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Aula 1: Bases da Teoria do Negócio Jurídico ............................................................................... 10
Introdução ........................................................................................................................... 10
Conteúdo.............................................................................................................................. 10
Constituições .................................................................................................................... 10
Constituições .................................................................................................................... 11
Código Civil de 1916........................................................................................................ 12
Justiça Social .................................................................................................................... 13
Princípio da isonomia ..................................................................................................... 14
Constituição Federal de 1988 ........................................................................................ 15
Apelação Cível .................................................................................................................. 16
Relação do consumo ...................................................................................................... 17
Recurso Especial nº 1.194.627-RS ................................................................................. 17
Qualidade intrínseca ....................................................................................................... 18
Declaração ........................................................................................................................ 20
Papel da Jurisprudência ................................................................................................. 20
Ordenamento jurídico .................................................................................................... 20
Princípio da autonomia .................................................................................................. 21
Autonomia privada .......................................................................................................... 21
Teoria da imprevisão ...................................................................................................... 22
Princípio da conservação ............................................................................................... 23
Contratos ........................................................................................................................... 23
Direito privado.................................................................................................................. 24
Informativo nº 492 do STJ ............................................................................................. 24
Recurso Especial nº 1.321.655-MG ............................................................................... 25
STJ – Superior Tribunal de Justiça............................................................................... 25
Recurso Especial nº 1.132.943-PE ................................................................................. 26
Cláusulas ........................................................................................................................... 26
Distrato .............................................................................................................................. 26
Modelo individualista-liberal ......................................................................................... 27
Conclusão ......................................................................................................................... 27
Atividade proposta .......................................................................................................... 27
Referências........................................................................................................................... 28
Objetivo:
1. Analisar o negócio jurídico à luz do direito civil-constitucional por meio da
aplicação da isonomia e da dignidade humana às relações contratuais;
2. Analisar os novos contornos jurídicos do princípio da autonomia privada e do
pacta sunt servanda nas relações contratuais.
Conteúdo
Constituições
Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se influenciado pela
Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação paradigmática em
sua interpretação.
Constituições
Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se influenciado pela
Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação paradigmática em
sua interpretação.
Justiça Social
O Código Civil de 2002, a partir de uma leitura constitucionalizada do
ordenamento jurídico, apresenta mecanismos que visam atenuar o princípio da
autonomia privada por meio da incorporação da justiça social distributiva
aos negócios jurídicos.
Dessa forma, o presente diploma foi alçado a uma posição de norma regulatória
geral das relações privadas, não excluindo a legislação específica
(microssistemas que visam a proteção da parte hipossuficiente, como o Código
de Defesa do Consumidor), nem a aplicabilidade da interpretação constitucional
às situações que disciplina.
Princípio da isonomia
Dentre os princípios constitucionais aplicáveis ao direito civil, destaca-se o
princípio da isonomia.
Por isonomia, entende-se que todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, conforme Artigo 5º da Constituição Federal.
Outra discussão que envolve a mesma matéria se relaciona ao fato de que fere
a isonomia o comportamento dos bancos, ao remunerarem, de forma
desproporcional, as atividades que realiza.
Relação do consumo
Segundo o STJ
No que diz respeito à relação de consumo, segundo o próprio STJ, configura
hipótese de violação do Artigo 51, II e IV, do CDC, as cláusulas contratuais que
estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé
ou a equidade.
Artigo 51
Nesse contexto, cabe ressaltar o disposto no Artigo 51, §1º, III, do CDC, que
presume ser exagerada a vantagem que “se mostra excessivamente onerosa
para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o
interesse das partes e outras circunstâncias peculiares do caso”. Como
resultado, devem ser tais cláusulas declaradas nulas de pleno direito, uma vez
que violam o ordenamento jurídico civil-constitucional.
Nesse contexto, o que se ventilava na ação não era a redução da taxa de juros
compensatórios, mas, sim, a declaração de nulidade da cláusula de eleição de
foro contratualmente pactuada.
Qualidade intrínseca
Dentre os princípios constitucionais aplicáveis ao direito civil, destaca-se o
Princípio da Dignidade Humana. Segundo Sarlet, dignidade da pessoa humana
pode ser entendida como:
Qualidade
A qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano, que o faz merecedor do
mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade,
implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais
que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante
e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas
para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e
corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com
os demais seres humanos.
Relações privadas
Atenção
O Superior Tribunal de Justiça, antes da vigência da Lei nº
12.653/2012, já havia se manifestado no sentido de que é dever
do estabelecimento hospitalar, sob pena de responsabilização
cível e criminal, da sociedade empresária e prepostos, prestar o
pronto atendimento. Com a superveniente vigência da Lei nº
12.653/2012, que veda a exigência de caução e de prévio
preenchimento de formulário administrativo para a prestação de
atendimento médico-hospitalar premente, a solução para o caso
é expressamente conferida por norma de caráter cogente.
Negócios jurídicos
Também constitui aplicação da dignidade humana aos negócios jurídicos, a
determinação de que o Estado, em todas as suas esferas de poder, deve
assegurar às crianças e aos adolescentes, com absoluta prioridade, o direito à
vida e à saúde, fornecendo gratuitamente o tratamento médico cuja família não
tem condições de custear. Assim, há responsabilidade solidária, estabelecida
nos Artigos 196 e 227 da Constituição Federal e Artigo 11, §2º, do ECA,
podendo o autor da ação exigir, em conjunto ou separadamente, o
cumprimento da obrigação por qualquer dos entes públicos,
Declaração
De outra sorte, nos Embargos de Declaração no Agravo nº 1.023.858-RJ,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/12/2008, o STJ afastou a interpretação
civil-constitucional ao possibilitar a penhora do único bem de família do fiador,
nos moldes do Artigo 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990.
Papel da Jurisprudência
Em conclusão, foi possível perceber o papel da jurisprudência diante da
interpretação e aplicação dos princípios constitucionais às relações contratuais,
com destaque para a isonomia e a dignidade da pessoa humana.
Ordenamento jurídico
Como analisado anteriormente, o ordenamento jurídico civilista estrutura-se no
Estado Democrático de Direito, inaugurado com a Constituição Federal de
1988, a partir de uma nova leitura acerca dos negócios jurídicos que disciplina.
A visão tradicional de que o contrato fazia lei entre as partes (pacta sunt
servanda) resta superada, permitindo-se, desta forma, uma maior intromissão
estatal na autonomia das vontades, o chamado dirigismo contratual.
Princípio da autonomia
Conceitua-se o princípio da autonomia privada como sendo um regramento
básico, de ordem particular – mas influenciado por normas de ordem pública –,
pelo qual, na formação do contrato, além da vontade das partes, entram em
cena outros fatores: psicológicos, políticos, econômicos e sociais.
Trata-se do direito indeclinável de a parte autorregulamentar os seus
interesses, decorrente da dignidade humana, mas que encontra limitações em
normas de ordem pública, particularmente nos princípios sociais contratuais.
Autonomia privada
Contratos de adesão
Com a redução da autonomia privada, o negócio jurídico paritário perdeu
espaço social em detrimento dos contratos de adesão, que passam a
constituir a regra geral.
Teoria da imprevisão
Dirigismo contratual
É possível afirmar que, no campo intervencionista consubstanciado no dirigismo
contratual, situa-se a teoria da imprevisão, nos moldes do Artigo 478 do CC.
Ordenamento jurídico
O relatado desequilíbrio possibilita a revisão ou extinção do contrato em
respeito ao ordenamento jurídico, que não mais tolera a desproporção negocial,
em que um se enriquece de forma desarrazoada em detrimento do
empobrecimento de outrem.
Princípio da conservação
Como decorrência do princípio da conservação do negócio jurídico diante da
necessidade de aplicação da teoria da imprevisão, estabelece o Enunciado
176 da III Jornada de Direito Civil do CJF/STJ: “Em atenção ao princípio
da conservação dos negócios jurídicos, o Artigo 478 do Código Civil de 2002
deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à
resolução contratual”.
Contratos
No Recurso Especial nº 936741/GO, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, é
possível estabelecer uma digressão entre as várias espécies de contratos
existentes no ordenamento jurídico pátrio. Anteriormente, foi afirmado que a
autonomia privada vem sofrendo atenuações como decorrência do exercício
jurisprudencial, a fim de adequar a estrutura do contrato às exigências
constitucionais.
Direito privado
Ainda é possível extrair do julgado que Direito Civil e Direito Empresarial, ainda
que ramos do Direito Privado, submetem-se a regras e princípios próprios.
Logo, o fato de o Código Civil ter submetido os contratos cíveis e empresariais
às mesmas regras gerais não significa que estes contratos sejam
essencialmente iguais. A não incidência da teoria da imprevisão, nos moldes do
Artigo 478 do CC, decorre dos seguintes argumentos:
Dessa maneira, não é possível falar em perda total dos valores pagos
antecipadamente por pacote turístico, sob pena de se criar uma situação que,
além de vantajosa para a empresa de turismo (fornecedora de serviços),
mostra-se excessivamente desvantajosa para o consumidor, o que implica
incidência do Artigo 413 do CC, segundo o qual a penalidade deve
obrigatoriamente (e não facultativamente) ser reduzida equitativamente pelo
juiz se o seu montante for manifestamente excessivo.
Cláusulas
Os Artigos 53 e 51, IV, do CDC coíbem cláusula de decaimento que determine a
retenção de valor integral ou substancial das prestações pagas, por
consubstanciar vantagem exagerada do incorporador.
Distrato
Além disso, o fato de o distrato pressupor um contrato anterior não implica
desfiguração da sua natureza contratual. Isso porque, nos moldes do Artigo
472 do CC, "o distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato", o que
implica afirmar que o distrato nada mais é que um novo contrato, distinto ao
contrato primitivo.
Modelo individualista-liberal
Em síntese, o princípio da autonomia privada pode ser apreendido como a
possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem suas
relações mútuas dentro de determinados limites, por meio de negócios
jurídicos, enquanto o pacta sunt servanda é concebido como o princípio que
determina a força obrigatória dos contratos.
Conclusão
Conclui-se, portanto, que, ao surgirem questões práticas acerca da aplicação do
princípio da autonomia privada, da liberdade e da dignidade da pessoa
humana, deve-se privilegiar a liberdade do sujeito em detrimento dos interesses
patrimoniais inerentes ao negócio jurídico, já que prevalece o direito
existencial no sistema jurídico pátrio.
Atividade proposta
Leia sobre um case que aborda o conteúdo discutido nesta aula. Em seguida,
diante do exposto, faça a analise do acórdão e identifique se há ou não
desrespeito ao princípio da dignidade da pessoa humana, diante da
possibilidade de penhorar o único bem de família do fiador.
Referências
DE CUPIS, Adriano. Os direitos da personalidade. Campinas: Romana
Jurídica, 2004. p. 121.
Exercícios de fixação
Questão 1
(Magistratura do Trabalho)
A liberdade de contratar, segundo preceito expresso na Lei Civil, será exercida
em razão e nos limites da função social do contrato, porque o Código Civil
vigente traz uma maior preocupação com a dignidade da pessoa humana,
quando visualiza o contrato como instrumento de integração do homem na
sociedade:
a) As duas expressões são falsas
b) A primeira é verdadeira, e a segunda é falsa
c) A primeira é falsa, e a segunda é verdadeira
d) As duas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira
e) As duas são verdadeiras, e a segunda não justifica a primeira
Questão 2
De acordo com os princípios que regem a relação contratual, identifique aquele
que não se aplica a presente relação.
a) Princípio da dignidade da pessoa humana
b) Princípio da função social dos contratos
c) Princípio da responsabilidade pessoal do devedor
d) Princípio da boa-fé objetiva
Questão 3
O processo de mitigação dos tradicionais critérios para solucionar o conflito
entre regras, em que se busca a harmonização entre as diversas normas do
ordenamento jurídico ao invés do afastamento de uma delas, é denominado de:
a) Crise dos contratos
Questão 4
É possível afirmar que o direito civil-constitucional pode ser considerado como:
a) Uma nova técnica de hermenêutica, em que os princípios constitucionais
deverão ser aplicados às relações privadas.
b) Uma nova técnica de hermenêutica, em que o credor deverá se
submeter ao inadimplemento voluntário do devedor.
c) Uma nova técnica de hermenêutica, em que se reafirma o Código Civil
como diploma patrimonialista e individualista.
d) Uma nova técnica de hermenêutica, em que o devedor deverá se
submeter às cláusulas determinadas pelo credor.
Questão 5
(OAB)
Semprônio realiza contrato de locação com Terêncio, de imóvel residencial
urbano. Para garantir a avença, intercede Esculápio na condição de fiador pelo
período do contrato, renunciando ao benefício de ordem. No curso da avença, o
devedor, por motivos de doença da família, deixa de quitar algumas prestações.
Após o período de dificuldades, credor e devedor ajustam a prorrogação do
contrato, não informando tal situação ao fiador. Diante do exposto, marque a
alternativa correta:
a) O fiador não será responsável, diante da prorrogação do contrato.
b) A fiança não constitui uma das espécies de garantia locatícia.
c) Qualquer modificação no contrato não precisa ser comunicada ao fiador.
d) O único bem de família do fiador poderá ser penhorado, por expressa
força de lei.
Questão 6
Questão 7
Quanto aos princípios que regem a relação contratual, assinale a resposta
incorreta.
a) Autonomia da vontade é a possibilidade, oferecida e assegurada aos
particulares, de regularem suas relações mútuas, dentro de
determinados limites, por meio de negócios jurídicos.
b) Função social do contrato é um princípio contratual, de ordem pública,
pelo qual o contrato deve ser necessariamente visualizado, interpretado
e estruturado de acordo com o contexto da sociedade.
c) Pelo princípio da boa-fé objetiva, os contratantes estão obrigados a
cumprir suas prestações de forma leal e proba, sob pena de cometerem
abuso de direito, o que acarreta responsabilidade civil.
d) A liberdade de contratar não será exercida em razão e nos limites da
função social do contrato.
Questão 8
(OAB)
Silvana, promitente compradora, celebrou instrumento de promessa de compra
e venda de imóvel no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) com Ivana,
promitente vendedora, através de instrumento público. Durante a vigência do
pacto, Silvana e Ivana decidiram desfazer o negócio e celebraram novo acordo
por meio de instrumento particular, extinguindo o contrato inicial. Qual é o
instituto jurídico pertinente?
Questão 9
José celebrou contrato de compra e venda de safra futura de soja com Antônio,
em que ficou determinado o pagamento por toda a safra de soja do segundo,
mesmo que esta não venha a existir. Quanto à classificação, é possível afirmar
que:
a) O contrato é comutativo, cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
b) O contrato é aleatório, cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
c) O contrato é comutativo, não cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
d) O contrato é aleatório, não cabendo aplicar a teoria da imprevisão.
Questão 10
(Exame da OAB – 2012)
Embora sujeito às constantes mutações e às diferenças de contexto em que é
aplicado, o conceito tradicional de contrato sugere que ele represente o acordo
de vontades estabelecido com a finalidade de produzir efeitos jurídicos.
Tomando por base a teoria geral dos contratos, assinale a afirmativa correta:
a) A celebração de contrato atípico, fora do rol contido na legislação, não é
lícita, pois as partes não dispõem da liberdade de celebrar negócios não
expressamente regulamentados por lei.
b) A atipicidade contratual é possível, mas, de outro lado, há regra
específica prevendo não ser lícita a contratação que tenha por objeto a
herança de pessoa viva, seja por meio de contrato típico ou não.
c) A liberdade de contratar é limitada pela função social do contrato, e os
contratantes deverão guardar, assim na conclusão, como em sua
execução, os princípios da probidade e da boa‐fé subjetiva, princípios
Aula 1
Exercícios de fixação
Questão 1 - D
Justificativa: O Código Civil de 2002, a partir de uma leitura constitucionalizada
do ordenamento jurídico, apresenta mecanismos que visam atenuar o princípio
da autonomia privada por meio da incorporação da justiça social distributiva
aos negócios jurídicos, bem como da dignidade da pessoa humana.
Questão 2 - C
Justificativa: Conforme Artigo 391 do CC: “Pelo inadimplemento das obrigações,
respondem todos os bens do devedor”.
Questão 4 - A
Justificativa: Atualmente, o ordenamento jurídico civilista encontra-se
influenciado pela Constituição Federal, acarretando verdadeira transformação
paradigmática em sua interpretação. Como resultado, a doutrina e a
jurisprudência pátrias desenvolveram as bases e premissas metodológicas do
direito civil-constitucional, entendido, pois, como uma nova técnica
hermenêutica, que busca aplicar os princípios e direitos fundamentais às
relações privadas.
Questão 5 - D
Justificativa: Conforme Artigo 3º, VII, da Lei nº 8.009/1990.
Questão 6 - B
Justificativa: Em síntese, o princípio da autonomia privada pode ser apreendido
como a possibilidade, oferecida e assegurada aos particulares, de regularem
suas relações mútuas, dentro de determinados limites, por meio de negócios
jurídicos.
Questão 7 - D
Justificativa: Conforme Artigo 421 do CC: “A liberdade de contratar será
exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.
Questão 8 - A
Justificativa: Conforme Artigo 472 do CC: “O distrato faz-se pela mesma forma
exigida para o contrato”.
Questão 10 - B
Justificativa: Conforme Artigo 425 do CC: “É lícito às partes estipular contratos
atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”; e Artigo 426 do
CC: “Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”.
Objetivo:
1. Analisar os elementos constitutivos do princípio da boa-fé objetiva: conceito,
regulamentação, requisitos para aplicação, funções, deveres anexos, abuso de
direito e violação positiva do contrato;
2. Analisar a aplicação jurisprudencial do princípio da boa-fé objetiva e
perceber sua ocorrência nas obrigações e nos contratos em geral.
Conteúdo
Lealdade contratual
A boa-fé objetiva determina que os contratantes estão obrigados a cumprir
suas prestações de forma leal e proba, sob pena de cometerem abuso de
direito (Artigo 187, CC), o que acarreta responsabilidade civil, constituindo uma
verdadeira cláusula geral, já que materializa um preceito de ordem pública.
Ordenamento jurídico
Para doutrina italiana, a boa-fé é elemento constitutivo da fattispecie liberatória
e a sua prova cabe ao devedor.
Contratos de adesão
A conduta de lealdade deverá ser observada, principalmente, nos contratos de
adesão.
Porém, a lei civil estabelece uma limitação ao credor, que não pode pactuar a
tomada da coisa, diante do inadimplemento obrigacional no vencimento. Para
tanto, à luz da boa-fé objetiva, necessitará de ação judicial, ou para cobrar a
dívida, ou para tomar o bem.
Direito de sequela
Hipoteca
De outra sorte, a hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro
vem prejudicando o comprador do imóvel (consumidor), que acaba perdendo
seu bem.
Direto
Tal perda decorre do direito de sequela inerente ao direito real de garantia
estabelecido.
Boa-fé Objetiva
Porém, a Súmula nº 308 do STJ materializa a boa-fé objetiva, ao estabelecer:
“A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou
posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia
perante os adquirentes do imóvel”.
Súmula
Segundo Tartuce:
Conduta leal
Tornou-se comum afirmar que a boa-fé objetiva, conceituada como sendo
exigência de conduta leal dos contratantes, está relacionada com os deveres
anexos, que são inerentes a qualquer negócio jurídico, não havendo a
necessidade de previsão no contrato, por se tratar de preceito de ordem
pública.
Intenção
Como visto, diante da ausência de boa-fé objetiva, basta que o contratante
lesado prove a existência da violação, mas não a intenção em prejudicar do
outro contratante (como ocorre na má-fé); nos termos do Enunciado nº 363
da IV Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, “Os princípios da probidade e
da confiança são de ordem pública, estando a parte lesada somente obrigada a
demonstrar a existência da violação”.
Dessa forma, o comprador poderá pleitear na justiça uma reparação civil pelos
prejuízos daí advindos, em decorrência do cometimento do abuso de direito
(Artigo 187 do CC), que deflagra a mencionada violação positiva do
contrato.
De outra sorte, caso João tenha contratado com Antônio a compra do bem
mediante coação, tal negócio jurídico encontra-se eivado com um vício,
podendo o juiz declarar sua anulabilidade (Artigo 171 do CC). Nesse caso,
Deveres anexos
Juízos de valor
Como foi afirmado, não existe um rol preciso de deveres anexos, pois se vive
num sistema aberto que permite a aferição de sua ocorrência ou inocorrência
em determinado caso concreto.
Contorno jurídico
Daí, na tentativa de lhe determinar contorno jurídico, Tartuce elenca alguns
deveres anexos que correspondem ao mínimo exigindo em relação à conduta
dos contratantes, e Gonçalves ajuda a exemplificá-los:
Jurisprudencialização do direito
Constitui fenômeno recente a jurisprudencialização do direito. Pelo referido
fenômeno, a aplicação dos institutos jurídicos pelos tribunais passa a ser leitura
imprescindível ao operador do direito, que pauta as fundamentações de suas
peças processuais no cotidiano forense.
Jurisprudência
Como dito anteriormente, a boa-fé é elemento constitutivo da fattispecie
liberatória, que pode ser presumida pelo devedor, bastando a prova da
aparência de que dado credor é legítimo para receber o denominado credor
putativo.
Com isso, não se exige o consentimento do devedor, mas tal fato não pode ser
utilizado para prejudicá-lo, que deverá ser notificado da cessão realizada,
conforme Artigo 290 do CC. Institui o diploma cível, ainda que o pagamento
realizado pelo devedor de boa-fé ao cedente, sem ter sido notificado
da transferência, seja considerado válido, como dispõe o seu Artigo 292,
não configurando, dessa maneira, pagamento indevido.
Em outros sistemas de direito (Artigo 403, BGB e Artigo 1.689, Código Civil
francês) a aceitação expressa do devedor é requerida.
Tribunais estaduais
Em outro sentido, segundo os tribunais estaduais, é dever do cessionário a
comprovação da ocorrência da cessão, a existência do débito e a notificação do
cedido, constituindo violação da boa-fé objetiva a inscrição do nome do
devedor no cadastro de inadimplentes sem as referidas comprovações,
ensejando pleito indenizatório pelos danos morais sofridos.
Dever de lealdade
O dever de lealdade deve ser observado em todas as fases contratuais.
Demonstração
Efetiva demonstração de que a contestação da cobrança indevida se funda na
aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF ou do STJ;
Contestação
Que, sendo a contestação apenas parte do débito, deposite o valor referente à
parte tida por incontroversa, ou preste caução idônea, ao prudente arbítrio do
magistrado.
Informativos do STJ
Consignação em pagamento
Diante do ajuizamento de ação de consignação em pagamento,
caracaterizará boa-fé objetiva do devedor o depósito da quantia que entender
devida, sob pena, inclusive, de improcedência de seu pedido. Além disso,
consta dos atuais informativos do STJ que não basta o recolhimento dos valores
vincendos, mas também dos valores vencidos anteriores ao ajuizamento da
ação:
Conduta de lealdade
A conduta de lealdade também deverá ser observada na fase pré-
contratual (fase em que ocorrem os debates prévios visando à formação do
Já que não está previsto no Código Civil, duas correntes surgem quanto à
responsabilização pelo descumprimento obrigacional do pré-contratante. A
majoritária, capitaneada por Maria Helena Diniz, defende não haver
responsabilidade civil contratual, uma vez que as partes não se vincularam por
meio de contrato.
Contratos
A conduta de lealdade deverá ser observada, principalmente, nos contratos
de adesão. Segundo jurisprudência do STJ (Precedentes citados: AgRg no Ag
866.542-SC, Terceira Turma, DJe 11/12/2012; REsp 633.793-SC, Terceira
Turma, DJ 27/6/2005; e AgRg no REsp 997.956-SC, Quarta Turma, DJe
02/8/2012. REsp 1.300.418-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
13/11/2013), em contrato de promessa de compra e venda de imóvel
submetido ao CDC, é abusiva a cláusula contratual que determine, no
caso de resolução, a restituição dos valores devidos somente ao
término da obra ou de forma parcelada, independentemente de qual das
partes tenha dado causa ao fim do negócio.
Desfazimento da pactuação
A questão relativa à culpa pelo desfazimento da pactuação resolve-se no
quantum indenizatório a ser ressarcido ao promitente-comprador, não pela
forma ou prazo de devolução. A presente fundamentação encontra-se disposta
no Artigo 543-C do CPC:
Vício redibitório
É possível constatar a exigência dos deveres de lealdade e de informação,
diante do instituto do vício redibitório. Em breve conceituação, segundo
Maria Helena Diniz:
Com isso, o STJ fundamenta sua decisão na boa-fé objetiva, determinando que
o produto, ao apresentar vício fora do período de garantia contratual, não
prejudica o consumidor, que poderá reclamar pelo vício e exigir a
responsabilidade do fornecedor.
Garantia contratual
Segundo o informativo 506 do STJ: “DIREITO DO CONSUMIDOR. VÍCIO
OCULTO. DEFEITO MANIFESTADO APÓS O TÉRMINO DA GARANTIA
CONTRATUAL. OBSERVÂNCIA DA VIDA ÚTIL DO PRODUTO. O fornecedor
responde por vício oculto de produto durável decorrente da própria fabricação e
Ascendente e descendente
No contrato de doação entre ascendente e descendente exige-se o respeito ao
dever de lealdade, não permitindo o ordenamento jurídico a utilização do
mencionado instituto jurídico, a fim de se obrar fraudes ou simulações. Nesse
sentido, faz-se importante transcrever a jurisprudência.
Conclusão
O contorno jurídico que o Poder Judiciário tem agregado ao princípio civil-
constitucional da boa-fé objetiva é de verdadeira limitação à autonomia privada.
Assim sendo, já não há mais espaço no ordenamento jurídico brasileiro para
condutas eminentemente patrimonialistas, destituídas de lealdade, probidade,
respeito, esclarecimento e cooperação pelos contratantes, sendo a ausência de
tais deveres a base para a responsabilização civil, por meio da aplicação da
teoria da violação positiva do contrato.
Referências
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 11ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2014.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3ª ed. São Paulo: Método, 2013.
Exercícios de fixação
Questão 1
É possível afirmar que, ao se desrespeitar os deveres anexos que compõem a
boa-fé objetiva, o contratante comete abuso de direito, gerando,
consequentemente, sua obrigação em indenizar perdas e danos do outro
contratante. Diante da presente afirmação, a doutrina mais atualizada tem
incorporado uma nova espécie de inadimplemento obrigacional ao sistema
jurídico brasileiro, denominada de:
a) Inadimplemento absoluto
b) Inadimplemento relativo
c) Violação positiva do contrato
d) Mora solvendi
Questão 3
É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a
ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento. Tal
regra expressa:
a) Pacto comissório contratual
b) Pacto comissório real
c) Cláusula abusiva nos moldes do CDC
d) Cláusula solve et repete
Questão 4
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, a conduta em não exigir cumprimento de
contrato com insuportável perda de equivalência das prestações constitui o
seguinte dever anexo:
a) Lealdade
b) Probidade
c) Informação
d) Cooperação
Questão 5
Questão 6
Quanto ao disciplinamento da evicção pela lei e pela doutrina, marque a
alternativa incorreta:
a) Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era
alheia ou litigiosa, porém podem as partes, por cláusula expressa,
reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
b) Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente
notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores,
quando e como lhe determinarem as leis do processo, que preveem a
denunciação da lide, nos moldes do Artigo 70, I, do Código de Processo
Civil.
c) Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção, subsistindo
tal garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
d) Se parcial, mas considerável, for a evicção, deverá o evicto receber a
restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido.
Questão 7
Quanto ao disciplinamento do vício redibitório pela lei e pela doutrina, analise
as alternativas abaixo e, depois, marque a alternativa incorreta:
a) Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, agindo, pois, de má-
fé, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia,
agindo, pois, de boa-fé, tão somente restituirá o valor recebido mais as
despesas do contrato.
Questão 8
Conforme orientação da Segunda Seção do STJ, a inclusão do nome de
devedores em cadastro de proteção ao crédito somente fica impedida se
implementadas, concomitantemente, algumas condições. Assinale, dentre as
alternativas abaixo, aquela que não precisa ser aplicada à espécie:
a) Ajuizamento de ação, pelo devedor, contestando a existência parcial ou
integral do débito.
b) Efetiva demonstração pelo devedor de que a contestação da cobrança
indevida se funda na boa-fé objetiva e em jurisprudência consolidada do
STF ou do STJ.
c) Sendo a contestação apenas de parte do débito, deposite o devedor o
valor referente à parte tida por incontroversa, ou preste caução idônea,
ao prudente arbítrio do magistrado.
d) O devedor deverá requerer em sede liminar a retirada de seu nome do
cadastro de inadimplentes.
Questão 9
(TJAC - 2012 - CESPE – JUIZ) No que concerne a evicção, assinale a opção
correta de acordo com o Código Civil.
Questão 10
Em relação à cessão de crédito, assinale a alternativa incorreta:
a) O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da
cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar
do instrumento da obrigação.
b) A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão
quando a esse notificada.
c) Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão,
paga ao credor primitivo.
Aula 2
Exercícios de fixação
Questão 1 - C
Justificativa: A violação dos deveres anexos gera a violação positiva do contrato
com responsabilização daquele que desrespeita a boa-fé objetiva,
independentemente de culpa, pois cometeu abuso de direito, conforme
determina o Enunciado nº 24 da I Jornada de Direito Civil do CJF/STJ: “a
violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento,
independentemente de culpa”.
Questão 2 - D
Justificativa: Há doutrina que entenda ser o caso de aplicar a função social do
contrato, em sua eficácia interna, à situação em exame. A utilização da função
social decorre da necessidade de proteção do hipossuficiente da relação, no
caso o consumidor, por se tratar da parte mais vulnerável no contrato.
Questão 3 - B
Justificativa: Pacto comissório real, conforme Artigo 1.428 do CC.
Questão 4 - A
Justificativa: O dever de lealdade pode ser exemplificado como a conduta em
não exigir cumprimento de contrato com insuportável perda de equivalência das
prestações (GONÇALVES, 2014, p. 60).
Questão 6 - D
Justificativa: Conforme Artigo 455 do CC: “Se parcial, mas considerável, for a
evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da
parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável,
caberá somente direito a indenização”.
Questão 7 - C
Justificativa: Tratam-se das ações edilícias; em vez de rejeitar a coisa, redibindo
o contrato, pode o adquirente reclamar abatimento no preço. No segundo caso,
caberá ação quanti minoris; no primeiro, ação redibitória.
Questão 8 - D
Justificativa: Conforme orientação da Segunda Seção do STJ, a inclusão do
nome de devedores em cadastro de proteção ao crédito, somente fica impedida
se implementadas, concomitantemente, as seguintes condições: 1) o
ajuizamento de ação, pelo devedor, contestando a existência parcial ou integral
do débito; 2) efetiva demonstração de que a contestação da cobrança indevida
se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF
ou do STJ; e 3) que, sendo a contestação apenas parte do débito, deposite o
valor referente à parte tida por incontroversa, ou preste caução idônea, ao
prudente arbítrio do magistrado.
Questão 9 - E
Justificativa: Conforme Artigo 448, podem as partes, por cláusula expressa,
reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
Objetivo:
1. Analisar os elementos constitutivos do princípio da função social do contrato:
conceito, regulamentação, requisitos para aplicação, eficácia interna e eficácia
externa;
2. Analisar a aplicação jurisprudencial do princípio da função social do contrato
e perceber sua ocorrência nas obrigações e nos contratos em geral.
Direito civil-constitucional
De acordo com o exposto anteriormente, tal contexto é baseado no direito civil-
constitucional, uma vez que os princípios constitucionais devem ser aplicados às
relações de natureza privada, diante da necessidade de concretização ética
da experiência jurídica. Na busca pela presente materialização, o princípio
da função social do contrato, a fim de afastar o enriquecimento sem
causa, determina o respeito à igualdade, justiça contratual (equilíbrio da
relação), equidade e razoabilidade.
Outro exemplo a ser citado é o chamado pacto corvina, nos moldes do Artigo
426 do CC: “Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”. O
ordenamento civilista determina, como objeto ilícito, a pactuação da herança de
pessoa viva, o que, mais uma vez, representa limitação à autonomia privada.
Dessa forma, receber a herança de um indivíduo, após a sua morte, constitui
ato legítimo, desde que herdeiro. O que a lei veda é a convenção do patrimônio
hereditário por contrato, determinando sua nulidade, por configurar hipótese de
nulidade virtual, conforme Artigo 166, VII, do CC: “É nulo o negócio jurídico
quando: a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem
cominar sanção”.
Proteção da parte mais vulnerável: Determina o Artigo 580 do CC: “Os tutores,
curadores e em geral todos os administradores de bens alheios não poderão
dar em comodato, sem autorização especial, os bens confiados à sua guarda”.
A norma visa proteger o tutelado, parte mais vulnerável da relação, uma vez
que o comodato constitui empréstimo gratuito de bens infungíveis. No mesmo
sentido, o Artigo 497 do CC estabelece que o tutor não poderá comprar os
Exemplificando:
No caso da locação de um terreno que esteja sendo utilizado para armazenar
material tóxico ao meio ambiente, mesmo que o locatário arque com todas as
suas obrigações locatícias, poderá o locador extinguir o presente contrato,
cobrando, inclusive, a cláusula penal determinada contratualmente.
Institutos jurídicos
Constitui fenômeno recente a jurisprudencialização do direito.
Pelo Artigo 476 do CC: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes,
antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”.
Assim, de acordo com a máxima de que “ninguém pode se valer da sua própria
torpeza”, o contrato, via de regra, não deve conter cláusula que possibilite a um
dos contratantes exigir o cumprimento da obrigação do outro diante do
inadimplemento da sua própria obrigação.
Sistema jurídico
O princípio da função social do contrato adquire importância ao sistema
jurídico, pois constitui fundamento para conter o enriquecimento sem causa.
Nas obrigações de dar coisa certa (Artigo 237 do CC), antes da tradição, a
coisa pertence ao devedor (res perit domino). Dessa forma, se o devedor
melhorar ou acrescer a coisa, poderá exigir do credor aumento no preço. Caso
o credor não deseje arcar com o aumento, poderá o devedor resolver a
obrigação, mas não será possível exigir o pagamento das perdas e danos.
Contrato de comodato
No contrato de comodato, que também pressupõe uma obrigação de
restituir coisa certa, há divergência quanto à indenização pelo comodatário
acerca das benfeitorias úteis e necessárias. O Artigo 584 do CC assim dispõe:
Cumpre informar que a segunda corrente está mais afinada com o direito civil-
constitucional, materializando a função social do contrato, nada impedindo, de
outra sorte, a renúncia à referida indenização contratualmente pelas partes em
decorrência da própria essência gratuita do comodato.
Obrigações indivisíveis
Nas obrigações indivisíveis, pelo Artigo 263 do CC, diante da perda da coisa
por apenas um dos devedores, apresentam-se duas correntes quanto à
responsabilização pelas perdas e danos:
Álvaro Villaça
Para Álvaro Villaça, o culpado responde pelas perdas e danos, mas, pelo
equivalente, todos respondem. Com isso, tenta evitar o enriquecimento sem
causa. O mesmo entendimento é observado em relação à obrigação solidária
passiva (Artigo 279 do CC), em que apenas o culpado é responsável pelas
Cessão de crédito
Na cessão de crédito, espécie de transmissão das obrigações, de acordo com o
Artigo 295 do CC, existe a responsabilidade do cedente pela existência da
dívida nas cessões à título oneroso ou nas cessões à título gratuito se tiver
procedido de má-fé, a fim de evitar o enriquecimento sem causa.
Pelo Artigo 296 do CC, a cessão é considerada pro soluto, ou seja, o cedente
não responde pelo pagamento da dívida diante do inadimplemento do cedido,
podendo haver convenção em sentido contrário, momento em que a cessão
será pro solvendo.
Pagamento indevido
Nos atos unilaterais de vontade, também é possível perceber a vedação ao
enriquecimento sem causa diante do pagamento indevido.
Segundo o Artigo 876 do CC: “Todo aquele que recebeu o que lhe não era
devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe
dívida condicional antes de cumprida a condição”.
Importante informar que não cabe repetição em dobro do valor pago. Será
cabível na ação de repetição de indébito (actio in rem verso) o pleito do valor
pago atualizado, acrescido de juros, custas, honorários advocatícios e despesas
Atenção
Ainda dentro dos atos unilaterais de vontade, cabível
mencionar a opção do legislador civil em constituir um instituto
jurídico próprio para coibir o enriquecimento sem causa, nos
moldes do Artigo 884: “Aquele que, sem justa causa, se
enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o
indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários”.
• Enriquecimento do accipiens;
• Empobrecimento do solvens;
Tipos de contratos
A função social tem aplicação prática diante dos contratos comutativos, nos
quais existem vantagens e sacrifícios para ambas as partes, como, por
exemplo, no contrato de compra e venda, onde o enriquecimento sem causa
gera revisão, em decorrência do desrespeito à proporcionalidade.
Diferente ocorre nos contratos aleatórios, nos quais existe o fator risco, pois
uma das partes não sabe com exatidão sua prestação no momento da
celebração do contrato, como, por exemplo, no contrato de seguro (pela
natureza) e contrato de compra e venda de colheita futura (por determinação
Denunciação da lide
De outra sorte, para responsabilizar o alienante, o evicto deve, quando for
instaurado o processo judicial, chamar o alienante ao processo. Utiliza-se a
denunciação da lide, nos moldes do Artigo 70, I, do CPC, sendo medida
processual supostamente obrigatória. Porém, o STJ tem entendido que a
denunciação da lide não é obrigatória, podendo o evicto se valer de outro
instrumento processual para rever aquilo que despendeu, a fim de evitar o
enriquecimento sem causa. No mesmo sentido, o Enunciado 434 da V
Jornada de Direito Civil do CJF/STJ, que assim determina: “A ausência de
denunciação da lide ao alienante, na evicção, não impede o exercício de
pretensão reparatória por meio de via autônoma”.
Conclusão
Logo, o STJ aplica a teoria do adimplemento substancial, que tem como
fundamento o princípio da função social do contrato para impedir que, diante
de um inadimplemento mínimo do devedor (seis parcelas em um contexto de
36), possa o credor extinguir o contrato por intermédio da resolução, sendo a
presente medida entendida como desproporcional e abusiva. Assim, o credor
terá a possibilidade de se valer de meios menos gravosos para buscar seu
crédito, como, por exemplo, uma ação de cobrança, mas não de reintegração
de posse.
Atividade proposta
A ausência normativa não poderia configurar um óbice à aplicação da teoria do
adimplemento substancial, mesmo diante da leitura do Enunciado a seguir
transcrito, por ferir o princípio da autonomia da vontade?
Referências
ASSIS, Araken. Comentários ao Código Civil brasileiro. v. V. Coord.
Arruda Alvim e Thereza Alvim. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 85-86.
Exercícios de fixação
Questão 1
(OAB/Exame Unificado – 2010)
No que diz respeito à extinção dos contratos, assinale a opção correta:
a) Na resolução por onerosidade excessiva, não é necessária a existência de
vantagem da outra parte, bastando que a prestação de uma das partes
se torne excessivamente onerosa.
b) A resolução por inexecução voluntária do contrato produz efeitos ex tunc
se o contrato for de execução continuada.
c) Ainda que a inexecução do contrato seja involuntária, a resolução
ensejará o pagamento das perdas e danos para a parte prejudicada.
d) A eficácia da resilição unilateral de determinado contrato independe de
pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc.
Questão 2
(OAB/Exame Unificado – 2008)
Questão 3
Não constitui uma exceção à impenhorabilidade do bem de família, de acordo
com a Lei nº 8.009/90:
a) Obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
b) Cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições
devidas em função do imóvel familiar.
c) Pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à
construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos
constituídos em função do respectivo contrato.
d) Obrigação decorrente de mútuo feneratício.
Questão 4
Dentre as assertivas abaixo, marque aquela em que se materializa a tutela
externa do crédito.
a) No contrato de prestação de serviços, aquele que aliciar pessoas,
obrigadas em contrato escrito, a prestar serviço a outrem, pagará a este
a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito,
houvesse de caber durante dois anos.
b) No contrato de compra e venda, sob pena de nulidade, não podem ser
comprados pelos tutores, ainda que em hasta pública, os bens confiados
à sua guarda ou administração.
c) No contrato de comodato, os tutores não poderão emprestar
gratuitamente, sem autorização especial, os bens confiados à sua
guarda.
Questão 5
O Enunciado 21 da I Jornada de Direito Civil do CJF/STJ determina: “A função
social do contrato, prevista no Artigo 421 do novo Código Civil, constitui
cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do
contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito”.
Aponte, dentre as assertivas abaixo, o nome do instituto jurídico evidenciado no
enunciado transcrito:
a) Eficácia interna da função social do contrato.
b) Eficácia externa da função social do contrato.
c) Pacta sunt servanda.
d) Princípio da conservação do negócio jurídico.
Questão 6
(Exame da OAB)
De acordo com o que dispõe o Código Civil a respeito dos contratos, assinale a
opção correta.
a) A onerosidade excessiva, oriunda de acontecimento extraordinário e
imprevisível, ainda que dificulte extremamente o adimplemento da
obrigação de uma das partes em contrato de execução continuada, não
enseja a revisão contratual, visto que as partes ficam vinculadas ao que
foi originariamente pactuado.
b) Considere que um indivíduo ofereça ao seu credor, com o consenso
deste, um terreno em substituição à dívida no valor de R$ 30 mil, a título
de dação em pagamento. Nessa situação, se o credor for evicto do
terreno recebido, será restabelecida a obrigação primitiva com o
devedor, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de
terceiros.
Questão 7
(FGV -2011)
Nos contratos, os indivíduos devem observar os princípios da probidade e boa-
fé. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato.
Nesse contexto, assinale a alternativa correta, de acordo com o Código Civil:
a) As partes não podem, em qualquer hipótese, reforçar, diminuir ou excluir
a responsabilidade pela evicção.
b) As cláusulas resolutivas, expressas ou tácitas, operam-se de pleno
direito.
c) Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes poderá exigir, antes
de cumprida sua obrigação, o implemento da do outro.
d) Admite-se que a herança de pessoa viva possa ser objeto de contrato.
e) Nos contratos de adesão, são nulas de pleno direito as cláusulas
ambíguas ou contraditórias.
Questão 8
(OAB/Exame Unificado – 2008)
A exceção de contrato não cumprido poderá ser arguida nos:
a) Contratos sinalagmáticos
b) Contratos de mútuo
c) Negócios jurídicos unilaterais
d) Contratos de comodato
Questão 9
Nos moldes do Artigo 884: “Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa
de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários”. Segundo os tribunais brasileiros, não
Questão 10
Qual teoria visa impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte
do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da
avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé objetiva, da função
social do contrato e da conservação do negócio jurídico?
a) Teoria da Imprevisão
b) Teoria do Adimplemento Substancial
c) Teoria do Inadimplemento Antecipado
d) Teoria do Cumprimento Defeituoso
Questão 2 - C
Justificativa: Conforme Artigo 478 do CC: “Nos contratos de execução
continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar
excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a
resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data
da citação”.
Questão 3 - D
Justificativa: Conforme Artigo 3º da Lei nº 8.009/90, a única hipótese não
contemplada relaciona-se ao mútuo oneroso.
Questão 4 - A
Justificativa: Conforme Artigo 608 do CC.
Questão 5 - B
Justificativa: A eficácia externa da função social determina que o contrato gere
efeitos perante terceiros, o que pode ser percebido diante da tutela externa do
crédito e da função socioambiental do contrato.
Questão 6 - B
Questão 7 - C
Justificativa: Conforme Artigo 476 do CC: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos
contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da
do outro”.
Questão 8 - A
Justificativa: Sinalagmático é sinônimo de bilateral.
Questão 9 - C
Justificativa: Inexistência de causa jurídica prevista por convenção entre as
partes ou pela lei, pois, no enriquecimento sem causa, falta uma causa jurídica
para o enriquecimento, enquanto o enriquecimento ilícito encontra-se fundado
em um ato ilícito.
Questão 10 - C
Justificativa: Segundo o STJ, a teoria do substancial adimplemento visa
impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor,
preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença,
com vistas à realização dos aludidos princípios.
Bons estudos!
Objetivo:
1. Analisar o contorno jurídico do venire contra factum proprium e do duty to
mitigate the loss tanto na perspectiva doutrinária quanto jurisprudencial;
2. Analisar o contorno jurídico da supressio, da surrectio e do tu quoque tanto
na perspectiva doutrinária quanto jurisprudencial.
Função de interpretação
(Artigo 113 do CC). Constituindo instrumento para o aplicador do direito.
Função de controle
(Artigo 187 do CC). Visando evitar o abuso de direito.
Função de integração
(Artigo 422 do CC).
Atenção
Cumpre dizer que não resta dúvida sobre a possibilidade de a
responsabilidade civil surgir por danos decorrentes do exercício
abusivo de uma posição jurídica. Por outro lado, é possível que
qualquer abuso possa gerar dano, merecendo ser coibido com
respostas jurisdicionais eficazes.
Controle repressivo
Para fazer cessar um ato ou para impor um agir. Dentro do controle repressivo,
inserem-se os institutos do venire contra factum proprium, do duty to mitigate
the loss, da supressio, da surrectio e do tu quoque.
Agora que você entendeu o que é abuso de direito, vamos em frente para a
análise do instituto venire contra factum proprium.
A concentração é o ato pelo qual a parte, designada pela lei ou pelo contrato,
realiza a escolha, constituindo um ato jurídico unilateral, transformando a
obrigação indeterminada em obrigação determinada.
Promessa de doação
CIVIL. PROMESSA DE DOAÇÃO VINCULADA À PARTILHA. ATO DE
LIBERALIDADE NÃO CONFIGURADO. EXIGIBILIDADE DA OBRIGAÇÃO.
LEGITIMIDADE ATIVA. A promessa de doação feita aos filhos por seus
genitores como condição para a obtenção de acordo quanto à partilha de bens
havida com a separação ou divórcio não é ato de mera liberalidade e, por isso,
pode ser exigida, inclusive pelos filhos, beneficiários desse ato. Precedentes.
Recurso Especial provido (REsp 742048/RS, RECURSO ESPECIAL
2005/0060590-8, RELATOR SIDNEI BENETI).
Atenção
Importante esclarecer que a promessa expressa vontade dos
contratantes e, no âmbito da autonomia, não é sustentável
restringir tal possibilidade somente aos negócios bilaterais
comutativos e onerosos, sendo legítima a exigência em se
cumprir uma liberalidade que, após a chancela estatal, deixa de
apresentar tal caráter.
Supressio
O que é supressio?
Da mesma sorte que o credor perde um direito pela inércia, surge, em favor do
devedor, um direito que não existia juridicamente até então, que decorre da
efetividade social, o que se denomina surrectio.
Supressio e surrectio
Colaciona-se a seguinte jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais,
que materializa o instituto da surrectio:
Tu quoque
Pelo tu quoque, pretende-se evitar que uma pessoa que viole uma norma possa
exercer direito desta mesma norma ou possa recorrer em defesa de normas
que ela mesma violou. Assim, obsta que se faça com outrem o que não se quer
seja feito consigo mesmo.
Atividade proposta
Analisando a jurisprudência a seguir, resta clara a tendência do julgador em
evidenciar a ocorrência do duty to mitigate the loss.
A Turma entendeu não haver qualquer ilegalidade a ser reparada, visto que a
recorrente descuidou-se de seu dever de mitigar o prejuízo sofrido, pois o fato
Referências
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 3. ed. São Paulo: Método, 2013.
Exercícios de fixação
Questão 1
(TJ/PE 2013 – FCC – Juiz Substituto)
O abuso de direito acarreta:
a) Consequências jurídicas apenas se decorrente de coação, ou de negócio
fraudulento ou simulado.
b) Somente a ineficácia dos atos praticados e considerados abusivos pelo
juiz.
c) Indenização apenas em hipóteses previstas expressamente em lei.
d) Apenas a ineficácia dos atos praticados e considerados abusivos pela
parte prejudicada, independentemente de decisão judicial.
e) Indenização a favor daquele que sofrer prejuízo em razão dele.
Questão 2
(TJPE - FCC – 2011 – JUIZ)
“Indo-se mais adiante, aventa-se a ideia de que entre o credor e o devedor é
necessária a colaboração, um ajudando o outro na execução do contrato. A
tanto, evidentemente, não se pode chegar, dada a contraposição de interesses,
mas é certo que a conduta, tanto de um como de outro, subordina-se a regras
Questão 3
(TRT – 4ª Região – 2012 – FCC – Juiz do Trabalho Substituto)
De acordo com o Código Civil:
a) Por expressa disposição, a configuração do abuso do direito demanda a
comprovação de culpa.
b) A regra geral é a da responsabilidade objetiva, sendo excepcional a
responsabilidade subjetiva.
c) O incapaz nunca responde pelos prejuízos que causar.
d) A ofensa à boa-fé objetiva, quando implicar danos, dá azo à obrigação
de indenizar.
Questão 4
Assinale a alternativa incorreta acerca do abuso de direito:
a) O Código Civil adota fórmula expressa para definir abuso de direito,
colocando-o na categoria de ato ilícito.
b) Ocorrerá quando o titular de um direito, ao exercê-lo, exceder os limites
manifestamente impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé
ou pelos bons costumes.
c) O ato praticado deverá ser considerado contrário ao direito.
d) Acarreta responsabilidade do agente pelos danos causados.
e) Os atos praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um
direito reconhecido devem ser considerados na presente categoria.
Questão 6
Em relação à violação dos deveres anexos do contrato, marque a opção
incorreta:
a) Surrectio é o surgimento de um direito diante de práticas, usos e
costumes.
b) No venire contra factum proprium, uma pessoa não pode exercer um
direito próprio contrariando um comportamento anterior, ou seja, é a
proibição de um determinado comportamento contraditório.
c) O duty to mitigate the loss reforça o princípio da boa-fé objetiva e o da
liberdade contratual; assim, o credor não tem nenhuma responsabilidade
em evitar o agravamento do prejuízo suportado pelo devedor.
d) Supressio é a perda de um direito pelo não exercício no tempo.
Questão 8
“O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato”. É possível afirmar que tal regra
representa um exemplo de:
a) Supressio e surrectio
b) Venire contra factum proprium
c) Tu quoque
d) Duty to mitigate the loss
Questão 9
Em relação às obrigações solidárias e aos institutos que compõem a boa-fé
objetiva, analise as assertivas abaixo e, depois, marque a alternativa incorreta:
a) A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão, em que o devedor
fica inteiramente liberado do vínculo obrigacional, inclusive no que tange
ao rateio da quota do eventual codevedor insolvente, nos termos do
Artigo 284 do CC.
b) O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum, não importando
renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um
ou alguns dos devedores, o que impede a incidência da supressio.
c) Caso ocorra pagamento parcial da dívida, todos os devedores restantes,
após se descontar a parte de quem pagou, continuam responsáveis pela
dívida inteira, excluindo-se aquele que realizou o pagamento parcial.
Questão 10
É possível afirmar que o tu quoque:
a) Pretende evitar que uma pessoa que viole uma norma possa exercer
direito desta mesma norma ou possa recorrer em defesa de normas que
ela mesma violou.
b) Significa a supressão por meio da renúncia tácita, de um direito ou de
uma posição jurídica, pelo seu não exercício com o decorrer do tempo.
c) Faz surgir em favor do devedor um direito que não existia juridicamente
até então.
d) Busca coibir o comportamento contraditório.
Ato ilícito (Artigo 186 do CC): Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Aula 4
Exercícios de fixação
Questão 1 - E
Justificativa: A jurisprudência pátria vem materializando o mencionado instituto,
a fim de traçar o contorno jurídico da boa-fé objetiva para que seu conteúdo
não fique ao alvedrio do julgador. Assim, visa coibir o comportamento
contraditório dos contratantes, por configurar um dos deveres anexos inerente
à conduta de lealdade esperada pelo homem-médio. Da função de integração,
Questão 2 - D
Justificativa: A boa-fé objetiva determina que os contratantes estão obrigados a
cumprir suas prestações de forma leal e proba, sob pena de cometerem abuso
de direito (Artigo 187 do CC), o que acarreta responsabilidade civil, constituindo
uma verdadeira cláusula geral, já que materializa um preceito de ordem
pública.
Questão 3 - D
Justificativa: A inobservância dos deveres anexos gera a violação positiva do
contrato com responsabilização daquele que desrespeita a boa-fé objetiva,
pois cometeu abuso de direito, tendo a obrigação de indenizar os prejuízos
causados.
Questão 4 - E
Justificativa: Conforme Artigo 188: “Não constituem atos ilícitos: I – os
praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido”.
Questão 5 - B
Justificativa: Conforme Artigo 187 do CC: “Também comete ato ilícito o titular
de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
Questão 6 - C
Justificativa: Pelo duty to mitigate the loss, de acordo com o Enunciado 169 da
III Jornada de Direito Civil do CJF/STJ: “O princípio da boa-fé objetiva deve
levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”, ou seja, deve-se
evitar o agravamento do prejuízo do devedor por inércia do credor.
Questão 8 - A
Justificativa: O Código Civil atual, consubstanciado no direito civil constitucional,
também contempla os institutos da supressio e da surrectio, no disposto do
Artigo 330.
Questão 9 - C
Justificativa: Caso ocorra pagamento parcial da dívida, todos os devedores
restantes, após se descontar a parte de quem pagou, continuam responsáveis
pela dívida inteira, inclusive aquele que realizou o pagamento parcial, de acordo
com o Enunciado 348 do CJF/STJ da IV Jornada de Direito Civil.
Questão 10 - A
Justificativa: Pelo tu quoque, pretende-se evitar que uma pessoa que viole uma
norma possa exercer direito desta mesma norma ou possa recorrer em defesa
de normas que ela mesma violou. Assim, obsta que se faça com outrem o que
não se quer seja feito consigo mesmo.
Objetivo:
1. Analisar a formação dos contratos em geral a partir das fases: de negociação
preliminar, de proposta, de contrato preliminar e de contrato definitivo;
2. Analisar a formação dos contratos pela via eletrônica.
Conteúdo
Conceito de contrato
O contrato é considerado como negócio jurídico bilateral ou plurilateral
que visa à criação, modificação ou extinção de direitos e deveres com
conteúdo patrimonial, estruturando-se a partir da manifestação de vontade.
Com a declaração objetiva, que pode ser expressa ou tácita, o contrato passa a
produzir efeitos jurídicos.
Características do contrato
Atualmente, contrato comporta marcas distintas de seu correspondente
tradicional, à luz da personalização e constitucionalização do direito civil; sendo
assim, são suas características:
Vamos exemplificar?
Imagine que “A” deseja vender seu automóvel pelo preço de cinquenta mil
reais, anunciando-o em jornal de grande circulação. Caso “B” se interesse pelo
bem, “A” não é obrigado a vendê-lo para ele, pois a negociação decorre do
acordo de vontades.
Presentes
Entre presentes, a proposta pode ou não estipular prazo para aceitação.
Sem prazo
A aceitação deverá ser imediata.
Com prazo
Deverá ser pronunciada no prazo concedido, sob pena de reputar-se não aceita,
ressalvados os casos de aceitação tácita (Artigo 432 do CC).
Ausentes
Entre ausentes, é necessário realizar a análise sobre o prazo.
Teoria da recepção
O Artigo 434, caput, do CC elege a teoria da expedição como a regra no direito
brasileiro. Com isso, a proposta vinculará o proponente no momento em que a
aceitação for expedida.
Teoria da expedição
Caso o proponente determine na proposta que esta somente começará a
produzir efeitos jurídicos a partir de sua recepção, a teoria será da recepção,
nos moldes do inciso II do Artigo 434 do CC, constituindo, pois, a exceção.
Importante destacar que tal fase também gera efeitos jurídicos, vinculando as
partes quanto à obrigação de celebrar o contrato definitivo, podendo assumir
duas modalidades:
“A disposição do parágrafo único do Artigo 463 do novo Código Civil deve ser
interpretada como fator de eficácia perante terceiros”.
Tal fato não obsta a aplicação dos diplomas mencionados de acordo com a
situação fático-jurídica, cabendo ao Poder Judiciário o preenchimento das
lacunas ante as peculiaridades do contrato eletrônico.
Jurisprudência
Atividade proposta
Segundo dispõe o Artigo 463 do CC, concluído o contrato preliminar, desde que
dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito
de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Pelo parágrafo único do mesmo artigo, o contrato preliminar deverá ser levado
ao registro competente. De acordo com o Enunciado 30 da I Jornada de Direito
Civil do CJF/STJ: “A disposição do parágrafo único do Artigo 463 do novo
Código Civil deve ser interpretada como fator de eficácia perante terceiros”.
Chave de resposta: Não. Pelo Artigo 1.418 do CC, que explicita que “o
promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente
vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga
da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento
preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel”, e
pelo Enunciado 30 da I Jornada de Direito Civil.
Referências
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014. p. 86.
Exercícios de fixação
Questão 1
(OAB)
Questão 2
Quanto à formação dos contratos, analise as assertivas abaixo e, depois,
marque a alternativa incorreta:
a) A oferta ao público equivale à proposta quando encerra os requisitos
essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou
dos usos.
b) A aceitação da proposta fora do prazo, com adições, restrições ou
modificações, importará nova proposta.
c) A regra geral é de que os contratos entre ausentes tornem-se perfeitos
desde que a aceitação seja expedida.
d) Concluído o contrato preliminar, qualquer das partes terá o direito de
exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o
efetive.
Questão 4
(TJ-PR – 2012 – TJ-PR – Assessor Jurídico)
Relativamente à disciplina dos contratos no Código Civil, assinale a alternativa
correta.
a) A proposta deixa de ser obrigatória se, antes dela, ou simultaneamente,
chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
b) Os princípios de probidade e boa-fé têm vez apenas na conclusão do
contrato.
c) Os contratos de adesão são previstos apenas pelo Código de Defesa do
Consumidor.
d) Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação
seja expedida, ainda que o proponente tenha se comprometido a esperar
resposta.
Questão 5
(EJEF – 2008 – TJ-MG – Juiz)
Questão 6
Diante da formação do contrato pela via eletrônica, caso a negociação tenha
acontecido entre ausentes, segundo a doutrina, prevalecerá em relação ao
recebimento da aceitação pelo proponente:
a) A teoria da expedição
b) A teoria da recepção
c) A teoria declaratória
d) A teoria da inércia
Questão 7
(CESPE – 2013 – TRE-MS – Analista Judiciário – Área Administrativa)
Assinale a opção correta acerca dos contratos e da responsabilidade civil.
a) Conforme a teoria da cognição, o contrato entre ausentes será
considerado formado mesmo que a resposta do destinatário da proposta
não chegue ao conhecimento do proponente.
b) Diante de cláusulas ambíguas ou contraditórias em um contrato de
adesão, a interpretação deve favorecer aquele que assinou primeiro, pois
teve um tempo menor para ler e compreender o contrato.
c) Os atos praticados na etapa pré-contratual não são capazes de gerar
responsabilidade civil, que é típica daqueles atos praticados na vigência
do contrato.
Questão 8
(CESPE – 2008 – STF – Analista Judiciário – Área Judiciária)
Feita a proposta entre presentes, a aceitação deve dar-se dentro do prazo
estabelecido e, não havendo prazo, deve ser imediata, visto que, do contrário,
a proposta deixa de ser obrigatória. Nesse sentido, a aceitação por parte do
destinatário da proposta formaliza o contrato, uma vez que se atinge a
convergência de vontades, elemento essencial aos contratos. Certo ou errado?
a) Certo
b) Errado
Questão 9
O contrato eletrônico internacional, pactuado no Brasil, é regido por qual
norma?
a) Código de Defesa do Consumidor
b) Norma do país do proponente
c) Norma que foi definida contratualmente
d) Norma de Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
Questão 10
A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos
termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso, exceto: se
feita sem prazo à pessoa presente, não foi imediatamente aceita; se feita sem
prazo à pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a
resposta ao conhecimento do proponente; se feita à pessoa ausente, não tiver
sido expedida a resposta dentro do prazo dado; se, antes dela, ou
simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do
proponente. Na hipótese da aceitação, chegar tarde ao conhecimento do
Aula 5
Exercícios de fixação
Questão 1 - A
Justificativa: A corrente minoritária na doutrina, mas majoritária na
jurisprudência, conduzida por Flávio Tartuce, sustenta que, apesar de não
haver vinculação entre as partes, há responsabilidade civil contratual na fase de
negociações preliminares em função dos Enunciados 25 e 170 das Jornadas de
Direito Civil do CJF/STJ, que reconhecem a aplicação da boa-fé em todas as
fases do contrato.
Questão 2 - D
Justificativa: Conforme Artigo 463 do CC.
Questão 3 - E
Justificativa: Conforme Artigo 428, IV, do CC.
Questão 4 - A
Justificativa: Conforme Artigo 428, IV, do CC.
Questão 6 - B
Justificativa: O Enunciado 173 da III Jornada de Direito Civil do CJF/STJ assim
determina: “A formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes por
meio eletrônico completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente”.
Questão 7 - D
Justificativa: A proposta será entre ausentes quando existir um prazo
considerável entre a oferta e a aceitação (ex.: e-mail).
Questão 8 - A
Justificativa: Conforme Artigos 428 e 434, caput, do CC.
Questão 9 - B
Justificativa: De acordo com o Artigo 9º, §2º, da Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro: “Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do
país em que se constituírem. §2º A obrigação resultante do contrato reputa-se
constituída no lugar em que residir o proponente”.
Questão 10 - A
Justificativa: Conforme Artigos 427, 428 e 430, do CC.
Para os exercícios de autocorreção, não podemos ter questões discursivas. Por
favor, reformular.
Objetivo:
1. Analisar o arcabouço conceitual da revisão judicial dos contratos;
2. Analisar a influência do direito civil-constitucional à revisão judicial dos
contratos a partir da análise jurisprudencial.
Exemplo
Se as partes celebraram um contrato de compra e venda de imóvel sem
atenção às formalidades exigidas por lei, pode-se considerar o negócio como
uma promessa de compra e venda, que não exige forma solene, a fim de se
aproveitar a vontade das partes, conforme Artigo 170 do CC:
Atenção
Importante destacar que, apesar de, majoritariamente, não ser
cabível a revisão de contrato de execução imediata, existe
jurisprudência do STJ em sentido diverso, conforme se extrai da
Súmula 286:
Artigo 478
Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das
partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra,
em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor
pedir a resolução do contrato”.
“O órgão judicante deverá, para lhe dar ganho de causa, apurar rigorosamente
a ocorrência dos seguintes requisitos: a) vigência de um contrato comutativo de
execução continuada; b) alteração radical das condições econômicas no
momento da execução do contrato, em confronto com as do benefício
exagerado para o outro; c) onerosidade excessiva para um dos contraentes e
benefício exagerado para o outro; d) imprevisibilidade e extraordinariedade
daquela modificação, pois é necessário que as partes, quando celebraram o
Onerosidade excessiva
Como reconhecer a onerosidade excessiva?
Análise jurisprudencial
Em relação à necessidade de o fato ser imprevisível, Flávio Tartuce tece forte
crítica ao comportamento dos tribunais brasileiros:
Assim, a obrigação não acarretaria direito real (sobre a coisa), mas apenas
direito pessoal (sobre a conduta).
...mas, depois, “A” recebeu uma oferta melhor e terminou vendendo a coisa a
“C”.
...mas caso estivesse ainda com “A”, poderia fazê-lo por meio do Poder
Judiciário.
Ainda hoje, a obrigação não gera direito real; o que o gera é a tradição para as
coisas móveis (Artigo 1.226 ao 1.267 do CC) e o registro para as coisas imóveis
(Artigo 1245 do CC).
Pelos Artigos 237 e 492 do CC, eventual perda da coisa trará prejuízo para o
dono, a depender do momento da tradição, não do pagamento da obrigação,
confirmando a regra res perit domino (a coisa perece para o dono).
Quando a coisa não for entregue, caberá busca e apreensão (se móvel) ou
imissão na posse (se imóvel), com base no §2º do Artigo 461-A do CPC.
Cláusula penal
Pelo Informativo 484, o STJ vem entendendo ser possível a cobrança da
cláusula penal em decorrência do inadimplemento culposo do vendedor, que
não entregou tempestivamente o bem.
Aqui, mais uma vez, fica clara a revisão judicial do contrato à luz do direito civil-
constitucional a partir da materialização do princípio da isonomia às relações
privadas, mesmo em sentido contrário àquilo que foi ajustado pelos
contratantes originariamente.
Contrato de doação
Contrato de doação entre ascendente para descendente
Referências
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 11. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014. p. 28.
DINIZ, Maria Helena. Código Civil comentado. 11. ed. São Paulo: Malheiros,
2006. p. 164.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil. 6. ed. São Paulo: Método, 2011. p. 194.
Exercícios de fixação
Questão 1
Se as partes celebraram um pretenso contrato de compra e venda de imóvel
sem atenção às formalidades exigidas por lei, pode-se considerar o negócio
como uma promessa de compra e venda, que não exige forma solene, para se
aproveitar a vontade das partes. Tal possibilidade é assegurada pelo seguinte
instituto:
a) Conversão substancial do negócio jurídico
b) Pacta sunt servanda
c) Supressio
d) Diálogo das fontes
Questão 2
Questão 3
De acordo com a teoria da onerosidade excessiva, também conhecida como
teoria da imprevisão, assinale a alternativa incorreta:
a) É possível a revisão contratual, desde que, em virtude de acontecimentos
extraordinários, supervenientes e imprevisíveis, fique configurado o
desequilíbrio entre as partes contratantes, com extrema vantagem para
uma das partes e onerosidade excessiva para a outra.
b) Para que seja possível requerer a revisão contratual com base na
onerosidade excessiva, o contrato deve ser de execução continuada ou
diferida.
c) Para que seja possível requerer a revisão contratual com base na
onerosidade excessiva, o contrato deve ser bilateral, oneroso e
comutativo.
Questão 4
(MPGO – 2012 – PROMOTOR)
Analisando os itens abaixo, pode-se afirmar que:
I – A validade da declaração de vontade, em regra, não depende de forma
especial, mas, se o negócio jurídico for celebrado com a cláusula de não valer
sem instrumento público, este se torna substância do ato.
II – Ao termo inicial e final, aplicam-se, no que couber, as disposições relativas
à condição suspensiva e à resolutiva; logo, se for estipulado como termo final
de um negócio jurídico no dia 31/02/2013, tal estipulação será havida por
inexistente.
III – O abuso de direito enseja reparação pelo regime da responsabilidade
objetiva, sendo desnecessária a demonstração da conduta do agente (dolo ou
culpa), de sorte que são requisitos necessários para que haja o dever de
indenizar: o ato, o dano, e o nexo de causalidade entre o ato e o dano.
a) Todos são corretos
b) Apenas o I e o II são corretos
c) Apenas o II e o III são corretos
d) Todos são incorretos
Questão 5
São requisitos para aplicação da Teoria da Imprevisão, exceto:
a) O contrato deve ser de execução continuada ou diferida.
b) Quando a prestação de uma das partes se tornar excessivamente
onerosa, com extrema vantagem para a outra.
c) Os acontecimentos devem ser extraordinários e imprevisíveis.
d) O devedor poderá pedir a resolução ou a revisão do contrato.
e) A resolução não poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar
equitativamente as condições do contrato.
Questão 7
Atualmente, nas obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa, admite-se a
execução forçada, sob pena do pagamento de:
a) Cláusula penal
b) Arras
c) Astreintes
Questão 8
A cláusula penal, como bem a conceitua Limogi França, é um pacto acessório,
cuja finalidade é garantir, em benefício do credor, por meio do estabelecimento
de uma pena, o fiel e exato cumprimento da obrigação principal. Isso posto,
analise as afirmativas abaixo:
1 – Em sendo resolvida a obrigação, sem culpa do devedor, igualmente se
resolve a cláusula penal.
2 – A cláusula penal pode referir-se apenas à inexecução completa da
obrigação.
3 – A cláusula penal pode referir-se apenas à inexecução de alguma cláusula
especial.
4 – A nulidade da obrigação principal implica na nulidade da cláusula penal.
5 – O cumprimento parcial da obrigação não comporta redução proporcional da
cláusula penal.
a) Estão corretas as 5 afirmativas
b) Estão corretas 4 afirmativas
c) Estão corretas 3 afirmativas
d) Estão corretas 2 afirmativas
Questão 9
O Enunciado 180 da III Jornada de Direito Civil determina a possibilidade, pelo
juiz, da redução do valor da(o):
a) Cláusula penal estabelecida em contratos de locação de bens móveis.
b) Aluguel-pena em contratos de comodato, diante da não entrega do bem
tempestivamente.
c) Multa estabelecida em contratos consumeristas.
d) Cláusula penal estabelecida em contratos de compra e venda de imóveis.
Questão 10
(TJDFT – 2011 – JUIZ)
Aula 6
Exercícios de fixação
Questão 1 - A
Questão 2 - D
Justificativa: Pelo princípio da conservação do negócio jurídico, entende-se que,
se uma cláusula contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecerá
a que possa produzir algum efeito, pois não se deve presumir que os
contratantes tenham celebrado um contrato carecedor de qualquer
utilidade. Esse princípio informa a denominada conversão substancial do
negócio jurídico. Assim, por exemplo, se as partes celebraram um contrato de
compra e venda de imóvel sem atenção às formalidades exigidas por lei, pode-
se considerar o negócio como uma promessa de compra e venda, que não
exige forma solene, a fim de se aproveitar a vontade das partes, conforme
Artigo 170 do CC.
Questão 3 - D
Justificativa: Apesar do conhecimento pacífico e da aceitação da revisão
contratual por fato superveniente, infelizmente, poucos casos vêm sendo
enquadrados como imprevisíveis por nossos Tribunais, realidade que se
esperava mudar com o advento do Código Civil de 2002. Isso porque a
jurisprudência nacional sempre considerou o fato imprevisto tendo
como parâmetro o mercado, o meio que envolve o contrato, não a
parte contratante. A partir dessa análise, em termos econômicos, na
sociedade pós-moderna globalizada, nada é imprevisto, tudo se tornou
Questão 4 - A
Justificativa: Conforme Artigos 107, 109, 135 e 187 do CC.
Questão 5 - E
Justificativa: Conforme Artigo 479 do CC.
Questão 6 - A
Justificativa: Diante da execução forçada nas obrigações de dar coisa certa,
quando o devedor recebia o preço e se recusava a entregar a coisa, o credor
não podia expropriá-la de seu patrimônio, resolvendo-se o litígio em perdas e
danos (Artigo 389 do CC). Assim, a obrigação não acarreta direito real (sobre a
coisa), mas apenas direito obrigacional (sobre a conduta).
Questão 7 - C
Justificativa: Atualmente, nas obrigações de fazer, não fazer e entregar coisa,
admite-se a execução forçada, sob pena do pagamento de astreintes, com base
nos Artigos 461, parágrafo 5º, e 461-A do CPC.
Questão 8 - B
Justificativa: As assertivas 1, 2, 3 e 4 estão corretas, conforme Artigo 410 do
CC.
Questão 9 - B
Justificativa: Enunciado 180 da III Jornada de Direito Civil do CJF/STJ: “A regra
do parágrafo único do Artigo 575 do novo CC, que autoriza a limitação pelo juiz
do aluguel-pena arbitrado pelo locador, aplica-se também ao aluguel arbitrado
pelo comodante, autorizado pelo Artigo 582, 2ª parte, do novo CC”.
Bons estudos!
Objetivo:
1. Analisar a tutela das relações existenciais nos contratos, a fim de se
preservar o patrimônio mínimo dos contratantes;
2. Analisar a tutela das relações existenciais no direito obrigacional.
Direito à moradia
Algumas decisões determinam a eficácia imediata de um dado direito
fundamental social perante particulares. Constitui exemplo a impenhorabilidade
do bem de família do fiador em contrato de locação.
Primeiro, porque o devedor principal (locatário) não pode ter o seu bem de
família penhorado, enquanto o fiador (em regra devedor subsidiário – Artigo
827, CC) pode suportar a constrição. A lesão à isonomia reside no fato de a
Direito à saúde
Segundo Rosalice Fidalgo Pinheiro, é pertinente concordar com a incidência
direta dos direitos fundamentais sociais nas relações privadas, o que tem o
condão de delegar aos particulares a prestação de serviços básicos que
incumbem ao Estado, como, por exemplo, a saúde e a educação.
Não obstante a oposição de parcela da doutrina à eficácia direta daqueles
direitos em sua dimensão prestacional, essa oposição não vem sendo aceita
pela jurisprudência.
Tutela jurisdicional
O inadimplemento das obrigações relacionadas aos direitos de
personalidade são passíveis de tutela jurisdicional, cabendo o
ressarcimento civil, ante o seu descumprimento.
Assim, no intuito de materializar compromissos constitucionais, a jurisprudência
possui papel destacado, seja no reconhecimento, como na tutela desses
direitos.
Abandono afetivo
Tem-se como exemplo de reconhecimento do direito da personalidade
relacionado ao direito obrigacional considerar o desrespeito ao afeto nas
relações familiares acarretar dano efetivo à pessoa humana.
Um pai que não dedica afeto ao seu filho, mesmo cumprindo compromissos de
assistência material, omite-se, ao menos, no plano de moral (para aqueles que
Andrighy ressaltou que não há como se discutir o amar, que é uma faculdade,
mas sim a imposição biológica e constitucional de cuidar, que é dever jurídico,
corolário da liberdade das pessoas em gerar ou adotar filhos.
Atividade proposta
Vamos fazer uma atividade relacionada ao tema estudado? Leia com atenção!
De acordo com Rodrigo da Cunha Pereira, a condenação por abandono afetivo
se justifica da seguinte maneira: “Não se trata, aqui, de uma imposição jurídica
de amar, mas de um imperativo judicial de criação da possibilidade da
construção do afeto, em um relacionamento em que o amor e a afetividade lhe
Referências
PINHEIRO, Rosalice Fidalgo. O “mínimo existencial” no contrato: desenhando a
autonomia contratual em face dos direitos fundamentais sociais. In: CONSELHO
NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO. Anais... Salvador.
TARTUCE, Flávio. A penhora do Bem de Família do fiador de locação.
Abordagem atualizada. Revista IOB de Direito Civil e Processual Civil, n.
40, abr. 2006. p. 11-15.
Exercícios de fixação
Questão 1
O devedor principal (locatário) não pode ter o seu bem de família penhorado,
enquanto o fiador (em regra devedor subsidiário – Artigo 827 do CC) pode
suportar a constrição, podendo seu bem de família ser penhorado. Assinale a
alternativa incorreta acerca do presente entendimento:
a) A Lei nº 8.009/90 permite a penhora do único bem de família do fiador
em contratos de locação, conforme Artigo 3º, VII.
b) O Artigo 3º, VII da Lei nº 8.009/90 foi declarado constitucional
incidentalmente pelo STF.
c) Caso o fiador arque com o pagamento da dívida, não terá o direito de se
sub-rogar nos direitos do credor.
Questão 2
De acordo com a corrente minoritária, a penhorabilidade do bem de família do
fiador viola a isonomia, a proteção constitucional à moradia e a dignidade da
pessoa humana. Assinale a alternativa incorreta acerca do presente
entendimento:
a) A lesão à isonomia reside no fato de a fiança ser um contrato acessório,
que não pode trazer mais obrigações do que o contrato principal
(locação).
b) Ocorre desrespeito à proteção constitucional da moradia (Artigo 6º da
CF/1988).
c) Ocorre desrespeito à proteção constitucional da moradia (Artigo 6º da
CF/1988), uma das exteriorizações do princípio de proteção da dignidade
da pessoa humana (Artigo 1º, III, do Texto Maior).
d) Ocorre desrespeito à proteção constitucional da moradia (Artigo 6º da
CF/1988), que não configura uma das exteriorizações do princípio de
proteção da dignidade da pessoa humana (Artigo 1º, III, do Texto
Maior).
Questão 3
Segundo Rosalice Fidalgo Pinheiro, é pertinente concordar com a incidência
direta dos direitos fundamentais sociais nas relações privadas, o que tem o
condão de delegar aos particulares a prestação de serviços básicos que
incumbem ao Estado, como, por exemplo, a saúde e a educação. Tal
entendimento materializa o seguinte instituto jurídico:
a) Eficácia horizontal dos direitos fundamentais
b) Eficácia vertical dos direitos fundamentais
c) Diálogo das fontes
d) Pacta sunt servanda
Questão 5
O particular que presta uma atividade econômica correlacionada com serviços
médicos e de saúde não possui os mesmos deveres do Estado, segundo a
jurisprudência majoritária. Assinale a alternativa incorreta acerca do presente
entendimento:
a) O particular que presta uma atividade econômica correlacionada com
serviços médicos e de saúde possui os mesmos deveres do Estado, ou
seja, prestar assistência médica integral aos consumidores dos seus
serviços.
b) Tal entendimento não se sustenta somente no texto constitucional, mas,
principalmente, na lei de mercado (“quanto maior o lucro, maior também
é o risco)”.
c) Tal entendimento se sustenta somente no texto constitucional.
d) Tal entendimento se sustenta no Código de Defesa do Consumidor –
CDC (Lei nº 8.078/90).
Questão 7
(Concurso para Juiz de Direito Substituto do Estado de Minas Gerais/2007) Uma
vez não cumprida a obrigação e constituído em mora o devedor, esse responde
por perdas e danos. As perdas e danos devidos ao credor abrangem lucros
cessantes:
a) À expectativa de lucro do credor
b) Ao prejuízo do credor potencialmente estimável
c) Ao prejuízo por efeito direto e imediato da inexecução da obrigação
d) A qualquer dano eventualmente aferível a partir da mora do devedor
Questão 8
Analise a jurisprudência abaixo e aponte a modalidade de dano moral acolhida:
“AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. INCLUSÃO
INDEVIDA NA SERASA. PROVA DO DANO. DESNECESSIDADE. QUANTUM
INDENIZATÓRIO. RAZOABILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ. I - Nas ações de
Questão 9
O STJ, diante da responsabilidade pelo abandono afetivo, ressaltou que não há
como se discutir o amar, que é uma faculdade, mas sim a imposição biológica e
constitucional de cuidar, que é dever jurídico. Assinale a alternativa incorreta
acerca do entendimento colacionado:
a) Tal entendimento materializa a dignidade da pessoa humana nas
relações privadas.
b) Tanto pela concepção, quanto mediante a adoção, os pais assumem
obrigações jurídicas que ultrapassam o básico em relação aos filhos.
c) O indivíduo necessita de outros elementos imateriais, oriundos do valor
afeto.
d) O presente entendimento é dever jurídico, não corolário da liberdade das
pessoas em gerar ou adotar filhos.
Questão 10
A expressão “perdas e danos” inclui:
a) Os danos emergentes e os danos morais
Aula 7
Exercícios de fixação
Questão 1 - C
Justificativa: Conforme Artigo 831 do CC.
Questão 2 - D
Justificativa: A lesão à isonomia reside no fato de a fiança ser um contrato
acessório, que não pode trazer mais obrigações do que o contrato principal
(locação). Em reforço, haveria desrespeito à proteção constitucional da moradia
(Artigo 6º da CF/1988), uma das exteriorizações do princípio de proteção da
dignidade da pessoa humana (Artigo 1º, III, do Texto Maior).
Questão 3 - A
Justificativa: Segundo Rosalice Fidalgo Pinheiro, é pertinente concordar com a
incidência direta dos direitos fundamentais sociais nas relações privadas, o que
tem o condão de delegar aos particulares a prestação de serviços básicos, que
incumbem ao Estado, como, por exemplo, a saúde e a educação. Não obstante
a oposição de parcela da doutrina à eficácia direta daqueles direitos em sua
dimensão prestacional, essa oposição não vem sendo aceita pela
jurisprudência.
Questão 4 - D
Justificativa: “SISTEMA FINANCEIRO HABITACIONAL E PROCESSUAL CIVIL.
EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. SITUAÇÃO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. IMÓVEL
HIPOTECADO. LITÍGIO ACERCA DO DÉBITO. DIREITO À MORADIA.
Questão 5 - C
Justificativa: O particular que presta uma atividade econômica correlacionada
com serviços médicos e de saúde possui os mesmos deveres do Estado, ou
seja, prestar assistência médica integral aos consumidores de seus serviços,
entendimento esse que não se sustenta somente no texto constitucional ou no
Código de Defesa do Consumidor – CDC (Lei nº 8.078/90), mas,
principalmente, na lei de mercado (“quanto maior o lucro, maior também é o
risco”) (MINAS GERAIS. Tribunal de Alçada de Minas Gerais. Ap. Cív. nº
264.003-9, rel. Juíza Maria Elza, j. 10.02.99. In: JURISPRUDÊNCIA BRASILEIRA.
Cível e comércio. Planos de Saúde, 193. Curitiba: Juruá, 2002, p. 117).
Questão 6 - D
Justificativa: Conforme Artigo 393 do CC.
Questão 7 - C
Justificativa: A resposta se encontra no Artigo 403 do CC, que assim dispõe:
“Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só
incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e
imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”.
Questão 8 - D
Justificativa: O dano moral in re ipsa é o dano moral presumido.
Questão 10 - B
Justificativa: A expressão “perdas e danos” inclui os danos materiais (danos
emergentes e lucros cessantes, nos termos dos Artigos 402 a 404 do CC), bem
como danos morais (Artigo 5º, V e X, da CF).
Objetivo:
1. Analisar o contrato de adesão consumerista;
2. Analisar a revisão judicial dos contratos de consumo, em decorrência da
abusividade de suas cláusulas.
Assim, para a melhor doutrina, o contrato está situado na esfera dos direitos
pessoais, constituindo negócio jurídico bilateral e fonte principal do direito
obrigacional pelo qual as partes procuram regular direitos patrimoniais com
objetivos especificados pela vontade e pela composição de seus interesses.
Contrato de adesão
Vamos tratar da regra do contrato de adesão na esfera do direito do
consumidor, assim, convém a transcrição do Artigo 54 do CDC:
Atenção
É importante transcrever as palavras de Leonardo Garcia, quanto
ao diálogo normativo existente entre o Código Civil e o Código
de Defesa do Consumidor:
Além disso, não basta o destaque da cláusula limitativa, mas também se exige
a sua clareza semântica, uma vez ser o consumidor considerado
hipossuficiente. Havendo divergência interpretativa da cláusula, é cabível
aplicar a disposição do Artigo 47 do CDC: “As cláusulas contratuais serão
interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.
Atenção
O Código de Defesa do Consumidor permite a limitação de
direitos consumeristas, desde que a cláusula esteja em destaque
e não seja considerada abusiva. É também possível limitar a
indenização do consumidor, nos moldes do Artigo 51, I, do CDC,
desde que o consumidor seja pessoa jurídica e haja uma
situação que justifique, pois nessa negociação resta diminuída a
característica de hipossuficiência de uma das partes.
Artigo 51 do CDC
Vamos analisar a revisão judicial dos contratos de consumo, em decorrência da
abusividade de suas cláusulas.
Onerosidade excessiva
Como já visto na aula 1, no que diz respeito à relação de consumo, segundo
o STJ, configura hipótese de violação do Artigo 51, II e IV, do CDC, as
cláusulas contratuais que estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.
Nesse contexto, cabe ressaltar o disposto no Artigo 51, § 1º, III, do CDC,
que presume ser exagerada a vantagem que “se mostra excessivamente
onerosa para o consumidor”.
“Para que o consumidor tenha direito à revisão do contrato, basta que haja
onerosidade excessiva para ele, em decorrência de fato superveniente. Não há
necessidade de que esse fatos sejam extraordinários nem que sejam
imprevisíveis. As soluções da teoria da imprevisão, com o perfil que a ela é
dado pelo Código Civil italiano (Artigo 1.467) e pelo Código Civil brasileiro
(Artigo 478), não são suficientes para as soluções reclamadas nas relações de
consumo. Pela teoria da imprevisão, somente os fatos extraordinários e
imprevisíveis pelas partes por ocasião da formação do contrato é que
Atenção
As cláusulas restritivas do direito do consumidor devem ser
interpretadas da forma menos gravosa a ele, ou seja, mais
benéficas, visto não ser razoável que o segurado de plano de
saúde seja desamparado quando mais precise de tratamento
médico e hospitalar.
Tais situações não podem ser vistas de maneira isolada, mas de modo
contextualizado com a nova sistemática contratual e com os novos paradigmas
principiológicos.
Atividade proposta
CIVIL E PROCESSUAL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO. PLANO DE SAÚDE.
AIDS. EXCLUSÃO DE COBERTURA. CLÁUSULA POTESTATIVA. PRECEDENTES.
PROVIMENTO. I. É abusiva a cláusula contratual inserta em plano de
assistência à saúde que afasta a cobertura de tratamento da síndrome de
imunodeficiência adquirida (AIDS/SIDA).”
Referências
GARCIA, Leonardo de Medeiros. Direito do Consumidor – Código
Comentado e Jurisprudência. 7ª ed., rev., ampl. e atual. Niterói: Impetus,
2011.
NERY JR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil anotado. 2ª
ed. São Paulo, 2004.
Questão 2
Para o direito do consumidor, contrato pelo qual as cláusulas tenham sido
aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo
fornecedor de produtos ou serviços sem que o consumidor possa discutir ou
modificar substancialmente seu conteúdo é classificado como:
a) Contrato paritário
b) Contrato sinalagmático
c) Contrato aleatório
d) Contrato de adesão
Questão 3
Todas as assertivas a seguir evidenciam regras pertinentes à interpretação do
contrato de adesão consumerista, salvo:
a) Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis cujo tamanho da fonte não será inferior
ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
Questão 4
(TJPB – 2011 – CESPE – JUIZ) De acordo com o previsto no CDC, constitui
direito básico do consumidor:
a) A modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
excessivamente onerosas e que acarretem extrema vantagem para uma
das partes, no caso de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis.
b) A garantia de responsabilidade solidária no que se refere a ofensas
cometidas por mais de um autor, caso em que todos os envolvidos
deverão responder pela reparação dos danos previstos nas normas de
consumo, de acordo com sua culpabilidade.
c) A adequada, eficaz e contínua prestação dos serviços públicos em geral.
d) A facilitação da defesa dos seus direitos de consumidor, inclusive com a
inversão do ônus da prova a seu favor, no âmbito civil, quando o juiz
julgar procedente a alegação ou quando o consumidor for considerado
necessitado, de acordo com as regras ordinárias de experiência.
e) O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção
ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou
difusos, assegurada proteção jurídica, administrativa e técnica aos
necessitados.
Questão 5
(TJGO – FCC – 2012 – JUIZ) Marque a alternativa correta quanto ao Código de
Defesa do Consumidor:
Questão 6
(FCC – 2011 – DPE-RS – Defensor Público) Quanto ao equilíbrio dos contratos
de consumo, pode-se afirmar que:
a) Uma cláusula contratual considerada abusiva em um contrato de
consumo necessariamente o será também em um contrato civil, desde
que redigida em termos idênticos.
b) A cláusula abusiva será nula quando afetar o equilíbrio das prestações do
contrato, porém pode ser convalidada quando se trate de vício de
informação, desde que haja concordância das partes com a redução do
proveito do fornecedor.
c) A revisão dos contratos de consumo pode se dar em face da alteração de
circunstâncias, com a finalidade de proteção do consumidor, não se
exigindo que tal situação seja necessariamente desconhecida das partes.
d) Cláusula abusiva celebrada em contrato individual de consumo não pode
ter sua nulidade pronunciada em ação coletiva sem a anuência do
consumidor que é parte da contratação.
e) Não se reconhece a existência de cláusula surpresa se o consumidor leu,
no momento da contratação, os termos do instrumento contratual.
Questão 8
Pelo Artigo 51 do CDC, são nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços, salvo:
a) Permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de
maneira unilateral.
b) Estabeleçam inversão do ônus da prova em favor do consumidor.
c) Impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor
por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços.
d) Impliquem renúncia ou disposição de direitos pelo consumidor.
Questão 9
(TJMS – 2012 – PUC-PR – JUIZ) Acerca do direito de proteção ao consumidor,
assinale a opção CORRETA.
a) Na execução dos contratos de consumo, o juiz pode adotar toda e
qualquer medida para que seja obtido o efeito concreto pretendido pelas
partes, em caso de não cumprimento da oferta ou do contrato pelo
Questão 10
(TJMS – 2012 – PUC-PR – JUIZ) Em um contrato de consumo, é considerada
abusiva a cláusula que:
a) Estabelece a remessa do nome do consumidor inadimplente para bancos
de dados ou cadastros de consumidores.
b) Impossibilite a violação de norma ambiental.
c) Estabelece a inversão do ônus da prova em desfavor do fornecedor.
d) Transfere responsabilidades a terceiros.
e) Não permite ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço
de maneira unilateral.
Questão 2
Justificativa: Conforme Artigo 54 do CDC.
Questão 3 - C
Justificativa: Conforme Artigo 54, parágrafo 2º, do CDC.
Questão 4 - E
Justificativa: Conforme Artigo 6º do CDC.
Questão 5 - B
Justificativa: Conforme Artigo 1° do CDC: “O presente código estabelece
normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse
social, nos termos dos Artigos 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição
Federal e Artigo 48 de suas Disposições Transitórias”.
Questão 6 - C
Justificativa: Não há necessidade, no direito do consumidor, que haja fato
imprevisível e superveniente (Artigo 6º, V, CDC).
Questão 7 - A
Justificativa: Conforme entendimento majoritário do STJ, a inversão do ônus da
prova configura regra de instrução.
Questão 8 - B
Justificativa: Conforme Artigo 51, VI, do CDC.
Questão 10 - D
Justificativa: Conforme Artigo 51 do CDC.