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Raul S. Moreira
[INSTRUÇÕES]
Dedicatória
Tu foste
FRANCISCA SOARES MOREIRA,
mas partiste como
MINICA;
porém me deste, tudo que de sublime existe:
o amor, o carinho e a vida.
Agradeço
a DEUS,
por ter-me dado saúde para reescrever este livro,
e à IRENE,
minha mulher, por ter-me dado amor e apoio, sem os quais
minha recuperação e o preparo deste livro seriam impossíveis.
APRESETAÇÃO
O AUTOR
rmoreira@mpcnet.com.br
O Autor
Raul Soares Moreira, nasceu em 1° de novembro de 1932, na Estação
Experimental de Cordeirópolis, do Instituto Agronômico de Campinas, atual Centro de
Citricultura “Sylvio Moreira”. Fez seus estudos básicos em Campinas e obteve o grau
de Engenheiro Agrônomo e o título de Doutor em Agronomia na Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiróz”, USP, em Piracicaba, SP, respectivamente em 1958 e
1974. Trabalhou como extensionista de 1958 até 1964, quando iniciou suas pesquisas
bananícolas no IAC. Por motivos de saúde, aposentou-se em 1989, mas mesmo assim
não se separou da lides bananícolas. Instalou sua primeira pesquisa com um
experimento de adubação, em 1959, quando ainda era extensionista e não parou até
hoje, pois continua investigando novas técnicas para melhoria da produção e fazendo
consultoria aos produtores. Em suas visitas por todos os estados brasileiros, ministrou
cursos em todos os níveis e, através de palestras, publicações em revistas e do
Suplemento Agrícola do jornal O Estado de São Paulo, onde manteve uma coluna por
mais de dez anos, divulgou os conhecimentos adquiridos em suas pesquisas e nos
inúmeros países visitados. Participou de muitas conferências internacionais como
apresentador de trabalhos, ouvidor e Delegado Brasileiro em reuniões oficiais. Foi
Conselheiro Principal do programa de banana da FAO em Angola, consultor “ad hoc”
da FAPESP, do CNPq, da FINEP e da FAESP e ainda do Programa Nacional de
Desenvolvimento da Bananicultura de Moçambique, além de ter sido produtor de
bananas. Sua contribuição e a do seu grupo de colaboradores para a ciência é
facilmente avaliada pelos trabalhos relacionados na literatura desta obra, em sua
segunda edição. Seu senso prático possibilitou a criação da metodologia da reforma
periódica dos bananais, da atomizadeira acoplada ao trator, do desbastador “lurdinha”,
que viabilizou o desenvolvimento da metodologia da aplicação de nematicidas,
fungicidas e fertilizantes no interior das bananeiras, a qual reduz a poluição ambiental
e por isso está sendo adotada em vários países. Introduziu a calagem e os
micronutrientes na bananicultura brasileira e a tecnologia da isca “queijo”. Os
resultados de suas pesquisas possibilitaram o início da utilização do fosfato natural
durante o preparo do solo, do sulcador de cana-de-açúcar na abertura das covas, assim
como a aplicação do detergente de uso doméstico na coagulação da seiva durante a
embalagem das bananas, e da água sanitária na desinfecção das mudas convencionais
em substituição aos agrotóxicos. Fez a maior coletânea dos cultivares de bananeiras
existentes no Brasil e os descreveu; realizou o primeiro estudo nutricional comparativo
de 50 diferentes cultivares realizado no mundo. Foi sócio-fundador e membro de
diversas diretorias da Sociedade Brasileira de Fruticultura e tem sido assíduo
participante de seus congressos, assim como os da Associação para a Cooperação em
Investigações em Bananeiras no Caribe e na América Tropical (ACORBAT). Dentre
as inúmeras homenagens e menções honoríficas que tem sido agraciado, talvez seja o
único pesquisador que recebeu de seus companheiros, produtores e inclusive de seu
mestre Jean Champion, o título de Cidadão Banana, em face das suas contribuições
científicas ao mundo bananícola. Examinando a bananicultura brasileira, científica e
prática, pode-se ver que ela teve grande influência dos trabalhos de Raul Moreira.
1- Introdução
2- Origem da banana
A palavra banana é originária das línguas serra-leonesa e liberiana (costa
ocidental da África), a qual foi simplesmente incorporada pelos portugueses à sua
língua.
Não se pode indicar com exatidão a origem da bananeira, pois ela se perde
na mitologia grega e indiana. Atualmente admite-se que seja oriunda do Oriente, do
sul da China ou da Indochina. Há referências da sua presença na Índia, na Malásia e
nas Filipinas, onde tem sido cultivada há mais de 4.000 anos. A história registra a
antigüidade da cultura.
As sementes das bananeiras primitivas, que eram férteis, teriam tido 2 cm.
Atualmente, em geral são estéreis e se apresentam como pequenos pontos escuros
localizados no eixo central da fruta.
As bananeiras existem no Brasil desde antes do seu descobrimento. Quando
Cabral aqui chegou, encontrou os indígenas comendo in natura bananas de um
cultivar muito digestivo que se supõe tratar-se do ‘Branca’ e outro, rico em amido, que
precisava ser cozido antes do consumo, chamado de ‘Pacoba’ que deve ser o cultivar
Pacova. É interessante lembrar que a palavra pacoba, em guarani, significa banana.
Com o decorrer do tempo, verificou-se que o ‘Branca’ predominava a região litorânea
e o ‘Pacova’, a Amazônica.
O cultivar Pacova possuía com certa freqüência, sementes muito grandes
em relação às atuais, pois quase igualavam em tamanho às da mucuna preta (Mucuna
aterrima). Os registros de importação das primeiras bananeiras para o continente
americano datam de 1494 a 1530, épocas em que já se conhecia, no continente
asiático, elevado número de espécies do gênero Musa, incluindo-se aquelas
ornamentais, sem valor alimentício. Como tais espécies não foram encontradas pelos
descobridores em nossa terra, pode-se deduzir que deve ter havido uma seleção do
material trazido desses locais de origem da bananeira. Esse aspecto é um ponto
pacífico em que os historiadores se baseiam para explicar a etnia asiática do índio das
Américas. Atribui-se a esses imigrantes a primeira seleção de bananas no mundo e a
introdução das primeiras sementes produtoras de bananeiras comestíveis no
Continente Americano.
3- Distribuição geográfica
Por se tratar de uma planta tipicamente tropical, a bananeira, para bom
desenvolvimento, exige calor constante e elevada umidade. Essas condições são,
geralmente, registradas na faixa entre os paralelos de 30° norte e sul, nas regiões onde
as temperaturas permanecem acima de 10°C e abaixo de 40°C. Entretanto, há
possibilidade de seu cultivo em latitudes maiores de 30°, contanto que a temperatura o
permita.
A expansão de um cultivar, em determinados países e áreas, é função da sua
aclimatação, interesse do mercado local ou do importador. Disso resulta que há
relativa diversificação de cultivares entre as regiões produtoras.
Os principais países que produzem banana podem ser assim agrupados por
região:
América do Sul América Central
Argentina (2) * Costa Rica (7)
Brasil (1) Guatemala (10)
Colômbia (5) Honduras (9)
Equador (4) México (11)
Guianas (17) Nicarágua (8)
Paraguai (3) Panamá (6)
Venezuela (18)
África Região do Caribe
Angola (20) Cuba
Rep. Camarões Ocidental (21) Guadalupe (França) (14)
Rep. Camarões Oriental (21) Ilhas Windward (16)
Zaire (Congo) (19) Jamaica (13)
Costa do Marfim (23) Martinica (França) (15)
Guiné (22) República Dominicana (12)
Ilhas Canárias (Espanha)
Ilhas Madeira (Portugal) Oriente Médio
Madagascar (27)
Moçambique (28) Israel (39)
Somália (29) Jordânia (40)
Líbano (41)
Ásia
Oceania
Sri Lanka (Ceilão) (30)
China (36) Austrália (33)
Filipinas (37) Ilhas Fidji (34)
Índia (38) Samoa Ocidental (31)
Java (32)
Sumatra (35)
* O número indica sua localização no mapa mundi (Figura I-1).
Figura I-1- Mapa mundi com os principais países produtores de banana.
4- Importância da bananicultura
4.1- Mundial
Histórica - As primeiras informações da história contemporânea, do início
da comercialização efetiva de bananas, datam de 1870, feita em escuna, que
transportou da Jamaica para os Estados Unidos (cidade de Jersey) 160 cachos.
Exportações esporádicas ocorreram anteriormente das ilhas do Caribe, onde os
cultivares Nanica (1829), e Gros Michel (1835) já tinham sido introduzidos.
Os primeiros plantios extensivos, na América Central, foram feitos
principalmente na Costa Rica, Honduras e Colômbia, entre 1870 e 1879, prevalecendo
o cultivar Gros Michel que passou a ser a Rainha das Bananas, até que o
mal-do-panamá explodiu nesta região em 1900. Novas áreas foram plantadas
procurando sempre uma fuga dessa enfermidade. Em 1912, o mal-do-panamá já era
bastante grave na Jamaica. Visando diversificar os plantios de ‘Gros Michel’ e
‘Nanica’, foi plantado o cultivar Mysore, que se admite tenha sido introduzido em
1912, na República Dominicana.
O cultivar Gros Michel, pela alta suscetibilidade ao mal-do-panamá, foi
substituído, em todo o mundo, por diversos cultivares do subgrupo Cavendish, que
apresentam alta tolerância a essa enfermidade. Assim é que encontramos o ‘Poyo’ (ou
‘Robusta’) em Guadalupe e na África Ocidental; o ‘Nanica’ e o ‘Grande Naine’ na
Martinica (local de origem dessa última) e o ‘Lacatan’, na Jamaica. No Brasil são
encontrados o ‘Nanica’ e o ‘Nanicão’, sendo que o ‘Gros Michel’ nunca chegou a ser
plantado comercialmente, pois ele é muito exigente em calor.
Atualmente, para os produtores mundiais que objetivam a exportação, são
as bananas do subgrupo Cavendish que mais interessam. É preciso que se diga que o
mercado mundial tem demonstrado, nesta última década, um interesse crescente por
bananas de fritar. É o caso, por exemplo, da Venezuela, que tem uma área de mais de
dez mil hectares contínuos do cultivar Harton, semelhante ao nosso ‘Pacova’ e cuja
produção é praticamente toda exportada para os EUA. Outros países do Caribe, como
Cuba, também são grandes produtores de banana de fritar. No Continente Africano e
na Índia, esses tipos de banana têm muita importância, pois são usados como fonte de
amido (Quadros I-1 e I-2).
A "Standard Fruit Company" introduziu, em suas plantações na América
Central e do Sul, um cultivar de Giant Cavendish, o ‘Valery’. Para isso fez uma coleta
de mudas de cultivares desse grupo em todo o mundo, inclusive, em 1939, em Santos
(SP), onde já havia cultivares de Nanicão, em tudo e por tudo iguais ao ‘Valery’.
Quadro I-1- Produção de bananas e do tipo de fritar (“plátanos”) mundial, por continente e por país,
com mais de 100 mil toneladas e respectivas percentagens em 1997.
Bananas “Plátanos”
1989-91 1994 1996 1997 % 1989-91 1994 1996 1997
%
Mundial 46.874 55.032 55.787 58.975 100,00 26.468 27.966 29.746
29.501 100,00
América Central 8.058 8.252 8.508 8.765 14,86 1.644 1.617 1.448 1.337
4,53
Costa Rica 1.657 2.000 2.100 2.400 4,07 93 102 105 105
0,36
Cuba 191 180 160 160 0,27 115 115 100 100
0,34
Guadalupe 114 116 87 87 0,15 --- --- --- ---
---
Guatemala 485 638 728 681 1,15 --- --- --- ---
---
Haiti 227 233 239 239 0,41 287 270 270 270
0,92
Honduras 1.037 839 927 990 1,68 163 189 206 206
0,70
Jamaica 131 120 130 130 0,22 --- --- --- ---
---
Martinica 235 173 291 291 0,49 --- --- --- ---
---
México 1.900 2.295 2.210 2.064 3,50 --- --- --- ---
---
Panamá 1.094 899 875 875 1,48 75 105 106 106
0,36
R. Dominicana 390 283 383 389 0,66 651 581 317 318
1,08
Santa Lúcia 114 115 112 76 0,13 --- --- --- ---
---
América do Sul 12.145 14.966 15.052 15.466 26,22 4.899 4.890 5.712 5.661
19,19
Argentina 202 142 170 170 0,29 --- --- --- ---
---
Bolívia 389 279 279 336 0,57 143 150 215 230
0,78
Brasil 5.510 5.722 5.619 5.779 9,80 --- --- --- ---
---
Colômbia 1.677 2.400 2.150 2.200 3,73 2.360 2.396 3.212 2.597
8,80
Equador 3.052 5.086 5.309 5.727 9,71 1.013 922 870 896
3,04
Peru --- --- --- --- --- 830 845 1.348 1.391
4,72
Venezuela 1.172 1.193 1.026 1.123 1,90 522 535 526 504
1,71
Ásia 18.959 23.763 25.643 26.203 44,43 791 805 845 850
2,88
Bangladesh 629 630 634 628 1,06 --- --- --- ---
---
Camboja 116 129 140 140 0,24 --- --- --- ---
---
China 1.813 3.082 2.677 3.141 5,33 --- --- --- ---
---
Filipinas 3.018 3.283 3.391 3.500 5,93 --- --- --- ---
---
Índia 7.139 9.946 9.935 9.935 16,85 --- --- --- ---
---
Indonésia 2.358 2.614 2.600 4.768 8,08 --- --- --- ---
---
Malásia 505 530 530 530 0,90 --- --- --- ---
---
Omã --- --- --- --- --- 243 275 285 290
0,98
Paquistão 152 82 83 84 0,14 --- --- --- ---
Sri Lanka --- --- --- --- --- 548 530 560 560
1,90
Tailândia 1.614 1.700 1.750 1.700 2,88 --- --- --- ---
---
Vietnã 1.246 1.375 1.282 1.282 2,17 --- --- --- ---
---
Europa 447 385 423 442 0,75 --- --- --- ---
---
Espanha 395 338 371 396 0,67 --- --- --- ---
---
Portugal 44 40 40 40 0.8 --- --- --- ---
---
Oceania 815 892 919 921 1,56 --- --- --- ---
---
Austrália 174 208 214 214 0,36 --- --- --- ---
---
Papua-N. Guiné 592 640 665 665 1,13 --- --- --- ---
---
Fonte: FAO - Production Yearbook, volume 51, 1997.
Com base no Quadro I-1, pode-se compor o Quadro I-2, onde fica mais fácil comparar as
quantidades produzidas de bananas com aquelas consumidas fritas (“plátanos”), por continente, em
1997.
Quadro I-2- Produção mundial e por continente, em 1997, das bananas e das de fritar (“plátanos”),
em mil toneladas, com seus percentuais respectivos.
Bananas % “Plátanos” %
Mundial 58.975 100,00 29.501 100,00
África 7.178 12,17 21.648 73.38
América Central 8.765 14,86 1.337 4,53
América do Sul 15.466 26,22 5.661 19,18
Ásia 26.203 44,43 805 2,72
Europa 442 0,74 --- ---
Oceania 921 1,56 --- ---
Continente %
América do Sul 39,08
América Central e Caribe 35,87
Ásia 10,56
Oceania 7,18
África 2,79
Europa (Ilhas Canárias e Madeira) 1,29
Quadro I-5- Relação dos maiores países exportadores, suas porcentagens da exportação mundial e
da banana produzida que foi exportada, durante o ano de l996.
Quadro I-6- Produção e exportação do Brasil, em mil cachos e o seu percentual no ano.
Quadro I-7- Total das importações de bananas e do tipo de fritar (“plátanos”) com mais de mil
toneladas, do mundo por continente e por país, e a respectiva percentagem em 1996.
1980 1983 1994 1995 1996 %
Mundial 2.915,30 2.545,90 12.631,30 13.059,40 13.717,50 100,00
4.2- Brasileira
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de banana, com 9,80% do
total, e também o segundo maior consumidor, pois para o povo em geral, ela não é
apenas uma fruta, mas um complemento de sua alimentação diária. O maior produtor e
consumidor é a Índia.
O cultivo da bananeira no Brasil talvez seja uma das poucas explorações
agrícolas feitas, em maior ou menor proporção, em quase todos os municípios. É essa
freqüência que torna o Brasil um grande produtor. A banana e a laranja são as frutas
de consumo mais constantes da população, e sua presença é sempre assinalada nos
mais diversos mercados e feiras livres.
Com o crescimento da população e melhoria da sua capacidade aquisitiva,
houve aumento de consumo desse alimento barato, em todos os mercados
consumidores.
Paralelamente a esse aumento de consumo, surgiu em nossos bananais,
durante a década de 60, a moléstia conhecida por mal-de-sigatoka-amarela ou
simplesmente sigatoka-amarela (cercosporiose da bananeira - Cap. XI-2.2) que,
causando grandes prejuízos, fez com que a produção diminuísse em quantidade e
qualidade. Em conseqüência, o preço elevou-se e o mercado consumidor passou a
exigir que os produtores cuidassem das bananeiras como uma cultura e não mais como
uma simples planta de produção quase extrativa, como vinha sendo feito.
Nas últimas décadas, a bananicultura brasileira passou por sucessivas
remodelações na tecnologia de cultivo. Os resultados de estudos feitos entre nós, com
as bananeiras, principalmente aqueles a partir de 1960, permitiram que se firmassem
novos conceitos de produção para nossos agricultores, no que diz respeito a solo,
clima, época de plantio, cultivares, aplicação de corretivos de solo, adubação,
espaçamento de plantio, rotação de cultura, controle fitossanitário manejo do bananal e
da fruta pós-colheita, a fim de atender aos novos mercados brasileiros que se
formaram.
O elevado preço dos fretes de produtos perecíveis como a banana, tem feito
com que muitos plantios, principalmente de frutas e verduras, se desloquem para perto
de grandes centros urbanos.
Em termos de comercialização exterior, ela é feita praticamente só para os
mercados platinos e apenas com bananas de São Paulo junto com as de Santa Catarina
e do Rio Grande do Sul, sendo que esses dois últimos a fazem de modo esporádico.
Raras exportações tem ocorrido para a Europa.
Algumas propriedades agrícolas de qualquer das regiões paulistas
produzem, já há algum tempo, bananas ‘Nanicão’, em tudo e por tudo iguais àquelas
da América Central, comercializadas nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.
Essas lindas e perfeitas frutas sofreram, durante muito tempo, injustificados
maus tratos por parte dos colhedores, embaladores e transportadores (ver Foto VII-27).
As injúrias que lhes foram impostas permitiu a entrada de outros países em nossos
tradicionais mercados importadores. Nas vendas internas, grande parte dessa
produção se perdia nas bancas de comercialização de nossas feiras livres ou
supermercados, dada a sua péssima aparência.
Quando o produtor brasileiro pensa no plantio de bananas visando o
mercado exterior, geralmente está pensando em outros além do Mercosul, tais como o
americano e o europeu. Entretanto, ele precisa lembrar também que as exigências do
mercado platino são muito menores do que as dos demais. Além disso, comparando-se
a média histórica dos preços pagos ao produtor brasileiro, com a dos países que a
produzem visando principalmente a exportação, verifica-se que, nos últimos dez anos,
a do nosso mercado interno foi mais interessante.
As exigências dos mercados europeus e americano, em relação às
qualidades organolépticas da banana, principalmente a ausência do “chilling” (Cap.
IV-1.1.2), limitam muito as possibilidades de que regiões geográficas, com latitudes
maiores do que as do estado do Espírito Santo, venham a se tornar suas fornecedoras,
uma vez que nelas há sempre o problema do frio.
Para os mercados americano e europeus, as áreas de produção somente
poderiam recair nos vales dos grandes rios do Nordeste. Mesmo assim, seria preciso
que fossem localizadas próxima de portos marítimos e que o volume produzido
possibilitasse a exportação semanal de, no mínimo, 1.500 toneladas, ou seja, cerca de
75 mil caixas, com 18 kg. Esse volume corresponde a carga de um navio bananeiro
pequeno. Há, porém, a considerar que o carregamento das caixas é feito hoje em
contêineres auto-frigorificados, o que permite pensar na possibilidade da utilização de
navios com cargas mistas. Entretanto, é imprescindível ter uma produção suficiente
para se poder ofertar uma quantidade mínima de 5 a 10 contêineres, com mil caixas
em cada um, semanalmente, uma vez que esses mercados negociam através do sistema
de bolsas de valor. Nas exportações para as regiões sulinas, a banana tem sido
transportada em carretas (jamantas) frigorificadas ou em contêineres também
frigorificados, porém as entregas são feitas sob prévia encomenda. Em geral, elas
levam bananas e retornam com maçãs. Sua capacidade de carga é de 800 a 1.000
caixas.
Quanto aos bananicultores da Baixada Fluminense, do Litoral Paulista, do
Vale do Ribeira e os do Sul, que tradicionalmente abastecem, o ano todo, os mercados
das grandes metrópoles - Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba - e os platinos, eles
devem aprimorar-se mais para produzir uma fruta melhor e não sonhar com aqueles
mercados de além-mar, onde somente poderiam comparecer com as produções obtidas
durante o verão.
Nas exportações para o Mercosul, as bananas ainda são acondicionadas em
pencas e buquês, dentro de caixas feitas de aglomerado de fibras de madeira
(Duratex), protegidas internamente por uma cinta de plástico. Uma tampa do mesmo
material é utilizada para fechá-las. Quando a banana se destina aos mercados da
Europa, empregam-se caixas convencionais de papelão com 18,14 kg (40 libras) de
peso, sempre acondicionadas em contêineres frigorificados.
O Quadro I-8 informa a quantidade de bananas exportadas em cachos,
tomando por unidade o volume de mil cachos.
Quadro I-8- Exportação brasileira de bananas, em 1.000 cachos, durante o período de 1904 a
1997.
Ano São Paulo Brasil Ano Brasil Ano Brasil
mil cachos mil cachos mil cachos mil cachos
1904 339 1.882(1) 1936 11.102 1967 8.545
1906 231 1.852 1937 11.453 1968 8.006
1907 339 1.878 1938 11.119 1969 8.138
1908 346 2.404 1939 12.081 1970 10.212
1909 467 2.094 1940 10.096 1971 8.816
1910 757 2.542 1941 6.172 1972 5.709
1911 987 2.887 1942 3.313 1973 6.924
1912 1.219 2.596 1943 2.165 1974 7.800
1913 1.499 2.839 1944 2.449 1975 7.372
1914 1.951 3.260 1945 2.914 1976 4.607
1915 1.803 2.745 1946 4.779 1977 5.582
1916 2.252 2.980 1947 6.218 1978 6.626
1917 1.602 2.053 1948 8.057 1979 6.424
1918 1.659 1.869 1949 8.281 1980 6.366
1919 1.196 1.876 1950 7.572 1981 3.334
1920 2.304 2.618 1951 9.448 1982 2.958
1921 2.295 2.560 1952 10.863 1983 4.471
1922 2.901 3.227 1953 8.981 1984 5.157
1923 3.402 3.729 1954 11.957 1985(2) 5.264
1924 --- 1955 10.501 1986 5.041
1925 1.664(3) 1956 9.410 1987 4.061
1926 3.950 1957 10.930 1988 3.808
1927 4.299 1958 13.480 1989 4.179
1928 5.025 1959 10.512 1990 2.685
1929 5.646 1960 11.958 1991 4.557
1930 6.688 1961 12.471 1992 4.598
1931 7.307 1962 10.504 1993 4.482
1932 5.957 1963 9.179 1994 2.589
1933 7.556 1964 9.574 1995 624
1934 8.711 1965 10.787 1996 1.496
1935 10.356 1966(4) 10.240 1997 2.005
(1) Lourenço Granato. (2) A partir de l985, com dados da Secretaria de Comércio Exterior
(SECEX), que foram coletados em caixas e convertidos em cachos, considerando-se que
são necessários 55 cachos para se ter uma tonelada de caixas de banana em pencas ou
buquês. Normalmente, considera-se que 50 cachos pesem uma tonelada. (3) Até 1965, os
dados foram divulgados pela Divisão de Fiscalização de Produtos Agrícolas do
Departamento da Produção Vegetal (DPV), da Secretaria da Agricultura do Estado de São
Paulo. (4) A partir de 1966, a Carteira de Exportação do Banco do Brasil (CACEX) passou a
apresentar os dados.
Quadro I-9- Produção em 1.000 cachos, área plantada em hectares e população em mil habitantes do
Brasil e dos estados e respectivas porcentagens em 1997.
5- Apoio tecnológico
Quanto ao apoio técnico aos produtores, é preciso dizer que as informações
tecnológicas que reformularam, a partir de 1960, nossos conceitos de produção de
banana, foram geradas e divulgadas, ao nível de Brasil, pelos Institutos: Agronômico
de Campinas (IAC), Biológico de São Paulo (IB), Economia Agrícola (IEA) e
Tecnologia de Alimentos (ITAL) e com o apoio da Coordenadoria de Assistência
Técnica Integral (CATI), órgãos da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo.
A partir de 1976, com a criação do Centro Nacional de Pesquisas de
Mandioca e Fruticultura (CNPMF), em Cruz das Almas (BA), hoje EMBRAPA, cerca
de trinta pesquisadores bananícolas têm feito experiências locais e acompanhado os
trabalhos de outros cinqüenta ou mais pesquisadores, que também os executam em
níveis estaduais. Com exceção das investigações feitas no Estado de São Paulo, que
tem seu próprio sistema de pesquisa, modificou-se completamente o quadro de
pesquisadores nacionais, que antes podiam ser contados nos dedos de uma só mão.
Além da EMBRAPA, a bananicultura passou a ser lecionada por
professores com maior especialização nas universidades brasileiras, que hoje têm mais
de setenta faculdades de Agronomia. Eles fazem pesquisas com bananeiras e orientam
muitos de seus alunos no desenvolvimento de teses sobre essa fruteira, para obtenção
de títulos de mestrado e doutorado.
Na EMBRAPA foram criados laboratórios de biotecnologia para produção
de mudas para plantio dos experimentos e venda aos produtores, assim como foram
estabelecidas várias empresas privadas produtoras desse tipo de mudas, para vendas
diretas aos bananicultores. As pesquisas sobre melhoramento genético e variações
somaclonais realizadas no antigo CNPMF, onde existe hoje um dos maiores bancos
ativos de germoplasma de banana do mundo, graças aos efetivos trabalhos de coleta do
Dr. Kenneth Shepherd, têm gerado híbridos que estão começando a ser testados em
nível nacional.
A Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF), criada em 31 de outubro de
1970, que organiza a cada dois anos o Congresso Brasileiro de Fruticultura e que em
o
l998, realizou seu XV Congresso, tem possibilitado que jovens pesquisadores sejam
motivados a relatar os resultados de sua investigações e facilitado o intercâmbio
científico, em nível nacional, com os estudiosos da bananeira. Nas últimas dez
reuniões houve uma freqüência de cerca de mil participantes e um número de 600 a
800 trabalhos apresentados sobre as diversas fruteiras. A existência da SBF tem sido
um fator de motivação para criação de associações bananícolas estaduais e locais, em
todo o Brasil.
Por este ou por aquele motivo, o fato é que, nas últimas três décadas,
formou-se no Brasil, um grupo de mais de 150 pesquisadores bananícolas que vêm
divulgando os resultados de suas investigações, em congressos nacionais e
internacionais, o que representa grande evolução no cenário científico brasileiro e uma
fonte de subsídios para nosso agricultor poder melhorar o padrão de sua bananicultura,
o que já está efetivamente acontecendo.
1- Classificação botânica
As bananeiras produtoras de frutos comestíveis foram classificadas, pela
primeira vez, por Linneu, que as agrupou no gênero Musa com as espécies: Musa
cavendishii, Musa sapientum, Musa paradisiaca e Musa corniculata.
Essa classificação foi abandonada porque, dado seu empirismo, não seria
possível incluir todos os cultivares hoje conhecidos, sem provocar grandes conflitos
dentro da mesma espécie.
Atualmente, segundo Simmonds (1973), as bananeiras produtoras de frutos
comestíveis são classificadas como plantas da:
Classe ......................... Monocotyledonea
Ordem ........................ Scitaminea
Família ....................... Musaceae
Subfamília .................. Musoideae
Gênero ....................... Musa
Subgênero (ou seção) .. Eumusa
Espécies comestíveis .. Musa acuminata Colla e
Musa balbisiana Colla
Segundo Simmonds & Shepherd (1955), Musa acuminata e Musa
balbisiana, ambas com 11 cromossomos (x = 11)‚ englobam todas as bananas
comestíveis. Para fazer essa classificação, hoje aceita por todos, esses autores se
basearam em 15 caracteres botânicos que tornaram possível enquadrar todas as
bananeiras produtoras de frutos comestíveis, inclusive seus híbridos, em uma das
seguintes fórmulas de ploidia.
A espécie Musa acuminata é representada pelo genômio A e, segundo sua
ploidia, pode ser:
a- Diplóide AA com 2n = 2x = 22 cromossomos, ou
b- Triplóide AAA com 2n = 2x = 33 cromossomos, ou
c- Tetraplóide AAAA com 2n = 2x = 44 cromossomos.
A espécie Musa balbisiana é representada pelo genômio B e, conforme sua
ploidia, pode ser:
a- Diplóide BB com 2n = 2x = 22 cromossomos, ou
b- Triplóide BBB com 2n = 2x = 33 cromossomos, ou
c- Tetraplóide BBBB com 2n = 2x = 44 cromossomos.
As espécies M. acuminata e M. balbisiana cruzaram entre si na natureza e
também em laboratório e produziram os híbridos:
a- Diplóide AB com 2n = 2x = 22 cromossomos, e
b- Triplóide AAB e ABB com 2n = 2x = 33 cromossomos, e
c- Tetraplóide ABBB, AABB e AAAB com 2n = 2x = 44 cromossomos.
Para classificar os diferentes cultivares segundo esse método, o taxonomista
deverá observar os 15 seguintes caracteres botânicos: cor do pseudocaule; forma do
canal do pecíolo; pedúnculo; pedicelo; óvulos; bráctea externa da inflorescência, seu
enrolamento, sua forma, seu ápice, sua cor, sua descoloração e sua cicatriz da bráctea;
tépala separada da flor masculina; cor da flor masculina e do estigma. Eles estão
descritos no Quadro II-1.
Se o caráter se assemelha mais a M. acuminata recebe 1 ponto; se for mais
para M. balbisiana vale 5 pontos. Resulta disso que, basicamente, o limite máximo de
pontos que M. acuminata pode receber é 15 pontos, pois são 15 caracteres vezes 1
ponto. Entretanto, para M. balbisiana esse valor passa para 75 pontos, pois são 15
caracteres vezes 5 pontos. Na prática, esses rígidos limites foram acomodados para ser
de 15 até 23 para identificar M. acuminata pura e de 67 até 69 para mais, para
caracterizar M. balbisiana pura. Os cultivares que totalizarem pontos entre tais limites
(23 e 67) são considerados híbridos de M. acuminata e M. balbisiana.
Com base no mesmo critério de pontos é que se compõe a fórmula da
ploidia de um cultivar que esteja sendo estudado. Por exemplo: AAB indica que os
cultivares desse grupo são triplóides, com predominância de pontos que caracterizam
M. acuminata em relação aos obtidos por M. balbisiana. É por isso que aparece duas
vezes o genômio A. Dessa forma, pode-se compor as seguintes fórmulas genômicas:
a- Diplóides .............. AA, AB e BB
b- Triplóides .............. AAA, AAB, ABB e BBB
c- Tetraplóides .......... AAAA, AAAB, AABB, ABBB e BBBB
Esse sistema de classificar apresenta algumas dificuldades para se
enquadrar novos cultivares que têm aparecido cotidianamente. Além disso, em alguns
dos 1500 e tantos cultivares já conhecidos e ainda os outros que estão sendo criados
em laboratório nos programas de melhoramento genético, têm aparecido variações
para mais e para menos do número básico de cromossomos (n=11). Diante desses
problemas, está sendo estudado um novo sistema de classificar as bananeiras,
baseando-se no seu DNA. Assim poder-se-á, muito mais facilmente, saber se as
variações somáticas (clones) que um cultivar apresenta são função do cultivo, do
ambiente ou se efetivamente, é uma variação genética ou somaclonal.
Quadro II-1- Caracteres básicos para classificação dos cultivares nas espécies Musa acuminata e
Musa balbisiana e dos grupos intermediários, propostos por SIMMONDS & SHEPHERD, 1955.
GRUPO AAA
‘Caru roxa’(Red) ‘Caru verde’(Green red)
‘Caru vermelha de Paranaguá’ ‘Gros Michel’
‘Leite’ ‘São Mateus’(dois cachos)
‘São Tomé’
Subgrupo Cavendish
‘Americani’ ‘Anã do alto’
‘Baé’ ‘Bout-round’(Burron)
‘Cachiola’ ‘Canela’
‘Caturrão’ ‘Congo’
‘Giant-fig’ ‘Grande Naine’
‘Imperial’ ‘Jangada’
‘Johnson’ ‘Lacatan’
‘Monte Cristo’ ‘Nanica’
‘Nanica das Canárias’ ‘Nanica caturra’
‘Nanicão ‘Nanicão açu’
‘Nanicão branco’ ‘Nanicão de Eldorado’
‘Nanicão de Santos’ ‘Nicão’
‘Piruá’ ‘Pseudocaule roxo’
‘Poyo pseudocaule preto’ ‘Robusta’(Poyo)
‘Salta do cacho’ ‘Valery’
‘Williams’
GRUPO AAAA
‘IC-2’(Golden Beauty)
GRUPO AB
‘Ney poovan’
GRUPO AAB
‘Maçã’(Silk) ‘Maçã casca amarela’
‘Maçã casca brancacenta’ ‘Maçã pseudocaule roxo’
‘Mysore’ ‘Padath’
‘Pisang rajah’ ‘Pome
‘São Domingos’(Figue rosê)
Subgrupo Prata
‘Branca’ ‘Brancacenta’
‘Enxerto’(Prata anã) ‘Java’
‘Miomba’ ‘Nóbrega’
‘Pachá naadan’ ‘Pacovan’
‘Prata’ ‘Prata do Itimirim’
‘Prata do Nordeste’ ‘Prata ponta aparada’
‘Prata Santa Maria’ ‘Prata Zulú’
‘Vai-vai’ ‘Viropaxy’
Subgrupo Terra (subgrupo Plantain)
Tipo Terra (French Plantain) Tipo Chifre (Horn
Plantain)
‘Angola’ ‘Pacova’
‘Carnaval’ ‘Pacovaçu’
‘D'Angola’
‘Maranhão branca’
‘Maranhão caturra’
‘Maranhão vermelha’
‘Mongolô’
‘Mucocô’
‘Pacoví’
‘Samburá’
‘Terra’
‘Terrinha’
GRUPO ABB
Subgrupo Figo (Bluggoe)
‘Figo cinza’ ‘Figo cinza escura’
‘Figo vermelha’ ‘Figo vermelha rachada’
‘Figo de Xai-xai’ ‘Pão’
Grupo AAAB
‘Ouro da Mata’ ‘Platina’
Estima-se que existam 130 cultivares básicos distribuídos pelo mundo e dez
vezes mais de outras pequenas mutações.
Para nomear corretamente um cultivar, deve-se escrever, por exemplo:
cultivar Nanicão, clone Jangada, triplóide de Musa acuminata Colla, do subgrupo
Cavendish ou ‘Nanicão Jangada’ (AAA), subgrupo Cavendish, ou ainda, ‘Nanicão
Jangada’ (AAA) ou, mais simplesmente, ‘Nanicão Jangada’. Há também a considerar
o exemplo: cultivar Enxerto, triplóide de Musa acuminata Colla e Musa balbisiana
Colla, subgrupo Prata, ou ‘Enxerto’ (AAB), subgrupo Prata ou, ainda, ‘Enxerto’
(AAB) ou simplesmente ‘Enxerto’.
‘Maçã'’
Brasil – ‘Leite’(RN); ‘Branca’(MA)
América Central e Espanhola – ‘Manzana’
Antilhas Britânicas – ‘Apple banana’
China – ‘Go-sai-leong’
Colômbia – ‘Manzana’
EUA – ‘Apple fig banana’ e ‘Silk
Filipinas – ‘Lady finger’
Japão – ‘Shima’
Paraguai – ‘De oro’
Venezuela – ‘Cambur Manzano’
‘Maranhão caturra’
Brasil – ‘Maranhão anã’ e ‘Terra caturra’(SP)
Antilhas – ‘French plantain’ e ‘Banana creole’
Equador – ‘Maduro’
Peru – ‘Plátano de cosinar’
‘Nanica’
Brasil – ‘Caturra’, ‘Ana’, ‘Banana da China’, ‘Banana de
italiano’(SP); ‘Baé’(CE); ‘Casca verde’(MA); ‘Inglesa’ (PB);
‘Banana d’água’(RJ) – neste Estado atribuem este
nome a todas as bananeiras do subgrupo Cavendish.
África do Sul – ‘Dwarf Cavendish’
Angola – ‘Anã’ e ‘Cambuta’
Cochinchina – ‘Chuoi duu’ e ‘Towille duu’
Ilhas Canárias – ‘Johnson’, ‘Pequeña enana’
Ilhas Fidji – ‘Vidi papa lagi’ e ‘Jainaleka’
Malásia – ‘Camim’, ‘Bola’
Paraguai – ‘China’, ‘Enana brasileña’ e ‘Carapé’
Peru, Equador e Colômbia – ‘Pigmeo’, ‘Enano’, ‘Índio’ e
‘Português’
Região de língua inglesa – ‘Dwarf Cavendish’, ‘Dwarf banana’,
‘Chineses’
Taiti – ‘Kina’
Venezuela – ‘Camburi’ e ‘Pineo enano’
‘Nanicão’
Brasil – ‘Congo’(SP); ‘Anã do Alto’, ‘Baé’(PE)
América Central – ‘Giant Cavendish’, ‘Valery’
Antilhas – ‘Grande Naine’ (impropriamente)
Região de língua inglesa – ‘Giant Cavendish’
‘Ouro’
Brasil– ‘Pêra’, ‘Bananinha’(SP); ‘Ouro Paulista’, ‘Dourada’(GO);
‘Inajá’ e ‘Imperador’(PB, PA e RJ)
América Central – ‘Date’, ‘Niño’, ‘Red’, ‘Guineo banano’
Antilhas Britânicas – ‘Lady finger’ e ‘Fig’
Austrália – ‘Sugar banana’
Colômbia – ‘Bocadillo’, ‘Latil’, ‘Papelito’ e ‘Banano de seda’
Cuba – ‘Cineto a la boca’
Equador – ‘Orito’
EUA – ‘Sugar fig banana’
Guadalupe – ‘Coffee fig’ e ‘Fird Fig’
Guiné Francesa – ‘Figue ti-malice’
Peru – ‘Pêra’
Suriname – ‘Pilien missifinger’
Venezuela – ‘Titiano’
‘Pacova’
Brasil – ‘Farta Velhaco’(SP e PB); ‘Banana de chifre’, ‘Banana
comprida’,
‘Chifre de bode’, ‘Prata caiana’(CE e PE)
Camarão – ‘Banana corne’
Colômbia – ‘Harton’, ‘Harton de castilla’, ‘Liberal’
‘Piruá’
Brasil – ‘Bico verde’(PE)
‘Poyo’
Brasil – ‘Robusta’
América Central – ‘Poyo’
Angola – ‘Poyo’
Jamaica – ‘Robusta’
Colômbia – ‘Unnamed’
Região de língua inglesa – ‘Robusta’
‘São Domingos’
Brasil – ‘Abóbora’, ‘Banana da Ásia’, ‘Engana menino’, ‘
Figo róseo’ e ‘Rangedeira’
Antilhas – ‘Figure rose’
Peru – ‘Islã’
Venezuela – ‘Tornassol’
‘São Tomé’
Brasil – ‘Banana curta’(SP)
Venezuela – ‘Crioulo’
‘Terra’
Brasil – ‘Maranhão’(SP); ‘Comprida’(PE); ‘Chifre de boi’(PA e PB)
5- Descrição morfológica
A bananeira, planta típica das regiões tropicais úmidas, é um vegetal
herbáceo completo, pois apresenta raiz, tronco, folhas, flores, frutos e sementes. O
tronco é representado pelo rizoma e o conjunto de bainhas das folhas de pseudocaule.
Entretanto, no linguajar popular este é chamado de tronco da bananeira.
A multiplicação da bananeira se processa, naturalmente no campo, por via
vegetativa, pela emissão de novos rebentos. Entretanto, o seu plantio também pode ser
feito por meio de sementes, processo este usado mais freqüentemente quando se
pretende fazer a criação de novas variedades ou híbridos.
A bananeira, como todas as plantas, tem um ciclo de vida definido. Sua fase
de gestação começa com a geração de um proto-rebento em outra bananeira, mas
como nos animais, o início da contagem de sua vida somente se faz com seu
aparecimento ao nível do solo. Com seu crescimento, há a formação de uma bananeira
que irá produzir um cacho, cujas frutas se desenvolvem, amadurecem e caem,
verificando-se em seguida o secamento de todas as suas folhas, quando se diz que a
planta morreu. A morte encerra o ciclo de vida, o qual também pode ser abreviado
com a colheita do cacho, que corresponde ao “assassinato” da bananeira.
Como esse processo é contínuo e extremamente dinâmico, uma bananeira
adulta apresenta sempre ao seu redor, em condições naturais, outras bananeiras em
diversos estádios de desenvolvimento. Esse conjunto de bananeiras interligadas, com
diferentes idades, oriundas de uma única planta e crescendo desordenadamente,
denomina-se touceira (Figura II-1).
5.1- Raiz
As raízes têm sua origem na região de transição entre o cilindro central e o
córtex do rizoma. Elas se formam simultaneamente em grupos de três ou quatro e
ganham o exterior distribuindo-se em toda a calota subterrânea do seu órgão formador.
O número de raízes que a bananeira gera depende do cultivar e varia de 400 a 800,
havendo certa relação direta na quantidade com a sua altura. Essa quantidade, assim
como seu vigor, também estão em função do arejamento (oxigenação) e nutrientes
existentes no solo. Desse total, cerca de 250 a 300 delas são emitidas enquanto a
planta estiver emitindo folhas lanceoladas. À medida que o bananal envelhece, as
plantas passam a diminuir a emissão de raízes.
As raízes são fasciculadas e crescem em maior porcentagem
horizontalmente, nas camadas mais superficiais do solo, ocupando seus primeiros 20 a
30 cm; apenas um reduzido número delas (cerca de 20%) se desenvolve no sentido
vertical, atingindo em geral, cerca de 50 a 70 cm.
As raízes superficiais têm comprimento variável e podem até ultrapassar os
4 m de extensão. Em condições de solos próprios para a bananeira, uma muda com
sessenta dias de idade já apresenta raízes horizontais com 1 m de comprimento. As
verticais, dependendo da natureza física e disponibilidade de água no solo, podem
atingir comprimento igual ao das horizontais ou nem chegar a 50 cm. Em geral, seu
diâmetro é de 4 a 8 mm, podendo contudo, em determinados cultivares, chegar a 20
mm.
A distribuição horizontal das raízes no solo, no caso do plantio inicial, é
igual nos 360° que as rodeiam. Com o passar do tempo e já havendo se formado a
“família” (“mãe”, “filho” e “neto”), as raízes da planta mais jovem (“neto”) se
distribuem sempre da seguinte forma: sua quase totalidade se localiza, a partir da
trajetória de caminhamento da família, a 90° para a direita e 90° para a esquerda,
situando-se a maior porcentagem delas nos primeiros 15° da direita e da esquerda. É
com base nisso que se faz a indicação do local da adubação.
Fazendo-se um corte transversal na raiz encontra-se, externamente, um
tecido mais macio - o córtex - que envolve um tecido bastante fibroso e resistente
denominado cilindro central. Na extremidade da raiz há uma coifa brancacenta,
espécie de um aguilhão que, pela ação dos seus produtos químicos e enzimáticos
exsudados, distrói as resistências que ocasionalmente tentam impedir-lhe seu
alongamento. Ela é revestida de pequenos pêlos, cuja vida é marcada em horas.
Normalmente, em toda a extensão da superfície externa das raízes, existem
abundantes radicelas que se assemelham a uma cabeleira. Agindo como pequenas
bombas de sucção, elas retiram a água do solo, juntamente com elementos químicos
necessários à vida da planta. Pelo fenômeno da osmose, o líquido atravessa suas
paredes celulares e penetra nas raízes e, por elas, atinge o rizoma. Este processo de
sucção da seiva bruta é feito pelas folhas, que a elas vai ter através de suas bainhas
(pseudocaule).
As raízes da bananeira plantada em solo fértil e bem adubado, com boa
drenagem e provido de umidade suficiente, exercem suas funções com grande
intensidade e todo o sistema radicular se apresenta bastante vigoroso. Nessas
condições, elas chegam a crescer até 60 cm por mês. O grande número permanente de
radicelas que essas raízes possuem facilita a absorção de água e de elementos
químicos. Em solos pobres, sem fertilizantes, com drenagem deficiente ou sem a
umidade necessária, as raízes apresentam-se delgadas, curtas, em pequeno número,
quase desprovidas de radicelas. Estas são sempre mais numerosas e ativas
principalmente nos 50 cm mais próximos da coifa.
Em solos com problemas de salinização ou com oscilações do lençol
freático devido à influência das marés, a vida das raízes é muito curta e suas pontas
ficam aparadas como se tivessem sido roídas. Sua parte terminal, muito
freqüentemente, seca.
A bananeira gera raízes continuamente apenas até a diferenciação floral,
simultaneamente com o processo de formação das folhas. As raízes são geradas, mas
até que ganhem o exterior levam algum tempo, que é o mesmo que a inflorescência
gasta para a sua parição. Nessa ocasião, estão vivas na planta de 25 a 50% das raízes
emitidas durante sua vida. Simultaneamente com a parição, cessa o aparecimento das
novas raízes. À medida que as folhas morrem por senilidade, fome, desidratação,
parasitismo fúngico, etc., as raízes formadas na mesma época dessas folhas também
morrem. São, portanto, dois processos contínuos e simultâneos: de um lado, a emissão
de raízes e folhas e, de outro, a morte desses mesmos órgãos.
Quando as bananas amadurecem sem que o cacho tenha sido colhido e elas
começam a cair, as raízes cessam progressivamente suas atividades e morrem também.
A morte é acelerada quando se colhe o cacho.
5.2- Rizoma
O rizoma ou caule subterrâneo é a parte da bananeira onde todos os seus
órgãos, direta, ou indiretamente se apóiam.
Erroneamente, o rizoma da bananeira tem sido chamado de bulbo, que,
botanicamente, é um órgão de reserva de certas plantas, como da cebola e do alho. O
bulbo não dá formação a brotos.
O rizoma novo possui um aspecto carnoso e relativamente aquoso, que se
torna gradativamente mais rígido, à medida que envelhece.
O rizoma apresenta, externamente, na região inferior, as raízes, e, na
superior o pseudocaule. Internamente, ele é constituído de duas partes, como as raízes.
Fazendo-se um corte vertical, passando pelo centro do rizoma de uma
bananeira, que já emitiu mais de 20% de suas folhas, pode-se identificar
perfeitamente, o córtex e o cilindro central. Essas duas áreas, quando expostas ao ar,
se oxidam rapidamente.
O córtex é a camada mais externa, cuja espessura máxima chega a ser de 3
a 5 cm (Figura II-2). Ele é constituído de uma massa rígida, cheia de fibras finas e
revestido externamente, por um fino tecido com menos de 0,5 mm. Principalmente nos
cultivares do subgrupo Cavendish, essa película é bem escura e impregnada de
pequenas manchas quase negras, enquanto, nos do subgrupo Prata, essa camada é bem
clara. Nela, é possível observar as cicatrizes dos arcos de círculo, onde as bainhas das
folhas que já morreram estiveram fixadas. A partir do arco de circulo mais velho,
portanto já na parte bem inferior do rizoma, é que aparecem as primeiras linhas de
raízes. Estas se dispõem em diversos níveis, descrevendo linhas helicoidais, sendo que
as mais do alto correspondem às mais novas e, muitas vezes, algumas delas iniciam
seu crescimento fora da terra.
Figura II-2- Corte de um rebento mostrando:
1)Córtex; 2)Cilindro central; 3)Ramificações da raiz;
4)Gema apical de crescimento.
O cilindro central é envolto pelo córtex e constituído por fibras rígidas
mais grossas. Sua coloração interna é mais creme do que a do córtex, uma vez que este
é um pouco mais brancacento. Após a colheita, se as condições fitossanitárias foram
boas, o cilindro central apodrece primeiro, enquanto o córtex permanece vivo e
consistente, por vários semestres.
Tal é a semelhança do tecido desse cilindro central com o do cilindro
central das raízes, que se pode dizer que o cilindro central destas é uma expansão do
tecido central do rizoma. Da mesma forma, o córtex da raiz é um alongamento do
córtex do rizoma.
Na região superior de ambas as partes do rizoma, como que as recobrindo,
encontra-se o colo do rizoma, que é uma delgada superfície de transição entre o córtex
e a base das bainhas das folhas.
No rebento de uma bananeira, com um ou dois meses de idade, o seu colo
se apresenta como uma superfície quase plana. À medida que ela se vai tornando mais
velha, o colo também se alonga para o alto.
Na parte superior do colo, há uma série de arcos de círculos concêntricos,
quase completos, esculpidos em baixo-relevo, que correspondem à linha de fixação de
cada uma das bainhas. No centro dos arcos, o córtex e o cilindro central se fundem em
um só, formando uma região meristemática denominada câmbio.
Os diâmetros dos arcos de círculos crescem com a idade das folhas, de
modo que o maior diâmetro representa a linha de inserção da bainha da folha mais
externa e, portanto, a mais velha. Os arcos de círculos que correspondem às folhas
mais jovens são tão pequenos que é impossível vê-los a olho nu. Com auxílio de lentes
que aumentam de 10 a 20 vezes, verifica-se que, na sua região mais central, há um
conjunto de células que recebe o nome de gema apical de crescimento. Ela está
exatamente no ponto de fusão do córtex e do cilindro central, ou seja, o câmbio.
O câmbio é o responsável pela contínua geração das células que
constituirão a gema apical de crescimento, que produzirá as folhas e as gemas laterais
de brotação, até que haja o fenômeno da diferenciação floral.
Durante o desenvolvimento da bananeira, o rizoma cresce internamente,
com uma silhueta semelhante a uma bexiga de borracha quando inflada, dentro da
água. Disso resulta que o colo da bananeira, inicialmente quase plano, após a formação
das primeiras quinze a vinte folhas, adquire um aspecto alongado para cima, que se
acentua mais com o envelhecimento da planta.
Esse alongamento, causado como que por uma força atuando de baixo para
cima, empurra cada vez mais a gema apical de crescimento para o alto. Ao fazer o
alongamento, o cilindro central vai, progressivamente, invadindo o interior do
pseudocaule.
A grande expansão interna do rizoma se processa durante a fase de
pré-diferenciação floral da gema apical de crescimento, pois, nessa ocasião, o rizoma
apresenta-se quase exclusivamente constituído pelas fibras rígidas do cilindro central.
Dependendo do cultivar e da fertilidade do terreno onde se fez o plantio do
bananal, o rizoma pode atingir de 45 a 50 cm de diâmetro (‘Pacovan’). O ‘Nanicão’,
quando cultivado em boas condições, tem em média, 30 cm.
5.9- Dicotomia
É o fenômeno pelo qual a bananeira pode produzir dois ou mais cachos.
Pode ocorrer na gema apical de crescimento, antes ou depois da diferenciação floral.
A dicotomia consiste no fato da gema apical de crescimento, durante o seu
processo vegetativo de multiplicação, dividir-se em duas ou mais partes, mantendo em
cada uma delas a estrutura inicial. Cada uma delas passa a constituir per si, de uma
nova gema apical que se desenvolverá normalmente. Havendo dois ou mais pontos de
crescimento, cada um deles irá formar um novo pseudocaule, que produzirá seu cacho.
Tendo em vista que esse fenômeno pode se repetir em várias ocasiões, é
possível encontrar bananeiras com pseudocaules bifurcados, trifurcados ou mais vezes.
Se a dicotomia ocorrer apenas na inflorescência, haverá um pseudocaule e dois ou
mais cachos. Há casos em que ela se processa mais de uma vez em diferentes épocas,
ficando a planta por exemplo, com dois pseudocaules com um total de cinco cachos
(Foto II-10). Ela pode também ocorrer apenas no rabo do cacho.
Foto II-10- No cultivar São Mateus, a dicotomia ocorre sempre uma ou
mais vezes.
Em cultivares que apresentam a dicotomia, isso acontece freqüentemente,
mais de uma vez na mesma planta, como tem sido observado no cultivar São Mateus,
que é um mutante do ‘São Tomé’. Neste cultivar, esta tara genética se manifesta em
quase 100% das plantas. No ‘Nanica’, é menos freqüente.
Os cachos das bananeiras com dicotomia têm desenvolvimento quase
normal e seus frutos em nada diferem dos demais quanto ao paladar. Havendo
suficiente nutrientes no solo, todas as flores femininas produzirão frutos de aspecto
normal.
5.10- Mudas
O plantio de uma bananeira é, normalmente, feito por meio de uma muda
extraída de alguma outra. A esse tipo de muda dá-se o nome de muda convencional, e
o método é conhecido como via vegetativa ou in vivo.
A multiplicação das mudas convencionais podem ser feitas em viveiros, ou
por um processo mais rápido, a partir do desenvolvimento do meristema das gemas
apicais e laterais de brotação. Este método denominado “tupiniquim”, pode ser feito
em condições de estufa. Nele, não há um perfeito controle da assepsia, conforme
pode-se ver a seguir.
A multiplicação dos meristemas das gemas ou de outras partes (tecidos) da
bananeira também pode ser feita em laboratório de biotecnologia (método in vitro),
onde a assepsia tem que ser absoluta.
A partir de um rizoma com 3 a 5 kg, após 80 a 100 dias, obtém-se cerca de
40 a 60 mudas em condições de plantio definitivo. Na multiplicação in vitro, o tempo
que se gasta para obter o primeiro lote de mudas é, em média, de 8 a 12 meses, porém
a sua quantidade pode chegar a 2.000 a 3.000 mudas a partir de uma gema.
Pelos métodos descritos a seguir, pode-se avaliar perfeitamente que o custo
da instalação do primeiro (estufa) é irrisório, se comparado com o segundo
(laboratório), que pode ser estimado hoje em 200 a 300 mil dólares. A mão-de-obra
utilizada no primeiro requer pouquíssima especialização, enquanto a do segundo é
altamente técnica e especializada. Para o caso de bananeiras, as metodologias
operacionais e de apoio variam até com o cultivar.
Essas duas metodologias possibilitam produzir mudas livres de nematóides,
insetos, fungos e bactérias. Entretanto, nenhuma delas consegue eliminar a presença
dos vírus que a muda contenha. Há autores que informam que o vírus do CMV foi
eliminado através do cultivo in vitro, o que nem sempre ocorre.
Em termos de pesquisa, para obter novos híbridos utilizam-se sementes.
Foto II-11- Nas primeiras folhas da muda “guarda-chuva”, por não haver
trocas de hormônios entre ela e a “mãe”, a antocianina se manifesta.
As mudas rizoma inteiro são obtidas, geralmente, de bananais em produção.
Não é recomendável que esse tipo de muda seja arrancado de bananais que ainda não
sofreram a primeira colheita, pois isto provoca grande tombamento das plantas
“mães”.
Isto se prende a dois aspectos práticos:
1º) O arrancamento provoca grandes danos no sistema radicular da “mãe”,
deixando-a descalçada e, com isso, favorece seu tombamento, uma vez que ela não
terá tempo para reconstituir seu órgão de sustentação. A maior porcentagem de plantas
que caem são aquelas já com cacho;
2º) Nos bananais novos, os “filhotes” estão a maiores profundidades,
exigindo, por conseguinte, mais mão-de-obra para seu arrancamento.
Há apenas duas formas de se obter mudas rizoma inteiro:
a
1 ) Arrancando com o enxadão ou a chibanca (Foto II-12) toda a touceira e
depois, com uma ferramenta cortante que é geralmente um facão, separa-se o “filhote”
do rizoma da “mãe”, seccionando-se seu cordão umbilical;
a
2 ) Abrindo-se uma vala ao lado da planta “mãe” e, depois, com uma vanga
reforçada (Foto II-12A), secciona-se o cordão umbilical de cada filhote. Uma vez feita
essa extração do “filhote”, deve-se fechar a vala aberta com terra bem socada, para
reduzir os possíveis tombamentos dessa planta.
Esta limpeza externa do rizoma deve ser feita sobre uma superfície limpa,
como uma mesa ou um caixão. A cada rizoma trabalhado, deve-se remover com o
dorso do fação todos os resíduos produzidos em cima dessa superfície. É uma limpeza
grosseira dessa “mesa de cirurgia”, porém importante para se reduzir re-infestações
dessas pragas.
Nessa operação de escalpelamento, é preciso eliminar por completo, todo e
qualquer tecido que esteja escurecido (necrosado), ainda que seja necessário
aprofundar esse descascamento e, com isso, reduzir-se muito o tamanho desse rizoma.
Enquanto houver manchas escuras, continua-se realizando o escalpelamento. Caso o
rizoma fique muito pequeno, deve-se descartá-lo.
Os pseudocaules dos “filhotes” com folhas lanceoladas, depois de
devidamente escalpelados, devem ser aparados um pouco abaixo de sua roseta foliar,
de modo a eliminá-la por completo. Assim, haverá “filhotes” com várias alturas,
segundo o seu tamanho inicial.
As mudas “guarda-chuva” também terão seus rizomas escalpelados e seus
pseudocaules aparados da mesma forma.
O corte feito na roseta elimina todas as folhas, evitando assim que venham
a ser queimadas pelo sol. Dessa forma a muda recomeça sua brotação apical mais
facilmente.
A conservação desse toco de pseudocaule proporciona maior hidratação ao
rizoma, que facilita o desenvolvimento inicial de suas raízes mais rapidamente.
Tradicionalmente, por uma questão de maior facilidade de manuseio e
transporte da muda, o produtor tem o hábito de podar seu pseudocaule a poucos
centímetros acima de sua gema apical de crescimento.
Em face do exposto e procurando-se uma medida conciliatória, o mais
recomendável é que se corte o pseudocaule tomando por base as alturas seguintes,
medidas a partir do rizoma:
mudas com menos de 20 cm ...rebaixar o pseudocaule para 10 a 15 cm;
mudas com até 30 cm ............. .rebaixar o pseudocaule para 20 a 25 cm;
mudas com até 50 cm .............. rebaixar o pseudocaule para 25 a 30 cm;
mudas com até 100 cm ............ rebaixar o pseudocaule para 60 a 70 cm;
mudas com altura igual ou maior do que 130 cm terão o pseudocaule
aparado a 90 a 100cm;
mudas “guarda-chuva” terão o pseudocaule aparado a 50% de sua altura.
Conforme seja o peso que essas mudas tenham ficado depois de
escalpeladas e aparadas, elas recebem as seguintes denominações:
a- chifrinho ou filhote até 1.000 g;
b- chifre de 1.000 a 2.000 g;
c- chifrão de 2.000 a 3.000 g;
d- muda alta ou replante de 3.000 a 5.000 g;
e- muda pau de lenha mais de 5.000 g.
Foto II-14- Muda chifrinho, chifre, chifrão, alta e pau de lenha, da direita
para a esquerda.
É certo que as mudas rizoma inteiro têm seu desenvolvimento tanto mais
rápido quanto maior for seu peso, pois seu aumento indica também maior idade. Os
tipos c, d e e, quase sempre dispensam a operação de replantio, uma vez que a
porcentagem de falhas é desprezível.
Há ainda a se considerar um outro tipo de muda, que seria o “pau-de-lenha”
com um pequeno “filhote” agregado. É uma muda excelente, que só pode ser usada se
for produzida em viveiro, pelo próprio plantador. É uma muda difícil de ser
manuseada e impossível de se fazer um bom tratamento fitossanitário.
6- Ciclos da bananeira
Nas condições normais de cultivo, as bananeiras do Litoral Paulista e do
Vale do Ribeira têm uma tendência natural de concentrar sua safra durante o primeiro
semestre do ano.
As melhores condições climáticas que ocorrem nesse período fazem com
que os cachos sejam maiores e as frutas mais bonitas, porém as cotações de mercado
são mais baixas do que as do segundo semestre, quando as bananas têm aparência
inferior e os cachos são menores. Este baixo preço do primeiro semestre decorre, em
grande parte, da maior oferta de bananas e também da presença, de outras frutas
tropicais - tangerina, manga, abacate, mamão, goiaba, etc. - e ainda aquelas de clima
temperado - figo, pêssego, maçã, caquí, uva, etc. - as quais, durante o resto do ano,
quase não aparecem no mercado.
Durante muitos anos, essas eram as informações que o Instituto de
Economia Agrícola do Estado de São Paulo fornecia aos produtores, em face dos seus
dados pesquisados. Atualmente, devido a uma série de acidentes climáticos que se
iniciaram com a desastrosa geada de l985 e também pela expansão dos plantios em
outras regiões do Estado de São Paulo e do Brasil, os parâmetros mudaram e as curvas
de preço de mercado se tornaram mais constantes.
Define-se como ciclo vegetativo de uma bananeira o período compreendido
entre o plantio da muda ou o seu aparecimento na superfície da terra, sob a forma de
“filhote” e a colheita da sua produção.
Define-se como ciclo de produção o intervalo de tempo decorrido entre a
colheita do cacho de uma bananeira e a colheita do cacho do seu “filho”.
Os ciclos vegetativo e de produção são afetados por todos os fatores que
atuam, direta ou indiretamente, na fisiologia da bananeira.
Bananais com mais de três safras, com elevada densidade (mais de 2.500
plantas por hectare), insolação deficiente (menos do que 1.500 horas/ano), cultivados
em latitudes elevadas (mais do que 20° N ou S), ou em altitudes maiores que 200 m,
em solos de baixa fertilidade e elevada acidez (pH abaixo de 5), mal-drenados (lençol
freático a menos de 60 cm), em locais com baixos índices mensais de pluviosidade
(menos de 100 mm), sujeitos a ocasionais baixas de temperaturas (menos que 15°C) e
sem os devidos cuidados com as operações de desbaste, desfolha e controle das ervas
daninhas, podem ter seus ciclos vegetativo e de produção aumentados até em mais de
100%.
Todos esses fatores influem diretamente na fisiologia da bananeira de
forma bastante variada, provocando diferenças no tamanho do cacho, na produtividade
e nos seus ciclos.
Nos bananais velhos, todas as deficiências ecológicas são mais sentidas
pelas plantas e sua recuperação é bem mais demorada do que nos bananais jovens.
Além disso, estes respondem prontamente aos bons tratos culturais, o que não
acontece com os velhos.
Diante do exposto, conclui-se que o ciclo vegetativo e de produção nos
bananais, principalmente nos velhos, podem variar quase que de propriedade para
propriedade e até mesmo de lote para lote, não sendo válida a transferência desses
valores de um local para outro. Há necessidade da determinação dos seus valores para
cada uma dessas situações.
Considerando que à medida que o bananal vai envelhecendo seus ciclos vão
se modificando, há necessidade de serem continuamente avaliados.
O conhecimento do ciclo vegetativo tem grande importância para o
produtor, quando ele pretende condicionar a colheita para determinada época. Ao
deslocar o pico de sua curva de produção de uma época para outra, ele poderá alterar
substancialmente sua renda, desde que essa época seja economicamente mais
favorável.
Nas grandes propriedades, há fatores que limitam muito a execução em
toda ela, de um programa de mudança da época de colheita. Entre esses fatores,
pode-se citar, por exemplo, a formação de um período do ano sem produção, que
poderá causar ociosidade da mão-de-obra e falta de entrada de dinheiro para o caixa da
fazenda. Por outro lado, o condicionamento do bananal para uma época de colheita
pré-fixada exige que todas aquelas variáveis citadas, que influem diretamente no ciclo
vegetativo, sejam transformadas em constantes, o que nem sempre é possível em
extensas áreas. Ainda que a administração tenha alta eficiência, seria muita pretensão
querer admitir ser possível sua imediata atuação, em toda a área, no sentido de
corrigir, a hora e a tempo, alguma deficiência que venha a ocorrer e que seja capaz de
modificar o ciclo vegetativo programado.
Nas pequenas propriedades, isso, em geral, pode ser conseguido desde que
a deficiência surgida não seja de ordem térmica.
O conhecimento do ciclo vegetativo será feito com base na seguinte
equação: o cacho colhido hoje é de um “filhote” que nasceu há um certo número de
dias (meses) (início do ciclo vegetativo) em um bananal normal. Fazendo-se um
desbaste generalizado, em todas as plantas (portanto, aumentando a luminosidade no
bananal) quanto menor será esse número de dias? Tendo sido determinado, na prática,
tal número de dias, fixa-se a data de colheita que interessa ao produtor e faz-se uma
contagem regressiva, para determinar o dia em que o “filhote” deve nascer, para
assegurar que a colheita ocorra na data desejada. No dia previsto para o nascimento do
“filhote”, faz-se um desbaste no bananal deixando-se apenas os “filhos” que
interessam, pois eles deverão ter sua colheita no período desejado.
Nos bananais novos de ‘Nanicão’ do Litoral Paulista e do Vale do Ribeira,
onde se cuidou de eliminar no limite do possível, os fatores negativos ao
desenvolvimento da bananeira, sabe-se que a colheita do primeiro cacho ocorrerá aos
10 a 12 meses de idade do bananal; a do segundo, aos 18 a 20 meses; e, a do terceiro
aos 24 a 28 meses. Após esse período, registra-se um alongamento do ciclo de
produção, passando-se a obter colheitas a cada 12 ou 14 meses, intervalo esse que
continua aumentando progressivamente com a idade do bananal e que tende a
estabilizar por volta dos 18 meses (ver Figura X-2).
Facilmente pode-se avaliar a inibição que a bananeira “mãe” exerce sobre a
bananeira “filho” e esta sobre a bananeira “neto”, mediante uma simples observação
do comprimento e da largura das folhas da “família”. Quanto maior for a idade do
bananal, mais se acentua a ação do membro mais velho sobre o mais novo da
“família”, retardando sua emancipação fisiológica e, com isso, aumentando seu ciclo
de produção. Costuma-se dizer que o vigor da juventude dos bananais, quase
desaparece após a terceira produção da “família”, quando então ele já é considerado
um bananal velho e, como tal, deveria ser reformado para restaurar-lhe essa juventude.
Pelo exposto, verifica-se que a maior produtividade do bananal ocorre
durante as três primeiras colheitas, devido em grande parte, a pequena inibição
hormonal existente, cuja taxa se torna maior a cada colheita que se realiza. Seria
portanto válido afirmar, que nesse período, o produtor deveria ter as maiores
rentabilidades, pois ele terá as maiores produtividades. Porém, fatores alheios à
cultura, ligados principalmente à comercialização, podem por vezes, determinar
normas bem diferentes, justificando a manutenção do bananal por um período um
pouco mais longo.
O aumento do ciclo de produção dos bananais velhos do Litoral Paulista e
Vale do Ribeira, é também bastante influenciado pelas baixas temperaturas que aí se
verificam durante os meses de inverno (junho-julho).
Nas regiões produtoras de banana da América Central encontram-se ciclos
de produção de apenas sete meses, enquanto que nas Ilhas Canárias, algumas vezes,
elas chegam a dezoito ou até vinte e quatro meses.
Observando-se os ciclos de produção das bananeiras na Baixada
Fluminense, Baixo Rio Doce, Baixo São Francisco, Baixo Açu, Baixo Jaguaribe e
Baixo Amazonas, verifica-se que eles são, nessa seqüência, progressivamente mais
curtos do que os encontrados no Estado de São Paulo e de outros da região sul. Esse
fato se deve em parte, à boa fertilidade desses solos e especialmente, a predominância
de condições climáticas mais favoráveis à bananicultura. É de se esperar que nessas
áreas, em bananais bem conduzidos, a longevidade dos ciclos vegetativos e de
produção tenda para os da América Central, já que nesses locais não existem
limitações de temperatura e por isso se tem uma colheita a cada oito a nove meses.
1- Os cultivares
Ao fazer algumas considerações iniciais sobre os diferentes cultivares
existentes no Brasil, é preciso dizer-se que essa possibilidade se deve a um remoto
trabalho iniciado em 1925 no IAC, onde o Eng. Agro. Felisberto Camargo montou
entre nós, a primeira coleção de bananeiras que foi enriquecida posteriormente, com
outros cultivares pelo Eng. Agro. João Ferreira da Cunha e por este autor, que
culminaram por reunir na Estação Experimental de Pariqüera-açu um total de 120
acessos, quase todos eles coletados em nosso país.
Descrever literalmente para o grande público, agricultores, técnicos
agrícolas, extensionistas e pesquisadores, as características identificativas dos
diferentes cultivares é algo muito difícil. Simmonds propôs e descreveu muitos
cultivares utilizando números indicativos de cada um dos caracteres morfológicos e
genéticos deles. Esta metodologia é quase que perfeita, porém seu nível não está ao
alcance de todos aqueles que têm interesse ou estão apenas ligados a algum setor da
bananicultura. Posteriormente, Champion fez um outro brilhante trabalho, já mais
descritivo e com tabelas indicativas dos prováveis locais de aparecimento dos diversos
cultivares. Seguramente mais de 10 autores brasileiros já descreveram os diferentes
cultivares utilizados pelos nossos produtores. O que apresentamos a seguir é mais uma
tentativa dirigida a ajudar as pessoas interessadas por esta fruta, porém sem um
grande conhecimento científico dela, a conseguirem identificá-las.
Serão utilizados e realçados os aspectos peculiares de cada cultivar ou de
seu cacho ou mesmo de cultivo. Tomando por base caracteres comuns a eles, foi
possível reunir os cultivares mais conhecidos da seguinte forma:
Grupo 1- Bananeiras tipo Nanica;
Grupo 2- Bananeiras tipo Prata;
Grupo 3- Bananeiras tipo Maçã;
Grupo 4- Bananeiras tipo Figo;
Grupo 5- Bananeiras tipo Terra;
Grupo 6- Bananeiras tipo Ouro;
Grupo 7- Bananeiras tipo Caru;
Grupo 8- Bananeiras de diferentes tipos.
Foto III-19- É típico da banana ‘Branca’ ter a ponta como que “chupada”.
O cultivar Prata tem porte de 5 a 6 m, com pseudocaule colorido de verde
claro, quase tão claro como o ‘Maçã’. Na sua base, ele chega a ter quase 50 cm e
próximo da roseta de 25 a 30 cm. Se comparado com o ‘Nanicão’, suas folhas são bem
mais longas e mais estreitas, com um verde desmaiado e opaco. A nervura principal é
verde bem claro, assim como o pecíolo, que também é mais longo e fino do que o
‘Nanicão’. A postura e a cor da folha são iguais às do ‘Branca’. Enquanto a
inflorescência está se desenvolvendo, suas flores femininas se mantêm quase que em
90° com a ráquis. A base da flor feminina (ovário) tem cor rósea esverdeada, o que a
diferencia totalmente da do ‘Nanicão’, que é um verde puxando para amarelo. A cor
rósea acentuada da tépala chama a atenção. Quando as flores masculinas começam a
se abrir, o cacho que já estava a quase 45° com a horizontal, passa para a posição
próxima da vertical. As bananas, por sua vez, sofrem um geotropismo negativo e
tendem a se voltar para o alto. Nesta ocasião tem-se a impressão de que o cacho está
“arrepiado”. Um bom cacho chega a pesar de 25 a 30 Kg, sendo o mais comum com
cerca de ¾ desse peso (Foto III-21). Com o engordamento das bananas, elas acabam
ficando voltadas para o alto. Elas são quase retas, com cinco quinas bem definidas,
que quase desaparecem quando chegam próximo da colheita. A casca, quando madura,
é amarelada desmaiada e ao ser retirada observa-se que é bem mais almofadada do que
a do ‘Branca’. Muitos de seus “fios” ficam aderidos à polpa. Estes “fios”, em geral,
não agradam aos consumidores. A cor da polpa é que dá o nome ao cultivar, pois
lembra a do metal prata. É uma banana de aroma suave, doce, pouco ácida e de
digestão leve. Sua casca resiste melhor aos atritos e impactos do que o ‘Nanicão’. A
banana é mais longa que o ‘Branca’ chegando as maiores ao comprimento de 20 cm.
Sua extremidade distal termina como gargalo de garrafa, porém menos abruptamente
que o ‘Branca’ (Foto III-22). O rabo segue harmonicamente a curvatura da ráquis
(Foto III-20). Ele fica, nos seus primeiros 10 a 15 cm, com algumas flores masculinas
enquanto que o restante é sempre limpo. O rabo tem quase 100 cm e as cicatrizes se
apresentam bastante proeminentes, o que o torna mais grosso. À medida que se chega
no final desse órgão, ele vai progressivamente se afinando. O coração, na colheita, fica
reduzido a um ovo de galinha. Nesta ocasião a ráquis e o rabo formam uma só linha,
praticamente, vertical. É um cultivar um pouco mais resistente à sigatoka-amarela do
que o ‘Nanicão’, porém com pouca tolerância ao mal-do-panamá, muito perseguida
pelos “moleques” e nematóides. Estes aspectos têm contribuído para o
desaparecimento de muitos plantios. São bananeiras com um agressivo sistema
radicular e por isso sobrevivem e produzem em solos relativamente pobres e também
com alguma deficiência hídrica.
Foto III-20- O cacho do ‘Prata’ curva-se harmonicamente junto com o
rabo que é limpo e coração grande - planta normal.
CAPÍTULO IV - ECOLOGIA
1- Clima
O estudo do clima para cultivo da bananeira deve ser feito sob os aspectos
macro , topo (2) e microclimático (3).
(1)
1.1- Temperatura
Os limites mais favoráveis de temperatura para o bom desenvolvimento da
bananeira estão entre 20° a 24°C, registrados ao redor do pseudocaule a 100 cm do
solo. A bananeira também pode se desenvolver satisfatoriamente em locais com
temperatura abaixo e acima dos limites citados, porém com prejuízos para o ritmo de
seu desenvolvimento e da qualidade da banana.
As temperaturas de 15° e 35°C têm sido apontadas como os limites
extremos entre os quais a bananeira encontraria boas condições para crescer e
produzir. Se os valores absolutos da temperatura permanecerem dentro desses índices
(15° e 35°C), o cultivo da bananeira estará assegurado na área. Temperaturas pouco
acima de 24ºC, por breve período de tempo, também são favoráveis à produção da
bananeira.
Quando a temperatura mínima no abrigo meteorológico cai abaixo de 12ºC,
os tecidos da planta são prejudicados, principalmente os da casca do fruto. Se descer
até 4ºC, inicialmente começam a aparecer nos bordos das folhas as primeiras manchas
amarelas, as quais se acentuam com o tempo, culminando com danos letais nessa área.
Quando a temperatura sobe acima de 35ºC, há inibições no
desenvolvimento da planta devido, principalmente, à desidratação dos tecidos, em
especial, o das folhas. Isto faz com que elas se tornem rígidas e sujeitas ao
fendilhamento mais facilmente.
A temperatura é muito importante para a bananicultura em relação a várias
moléstias e pragas que atacam a planta e cuja velocidade de desenvolvimento delas
varia em função desse fator.
Foto IV-1- Além dos danos que a chuva de pedra faz na planta, ela
causa ferimentos nos frutos que impedem sua comercialização.
As baixas temperaturas limitam em parte o desenvolvimento dos fungos,
com maior atuação naqueles que parasitam as folhas das bananeiras, porém, por mais
baixas que elas sejam, nunca são suficientes para os eliminar. Com a elevação da
temperatura, eles deixam sua pseudodormência e voltam a causar prejuízos.
As baixas temperaturas atmosféricas são capazes de provocar um grande
abaixamento da temperatura nos solos, principalmente nas várzeas muito argilosas.
Neste caso, as raízes entram em estado de dormência, paralisando seu
desenvolvimento e agravando, conseqüentemente, por sua vez, a hibernação da planta.
Este é um fator importante a se considerar, quando se vai escolher a data de início de
plantio de um bananal, pois interessa ao produtor que a bananeira cresça rapidamente e
com isto sombreie o solo para reduzir o combate às ervas daninhas e também entre
logo em produção.
As baixas temperaturas que ocorrem no Estado de São Paulo estão
intimamente ligadas ao período de baixa precipitação pluvial, o que agrava os
prejuízos. Qualquer um dos dois fatores é capaz de causar a compactação da roseta
foliar, dificultando o lançamento da inflorescência. No cultivar Nanica estes prejuízos
são muito grandes, chegando a provocar um “engasgamento” da inflorescência,
tornando o cacho tão deformado, que impossibilita sua comercialização. No cultivar
Nanicão esse problema é bem menos grave.
1.1.2- “Chilling”
O “chilling”, ou seja, a “friagem” consiste em danos fisiológicos na
bananeira e ou no fruto, causados por baixas temperaturas. Essa perturbação
fisiológica, representada pelo fechamento dos estômatos, causa a paralisação parcial
ou total da sua respiração e produz a coagulação dos cloroplastos das células e também
a oxidação do tanino, o que dificulta a circulação da seiva.
O “chilling” ocorre em plantas com qualquer idade, sendo que os tecidos
mais jovens são os mais prejudicados.
O “chilling” ocorre principalmente nas regiões subtropicais, onde a
temperatura mínima noturna atinge, freqüentemente, a faixa de 10 a 4ºC.
Pelo fato da planta não conseguir dissolver o coágulo formado nas células e
também na sua seiva, a sua circulação fica comprometida. Ocorrendo o “chilling” há a
paralisação das atividades fisiológicas da planta, de modo que suas folhas não
processam as trocas metabólicas, o que restringe seu crescimento, que por vezes chega
a paralisar por completo. Com o aumento da temperatura, a bananeira emite novas
folhas, as quais irão ser as responsáveis pelo retorno da sua normalidade. Entretanto,
os amidos já sintetizados antes do frio permanecem imobilizados onde estiverem. As
bananas, por sua vez, também sofrem o mesmo processo de bloqueio, sendo tanto mais
intenso quanto mais jovem ela for. As plantas que sofreram o “chilling” deixam de
controlar o fluxo dos hormônios para o “filho” e “neto” e com isto há, também neles,
uma grande paralisação fisiológica. Esta situação se reflete na produção destes
“filhos”, principalmente se a “mãe” já havia lançado sua inflorescência.
Normalmente o “chilling” ocorre no campo, mas pode também acontecer
durante o transporte dos cachos ou caixas, na câmara de climatização ou então logo
após, quando ainda a banana não se coloriu de amarelo. A maioria dos autores cita que
a temperatura de 12ºC já é suficiente para começar a causar os primeiros sintomas da
friagem.
À medida que a temperatura tende para 4ºC, os prejuízos são maiores, tanto
na planta como no fruto.
Cada vez que a temperatura chega abaixo do limite crítico (12ºC), novos
danos ocorrem, portanto eles são acumulativos. Esses danos também são proporcionais
ao número de horas em que ocorreu o frio. O período de uma hora de frio já é
suficiente para se poder perceber os danos, tanto nas folhas como nos frutos,
representados pelos seus escurecimentos.
Se ocorrer uma baixa temperatura (8 a 6ºC), quando a inflorescência ou
mesmo os frutos estiverem em início de desenvolvimento, os prejuízos serão
praticamente totais.
Nos frutos, os danos são identificados pela coagulação de seiva, na região
sub-epitelial do epicarpo (casca), visíveis como pequenos bastonetes escuros, ao se
levantar essa camada verde da casca (Foto IV-2).
Foto IV-2- O “chilling” produz a coagulação da seiva que se transforma
em pequenos bastonetes escuros, os quais não se dissolvem nunca.
A casca morre prematuramente, tornando-se rígida e dificultando o
descascamento manual da fruta. Após um “chilling” intenso, é comum o aparecimento
de bananas com a casca rachada, tanto no bananal como após a climatização. Isto é
devido à morte da casca seguido de um retorno de seu desenvolvimento interno.
Dentro do cacho, as bananas que ficam mais voltadas para o lado de onde
veio o frio, são as mais prejudicadas.
Nas bananas afetadas pelo “chilling”, o processo de maturação não obedece
aos parâmetros normais, por sua fisiologia estar perturbada. A cor da casca não chega
a se tornar amarela, ficando enfumaçada e a polpa não amolece normalmente,
mantendo-se seca, rígida e sem paladar. Já dentro da câmara, ela começa a exalar forte
odor de fermentação e continua a exalar mesmo depois, embora ainda esteja em
condições de consumo.
Há muitas restrições para o que se chama de banana comível, pois nem
mesmo com a climatização se consegue obter sua maturação, uma vez que a inversão
do amido em açúcares é apenas parcial. A banana colhida com “chilling”, climatizada
ou não, permanece por mais tempo sem apodrecer, pois fica encruada, mas em
compensação também não amadurece.
Em casos extremos, mesmo sem ocorrerem geadas, a casca da banana,
climatizada ou não, chega a se conservar permanentemente verde, devido à oxidação
total do seu tanino. Quanto mais verde (enfumaçada) a casca da banana permanecer
após a climatização, menor será o seu teor de açúcares e maior seu índice de acidez.
Experimentos realizados em áreas do Vale do Ribeira e do Litoral Paulista,
com a aplicação do “spray oil” usado para controle da sigatoka-amarela, pouco antes
de ocorrer o frio, proporcionaram às folhas menor número de sintomas de “chilling”.
Outra pesquisa, também feita nessas regiões, vestindo-se, preventivamente,
os cachos recém-granados, com sacos de polietileno colorido de azul, sem furos,
demonstraram menores prejuízos, quando a temperatura ficou entre 10 a 9ºC.
Concluiu-se também que as bananas assim protegidas, porém com sacos perfurados,
durante os meses de verão, se desenvolveram mais rapidamente, apresentaram maior
peso, melhoraram as qualidades organolépticas e o cacho atingiu o ponto de corte,
quase duas semanas antes (Cap. VI-7).
As bananeiras com carência nutricional de potássio, normalmente
apresentam-se com maiores injúrias, por haver maior coagulação de sua seiva.
O frio, tendendo a se acumular nas partes mais baixas dos terrenos, causa aí
maiores prejuízos. Implica isto dizer que as bananeiras de porte mais alto apresentam
menores sintomas de “chilling”, da mesma forma que os plantios feitos nas encostas
dos morros, em relação às baixadas.
1.1.3-Geada
A geada, no conceito fitotécnico, é uma intensa queda de temperatura que causa a
morte dos tecidos das plantas.
Para a bananeira, a geada é o mesmo que se fazer uma drástica poda em
suas bainhas e folhas, pois provoca um secamento total desses órgãos.
Internamente ela perturba a fisiologia da planta causando-lhe graves
prejuízos, tanto para a safra pendente como para a seguinte. Na safra pendente os
cachos paralisam seu desenvolvimento de modo proporcional à intensidade do frio. Na
safra seguinte, a que vai ser colhida no “filho” em desenvolvimento, tem sido
verificado que seus dedos são curtos, a despeito dos bons tratos que se faça a essa
planta e que o clima também tenha sido favorável. Isto decorre do fato de ter havido a
coagulação da seiva nos vasos dos diversos órgãos da “mãe” e do “filho”, o que
impede sua livre circulação e com isto, todo o metabolismo da bananeira é afetado. A
troca de hormônios entre “mãe” e “filho” quase não se realiza pois, não existindo
folhas vivas na “mãe” e no “filho”, não haverá excitação para que a seiva restante
entre em circulação. A seiva paralisada tende a entrar em fermentação, agravando mais
os prejuízos.
Não se pode, contudo, afirmar que as geadas pouco intensas matem a
bananeira. Ela sofre “pouco” quando a temperatura atinge e permanece por até 2 horas
a 0ºC. Porém, se a temperatura chega a -2ºC por um período de 2 a 4 horas, os “filhos”
com até 30 a 40 cm sofrem queimaduras externas e internas. Se a temperatura atinge
de -4 a -6ºC, por um tempo de cerca de 4 horas, é normal haver uma morte fisiológica
dos pseudocaules dos “filhos” com 50 a 60 cm. Se o “filho” estiver muito na
superfície do solo, esse frio pode matar sua gema apical.
Em condições de temperaturas mais baixas e por períodos mais longos, as
injúrias atingem “filhotes” maiores, podendo até mesmo chegar a afetar as gemas
laterais mais internas da “mãe”. Apenas em condições de prolongado período de muito
frio, a gema apical é atingida, a despeito dos parênquimas de células grandes que a
rodeiam, que funcionam como isolantes térmicos.
As partes aéreas dos rebentos novos (menos de 40 cm) podem morrer com a
geada mas após uma poda ao nível do solo, feita logo após a geada, dificilmente
deixam de rebrotar. Esta poda impede que a podridão que se instala internamente
contamine a sua gema apical. Entretanto, corre-se o risco da ocorrência de uma outra
geada vir a matá-la uma vez que ela ficará exposta.
As folhas mais novas são, em geral, as que mais sofrem pelo fato de
estarem diretamente expostas ao resfriamento e pela irradiação térmica ao espaço do
calor que vem do solo.
As bananeiras dos plantios novos reagem mais rapidamente às injúrias do
frio do que as dos velhos, que já não têm mais o que é chamado de “vigor da
juventude do bananal”.
No bananal em formação, já com folhas adultas, as baixas temperaturas
provocam na planta “mãe” uma paralisação no seu desenvolvimento. Com a elevação
da temperatura há uma lenta retomada no seu crescimento, enquanto que no “filho”
isto é muito mais rápido, a ponto dele a suplantar. Neste caso a planta “mãe” pode até
chegar a produzir um cacho, mas sua qualidade é bem inferior ao esperado. Esta planta
sofre um grande alongamento de seu ciclo de produção.
As geadas podem ser classificadas em brancas e negras. São consideradas
brancas quando há formação de cristais de gelo e negras quando a temperatura cai
além do ponto letal, sem haver congelamento da umidade do ar (Foto IV-3).
1.3- Vento
O vento é uma das maiores preocupações comuns a todos os produtores de
banana. Os prejuízos e a perda da produção que o vento causa, por derrubar as
bananeiras ou romper suas raízes e folhas, são, em geral, maiores do que os
provocados pela sigatoka-amarela não controlada. Entretanto, a mídia conseguiu
incutir na cabeça do produtor que ele precisa controlar essa doença e lhe vende muitos
produtos agrícolas, com os quais ele gasta elevadas parcelas de dinheiro, mas deixa de
fazer qualquer proteção contra o vento.
Esse é um aspecto para o qual os bananicultores e principalmente os
brasileiros, não têm voltado sua atenção e, por isso, não protegem suas plantações
como o fazem outros povos, em especial os europeus, tanto em suas atuais lavouras
como também já fizeram naquelas que possuíram nas suas ex-colônias africanas. Eles
consideram o quebra-vento como um seguro agrícola, que fica de geração para
geração.
A queda de produção de banana causada por ventos no Estado de São Paulo
tem sido, em alguns casos, da ordem de 20 a 25%, a cada vento mais forte que ocorre.
É por isso que ao se comentar esse fato pode-se dizer que o vento é, para o
bananicultor, “apenas uma preocupação”, já que ele nada faz para o combater. Quando
isto acontece, ele fica contemplativamente observando as plantas caídas ao solo e diz:
“aconteceu de novo, eta prejuízo brabo!”.
Os ventos são capazes de provocar danos suficientes para arrasar em
poucos minutos uma boa plantação. Eles causam prejuízos proporcionais à sua
intensidade, a saber:
a) “chilling” (se for frio);
b) desidratação da planta devido à grande evaporação;
c) fendilhamento entre as nervuras secundárias;
d) diminuição da área foliar pela dilaceração das folhas que já foram
fendilhadas (Foto IV-5);
e) rompimento das raízes;
f) quebra do seu pseudocaule;
g) tombamento inteiro da bananeira e sua “família”.
1.3.1- Quebra-vento
Quebra-ventos são, em geral, árvores plantadas em renque, em direção
perpendicular aos ventos predominantes e cuja função é diminuir seus efeitos danosos.
Eles atuam elevando a altura da corrente aérea e diminuindo sua velocidade no
patamar logo acima das bananeiras.
Na realidade os quebra-ventos deveriam ser chamados de elevadores de
ventos, pois esta é exatamente a função que eles fazem.
Os quebra-ventos tornam-se tanto mais eficientes quanto maior for o
número de renques plantados.
Se o vento não é superior a 60 ou 70 km/h, os quebra-ventos exercem ainda
uma certa proteção nas bananeiras, porém acima destes limites essa proteção é quase
nula.
Há, entre os produtores, o conceito de que construindo quebra-ventos, eles
terão problemas para pulverizar seus bananais com avião. Entretanto, se os
quebra-ventos forem bem projetados, isto não acontecerá, uma vez que os aviões
poderão voar no sentido paralelo aos renques. Se houver necessidade de fazer
quebra-ventos em duas direções, bastará substituir o avião por helicóptero. Resta ainda
outra alternativa para o produtor que é fazer a pulverização com atomizadeira acoplada
ao trator, evitando todos esses problemas, com um custo operacional muito menor.
Indiscutivelmente o rendimento do avião é maior, mas a possibilidade de poder fazer
as pulverizações à noite com o trator compensa muito esta limitação.
Há ainda a se considerar que é possível fazer-se o controle da
sigatoka-amarela com a aplicação de fungicidas planta a planta e com isso
dispensar-se a atomização convencional (Cap. XI-2.2.8).
O bananicultor deve projetar e iniciar o plantio do quebra-vento juntamente
com o do bananal, pois seu crescimento é lento.
Denomina-se faixa protegida a área de terreno delimitada entre duas fileiras
de quebra-ventos, a qual deverá ser utilizada pela cultura. Quando existem várias
fileiras de quebra-vento, considera-se que a largura da faixa protegida é igual a 20
vezes a altura das árvores plantadas. Sua eficiência, a partir dessa distância, é menor.
Por segurança, se o número de linhas de renques não for grande, o índice de eficiência
deve ser reduzido para 15 vezes e, conseqüentemente, as linhas deverão ser plantadas
mais próximas umas das outras.
As árvores dos quebra-ventos devem ser plantadas em quincôncio, salvo no
caso do plantio de bambu, cujas mudas serão plantadas a cada três metros, em linhas
simples.
O renque de plantas não deve impedir totalmente a passagem do vento. É
bom que ele flua por entre as árvores, principalmente na sua metade inferior. Desta
forma, evita-se a formação de turbilhonamento de ar atrás do renque, que é prejudicial
às bananeiras e provoca o abaixamento das correntes de ar, como pode ser observado
na Figura IV-1.
Figura IV-1- Quebra vento: a- errado; b- certo
a) Quebra-vento rígido com turbilhamento atrás.
b) Quebra-vento permitindo o vento fluir através das suas árvores, sem formar
turbilhamento. Faixa protegida = H (altura do quebra-vento) x 20.
1.4- Luminosidade
A luz desempenha importante papel na vida da bananeira.
A bananeira tem seu melhor crescimento quando recebe mais de 2.000 lux
(horas de luz/ano queimada no heliógrafo) suportando, contudo, até um limite de
1.000 lux. Valores abaixo são insuficientes para que ela tenha desenvolvimento
normal.
Se cultivada em local que receba apenas 30% do limite mínimo de
luminosidade, em caráter permanente, a bananeira tende a não interromper seu
contínuo e lento desenvolvimento, mantendo-se apenas em fase vegetativa, podendo
até mesmo chegar a não entrar no processo da diferenciação floral. Disto resulta que a
bananeira não suporta sombra artificial ou natural (cerração, bruma, poluição, sombra
de morros, etc.) sobre suas folhas, pois ela retarda seu desenvolvimento,
principalmente por não fazer a fotossíntese.
Quando muito acima do limite máximo citado, pode haver queima das
folhas, o que acontece, principalmente, durante a fase de cartucho ou folha
recém-aberta. Nessa idade da folha seu tecido é muito tenro, ficando vulnerável aos
raios solares (Foto IV-9). Da mesma forma, a inflorescência pode também ser
prejudicada pelos mesmos fatores. Apenas nas áreas com luminosidade muito alta
(4.000 lux), poder-se-ia pensar em sombrear parcialmente, as bananeiras.
1.5- Altitude
A altitude afeta diretamente a temperatura, chuvas, umidade relativa,
luminosidade, etc., fatores estes que, por sua vez, influem no desenvolvimento e na
produção da bananeira.
Trabalhos realizados em regiões tropicais equatorianas, com baixas
altitudes, demonstraram que o ciclo de produção da bananeira, principalmente do
subgrupo Cavendish, foi de 8 a 10 meses. Nessas regiões, onde a altitude passou para
900 m, ele aumentou para 18 meses.
Comparações feitas entre plantações conduzidas em situações iguais de
cultivo, solos, chuvas, umidade, etc., evidenciaram um aumento de 30 a 45 dias no
ciclo de produção, a cada 100 m de acréscimo na altitude, em uma mesma latitude.
Estudos feitos com vários cultivares do subgrupo Cavendish, para avaliar
seu comportamento em diferentes altitudes, indicaram que os cultivares Mons Marie e
Williams foram os menos prejudicados com os maiores índices.
O Estado de São Paulo, que é atravessado pelo Trópico de Capricórnio, não
tem condições muito favoráveis à bananicultura. Todavia, o Litoral Paulista e o Vale
do Ribeira, devido à baixa altitude e à elevada umidade relativa do ar, apresentam
condições climáticas mais semelhantes ao “habitat” natural da bananeira do que o
Planalto Paulista. Nesta última região o seu desenvolvimento é retardado, em parte,
devido à altitude que chega ao ser de 600 a 700 m, ter baixo teor de umidade do ar e
chuvas mal distribuídas. Além disso, suas folhas se tornam mais coreáceas e de vida
mais curta.
2- Solos
As características físicas do solo são muito importantes para a vida das
bananeiras, já que dificilmente elas podem ser modificadas. Quanto aos seus teores
nutricionais, eles podem ser corrigidos com as adubações químicas ou orgânicas.
O solo ideal para a bananeira é o alúvio profundo (mais de 1 m), rico em
matéria orgânica e bem drenado. É nesse solo (alúvio, fino-areno-barrento húmico) de
boa capacidade de retenção de água, que as bananeiras conseguem desenvolver todo o
seu potencial genético.
A distribuição e o vigor do sistema radicular servem, perfeitamente, para
indicar quais qualidades físicas e químicas o solo possui. Naqueles que são próprios
para a bananeira, todo o seu sistema radicular desenvolve-se continuamente, dando a
impressão de longos tubos retos; nos demais ele é curto e tortuoso.
As raízes das bananeiras mostram grande tropismo para as zonas mais
férteis, principalmente quando são usados adubos orgânicos.
A maior porcentagem de raízes das bananeiras está nos primeiros 30 cm de
solo, de onde elas, normalmente, retiram os nutrientes que necessitam para seu
crescimento e desenvolvimento. As demais raízes são, em geral mais grossas e
direcionadas para as maiores profundidades. Elas têm as funções precípuas de suprir a
planta em água, nutrientes e ajudar sua fixação ao solo.
O bananal plantado pela primeira vez em determinada área desenvolve, no
solo, uma miniflora específica em função das raízes que o perfuram.
O sistema radicular das bananeiras morre muito rapidamente, se comparado
com o de outras plantas. Ele morre por senilidade. Com a morte das raízes, elas estão
sempre formando novas microgalerias no solo. Esta raiz morta entra em decomposição
biológica e com isto cria um espaço para a circulação da água. Esta situação possibilita
também um certo arejamento do solo, o que facilita que as raízes novas tenham um
melhor desenvolvimento. Além disso, os restos da cultura jogados sobre o solo criam
uma microflora superficial, rica em micorrizas, que favorecem a solubilização dos
fertilizantes aplicados. Em condições normais, são necessários em média dozes meses
para o desenvolvimento dessas microfloras, que são muito importantes para a vida da
bananeira.
Em solos de várzea aluvial, muito argilosa (tabatinga, barro boi, etc.), no
qual haja um bananal, deve-se passar, uma vez por ano, um subsolador que tenha uma
roda de guia bem cortante e, como complemento, um obus para facilitar seu
arejamento. Ele será passado nas entrelinhas, preferencialmente com um trator de
esteira pequeno ou com tração nas quatro rodas, a fim de reduzir a compactação
superficial. Esta operação trará grandes benefícios às plantas, principalmente se feita
no início da estação chuvosa, com o solo seco. Ela romperá muitas raízes, mas este
prejuízo é largamente compensado pelos benefícios físicos que ocorrem no solo, que
possibilitam que a bananeira comece a emitir grande quantidade de outras novas.
Verificou-se que após esta prática, as raízes tendem a se aprofundar mais.
Neste caso, o espaçamento de plantio deve ser adaptado para que se possa realizar essa
operação. Sugere-se que o plantio seja feito diminuindo-se o espaçamento na linha de
plantio e aumentado nas entrelinhas. Outra sugestão para esse tipo de terreno, é que os
plantios sejam feitos anualmente, durante 5 anos. Neste caso, a aração deverá ser feita
profundamente (40 cm) durante a incorporação dos restos de cultura, para aumentar o
arejamento do solo (Cap. V-4).
Os solos rasos, não permitindo o desenvolvimento de raízes profundas,
fazem com que a planta sofra falta de água em qualquer veranico.
Se os solos são rasos devido apenas ao lençol freático que está superficial,
há necessidade de um perfeito sistema de drenagem que o rebaixe, no mínimo a 60 ou
70 cm de profundidade, medida essa que deve ser tomada no centro do canteiro, entre
duas valas de drenagem (Cap. V-2.5).
Solos mais rasos, por apresentarem camadas menos permeáveis, próximo
da superfície, requerem soluções que se tornam anti-econômicas à exploração
bananícola. Estas condições são freqüentes nas áreas levemente onduladas da região
de Registro (Vale do Ribeira, SP), que tem solos dos tipos podzólico
vermelho-amarelo ou latossolo vermelho-amarelo ou intermediários, sendo que muitos
deles se apresentam com horizontes estratificados de argila e seixos rolados. Quando
esses solos têm esse horizonte a menos de 60 cm da superfície, eles são
desaconselháveis para a bananicultura, pois além de não permitirem o
desenvolvimento do sistema radicular a uma profundidade conveniente, apresentam
baixa capacidade de retenção de água.
Os podzólicos vermelho-amarelo (que incluem alguns solos massapés),
geralmente de profundidade média (60 a 120 cm), têm sido cultivados com bananeiras.
Nestes, se a topografia for pouco acidentada e possibilitar a mecanização, as plantas
quase demonstram seu total potencial de produção, contudo, há necessidade de se
aplicarem corretivos, fertilizantes e fazer-se a irrigação.
Os latossolos roxos de média e alta fertilidade (terra roxa legítima) têm se
mostrado próprios à bananicultura, porém, quase sempre, necessitam irrigação; os
demais solos dessa mesma categoria, mas com média a baixa fertilidade (terra roxa
misturada) e baixa fertilidade (terra roxa de campo) são também recomendados para o
cultivo da bananeira, ainda que apresentem menor fertilidade. Na terra roxa legítima,
gasta-se mais água em irrigações do que na terra roxa misturada e, nesta, mais do que
na de campo. Na terra roxa legítima foram encontradas raízes de bananeiras do
cultivar Terra, na profundidade de quase 4 metros.
Os latossolos vermelho-escuro-orto, freqüentes nas regiões de Avaré e
Itapeva, SP, são normalmente divididos em dois grupos pelos agricultores: Catanduva
(os mais claros) e Sangue de tatu (os mais escuros). Eles prestam-se normalmente para
a bananicultura não dispensando, contudo, a adubação, a correção de acidez e a
irrigação.
Os podzólicos vermelho-amarelo, Marília (média a alta fertilidade) e Lins
(média e baixa fertilidade), derivados do arenito Bauru superior, apesar de sua boa
textura, mostram-se pouco recomendáveis ao cultivo da banana, devido, em parte, aos
baixíssimos teores de matéria orgânica que possuem. Além disso, as chapadas desses
solos são totalmente impróprias para esse cultivo, pois sofrem encharcamento
motivado pela diferença textural do horizonte A (arenoso) e B (franco-arenoso e
areno-silicoso), que têm permeabilidades bem diferentes. Por vezes, essa transição
textural se encontra a cerca de 40 cm de profundidade, podendo até mesmo aflorar em
determinados casos, devido à erosão. Nas encostas desses solos, a camada menos
permeável (B) encontra-se em maior profundidade, permitindo o plantio da bananeira,
principalmente em seu terço inferior, onde há mais umidade. Neste solo, o cultivar que
teve melhor adaptação, devido a seu agressivo sistema radicular, foi o ‘Maçã’.
Os solos orgânicos são formados por uma camada de matéria orgânica, que
está depositada sobre um terreno bastante argiloso. Estes solos são sempre muito
ácidos e encharcados. Eles podem ser usados para o plantio de bananeiras, mas a
drenagem e a correção de acidez têm que ser feitas previamente. Neles, é elevada a
porcentagem de tombamento das plantas, pois as raízes não conseguem um bom
desenvolvimento e nem se fixam no terreno. Elas morrem precocemente devido,
principalmente, à presença do gás sulfídrico. A drenagem e a calagem devem ser
cuidadosamente executadas, uma vez que ambas contribuem para o acamamento do
terreno, por reduzirem a quantidade de matéria orgânica. Esta “queima” da matéria
orgânica faz com que o subsolo, que é francamente argiloso, venha a aflorar com o
tempo.
Nesses solos a calagem deve ser feita mais com vistas à nutrição da
bananeira do que a correção do seu pH ou a insolubilização do alumínio (que é sempre
bastante alto). Os resultados das análises químicas desses solos indicam com
freqüência a necessidade de se aplicar doses de calcário superiores a 20 t/ha, para se
poder neutralizar sua acidez ou eliminar o alumínio tóxico. Nesses casos,
recomenda-se, como dose máxima a ser aplicada anualmente, a quantidade de 5 t/ha de
calcário dolomítico. Cada nova aplicação deve ser sempre precedida de uma nova
análise de solo.
Os solos com cascalho, que incluem muitos do tipo salmorão, são
impróprios à bananicultura, principalmente devido a sua alta compactação, que
dificulta muito a formação de matéria orgânica e, conseqüentemente, uma boa
microflora bananícola. Nem mesmo uma simples população de minhocas consegue se
desenvolver nesse solo.
Nos solos muito compactos, o agricultor deve fazer o manejo do cultivo da
bananeira visando sempre obter a sua melhoria física. Uma técnica que pode auxiliar
muito esta meta é fazer o plantio do bananal em alta densidade (mais de 3.000 pés/ha)
e, após a colheita da primeira safra, destruí-lo e com a aração incorporar a ele todos os
restos de cultivo. Repetindo essa prática durante alguns anos e tendo o cuidado de
fazer sempre arações profundas e subsolagens durante o preparo do solo, será possível
melhorá-lo, tornando-o mais leve e mais próprio para o cultivo da bananeira. Nestes
solos, a esparramação de todo e quaisquer resto de outras culturas ou mesmo de lixo
decomposto propiciará uma melhor condição para o desenvolvimento do sistema
radicular da bananeira.
O emprego de cultivadores tracionados por tratores com pneumáticos, com
tração só em duas rodas, nos solos aluviais, lhes causa compactação, com resultados
extremamente danosos ao sistema radicular da bananeira.
Os solos arenosos têm normalmente baixos teores de matéria orgânica e
baixa capacidade de retenção de água. Estes solos são mais freqüentes nas margens de
rios. Eles podem ser usados nos plantios de bananeiras, mas é recomendável a adição
de matéria orgânica, por ocasião do plantio e sempre que for possível. A irrigação
deve ser feita com cuidado, pois eles têm tendência à salinização. Ela deve ser feita a
intervalos menores e a adubação anual mais fracionada, com aplicações a cada dois
meses no máximo, uma vez que o processo de lixiviação é grande neste solo.
Estes solos não devem ficar expostos ao sol, devido à grande capacidade de
evaporação que possuem.
A reforma periódica do bananal, neste caso, apresenta a vantagem de
aumentar a sua quantidade de matéria orgânica.
Nestes solos os nematóides têm maior facilidade de se multiplicarem e seus
estragos nas raízes das bananeiras são muito grandes.
3- Irrigação
A umidade do solo desempenha importante papel na produção do bananal,
especialmente com relação ao lançamento do cacho. Sob severa deficiência de
umidade, a roseta foliar se comprime e quando a inflorescência vai atravessá-la há
como que um bloqueio para sua passagem. Ela fica “engasgada”, sem conseguir
ganhar o exterior, da mesma forma que acontece com as baixas temperaturas ou
quando ocorrem inundações (Foto IV-11).
3.1.2- Inundação
Neste sistema de irrigação, há um grande desperdício de água e é difícil o
controle do consumo por metro quadrado. Admite-se que a eficiência desse método
seja de 65%.
Nesse sistema de irrigação, há uma total saturação de água no solo, o que
pode ser muito prejudicial à sanidade das raízes, uma vez que elas irão ficar por algum
tempo totalmente asfixiadas. Esta irrigação exige um bom sistema de drenagem aberto,
complementado por um outro feito com subdrenos, isto é, drenos cobertos. Devido ao
elevado custo de sua instalação e de operação, ele não é recomendado para os solos
rasos que necessitam receber irrigações mais freqüentes.
Deve-se ainda considerar que para se instalar este sistema de irrigação a
área precisa ser quase plana, o que é bem difícil de se encontrar. Porém, isto pode ser
obtido fazendo-se a sistematização da área.
Ela consiste em se fazer o seu nivelamento. Neste serviço, as partes mais
altas fornecerão terra para as mais baixas, com o detalhe de que somente será
transportada a camada do subsolo da área fornecedora de terra. Para isso, inicialmente
a camada superior é transferida para uma área anexa, em seguida retira-se o subsolo e
depois retorna-se a camada superficial para seu lugar original. Na área que vai receber
a terra, executa-se a mesma operação de remoção provisória da primeira camada, para
depois se aplicar a terra excedente da outra área. Após isto retorna-se a terra ao seu
primitivo local. Entretanto, muito freqüentemente, durante estes transbordos, há
mistura de solo e subsolo, tornando a área inviável para fins agrícolas por muitos e
muitos anos. A sistematização deve ser evitada a todo custo, nas áreas destinadas ao
cultivo de bananeiras.
No sistema de inundação, a água é conduzida para o bananal por gravidade
ou utilizando as bombas de recalque, através de canais revestidos ou não com
alvenaria ou por tubulações de plástico. A água é, em geral, distribuída aos diversos
locais do bananal por meio de sulcos e para isso é preciso que a textura do solo seja
mais argilosa do que arenosa. Entretanto, nas áreas onde se pode instalar este sistema,
os solos são, em geral, bastante arenosos. Devido a isto, nesses sulcos de distribuição,
onde a velocidade da água é bastante lenta, eles devem ter seu fundo revestido por
uma manta de plástico, para se reduzirem as perdas por infiltração. Há casos em que a
topografia não é totalmente favorável e por isso o canal é substituído por dutos de
cimento.
Em volta das bananeiras devem ser feitas pequenas “taças” que irão ser
inundadas. Essas taças são individualizadas por pequenas leiras que cercam algumas
bananeiras, cujo número varia segundo a topografia do local, podendo ser de apenas 4
ou 5 a até mesmo 20 delas. Não se deve fazer taças com mais de 20 plantas devido a
problemas operacionais e de erosão superficial.
Essas leiras são feitas com terra do mesmo local e têm, em geral, cerca de
30 cm de altura (Foto IV-13).
3.1.3- Aspersão
A aspersão é feita por equipamentos chamados de torniquetes ou “canhão”.
Seu tamanho é bastante variável e tem de estar de acordo com a potência do motor de
bombeamento da água. Sua capacidade de cobertura varia, em geral, de um círculo
com 1,50 m a 90 m de raio.
A aspersão apresenta uma série de vantagens sobre os demais sistemas de
irrigação. Adapta-se a todas as topografias; hidrata melhor as plantas; permite a
distribuição da água de modo uniforme em toda a área; possibilita avaliar com
precisão a quantidade de água distribuída; evita erosão; possibilita a fertirrigação; não
desperdiça água; é mais fácil de ser instalado e o equipamento tem capacidade de
irrigar áreas maiores.
Deve-se ressaltar que havendo o equipamento na propriedade, as adubações
poderão ser feitas mensalmente, o que reduz o consumo de fertilizante e melhora
muito o resultado de sua aplicação. Como desvantagens desse sistema menciona-se o
custo mais elevado do equipamento e a necessidade de haver mão de obra treinada.
O intervalo de tempo (turno de rega) entre uma e outra irrigação, a ser feita
durante o mês, é função do tipo de solo, sendo que nos mais arenosos utilizam-se 5
dias e nos mais argilosos 10 a 12 dias. Entretanto, até que se prove ao contrário, o
melhor método para se avaliar quando e quanto de água se deve aplicar é aquele que se
baseia na posição dos lóbulos foliares.
A quantidade de água que será complementada por turno de rega será a
diferença entre a última chuva caída e o volume indicado para esse período. Esse
volume varia com a capacidade de retenção de água do solo e ainda com a sua
profundidade e declividade, sendo de 100 mm nos solos rasos e pouco inclinados e de
180 mm nos mais profundos e mais inclinados.
Numa boa irrigação por aspersão para a bananeira, deve-se usar de 10 a 15
mm de água/h.
O número de horas da irrigação será calculado de acordo com a vazão dos
aspersores e o volume de água recomendado para o bananal, em função do tipo de
solo.
A aspersão pode ser feita acima das folhas (sobrecopa) ou abaixo das folhas
(subcopa).
Convém lembrar que as aspersões feitas sobre copas não criam condições
para o desenvolvimento das sigatokas, mas podem lavar os produtos que foram
aplicados para seu controle.
No sistema de aspersão sobre as folhas, normalmente se consegue irrigar a
uma só vez maiores áreas do que os métodos anteriormente descritos. Neste caso, o
equipamento pode ser fixo ou móvel. Este sistema tem um coeficiente de
aproveitamento da ordem de 75%, devido às perdas por evaporação, que aumentam
com a temperatura e o vento. Ele apresenta a desvantagem de nem sempre se
conseguir uma distribuição uniforme da água, quando se registram ventos com
velocidade superior a 8 km/h.
No sistema de aspersão sob as folhas a área que cada aspersor irriga é
menor, porém o seu coeficiente de aproveitamento é de 80% e sua distribuição é mais
uniforme.
Na irrigação por aspersão, para ser eficiente, é preciso que haja uma
pressão capaz de assegurar vazão constante no aspersor. A pressão varia segundo a
vazão e o raio que se pretende alcançar, estando, em geral, para o caso da aspersão
sobre a copa, entre os limites de 4 e 8 kg/cm². Nas aspersões por baixo da copa, as
pressões necessárias para garantir as vazões e coberturas desejadas são bem menores
(1,5 a 2,0 kg/cm²), o que torna o sistema muito menos dispendioso na aquisição e mais
econômico na sua operacionalidade.
O recalque da água do ponto de captação para os aspersores, é feito por
uma motobomba, que pode ser acionada por um motor elétrico ou diesel. Há casos
específicos em que este bombeamento pode ser feito por roda d’água, quedas naturais,
etc.
A tubulação inicial é de um diâmetro maior (rede mestre) que se divide em
outras (redes secundárias) com menor diâmetro. Estas, por sua vez, também são
divididas em outras (redes terciárias) com diâmetro mais reduzido ainda.
O material utilizado nas tubulações de recalque assim como na de
distribuição dentro do bananal varia conforme o tipo de aspersor que é utilizado.
A aspersão pode ser feita:
a- acima das folhas com:
a .1- canhão de alto ou pequeno alcance que pode ser:
a .1.1- fixo ou
a .1.2- móvel ou
a .1.3- misto
b- abaixo das folhas com:
b.1- miniaspersor que pode ser:
b.1.1- fixo ou
b.1.2- móvel
b.2- microaspersor fixo
O sistema acima das folhas, com canhão de alto alcance e fixo
normalmente é recomendado para as plantações com mais de um milhão de pés. Neste
caso, a tubulação é toda enterrada e feita de aço zincado ou ferro fundido. A rede
mestre tem 10” de diâmetro, a secundária tem de 6 a 8”e a terciária de 3 a 5”. No local
onde o aspersor vai ser instalado, é ligado um cano (torre), em geral com 3”, que é
mantido em pé por meio de um conjunto de tirantes. Seu comprimento é cerca de 100
cm acima das folhas (Foto IV-14).
Foto IV-14- A aspersão acima das folhas exige maior potência no
recalque da água. Onde há sigatoka-negra, sua utilização tem restrições.
Neste tipo de aspersão, o canhão tem grande vazão e em geral, tem sua
boca com uma ou mais polegadas. Seu raio de atuação varia de 40 a 90 m. Para esse
equipamento funcionar perfeitamente é preciso que haja uma pressão de 4 a 10 kg/cm²
no bocal. Exemplificando, para um canhão de uma polegada de vazão com alcance de
50 m, ele precisa de 8 kg/cm². Esse tipo de canhão é, geralmente, removido a cada
turno de rega e para que ele possa ser retirado da sua torre de sustentação, existem nela
vários estribos para o operário poder subir e descer facilmente.
A aspersão sobre a copa também pode ser feita com canhões de alcance de
10 a 15 m de raio. Estes canhões têm bico de ½ a ¾”. Este sistema é mais indicado
para propriedades pequenas. Pode-se ter torres fixas ou removíveis, sendo estas as
mais freqüentes. Elas são ligadas à rede d’água, por meio de uma tubulação flexível de
encaixe rápido e mantidas em pé, por meio de um tripé, pois suas alturas têm de ser
maior do que as bananeiras. As tubulações mais comumente usadas são de PVC rígido
ou de PVC preto flexível de média densidade, com 3 a 5”, que podem ser fixas
(enterrada) ou removíveis (sobre o terreno). Dentro do bananal ela é, em geral, de 1 a
2”.
Todos os sistemas fixos são instalados antes do plantio do bananal. A
localização das torres é planejada, previamente, segundo o equipamento e sua
potência, de modo que toda a área (sem vento) seja uniformemente coberta.
Este sistema opera com um ou dois canhões a cada vez. No caso de se ter
um só canhão com alcance de 60 m de raio, ele deve irrigar cerca de 1 ha, por turno
de uma ou duas horas, segundo a programação. É um sistema muito eficiente que pode
operar as 24 horas do dia e fazer qualquer adubação, porém tem um custo elevado de
instalação.
No sistema de aspersão acima das folhas, com canhão de alto alcance e
móvel, o mais simples que existe é aquele em que se instala sobre uma carreta o
equipamento e um motor elétrico ou a diesel para acioná-lo. Ele é deslocado ao longo
de canais previamente construídos em todo o bananal, de onde retira a água para a
irrigação. Geralmente este equipamento tem canhão com alcance de 25 a 30 m de raio
(Foto IV-15).
Foto IV-17- O pivô central é uma boa forma de irrigar, porém o custo
de aquisição e manutenção são elevados. Há restrição de seu uso
se a sigatoka-negra estiver presente.
Nos bananais recém-plantados, a aspersão acima das folhas pode criar
problemas de erosão superficial, se não houver um bom controle da água aplicada.
Nos bananais que já têm muitas folhas velhas no chão, esse problema deixa de existir,
dada a proteção que elas proporcionam ao solo.
Dos sistemas de irrigação, a aspersão abaixo das folhas é o melhor de
todos, quando se empregam aspersores (“torniquetes”) rotativos com alta vazão e
baixa pressão, que evitam ferimentos nos pseudocaules. É o mais eficiente ao se
considerar as perdas por evaporação, o rendimento de serviço, a potência empregada
na bomba de recalque, o volume de água distribuído por m² e a área irrigada.
Miniaspersores são aqueles de pequeno alcance, tendo um raio que varia de
1,5 a até 12 m.
No sistema de aspersão abaixo das folhas, com miniaspersor fixo a água é
bombeada por tubulações que podem estar enterradas ou não.
O aspersor mais indicado é o do tipo de alta vazão e baixa pressão, cujo
raio de alcance deverá ser de 6 a 8 metros e ângulo de 5 a 7° (Foto IV-18A). É
importante que esse aspersor tenha regulagem capaz de realizar um giro completo de
360°, com 12 a 15 piques. Desta forma, evita-se que o jato seja muito forte e que
também ele permaneça em uma só direção e venha causar danos nos pseudocaules das
plantas (Foto IV-18B).
Foto IV-18A- A aspersão fixa subcopa é a mais indicada, principalmente
onde houver sigatoka-negra. Esse método possibilita o emprego de
aspersores com engate rápido, que uma vez vencido o turno de rega,
pode ser usado em outros pontod de irrigação.
(Foto de Luiz A. Lichtemberg da EPAGRI).
1- Conceitos
Os atuais problemas que afligem o cultivo da bananeira no seu todo e os
conhecimentos já adquiridos sobre a planta - sua ecologia, os problemas nutricionais e
fitossanitários, a comercialização e a necessidade de se evitar ao máximo poluir o
meio ambiente com os defensivos - permitiram elaborar uma nova metodologia de
produção no seu todo.
Na implantação de um bananal, deve-se lembrar que os conhecimentos
adquiridos geraram também uma nova filosofia de trabalho que se baseia em conceitos
completamente novos.
O primeiro conceito é de que o bananal não tem vida permanente como
sempre foi considerado, desde os primeiros plantios feitos no Brasil Colônia. A partir
a
da colheita do 5° cacho da “família” (5 “safra”), cerca de 20% da área total do
bananal deverá ser destruída todos os anos. Somente após um período 6 a 8 meses de
descanso da área, completamente sem nenhuma bananeira ou “filhote”, o novo
bananal será plantado. Este período é para que as pragas do solo (nematóides, broca,
traça, etc.) morram ou se reduzam a níveis desprezíveis.
O segundo conceito se aplica às áreas mecanizáveis, onde o bananal velho
poderá ser destruído com o auxílio de implementos agrícolas (desintegrador de restos
de cultivo, enxada rotativa, roçadeiras, rolo-faca, etc.) incorporando ao solo todos os
restos de cultivo, seguido de uma rotação de cultura, de preferência com leguminosas
ou apenas deixando a área completamente sem nenhuma bananeira ou “filhote”, sem
cultivo e sem mato, pelo prazo já citado.
O terceiro conceito é de que o bananal pode ser plantado em área não
mecanizável, desde que na propriedade haja condições de destruir o bananal velho por
meio de criações (bovinos, eqüinos, etc.). O novo plantio somente será feito após ao
descanso e nas condições anteriormente citadas.
O quarto conceito é de que o bananicultor não deverá retirar nenhuma
muda de seu bananal para os novos plantios. Ele deverá manter, em caráter
permanente, uma área reservada para a produção de mudas (viveiro), onde o solo será
tratado contra nematóides e insetos e as plantas inspecionadas, rotineiramente, para
evitar problemas com essas pragas e com os vírus também.
O quinto conceito estabelece que os viveiros serão formados com mudas
adquiridas de laboratórios de biotecnologia, as quais serão aí multiplicadas, avaliadas
sua produção e eventuais aparecimento de variações somaclonais. Elas devem vir
limpas de nematóides, brocas, vírus, bactérias, requisitos esses que deverão estar
declarados no certificado de fitossanidade que acompanhará a entrega das mesmas.
O sexto conceito estabelece que em cada lote do bananal se plantará um só
cultivar.
O sétimo conceito é de que a bananeira deve ser tratada como uma hortaliça
gigante e, como tal, precisará ser irrigada sempre que necessitar, ser protegida por
quebra-ventos, ser adubada sempre, devidamente tratada fitotecnicamente e
fitossanitariamente, etc.
O oitavo conceito é de que os produtores devem programar suas colheitas,
orientando-as para que sejam constantes todos os meses, de modo a evitar a ocorrência
de picos de excesso de produção, que sempre abaixam os preços.
O nono conceito é de que as áreas inundáveis devem ser protegidas por
“polders”, antes do plantio.
O décimo conceito é de que o “neto” deve ter, no mínimo, as seguintes
alturas, por ocasião da colheita da “mãe”, segundo o cultivar, a saber:
‘Nanica’ 20 a 30 cm;
‘Nanicão’ 30 a 40 cm;
‘Enxerto’ (‘Prata anã’) 30 a 50 cm;
‘Prata’ 50 a 60 cm;
‘Pacovan’ 60 a 80 cm.
Caso isso não aconteça, pode-se dizer que o bananal está velho ou com
problemas e por isso deve ser reformado, pois perdeu seu vigor e o produtor está
perdendo dinheiro.
O décimo-primeiro conceito é de que o bananicultor tem que ter espírito
associativista tanto para a compra de insumos, como para a venda de sua produção.
2- Planejamento da propriedade
O planejamento de um bananal deve ser feito antes do plantio, quando se
pode evitar uma série de erros, muitos dos quais impossíveis de serem corrigidos
posteriormente. Um perfeito planejamento do bananal torna mais rápidas e fáceis a
execução das operações de cultivo, controle da sigatoka-amarela, combate às ervas
daninhas, irrigação, desbastes, colheita, transporte e a sua reforma e, com isso a
realização destas operações ficam menos dispendiosas.
O planejamento correto dos carreadores, por exemplo, em determinados
casos pode reduzir muito o tempo das pulverizações e aumentar consideravelmente a
sua eficiência na proteção das plantas.
A maneira mais fácil e econômica de fazer o planejamento é pela análise da
fotografia aérea da propriedade. Nela, as aguadas e ribeirões são bastante visíveis
assim como as diferenças topográficas. Esses detalhes permitem que se estude a
necessidade de eventuais retificações dos leitos dos córregos e também se selecionem
áreas que serão reservadas, dentro da propriedade, para reflorestamento ou para outras
culturas e, ainda, aquelas que não devem ser trabalhadas devido a problemas de
encharcamento ou grandes desníveis topográficos, etc. Da mesma forma se estudará o
traçado do conjunto de carreadores, caminhos e estradas conjugando-os com as
direções dos ventos mais constantes, localização das coordenadas nascente-poente e as
demais obras de engenharia como as barragens, “polder”, localização de casas,
barracões, casas de embalagem, cabos aéreos, etc.
Porém, há outros aspectos básicos, muitos dos quais podem até ser
limitantes e por isso merecem especial atenção, tais como:
2.1- Mercado consumidor
É importante que se tenha um perfeito conhecimento do potencial do
mercado consumidor, das suas limitações sazonais, da sua distância até a propriedade,
das facilidades de acesso à propriedade durante todo o ano e da tradição da variedade
consumida. Estes aspectos precisam ser conhecidos e estudados para evitar dissabores
e problemas futuros.
2.5- Drenagem
Os bananais que sofreram inundações mas sobreviveram, apresentam, por 6
a 8 meses, grandes perturbações no seu metabolismo. É freqüente o aparecimento de
cloroses nutricionais, envolvendo vários nutrientes, por falta de raízes e radicelas para
os retirar do solo. Estas morreram por asfixia do solo e por esse mesmo motivo
também levam muito tempo para voltarem a se desenvolver. Decorrido esse tempo a
bananeira tende a voltar a sua normalidade.
Um estudo preliminar sobre a drenagem da área indicará a necessidade da retificação
das aguadas existentes, que passarão a funcionar como valas mestres. Se elas forem
muito sinuosas, é recomendável a abertura de valas tão retas quanto possível, com a
“drag-line” ou uma retro-escavadeira, cujo custo/hora é pequeno em face do seu
desempenho. Elas irão constituir a base do sistema de drenagem da área.
A localização das valas de drenagem, nas grandes áreas, deverá ser feita
segundo um levantamento topográfico. Nas áreas menores, o serviço de topografia
pode ser substituído por uma criteriosa avaliação visual da área, quando ela já estiver
limpa e se possível já arada e gradeada.
A drenagem da área será feita por meio de um sistema de valas abertas, que
iniciará com as valas mestres, as quais receberão as águas das valas secundárias e
estas, por sua vez, as das terciárias. Como auxiliar desse sistema de drenagem serão
abertos vários subdrenos, conforme a necessidade. Estes subdrenos serão abertos onde
eles forem necessários e ligados em qualquer vala.
As valas mestres serão projetadas e construídas a partir das aguadas,
procurando-se sempre abri-las de modo que a sua profundidade tenha o mesmo nível
das aguadas.
As valas secundárias deverão ser abertas com uma profundidade mínima de
80 cm e as terciárias com 40 a 60 cm, para garantir um bom arejamento do solo.
O sistema de drenagem deve ser tal que após uma boa chuva (mais de 30
mm) e tendo a água escorrido das valas (cujo tempo não deve ser maior do que 24
horas), o lençol freático da área compreendida entre duas valas, na sua parte central,
esteja no mínimo a 20 cm de profundidade. Nas próximas 24 horas, este nível
precisará ter passado para 30 a 40 cm e, ao completar 48 horas, estar a 40 cm ou mais.
Caso isto não aconteça, haverá necessidade de abrir novas valas redividindo essa área.
A inspeção do nível do lençol freático pode ser feita abrindo-se buracos no
chão, seguindo uma linha reta perpendicular a duas valas. Os buracos devem ser feitos
na profundidade dessas valas e a uma distância de mais ou menos 5 m um do outro.
Eles podem ser abertos com a cavadeira americana (empregada na construção de
cercas). Dentro de cada buraco coloca-se um tubo de PVC ou um tolete de bambu
gigante, com diâmetro de cerca de 10 cm, pelo qual far-se-ão as inspeções para a
avaliação do nível do lençol freático.
As valas deverão ter suas paredes laterais com uma inclinação de cerca de
20º nos solos mais argilosos e de 30º nos mais arenosos. Deve-se evitar que suas
paredes fiquem na vertical (Foto V-2).
2.6- “Polder”
Áreas sujeitas a inundações devem ser protegidas para se evitar prejuízos,
que as podem tornar inviáveis para o plantio de bananeiras. Para isso se constroem
“polders”, que podem ser definidos como áreas protegidas por diques para impedir que
a água as inunde.
Antes de se iniciar esta obra, é necessário o parecer de um especialista
quanto à viabilidade técnica de sua execução e também a estimativa do custo do
investimento. A viabilidade econômica da sua construção diz respeito ao custo da obra
em relação à área que será protegida e qual o seu aproveitamento agrícola.
A viabilidade técnica da sua construção, depende de alguns fatores, que
devem ser previamente examinados:
a) se o tipo de solo não terá problemas de infiltração de água, por baixo do
aterro a ser construído;
b) se há terra em quantidade e com qualidade suficiente para a construção
do aterro;
c) se a velocidade máxima das águas que causam as inundações não será
capaz de destruir o aterro ou, então, se elas não são por demais volumosas que venham
a exigir um aterro muito alto, para se ter a proteção desejada;
d) se a bacia hidrográfica, dentro do “polder”, não é muito grande ou se
nela há aguadas muito longas, que venham a exigir a instalação de um conjunto muito
possante de motobombas para a retirada dessa água, quando as comportas forem
fechadas, por ocasião das inundações.
O “polder” deverá ter um bueiro para escoamento natural das águas, que
normalmente corresponde à parte mais baixa do terreno e que é, quase sempre, o
mesmo por onde sai a aguada principal.
Nesse bueiro, pelo lado externo do polder, precisa haver uma comporta
manual ou automática, para o controle de saída das águas. É recomendável também a
construção de outra comporta, pelo lado de dentro desse bueiro, que será fechada
quando se quiser irrigar a área, por levantamento do lençol freático ou por inundação
ou mesmo para estocar água para irrigar por qualquer outro método.
A comporta manual tem o funcionamento semelhante ao de uma guilhotina.
A comporta automática, também conhecida como “de rodo”, consta de uma
prancha de madeira ou de ferro, que tem uma dobradiça fixando-a na parte superior do
bueiro. A sua parte inferior é livre. Ela é em tudo e por tudo igual a uma porta, que só
abre para cima.
Se o nível do rio que recebe a água do polder estiver baixo, ou seja, na
posição normal, ela sairá livremente dele através da comporta. Entretanto, se o nível
estiver alto, a pressão externa passará a ser maior que a interna e a comporta tampará a
boca do bueiro, impedindo que a água do rio entre no “polder”.
A comporta interna deve ser do tipo guilhotina, com funcionamento
manual. Esta somente será acionada quando se quiser impedir que as águas internas
saiam para o rio.
Em ambos os casos, é necessário que, ao se fechar a comporta, a boca da
tubulação esteja bem limpa para que haja boa vedação.
Foto V-6- O cabo aéreo termina em um poste que garante seu nível.
Sua tensão é dada pelo tirante que é fixado nele e numa barra
de concreto que estará enterrada.
Toda vez que for necessário fazer-se uma curva, empregam-se chapas de
ferro de 3/8 x 2” que são recurvadas, conforme a necessidade do local, tendo-se
sempre o cuidado de não se fazer curvas com raio inferior a 4 m. Essa curvatura é feita
com a angulosidade assim aberta para facilitar o tracionamento dos cachos. Quando se
vai fazer uma curva, deve-se usar apenas suportes de ferro, por eles serem mais rígidos
e com isto possibilitarem uma estrutura mais firme, o que evitará acidentes. Na parte
superior da chapa recurvada, é soldado um vergalhão de aço de 1/2 ou 5/8”, que
deverá ser de diâmetro igual ao do cabo aéreo. A união da chapa recurvada com o
cabo aéreo será feita por meio de um sistema semelhante ao que se usa em trilhos de
ferrovia, que é chamado de agulha. O apoio entre eles é feito por meio de uma chapa
com a forma de um J invertido a qual é solidária à chapa recurvada, que descansará
sobre o cabo aéreo. Igual sistema é feito quando se tem que unir duas linhas de cabos
aéreos (Foto V-7).
3- Preparo da área
A área a ser plantada pode estar com mata ou já estar desmatada.
4- Espaçamento
Desde há muito sabe-se que o espaçamento influi no ciclo vegetativo e,
portanto, no ciclo de produção. Maiores densidades implicam em maiores ciclos.
É preciso lembrar-se que os ciclos também aumentam com a idade dos
bananais e que esta influência é maior do que a determinada pela densidade de plantio,
desde que não excedam as recomendações atualmente existentes.
Estudos feitos demonstraram que a densidade de 1.600 plantas/ha (2,5 x 2,5
m) em bananal do cultivar Nanicão, na idade da 3a safra, teve, em média, seu ciclo
encurtado em 40 dias, quando comparado com um outro com densidade de 2.000
plantas/ha (2,0 x 2,5 m). A tonelagem colhida, na maior densidade, foi cerca de 20%
mais elevada, tendo apresentado 15% a mais de lucro. Deve-se ressaltar que as
bananas do lote de menor densidade foram visualmente consideradas mais bonitas. No
lote de maior densidade, foram colhidos quase 400 cachos a mais, o que representou
mais de 1.200 pencas de banana com maior tamanho (correspondente às três primeiras
do cacho), que melhoraram muito o aspecto das caixas.
Antigamente, quando o mercado interno tinha o hábito de comprar bananas
por dúzia, as donas de casa já valorizavam as bananas de maior tamanho. Porém,
interessava muito ao feirante e aos donos de frutarias, que na caixa houvesse apenas
um certo número de frutas de bom tamanho, pois ele as comprava por unidade e
vendia a banana por dúzia. Desta forma ele tinha maior número de dúzias na mesma
caixa. Esta foi uma grande barreira para que o produtor aceitasse as novas tecnologias
de embalagem, que lhes eram apresentadas, tais como limitação de peso em função do
volume da caixa, a transformação das pencas em buquês, a construção de galpões de
embalagem, etc. Tendo a venda de bananas passado a ser feita em quilos, estas
barreiras caíram por terra.
Com referência à banana produzida para exportação, há interesse em se
apresentarem frutas mais longas. Para esse mercado pode-se pensar em plantios no
espaçamento de 2,5 x 2,5 m ou até 2,0 x 3,0 m; espaçamentos maiores do que estes
representam um desperdício de área, aumento de gastos no combate às ervas-daninhas
e também maiores despesas com irrigação.
Atualmente há duas formas de se plantar um bananal no tocante ao
espaçamento.
A primeira é seguindo um esquema onde o espaçamento inicial corresponde
ao número de “famílias” recomendado para plantio do cultivar, número esse que será
mantido permanentemente na área.
A segunda forma é plantando-se inicialmente o dobro do número de
“famílias” recomendadas, número esse que será reduzido a apenas 50%, após a
colheita da primeira safra, quando então se tem a densidade indicada para o cultivar.
O plantio em elevada densidade, com posterior redução da população após
a colheita da primeira safra, apresenta as seguintes vantagens:
a) elevada produção na primeira safra, apesar dos cachos sofrerem uma
pequena redução no seu tamanho (8-9 pencas), mas, em compensação, há um retorno
mais rápido do capital empatado na implantação do bananal;
b) produção de um sombreamento uniforme mais precocemente, em toda
área, dificultando o desenvolvimento das ervas-daninhas, o que torna o combate ao
mato, durante esse primeiro ciclo, mais fácil e reduz para apenas duas ou três as
operações de capina, com máquinas ou a uma ou duas a aplicação de herbicida;
c) o solo sendo mais rapidamente sombreado tem menor insolação e menor
evaporação ficando, portanto, com mais disponibilidade de água para as plantas, que
são em maior número, mas que não “bebem” tanta água como o sol.
O esquema de alta densidade se baseia no fato de que é pequena a
influência da densidade na produção da primeira safra, uma vez que todas as plantas
vão crescer juntas. Deve-se ressaltar que o sucesso desta metodologia depende de
haver um desenvolvimento inicial do bananal bem uniforme, o que se consegue
plantando mudas do mesmo tipo e peso. Ao se fazer o replantio das eventuais falhas,
deve-se empregar mudas mais velhas, para que estas venham a se igualar com o
desenvolvimento das demais plantas.
Estando o bananal já com mais de seis meses de idade e verificando-se que
uma planta está com seu desenvolvimento muito atrasado, ela deverá ser eliminada por
ser uma planta dominada pelas demais e também por sua produção se retardar muito e
seu cacho ser, em geral pequeno, cujo valor comercial será baixo. Com isto, o seu
“filho” começará a crescer e terá sua produção na mesma época dos demais “filhos”
das plantas normais.
O cultivar Nanicão, na densidade dobrada, será plantado no espaçamento de
1,0 a 2,5 m. Após a colheita da primeira safra, se o lote estiver uniforme, elimina-se
alternadamente uma planta dentro da linha, reduzindo-se assim a população a apenas a
50% da inicial. Desta forma o bananal ficará com o espaçamento definitivo de 2,0 a
2,5 m. Se houver falhas, a eliminação das bananeiras não será feita de forma
totalmente sistemática. Onde houver uma falha, deixam-se as duas covas seguintes
sem serem eliminadas e, a partir da segunda, reinicia-se a retirada de plantas
alternadamente.
Este esquema é válido para os cultivares Nanicão e os do tipo Prata, que
têm folhas mais eretas. Para os cultivares Nanica e Grande Naine, esta metodologia
não é recomendável, pelo fato deles terem suas folhas em posição mais horizontal, o
que causaria problemas de acomodação entre elas.
É ponto pacifico que, para os bananais já em produção do cultivar Nanicão,
nas condições do Estado de São Paulo, as densidades de 2.000 (2 x 2,5 m) a 2.500 (2 x
2 m) plantas por hectare proporcionam boas colheitas, com altos rendimentos (50 a 60
t/ha) e frutas de boa qualidade.
O espaçamento para plantio do ‘Grande Naine’ deverá ser de 2 x 2 m ou 2 x
2,5 m assim como o ‘Nanica’.
A fertilidade do solo também influencia no espaçamento. Nos terrenos de
elevada fertilidade, com boas propriedades físicas como as várzeas do rio Ribeira, SP,
e em especial as de Sete Barras, SP, (solo alúvio-colúvio com mais de 6 m de
deposição), o espaçamento não poderá ser menor do que 2,0 x 2,5 m. A exuberante
vegetação do ‘Nanicão’ e do ‘Grande Naine’ provoca acentuada concorrência em luz.
O bananal de ‘Nanicão’ ou de ‘Grande Naine’ também pode ser plantado
no espaçamento definitivo de 2 x 3 m, o que possibilita que se faça sua condução no
sistema de uma “família” e um “filho bastardo” (ver Cap. VI-3.4).
O cultivar Enxerto (‘Prata anã’) deverá ser plantado no espaçamento de 2 x
3 m, quando se usarem mudas convencionais. Se todos os tratos culturais forem bem
feitos, será possível fazer-se a condução do bananal no sistema de uma “família” e um
“filho bastado”. Nos plantios feitos com este cultivar, com muda de laboratório, é
possível fazer-se o esquema de densidade dobrada, pois o desenvolvimento destas
mudas é muito rápido e com isto elas emitem poucas folhas que resultam num
primeiro cacho sempre pequeno. Tendo em vista que a planta “filho” terá
desenvolvimento e produção grande, a redução da densidade de plantio não poderá
deixar de ser feita.
Para os cultivares de porte alto como o ‘Branca’, ‘Prata’ e ‘Pacovan’, o
espaçamento recomendado é de 1,5 x 3,0 m para a primeira safra, devendo-se proceder
em seguida à redução de 50% da população, ficando portanto, com 3,0 x 3,0 m. Em
áreas com maiores temperaturas, com mais fertilidade e com irrigação, o espaçamento
inicial será aumentado para 1,5 x 4,0 m, para posteriormente ficar com 3,0 x 4,0 m.
Este espaçamento possibilita que se conduza o bananal no sistema de uma “família” e
um “filho” bastardo, que compensa, em parte, a redução da produção devido à baixa
densidade (ver Cap. VI-3.4). Caso contrário, o espaçamento será de 1,5 x 3,5 m
passando, quando em definitivo, para 3,0 x 3,5 m.
Para os cultivares do grupo Terra, os espaçamentos deverão ser de 3,0 x 3,0
m ou 3,0 x 4,0 m, densidade esta que será sempre mantida, devido aos problemas de
tutoramento do cacho e da sua colheita.
Para o caso do cultivar Maçã, onde o desbaste é recomendado com
restrições, o espaçamento deverá ser de 3,0 x 3,0 m ou 3,0 x 4,0 m e mantido sempre
assim. Haverá, portanto, a formação de uma touceira que, com o passar do tempo, será
destruída com o mal-do-panamá, salvo se algum dia houver um método, fungicida ou
híbrido que consiga controlar essa enfermidade.
Escolhido o espaçamento, por exemplo 1,0 x 2,5 m, faz-se o sulcamento
conservando-se a maior distância entre os sulcos (2,5 m) e a menor distância (1,0 m)
dentro do sulco. A marcação dos sulcos será feita por balizamento para o tratorista e o
local de plantio, o plantador o fará com o auxílio de uma vara, quando for executar
essa operação. Não se optando pelo plantio adensado, o espaçamento inicial
corresponderá ao que ficaria após a redução da população.
Ao se colocarem as mudas no sulco, deve-se cuidar que elas não fiquem
alinhadas com as outras do outro sulco. Esse descompasso entre elas produzirá um
melhor aproveitamento da área, pela folhagem das plantas.
No espaçamento de 1,0 x 2,5 m (4.000 bananeiras/ha), as capinas poderão
ser executadas com um microtrator tipo Agrale ou Yanmar, que tem maior mobilidade
dentro do bananal do que os tratores normais. Justifica-se a aquisição de um
microtrator no caso de bananicultores com 20 a 30 mil pés ou então com mais de 200
mil pés.
Esta recomendação é válida, devido ao baixo custo de aquisição e
manutenção do microtrator e também por ele resolver os problemas de formação e
condução do bananal do pequeno agricultor. Para os produtores do segundo grupo, o
microtrator permitirá que um trator grande seja empregado em outros serviços,
enquanto ele cuida da formação e manutenção do bananal.
Pode-se até mesmo dizer que, em parte, a opção deste ou daquele
espaçamento dependerá do tipo de trator que houver na propriedade.
Os trabalhos conduzidos no Vale do Ribeira, SP, desaconselham, para as
condições do Estado de São Paulo, o plantio de bananeiras pelo método de linhas
duplas. Neste caso o espaçamento entre linhas não é constante; ele se alterna, sendo
uma vez pequeno outra vez maior.
Dentre os múltiplos inconvenientes que este método apresenta, podem ser
mencionados os seguintes:
a) as plantas apresentam uma maior tendência ao tombamento quando
sujeitas a ventos fortes, por se inclinarem para o lado do espaçamento mais largo e
com isto uma não protege a outra;
b) durante a formação, a mecanização é dificultada, exigindo capinas
manuais nas linhas mais estreitas, uma vez que o microtrator não consegue entrar
nelas, o que não acontece quando o espaçamento entre linhas é uniforme;
c) há maior desenvolvimento de ervas-daninhas nas linhas mais largas,
exigindo capinas por um prazo mais longo, durante a formação do bananal, o que
muito freqüentemente causa destruição de raízes e, quando se aplicam herbicidas, o
seu efeito é menor nessas linhas;
d) a destruição do bananal, por ocasião da reforma, é também mais
dificultada por concentrar desuniformemente a massa de bananeiras.
Entretanto, há produtores que se utilizam de espaçamentos não
convencionais, por quererem fazer determinadas práticas agrícolas que são específicas
e pertinentes apenas para o seu caso.
Pode-se citar situações em que o equipamento para controle do
mal-de-sigatoka seja de pequeno alcance e com isto exija plantios em blocos de 4 ou 5
linhas juntas, seguidas de uma mais larga, por onde o trator irá transitar. Há casos
também do produtor fazer blocos ainda menores para que ele possa molhar seu
bananal. São situações peculiares, mas que o produtor deve procurar, pelo menos
manter dentro dos blocos os espaçamentos anteriormente recomendados.
5- Época de plantio
A melhor época para plantio do bananal é no início do calor e das chuvas.
Em regiões onde a temperatura não sofre grandes oscilações, a definição da
época de plantio fica condicionada à ocorrência de chuvas ou à possibilidade de se
irrigar ou ainda aos preços de mercado, por ocasião da sua primeira colheita.
Os plantios a serem feitos em regiões onde a irrigação é limitante, eles
somente podem ser iniciados quando o sistema escolhido já estiver funcionando.
Como as chuvas na região Sul e Centro-Sul do país, ocorrem a partir de
outubro, simultaneamente com a chegada do calor, este deve ser o período da
implantação dos bananais para elas, pois é a ocasião em que a planta se desenvolve
mais rapidamente.
Outro fator que reforça a escolha dessa época para o início dos plantios é o
fato de que, normalmente, o preço das frutas é mais elevado durante o segundo
semestre (decorrente da menor oferta de todas elas), ocasião em que este bananal
estará, com sua primeira safra, em plena fase de colheita.
Sendo a melhor época para o plantio essa de muito calor e chuvas, há
necessidade de uma prévia instalação de um perfeito sistema de drenagem, para que as
águas caídas escoem rapidamente. Se isto não for providenciado em tempo hábil, as
áreas mal drenadas se encharcarão e o calor solar provocará o cozimento das mudas. O
plantio em sulcos reduz, em parte, esses problemas, mas não os elimina.
A falta de calor diurno não aquece muito o solo e como ele se esfria durante
a noite, as mudas apenas iniciam sua brotação e assim permanecem, até que a
temperatura venha a se elevar. Isto obrigará o produtor a combater o mato por um
maior período, o que onerará os custos de produção sem haver ganho no tempo para a
colheita.
6- Transporte da muda
Ele se divide em duas partes: para a propriedade e dentro dela.
7- Plantio
Ao se plantar um bananal, deve-se usar apenas uma muda em cada cova. As
falhas que eventualmente venham a ocorrer, devem ser replantadas, tão logo seja feita
sua constatação, o que deve acontecer durante a primeira inspeção, a ser feita por volta
do 30° dia do plantio.
Há alguns agricultores que optam por espaçamentos mais largos entre as
covas (nos dois sentidos) e plantam duas mudas em cada uma, a distância apenas de 20
a 30 cm entre elas. Esta é uma prática condenável, pois as mudas irão se desenvolver
ao mesmo tempo, havendo grande competição dos seus sistemas radiculares, que
estarão explorando, intensivamente, apenas o solo ao seu redor e deixando de fazê-lo
em toda a área, dada a enorme distância entre as covas. Se este problema já ocorre no
desenvolvimento inicial da muda plantada, mais grave ele se tornará por ocasião do
crescimento e da produção da planta “filho” e, mais ainda, quando da planta “neto”.
Este erro no plantio pode ser perfeitamente avaliado ao se observar que,
muito prematuramente, as plantas começam a apresentar cloroses de magnésio,
seguida de nitrogênio e depois de micronutrientes, como o zinco e o boro.
Foto V-13- As mudas rizoma inteiro devem ser postas no fundo do sulco
e terem apenas seu rizoma coberto com terra solta.
Foto V-14- Nas mudas altas e pau de lenha raramente há necessidade
de se fazer algum replante.
Em resumo, ao se efetuar o plantio das mudas quer seja do tipo pedaço de
rizoma ou rizoma inteiro, não se deve esquecer de respeitar:
a) o local onde a muda vai ficar dentro da cova ou do sulco;
b) a sua profundidade do plantio;
c) a orientação em que ela deve ser colocada na cova ou no sulco, para
facilitar que seu caminhamento ocorra a 12° norte-leste, conforme assim determina a
natureza.
É recomendável aplicar-se o herbicida diuron, (somente produto + água)
logo após ao plantio das mudas dos tipos pedaço de rizoma e rizoma inteiro (todos
eles), pois ele não lhes causa injúrias ou afeta seus desenvolvimentos. Com esta
aplicação do diuron, as mudas se desenvolverão no limpo e pode-se retardar um pouco
mais o fechamento da cova ou do sulco e também o início do controle do mato no
bananal. Entretanto, no caso de mudas cevadas e as de laboratório, retiradas
diretamente das bandejas ou as ensacadas, tem-se verificado a ocorrência de algumas
injúrias, quando a aplicação do diuron é feita logo após o plantio. Para se evitar a
ocorrência deste problema, deve-se proteger as mudas cobrindo-as com um balde, de
modo que o herbicida não tenha contato direto com elas (Cap. VI-1.2).
8- Replantio
Durante o período de verão, independentemente do tipo de muda plantado,
o seu desenvolvimento inicial é mais rápido e por isso, após 30 a 40 dias do seu
plantio, deve-se fazer o replantio do bananal, uma vez que nesta ocasião já se sabe
quais mudas não brotaram. Nos lotes onde foram plantadas as mudas tipo pedaço de
rizoma, cujo desenvolvimento inicial é mais lento, pode-se até mesmo esperar mais 10
a 15 dias para se iniciar o replantio. É possível também tomar-se como padrão de
referência um “standard” médio de desenvolvimento das mudas, para se ter uma
melhor visualização das que não irão brotar ou que, se vierem a fazê-lo, serão fracas, e
com isso se definir o melhor momento de se iniciar o replantio.
Em épocas de menores temperaturas, as mudas plantadas nessa ocasião têm
seu desenvolvimento inicial bem mais lento, principalmente as do tipo pedaço de
rizoma que chegam até mesmo, durante o inverno, a ficar quase que dormentes. Neste
período, ela emite apenas algumas raízes, cujo comprimento não ultrapassa a casa dos
10 a 20 cm. Estas raízes servem somente para manter a muda hidratada. Quando
ocorre o aumento de temperatura, principalmente a noturna, é que a muda entra em
desenvolvimento. Desta forma, não se pode definir um número certo de dias, como
válido para o ano todo, para se iniciar o replantio.
Os lotes plantados com mudas pedaço de rizoma devem ser replantados
com mudas rizoma inteiro, pesando entre 1 e 2 kg.
O replantio das mudas do tipo rizoma inteiro deve ser feito sempre tendo-se
o cuidado de usar mudas desse mesmo tipo, porém com tamanho um pouco maior das
que foram plantadas inicialmente.
Ao se executar o plantio destas mudas replante, deve-se apertar bem a terra
a sua volta, para deixá-la firme, principalmente nos locais onde não se possa irrigar
logo após esta operação.
As mudas replantes devem ser plantadas no mesmo dia em que forem
arrancadas. Estas mudas também devem ser escalpeladas e banhadas em hipoclorito de
sódio antes de serem plantadas, salvo se forem produzidas em viveiros devidamente
tratados.
Os lotes plantados com mudas de laboratório, quer tenham sido de plantio
direto da bandeja ou com mudas enviveiradas em sacos de polietileno, devem ser
replantados após 30 a 40 dias, com mudas de mesma origem, que ficaram crescendo
no telado, em sacos de polietileno.
Estes cuidados com o replantio precisam ser tomados a fim de se manter o
padrão de desenvolvimento do lote, para que a época de colheita dele se concentre em
um só período.
Quadro V-1- Classificação entre os diversos tipos e peso da muda quanto à precocidade do
nascimento (N), desenvolvimento inicial (D), 1° ciclo de produção (C) e à produção (P).
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Tipo Padrão Avaliação
----------- --------- --------------------------------
N D C P
Laboratório da bandeja 1 3 3 1
no saco 1 1 2 1
Pedaço 200 g 5 6 6 5
1.000 g 4 5 5 3
ceva 200 g 3 3 5 4
ceva 1.000 g 2 2 4 3
Inteira 1.000 g 4 4 4 4
2.000 g 4 4 4 2
3.000 g 3 3 3 2
5.000 g 3 3 2 3
deitada 5.000 g 3 2 2 1
pau de lenha + 5.000 g 2 1 1 6
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Observação: 1= melhor e 6 = pior.
1.2- Herbicidas
Sempre que o agricultor observar que há mato se desenvolvendo no
bananal, isto constituí uma boa indicação de que a densidade de plantio está pequena
e, por isso, deve ser aumentada. Porém, se a densidade já estiver entre 2.000 e 2.500
bananeiras/ha para as de porte baixo e médio, ou 1.200 a l.600 bananeiras/ha para as
de porte alto e houver aparecimento de mato, é de se supor que existam problemas
ligados a fertilização, irrigação ou fitossanidade.
Os herbicidas devem ser aplicados usando-se um conjunto pulverizador
(compressor), acionado pelo trator ou por um motor independente. Para alimentar o
compressor, deve haver um reservatório sobre rodas, com capacidade de cerca de
1.000 litros e com um sistema qualquer de agitação do líquido. Há outros
equipamentos menores, com reservatório de 500 litros, que são acoplados diretamente
no trator, porém apresentam limitações na sua capacidade de produção de serviço.
Ligado a este conjunto deve haver, no mínimo, duas mangueiras flexíveis
para alta pressão, com 3/8” de diâmetro interno e com cerca de 50 m, tendo em cada
extremidade uma pistola pulverizadora. Este pulverizador, que normalmente é
tracionado por um trator, cujo eixo tomada de força o aciona, permanece funcionando
no carreador, enquanto os operários caminham com as pistolas pulverizadoras e as
respectivas mangueiras, por dentro do bananal. Normalmente um operário aplica o
herbicida no lote da direita do carreador e um outro no do lado esquerdo. Ao iniciar a
aplicação, cada um dos operários se desloca dentro do bananal, o mais distante
possível, levando sua pistola e a partir desse ponto começa a pulverizar caminhando de
volta, para junto do compressor. Se o bananal ainda não perdeu seu alinhamento de
plantio, a aplicação do herbicida será feita na faixa em que o operário adentrou com a
mangueira e naquelas localizadas a sua direita e a esquerda. Se o bananal já perdeu seu
alinhamento, o mais certo é que ele entre com a mangueira dentro do bananal e volte
pulverizando uma faixa de mais ou menos 8 a 10 metros de largura. Nesses bananais
desalinhados, deve-se pulverizar essa faixa e deixar uma outra, anexa, sem ser feita. A
faixa não pulverizada será tratada posteriormente, quando já for possível observar-se o
efeito do herbicida. Com isto evita-se desperdício com a sobreposição de
pulverizações. O tratorista, por sua vez, permanecerá junto ao pulverizador, para
inspecionar seu funcionamento e recolher as mangueiras, a medida em que isso for
necessário.
O comprimento da mangueira deve ser suficiente para que ela chegue até ao
outro carreador (50 m). Desta forma reduz-se a movimentação do trator e aumenta-se
o rendimento do serviço. Pode-se também usar mangueiras mais curtas com no
mínimo, até a metade da largura do lote de bananeiras. Neste caso, é recomendável,
que a parte restante do lote que não foi pulverizada, somente venha a ser feita após
alguns dias, a fim de que os operários possam identificar facilmente o limite da área já
pulverizada.
Num bananal que não tenha valas e estando ainda alinhado, pode-se utilizar
um microtrator, para se aplicar o herbicida no seu interior. Para isso adapta-se o
depósito de líquido, na parte dianteira do trator e na sua traseira o compressor com
uma barra aplicadora, com largura suficiente para cobrir toda a entre linha.
Os herbicidas também podem ser aplicados com máquinas costais manuais
que, em geral, apresentam baixa qualidade e pouco rendimento de serviço.
O bico do tipo cônico, de alta vazão, não teve ainda sua eficiência superada
pelos demais. A pressão operacional, no bico, deve ser de 40 a 60 libras/pol². O bico
tipo “margarida” ou o trigêmeos, também são bastante eficientes, se estiverem com
jato tipo cônico.
Os herbicidas, quanto à sua atuação, podem ser classificados em: de
contato, sistêmico e residual.
O herbicida de contato é o que provoca apenas o secamento das partes
áreas das plantas, quando pulverizado sobre elas. Ele não atua sobre o sistema
radicular por ser rapidamente degradado e também adsorvido pelas partículas de
argila, quando em contato com o solo. Ele não apresenta nenhum efeito tóxico nas
plantas ou no solo.
Para se ter a maior eficiência dos herbicidas deste grupo, é preciso que haja
sempre a presença de bolhas de sabão, sobrenadando a superfície líquida do tanque do
pulverizador. Sua ausência indica que há necessidade de se acrescentar maior
quantidade da mistura de detergente/espalhante. A função desta mistura é de provocar
um melhor efeito molhante e também aumentar a capacidade iônica do herbicida e
com isto causar um maior secamento no mato. Fixar-se, rigidamente, a quantidade da
mistura detergente/espalhante que se deve adicionar na água é difícil, pois ela depende
da qualidade dessa água. O ideal é usar-se água limpa, principalmente sem conter
nenhuma argila em suspensão, para não se ter redução do efeito do
detergente/espalhante e também do herbicida.
Os resultados dos herbicidas de contato são maiores quando ele é
dissolvido no dobro da quantidade de água normalmente recomendada, ou seja, 800 a
1.000 litros por hectare, por se molhar melhor o mato. Sempre que se reduz a
quantidade de água, há necessidade de aumentar muito a do herbicida, cujo preço é
bastante elevado, principalmente se for comparado com o da água. Neste caso, é
importante que o operário aplicador seja devidamente treinado, para se ter um bom
resultado, sem desperdício de produto.
Estes herbicidas podem ser aplicados ainda que o mato esteja orvalhado,
devendo-se contudo, aumentar a quantidade do herbicida.
Os herbicidas de contato precisam ficar no mínimo 30 minutos sobre o
mato, para terem uma boa atuação, porém sua eficiência é maior quando não chove
nas 24 horas seguintes. Seu efeito é mais acentuado, quando há incidência dos raios de
sol, sobre o mato que está sendo pulverizado. Eles atuam mais energicamente durante
o verão do que no inverno.
Antes de se iniciar a aplicação dos herbicidas deste grupo, é importante
verificar o desenvolvimento do mato, por uma questão de eficiência do produto e
também de economicidade. O mato estando com 60 cm ou mais de altura, é preferível
fazer-se uma roçada com máquina ou mesmo manual. O herbicida será então aplicado
quando o mato alcançar 10 a 20 cm de altura, ocasião de maior rendimento de serviço
e eficiência do produto.
Tem sido observado que vários agricultores, após a aplicação do herbicida
de contato, esperam o mato ficar bastante seco, para então atear-lhe fogo. Esta
operação não deve ser feita, uma vez que fogo estimula a sua rebrota.
Dentre os herbicidas deste grupo, os mais usados são o Gramoxone
(paraquat) e o Reglone (diquat). Qualquer um deles deve ser aplicado usando-se, no
mínimo, 400 a 500 litros de água por hectare, nos quais se dissolve 1.000 ml do
produto mais 200 cc de uma mistura de três partes de um detergente orgânico e duas
partes de um espalhante adesivo de boa qualidade. Essa quantidade de água
recomendada é considerada a mínima. O efeito dessa mistura torna-se bem mais
enérgico, quando se lhe adiciona 0,5% de uréia.
Os herbicidas de contato são mais indicados para a manutenção dos
bananais. Eles podem ser usados durante a formação, mas são difíceis de serem
aplicados sem “queimarem” muitas folhas das bananeiras. Além disso seu custo
torna-se alto dado ao elevado número de vezes que terá de ser aplicado para manter a
área sempre no limpo.
Os herbicidas sistêmicos são absorvidos pelas folhas e passam a circular
com a seiva do mato e, desta forma, se translocam para as raízes, causando-lhes seu
completo secamento e, conseqüentemente, da planta. Eles são aplicados, geralmente,
para controle das gramíneas e, em especial, das ciperáceas dentre as quais, a que mais
se destaca é a tiririca (Cyperus rotundus). Em geral, é necessário fazer-se 2 a
3aplicações para uma perfeita eliminação delas de todo o terreno. Para as demais ervas
daninhas, seus efeitos estão intimamente ligados a sua altura, quando da aplicação; se
estiver com 15 a 20 cm, quase sempre uma só aplicação é suficiente, porém estando
mais desenvolvida, haverá necessidade de se fazer uma outra.
Os herbicidas sistêmicos ao cairem no solo não são absorvidos pelas
plantas. Esta parte está perdida, pois eles não tem nenhum efeito residual no solo.
Entretanto, a parte que foi absorvida pelas folhas é translocada para as raízes e as
matam. Eles não retornam para outras partes aéreas da planta, pois estes herbicidas
não circulam de baixo para cima. Desta forma, uma parte não insolubilizada destes
herbicidas se conserva dentro das raízes mortas e acaba produzindo um pequeno efeito
residual nesta área, durante um período que varia de 60 a 80 dias. Estes resíduos são
absorvidos pelas radicelas dos matos não eliminados e também por aquelas plantas
cultivadas nessa área que neste caso, o prejuízo é das bananeiras, que tem seu
desenvolvimento perturbado. Este efeito residual desaparece do solo, de imediato,
quando se realiza sua aração.
Os herbicidas sistêmicos devem ser aplicados com o mato enxuto e nas
horas mais quentes do dia, quando sua absorção é maior. Estando o mato na fase de
plena vegetação, a absorção do produto aplicado é aumentada. Os herbicidas
sistêmicos precisam de 2 a 4 horas sem chuva para serem absorvidos, porém o 100%
de aproveitamento somente ocorre após 48 horas.
Os sinais visuais de que eles já estão atuando sobre o mato, começam a ser
observados entre 2 e 3 semanas após a aplicação. Porém, a perfeita avaliação dos
efeitos destes herbicidas somente pode ser feita depois de 30 dias da sua aplicação. O
secamento completo do mato apenas vem a ocorrer por volta da 6a a 8a semana. Esses
prazos podem ser um pouco reduzidos se a quantidade do herbicida for aumentada, o
que é economicamente negativo. Se o mato começar a mostrar forte efeito do
herbicida aplicado, antes de duas semanas, é sintoma de que a dose do produto foi
maior do que a necessária.
As considerações feitas quanto á altura do mato para se iniciar a aplicação
dos herbicidas de contato, também são válidas para os sistêmicos.
O Dawpon S (dalapon) atua sobre as gramíneas e não afeta as bananeiras
quando são atingidas. Ele deve ser aplicado na dosagem de 10 kg/ha, dissolvidos em
500 litros de água, acrescidos de detergente/espalhante, nas proporções e dosagens
anteriormente indicadas.
Um outro herbicida sistêmico é o Round-up (glifosato). Sua aplicação em
bananais exige muito cuidado para se evitar seu contato com as folhas, que podem
absorver o produto. Tendo-se optado pelo seu uso, é preciso que, imediatamente após
a sua aplicação, um outro operário elimine as folhas adultas mais velhas e também as
dos filhotes que acidentalmente tenham sido atingidas por ele. Desta forma evita-se a
translocação do produto para o interior da planta e os conseqüentes desequilíbrios.
Se apenas a névoa do herbicida entrar em contato com as bainhas dos
filhotes, em geral causa-lhes secamento externo, o qual não chega a matá-los. As
folhas novas atingidas ficam com os lóbulos atrofiados e muitas delas apresentam
manchas superficiais como se tivessem perdido sua clorofila.
O Round-up torna-se mais enérgico fazendo a seguinte mistura: Round-up
500 ml; uréia 0,5 kg; espalhante adesivo (detergente/espalhante) 60 a 100 ml; água
100 litros. Essa mistura será aplicada sobre o mato de modo a molhá-lo, por completo,
uniformemente. O consumo dessa mistura irá variar segundo a quantidade e a altura de
mato existente, podendo-se, em algumas situações, chegar-se a até 800 litros/ha.
O Round-up usado em doses mais fortes atua, energicamente, sobre a
grama seda (Cynodon daltylon), mas quase sempre é preciso fazer-se mais de uma
aplicação sobre ela. Como freqüentemente ela aparece em reboleiras, costuma-se usar
o pulverizador costal (20 lts.) contendo 200 ml de Round-up, 100 gramas de uréia e 10
ml da mistura detergente/espalhante. Convém lembrar que esta erva daninha é daninha
mesmo, para as bananeiras. Nas áreas onde ela está presente, a bananeira se mantém
quase que em estado de hibernação.
Há ainda o herbicida Finale (glufosinato de amônia) que tem a seguinte
recomendação de uso: 1.000 ml do produto; 0,5 kg de uréia; espalhante adesivo
(detergente/espalhante) 60 a 100 ml; água 100 litros. Essa mistura mata bem as ervas
daninhas e em especial a trapoeiraba (Tradescantia spp.) também conhecido como
“macarrão”, sendo preciso, no mínimo, de 4 horas sem chuva, para poder ter uma
adequada absorção.
Nos bananais em formação, este herbicida só deve ser usado quando as
plantas já estiverem com mais de um metro de altura. Em bananeiras menores tem
ocorrido um pouco de fitotoxidez, que se manifesta trinta dias após sua aplicação, sob
a forma de coloração semelhante à falta de nitrogênio. Estas descolorações
desaparecem por volta dos 60 dias após a aplicação, sem que a planta tenha
demonstrado forte atraso no seu desenvolvimento.
Outro herbicida sistêmico é o Fusilade 2.000 (fluazifop-p-butil) que deve
ser usado na dosagem de 2.000 ml, acrescido de 0,5 % de uréia, 60 a 100 ml de
detergente/espalhante e 400 a 500 lts. de água. Ele atua sobre as gramíneas e em
especial sobre as Ciperaceas spp. e as Cucurbitaceas spp. e a grama seda. As
restrições feitas para o Finale, apenas para os bananais em formação, são as mesmas
para este.
Os herbicidas residuais devem ser aplicados em pré-emergência, isto é,
antes do mato aparecer, logo após a uma gradagem ou rotovatagem. O período de
atuação deste tipo de herbicida diminui com as maiores porcentagens de matéria
orgânica e de argila do solo.
Lembrando-se que os solos mais indicados para a bananicultura são aqueles
ricos em matéria orgânica e teor médio de argila, seria de se imaginar que a eficiência
desses herbicidas fosse pequena, mas eles superam todas estas limitações.
O herbicida residual que melhor resultado tem proporcionado aos
produtores no controle do mato nos bananais, é o Karmex (diuron), principalmente
durante a sua formação. Aplicado como residual, portanto em pré-emergência, usando
apenas o herbicida dissolvido em água na dosagem de 10 kg/ha, em jato dirigido
diretamente sobre as bananeiras adultas com “filhos”, não se verificou nenhum efeito
prejudicial na “família”. Entretanto, quando se adiciona ao Karmex uma mistura de
detergente/espalhante qualquer, ele se transforma em um enérgico herbicida de
contato, sem contudo perder seu efeito residual, que sofre apenas uma certa redução.
Durante os primeiros três a quatro meses do plantio, o controle da
sementeira pode ser feito com a enxada rotativa do microtrator. Estando a área
completamente limpa, aplica-se o Karmex na dosagem de 3 kg/ha em 400 litros
de água, sempre que possível após uma chuva, que tenha molhado bem o solo. Este
molhamento também pode ser obtido com irrigação. Procedendo-se desta forma, é de
se esperar que, durante os 5 a 6 meses seguintes, não haja desenvolvimento de nenhum
mato. Este sistema é válido, mas há possibilidades de ocorrer infecções de vírus,
originárias das ervas daninhas que crescerão (se o controle da sementeira não for bem
feito), durante algum tempo, dentro do bananal.
Pode-se evitar o perigo da contaminação viral pulverizando o Karmex
apenas na faixa do sulco, antes do plantio da muda quer seja de laboratório ou
convencional. Aplicado desta forma, evita-se o nascimento de mato dentro do sulco.
As entre linhas serão mantidas permanentemente no limpo, com a enxada rotativa.
Após ao fechamento do sulco ou da cova, estando a área completamente no limpo e
bem molhada, esse herbicida será então aplicado em toda ela.
Entretanto, a forma mais segura de se formar um bananal é plantar-se a
muda e logo em seguida aplicar-se o Karmex apenas dissolvido em água, na área total,
estando o solo molhado. Dessa forma não haverá crescimento de nenhum mato.
As mudas de laboratório, plantadas diretamente da bandeja ou as ensacadas,
não devem receber a aplicação do Karmex imediatamente após ao seu plantio. Esta
aplicação somente poderá ser feita quando elas já tiverem com 10 ou mais folhas,
ocasião em que este herbicida deixa de lhes causar injúrias. Em todos os demais tipos
de muda recém plantadas, pode-se aplicar o Karmex puro, na dosagem de 3 kg/ha,
sem restrições.
Quando começar a aparecer os primeiros matos nesses bananais em
formação (5 a 6 meses), deve-se aplicar o Karmex, na mesma dosagem (3kg/ha),
associado a 500 ml de Gramoxone, mais 0,5 % de uréia, acrescida de
detergente/espalhante, (na dosagem suficiente para se obter espuma sobre o líquido)
dissolvidos em 500 litros d’água.
Esta é uma mistura que deve ser aplicada sempre nos bananais já formados,
dado aos bons resultados práticos e econômicos que apresenta.
A associação do Karmex com o Gramoxone é tão válida que ela é vendida
comercialmente com o nome de Gramocil. Este herbicida reúne os benefícios da ação
de contato e a residual, porém seus efeitos não são maiores do que quando se aplica os
dois herbicidas isoladamente ou mesmo quando eles estão misturados. Além disso seu
custo é, em geral, mais alto. Ele, assim como a mistura citada, tem ação eficiente no
combate as trapoeirabas.
Durante um período de 5 anos de aplicação do Karmex em bananais, não se
verificou nenhum efeito depressivo do mesmo sobre as plantas e a produção.
A despeito da boa eficiência do Karmex (puro), ele não consegue destruir
determinadas ervas daninhas como a trapoeiraba, grande inimiga das bananeiras, por
ser hospedeira da virose mosaico do pepino, e que exige um tratamento específico,
conforme foi exposto.
Há produtores que fazem aplicações de Round-up misturado com 2,4-D,
para controlarem a grama seda com uma só aplicação e obtém bons resultados. É
preciso que se diga, que esta é uma mistura perigosa para ser utilizada em bananais,
uma vez que as bananeiras são muito sensíveis a estes dois produtos. O uso apenas do
Round-up já é, por si só, suficiente para acabar com a grama seda, ainda que algumas
vezes seja necessário fazer-se duas aplicações, com intervalo de 40 a 60 dias, em
função da época do ano. Além disso, o 2,4-D deixa resíduos aderidos nas partes
internas do equipamento pulverizador e das mangueiras, que não são fáceis de serem
eliminados.
Há outros herbicidas também indicados para uso em bananicultura (Quadro
VI-1), mas os aqui referidos são os que tem demonstrado maior eficiência, menor
custo e danos às bananeiras, desde que sejam aplicados como foram indicados.
Em síntese, pode-se esquematizar a seguinte seqüência para um bom
combate as ervas daninhas.
A- Antes do plantio:
A.1- Has mudas convencionais não ensacadas. Deixar o terreno
completamente no limpo e sulcar:
Opção A.1.1.- Aplicar o Karmex somente no sulco. Plantar e manter as
entrelinhas no limpo com a rotativa por 30 dias. Depois do fechamento do sulco,
estando a área completamente no limpo, aplicar o Karmex em toda ela com solo
úmido.
Opção A.1.2- Plantar. Aplicar o Karmex em toda a área.
A.2- Has mudas de laboratório plantadas diretamente da bandeja ou as
ensacadas. Deixar o terreno completamente no limpo e sulcar.
Opção A.2.1- Plantar. Aplicar o Karmex somente sobre o sulco, protegendo
apenas a muda com um balde emborcado sobre ela. Manter as entrelinhas no limpo
com a rotativa, enquanto for possível, cuidando de controlar o mato a nível de
sementeira. Depois do fechamento do sulco, estando a área completamente no limpo e
o solo úmido, aplicar o Karmex em toda ela.
Opção A.2.2- Plantar. Aplicar o Karmex na área toda, protegendo apenas a
muda com um balde emborcado sobre ela.
Após ao fechamento do sulco, há necessidade de se aplicar o Karmex na
faixa de solo que foi revirada com o rastelão.
B- Ho bananal em formação:
Eliminar todas as reboleiras de mato com a enxada manual ou o Gramocil. Aplicar o
Karmex.
C- Ho bananal em produção:
Aplicar, sempre que as sementeiras começarem a se desenvolver, o
Gramocil ou a mistura Karmex com Gramoxone.
Sugestão de uma boa mistura:
200 litros água 200 ml Gramoxone
200 ml de Karmex 100 g de uréia
200 ml de espalhante sendo 2/3 de um bom detergente e 1/3 de espalhante.
1.3- “Mulching”
“Mulching”, ou cobertura morta, é o processo pelo qual se reveste o solo
da área cultivada com um material qualquer. Para tanto tem sido comumente utilizado
restos de cultura, capim picado, leguminosas cortadas, bagaço de cana-de-açúcar,
palha de arroz, etc. e ainda lâminas de plástico.
Os objetivos do “mulching” são vários e, para cada cultura, ele tem uma
finalidade. Em bananicultura, o “mulching” é feito, primeiramente, para evitar a
evaporação e a erosão, principalmente em solos arenosos e profundos, bem
estruturados ou em áreas declivosas. É também utilizado para evitar que ervas
daninhas se desenvolvam dentro do bananal.
Quando se faz a cobertura do solo com qualquer material, há uma tendência
das raízes não se aprofundarem em busca de água, nas camadas mais inferiores. Em
solos argilosos e pouco profundos como são em geral os da Baixada Fluminense, e
principalmente os solos de baixada não aluviais do Vale do Ribeira, SP, o “mulching”
não é recomendável. Ele traria as raízes mais para a superfície, as quais já estão a
pouca profundidade, devido as condições físicas do solo e também à falta de seu
arejamento.
O “mulching”, quando feito com restos de vegetais, provoca, com o passar
do tempo, um aumento do teor de matéria orgânica do solo, em decorrência de sua
decomposição, cujos benefícios são enormes para a bananeira.
As áreas protegidas com cobertura vegetal morta, em geral, criam maior
quantidade de organismos e microorganismos, que aceleram sua decomposição.
Nessas áreas, os problemas nutricionais relativos aos micronutrientes são quase
sempre pouco evidentes, principalmente aqueles ligados ao boro e ao zinco. Há
também maior solubilização do fósforo. Os fosfatos naturais, quando aplicados em
cobertura, devido a ação da microflora e microfauna que aí se formam, se solubilizam
mais rapidamente.
Tem-se verificado que, em regiões de solo bem estruturado, cultivado com
bananeiras, após alguns anos de “mulching” feito com bagaço de cana-de-açúcar, elas
apresentam menores danos causados por nematóides. O simples fato do “mulching”
manter o solo, permanentemente, com maior teor de umidade superficial, já contribui
para um certo controle natural dos nematóides.
Bananais bem conduzidos, com alta densidade de plantio, já a partir da
colheita do primeiro cacho, produzem uma elevada quantidade de restos de cultura,
que constituem o início de um “mulching”. Após a produção do segundo cacho,
forma-se um “mulching” com os restos das bananeiras, que é mais do que suficiente
para cobrir toda a área.
O “mulching” reduz a evaporação, sendo portanto muito benéfico em áreas
com baixo índice de precipitação mas, ele também constituí uma barreira à penetração
no solo, das ocasionais chuvas, o que torna as estiagens mais graves ainda. Porém, no
caso das bananeiras, esse problema é naturalmente contornado, devido a disposição
das folhas mais jovens na planta, que canalizam grande parte das chuvas caídas para o
pseudocaule, que por ele escorrem diretamente para o solo. Desta forma a restrição
apresentada anteriormente, fica muito reduzida.
Em áreas onde há o “mulching”, os programas de irrigação devem ser feitos
levando-se em conta que, inicialmente, parte da água que será aplicada não vai atingir
o solo, pois ela ficará retida na camada vegetal, para somente depois chegar a ele. Esta
realidade deve ser considerada ao se fazer as primeiras irrigações, quando então,
apenas nesta ocasião, se ampliará um pouco mais as horas de serviço, para compensar
essa perda de água que o solo não vai receber, mas que servirá para acelerar a
decomposição do “mulching”, futura adubação orgânica.
2- Limpeza da bananeira
Esta operação consiste na eliminação de folhas cujas bainhas se soltaram do
pseudocaule, velhas ou secas, ou que estejam caídas junto ao pseudocaule.
É importante lembrar que todos os restos das bananeiras não devem ser
retirados da plantação e sim colocados nas entrelinhas, pois eles reciclam nutrientes e
constituem uma grande fonte de matéria orgânica. Mesmo os restos de bananeiras
eliminadas por problemas viróticos ou fúngicos, devem permanecer dentro do bananal,
recomendando-se apenas que eles sejam bem repicados, para entrarem em rápida
decomposição pelos fungos e microrganismos saprófitos. As plantas atacadas por
fusário receberão os mesmos tratamentos das demais, porém aquelas contaminadas
pelo moko tem de ser queimadas no mesmo local (Cap. XI-3.1). Retirar esses restos de
bananeiras do bananal tem elevado custo e não melhoram em nada sua sanidade.
Foto VI-2- Nos bananais em formação a desfolha deve ser feita para
arejar seu interior e melhorar o desenvolvimento da muda.
As folhas que estejam em posição normal, porém estando parcialmente
secas por falta d’água, de nutrientes ou devido à sigatoka-amarela ou negra, mas se
estiverem ainda com 30 a 40% de área verde, pode-se recomendar que se elimine
apenas a parte necrosada. Isto será feito mais por uma questão de estética. Apenas no
caso da sigatoka-negra a eliminação dessa parte é válida (ver Cap. XI-2.3).
Pretender eliminar folhas secas ou apenas a parte que está seca, na
expectativa de se controlar a sigatoka-amarela ou a negra de nada adianta. Esta
operação serve apenas para provocar o apodrecimento mais rápido desse material e
com isso expôr-se esses fungos ao saprofitismo de outros. Retirar estas folhas secas de
dentro do bananal, por esse motivo, em nada interfere com o desenvolvimento dessas
enfermidades. Entretanto, isso representa apenas jogar-se fora nutrientes e matéria
orgânica, que iriam contribuir, como fertilizantes, para a melhoria da lavoura.
O corte das folhas secas deve ser feito nos pecíolos, de baixo para cima,
bem rente ao pseudocaule, tomando-se o cuidado de não desgrudar as bainhas que
ainda estejam aderidas a ele. Aquelas que já estejam se soltando devem ser aparadas
na sua base, na região do colo do rizoma (Foto VI-3).
Foto VI-3- As folhas que ainda tenham o pecíolo vivo serão cortadas
de cima para baixo.
É prática condenável forçar o descolamento das bainhas e sua eliminação,
de modo a deixar exposto o colorido característico da bananeira, que permite
identificar a que grupo ela pertence. Há bananicultores, menos avisados, que gostam
de ver o bananal do cultivar Nanica ou Nanicão, com todos os “troncos vermelhos”
após a desfolha. Deve-se procurar deixar sempre o maior número de bainhas
agregadas ao pseudocaule, pois é o conjunto delas que suporta o peso do cacho e
contribui para o seu desenvolvimento, fornecendo os nutrientes nelas armazenados.
A primeira eliminação de folhas sendo feita aos quatro meses, repetida aos
seis meses e, uma terceira vez, aos dez meses são suficientes para cobrir o período do
plantio a colheita.
Nos bananais já formados, a desfolha deve ser feita de preferência
precedendo o desbaste e as adubações, durante os meses de agosto (após o inverno),
dezembro (durante as chuvas) e abril (antes do inverno). Nas regiões onde não há
verão e inverno bem definidos, deve-se fazer a desfolha três vezes ao ano, em épocas a
ser determinada pelo aspecto do bananal.
Deve-se cortar as folhas que estejam tocando nas inflorescências ou nos
cachos, de modo total ou parcial, segundo os problemas que elas estejam causando.
Mesmo depois de embolsado o cacho, há necessidade de se inspecionar,
periodicamente, o bananal, para se eliminar as folhas que eventualmente estejam
esfregando nele.
3- Desbaste
3.1- Considerações
O desbaste consiste em se matar ou extirpar a gema apical de crescimento
de um rebento (“filho” ou “neto”) para se impedir que ele cresça e venha a formar uma
nova bananeira. Caso isto não seja feito, ter-se-á realizado apenas uma poda no
rebento, que fatalmente irá rebrotar. Todos os rebentos desbastados são considerados
supérfluos.
O desbaste favorece o maior e mais rápido desenvolvimento do rebento
deixado, o qual será o responsável pela produção da próxima safra (se for um “filho”)
ou então o que produzirá a safra seguinte (se for um “neto”).
Trabalhos feitos para se estudar a condução de um bananal, demonstraram
que em cada cova deve-se deixar desenvolver apenas uma “família” (“mãe”, “filho”,
“neto”, “bisneto”, etc.), para se obter a maior precocidade na produção. Este sistema
de condução evita a formação de um amontoado de rizomas que acabariam se
tornando uma “touceira” (Foto VI-4).
3.5- O desbaste
O desbaste pode ser dividido em pré-desbaste e o desbaste propriamente. O
pré-desbaste corresponde a poda que se faz nos “filhotes” pequenos até que seus
pseudocaules atinjam o diâmetro de 12 cm, ao nível do solo. Esta poda poderá ser feita
mais de uma vez. O desbaste propriamente somente será feito quando esse “filho”
tenha se desenvolvido e atingido o diâmetro de 12 cm.
Desta forma, quando se for fazer o desbaste, o “filho” (e o “neto”) que irá
dar origem a “família”, já foi definido anteriormente e é facilmente identificável por
nunca ter sido podado, como aconteceu com seus “irmãos” supérfluos.
Há duas formas mecânicas de se realizar a operação de desbaste: a primeira
é feita somente com o facão ou o penado e a segunda, com a complementação da
“lurdinha”.
O desbaste também pode ser feito por meio de herbicidas.
No desbaste mecânico feito com o facão ou o penado, inicialmente corta-se
horizontalmente, bem próximo do solo o pseudocaule dos “filhos” a serem eliminados.
Desta forma ficará apenas aquele “filho” (ou “neto”) que irá futuramente substituir a
“mãe”. Posto isto, recorta-se em profundidade, com a ponta da ferramenta, a superfície
cortada de cada um dos rebentos a ser eliminado, a fim de se tentar atingir a sua gema
apical de crescimento para causar sua destruição. Entretanto, dada a localização dessa
gema, atingí-la é problemático e nem sempre se consegue executar essa operação a
contento, pois, principalmente nos bananais novos, ela se encontra a 15, 20 ou mais
cm de profundidade. Se a ponta da ferramenta não a atingir, o rebento voltará a crescer
novamente, pois como se viu no capítulo sobre a morfologia, o crescimento da
bananeira depende exclusivamente da sua gema apical de crescimento.
Para se evitar essa dificuldade de se atingir a gema apical de crescimento,
em 1967 foi desenvolvido no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), uma
ferramenta específica para esse objetivo, denominada “lurdinha”*, com a qual se faz a
extirpação dessa gema muito mais rapidamente e com 100% de acerto. Uma versão
simplificada deste aparelho, tornou-o ainda mais eficiente. Essa ferramenta
assemelha-se a um vazador de couro, em maiores dimensões, conforme pode-se
observar na Figura VI-3 e Figura VI-3A.
4- Despistilagem
A despistilagem é a eliminação dos pistilos, que são os restos florais que
ficam secos (pretos ou acinzentados) nas pontas das bananas, quando elas já estão
desenvolvidas.
Esta prática possibilita que as bananas fiquem com sua extremidade distal
mais cheia, principalmente nos cultivares do subgrupo Cavendish e em especial os do
subgrupo Prata, que reduzem muito, com isto, o aspecto tão acentuado de gargalo de
garrafa. Para que esta modificação ocorra no fruto, é necessário que a despistilagem
seja feita quando o pistilo estiver começando a secar ou seja, por volta da segunda
semana do aparecimento da inflorescência.
É preciso que se diga que, nesta ocasião, o rendimento do serviço é grande
devido ao fato dos pistilos não terem ainda se tornados rígidos e ásperos. Esse
rendimento varia de 100 a 120 cachos/homem/dia, para os cultivares cuja altura
permita que o operário trabalhe sem precisar subir em nada ou simplesmente em um
pequeno caixão. Esta ocasião corresponde a mesma época da quebra do coração ou
seja, entre o 15º e o 20º dia após ao início do florescimento.
A despistilagem é feita sempre manualmente, provocando-se o
quebramento do pistilo na sua base. Para isso segura-se um grupo de 4 a 6 flores de
uma mesma penca, com uma das mãos e esfrega-se a palma da outra mão contra os
pistilos, para provocar seu quebramento (Foto VI-6). Quando feito desta forma, o
rendimento do serviço é grande, porém nem sempre ele fica 100% perfeito, o que não
acontece quando se faz flor por flor, apenas com a ponta dos dedos, cujo custo é mais
elevado devido ao menor rendimento da mão-de-obra.
Foto VI-6- A despistilagem feita com a inflorescência nessa idade é mais
rápida.
Lembrando que as primeiras dez pencas de flor se abrem, em média, uma a
cada dia e admitindo-se uma inflorescência com 12 pencas, teoricamente, a
despistilagem deveria ser feita em duas etapas, para que não se trabalhasse em pencas
muito velhas (as primeiras) ou em pencas muito novas (as últimas). Entretanto, isto
nem sempre é feito por encarecer a operação. Na prática, a despistilagem é feita no
bananal a cada duas semanas, juntamente com a quebra dos corações e o
embolsamento das inflorescências, sendo contudo, recomendável que este conjunto de
operações seja feito semanalmente.
Em bananais onde ocorre o desenvolvimento de fungos na região pistilar,
como por exemplo o Fusarium spp. (ponta de charuto), Gloeosporium spp.,
Trachysphaera fructigena, Verticillium theobromae (Cap. XI-2.4.2) ou quando há
infestação da Opogona sacchari (traça-das-bananeiras) (Cap. XII-5), a despistilagem
deve ser feita como uma medida profilática, de forma sistemática, logo após a abertura
da última penca, para impedir que eles causem prejuízos nas frutas. A simples
despistilagem é suficiente para o controle deles, em especial para a
traça-das-bananeiras, dispensando totalmente as pulverizações com fungicidas ou
inseticidas nas inflorescências.
É ainda bastante comum encontrar-se produtores brasileiros encaixotando
as pencas de bananas no meio do bananal, sem ter o cuidado de eliminar os restos
florais, o que deixa as caixas com um aspecto muito feio. Estas duas situações não são
admitidas, de forma alguma, para o caso de frutas que vão ser exportadas ou enviadas
para mercados mais exigentes.
A maioria dos produtores, que tem galpão de embalagem, preferem fazer a
despistilagem quando os cachos chegam no mesmo. Entretanto, o mais recomendável
é que a despistilagem seja feita ainda no campo, na banana em flor.
Os pistilos já estando secos tornam-se ásperos e rígidos e por isso acabam
riscando as bananas das outras pencas, durante o transporte dos cachos dentro do
bananal e também na carreta, mesmo que eles fiquem deitados em uma única camada e
sobre colchões de espuma de plástico. Se os cachos são transportados em carretas,
porém pendurados individualmente ou em cabos aéreos em posição normal, estes
prejuízos são pequenos.
Para se reduzir um pouco mais este problema, depois deles estarem
pendurados, pode-se colocar entre as pencas uma pequena almofada, feita com
retalhos de sacos de plástico, usados anteriormente no ensacamento dos cachos. Isto
também é válido no transporte deles quando deitados em carretas (ver Fotos III-9 e
VII-9).
Entretanto, ao se fazer a despistilagem no campo, logo após a colheita,
cria-se um problema com a exsudação da seiva pelo ponto de quebramento do pistilo,
que acaba escorrendo e manchando a casca das demais bananas. Para se resolver este
problema, deve-se pendurar o cacho na posição invertida e fazer a despistilagem
seguida de uma rápida pulverização, visando atingir principalmente as pontas das
bananas. Esta pulverização é feita com uma solução de água e detergente orgânico,
neutro, a 0,2%, o que é suficiente para estancar a hemorragia de látex e dispersar
aquele já extravasado.
Para se pendurar o cacho para se fazer essa despistilagem, há necessidade
de se fazer improvisações, tais como construir um varal de madeira ou ferro, móvel ou
não, ao longo dos carreadores, devendo ter a altura de 180 a 200 cm do chão.
Em propriedades que fazem a despistilagem no galpão de embalagem, é
recomendável que ela seja feita somente um pouco antes do despencamento. Desta
forma, a eventual seiva exsudada escorre na casca das frutas mas não chega a secar,
pois as pencas serão quase que imediatamente mergulhadas no tanque de lavagem e
com isto não haverá formação de manchas enegrecidas, que depreciam o produto.
Neste caso, durante o transporte do cacho para o galpão de embalagem, o produtor não
deve se esquecer de colocar, entre as pencas, as almofadas de sacos de plástico, para
evitar as injúrias que os pistilos secos podem produzir.
Há casos de pequenos produtores que, por não terem o galpão de
embalagem, penduram os cachos nos varais ao longo dos carreadores e aí fazem a
despistilagem seguida do despencamento. Na impossibilidade destes produtores
lavarem as pencas, eles as colocam, isoladamente, sobre folhas de bananeiras até que a
exsudação de seiva se interrompa naturalmente e se coagule. Posto isto as pencas são
embaladas no mesmo local ou levadas para um pequeno galpão onde são encaixotadas.
São adaptações ainda freqüentes para bananas destinadas ao mercado interno, cuja
objetividade é tentar melhorar a apresentação final do produto, com menores
investimentos.
A despistilagem feita depois da colheita do cacho apenas beneficia a sua
aparência, porém, o rendimento de serviço é muito maior (200 a 250 cachos com 10
pencas por homem/dia), se comparada com a operação feita durante o florescimento.
Não há dúvida alguma que a despistilagem melhora sensivelmente o visual
da fruta, sendo que vários autores relatam que, se ela for feita durante o florescimento,
esta prática provoca um pequeno aumento (3%) no peso do cacho.
É uma prática agrícola dispendiosa que nem todos os mercados brasileiros
pagam por ela, porém facilita sua comercialização, principalmente nas épocas de
excesso de frutas, dada sua melhor aparência. A despistilagem, assim como a
comercialização em buquês, representam uma evolução de mercado, que está se
consolidando entre os melhores produtores, os quais quase sempre comercializam sua
fruta diretamente com os grandes supermercados.
6- Eliminação do “coração”
A eliminação do “coração” (botão floral de flores masculinas) que, no
Nordeste brasileiro é chamado de “mangará”, é, para a fisiologia da bananeira, o
mesmo que se dar a ela uma ordem para que, a partir desse momento, ela cuide apenas
de promover o desenvolvimento do cacho, pois a sua fase produtiva já acabou.
A retirada do coração acelerando o processo de desenvolvimento ou
“engordamento” das bananas, abrevia o tempo de colheita. Esta eliminação aumenta
um pouco o comprimento das bananas das últimas pencas e ainda se consegue um
ganho de peso do cacho. Esse ganho é real, porém esse índice da porcentagem de
ganho, relatada pelos diversos autores, é variável, os quais dizem ter encontrado de 3 a
5% e até mais. Para que se obtenha esse ganho, o quebramento do coração tem que ser
feito quando o cacho ainda estiver em flor.
A eliminação do coração deve ser feita por meio do quebramento do
rabo-do-cacho bem junto a ele, por volta do 15° ao 20° dia, após a abertura da última
penca de flores, ocasião em que elas se voltam para o alto, indicando que estão se
transformando em bananas. Nessa ocasião, o rabo do cacho já estará com
comprimento entre 10 a 12 cm. Ele é quebrado com esse comprimento (leia-se tempo),
para que a eliminação do coração ainda possa ter uma boa influência, nos citados
benefícios para o cacho (Foto VI-8).
8- Limpeza do cacho
Após a despistilagem e o embolsamento do cacho deve-se, periodicamente,
a cada 30 dias, fazer-se uma inspeção nele para verificar se, por acaso, aconteceu de
alguma folha estar caída sobre o mesmo.
Nos bananais onde não se faz o ensacamento dos cachos, ao se quebrar os
corações deve-se retirar também as brácteas que estejam entre as pencas. A cada duas
semanas faz-se uma inspeção no bananal e todas as folhas que estiverem entre as
pencas ou simplesmente roçando no cacho, precisam ser cortadas parcial ou
inteiramente, para se evitar que isto aconteça.
9- Escoramento da bananeira
Basicamente o escoramento da bananeira é feito para se reduzir as perdas
por tombamento. Ele é necessário, principalmente em regiões onde há ventos fortes,
porém, se houver um quebra-vento bem planificado e um bom controle dos
nematóides, ele poderá até mesmo ser dispensado.
Há outros fatores que podem determinar a sua realização, como por
exemplo, quando se tem bananais velhos ou quando eles são cultivados em condições
adversas as suas exigências edafofitossanitárias ou seja, quando eles estão muito
atacados por nematóides, pela broca-das-bananeiras ou ainda se houver drenagem
deficiente, falta de nutrientes que impeçam o bom desenvolvimento do seu sistema
radicular ou quando não se fez o desbaste de forma bem criteriosa.
O escoramento das bananeiras deve ser feito de forma preventiva, logo após
a planta ter formado seu cacho, porém antes do ensacamento. Entretanto, se o bananal
estiver com os rizomas muito aflorados ou seu sistema radicular anormal, poderá ser
necessário fazer-se o escoramento, antes mesmo da emissão da inflorescência.
Basicamente, o escoramento pode ser feito colocando-se escoras como
varas de bambu (Bambusa spp.), ubá (Elettatria cadamamomum) , madeira serrada,
conduite de ferro com meia polegada ou ainda amarrando-se um cordel de fibras
vegetais, náilon, polietileno, plásticos, etc. na roseta foliar de uma planta com cacho e
a outra extremidade na base do pseudocaule de uma outra planta próxima ou a um
pontalete fixo no terreno.
Pode-se usar uma ou duas varas no escoramento das bananeiras, sendo o
mais recomendável e usual‚ o emprego de duas. Somente por motivo de economia de
material e também de mão-de-obra é que se usa apenas uma. Isto pode ser válido nos
plantios feitos em várzeas com alta densidade, desde que a região não seja sujeita a
ventos fortes, o que é bastante difícil de existir.
No escoramento feito com uma só vara, coloca-se uma de suas
extremidades na roseta foliar, um pouco abaixo do inicio da bengala do cacho (cabo
do cacho), em baixo da inclinação da planta. Posto isto, faz-se um esforço de baixo
para cima, com o intuito de se retornar a planta a uma posição próxima da vertical. A
outra extremidade da vara é então apoiada no solo, a uma distância que permita que a
projeção vertical do peso do cacho caia no meio da distância entre o ponto de fixação
da vara no solo e a bananeira que está sendo escorada.
O comprimento da vara deve ser no mínimo igual a altura da planta
(medida da base até ao centro da roseta foliar) acrescido de mais 50 a 60 cm. Em
regiões onde há falta de bambu e, conseqüentemente, seu preço é elevado ou então os
solos são muito soltos, costuma-se colocar um apoio para o pé da vara, de modo que
ela não penetre no mesmo e com isso retarde o seu apodrecimento. Esse apoio é feito
com uma pequena tábua (10 x 15 x 2 cm) na qual se prega, em ambos os lados, uma
ripa transversalmente ao seu comprimento. Essas ripas evitarão que a vara escorregue
de cima do suporte e também que o mesmo deslize sobre o solo.
Usando-se uma só vara, muito freqüentemente o cacho se apoia nela e com
isto danifica a fruta, ainda que esteja ensacada. Esta é uma das restrições que se faz ao
uso de uma só escora; uma outra, é que não se consegue um equilíbrio estável da
planta, principalmente quando ocorre ventanias.
Usando-se duas varas evita-se o problema de instabilidade. Elas podem ser
aplicadas isoladamente nas plantas, diretamente na roseta foliar, ficando uma de cada
lado do cacho, cerca de 10 cm mais abaixo do ponto em que se colocaria a vara, no
caso de se usar uma só.
Para se evitar injúrias da ponta da vara na bananeira, onde podem aparecer
ocasionais infecções, recomenda-se amarrar as duas varas com uma fita de plástico.
Esta amarração é feita cerca de 30 cm da extremidade da ponta da vara, de modo a se
poder formar um X, sobre o qual a roseta foliar se apoiará. Esta amarração pode ainda
ser feita com uma cinta de plástico ligando as pontas das duas varas, de modo que a
roseta foliar se apoie sobre a mesma. Neste caso, o escoramento da bananeira pode ser
feito no próprio pseudocaule, porém sempre na posição mais próxima possível da
roseta foliar (Foto VI-10).
Usando-se duas varas, deve-se cuidar para que os seus apoios no solo
formem com a bananeira um tetraedro com arestas iguais. Para isso, quando as varas
são espetadas individualmente na planta, elas devem ter no mínimo de 50 a 60 cm a
mais do que a altura da bananeira. Para os casos em que elas foram amarradas em X
ou com a cinta, os seus comprimentos terão cerca de 70 a 80 cm a mais do que a altura
da planta, pois uma pequena parte transpassará o ponto de amarração.
É economicamente recomendável usar-se sempre o suporte de madeira nos
pés das varas, para se evitar o seu apodrecimento no contato com o solo.
A vida útil das escoras de madeira ou de ferro variam com a umidade relativa do ar
dentro do bananal e no solo.
Quando se usa o bambu, tem-se também que considerar a variedade e o seu
grau de maturidade. Quando bem maduro, os bambus da variedade Bambusa oldhami -
gigante ereto, duram cerca de 12 a 15 meses; os da variedade Bambusa tuldoides -
bambu comum até‚ 24 meses; os da variedade Guadua spp. - gigante amarelo estriado
e os da variedade Phyllostachys purpurata - bambu japonês ou de pescar - cerca de 12
a 18 meses e ainda a Elettaria cadamamomum - ubá ou cana brava, quando bem
madura, até 30 a 36 meses.
Quanto à madeira serrada, sua durabilidade, varia muito segundo sua
origem, porém dentre as que tem sido usadas mais rotineiramente (madeiras brancas),
elas não superam as varas do B. oldhami.
Durante algum tempo usou-se amarrar a bananeira com fibras vegetais
objetivando reduzir os custos do escoramento, no tocante à aquisição das varas de
bambu ou para economizar a mão-de-obra que se gasta no corte e transporte das varas
de bambu do seu próprio bambual. Devido terem as fibras vegetais curto tempo
(apenas uma safra) de duração, decorrente do seu apodrecimento, mesmo quando
impermeabilizado com cera de carnaúba, - Copernicia cerifera - este material foi
rapidamente abandonado.
Outra tentativa feita, foi a substituição dos cordéis de fibras vegetais por
fitilhos trançados de material plástico. Infelizmente, sua elasticidade não garantia a
sustentação da bananeira que ia, progressivamente, caindo ao solo, quando este não se
rompia por completo.
Atualmente, o mais recomendável é o uso de fitilhos de náilon trançados,
que são capazes de agüentar uma tensão de 9 a l2 kg/cm². Sua durabilidade é bastante
longa, teoricamente por prazo indeterminado. Entretanto, na prática, só é possível sua
reutilização por apenas 6 a 10 vezes, decorrente do constante rompimento que eles
sofrem durante o trânsito dos operários, principalmente por ocasião das colheitas.
Além destes aspectos positivos, há ainda a se considerar que o rendimento de serviço é
maior do que o uso de varas de bambu, principalmente no que tange ao seu transporte
para dentro do bananal.
Em cada bananeira são amarrados dois cordéis pela parte oposta a
localização do cacho. Os cordéis devem ser amarrados dando uma volta completa por
entre a roseta foliar, de modo que acima deles fiquem no mínimo de 3 a 4 folhas. Isto é
feito para evitar que o cordel corra para baixo e ainda para que não haja
estrangulamento da roseta foliar. A fixação dos dois cordéis na roseta também pode
ser feita com o auxílio de um pequeno pedaço de madeira (como um pedaço de um
cabo de enxada com 30 a 40 cm), em cujas extremidades se amarra uma das pontas de
cada um desses cordéis. Este pequeno bastão será colocado em baixo da bengala do
cacho, uma vez que cada cordel passará por um de seus lados. Os cordéis serão
esticados para trás do cacho, passando por entre os pecíolos das folhas (Foto VI-11). A
extremidade livre de cada um dos cordéis é amarrada na base de uma outra planta mais
próxima, tendo-se o cuidado de se dar uma volta completa no pseudocaule desta, para
se obter uma melhor fixação. Desta forma, a bananeira fica como que tracionada para
trás pelos dois cordéis. Estes cordéis também podem ser amarrados em pequenos
pontaletes de madeira fincados no solo.
Foto VI-17- A enxada rotativa F.N.I. modelo pesado, com facas velozes,
consegue repicar as bananeiras em duas passadas.
Uma enxada rotativa de modelo maior exigiria um esforço excessivo do
trator, durante a destruição do bananal, não justificando o pequeno acréscimo obtido
no rendimento de serviço. Ela sendo menor não haverá limitação no seu uso nas
operações de capina, durante a formação do bananal.
As enxadas rotativas F.N.I. são normalmente entregues pelo fabricante com
facas em ângulo reto, denominadas carpideiras. Estas facas não são próprias para a
destruição do bananal, pois em poucos minutos de serviço acabam por se embuchar
com os restos de bananeiras, transformando o eixo rotor em um verdadeiro rolo
compressor. Evita-se este problema substituindo as facas originais por facas curvas,
denominadas facas velozes. Elas devem ser montadas segundo as informações do
fabricante, porém reduzindo de três para dois o número de pares de facas existentes
em cada anel do eixo rotor. Desta forma, é possível trabalhar o dia todo, sem ser
preciso parar para a limpeza. Recomenda-se, contudo, que em solos muito argilosos e
em dias chuvosos, a cada quatro horas de serviço se faça uma limpeza na máquina.
É importante que, ao se acoplar esta rotativa ao trator, se regule o braço do
3° ponto do hidráulico do trator, de modo que a caixa da corrente de transmissão da
rotativa fique no posição vertical, segundo recomendações do fabricante. Este cuidado
operacional diminui as possibilidades de embuchamento da rotativa, principalmente
quando o solo está molhado. Com a mesma finalidade, a tampa traseira da máquina
deve ser mantida na posição horizontal.
Ao adquirir um trator para uma exploração bananícola, a escolha deve
recair em tratores com rodeiros altos, com 90 a 100 HP, se possível com tração nas
quatro rodas, assim como a enxada rotativa deverá ser a F.N.I., modelo E-60 (tipo
pesado) ou o desintegrador Tritton modelo 2.300. Tratores com rodeiros estreitos tem
melhor desempenho para este fim.
As justificativas para aquisição do trator com rodeiro alto são as seguintes:
a) não precisar parar o Tritton ou a enxada rotativa durante as manobras e
por não causar problemas nas cruzetas de seu eixo de tomada de força;
b) nas pulverizações para controle da sigatoka-amarela, ter possibilidade de
se elevar a atomizadeira a uma altura maior, evitando que, eventualmente, ela deslize
sobre os facões, que muito freqüentemente se formam nos carreadores;
c) não atolar nos dias de chuva, quando tracionando carretas;
d) por ter os eixos mais altos possibilita sua utilização em mudas maiores,
sem tocar nelas, quando estiver tracionando o “rastelão” (implemento destinado a
operação de fechamento dos sulcos de plantio - ver Foto V-16). Com ele pode-se
retardar um pouco o fechamento do sulco e ele também executa a capina de cova.
1.1- Considerações
A colheita é a última prática agrícola do cultivo das bananeiras e é uma
operação básica e da mais alta importância, independentemente do destino que se
pretenda dar à fruta.
Tem sido mencionado que as bananas brasileiras são, perfeitamente,
comparáveis com aquelas produzidas pelos líderes da comercialização mundial dessa
fruta, mas somente enquanto ela está na planta. Logo, já na colheita, devido à má
qualidade dos serviços executados, inicia-se a destruição de todo o esforço feito até
então pelo homem e a natureza, durante o período de produção.
A tendência do mercado consumidor brasileiro e mundial é tornar-se cada
vez mais exigente na qualidade de todas as frutas, pois é, principalmente, pela boa
aparência que se consegue boa comercialização.
Têm-se verificado que as grandes empresas brasileiras e as internacionais
vêm se aperfeiçoando, dia a dia, nas técnicas de cultivo. Porém, é preciso ressaltar a
especial atenção que elas tem dado ao cacho, já logo após a emergência da
inflorescência e, particularmente, na colheita, visando sempre evitar o aparecimento de
injúrias de qualquer natureza nos frutos.
1.3- A colheita
A colheita é a operação pela qual o cacho é separado da bananeira por
seccionamento do seu pseudocaule, quase sempre na altura da roseta foliar. Essa
operação, geralmente, é executada com o facão ou o penado.
Resultados de pesquisas, feitas com vistas a determinar a melhor altura do
seccionamento do pseudocaule e sobre as vantagens de se conservar algumas folhas da
planta “mãe”, permitiram concluir que o melhor é deixar apenas o pseudocaule, no
seu maior comprimento possível eliminando, portanto, todas as folhas. Resulta disto
que o corte feito na roseta foliar é o mais indicado. Entretanto, trabalhando com o
cultivar Nanicão, isto torna-se praticamente impossível de ser feito, devido à altura da
planta. Nos cultivares do subgrupo Prata essa dificuldade é maior ainda. Apesar dessa
dificuldade deve-se, contudo, determinar que o operário deixe o pseudocaule com o
maior comprimento possível.
O hábito de se deixar, após a colheita, uma “bandeira” (uma ou duas folhas)
em pé no pseudocaule é, portanto, contra-indicado. As folhas permanecendo na planta
dificultam que a seiva do pseudocaule se transloque para o “filho” e com isto ele não
se liberta do “julgo” da “mãe”, o que provocará um atraso no seu desenvolvimento.
O que sobrou do pseudocaule da planta colhida será conservado em pé, até
sua eliminação, durante a desfolha e o desbaste (Cap. VI-11).
A presença de fitilhos coloridos amarrados nos cachos que foram
embolsados ou a faixa pintada nas bananeiras ou o número estampado nos sacos
facilita muito a identificação do que deve ser colhido.
Uma vez definida a cor que representa o padrão a ser colhido, por meio do
calibrador, têm-se duas opções para se fazer a colheita. A primeira consiste em se
retirar o saco plástico do cacho e recolhê-lo para uma eventual reutilização, para em
seguida se processar a colheita; a segunda consiste em colher o cacho e envia-lo ao
galpão com esse saco. Este segundo sistema evita bastante as injúrias no cacho.
O produtor deve cuidar sempre de recolher todos os sacos de plástico que
foram usados no embolsamento, assim como qualquer outro plástico, uma vez que eles
não são biodegradáveis. Eles constituem um serio lixo dentro do bananal, por muitas
décadas, mas que podem ser vendidos para a reciclagem.
Recomenda-se que o “cortador” trabalhe com um ajudante, que será o
próprio transportador, para evitar impactos no cacho e também que ele caia no solo.
O operário transportador deverá ter em seu ombro um “berço”, onde o
cacho irá ser apoiado, para proteger as bananas e dar um certo conforto a ele próprio
(Foto VII-1).
Foto VII-1- Na colheita, o transportador se coloca
sob o cacho, com o “berço” em seu ombro e o
cortador secciona o engaço
( Foto Fertipalma Cia Ltda.).
Esse “berço” é semelhante a uma grande telha do tipo colonial, feito de
fibra de vidro, do tamanho de 25 x 70 cm, com uma estrutura interna de metal para seu
reforço. A sua parte côncava, onde o cacho irá ser deitado, é totalmente revestida com
uma camada de espuma de látex, com 5 cm de espessura e com densidade 20. Na parte
inferior, deve haver outra espuma, de igual densidade, com o tamanho de 20 x 20 x 5
cm, que servirá para proteger o ombro do operário, durante o transporte do cacho. Um
saco já usado no ensacamento de cacho, é utilizado para revestir todo o “berço”.
Hos cultivares de porte baixo, ao iniciar a colheita, o cortador eliminará
todas as folhas, cortando-as individualmente. Posto isto, o operário transportador se
posicionará em baixo do cacho, de modo que ele fique deitado no “berço” que estará
em seu ombro. Em seguida, o cortador seccionará o engaço com o comprimento de 50
a 60 cm, medidos a partir da almofada da 1a penca.
Este padrão de comprimento do engaço é válido para a colheita de todos os
cultivares.
Bananeiras do cultivar Nanica, quando plantadas em solos de baixa
fertilidade ou com deficiências no balanço hídrico, após a diferenciação floral,
produzem cachos com engaços muito curtos. A esse tipo de cacho, que muitas vezes
não é aproveitado, o produtor dá o nome de cacho “japonês” ou “cacho mãozinha”.
Para compensar o diminuto engaço que ele possui, costuma-se, ao se fazer a colheita,
seccionar-se o pseudocaule na base da roseta foliar, para que seja possível usar-se
parte do palmito como se fosse engaço.
Hos cultivares de porte médio, ao iniciar a colheita, o cortador com a
ferramenta (penado ou facão) em uma das mãos e com a outra segurando o rabo do
cacho, dá um pequeno corte no pseudocaule, na altura da sua cabeça, para que ele
comece a se arquear. Posto isto, o operário transportador fará o mesmo procedimento
já descrito para os cultivares de porte baixo. Estando o cacho apoiado no “berço”, o
cortador seccionará o pseudocaule na parte mais alta da roseta foliar. Algumas vezes,
devido ao grande vigor da planta, há necessidade de se reduzir o comprimento do
engaço aos padrões recomendados.
Hos cultivares de porte alto, o cortador deve trabalhar com a “galinha” (ver
Foto VI-9) ou a foice bifurcada (ver Foto VI-1B) e uma outra que poderá ser um facão
ou um penado. Com uma daquelas duas ferramentas auxiliares, ele dá um pequeno
corte no pseudocaule, cerca de um metro acima de sua cabeça, para que a planta
comece a se arquear e em seguida, com o facão ou o penado completa a colheita.
Nesta ocasião, o procedimento do cortador e do operário transportador se repetirá de
forma igual ao dos cultivares de porte médio.
A colheita também pode ser feita simultaneamente com o despencamento
no seguinte esquema. O cortador faz um pequeno corte no pseudocaule, na altura da
sua cabeça, para que ele se incline até quase na posição horizontal. Estando o
pseudocaule nessa posição, faz-se o seu escoramento com uma vara de bambu (Foto
VII-2). Em seguida as pencas são retiradas do cacho seccionado-se sua almofada,
começando pelas últimas que se formaram. Posto isto elas são colocadas em um cocho
(Foto VII-3). Este tem uma estrutura feita com conduites de ferro, a qual é revestida
com espuma de látex. Ele tem 150 cm de comprimento e 45 cm de largura (Foto VII-4
e 5). Na parte central há uma fenda no sentido do comprimento do berço, com cerca de
10 cm de largura, para que o látex exsudado caia livremente no chão. Normalmente,
cada berço leva as pencas de um único cacho. Estando completo, o operário o
transporta para o cabo aéreo, protegendo seu ombro com um travesseiro de espuma.
Um outro operário o ajuda a pendurar o berço no cabo aéreo.
É uma técnica recente de transporte, onde se procura reduzir cada vez mais
as injúrias nas bananas. Este sistema de berço possibilita construir-se uma carreta com
uma estrutura tipo várias gavetas, para se fazer o transporte dos mesmos para os
galpões de embalagem. Este “gaveteiro” seria montado na carreta de modo que se
pudesse colocar os berços pelos seus dois lados.
Foto VII-2- Escorando-se o pseudocaule é possível
proceder-se o despencamento, de baixo para cima
(Foto de Luiz A. Lichtemberg da EPAGRI)
2- Transporte interno
2.1- Transporte dentro do bananal
O transporte do cacho se inicia logo após a colheita, quando então ele é
levado para fora do bananal.
Tendo em vista que um bom cacho deve pesar 30 kg ou mais e que é
volumoso, é normal que o operário transporte apenas um cacho de cada vez. Reforça
esta condição o fato de que, nem sempre, os carreadores estão localizados à distância
prevista de 50 metros mas, com freqüência, a 100 ou 200 metros. A essas distâncias, o
esforço humano no seu transporte é bastante grande e o rendimento de serviço muito
baixo.
A existência de carreadores paralelos e distanciados de 50 metros, permite
um maior rendimento de serviço, pois o operário terá de caminhar com o cacho na
costa, em termos médios, apenas 12,5 metros, o que evita, já nesse primeiro transporte,
que se danifique a produção.
No caso de haver o cabo aéreo, essa distância quase sempre é de 100 m e,
neste caso, o operário caminhará, em média, o dobro ou seja 25 m.
Entretanto, se eles são muito distanciados entre si, faz com que, em geral, o
operário transporte mais de um cacho em cada viagem. Pelo fato deste serviço ser
feito, geralmente, sob empreitada e os cachos nem sempre chegam a apresentar o peso
citado, o operário passa a transportar mais de um deles, chegando ao absurdo de levar
até quatro cachos de uma só vez. As implicações comerciais que isto traz, dispensam
quaisquer comentários. Estes cachos, que já são de categoria inferior, pior ficam ainda.
Nas propriedades que fazem a embalagem no próprio bananal,
normalmente não é usado o berço e muito menos o cocho para o transporte do cacho.
Muitos produtores, que ainda não atingiram esse grau de tecnologia,
transportam o cacho na costa, com uma proteção improvisada e o descarregam no chão
mesmo. Nesse caso, o mínimo que se pode sugerir, é que o solo onde o cacho vai ser
depositado, seja forrado com uma camada de folhas verdes e que o cacho seja
colocado somente em pé.
Hão se pode admitir, de forma alguma, que o cacho colhido entre em
contato com o solo.
Em algumas regiões brasileiras, ainda não evoluídas, as pencas não são
acomodadas em caixas e o cacho inteiro é remetido aos mercados ou eles são
despencados e somente as pencas colocadas nas carroceiras de camionetas e levadas
para a comercialização. Isto apenas evita que o despencamento seja feito na cidade,
mas não reduz os danos nas frutas.
Muito freqüentemente, bananas que vão ser comercializadas em caixas,
tanto no mercado interno como externo, ainda tem sido embaladas nos próprios
carreadores. Neste caso, o veículo transportador inicial poderá ser uma carreta
agrícola, com molas, que levará as caixas cheias até aos veículos rodoviários.
Felizmente, estes dois tipos de marginais produtores estão quase que
desaparecidos, devido as injúrias e falta de qualidade que a fruta se apresenta
posteriormente.
Quando os cachos vão ser transportados por carretas para o galpão de
embalagem, deve haver no local onde eles vão ser depositados, enquanto aguardam
sua chegada, um varal de madeira ou de ferro, no qual eles serão pendurados pela sua
bengala. Os varais podem ser feitos com canos d’água e, neste caso, quase sempre são
móveis. O varal deverá ficar cerca de 180 cm do solo e ter comprimento variável de 8
a 12 m e ser sustentado por dois suportes. Os pontos de apoio do varal ficarão
distantes de suas extremidades cerca de 100 a 120 cm, para seu maior aproveitamento.
Os varais fixos de ferro terão apenas uma barra soldada em cada ponto de apoio. Na
extremidade que vai ser enterrada (40 a 50 cm), deve-se soldar um pedaço (com cerca
de 40 cm) de modo a ficar transversal ao varal, para aumentar sua sustentação. Nos
varais móveis, em cada local de seu apoio, deverá haver dois canos soldados em V
invertido. Nos de madeira, o recomendável é que nos locais de sustentação do varal, se
coloquem dois suportes que se cruzem em X, para dar melhores condições para seu
apoio. Os cachos estando no varal, pode-se fazer tratamentos fitossanitários e a
despistilagem. Dependendo da velocidade de recolhimento dos cachos e da insolação,
os cachos devem ser protegidos com folhas de bananeiras. No “arreador” de cachos
(como o produtor o chama), deve haver um operário para ajudar o transportador a
pendurá-lo no varal ou no cabo aéreo ou na carreta com ou sem trilhos, a fim de evitar
choques nas frutas.
3- Embalagem
Estas duas últimas caixas são feitas de ripas com 50 a 100 mm de largura,
sobrando pequenos espaços entre elas, por onde os compradores podem visualizar
quase todas as bananas que estão nelas (Foto VII-10).
Quadro VII-1- Dimensões das caixas usadas para embalar bananas, em mm e seus pesos líquidos,
em kg.
No alto de cada uma dessas linhas de suportes (•), haverá uma barra de
ferro em duplo T, com 10 cm de altura, com 3.000 cm de comprimento.
Ligando as barras das linhas SD e SE, haverá a cada 125 cm uma barra em
duplo T, com 10 cm de altura (ou por treliças de 20 cm) e 820 cm de comprimento.
Em baixo dessas barras serão fixados os 10 trilhos paralelos. Eles ficarão distanciados
entre si por 80 cm, sendo que os 2 das laterais estarão a 50 cm dos suportes de apoio,
portanto, tem-se {(80 cm x 9) + (50 cm x 2)} = 820 cm. Desta forma, cada um dos 10
trilhos paralelos terá um ponto de sua sustentação sempre que ele cruze com o trilho
de 820 cm, portanto, a cada 125 cm. Essa sustentação será feita por meio de chapas de
ferro com ¼ x 2” com 30 cm de comprimento, que será soldada no trilho paralelo e no
trilho de 820 cm. Convém lembrar que esta estrutura, quando estiver completa de
cachos, deverá estar sustentando mais de 7 toneladas de cachos.
Esta chapa de 30 cm será acrescida de mais 0,5 cm, na sua parte inferior,
que fará uma dobra em ângulo reto, formando como que um cotovelo. Na sua
extremidade se soldará o trilho paralelo. Todos estes cotovelos ficarão voltados para
um só lado, que será, neste exemplo, do lado esquerdo, para que as roldanas possam
deslizar livremente, sem haver impedimentos para a passagem de seus ganchos. Uma
mão francesa, colocada no lado oposto por onde as roldanas deslizarão, garantirá a
rigidez desse apoio.
Os 10 trilhos paralelos terão a secção de 3/8 x 2” e o comprimento de 250
cm, se houver cabo aéreo e nos demais casos, 2.750 cm. Essa diferença decorre da
ausência do trilho T e da área de manobra dos cachos (2).
Ao longo de todo o comprimento de cada trilho paralelo, sobre sua parte
superior, será soldado um vergalhão de aço com 3/8”, 1/2” ou 5/8”. O diâmetro será
determinado pela calha da roldana. Essa solda será feita a cada 30 a 40 cm de
distância, em ambos os lados e no mesmo ponto sempre (Foto VII-14).
Foto VII-14- As roldanas devem correr livremente sobre os trilhos.
A parte superior dos trilhos paralelos, sobre a qual as roldanas
transportadoras dos cachos irão deslizar, quando pronto, deverá ficar a 200 cm do
piso. Regula-se esta altura variando o comprimento da chapa que tem 30 cm, com a
ponta dobrada em ângulo reto.
A partir do ponto de ligação A (final do trilho fixo do cabo aéreo), inicia
um trilho que fará uma curva à direita, de modo a cruzar transversalmente a ponta de
todos os 10 trilhos paralelos. Essa curva será de 90° com 200 cm de raio.
O final do trilho T será soldado no último trilho paralelo do galpão,
portanto aquele localizado na sua extremidade direita (trilho D). Para isso, haverá
nesse trilho T, uma curva à esquerda, de 90° e 200 cm de raio. Desta forma será
possível puxar as roldanas com os cachos diretamente para dentro do galpão, até ao
final do trilho D, sem nenhuma manobra.
O trilho E não até no ponto A, por ser 30 cm mais curto. Essa distância será
completada com uma barra elevadiça (BE), a fim de se poder puxar as roldanas com os
cachos do ponto A para o trilho E. Uma extremidade dessa barra será articulada na
ponta desse trilho E e a outra se apoiará no ponto A. Para isso ela terminará com um
pedaço de chapa recurvado, com 10 cm de comprimento, cuja secção será da letra J
invertida (Figura VII-7).
Figura VII-7- Barra elevadiça.
Esta barra elevadiça também pode ser construída de modo removível (R).
Esta será igual a que se usará nas ligações dos trilhos fixos das carretas com os do
galpão.
Neste caso, no início do trilho fixo E, haverá um pino de 3/8” soldado nas
mesmas condições já descritas para o trilho fixo da carreta e o vergalhão soldado sobre
o trilho fixo E será, também, 10 cm mais curto do que ele.
A barra removível será construída com um ferro de 2 x 3/8” e com 30 cm
de comprimento. Sobre ele será soldado um vergalhão de ferro com diâmetro igual ao
do galpão. Na extremidade que será acoplada ao trilho fixo E, haverá, de cada lado,
uma chapa de ferro de ¼” com 10 cm de comprimento. O vergalhão terá um
comprimento 2,5 cm maior do que essas chapas. A outra extremidade da barra
removível se apoiará sobre o ponto A. Para isso ela terminará com uma chapa
recurvada em J invertido, igual ao da barra elevadiça (Figura VII-8).
Figura VII-8- Barra removível.
Foto VII-20- No meio torito, os palitos são mais altos para evitar
o contato entre as caixas e as bananas.
Nas organizações mais cuidadosas, quer se trate de banana para mercado
interno ou externo, é comum colocar-se em cada caixa, uma etiqueta identificativa do
embalador, assim como um selo nas bananas com o nome do produtor.
A caixa estando pronta, é empilhada na área de depósito ou vai para a
câmara de climatização, para o veículo transportador ou ainda para a câmara de
refrigeração.
Todos os dias, após ao término da embalagem das bananas, o galpão deve
ser lavado e com especial cuidado, os tanques de lavagem. A solução inseticida e
fungicida não devem ser reaproveitadas no dia seguinte, pois elas se oxidam e perdem
seu efeito.
Atualmente, no mercado interno, há uma tendência de se evoluir a
embalagem das bananas para caixas de papelão. Várias propriedades, mais
distanciadas do centro consumidor de sua banana, principalmente quando ela tem
galpão de embalagem, já estão usando a caixa de papelão, as quais são descartáveis.
Vários fatores contribuem para isso, tais como: alto preço da caixa de madeira, o
extravio dela, pequena durabilidade, ausência da preocupação de sua devolução pelos
compradores, dispensa do serviço de sua recuperação, maior facilidade de
comercialização por não haver o depósito do seu valor e ainda o fato da caixa de
papelão permitir uma melhor apresentação das bananas, por lhes causar menores
injúrias.
Outra grande evolução, é a adoção que está havendo pelos supermercados
em vender as bananas em buquês. Para o supermercado há a vantagem de ter bananas
com um visual mais bonito nas bancas de frutas e, praticamente, sem perdas.
Desaparece com isto o costume do comprador escolher e seccionar a penca para retirar
apenas a parte que lhe interessa. Esta divisão, quando feita com a banana madura e
sem uma faca, danifica muitas delas por compressão. Por sua vez, para o produtor, há
menores perdas durante o processo de embalagem, que também se torna mais fácil de
ser feito e com maior precisão no peso e na uniformidade das bananas nas caixas.
Mão-de-obra necessária para o funcionamento do galpão para 600 caixas
por 8 horas.
1 - recebedor de cachos e despistilador
3 - despistiladores
1 - despencador
2 - retalhadores de pencas (buquê)
2 - pesadores
6 - embaladores
1 - empilhador de caixas prontas
1 - volante fornecedor de caixas e bandejas
1 - limpador do ambiente
1 - fiscal do galpão
19 - total
A banana destinada a exportação é, praticamente, a mesma que se remete
para os supermercados de boa categoria. Há apenas um maior rigor na seleção das
bananas, cujas exigências estão em função do acordo comercial que foi firmado.
Nas caixas de papelão, destinadas a esse mercado, é usual colocar-se no seu
interior um saco de polietileno, com 0,03 a 0,04 mm, perfurados para facilitar as trocas
gasosas e de umidade. Essas caixas são do tipo telescópicas, com peso líquido de 20
kg e as bananas não devem ter comprimento inferior a 18 cm. É o comprador que
determina qual deverá ser o diâmetro da banana a ser embalada. Para se evitar que a
camada superior faça pressão desuniforme sobre a inferior, é possível colocar-se uma
lâmina de papelão entre elas (Foto VII-21).
Foto VII-21- Faz parte da estrutura da caixa uma parede extra,
que é usada para proteger as bananas de baixo.
Foto VII-22- A preferência de bananas em buquê é maior do que
em pencas devido a redução de injúrias.
Quando as caixas vão para mercados mais distantes, quer seja para o
interno ou o externo, se usa revestí-las internamente com uma saco de polietileno sem
perfurações. Dentro dele serão colocadas todas as pencas ou os buquês. Posto isto
faz-se o completo succionamento do ar contido no seu interior e se dá um nó na sua
boca. Estas caixas devem ser imediatamente refrigeradas para a temperatura de 15°C.
Este sistema garante maior tempo de conservação da banana, pois ela quase para de
respirar.
O atual nível tecnológico já atingido pelos produtores exportadores é
bastante alto, mas ainda precisam melhorar, principalmente o transporte interno.
A exportação brasileira está dirigida apenas aos mercados do Mercosul, que
consomem cerca de 0,33% da produção brasileira, a qual é feita quase que só com
bananas paulistas colhidas no Litoral e no Vale do Ribeira. Este mercado tem se
mostrado pouco atrativo para os produtores dessas regiões, que procuram cada vez
mais se fixarem no mercado interno.
4- Amadurecimento
4.1- A câmara de maturação
As câmaras de maturação são compostas de um local onde se instala um
compressor para produção de frio e um salão fechado. No teto deste são fixados os
evaporadores, para dispersão do frio e forçar sua circulação, hidratadores ambientais,
sistema para introdução de gás ativador da maturação e em algumas, há também um
sistema de aquecimento, que é feito por meio de eletricidade. Além desses
equipamentos, deve haver, na parede detrás do evaporador, o insuflador de ar para
fazer a exaustão. Como locais complementares deverão haver plataformas para
recepção e expedição de caixas. A câmara que tem esses equipamentos é denominada
câmara de climatização*.
* Nome criado pela então Cooperativa Central de Bananicultores do Estado de São Paulo, em
Santos, em 1964.
As câmaras devem ser feitas com capacidade para 10 a 12 toneladas de
bananas. Nas câmaras maiores, há sempre dificuldades na exaustão total do gás
carbônico e longo tempo para abaixamento da temperatura, o que provoca sérios
problemas na qualidade da maturação e maiores custos.
Uma câmara para 600 caixas com 22 kg de bananas (torito) deve ter 3,10 m
de altura, 6,50 m de comprimento e 4,20 m de largura. Para facilitar o empilhamento
deve-se colocar apenas 7 a 8 toritos sobrepostos ou seja 2,1 m de altura. Sobre as
caixas, é necessário haver sempre um espaço mínimo de 60 cm para a circulação de ar
(Figura VII-9 e Figura VII-10).
Quadro VII-2- Características físico-químicas da banana ‘Grande Naine’ segundo os sete graus
internacionais de maturação.
Grau de maturação 1 2 3 4 5 6 7
Cor da casca verde verde+faixa +verde +amarelo ponta toda
pinta-
amarela -amarela -verde verde amarela dinha*
Características
....................................................................................................................ll.....
% de amido 17,73 13,68 8,76 4,96 2,65 1,73
0,80
% de açúcares total 1,32 3,21 6,57 11,26 16,18 19,50
19,71
% de açúcares redutores 0,57 1,50 3,27 5,86 8,60 10,40
10,32
% de sólidos solúveis (°brix) 4,69 7,28 12,48 17,78 20,8l 22,10
22,61
pH 5,24 5,02 4,87 4,77 4,75 4,78
4,88
Acidez (% de ácido málico) 0,41 0,54 0,63 0,67 0,67 0,62
0,52
Relação polpa / casca 1,37 1,45 1,53 1,61 1,69 1,70
1,96
% de umidade 70,00 72,32 72,64 72,97 73,28 73,61
73,92
* Pontos de antracnose
Fonte: CITA - Centro de Investigações em Tecnologia de Alimentos.
Por: Sônia I. Chacón, Floribeth V. e Geraldo Chacón.
Universidade de Costa Rica.
Foto VII-25- A banana verde tem menos açúcar (1) e a pintadinha (7) mais.
Na compra, a preferência é com as extremidades verdes (5), mas para
consumo é pelas pintadinhas (Foto Chiquita Brands Co.).
Estudos feitos com banana ‘Nanicão’ madura, com relação ao rendimento
em polpa, foi possível verificar a existência de uma variação do seu porcentual, em
função do seu comprimento (Quadro VII-3). Pode-se observar também que a
porcentagem de polpa é maior nas bananas mais compridas. Esta informação serve
para orientar o consumidor, no sentido de que, ao comprar bananas mais longas, estará
adquirindo mais polpa, o que justifica, em parte, o pagamento de um preço mais
elevado por elas.
5- Transporte externo
As caixas cheias serão transportadas em caminhões para os intermediários
amadurecedores. Esse transporte pode ser feito em caminhões abertos, se a distância a
percorrer não for superior a 100 km, desde que isto seja feito em horas de fraco calor
ou seja pela manhã ou pela tardinha. Porém, se a temperatura ambiente estiver
próximo de 12°C, deve-se efetuar o transporte de dia, para se evitar problemas de
“chilling”. Neste caso é recomendável o uso de caminhões fechados.
As caixas são empilhadas no máximo com 7 camadas (210 cm) e amarradas
com cordas que se apoiarão em cantoneiras de madeira, com 10 cm de largura por 2
cm de espessura. Estas cantoneiras devem ficar em ambos os lados da carroceria e no
seu comprimento total. Um caminhão trucado transporta de 620 a 650 caixas tipo
torito e 510 a 540 caixas tipo cubito, conforme o tamanho de sua carroceria. Em
termos de peso, a carga varia de 12 a 18 t.
Se a distância a percorrer for maior do que a citada, é conveniente que se
utilize caminhões térmicos ou de preferência frigorificados (Foto VII-26). Para o caso
dos térmicos, haverá necessidade de se resfriar as caixas a uma temperatura de 14 a
15°C, para depois se realizar a viagem. Esse resfriamento poderá ser feito em uma
câmara auxiliar ou por meio da injeção de nitrogênio líquido no interior do caminhão
térmico.
6- Utilização da banana
A banana tem sido tradicionalmente consumida como fruta fresca em mesas
das mais diferentes classes sociais, quer como sobremesa ou mesmo como
complemento da alimentação.
O tanino que ela possui quando ainda verde, possibilita seu uso sem
restrições, como controlador das diarréias em crianças ou adultos, principalmente
quando se utiliza o cultivar Maçã, quando ainda “verdolengas”.
No meio rural, a cica da banana tem sido aplicada como anti-séptico, nos
ferimentos feitos a faca, dada a sua capacidade de estancar hemorragias.
Na farmacologia caseira, seu uso é citado constantemente como auxiliar no
tratamento das vias respiratórias, principalmente contra asma, tuberculose, pneumonia
e também, hepatite.
A banana permite a elaboração de alguns produtos industrializados ou na
culinária doméstica, tais como:
a) purê - concentrado de polpa de banana, que pode ser apresentado para
consumo sob as formas congelada, acidificada ou enlatada assepticamente;
b) flocos de banana verde (banana ships);
c) banana em pó liofilizada;
d) banana desidratada (passa);
e) bananada;
f) banana em calda;
g) geléias;
h) bananas com merengue;
i) suflê de banana;
j) bolo de banana;
k) torta de banana;
l) sorvete de banana ao rum.
As bananas do subgrupo Prata não têm sido utilizadas para a produção de
banana desidratada e também para o purê devido seu elevado teor de água. Entretanto,
a banana ‘Branca’ é muito usada junto com as do subgrupo Cavendish, para melhorar
a textura e também o ponto de corte das bananadas.
Da bananeira, dos restos do cacho e da casca da banana podem ser obtidos
os seguintes produtos:
a) “palmito” em salmoura;
b) torta doce de casca de banana;
c) torta doce de engaço;
d) torta doce do “coração”.
Os restos das bananas e dos cachos descartados têm sido usados na
alimentação de bovinos, eqüinos, suínos, etc., com excelentes resultados.
Em algumas regiões do Nordeste, as folhas mais velhas das bananeiras,
porém, ainda vivas, são cortadas e dadas aos animais.
Os restos de pseudocaule, ainda verdes, têm sido usados como cama, para
produção de esterco animal ou ainda, como complemento de ração para os ruminantes.
Estudos feitos pelo IAC demonstraram que a retirada dos restos de cultura
do meio do bananal, diminui a fertilidade da área, não sendo, portanto, prática
recomendável (Quadro IX-1).
A adubação dos solos para a bananeira deve ser feita em caráter permanente
e fracionada, no mínimo em três doses anuais, de modo a manter o nível de fertilidade
constantemente alto; melhor seria se fossem em quatro vezes.
Nos bananais recém plantados, os fertilizantes podem ser aplicados
isoladamente, a fim de que a bananeira tenha à sua disposição o nutriente que ela está
mais necessitando naquele momento, de acordo com sua idade fisiológica.
Nos bananais adultos, o programa de fertilização perde esta característica,
pois nele existem permanentemente plantas em diferentes fases de desenvolvimento
que, portanto, necessitam absorver simultaneamente todos os nutrientes, para suprir
suas necessidades minerais.
É recomendável mandar fazer a análise química do solo do bananal, antes
de o adubar (ver Cap. V-2.4). A prescrição da adubação baseada nessa análise evita
que, eventualmente, se provoque um desequilíbrio do solo e, por conseguinte,
apareçam perturbações fisiológicas.
Para maior precisão no parecer da adubação, deve-se também, fazer a
análise foliar, levando ainda em consideração o cultivar que vai ser adubado, pois
segundo os Quadros IX-6 e 7, há diferentes exigências nutricionais entre eles.
A fertilização dos solos para cultivo da bananeira deve ser encarada sob
dois aspectos:
a) correção do solo - é feita com o pó calcário dolomítico, o fosfato natural
(adubação básica ou de fundação) e a gessagem;
b) adubação de produção - é feita com os macrofertilizantes que são a base
de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre e os microfertilizantes que
são a base de boro, zinco, manganês, ferro, cobre e molibidênio.
1- Calagem
A bananeira pode se desenvolver em solo com pH entre 4 (ácido) e 8
(alcalino) com ou sem fertilizantes, porém, as maiores produtividades têm sido
encontradas em solos com pH entre os limites 6 a 6,5. É nessa faixa de pH que a
bananeira consegue absorver as maiores quantidades de macro e micronutrientes.
Muitos bananais adubados não têm apresentado ótimo nível de produção
devido à falta de correção do pH. Experiências conduzidas em diversos tipos de solo e
regiões do mundo bananeiro, demonstraram haver grande desenvolvimento e aumento
de produção apenas com a correção do pH.
A correção da acidez do solo deve ser feita, de preferência, empregando-se
o pó calcário dolomítico que tenha teores de óxido de magnésio acima de 20%,
tolerando-se, contudo teores de até 17%.
Este cuidado se deve ao fato de que cálcio é encontrado em diversos
adubos, o que não acontece com o magnésio. Além disso, o cálcio se fixa mais
facilmente na partícula de argila do que o magnésio, que é mais lixiviado do que ele.
Cerca de 20 a 30% do magnésio absorvido é utilizado nas atividades da fotossíntese.
Outra parte do magnésio é perdida durante o processo de transporte de fósforo dentro
da planta, principalmente sua translocação dos órgãos mais velhos para os mais
jovens, além daquela que entra na constituição química da clorofila.
A calagem, em bananicultura, é feita primordialmente para se fazer a
adubação de magnésio e depois de cálcio e finalmente para corrigir o pH. Tendo-se
atingido os níveis desejados para o magnésio, geralmente se corrigiu o pH e se
forneceu o cálcio que ela precisa.
A bananeira é uma das plantas que retira maior quantidade de potássio do
solo. Entretanto, para se aplicar elevadas quantidades de potássio no solo, é preciso
que os teores de cálcio e magnésio também estejam em níveis elevados. Um
desequilíbrio entre estes três nutrientes pode ocasionar a moléstia fisiológica,
conhecida por “azul-da-bananeira”.
Os solos fortemente ácidos não devem ser transformados rapidamente em
neutros ou alcalinos, pois isto pode ocasionar desequilíbrios na absorção dos
micronutrientes, cuja correção é bastante problemática. Não é recomendável a
aplicação de doses maiores do que 500 g/m² (5 t/ha), de uma só vez.
Os resultados das análises químicas dos solos orgânicos, normalmente
indicam a necessidade de se aplicar mais de 5 t/ha, mas isto não deve ser feito, pelos
motivos acima expostos e também pelo fato da calagem, nestes solos, provocar a
“queima” dessa matéria orgânica, que com o tempo causará seu desaparecimento.
A correção do pH facilita a assimilação do potássio, nutriente considerado
de grande necessidade para o metabolismo da bananeira e que provoca, após algum
tempo, certa liberação do fósforo que esteja adsorvido na argila. Porém, logo após a
calagem, por dois a três meses, as bananeiras apresentam clorose generalizada da falta
de fósforo.
O pó calcário dolomítico nas condições atuais de preço, fornece o nutriente
magnésio a um preço oito vezes inferior ao obtido através do sulfato de magnésio.
1 1
T ( V² - V ) T ( 70 – V )
NC = ---------------- = ----------------- = ? t / ha ou ? x 100 = ? g / m²
PRNT 67
onde
T = CTC = Ca + Mg + K + ( H + Al )
CTC = capacidade de troca catiônica = cátions trocáveis, fornecidos pela análise;
+ +++
( H ) + (Al ) = hidrogênio + alumínio trocável ou acidez potencial;
V² = % de saturação em bases desejada, sendo para bananeiras = 70%;
1
V = % de saturação em bases obtida na análise = ( Ca + Mg + K );
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário, cujo teor médio é de 67%
para o do Estado de São Paulo.
Obs. - Uma tonelada de calcário com 35% de CaO e 17% de MgO aumenta
0,6 mmolc/dm3 de Ca e 0,4 mmolc/dm3 de Mg, depois de ter corrigido as necessidades
da calagem.
Uma vez determinada a dose a ser aplicada, deve-se adquirir o pó calcário
e, tão cedo ele chegue na propriedade, é prudente cuidar de sua distribuição. Ele não
deve ficar exposto a chuvas, para não ocorrer a reagregação dos seus grânulos mais
finos, que irá anular, em parte, os efeitos esperados da calagem.
1.3- Aplicação
A calagem normalmente é feita em quantidade suficiente para ter uma
validade de dois, três ou mais anos, uma vez que a solubilização do pó calcário é lenta
e depende muito do grau de sua moagem.
Sempre que possível, é preferível que a calagem seja feita antes do plantio
inicial do bananal ou durante a sua reforma periódica.
A correta aplicação do pó calcário dolomítico deve ser feita
uniformemente em toda a área do bananal e não apenas ao redor da planta e muito
menos somente dentro da cova, motivo pelo qual adotamos a expressão g/m² e não
t/ha. Isto se justifica porque as raízes crescem e rapidamente deixam o espaço limitado
pela cova; em 40 a 50 dias, elas já têm 100 cm de comprimento e quando adultas,
podem atingir a até 4 m.
Nas áreas mecanizáveis, é preferível aplica-se a dose total do pó calcário
logo depois da aração e fazer sua incorporação ao solo com a gradagem ou com a
rotovatagem. Muitas vezes o produtor prefere fazer a aração seguida de uma gradagem
rápida, aplicar todo o corretivo e realizar uma outra gradagem, o que é vantajoso para
poupar a calcariadeira das trepidações e também para se obter uma mais rápida
solubilização do calcário.
A distribuição do corretivo, nessas áreas, pode ser feita por meio de
calcareadeiras, isto é, máquinas do tipo de um “cocho”, que podem ser tracionadas por
trator ou animal. Ela tem no seu fundo vários furos, por onde o produto escorre. Esses
furos têm uma regulagem que permite dosar sua saída, com relativa precisão. O
corretivo é solto de 15 a 20 cm acima do solo e, com isto, não fica sujeito à influência
do vento. A distribuição é muito uniforme e rápida e pode-se chegar a 20 ou mais
toneladas por dia, desde que haja duas pessoas para fazer o seu reabastecimento (Foto
VIII-1).
1.4- O “azul-da-bananeira”
Os primeiros sintomas visuais desse desequilíbrio nutricional que causa
uma perturbação fisiológica na bananeira, são muito semelhantes a uma carência de
magnésio. Inicialmente, as folhas ficam sem sua cerosidade natural e o seu brilho
característico, tornando-se opacas como se lhes tivessem passado uma lixa bem fina,
em toda a sua extensão. No lóbulo direito da folha (aquele que se abre primeiro), ao
longo da nervura do bordo, aparece uma leve faixa desverdecida, porém com limites
bem mais definidos do que uma simples falta de Mg, tendendo para o amarelo. Com o
passar do tempo, iguais sintomas surgem no outro lóbulo (Foto VIII-2).
Foto VIII-2- A clorose sub-marginal ao longo da folha indica uma tendência
para o aparecimento do “azul-da-bananeira”.
Aumentando o desequilíbrio, essa faixa se alarga irregularmente em direção
a nervura principal, numa descoloração progressiva. Uma necrose cor palha de milho
se desenvolve nas partes desverdecidas, que acaba por tomar irregularmente toda a
folha. Como o magnésio se desloca das folhas velhas para as novas, esses sintomas
tornam-se, tanto mais intensos, quanto mais velhas forem as folhas (Foto VIII-3).
2- Fosfatagem
A bananeira no Brasil tem sido, em geral, cultivada em solos ácidos e
pobres em fósforo. Este nutriente, que normalmente é fornecido às plantas sob a forma
de superfosfato, pode ser substituído por fosfatos naturais (fluoropatita -
CaF2.3Ca3(PO4)2). Esta troca traz ao bananicultor e à bananeira algumas vantagens.
Seu custo é bem inferior e a sua aplicação pode ser feita em uma só vez, à semelhança
do pó calcário; sua solubilidade é bastante lenta e as perdas por lixiviação são
praticamente nulas, uma vez que fósforo é quase que imóvel no solo. Para a planta, há
a vantagem dele ser incorporado em toda a área, o que beneficia todo o solo que seu
sistema radicular vai explorar.
Outra vantagem da aplicação do fosfato natural é a facilidade da realização
dos programas de adubação, principalmente nos bananais em formação. A aplicação
do nitrogênio e do potássio poderá ser feita de modo a atender suas exigências
fisiológicas na qual consta mais nitrogênio na planta quando nova e mais potássio após
a diferenciação floral.
2.1- Os fosfatos
Os fosfatos naturais têm em geral, cerca de 30% de P2O5 solubilizáveis, de
forma lenta, porém progressiva. O emprego inicial de uma pequena dose do
superfosfato simples será oportuno, apenas nos solos médios e ou muito pobres em
fósforo, uma vez que esse adubo tem cerca de 20% de P2O5 solúvel, que poderá ser
utilizado pelas bananeiras imediatamente.
Os fosfatos naturais tem sua solubilização acelerada por processos
biológicos, onde as micorrizas têm o papel principal. Elas são muito encontradiças nos
bananais já formados.
A continuidade do emprego do fosfato natural, por ocasião das reformas do
bananal, possibilita que se venha a abandonar o uso do superfosfato (Cap. X-2.4.1.2).
2.2- Dosagens
Recomenda-se incorporar sempre ao solo, como adubação básica mínima,
por ocasião do plantio e nas reformas dos bananais, 100 g de fosfato natural por metro
quadrado quando o resultado da análise de solo indicar a existência de 6 a 10 mg/dm³
de P (resina); para índice inferiores a 5, devem ser usadas 200 gramas por metro
quadrado. Estas quantidades de fosfato natural não dispensam o uso do superfosfato.
Entretanto, pretendendo-se usar apenas o fosfato natural há necessidade de
aumentar essas quantidades de conformidade com o Quadro VIII-1.
Quadro VIII-1- Doses de fosfato natural em função do resultado na análise de terra.
Níveis Limites de P (resina) Quantidade
3
mg/dm g/m²
muito baixo <6 500
baixo 6 - 15 400
médio 16 - 40 300
alto 41 - 80 200
muito alto >80 100
2.3- Aplicação
As quantidades de fosfato natural serão, à semelhança da calagem,
distribuídas uniformemente em toda a área, com os mesmos equipamentos e
incorporadas ao solo durante a fase do seu preparo.
Os fosfato naturais devem ser aplicados e incorporados ao solo cerca de
60 dias antes da calagem. Este intervalo de tempo se prende ao fato dele ter maior
solubilização em solos ácidos. A calagem retarda sua degradação.
Trabalhos conduzidos no Vale do Ribeira (SP), demonstraram que após 8
meses da aplicação de 200 g de fosfato natural por metro quadrado, o teor de P
analisado pelo método da resina, subiu de 4 para 12 mg/dm3 e assim se conservou por
dois anos.
3- Gessagem
Ela consiste na aplicação do gesso (CaSO4.2H2O) e é conhecida como
gessagem. Ela é usada principalmente para reduzir os índices de salinização do solo.
Este problema é muito grave nos solos arenosos. Nas regiões mais áridas, a irrigação
feita de modo inconveniente, na qual se aplica a água com equipamentos não
indicados e também em diminutas quantidades, a salinização tende a ocorrer. Para se
evitar que isto aconteça, a irrigação deve ser feita a intervalos bastante longos e na
qual se aplique altas quantidades de água, de modo que ela possa se infiltrar,
profundamente, no solo. Desta forma ela arrasta para maiores profundidades, os sais
que tendem a aflorar na superfície do solo. A salinização pode ocorrer também pelo
uso excessivo de adubos acidificantes.
O gesso também pode ser usado como adubo fornecedor de S.
3.1- Dosagens
O Quadro VIII-2 fornece indicações das quantidades recomendadas, para
uma incorporação na profundidade de 15 e 30 cm, inclusive a quantidade de S contida
em cada dosagem, em função do teor de sódio intercambiável.
3.2- Aplicação
Quando se vai aplicar o gesso com a finalidade de reduzir a salinização do
solo, ele deve ser distribuído, à semelhança do pó calcário, ou seja em toda a
superfície de forma bastante regular. Posto isto, o solo deverá ser arado para se
facilitar sua mistura em camadas mais profundas. É durante as reformas dos bananais
que se deve aproveitar para se fazer a gessagem.
CAPÍTULO IX - UTRIÇÃO
Quadro IX-1- Quantidade dos elementos e de matéria seca na bananeira e a sua distribuição nos
seus diferentes orgãos.
Material vegetal Peso Peso N P K Ca Mg S
Cl
fresco seco
t/ha
----------------------------------------kg/ha------------------------------------------
1) Pseudocaule
Florescimentol 152,6 7630 55 8,6 308 49 18,3 1,533
148
Corte 143,7 6900 53 6,5 274 75 28,2 1,324
180
2) Folha
Florescimento ... 41,0 5137 89 7,2 151 42 15,4 6,220
41
Corte..........ll 25,9 4017 60 5,1 138 62 12,4 4,639
31
3) Engaço
Florescimentol 15,6 1092 27 3,0 45 4 3,6 1,200
9
Corte..........ll 8,7 580 8 1,4 33 2 0,9 1,186
7
4) Botão floral 2,0 167 3 0,4 8 1 0,6 0,381
1
5) Fruto 68,2 13925 140 19,0 600 19 20,8 3,745
80
6) Total
a) Na planta
Florescimento 209,2 13859 171 18,8 504 95 37,3 8,953
198
Corte.........l 180,4 25589 264 32,4 1053 159 62,9 11,275
299
b) Cacho (Fruto
+ engaço)...l 77,0 14505 148 20,4 633 21 21,7 4,931
87
Material vegetal Peso Peso B Cu Fe Mn Mo Zn Al Na
Água
fresco seco
t/ha kg/ha
--------------------------------------g/ha------------------------------------------ %
1) Pseudocaule
Florescimentol 152,6 7630 129 30 1304 2548 0,381 113 984 1258
95.0
Corte..........ll 143,7 6900 124 29 1311 2263 0,621 146 1283 1290
95,2
2) Folha
Florescimento ... 41,0 5137 97 33 1351 3169 0,719 73 1191 1135
87,5
Corte..........ll 25,9 4017 72 21 1012 3715 0,321 66 915 1285
84,4
3) Engaço
Florescimentol 15,6 1092 29 12 155 306 0,141 37 91 173
93,0
Corte..........ll 8,7 580 12 1 95 131 0,168 7 71 114
93,4
4) Botão floral. 2,0 167 6 1 25 55 0,025 6 18 27
91,7
5) Fruto 68,2 13925 153 68 612 682 0,139 132 529 1489
79,6
6) Total
a) Na planta
Florescimento 209,2 13859 255 75 2810 6023 1,241 223 2266 2566
-
Corte.........l 180,4 25589 367 120 3055 6846 1,274 357 2816 4205
-
b) Cacho (Fruto
+ engaço)...l 77,0 14505 165 69 707 813 0,307 139 620 1662
-
Fonte: IAC.
Quadro IX-2- Distribuição porcentual da quantidade total de nutrientes extraídos para formação da
parte aérea da bananeira pelos seus diferentes órgãos, por ocasião da colheita.
Vitaminas
A - (Caroteno) 160-200 UI (casca verde-amarela)
450-500 UI (casca amarela)
Ácido fólico 10 µg
B1 - (Tiamina) 0,04 - 0,06 mg
B2 - (Riboflavina) 0,06 - 0,08 mg
C - (Ácido ascórbico) 0,15 - 0,20 mg (casca verde-amarela)
0,10 - 0,11 mg (casca amarela)
Niacina 0,06 mg
Piridoxina 0,5 mg
Acidez total 3,4
1200
Florescimento
1000
Corte
800 Cacho
600
kg/ha
400
200
0
N P K Ca Mg S
Elementos
4000
g/ha
3000
2000
1000
0
B Zn Cl Cu Fe Mn Mo Al Na
Elementos
Via Na Nn P K S Ca Mg Zn B Cl Cu Fe Mn Mo
Na
Raízes m g g g g g g g g g p p p p
g
Foliar g m p m g p g g p m g g g g
p
Pseudocaule g g m g g p g g g m g g g g
m
Na = N amoniacal Nn = N nítrico
p = pequena m = média g = grande
2- Análise foliar
Uma forma de se avaliar o estado nutricional de uma planta é através de
uma análise geral dela e de onde ela está plantada. Deve-se levar em conta as
dimensões das folhas, as variações da sua coloração, a existência de cloroses ou
necroses, o aspecto do cacho, dos “filhos” e dos “netos” e outros fatores mais que
possam auxiliar nesta avaliação. Além disto, é preciso considerar também os fatores
ecológicos da região assim como os fitossanitários, que podem estar afetando a planta.
Para isso, é preciso que o fitotecnista seja um especialista de alto nível,
perfeitamente conhecedor da região, para fazer estas apreciações e, mesmo assim, ele
não saberá dizer quanto de nutriente a planta tem mas, somente qual nutriente lhe falta
ou tem em excesso.
Em resumo, por essa forma é possível apenas corrigir-se o que está se
vendo, sem se poder suprir o que está começando a lhe faltar, deixando-se com isto de
se precaver de problemas que ainda estão por vir.
A análise de solo (ver Cap. V-2.4) é um meio de se avaliar as
disponibilidades de nutrientes existentes para as plantas, mas não reflete o que elas
estão efetivamente retirando do solo.
A análise foliar é um método de se avaliar, com maior precisão, a efetiva
situação nutricional das plantas. Ela permite comparar os resultados obtidos nessa
análise com os padrões de nutrição, tanto para carência como para excesso ou mesmo
toxidez, de qualquer um dos elementos nutritivos.
A conjugação das análises de solo e foliar, associados à vivência do
especialista é a solução ideal.
Há alguns órgãos das plantas que expressam, com mais precisão, as
quantidades de nutrientes que existem nela. Da mesma forma, a idade fisiológica da
planta interfere nos resultados das análises.
Para cada espécie vegetal há uma metodologia para a coleta da amostra
destinada à análise foliar, para determinação de seus componentes.
Igualmente, para cada espécie vegetal, existem parâmetros numéricos
indicativos do seu estado nutricional.
A amostra de folha, para análise foliar em bananeiras, é coletada na
terceira última folha normal emitida, antes do lançamento da inflorescência. A retirada
da amostra de folha deve ser feita quando a planta esteja lançando sua inflorescência,
durante o período em que já exista nela uma ou mais mãos de flores femininas
formadas e terminando quando haja no máximo uma a três mãos de flores masculinas
ou hermafroditas abertas (brácteas abertas).
Da folha escolhida para amostragem, retira-se uma faixa em ambos seus
lóbulos, no sentido do comprimento das nervuras secundárias e com a largura de 10
cm, sem incluir a nervura principal. Esta faixa é retirada exatamente na região
mediana da folha. As duas faixas de lóbulos foliares retiradas serão divididas em duas
metades, por meio de um corte feito transversalmente sobre as nervuras secundárias.
Apenas as duas metades que estavam ligadas na nervura principal, serão usadas como
amostra e constituem a Amostra Internacional de Referência (AIR - ano l975) (Figura
IX-1).
Figura IX-1- Folha mostrando a parte que constitui a amostra foliar (AIR).
Na coleta das amostras deve-se escolher dentro do lote, ao acaso, um
mínimo de 10 plantas, para se ter uma melhor informação e também maior volume de
material para o laboratório.
Pesquisas feitas internacionalmente em amostras do tipo descrito (AIR),
permitem que se considere os teores de nutrientes constantes do Quadro IX-4 como
suficientes para assegurar uma boa produção.
Quadro IX-4- Os teores médios de nutrientes encontrados nas folhas das bananeiras de cultivares do
subgrupo Cavendish, tipo gigante (‘Nanicão’), analisado na amostra AIR.
Quadro IX-5- Relação dos cultivares estudados e agrupados segundo seus respectivos genômios.
01 AA ‘Ouro’
02 AAA ‘Nanica’
03 “ ‘Nanica branca’
04 “ ‘Nanica caturra’
05 “ ‘Nanicão açu’
06 “ ‘Nanicão branco’
07 “ ‘Nanicão de Eldorado’
08 “ ‘Nanicão do Rio’
09 “ ‘Nanicão do Mambu’
10 “ ‘Nanicão de Santos’
11 “ ‘Nanicão pseudocaule roxo’
12 “ ‘Fifi’
13 “ ‘Baé’
14 “ ‘Anã do alto’
15 “ ‘Congo’
16 “ ‘Monte Cristo’
17 “ ‘Piruá’
18 “ ‘Poyo’
19 “ ‘Cachiola’
20 “ ‘Giant fig’
21 “ ‘Salta do cacho’
22 “ ‘Peruíbe’
23 “ ‘Mata galo’
24 “ ‘Lacatan’
25 “ ‘São Tomé’
26 “ ‘Ouro Bahia’
27 “ ‘Caru verde’
28 “ ‘Caru roxa’
29 “ ‘Colônia’
30 “ ‘Vermelha de Paranaguá’
31 “ ‘Gros Michel’
32 “ ‘Leite’
33 AAAA ‘IC-2’ (Golden Beauty)
34 AAB ‘IAC-1’
35 “ ‘Figo vermelha’
36 “ ‘Figo pão’
37 “ ‘Figo cinza’
38 “ ‘Branca’
39 “ ‘Branca do Ribeira’
40 “ ‘Prata’
41 “ ‘Prata do Norte’
42 “ ‘Enxerto’ (Prata anã)
43 “ ‘Pacova’
44 “ ‘Terra’
45 “ ‘Maranhão de Guarujá’
46 “ ‘Sete pencas’
47 “ ‘Guayaneiro’
48 “ ‘Mongolô’
49 “ ‘Mysore’
50 “ ‘Padath’
Fonte: IAC.
Quadro IX-6- Teores de macronutrientes de 50 cultivares de bananas comestíveis da Estação
Experimental de Pariquera-açu (SP), do IAC através do método AIR.
Cultivar %
N P K Ca Mg S
01 2,21 0,172 2,21 2,33 0,20 0,134
02 2,41 0,167 2,90 2,06 0,30 0,235
03 2,17 0,174 1,55 1,23 0,16 0,095
04 2,28 0,182 3,44 1,80 0,16 0,186
05 2,31 0,174 2,15 0,90 0,17 0,162
06 2,53 0,174 2,19 0,80 0,16 0,165
07 2,48 0,169 2,63 0,90 0,22 0,163
08 2,37 0,158 2,02 1,16 0,16 0,089
09 1,77 0,192 3,17 1,49 0,10 0,297
10 2,28 0,158 3,22 1,30 0,14 0,205
11 2,78 0,151 2,90 0,85 0,20 0,129
12 1,73 0,160 3,45 1,01 0,14 0,233
13 2,58 0,163 3,47 1,21 0,31 0,196
14 2,46 0,170 2,31 0,78 0,17 0,096
15 2,51 0,l55 2,07 1,02 0,17 0,144
16 2,42 0,161 2,44 1,47 0,25 0,194
17 2,28 0,158 1,82 0,97 0,17 0,138
18 2,18 0,158 2,80 1,21 0,19 0,266
19 2,36 0,155 3,17 1,06 0,23 0,186
20 2,22 0,171 2,96 0,63 0,12 0,165
21 2,38 0,168 3,17 1,39 0,39 0,152
22 2,22 0,175 2,40 1,03 0,21 0,138
23 2,72 0,167 2,66 1,14 0,32 0,121
24 2,31 0,155 2,81 1,14 0,32 0,165
25 2,37 0,151 2,51 0,73 0,25 0,097
26 2,78 0,150 2,40 0,90 0,30 0,119
27 2,36 0,123 2,53 1,72 0,37 0,201
28 2,17 0,140 2,29 1,63 0,32 0,134
29 2,15 0,154 2,19 1,46 0,29 0,055
30 2,38 0,123 2,24 1,33 0,22 0,253
31 2,54 0,150 1,76 1,30 0,13 0,150
32 2,14 0,186 2,83 1,38 0,23 0,180
33 2,22 0,175 2,87 0,85 0,15 0,140
34 2,26 0,144 1,68 0,82 0,13 0,143
35 2,18 0,139 0,98 1,34 0,35 0,095
36 2,32 0,132 1,23 1,29 0,40 0,103
37 1,73 0,141 1,35 1,61 0, 46 0,111
38 2,40 0,158 2,42 1,11 0,32 0,090
39 2,53 0,158 2,52 1,29 0,28 0,107
40 2,62 0,181 2,33 1,32 0,26 0,140
41 2,97 0,154 2,19 1,00 0,25 0,081
42 2,40 0,165 2,65 0,82 0,22 0,104
43 2,25 0,171 2,20 1,19 0,21 0,187
44 2,50 0,153 2,06 1,24 0,15 0,137
45 2,35 0,151 1,83 0,99 0,25 0,122
46 2,19 0,161 2,68 1,22 0,31 0,146
47 2,18 0,160 2,33 1,38 0,35 0,146
48 2,33 0,160 2,47 1,43 0,38 0,151
49 1,93 0,173 1,50 1,50 0,28 0,233
50 2,58 0,161 1,83 1,29 0,21 0,115
Média 2,34 0,160 2,40 1,22 0,25 0,152
Valor menor 1,73 0,123 0,98 0,63 0,10 0,055
Valor maior 2,97 0,192 3,47 2,33 0,46
0,297
Fonte: IAC.
Cultivar ppm
B Cl Cu Fe Mn Zn
1 14 1,204 4,8 110 123 16,2
2 12 1,515 6,0 155 639 18,3
3 10 0,864 4,3 117 415 13,9
4 13 1,441 6,3 149 593 18,3
5 12 1,073 6,3 131 444 15,6
6 13 0,929 5,9 98 380 14,4
7 12 0,967 5,1 106 408 14,3
8 13 0,811 5,0 102 536 17,4
9 9 1,236 4,5 114 329 13,6
10 12 0,962 5,4 137 602 18,3
11 10 1,131 7,4 152 438 16,2
12 12 0,788 4,6 99 466 15,1
13 9 1,275 8,3 120 489 17,0
14 13 0,870 8,3 87 403 13,0
15 12 0,840 6,1 263 558 18,9
16 10 1,207 5,5 136 500 16,3
17 10 0,801 6,1 97 385 15,1
18 12 0,986 5,6 133 369 15,1
19 12 0,839 6,2 107 552 18,8
20 19 0,758 6,2 86 270 14,5
21 14 0,975 8,4 103 429 17,9
22 10 0,799 7,5 106 385 14,9
23 11 1,054 7,0 102 275 16,2
24 12 1,149 7,3 103 345 15,5
25 13 0,734 5,8 88 149 12,1
26 11 0,641 8,2 102 232 19,2
27 10 0,695 4,8 90 87 18,0
28 12 0,975 4,9 73 222 15,5
29 12 0,755 3,5 58 169 16,8
30 10 0,688 3,9 101 167 13,1
31 14 0,935 4,5 90 261 13,1
32 15 0,884 5,0 102 318 20,9
33 13 0,743 6,4 98 303 11,7
34 12 0,862 4,4 116 186 13,3
35 10 0,710 3,7 92 112 16,8
36 18 0,864 515 120 123 21,0
37 12 0,832 4,8 97 178 16,5
38 18 0,899 5,2 129 204 16,7
39 15 0,834 7,4 113 237 17,3
40 12 0,958 6,1 239 214 17,5
41 13 0,977 4,7 131 227 15,8
42 16 0,881 5,6 94 175 18,4
43 11 0,856 4,9 115 394 14,7
44 11 0,743 5,2 91 243 11,6
45 11 0,788 5,6 136 254 17,0
46 13 1,030 5,2 187 219 20,1
47 11 1,289 4,8 112 141 17,1
48 10 1,274 4,8 115 217 15,2
49 10 0,654 4,0 96 271 11,6
50 11 1,138 5,4 111 240 14,5
Média 12 0,942 5,7 116 318 16,0
Valor menor 9 0,641 3,5 58 87 11,6
Valor maior 19 1,515 8,4 263 639 21,0
Fonte: IAC.
Quadro IX-8- Classificação ocupada pelos 50 cultivares de bananeiras segundo os teores crescentes
de macronutrientes encontrados nas amostras de folhas analisadas. Os cultivares estão designados
numericamente conforme indicação no Quadro IX-5.
Classificação N P K Ca Mg S
01º 37* 27 35 20 09 29
02º 12 30 36 25 20 41**
03º 09 36 37* 14 34 08
04º 49 35 49 06 31 38
05º 32 28 03 34 10 35
06º 29 37* 34 42 12 03
07º 03 34 31 11 33 25
08º 28 26 17 33 44 14
09º 35 31 45 05 08 36
10º 47 45 50 26 03 42
11º 18 25 08 07 08 39
12º 46 11 44 17 14 37*
13º 01 44 15 45 17 50
14º 33 29 05 41** 15 26
15º 20 41** 41** 12 05 23
16º 22 19 06 15 04 45
17º 43 15 29 22 18 11
18º 34 24 43 19 11 28
19º 17 10 01 38 01 01
20º 04 18 30 23 22 44
21º 10 39 28 24 43 22
22º 24 38 14 08 50 17
23º 05 08 47 43 42 33
24º 36 17 40 18 07 40
25º 48 12 22 13 30 34
26º 45 48 26 46 19 15
27º 19 50 38 03 32 47
28º 27 16 16 44 41** 46
29º 25 46 48 36 25 31
30º 08 13 25 50 45 48
31º 21 42 39 39 16 21
32º 30 23 27 31 40 05
33º 42 02 07 10 39 07
34º 38 21 42 40 49 20
35º 02 47 23 30 29 06
36º 16 07 46 35 26 24
37º 14 14 18 47 02 32
38º 07 20 24 32 13 19
39º 44 01 32 21 46 04
40º 15 49 33 48 24 43
41º 39 43 02 29 23 46
42º 06 05 11 16 38 13
43º 31 03 20 09 28 27
44º 50 06 21 49 35 10
45º 13 33 19 37* 47 49
46º 40 22 09 28 27 12
47º 23 40 10 27 48 02
48º 11 04 04 04 21 30
49º 26 32 12 02 36 18
50º 41** 09 13 01 37* 09
Fonte: IAC.
Quadro IX-9- Classificação ocupada pelos 50 cultivares de bananeiras segundo os teores crescentes
de micronutrientes encontrados nas amostras de folhas analisadas. Os cultivares estão designados
numericamente conforme indicação no Quadro IX-5.
Classificação B Cl Cu Fe Mn Zn
01º 09 26 29 29 27 44
02º 13 49 35 28 35 49
03º 49 30 30 20 01 33
04º 27 27 49 14 36 25
05º 30 35 03 25 47 14
06º 35 25 34 27 25 30
07º 03 33 31 31 30 31
08º 48 44 09 44 29 34
09º 16 29 12 35 42 09
10º 17 20 41** 42 37* 03
11º 11 12 27 49 34 07
12º 22 45 01 37* 38 06
13º 47 22 37* 17 40 50
14º 43 17 47 33 48 20
15º 44 08 48 06 46 43
16º 50 37* 28 12 28 22
17º 23 39 43 30 41** 17
18º 26 19 08 08 26 18
19º 29 15 32 32 39 12
20º 34 43 07 23 50 48
21º 37* 34 44 26 44 28
22º 28 03 46 24 45 24
23º 15 36 38 21 31 05
24º 12 14 10 07 20 41**
25º 40 42 50 22 49 35
26º 18 32 36 19 23 01
27º 07 38 16 01 33 23
28º 05 06 18 50 32 11
29º 10 31 45 47 09 16
30º 02 40 42 39 24 37*
31º 24 10 25 09 18 38
32º 19 07 06 43 06 29
33º 08 21 02 48 22 45
34º 41** 28 15 34 17 13
35º 46 41** 17 03 43 47
36º 45 18 40 36 14 39
37º 33 46 19 13 07 08
38º 04 23 20 38 03 40
39º 06 05 05 41** 21 21
40º 14 11 04 05 11 27
41º 25 50 33 18 05 10
42º 31 24 23 16 12 04
43º 01 01 24 45 13 02
44º 21 16 39 10 16 42
45º 32 09 11 04 08 19
46º 39 48 22 11 19 15
47º 42 13 26 02 15 26
48º 38 47 14 46 04 46
49º 36 04 13 40 10 32
50º 20 02 21 15 02 36
Fonte: IAC.
Quadro IX-10- Variação dos teores dos elementos na folha na época do florescimento em função das
localidades.
Teor na Localidade dms Valor de
matéria ------------------------------------------------------------ CV %
(1) (2)
seca Avaré Itanhaém Miracatu Ubatuba Tukey 5% F
a b ab ab
N% 1,46 2,01 1,80 1,71 0,43 11,32 5,34
*
a a a a
P% 0,118 0,155 0,145 0,148 0,066 21,41 1,18
ns
a a a a
K% 2,67 3,57 2,44 3,13 1,28 19,66 2,97
ns
b a a a
Ca % 1,04 0,70 0,79 0,81 0,15 8,18 8,41
**
a a a a
Mg % 0,38 0,25 0,33 0,26 0,13 20,66 3,84
ns
a a a a
S% 0,114 0,108 0,124 0,136 0,033 12,51 2,62
ns
b ab ab a
B ppm 23 19 18 14 6 14,78 7,36
*
a b b a
Cl % 0,61 0,99 1,00 0,63 0,20 11,60 21,60
**
b b a a
Cu ppm 8,9 8,5 4,5 4,3 0,4 3,01 6,36
*
b a a a
Fe ppm 611 182 168 91 129 22,24 64,88
**
ab c b a
Mn ppm 450 1224 552 242 264 19,43 50,08
**
a a a b
Mo ppm 0,15 0,04 0,08 0,31 0,14 43,02 14,00
**
a c b b
Zn ppm 9,7 18,4 14,7 14,8 1,9 6,12 65,10
**
c a b a
Al ppm 528 105 189 105 71 14,00 152,95
**
a b b b
Na ppm 147 246 262 228 59 12,21 14,29
**
(1) As letras comuns expressam diferenças não significativas; as não comuns, diferenças
significativas pelo teste de Tukey a 5%.
(2) ** Significativo ao nível de 1%; * significativo ao nível de 5% e ns não significativo.
3- Os nutrientes
3.1- Generalidades
Nas bananeiras, os nutrientes têm uma dinâmica muito grande, de modo
que uma situação de carência ou de excesso aparece rapidamente.
As necessidades nutricionais das bananeiras variam com os locais de
plantio, são agravadas quando há problemas fitossanitários tanto nas raízes como nas
folhas e respondem diferentemente conforme os cultivares.
Os estudos nutricionais das bananeiras têm sido feito com maior ênfase
para aquelas do subgrupo Cavendish e em muito menor proporção para as do subgrupo
Prata, cujo interesse quase que se restringe só ao Brasil, onde eles são os mais
cultivados. Recentes pesquisas demonstraram que os cultivares do subgrupo Terra
(“plátanos”) nem sempre demonstram os sintomas nutricionais típicos para os
diferentes nutrientes. Quer isto dizer que muitas das informações que serão abaixo
apresentadas poderão estar ausentes nesses cultivares. É o caso, por exemplo, do
“azul-da-bananeira” que não foi ainda registrado nelas, assim como o Zn, que não lhes
causa tantas deformações.
A importância dos nutrientes para as bananeiras e suas carências foram
estudadas, inicialmente, em vasos com areia, irrigados com soluções nutritivas.
Múltiplas pesquisas têm sido feitas atualmente, em diversas localidades, a fim de
refinar melhor as informações já obtidas. Com o decorrer dos anos, chegar-se-á a
informações bem mais precisas, com requintes de se poder ter indicações específicas
para cada tipo de solo e cultivar, porém, em se pensando em termos de Brasil, ainda
falta muito por se fazer.
As informações sobre nutrição, que serão apresentadas, se referem
basicamente aos cultivares do subgrupo Cavendish.
Os nutrientes têm, isoladamente, funções específicas na fisiologia da
bananeira, porém é preciso que haja uma dosagem certa entre os seus teores para não
se provocar desequilíbrios nutricionais ou intoxicações, que podem favorecer ou não o
desenvolvimento de determinadas moléstias fisiológicas e até mesmo anular sua
produção.
Para que uma planta demonstre toda sua capacidade genética de produção,
é preciso que ela tenha à sua disposição todos os nutrientes que necessita, os quais
poderão estar sob a forma orgânica ou mineral.
Os nutrientes são divididos em dois grupos: os macronutrientes e os
micronutrientes.
Macronutrientes são aqueles que a bananeira exige para sua fisiologia, em
maiores quantidades e são os responsáveis pela formação estrutural e produtiva dela.
Eles são aplicados em toneladas por hectare. Todos os macronutrientes - água (H2O),
matéria orgânica (M.O.), nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca),
magnésio (Mg) e enxofre (S) - são importantes para a bananeira.
Micronutrientes são aqueles que a bananeira precisa ter à sua disposição,
em quantidades pequenas, para complementar sua nutrição e equilibrar a absorção dos
macronutrientes, além de participar ativamente da fisiologia da planta. Eles são
aplicados em quilos por hectare. Dentre os micronutrientes têm-se hoje, que os mais
importantes para a bananeira são o boro (B) e o zinco (Zn), porém, o ferro (Fe), cobre
(Cu), manganês (Mn), alumínio (Al) e molibdênio (Mo) apesar de terem menor
importância, também participam de sua nutrição.
A planta normalmente retira esses nutrientes do solo, da água ou da
atmosfera. Caso isto não aconteça, ela terá fome que comprometerá o seu
desenvolvimento e a sua produção.
Para se conhecer a situação nutricional do bananal, é necessário ter uma
análise química completa do solo, a qual indicará os teores dos elementos aí
existentes. Como complemento das informações, tem-se a análise foliar, cujos
resultados permitem avaliar o que a planta está efetivamente conseguindo retirar do
solo. Eventualmente, pode-se ter ótimos resultados da análise de solo e baixos índices
na análise foliar, devido a problemas tais como aqueles ligados ao sistema radicular
provocados pelos nematóides e a broca-das-bananeiras, à falta de água no solo ou
mesmo uma carga latente de vírus, ou ainda de parasitismos de fungos ou bactérias
que estejam impedindo a nutrição normal da planta. Somente após uma avaliação de
todos estes fatores é que se pode diagnosticar corretamente o estado nutricional da
bananeira.
Esta avaliação permite que se faça um prognóstico do que irá acontecer
com o bananal, se for mantida essa situação existente e também orientar o produtor
quanto a ações futuras, no que diz respeito a adubações que precisarão ser feitas nele.
A bananeira quando tem falta ou excesso de um macro ou micronutriente,
ela apresenta cloroses e até mesmo necroses específicas nos seus diferentes órgãos,
que possibilitam quase sempre, fazer-se a identificação do problema nutricional que a
está afetando. Cabe aos técnicos bananícolas e também aos bananicultores se
inteirarem destas modificações visuais que ela está apresentando, a fim de que possam
fazer as adubações necessárias, para que a sua produção não seja prejudicada.
O tempo que uma bananeira, em processo de diferenciação floral, leva para
demonstrar a falta de um determinado nutriente, somente acontece após um período de
sua privação, que é variável e que pode ser assim resumido:
8 a 10 dias de seca para a água
l a 2 meses para o N
2 a 3 meses para o Ca, Mg, S, Zn, B e Mn
4 meses para o P
5 meses para o K
Esta é a forma pela qual a bananeira procura demonstrar sua situação
nutricional. Porém, todo o quadro visualizado retrata uma situação já vivida, cujos
prejuízos nem sempre podem ser recuperados pela planta e, muito menos na sua
produção, uma vez que eles já perturbaram sua fisiologia.
3.3- Os macronutrientes
3.1- A água
Sem água não há vida e a bananeira não é uma exceção. A simples falta
dela por algum tempo ou o não suprimento de forma adequada é suficiente para
prejudicar sua produção.
O Quadro IX-11 fala por si só da importância da água para a bananeira.
Quadro IX-11- Peso em kg, porcentagem de água e quantidade de litros de água em uma bananeira
‘Nanicão’, em seus diversos órgãos.
Órgão kg % Litros
Pseudocaule 75 95 71
Folhas 20 85 17
Engaço 7,5 93 6,9
Coração 1,3 91 1,18
Pencas 34 79 26
_
Total 137,8 X = 88,6 22,08
Quadro IX-12- Valores médios de nitrogênio, fósforo e potássio, em porcentagem, nos adubos
orgânicos, segundo a amostra analisada.
Porcentagem no material ainda úmido
Adubos orgânicos Umidade N P2O5 K2O
Foto IX-13- Amarelo vivo na folha mais velha, com necrose palha de milho,
começando na sua ponta, indica falta de K.
Na fase inicial da deficiência há um achatamento vertical da roseta, seguido
de sua compactação, como se fosse um diafragma de máquina fotográfica
estrangulando o engaço. As plantas são sempre mais baixas.
Se a deficiência é pequena, a ponto das cloroses não chegarem a necroses, o
cacho é quase normal, porém o engaço é fino e curto. Por ocasião da colheita as
bananas são curtas, magras e um pouco encurvadas como as do cultivar Nanica.
Na seqüência de fome nutricional, começam aparecer, junto à nervura
principal, manchas de ferrugem na página inferior da folha. Elas são sempre mais
intensas e em maior porcentagem em baixo da folha, mas acabam também aparecendo
na parte superior. Esta ferrugem é produzida por um fungo chamado Cladosporium
musae, que pode chegar a ocupar quase toda a página inferior (Foto IX-14). Este
fungo, assim localizado, desaparece por completo quando se aplica o K, dispensando
qualquer tratamento. Nas folhas mais velhas com ou sem ferrugem, aparece uma
necrose negra que se inicia na sua ponta e vai, progressivamente, caminhando para sua
base. Esta necrose seca ambos os lados da folha, de modo igual. Em seguida a ponta
da nervura principal, que também está negra, começa a se enrolar sobre si mesma,
trazendo consigo os dois lados da folha. Este enrolamento normalmente avança apenas
cerca de 30 a 40 cm (Foto IX-15).
Foto IX-18- Manchas irregulares cor palha de milho com centro mais claro
e com moldura negra indica fome de Ca, causada por fortes chuvas.
Na folha velha, com falta de Ca, é comum aparecer triângulos com base
menor necrosados inteiramente em cor negra, sem molduras internas, com pequena
base, apoiados na nervura de bordo. Estes triângulos podem ou não aparecer
juntamente com as necroses circulares. Como reação do tecido que foi necrosado,
aparece, em ambos os casos, uma estreita moldura amarela intensa, junto ao seu
contorno, que vai se esmaecendo para o centro da folha (Foto IX-19).
Foto IX-19- Folha velha com necrose triangular negra com moldura
amarelada se esmaecendo, é fome de Ca.
Todas essas manchas que ficam necrosadas têm o seu tecido interno com a
cor de palha de milho seco. Recolhendo-se essas folhas e as conservando em local
sombrio e fresco, após 2 a 3 dias, as áreas com necrose palha de milho, vão
progressivamente se tornando negras, como a moldura inicial.
As necroses negras podem também se apresentar na folha velha, em faixas
envolvendo várias nervuras secundárias, cujas larguras variam de 1 a mais de 20 cm.
Essas faixas negras têm molduras mais negras ainda e estão localizadas principalmente
no terço final da folha. Essas faixas necrosadas facilmente se rasgam com o vento, no
sentido das nervuras secundárias e as tiras formadas se enrolam como charuto, por
estarem muito desidratadas (Foto IX-20).
Foto IX-21- Folha verde quase opaca e com limbo incompleto, é falta de Ca.
Quando a carência atinge essa condição, pode aparecer sintomas de fome
oculta de S, que está bloqueando a absorção do Ca. Essa fome que é identificada pelo
estreitamento da faixa entre as nervuras secundárias ou mesmo pelo desaparecimento
de uma delas alternadamente, aparece juntamente com as manchas grandes circulares
típicas da falta do Ca.
As bananas são magras com casca opaca, sem cera, freqüentemente se
racham e têm maturação irregular.
As deficiências de Ca e Mg se apresentam como que se fossem
necessariamente associadas, tal a freqüência de sua simultaneidade, o que decorre da
grande afinidade química de ambos (Foto IX-22).
Foto IX-22- Folha verde-claro sem brilho, com nervuras secundárias
intumescidas e salpicadas de necroses circulares negras, é fome de Ca e
Mg.
Quando há falta d’água no solo ou forte adubação com K, a fome de Ca
sempre aparece.
Foto IX-26- A falta de N e P junto com Mg produz folhas sem brilho, amarela
esverdeada cheia de pequenas necroses cor palha de milho, com moldura
preta.
É comum que, após a passagem de um “vento noroeste” (quente e seco) que
soprou por dois ou três dias seguidos, os quais prenunciam fortes chuvas, estes
sintomas aparecerem já no dia seguinte da passagem daquele fenômeno climático.
Essas folhas, que estão amarelo-esverdeado, podem também não apresentar
estas manchas necróticas mas, por estarem rígidas e quase desidratadas, se fendilham
entre as nervuras secundárias, até atingir a principal. Ao longo da linha de
fendilhamento, aparece uma estreita faixa com necrose negra. O fendilhamento divide
a folha em faixas com tamanhos que variam de uma dezena de centímetros a várias.
A roseta foliar fica compacta e a distribuição de saída das folhas perde seu
compasso regular e se abre em um leque, lembrando a árvore dos viajantes (Ravenalia
madagascariensis) (Foto IX-27).
Foto IX-29- Se a fome de S for muito forte, aparece, apenas nas plantas
jovens,
áreas esbranquiçadas que se alongam pela nervura de bordo. A vela fica
quase branca.
Os lóbulos foliares ficam com amarelo-dourado brilhante.
Dada a fragilidade da folha I, é freqüente ocorrer o seu rasgamento a partir
do 3° mês de idade da planta. Com o passar do tempo, estando essa folha na posição
VI a VIII, essas descolorações podem se regenerar e até mesmo desaparecerem, porém
havendo agravamento da situação nutricional, a roseta foliar fica mais compactada e
levemente desorganizada.
Quando a deficiência é pequena, é bem típico ocorrer um estreitamento da
distância entre as nervuras secundárias, que se tornam acentuadamente delgadas.
Havendo aumento da deficiência ocorre, inicialmente, como que uma diluição da
nervura secundária, de forma alternada, chegando mesmo a desaparecer por completo.
Agravando mais a deficiência, as nervuras secundárias tornam-se bastante espessas e
enrugadas, em quase todo seu comprimento. A folha apresenta estas modificações
morfológicas desde seu nascimento, sendo que de nada adianta fornecer o S que a
planta precisava, pois estes aspectos não são recuperáveis. Estes sintomas são típicos
da falta de S (Foto IX-30).
3.3.4- Os micronutrientes
Foto IX-54- Folha verde, sem brilho, com nervuras secundárias pouco
visíveis, com necrose palha de milho junto aos bordos, seguido de estreita
necrose negra, é toxidez de Na.
Nas folhas mais velhas dos “filhos” ainda com folhas lanceoladas, há o
aparecimento de manchas irregulares e descontínuas, em vários locais, lembrando um
pouco as necroses causadas por ataque de vírus do mosaico-do-pepino ou mesmo um
excesso de Fe.
Os frutos são deformados, finos e magros.
Quando o teor de Na é maior a planta morre.
O Na pode chegar a 1% na folha se o K for baixo.
A neutralização do Na é feita com abundante irrigação ou aplicação de
gesso em doses segundo a intensidade do problema e os tipos de argilas existentes na
localidade. O S elementar também pode ser usado para neutralizar o Na (item
IX-3.3.3.6).
O excesso de Na ocorre geralmente nas regiões próximas do mar, nas áreas
semi-áridas e em solos alcalinos. Nessas áreas, deve-se evitar as irrigações diárias,
optando-se por fazê-las com o maior intervalo de tempo possível e de forma
abundante, para não se ter a salinização do solo e se conseguir provocar a lixiviação
do Na para camadas mais profundas. É importante tomar-se cuidado com a qualidade
da água de irrigação nos solos que têm tendência a salinização.
Ao se fazer a irrigação para lavagem do Ha, é essencial que o terreno
tenha um bom sistema de drenagem, pois caso isto não ocorra, o efeito da água será
pior ainda.
A bananeira é mais sensível ao Na do que ao Cl, porém, por ser uma planta
glicófita não suporta a salinidade.
-P
folhas levemente bronzeadas c/ necrose iniciando na nervura de bordo, c/ cor
palha de milho, c/ estreita moldura preta contornada por outra igual c/ cor amarelo
vivo.
pecíolo verde limão.
roseta da “mãe” e “filho” c/ menor ângulo foliar.
folhas envassouradas.
+P
folhas c/ verde escuro, pseudocaule intensamente pigmentado (subgrupo
Cavendish) ou verde claro intenso (subgrupo Prata).
todos os frutos curvos em ½ lua principalmente quando novos (subgrupo Prata).
-K
pecíolo tendo na base cor violácea que acaba invadindo a nervura principal.
folhas mais velhas amarelo-canário c/ necrose negra na ponta, havendo
enrolamento da nervura principal p/ baixo, ao contrário da folha de samambaia.
salpicamento de ferrugem por baixo da folha, começando junto da nervura
principal.
folha c/ pecíolo quebrado no seu 1° terço.
todos os sintomas se agravam quando o cacho está engordando.
+K
ausência de folha senil.
folhas verde-bronzeado e coriácea.
engaço e rabo longo e grosso.
cicatrizes proeminentes.
- Ca
áreas da vela ou do cartucho c/ tecido fino e queimado pelo sol.
folha coriácea, s/ brilho, ásperas e c/ ápice guilhotinado.
folha depois da posição III c/ lóbulos ondulados.
folhas velhas c/ desverdecimento geral sendo um pouco mais acentuado nos
bordos e c/ nervuras secundárias intumescidas junto à principal que se
desintumesce gradativamente p/ a de bordo, s/ contudo chegar nela.
folhas velhas c/ manchas esparsas necróticas pardo-avermelhada-escuras ±
circulares c/ moldura negra ou com triângulo necrótico negro c/ base pequena e c/
amarelo esmaecendo dela para a nervura principal, ou c/ necrose preta em faixas c/
moldura negra ligando a nervura principal c/ a de bordo.
lóbulos foliares parcial e irregularmente atrofiados a partir da nervura de bordo s/
brilho e levemente desverdecido.
os sintomas se acentuam quando há inundações.
+ Ca
pouco freqüente e s/ sintomas típicos.
- Mg
folhas novas e velhas s/ brilho e ásperas.
folhas velhas c/ faixa desverdecida em degradê, ao longo dos dois semibordos,
avançando p/ a nervura principal.
folhas mais velhas c/ apenas uma faixa central verde.
roseta foliar estrangulada e prensada verticalmente, abrindo em leque.
bainhas e pecíolos c/ epiderme desidratada e c/ pequenos fendilhamentos no seu
comprimento.
bananas maduras separando os três lóculos facilmente.
rabo e coração fino e desidratado c/ secamento prematuro.
+ Mg
pouco freqüente e s/ sintomas típicos.
- Mg e - Ca (Azul-da-bananeira)
todos os sintomas de - Mg.
pecíolos c/ manchas roxeadas na sua base que se ampliam e se tornam violáceas e
depois arroxeadas até atingir a nervura principal.
roseta compacta quase em leque.
lóbulos secos das folhas velhas de plantas c/ cacho tendo apenas a nervura
principal arroxeada.
pseudocaule violáceo e brilhante.
rabo do cacho igual rabo de gato velho.
mais freqüente no subgrupo Cavendish.
-S
folha recém aberta c/ amarelo pálido brilhante.
desaparecimento de nervuras secundárias alternadamente.
redução do espaço entre nervuras secundárias.
nervuras secundárias espessas e enrugadas em quase toda sua extensão.
lóbulos parcialmente atrofiados a partir da nervura de bordo c/ brilho intenso e
verde-dourado.
ápice da folha terminando guilhotinado
+S
não ocorre em condições de campo.
- Zn
cor rósea do verso da folha nova desaparece logo.
lóbulos da folha nova zebrada em verde e amarelada.
igual sintoma na vela ou no cartucho.
planta adulta c/ folha nova amarela-esverdeada c/ verso da nervura principal rósea.
folha verde c/ bordos c/ necrose preta irregular, c/ moldura amarela degradê, c/
pecíolo quebrado ou não junto ao pseudocaule.
pecíolos curtos c/ ou s/ riscos longitudinais escuros e necrosados.
pseudocaule da “mãe” e “filho” fortemente desidrato e fino c/ roseta envassourada
e compacta c/ folhas eretas, principalmente nos “filhos”.
“mãe” c/ formação de bolsa de líquido abaixo da gema apical.
bananas curtas c/ pontas como gargalo de garrafa, principalmente no cultivar
Prata.
+ Zn
não foi observado no campo.
-B
vela recurvada ou frouxa c/ aparência de amassada.
folha c/ ponta guilhotinada e ápice fendilhado.
nervuras terciárias visíveis por transparência c/ ou s/ epiderme rompida.
folha c/ vincos perpendiculares às nervuras secundárias formando quadrado.
vela seca e enrolada como folha de samambaia.
lóbulos foliares irregularmente atrofiados a partir da nervura de bordo c/ verde
escuro e pouco brilho.
inflorescência em posição horizontal por mais tempo c/ eventuais quebra de
engaço.
necrose ferruginosa e ou preta horizontal nas bainhas internas do pseudocaule.
+B
no campo só c/ excesso de adubação, o que deixa a vela branca e as folhas
amareladas c/ necroses pretas nos seus bordos, nas regiões medianas e do ápice.
folhas mais velhas c/ necrose negra em toda ela.
- Mn
folhas opacas c/ amarelecimento nas margens c/ estreita faixa verde junto a
nervura de bordo.
nervura principal amarelada c/ pontuações negras (Deightoniella torulosa) e
lóbulos levemente desverdecido.
nervura secundária amarelada c/ verde claro entre elas.
pontuações negras nas folhas e bananas verdes (Deightoniella torulosa).
sintomas mais intensos nos “filhos”.
+ Mn
planta toda com verde opaco semelhante a - N.
nervuras de bordo realçadas c/ faixa amarelo pálido em dente de serra.
folhas com faixa ferruginosa, salpicada de plaquetas douradas fosca, apenas nos 2
a 5 cm da nervura de bordo.
últimos 20 a 30 cm do ápice da folha velha c/ ferrugem.
folhas mais velhas c/ pecíolo quebrado junto ao pseudocaule.
folhas caídas acabam ficando c/ amarelo senil, impregnadas de ferrugem contendo
salpiques de plaquetas douradas.
bananas curtas e magras despencando após a climatização, como se tivesse faltado
oxigênio.
cachos finos, compridos c/ engaços longos e muito finos.
brácteas c/ intensas estrias verdes no seu comprimento.
- Cu
em condições de campo é raro.
+ Cu
pode ocorrer devido a aplicação de fungicidas que o contenham.
- Fe
folhas quase que só lanceoladas sendo, quando novas, branco amareladas c/
nervura principal verde acinzentado.
só ocorre em solos c/ pH maior que 7.
+ Fe
pouco freqüente e só em solos ácidos.
folha c/ estreita faixa necrosada negra no bordo.
folha velha c/ faixa semelhante a + Mn s/ plaquetas douradas.
esparsas estrias negras salpicando a parte não necrosada.
aparecimento de tênues nervuras secundárias paralelas às normais.
- Cl
não se tem notícias em condições de campo.
+ Cl
cloroses bem marginais que lembram início de + Mn.
planta pequena c/ clorose amarela generalizada.
ocorre mais facilmente perto do litoral.
- Na
não se têm notícias em condições de campo.
+ Na
folhas mais velhas c/ faixa amarela irregular no sub bordo, c/ 1 a 2 cm tendo no
seu lado interno contorno parecido a dente de serra.
nervura de bordo necrosada.
a faixa amarelada fica necrosada em palha de milho até 30% do lóbulo.
folhas adultas do “filho” ainda c/ folha lanceolada c/ manchas lembrando as
necroses de CMV ou excesso de Fe.
- P e Zn
folhas velhas c/ bordos verdes e c/ áreas amareladas na página superior, próximo
da nervura principal, salpicadas de ferrugem, sendo mais intenso sobre as nervuras
secundárias.
pecíolo verde limão por bloqueio de P e Zn devido à calagem recente.
Planta
c/ rizoma > NP
+ baixa Fe Cl
verde desmaiado Mn
clorose amarela em geral, semelhante a - N Cl
Nas raízes
favorece o crescimento N Ca Mg
B Zn
inibe o crescimento Al Cl Na Mn Fe
Cu
aparecimento de ponta como que “queimada” Na
morte de todas Cl
Pseudocaule
+ grosso + comprido e c/ > cerosidade N
c/ > pigmentação (subgrupo Cavendish) NP
+ hidratado NK
c/ cor verde garrafa (subgrupo Cavendish) N
c/ cor verde claro intenso (subgrupo Prata) N
Filhos
em pequeno n° Mn Cu Fe
Na
em grande n° N P Ca Mg Zn B
pequenos Cl
c/ > desenvolvimento N Zn
c/ < desenvolvimento Mn Fe Na
c/ folha grande e acentuadamente lanceolada N
Vela
c/ pavio vivo por + tempo N
demorando p/ abrir N
c/ cor verde escuro N
Cartucho
c/ pavio demorando p/ secar N
demorando p/ abrir N
cor verde escuro N
Folha velha
c/ bainhas se soltando estando ela viva N
s/ apresentar senilidade NK
verde amarelada pálida Mn
c/ bordos c/ clorose amarelo pálido, em regulares ou
irregulares pequenos dentes de serra c/ ± 3 mm Mn
c/ bordos c/ clorose amarelo pálido, em regulares pequenos
dentes de serra c/ ± 3 cm Mn
s/ brilho, s/ cera, verde intenso apagado, s/ moldura de
borda, c/ ou s/ faixa necrosada Na
estando as + de baixo verdes amarelada pálido, quebradas
junto ao pseudocaule e vivas por longo tempo Mn
Pecíolo
> e uniformemente colorido N
s/ necroses N
quebrado junto ao pseudocaule c/ folha viva Mn
quase seco e quebrado junto ao pseudocaule Na
Nervura principal
c/ > calha N
verde amarelada pálida Mn
Nervuras secundárias
c/ verde amarelada Mn
Roseta
+ longa N
+ harmoniosa NK
levemente achatada verticalmente Mn
Hélice foliar
harmoniosa NK
pequena distorção no seu passo Mn
Inflorescência
> NK
c/ brácteas bem róseas N
magra, pouco rosada e muitas estrias verdes Mn
Engaço
+ grosso e + longo NK
+ verde e + piloso N
acinzentado e fino Mn
Cacho
> N
+ pesado K
leve Mn
> exsudação de seiva N
c/ colheita retardada K Mn
Pencas
em > n° NB
c/ > distância entre elas N Mn
Bananas
em > n° N Zn B
+ compridas N Zn
magras e curtas Mn Na
+ gordas K
c/ desenvolvimento muito lento Cl
deformadas Na
recurvadas quando novas N
recurvadas nas primeiras pencas, em ½ lua quando novas P
c/ casca + frágil N
verde amarelada Mn
c/ faixas brancas S
desidratadas e separando os lóculos Mn
rachamento da casca no campo ou depois da climatização
após outono N (uréia)
despenca facilmente após a climatização Mn
Rabo
fino Mn
+ longo + grosso + verde c/ cicatrizes proeminentes NK
Coração
c/ brácteas > c/ coração > até secar NK
c/ brácteas intensamente róseas N
comprido, fino e c/ brácteas claras Mn
+ pesado K
Planta
baixa NK
verde amarela pálida N
verde limão desmaiado P
Raízes
curtas e poucas radicelas N P Ca Mg B
finas N P Mg
c/ pontas c/ crescimento lento B
Pseudocaule
curto N Mg
c/ bainha seca N Mg Zn A *
c/ bainhas verde pálido N
c/ bainha seca se soltando Mg
c/ bainha violácea brilhante A
c/ bainha c/ ferrugem interna B
c/ necroses preta transversais c/ 2 a 5 mm nas bainhas
interiores B
c/ qualescência das necroses formando manchas B
c/ epiderme da bainha desidratada Zn B
c/ epiderme da bainha fendilhada na roseta Mg
c/ podridão fisiológica externa N
c/ podridão fisiológica interna NB
c/ morte fisiológica B
* azul-da-bananeira
Filhos
em pequeno n° N P K Ca
Mg S Zn B
c/ desenvolvimento lento N P Ca Mg S Zn
Vela
não ereta B
desidratada e frouxa B
branca S Zn
zebrada Zn
c/ tecido fino brancacento Ca
c/ tecido fino necrosado palha de milho Ca
morta B
aderida na nervura da folha anterior N
Cartucho
frouxo e amassado B
c/ tecido brancacento fino Ca
parcialmente branco S Zn
c/ lóbulos abrindo precocemente N
zebrado Zn
erecto c/ tecido necrosado na base Zn
Folha adulta
s/ brilho N K Ca Mg Mn
s/ brilho, s/ cera, verde intenso apagado, c/ nervura de bordo
realçada, s/ moldura Na
coriácea Ca
áspera Ca Mg Mn
estreita e curta Ca S Zn
em pequeno n° N
c/ pecíolo seco quebrado na base N
c/ ápice guilhotinado e c/ ondulações Ca S
c/ ápice fendilhado B
c/ aparecimento de nervuras terciárias B
c/ quadrado 10 x 10 mm B
c/ vincos retos cortando as secundárias principalmente junto
ao pecíolo B
branca amarelada Fe
amarela pálida N Mn
c/ leve amarelecimento senil em geral K
amarela em degradê a partir do bordo Zn
c/ amarelo em degradê aumentando após seu corte Zn
c/ faixa desverdecida a partir dos semi-bordos Mg
Folha velha
s/ brilho P
s/ brilho e s/ cera N Ca Mg
ásperas Ca Mg
verde amarela pálida N
c/ bordos desverdecidos N
bronzeada P
ereta por + tempo P
c/ ápice da nervura principal seca e enrolada K
rasgada em tiras e enrolada como charuto K Ca
s/ folha viva na colheita KA
verde limão após a calagem P
c/ bordo verde intenso e c/ áreas amarelas próximas a nervura
principal salpicadas de ferrugem Zn
c/ amarelo enxofre nas + velhas K
c/ aparecimento de Cladosporium musae no verso K
c/ faixa desverdecida em degradê a partir dos semi-bordos Mg
c/ faixa verde só junto a nervura principal Mg
c/ faixa amarela no bordo que desverdece p/ centro Ca
envassourada mesmo na floração A
Nervura principal
c/ a ponta enrolada K
violácea por baixo K
róseo por baixo Zn
arroxeada por baixo A
verde amarelada em toda ela Mn
c/ aparecimento de pontos de Deightoniella tolurosa Mn
encurvadas como guarda chuva aberto Cu
Roseta
compacta N P K Ca Mg Zn
A
estrangulada N Zn
envassourada N P Zn
c/ mudança do passo da hélice no 7° mês PS
desorganizada P K Ca Mg
em leque Mg A
roxa A
Engaço
fino e curto N KCa Mg Zn
róseo Zn
quebra durante o florescimento B
destroncado A
Inflorescência
magra N Zn
c/ brácteas c/ estrias verdes Zn
permanece longo tempo horizontalmente, s/ haver quebra do
engaço Zn
c/ secamento geral B
Cacho
pequeno N K S B Zn
leve K Mg Zn
Pencas
em pequeno n° N P Zn B
c/ dedos arrepiados nas primeiras pencas P
c/ dedos recurvados nas últimas pencas em ½ lua
quando nova ou velha P
c/ < distância entre elas P Zn
não granadas B
Bananas
em pequeno n° N P Zn B
magras e curtas N K Mg
Zn
encurvadas na colheita K Mg S Zn
A
recurvados nas últimas pencas em ½ lua quando nova ou velha P
deformadas irregularmente S
c/ ápice em gargalo de garrafa Zn
verde amarelada N
verde pálida Zn
c/ estrias brancas S
rachadas quando verde Ca
separando os lóculos Mg A
desidratadas Mg A
c/ podridão fisiológica interna A
c/ pontos pretos de Deightoniella torulosa Mn
não granadas B
Rabo
curto N
fino e murcho N Mg
desidratado c/ secamento prematuro N Mg A
Coração
pequeno e magro NK
c/ brácteas claras N
c/ brácteas c/ estrias verdes Zn
c/ brácteas desidratadas N
seca prematuramente N Mg A
CAPÍTULO X - ADUBAÇÃO
A bananeira deve ser tratada como uma planta de vida relativamente curta.
O programa de adubação deve ser conduzido sempre de forma preventiva. A adubação
deve ser feita de modo que a planta, já no início do seu desenvolvimento, tenha os
adubos à sua disposição para assimilar e armazenar os nutrientes a fim de poder gerar
e produzir um bom cacho.
Como foi visto (Cap. II-5.6), durante o processo da diferenciação floral, a
bananeira define exatamente o número de bananas e pencas que irá produzir, restando
para a segunda fase de sua vida apenas o crescimento e o desenvolvimento da fruta.
Desta forma, se a bananeira não foi bem adubada na primeira fase de sua
vida, não se pode esperar uma boa produção, pois ela precisa primeiro se abastecer de
nutrientes, para poder produzir um bom cacho. As adubações feitas atrasadamente
surtirão efeitos apenas nos “filhos” e muito pouco na produção da planta “mãe”, que
somente terá tempo para “engordar” mais suas bananas, sem contudo aumentar seu
comprimento, o número delas e o de pencas também.
O bananicultor deve ter em mente que as adubações são feitas na planta
“mãe” para garantir a boa produção do “filho” ou seja, ela tem de ser feita sempre
de forma preventiva.
1- Orgânica
Durante o plantio deve-se colocar, sempre que possível, a matéria orgânica
na cova, desde que esteja bem curtida. A quantidade a se usar é exclusivamente uma
questão de disponibilidade e viabilidade econômica, uma vez que os resultados serão
altamente compensadores.
Entretanto, se a matéria orgânica não estiver bem curtida, ela deverá ser
posta na cova, misturada com um pouco de terra e ficar fermentando por 20 a 30 dias,
pois o processo de fermentação produz grande aquecimento no local. Só depois que a
temperatura da cova voltar ao normal é que se pode efetuar o plantio.
No plantio feito por meio de sulcos, que é o mais usual e recomendável
hoje, a muda deve ser colocada no sulco e simplesmente coberta com terra. Trinta dias
mais tarde aplica-se a matéria orgânica, dentro da parte restante do sulco que ficou
aberta, sem haver qualquer preocupação de verificar se ela está ou não devidamente
curtida.
Isto é possível fazer-se com qualquer tipo de matéria orgânica e com toda a
segurança, uma vez que a muda estará, devidamente protegida dela com a terra que foi
usada para seu calçamento, durante o plantio.
Após a aplicação da matéria orgânica deve-se cobrí-la com um pouco de
terra para evitar perdas gasosas.
Estando as plantas crescidas, a aplicação de novas doses de matéria
orgânica torna-se bastante difícil, pelo grande volume a ser transportado,
manualmente, dentro do bananal.
Desde que seja viável sua aplicação, ela deve ser colocada, em cobertura, a
cada seis meses, distante 50 a 80 cm da “família” e em seguida coberta com folhas
secas de bananeiras. Esta distância é para estimular o crescimento das raízes e também
não haver perda do material. Se o espaçamento de plantio permitir que se abra um
sulco contínuo, a uma distância de 150 cm da “família”, com 10 a 15 cm de
profundidade, a matéria orgânica poderá então ser enterrada. A quantidade a se aplicar
é função da disponibilidade e da viabilidade.
Convém lembrar as restrições feitas no Cap. IX-3.3.2, quanto à origem da
M.O.
2- Mineral
2.1- Generalidades
Como o crescimento da bananeira é constante, ela deve ter nutrientes à sua
disposição durante toda sua vida e, por isso, é preciso cuidar para que os adubos sejam
aplicados de modo a atender suas necessidades fisiológicas.
No Capítulo IX, foram definidas as funções, os sintomas de deficiências e
excessos nutricionais e suas épocas de aparecimento para os macros e micronutrientes.
Com base nesses parâmetros é possível definir-se para os bananais recém-plantados, as
seguintes adubações, para suprir o que eles necessitam:
1ª fase - do plantio até a diferenciação floral: N, P, S, Ca, Mg, e
micronutrientes;
2ª fase - da diferenciação floral até a colheita: acrescentar K.
Portanto, de acordo com a fisiologia da bananeira, a adubação deve ser feita
de modo que haja no solo Ca, Mg, P, S e micronutrientes em altos níveis, sempre.
Quanto ao nitrogênio, que interfere diretamente no número de bananas e
pencas do cacho, ele precisará ser fornecido em maiores doses, logo na primeira fase
de vida da bananeira, para assegurar a produção de maior número delas. À medida em
que a bananeira vai chegando próximo de sua diferenciação floral, as doses de
nitrogênio também devem ir diminuindo. É importante lembrar que a bananeira não
consegue estocar o nitrogênio em seus órgãos.
Em ordem inversa, as adubações com potássio deverão ser feitas em doses
crescentes, iniciando pouco antes da diferenciação floral. É, principalmente nas
últimas semanas, que todas as reservas potássicas da planta se translocam para o
cacho.
As diferentes necessidades fisiológicas nutricionais da bananeira podem
ser, genericamente, representadas pela Figura X-1, onde se conclui que as curvas de
absorção de nitrogênio e de potássio são opostas, tendo na diferenciação floral seu
final e início, respectivamente.
Figura X-1- As curvas de absorção de nitrogênio e de potássio
são opostas, tendo porém como ponto final e inicial a diferenciação floral.
Entretanto, um bananal adulto é formado por “famílias” que são compostas
por três gerações de plantas (“mãe”, “filho” e “neto”), que vivem simultaneamente,
porém com idades diferentes. Este fato anula todos os esforços para se conhecer quais
são suas necessidades nutricionais, segundo sua idade. Tem-se que pensar no bananal
como um todo e mantê-lo devidamente adubado sempre.
Quando os plantios forem feitos para se explorar apenas uma safra do
bananal, como já se faz em certas áreas de alguns países, como nas Filipinas, se poderá
aplicar os conhecimentos das exigências fisiológicos nutricionais, para se obter maior
aproveitamento dos fertilizantes aplicados, portanto menor custo de produção.
Se quisermos traçar um gráfico, para um bananal adulto, indicando essas
necessidades fisiológicas nutricionais, durante todo o ano e a quantidade dos vários
nutrientes a serem aplicados, teríamos apenas uma série de linhas retas horizontais e
paralelas, à diversas alturas, correspondendo cada uma delas ao nível de um
fertilizante.
Teoricamente, o fracionamento dos fertilizantes deveria ser feito em caráter
mensal, porém, limitações de ordem econômica impedem que isto seja feito.
Em bananais onde se faz a irrigação, os adubos podem ser dissolvidos na
água e assim distribuídos em toda a área. Porém, para que isto seja feito, é
imprescindível que o controle fitossanitário das raízes seja perfeito, para que elas
explorem a área toda. Se isto não ocorrer, não se deve pretender distribuir o adubo
com a irrigação, uma vez que essas raízes sendo curtas, somente poderão explorar as
áreas próximas das plantas e se perderá muito adubo. Como recomendação, o melhor é
distribuir os adubos na frente de cada “família” e depois irrigar.
Como foi explicado anteriormente, as adubações devem ser feitas baseadas
em resultados de análise de solo (ver Cap. V-2.4) e também nas exigências do cultivar
que está sendo explorado. Os Quadros IX-9 e IX-10 mostram que os diversos
cultivares têm diferentes exigências nutricionais.
A título de ilustração e com base nos resultados das análises químicas dos
principais componentes minerais das bananeiras, constantes do Quadro IX-1, e
lembrando que apenas os cachos são retirados da área de produção, foi possível
elaborar o Quadro X-1, referente às quantidades de elementos que saem por tonelada
de cachos colhidos do cultivar Nanicão.
Quadro X-1- Quantidades de elementos contidos em cada tonelada de cachos colhidos do cultivar
Nanicão.
Quadro X-2- Cálculo dos kg de adubos retirados do bananal, em função da sua produtividade.
1- Elemento simples;
2- Peso de elemento simples por t de cacho;
3- Produtividade = t/ha/ano;
4- Peso do elemento simples extraído para essa produtividade;
5- Fator de transformação do elemento simples para sua forma em óxido;
6- Peso de óxido necessário;
7- Adubo simples;
8- Porcentagem de elemento simples ou de óxido contido no adubo simples;
9- Peso do adubo simples;
= significa corresponde; * não precisa de fator de correção.
Com base nas informações acima tem-se que, a cada ano da vida de um
bananal, que esteja produzindo 20 t/ha, ele exporta em kg de adubos desse hectare,
com a saída de seus cachos, a soma dos valores da coluna 9, que totalizam 681,18 kg
de macronutrientes, dos quais deve-se excluir o valor de S (1,28 kg), desde que tenha
sido aplicado o sulfato de amônio ou o superfosfato simples, sendo, portanto, esse
valor real de 679,9 kg. Essa mesma coluna possibilita calcular a soma de 2,5092 kg de
micronutrientes exportados com os cachos, dos quais também se deve subtrair 50,17 g
correspondente a quantidade de Cl que foi fornecida juntamente com o cloreto de
potássio, o que reduz aquela quantidade para 2,45903 g. De qualquer forma saíram
desse bananal 682,35903 kg de nutrientes. Convém lembrar que a quantidade de Ca
contido no superfosfato simples já seria suficiente para completar o consumo, mas
como há necessidade de se adicionar o Mg, através do calcário dolomítico, haverá
sempre um excesso de Ca sendo estocado no solo.
Para o produtor saber o quanto ele está retirando de nutrientes do solo do
seu bananal, basta ele saber qual é sua produtividade e substituir na coluna 3 do
Quadro X-2, o valor 20 pela sua.
Comparando-se esses resultados obtidos com as quantidades de adubo que
estão sendo aplicadas nesse bananal é possível saber se o solo está ficando enriquecido
ou empobrecido em nutrientes.
Fazendo-se a aplicação de um quilo da mistura 10-5-30 de N-P-K, por
planta e por ano, o que corresponde a 2.500 kg/ha e mais 225 kg de pó calcário
dolomítico por ha, concluí-se que havendo uma produção de 70 t, os cachos retiram
para fora do bananal:
- todo o potássio;
- metade do nitrogênio;
- terça parte do fósforo;
- metade do cálcio, corresponde a um pó calcário com 24% de CaO;
- todo o magnésio, corresponde a um pó calcário com 16% de MgO.
O Quadro IX-2 nos informa dos porcentuais de nutrientes que cada órgão
da bananeira contém por ocasião da colheita. Analisando os porcentuais de nutrientes
que saem com a retirada do cacho, verifica-se que os valores de N, P, K, S, B e Cu são
os maiores.
Estas informações são importantes para o conhecimento do agricultor, que
deverá considerá-las, na escolha de uma área, para a implantação de um bananal. Solo
que tenha elevada fertilidade natural, facilita o sucesso do empreendimento.
2.2- A época e a localização
Os adubos granulados apresentam a vantagem de terem lenta e contínua
solubilização e isto os torna muito recomendáveis para aplicação em bananeiras, com
as restrições feitas sobre a falta de enxofre em suas constituições (ver itens X-2.4.1.1.3
e X-2.4.1.6.3).
Em bananais onde se fez a calagem e a fosfatagem, antes de se iniciar o
plantio, os nutrientes contidos nesses corretivos não precisarão ser aplicados
novamente, restando portanto, apenas o nitrogênio e o potássio.
Se esses bananais novos foram plantados em setembro/outubro, as épocas e
os fertilizantes a serem aplicados para se suprir da melhor maneira possível suas
necessidades, durante as três primeiras colheitas, são as seguintes:
30 dias após, quer seja cova ou sulco: N e, em solos pobres, adicionar P
aos 2 meses de plantado: N
aos 6 meses de plantado: N e K
aos 8 meses de plantado: N
aos 10, 15, 17, 22 e 24 meses de plantado: N e K (comparar c/ plantio)
Em função dessas épocas de adubação, dos fertilizantes a serem aplicados,
do desenvolvimento das plantas e das colheitas da “mãe”, “filho” e “neto” é
possível compor-se a Figu
Figura X-2- Curvas dos ciclos de vida da “mãe”, “filho” e “neto”, com indicação das épocas de
aplicação dos adubos minerais (NP; N e NK), durante o período de 26 meses (outubro a
dezembro).
Nos bananais onde não se aplicou o fosfato natural deve-se aplicar o
fósforo na cova e aos 6, 15 e 22 meses.
Em bananais adultos, para as condições do Estado de São Paulo, as doses
anuais das misturas N-P-K ou somente N e K, devem ser aplicadas em três parcelas
iguais, durante os meses de agosto, dezembro e abril, o que corresponde a antes,
durante e quase final das chuvas. Melhor seria se os adubos pudessem ser aplicados
quatro vezes, quando então a distribuição deles seria em agosto, novembro, fevereiro e
abril.
Se por motivos diversos, não for possível fazer as três aplicações de
fertilizantes no bananal, o jeito é reduzir para dois o fracionamento da dose anual,
porém nunca para uma só vez. Neste caso, os meses indicados seriam os de setembro e
março, porém não é o certo.
Em locais de topografia acidentada deve-se tomar muito cuidado com a
época das adubações, pois uma forte chuva, logo após a sua distribuição pode arrastar
todo o fertilizante aplicado. Para se reduzir esses prejuízos, é recomendável que se
faça o fracionamento da adubação em quatro vezes no mínimo.
Da mesma forma, nos bananais plantados em solos arenosos a adubação
deve ser fracionada no mínimo em quatro doses iguais. Nestes solos, o problema da
lixiviação é muito grande e, conseqüentemente, pode-se ter muita perda de adubos.
Em locais onde haja freqüentes chuvas muito fortes por um prolongado
período, deve-se optar por um programa de apenas duas aplicações de adubos por ano,
isto é, antes e no final do período das chuvas. Estas adubações serão consideradas
básicas e em complementação, serão feitas adubações foliares.
Nesse caso, principalmente em se tratando de topografias acidentadas, é
recomendável que se evitem os adubos granulados e se usem os fertilizantes em pó.
Isto favorecerá sua mais rápida solubilização e, portanto, maior aproveitamento pelas
plantas. Neste caso, a complementação das adubações, via foliar, não é dispensada.
Não é recomendável que se aplique adubos químicos na cova, mas apenas a
matéria orgânica, seguindo as recomendações já feitas. Não adianta adubar se a planta
ainda não tem raízes.
As covas sendo relativamente pequenas e recebendo os adubos, podem criar
problemas de salinização e as primeiras raízes, devido à seus tecidos tenros, podem vir
a morrer por causticação.
Nos bananais em formação, em áreas mecanizáveis, a primeira adubação
será feita sempre em cobertura, em círculos completos, com 20 cm de largura e à 20
cm distante da muda, antes do fechamento total da cova ou sulco. As adubações
seguintes serão feitas em faixas circulares, de 20 cm de largura, distante 40 cm da
planta (Foto X-1).
Foto X-1- O desenvolvimento inicial das raízes é radial e por isso o adubo
é distribuído em faixa circular de 20 cm e distante 20 cm da planta.
Tendo sido definido, por meio do desbaste, o “filho” que vai ser deixado, as
adubações passarão a ser feitas em faixa de 20 cm de largura, em apenas meio círculo,
localizado na frente desse “filho”, mantendo sempre a distância de 40 cm (Foto X-2).
Foto X-2- Tendo sido definido o “filho”, a adubação passa a ser feita
em faixa de 20 cm, em ½ lua, ficando distante 40 cm da “família”.
Has áreas planas, quando surgir a planta “neto”, os adubos passarão a ser
distribuídos sempre, sobre uma faixa de 20 x 40 cm e distante 40 cm da planta mais
jovem da “família” (Foto X-3).
Foto X-3- No bananal adulto, a adubação é feita em faixa de 20 x 40cm
e distante 40 cm do rebento mais jovem. Essa localização estimula
que o nascimento do próximo rebento ocorra para esse lado.
Esta localização dos adubos se prende, inicialmente, ao fato de que as
bananeiras mais jovens da “família” não emitem raízes contra as plantas mais velhas.
O adubo aplicado em faixa transversal ao caminhamento da “família”, excita os
sistemas radiculares das plantas mais jovens a se desenvolverem para essa área, pois
eles serão quimioterapicamente atraídos para ela.
Este maior desenvolvimento unidirecional do sistema radicular, associado à
maior atividade de absorção de nutrientes, favorece o intumescimento mais rápido da
gema lateral de brotação que estiver aí localizada, o que é absolutamente óbvio de
acontecer. Em decorrência desse fato, essa gema se transformará em um novo rebento,
exatamente no sentido a que se condicionou o caminhamento da “família”.
Deve-se considerar ainda que, continuando-se aplicar o adubo sempre com
esta metodologia, chegará uma ocasião, em que uma bananeira estará crescendo
exatamente sobre uma área anteriormente adubada. Este fato faz com que todos os
remanescentes resíduos de fertilizantes sejam sempre aproveitados por alguma
bananeira.
Has topografias acidentadas, independentemente da idade das plantas, a
distribuição dos adubos será feita sempre, em uma faixa de 20 x 40 cm e distante 40
cm da bananeira mais jovem e em nível mais alto do que ela.
As explicações apresentadas anteriormente, quanto às implicações da
localização dos adubos, são também válidas para este caso, acrescida ainda que, nas
topografias acidentadas, todo esforço feito para se direcionar o sentido do
caminhamento das bananeiras morro acima, é válido.
As adubações devem ser feitas de preferência após a desfolha e ao desbaste,
o que facilita o operário a melhor identificar o local a ser adubado.
O mais recomendável é que todo o adubo seja aplicado diretamente sobre o
solo e não sobre os restos de cultura. Desta forma eles se umedecem mais rapidamente
e com isto sua solubilização também é acelerada.
Uma vez feita a adubação, deve-se fazer a cobertura dos adubos com as
folhas eliminadas, protegendo-os contra eventuais chuvas fortes, principalmente nas
áreas com topografias acidentadas. Esta cobertura reduz, em parte, a volatilização de
algum adubo e também ajuda a manter o local mais úmido.
Abrir pequenos sulcos ao redor da bananeira, para enterrar o adubo,
provoca sempre corte de suas raízes, o que é totalmente contra-indicado, uma vez que
a maior parte delas é bem superficial.
2.4.1- Macronutrientes
‘PRATA’
Em N /ano 180 150 112 75
38
3x Sulfato de amônio c/ 20% 300 250 190 125
65
3x Nitrocálcio c/ 20% 270 230 170 115
60
3x Nitrato de amônio c/ 33% 180 150 115 75
40
3x Uréia c/ 45% 135 110 85 55
30
* M.O. = C x 1,72
‘PRATA’
Em P2O5 /ano 172 127 82 45 22
3x Superfosfato simples c/ 20% 285 210 135 75 35
3x Superfosfato triplo c/ 41% 140 100 65 35 20
2
1x / m Fosfato natural c/ 28% 120 90 60 30 15
‘NANICÃO’
Em K2O /ano 650 550 450 350 250
3x Cloreto de potássio c/ 60% 360 305 250 195 140
‘PRATA’
Em K2O /ano 487 412 337 262 187
3x Cloreto de potássio c/ 60% 270 230 185 145 105
‘NANICÃO’
Em S /ano 20 15 10 5
3x Sulfato de amônio c/ 24% 30 20 15 10
3x Superfosfato simples c/ 12% 55 40 30 15
3x Gesso c/ 16% 40 30 20 10
3x Enxofre c/ 95% 10 5 5 5
‘PRATA’
Em S /ano 15 11 8 3,7
3x Sulfato de amônio c/ 24% 20 15 10 5
3x Superfosfato simples c/ 12% 40 30 20 10
3x Gesso c/ 16% 30 20 15 10
3x Enxofre c/ 95% 5 5 5 5
‘PRATA’
Em B /ano 1,8 1,1 0.6
2x Bórax c/ 11% 8,5 5,0 3,0
2x Ácido bórico c/ 17% 5,5 3,5 2,0
2x Borogran c/ 10% 9,0 5,5 3,0
‘PRATA’
Em Zn /ano 9 7,5 4,5 3 1,5
2x Sulfato de zinco c/ 20% 22 19 12 8 4
2x Zincogran c/ 20% 22 19 12 8 4
2x Óxido de zinco c/ 50% 9 8 5 3 2
2.4.2.2.3- Comentários sobre adubação com zinco
+2
O Zn é absorvido pelas raízes sob a forma de cátion Zn .
Os solos ácidos mantém o Zn em maior porcentagem de disponibilidade.
Convém lembrar que os solos ricos em P, freqüentemente provocam o aparecimento
de cloroses de Zn.
Dada a reduzida quantidade que normalmente se aplica de Zn, o mais
recomendado é que ela seja feita via “mãe” colhida ou “filho” desbastado, pois se o
sistema radicular da planta não estiver saudável, ele pode não ser absorvido ou ter
perdas devido a sua lixiviação, imobilização pela M.O., assimilação pelos estercos ou
adsorsão pelos colóides. Salvo estas restrições, qualquer adubo com Zn pode ser
aplicado diretamente no solo.
O adubo mais comumente usado é o sulfato de zinco - ZnSO4.7H2O - que
contém 20% de Zn e 11% de S e que é solúvel em água, não volátil e medianamente
higroscópico. Outro adubo é o óxido de zinco - ZnO - que contém 50% do elemento,
porém é pouco solúvel em água, mas na seiva da bananeira tem sua solubilidade
aumentada. Seu uso é limitado pela dificuldade comercial de sua aquisição. O
Zincogran tem também 20% de Zn, porém ele é preparado a partir do óxido de Zn. Sua
recomendação para banana se prende a possibilidade dele ser aplicado via “mãe”
colhida ou “filho” desbastado, junto com o nematicida e o B. O sulfato de Zn também
pode ser aplicado segundo esta metodologia. Desta forma a pequena quantidade que é
aplicada não sofre perdas, tem seu efeito melhorado e acelerado.
O sulfato de Zn pode ser aplicado via foliar, na concentração de até 1%, na
dosagem máxima de 10 kg por ha e por ano, como manutenção, juntamente com as
pulverizações para controle da sigatoka.
‘PRATA’
Em Mn /ano 7,5 3,7 1,5
2x Sulfato de manganês c/ 26% 14,2 7,2 2,8
2x Óxido de manganês c/ 41% 9,0 4,5 1,8
‘PRATA’
Em Fe /ano 1,1 0,7 0,3
2x Sulfato ferroso c/ 19% 2,8 1,8 0,8
‘PRATA’
Em Cu /ano 1,1 0,7 0,3
2x Sulfato de cobre c/ 24% 2,2 1,4 0,6
Uréia ½ a 2 horas
K, Mg 10 a 24 horas
Ca 10 a 90 horas
Zn, B, Mn 1 a 2 dias
Cl 1 a 4 dias
P, S 5 a 10 dias
Fe, Mo 10 a 20 dias
Quadro X-4- Principais macrofertilizantes simples e teores em % de N, P2O5, K2O, S, CaO e MgO.
--------------------- Teores em % -----------------------
Fertilizantes N P2O5 K2O S CaO
MgO
Uréia 45
Sulfato de amônio 20 23
Nitrato de amônio 33,5
Nitrocálcio 27 5
3
Nitrato de potássio 13 44
Fosfato diamônico (DAP) 16 45
Fosfato monoamônico (MAP) 9 48
Superfosfato 30 30 8 28
Superfosfato simples 20 10 26
Superfosfato triplo 45 15
Termofosfato 19 28
16
Escória de Thomas 19 25
Farinha de ossos 30 36
Fosfato Alvorada * 33
Serrana fosfato (Cajati) * 33
Colreto de potássio 60
Sulfato de potássio 50 18
Sulfato de potássio e magnésio 22 22
18
Cinzas de madeira 5
2
*Fosfatos naturais
Quadro X-5- Principais microfertilizantes simples e teores em % de B, Zn, Mn, Fe, Cu e Mo.
Fertilizante Micronutriente
Ácido bórico 17% de B
Bórax 11% de B
Sulfato de zinco 20% de Zn
Óxido de zinco 50% de Zn
Sulfato de manganês 26% de Mn
Óxido de manganês 41% de Mn
Sulfato ferroso 19% de Fe
Sulfato de cobre 24% de Cu
Molibdato de amônio 54% de Mo
Molibdato de sódio 39% de Mo
P - S - B - Zn - Mn - Fe - Cu - Mo - Cl - Na ppm x 1 = mg/dm³
CAPÍTULO XI - MOLÉSTIAS
1- Vírus
Os principais vírus que infectam as bananeiras nas diversas regiões do
mundo, conhecidos até hoje são:
CMV - Cucumber Mosaic Vírus, da família Bromoviridae - vírus do
mosaico do pepino - vetores: (afídeos) Aphis gossypii - pulgão do algodão; Aphis
craccivora, Aphis citricola - pulgão das leguminosas; Myzus persicae - pulgão das
batatas, muito freqüente no Estado de São Paulo, que suga também a seiva de
diferentes plantas; Tetraneura nigriabdominalis - pulgão de raízes de gramíneas;
Rhopalosiphum rufiabdominalis - pulgão de raiz de diversas plantas; Pentalonia
nigronervosa - pulgão da bananeira, etc.
BSV - Banana Streak Vírus, da família Pararetroviridae - vírus da estria
das bananeiras - vetores: Pseudococcus spp.; Saccharicoccus sacchari - cochonilha da
cana-de-açúcar; Planococcus citri - cochonilha dos citros que ocorre no Brasil
(badnavirus).
BBTV - Banana Bunchy Top Vírus, da família Circoviridae - vírus da roseta
em tufo das bananeiras - vetor: Pentalonia nigronervosa.
BBrMV - Banana Bract Mosaic Vírus, da família Potyviridae - vírus do
mosaico das brácteas das bananeiras - vetores: Rhopalosiphum maidis - pulgão do
milho; Aphis gossypii e o Pentalonia nigronervosa.
BcSV (ou BcSMV) - Bacciliform Sugar Cane Mosaic Vírus, da família
Pararetroviridae - vírus baciliforme de estria da cana e bananeira - vetores:
Saccharicoccus sachari e Planococcus citri.
Os vírus são uma das menores entidades infecciosas que se conhece. São
partículas moleculares intracelulares, em alguns casos cristalizáveis, com um núcleo
central (core) de ácido nucleico e um revestimento externo de proteína. São
completamente dependente das células (bactérias, plantas ou animais) para sua
reprodução. O ácido nucleico central (DNA - ácido deoxyribonucleico e RNA - ácido
ribonucleico) representa o material infeccioso básico que, em muitos casos, pode
penetrar nas células susceptíveis e iniciar a infecção isoladamente. Seu tamanho varia
de 0,02 a 0,03 µ, sendo portanto visível somente através do microscópio eletrônico
(Apud Manual Merck de Medicina, pag. 178, 1987).
Os vírus das bananeiras como não poderiam deixar de ser, são partículas de
RNA ou DNA envoltos por uma capa proteica, que são transmitidas de uma planta a
outra, por meio de um inseto sugador (vetor), que a tenha sugado uma planta enfectada
com seu estilete bucal, por um tempo mínimo de 10 segundos e depois venha sugar
outra. Os pulgões vetores são, em geral, específicos para cada vírus e tem grande
atração pela cor amarelada das plantas, a qual muitas vezes é encontrado nas folhas
novas das bananeiras, quando há clorose de enxofre.
Normalmente o vetor precisa ser constantemente reabastecido em sua carga
de vírus, em plantas hospedeiras e se isto não acontecer, após ele ter sugado 3 ou 4
bananeiras, ele já estará descontaminado. Entretanto, há certos vírus que deixam o
vetor permanentemente contaminado.
Este fato é de suma importância na viabilidade do controle das viroses em
bananeiras, pois se não houver hospedeiros infectados, a presença de vetores no
bananal em nada o prejudicará, pois eles não terão o que transmitir.
Os vírus vivem dentro das células dos tecidos parenquimatosos. Tendo o
vírus sido introduzido na bananeira ele se multiplica em seus tecidos e passa a circular
em toda ela e também nos seus rebentos. Ele permanece vivo e se multiplica dentro da
planta, enquanto ela estiver viva. Até hoje não se conhece nenhum cultivar imune aos
vírus.
A manifestação dos sintomas visuais da presença de vírus, nas bananeiras, é
melhor quando as plantas são mantidas, constantemente na temperatura entre 25 e
28°C e estão bem nutridas. Seus sintomas só se manifestam em áreas específicas da
planta, que variam segundo o tipo de vírus. Quando as temperaturas são mais baixas,
os sintomas se tornam menos evidentes nos órgãos recém-formados, devido ao estado
de semi-hibernação da bananeira, quando então a velocidade da seiva é reduzida.
Entretanto, se as temperaturas são altas, os sintomas também são bloqueados, devido
ao processo de recobrimento das manchas típicas formadas. Entretanto, as demais
anomalias e perturbações que os vírus causam, permanecem em constante
desenvolvimento.
Os prejuízos que os vírus causam nas bananeiras são, basicamente, sempre
os mesmos, os quais consistem num enfraquecimento da planta, diminuição de seu
porte, as folhas ficam mais estreitas e curtas, o pseudocaule mais fino e mais baixo, o
engaço se torna fino e longo, as bananas são curtas, magras e bem recurvadas, há
redução do número de pencas e bananas por penca, o cacho pode apresentar as pencas
bem imbricadas uma na outra ou ainda bem espaçadas e retorcidas, as raízes são mais
finas, mais curtas e quase sem radicelas. Há uma total perturbação do seu metabolismo
e nas sínteses nutricionais e com isto o seu ciclo de produção é alongado. As bananas
não obedecem as curvas normais de maturação, proporcionalmente a carga viral que
exista na planta que as produziu (Foto XI-1).
Foto XI-1- Todos os vírus perturbam o metabolismo
da bananeira, proporcionalmente ao grau de sua infestação,
o que reduz sua produção, podendo até mesmo anulá-la.
Os prejuízos no desenvolvimento da planta são tão maiores quanto mais
jovem ocorrer a infecção. Dependendo do vírus e da infecção havida, pode ocorrer a
morte da planta.
Essas considerações são um alerta para os produtores tomarem muito
cuidado na escolha da muda a ser usada na formação de seu bananal. Esta precaução
se torna ainda maior quando se vai introduzir mudas vindas de outras regiões, pois,
eventualmente, elas podem conter vírus, que ainda não tenham sido identificados na
área onde elas vão ser plantadas. Esta é uma das razões de se recomendar que se
adquira mudas sempre produzidas por cultura de meristema (biotecnologia) ou então
apenas de viveiristas credenciados (... o que se espera que tenhamos um dia). O
próprio produtor poderá também produzir suas mudas a partir dessas criadas por
biotecnologia, evitando assim incorrer no risco de introduzir novas doenças na sua
lavoura.
No Brasil, a formação de bananais a partir de mudas de laboratório é
recente, tem pouco mais de 10 anos.
Em condições de campo não há como se eliminar os vírus da bananeira.
Uma “família” tendo sido infectada, ela assim permanecerá para sempre, ainda que
visualmente não se observe, naquele momento, os sintomas típicos.
Resulta disto que o produtor deve erradicar todas as plantas infectadas. A
erradicação pode ser feita usando-se o herbicida sistêmico glifosato, formulado como
Round-up. Para isso emprega-se um palito de pinho com 20 cm de comprimento por
0,3 cm de diâmetro, semelhante ao que usa nos espetinhos de carne nos churrascos.
Ele deve ficar mergulhado no herbicida comercial puro, por 24 horas. Posto isto,
introduz-se de 2 a 3 espetinhos na “mãe”, dependendo do seu porte. Em cada “filho”,
em geral, um só é suficiente. Eles devem ser espetados radialmente, até 30% do seu
comprimento, na planta “mãe”, de forma radial, na altura entre 60 a 100 cm do solo e
em pontos distintos, e no “filho”, a mais ou menos 40 cm.
Pode-se obter igual resultado usando-se o herbicida Picloran. Para isso é
preciso deixar-se espetos de bambu ou de pinho, dentro do herbicida, por 24 horas,
para que cada um deles absorva, no mínimo, 4 mg do produto comercial. Posto isso
deve-se introduzir de 2 a 4 espetos em cada um dos pseudocaules da touceira, de
acordo com seu tamanho e com a metodologia anteriormente explicada.
As plantas com sintomas podem também simplesmente serem arrancadas
com o enxadão. Posto isto, elas devem ser apenas repicadas, no mesmo local, para
acelerar sua decomposição. Com isto, nos próximos dias, elas já estarão com sua seiva
desidratada e coagulada, deixando assim de ter qualquer atratividade para os insetos
vetores.
Uma vez estando a bananeira morta pelo herbicida aplicado ou por ter sido
eliminada com o enxadão, pode-se plantar outra no mesmo local, sem que seja
necessário fazer-se aí uma quarentena ou qualquer desinfecção. O replantio deve ser
feito para não haver falhas no bananal, o que causaria perdas de produtividade por
área.
É muito importante que o agricultor, ao adquirir mudas produzidas por
biotecnologia, exija que elas tenham um laudo do laboratório declarando,
textualmente, que estão isentas de vírus, da mesma forma que a sua variação
somaclonal não seja superior a 3%, a fim de evitar futuros problemas insolúveis que
poderiam aparecer fatalmente no seu bananal.
As mudas produzidas por biotecnologia devem ter sua origem em um banco
de matrizes indexadas (isentas) contra os vírus. Esse banco de matrizes deve ser
inspecionado regularmente, a cada quatro ou seis meses, para se ter uma boa
segurança da sua sanidade. Havendo este procedimento, a possibilidade de se ter
mudas com vírus fica reduzida a praticamente zero nas de laboratório, o mesmo não se
podendo dizer das convencionais. É recomendável que o banco de matrizes seja
mantido sob um telado para se evitar a presença de pulgões.
As mudas de laboratório devem ser vendidas livres de vírus, porém, como
não existe vacina contra eles, elas podem vir a ser contaminadas depois que chegam na
propriedade, da mesma forma que uma muda convencional.
A forma tradicional de se fazer os plantios é a partir de mudas
convencionais, adquiridas por um preço irrisório, de outros produtores que estão
abandonando seu bananal ou mesmo reformando-o. Estas mudas são extraídas sem
nenhuma fiscalização quanto a sua sanidade e por isso, o comprador não recebe
atestado algum de fitossanidade. Com isto, eventuais problemas de vírus poderão se
manifestar futuramente, o que nem sempre é detectado de imediato pelo produtor.
Esta situação ocorre no Brasil, por não haver a presença do viveirista
bananeiro, fiscalização governamental e não ser possível o produtor reconhecer
previamente se a muda que ele vai plantar é sadia.
Quando houver o viveirista, ele precisará ter um banco de matrizes,
originado de mudas produzidas em laboratório, as quais deverão ter certificado de
completa sanidade e garantia de não variação somaclonal, o que deve ser confirmado
fazendo-se inspeções posteriores no campo. A despeito disto, o viveirista precisará
ainda fazer um controle permanente dessas plantas matrizes, à semelhança do que
deve ser feito no banco de matrizes abastecedor de material básico para o laboratório.
O banco de matrizes deve ser mantido permanentemente no limpo, com herbicidas e,
preferencialmente sob telado para evitar a presença de insetos vetores.
As eventuais matrizes consideradas contaminadas devem ser eliminadas ou
então fazer-se uma triagem (“screening”). O “screening” é feito somente em
laboratório especializado e permite eliminar totalmente a sua carga de vírus, tornando
este material limpo e viável para voltar ao banco de matrizes.
As mudas de laboratório, quer sejam originadas de cultura in vitro ou in
vivo, são entregues aos produtores em bandejas e nesta idade elas são muito
procuradas, principalmente por insetos sugadores, que podem ser vetores de vírus, em
especial o CMV. Atribuí-se esta atratividade aos resíduos dos hormônios que foram
aplicados durante o processo de produção dessas mudas ou ausência de antitoxinas, as
quais virão a ser produzidas no futuro, contra muitos desses insetos, como por
exemplo a formiga saúva (Atta spp.). Esta é a justificativa pela qual as mudas de
laboratório apresentam maior incidência de vírus no campo, pois elas não tem ainda
aquilo que em virologia é chamado de resistência de planta madura.
Dois outros fatos que não devem ser esquecidos são que:
1°- normalmente os vírus ficam aderidos nas paredes celulares;
2°- as células dessas mudas de laboratório tem uma grande atividade
reprodutiva. Desta forma cria-se possibilidade de intensa multiplicação do vírus, o que
tornará os sintomas visíveis mais precocemente, nessa muda.
Para que haja tempo das mudas se tornarem maduras e com isto se reduzir
os riscos de uma contaminação precoce no campo, é recomendável que elas não saiam
diretamente da bandeja para o local de plantio definitivo. Elas devem ser transferidas
das bandejas para sacos plásticos (polipropileno) pretos, perfurados, com capacidade
mínima de 2 a 3 litros, onde ficarão crescendo em local protegido dos vetores, até
terem perdido seus folíolos e formado não menos do que 4 a 6 folhas. Esse local
protegido corresponde a um abrigo completamente fechado com tela de sombrite (Cap.
II-5.10.3).
Este procedimento, que permite proteger a muda contra uma possível
infecção do vírus e também levar-se para o campo uma muda mais velha, cria
condições de se identificar, mais facilmente, eventuais mutantes somaclonais e mudas
com sintomas de vírus, antes de se iniciar o plantio.
Dada a nossa realidade e não se conseguindo adquirir mudas de laboratório
com atestado de sanidade, a solução é adquirir mudas de produtores que tenham
bananal bem vigoroso, tomando-se o cuidado de se fazer uma prévia inspeção no lote
de onde elas vão ser retiradas. Pelo exposto, nas plantas mais vigorosas, os sintomas
visuais da existência de vírus são mais evidentes. Esta inspeção precisa ser feita
primeiramente nos filhotes e depois na planta “mãe”, pois nem sempre as estrias
viróticas são encontradas neles (vide detalhes abaixo).
A tão apregoada prática agrícola do plantio direto, que dizem ser a melhor
forma de se implantar uma lavoura hoje em dia, é impossível de ser adotada nos
plantios de bananeiras, devido a enorme lista de ervas daninhas hospedeiras
pertinentes a cada vírus.
Tem ocorrido casos de plantios feitos com mudas sadias de laboratório ou
convencionais, mas que foram deixadas no mato em sua fase inicial de
desenvolvimento e, por isso, vieram a apresentar altíssimo grau de infecção (até mais
de 50%), antes mesmo da colheita do primeiro cacho. Esta situação é fruto apenas de
uma contaminação local, devido a presença de vetores e mato hospedeiro infectado.
A melhor forma de se evitar o problema de vírus em bananeiras, é
plantar-se mudas isentas de qualquer deles e manter-se sempre o bananal no limpo,
sem ervas daninhas (inclusive culturas consorciadas), por meio de herbicidas.
Desta forma não haverá plantas hospedeiras e, conseqüentemente,
possibilidade de vetores contaminados, salvo se eles assim vierem de fora do bananal.
Evita-se, ou melhor, reduz-se a contaminação externa mantendo-se também os
carreadores no limpo.
1.1- O CMV
O CMV ou mosaico do pepino ou simplesmente mosaico foi descrito pela
primeira vez em l930 na Austrália, e entre nós, em bananeiras do Estado de São Paulo,
em 1933. É o vírus de maior incidência nos bananais do Brasil. Ele também é
encontrado na Colômbia (1940), América Central, Caribe, Equador, Índia, Paraguai,
Venezuela, e em muitas outras áreas onde há cultivo de bananeiras, podendo-se até
mesmo generalizar dizendo-se, em todos os locais onde se faz seu cultivo. Os
prejuízos que este vírus causa à bananeira varia de região para região, porém não há
cultivar que seja imune a ele.
Este vírus, como o próprio nome indica, já foi detectado nas Curcubitaceas
[abóbora (Cucurbita spp.); chuchu (Sechium edule); maxixe (Cucumis anguria);
melancia (Citrullus lanatus); melão (Cucumis melo); pepino (Cucumis sativus), etc.],
no milho (Zea mays); em leguminosas como o feijão de mesa (Phaseolus vulgaris);
nas Solanaceas como o tomate (Lycopersicon esculentum); no maracujá (Passiflora
spp.) tendo sido também encontrado nas ervas daninhas como as trapoerabas ou
macarrão (Tradescantia spp.); nos carurus (Amarantus spp.); nas guanxumas (Sida
spp.); no picão preto (Bidens pilosa); no rubi ou chá de frade (Leonurus sibiricus) e
outras, totalizando mais de 850 espécies de plantas hospedeiras, as quais não devem
existir por perto de bananais e muito menos no seu interior.
Os insetos vetores que tem sido mais freqüentemente citados como
transmissores do CMV, nos diversos países bananeiros são: Aphis gossypii, Aphis
maidis, Aphis cracciovora, Aphis citricola, Rhopalosiphum rifiabdominalis,
Tetraneura nigriabdominallis. Entre nós não existe ainda um levantamento do
porcentual de transmissão que cada um deles é capaz de fazer. Com a freqüência com
que se encontra o A. gossypii em nossos bananais, pode-se supor que ele seja o vetor
mais importante.
A forma básica de se identificar visualmente o CMV é nas folhas já
formadas, por meio da presença de pequenas estrias quase sem clorofila, dispostas
paralelamente às nervuras secundárias, com comprimento de 2 a 5 nm* por 0,5 a 1 nm
de largura, com contornos bem definidos, dispostas esparsamente em qualquer parte
da folha, havendo contudo uma maior freqüência na sua base, onde os lóbulos foliares
começam a se expandir. A coloração das estrias é verde-claro, decorrente do bloqueio
que o vírus faz nas células, ainda bastante jovens, impedindo-as de formar a clorofila.
No local da estria, tem-se a impressão de que foi retirado uma película superficial da
folha, na qual deveria estar a sua coloração verde. Como isto ocorre quando do
desenvolvimento da vela, é possível encontrar-se essas estrias, de forma menos
intensamente coloridas, já nos seus lóbulos foliares antes mesmo deles se
desenrolarem.
* nanometro = 10 –9 m.
Estas estrias lembram muito aquelas da sigatoka-amarela, na fase C a E da
escala de Klein, que normalmente somente são encontradas nas folhas II a IV e nunca
antes, como ocorre com o CMV (Foto XI-2).
Foto XI-7- Nas infestações medianas, o CMV não mata a folha, ele apenas
impede
a formação da clorofila e por isso tem-se a impressão da folha estar seca.
Em infestações medianas, a redução do peso do cacho chega a ser de até
50%, porém a perda de qualidade é total. Sua comercialização é praticamente nula.
Em infestações severas, em plantas adultas, as estrias do CMV podem ser
vistas às centenas por toda a folha, dispostas indiferentemente nos seus lóbulos.
Quando o número delas aumenta, há uma certa coalescência entre elas e, a folha, cujas
dimensões são normais, pode se tornar total ou parcialmente verde-amarelada,
salpicada de manchas necróticas.
As plantas mais afetadas tem seu engaço bem fino, as bananas são curtas,
magras e em pequeno número, as quais estão distribuídas pelas poucas pencas
produzidas. O engaço é longo e fino assim como o coração. A roseta foliar se
apresenta comprimida e desordenada e há freqüentes quebras de engaço. Pode também
ocorrer casos em que a bananeira chegue a não emitir sua inflorescência. Entretanto,
se essa infecção ocorreu quando a planta ainda era jovem, pode haver a formação de
apenas folhas lanceoladas e cheias de estrias. Há um atrofiamento geral da planta, cuja
altura não ultrapassa os 100 cm e ela não chega a soltar sua inflorescência.
Plantas assim deformadas assumem aspectos curiosos, podendo ser
utilizadas nos jardins como ornamentais (ver Foto XI-4).
Há casos de CMV em que a bananeira, com cerca de 180 cm de altura, que
já estava tendo um desenvolvimento fraco e apresentando leves sinais do vírus em
suas folhas, começa a mostrar fortes sintomas dele, como se ele estivesse se
multiplicando de forma rápida e intensa. As últimas folhas emitidas ficam com seus
bordos incompletos, de modo semelhante a uma carência aguda de B ou S (Foto XI-8).
Nas folhas mais velhas, as estrias e as manchas típicas do CMV estão sempre
presentes. Em seguida, a base da vela nos seus primeiros 10 a 15 cm, fica necrosada,
portanto, quase que na altura da sua roseta foliar, a qual se apresenta bastante
“envassourada”. Quando isto ocorre, a vela seca e se enrola sobre si mesma, como se
fora a ponta de um rabo de macaco. Posteriormente ocorre o secamento das folhas já
emitidas, seguido da morte da planta. Um corte feito em seu rizoma permite ver-se
pontuações que lembram aquelas do mal-do-panamá, mas são simples necroses
degenerativas, enquanto que no interior do seu pseudocaule tudo é normal. Os filhotes
que já eram fracos, geralmente acabam morrendo ou permanecem sem emitir novas
folhas por longo tempo. Não se tem ainda uma explicação por esta súbita modificação
do comportamento do vírus. A planta passa a apresentar um aspecto muito semelhante
a uma deficiência aguda de B, a qual se atribui a um bloqueio nutricional provocado
pelo vírus (Foto XI-8).
Foto XI-8- Quando a planta semi adulta recebe uma
infestação severa, a vela sofre mutilações e pode secar.
Considera-se como uma variação dos sintomas do CMV, a presença de uma
linha de manchas nos dois lóbulos foliares, quase sempre simétricas e dispostas
paralelamente uma à outra, ao longo de toda a sua região mais central. Estas manchas
tem basicamente a silhueta e o tamanho de uma noz pecã (Carya illinoensis), com a
mesma coloração das estrias pequenas (ausência de clorofila) e contorno sempre
esmaecido. Essas manchas têm seu maior comprimento no sentido das nervuras
secundárias. Nas infecções mais fracas, há sempre entre elas, uma região que não
perdeu a cor verde, enquanto que nas mais severas, pode haver coalescência entre
essas manchas, quando então a cor verde desaparece (Foto XI-9).
Foto XI-9- Admite-se ser uma variação do CMV o aparecimento de faixas
desverdecidas ovaladas ou alongadas, entre as nervuras secundárias,
com dimensões irregulares, dispostas quase que simetricamente em ambos
os lóbulos.
Independentemente do grau de infecção do vírus na planta, por vezes, uma
ou mais nervuras secundárias que já estavam bastante corrugadas, podem ficar
necrosadas. Nesse caso, o tecido foliar que circunda a nervura necrosada fica bastante
amarelado, por uma extensão variável de um ou mais centímetros. Estes sintomas
sugerem que esteja ocorrendo uma infecção conjunta de CMV e BSV (Foto XI-10).
1.3- O BcSV
O vírus BcSV (Bacciliform Sugar Cane Mosaic Virus) que é muito
difundido, tem sido transmitido pela cochonilha da cana-de-açúcar (Saccharicoccus
sacchari), da cana-de-açúcar para a bananeira e por uma cochonilha dos citros
(Planacoccus citri), de bananeira para bananeira.
1.4- O BBTV
O BBTV (Banana Bunchy Top Vírus) ou simplesmente “bunchy top” como
é mais conhecido, foi descrito, em 1889, nas Ilhas Fidji. Atualmente está presente na
África, Ásia (muito forte nas Filipinas), Austrália, Índia e Ilhas do Pacífico. Este vírus
ainda não existe nas Américas.
Não se encontrou uma explicação genética para o fato do BBTV não
infectar todas as variedades. Ele já foi encontrado em grinaldas (Hedychium
coronarium) e no biri ou cana fístula (Canna indica), que podem ser apenas
hospedeiros.
O pulgão Pentalonia nigronervosa, é o vetor responsável pela disseminação
desse vírus, mas a muda tem sido a maior forma de sua dispersão. Este vírus não é
transmitido por meios mecânicos, principalmente as ferramentas. Seu controle tem que
ser feito por meio da erradicação das plantas infectadas, por qualquer um dos métodos
anteriormente descritos.
Ele também é transmitido nas micropropagações (in vivo) e se manifesta
nas mudas, enquanto elas ainda estão envasadas, antes de irem para o campo.
A constatação da presença do “bunchy top” nas bananeiras também é feito
pelo teste ELISA e ou pelo PCR, em material coletado de seus pecíolos (que é o
melhor para exame laboratorial). Análises feitas no DNA do BBTV têm demonstrado
que ele pode ter mais de um componente viral isométrico, o que significa dizer que,
juntamente com ele, deve haver outros vírus atuando, admitindo-se o envolvimento de
um com RNA.
Este vírus pode ser eliminado da planta pelo calor, em laboratório, o que
torna possível seu retorno sadio ao banco de matrizes.
A presença do “bunchy top” se caracteriza pelo aparecimento de estrias em
linhas retas, bem escuras e pronunciadas, salpicando as nervuras principais e
secundárias, cujo comprimento varia de alguns mm a muitos cm e com a largura de
frações de mm a um ou dois mm. Estas estrias também aparecem nas bainhas externas
e internas. Pelo seu aspecto elas são chamadas de código Morse.
É bastante típico do “bunchy top” provocar um forte envassouramento da
roseta foliar, fazendo com que todas as folhas saiam da roseta como se fosse uma
vassoura de varas de bambu. As folhas ficam muito modificadas, curtas, fortemente
onduladas, assumindo sempre o aspecto lanceolado e se mantém quase em posição
ereta (Foto XI-16). Junto às nervuras de bordo, aparece uma estreita faixa amarelada
que se torna necrosada, quando velha (Foto XI-17).
1.5- O BBrMV
O BBrMV (Banana Bract Mosaic Vírus) foi descrito nas Filipinas, em
1988, apesar de já ter sido citado em 1979.
Sua transmissão não é feita mecanicamente, sendo transmitido pelos
vetores já citados e também pelas mudas produzidas por qualquer método.
Seus sintomas que são muito específicos, se apresentam como longas e
estreitas estrias penetrantes. As primeiras estrias são visíveis nos pecíolos,
simultaneamente com um desarranjo da hélice foliar. Nos lóbulos foliares as estrias
aparecem apenas nas regiões internervurais, no sentido paralelo às nervuras
secundárias (Foto XI-18). Quando a infecção é recente, elas aparecem mais
intensamente nas folhas jovens. Nas infecções mais velhas, as estrias aparecem nas
nervuras secundárias de forma mais intensa. Estes sintomas são mais evidentes nas
brácteas (Foto XI-19) e sua presença, neste órgão, é suficiente para definir
precisamente que se trata desse vírus. Estas estrias também podem aparecer no engaço
dos cachos. Nas folhas, ele provoca manchas semelhantes à deficiência de fósforo. No
pseudocaule, as estrias aparecem em faixas com coloração preta-avermelhada. Ele
pode se partir verticalmente, por mais de 50 cm, como um severo ataque de Fusarium,
que permite observar as bainhas mais internas. Em determinadas ocasiões, a bananeira
forma como que uma nova roseta, cerca de 50cm acima da que já existia. Os sintomas
deste vírus são mais difíceis de ser identificados em plantas que ainda não
floresceram. Ele tem sido encontrado também associado ao CMV, porém as estrias nas
brácteas o caracterizam. Sua perfeita identificação é feita com o PCR, onde se verifica
sua estrutura genética. Quanto à produção, cita-se perdas de 40% em determinadas
áreas da Índia.
2- Fungos
Há vários fungos que causam prejuízos à bananeira sendo que dois deles
merecem especial atenção, pela gravidade das doenças que eles produzem: o
mal-do-panamá que não há como o evitar e as sigatokas que exigem permanente
controle.
2.1- Mal-do-panamá
Ao se querer demonstrar a importância dessa moléstia, basta atentar para o
seguinte fato: A “Standard Fruit Co.” e a “Chiquita Banana” (Chiquita Brands
International Incorporation, sucessora “United Brands Co.”, que foi sucessora da
“United Fruit Co.”) as duas maiores firmas produtoras de banana do mundo,
cultivavam o ‘Gros Michel’, altamente susceptível a essa moléstia, tal como é a nossa
‘Maçã’. Devido a isto, durante mais de 35 anos, os especialistas daquelas companhias
tentaram inutilmente descobrir um meio para controlar essa moléstia, quer por
melhoramento genético, quer por tratos culturais. O resultado desses exaustivos
trabalhos culminou com a recomendação feita em 1962, pelos seus setores de
pesquisas, às direções dessas firmas, para que determinassem a substituição do ‘Gros
Michel’ por cultivares do subgrupo Cavendish, tidos como tolerantes a essa moléstia,
já que consideravam impossível o controle de seu agente causal.
Foi então que se iniciou a substituição do ‘Gros Michel’ pelo ‘Valery’, um
cultivar muito semelhante ao nosso ‘Nanicão’ e que é o resultado de uma seleção de
clones feita na Indochina, área considerada como de origem da bananeira. Durante o
ano de 1939, foram coletadas pela Standard Fruit Co. no litoral de São Paulo, mudas
de ‘Nanicão’ que fizeram parte desse banco de matrizes.
O mal-do-panamá, conhecido por fusariose da bananeira e também por
FOC, é causado pelo fungo Fusarium oxysporum Schlechetend. Fr. f. sp. cubense
(E.F.Sm.) W. C. Snyder & H. N. Hansen. Foi descrito pela primeira vez por Higgins,
em 1904 em Honolulu. Ele apresenta quatro raças distintas, as quais parasitam
especificamente determinados grupos de cultivares. Estas raças são identificadas em
laboratório, porém em condições de campo o resultado é um só: morte do bananal.
Por volta de 1912, a fusariose da bananeira já se apresentava na Jamaica
como o mal que iria destruir as plantações de ‘Gros Michel’ da América Central. Ela
foi encontrada em 1930, em Piracicaba, SP. Desde então, a pesquisa bananícola tem
suas vistas voltadas para o estudo dessa moléstia.
A raça 1 é mais encontrada no cultivar Gros Michel, a raça 2 quase que só
no subgrupo Figo (Bluggoe) e a raça 4 tem sido encontrada nos cultivares do subgrupo
Cavendish, em vários países. Por outro lado, a raça 3 só foi encontrada em cultivares
selvagens e em plantas ornamentais.
O mal-do-panamá sendo um Fusarium, ele se instala nos vasos das
bananeiras, porém vive também no solo, pois ele é um fungo tipicamente de solo. Sua
permanência em uma área é garantida pela sua capacidade de formar um órgão de
resistência chamado de clamidosporo, que o possibilita permanecer nesse solo, em
hibernação, por longos anos.
A infecção inicial pode se dar através de ferimentos nas raízes, nematóides
contaminados, por insetos que tenham tido contato com plantas infectadas, pelas águas
das chuvas ou de irrigação, enfim por inúmeras formas. Na bananeira, ele invade o
sistema radicular, se expande no cilindro central do rizoma e daí segue para as bainhas
das folhas. Em seguida as folhas apresentam uma clorose amarelada, semelhante a um
sintoma de “fome” potássica. As folhas podem também se apresentar com várias
faixas listradas de amarelo-canário, com largura de 2 a 4 cm, ligando a nervura
principal com a do bordo. Quando isto ocorre, geralmente aparece um fendilhamento
vertical no pseudocaule, com profundidade de 2, 3 ou 4 bainhas. Esse fendilhamento
inicial é pequeno, mas logo se alonga por algumas dezenas de centímetros de
comprimento com vários de largura; ele aparece sempre a partir de 10 a 20cm acima
do colo do rizoma (Foto XI-20). Isto ocorre porque as bainhas externas param de
crescer, enquanto que as de dentro continuam. Nesta ocasião, fazendo-se um corte
transversal no pseudocaule, próximo à sua base, observa-se a existência de manchas
isoladas escuras e irregulares nos tecidos das bainhas, sinal evidente da presença do
mal-do-panamá. Decorridas algumas semanas, estas manchas avançam irregularmente
pelo pseudocaule acima, até atingirem a roseta foliar. Em estágio mais avançado da
infecção, as manchas formadas nos tecidos semi-desidratados também se expandem
lateralmente e formam um anel escuro, um pouco distante da bainha da folha mais
nova. Essa região escurecida e seca, geralmente, apresenta forte odor de
cana-de-açúcar fermentada (Foto XI-21).
2.2.2- Patógeno
A sigatoka-amarela é causada pelo fungo denominado, atualmente, de
Mycosphaerella musicola (Leach) J. L. Mulder (1976), como forma perfeita, cuja
forma imperfeita é Pseudocercospora musae (A . Zimmermann) Deighton (1976).
Estas formas representam partes de um mesmo ciclo evolutivo do fungo. O
patógeno, quer sejam conídios de Pseudocercospora (fase assexuada) ou ascosporos
de Mycosphaerella (fase sexuada), provocam sobre as folhas sintomas finais idênticos,
em forma de pequenas manchas lineares elípticas características da moléstia. Em
bananais recém-plantados (independentemente do tipo de muda e do cultivar plantado)
ou no desenvolvimento dos rebentos tipo “guarda-chuva”, as necroses têm a forma
oval, porém com o aumento da idade dessas jovens bananeiras, começam aparecer as
necroses elípticas (ver Foto XI-25A).
Em Mycosphaerella musicola o agente de disseminação é o ascosporo,
contido dentro de pequenos conceptáculos denominados peritécios, formados no
interior dos tecidos necrosados da lesão, que emergem ao nível dos estômatos. Os
ascosporos são pequenos (15 micra, aproximadamente) hialinos e bicelulares.
Quando o peritécio atinge o estágio de maturação, ele expulsa os
ascosporos contidos em seu interior e liberta-os. Freqüentemente são arrastados pelos
ventos a grandes distâncias. Os ascosporos só são expulsos dos peritécios depois de
uma chuva ou um orvalho muito forte, fator imprescindível para acionar o mecanismo
de sua libertação. Os peritécios são encontrados em ambas as faces das folhas, mas em
maior número na face inferior.
Em Pseudocercospora musae os agentes de disseminação são os conídios
que se apresentam sob a forma de pequenos bastõezinhos (20 a 80 micra de
comprimento), hialinos, pluricelulares, agrupados em feixes (conidióforos) e situados
na superfície da folha. Feixes de conídios saem pelos estômatos e, quando maduros,
desprendem-se, sendo então transportados sobre a folha, juntamente com as gotas de
água que escorrem, quer sejam de chuva ou orvalho. O transporte dos conídios se
processa principalmente pela água, tendo o vento pouca importância. Eles são
encontrados igualmente nas duas faces da folha.
2.2.3- Sintomatologia
A moléstia manifesta-se unicamente sobre os limbos das folhas. Nunca foi
constatada em qualquer outra parte da planta, mas é no fruto que o produtor sente seus
prejuízos.
A evolução total da moléstia provoca em cada ponto de penetração do
fungo, a formação de uma mancha necrótica, que constitui a lesão típica da
sigatoka-amarela (Foto XI-27L). Considerando cada uma das manchas isoladamente,
pode-se dizer que ela não causa prejuízo; a gravidade do ataque vai depender da
multiplicidade das manchas (Foto XI-27A). A coalescência de numerosas manchas
isoladas só aparece quando da presença de um outro fungo - Cordana musae - que
completa a destruição total da folhagem, parasitando as áreas que ainda permaneceram
verdes entre as lesões da sigatoka (ver Foto XI-50).
Os sintomas iniciais da sigatoka-amarela aparecem (Foto XI-27) como
pequenas pontuações descoloridas, distribuídas ao acaso, que correspondem ao local
onde o fungo penetrou. Passado algum tempo, estas manchas descoloridas se
acentuam e provocam a formação de pequenas manchas lineares de coloração
amarelo-pálida, com cerca de 1 a 2 mm de comprimento, sempre dispostas
paralelamente as nervuras secundárias da página superior, das terceiras e quartas
folhas da planta. Raramente são encontradas na segunda folha. Elas aparecem em
grande número demonstrando o quanto houve de inoculação do fungo, porém
relativamente poucas se desenvolvem. Em uma segunda fase, algumas manchas
iniciais aumentam de tamanho, tornando-se elípticas com até 10 mm de comprimento
e 3 mm de largura, de coloração que varia entre marrom-escuro a preta. Este estágio da
lesão, caracterizado por este tipo de mancha, geralmente é encontrado nas quartas,
quintas e sextas folhas. Nos bananais novos (ver Foto XI-25A), as manchas crescem
um pouco mais, ficando com um aspecto oval (algumas vezes quase circular), com 8 a
10 mm de diâmetro, com coloração marrom-escura e com o centro acinzentado. Ao
redor destas necroses, a semelhança do que ocorre no bananal adulto, nota-se, em
algumas ocasiões, uma área um pouco oleosa formando um halo amarelado. Este halo
constitui uma reação dos tecidos sadios da folha às toxinas produzidas pelo fungo. No
centro da mancha podem ser notados os órgãos de frutificação do fungo (peritécio),
bem como de outros fungos saprófitas (Foto XI-27N).
Depois de esparramados sobre as folhas, tanto os conídios de
Pseudocercospora como os ascosporos de Mycosphaerella provocam esse mesmo tipo
de lesão.
Sendo diferente a maneira de dispersão das duas formas, assim como a
localização dos sintomas sobre a folha, é possível distinguir perfeitamente os dois
tipos de ataque, tanto pela disposição das necroses nas folhas, como também pela
posição das folhas atacadas, conforme explicado abaixo:
a) Disposição das necroses
Os conídios só se formam quando a umidade relativa do ar é superior a
98%. Ao atingir a maturidade, o que acontece geralmente pela madrugada, eles são
libertos pela água do orvalho ou da chuva. Esses conídios são arrastados verticalmente
de cima para baixo, com as gotículas dágua que caem das folhas superiores e
contaminam as folhas mais jovens dos filhotes, situados em plano inferior.
Desta forma, os conídios contaminam os filhotes ao longo dos bordos do
seu cartucho e também nas folhas, traçando linhas quase retas e paralelas. Esses
conídios assim esparramados formam, inicialmente, pequenas manchas que ao se
desenvolverem produzem necroses lineares, quase paralelas à nervura principal da
folha. Este tipo de infecção é denominado “line spotting”.
Os ascosporos crescem, saem fora dos peritécios e são transportados pelas
correntes de vento e se depositam, principalmente, no ápice das folhas mais altas,
portanto as mais novas, de forma desordenada, porém quase que simetricamente em
ambos os lóbulos. Entretanto, no seu lóbulo esquerdo haverá sempre uma pequena
porcentagem a mais, por este ter se aberto primeiramente. A este tipo de infecção é
dado o nome “top spotting”.
b) Posição da folha atacada
As lesões originadas dos conídios de Pseudocercospora aparecem nas
folhas mais baixas, principalmente nas dos “filhos”. No caso do ataque ser por
ascosporos de Mycosphaerella as folhas mais atingidas são as mais altas e as manchas
aparecem na parte apical.
A maneira de propagação da moléstia permite compreender o mecanismo
de transmissão às outras bananeiras próximas. Os conídios são transportados pela água
contaminada que escorre das plantas mais altas (“mãe”) para as situadas abaixo delas
(“filhos”), podendo ainda provocar contaminações nas vizinhas, pelo esborrifamento
dessa água sobre suas folhas. Este modo de disseminação, quer por conídios quer por
ascosporos, é limitado, pois restringe-se a pequenas distâncias. A disseminação a
grandes distâncias se dá apenas quando os ascosporos são transportados pelo vento e,
neste caso, a distribuição das manchas sobre as folhas é mais homogênea.
2.2.6- Controle
Vários métodos já foram usados para o controle da sigatoka-amarela,
iniciando pelas erradicações e, depois, pelo uso de pulverizações convencionais.
Desde a década de 30, inúmeros fungicidas foram testados e dentre todos eles, o que
se revelou melhor foi a calda bordaleza. Mas, com o aparecimento de novas técnicas e
dos novos aparelhos, os atomizadores, a utilização da calda bordaleza tornou-se
inviável técnica e economicamente.
Lançando mão dos equipamentos de atomização, pesquisadores franceses
desenvolveram um método de combate a sigatoka-amarela.
Tentando diminuir a quantidade de água e de produtos químicos, passaram
a experimentar as técnicas de nebulização e atomização. A nebulização foi
rapidamente abandonada em favor da atomização, pois o diâmetro de suas gotículas*
(40 micra) provocava grande dispersão e não proporcionava boa fixação sobre as
folhas. Usando-se a atomização as gotículas ficam com diâmetro de ordem de 100 a
200 micra e se obteve uma boa deposição.
Na utilização destas técnicas surgiram dificuldades quanto ao veículo do
fungicida, pois ao se usar a água, havia uma rapidíssima evaporação das gotículas, que
eram muito finas e os tratamentos se mostraram insuficientes. Procuraram então
encontrar outro veículo para transportar o fungicida até a folha e o fixar nela.
Inicialmente foi usada uma mistura de óleo mineral com óleo diesel e o fungicida.
Quadro XI-1- Calendário para a região bananeira litorânea de São Paulo, usando-se apenas “spray
oil”, no controle da sigatoka-amarela.
Nos bananais pulverizados com avião, a inspeção deve ser feita no mesmo
tempo da atomizadeira. Quanto à linha reta, na qual se elegerão as plantas para se
observar a deposição do óleo, ela será no sentido transversal ao vôo realizado (linha de
“tiro”). Neste caso, se inspecionará apenas uma planta, sob a linha divisória entre as
duas passadas do avião e uma outra, exatamente em baixo da linha de vôo do avião.
Essas observações devem ser repetidas a cada 50 a 60 metros na linha de “tiro”.
Se, durante a inspeção feita aos 12 minutos após a pulverização, onde se
utilizou a atomizadeira “girafa” ou o avião, constatar-se que já houve a formação da
película de revestimento com o produto aplicado, tudo estará O.K. (Foto XI-35).
Porém, se isto não aconteceu, é indicação que houve falta de produto. Por outro lado,
se ela se formou antes, é certo que se aplicou produto em excesso. A falta é prejudicial
por não controlar a enfermidade; o excesso é desperdício de material e pode provocar
queimamentos nas bananas, nas folhas e ainda distúrbios fisiológicos tais como o
desencapeamento de bainhas, quebra de pseudocaule e ou do engaço.
2.3- Sigatoka-negra
2.3.1- Considerações
A sigatoka-negra é também uma cercóspora e, como tal, tem muitas
probabilidades de apresentar novas raças mutantes ou híbridas. O fato de se manter
uma fruteira sob constante tratamento contra fungos, durante o ano todo,
empregando-se fungicidas de ação bastante enérgica, propicia-se condições para que
eles se modifiquem a qualquer momento.
A sigatoka-negra quando chega em uma região, provoca grandes mudanças
no manejo do bananal, principalmente nos programas de pulverização e na aplicação
da água de irrigação.
Em regiões onde se planta banana visando exclusivamente o mercado de
exportação e as condições climáticas são aptas ao seu cultivo, o controle da
sigatoka-amarela tem que ser feito o ano todo. Esta situação ocorria em Honduras, no
Vale do Ulua, em 1972, quando constatou-se o aparecimento de uma nova raça desse
fungo que, na sua fase perfeita, foi chamada de Mycosphaerella fijiensis nova espécie
Morelet, 1969 e, logo depois foi redescrita como Mycosphaerella fijiensis variedade
diffomis Mulder & Stover, 1976, e na sua fase imperfeita de Pseudocercospora
fijiensis (Morelet) Deighton, 1976, classificações essas feitas com material vindo da
Ilha de Tonga, pertencente as Ilhas Fidji - Melanésia, onde tinha sido apenas descrita,
pela primeira vez por P. L. Rhodes, em Koronivia, nas Ilhas Fidji, em 1963.
Atualmente, o agente causal da sigatoka-negra é classificado, na sua fase
perfeita, como Mycosphaerella fijiensis Morelet, 1969 e na imperfeita como
Paracercospora fijiensis (Morelet) Deighton, 1976.
Admite-se que ela já tenha ocorrido em outros locais anteriormente e que a
origem deste patógeno possa ter sido a Nova Guiné ou as Ilhas Salomão e Papua.
A expansão da sigatoka-negra pela América Central foi lenta nos primeiros
sete anos, porém, atualmente, já alcançou toda a América Central e pode-se incluir
quase todo o Caribe, assim como os países do norte da América do Sul. Em fevereiro
de 1998, foi constatado sua presença, por uma comissão técnica de pesquisadores no
Amazonas, em Tabatinga, em cultivares do subgrupo Terra, subgrupo Figo (Bluggoe)
e do subgrupo Prata, onde foram encontradas necroses já na folha I. Nas demais
regiões produtoras, admite-se ter sido o vento o maior disseminador do fungo,
enquanto que, nessa região do Brasil, deve ter sido a própria muda, por ela ter
aparecido em um local isolado.
É de se prever que dentro de algum tempo, tal como aconteceu com a
sigatoka-amarela, também a sigatoka-negra apareça em todos os bananais do Brasil,
onde as condições de clima permitam seu desenvolvimento. Os prejuízos serão sempre
proporcionais às condições climáticas, assim como o programa de seu controle (Foto
XI-36). Na América Central, onde ela está causando grandes prejuízos econômicos,
chegou-se a fazer até 50 pulverizações por ano para se obter um bom controle,
enquanto 20 eram suficientes, no caso da sigatoka-amarela. A dificuldade que está
havendo para seu controle, poderá constituir um dos fatores da quebra da produção de
banana na América Central, pois seus custos (800 a 1.000 dólares/ha/ano) podem se
tornar proibitivos e também pela inviabilidade prática da execução das pulverizações.
Estes custos representam hoje, de 35 a 40% daqueles da manutenção do bananal.
2.3.2- Patógeno
Da mesma forma que a sigatoka-amarela, a sua disseminação se processa
por meio dos ascosporos que saem dos peritécios, na sua forma sexuada ou perfeita e
por meio de conídios na sua forma assexuada ou imperfeita ou vegetativa.
Os processos de contaminação são os mesmos da sigatoka-amarela. Os
conídios quando maduros são libertos pela água e contaminam as folhas que estão
abaixo desse ponto de infecção. Os ascosporos quando maduros são libertos dos
peritécios e transportados pelo vento, a distâncias que podem ser de até alguns
quilômetros. Essa é a forma que mais dissemina a moléstia. Para que ocorra essa
libertação é preciso que haja chuva, orvalho ou irrigação por aspersão acima das
folhas e temperatura favorável.
2.3.3- Sintomatologia
O nome de sigatoka-negra foi dado a essa moléstia, devido a coloração que
as folhas adquirem (Foto XI-37A e B).
Foto XI-38- (A) Fase 1, página inferior; (B) Final da fase 2, página inferior; (C)
Fase 3, página inferior; (D) Fase 4, página inferior; (E) Fase 4, página
superior;
(F) Fase 5, página superior; (G) Início da fase 6, página superior, lembra a
sigatoka-amarela; (H) Coalescência lenta da fase 6, página superior; (I)
Coalescência rápida no final da fase 6, página superior
(Fotos Fouré, 1985, do IRFA-CIRAD).
2.3.5- Controle
O controle da sigatoka-negra, por meio de pulverizações, somente é
possível enquanto ela estiver nas fases 1 e 2. Quando ela atinge a fase 3, mesmo
aplicando-se uma mistura de óleo e fungicida, os resultados são pequenos ou nulos.
As pulverizações são feitas no sistema de atomização com os mesmos
equipamentos e metodologia recomendada para a sigatoka-amarela. A base para
misturar os produtos é sempre o “spray oil” (OPPA), que serve como veículo de
transporte e fixador dos fungicidas. Ele também tem um efeito fungistático sobre a
sigatoka-negra, mas é de curta duração. Nas pulverizações, é importante que se
adicione um fungicida sistêmico ao óleo, para se obter um controle eficiente, pois esta
mistura tem ação preventiva e curativa, o que permite alongar-se um pouco os
períodos entre as aplicações.
Os ditiocarbamatos (Maneb e Zineb), que são fungicidas de contato,
também foram experimentados, mas o período de sua eficiência foi muito curto.
No caso do controle da sigatoka-negra, as atomizações têm que ser feita
com todos os rigores recomendados, para que ela seja eficaz.
O primeiro desses cuidados é no preparo da mistura que precisa ficar
perfeitamente homogênea. A atomização tem que ser feita de modo que a deposição da
mistura cubra uniformemente todo o bananal, sem deixar nenhuma “ilha”, a qual se
tornará um grande foco de produção de esporos. Para se evitar a formação dessas
“ilhas”, é preciso que a atomização seja feita na hora e nas condições recomendadas
no item XI-2.2.8. É importante também que a dosagem indicada para ser aplicada por
hectare seja observada, pois havendo falta, o produto não é eficiente e ainda se criam
condições para o aparecimento de formas resistentes do fungo. Por outro lado, como
esta enfermidade exige que sejam feitas muitas pulverizações, o excesso delas poderá
intoxicar a planta e até mesmo ter-se casos de resíduos nas cascas das bananas.
Onde houver sigatoka-negra, é muito importante que se faça um
acompanhamento da sua evolução para se verificar se está ocorrendo o aparecimento
de novas raças do fungo, que podem se tornar resistentes aos produtos que estão sendo
aplicados. Esta avaliação somente pode ser executada em laboratório, o que deve ser
feito sempre que aparecer um local onde não se consegue controlar a moléstia.
Amostras devem ser coletadas nas folhas I, II e III.
É recomendável que havendo a presença da sigatoka-negra em determinada
região, as propriedades tenham um técnico para fazer o monitoramento do
desenvolvimento biológico do fungo, durante o ano todo. Esse acompanhamento
permite que se reduza ao mínimo o número de pulverizações. Depois que se passou a
fazer o monitoramento nos bananais da América Central, foi possível reduzir as mais
de 50 pulverizações que eram feitas, para 35 a 40. Houve locais que, devido ao
monitoramento associado a influência do clima, este número ficou reduzido para
apenas 25.
O monitoramento é feito baseado no método de Stover, modificado por
Gauhl, 1989. Para isso é preciso fazer-se inspeções a cada dois ou três dias no bananal,
quando então se observam o aparecimento de lesões e a evolução dos sintomas. Estas
observações são feitas em plantas adultas, que estão próximas do florescimento. As
plantas serão escolhidas dentro de um mesmo lote, cujo aspecto vegetativo e de
controle do fungo sejam semelhantes. O número de plantas que será amostrado deve
ser no mínimo de 3 a 5 por ha, sendo preferível 10.
As avaliações são feitas em todas as folhas de cada uma das dez bananeiras
estudadas, desprezando a vela e as folhas que estiverem quebradas. As plantas
escolhidas tem que estar com sua folha I no mesmo estágio de abertura, sendo melhor
aquele em que a vela já se desgrudou dessa folha I e voltou para a posição bem
vertical. A partir dessa folha I, se numeram todas as folhas dessa planta com um pincel
atômico.
Os dados coletados se referem ao grau da infecção encontrado em cada
folha, os quais serão anotados em uma planilha, semelhante à que foi apresentada por
Orozco, 1998, no Boletim Técnico n° 1 do INIFAP, a qual tomaremos como exemplo.
Este método de monitoramento admite 6 graus de infecção da
sigatoka-negra, conforme a representação, segundo Stover, modificada por Gauhl,
l989, publicada no Boletim n° 4 da CORBANA, 1992 (Figura XI - 2) .
Esta planilha nos fornece a situação de cada uma das 10 plantas estudadas.
A título de comentário passaremos a analisar apenas a planta 1. A planilha nos informa
que essa planta 1 tem 13 folhas (FP), que a primeira folha encontrada com infecção
foi a de n° 10 (FMJI) e que os graus de infecção foram: 9 folhas com grau 0; 1 com
grau 1; 1 com grau 2; 0 com grau 3; 0 com grau 4; 1 com grau 5 e 1 com grau 6. Na
linha das somatórias (total) tem-se a situação conjunta das 10 plantas estudadas.
O valor da FMJI indica o nível de dano que a sigatoka-negra está causando
no lote em estudo e possibilita fazer-se comparações com as planilhas anteriores para
se saber como ela está evoluindo.
O quadro abaixo permite que se destaque a distribuição apenas das folhas
infeccionadas por planta e por grau de infecção.
c/ grau 1 c/ grau 2 c/ grau 3 c/ grau 4 c/ grau 5 c/
grau 6
Planta 1 1 1 0 0 1
1
Planta 2 0 2 1 0 0
1
Planta 3 0 1 0 1 0
1
Planta 4 1 1 0 0 1
2
Planta 5 1 1 1 1 0
0
Planta 6 1 2 1 0 0
0
Planta 7 1 1 1 0 1
0
Planta 8 0 1 1 0 1
0
Planta 9 1 2 1 0 0
0
Planta 10 1 1 0 1 1
0
Total 7 13 6 3 5
5
2.3.6- Produtos
Os produtos a serem aplicados são ao mesmos recomendados para a
sigatoka-amarela. Entretanto deve-se fazer um rodízio constante com eles. O melhor é
não se aplicar mais do que duas vezes seguidas um mesmo produto. Na alternância
entre eles, deve-se substituí-lo por um outro cujo princípio ativo seja de um grupo
químico diferente (ver Quadro XI-2).
Nesta rotatividade de produtos utilizados, há necessidade de haver um
acompanhamento técnico para avaliar, constantemente, a eficiência dele em cada
aplicação.
Especial cuidado deve ser tomado com o Benlate que, por ter um grande
espectro (faixa) de atuação, não deve ser usado por duas vezes seguidas e também por
mais de seis vezes no ano. Ele facilmente cria condições de resistência nos fungos.
Como complemento desses cuidados na aplicação do produto, há
necessidade também de se evitar a irrigação acima das folhas. A água aplicada pode
lavar o produto e com isto facilitar o desenvolvimento do fungo. Havendo este
equipamento, ele somente deve ser usado no dia anterior à pulverização.
Nas regiões onde a sigatoka-negra já está instalada, ao se comprar o
equipamento de irrigação, deve-se optar pelo mini-aspersor, para ser utilizado abaixo
das folhas e ainda capaz de executar o turno de rega (3 a 6 no mês) num prazo máximo
de 4 horas. Nestas condições, se evita que a folhas I e II da “mãe” sejam molhadas e
com isto se reduz as possibilidades de infecção.
O sistema de microaspersão deve ser evitado por ele criar condições quase
que permanentes de maior umidade dentro do bananal, o que favorece o
desenvolvimento desse fungo (ver Cap. IV-3.1.3).
O programa de desbaste deve ser feito de forma mais freqüente, para se
realizar sempre a poda dos “filhos” que não irão ser eliminados de imediato. A poda
desses “filhos” evita que suas folhas sejam infeccionadas pelo fungo, uma vez que elas
são precariamente protegidas durante as pulverizações. Além disso esta operação
facilita o arejamento interno do bananal, o que diminui o desenvolvimento do fungo.
Toda vez que uma folha estiver com 30% de sua área seca pela
sigatoka-negra, apenas essa parte deve ser eliminada, pois ela estará continuamente
fornecendo esporos para novas inoculações. Pela mesma razão, não se deve deixar que
existam folhas secas penduradas nas bananeiras.
Recomenda-se que após estas eliminações, todos esses restos de folha
sejam enleirados com aqueles que já estão apodrecendo, para que os fungos saprófitas
possam atuar mais rapidamente sobre elas. Se elas ficarem apenas depositados no
solo, somente após 3 a 4 semanas é que estarão podres.
Há autores que recomendam que todas as folhas cortadas sejam retiradas de
dentro do bananal e queimadas. Este assunto é muito controvertido, pois a
movimentação dessas folhas causa maior liberação de esporos, tem elevado custo e
ainda se provoca um empobrecimento de nutrientes na área. Além disso essa prática
não demonstrou haver redução dos inóculos no bananal.
O elevado custo e a dificuldade para o controle da sigatoka-negra,
permitem sugerir que o cultivo das bananeiras passe a ser feito em áreas com
limitações climáticas, no que concerne à umidade relativa do ar. Desta forma ter-se-á
que pensar em fazer-se a irrigação por vários meses, porém nessas regiões,
provavelmente, a sigatoka-amarela e negra não passariam de meras pontuações secas,
em apenas algumas folhas. Entretanto, não se deve pensar em fazer plantios em áreas,
cujo clima tenha limitações ligadas às baixas temperaturas, que não podem ser
alteradas pelo homem e que causam injúrias irreversíveis nas bananas e nas plantas.
Para os produtores brasileiros, neste momento, em que estão recebendo essa
“hóspede” que veio para ficar, a sigatoka-negra, esta sugestão pode ser apenas uma
hipótese, mas que poderá vir a tornar-se realidade, quando ela estiver esparramada
pelas atuais regiões tropicais úmidas, pois ter-se que irrigar o bananal é sempre menos
problemático e assegura maior tranqüilidade e produtividade ao produtor, do que ter
que fazer inúmeras pulverizações.
Além disso, nas regiões onde a sigatoka-negra já está disseminada os
fungicidas tradicionais não têm apresentado bons resultados, exigindo constante
rotatividade deles.
Este capítulo da sigatoka-negra, infelizmente, ainda terá de ser reescrito
futuramente, quando ela já estiver mais dissiminada nas regiões mais secas, ocasião
em que, provavelmente, se adaptará melhor o método descrito, para se estabelecer
normas de pulverizações, em função de dados coletados em nossos bananais, uma vez
que as atuais foram feitas para as condições climáticas da América Central, que são
bem diferentes das daqui.
Foto XI-54- O Capnodium spp. visto pela página inferior. Ele pode cobrir
as duas páginas e com isto provocar seu secamento.
3- Bactérias
3.1- Moko
Dentre as enfermidades causadas por bactérias, o “moko” (pronuncia-se
môco) ou “murcha bacteriana” é a mais importante. A doença foi descrita pela
primeira vez por Rorer em Trindade 1911, que identificou o agente causal como a
raça 2 de Pseudomonas solanacearum (Smith, 1914), Smith, que atualmente está
classificado como Ralstonia solanacearum (Smith) Yabuuchi et al., 1995, que tem
ainda as raças 1, 3 e 4. Esta bactéria causa graves danos em vários gêneros e espécie
de plantas, principalmente nas Solanaceas, tais como o tomateiro, batatinha, etc. Era
tido que somente a raça 2 causava prejuízos nas bananeiras, mas em 1987 foi isolada,
em Formosa, no Banana Experiment Station, a raça 4, em Giant Cavendish
(‘Nanicão’). Existem várias estirpes da raça 2 que são conhecidas por D, B, SFR, F e
H. Em l976 foi identificada a estirpe A, correspondente àquela que surgiu na
Amazônia Peruana ou Colombiana. Estas designações se referem aos sintomas
desenvolvidos nos hospedeiros diferenciadores específicos, quando a bactéria é
inoculada neles. A perfeita identificação das raças também pode ser feita pela análise
do seu DNA.
Em 1976, em material coletado no Território do Amapá, em várzeas
inundáveis do rio Pedreira, Tokeshi & Duarte (1976) identificaram e caracterizaram
pela primeira vez o agente do moko no Brasil, em banana ‘Prata’ e verificaram
tratar-se da estirpe A. Quase que simultaneamente, Robbs & Kimura identificaram a
estirpe SFR (semi-fluído-redondo), em material coletado em terrenos livres de
inundação do mesmo rio.
Esta bactéria tem feito com que os países produtores de banana da América
Central, mantenham permanentemente equipes de vigilantes, inspecionando os
bananais e fazendo erradicações de todos os focos que aparecem, para evitar sua
disseminação.
Não se tem notícias do moko na Jamaica, Martinica ou em Guadalupe, mas
há informações de sua existência no Equador, Colômbia e na Venezuela.
Quase todas as terras inundáveis do vale Amazônico, já estão contaminadas
por essa bactéria. Nos plantios feitos junto às margens do rio Amazonas, tanto na parte
mais alta (Amazonas) como sua foz (Pará) ou ao longo do rio Madeira, em Rondônia e
ainda no Amapá, são facilmente encontrados focos de moko. Estes somente tem sido
transmitidos por meio de inseto.
Trata-se de um grave problema potencial, para as demais regiões produtoras
de banana do Brasil, pois aquela região pode provocar uma contaminação nacional,
devido as remessas que são feitas, diariamente, de bananas ‘Maçã’ para as regiões
sulinas. É o caso, por exemplo, do Estado de São Paulo, que é abastecido com cachos
de banana desse cultivar, que são produzidos em Rondônia ou mesmo no Pará, em
completo desrespeito à portaria nº 829 de 13/10/79 do Ministério da Agricultura, que
proíbe a saída de mudas e de cachos de bananas das áreas contaminadas, permitindo,
contudo, apenas a saída de pencas de bananas.
Em maio de 1987, foi descoberto e erradicado um foco de moko em Propriá
(SE), na CODEVASP (Baixo rio São Francisco). Entretanto, as recentes pesquisas
demonstraram que este moko, que é nativo da região, só se transmite pelo sistema
radicular. Hoje, 12 anos depois, foi possível verificar-se que ele está se mantendo sem
virulência e sem se expandir geograficamente (comunicação pessoal de Dr. Armando
Takatsu, Univ. Fed. Uberlândia, 1998). Seus maiores prejuízos tem sido encontrados
nos bananais mais fertilizados. Para sua eliminação é necessário que a área fique sem
nenhum hospedeiro por 5 a 6 meses.
Não se conhece nenhum cultivar, entre as bananas comestíveis, que seja
imune aos ataques dessa bactéria. Alguns têm uma “certa tolerância” como é o caso
das bananas do subgrupo Terra (AAB) e o cultivar Pelipita (AAB) que é um tipo de
banana Figo, que se apresenta como o mais tolerante. Os cultivares Maçã e Nanicão
não têm nenhuma tolerância.
Consta que, atualmente, por motivos não explicáveis ainda, o moko está se
expandindo mais lentamente nos países da América Central.
3.1.1- Sintomatologia
Bananeiras com moko derrubam todas suas folhas, quebrando seu pecíolo
junto a roseta. Em seguida as folhas secam completamente (Foto XI-55).
3.1.2- Combate
O combate dessa enfermidade somente é feito pela erradicação da
bananeira atacada, medida bastante problemática e dispendiosa. Inicialmente, o cacho
é colhido e, em seguida queimado, usando dois litros de óleo diesel. Para acelerar a
morte da planta, é necessário injetar no pseudocaule uma mistura de herbicidas
sistêmicos, sendo que um deles deve atuar no sistema radicular e o outro, na parte
aérea.
Após a erradicação do foco, faz-se uma inspeção no rizoma de um filhote
extraído de cada uma das touceiras contidas dentro de um círculo de 15 metros de raio,
para avaliar a extensão da área contaminada. Todas as demais touceiras contaminadas
também serão erradicadas.
Decorridos 15 dias da erradicação, faz-se uma inspeção nas bananeiras
enfermas que foram tratadas, para se verificar se estão mortas e também se há novos
focos de moko na área em questão. Se houver necessidade será realizado um nova
erradicação.
Na erradicação de focos de moko pode-se usar a mesma metodologia
descrita para o caso de bananeiras com vírus (ver item XI-1).
Preventivamente, para se evitar que um foco se dissemine, deve-se fazer o
combate às ervas daninhas com herbicidas, não usar enxadas, podendo-se
eventualmente manter o bananal roçado, quebrar rotineiramente os corações e
desinfetar sistematicamente as ferramentas sempre que se passe de uma planta para
outra. Para isto, a ferramenta será mergulhada em uma solução preparada com uma
parte de formaldeído e três partes de água. Para se fiscalizar a realização dessa
operação, deve-se acrescentar um corante na solução. Pode-se substituir esse produto
por hipoclorito de sódio a 2% (que é a concentração das águas sanitárias puras), o qual
deve ser substituído a cada 2 horas, dada sua volatilização.
Vários são os hospedeiros da bactéria Ralstonia solanacearum. Em
bananais onde ela esteja presente, mais do que nunca deve-se manter sempre a área
livre de ervas daninhas, principalmente das Heliconias.
A bactéria tem condições de sobreviver no solo, livremente, sob a forma das estirpes
SFR, A e F por 3 a 6 meses. Felizmente para nós, a estirpe B, que sobrevive
normalmente por 12 a 18 meses, ainda não foi constatada no Brasil.
Admite-se ser esta uma enfermidade quase tão limitante para o cultivo da
bananeira como é o mal-do-panamá.
3.2.1- Controle
O controle dessa bacteriose também é feito por erradicação, porém, devido
a sua menor virulência, não há necessidade de executar a queima do cacho. Apenas a
morte da planta enferma, com herbicidas, tem sido suficiente para mantê-la sob
controle.
Para se evitar seu aparecimento, recomenda-se usar mudas de laboratório
ou mudas escalpeladas e banhadas no hipoclorito de sódio.
A irrigação por inundação favorece seu desenvolvimento.
1- ematóides
Os nematóides (nematis = fio, oide = em forma de) são pequenos vermes
microscópicos, em forma de fio, que parasitam o sistema radicular das bananeiras e de
quase todas as demais plantas e são também encontrados no reino animal,
principalmente nos seus intestinos. A multiplicação ocorre com ou sem a participação
do macho, sendo que a fêmea faz a postura dos ovos dentro das raízes, onde eles
eclodem, ou livremente, no solo. Eles se movimentam como as minhocas, sempre em
direção a uma raiz, onde irão se instalar.
Um solo depois de infestado com nematóides torna-se quase que impossível
de voltar a ser totalmente livres deles. Tudo que se fizer, preventivamente, redundará
em menores gastos e aborrecimentos futuros.
Os prejuízos que os nematóides podem causar nas bananeiras, onde seu
combate não é feito corretamente, chegam a ter, em determinadas áreas, perdas de
100%. Estima-se que, a média das perdas da produção mundial causada por
nematóides, em 20 das principais culturas, seja de 10,7% e que em bananais esse valor
atinja a 19,7%.
A infestação de uma área com nematóides se dá, geralmente, pelo homem, o
maior disseminador deles nas diferentes regiões do planeta, por iniciar seus plantios
utilizando mudas parasitadas por esses vermes.
Durante a primeira safra, seus prejuízos são pequenos, mas podem anular
totalmente a produção da segunda, pelo tombamento de todo o bananal. Eles podem
reduzir as raízes a apenas 10% do seu comprimento, além de abrirem no rizoma,
portas de entrada para outros parasitas aí se instalarem.
Os prejuízos devidos a sua presença nas raízes das bananeiras podem ser de
um leve parasitismo até‚ a destruição total do sistema radicular, o que muito prejudica
a alimentação da planta e sua perfeita fixação no solo. Estas perturbações são capazes
de provocar a quebra de resistência da planta a certos fungos. Como por exemplo,
pode-se citar que esta é uma forma pela qual os fungos Rosellinia bunodes Smith
(1929), Polyporus sapurema e Fusarium spp., freqüentemente, invadem os rizomas.
Além disso, os tecidos necrosados pela entrada dos nematóides, são portas abertas para
a entrada de outros organismos predadores. Estes prejuízos tornam-se mais acentuados
após a diferenciação floral, quando a bananeira cessa a emissão de novas raízes.
Os nematóides matando as raízes até próximo do rizoma, acabam
provocando seu afloramento. Eles não interferem no número de pencas ou de bananas
produzidas nos cachos, mas tendo destruído suas raízes, deixam a planta sem
possibilidade de as engordar.
Em bananais com muitos nematóides, a porcentagem de plantas que caem
com ou sem vento pode chegar a 100%. As plantas que mais caem são quase sempre,
as que tem cachos. E, quando caem, muito freqüentemente, derrubam seu “filho”
também.
Os seguintes fatores podem acentuar os prejuízos dos nematóides:
1) Solo - os arenosos favorecem sua disseminação enquanto os argilosos a
dificultam;
2) Drenagem - nas áreas onde foi intensa a drenagem, de modo a secar
complemente o terreno, os nematóides se desenvolvem melhor;
3) Profundidade do rizoma - o afloramento do rizoma e seu sistema
radicular devido a problemas de calagem, salinização, envelhecimento da lavoura, etc.,
contribuem para maior proliferação dos nematóides;
4) Terrenos compactos ou com camada compactada muito superficial
(menos de 50 cm) dificultam o desenvolvimento do sistema radicular e agravam os
danos dos nematóides.
É importante que o bananicultor sempre se lembre que banana curta
caracteriza a existência de problemas nas raízes, tais como os nematóides, as
broca-das-bananeiras, a má drenagem, a falta de água no solo que pode causar
rachaduras nele e, como conseqüência, o rompimento de raízes, os baixos teores de
cálcio e magnésio, etc.
Pelo aspecto externo e interno da raiz é possível visualizar com muita
facilidade, se os nematóides são os responsáveis pelo encurtamento das raízes das
bananeiras e, por conseguinte, das bananas. Contudo a forma segura para identificar
qual deles é que está presente, é através da análise nematológica em laboratórios
especializados.
Em sua primeira visita ao Brasil, feita em 1968, Champion coletou raízes
de bananeiras na baixada Santista, nas quais foram encontradas populações superiores
a 68 mil exemplares por 100 g de raízes, dentre os quais estavam o Radopholus
similis, Helicotylenchus spp e Meloidogyne spp. A despeito disto as produções eram
elevadas e quase toda exportada para a Argentina, em cachos e em caixas. A
porcentagem de plantas caídas era baixa, a ponto de não preocupar aos produtores. Já
naquela ocasião, admitia-se que essa população pouco prejudicava a produção desses
bananais. Atribui-se a este fato ser a localização deles em áreas onde o nível do lençol
freático varia com freqüência, o que dificulta o desenvolvimento e o parasitismo dos
nematóides. Estas oscilações tornam os problemas quase sempre menos graves do que
nos solos mais secos. Nas topografias acidentadas, onde o solo é sempre naturalmente
bem drenado, a produção dos bananais aí plantados pela primeira vez, decaia
rapidamente e quase se anulava em alguns anos, devido aos nematóides. Essa queda de
produção era representada pela redução do tamanho dos cachos e das bananas e
também pelo evado número de plantas caídas. Pesquisas feitas em amostras de raízes
desses bananais, evidenciaram sempre populações inferiores a 30% da anterior, o que,
cientificamente, permitia que se dissesse que eles não estavam prejudicando os
bananais e por isso não haveria necessidade de combate-los.
Os dados publicados por vários autores, tentando relacionar o número de
nematóides encontrados em cada 100 gramas de raízes, com os prejuízos que eles
causam na produção, são bastante discrepantes. Isto permite afirmar-se que não há um
critério preciso de avaliação. Estudos nesse sentido servem apenas para nos informar o
“status quo” dos bananais e quais são os inimigos que se tem que lutar.
Diante dessa situação, convencionou-se ser mais prudente e correto,
tomar-se por base o número de plantas caídas a cada 1.000 famílias e principalmente,
associando a qualidade da banana colhida no que se refere ao seu comprimento, uma
vez que este depende da sanidade e do desenvolvimento das raízes.
Estima-se como aceitável o número de três plantas caídas a cada 1.000
famílias, para se poder dizer que os nematóides estão sob controle agrícola
econômico, mas que nem por isso o seu combate deve ser dispensado ou interrompido.
Ele deve ser feito rotineira e preventivamente, como se faz a adubação e os demais
tratos culturais, por ser o combate químico a única forma prática capaz de se assegurar
o controle deles (Foto XII-1).
Foto XII-1- Plantas caídas com quase todas as raízes necrosadas são
sintomas típicos de nematóides.
Esperar que a população de nematóides chegue aos limites estabelecidos
em laboratórios, para depois se iniciar seu combate, é o mesmo que deixar o inimigo
multiplicar-se para então, depois, querer exterminá-lo, o que nem sempre se consegue.
Em áreas onde os nematóides já são endêmicos, resta ao agricultor procurar
manter sua população em nível bem baixo. Isto pode ser obtido fazendo-se a
renovação periódica do bananal, com rotação de cultura, plantando leguminosas ou
deixar o terreno sem nenhuma vegetação, por tempo variável (mínimo de 6 meses),
segundo as condições locais. Depois que eles infestam uma área, a sua eliminação por
completo não há como fazer. Mesmo assim, estando o bananal plantado novamente, o
produtor terá de lutar sempre contra eles, aplicando nematicida periodicamente.
A solução ideal seria plantar cultivares resistentes aos nematóides.
Entretanto, dentro do programa de melhoramento já executado no mundo bananeiro,
tem-se a experiência vivida com o cultivar Golden Beauty ( IC-2), que é resistente aos
nematóides, mas comercialmente foi um fracasso. No tocante ao que a natureza nos
propiciou, temos o caso do cultivar Mysore, que é altamente resistente aos nematóides,
principalmente ao Radopholus similis e ao Meloidogyne spp. porém de baixa aceitação
pelo consumidor brasileiro, à semelhança do que ocorreu na América Central, onde ele
foi introduzido há mais de 100 anos. Muito se está trabalhando nesse sentido, mas
ainda não se tem um cultivar que seja resistente aos nematóides e comercialmente bem
aceito pelos produtores e consumidores.
A despeito de ter sido a banana uma das frutas relatadas no livro Tratado,
escrito em 1570, por Pero de Magalhães Gandavo, porém só publicado em 1826, o
fato é que os descobridores do Brasil já encontraram os indígenas saboreando essa
fruta, tanto ao natural como cozida. Entretanto, o primeiro relato da ocorrência do
nematóide Radopholus similis (Cobb, 1893) Thorne, 1949, também conhecido como
“cavernícola” (devido aos buracos que faz nas raízes e nos rizomas), em nossos
bananais, foi feito somente em 1959, quando foram descritos os prejuízos que eles
estavam causando em plantações de Juquiá (SP).
Zen, em 1982, relatou a ocorrência de nematóides parasitando bananeiras
em mais da metade dos estados brasileiros. Depois de 17 anos, a literatura cita sua
presença em todos os estados do Brasil.
Atualmente já foram encontradas 146 espécies de nematóides ligados ao
cultivo da bananeira, distribuídos em 43 gêneros, sendo que 28 deles coletados no
Brasil.
Pelo fato dos nematóides não estarem sendo devidamente combatidos pelos
bananicultores, eles têm aumentado muito, sendo ainda capazes de provocar uma
maior queda na produção em todo o Estado de São Paulo e no Brasil. Além deles
destruírem as raízes, eles abrem portas para a entrada de fungos, que aumentam muito
seus prejuízos. Considera-se que o FOC aproveita dos orifícios abertos pelos
nematóides, para se instalar na bananeira. Como se isso já não bastasse para se fazer
seu combate sistemático, é muito grande a possibilidade deles se comportarem como
vetores de vírus.
Foto XII-6- Raiz sadia, junto com duas parasitadas por Pratylenchus
coffeae (Foto de Jaime Maia dos Santos, da FCAV-UNESP)
Em áreas isoladas e onde não existe o R. similis a recomendação ou
melhor, a determinação correta é que o primeiro plantio seja feito com mudas
produzidas por biotecnologia, que elimina todos os nematóides fitoparasitos e a
broca-das-bananeiras. Os seus prejuízos são enormes e é praticamente impossível
conseguir sua erradicação.
1.2.1- a muda
As mudas são os principais agentes da infestação de qualquer bananal. A
forma segura para se evitar o aparecimento de nematóides no bananal plantado em
solos virgens, é utilizar-se de mudas produzidas por biotecnologia, em laboratório de
comprovada idoneidade técnica e comercial. Exceção se faz ao Meloidogyne spp., que
são facilmente encontrados mesmo nesses solos, dada a elevada lista de plantas que
são por eles parasitados.
O primeiro trabalho de pesquisa objetivando combater ou mesmo controlar
os nematóides em mudas de bananeiras foi feito por Cobb, em 1893, que recomendou
o escalpelamento do rizoma de modo a torná-lo complemente limpo de qualquer
mancha escura.
Posteriormente, Loos & Loos, em l960, preconizaram o banho da muda
escalpelada em uma solução aquosa contendo cal virgem, sulfato de cobre e
dibromocloropropano (DBDP, ou seja, o Nemagon). Mais recentemente, com o
aparecimento dos nematicidas sistêmicos, Pessoa, em 1973, recomendou que a muda
escalpelada fosse mergulhada em uma solução de fensulfathion (Terracur) ou
carbofuran (Furadan), por 10 minutos, cujos resultados não são 100% eficientes,
principalmente por estas mudas não terem raízes para absorverem o produto.
Com base na pesquisa executada por Esser, em l972, com hipoclorito de
sódio (NaClO), para desinfetar utensílios de laboratório contaminados com
nematóides, foi feita uma outra pesquisa por Lordello, Moreira & Lordello, em 1994,
onde se usou o mesmo produto para emergir os rizomas escalpelados de mudas de
bananeiras, por ser ele um excelente germicida de contato, portanto, capaz de matar
fungos, bactérias, nematóides e insetos, inclusive seus respectivos ovos.
A conclusão dessa pesquisa, que é válida para o combate conjunto dos
nematóides e da broca-das-bananeiras, recomenda que as mudas tipo rizoma inteiro
tenham todas suas raízes aparadas e que depois se faça, com o facão, uma
descortificação total do rizoma, de modo a se eliminar por completo todas as manchas
necróticas dos nematóides e também as manchas e galerias feitas pela
broca-das-bananeiras, ainda que se reduza muito tamanho do rizoma dessa muda (ver
Foto II-13).
Após este “escalpelamento”, coloca-se apenas o rizoma da muda por 3 a 5
minutos, em uma solução contendo 1% de hipoclorito de sódio. A muda não deve
ficar nunca mais do que 5 minutos dentro da solução, devido seu efeito causticante.
Esta solução pode ser preparada misturando-se 1 litro de uma boa água
sanitária como a Qboa ou a Cândida, com 1 litro d’água ou ainda a partir do próprio
hipoclorito de sódio que é usado nas desinfeções das piscinas, desde que se faça a sua
diluição para 1%.
Deve-se mergulhar o rizoma das mudas, apenas durante as primeiras duas
horas da preparação da solução, devido as perdas do cloro por volatilização.
As primeiras mudas banhadas, logo após saírem da solução, ficam com a
parte escalpelada do rizoma com a cor amarelada, o que é normal e indicativo que o
hipoclorito está atuando (ver Foto II-17). Quando as mudas começarem a ficar com o
amarelado um pouco desmaiado, é sinal que a solução precisa ser substituída.
Poder-se-ia colocar mais um pouco de hipoclorito na solução, porém o melhor é
substituí-la, pois ela já deve estar barrenta e com muita cica em suspensão.
No caso de ter sido preparada uma solução mais concentrada, até 5 %, o seu
efeito é o mesmo, porém seu custo é mais elevado e neste caso, o tempo de
permanência das mudas no banho deve ser reduzido, proporcionalmente.
As mudas rizoma inteiro somente poderão ser transformadas em mudas
pedaço de rizoma, quando elas estiverem complemente secas. As mudas pedaço de
rizoma não podem ser banhadas sob hipótese alguma nessa solução, sob pena de se
“queimar” suas gemas laterais de brotação e, conseqüentemente, matá-las.
Um outro método, baseado num tratamento termoterápico, também pode
ser usado para se combater os nematóides e a broca-das-bananeiras nas mudas.
Inicialmente se faz um bom escalpelamento na muda e em seguida ela é
submersa em água na temperatura de 53 a 55° C, durante 20 a 25 minutos. Esse
tratamento exige muita atenção, dada a precisão dos limites de temperatura e tempo e,
nem por isso, é 100% eficiente.
O combate químico aos nematóides e a broca-das-bananeiras na muda
também pode ser feito antes do plantio, por imersão dela em uma solução nematicida.
Entretanto, há implicações de ordem operacional e técnica, que limitam muito essa
prática, começando pela necessidade dos operários somente poderem manuseá-las
(transporte e plantio) usando luvas de borracha. A ação do nematicida, neste caso,
seria só de contato, já que a muda não tem raízes para absorver o produto e nem folhas
para o succionar para seu interior. Seu custo é bem maior e sua eficiência é menor do
que o hipoclorito que apresenta as vantagens de não poluir o ambiente, ser fácil de se
adquirir e de se operacionalizar.
As mudas rizoma inteiro, com broto em início de desenvolvimento,
somente são recomendadas para plantio se forem adquiridas de viverista que garanta,
por escrito, estarem elas livres de nematóides e da broca-das-bananeiras. Este tipo de
muda não deve ser utilizado se a mesma for obtida de bananais em produção, onde o
controle perfeito dessas pragas é impossível.
Nos canteiros de ceva da muda, deve-se irrigar o seu solo com uma solução
nematicida a 10% do produto comercial, usando-se no mínimo 2 litros por m².
Somente após este tratamento do solo, é que as mudas podem ser encanteiradas.
Convém lembrar que os canteiros de ceva não devem ser feitos próximos dos
bananais, para se evitar a reinfestação das mudas com os “moleques”.
Para se evitar os efeitos do hipoclorito nas mãos dos operários, deve-se usar
um tanque raso, de plástico, para se fazer a imersão de apenas o rizoma da muda, na
solução. Com este recurso, os operários segurarão as mudas pelo seu pseudocaule para
as colocar no tanque e com isto não precisarão usar luvas. O hipoclorito não é tóxico
mas é cáustico e pode causar algum problema nas mãos dos operários. Seu efeito é
reduzido quando em contato com tambores de lata.
O ideal é fazer o escalpelamento da muda dentro do bananal ou do viveiro,
ser banhada na solução de hipoclorito e em seguida colocada em uma carreta, que a
levará para o local de plantio. A muda depois de banhada não deve ser amontoada no
solo novamente. Na impossibilidade de se fazer este procedimento, deve-se forrar o
solo onde a muda vai ficar amontoada, usando uma camada de várias folhas vivas de
bananeiras. Em seguida, todas as mudas devem ser cobertas com folhas vivas de
bananeiras, para evitar sua desidratação com o sol.
O tratamento bem feito na muda antes do plantio, representa a eliminação
do seu “pecado original”, isto é, a eliminação dessas pragas, cujos benefícios serão
sentidos por longo tempo.
1.2.2- o bananal
A informação da tentativa de se eliminar o R. similis em 8.000 ha de
bananal, no Panamá somente com o manejo do solo e uso de mudas escalpeladas,
demonstrou que isto não foi suficiente, exigindo que se iniciasse a aplicação rotineira
de nematicida, após ao seu plantio.
2- Broca-das-bananeiras
A “broca-das-bananeiras”, encontrada praticamente em todos os bananais
da face da terra, é um inseto de cor escura, da ordem Coleóptera, gênero
Curculionideo, denominado Cosmopolites sordidus, Germar, 1824 e conhecida pelos
nomes de “moleque”, “boró”, “besouro-das-bananeiras”, “trombudo”, “soneca”, etc.
(Foto XII-14).
2.1.1- a muda
O parasitismo dos nematóides ao sistema radicular das bananeiras no
Brasil, é uma constante em todas as áreas de produção. Diante de uma situação
bastante realista e sendo a metodologia da desinfestação da muda igual para os
nematóides e a broca-das-bananeiras e lembrando ainda que todos os nematicidas são
ótimos inseticidas, o combate a essas duas pragas, tanto na muda recém-plantada como
no bananal em produção, é um só (Cap. XII-1.2).
Durante o preparo das mudas, para se evitar que aquelas já arrancadas
sejam reinfestadas pelos “moleques”, é recomendável que todas as que não irão ser
plantadas imediatamente, sejam desinfectadas (escalpelamento + banho) e levadas
para fora do bananal, no final do dia.
2.1.2- o bananal
O combate à broca-das-bananeiras nos bananais deve ser considerado
naqueles em formação e quando já em produção.
4- Tripes
Os tripes são pequenos insetos encontrados em quase todas as regiões
bananeiras, no seu botão floral, em qualquer idade. O predatismo dos tripes se limita,
principalmente a ataques nas flores e nas cascas dos frutos novos, onde eles se
alimentam de sua epiderme. Antigamente, admitia-se que ele raspava o tecido para se
alimentar, mas atualmente sabe-se que eles somente perfuram a epiderme. Eles não
atravessam as cascas, mas as tornam com a aparência muito prejudicada. As
perfurações produzem necroses e manchas causadas por deposições de suas gotas
fecais. No local em que o tripes faz a perfuração, ele provoca a morte da célula. Onde
ele deixa sua excreção há o aparecimento de manchas que provocam o
desenvolvimento de uma “fumagina”, que pode ter cor enegrecida ou com anuâncias
avermelhadas, de acordo com o fungo que aí se instalou. Algumas vezes há o
ressecamento do local onde esse fungo se desenvolveu, com conseqüente ruptura da
epiderme. Conforme a espécie de tripes, ela pode deixar a casca toda enegrecida, como
se tivesse sido chamuscada.
Eles têm como inimigos naturais outros insetos, ácaros e fungos.
Nos invernos secos há menor quantidade de tripes, pois seu ciclo de
desenvolvimento é mais longo.
As populações de tripes variam muito de uma região para outra, parecendo
haver alguma relação com as condições topoclimáticas. Por vezes, eles se tornam
pragas com expressivo valor econômico, sendo capazes de anularem totalmente o
valor de uma produção.
Após a ovoposição feita pela fêmea, há um período de cerca de 14 dias de
incubação, quando então as larvas nascem e se deslocam para o perigônio, onde vão se
alimentar. O período larval é de mais ou menos 8 dias. A larva faz seu casulo no solo.
O estágio de pupa é de mais ou menos 7 dias.
O adulto tem de 1 a 14 mm de comprimento, sendo que as espécies de
importância agrícola tem ao redor de 1,4 mm. Eles têm de 0,1 a 0,2 mm de diâmetro e
vivem normalmente nas flores novas, sendo encontrados até mesmo naquelas que
estão ainda totalmente protegidas pelas brácteas.
São extremamente rápidos, escondendo-se sempre quando procurados, mas
facilmente vistos, devido a sua cor brancacenta ou marrom-escuro. Os prejuízos são
proporcionais à população.
Já foram descritos de 4 a 5 mil espécies, estimando-se que haja outro tanto
para serem descritos. Eles são reunidos em múltiplas famílias, sendo que todas elas
pertencem a ordem Thysanoptera.
Pode-se citar, pela importância de seus prejuízos, as seguintes famílias,
havendo contudo outras, em algumas regiões do Brasil, que só ocasionalmente, suas
espécies são consideradas como causadoras de problemas. A seguir estão relacionadas
espécies que têm causado mais prejuízos na produção e que podem ser encontradas
em nossos bananais.
Família Thripidae: Frankliniella brevicaulis (Hood, 1937), e o
Frankliniella fulvipennis (Moulton, 1933), são os mais comuns entre nós, havendo
ainda o Frankliniella parvulla (Hood, l937) e o Frankliniella insularis (Franklin,
1930) sendo que este último ataca muito as flores ainda bem novas, cujos prejuízos
aparecem nas bananas.
Esses tripes causam danos tanto às flores femininas como às masculinas.
Com o desenvolvimento do fruto pode-se verificar, nitidamente, o aparecimento na
casca de pequenas berrugas marrons, ásperas ao tato. Elas não afetam a qualidade da
polpa, mas prejudicam o aspecto da fruta, desvalorizando-a comercialmente. Essas
berruguinhas são reações do tecido à ovoposição feita pela fêmea, que podem ser de
origem física ou infecciosas (Foto XII-20).
4.1- Combate
O combate aos tripes é bastante difícil pelo local onde o adulto permanece,
normalmente, ocasionando seus danos. Quando a inflorescência aparece, mesmo sem
ter aberto nenhuma bráctea, já é possível encontrar os tripes sugando flores ou fazendo
suas ovoposições.
Pulverizações nas inflorescências com intervalos de 15 dias com Malathion
ou Dipterex têm sido mencionadas como eficientes para diminuir a população de tripes
e, conseqüentemente, seus danos. O uso de sacos impregnados com inseticida, como o
Sevin, tem sido indicado para diminuir suas populações e obviamente seus estragos.
Se o combate aos nematóides estiver sendo feito conforme foi
anteriormente recomendado, usando-se portanto, o nematicida dentro da planta, os
tripes estarão sendo mantidos sob controle. Isto acontece devido ao fato do nematicida
ficar circulando dentro da planta, portanto, ele acaba chegando nas folhas, flores e nas
partes mais externas da casca da banana. Nesta situação, normalmente não há
necessidade de um combate específico ao tripes.
Em áreas onde eles causam problemas rotineiramente ou que houve algum
escape de tratamento, o uso do nematicida aplicado 30 a 40 dias antes da parição da
inflorescência, no interior de um “filho” ou “neto” desbastado, é um excelente meio
de seu combate. As pulverizações não têm a eficiência deste tratamento, por não
conseguirem atingir o adulto, no seu local de sugamento. As pulverizações somente os
atingem quando eles ficam expostos à luz, o que raramente ele faz.
A metodologia de se aplicar o nematicida dentro da planta é válida para o
combate específico aos tripes e também para a traça-das-bananeiras, porém, este
tratamento exige que ele seja feito individual e preventivamente, planta por planta.
Para isso é preciso que o produtor esteja fazendo o desbaste, conforme está aqui
relatado, para que haja sempre “filhos” ou “netos” disponíveis para serem eliminados.
Recomenda-se que sejam feitas inspeções permanentes no bananal, a cada 15 dias,
para se acompanhar a evolução da população de tripes. Diante do resultado dessas
inspeções se definirá sobre a necessidade ou não de se fazer uma aplicação extra de
nematicida em um “filho” ou “neto”.
A prática de se eliminar os corações das inflorescências, quando cerca de
10 pencas de flores masculinas já se abriram, é uma forma muito eficiente de reduzir a
população dos tripes.
5- Traça-das-bananeiras
Dá-se o nome de “traça-das-bananeiras” ou “opogôna” a um
microlepidóptero classificado como Opogona sacchari (Borger, 1856) que fora
antigamente classificado como Opogona subcervinella Walker 1863. Ela pertence à
família Oirophicidae do gênero Opogona glyciphaga que teve sua origem nas Ilhas
Maurícius (leste de Moçambique). Seus maiores danos foram registrados nas Ilhas
Canárias (Espanha), apesar de existir nos Açores, Madeira e Santa Helena. Não se tem
notícias de sua existência na América Central e nem nas Filipinas.
Sua presença no Estado de São Paulo foi marcada pelos prejuízos ocorridos
no Guarujá, em 1972. Estima-se que sua introdução tenha ocorrido por volta de 1965 a
1970. Seus maiores prejuízos ocorreram no Litoral Paulista, por ocasião do seu
aparecimento. Ela também já foi encontrada no Planalto Paulista. Atualmente, a traça
perdeu muito da sua importância devido aos combates feitos, sistematicamente, nas
décadas seguintes à sua introdução.
A lagarta da traça se alimenta de todos os órgãos da bananeira, exceto as
folhas e raízes, porém seus principais prejuízos ocorrem nos frutos. O adulto tem
hábitos noturnos e faz várias posturas, quase que somente nas flores femininas antes
delas secarem. Com a eclosão dos ovos surgem pequenas lagartas de 2 a 3 mm de
comprimento que já começam a brigar entre si, tão logo se encontram. Há casos em
que elas já estão brigando antes mesmo de iniciarem a abertura das galerias para
dentro do fruto. As largatas que perdem a briga são jogadas para fora da flor e ao
caírem, podem se fixar em bananas das pencas localizadas mais abaixo no cacho.
Onde param, perfuram e penetram lateralmente na banana, em qualquer posição em
relação à sua região pistilar, podendo ser encontradas até mesmo na almofada das
pencas. Ao caírem, muito freqüentemente, elas se fixam nos rabos sujos do cultivar
Nanica, onde chega-se a encontrar dezenas de suas larvas. Raramente se instalam no
rabo limpo do cultivar Nanicão. Em porcentagem pequena elas são encontradas nos
pseudocaules, nos rizomas ou mesmo em restos de bananeiras caídas no solo, onde ela
sempre encontra mais inimigos naturais. Em ataques intensos, pode-se encontrá-las até
mesmo em pseudocaules semi-desidratados, já caídos no solo. É muito raro
encontrar-se mais de uma largata em um mesmo fruto, quando seu comprimento é
maior do que 5 mm, mas isto pode acontecer. Depois deste tamanho ela se torna mais
agressiva ainda, até mesmo quando é incomodada com um simples palito de fósforo.
Dentro do fruto, ela se alimenta da polpa e cresce. Sua alimentação é bastante variável
pois qualquer parte da bananeira serve, desde que não sejam folhas ou raízes. Ela
chega a ter até 20 mm de comprimento (Foto XII-22).
Foto XII-22- Raramente acontece de duas lagartas de Opogona sacchari
estarem em uma mesma banana.
Normalmente ela completa sua metamorfose no solo, mas pode também
fazer seu casulo em qualquer parte da bananeira, desde que não seja no interior da
fruta.
Os prejuízos nos frutos são pelos danos causados e também pelas galerias
que ficam abertas, que se tornam portas de entrada de fungos e outros insetos. As
bananas quando estão desenvolvidas, tornam-se amarelas, prematuramente,
apresentando a polpa já podre, portanto, impróprias para o consumo.
A identificação da presença da traça nas bananas é facilmente feita, por
aparecer no pistilo das flores algo parecido com serragem, que corresponde as fezes da
larva, resultante de sua alimentação com a polpa da fruta (Foto XII-23).
6- Outros insetos
Além dos insetos já citados, há outros que têm menor importância ou então,
apenas causam prejuízos em determinadas regiões ou épocas. Eles podem ser
agrupados pela localização dos danos que causam.
Foto XII - 27A - Lagarta de Opsiphanes spp. morta na planta "mãe", seis dias
após a aplicação de um dos nematicidas indicados, via "filho" desbastado.
As lagartas deste grupo têm o hábito de comer as folhas, principalmente à
noite, podendo consumir de 30 a 40 cm² de sua superfície durante seu
desenvolvimento. Elas normalmente começam comendo os bordos das folhas da
“mãe”, mas quando caem sobre as folhas dos “filhos” passam a comê-las com a
mesma voracidade. Em ataques severos, deixam quase só a nervura principal. Ao
completarem seu desenvolvimento, chegam a ter de 10 a 12 cm. Sua presença é
facilmente constatada devido às fezes que expelem, sob a forma de pequenos cubinhos
amarronzados, que são encontrados nas folhas dos “filhos”.
A borboleta faz sua postura quase que só no topo dos pseudocaules,
próximos do início das rosetas, agrupando os pequenos ovos cilíndricos, brilhantes e
brancacentos em fileiras com até dois centímetros de comprimento, dispostos
paralelamente em 3 a 8 linhas. Seu encasulamento geralmente se processa junto a
nervura principal de uma folha da planta “mãe”.
Família Limacodidae
Acharia apicalis, tem o hábito de comer folhas iniciando sempre pelos seus
bordos, sendo mais freqüente sua presença nas topografias acidentadas.
Família Noctuidae
Spodoptera frugiperda (J.E.Smith, 1797), nos plantios próximos de
lavouras de milho ou quando ele é plantado consorciadamente com a bananeira, tem
sido constatado a presença dessa lagarta comendo a vela e os lóbulos foliares das
plantas jovens.
Ordem Coleóptera, família Chrysomelidae
Diabrotica speciosa (Germ., 1824) é conhecida como patriota ou vaquinha
verde-amarela. O adulto é um besourinho de cor verde, com três manchas amarelas em
cada élitro; tem o corpo alongado com 5 a 6 mm de comprimento. Os adultos têm o
hábito de comer a vela das mudas plantadas, com desenvolvimento ainda inferior a 60
cm. Ao comer a vela, ela chega a atingir duas a três camadas do lóbulo enrolado.
Quando a folha se abre, ela se apresenta toda picotada, no sentido das nervuras
secundárias. Por vezes ela chega a comer alguns pedaços da folha I, porém somente
enquanto ela está tenra. As formas jovens das larvas normalmente vivem
subterraneamente e alimentam-se de raízes (Foto XII-28).
7- Ácaros
Os ácaros não são considerados como praga nas bananeiras. Eles são
encontrados durante todo o ano sob as folhas.
Dentre eles os mais comuns são o Tetranychus urticae (Koch, 1836),
Tetranychus desertorum (Banks. 1900) e o Tetranychus glovery (Banks ).
GLOSSÁRIO
Abortar - Quando o cacho rompe o pseudocaule em vez de sair pela roseta.
Absorver - Incorporar no seu corpo.
Adsorver - Agregar externamente.
Aguilhão da folha - Pequeno filamento precursor da folha recém-emitida. O mesmo
que pavio.
Almofada - Fusão dos pedúnculos das bananas. Corpo de ligação entre as pencas e a
ráquis feminina.
Ápice - O mesmo que extremidade distal.
Arreador - Local onde os transportadores deixam os cachos.
Atomização - Pulverização feita com gotículas de 50 a 300 µ. O mais usual são os
limites de 100 a 200 µ (ver micra).
Bactéria - Microrganismo unicelular.
Banana bombada - Banana amadurecida em local cuja temperatura foi alta e, por isso,
a polpa fica mole.
Banana-da-terra - Banana rica em amido. O mesmo que “plátanos” (espanhol).
Bandeira - Uma ou duas folhas deixadas no pseudocaule, após a colheita. Vara de
bambu com um pedaço de plástico para orientar o piloto do avião durante as
pulverizações.
Banheira - Carreta usada na embalagem das pencas em caixas, no meio do bananal.
Batata - Tipo de muda; o mesmo que talhada.
Berço - Suporte para o operário transportar o cacho em seu ombro.
Bulbinhos em cultivo in vitro - pequenos rizomas meristemáticos.
Buquê - Grupo de quatro a oito bananas juntas pela sua almofada.
Cabeça - Tipo de muda; o mesmo que rizoma.
Cabo aéreo - Cabo de aço onde os cachos são pendurados e puxados para fora do
bananal.
Cabo do cacho – O mesmo que engaço.
Cálibre - Instrumento para medir o diâmetro mediano da banana.
Camar - Ferro de cortar panícula de arroz, usado para desfolha.
Cará - Tipo de muda; o mesmo que rizoma.
Carretilha - Peça de ferro com duas roldanas e um gancho, onde se pendura o cacho
nos cabos aéreos.
Cartucho - A vela durante seu processo de desabrochamento.
Cepa - Muda tipo pedaço de rizoma; o mesmo que talhada; raça de um microrganismo.
Cesariana - Corte que se faz na roseta para ajudar a inflorescência sair.
Chifrão - Tipo de muda rizoma inteiro com peso de 2 a 3 kg.
Chifre - Tipo de muda rizoma inteiro com peso de 1 a 2 kg.
Chifrinho - Tipo de muda rizoma inteiro com peso de até 1 kg.
Chilling – O mesmo que friagem.
Cica - O mesmo que seiva.
Cicatriz - O mesmo que nó.
Ciclo de produção - Intervalo de tempo entre a colheita do cacho da “mãe” e do
“filho”.
Ciclo vegetativo - É o período entre o plantio da muda ou do aparecimento do rebento
na superfície do solo e sua colheita.
Climatizador - Proprietário ou gerente de câmara de climatização.
Colo - Região do rizoma onde as bainhas se fixam, esculpindo depressões em arcos de
círculos quase completos.
Contentor - O mesmo que cubito.
Coração - Botão floral. Conjunto de flores masculinas ainda em desenvolvimento,
recobertas com as brácteas. O mesmo que mangará (Nordeste).
Cordão umbilical - Ponte de ligação entre o rizoma da “mãe” e o do “filho”, na qual as
regiões do córtex e do cilindro central ficam bastante comprimidas.
Cortador - Aquele que corta o cacho.
Corte - Colheita.
Cubito - Caixa de madeira ou de plástico usada na embalagem e comercialização de
pencas ou buquês, com até 30 kg.
Dedo - O mesmo que banana.
Dedo único - Dedo deixado no rabo após a eliminação de pencas.
Dentadura - Almofada com os pedúnculos.
Despistilagem - Eliminação dos pistilos.
Diferenciação floral - É quando a bananeira deixa de gerar folhas e forma a
inflorescência.
Eixo floral – Parte do engaço onde as flores se inserem.
Eliminação de pencas - Retirada de algumas das últimas pencas para uniformizar a
colheita e melhorar o cacho.
Embolsar - Vestir um tubo de polietileno no cacho. O mesmo que ensacar.
Empacadora – O mesmo que galpão de embalagem (espanhol).
Engaço – É formado pelo alongamento do palmito a partir da parte onde ele ganha o
exterior da roseta foliar até a inserção da primeira penca (cabo do cacho). Pode
também incluir o pedaço onde as pencas femininas se inserem.
Engasgamento - Quando a inflorescência não consegue atravessar a roseta foliar.
Engordamento - Processo de desenvolvimento da banana; fase em que a banana
aumenta seu diâmetro.
Ensacar - Ver embolsar.
Espada - Primeiras folhas do “filho”; folhas sem lóbulos foliares.
Espátula - Faca para despencar.
Explante - Pequena parte de tecido vegetal, utilizada na propagação vegetativa, nos
laboratórios de biotecnologia.
Extremidade distal - Ponta da banana onde se insere o pistilo.
Facão - Faca de lâmina robusta com 30 a 50 cm usada no bananal.
Família - Conjunto de bananeiras cujos rizomas são interligados e representados pela
“mãe”, pelo “filho” e pelo “neto”, tendo sido todos os demais eliminados.
Filho - Ver planta “filho”.
Filho bastardo - Rebento desenvolvido junto à “mãe”, quando ela já tem seu “neto”.
Filhote - Rebento muito jovem.
F.O.C. - Fusarium oxysporum cubense, fungo causador do mal-do-panamá.
Foice bifurcada - Ferramenta com quase 2 m de cabo, usada para cortar folhas e ajudar
na colheita.
Friagem - Danos fisiológicos causados por baixa temperatura na planta e nas bananas,
os quais provocam coagulação da seiva, podendo até matar o tecido. O mesmo
que “chilling” (inglês).
Fungo - Vegetal inferior.
Galinha - Ferramenta com quase 2 m de cabo, usada para cortar folhas e ajudar na
colheita.
Galpão de embalagem – Local onde se encaixota as pencas ou os buquês.
Geotropismo negativo - Tudo que se afasta da terra.
Geotropismo positivo - Tudo que se aproxima da terra.
Guarda-chuva - Rebento que apresenta as primeiras folhas anormalmente largas. O
mesmo que muda d’água e orelha de elefante.
Inguirin - Banana chocha.
Internódio - Distância entre dois nós.
Irmão - Todo rebento desenvolvido a partir de uma segunda gema de um mesmo
rizoma.
Jangada - Na expressão “bater jangada”, significa a operação de rebaixamento da copa
das árvores derrubadas, simultaneamente com a primeira roçada do bananal.
Japonês - Cacho com acentuado encurtamento do engaço, muito compacto e com
bananas curtas.
Lóbulos foliares - Páginas foliares; superfície da folha.
Lóculo - Uma das três partes da polpa.
Lurdinha - Ferramenta semelhante a um vazador de couro, com maiores dimensões,
utilizada no desbaste do bananal.
Mãe - Ver planta “mãe”.
Mal-do-panamá - Doença causada pelo fungo F.O.C. que vive no solo e se instala nos
vasos das bananeiras.
Mamica - Gema intumescida de um rizoma.
Mangará - O mesmo que coração.
Mão - Penca de bananas.
Mão-falsa - Diz-se da primeira penca quando não nasceu completa.
Micorrizas - Fungos que vivem no solo e desdobram adubos, principalmente os
fosfatos.
Micra - 100 correspondem a 0,1 mm. Seu símbolo é µ.
Moko - Doença causada por uma bactéria. O mesmo que murcha bacteriana.
Moleque - O mesmo que broca das bananeiras.
Muda alta - Diz-se da muda rizoma inteiro com peso entre 3 a 5 kg.
Muda dágua - Ver guarda-chuva.
Muda orelha-de-elefante - O mesmo que guarda-chuva.
Muda pau-de-lenha - Diz-se da muda rizoma inteiro pesando acima de 5 kg. Muda
replante.
Murcha bacteriana - Ver moko.
Nematóide - Verme que parasita as raízes e o intestino dos animais.
Neto - Ver planta “neto”.
Nó - Protuberância na ráquis masculina, onde estiveram inseridas as flores masculinas.
Obus - Peça de ferro semelhante a uma bala de canhão com cerca de 10 cm de
diâmetro, que é arrastada pelo subsolador, para abrir um túnel-galeria para
arejar o solo.
ODD - Detergente orgânico de uso doméstico, à base de dodecil benzeno sulfonado,
usado para provocar coagulação de seiva e como espalhante adesivo.
Olhadura - O mesmo que mamica. Muda pedaço de rizoma; talhada; tijolo.
Orelha-de-elefante - Ver “guarda-chuva”.
Palmito - Alongamento do cilindro central do rizoma, situado no interior do
pseudocaule.
Parição - Nascimento da inflorescência.
Pavio da folha - O mesmo que aguilhão.
Pedúnculo - Parte da banana que a une à almofada.
Penado - Tipo de foice mais recurvada com cabo curto, usado nas práticas de cultivo e
colheita.
Penca de bananas - Conjunto de bananas reunidas pelos respectivos pedúnculos em
duas fileiras paralelas.
Pistilos - Restos florais das bananas.
Pitoca - A última folha emitida a qual é sempre anormal e menor.
Placenta - Bráctea alongada que envolve a inflorescência. É a primeira delas a secar.
Planta “filho” - Todo e qualquer rebento originado de uma gema vegetativa de um
rizoma “mãe”.
Planta “irmã” - Todo e qualquer rebento nascido em um rizoma, depois do “filho”.
Planta “mãe” - A bananeira mais velha da touceira ou da “família”, conhecida como
“mother plant” (em inglês), “planta madre” (em espanhol) e “plante mère” (em
francês).
Planta “matriz” - A que é cultivada no jardim de matrizes para fornecer material para
ser multiplicado.
Planta “neto” - Todo e qualquer rebento originado de uma gema vegetativa de um
rizoma “filho”.
Pousio - Área de terreno que fica sem nenhum plantio durante algum tempo, para
eliminação de pragas em geral.
Pseudocaule - Falso tronco das bananeiras; conjunto de bainhas das folhas imbricadas.
Quando as plantas já pariram elas envolvem o “palmito”.
Queijo - Pedaço de pseudocaule usado para caçar “moleques”.
Rabo - Ráquis masculina. Eixo floral onde se inserem as pencas de flores masculinas.
Ráquis - Eixo floral onde se inserem as flores femininas. Em botânica não se faz esta
separação do sexo das flores.
Rastelão - Implemento construído com dois pedaços de longarinas de chassi de
caminhão, para fechar o sulco de plantio.
Replante - Rebento bem desenvolvido, já quase próximo de emitir a inflorescência,
utilizado no replantio do bananal. Muda pau-de-lenha.
Retículo – Fio que fica entre a casca e a polpa da banana.
Roseta foliar - Região onde terminam as bainhas e começam os pecíolos.
Sigatoka - Fungo que se desenvolve nas folhas produzindo necroses amarelas ou
negras. O mesmo que cercosporiose.
Talhada - Tipo de muda pedaço de rizoma.
Telha - Pedaço de pseudocaule, aberto longitudinalmente, para caçar “moleques”.
Tijolo - Tipo de muda. O mesmo que pedaço de rizoma.
Torito - Caixa de madeira usada na embalagem e comercialização de pencas ou
buquês, com cerca de 22 kg.
Trado - Ferramenta com 120 cm de cabo destinada a coleta de terra para análise.
Vela - Folha ainda completamente enrolada já no exterior do pseudocaule.
LITERATURA COSULTADA
www.prosoma.com.br
1999 - São Paulo - SP Brasil
2) ACESSO POR ÍNDICE - Você pode utilizar o índice do livro, para ir diretamente a
qualquer Capítulo, Título, ou subtítulo, clicando no botão [Sumário] , do lado esquerdo
de sua tela e clicando no ítem desejado. Neste momento, se você clicar no símbolo
+, que existe em algum dos ítens, os sub-ítens que estão hierarquicamente abaixo
serão mostrados na tela e poderão também ser abertos.
3) Na pesquisa Booleana, você pode usar os operadores ( e, ou, não e xou) para
compor sua busca. Por exemplo:
(Operador E / &) - nanica e prata : Retorna todos os registros que
contenham as duas palavras "nanica" e "prata".
(Operador OU / | ) nanica ou prata - Retorna todos os registros que
contenham as palavras nanica ou prata, podendo também conter as duas.
(Operador Não / ^) - nanica não prata : Retorna todos os registros que
contenham a palavra "nanica" e não contenham a palavra "prata"
(Operador XOU / ~) - nanica xou prata : Retorna todos os registros que
contenham a palavra "nanica" ou a palavra "prata", uma ou outra, nunca as
duas juntas.
1 (Janela)
Partenocarpia é a capacidade que determinados frutos têm de desenvolver sua polpa, a partir
do seu endocarpo, onde progressivamente haverá acumulação de amido, sem que haja
fecundação da sua flor, portanto, sem haver produção de sementes.
2 (Janela)
[w1] poliniza
3 (Janela)
[w1] poliniza
4 (Janela)
Esta é, quase sempre, desnecessária devido a chegada do frio.