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O Capítulo 9 começa com uma coisa que a

maioria de nós já sentiu, o amor romântico.


A discussão descreve a especificidade sócio-
histórica do amor romântico e a aceitação do amor
como a base legítima do casamento.
A ideia de que um bom relacionamento é aquele
entre iguais, baseado na comunicação emocional
ou intimidade, talvez seja predominante no
discurso Ocidental, mas está longe de ser
universal.
O capítulo apresenta os conceitos básicos pelos
quais os cientistas sociais discutem formas de
família, parentesco e casamento, introduzindo
as categorias padronizadas de família nuclear,
família ampliada, monogamia, poligamia,
poliginia e poliandria.
Embora as formas de família não sejam estáticas,
tendemos a ter uma visão fixa e idealizada da
família, que combina o que ela é com o que
deveria ser, com base em alguma comparação
com a era dourada do passado.
Uma visão histórica, usando o trabalho de
Lawrence Stone, considera as mudanças na
constituição das famílias europeias, das formas
pré-modernas à dominância contemporânea do
individualismo afetivo.

Os padrões familiares têm mudado ao redor do


mundo, com uma erosão da influência de grupos
de parentesco e tendências gerais para o
individualismo, a liberdade sexual e os direitos da
criança.
Nas sociedades Ocidentais, o casamento é
contraído com base na monogamia serial, sendo
identificado como a base da família. Ele se
caracteriza por uma herança patrilinear (ao
contrário da matrilinear) e pela residência
neolocal da unidade nuclear com conexões com
um grupo mais amplo de parentes.
Therborn identifica cinco tipos familiares principais
no século XX, estruturados pelos três elementos
principais:
• dominância masculina;
• casamento/não casamento no controle do
comportamento sexual;
• medidas de controle de natalidade para regular
a fertilidade.
A desigualdade na família é persistente e moldada
por desequilíbrios generificados no trabalho
doméstico, no cuidado e no trabalho emocional.
A violência íntima é causada muito mais por
homens sobre mulheres e crianças, onde grande
parte do abuso infantil sexualizado também é
incesto.
No âmbito global, a violência doméstica contra a
mulher parece estar aumentando. As taxas de
divórcio estão crescendo, à medida que as
mulheres se tornam menos dependentes
economicamente dos homens, o estigma social
ligado ao divórcio evapora e o desejo por um
relacionamento emocionalmente gratificante se
torna uma aspiração amparada pela sociedade.
Entre as décadas de 1930 a 1970, o tema do pai
ausente se tornou proeminente, pois os pais
estavam ocupados no papel de provedores e,
muitas vezes, também, em papéis militares.
Atualmente, a preocupação política e moral gira
em torno de pais que, como resultado da
separação, têm contato infrequente com seus
filhos.
O autor norte-americano David Blakenhorn
promove uma nova versão do conservadorismo
moral, argumentando que a erosão do papel social
do pai tem efeitos sociais profundos para pais e
filhos: os filhos sem pai se perdem porque não
têm uma figura de autoridade, e os pais se
perdem porque, pela falta de um canal para suas
energias sexuais e agressivas, se voltam para a
criminalidade e a violência.
Atualmente, mais de 40% dos casamentos
envolvem pelo menos uma pessoa que já foi
casada. Acredita-se que as famílias
reconstituídas sejam oportunidades excelentes
para novos padrões de relacionamentos parentais
e familiares.
Alguns autores hoje falam de famílias
binucleares para descrever essas novas formas
de famílias; está claro que, mesmo que os
casamentos sejam rompidos pelo divórcio, as
famílias como um todo não são.
Um estudo sobre pais separados e divorciados,
realizado por Carol Smart e Bren Neale, mostra
relacionamentos fluidos entre os pais e entre pais
e filhos.
Esses pais negociam novos relacionamentos com
os filhos e adotam uma moralidade de cuidado,
tomando decisões com base em seu melhor juízo
sobre o que é melhor a fazer para a criança em
cada momento.
Uma alternativa ao casamento é a coabitação.
Esse padrão é tão difundido que talvez seja
melhor pensar nos relacionamentos
heterossexuais em termos da formação e
separação de casais, ao invés de enfatizar a
significância do casamento formal.
Os casais jovens, sejam unidos em matrimônio ou
coabitação, enfatizam que o seu vínculo é um
compromisso assumido livremente, ao passo que
a geração dos seus pais enfatizava a significância
de obrigações e deveres.
Três perspectivas teóricas são consideradas em
relação à família: o funcionalismo, o feminismo
e aquelas abordagens associadas aos teóricos do
risco e da sociedade pós-tradicional, preocupados
em localizar a análise da família dentro de uma
análise mais ampla de mudanças globalizantes e
modernizantes.
O funcionalismo de Parsons e Bales trabalha
com as funções de socialização primária e
estabilização da personalidade e a divisão
instrumental/afetiva do trabalho entre o casal.
A abordagem é avaliada como um produto do seu
tempo e também como normativa com relação a
um ideal da “classe média branca”.
As abordagens feministas ao problema sem nome
são bem recebidas, como um corretivo para as
idealizações anteriores da família. Os três temas
principais identificados na análise feminista são: a
divisão doméstica do trabalho com base no
modelo do homem como provedor; a violência
doméstica e abuso sexual; e atividades de
cuidado e trabalho emocional.
As relações de poder desiguais (risco) dentro da
família significam que alguns membros se
beneficiam mais do que outros com esses arranjos
e que uma fonte de conforto e amor para alguns
pode ser um lugar de exploração para outros.
Giddens fundamenta-se em seu próprio trabalho,
bem como no de Ulrich Beck e Elisabeth
Beck‐Gernsheim e Zygmunt, para um estudo
sobre a família e a intimidade.

Esse estudo localiza os novos padrões de família


e relacionamento (divórcio, monopaternidade,
famílias reconstituídas, famílias homossexuais,
coabitação) no contexto da modernização
globalizante.
Giddens argumenta que o ideal dominante se
torna o relacionamento puro – aquele em que os
parceiros permanecem por tanto tempo porque as
necessidades de cada um são satisfeitas em um
grau suficiente.
Isso se caracteriza pela sexualidade plástica, a
sexualidade separada da reprodução e do
casamento; pela reflexividade social, o ato
autoconsciente de escolher com quem se quer
estar; e o amor confluente, o amor que (ao
contrário da ideia de amor romântico) aceita ser
contingente e possivelmente temporário.
Ulrich Beck e Elisabeth Beck‐Gernsheim
enfatizam que a maior escolha e variedade nos
relacionamentos podem ser consideradas questão
de hábito e que todos os elementos de um
relacionamento estão constantemente abertos
para negociação.
O amor, segundo argumentam, passou a ocupar
um lugar bastante central nas sociedades
modernas, pois é o antídoto percebido para a
natureza impessoal, abstrata e tão inconstante do
resto da vida moderna. Mesmo com o crescimento
da indústria do aconselhamento, grupos de auto-
ajuda e outros que regulam as vidas pessoais, o
amor é considerado uma expressão autêntica do
self e uma nova fonte de fé.
A noção do amor líquido de Zygmunt Bauman
enfatiza as tensões inerentes à individualização, à
medida que as pessoas alternam-se entre o
desejo de liberdade pessoal e a necessidade de
segurança.

Carol Smart discorda das teorias contemporâneas


argumentando que a vida pessoal é um conceito
mais realista para explicar como as pessoas
mantêm suas conexões com outras pessoas, por
meio de memórias compartilhadas e tradições que
geram significados.
EXEMPLO DE AULA

A busca por intimidade

• Objetivo: Colocar os padrões contemporâneos


de vida pessoal no contexto da mudança social
e cultural.
Resultado: Ao final da aula, os alunos:

• 1. Citar três fontes de aconselhamento sobre


relações pessoais na sociedade Ocidental
contemporânea.
• 2. Entender que as mudanças nas formas
institucionais de vida pessoal estão
relacionadas com mudanças sociais mais
amplas.
• 3. Analisar a letra de uma canção como uma
representação contemporânea de
relacionamentos íntimos.
QUESTÕES PARA REFLEXÃO & DISCUSSÃO

• Todas as formas de família são aceitáveis


socialmente da mesma forma na Grã-Bretanha
moderna?

• Que vantagens emocionais, sociais e


econômicas a poliginia ou a poliandria poderiam
oferecer a mulheres e homens em uma
sociedade moderna?
• De que modo as taxas crescentes de divórcio
indicam que a relação de matrimônio se tornou
mais, e não menos, importante?

• O comportamento violento é um problema


relacionado com a personalidade individual ou
parte da estrutura da sociedade? Pode ser
ambos?

• Que medidas sociais podem ser adotadas para


reduzir os níveis de violência dentro das
famílias?
• O que é mais importante: proteger a privacidade
ou proteger as pessoas da violência?

• Quando as pessoas falam da volta aos valores


familiares, o que querem realmente dizer?

• O amor romântico é uma base segura para um


relacionamento duradouro?
• Os casamentos arranjados oferecem uma base
para a formação de um relacionamento
emocionalmente íntimo?

• É possível ter intimidade por escrito?

• À luz da diversidade contemporânea, qual é a


utilidade de se falar sobre ‘a família’ no
singular?
• De que modo os aspectos abusivos da vida em
família podem ser melhorados com mudanças
nas posições de homens e mulheres na
sociedade mais ampla?

• De que modo a busca contemporânea por amor


está ligada a mudanças mais amplas na
sociedade?

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