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O INDIVIDUO E A HUMANIDADE
De acordo com a ciência de hoje, sabe-se que cada átomo representa uma réplica do
universo. É um universo em si mesmo. Esse fator incorpora o mesmo princípio descrito
sobre o relacionamento entre a célula, o indivíduo e a humanidade. Mais uma vez, esses
conceitos podem, de início, ser apenas sentidos vagamente, como uma teoria que parece
ter validade. Quando se pensa neles profundamente, eles começam a assumir uma forma
mais definida e a se tornar concisos em sua estrutura, lógicos e equiparáveis a todos os
princípios e leis conhecidas no universo. Entretanto, uma profunda compreensão e
discernimento a este respeito, como acontece com qualquer outra realidade espiritual, só
pode advir do autoconhecimento.
Vamos agora dar uma olhada em uma comparação breve e geral entre o
desenvolvimento de um indivíduo e o da humanidade, coletivamente.
Ao bebê falta a consciência de seu ego, ou seja, não tem consciência de si mesmo,
nenhuma noção do eu. Tudo o que o bebê vivencia são impressões sensoriais – prazer
ou dor. Está completamente isolado em sua busca por seu próprio prazer sensorial. Não
pode ponderar o benefício duradouro ou a desvantagem do preço que ele próprio ou
outros possam ter que pagar para obter um prazer específico. Quer o que quer, a
qualquer preço. Em direta conexão com esse egocentrismo pueril, o bebê é dependente
de outros já que, nesse estado, não é capaz de cuidar de si mesmo.
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precisou se dar conta muito cedo de que, de outra forma, a sobrevivência não seria
possível.
Essa fase pode ser comparada a uma criança que cresce e entra na idade escolar. Ela
também precisa aprender a refrear seus instintos antissociais a fim de se entender com
os outros e de ser aceita. Quanto mais velha ela fica, mais desenvolve uma noção de eu.
Ainda que a princípio isso pareça paradoxal, quanto mais consciente de si mesmo o
indivíduo se torna, mais interesse ele desenvolve pelos outros. Mais uma vez, fica
comprovada a profunda interconexão entre o eu e os outros. Os medos profundos do
homem resultam de sua igualmente profunda convicção de que ele e os outros estão em
duas facções opostas. Assim que o homem se der conta de que ele e os outros são um,
seus problemas terão fim. As primeiras tentativas rudimentares de inclusão dos outros –
tanto pelo indivíduo quanto pela humanidade como um todo – foram ditadas pela
necessidade e não teriam podido, em um primeiro momento, ser incitadas por
sentimentos autênticos. O instinto de autopreservação força o homem, por assim dizer, a
reduzir o seu egoísmo e a encontrar a verdade do amor. Mas essas primeiras etapas eram
muito rudimentares. A crueldade e a brutalidade do homem primitivo excedia, de longe,
qualquer dose existente hoje em dia Se o homem primitivo possuísse a engenhosidade
intelectual do homem moderno, a humanidade teria se exterminado muito tempo atrás.
Tem sido como colocar uma arma carregada nas mãos de um bebê. Essas mentes
primitivas tiveram que inventar deuses cruéis e vingativos, quase que como uma
proteção contra seus próprios instintos destrutivos.
Por um longo tempo, a sociedade foi regida pelo domínio dos indivíduos mais fortes
sobre os mais fracos. Nesse estágio, a humanidade precisou dessa forma de ordem e de
governo. Idealmente, os poucos indivíduos espiritualmente mais evoluídos deveriam ter
assumido o governo, com justiça, responsabilidade e preocupação pelos outros. Seu
poder superior seria justificado somente se suas qualidades espirituais estivessem
evoluindo de acordo, sendo sua maturidade emocional e espiritual adequada à posição
de um governante. A história nos mostra que esse não foi sempre o caso. Houve muitas
ocasiões em que indivíduos verdadeiramente infantis assumiram o poder por meio da
força bruta. Puderam manter as massas sob controle por um tempo limitado, mas, por
fim, o resultado eram guerras, revoluções, derramamento de sangue, cujo efeito eram
pobreza e doença. Esses resultados muito deploráveis eram a única maneira de a
humanidade aprender melhor como um todo. Eles a forçavam a pensar, a sondar, a olhar
além da superfície, a prontificar-se a deixar a preguiça por ações mais intencionais.
Não é coincidência que os recursos ocultos do mundo, com os seus imensos poderes e
todos os avanços técnicos deles derivados, não puderam ser encontrados pela
humanidade em um período quando não teria sido possível a ela ter maturidade
suficiente para lidar com tais poderes. Elas não os poderia ter utilizado, pois lhe faltava
maturidade em geral. Não se trata de uma divindade personificada que arbitrariamente
decidiu não “permitir que o homem encontrasse” aquilo que existe no universo. Em vez
disso, o mesmo mecanismo minuciosamente regulador de que falamos anteriormente
em outras conexões – o eu real da humanidade – determina aproximadamente a
extensão do desenvolvimento, mantendo-o mais ou menos em equilíbrio. Logicamente,
é preciso que haja alguma liberdade de movimento, alguma rédea solta. É essa margem
extra, necessária à própria escolha e ao livre crescimento, que pode ocasional e
esporadicamente pôr em risco a existência exterior do homem. Hoje, “a humanidade
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A criança, ao chegar à idade escolar, começa aprender a ter consideração pelos outros,
se relacionando com os outros em um nível de maior igualdade do que tinha no
relacionamento com os pais. Além disso, começa a acumular conhecimento intelectual.
Em outras palavras, as camadas intelectual e, em menor grau, emocional, estão
começando a entrar em jogo. O mesmo se aplica aos primeiros períodos da história. A
humanidade aprendeu muito, do ponto de vista intelectual. Seu desenvolvimento
emocional é, como acontece com a criança, menos evidente.
Essas fases definidas do crescimento são, com frequência, marcadas por crises, devido
ao antagonismo da entidade com relação à fase seguinte. A resistência contra o novo
estágio e seus requisitos é, muitas vezes, inconsciente. Com frequência, a entidade tende
à maior liberdade do novo estado, ao mesmo tempo em que teme e resiste ao que
parecem ser cadeias indesejáveis de obrigações. Desses conceitos errôneos, com suas
motivações e metas conflitantes, nasce a crise. Se tais atitudes estiverem profundamente
incorporadas à psique de entidade, seu nascimento será um esforço maior do que
quando a psique está relativamente livre. Puberdade, menopausa, morte – cada uma
dessas fases óbvias e aparentes pode se caracterizar pela crise, ou ser relativamente
amena, dependendo de a entidade “nadar a favor da corrente” ou não. Logicamente, há
numerosas outras transições e fases do crescimento, normalmente não observadas, que
se aplicam somente ao ritmo de crescimento de cada indivíduo, quando a mesma lei se
aplica.
Mas essa voz interior ainda não penetrou por completo nem atingiu a consciência
superficial, ainda não tendo descoberto propriamente como atingir a maturidade com
sucesso.
A maioria das pessoas se dá conta, vez por outra, de quão fútil é tentar solucionar um
problema ou compreender uma confusão valendo-se de sua aparência externa. É
somente quando se chega às raízes – por mais difícil que isso possa parecer de início,
visto que geralmente requer uma honestidade rigorosa consigo mesmo – que o cerne do
problema pode ser verdadeiramente encontrado e sua causa compreendida, o que
permite solucionar o problema. Caso contrário, a solução será efêmera. O problema
voltará a se manifestar, mais forte que nunca, talvez sob uma aparência distinta.
Encontrar uma solução é a única maneira de uma pessoa poder viver em paz consigo
mesma e, assim, com tudo que a cerca. O resultado de superar a resistência que
normalmente acompanha tal abordagem, devido à possibilidade de ser preciso enfrentar
um fator indesejável no próprio eu, é cem vezes mais valioso do que o preço a pagar por
ele.
Se a humanidade desejar viver em paz, ela também deverá aprender a olhar além da
superfície de seus problemas, parar de culpar os outros e procurar um defeito em seu
próprio grupo, aplicar valores diferentes à maneira de lidar com seus interesses. Cada
nação precisa aprender o que cada vez mais indivíduos começam a aprender:
honestidade consigo mesmas, autoconfrontação, estiramento da mente a fim de abarcar
um sistema de valores mais profundo; vontade de enxergar a verdade essencial, em vez
da vontade de provar que sua própria posição está certa. A paz que cada pessoa que
segue este ou outro caminho de autorrealização semelhante vivencia após obter o
discernimento verdadeiro do eu em seu relacionamento com os outros e com o mundo,
poderá ser vivenciada pela humanidade. Quando cada nação, cada governo, analisar a si
mesmo com relação a suas próprias falhas, em vez de só e exaustivamente culpar o
outo, mesmo que o outro também esteja errado, os conflitos terão fim. Do mesmo modo
como o indivíduo pode aprender a reivindicar seus direitos eficazmente, estar ciente de
seus verdadeiros valores e livrar-se de sentimentos de culpa destrutivos e inibitórios que
permitem que ele seja explorado, somente quando pratica absoluta sinceridade consigo
mesmo, o mesmo se passa com as nações como um todo. Elas não se enfraquecerão
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quando falsas acusações forem feitas, se puderem encarar e corrigir suas próprias falhas.
Então, e somente então, elas se elevarão acima das duas alternativas igualmente
destrutivas e indesejáveis, que são se submeter à injustiça ou ser agressivamente
destrutivas.
Para que a humanidade como um todo atinja esse estado de paz e integração, as partes
que a compõem precisam fazer o mesmo. Nações, governos, grupos precisam crescer e
se desenvolver até atingir esse estado. Para que um grupo possa fazer isso, os indivíduos
precisam fazê-lo. No início, há alguns casos isolados. Mais tarde, mais deles. É um
processo que aumenta como uma bola de neve. Não há como perceber o efeito que o
crescimento dinâmico de uma pessoa tem sobre a humanidade como um todo. O raio de
sua influência, o campo da esfera de seu ser, se estende muito além do que a imaginação
pode visualizar. O poder do mundo invisível dos pensamentos, sentimentos, reações
emocionais, atitudes, tendências, expectativas, pontos de vista, costuma ser muito maior
do que o poder das palavras e ações. Nada é mais “contagioso” do que as atitudes
psicológicas e espirituais. Uma única pessoa que esteja na verdade, mesmo sem que
haja ações específicas como consequência de tal saber, exala um clima de verdade.
Talvez isso possa ser mais bem observado durante uma discussão, quando o
conhecimento desapegado e tranquilo de um participante induz o outro a pensar , a
desistir de seu comportamento hostil e belicoso. Independentemente de quão bem uma
discussão seja conduzida, se não for embasada pelo profundo conhecimento da verdade,
será difícil convencer os outros e disseminar a paz. Esse exemplo pode proporcionar
uma leve noção do efeito que uma pessoa tem em seu meio – meramente pelo que é,
como reage, sente, vivencia, conduz seus negócios, emana seu ser interior, seu
conhecimento da verdade; isso sem falar do exemplo que representa por sua paz,
contentamento, sua maneira de encarara vida. Cada pessoa que entra na órbita de tal
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indivíduo deve, até certo ponto, ser afetada. Alguns são conscientemente influenciados e
começam a emular os modos de tal professor, outros podem ser afetados tão fortemente
que, eles também, começam a se enveredar por esse caminho; outros ainda não podem
responder conscientemente, ainda que uma semente tenha sido plantada neles, vindo a
dar frutos somente muito tempo depois. E o ser modificado de cada pessoa afeta àqueles
que adentram sua esfera.
Aqueles que seguem uma estrada tão dinâmica, rápida e direta em direção ao
autodesenvolvimento como é este caminho – em contraste com o processo muito mais
gradual de meramente estar vivo e arranjar-se tão bem quanto possível, com frequência
estendendo-se por muitas encarnações em que as mesmas lições precisam ser
aprendidas muitas e muitas vezes repetidas – vivenciarão primeiro a satisfação de
endireitar sua próprias vidas. Pouco a pouco, o que era confuso, sem esperança,
doloroso, irrealizado, começará mudar para melhor. À medida que aprender a superar a
resistência inerente a encarar uma verdade desagradável, a desistir de atitudes
destrutivas, a mudar e crescer, o individuo descobrirá que o segredo da realização está
muito mais próximo de si do que ele pensava. Na verdade, tudo o que ele precisa e
deseja está bem aqui e agora mesmo. Ele simplesmente não podia se dar conta dessa
verdade, por estar encoberta por uma manifestação exterior errônea e por seu medo de
removê-la. Um conceito correto não desaparece porque um indivíduo vê apenas a sua
distorção. A verdade permanece intacta ao alcance das mãos. Não é preciso produzir a
verdade do nada ou de lugares longínquos. Ela está dentro do próprio individuo. Visto
que é verdade que o propósito do homem é a felicidade, que a Inteligência Cósmica
intenciona que ele tenha tudo que possa sonhar em sua realização gloriosa, tudo isso já
existe dentro dele. Tudo o que ele precisa fazer é remover a concepção errônea. Logo
atrás dela, na área não afetada pela dualidade, pelos limites do tempo tridimensional
com suas leis de causa e efeito, ele encontrará tudo o que jamais pode desejar.