sobre a esporulação e a
germinação do fungo ocasionando uma diminuição na sua atividade, mas não a sua
paralisação. Já CALPOUZOS et al. (1955) concluíram que o óleo não tem nenhuma
ação sobre a esporulação. Em outra série de ensaios BRUN (1959), estudando a ação
do óleo sobre os ascosporos, demonstrou que ele diminui a velocidade de germinação,
com um ótimo de eficiência, quando o tratamento era feito 48 horas antes da
inoculação e que seu efeito persistia, ao menos, por uma semana. Em ensaios sobre a
penetração do fungo, o mesmo autor chegou à conclusão que, a proporção de tubos
germinativos que conseguem penetrar dentro dos estômatos é inferior a meio por mil,
o que mostra a eficácia quase absoluta do óleo como fungicida preventivo.
Esses são resultados de microensaios, realizados com muito cuidado, nos
quais as folhas foram tratadas com óleo, em quantidade maior do que aconteceria em
uma pulverização normal. Com base nesses dados, poder-se-ia pensar em se realizar
apenas tratamentos preventivos, mas na prática isto seria muito oneroso, exigindo
tratar as plantações a cada quatro dias, para se evitar a penetração do fungo nas folhas.
Hoje, sabe-se que o óleo aplicado em altas dosagens é fitotóxico e por isso não seria
viável tantas pulverizações.
Ao mesmo tempo em que se fizeram estudos referentes à ação preventiva
do óleo sobre o fungo, inúmeros ensaios também foram conduzidos para se determinar
sua ação no crescimento do fungo, após sua penetração no tecido através dos
estômatos. Como resultado, foi concluído que ele têm uma ação precisamente
definida, a qual varia de acordo com o estágio de evolução da mancha.
BRUN (1959), em seus ensaios, chegou a conclusão que, nos tratamentos
feitos quando na fase I (pequenas pontuações de coloração amarela-pálida de 1 mm de
comprimento) a porcentagem máxima de evolução das manchas chegou a 3,33%,
enquanto que para a testemunha foi de 100%. Quando o tratamento foi feito na fase II
(mancha verde-clara alongada com alguns milímetros de comprimento) a porcentagem
atingiu 5,8%. Na fase III (mancha elíptica de coloração marrom escura sem contornos
definidos) a porcentagem aumentou bastante, alcançando até 20%. A paralisação do
desenvolvimento das manchas nas fases I e II não se produz no momento do
tratamento pois, em geral, muitas delas continuam evoluindo até a fase III, quando
então há o bloqueio de todas essas manchas.
Com a paralisação do desenvolvimento, as manchas ficam reduzidas a
pequenos riscos que se tornam marrom-escuro, coloração típica de um ataque
bloqueado; não há formação do anel negro em torno da mancha (presente na fase V) e
também o secamento da zona necrosada. Pode-se assim ver que, os prejuízos quase
não têm importância, pois estes pequenos riscos pouco chegam a influir no
metabolismo da planta.
Apesar de todos estes conhecimentos já adquiridos, ainda não é conhecida,
a maneira como o óleo age. Apenas se sabe que ele penetra no interior da folha pelos
estômatos e fica, portanto, em contato com o fungo, atuando fungistaticamente.
Para se fazer controle da sigatoka-amarela seria pois, recomendável que se
fizesse os dois tratamentos combinados: o preventivo, para impedir a germinação dos
esporos e conseqüentemente sua infecção, e o curativo, para agir de modo a impedir
seu desenvolvimento nos tecidos da planta após sua penetração.
Em São Paulo, foram feitos estudos para se estabelecer um método de
controle, semelhante ao utilizado no Equador, cujos resultados já foram publicados por
MARTINEZ et al. (1978).

2.2.7- Quando pulverizar


As pulverizações devem ser feitas de modo a proteger as folhas I, II e III.
As demais folhas, se não foram protegidas anteriormente, dificilmente se conseguirá
bloquear o desenvolvimento do fungo que já está instalado nelas.
Em vários países, inclusive no Equador, têm sido adotado com bons
resultados os métodos de previsão, que dispensam os tratamentos inúteis e asseguram
uma proteção eficaz às plantas, durante o período de desenvolvimento do fungo. Esses
métodos de previsão estão baseados em critérios biológicos ou em dados
metereológicos, obtidos diretamente na área de produção.
Para as condições do Litoral Paulista e do Vale do Ribeira (SP), foi
elaborado um calendário preventivo (Quadro XI-1), para a realização das
pulverizações com óleo puro, sem contudo levar em consideração os fatores
climáticos, nem as fases evolutivas do desenvolvimento da moléstia. Dessa forma, o
intervalo de pulverização fica, em média, em torno de 21 dias. São recomendações
amplas e genéricas as quais têm possibilitado que as bananeiras se apresentem, por
ocasião das colheitas, com mais de 95% de sua área foliar livre de necroses da
sigatoka-amarela, porém a um custo que poderia ser menor, se comparado com a
metodologia elaborada por MARTINEZ et al. (1978), uma vez que, baseando nessas
pesquisas, o número de pulverizações seria bastante reduzido.

Quadro XI-1- Calendário para a região bananeira litorânea de São Paulo, usando-se apenas “spray
oil”, no controle da sigatoka-amarela.

Pulverização Dia Mês


1 10 outubro
2 5 novembro
3 30 novembro
4 26 dezembro
5 10 janeiro
6 25 janeiro
7 10 fevereiro
8 25 fevereiro
9 15 março
10 5 abril
11 30 abril
12 20 maio
13 10 junho(4)

Durante o período de junho a outubro não há necessidade de pulverizações


nessas regiões, para o controle da sigatoka-amarela, pois as baixas temperaturas
noturnas impedem o desenvolvimento da moléstia.
Considerando que a sigatoka-amarela necessita de calor e umidade,
simultaneamente, para se desenvolver e como estes dois fatores nem sempre estão
presentes, é possível fazer um permanente controle da evolução do fungo e
proceder-se a um esquema biológico da freqüência das pulverizações.
Em estudos feitos por KLEIN (1960) sobre a sigatoka-amarela, ele
conseguiu definir visualmente as doze primeiras fases da evolução dos sintomas da
moléstia (A a L) constantes na FotoXI-27, sendo que as demais correspondem as
necroses e coalescências que se seguem e que podem ser assim resumidas:

Foto XI-27- Doze primeiras fases da evolução da sigatoka-amarela,


segundo Klein (1960), complementado com os sintomas finais.
A até C - estrias de cor amarela;
D até E - estrias de cor marrom escura ou café;
G até L - manchas já definidas;
M até O - necroses e coalescências.
MARTINEZ et al. (1978) estudando e testando esse trabalho para as
condições do Vale do Ribeira (SP) e do Litoral Paulista, conseguiu elaborar um
método prático, descrito abaixo, para ser utilizado em condições de campo, com o qual
o produtor pode saber quando ele deve fazer cada pulverização, independentemente de
aplicar óleo puro ou misturado com fungicida.
Para se avaliar o grau de infecção existente no bananal, o agricultor deve,
semanalmente, observar a situação de 10 a 20 plantas por hectare, que ainda não
tenham lançado suas inflorescências e que estejam com dez ou mais folhas vivas.
Nessas plantas, escolhidas ao acaso, faz-se a contagem das estrias amarelas (até fase
C) encontradas em cada folha.
A avaliação da necessidade de se realizar a pulverização é feita com base
nos seguintes critérios:
a) folhas na posição II (lembrar que a folha 0 (zero) é a vela ou o cartucho e a I é a
primeira aberta.)com
mais de 50% dessas folhas com algumas estrias, porém sempre com
menos de 50 estrias amarelas - situação de alerta para pulverização;
b) folhas na posição II com mais de 50% dessas folhas com 50 estrias
amarelas ou com cor marrom escura (café), ou então, folhas nas posições III ou IV
com mais de 50% dessas folhas com 100 ou mais dessas estrias - situação de
pulverização nas 24 horas seguintes, não podendo ser depois de 48 horas.
A urgência da realização da pulverização se faz necessária, porque, depois
desse tempo, as estrias passam de amarelas para a cor marron-escura (enferrujamento)
e a eficiência da pulverização fica bem reduzida, uma vez que o óleo não atua depois
dessa fase.
Com base nesses dados, o produtor deve fazer, semanalmente, um
levantamento da situação das estrias encontradas em seu bananal. À medida em que o
número de estrias amarelas (fase C a E) aumente nas folhas II, III e IV, está chegando
o momento de iniciar as pulverizações. Por outro lado, à medida em que elas
diminuem ou tendem a se concentrar nas folhas mais velhas, é sinal que as
pulverizações podem ser feitas a intervalos maiores, ou até mesmo indicar que elas
podem ser suspensas.
Enquanto que o óleo age apenas como bloqueador de desenvolvimento do
fungo (ação fungistática), o fungicida sistêmico é absorvido pelos estômatos da folha e
aí atua como fungicida de contato sobre o fungo, da mesma forma que já atuou na
superfície da mesma. Além disso, ele tem uma pequena translocação lateral pelo
tecido empaliçado da folha e, por isso, consegue controlar também o desenvolvimento
do fungo que penetrou nos estômatos vizinhos. Quer isto dizer que a pulverização só
com óleo precisa atingir uniforme e completamente toda a folha, enquanto que ao se
aplicar o fungicida sistêmico esse rigor não precisa ser tão absoluto.
Pelo fato do fungicida sistêmico atuar também dentro do tecido das folhas,
ele consegue matar o fungo mesmo estando este em uma fase mais avançada de
desenvolvimento (fase F), fase essa em que o óleo sozinho não mais atua. Portanto, se
o agricultor estiver usando mistura de óleo e fungicida sistêmico, ele terá um prazo um
pouco maior para realizar as pulverizações, em relação aquelas feitas apenas com óleo
puro ou seja, os intervalos que eram de 21 dias podem passar para 30 ou até 40 dias.
Porém, se a mancha tornar-se café, a pulverização pode bloquear parcialmente o
desenvolvimento do fungo, mas as necroses aparecerão.
A aplicação de fungicidas sistêmicos feitas com base no método de
avaliação de MARTINEZ et al. (1978), permite uma grande redução no número de
pulverizações, com menores despesas, maior lucro para o bananicultor e menor
poluição ambiental, porém ele tem que estar sempre bem atento.
Em síntese, para as condições do Estado de São Paulo, as pulverizações
com óleo mais fungicida sistêmico terão que ser feitas nos meses de novembro,
dezembro, abril e maio a cada 40 dias e nos meses de janeiro, fevereiro e março
quando há mais calor e mais chuvas, a cada 30 dias. Apenas no caso em que se use os
atomizadores costais, deve-se encurtar os intervalos de pulverizações, em 5 dias, dada
sua menor eficiência.
As pulverizações não devem ser feitas durante as horas mais quentes do
dia (9 a 16 horas), pois nesta ocasião os lóbulos foliares não estão espalmados, o que
torna irregular a deposição das gotículas. Além deste aspecto, a temperatura alta (mais
de 28°C), no momento da aplicação, provoca um aumento do índice da fitotoxidade do
óleo e mais evaporação, devido ao maior fracionamento das gotículas do produto. Se o
vento soprar a mais de 15 ou 20 km/h não se deve fazer a pulverização. Ao se iniciar a
pulverização diurna, o operador ou o fiscal deve observar se não está havendo
turbulência ou correntes de ascensão que possam tornar irregular a deposição ou
mesmo não haver nenhuma, pelo fato do produto ter sido arrastado para o alto e se
perdido. Não há restrição ao fato das folhas estarem úmidas ou molhadas.
As pulverizações feitas à noite são mais eficientes, pois não são
prejudicadas por temperatura alta, evaporação e ainda são favorecidas pela brisa
noturna que é mais constante e unidirecional.
O melhor horário para se iniciar a pulverização é a partir das 18 horas e
terminar às 7 horas.

2.2.8- Meios de controle e equipamentos atomizadores


Há dois meios de se fazer o controle da sigatoka-amarela: por pulverizações
ou pela aplicação do produto dentro da bananeira.
As pulverizações podem ser feitas por vias terrestre ou aérea.
Por via terrestre, a aplicação do óleo se faz com máquinas pulverizadeiras,
capazes de subdividir a mistura óleo mais fungicida em partículas de 100 a 150 micra
de diâmetro e por isso são chamadas de atomizadeiras.
Basicamente pode-se dizer que estas partículas se formam pela injeção do
óleo, em uma corrente de vento, produzida por uma ventoinha, que as transportam
para o ar exterior. Ao caírem elas se depositam sobre as folhas da bananeira, tal como
leve neblina e acabam por formar uma tênue camada de revestimento, na sua página
superior, como se fora uma película aderente. As atomizadeiras tem um depósito para
o líquido a ser aplicado, o qual é recalcado, por uma bomba, até a extremidade final do
tubo condutor (pescoço) do jato de ar, onde ele é injetado através de um pequenino
orifício (“gicleur”) ou de um “microner” na corrente de ar.
Por via terrestre tem-se as atomizadeiras costal e de trator.
A atomizadeira costal ou de mochila é equipada com um “gicleur”. Ela tem
um depósito para 15 litros de mistura defensiva, com agitação interna e capacidade de
fazer uma faixa protegida de 6 a 8 metros. A pequena potência do seu motor (1/3 de
HP) reduz muito sua eficiência em bananeiras ‘Nanicão’ e muito mais no ‘Prata’,
sendo por isso recomendada apenas para o cultivar nanica (Foto XI-28).

Foto XI-28- Atomizadeira costal é usada com muitas


restrições, dada sua pequena potência, baixo
rendimento e alta manutenção.
As atomizadeiras maiores, também chamadas de “girafa”, são acionadas
por um motor estacionário ou pelo eixo de tomada de força do trator, que movimenta
um ventilador e uma bomba de recalque.
Deve haver, junto ao “pescoço”, um assento para que o operador da
“girafa” possa se acomodar e executar os movimentos necessários, para manter o jato
dirigido sempre na mesma direção da corrente de ar (brisa), pois ela ajudará a
transportar a mistura defensiva.
Além do tratorista para dirigir o trator, é imprescindível que, haja também o
operador da atomizadeira, pois é dele a responsabilidade pela qualidade do serviço de
pulverização (Foto XI-29).
O jato de ar produzido pelo ventilador sai através de um tubo fixo
(“pescoço”), com comprimento variável (segundo o cultivar onde vai ser utilizado),
que tem no seu topo uma parte móvel (“cabeça”), capaz de girar 360°, a nível
horizontal e outros 360° a nível vertical. Essas articulações permitem que se possa
fazer o jato de ar sair em qualquer direção. Esses recursos de movimentação da
“cabeça” existem para que o operador possa mantê-la para o alto, na posição de 45 a
60° com a horizontal. A altura do “pescoço” deve ser tal que o jato possa passar a ± 50
cm acima das folhas da primeira linha de bananeiras, junto ao carreador. Para operar
em um bananal de ‘Nanicão’, ela precisa ter o final da “cabeça” a uma altura de 6 m
do solo; para um de ‘Prata’ deve ter 8 m.

Foto XI-29- A “girafa” tem alto rendimento e baixa


manutenção, é eficiente e possibilita fazer-se pulverizações
à noite, que é a melhor hora. Ela tem que ter um operário
para comandar sua “cabeça”.
A bomba de recalque succiona do tanque de depósito o produto a ser
aplicado e o injeta na corrente de ar. O tanque de depósito dessa atomizadeira tem
capacidade de 300 a 500 litros. Esta injeção é feita por um ou dois “microners”, fixos
no bico móvel do pescoço. Essa bomba de recalque deve ter potência suficiente para
alimentar os “microners” e também fazer o retorno de um volume de líquido, ao
tanque de depósito, que assegure a agitação constante da calda fúngica.
O “microner” é formado, basicamente, por dois cilindros feitos com tela de
aço inóx sendo que o interno tem malha menor e o externo maior. Eles são solidários e
giram apoiados em um eixo fixo que introduz a calda fúngica no interior do menor.
Esta, ao se extravasar, é fracionada primeiramente pelo cilindro interno e depois
subdividida mais pelo externo. Este conjunto gira com 3.000 ou 5.000 rpm, em função
da angulosidade das aletas que possui. A malha das telas e a rpm determinam o
diâmetro da partícula.
Quando a brisa é convenientemente aproveitada, o jato de ar dessa
atomizadeira consegue fazer a cobertura de uma faixa de 40 a 50 metros, em uma só
passada (Foto XI-30). Em face dessa faixa de cobertura da atomizadeira, é preciso que
se tenha carreadores paralelos com 8 metros de largura e distanciados de 50 metros
(ver Cap. V-2.7). O ventilador precisa ter uma potência capaz de produzir no mínimo
30 m³ de ar por segundo.

Foto XI-30- O jato de ar com a mistura fúngica deve ser dirigido na


mesma direção e sentido da brisa.
Não se pode direcionar o jato de vento contra a brisa, pois isto iria causar
um forte turbilhonamento de ar, que impossibilitaria a cobertura total da faixa de
pulverização. Isto impede que o trator transite num mesmo carreador pulverizando,
primeiramente de um lado e depois do outro.
Em complemento do exposto, deve-se dizer que, a direção do jato será
levemente voltada para trás do sentido do deslocamento do trator. Deve-se evitar
sempre que o jato fique voltado para a frente do trator, pois, neste caso ele estaria
provocando turbilhonamento de ar.
É oportuno lembrar que os melhores resultados da pulverização com esta
atomizadeira, se obtém quando se opera à noite, pois nesse período a brisa é constante
e os lóbulos foliares estão espalmados. Para que o operador possa observar melhor
como está saindo o jato de óleo, deve-se instalar, na parte móvel do seu pescoço, uma
lanterna.
Esta atomizadeira vem de fábrica para ser acoplada diretamente no trator.
Entretanto, quando se opera em topografias planas ou pouco acidentadas, muitos
produtores costumam fixá-la sobre o chassi de uma carreta de duas rodas, com molas,
para diminuir os golpes e contra-golpes no operário e na máquina.
Dentro dos esquemas de adaptação que o agricultor sempre faz, neste caso,
é freqüente ele utilizar a parte dianteira de um chassi de uma camioneta, tipo F4.000,
para instalar a atomizadeira em cima dele. Para que ela fique mais estável, os
pneumáticos serão cheios com água e mantidos com baixa pressão, à semelhança do
que se faz com os rodeiros dos tratores.
Nas topografias mais acidentadas, é recomendável fazer-se o acoplamento
da atomizadeira diretamente em um trator, com tração nas quatro rodas, popularmente
conhecido como “traçado”. Dado ao seu maior peso e facilidade de tração, este trator
tem um melhor desempenho nesta operação, principalmente se, devido às chuvas, os
carreadores não estiverem devidamente conservados.
Por via aérea, pode-se utilizar o avião ou o helicóptero. Estes veículos
pulverizadores podem ser adquiridos com 2 ou 4 “microners” ou então com uma barra
aplicadora, contendo um número variável de bicos (± 20) que possibilita, em ambos os
casos, a cobertura de uma faixa de 25 a 35 metros de largura. Em geral, eles tem um
depósito com capacidade de 400 a 600 litros (Foto XI-31, Foto XI-32 e Foto XI-33).

Foto XI-31- Os aviões são equipados com 2 a 8 “microners”. A melhor


cobertura acontece quando se usa 8 deles. Eles também podem ter
barras aplicadoras.

Foto XI-32- O líquido é injetado pelo interior do “microner”, que ao girar


o subdivide em gotas de 180 micra. Na foto o modelo é AU 5.000.
Foto XI-33- Os helicópteros somente são equipados com barras
aplicadoras, tem grande rendimento, pousam em qualquer lugar,
mas tem alto custo operacional.
Nos aviões, a rpm do “microner” é também influenciada pela sua
velocidade.
Os aviões apresentam a vantagem de serem rápidos (5 ha por minuto) e
eficientes. Para eles se tornarem operacionalmente mais econômicos, deve haver um
campo de pouso, a uma distância máxima de 12 quilômetros do bananal.
Os aviões e os helicópteros possibilitam que se faça as pulverizações até as
10 horas e se reinicie as 16 horas, uma vez que o produto cai sob impacto nas folhas,
havendo poucas perdas provocadas por correntes de convecção e deriva. Entretanto,
dado ao avançado da hora, o ar pode estar muito quente e como o efeito fitotóxico do
óleo aumenta como uma função exponencial da temperatura, é bastante fácil dele
provocar queimamentos nas folhas. É importante que não se faça pulverizações
quando a temperatura estiver acima de 28°C e que não esteja havendo inversões
térmicas. O ideal é que a brisa seja inferior a 10 km/h.
As quantidades de produtos a serem aplicadas por via aérea e a freqüência
são as mesmas das atomizadeiras.
Hoje, o avião e o helicóptero são bastante usados em pulverizações, nas
regiões bananeiras do Brasil. A despeito da topografia acidentada que circunda os
bananais no Vale do Ribeira e no Litoral Paulista, os produtores já estão se utilizando
dos aviões para o controle dessa enfermidade. Dado ao grande aumento da frota de
aviões agrícolas no país, seu custo operacional que era alto, está perfeitamente
compatível com aqueles das atomizadeiras acopladas ao trator.
Não se pode dizer que a aviação agrícola é a solução para a pulverização
dos bananais, sem se fazer algumas ponderações, a respeito de suas limitações.
Eles devem voar entre 15 a 17 m acima do solo ou seja em média 10 a 12
metros acima das folhas das bananeiras. Devido a isto, as redes de eletricidade
constituem problemas operacionais que redundam, quase sempre, em baixa qualidade
de serviço (Foto XI-34).
Foto XI-34- Os aviões e os helicópteros devem voar a ± 10 m acima
das bananeiras, tem alto rendimento e limitações quanto a hora de voar.
A pista de pouso deve ficar no máximo a 12 km.
O balizamento para orientação do piloto deve ser feito com varas de bambu
de 6 a 7 m, em cuja extremidade se coloca uma bandeirola de cor brilhante. Essas
varas são fixadas em linhas retas a cada 12 m. Essas linhas são dispostas
paralelamente uma das outras a cada 300 a 500 m.
Se a velocidade do vento for maior do que 20 km/h, há forte derivação do
produto e desuniformidade na deposição.
A temperatura, no caso do avião, é muito mais importante e não deve ser
superior a 28°C, para não aumentar a evaporação. Nos vôos feitos com helicóptero a
evaporação é menor.
Outra limitação é a topografia. Nas regiões acidentadas, a qualidade da
pulverização não é boa, pois os vôos tem que ser mais altos e há ainda as turbulências
aéreas que perturbam a deposição do produto. Os helicópteros são mais indicados para
esses locais, porém o seu custo operacional é bem mais alto do que o do avião.
Eles operam, quase sempre, em regime de empreitada, modalidade de
serviço que apresenta alto rendimento, porém baixa qualidade.
Além disso há freqüentes “problemas” entre os pilotos e os proprietários
dos aviões, fazendo com que muitas vezes não se cumpra o programa de pulverização,
com a presteza que o calendário do controle da sigatoka-amarela exige. Este tem sido
o maior impecilho entre a aviação agrícola e os produtores de banana.
Todos os equipamentos, quer sejam costais ou acoplados a um trator ou via
aérea, precisam ter um muito bom sistema de agitação no depósito do produto, uma
vez que vários fungicidas adicionados ao óleo não são solúveis nele, mas formam com
ele uma suspensão que, como tal, pode decantar no fundo do tanque. Se isto acontecer,
no início da aplicação haverá excesso de produto e, conseqüentemente, falta no final.
Se, ocasionalmente, na data programada para a pulverização ocorrer um dia
brusco, quase sem vento e ligeiramente frio, é possível operar-se o dia todo com os
equipamentos atomizadores.
A viabilidade da aplicação do fungicida, no interior da bananeira, decorre
dos resultados das recentes pesquisas realizadas com os sistêmicos. Essa é a única,
senão uma das únicas plantas que aceita tal tratamento.
Esta metodologia foi criada para atender aos proprietários de bananais com
até 20 mil covas, portanto de caracter familiar, e que não precisem fazer o controle da
sigatoka-amarela o ano todo.
Para se utilizar desta metodologia, o agricultor precisa se inteirar
completamente da operação desbaste, aqui relatada. O produto será aplicado no
interior de um buraco aberto com a lurdinha em um membro da “família”, que poderá
ser a “mãe” recém-colhida ou um “filho” supérfluo ou um “neto” supérfluo, que será
desbastado na hora. Desta forma, a cada 30 dias, se aplicará o produto em um deles,
que servirá para proteger a “família” toda.
Nas covas onde houver mais de uma “família”, se fará uma aplicação em
cada uma delas. Para isso será necessário abrir-se um buraco, em uma das plantas
citadas de cada uma das “famílias”, no qual se introduzirá o fungicida.
Implica isto em dizer que será preciso haver, a cada mês, uma “mãe”
colhida ou um “filho” ou um “neto” para desbastar e com isto ter-se um buraco para se
introduzir o produto (ver Cap. VI-3.2).
Nesta metodologia, o produto é aplicado puro no interior de uma única
planta da “família”, com o auxílio de uma colher ou dissolvido em um pouco (30 ml)
de água, usando-se uma seringa dosadora, semelhante a que se utiliza em veterinária.
A dosagem atualmente recomendada é de um grama ou um ml por
“família”, por mês, de um produto comercial sistêmico citado na relação de fungicidas
(Quadro XI-2). Provavelmente esta dosagem venha a ser reduzida, quando novos
experimentos forem realizados.
Esta metodologia exige mais mão-de-obra, mais produto químico, porém
não causa poluição ambiental e evita que o produtor tenha que investir na compra de
equipamentos.
Pelo fato de não causar poluição, esta metodologia é também uma solução
para a aplicação do fungicida nas proximidades das residências e das aguadas.

2.2.9- Avaliação da pulverização


O controle da sigatoka-amarela já é considerado eficiente quando se obtém
95% de área foliar sadia. Este controle é suficiente para assegurar, por ocasião da
colheita, a existência de tantas folhas vivas quantas forem as pencas do cacho.
Para se saber se a pulverização foi bem feita, com a atomizadeira “girafa”,
decorridos 12 minutos (com limite de 2 minutos para mais e 2 para menos) da
aplicação, deve-se inspecionar as folhas I, II e III de bananeiras que estejam em uma
linha reta, traçada transversalmente ao comprimento da faixa pulverizada. Essa linha
reta deve ser feita em uma posição mediana ao comprimento da faixa pulverizada.
Cinco plantas devem ser escolhidas, estando assim localizadas: no bordo do carreador,
a 10, a 25 e a 40 metros desse bordo e a última no bordo oposto.
TRATOR

Figura XI-1- Faixa pulverizada com as bananeiras escolhidas para se


avaliar a pulverização.

Nos bananais pulverizados com avião, a inspeção deve ser feita no mesmo
tempo da atomizadeira. Quanto à linha reta, na qual se elegerão as plantas para se
observar a deposição do óleo, ela será no sentido transversal ao vôo realizado (linha de
“tiro”). Neste caso, se inspecionará apenas uma planta, sob a linha divisória entre as
duas passadas do avião e uma outra, exatamente em baixo da linha de vôo do avião.
Essas observações devem ser repetidas a cada 50 a 60 metros na linha de “tiro”.
Se, durante a inspeção feita aos 12 minutos após a pulverização, onde se
utilizou a atomizadeira “girafa” ou o avião, constatar-se que já houve a formação da
película de revestimento com o produto aplicado, tudo estará O.K. (Foto XI-35).
Porém, se isto não aconteceu, é indicação que houve falta de produto. Por outro lado,
se ela se formou antes, é certo que se aplicou produto em excesso. A falta é prejudicial
por não controlar a enfermidade; o excesso é desperdício de material e pode provocar
queimamentos nas bananas, nas folhas e ainda distúrbios fisiológicos tais como o
desencapeamento de bainhas, quebra de pseudocaule e ou do engaço.

Foto XI-35- Uma ótima deposição de óleo + fungicida, aos 12 minutos.


Tanto a falta como o excesso de produto podem ser normalizados acertando
a velocidade de caminhamento dos equipamentos.
Quando se usa uma mistura de fungicida e óleo é importante observar a
uniformidade da película formada. Havendo pequenas bolinhas, é sintoma evidente
que a bomba misturadora não está funcionando a contento. Nesta situação, o produto
aplicado não é perfeitamente absorvido, portanto, não aproveitado. O filtro da mistura
fúngica deve ser revisado diariamente e ter o volume de 500 a 1.000 ml, para que sua
peneira não se entupa freqüentemente.
Antes de se iniciar uma pulverização, deve-se ter o cuidado de cobrir com
um pedaço de plástico uma parte de uma folha II, de algumas bananeiras distribuídas
ao acaso. Depois de feita a pulverização, essa proteção deve ser retirada. A parte que
não recebeu óleo constitui uma testemunha do quadro de evolução da enfermidade.
Fazendo-se, posteriormente, observações semanais nessas folhas, pode-se avaliar o
efeito da pulverização e o grau de periculosidade em que se encontra a
sigatoka-amarela, nesse bananal. Estas informações servirão também para se estimar a
época da próxima pulverização e ainda se já está na hora de se suspender ou não essa
atividade.
A pulverização controlando a sigatoka-amarela assegura um processo
normal de amadurecimento e de conservação das pencas de bananas, depois da saída
da câmara de climatização.
Para que a banana colhida no padrão 34 mm, tenha um processo
perfeitamente normal de maturação, quando posta na câmara de climatização, é
preciso que a bananeira possua, por ocasião da colheita, no mínimo tantas folhas
sadias qual seja o número de pencas de seu cacho. Aceita-se, contudo, uma redução
de até 20% deste número. Isto indica que a planta foi bem nutrida, teve um bom
sistema radicular, não sofreu “stress” de falta de água e teve muito bom controle da
sigatoka-amarela.
Para que não haja maiores perturbações no processo de conservação da
banana, depois de climatizada, aceita-se como limite de tolerância, que no número de
folhas sadias haja, um total máximo de 20% delas com áreas necrosadas, áreas essas
que não podem ser superior a 30% de cada uma delas. Além desses limites, fatalmente
aparecerão nas caixas já climatizadas, pencas com a polpa amarelada e mole ou apenas
algumas bananas nesta situação, dentro da penca. Estas bananas muitas vezes nem
chegam a se desverdecerem para apodrecerem. Quanto à sua comercialização, muito
pouco se pode esperar de sucesso.
Até certo limite de ataque da sigatoka-amarela, pode-se dizer que é
preferível colher o cacho mais magro (menos de 34 mm). Isto evita que as bananas, ao
saírem da câmara de climatização, ainda com suas extremidades verdes, já se
apresentem com a polpa amarelada. O mais acertado é colher os cachos assim afetados
com as toxinas dessa enfermidade e deixá-los apodrecendo no bananal. Em face de tais
prejuízos, resta apenas começar a executar um bem feito controle da sigatoka-amarela,
para se tentar salvar os cachos que ainda irão se formar.
2.2.10- Produtos utilizados nas pulverizações
Basicamente as pulverizações devem ser feitas com óleo.
O produto recomendado é um óleo mineral específico, obtido na destilação
do petróleo e vendido no comércio sob o nome “spray oil” também conhecido como
OPPA (óleo para pulverização agrícola). Quase todas as companhias petrolíferas o
destilam. No Brasil é produzido comercialmente pela Petrobrás.
Este óleo deve apresentar as seguintes características:
Densidade: 0,83 a 0,93
Viscosidade: 4° a 7° Engler a 20°C (> 3° a 30°C)
Destilação: 50% de destilação a 325 a 340°C
Evaporação: menos de 20% (Lallata)
R.N.S.: resíduos não sulfonados - 95 a 98%
Natureza: origem parafínica ou naftalênica
Acidez: inferior a 0,16 (K2O)
Enxofre: ausente
Outros elementos químicos: traços
O óleo pode ser aplicado puro, na quantidade de 12 a 15 litros por hectare.
Se for bem feita a aplicação, as partículas que caem sobre as folhas se esparramam,
recobrindo toda a página superior, após 10 a 15 minutos, formando uma espécie de
película de revestimento.
A partir de 1969, um novo panorama na metodologia do controle da
sigatoka-amarela foi aberto com os bons resultados obtidos com a associação do óleo e
fungicida sistêmico.
A elevação desmesurada do preço do “spray oil” foi também outro fator
que contribuiu para a adesão ao uso dos fungicidas sistêmicos, pois com eles o número
de pulverizações fica bastante reduzido. Neste caso, o óleo, que é utilizado apenas
como um veículo transportador e de aderência do fungicida, poderá ser reduzido a
70% do volume recomendado. Para se completar o volume necessário para a
pulverização adiciona-se água, na qual se dissolve o fungicida, podendo-se ainda ser
acrescentado alguns macro e micronutrientes. Desta forma, a uma só vez, faz-se o
controle da sigatoka-amarela e uma adubação foliar. Convém lembrar que os
fertilizantes têm ação corrosiva e, por isso, após a pulverização é necessário lavar
muito bem o equipamento e o trator.
A aplicação de um fungicida sistêmico, associado a 10 litros de “spray oil”
e mais 5 litros de água por ha, garantem um controle de 30 a 40 dias da enfermidade.
Nestas condições, por segurança, as pulverizações passam a ser feitas a
cada 30 dias, iniciando em 10 de novembro e terminando em 10 de maio para as
condições do Estado de São Paulo (Litoral e Planalto). A validade deste período de
pulverização deve ser estudada, para as áreas com climas diferentes da que foi citada.
O Benlate produziu excelentes resultados como fungicida sistêmico, porém
sua dissolução no óleo é muito difícil, o que tem restringido, na prática, sua utilização.
Com o aparecimento do Bayfidan, Bayleton, Calixin, Cercobin, Tecto, Tilt e de outros
fungicidas sistêmicos, este problema desapareceu, pois eles se emulsionam facilmente
em água ou diretamente no óleo. Vários deles já são formulados na forma líquida.

Quadro XI-2- Fungicidas utilizados atualmente (1999), por ha.


Grupo Nome Nome Dose Formu- Ação Emba-
químico comercial técnico lação
lagem
Triazol Baycor bitertanol 400 ml PM S 1 kg
Triazol Bayfidan triadimenol 400 ml CE S 1l
Triazol Bayleton triadimefon 400 g PM S 0,5 kg
Triazol Condor bromuconazol 200 ml CE S 1l
Triazol Folicur tebuconozol 400 ml CE S 1l
Triazol Juno propiconazol 400 ml CE S 5l
Triazol Tilt propiconazol 400 ml CE S 1l
Benzimidazol Benlate benomyl 280 g PM S 1 kg
Benzimidazol Carbendazin benomyl 280 g PM S 1 kg
Benzimidazol Cercobin 500 metiltiophanato 300 g ou ml SC S 1 kg 5 l
Benzimidazol Derosol metilbenzimidazol 500 ml SC S 1 a 20 l
Thiabendazol TBZ thiabendazol 300 g PM S 1 kg
Thiabendazol Tecto 600 thiabendazol 300 ml PM S 1 kg
Morfina Calixim* tridemorph 600 ml CE S 1l
Morfina Bravo 500** clorotalonil 2.500 ml L C 1l
Ditiocarbamato Dithane 800 zineb 2.000 g PM C 10 kg
Ditiocarbamato Dithane 445 maneb 4.000 g PM C 1 kg
Ditiocarbamato Manzate 800 mancozebe 2.500 g PM C 5 kg

C - contato CE - concentrado emulsionável L - líquido


PM - pó molhável S - sistêmico SC - solúvel concentrado
* penetra na folha, mas não se transloca dentro da planta.
** não pode ser misturado com OPPA; usar apenas com água.
Observação: Considerando que a concentração dos produtos variam freqüentemente, é
recomendado que se leia sua bula e se use a dosagem aí recomendada.
Sempre que possível deve-se usar fungicidas sob a forma líquida, por ser
mais fácil dele se diluir no óleo. Utilizando um outro fungicida, o agricultor deve
adicionar no tanque misturador: 1º- o óleo OPPA; 2º- o emulsionante seguido de
agitação, se necessário; 3º- a água; 4º- o fungicida, se for líquido, porém se for
qualquer outra formulação, fazer uma pré-mistura em água ou óleo, como se fosse
leite em pó; 5º- agitar a 3.000 rpm, por no mínimo 10 minutos.
Desta forma se obtém uma calda mais homogênea que evitar entupimentos
nos filtros e nas tubulações do atomizador e se tem uma melhor cobertura nas folhas.
Além das pulverizações devem ser tomadas outras medidas que ajudam a
controlar a sigatoka-amarela, tais como adubação e correção da acidez, pois solos
pobres e ácidos (pH 4 a 4,5), indiretamente, favorecem o desenvolvimento da moléstia
devido ao fraco crescimento das bananeiras.
Nos bananais sombreados, há menor incidência da moléstia em face das
baixas temperaturas noturnas que aí ocorrem e também devido a exsudação mais
precoce da cera que protege a folha. Essa cera não é facilmente removida com as
chuvas e nem tão pouco destruída pelos raios solares, nesses locais. Haverá ainda,
sempre, se desenvolvendo sobre elas muitos microorganismos hiperparasitas de
fungos. Entretanto, o sombreamento alonga muito o ciclo vegetativo da planta, o que
não traz nenhuma vantagem econômica para o produtor.
Considerando que os fungos têm grande capacidade de se tornar resistente a
um produto que seja aplicado durante um período mais prolongado, a fim de evitar que
isto ocorra, é muito importante que se faça uma rotatividade entre os que são
atualmente recomendados. Esta rotatividade diz respeito não ao produto comercial e
sim ao grupo químico a que ele pertença.
Nos meses de janeiro e fevereiro quando ocorre maiores e mais prolongadas
chuvas, o recomendado é que se use óleo puro dada sua maior aderência. Nos demais
períodos, o melhor é usar-se a mistura óleo mais fungicida. Ao iniciar o período de
pulverizações é importante que se utilize um produto de espectro mais amplo como o
Tilt por uma ou duas vezes. Em seguida pode-se usar um outro como o Tecto. No
período posterior às chuvas, pode-se aplicar o Benlate, até ao final. Este esquema é
apenas um exemplo de ordenação do uso dos produtos.
Admite-se que o aparecimento da sigatoka-negra ocorreu por não se ter
feito uma rotatividade de produtos.

2.3- Sigatoka-negra

2.3.1- Considerações
A sigatoka-negra é também uma cercóspora e, como tal, tem muitas
probabilidades de apresentar novas raças mutantes ou híbridas. O fato de se manter
uma fruteira sob constante tratamento contra fungos, durante o ano todo,
empregando-se fungicidas de ação bastante enérgica, propicia-se condições para que
eles se modifiquem a qualquer momento.
A sigatoka-negra quando chega em uma região, provoca grandes mudanças
no manejo do bananal, principalmente nos programas de pulverização e na aplicação
da água de irrigação.
Em regiões onde se planta banana visando exclusivamente o mercado de
exportação e as condições climáticas são aptas ao seu cultivo, o controle da
sigatoka-amarela tem que ser feito o ano todo. Esta situação ocorria em Honduras, no
Vale do Ulua, em 1972, quando constatou-se o aparecimento de uma nova raça desse
fungo que, na sua fase perfeita, foi chamada de Mycosphaerella fijiensis nova espécie
Morelet, 1969 e, logo depois foi redescrita como Mycosphaerella fijiensis variedade
diffomis Mulder & Stover, 1976, e na sua fase imperfeita de Pseudocercospora
fijiensis (Morelet) Deighton, 1976, classificações essas feitas com material vindo da
Ilha de Tonga, pertencente as Ilhas Fidji - Melanésia, onde tinha sido apenas descrita,
pela primeira vez por P. L. Rhodes, em Koronivia, nas Ilhas Fidji, em 1963.
Atualmente, o agente causal da sigatoka-negra é classificado, na sua fase
perfeita, como Mycosphaerella fijiensis Morelet, 1969 e na imperfeita como
Paracercospora fijiensis (Morelet) Deighton, 1976.
Admite-se que ela já tenha ocorrido em outros locais anteriormente e que a
origem deste patógeno possa ter sido a Nova Guiné ou as Ilhas Salomão e Papua.
A expansão da sigatoka-negra pela América Central foi lenta nos primeiros
sete anos, porém, atualmente, já alcançou toda a América Central e pode-se incluir
quase todo o Caribe, assim como os países do norte da América do Sul. Em fevereiro
de 1998, foi constatado sua presença, por uma comissão técnica de pesquisadores no
Amazonas, em Tabatinga, em cultivares do subgrupo Terra, subgrupo Figo (Bluggoe)
e do subgrupo Prata, onde foram encontradas necroses já na folha I. Nas demais
regiões produtoras, admite-se ter sido o vento o maior disseminador do fungo,
enquanto que, nessa região do Brasil, deve ter sido a própria muda, por ela ter
aparecido em um local isolado.
É de se prever que dentro de algum tempo, tal como aconteceu com a
sigatoka-amarela, também a sigatoka-negra apareça em todos os bananais do Brasil,
onde as condições de clima permitam seu desenvolvimento. Os prejuízos serão sempre
proporcionais às condições climáticas, assim como o programa de seu controle (Foto
XI-36). Na América Central, onde ela está causando grandes prejuízos econômicos,
chegou-se a fazer até 50 pulverizações por ano para se obter um bom controle,
enquanto 20 eram suficientes, no caso da sigatoka-amarela. A dificuldade que está
havendo para seu controle, poderá constituir um dos fatores da quebra da produção de
banana na América Central, pois seus custos (800 a 1.000 dólares/ha/ano) podem se
tornar proibitivos e também pela inviabilidade prática da execução das pulverizações.
Estes custos representam hoje, de 35 a 40% daqueles da manutenção do bananal.

Foto XI-36- A sigatoka-negra seca as folhas em


tempo bem menor que a sigatoka-amarela. Se
não houver controle, não haverá folhas vivas na
colheita (Foto Robert H. Hinz, da EPAGRI).
A sigatoka-negra produz maiores prejuízos nos cultivares do subgrupo
Cavendish do que nos de fritar. Onde ela existe é impossível obter produções
comercializáveis sem se fazer seu controle, pois a bananeira fica completamente sem
folhas, quando as bananas começam a engordar. Em comunicação pessoal, o Dr.
Zilton Cordeiro informou que o cultivar Ouro que é altamente susceptível a
sigatoka-amarela, tem se comportado como tolerante à sigatoka-negra.

2.3.2- Patógeno
Da mesma forma que a sigatoka-amarela, a sua disseminação se processa
por meio dos ascosporos que saem dos peritécios, na sua forma sexuada ou perfeita e
por meio de conídios na sua forma assexuada ou imperfeita ou vegetativa.
Os processos de contaminação são os mesmos da sigatoka-amarela. Os
conídios quando maduros são libertos pela água e contaminam as folhas que estão
abaixo desse ponto de infecção. Os ascosporos quando maduros são libertos dos
peritécios e transportados pelo vento, a distâncias que podem ser de até alguns
quilômetros. Essa é a forma que mais dissemina a moléstia. Para que ocorra essa
libertação é preciso que haja chuva, orvalho ou irrigação por aspersão acima das
folhas e temperatura favorável.

2.3.3- Sintomatologia
O nome de sigatoka-negra foi dado a essa moléstia, devido a coloração que
as folhas adquirem (Foto XI-37A e B).

Foto XI-37A- Uma folha em início de secamento pela sigatoka-negra.


Foto XI-37B- Destaque de um ponto de necrose da sigatoka-negra.
As infecções são mais intensas no verso da folha, pelo fato dessa superfície
ficar mais exposta aos ventos, durante a fase de vela, cartucho e sua abertura. Após a
penetração do fungo, ele apresenta um pequeno período de incubação, que varia em
função das condições climáticas. Somente depois dessa incubação é que se pode
observar visualmente a infecção, que se inicia com o aparecimento de áreas
necrosadas, correspondente ao ponto de sua entrada. O tempo para aparecer a necrose,
também varia com as condições climáticas.
Nos bananais onde não se faz o controle, as estrias típicas da sigatoka-negra
podem aparecer na folha II à V, nos períodos de mais chuva e maiores temperaturas.
Em condições mais adversas elas podem ser vistas nas folhas V à VIII.
Os sintomas do desenvolvimento da sigatoka-negra podem ser definidos em seis fases
ou estágios segundo Fouré, 1985 (Foto XI-38).
Fase 1- Uma pequena descoloração no verso da folha com ± 0,5 mm por
0,2 mm, com a coloração esbranquiçada ou mesmo amarelada, que não é vista por
transparência.
Fase 2- A mancha se transforma numa estria com 2 a 3 mm por 0,5 mm,
assumindo a cor avermelhada, a qual pode ser vista por transparência e também pela
página superior. Progressivamente, ela pode passar para cor café, na página inferior e
negra na superior.
Fase 3- A estria cresce nos dois sentidos e se torna bem visível devido a sua
cor achocolatada, causada pela formação dos conidióforos, de onde sairão os conídios.
Fase 4- A estria fica ovalada ou elíptica, havendo intensificação de sua cor,
que passa a ser marrom na página inferior e negra na superior, definindo uma mancha.
Fase 5- A mancha cresce ainda mais, ficando elíptica, quase arredondada,
cor negra, com um halo amarelado ao seu redor. A parte central começa a ficar
desidratada.
Fase 6- A mancha formada permanece do mesmo tamanho, porém seu
centro fica todo desidratado, apresentado-se com cor palha de milho seca, com um
halo negro em volta e outro amarelo bem estreito. Nestas condições, é possível, com o
auxílio de uma lente com aumento de 10 a 15 vezes, ver-se a formação dos peritécios.

Foto XI-38- (A) Fase 1, página inferior; (B) Final da fase 2, página inferior; (C)
Fase 3, página inferior; (D) Fase 4, página inferior; (E) Fase 4, página
superior;
(F) Fase 5, página superior; (G) Início da fase 6, página superior, lembra a
sigatoka-amarela; (H) Coalescência lenta da fase 6, página superior; (I)
Coalescência rápida no final da fase 6, página superior
(Fotos Fouré, 1985, do IRFA-CIRAD).

Foto XI-39- A rápida evolução da sigatoka-negra permite que se encontre


as seis fases em uma mesma folha. Foto pela página inferior.
Os diferentes grupos genômicos apresentam algumas pequenas variações na
evolução dos sintomas intermediários, porém o inicial e o final são sempre os
mesmos.

2.3.4- Condições de desenvolvimento


As exigências climáticas para o bom desenvolvimento da sigatoka-negra
são um pouco maiores do que as da sigatoka-amarela, que, por sinal, são também
iguais às da bananeira. Abaixo de 18°C o desenvolvimento do fungo diminui, porém
em temperatura superior a 35°C, ele quase não sofre bloqueio. Não se deve esquecer
que não havendo umidade relativa acima de 70 a 80%, simultaneamente com essas
temperaturas, o fungo não se desenvolve. Durante os períodos de seca, o fungo
hiberna, mas não morre.
Os esporos entrando em contato com a folha, germinam e crescem sobre ela
até encontrar um estômato, por onde acaba penetrando no seu interior. Para que isto
aconteça, é necessário que haja água e a temperatura esteja entre 22 e 28°C, com uma
temperatura ótima de 26ºC. Com estas condições favoráveis, a germinação se processa
em 6 horas, porém em temperaturas abaixo ou muito acima, esse tempo é alongado. A
penetração somente ocorre depois de 4 a 6 dias do início do seu desenvolvimento,
após o que ele se expande dentro do estômato do parênquima foliar.
A velocidade da evolução do fungo da sigatoka-negra é muito maior do que
a da amarela.
A altitude também tem grande influência no desenvolvimento do fungo,
sendo que nas áreas abaixo de 300 m ele é maior e acima de 500 m ele é menor.
O tempo que o fungo gasta para evoluir de um estágio para outro varia com
o grupo genômio e com o cultivar.

2.3.5- Controle
O controle da sigatoka-negra, por meio de pulverizações, somente é
possível enquanto ela estiver nas fases 1 e 2. Quando ela atinge a fase 3, mesmo
aplicando-se uma mistura de óleo e fungicida, os resultados são pequenos ou nulos.
As pulverizações são feitas no sistema de atomização com os mesmos
equipamentos e metodologia recomendada para a sigatoka-amarela. A base para
misturar os produtos é sempre o “spray oil” (OPPA), que serve como veículo de
transporte e fixador dos fungicidas. Ele também tem um efeito fungistático sobre a
sigatoka-negra, mas é de curta duração. Nas pulverizações, é importante que se
adicione um fungicida sistêmico ao óleo, para se obter um controle eficiente, pois esta
mistura tem ação preventiva e curativa, o que permite alongar-se um pouco os
períodos entre as aplicações.
Os ditiocarbamatos (Maneb e Zineb), que são fungicidas de contato,
também foram experimentados, mas o período de sua eficiência foi muito curto.
No caso do controle da sigatoka-negra, as atomizações têm que ser feita
com todos os rigores recomendados, para que ela seja eficaz.
O primeiro desses cuidados é no preparo da mistura que precisa ficar
perfeitamente homogênea. A atomização tem que ser feita de modo que a deposição da
mistura cubra uniformemente todo o bananal, sem deixar nenhuma “ilha”, a qual se
tornará um grande foco de produção de esporos. Para se evitar a formação dessas
“ilhas”, é preciso que a atomização seja feita na hora e nas condições recomendadas
no item XI-2.2.8. É importante também que a dosagem indicada para ser aplicada por
hectare seja observada, pois havendo falta, o produto não é eficiente e ainda se criam
condições para o aparecimento de formas resistentes do fungo. Por outro lado, como
esta enfermidade exige que sejam feitas muitas pulverizações, o excesso delas poderá
intoxicar a planta e até mesmo ter-se casos de resíduos nas cascas das bananas.
Onde houver sigatoka-negra, é muito importante que se faça um
acompanhamento da sua evolução para se verificar se está ocorrendo o aparecimento
de novas raças do fungo, que podem se tornar resistentes aos produtos que estão sendo
aplicados. Esta avaliação somente pode ser executada em laboratório, o que deve ser
feito sempre que aparecer um local onde não se consegue controlar a moléstia.
Amostras devem ser coletadas nas folhas I, II e III.
É recomendável que havendo a presença da sigatoka-negra em determinada
região, as propriedades tenham um técnico para fazer o monitoramento do
desenvolvimento biológico do fungo, durante o ano todo. Esse acompanhamento
permite que se reduza ao mínimo o número de pulverizações. Depois que se passou a
fazer o monitoramento nos bananais da América Central, foi possível reduzir as mais
de 50 pulverizações que eram feitas, para 35 a 40. Houve locais que, devido ao
monitoramento associado a influência do clima, este número ficou reduzido para
apenas 25.
O monitoramento é feito baseado no método de Stover, modificado por
Gauhl, 1989. Para isso é preciso fazer-se inspeções a cada dois ou três dias no bananal,
quando então se observam o aparecimento de lesões e a evolução dos sintomas. Estas
observações são feitas em plantas adultas, que estão próximas do florescimento. As
plantas serão escolhidas dentro de um mesmo lote, cujo aspecto vegetativo e de
controle do fungo sejam semelhantes. O número de plantas que será amostrado deve
ser no mínimo de 3 a 5 por ha, sendo preferível 10.
As avaliações são feitas em todas as folhas de cada uma das dez bananeiras
estudadas, desprezando a vela e as folhas que estiverem quebradas. As plantas
escolhidas tem que estar com sua folha I no mesmo estágio de abertura, sendo melhor
aquele em que a vela já se desgrudou dessa folha I e voltou para a posição bem
vertical. A partir dessa folha I, se numeram todas as folhas dessa planta com um pincel
atômico.
Os dados coletados se referem ao grau da infecção encontrado em cada
folha, os quais serão anotados em uma planilha, semelhante à que foi apresentada por
Orozco, 1998, no Boletim Técnico n° 1 do INIFAP, a qual tomaremos como exemplo.
Este método de monitoramento admite 6 graus de infecção da
sigatoka-negra, conforme a representação, segundo Stover, modificada por Gauhl,
l989, publicada no Boletim n° 4 da CORBANA, 1992 (Figura XI - 2) .

Figura XI -2 - Graus de infecção da sigatoka negra


Têm-se a seguir a definição dos diferentes graus utilizados para se avaliar a
porcentagem de incidência e gravidade dos ataques da sigatoka-negra, os quais
correspondem aos da Foto XI-39.
Grau Prejuízo encontrado na folha
1 Até 10 estrias por folha.
2 Menos de 5% da área foliar atacada.
3 De 6 a 15% da área foliar atacada.
4 De 16 a 33% da área foliar atacada.
5 De 34 a 50% da área foliar atacada.
6 Mais de 50% da área foliar atacada.

Tomaremos como exemplo a planilha de registro das infecções de


sigatoka-negra abaixo, onde se anotam, por planta, o grau de infecção encontrado por
folha, o número de folhas por planta (FP), o número da folha mais jovem infectada
(FMJI), o número de folhas com o mesmo grau de infecção e os totais de FP, FMJI e o
número de folhas com o mesmo grau de infecção, segundo os seis graus da escala de
Stover.
N° da folha | | | Grau de infecção
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 FP FMJI 01 2 3 4 5 6

Planta | Grau de infecção encontrada na folha | | | N° de


folhas/grau
1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 6 5 13 10 9 1 1 0 0 1 1
2 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 6 3 12 9 8 0 2 1 0 0 1
3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 4 6 12 10 9 0 1 0 1 0 1
4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 6 5 6 14 10 9 1 1 0 0 1 2
5 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 3 4 12 9 8 1 1 1 1 0 0
6 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 3 2 12 9 8 1 2 1 0 0 0
7 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 5 3 12 9 8 1 1 1 0 1 0
8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 3 5 12 10 9 0 1 1 0 1 0
9 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 3 2 12 9 8 1 2 1 0 0 0
10 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 4 5 12 9 8 1 1 0 1 1 0
Total 123 94 84 7 13 6 3 5
5

Esta planilha nos fornece a situação de cada uma das 10 plantas estudadas.
A título de comentário passaremos a analisar apenas a planta 1. A planilha nos informa
que essa planta 1 tem 13 folhas (FP), que a primeira folha encontrada com infecção
foi a de n° 10 (FMJI) e que os graus de infecção foram: 9 folhas com grau 0; 1 com
grau 1; 1 com grau 2; 0 com grau 3; 0 com grau 4; 1 com grau 5 e 1 com grau 6. Na
linha das somatórias (total) tem-se a situação conjunta das 10 plantas estudadas.
O valor da FMJI indica o nível de dano que a sigatoka-negra está causando
no lote em estudo e possibilita fazer-se comparações com as planilhas anteriores para
se saber como ela está evoluindo.
O quadro abaixo permite que se destaque a distribuição apenas das folhas
infeccionadas por planta e por grau de infecção.
c/ grau 1 c/ grau 2 c/ grau 3 c/ grau 4 c/ grau 5 c/
grau 6
Planta 1 1 1 0 0 1
1
Planta 2 0 2 1 0 0
1
Planta 3 0 1 0 1 0
1
Planta 4 1 1 0 0 1
2
Planta 5 1 1 1 1 0
0
Planta 6 1 2 1 0 0
0
Planta 7 1 1 1 0 1
0
Planta 8 0 1 1 0 1
0
Planta 9 1 2 1 0 0
0
Planta 10 1 1 0 1 1
0
Total 7 13 6 3 5
5

Considerando que o total de folhas observadas foi de 123, pode-se calcular


a porcentagem de folhas infectadas por grau, por uma simples regra de três e obter-se
os seguintes resultados aproximados (exemplo p/ grau 1):
(7 ÷ 123) x 100 = 6 % (aproximadamente). Com raciocínio igual têm-se os
valores para os demais graus:
grau 2 = 11%; grau 3 = 5%; grau 4 = 2%; grau 5 = 4%; grau 6 = 4%.
Posto isto, faz-se um cálculo de uma média ponderada da infecção (MPI),
usando-se a fórmula:
Soma das parcelas (= % de folhas infectadas por grau x n° do grau)
MPI = -------------------------------------------------------------------------
100
(6x1) + (11x2) + (5x3) + (2x4) + (4x5) + (4x6)
MPI = ------------------------------------------------------
100
6 + 22 + 15 + 8 + 20 + 24 95
MPI = ------------------------------------ = ---------- = 0,95 %
100 100
Este valor de MPI indica a incidência e a gravidade da sigatoka-negra no
bananal.
É importante que o valor de MPI seja sempre menor do que 0,5% para se
assegurar uma boa colheita. O exemplo estudado indica que, nesse bananal, o
controle não está bom.
Na prática deve-se manter sempre as folhas I à VII sem nenhuma estria de
sigatoka-negra (FMJI), sendo desejável que se tenha essa situação até a folha IX.
Recentemente passou-se a fazer a avaliação da presença do fungo da
sigatoka-negra dentro da bananeira pesquisando seu DNA, cuja avaliação é conhecida
como método INSIGHT. Este método possibilita detectar a presença do inóculo da
sigatoka-negra na planta, ainda durante a sua fase de incubação. Este período é
variável, sendo em geral de duas semanas, conforme foi visto anteriormente. Convém
lembrar que somente depois desse período, é que começam a aparecer os primeiros
sinais (fase 1) da infecção.
Considerando a precisão do método INSIGHT e os custos das
pulverizações, a necessidade de se ter um técnico altamente capacitado e confiável
para percorrer o bananal a cada dois ou três dias (o que limita sua área de atuação ao
máximo de 100 ha), o curto tempo para realizar a pulverização (muitas vezes
chegando a apenas 24 horas após avaliação), o método tradicional deixa a desejar e é,
por isso que o método INSIGHT está se popularizando dia a dia.
Em resumo: Para se controlar a sigatoka-negra, tem que haver um perfeito
sistema de pré-aviso e também perfeito acompanhamento da pulverização por uma
pessoa muito bem treinada.

2.3.6- Produtos
Os produtos a serem aplicados são ao mesmos recomendados para a
sigatoka-amarela. Entretanto deve-se fazer um rodízio constante com eles. O melhor é
não se aplicar mais do que duas vezes seguidas um mesmo produto. Na alternância
entre eles, deve-se substituí-lo por um outro cujo princípio ativo seja de um grupo
químico diferente (ver Quadro XI-2).
Nesta rotatividade de produtos utilizados, há necessidade de haver um
acompanhamento técnico para avaliar, constantemente, a eficiência dele em cada
aplicação.
Especial cuidado deve ser tomado com o Benlate que, por ter um grande
espectro (faixa) de atuação, não deve ser usado por duas vezes seguidas e também por
mais de seis vezes no ano. Ele facilmente cria condições de resistência nos fungos.
Como complemento desses cuidados na aplicação do produto, há
necessidade também de se evitar a irrigação acima das folhas. A água aplicada pode
lavar o produto e com isto facilitar o desenvolvimento do fungo. Havendo este
equipamento, ele somente deve ser usado no dia anterior à pulverização.
Nas regiões onde a sigatoka-negra já está instalada, ao se comprar o
equipamento de irrigação, deve-se optar pelo mini-aspersor, para ser utilizado abaixo
das folhas e ainda capaz de executar o turno de rega (3 a 6 no mês) num prazo máximo
de 4 horas. Nestas condições, se evita que a folhas I e II da “mãe” sejam molhadas e
com isto se reduz as possibilidades de infecção.
O sistema de microaspersão deve ser evitado por ele criar condições quase
que permanentes de maior umidade dentro do bananal, o que favorece o
desenvolvimento desse fungo (ver Cap. IV-3.1.3).
O programa de desbaste deve ser feito de forma mais freqüente, para se
realizar sempre a poda dos “filhos” que não irão ser eliminados de imediato. A poda
desses “filhos” evita que suas folhas sejam infeccionadas pelo fungo, uma vez que elas
são precariamente protegidas durante as pulverizações. Além disso esta operação
facilita o arejamento interno do bananal, o que diminui o desenvolvimento do fungo.
Toda vez que uma folha estiver com 30% de sua área seca pela
sigatoka-negra, apenas essa parte deve ser eliminada, pois ela estará continuamente
fornecendo esporos para novas inoculações. Pela mesma razão, não se deve deixar que
existam folhas secas penduradas nas bananeiras.
Recomenda-se que após estas eliminações, todos esses restos de folha
sejam enleirados com aqueles que já estão apodrecendo, para que os fungos saprófitas
possam atuar mais rapidamente sobre elas. Se elas ficarem apenas depositados no
solo, somente após 3 a 4 semanas é que estarão podres.
Há autores que recomendam que todas as folhas cortadas sejam retiradas de
dentro do bananal e queimadas. Este assunto é muito controvertido, pois a
movimentação dessas folhas causa maior liberação de esporos, tem elevado custo e
ainda se provoca um empobrecimento de nutrientes na área. Além disso essa prática
não demonstrou haver redução dos inóculos no bananal.
O elevado custo e a dificuldade para o controle da sigatoka-negra,
permitem sugerir que o cultivo das bananeiras passe a ser feito em áreas com
limitações climáticas, no que concerne à umidade relativa do ar. Desta forma ter-se-á
que pensar em fazer-se a irrigação por vários meses, porém nessas regiões,
provavelmente, a sigatoka-amarela e negra não passariam de meras pontuações secas,
em apenas algumas folhas. Entretanto, não se deve pensar em fazer plantios em áreas,
cujo clima tenha limitações ligadas às baixas temperaturas, que não podem ser
alteradas pelo homem e que causam injúrias irreversíveis nas bananas e nas plantas.
Para os produtores brasileiros, neste momento, em que estão recebendo essa
“hóspede” que veio para ficar, a sigatoka-negra, esta sugestão pode ser apenas uma
hipótese, mas que poderá vir a tornar-se realidade, quando ela estiver esparramada
pelas atuais regiões tropicais úmidas, pois ter-se que irrigar o bananal é sempre menos
problemático e assegura maior tranqüilidade e produtividade ao produtor, do que ter
que fazer inúmeras pulverizações.
Além disso, nas regiões onde a sigatoka-negra já está disseminada os
fungicidas tradicionais não têm apresentado bons resultados, exigindo constante
rotatividade deles.
Este capítulo da sigatoka-negra, infelizmente, ainda terá de ser reescrito
futuramente, quando ela já estiver mais dissiminada nas regiões mais secas, ocasião
em que, provavelmente, se adaptará melhor o método descrito, para se estabelecer
normas de pulverizações, em função de dados coletados em nossos bananais, uma vez
que as atuais foram feitas para as condições climáticas da América Central, que são
bem diferentes das daqui.

2.4- Fungos secundários

2.4.1- Doenças do engaço


São produzidas por fungos tais como:
“Antracnose” é o nome genérico de infecções causadas por: Ceratocystis
paradoxa (De Seynes) Moreau, que é sua fase perfeita e Thielaviopsis paradoxa (De
Seynes) V.Hohn, que é a fase imperfeita. Junto a estes pode-se encontrar ainda
Botryodiplodia theobrome Pat, (Foto XI-40 e Foto XI-41) e Gloesporium musarum
Cook e Massee, que é sinônimo de Colletotrichum musae (Berk & Curt) Arx e outros
mais.
Foto XI-40- Infecção típica de Botryodiplodia theobrome.

Foto XI-41- Idem na folha.


Estes fungos desenvolvem-se em geral, nos tecidos fibrosos do cacho.
Quando se elimina o “coração” para acelerar o desenvolvimento e aumentar o
comprimento das bananas, é bastante freqüente o aparecimento de uma infecção que
se instala na ponta do “rabo” do cacho (Foto XI-42). Algumas vezes ela invade o
engaço, podendo atingir a almofada das últimas pencas e daí seguir para os pedúnculos
dos frutos. Esta infecção pode atingir as almofadas das pencas. Ela é vista mais
comumente, durante os processos de maturação e transporte.
Foto XI-42- Um complexo de fungos (Botryodiplodia
theobrome, Ceratocystis paradoxa, Colletotrichum musae,
Fusarium spp., Thielaviopsis paradoxa, Verticilium spp.)
atuando simultaneamente, provocam o apodrecimento do
rabo do cacho.
Para se controlar a ação destes fungos no “rabo” do cacho pode-se
submergí-lo, após seu quebramento, em uma solução de Dithane 445 (ou Benlate ou
Cercobin ou Tilt, etc.) enriquecido com detergente orgânico neutro a 0,2%, por cerca
de 30 segundos. Para controlar o desenvolvimento desses fungos que podem também
invadir as almofadas, deve-se mergulhar ou aspergir as pencas nessas soluções, antes
da embalagem.
O complexo de fungos acima citado, além de outros mais, causam também
infecções na almofada das pencas. Estas se iniciam na superfície cortada e invadem o
pedúnculo e a casca, causando também apodrecimento na polpa. Elas são vistas mais
facilmente após uma semana do despencamento, sob a forma de áreas enegrecidas
(Foto XI-43).
Foto XI-43- O corte feito na almofada e no pedúnculo possibilita a entrada
de fungos que os apodrecem.
Estes fungos são freqüentemente encontrados em restos de bananeiras no
meio das plantações.
A primeira forma de se fazer seu controle, nas frutas embaladas no bananal,
é mudar constantemente o local de despencamento. O banho da penca em uma solução
contendo um detergente orgânico a base de dodecil benzeno a 0,2% é capaz de
controlar o aparecimento dos sintomas por 4 a 5 dias, após a maturação. Para se ter
esse controle por períodos mais longos, recomenda-se pulverizar ou banhar as
almofadas com Benlate ou qualquer outro citado anteriormente.

2.4.2- Doenças da fruta


“Johnston spot” também conhecida por “munheca” são lesões provocadas
por Pyricularia grisea (Cooke) Sacc., 1880, que é a fase imperfeita ou conidial do
fungo e cuja fase perfeita é Magnaporthe grisea (Hebert) Barr.
Seu parasitismo se inicia nos frutos ainda verdes, principalmente em locais
onde chove muito, há bastante calor e, em geral, em plantios feitos em alta densidade.
No Estado de São Paulo, esse fungo se instala, mais freqüentemente, de
fevereiro a março, sendo que seus primeiros sintomas são vistos 30 a 40 dias depois.
O sintoma da doença começa com uma pequena pinta café, quase preta,
(Foto XI-44) que chega a ter 6 a 7 mm de diâmetro. No centro dessa mancha, aparece
uma descoloração mais intensa que, progressivamente, se alonga no sentido do
comprimento do tecido que está sendo infectado. Nas bananas, essas pintas atingem
até 2 x 5 mm por volta dos 60 a 70 dias do florescimento. No seu centro, há um
pequeno fendilhamento no sentido longitudinal, devido ao ressecamento do tecido
(Foto XI-45). Esta mancha continua se desenvolvendo depois da colheita, mesmo que
tenha sido tratada com fungicidas. Seu parasitismo é grave nos frutos, mas ele pode
também se dar na nervura principal e lóbulos das folhas com os mesmos sintomas.
Quando a infecção aparece nas folhas, o número de manchas é muito maior (Foto
XI-46). Os cultivares do subgrupo Cavendish são mais infectados do que os do
subgrupo Prata.

Foto XI-44- Ponto inicial de “Johnston spot”.

Foto XI-45- Fase final de “Johnston spot” no fruto.


Foto XI-46- Fase final de “Johnston spot” na folha.
Recomenda-se que sejam feitas inspeções quinzenais para se avaliar sua
ocorrência, principalmente durante o verão úmido, observando-se as folhas e,
posteriormente, os frutos após sua granação. Em locais mais frios, como no Estado de
São Paulo, sua presença é esporádica, porém quando ela aparece causa grandes
prejuízos, pois a mancha é porta de entrada de outros fungos.
Em geral, o controle é feito com duas pulverizações nas inflorescências ou
nas bananas recém-granadas, quando ainda na fase de círculos, com intervalo de 10
dias, aplicando-se o Dithane 445 (ou Cercobin ou Tilt), apenas nos focos. Se a
infecção nas folhas for muito intensa, deve ser feita uma pulverização utilizando óleo
e um fungicida sistêmico, em dose dupla àquela usada no controle da
sigatoka-amarela.
As lesões de piriculária são freqüentemente confundidas com aquelas
conhecidas como diamante ou mancha diagonal. Ela é causada por Cercospora hayi
associada a Fusarium spp., que tem também seu desenvolvimento ligado às mesmas
condições climáticas daquela enfermidade e o mesmo controle.
“Pirulito preto” é causado pelo fungo Trachysphaera fructigena Tabor &
Bunting, 1923, que se desenvolve no pistilo, antes do seu secamento e que,
posteriormente, invade a banana, causando-lhe um escurecimento na região
interlocular, sendo que em geral não ultrapassa os primeiros dois centímetros. Quando
a banana está madura, este pequenino pirulito preto que se forma, torna-se rígido e,
normalmente, ao se comê-la, ele se desprende da polpa, ficando aderente à região
pistilar da casca (Foto XI-47).
Foto XI-47- Desenvolvimento normal de Trachysphaera fructigena, que
se inicia no florescimento.
Sua ocorrência, nos bananais paulistas, é constatada o ano inteiro, em quase
todas as bananas colhidas. Entretanto, no Brasil, os produtores e consumidores não
tomam conhecimento desta enfermidade. Na produção de banana passa, a região
afetada pelo fungo tem que ser eliminada antes do início do processo de desidratação
da fruta.
O controle desse fungo é feito pela despistilagem manual nas flores, quando
ainda bem novas ou por meio de pulverização com Dithane 445, a 0,2%, no cacho
ainda em flor. Deve-se repetir este tratamento, cerca de 10 dias após a abertura da
última penca de flores.
A “antracnose dos frutos” é causada por Colletotrichum musae, que
provoca pequenas pontuações negras na casca da banana. Esse fungo deixa as
bananas, quando bem maduras, com o aspecto de “pintadinhas”, que tanto os
brasileiros gostam de ver, quando vão consumí-las. A contaminação ocorre
espontaneamente no campo (Foto XI-48).
Foto XI-48- Banana “pintadinha” (antracnose) é sinal de estar madura.
As injúrias (pintinhas) que aparecem na casca, não penetram no interior do
fruto. Elas se desenvolvem mais rapidamente quando a banana é mantida em
condições de alta umidade e temperatura.
Em geral, uma pulverização nas pencas, antes de serem embaladas, feitas
com Dithane 445 (ou Benlate ou Cercobin ou Tilt) ou um simples banho, por 30
segundos, em uma solução com o detergente orgânico neutro, a 0,2%, é suficiente para
seu controle.
“Ponta de charuto” - Esta enfermidade é causada por um complexo de
fungos que pode atuar isolada ou simultaneamente. É freqüente encontrar-se como
causa da infecção o fungo Verticillium theobromae (Turconi) Mason & Hungles,
associado ao Fusarium roseum (Link) Sny. & Hans, e Trachysphaera fructigena.
Esta enfermidade se instala na região pistilar do fruto durante o início de
seu desenvolvimento e cresce envolvendo a casca e a polpa da banana. O aspecto da
banana lembra, realmente, as cinzas que se formam na ponta de um charuto (Foto
XI-49). Sua baixa incidência não justifica fazer tratamentos. Sua ocorrência é maior
em bananas dos cultivares do subgrupo Terra.

Foto XI-49- “Ponta de charuto” é causada por vários fungos.


Como medida profilática, é aconselhável fazer-se a despistilagem e a
eliminação de todos os frutos que apresentem sintomas da moléstia.
Nos plantios de bananas do subgrupo Terra, dependendo da incidência
desse problema, pode-se pulverizar todos os cachos logo após sua granação, com um
fungicida (Dithane 445 ou Benlate ou Cercobin ou Tilt). Deve-se repetir esta
pulverização após 8 a 10 dias.

2.4.3- Doenças das folhas


Cordana musae (Zimm) Hohnel, 1923 - Este fungo aparece quase sempre
emoldurando a lesão da sigatoka-amarela, mas pode também aparecer isoladamente,
em folhas de plantas sem essa moléstia (Foto XI-50).
Foto XI-50- As manchas de Cordana musae quase sempre envolvem
as das sigatokas.
Pode-se dizer que o C. musae é o responsável pela coalescência dos pontos
de infecções da sigatoka-amarela. É considerado um fungo de importância secundária,
que pode ser controlado com o mesmo tratamento feito para aquela enfermidade.
“Necrose de manganês” é causada pelo fungo Deightoniella torulosa
(Sydow) M.B. Ellis, 1957, que produz pequenas pontuações pretas circulares, que
crescem e podem chegar a 1 ou 2 mm de diâmetro. Elas se formam necrosando o
tecido tanto na casca da banana como também na nervura principal e lóbulos foliares
(ver Foto IX-49). Esta necrose pode ser parasitada por outros fungos que aumentam
seu tamanho.
A presença dessas pintas pretas, que ocorrem com mais freqüência na parte
superior da nervura principal das folhas, quase sempre está ligada a deficiência
nutricional de manganês, o que é raro nos solos ácidos. Elas podem aparecer quando
se faz uma calagem intensa e mais comumente nas plantas bem jovens que receberam
o calcário dentro da cova, o que não é recomendável. Não se faz controle deste fungo,
pois ele constitui um problema nutricional (ver Cap. IX-3.3.4.3).
O “enferrujamento das páginas inferiores” é causada pelo fungo
Cladosporium musae, Mason, que aparece, inicialmente, com aspecto de pontuações
salpicadas de cor de ferrugem. Evolutivamente, estes salpicados que se iniciam mais
próximo da nervura principal, aumentam e se coalescem formando manchas com
tamanho e formato irregular. Elas podem chegar a revestir quase toda a página inferior
da folha e, algumas vezes, transpassarem para a superior também. Ele aparece sempre
associado à deficiência nutricional em potássio, de forma tão mais intensa quanto
maior for a deficiência. As adubações potássicas são suficientes para que o fungo
desapareça (ver Foto IX-15).
Em algumas regiões, logo após ao inverno, pode ocorrer uma forte
contaminação desse fungo nos cachos, ainda quando no campo, principalmente nos
cultivares do subgrupo Prata, em especial o cultivar Branca e o Enxerto (Foto XI-51).
Nessas condições, seu desenvolvimento na casca é lento, chegando a ter um período
de incubação de duas a três semanas, em decorrência da baixa temperatura noturna,
que provoca um forte bloqueio. Quando isto ocorre, há o aparecimento de manchas
com tamanho variável, como uma simples ponta de um dedo ou mesmo de um
esfregaço, com coloração que lembra fuligem de cinzas. Evolutivamente, estas
manchas se expandem e tornam-se de coloração mais intensa, ficando quase que
totalmente cinza bem escura (Foto XI-52). Essas injúrias que aparecem na casca, não
penetram no interior da polpa, mas chegam a provocar, apenas na parte interna da
casca, pequenas protuberâncias escuras. Como ela não invade a polpa, não ocorre
apodrecimentos nela que a torne imprópria para consumo. Entretanto, quando a
infecção chega a esse ponto a aparência da banana é bem feia.

Foto XI-51- O Cladosporium musae é mais freqüente no cultivar Branca


e seus descendentes.
Foto XI-52- O Cladosporium musae, em alguns cultivares e em
determinadas épocas do ano, causa sérios prejuízos.
Esta infecção, nas bananas, quando ainda no campo, ocorre com mais
freqüência, nos locais onde há falta de boro associada à de potássio. Observando-se a
presença das primeiras manchas de fuligem, deve-se pulverizar, imediatamente, todos
os cachos já granados, com Dithane 445 ou com uma solução de um detergente
orgânico neutro como o ODD, a 0,2%. Deve-se repetir outras duas vezes esta
pulverização com intervalos de 8 a 10 dias.
Uromyces musae P. Henn é um fungo que, quase sempre, aparece nas
páginas superiores das folhas da bananeira, quando cultivada em áreas com muita
umidade noturna, pouca luminosidade (menos de 1.000 lux) e principalmente em
locais onde ocorre grandes quedas de temperatura noturna, com oscilações da ordem
de 10 a 15°C.
Apresenta-se, inicialmente, como manchas escuras achocolatadas, em
forma de salpicos, que se unem aos demais causando a expansão de seu tamanho. Seus
prejuízos são, em geral, desprezíveis (Foto XI-53). Ele ocorre com freqüência em
locais com clima semelhante ao de Ubatuba (SP).

Foto XI-53- O Uromyces musae normalmente se desenvolve nas folhas


de bananeiras cultivadas em locais com baixa luminosidade e grandes
oscilações de temperatura.
O controle é feito naturalmente com a mudança das condições climáticas ou
simultaneamente, com o da sigatoka-amarela.
A “fumagina” nas folhas das bananeiras é causada pelo fungo Capnodium
spp. Ele se desenvolve nas fezes adocicadas excretadas por insetos. Por vezes há
ocorrência de sugadores nas folhas, como Aleurothixus spp. que acabam formando
manchas enegrecidas, que tomam conta de grande parte da sua página inferior (Foto
XI-54). Estas manchas também podem se formar na página superior da folha, com a
deposição de fezes de outros insetos, que estejam parasitando folhas em níveis mais
altos. Seu controle é feito eliminando-se o inseto parasito.

Foto XI-54- O Capnodium spp. visto pela página inferior. Ele pode cobrir
as duas páginas e com isto provocar seu secamento.

3- Bactérias

3.1- Moko
Dentre as enfermidades causadas por bactérias, o “moko” (pronuncia-se
môco) ou “murcha bacteriana” é a mais importante. A doença foi descrita pela
primeira vez por Rorer em Trindade 1911, que identificou o agente causal como a
raça 2 de Pseudomonas solanacearum (Smith, 1914), Smith, que atualmente está
classificado como Ralstonia solanacearum (Smith) Yabuuchi et al., 1995, que tem
ainda as raças 1, 3 e 4. Esta bactéria causa graves danos em vários gêneros e espécie
de plantas, principalmente nas Solanaceas, tais como o tomateiro, batatinha, etc. Era
tido que somente a raça 2 causava prejuízos nas bananeiras, mas em 1987 foi isolada,
em Formosa, no Banana Experiment Station, a raça 4, em Giant Cavendish
(‘Nanicão’). Existem várias estirpes da raça 2 que são conhecidas por D, B, SFR, F e
H. Em l976 foi identificada a estirpe A, correspondente àquela que surgiu na
Amazônia Peruana ou Colombiana. Estas designações se referem aos sintomas
desenvolvidos nos hospedeiros diferenciadores específicos, quando a bactéria é
inoculada neles. A perfeita identificação das raças também pode ser feita pela análise
do seu DNA.
Em 1976, em material coletado no Território do Amapá, em várzeas
inundáveis do rio Pedreira, Tokeshi & Duarte (1976) identificaram e caracterizaram
pela primeira vez o agente do moko no Brasil, em banana ‘Prata’ e verificaram
tratar-se da estirpe A. Quase que simultaneamente, Robbs & Kimura identificaram a
estirpe SFR (semi-fluído-redondo), em material coletado em terrenos livres de
inundação do mesmo rio.
Esta bactéria tem feito com que os países produtores de banana da América
Central, mantenham permanentemente equipes de vigilantes, inspecionando os
bananais e fazendo erradicações de todos os focos que aparecem, para evitar sua
disseminação.
Não se tem notícias do moko na Jamaica, Martinica ou em Guadalupe, mas
há informações de sua existência no Equador, Colômbia e na Venezuela.
Quase todas as terras inundáveis do vale Amazônico, já estão contaminadas
por essa bactéria. Nos plantios feitos junto às margens do rio Amazonas, tanto na parte
mais alta (Amazonas) como sua foz (Pará) ou ao longo do rio Madeira, em Rondônia e
ainda no Amapá, são facilmente encontrados focos de moko. Estes somente tem sido
transmitidos por meio de inseto.
Trata-se de um grave problema potencial, para as demais regiões produtoras
de banana do Brasil, pois aquela região pode provocar uma contaminação nacional,
devido as remessas que são feitas, diariamente, de bananas ‘Maçã’ para as regiões
sulinas. É o caso, por exemplo, do Estado de São Paulo, que é abastecido com cachos
de banana desse cultivar, que são produzidos em Rondônia ou mesmo no Pará, em
completo desrespeito à portaria nº 829 de 13/10/79 do Ministério da Agricultura, que
proíbe a saída de mudas e de cachos de bananas das áreas contaminadas, permitindo,
contudo, apenas a saída de pencas de bananas.
Em maio de 1987, foi descoberto e erradicado um foco de moko em Propriá
(SE), na CODEVASP (Baixo rio São Francisco). Entretanto, as recentes pesquisas
demonstraram que este moko, que é nativo da região, só se transmite pelo sistema
radicular. Hoje, 12 anos depois, foi possível verificar-se que ele está se mantendo sem
virulência e sem se expandir geograficamente (comunicação pessoal de Dr. Armando
Takatsu, Univ. Fed. Uberlândia, 1998). Seus maiores prejuízos tem sido encontrados
nos bananais mais fertilizados. Para sua eliminação é necessário que a área fique sem
nenhum hospedeiro por 5 a 6 meses.
Não se conhece nenhum cultivar, entre as bananas comestíveis, que seja
imune aos ataques dessa bactéria. Alguns têm uma “certa tolerância” como é o caso
das bananas do subgrupo Terra (AAB) e o cultivar Pelipita (AAB) que é um tipo de
banana Figo, que se apresenta como o mais tolerante. Os cultivares Maçã e Nanicão
não têm nenhuma tolerância.
Consta que, atualmente, por motivos não explicáveis ainda, o moko está se
expandindo mais lentamente nos países da América Central.

3.1.1- Sintomatologia
Bananeiras com moko derrubam todas suas folhas, quebrando seu pecíolo
junto a roseta. Em seguida as folhas secam completamente (Foto XI-55).

Foto XI-55- Somente o moko provoca a quebra do pecíolo


de todas as folhas, com imediato secamento, ficando
como se fosse um guarda-chuva fechado.
A confirmação da moléstia pode ser feita, no campo, de várias formas. No
cacho é, geralmente, pelo aparecimento de descoloração típica, na casca de algumas
bananas. Cortando-se as bananas de um cacho com moko, todas elas se apresentam
com a polpa quase preta (Foto XI-56). Num corte feito em uma banana, pode-se ver
que ela está com a polpa preta e seca. (Foto XI-57).
Foto XI-56- Somente o moko escurece a polpa de
todas as bananas do cacho.

Foto XI-57- A polpa da banana com moko é seca e quase preta.


A bactéria, depois que se introduz em uma bananeira, se expande por toda a
“família”, portanto, examinando o rizoma da planta “mãe”, “filho” ou “neto”, será
possível ver-se pontuações que lembram o mal-do-panamá. A grande diferença é que o
moko invade todo o rizoma, enquanto que o Fusarium se restringe ao cilindro central
(Foto XI-58A).
Foto XI-58A- Enquanto que o moko, já no início da infecção invade o
cilindro central e o córtex, o mal-do-panamá se restringe ao cilindro central.
Entretanto, o moko sendo uma infecção, ele provoca o aparecimento de pus
bacteriano no rizoma, que fica circulando juntamente com a seiva da planta (Foto
XI-58B). No pseudocaule da bananeira doente, há formação de um anel descolorido
em decorrência do apodrecimento das bainhas, o que também lembra o
mal-do-panamá. Porém, no caso do moko as manchas são mais aquosas, com a
coloração de pus, enquanto no caso do mal-do-panamá, o tecido é mais seco e de cor
mais escura e cheira a cana-de-açúcar fermentada (Foto XI-59).

Foto XI-58B- A presença do pus bacteriano no rizoma caracteriza o moko.


Foto XI-59- Somente bananeira com moko apresenta apodrecimento no
interior do seu pseudocaule.
Para se afirmar cientificamente que a enfermidade é o moko, há
necessidade de se fazer o isolamento da bactéria, sua repicagem em meio de cultura e
depois a prova da patogenicidade, inoculando o material em outra bananeira sadia.
Sendo positiva a presença da bactéria, a moléstia se desenvolve nessa planta.
Na prática há duas formas de identificar, em condições de campo, a
presença de moko:
1. somente bananeiras com moko apresentam bananas com polpa
enegrecida e secas (ver Foto XI-56).
2. fazendo escorrer uma gota da seiva da bananeira enferma, em um copo
com água bem limpa, pode-se ver que, por ser pus e não cica, ele se dissolve e não se
coagula, como no caso da seiva de plantas sadias (Foto XI-60).
Foto XI-60- O pus se dissolve e a seiva se precipita.
O moko entra nas plantas tanto pela parte aérea como pela sua parte
subterrânea. A bactéria pode ser transmitida por insetos, principalmente o arapuá
também conhecido por irapuá (Trigona spinipes), que visitando as flores, saem
contaminando outras bananeiras, conseguindo expandir um foco num raio de até 30
Km por ano. Esta contaminação se processa através do contato que o inseto tem com
a seiva infeccionada e não pelo fato dele estar parasitando a flor. Ele na realidade
visita as flores para coletar materiais para fazer seus ninhos, assim como os locais de
exsudação de seiva quando a bráctea cai. A contaminação pode também ocorrer
através das ferramentas, durante as diversas operações de tratos culturais ou pelo pés
dos operários transitando nas áreas enfermas ou ainda pelas mudas ou simplesmente
pelo transporte de pedaços de plantas doentes para junto de plantas sadias. Uma planta
com moko, facilmente transmite para as plantas vizinhas a bactéria causadora da
enfermidade, pelo contato de suas raízes.
A transmissão da moléstia a distância mais longa, pode se dar através de
muda infectada ou pelo transporte de cachos doentes. Qualquer parte da planta que
esteja doente, ao ser colocada no interior de um bananal, pode contaminá-lo. Este é o
motivo pelo qual são interditadas as áreas enfermas, para saída de cachos ou mudas.

3.1.2- Combate
O combate dessa enfermidade somente é feito pela erradicação da
bananeira atacada, medida bastante problemática e dispendiosa. Inicialmente, o cacho
é colhido e, em seguida queimado, usando dois litros de óleo diesel. Para acelerar a
morte da planta, é necessário injetar no pseudocaule uma mistura de herbicidas
sistêmicos, sendo que um deles deve atuar no sistema radicular e o outro, na parte
aérea.
Após a erradicação do foco, faz-se uma inspeção no rizoma de um filhote
extraído de cada uma das touceiras contidas dentro de um círculo de 15 metros de raio,
para avaliar a extensão da área contaminada. Todas as demais touceiras contaminadas
também serão erradicadas.
Decorridos 15 dias da erradicação, faz-se uma inspeção nas bananeiras
enfermas que foram tratadas, para se verificar se estão mortas e também se há novos
focos de moko na área em questão. Se houver necessidade será realizado um nova
erradicação.
Na erradicação de focos de moko pode-se usar a mesma metodologia
descrita para o caso de bananeiras com vírus (ver item XI-1).
Preventivamente, para se evitar que um foco se dissemine, deve-se fazer o
combate às ervas daninhas com herbicidas, não usar enxadas, podendo-se
eventualmente manter o bananal roçado, quebrar rotineiramente os corações e
desinfetar sistematicamente as ferramentas sempre que se passe de uma planta para
outra. Para isto, a ferramenta será mergulhada em uma solução preparada com uma
parte de formaldeído e três partes de água. Para se fiscalizar a realização dessa
operação, deve-se acrescentar um corante na solução. Pode-se substituir esse produto
por hipoclorito de sódio a 2% (que é a concentração das águas sanitárias puras), o qual
deve ser substituído a cada 2 horas, dada sua volatilização.
Vários são os hospedeiros da bactéria Ralstonia solanacearum. Em
bananais onde ela esteja presente, mais do que nunca deve-se manter sempre a área
livre de ervas daninhas, principalmente das Heliconias.
A bactéria tem condições de sobreviver no solo, livremente, sob a forma das estirpes
SFR, A e F por 3 a 6 meses. Felizmente para nós, a estirpe B, que sobrevive
normalmente por 12 a 18 meses, ainda não foi constatada no Brasil.
Admite-se ser esta uma enfermidade quase tão limitante para o cultivo da
bananeira como é o mal-do-panamá.

3.2- Ervinia ou podridão mole do rizoma


A Erwinia musae é outra bactéria responsável pelo apodrecimento da
“cabeça” da bananeira. Essa bacteriose, também conhecida simplesmente por
“ervínia”, causa, em geral, a morte só da planta “mãe”, pois sua transmissão para os
“filhos” é difícil.
A identificação dessa moléstia pode ser feita visualmente, pois na zona do
colo da bananeira aparece, na base das bainhas mais externas, uma descoloração típica
de infecção e ainda orifícios negros e amplos, como se tivessem sido escavados com a
ponta de um canivete. Quase sempre ocorre a exsudação de uma goma, por esses
orifícios com forte cheiro desagradável de fermentação (Foto XI-61 e Foto XI-62).
Foto XI-61- A Ervinia musae se instala na base do pseudocaule onde
provoca cavidades como a que abriga a ponta da caneta, o que acaba
por matar a planta.

Foto XI-62- A Ervinia musae invade o palmito e desenvolve


uma infecção que mata a planta.
Cortando-se transversalmente a planta enferma que produziu recentemente,
encontra-se no palmito uma descoloração pardo-avermelhada característica da
infecção, que lembra o início do apodrecimento desse órgão, que, normalmente,
aparece com o decorrer do tempo. Entretanto, nas bainhas das folhas a coloração
continua clara, como se nada estivesse havendo de anormal.
Geralmente, essa bacteriose se manifesta em bananeiras cultivadas em solos
com muita umidade, rasos e muito compactos, enquanto o moko pode se desenvolver
em quaisquer condições.

3.2.1- Controle
O controle dessa bacteriose também é feito por erradicação, porém, devido
a sua menor virulência, não há necessidade de executar a queima do cacho. Apenas a
morte da planta enferma, com herbicidas, tem sido suficiente para mantê-la sob
controle.
Para se evitar seu aparecimento, recomenda-se usar mudas de laboratório
ou mudas escalpeladas e banhadas no hipoclorito de sódio.
A irrigação por inundação favorece seu desenvolvimento.

CAPÍTULO XII - PRAGAS

Dentre as pragas das bananeiras deve-se citar, inicialmente, os nematóides


pelos danos que causam nas raízes e que são indubitavelmente, muito mais graves do
que todos os insetos juntos.
Vários insetos ocasionam danos nas bananeiras. Entretanto, apenas a broca
e a traça-das-bananeiras causam prejuízos, cujo combate é economicamente
justificável de ser feito preventivamente. Os demais, como os tripes, poderiam apenas
ser citados, pois seus danos são geralmente desprezíveis, havendo só ocasionalmente a
necessidade de os combater, pois na luta contra os nematóides e a
broca-das-bananeiras, com a atual metodologia, todos esses insetos já estarão
simultaneamente sendo combatidos e mantidos sob controle.

1- ematóides
Os nematóides (nematis = fio, oide = em forma de) são pequenos vermes
microscópicos, em forma de fio, que parasitam o sistema radicular das bananeiras e de
quase todas as demais plantas e são também encontrados no reino animal,
principalmente nos seus intestinos. A multiplicação ocorre com ou sem a participação
do macho, sendo que a fêmea faz a postura dos ovos dentro das raízes, onde eles
eclodem, ou livremente, no solo. Eles se movimentam como as minhocas, sempre em
direção a uma raiz, onde irão se instalar.
Um solo depois de infestado com nematóides torna-se quase que impossível
de voltar a ser totalmente livres deles. Tudo que se fizer, preventivamente, redundará
em menores gastos e aborrecimentos futuros.
Os prejuízos que os nematóides podem causar nas bananeiras, onde seu
combate não é feito corretamente, chegam a ter, em determinadas áreas, perdas de
100%. Estima-se que, a média das perdas da produção mundial causada por
nematóides, em 20 das principais culturas, seja de 10,7% e que em bananais esse valor
atinja a 19,7%.
A infestação de uma área com nematóides se dá, geralmente, pelo homem, o
maior disseminador deles nas diferentes regiões do planeta, por iniciar seus plantios
utilizando mudas parasitadas por esses vermes.
Durante a primeira safra, seus prejuízos são pequenos, mas podem anular
totalmente a produção da segunda, pelo tombamento de todo o bananal. Eles podem
reduzir as raízes a apenas 10% do seu comprimento, além de abrirem no rizoma,
portas de entrada para outros parasitas aí se instalarem.
Os prejuízos devidos a sua presença nas raízes das bananeiras podem ser de
um leve parasitismo até‚ a destruição total do sistema radicular, o que muito prejudica
a alimentação da planta e sua perfeita fixação no solo. Estas perturbações são capazes
de provocar a quebra de resistência da planta a certos fungos. Como por exemplo,
pode-se citar que esta é uma forma pela qual os fungos Rosellinia bunodes Smith
(1929), Polyporus sapurema e Fusarium spp., freqüentemente, invadem os rizomas.
Além disso, os tecidos necrosados pela entrada dos nematóides, são portas abertas para
a entrada de outros organismos predadores. Estes prejuízos tornam-se mais acentuados
após a diferenciação floral, quando a bananeira cessa a emissão de novas raízes.
Os nematóides matando as raízes até próximo do rizoma, acabam
provocando seu afloramento. Eles não interferem no número de pencas ou de bananas
produzidas nos cachos, mas tendo destruído suas raízes, deixam a planta sem
possibilidade de as engordar.
Em bananais com muitos nematóides, a porcentagem de plantas que caem
com ou sem vento pode chegar a 100%. As plantas que mais caem são quase sempre,
as que tem cachos. E, quando caem, muito freqüentemente, derrubam seu “filho”
também.
Os seguintes fatores podem acentuar os prejuízos dos nematóides:
1) Solo - os arenosos favorecem sua disseminação enquanto os argilosos a
dificultam;
2) Drenagem - nas áreas onde foi intensa a drenagem, de modo a secar
complemente o terreno, os nematóides se desenvolvem melhor;
3) Profundidade do rizoma - o afloramento do rizoma e seu sistema
radicular devido a problemas de calagem, salinização, envelhecimento da lavoura, etc.,
contribuem para maior proliferação dos nematóides;
4) Terrenos compactos ou com camada compactada muito superficial
(menos de 50 cm) dificultam o desenvolvimento do sistema radicular e agravam os
danos dos nematóides.
É importante que o bananicultor sempre se lembre que banana curta
caracteriza a existência de problemas nas raízes, tais como os nematóides, as
broca-das-bananeiras, a má drenagem, a falta de água no solo que pode causar
rachaduras nele e, como conseqüência, o rompimento de raízes, os baixos teores de
cálcio e magnésio, etc.
Pelo aspecto externo e interno da raiz é possível visualizar com muita
facilidade, se os nematóides são os responsáveis pelo encurtamento das raízes das
bananeiras e, por conseguinte, das bananas. Contudo a forma segura para identificar
qual deles é que está presente, é através da análise nematológica em laboratórios
especializados.
Em sua primeira visita ao Brasil, feita em 1968, Champion coletou raízes
de bananeiras na baixada Santista, nas quais foram encontradas populações superiores
a 68 mil exemplares por 100 g de raízes, dentre os quais estavam o Radopholus
similis, Helicotylenchus spp e Meloidogyne spp. A despeito disto as produções eram
elevadas e quase toda exportada para a Argentina, em cachos e em caixas. A
porcentagem de plantas caídas era baixa, a ponto de não preocupar aos produtores. Já
naquela ocasião, admitia-se que essa população pouco prejudicava a produção desses
bananais. Atribui-se a este fato ser a localização deles em áreas onde o nível do lençol
freático varia com freqüência, o que dificulta o desenvolvimento e o parasitismo dos
nematóides. Estas oscilações tornam os problemas quase sempre menos graves do que
nos solos mais secos. Nas topografias acidentadas, onde o solo é sempre naturalmente
bem drenado, a produção dos bananais aí plantados pela primeira vez, decaia
rapidamente e quase se anulava em alguns anos, devido aos nematóides. Essa queda de
produção era representada pela redução do tamanho dos cachos e das bananas e
também pelo evado número de plantas caídas. Pesquisas feitas em amostras de raízes
desses bananais, evidenciaram sempre populações inferiores a 30% da anterior, o que,
cientificamente, permitia que se dissesse que eles não estavam prejudicando os
bananais e por isso não haveria necessidade de combate-los.
Os dados publicados por vários autores, tentando relacionar o número de
nematóides encontrados em cada 100 gramas de raízes, com os prejuízos que eles
causam na produção, são bastante discrepantes. Isto permite afirmar-se que não há um
critério preciso de avaliação. Estudos nesse sentido servem apenas para nos informar o
“status quo” dos bananais e quais são os inimigos que se tem que lutar.
Diante dessa situação, convencionou-se ser mais prudente e correto,
tomar-se por base o número de plantas caídas a cada 1.000 famílias e principalmente,
associando a qualidade da banana colhida no que se refere ao seu comprimento, uma
vez que este depende da sanidade e do desenvolvimento das raízes.
Estima-se como aceitável o número de três plantas caídas a cada 1.000
famílias, para se poder dizer que os nematóides estão sob controle agrícola
econômico, mas que nem por isso o seu combate deve ser dispensado ou interrompido.
Ele deve ser feito rotineira e preventivamente, como se faz a adubação e os demais
tratos culturais, por ser o combate químico a única forma prática capaz de se assegurar
o controle deles (Foto XII-1).
Foto XII-1- Plantas caídas com quase todas as raízes necrosadas são
sintomas típicos de nematóides.
Esperar que a população de nematóides chegue aos limites estabelecidos
em laboratórios, para depois se iniciar seu combate, é o mesmo que deixar o inimigo
multiplicar-se para então, depois, querer exterminá-lo, o que nem sempre se consegue.
Em áreas onde os nematóides já são endêmicos, resta ao agricultor procurar
manter sua população em nível bem baixo. Isto pode ser obtido fazendo-se a
renovação periódica do bananal, com rotação de cultura, plantando leguminosas ou
deixar o terreno sem nenhuma vegetação, por tempo variável (mínimo de 6 meses),
segundo as condições locais. Depois que eles infestam uma área, a sua eliminação por
completo não há como fazer. Mesmo assim, estando o bananal plantado novamente, o
produtor terá de lutar sempre contra eles, aplicando nematicida periodicamente.
A solução ideal seria plantar cultivares resistentes aos nematóides.
Entretanto, dentro do programa de melhoramento já executado no mundo bananeiro,
tem-se a experiência vivida com o cultivar Golden Beauty ( IC-2), que é resistente aos
nematóides, mas comercialmente foi um fracasso. No tocante ao que a natureza nos
propiciou, temos o caso do cultivar Mysore, que é altamente resistente aos nematóides,
principalmente ao Radopholus similis e ao Meloidogyne spp. porém de baixa aceitação
pelo consumidor brasileiro, à semelhança do que ocorreu na América Central, onde ele
foi introduzido há mais de 100 anos. Muito se está trabalhando nesse sentido, mas
ainda não se tem um cultivar que seja resistente aos nematóides e comercialmente bem
aceito pelos produtores e consumidores.
A despeito de ter sido a banana uma das frutas relatadas no livro Tratado,
escrito em 1570, por Pero de Magalhães Gandavo, porém só publicado em 1826, o
fato é que os descobridores do Brasil já encontraram os indígenas saboreando essa
fruta, tanto ao natural como cozida. Entretanto, o primeiro relato da ocorrência do
nematóide Radopholus similis (Cobb, 1893) Thorne, 1949, também conhecido como
“cavernícola” (devido aos buracos que faz nas raízes e nos rizomas), em nossos
bananais, foi feito somente em 1959, quando foram descritos os prejuízos que eles
estavam causando em plantações de Juquiá (SP).
Zen, em 1982, relatou a ocorrência de nematóides parasitando bananeiras
em mais da metade dos estados brasileiros. Depois de 17 anos, a literatura cita sua
presença em todos os estados do Brasil.
Atualmente já foram encontradas 146 espécies de nematóides ligados ao
cultivo da bananeira, distribuídos em 43 gêneros, sendo que 28 deles coletados no
Brasil.
Pelo fato dos nematóides não estarem sendo devidamente combatidos pelos
bananicultores, eles têm aumentado muito, sendo ainda capazes de provocar uma
maior queda na produção em todo o Estado de São Paulo e no Brasil. Além deles
destruírem as raízes, eles abrem portas para a entrada de fungos, que aumentam muito
seus prejuízos. Considera-se que o FOC aproveita dos orifícios abertos pelos
nematóides, para se instalar na bananeira. Como se isso já não bastasse para se fazer
seu combate sistemático, é muito grande a possibilidade deles se comportarem como
vetores de vírus.

1.1- Classificação dos nematóides


1.1.1- Quanto ao seus hábitos, os nematóides bananícolas, mais
importantes, são classificados em:
a- Radopholus similis (Cobb, 1893) Thorne, 1949 - endoparasito
migratório;
b- Helicotylenchus spp. - ecto e endoparasito migratório;
c- Pratylenchus coffeae (Zimmermann, 1898) Goodey, 1951 -
endoparasito migratório;
d- Meloidogyne spp. - endoparasito sedentário.
Os nematóides machos não são parasitos das bananeiras, pois eles nascem e
crescem apenas com as energias que tinham no ovo. Após terem copulado eles
morrem. As fêmeas podem entrar e caminhar nas raízes (endoparasito migratório) ou
entrarem e aí permanecerem (endoparasito sedentário) ou se comportarem de forma
mista e ainda apenas se agregarem nas raízes sem penetrar nelas (ectoparasito).
A título de ilustração, tem-se a Foto XII-2, onde aparece o aparelho bucal
do R. similis, com seu estilete, com o qual ele abre uma galeria e por ela se desloca no
córtex da raiz, sem penetrar no seu cilindro central.
Foto XII-2- Aparelho bucal do R. similis, ampliado 1.500 vezes, onde se
pode ver seu estilete, que é usado para abrir o orifício para sua entrada
na raiz ou no rizoma (Foto de Jaime Maia dos Santos, da FCAV-UNESP).
O Meloidogyne spp. entra na raiz e nesse local faz sua postura, sem se
deslocar por ela. É essa postura que constitui a galha.

1.1.2- As lesões que os nematóides causam nas raízes permitem sua


classificação em três grupos:
1.1.2.1- Lesões profundas
São causadas pelos endoparasitos migradores pertencentes à família
Pratylenchidae, gênero Radopholus e Pratylenchus dos quais se destacam pelos seus
prejuízos as espécies Radopholus similis, e a Pratylenchus coffeae (Zimmermann,
antigamente classificado como Pratylenchus musicola, dos quais o primeiro é o mais
freqüente).
Os nematóides deste grupo entram em qualquer ponto do córtex das raízes e
seguem por ele até o interior do rizoma, podendo penetrar nele por mais de dois
centímetros de profundidade. A penetração desses nematóides no rizoma, pode
também se dar pela região do colo e pelos anéis de fixação das bainhas, já mortas.
O R. similis é considerado o mais prejudicial de todos os nematóides. Ele é
mais conhecido como “nematóide cavernícola” pelas fissuras que ele faz no sentido do
comprimento das raízes, as quais tem, em geral, 0,5 a 1,0 cm de comprimento por 0,2 a
0,3 cm de largura (Fotos XII-3 e 4). A fêmea chega a postura média de 4 ovos por dia,
por um período de uma a duas semanas. Estes ovos eclodem após de 8 a 10 dias,
produzindo uma larva adulta depois de 10 a 13 dias. Esse ciclo pode ser encurtado
com temperaturas mais elevadas.
Foto XII-3- Fissuras (ou cavernas) abertas por Radopholus similis.

Foto XII-4- Cortando-se a raiz pode-se ver as infecções que se instalaram,


aproveitando do local de entrada do nematóide Radopholus similis.
A presença de profundas lesões secas no rizoma, sob a forma de depressões,
com coloração enegrecida, logo abaixo dos anéis de fixação das bainhas das folhas
mais velhas e estando todo o rizoma rodeado de curtas raízes adventícias sadias (cujo
comprimento é de cerca de 4 a 5 cm), ou que elas tenham pelo menos a sua região
central com coloração normal, são sintomas típicos que permitem um rápido
diagnóstico do parasitismo de nematóides cavernícolas. Um exame mais detalhado,
feito nas raízes que estão dentro do solo, fatalmente se encontrará as “cavernas”
(fissuras) acima citadas. Como este nematóide entra normalmente pela raiz e caminha
pelo seu córtex até atingir o rizoma, fazendo-se um escalpelamento nele é possível
observar-se as necroses que aí se formam. Estas são inicialmente pequenas pontuações
escuras, que acabam crescendo até formarem áreas necrosadas que facilmente atingem
2 a 4 cm² ou mais (Foto XII-5).

Foto XII-5- O Radopholus similis atingindo o rizoma provoca manchas


necróticas principalmente no córtex.
O Pratylenchus coffeae provoca lesões menos profundas e eles são menos
agressivos do que o cavernícola e também menos encontradiços. Os estragos nas
raízes são mais acentuados quando o plantio das bananeiras é feito em locais onde
havia cafeeiros ou então se foi feita a consorciação deles (Foto XII-6).

Foto XII-6- Raiz sadia, junto com duas parasitadas por Pratylenchus
coffeae (Foto de Jaime Maia dos Santos, da FCAV-UNESP)
Em áreas isoladas e onde não existe o R. similis a recomendação ou
melhor, a determinação correta é que o primeiro plantio seja feito com mudas
produzidas por biotecnologia, que elimina todos os nematóides fitoparasitos e a
broca-das-bananeiras. Os seus prejuízos são enormes e é praticamente impossível
conseguir sua erradicação.

1.1.2.2- Lesões superficiais


As lesões superficiais são produzidas por nematóides endoparasitos
facultativos, do grupo dos espiralados, pertencentes à família Hoplolaimidae, da qual
se destaca pelos seus danos o Helicotylenchus multicinctus (Cobb, 1893) Golden,
1956, o Helicotylenchus erythrinae (Zimmermann, 1904) Golden, 1956 e Hoplolaimus
spp.
Estes nematóides atacam apenas as superfícies das raízes, raramente atingindo o
rizoma, as quais ficam com uma tênue camada bronzeada. As partes mais internas das
raízes atacadas (cilindro central) permanecem vivas e quase funcionais. As radicelas
são totalmente destruídas (Fotos XII-7 e 8).

Foto XII-7- A presença de uma tênue camada superficial descolorida


em uma raiz que não tem nenhuma radicela viva, porém com sua parte
interna viva, caracteriza a presença de Helicotylenchus multicinctus.
Foto XII-8- Lesões típicas de parasitismo de Helicotylenchus multicinctus,
com a presença de uma necrose onde havia uma radicela.
O ataque inicial manifesta-se pelo aparecimento de finas estrias
longitudinais, escuras, na superfície das raízes. Fazendo-se um corte bem superficial
em uma raiz velha, no sentido do seu comprimento, nota-se o aparecimento de
manchas escuras, quase negras, descolorida na sua parte mais externa. Com a evolução
do ataque, o rizoma é atingido. Há o aparecimento de uma camada superficial de
coloração negra, com uma espessura máxima de dois milímetros, que pode chegar a
envolver todo o órgão. Os fungos de solo se aproveitam das fissuras abertas para
entrarem.

1.1.2.3- Lesões tipo galha


A presença de nematóides das espécies Meloidogyne arenaria (Neal, 1889)
Chitwood, 1949, Meloidogyne incognita (Kofoid & White,1919) Chitwood, 1949 e
Meloidogyne javanica (Treub, 1885) Chitwood, 1949, os quais pertencem à família
Meloidogynidae, gênero Meloidogyne são facilmente identificados pela existência de
galhas, primeiramente nas radicelas e depois nas raízes (Foto XII-9). No Brasil já
foram catalogados 26 diferentes gêneros e outro tanto a mais de espécies.
Foto XII-9- As batatinhas nas radicelas e nas raízes são galhas de
Meloidogyne spp.
No local onde existe uma ou várias fêmeas adultas, há inicialmente, o
aparecimento de listas escuras longitudinais bem superficiais. Cada fêmea chega a
fazer durante sua vida, em média, posturas de 400 a 600 ovos, em condições
favoráveis. A fêmea sendo de vida sedentária, após a penetração da larva na raiz ela aí
permanece por toda sua vida. Os ovos ficam reunidos em ootecas, de onde eclodem as
larvas infestantes. Ao se desenvolverem, provocam grande dilatação na raiz (galha),
que por vezes chega até mesmo provocar seu rachamento (Foto XII-10). Ela completa
um ciclo de vida a cada 25 a 40 dias, durante o verão. A presença da galha
desenvolvida ocasiona a morte do cilindro central da raiz. Decorrente disso ela emite
várias outras raízes, um pouco antes da galha, que são finas e muito curtas (menos de
10 cm).

Foto XII-10- Corte mostrando as ootecas de Meloidogyne spp.


Estes nematóides não causam, em geral, drásticos prejuízos nas bananeiras
como os anteriores, pois raramente penetram no rizoma, mas podem reduzir o
comprimento de todas as raízes a não mais do que 50 cm, o que não é suficiente para
manter a planta em pé e muito menos nutri-la. Este parasitismo atinge seu ápice por
ocasião do florescimento. Quando a banana começa a engordar o pé cai com ou sem
vento.
Nas regiões mais áridas do Brasil, onde os solos são mais arenosos, o
Meloidogyne spp. é um grande destruidor de raízes, sendo que em determinadas
situações, seus danos podem ser comparáveis aos do R. similis, chegando até mesmo a
superá-los.

1.2- O combate aos nematóides


Nos bananais onde não se faz o controle dos nematóides corretamente, é
freqüente encontrarem-se reboleiras de plantas adultas caídas com ou sem cacho. Um
exame no seu sistema radicular evidenciará que ele está morto ou traumatizado. O
rizoma, por sua vez, mostrará no seu cilindro central, os cilindros centrais das raízes
nitidamente enegrecidos e mortos e também áreas necrosadas.
O combate se divide em duas fases: na muda e no bananal.

1.2.1- a muda
As mudas são os principais agentes da infestação de qualquer bananal. A
forma segura para se evitar o aparecimento de nematóides no bananal plantado em
solos virgens, é utilizar-se de mudas produzidas por biotecnologia, em laboratório de
comprovada idoneidade técnica e comercial. Exceção se faz ao Meloidogyne spp., que
são facilmente encontrados mesmo nesses solos, dada a elevada lista de plantas que
são por eles parasitados.
O primeiro trabalho de pesquisa objetivando combater ou mesmo controlar
os nematóides em mudas de bananeiras foi feito por Cobb, em 1893, que recomendou
o escalpelamento do rizoma de modo a torná-lo complemente limpo de qualquer
mancha escura.
Posteriormente, Loos & Loos, em l960, preconizaram o banho da muda
escalpelada em uma solução aquosa contendo cal virgem, sulfato de cobre e
dibromocloropropano (DBDP, ou seja, o Nemagon). Mais recentemente, com o
aparecimento dos nematicidas sistêmicos, Pessoa, em 1973, recomendou que a muda
escalpelada fosse mergulhada em uma solução de fensulfathion (Terracur) ou
carbofuran (Furadan), por 10 minutos, cujos resultados não são 100% eficientes,
principalmente por estas mudas não terem raízes para absorverem o produto.
Com base na pesquisa executada por Esser, em l972, com hipoclorito de
sódio (NaClO), para desinfetar utensílios de laboratório contaminados com
nematóides, foi feita uma outra pesquisa por Lordello, Moreira & Lordello, em 1994,
onde se usou o mesmo produto para emergir os rizomas escalpelados de mudas de
bananeiras, por ser ele um excelente germicida de contato, portanto, capaz de matar
fungos, bactérias, nematóides e insetos, inclusive seus respectivos ovos.
A conclusão dessa pesquisa, que é válida para o combate conjunto dos
nematóides e da broca-das-bananeiras, recomenda que as mudas tipo rizoma inteiro
tenham todas suas raízes aparadas e que depois se faça, com o facão, uma
descortificação total do rizoma, de modo a se eliminar por completo todas as manchas
necróticas dos nematóides e também as manchas e galerias feitas pela
broca-das-bananeiras, ainda que se reduza muito tamanho do rizoma dessa muda (ver
Foto II-13).
Após este “escalpelamento”, coloca-se apenas o rizoma da muda por 3 a 5
minutos, em uma solução contendo 1% de hipoclorito de sódio. A muda não deve
ficar nunca mais do que 5 minutos dentro da solução, devido seu efeito causticante.
Esta solução pode ser preparada misturando-se 1 litro de uma boa água
sanitária como a Qboa ou a Cândida, com 1 litro d’água ou ainda a partir do próprio
hipoclorito de sódio que é usado nas desinfeções das piscinas, desde que se faça a sua
diluição para 1%.
Deve-se mergulhar o rizoma das mudas, apenas durante as primeiras duas
horas da preparação da solução, devido as perdas do cloro por volatilização.
As primeiras mudas banhadas, logo após saírem da solução, ficam com a
parte escalpelada do rizoma com a cor amarelada, o que é normal e indicativo que o
hipoclorito está atuando (ver Foto II-17). Quando as mudas começarem a ficar com o
amarelado um pouco desmaiado, é sinal que a solução precisa ser substituída.
Poder-se-ia colocar mais um pouco de hipoclorito na solução, porém o melhor é
substituí-la, pois ela já deve estar barrenta e com muita cica em suspensão.
No caso de ter sido preparada uma solução mais concentrada, até 5 %, o seu
efeito é o mesmo, porém seu custo é mais elevado e neste caso, o tempo de
permanência das mudas no banho deve ser reduzido, proporcionalmente.
As mudas rizoma inteiro somente poderão ser transformadas em mudas
pedaço de rizoma, quando elas estiverem complemente secas. As mudas pedaço de
rizoma não podem ser banhadas sob hipótese alguma nessa solução, sob pena de se
“queimar” suas gemas laterais de brotação e, conseqüentemente, matá-las.
Um outro método, baseado num tratamento termoterápico, também pode
ser usado para se combater os nematóides e a broca-das-bananeiras nas mudas.
Inicialmente se faz um bom escalpelamento na muda e em seguida ela é
submersa em água na temperatura de 53 a 55° C, durante 20 a 25 minutos. Esse
tratamento exige muita atenção, dada a precisão dos limites de temperatura e tempo e,
nem por isso, é 100% eficiente.
O combate químico aos nematóides e a broca-das-bananeiras na muda
também pode ser feito antes do plantio, por imersão dela em uma solução nematicida.
Entretanto, há implicações de ordem operacional e técnica, que limitam muito essa
prática, começando pela necessidade dos operários somente poderem manuseá-las
(transporte e plantio) usando luvas de borracha. A ação do nematicida, neste caso,
seria só de contato, já que a muda não tem raízes para absorver o produto e nem folhas
para o succionar para seu interior. Seu custo é bem maior e sua eficiência é menor do
que o hipoclorito que apresenta as vantagens de não poluir o ambiente, ser fácil de se
adquirir e de se operacionalizar.
As mudas rizoma inteiro, com broto em início de desenvolvimento,
somente são recomendadas para plantio se forem adquiridas de viverista que garanta,
por escrito, estarem elas livres de nematóides e da broca-das-bananeiras. Este tipo de
muda não deve ser utilizado se a mesma for obtida de bananais em produção, onde o
controle perfeito dessas pragas é impossível.
Nos canteiros de ceva da muda, deve-se irrigar o seu solo com uma solução
nematicida a 10% do produto comercial, usando-se no mínimo 2 litros por m².
Somente após este tratamento do solo, é que as mudas podem ser encanteiradas.
Convém lembrar que os canteiros de ceva não devem ser feitos próximos dos
bananais, para se evitar a reinfestação das mudas com os “moleques”.
Para se evitar os efeitos do hipoclorito nas mãos dos operários, deve-se usar
um tanque raso, de plástico, para se fazer a imersão de apenas o rizoma da muda, na
solução. Com este recurso, os operários segurarão as mudas pelo seu pseudocaule para
as colocar no tanque e com isto não precisarão usar luvas. O hipoclorito não é tóxico
mas é cáustico e pode causar algum problema nas mãos dos operários. Seu efeito é
reduzido quando em contato com tambores de lata.
O ideal é fazer o escalpelamento da muda dentro do bananal ou do viveiro,
ser banhada na solução de hipoclorito e em seguida colocada em uma carreta, que a
levará para o local de plantio. A muda depois de banhada não deve ser amontoada no
solo novamente. Na impossibilidade de se fazer este procedimento, deve-se forrar o
solo onde a muda vai ficar amontoada, usando uma camada de várias folhas vivas de
bananeiras. Em seguida, todas as mudas devem ser cobertas com folhas vivas de
bananeiras, para evitar sua desidratação com o sol.
O tratamento bem feito na muda antes do plantio, representa a eliminação
do seu “pecado original”, isto é, a eliminação dessas pragas, cujos benefícios serão
sentidos por longo tempo.

1.2.2- o bananal
A informação da tentativa de se eliminar o R. similis em 8.000 ha de
bananal, no Panamá somente com o manejo do solo e uso de mudas escalpeladas,
demonstrou que isto não foi suficiente, exigindo que se iniciasse a aplicação rotineira
de nematicida, após ao seu plantio.

1.2.2.1- Bananal em formação


Durante o plantio das mudas, será feito apenas a colocação de um pouco de
terra ao seu redor. Decorrido 30 dias, quando elas já começam a emitir as primeiras
raízes é que se faz o tratamento da cova. Ele consiste em se aplicar 20 g de um
nematicida sistêmico 5 G (5% de princípio ativo, granulado), em cobertura, bem rente
a muda, cuidando-se que o produto seja imediatamente coberto com terra.
Mesmo em solos virgens, tanto as mudas que foram produzidas em
laboratório ou aquelas devidamente desinfestadas, após a germinação, devem receber
o tratamento da cova.
Esta é a única vez que se admite a aplicação do nematicida no solo.
Não é justificável a aplicação do nematicida no sulco ou na cova, antes ou
durante o plantio, uma vez que a muda não tem raízes para absorvê-lo.
É estimado que mais de 20% da quantidade do nematicida aplicada no solo
se perca por lixiviação, insolubilização ou volatilização.
A próxima aplicação do nematicida será feita por ocasião do primeiro
desbaste, o que deve acontecer por volta do 6° mês (Cap. VI-3.3) do plantio. Nesta
ocasião, aproveitando o buraco aberto com a “lurdinha” no “filho”, que foi desbastado,
deve-se aplicar 20 g de um nematicida sistêmico 5 G (Foto XII-11). Havendo um ou
mais “filhos” que foram eliminados, essa quantidade poderá ser aplicada em um só ou
dividida entre todos. Se o desbaste foi feito somente com o facão ou o penado, o
nematicida será distribuído da mesma forma, em cima da superfície repicada da muda,
porém sua eficiência será menor, devido as perdas que ocorrem por falta de um melhor
contato.

Foto XII-11- O nematicida granulado sendo aplicado no interior do “filho”


desbastado é succionado pela “mãe”, não causa perdas e nem poluição,
sendo mais eficiente e econômico.
O produto pode ser aplicado com uma pequena colher feita de bambu ou de
um tubo de PVC de 25 mm (ver Foto V-15). O bambu utilizado é do tipo japonês (de
pescar), com 25 mm de diâmetro e 50 a 60 cm de comprimento. De um dos lados
deixa-se um pedaço com 5 a 6 cm além do internódio, o qual será dividido em duas
metades, com um corte no seu comprimento. Uma dessas metades será eliminada, com
um corte transversal. A parte restante será a colher, cujo comprimento final será tal
que possa conter a quantidade exata do nematicida a ser aplicada.
No caso de se utilizar o tubo de PVC, ele será preparado seguindo estas
mesmas instruções. Sob o ponto de vista prático, o PVC apresenta as vantagem de ser
mais difícil do operário o substituir por um outro, quando ele o perde. No caso do
bambu, isto é possível de acontecer e, neste caso, nem sempre ele consegue fazer um
outro que tenha a dosagem exata do produto a ser aplicado.
O operário que for aplicar o nematicida deverá trabalhar sempre com luvas
de borracha.
O nematicida aplicado se dissolve na seiva e é então succionado pelas
folhas da “família” e com isto, de passagem, protege os rizomas, as raízes e ainda se
transloca até as folhas, flores e casca das frutas. Esta translocação é reduzida durante
os períodos de temperaturas mais baixas e também quando a umidade do solo é menor.
Nessas ocasiões as atividades fisiológicas da bananeira também são reduzidas.
O produto aplicado no buraco feito com a “lurdinha” possibilita as
seguintes vantagens:
a) o produto não ficando na superfície do solo, não é arrastado por águas de
chuva ou de irrigação e nem sofre as perdas já citadas;
b) não há poluição ambiental, nem contaminação dos pequenos animais e
aves e muito menos da flora e fauna do solo;
c) a “família” tem seu aproveitamento integral;
d) não havendo nenhuma perda de produto, tornou-se possível reduzir-se a
dose do nematicida a apenas 20 a 30% da que seria injetada no solo ou simplesmente
colocada sobre ele.

1.2.2.2- Bananal em produção


Desde que se iniciou a aplicação de nematicidas em bananais,
principalmente os sistêmicos, ela tem sido feita, geralmente, de forma errada ou pouco
eficiente.
Quase sempre se inicia o combate aos nematóides nos bananais, quando as
plantas começam a cair. E elas caem por não terem raízes, seus órgãos de sustentação,
absorção de nutrientes e de outros produtos colocados no solo, como por exemplo o
nematicida. Mesmo assim, há quem recomende sua aplicação no solo. Implica isto em
dizer-se que, a porcentagem de perda do produto, neste caso, pode chegar a índices
muito maiores do que os citados, uma vez que a planta está com seu sistema radicular
muito reduzido e depauperado, devido aos nematóides, portanto, é o mesmo que se dar
filé “mingnon” para quem não tem dentes.
A primeira aplicação do nematicida no bananal deverá ser feita logo após
a colheita do primeiro cacho, quando então ele já é considerado adulto.
Tendo em vista que durante a colheita, é recomendável que se deixe o
pseudocaule da planta “mãe” o mais longo possível, para aumentar o volume dos
fito-hormônios que se transferirão dela para o “filho” e o “neto”, aproveita-se esta
atividade fisiológica para se incorporar a eles o nematicida.
Isto é viável devido a estrutura parenquimatosa da bananeira, que
possibilita que se utilize o pseudocaule da “mãe” colhida, para se aplicar o nematicida
no seu interior. Para isso deve-se abrir com a “lurdinha”, um buraco nesse
pseudocaule, na sua parte posterior, a 40 cm do solo, com uma inclinação de cerca de
45° com a vertical. Ela deve ser aprofundada no pseudocaule até atingir o palmito, sem
contudo haver necessidade de o transpassar (Foto XII-12). Retirando-se a ferramenta,
fica aberto um buraco com 10 a 15 cm de profundidade, dentro do qual se introduz 20
g de um nematicida sistêmico 5 G (Foto XII-13).

Foto XII-12- Com a “lurdinha” se abre um orifício na “mãe” recém-colhida,


distante 40 a 50 cm do solo, com uma inclinação de ± 45°.

Foto XII-13- No buraco aberto na “mãe” coloca-se a dose do nematicida


granulado, que é arrastado para o “filho” e o “neto”.
Essa dose de nematicida se dissolve naturalmente na seiva e vai para toda a
“família”, que fica protegida até o próximo desbaste.
O nematicida deve ser aplicado logo após a colheita ou então no dia
imediato, quando ainda há muita seiva no interior do pseudocaule. Na impossibilidade
de assim se fazer, recomenda-se que a aplicação seja realizada, no máximo até 30 dias
após a colheita. A velocidade de dissolução do produto e a sua translocação da “mãe”
para o “filho” e o “neto”, se reduzem a cada dia que passa após a colheita, chegando
aos 60 dias, a quase zero (Cap. VI-11).
A segunda aplicação do nematicida no bananal para o combate aos
nematóides e também a broca-das-bananeiras, é feita por ocasião do primeiro desbaste,
após a colheita. Da mesma forma que se procedeu durante a fase de formação, se o
desbaste for feito com a “lurdinha”, o nematicida será aplicado dentro dos buracos
abertos por ela, na dose de 20 g do produto comercial 5 G, as quais serão divididas
eqüitativamente por todos os buracos ou aplicadas em um só. Sendo feito com o facão
ou o penado procede-se da mesma forma como foi anteriormente indicado.
Ho processo rotineiro de combate aos nematóides e a
broca-das-bananeiras, portanto nos bananais adultos, o nematicida é aplicado
alternando os locais e as épocas: uma vez na “mãe” colhida, seguido de outra no
“filho” desbastado e assim sucessivamente, portanto duas vezes ao ano.
Nas bananeiras de porte alto, como as do subgrupo Prata, que normalmente
têm seu ciclo de produção um pouco mais alongado do que as de porte médio, é
recomendável que se faça o combate rotineiro aos nematóides aplicando na “mãe”
recém-colhida e depois mais duas outras vezes nos “filhos”, sendo uma por ocasião
do desbaste e outra quando ele estiver próximo de lançar sua inflorescência. Reforça
ainda esta necessidade, o fato do volume dos seus pseudocaules e das suas folhas
serem maiores, o que dilui muito a quantidade do nematicida aplicado. Dessa forma, a
dose do nematicida aplicada pouco antes da parição da inflorescência, garantirá
também um combate mais efetivo aos insetos que parasitam as folhas das bananeiras e
ainda, em especial, aos tripes.
É preciso que se diga que o ideal seria fazer-se rotineiramente estes três
tratamentos, em todos os bananais, porém o custo/benefício nem sempre o recomenda.
Nos bananais adultos já infestados por nematóides, durante o primeiro ano
de seu combate, devem ser feitas quatro aplicações em cada “família”, com intervalos
de três meses. Somente após a esse “tratamento de choque”, é que se inicia o combate
rotineiro, como foi descrito anteriormente ou seja duas vezes por ano. Entretanto,
dependendo da produtividade desse bananal e do número de plantas caídas que ele
tenha, pode ser mais econômico fazer-se sua renovação.
A renovação periódica do bananal, com rotação de cultura (Cap. VI-15)
utilizando leguminosas, associada a esta metodologia de se aplicar o nematicida dentro
da bananeira, torna perfeitamente possível conviver com os nematóides e ter-se alta
produtividade. Vale ressaltar o comentário feito na introdução deste capítulo, que
considera os nematóides sob controle quando não se tem mais do que três plantas
caídas a cada 1.000 “famílias”. Além disso, esta metodologia não provoca nenhuma
poluição ambiental, pois o produto se degrada no interior da planta e quando ela vai ao
solo, o nematicida já está inerte.
Os produtos químicos recomendados para o combate aos nematóides e a
broca das bananeiras são os mesmos (ver Cap. XII-3).

2- Broca-das-bananeiras
A “broca-das-bananeiras”, encontrada praticamente em todos os bananais
da face da terra, é um inseto de cor escura, da ordem Coleóptera, gênero
Curculionideo, denominado Cosmopolites sordidus, Germar, 1824 e conhecida pelos
nomes de “moleque”, “boró”, “besouro-das-bananeiras”, “trombudo”, “soneca”, etc.
(Foto XII-14).

Foto XII-14- O Cosmopolites sordidus é um besouro que se parece com


o gorgulho do arroz. Quando tocado se faz de morto (Foto Bayer).
O inseto adulto tem hábitos noturnos, isto é, troca o dia pela noite, vive na
serapilheira que se acumula junto aos pseudocaules, nos rizomas das plantas velhas já
em decomposição ou de preferência nos primeiros 50 a 60 cm da base dos
pseudocaules que já produziram, mas que ainda permanecem em pé. São também
encontrados nos pseudocaules velhos que foram deixados mamando nos rizomas, ou
inteiros no solo, após ao desbaste. O “moleque” não causa prejuízos nas bananeiras e
sim suas larvas, que abrindo as galerias as enfraquecem e possibilitam a entrada de
outros microorganismos pelos orifícios feitos.
A broca tem preferência pelas bananeiras dos cultivares Maçã e Terra. Nas
plantações bem cuidadas de cultivares do subgrupo Cavendish, esse besouro não é
considerado como causador de prejuízos. É, geralmente, nos bananais mal
desbastados, mal desfolhados, sem controle do mato e da própria
broca-das-bananeiras, que ela merece maiores cuidados do lavrador. Nessas condições,
ela pode causar vultosos prejuízos, chegando a anular complemente a produção.
Há casos isolados de determinadas regiões, com condições climáticas
extremamente específicas, que favorecem a multiplicação da broca, a despeito de
todos os combates que se façam.
O clima influi diretamente no número de dias gastos nas diversas fases da
vida do inseto e também sobre seu tamanho. A temperatura é o principal fator.
Quando a fêmea adulta já está fertilizada e capacitada a reproduzir, ela faz
com sua tromba um pequeno orifício no colo do pseudocaule e aí deposita seus ovos.
Ela pode produzir até 100 ovos por ano. Após 5 a 8 dias da postura, nascem pequenas
larvas brancacentas que, alimentando-se do rizoma, vão abrindo galerias cilíndricas,
quase sempre orientadas para o centro desse órgão da planta, onde acaba construindo o
“salão de encasulamento”.
Dessa forma, a cabeça da bananeira fica toda broqueada, perfurada de
galerias (Foto XII-15).

Foto XII-15- Larva de Cosmopolites sordidus quase na idade de se


transformar em pupa, junto a um salão de metamorfose. Várias
galerias entupidas com fezes larvárias.
Tendo a larva completado seu ciclo de desenvolvimento, que varia de 12 a
25 dias, ela começa a escavar o salão onde irá se encasular. No casulo, ela se
transforma em pupa adquirindo então forma já bastante semelhante a do adulto. A
pupa somente perde sua cor brancacenta depois de sua última troca de pele. O período
pupal é de 7 a 10 dias. Com o aparecimento de uma camada de quitina, o adulto
adquire sua consistência externa dura. O adulto jovem é levemente esverdeado,
passando em seguida para marrom-escuro, quase preto. A forma adulta mede de 10 a
14 milímetros de comprimento, por 4 milímetros de largura. A idade média do adulto é
de 5 a 8 meses, podendo atingir até 2 anos. Estes dados da biologia da broca são tidos
como válidos para as condições de campo mas, foram obtidos em laboratório.
Há um dimorfismo sexual, isto é, o macho é diferente da fêmea, diferença
essa observada apenas nos seus órgãos sexuais.
Através das galerias abertas no rizoma pela larva, o “moleque” ganha o
exterior onde, dormindo de dia na serapilheira e voando ou caminhando de noite, se
desloca de bananeira a bananeira e invade toda a plantação.
As galerias abertas propiciam condições à entrada de fungos e outros
parasitos que vivem no solo. O maior desenvolvimento dos fungos se processa
exatamente onde a larva formou o seu casulo, provocando o apodrecimento dos
tecidos que delimitam o salão. Nessa região, as raízes em formação param seu
crescimento e as já existentes morrem, provocando assim paralisação parcial da
nutrição da planta. Estes traumas nessas raízes produzem inicialmente o
amarelecimento das folhas que nasceram juntamente com elas, as quais acabam
secando prematuramente.
Quando o ataque é intenso, o pseudocaule se desidrata e as bainhas externas
apresentam orifícios em toda sua periferia, nos seus primeiros 50 cm. Estes orifícios
são o início das galerias. A desidratação pode ser avaliada pelos fendilhamentos
verticais que aparecem nas bainhas externas. Os filhotes também interrompem sua
brotação e terminam secando totalmente (Foto XII-16).

Foto XII-16- Base do pseudocaule ressecado, fendilhado e com muitos


orifícios feitos por Cosmopolites sordidus.
Se a broca abrir uma galeria atravessando o rizoma, na região da gema
apical ou então, fizer o salão de encasulamento nessa zona produtora do cacho, haverá
a destruição dessa gema e, conseqüentemente, não ocorrerá a geração de novas folhas
e nem da inflorescência.
Em bananais atacados pela broca, freqüentemente encontram-se plantas
tombadas, que já estavam com os cachos lançados, as quais caíram por não ter
conseguido sustentar o peso do cacho, devido à destruição do seu sistema radicular.
Há casos em que a bananeira cai seccionando seu rizoma, tais são as galerias nele
existentes.
Bananais assim atacados podem apresentar também plantas que produzem
cachos aleijados (faltando pencas ou bananas), ou então, cachos onde as bananas não
vingaram, ficando apenas a ráquis despida. Os prejuízos são pois, proporcionais à
intensidade e localização do ataque.
Retalhando-se o rizoma das plantas que já produziram, pode-se verificar,
com muita precisão, qual é a situação real da broca-das-bananeiras nessa plantação.
Um bananal sem broca não poderá apresentar nos rizomas das plantas velhas nenhuma
galeria.
Nos bananais velhos, que estão com a broca e os nematóides bem
controlados, os rizomas de plantas que já produziram permanecem vivos, por um
período que pode ir de um a dois anos após a colheita (Foto XII-17).
Foto XII-17- Parte de um rizoma velho e sadio, evidenciando que o
combate aos nematóides e ao “moleque” foi bem feito.

2.1. Combate à broca-das-bananeiras


O combate à broca-das-bananeiras nas mudas, foi feito durante muito
tempo por meio de seu afogamento. As mudas, muitas vezes com raízes, eram
colocadas dentro de um tanque com água corrente, ficando totalmente submersas,
durante um período de 10 a 15 dias. Os resultados eram satisfatórios, mas muitas
mudas se perdiam por fermentação.
Com o aparecimento dos inseticidas clorados passou-se a banhar ou
polvilhar, com eles as mudas antes do plantio.
O uso continuado dos clorados, por 20 ou mais anos, tornou os “moleques”
resistentes a esses produtos, em vários estados brasileiros, à semelhança do que já
ocorrera em outros países bananeiros. A tradicional recomendação de se emergir as
mudas em uma solução de aldrin, que foi tão usado, deixou portanto, de ser válida.

2.1.1- a muda
O parasitismo dos nematóides ao sistema radicular das bananeiras no
Brasil, é uma constante em todas as áreas de produção. Diante de uma situação
bastante realista e sendo a metodologia da desinfestação da muda igual para os
nematóides e a broca-das-bananeiras e lembrando ainda que todos os nematicidas são
ótimos inseticidas, o combate a essas duas pragas, tanto na muda recém-plantada como
no bananal em produção, é um só (Cap. XII-1.2).
Durante o preparo das mudas, para se evitar que aquelas já arrancadas
sejam reinfestadas pelos “moleques”, é recomendável que todas as que não irão ser
plantadas imediatamente, sejam desinfectadas (escalpelamento + banho) e levadas
para fora do bananal, no final do dia.

2.1.2- o bananal
O combate à broca-das-bananeiras nos bananais deve ser considerado
naqueles em formação e quando já em produção.

2.1.2.1- Bananal em formação


O primeiro combate é feito juntamente com o primeiro desbaste,
colocando-se o nematicida no interior do buraco aberto no “filho” desbastado (ver
Foto XII-11).

2.1.2.2- Bananal em produção


Bananais mal conduzidos e infestados de broca-das-bananeiras devem ser
destruídos e reformados. Se o produtor não quiser fazê-lo, ele pode tentar recuperá-lo,
porém a um elevado custo. Os resultados de qualquer combate que se faça, somente
serão alcançados após 8 a 10 meses de trabalho.
Nos bananais já formados, onde não se faz a aplicação de nematicida, o
procedimento para o início do combate à broca-das-bananeiras deverá ter o seguinte
esquema operacional:
a) limpar totalmente a área plantada, quer roçando bem baixo, quer
carpindo ou aplicando herbicidas;
b) cortar todas as folhas velhas, afastando-as dos seus pés e eliminar os
pseudocaules que já estejam com seu topo pouco ou muito desidratado, o que ocorre a
partir dos 60 dias após a colheita. Esses pseudocaules deverão ser abertos
verticalmente de cima até em baixo e em seguida, secionados horizontalmente, várias
vezes, até atingir sua base. Esta operação objetiva acelerar sua decomposição;
c) fazer o desbaste deixando apenas uma “família” (“mãe”, “filho” e
“neto”) em cada touceira;
d) replantar toda a área elevando a população para a densidade
recomendada ou deixar dois “filhos” em uma mesma “mãe”;
e) preparar “queijos” em todas as plantas que foram colhidas a menos de 30
dias, com um mínimo de 30 “queijos” por ha.
Este “queijo” é preparado fazendo-se, inicialmente, um corte vertical no
pseudocaule, de cima para baixo, dividindo-o em duas metades, até a altura de 30 a 40
cm do solo. Com sucessivos cortes horizontais, feitos a cada 50 ou 60 cm, rebaixa-se o
pseudocaule até a altura citada. A parte interna desses pedaços de pseudocaule devem
ficar voltados para o céu, para provocarem seu secamento mais rápido e também evitar
que, eventualmente, alguns “moleques” venham a se abrigar sob eles. Estes cortes
sendo feitos quando o pseudocaule ainda está em pé, são mais fáceis de ser realizados
do que se ele já estiver caído no solo e também evita-se a ocorrência de acidentes com
os operários. O pseudocaule que sobrou junto ao rizoma deve ser recortado
horizontalmente, na altura de 10 a 15 cm do solo.
À esse toco de pseudocaule que foi separado do rizoma, dá-se nome de
“queijo” (Foto XII-18).
Em seguida recoloca-se o “queijo” em sua antiga posição, isto é, sobre o
rizoma do qual foi separado. Quanto mais próximo do solo for cortada a parte inferior
do “queijo”, maior será seu poder de atratividade.

Foto XII-18- O “queijo” é colocado sobre o rizoma que foi rebaixado,


para conservar úmida a superfície seccionada e com isto mantê-la
atrativa por mais tempo.
Decorrida uma semana do preparo do “queijo”, faz-se uma inspeção
levantando-o, para se avaliar a presença de “moleques”. Encontrando-se em média, um
ou dois adultos por “queijo”, deve-se dar início imediato a seu combate. O ideal é não
encontrar nenhum deles.
A eliminação dos “moleques” do bananal pode ser feita manualmente, por
meio de coletas semanais, de todos que forem encontrados, os quais serão destruídos
em seguida. O melhor sistema para matá-los é queimá-los em um tambor. Esta
sistemática é uma forma de se evitar a aplicação de produtos químicos e de se reduzir
de imediato, a população dos adultos. É um trabalho lento e os resultados somente são
sentidos após 12 meses.
Uma outra forma de se atrair os “moleques” é através da isca “telha”, que,
por ser cerca de dez vezes menos eficiente do que o “queijo”, deixamos de tecer
comentários sobre ela.
Utilizando-se o combate químico, a aplicação do nematicida só será feita
após 8 dias do preparo do “queijo”, tempo suficiente para que todos os “moleques” da
vizinhança entrem em baixo dele. Após esse tempo, levanta-se o “queijo”, aplica-se
diretamente sobre a superfície do rizoma a dose de 5 g de nematicida 5 G e então se o
recoloca na sua antiga posição (Foto XII-19).
Foto XII-19- Decorridos 8 dias do preparo do “queijo”, aplica-se o nematicida
no toco do pseudocaule. Ele mata os “moleques” que já estão nele e
também as larvas do rizoma.
É recomendável que se repita, após trinta dias, esta operação de fabricar
“queijos” em todo o bananal e se aplique a dose de nematicida em baixo desses novos
“queijos”, respeitando sempre a carência de 8 dias.
Esta sistemática reduzirá de pronto a população de broca-das-bananeiras,
que podem estar fazendo suas ovoposições no bananal e também combaterá as larvas
existentes nos rizomas tratados. Consegue-se com isto uma quebra do seu ciclo de
vida.
Entretanto, este método, apesar de eficiente, é recomendado apenas para os
primeiros seis meses de combate pois, ao se preparar o “queijo”, se elimina
precocemente o pseudocaule, impedindo que a “família” se beneficie dos
fito-hormônios e nutrientes já sintetizados, que ele possuí. Além disso, há ainda o
custo elevado da mão de obra necessária para sua execução.
Para contornar estes problemas, recomenda-se que nos bananais adultos, o
início do combate à broca-das-bananeiras seja feito repetindo-se o método do “queijo”,
por duas vezes em todo ele, com intervalo de 40 a 50 dias. Posto isto, deve-se passar
ao esquema de se aplicar o nematicida, utilizando a lurdinha, no pseudocaule da “mãe”
colhida e no do “filho” desbastado, como uma rotina, conforme foi explicado no item
1.2.2.2.
Conforme foi explicado anteriormente, o nematicida sendo sistêmico, ele
circula por toda a “família”, indo da “mãe” para o “filho” e o “neto” e de volta
também. Ele circulando pelo rizoma elimina eventuais focos da broca-das-bananeiras
e por circular também em todas as partes verdes da bananeira, acaba controlando as
demais pragas predadoras de folhas e flores como os tripes, traça-das-bananeiras,
lagartas, etc.
O uso do nematicida aplicado conforme esta metodologia, permite que o
bananicultor fique seguro de que os “moleques” estão sob controle, nos seus bananais
e que os nematóides também estão sendo combatidos.
Em síntese, no bananal onde os nematóides e os “moleques” já estão sob
controle, a rotina do combate é a seguinte: no dia da colheita aplica-se o nematicida
na “mãe” e seis meses depois em um “filho” (ou “neto”) a ser desbastado.

3- Produtos para combate aos nematóides e à broca-das-bananeiras


Os resultados experimentais demonstraram que os nematicidas sistêmicos
granulados são fáceis de se aplicar e mais eficientes do que os líquidos. Experiências
feitas com alguns deles, que são também formulados sob a forma líquida,
apresentaram um resultado indesejável, pois eles reagiram com a seiva e coagularam.
Dentre os nematicidas sistêmicos que têm sido aplicados em bananeiras, no
Brasil, existem:
Produto Nome técnico Embalagem kg Fabricante
Counter 15% G terbufos 25 Cyanamid
Furadan 5% G carbofuran 10 FMC
Nemacur 10% fenamiphos 10 Bayer
Rhocap 10% ethoprophos 15 Rhodia
Terracur 5% G fenosulfathion 10 Bayer
Todos estes se mostraram muito bons e eficientes no controle aos
nematóides bananícolas e igualmente para combater a broca-das-bananeiras, via
interior do pseudocaule da “mãe” colhida ou do “filho” desbastado, por serem
sistêmicos.
Há ainda no comércio o Rugby 10% (caduzafos, da FMC, embalado em
sacos de 15 Kg), que não é sistêmico e por isso é indicado apenas para ser aplicado
sob o “queijo”, no combate aos “moleques”.
O Temik 10% G (aldicarb) que também é um bom produto sistêmico, teve
sua licença cancelada, para uso em bananicultura.
Quanto a dosagem (20 g/família no buraco da “lurdinha” ou 5 g/queijo de
produto comercial), deve-se observar que essas indicações foram feitas para os
produtos que são fabricados na concentração de 5%. Caso a concentração fosse 10%,
por exemplo, a dosagem seria apenas a metade e no caso de 15% seria de apenas 1/3.
É recomendável que a cada dois a três anos de aplicação de um
nematicida, ele seja substituído por um outro com princípio ativo diferente, para se
evitar problemas de resistência, como aconteceu com os inseticidas clorados.
Por precaução, principalmente em áreas virgens, quando a muda que está
sendo plantada não foi produzida em laboratório, a dose de 20g de nematicida a ser
colocada ao seu redor, após 30 dias do seu plantio, assim como aquela recomendada
para ser aplicada durante o primeiro desbaste, devem ser aumentadas em 50%. Estas
alterações das quantidades são válidas apenas para este caso, porém, no combate
rotineiro aos nematóides e aos “moleques”, dever-se-á proceder conforme a
recomendação anterior.
Nunca se encontrou resíduos dos nematicidas aqui recomendados e nas
dosagens indicadas, na polpa da banana.
Há ainda a se considerar o combate feito à broca-das-bananeiras por meios
biológicos, através de fungos como o Beauveria bassiana, mas que devido ao seu
índice de controle ser de 60 a 70%, em condições de campo, ele deixa muito a desejar.
Além desse aspecto, é importante lembrar-se que o fungo poderia apenas combater a
broca, mas não teria nenhuma atuação sobre os nematóides.
O nematicida, quer seja sistêmico, quer não, nunca deve ser aplicado
diretamente no solo. Ele deve ser colocado sempre dentro das bananeiras. Isso evita
que se contamine o solo, as águas superficiais e também as profundas, mate seus
microorganismos, principalmente as minhocas e não haja volatilização do produto,
que pode intoxicar o homem e os animais. Somente por ocasião do plantio, é que se
pode aceitar a aplicação do nematicida no solo, por falta de uma melhor opção.

4- Tripes
Os tripes são pequenos insetos encontrados em quase todas as regiões
bananeiras, no seu botão floral, em qualquer idade. O predatismo dos tripes se limita,
principalmente a ataques nas flores e nas cascas dos frutos novos, onde eles se
alimentam de sua epiderme. Antigamente, admitia-se que ele raspava o tecido para se
alimentar, mas atualmente sabe-se que eles somente perfuram a epiderme. Eles não
atravessam as cascas, mas as tornam com a aparência muito prejudicada. As
perfurações produzem necroses e manchas causadas por deposições de suas gotas
fecais. No local em que o tripes faz a perfuração, ele provoca a morte da célula. Onde
ele deixa sua excreção há o aparecimento de manchas que provocam o
desenvolvimento de uma “fumagina”, que pode ter cor enegrecida ou com anuâncias
avermelhadas, de acordo com o fungo que aí se instalou. Algumas vezes há o
ressecamento do local onde esse fungo se desenvolveu, com conseqüente ruptura da
epiderme. Conforme a espécie de tripes, ela pode deixar a casca toda enegrecida, como
se tivesse sido chamuscada.
Eles têm como inimigos naturais outros insetos, ácaros e fungos.
Nos invernos secos há menor quantidade de tripes, pois seu ciclo de
desenvolvimento é mais longo.
As populações de tripes variam muito de uma região para outra, parecendo
haver alguma relação com as condições topoclimáticas. Por vezes, eles se tornam
pragas com expressivo valor econômico, sendo capazes de anularem totalmente o
valor de uma produção.
Após a ovoposição feita pela fêmea, há um período de cerca de 14 dias de
incubação, quando então as larvas nascem e se deslocam para o perigônio, onde vão se
alimentar. O período larval é de mais ou menos 8 dias. A larva faz seu casulo no solo.
O estágio de pupa é de mais ou menos 7 dias.
O adulto tem de 1 a 14 mm de comprimento, sendo que as espécies de
importância agrícola tem ao redor de 1,4 mm. Eles têm de 0,1 a 0,2 mm de diâmetro e
vivem normalmente nas flores novas, sendo encontrados até mesmo naquelas que
estão ainda totalmente protegidas pelas brácteas.
São extremamente rápidos, escondendo-se sempre quando procurados, mas
facilmente vistos, devido a sua cor brancacenta ou marrom-escuro. Os prejuízos são
proporcionais à população.
Já foram descritos de 4 a 5 mil espécies, estimando-se que haja outro tanto
para serem descritos. Eles são reunidos em múltiplas famílias, sendo que todas elas
pertencem a ordem Thysanoptera.
Pode-se citar, pela importância de seus prejuízos, as seguintes famílias,
havendo contudo outras, em algumas regiões do Brasil, que só ocasionalmente, suas
espécies são consideradas como causadoras de problemas. A seguir estão relacionadas
espécies que têm causado mais prejuízos na produção e que podem ser encontradas
em nossos bananais.
Família Thripidae: Frankliniella brevicaulis (Hood, 1937), e o
Frankliniella fulvipennis (Moulton, 1933), são os mais comuns entre nós, havendo
ainda o Frankliniella parvulla (Hood, l937) e o Frankliniella insularis (Franklin,
1930) sendo que este último ataca muito as flores ainda bem novas, cujos prejuízos
aparecem nas bananas.
Esses tripes causam danos tanto às flores femininas como às masculinas.
Com o desenvolvimento do fruto pode-se verificar, nitidamente, o aparecimento na
casca de pequenas berrugas marrons, ásperas ao tato. Elas não afetam a qualidade da
polpa, mas prejudicam o aspecto da fruta, desvalorizando-a comercialmente. Essas
berruguinhas são reações do tecido à ovoposição feita pela fêmea, que podem ser de
origem física ou infecciosas (Foto XII-20).

Foto XII-20- Berrugas e ferrugem provocadas por Frankliniella spp. As


três pequenas pontuações brancas na foto, são os tripes.
Além dos tripes citados há ainda:
Caliothtrips bicinctus (Bagnall, 1919), suga as flores e as bananas
provocando nestas últimas a formação de “fumagina” entre elas. As formas jovens são
mais claras (amarelo claro) que as adultas, que são quase amarronzadas (Foto XII-21).
Foto XII-21- Os vários tripes que provocam a ferrugem (fumagina)
nas bananas podem chegar a envolvê-las completamente.
As pontuações brancas são exemplares desses tripes.
Chaetanaphothrips bicinctus (Bagnall, 1919), Chaetanaphothrips orchidii
(antes classificados como Anasphothrips signipennis) (Moulton), Chaetanaphothrips
clarus (Moulton), Chaetanaphothrips signipennis (Bagnall) e Hercinothrips bicinctus
só se alimentam nas cascas das bananas, mas todos eles causam a ferrugem na casca,
principalmente nos locais de contato dos frutos.
Pallencothrips musae (Hood, 1956) causa manchas escuras de ferrugem na
casca, podendo envolver toda a banana.
Hercinothrips femoralis (Reuter), Hercinothrips bicinctus (Bagnal),
Systenothrips latens (Ostmark, 1974) causam a ferrugem prateada na parte côncava da
banana e atacam também as brácteas.
Tryphactothrips lineatus Hood, 1927, causa um enferrujamento da casca ou
apenas escarificações superficiais, conhecida como ferrugem da banana. Com o
desenvolvimento da fruta pode provocar pequenas rachaduras na sua epiderme,
tornando-a castanho-avermelhado. É bastante encontradiço nos bananais do Estado de
São Paulo.
Thrips florum Schmutz, suas picadas feitas nas flores, para se alimentar,
acabam coalescendo e formam verdadeiras placas de cortiça sobre o tecido.
Euthrips biguttatiocorpus signipennis e Euthrips orchidii que também são
encontrados em bananeiras.

4.1- Combate
O combate aos tripes é bastante difícil pelo local onde o adulto permanece,
normalmente, ocasionando seus danos. Quando a inflorescência aparece, mesmo sem
ter aberto nenhuma bráctea, já é possível encontrar os tripes sugando flores ou fazendo
suas ovoposições.
Pulverizações nas inflorescências com intervalos de 15 dias com Malathion
ou Dipterex têm sido mencionadas como eficientes para diminuir a população de tripes
e, conseqüentemente, seus danos. O uso de sacos impregnados com inseticida, como o
Sevin, tem sido indicado para diminuir suas populações e obviamente seus estragos.
Se o combate aos nematóides estiver sendo feito conforme foi
anteriormente recomendado, usando-se portanto, o nematicida dentro da planta, os
tripes estarão sendo mantidos sob controle. Isto acontece devido ao fato do nematicida
ficar circulando dentro da planta, portanto, ele acaba chegando nas folhas, flores e nas
partes mais externas da casca da banana. Nesta situação, normalmente não há
necessidade de um combate específico ao tripes.
Em áreas onde eles causam problemas rotineiramente ou que houve algum
escape de tratamento, o uso do nematicida aplicado 30 a 40 dias antes da parição da
inflorescência, no interior de um “filho” ou “neto” desbastado, é um excelente meio
de seu combate. As pulverizações não têm a eficiência deste tratamento, por não
conseguirem atingir o adulto, no seu local de sugamento. As pulverizações somente os
atingem quando eles ficam expostos à luz, o que raramente ele faz.
A metodologia de se aplicar o nematicida dentro da planta é válida para o
combate específico aos tripes e também para a traça-das-bananeiras, porém, este
tratamento exige que ele seja feito individual e preventivamente, planta por planta.
Para isso é preciso que o produtor esteja fazendo o desbaste, conforme está aqui
relatado, para que haja sempre “filhos” ou “netos” disponíveis para serem eliminados.
Recomenda-se que sejam feitas inspeções permanentes no bananal, a cada 15 dias,
para se acompanhar a evolução da população de tripes. Diante do resultado dessas
inspeções se definirá sobre a necessidade ou não de se fazer uma aplicação extra de
nematicida em um “filho” ou “neto”.
A prática de se eliminar os corações das inflorescências, quando cerca de
10 pencas de flores masculinas já se abriram, é uma forma muito eficiente de reduzir a
população dos tripes.

5- Traça-das-bananeiras
Dá-se o nome de “traça-das-bananeiras” ou “opogôna” a um
microlepidóptero classificado como Opogona sacchari (Borger, 1856) que fora
antigamente classificado como Opogona subcervinella Walker 1863. Ela pertence à
família Oirophicidae do gênero Opogona glyciphaga que teve sua origem nas Ilhas
Maurícius (leste de Moçambique). Seus maiores danos foram registrados nas Ilhas
Canárias (Espanha), apesar de existir nos Açores, Madeira e Santa Helena. Não se tem
notícias de sua existência na América Central e nem nas Filipinas.
Sua presença no Estado de São Paulo foi marcada pelos prejuízos ocorridos
no Guarujá, em 1972. Estima-se que sua introdução tenha ocorrido por volta de 1965 a
1970. Seus maiores prejuízos ocorreram no Litoral Paulista, por ocasião do seu
aparecimento. Ela também já foi encontrada no Planalto Paulista. Atualmente, a traça
perdeu muito da sua importância devido aos combates feitos, sistematicamente, nas
décadas seguintes à sua introdução.
A lagarta da traça se alimenta de todos os órgãos da bananeira, exceto as
folhas e raízes, porém seus principais prejuízos ocorrem nos frutos. O adulto tem
hábitos noturnos e faz várias posturas, quase que somente nas flores femininas antes
delas secarem. Com a eclosão dos ovos surgem pequenas lagartas de 2 a 3 mm de
comprimento que já começam a brigar entre si, tão logo se encontram. Há casos em
que elas já estão brigando antes mesmo de iniciarem a abertura das galerias para
dentro do fruto. As largatas que perdem a briga são jogadas para fora da flor e ao
caírem, podem se fixar em bananas das pencas localizadas mais abaixo no cacho.
Onde param, perfuram e penetram lateralmente na banana, em qualquer posição em
relação à sua região pistilar, podendo ser encontradas até mesmo na almofada das
pencas. Ao caírem, muito freqüentemente, elas se fixam nos rabos sujos do cultivar
Nanica, onde chega-se a encontrar dezenas de suas larvas. Raramente se instalam no
rabo limpo do cultivar Nanicão. Em porcentagem pequena elas são encontradas nos
pseudocaules, nos rizomas ou mesmo em restos de bananeiras caídas no solo, onde ela
sempre encontra mais inimigos naturais. Em ataques intensos, pode-se encontrá-las até
mesmo em pseudocaules semi-desidratados, já caídos no solo. É muito raro
encontrar-se mais de uma largata em um mesmo fruto, quando seu comprimento é
maior do que 5 mm, mas isto pode acontecer. Depois deste tamanho ela se torna mais
agressiva ainda, até mesmo quando é incomodada com um simples palito de fósforo.
Dentro do fruto, ela se alimenta da polpa e cresce. Sua alimentação é bastante variável
pois qualquer parte da bananeira serve, desde que não sejam folhas ou raízes. Ela
chega a ter até 20 mm de comprimento (Foto XII-22).
Foto XII-22- Raramente acontece de duas lagartas de Opogona sacchari
estarem em uma mesma banana.
Normalmente ela completa sua metamorfose no solo, mas pode também
fazer seu casulo em qualquer parte da bananeira, desde que não seja no interior da
fruta.
Os prejuízos nos frutos são pelos danos causados e também pelas galerias
que ficam abertas, que se tornam portas de entrada de fungos e outros insetos. As
bananas quando estão desenvolvidas, tornam-se amarelas, prematuramente,
apresentando a polpa já podre, portanto, impróprias para o consumo.
A identificação da presença da traça nas bananas é facilmente feita, por
aparecer no pistilo das flores algo parecido com serragem, que corresponde as fezes da
larva, resultante de sua alimentação com a polpa da fruta (Foto XII-23).

Foto XII-23- Serragem (fezes) na banana indica a presença de Opogona


sacchari.
O produtor deve procurar plantar cultivares cujos rabos dos cachos sejam
limpos, que é uma forma de se reduzir a presença da traça nos bananais.
Há áreas, onde já se constatou sua presença causando prejuízos que
chegaram a alcançar índices de 30 a 40% de frutos perdidos. Entretanto, devido às
variações climáticas estes prejuízos oscilam muito de ano para ano.
No Estado de São Paulo, é de setembro a novembro que têm ocorrido os
maiores prejuízos.
5.1- Combate
Há bananais cujos níveis de prejuízos justificam o seu combate
preventivamente. Recomenda-se que para essas áreas, o combate seja feito apenas
durante o período de março até fins de junho, quando ocorrem as maiores posturas de
ovos nas flores. Objetiva-se, com isto, evitar desequilíbrios biológicos.
Se o agricultor não quiser usar inseticida, é possível manter a traça sob
controle fazendo a despistilagem (eliminação dos restos florais) após ao
desenvolvimento de todas as flores femininas. O extravasamento da cica que ocorre,
causa um enlambuzamento da região, que é suficiente para impedir que o ovo aí
depositado venha a eclodir ou mesmo que a pequena larva se desenvolva.
Uma outra forma de se combater a traça é vestindo o cacho com um saco de
polietileno, quando a inflorescência é apenas um botão floral. Sob o ponto de vista
prático isto é muito difícil, pois haverá necessidade de se percorrer o bananal quase
todos dias, pois a parições são diárias.
Quimicamente o combate pode ser feito por meio de nematicida sistêmico,
aplicado em rebentos desbastados com a “lurdinha”, cerca de 30 a 40 dias antes do
florescimento, à semelhança do recomendado para o combate aos tripes.
Outro método de combate consiste em:
a) pulverizar os cachos ainda quando em flor, com uma solução contendo
200 gramas de Dipterex 80 PM, para cada 100 litros de água, onde se adiciona 20 cc
de espalhante adesivo. Procurar banhar bem as flores da banana. Pode-se também
polvilhar com Sevin 85 PM (carbaryl);
b) repetir o tratamento no mesmo cacho, apenas uma segunda vez, cerca de
30 a 40 dias mais tarde, quando então as flores já estarão transformadas em bananas e
voltadas para cima. Quebrar os corações, durante este segundo combate, para que se
possa, posteriormente, identificar os cachos já tratados pela segunda vez.
Mensalmente, durante todo o ano, deve-se fazer-se inspeções no bananal
para se verificar a presença da lagarta, através do aparecimento de “serragem”, nos
restos florais dos frutos em desenvolvimento. Se necessário, serão feitos,
imediatamente, os tratamentos seguindo as instruções mencionadas nos itens a e b ou
com a aplicação do nematicida em rebentos recém desbastados.
Para evitar infestações ou reinfestações do bananal, não se deve trazer
engaços de outras propriedades. A quebra mensal de corações também contribui para o
controle do desenvolvimento da traça.
O produtor deve manter constante vigilância quanto à presença da traça em
suas lavouras, pois se sua população aumentar muito, a produção poderá ser
totalmente condenada pelos compradores, tanto de mercado interno como no de
exportação. A embalagem de bananas em grupos (buquê), neste caso, representa uma
forma do produtor não perder totalmente sua safra.

6- Outros insetos
Além dos insetos já citados, há outros que têm menor importância ou então,
apenas causam prejuízos em determinadas regiões ou épocas. Eles podem ser
agrupados pela localização dos danos que causam.

6.1- Danos nas folhas


6.1.1- Comedores de folhas
Ordem - Lepidóptera, família Brassolidae
Caligo brasiliensis (Felder, 1862), Caligo beltrao (Illiger, 1801) e Caligo
illioneus Cramer (1776), são conhecidos como borboleta coruja das bananeiras, devido
aos “olhos” que os adultos apresentam em suas asas. A lagarta deste último tem cor
parda com espinhos no dorso do abdome (Foto XII-24).

Foto XII-24- A borboleta coruja é grande comedora de folhas de


bananeiras na sua fase larvária.
Freqüentemente as asas desses dois primeiros são usadas para montagem de
quadros decorativos, pois a predominância da tonalidade azul na parte superior delas,
as tornam belas para essa finalidade. As lagartas são de coloração parda esverdeada,
tendo no seu dorso quatro pequenos espinhos (Fotos XII-25 e 26).

Foto XII-25- Lagarta de Caligo illioneus quase na idade de empupar.


Foto XII-26- Estragos que a lagarta de Caligo spp. faz nas folhas.
Opsiphanes invirae (Hubner, 1818) e Opsiphanes cassiae lucullus
(Fruhstorfer, 1907). Quando lagarta, sua coloração é mais esverdeada que as anteriores
e não tem espinhos no dorso, apresenta 4 apêndices cefálicos maiores e 4 menores e 2
abdominais. O período larval é de 40 a 50 dias, sendo que da postura até ficar adulta se
passam 80 dias (Foto XII-27).
Foto XII-27- A lagarta de Opsiphanes spp. come as folhas pelos bordos
e faz seu casulo junto à nervura principal.

Foto XII - 27A - Lagarta de Opsiphanes spp. morta na planta "mãe", seis dias
após a aplicação de um dos nematicidas indicados, via "filho" desbastado.
As lagartas deste grupo têm o hábito de comer as folhas, principalmente à
noite, podendo consumir de 30 a 40 cm² de sua superfície durante seu
desenvolvimento. Elas normalmente começam comendo os bordos das folhas da
“mãe”, mas quando caem sobre as folhas dos “filhos” passam a comê-las com a
mesma voracidade. Em ataques severos, deixam quase só a nervura principal. Ao
completarem seu desenvolvimento, chegam a ter de 10 a 12 cm. Sua presença é
facilmente constatada devido às fezes que expelem, sob a forma de pequenos cubinhos
amarronzados, que são encontrados nas folhas dos “filhos”.
A borboleta faz sua postura quase que só no topo dos pseudocaules,
próximos do início das rosetas, agrupando os pequenos ovos cilíndricos, brilhantes e
brancacentos em fileiras com até dois centímetros de comprimento, dispostos
paralelamente em 3 a 8 linhas. Seu encasulamento geralmente se processa junto a
nervura principal de uma folha da planta “mãe”.
Família Limacodidae
Acharia apicalis, tem o hábito de comer folhas iniciando sempre pelos seus
bordos, sendo mais freqüente sua presença nas topografias acidentadas.
Família Noctuidae
Spodoptera frugiperda (J.E.Smith, 1797), nos plantios próximos de
lavouras de milho ou quando ele é plantado consorciadamente com a bananeira, tem
sido constatado a presença dessa lagarta comendo a vela e os lóbulos foliares das
plantas jovens.
Ordem Coleóptera, família Chrysomelidae
Diabrotica speciosa (Germ., 1824) é conhecida como patriota ou vaquinha
verde-amarela. O adulto é um besourinho de cor verde, com três manchas amarelas em
cada élitro; tem o corpo alongado com 5 a 6 mm de comprimento. Os adultos têm o
hábito de comer a vela das mudas plantadas, com desenvolvimento ainda inferior a 60
cm. Ao comer a vela, ela chega a atingir duas a três camadas do lóbulo enrolado.
Quando a folha se abre, ela se apresenta toda picotada, no sentido das nervuras
secundárias. Por vezes ela chega a comer alguns pedaços da folha I, porém somente
enquanto ela está tenra. As formas jovens das larvas normalmente vivem
subterraneamente e alimentam-se de raízes (Foto XII-28).

Foto XII-28- A lagarta de Diabrotica speciosa come a vela ou o cartucho.


Seus prejuízos se tornam visíveis quando a folha se abre.

Nos locais onde ocorrem os dois últimos insetos citados, é recomendável


que se aplique o nematicida, 30 dias após ao plantio, o que é suficiente para o seu
combate.
Ordem Hemiptera, família Diaspididae
Diaspis boisduvali (Sign. 1869) é uma cochonilha que suga os lóbulos
inferiores, fazendo quase sempre uma colônia. Ela, que existe no Brasil, ainda não foi
encontrada em nossos bananais, mas é muito comum nos das Ilhas Canárias.

6.1.2- Abridores de galerias no parênquima foliar


Ordem Lepidóptera, família Amatidae
Antichloris eriphia (Fabricius, 1776) é mais encontrada no planalto
paulista. As lagartas têm comprimento de até 30 mm e são revestidas de pequenos e
finos pêlos branco-creme. Elas comem principalmente a parte internervural, deixando
por vezes a nervura secundária quase que intacta.

Antichloris viridis Druce é mais freqüente no litoral paulista. Este último é


um pouco maior que o anterior.
Elas entram sempre pela página inferior e vão abrindo as galerias.
Entretanto, por vezes, chegam a extravasar para a página superior. Elas transformam a
folha em uma verdadeira renda, dada a quantidade de perfurações feitas.
Os insetos deste grupo só atacam as bananeiras que já estão adultas ou os
seus “filhos” bem crescidos, portanto o controle é feito com as aplicações rotineiras do
nematicida.
Ceramidia viridis, tem seus ovos esféricos e translúcidos com 1 a 2 mm.
Elas comem as folhas abrindo furos mais ou menos ovais, com até 10 mm x 30 mm,
no sentido das nervuras secundárias. A larva é revestida de pêlos creme (Foto XII-29).

Foto XII-29- As lagartas de Ceramidia viridis se instalam entre as páginas


superior e inferior da folha e comem, preferencialmente, o tecido
entre as nervuras secundárias.

6.2- Danos nos pseudocaules

6.2.1- Abridora de galerias


Ordem Lepidoptera, família Castniidae
Castnia licus (Drury, 1773), conhecida como a “broca gigante da
cana-de-açúcar”, é provavelmente, o inseto que causa o maior prejuízo nas bananeiras
no vale do Amazonas, maior até mesmo que o próprio “moleque”, sendo aí conhecida
como “largata rosca”. Pouco antes de encasular, suas dimensões chegam até 50 ou 60
mm de comprimento por 10 a 12 mm de diâmetro. Suas perfurações se concentram nos
primeiros 50 cm do pseudocaule, mas podem atingir 100 a 120 cm, o que provoca
grande quebramento de plantas (Foto XII-30).

Foto XII-30- As lagartas de Castnia licus abrem galerias principalmente


no pseudocaule. São mais comuns na Amazônia.

Este inseto tem sido também encontrado na baixada fluminense, sul do


estado da Bahia e em alguns plantios próximos da região canavieira de Pernambuco,
porém, em caráter esporádico. Sua eventual maior atração pelas bananeiras da região
Centro-Sul poderá torná-la um grave problema.
O combate feito aos nematóides o mantém sob controle.
Dentro dessa mesma família há ainda os seguintes insetos parasitando a
bananeira: Eupalamides dedalus (Cramer, 1775) e Castinia icarus (Cramer, 1775),
que não têm importância predatória da anterior.
Ordem Homoptera, família Aphididae
Pentalonia nigronervosa (Coquerel, 1859), é um pulgão, portanto um
sugador, que normalmente se instala sob as bainhas mais externas que estão se
soltando do pseudocaule. É um grave problema potencial da bananeira, pois ele é o
vetor da virose “bunchy top”, que, felizmente não existe entre nós.
Se a bananeira estiver com o nematicida circulando por ela, este pulgão
ficará sob controle. Exterminá-lo é praticamente impossível, devido à proteção que a
formiga lava-pé lhe faz.
6.3- Danos nos rizomas

6.3.1- Abridor de galerias


Ordem Coleoptera, família Curculionidae
Metamarsius hemipterus, (L., 1764) é conhecido como a “broca rajada”.
Ela é muito semelhante ao “moleque”, porém apresenta em cada asa e no tórax, uma
lista preta que contrasta com a cor marrom de seu corpo. Enquanto o “moleque”
parece estar sempre dormindo, a broca rajada está sempre fugindo. Ela tem sido
encontrada nos rizomas, mas sua metamorfose se dá quase sempre nos pseudocaules
de plantas caídas. É uma praga de pouca importância para as bananeiras.
O combate rotineiro dos nematóides as mantém sob controle.

6.4- Danos nas flores e frutos


Além dos tripes e da traça das bananeiras, já citados, é possível
encontrar-se:
Ordem Hymenoptera, família Apidae.
Trigona spinipes (Fabricius, 1793), mais conhecido como “irapuá” ou
“abelha cachorro” que, ao lesionar as flores e os frutos com o intuito de obter cica para
construção de seu ninho, pode transmitir o “moko” nas regiões onde ele existe.
Seu combate somente apresenta sucesso quando se destroi seu ninho, o que
é difícil de ser localizado, pois quase sempre está em árvores altas.
Ordem Lepidoptera, família Noctvidae
Spodoptera littoralis, na sua forma larvária tem o hábito de comer a
epiderme dos frutos quando eles já estão no padrão 28 mm ou mais. É uma praga
comum no continente africano, não tendo ainda sido referida sua presença no Brasil.
Família Psychidae.
Oiketicus kirbyi (Lands Guid., 1827), o “bicho cesto”, é interessante ser
citado, pois ocasionalmente tem aparecido como praga nos bananais onde não se
aplica o nematicida.
O combate a esta mariposa tem que ser feito através do macho, porque a
fêmea nunca sai de dentro do cesto. A fêmea chega a ter a postura de até 3.000 ovos
que eclodem e produzem larvas. Estas juntam pequenos pedaços de folhas para
tecerem seu cesto.
O combate aos insetos predadores de flores e frutos, tem duas formas de ser
feito. A primeira é pulverizando a inflorescência com Malathion a 0,2% ou Sevin 85
PM (carbaryl). A segunda forma é aplicando 30 a 40 dias antes da parição, uma dose
de 20 g de um nematicida sistêmico 5 G, através de um filhote recém desbastado, com
auxílio da lurdinha.
O combate a estas pragas secundárias das bananeiras deve ser feito com
muito cuidado para evitar desequilíbrios biológicos. Entretanto, há anos em que, por
condições climáticas atípicas, esta ou aquela lagarta ou tripes, se desenvolvem e
provocam sérios prejuízos. O agricultor precisa estar sempre atento para não ser
surpreendido; constatando estar havendo um forte ataque de um determinado inseto
nas folhas, nas flores ou nos frutos, deve-se fazer um combate específico contra esse
inseto que pode ser através de inseticida de contato (Dipterex, Malathion, Sevin, etc.),
e se for no início, com um nematicida, o qual leva cerca de 20 a 30 dias para atuar
eficientemente em toda a planta.
Se o combate aos nematóides e a broca-das-bananeiras estiver sendo feito,
segundo as recomendações aqui indicadas, dificilmente tais lagartas ou adultos virão a
ser problema para o produtor.

7- Ácaros
Os ácaros não são considerados como praga nas bananeiras. Eles são
encontrados durante todo o ano sob as folhas.
Dentre eles os mais comuns são o Tetranychus urticae (Koch, 1836),
Tetranychus desertorum (Banks. 1900) e o Tetranychus glovery (Banks ).

CAPÍTULO XIII - A SITUAÇÃO BAAÍCOLA O BRASIL E AS


PERSPECTIVAS FUTURAS.

A bananicultura brasileira se expande cada vez mais, visando abastecer os


grandes centros com plantios mais próximos deles, com o objetivo de reduzir as
distâncias entre as zonas de produção e as de consumo, devido aos altos custos dos
fretes. Áreas que não seriam ecologicamente recomendáveis para o cultivo da
bananeira, estão sendo utilizadas, pois o produtor usando as atuais técnicas
agronômicas tem conseguido torná-las economicamente viáveis.
O desenvolvimento cada vez maior que o cultivo da bananeira vem tendo
em todo o Brasil, se prende ao fato de que o povo brasileiro consome bananas mais
como complemento de sua alimentação diária, do que como uma fruta de sobremesa,
justificando assim termos o maior consumo “per capita” do mundo.
As investigações bananícolas iniciadas no Instituto Agronômico de
Campinas (IAC), em 1931, possibilitaram reunir uma grande coletânea de informações
que já foram apresentadas na primeira edição deste livro e também repassadas aos
vários cantos deste nosso Brasil, através de inúmeros cursos, reuniões, manuais,
contatos diretos feitos nas áreas técnicas, de ensino, de pesquisas e de produção.
Com a criação do Centro Nacional de Pesquisas de Mandioca e Fruticultura
Tropical, (CNPMF) em 1976, hoje EMBRAPA - Mandioca e Fruticultura, em Cruz
das Almas (BA), foram estabelecidos múltiplos programas de investigação bananícola
em todo o país. Da mesma forma, houve um grande interesse dos centros
universitários em estabelecer pesquisas para serem transformadas em teses de
mestrado e doutorado. Decorrente disto, inúmeros trabalhos foram publicados,
trazendo assim novas informações e conhecimentos aos produtores. Pode-se dizer, sem
sombra de dúvida que, do final da década de 70 até nossos dias, o número de
profissionais ligados a esse setor da fruticultura, aumentou muito em todo o Brasil, da
mesma forma que o número de produtores.
Entretanto o IAC, que sempre foi o maior centro de investigações agrícolas
da América Latina, onde foram geradas tecnologias para serem utilizadas por
produtores do Estado de São Paulo, do Brasil e de muitos outros países, está hoje,
devido a retirada do apoio econômico governamental, em pleno processo de
desativação de seu patrimônio intelectual, genético e material.
O apoio técnico aos produtores que o centenário IAC, que teve muitos dias
de glória desde sua fundação por D. Pedro II, é hoje quase nada, e o prognóstico que
se pode fazer de sua atuação no futuro imediato, é pior ainda.
Esta situação não é diferente nos demais Institutos de Pesquisas Agrícolas
do Estado de São Paulo. Para o produtor fica a expectativa de que haja uma grande
reversão nessa realidade e tudo volte a ser como foi e, no futuro próximo, possa haver
quem pesquise soluções técnicas agrícolas, para seus problemas.
O mal-do-panamá, que continua destruindo os plantios de bananais do
cultivar Maçã, que é aceito sem restrições em todo o Brasil, tem feito com que os
produtores passem a fazer seus plantios, em áreas ainda virgens, usando mudas
produzidas por biotecnologia, as quais vão para o campo sem o patógeno causador
dessa enfermidade, porém sem imunidade alguma contra ele. É um grande problema
que persiste na bananicultura, porém, a esperança do agricultor e o interesse dos
pesquisadores em obter híbridos do cultivar Maçã tolerantes a essa enfermidade, que
possibilitem ter-se um bananal com grande longevidade, é também uma constante.
As equipes de melhoristas, em todo o mundo, têm trabalhado no sentido de
se criar um híbrido resistente às enfermidades e aos nematóides, devendo-se enfatizar
os trabalhos que estão sendo conduzidos pela liderança do Dr. Phillip Rowe, na
Fundação Hondurenha de Investigação Agrícola (FHIA). Infelizmente, essas
pesquisas, que iniciaram na década de 30, ainda não produziram uma banana para
mesa, cujo paladar agrade plenamente aos consumidores.
Quanto ao moko, felizmente, por motivos desconhecidos, ele não alcançou
a virulência que se aguardava em termos de Brasil. Este fato, que é registrado em toda
a Amazônia onde ele existe, também está ocorrendo em outras regiões bananeiras do
mundo.
Nos bananais bem cuidados, a broca-das-bananeiras perde a cada dia que
passa sua periculosidade, em face ao constante combate que se faz a esse inseto, de
forma indireta, quando se realiza os tratamentos contra um outro inimigo muito maior,
que são os nematóides. Estes são os grandes causadores da redução da produtividade e
da longevidade dos bananais. Continua válida a preocupação dos órgãos de pesquisas
em obter híbridos comercialmente aceitáveis e resistentes a esses vermes, pois apesar
de haver tecnologia completa para seu combate, seus custos são altos.
Um problema que necessita muita atenção dos produtores, é o prejuízo que
os vírus estão causando em todos os bananais, devido sua rápida disseminação através
de mudas infectadas e também a que ocorre na lavoura mal-tratada. Convém sempre
lembrar que, uma “família” bananeira infectada com vírus não há como recuperá-la,
em condições de campo.
A expansão geográfica e o aumento da resistência da sigatoka-negra aos
produtos usados no seu controle são preocupações constantes no meio bananícola. Já
foram criados híbridos considerados resistentes a ela, mas que precisam ainda ser
devidamente testados a nível de campo e também sua efetiva aceitação pelos
consumidores.
Com o aparecimento da sigatoka-negra em Tabatinga (AM) em 1998 e em
menos de dois anos em vários outros estados, é de se prever que sua disseminação
pelas grandes áreas produtoras do Brasil, ocorrerá rapidamente, fazendo com que os
produtores brasileiros também se preocupem com esta moléstia, que é uma das duas
piores que existem em bananicultura.
Há um consenso mundial de que a melhor forma de se evitar fazer as
quarenta ou mais pulverizações por ano, para se manter a sigatoka-negra sob controle
nas áreas onde ela já é endêmica, é usar-se híbridos tolerantes a ela, que nem sempre
são tolerados pelos consumidores ou fazer-se novos plantios empresariais, em regiões
onde a umidade relativa do ar seja baixa, embora se tenha que irrigar o ano todo.
Esse tipo de clima é, sem dúvida alguma, um fator limitante para o
desenvolvimento da sigatoka-negra e da amarela e é também onde se pode produzir
uma banana mais saudável para o consumidor, por se reduzir as inúmeras
pulverizações a números desprezíveis.
Este é o clima do Nordeste do Brasil.

Foto XIII-1- Sede de fazenda bananeira, em Costa Rica, onde o controle


da sigatoka-negra é muito dispendioso, circundada por cerca de 3 milhões
de plantas.

GLOSSÁRIO
Abortar - Quando o cacho rompe o pseudocaule em vez de sair pela roseta.
Absorver - Incorporar no seu corpo.
Adsorver - Agregar externamente.
Aguilhão da folha - Pequeno filamento precursor da folha recém-emitida. O mesmo
que pavio.
Almofada - Fusão dos pedúnculos das bananas. Corpo de ligação entre as pencas e a
ráquis feminina.
Ápice - O mesmo que extremidade distal.
Arreador - Local onde os transportadores deixam os cachos.
Atomização - Pulverização feita com gotículas de 50 a 300 µ. O mais usual são os
limites de 100 a 200 µ (ver micra).
Bactéria - Microrganismo unicelular.
Banana bombada - Banana amadurecida em local cuja temperatura foi alta e, por isso,
a polpa fica mole.
Banana-da-terra - Banana rica em amido. O mesmo que “plátanos” (espanhol).
Bandeira - Uma ou duas folhas deixadas no pseudocaule, após a colheita. Vara de
bambu com um pedaço de plástico para orientar o piloto do avião durante as
pulverizações.
Banheira - Carreta usada na embalagem das pencas em caixas, no meio do bananal.
Batata - Tipo de muda; o mesmo que talhada.
Berço - Suporte para o operário transportar o cacho em seu ombro.
Bulbinhos em cultivo in vitro - pequenos rizomas meristemáticos.
Buquê - Grupo de quatro a oito bananas juntas pela sua almofada.
Cabeça - Tipo de muda; o mesmo que rizoma.
Cabo aéreo - Cabo de aço onde os cachos são pendurados e puxados para fora do
bananal.
Cabo do cacho – O mesmo que engaço.
Cálibre - Instrumento para medir o diâmetro mediano da banana.
Camar - Ferro de cortar panícula de arroz, usado para desfolha.
Cará - Tipo de muda; o mesmo que rizoma.
Carretilha - Peça de ferro com duas roldanas e um gancho, onde se pendura o cacho
nos cabos aéreos.
Cartucho - A vela durante seu processo de desabrochamento.
Cepa - Muda tipo pedaço de rizoma; o mesmo que talhada; raça de um microrganismo.
Cesariana - Corte que se faz na roseta para ajudar a inflorescência sair.
Chifrão - Tipo de muda rizoma inteiro com peso de 2 a 3 kg.
Chifre - Tipo de muda rizoma inteiro com peso de 1 a 2 kg.
Chifrinho - Tipo de muda rizoma inteiro com peso de até 1 kg.
Chilling – O mesmo que friagem.
Cica - O mesmo que seiva.
Cicatriz - O mesmo que nó.
Ciclo de produção - Intervalo de tempo entre a colheita do cacho da “mãe” e do
“filho”.
Ciclo vegetativo - É o período entre o plantio da muda ou do aparecimento do rebento
na superfície do solo e sua colheita.
Climatizador - Proprietário ou gerente de câmara de climatização.
Colo - Região do rizoma onde as bainhas se fixam, esculpindo depressões em arcos de
círculos quase completos.
Contentor - O mesmo que cubito.
Coração - Botão floral. Conjunto de flores masculinas ainda em desenvolvimento,
recobertas com as brácteas. O mesmo que mangará (Nordeste).
Cordão umbilical - Ponte de ligação entre o rizoma da “mãe” e o do “filho”, na qual as
regiões do córtex e do cilindro central ficam bastante comprimidas.
Cortador - Aquele que corta o cacho.
Corte - Colheita.
Cubito - Caixa de madeira ou de plástico usada na embalagem e comercialização de
pencas ou buquês, com até 30 kg.
Dedo - O mesmo que banana.
Dedo único - Dedo deixado no rabo após a eliminação de pencas.
Dentadura - Almofada com os pedúnculos.
Despistilagem - Eliminação dos pistilos.
Diferenciação floral - É quando a bananeira deixa de gerar folhas e forma a
inflorescência.
Eixo floral – Parte do engaço onde as flores se inserem.
Eliminação de pencas - Retirada de algumas das últimas pencas para uniformizar a
colheita e melhorar o cacho.
Embolsar - Vestir um tubo de polietileno no cacho. O mesmo que ensacar.
Empacadora – O mesmo que galpão de embalagem (espanhol).
Engaço – É formado pelo alongamento do palmito a partir da parte onde ele ganha o
exterior da roseta foliar até a inserção da primeira penca (cabo do cacho). Pode
também incluir o pedaço onde as pencas femininas se inserem.
Engasgamento - Quando a inflorescência não consegue atravessar a roseta foliar.
Engordamento - Processo de desenvolvimento da banana; fase em que a banana
aumenta seu diâmetro.
Ensacar - Ver embolsar.
Espada - Primeiras folhas do “filho”; folhas sem lóbulos foliares.
Espátula - Faca para despencar.
Explante - Pequena parte de tecido vegetal, utilizada na propagação vegetativa, nos
laboratórios de biotecnologia.
Extremidade distal - Ponta da banana onde se insere o pistilo.
Facão - Faca de lâmina robusta com 30 a 50 cm usada no bananal.
Família - Conjunto de bananeiras cujos rizomas são interligados e representados pela
“mãe”, pelo “filho” e pelo “neto”, tendo sido todos os demais eliminados.
Filho - Ver planta “filho”.
Filho bastardo - Rebento desenvolvido junto à “mãe”, quando ela já tem seu “neto”.
Filhote - Rebento muito jovem.
F.O.C. - Fusarium oxysporum cubense, fungo causador do mal-do-panamá.
Foice bifurcada - Ferramenta com quase 2 m de cabo, usada para cortar folhas e ajudar
na colheita.
Friagem - Danos fisiológicos causados por baixa temperatura na planta e nas bananas,
os quais provocam coagulação da seiva, podendo até matar o tecido. O mesmo
que “chilling” (inglês).
Fungo - Vegetal inferior.
Galinha - Ferramenta com quase 2 m de cabo, usada para cortar folhas e ajudar na
colheita.
Galpão de embalagem – Local onde se encaixota as pencas ou os buquês.
Geotropismo negativo - Tudo que se afasta da terra.
Geotropismo positivo - Tudo que se aproxima da terra.
Guarda-chuva - Rebento que apresenta as primeiras folhas anormalmente largas. O
mesmo que muda d’água e orelha de elefante.
Inguirin - Banana chocha.
Internódio - Distância entre dois nós.
Irmão - Todo rebento desenvolvido a partir de uma segunda gema de um mesmo
rizoma.
Jangada - Na expressão “bater jangada”, significa a operação de rebaixamento da copa
das árvores derrubadas, simultaneamente com a primeira roçada do bananal.
Japonês - Cacho com acentuado encurtamento do engaço, muito compacto e com
bananas curtas.
Lóbulos foliares - Páginas foliares; superfície da folha.
Lóculo - Uma das três partes da polpa.
Lurdinha - Ferramenta semelhante a um vazador de couro, com maiores dimensões,
utilizada no desbaste do bananal.
Mãe - Ver planta “mãe”.
Mal-do-panamá - Doença causada pelo fungo F.O.C. que vive no solo e se instala nos
vasos das bananeiras.
Mamica - Gema intumescida de um rizoma.
Mangará - O mesmo que coração.
Mão - Penca de bananas.
Mão-falsa - Diz-se da primeira penca quando não nasceu completa.
Micorrizas - Fungos que vivem no solo e desdobram adubos, principalmente os
fosfatos.
Micra - 100 correspondem a 0,1 mm. Seu símbolo é µ.
Moko - Doença causada por uma bactéria. O mesmo que murcha bacteriana.
Moleque - O mesmo que broca das bananeiras.
Muda alta - Diz-se da muda rizoma inteiro com peso entre 3 a 5 kg.
Muda dágua - Ver guarda-chuva.
Muda orelha-de-elefante - O mesmo que guarda-chuva.
Muda pau-de-lenha - Diz-se da muda rizoma inteiro pesando acima de 5 kg. Muda
replante.
Murcha bacteriana - Ver moko.
Nematóide - Verme que parasita as raízes e o intestino dos animais.
Neto - Ver planta “neto”.
Nó - Protuberância na ráquis masculina, onde estiveram inseridas as flores masculinas.
Obus - Peça de ferro semelhante a uma bala de canhão com cerca de 10 cm de
diâmetro, que é arrastada pelo subsolador, para abrir um túnel-galeria para
arejar o solo.
ODD - Detergente orgânico de uso doméstico, à base de dodecil benzeno sulfonado,
usado para provocar coagulação de seiva e como espalhante adesivo.
Olhadura - O mesmo que mamica. Muda pedaço de rizoma; talhada; tijolo.
Orelha-de-elefante - Ver “guarda-chuva”.
Palmito - Alongamento do cilindro central do rizoma, situado no interior do
pseudocaule.
Parição - Nascimento da inflorescência.
Pavio da folha - O mesmo que aguilhão.
Pedúnculo - Parte da banana que a une à almofada.
Penado - Tipo de foice mais recurvada com cabo curto, usado nas práticas de cultivo e
colheita.
Penca de bananas - Conjunto de bananas reunidas pelos respectivos pedúnculos em
duas fileiras paralelas.
Pistilos - Restos florais das bananas.
Pitoca - A última folha emitida a qual é sempre anormal e menor.
Placenta - Bráctea alongada que envolve a inflorescência. É a primeira delas a secar.
Planta “filho” - Todo e qualquer rebento originado de uma gema vegetativa de um
rizoma “mãe”.
Planta “irmã” - Todo e qualquer rebento nascido em um rizoma, depois do “filho”.
Planta “mãe” - A bananeira mais velha da touceira ou da “família”, conhecida como
“mother plant” (em inglês), “planta madre” (em espanhol) e “plante mère” (em
francês).
Planta “matriz” - A que é cultivada no jardim de matrizes para fornecer material para
ser multiplicado.
Planta “neto” - Todo e qualquer rebento originado de uma gema vegetativa de um
rizoma “filho”.
Pousio - Área de terreno que fica sem nenhum plantio durante algum tempo, para
eliminação de pragas em geral.
Pseudocaule - Falso tronco das bananeiras; conjunto de bainhas das folhas imbricadas.
Quando as plantas já pariram elas envolvem o “palmito”.
Queijo - Pedaço de pseudocaule usado para caçar “moleques”.
Rabo - Ráquis masculina. Eixo floral onde se inserem as pencas de flores masculinas.
Ráquis - Eixo floral onde se inserem as flores femininas. Em botânica não se faz esta
separação do sexo das flores.
Rastelão - Implemento construído com dois pedaços de longarinas de chassi de
caminhão, para fechar o sulco de plantio.
Replante - Rebento bem desenvolvido, já quase próximo de emitir a inflorescência,
utilizado no replantio do bananal. Muda pau-de-lenha.
Retículo – Fio que fica entre a casca e a polpa da banana.
Roseta foliar - Região onde terminam as bainhas e começam os pecíolos.
Sigatoka - Fungo que se desenvolve nas folhas produzindo necroses amarelas ou
negras. O mesmo que cercosporiose.
Talhada - Tipo de muda pedaço de rizoma.
Telha - Pedaço de pseudocaule, aberto longitudinalmente, para caçar “moleques”.
Tijolo - Tipo de muda. O mesmo que pedaço de rizoma.
Torito - Caixa de madeira usada na embalagem e comercialização de pencas ou
buquês, com cerca de 22 kg.
Trado - Ferramenta com 120 cm de cabo destinada a coleta de terra para análise.
Vela - Folha ainda completamente enrolada já no exterior do pseudocaule.
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Agronomia - ESALQ.
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ISTRUÇÕES BÁSICAS DE PESQUISA

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encontrar a informação exata que ele está procurando, através da pesquisa por
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Para iniciar uma pesquisa, clique no botão [Pesquisa] na barra da esquerda de sua
tela e digite a palavra ou combinação de palavras que você deseja encontrar.
Tela de pesquisa mostrando o resultado da pesquisa das palavras nanica e prata

Você pode fechar o escopo de sua pesquisa de várias maneiras, utilizando os


recursos do FolioViews. Abaixo alguns exemplos de pesquisa:
1) Para pesquisar a frase exata, coloque a frase entre aspas, por exemplo:
"lagarta da traça"

2) Para pesquisar utilizando coringas ( * ou ? )


A pesquisa nanic* vai retornar todas palavras com o prefixo "nanic" ( nanica,
nanicas, nanicão). O coringa "?", substitui uma letra da palavra, por exemplo
a pesquisa "pr?tica", vai retornar as palavras (prática e pratica sem o acento
agudo no "a").

3) Na pesquisa Booleana, você pode usar os operadores ( e, ou, não e xou) para
compor sua busca. Por exemplo:
(Operador E / &) - nanica e prata : Retorna todos os registros que
contenham as duas palavras "nanica" e "prata".
(Operador OU / | ) nanica ou prata - Retorna todos os registros que
contenham as palavras nanica ou prata, podendo também conter as duas.
(Operador Não / ^) - nanica não prata : Retorna todos os registros que
contenham a palavra "nanica" e não contenham a palavra "prata"
(Operador XOU / ~) - nanica xou prata : Retorna todos os registros que
contenham a palavra "nanica" ou a palavra "prata", uma ou outra, nunca as
duas juntas.

Você pode utilizar os operadores booleanos em pesquisas mais complexas e


sem limites de ítens, por exemplo:
Se você pesquisar: nanica não prata & "lagarta da traça" , vai
encontrar somente um registro onde aparece a lagarta da traça e a
palavra nanica.
Em todas as pesquisas, nos locais do texto onde são encontradas, as
palavras pesquisadas aparecem em destaque.
Exemplo de destaque do resultado da da pesquisa acima
Para ver o manual do FolioViews com mais detalhes, clique no menu Ajuda da barra
superior.

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Fim de notasI

1 (Janela)
Partenocarpia é a capacidade que determinados frutos têm de desenvolver sua polpa, a partir
do seu endocarpo, onde progressivamente haverá acumulação de amido, sem que haja
fecundação da sua flor, portanto, sem haver produção de sementes.
2 (Janela)
[w1] poliniza

3 (Janela)
[w1] poliniza

4 (Janela)
Esta é, quase sempre, desnecessária devido a chegada do frio.

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