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RESUMO
used and with strong basis on the literature is transcuta- remoção e/ou ataque às células malignas, sabe-se que
neous electric nerve stimulation. In addition, a more re- algumas dessas intervenções também afetam células de
cent method, electroacupuncture, has been described as tecidos saudáveis, desencadeando uma série de efeitos
an adjuvant for analgesia in cancer patients. deletérios que podem levar a debilitações agudas e crô-
CONCLUSION: There are very few studies published nicas em função da citotoxicidade6,7. Essas debilitações
in the last five years on the application of electrother- incluem uma redução na capacidade cardiorrespiratória,
apeutic means to relieve and / or control cancer pain. bem como outras questões relacionadas à diminuição
According to the analyzed literature, there is no consen- dos níveis de atividade física e nos níveis de dor7,8.
sus among authors about application ways and param- A estimulação elétrica vem sendo utilizada para alívio
eters, what suggests the need for further studies with da dor desde o Egito antigo, e há décadas vem sendo ci-
specific methodological designs to address this subject. tada na literatura como mais uma alternativa no controle
Keywords: Oncology, Pain, Physical therapy, Specialty. da dor associada ao câncer3. Por isso torna-se relevante
a busca na literatura a fim de elucidar e discutir a con-
INTRODUÇÃO tribuição que tal terapia não farmacológica, não inva-
siva, de custo acessível, fácil manuseio e com poucas
O controle da dor oncológica é um tema que tem desper- contraindicações possa oferecer aos pacientes oncológicos.
tado interesse e questionamentos na comunidade médica- Diante do exposto, o presente estudo teve por objetivo,
científica e, também, entre outros profissionais da saúde agrupar e atualizar conhecimentos em relação aos recur-
que lidam, diretamente, com o paciente oncológico1. sos eletroterapêuticos que têm sido empregados para alí-
A dor é uma experiência sensorial e emocional desagra- vio e/ou controle da dor oncológica.
dável, que é descrita em termos de lesões teciduais, reais
ou potenciais, considerada por muitos autores, o quinto CONTEÚDO
sinal vital, sendo a dor oncológica contribuinte para o
sofrimento em diversas dimensões: física, psicológica, A pesquisa da literatura foi realizada nas bases
social, espiritual e financeira2. A dor é sempre subjetiva de dados Medline, LILACS, Cochrane, P ubmed
e cada indivíduo aprende a utilizar este termo a partir de e Scielo, no período de janeiro de 2005 a janeiro
suas experiências prévias2. de 2010, cruzando os descritores electrotherapy, on-
A dor constitui o sintoma dominante na maioria dos pa- cologic pain, cancer, physical therapy, physiothera-
cientes com neoplasia. Atinge 50% no curso da doença, py e rehabilitation.
podendo estar presente em até 90% nas fases avançadas3. A busca foi limitada nas linguagens inglesa, espanhola
As escalas unidimensionais são mais frequentemente ou portuguesa, com estudos realizados com humanos
utilizadas como método para avaliar a dor do paciente adultos de 18 anos ou mais e que foram publicados nos
oncológico4. Por ser algo subjetivo, difícil de interpretar últimos cinco anos. Não foram incluídos na pesquisa re-
ou descrever, muitas vezes, a dor torna-se um sintoma sumos de dissertações ou teses acadêmicas.
subdiagnosticado e, por isso subtratado, sobretudo em Foi realizada uma análise de títulos e resumos para
pacientes com câncer, cujas variáveis psicológicas e ou- obtenção de estudos, sendo encontrados apenas cinco
tras comorbidades clínicas contribuem para a inadequa- artigos potencialmente relevantes.
da abordagem da dor e consequente redução da qualida-
de de vida (QV)3. Recursos eletroterapêuticos e dor oncológica
Atualmente as neoplasias malignas estão se tornando um A estimulação elétrica pode trazer inúmeros benefí-
problema de saúde pública dada sua crescente importân- cios quando indicada no controle da dor oncológica,
cia como causa de morbidade e mortalidade em todo o pois, com a redução da dor, o paciente aumenta o seu
mundo. Estima-se que, para o ano de 2020, o número de nível de função e atividade, pode participar de pro-
novos casos anuais seja da ordem de 15 milhões em todo gramas de exercícios físicos e melhorar a sua quali-
o mundo, e cerca de 60% desses ocorrerão nos países em dade de vida. É um recurso não invasivo e de fácil
desenvolvimento5. aplicação, que pode ser utilizado em pacientes jovens,
Os atuais métodos terapêuticos para o tratamento das adultos e idosos, com possibilidades de induzir anal-
neoplasias malignas incluem as ressecções cirúrgicas, gesia prolongada. Não provoca efeitos colaterais, tem
a radioterapia, a quimioterapia e a hormonioterapia6. pouquíssimas contraindicações e não apresenta custo
Embora muitos desses tratamentos sejam efetivos na elevado1.
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Pena, Barbosa e Ishikawa3 realizaram um estudo de re- ria controlada utilizada pelo paciente no segundo dia foi
visão não sistemática da literatura nacional buscando significativamente menor no grupo de eletroacupuntura
dados que demonstrassem como a estimulação elétrica (7,5 ± 5 mg versus 15,6 ± 12 mg, p < 0,05). Tal atraso
transcutânea do nervo (TENS) pode promover analge- do início da dor de controle pode estar relacionado à fre-
sia para casos de dor associados à doença oncológica. quência de eletroacupuntura usada. A eletroacupuntura
Os autores verificaram que há na literatura, vários sub- pode reduzir o uso de analgésico narcótico no pós-ope-
sídios que tentam explicar como a TENS pode atuar ratório precoce. Estudo aleatório prospectivo controlado
como adjuvante no controle da dor oncológica, porém, por meio de frequências diferentes de eletroacupuntura
concluem que muito se tem a discutir e descobrir sobre é garantido para verificar esse benefício10.
o real papel desta modalidade analgésica uma vez que Foi comparada a eficácia da TENS, eletroanalgesia espi-
a maioria dos estudos enfatiza que a dor associada ao nhal transcutânea (EET) e um placebo (sham TSE) em
câncer é multifatorial e, por isso, a grande dificuldade ensaio clínico aleatório controlado. A amostra foi com-
de encontrar comprovações científicas mais concretas posta por 41 pacientes com dor crônica após tratamento
para tal tratamento. de câncer de mama, e medidas de desfecho incluíram
Outro estudo de revisão da literatura nacional realizado relato de dor, alívio da dor, interferência da dor, ansie-
com objetivo de verificar os principais recursos fisio- dade e depressão, a mobilidade do braço e o consumo
terapêuticos utilizados no controle da dor oncológica de analgésicos. Há pouca evidência para sugerir que a
demonstrou que o tratamento com a TENS foi o que TENS ou EET foram mais eficazes que o placebo. Todas
apresentou resultados mais confiáveis, pois, o seu me- as três intervenções tiveram efeitos benéficos no relato
canismo analgésico de baixa frequência, é mediado por de dor e QV, uma descoberta que pode ser devido a me-
receptor do tipo m., o mesmo receptor que medeia a lhoras tanto psicofísicas resultantes da interação pessoal
ação analgésica da morfina. Existem poucos estudos envolvida no tratamento ou resposta placebo. Embora a
controlados sobre a eficácia dos recursos fisioterapêu- estimulação elétrica parecer ser bem tolerada nessa po-
ticos no controle da dor oncológica, por isso, não exis- pulação, são necessárias mais pesquisas para comprovar
tem evidências suficientes para recomendar ou rejeitar a sua eficácia para a dor oncológica crônica relacionada
a utilização desses recursos no controle da dor do pa- com o tratamento11.
ciente com câncer1. Estudo aleatório, controlado, cruzado e duplamente enco-
Estudo piloto para avaliar o papel da eletroacupuntura berto, com eletroacupuntura (EA) versus placebo (sham)
na gestão do início da dor pós-toracotomia, mostrou que foi realizado em pacientes que, foram observados com
de um total de 27 pacientes com carcinoma do pulmão avaliação de sintomas e sinais neuropáticos e escala de
de não pequenas células operável que receberam toraco- dor antes da sua inclusão no estudo. O instrumento uti-
tomia foi recrutado e aleatorizado para receber eletroa- lizado para avaliação é validado e seu objetivo é ajudar
cupuntura ou acupuntura simulada em adição à rotina a mostrar se a dor neuropática é predominantemente (se
de analgésicos orais e controlados pelo paciente por via os pacientes obtiverem uma pontuação de 12 ou mais).
venosa para controle analgésico da dor pós-operatória10. Os pacientes foram incluídos no estudo se tivessem cân-
Todos os pacientes receberam acupuntura duas vezes por cer, os sintomas da dor neuropática por um mês ou mais,
dia e a dor foi registrada com a escala analógica visual se não receberam tratamento modificando a doença e se
(EAV) nos primeiros sete dias pós-operatórios. Analge- não tinham alterações produzidas por medicamentos nas
sia controlada pelo paciente foi utilizada para os três pri- últimas duas semanas. Pacientes com prognóstico cur-
meiros dias de pós-operatório em todos os pacientes, e a to (como indicado pela diminuição do desempenho ou
dose cumulativa usada foi registrada. indicadores clínicos) e que não foram capazes de com-
Dois pacientes foram excluídos após a aleatorização por pletar as 16 semanas do protocolo de tratamento, foram
causa de complicações não relacionadas à acupuntura. excluídos do estudo12.
Intervenções e coleta de dados foram concluídas para os Os pacientes que consentiram foram aleatorizados
25 pacientes restantes (13 no grupo eletroacupuntura, 12 para receber EA ou tratamento sham. Os participantes
no grupo acupuntura sham). Houve uma tendência de receberam uma sessão de tratamento semanal de 30
baixos escores de dor pela EAV no grupo eletroacupun- minutos de duração determinado durante seis sema-
tura entre o segundo e sexto dias pós-operatórios, embo- nas. Houve então um período de interrupção de quatro
ra este não tenha alcançado significância estatística. A semanas e entrada no grupo de tratamento, correspon-
dose cumulativa de morfina para analgesia pós-operató- dentes a um tratamento de seis semanas adicionais.
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