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Desesperadamente
um Canalha
Resgatada da Ruína — Livro 03
Elisa Braden
SINOPSE
Desesperadamente à procura de um noivo...
20 de agosto de 1817
Keddlescombe, East Devonshire
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25 de agosto de 1817
Whitechapel
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Ela estava ali. Horas depois que ela e sua mãe tinham
desaparecido escada acima para aquecer e dormir, ele mal
podia acreditar. Quando escutou a senhora Poole dizer seu
nome, seu coração latente tinha começado a pulsar de novo.
Tinha retorcido dentro dele como uma faca ao ver seu rosto
pálido como o leite tingido de azul.
— Deveríamos partir para Londres logo que passe a tormenta
— disse Harrison. — É evidente que já esperamos muito
tempo, se ele te houver rastreado até aqui. — O irmão de
Colin estava perto de uma das janelas da sala de estar, com a
postura rígida sob um casaco escuro e as mãos entrelaçadas
atrás das costas.
Em certo modo pareciam-se, o duque de Blackmore era
igualmente loiro e só uma polegada mais alto, com os traços
refinados do lado da família de sua mãe.
Era um pouco mais pesado quanto aos ombros, mas ainda
estava construído ao longo das mesmas linhas magras, na
estimativa de Colin, aí era onde terminavam as semelhanças.
Durante anos tinham estado em desacordo, Harrison tinha
herdado grande parte da frieza de seu pai e o amor à
propriedade por causa dele, Colin deixou que o brandy e a
amargura fizessem a maior parte de seu pensamento. Só nos
últimos quatro meses tinham começado a reconciliar-se. Jane
ocupou-se disso.
— Não posso deixá-la para trás — Colin respondeu, passando
uma mão pelo cabelo. Era mais curto do que gostava, mas
depois de sua recaída com um surto de febre, tinha
necessitado da mudança. — Tampouco pode voltar para o seu
povoado, Syder a usará contra mim.
Harrison ficou em silêncio e quieto por um longo momento,
olhando a garoa do amanhecer sombrio.
— Ela te importa, então.
Nesse momento Colin se sentou no mesmo lugar que ela
havia ocupado à noite anterior, se não tivesse agredido o
senso de decoro de sua mãe, ele haveria acompanhado Sarah
escada acima, a teria visto banhar-se e logo dormir no frio
piso de seu dormitório, só para escutá-la respirar.
Isso era o muito que "importava-lhe". Ele manteve sua
resposta a um simples "sim", no entanto. Não tinha sentido
ficar piegas, particularmente quando Harrison estava
preocupado.
— Deseja levá-la a Londres. O que ela tem a dizer sobre isto?
Imediatamente o humor do Colin se obscureceu.
— Não tem sentido, ela virá conosco, isso é tudo.
Harrison simplesmente cantarolava uma resposta neutra,
mas pelo resto permaneceu calado.
— Sabe o que ela tinha planejado depois de entregar sua
mensagem aqui? — Colin escutou a indignação em sua
própria voz, e era só uma fração do que ele sentia. — Ela e
sua mãe iam conduzir aquela carruagem velha e
desmantelada até Bath. Bath! Sem um homem que a proteja e
pouco dinheiro para pagar a comida ou o refúgio, sem
mencionar a completa falta de segurança da parte de uma
prima ignorante de sua iminente chegada. Todo o assunto é
uma tolice de descerebrados!
Afastando-se da janela para olhar ao Colin, Harrison levantou
uma sobrancelha.
— Chancy, talvez. Entretanto, pelo que descreveu de suas
circunstâncias, não é totalmente sem mérito. Bath oferecerá
muito mais oportunidades de emprego ou matrimônio, se a
senhorita Battersby desejasse...
— Não.
Por um momento Harrison pareceu divertido, mas isso era
pouco provável. Seu sentido de humor era quase inexistente.
— Ela não deseja o matrimônio, então isso é surpreendente.
Seria o mais sensato...
— Não é um tema de debate, ela não irá a Bath. — Colin se
levantou do sofá e começou a caminhar. — Ela ficará aqui até
que passe a tormenta, se tiver que alimentá-la como a um
bebê, comerá o suficiente para lhe tirar o oco das bochechas.
— Talvez aquilo se convertera em algo inoportuno, mas ela o
estava deixando louco com seus planos ridículos. — Logo, ela
me acompanhará a Londres, onde comprarei alguns vestidos
adequados. Viu o que usa?
Harrison murmurou: — Não, não posso dizer...
— Trapos, isso é o que são, o que não está gasto se reparou
tantas vezes que é pouco mais que remendos. Seu pai morreu
faz seis semanas, ela está de luto, mas não pode pagar mais
que uma faixa negra para simbolizar sua perda, é
insustentável, Harrison.
O irmão de Colin não disse nada. Colin tomou isso como um
acordo.
— Não, até que Syder tenha sido tratado adequadamente, ela
seguirá sob meu cuidado e ela permanecerá perto, para que
eu possa garantir sua segurança.
— Muito bem — Harrison disse em voz baixa. — Quem
diremos que é ela? Os outros se perguntarão.
Colin se deteve junto a uma das cadeiras de veludo, Colin
assentiu com a cabeça.
— Pensei muito nisto.
— Esperava-o.
— A apresentaremos como minha prometida.
Silêncio.
— Não é tão escandaloso como soa.
Mais silêncio, Colin reatou o ritmo.
— Esta solução oferece muitas vantagens, como minha
prometida, ela teria todos os motivos para acompanhar a
nossa família a Londres. Mas estão de luto, por isso não se
espera que vão à maioria das funções da sociedade, sua mãe
deve atuar naturalmente como sua acompanhante, o que
explica a presença da Sra. Battersby bastante bem.
— Seu plano requererá que a senhorita Battersby e sua mãe
sejam cúmplices em uma elaborada farsa. Isso não te
preocupa?
Uma vez mais Colin se deteve, desta vez dando ao seu irmão
um amplo sorriso.
— Ah, mas aí está o brilho disso, Harrison. Já o fizeram. —
Brevemente ele explicou a enganação que ele e Sarah tinham
levado a cabo em sua aldeia. — Então, verá, ela não pode se
objetar.
Harrison se tomou um momento para responder.
— Não estaria muito seguro, as mulheres podem ser
temperamentais.
As portas do salão se abriram para entrada da esposa do
Harrison, Jane. Por todos os direitos, a maioria dos homens a
despediriam de primeira vista, já que era baixa, com óculos,
com o lado generosamente arredondado e singelo.
Entretanto, como Colin tinha visto enquanto assegurava sua
amizade, ela também era bastante extraordinária.
— Isto, cavalheiros, parece perigosamente como conspiração.
— Sorriu amplamente, suas covinhas brilhando, seus olhos
escuros iluminados. — Devo insistir em ser incluída.
— Não há conspiração, asseguro-lhe isso, duquesa — disse
Colin com uma piscada. — Simplesmente a eclosão de uma
trama tortuosa, as diferenças são sutis, mas vale a pena as
assinalar.
Ela foi primeiro ao Harrison, ficou nas pontas dos pés para o
beijar e logo cruzou a habitação para apertar as mãos do
Colin e lhe dar um sorriso para aquece-lo.
— Concordo, ainda assim eu gostaria de ser incluída.
— Será — Harrison respondeu soando algo sombrio. — Não se
pode evitar.
— Excelente — disse alegremente, voltando-se para o Colin.
— Como se sente esta manhã? Parece não ter dormido, me
preocupa, já sabe.
Quando Harrison e Jane tinham chegado semanas atrás, ele
estava no processo de recuperar sua força depois de uma
longa febre e uma luta para curar-se completamente. Sua má
saúde tinha atrasado sua viagem a Londres, um fato pelo
qual agora estava agradecido. Do contrário, poderia haver
perdido Sarah.
— Estou bastante bem — assegurou à Jane. — Melhor do que
posso recordar haver estado em muito tempo, de fato
possivelmente Harrison te explique o acontecido e lhe relate
sobre os nossos planos. Se me desculparem, devo falar com a
senhora Poole sobre o café da manhã.
Ele apertou seus dedos e beijou sua bochecha enquanto ela
se engasgava de surpresa, logo saiu do salão para procurar a
governanta. Encontrou-a na sala de café da manhã
conversando com o mordomo sobre o serviço de café da
manhã.
— Ah, senhora Poole e Underwood, também. Excelente!
O mordomo inclinou a cabeça e ambos murmuraram: — Meu
senhor.
— Necessitarei de uma bandeja preparada para cada uma de
nossas hóspedes, não economizem, quero um complemento
total das ofertas de Cook, todo o melhor, entendido?
Os criados se sobressaltaram um pouco, mas assentiram.
— Senhora Poole, pode entregar uma bandeja à antecâmara
da senhora Battersby, mas eu entregarei a outra
pessoalmente.
— Oh! Er... sim, meu senhor.
Underwood, mais acostumado a dissimular seu desconforto,
adicionou brandamente.
— Agora mesmo pedirei aos lacaios que preparem as
bandejas, meu senhor.
— Muito bem, leve à minha habitação quando estiver
preparada.
Com isso, quase correu pelas escadas principais para seu
quarto de vestir, apressou-se através de um barbeado rápido
e uma mudança de roupa, ensaiou em sua mente o que diria
a ela. Não devia deixar que o contrariasse, seu obstinado
orgulho bem que poderia impedir que aceitasse seu plano.
Mas ele não podia permitir, ela devia estar de acordo.
Um golpe soou na porta, agradeceu ao lacaio e admirou a
minuciosidade de Underwood e da senhora Poole, a bandeja
estava cheia de pão, ovos ao vapor, presunto, toucinho,
pãezinhos, geleia e mais muito mais. Sorrindo, levou— a pelo
longo corredor até a porta de Sarah, golpeou firmemente duas
vezes e escutou sua resposta.
Um suave, "Entre", ampliou seu sorriso ainda mais. Abriu a
porta de par em par, entrando com confiança. Deteve-se.
Deixou que a porta se fechasse atrás dele, seu fôlego o deixou
na mão.
Estava sentada em um toucador delicado quando o olhou
sobre os ombros, só lhe foi permitido vislumbrar um
resquício, era magnífico. Fios em espiral de mel castanho
dourado, exuberante, profundo e selvagem derramavam-se ao
longo de suas costas. Os cachos que tinha lutado por conter
durante muito tempo se desataram sobre seus sentidos,
queria enterrar seu rosto neles, agarrá-los com suas mãos
enquanto se conduzia para dentro de seu corpo.
A xícara de chá na bandeja estralava contra seu pires. Voltou
a cabeça até que seus olhos, aqueles olhos cor mel,
encontraram-se com os dele e se acenderam de surpresa.
— O que?… meu... meu senhor. — Ela se queixou com sua
bata branca, puxando-a com mais força sobre seu seio.
Queria desembrulhá-la como um presente.
— A que devo esta visita? Aconteceu alguma coisa?
Sim. Algo tinha acontecido, o sangue tinha subido ao seu
pênis e o tinha convertido em pedra, a luxúria tinha enchido
sua cabeça como a névoa de Devonshire, espessa e
impenetrável. Não conseguia ver sua saída.
— Isso é para mim?
Uma pergunta tão inocente, de fato, tudo o que tinha era para
ela. Seu pênis, seus lábios, suas mãos e sua língua, tudo
dela, só para ela.
— Cheira celestialmente — Ela se levantou e se aproximou
dele, pegou a bandeja de suas mãos e a colocou sobre uma
pequena mesa com tampo de mármore entre duas cadeiras.
— Quanta comida! É muito mais do que poderei comer, mas
agradeço sua entrega. A senhora Poole estava muito ocupada?
Dirigir uma casa pode ser muito exigente, especialmente à
primeira hora da manhã.
Seu bate-papo lhe deu tempo para deixar que a razão
penetrasse nele. O que era bom.
Necessitava de seu engenho sobre ele.
— Trouxe-o para poder falar contigo. Sozinho. — Limpou
garganta. — Comerá tudo.
Lançou-lhe um olhar duvidoso sobre seu ombro.
— Tudo? Lorde Colin, isto é mais comida do que normalmente
como em três dias, sem importar quão apetecível seja.
— Vamos prescindir do 'senhor'. Sou Colin. Além disso,
ilustrou meu ponto com precisão, não come o suficiente, e
isso mudará aqui e agora.
Ela soprou meio rindo.
— Fará?
— Sim, está muito magra, mulher, sem nada que oculte seus
ossos mais que um vestido puído.
Sarah ficou quieta, sua expressão passou do sorriso para o
vazio, com os braços cruzados sobre seu abdômen.
— Entendi — disse em voz baixa. — Isso é tudo?
— Não, não é. Você e sua mãe me acompanharão a Londres,
iremos depois que acabe a tormenta e as estradas se secarem
um pouco.
Ela não disse nada, seu dedo agora tocava seu cotovelo
ritmicamente.
— Uma vez em Londres, comprarei vestidos novos para ti, já
que os teus são miseráveis. Vi tecidos melhores usados como
bolsas de viagem. — Talvez ele pudesse ter expressado as
coisas mais diplomaticamente, mas não tinha tempo de voltar
atrás. Ele devia deixar sua posição em termos claros. Sua
posição era ao seu lado, e isso era definitivo. — Ficará na
casa da minha família, onde comerá, descansará e evitará o
trabalho de qualquer tipo.
Seu rosto, tão pequeno e pálido, estava rodeado por aquela
espiral de cachos, adquirindo um aspecto claramente
obstinado. Seu queixo levantou uma fração, seus lábios
apertados e planos. Se ele não soubesse melhor, suspeitaria
que ela estava disposta a contradizê-lo com uma força
significativa. Em troca, o dedo que golpeava aumentava sua
cadência.
Seguiu adiante.
— Depois que a ameaça à sua segurança tenha sido
eliminada, podemos discutir onde viverão você e sua mãe. Até
então, ficará comigo.
— Terminou?
— Além de alguns detalhes, sim.
— Me perdoe, meu senhor, mas temo que tenha julgado mal a
situação.
Cruzou os braços sobre o peito.
— Ah, sim?
— Mmm. Me recorde outra vez a quem o Sr. Syder está
perseguindo. Era a ti, não?
— Bom, sim, mas...
— Qualquer pessoa que esteja perto de você deve, portanto,
correr um maior risco, não menos.
— Não entende...
— Além disso, fiz todo o possível para evitar que caísse em
suas mãos. Não uma, mas sim duas vezes.
— Sarah, sabe que estou agradecido...
— Então, o que te dá licença para ditar minhas decisões? Não
te devo nada, já que não sou sua criada, nem há uma relação
para que possa me ordenar, em todo caso, me deve uma.
Abriu a boca para discutir esse ponto preciso, devia-lhe, mas
ela uma vez mais ficou diante dele.
— Além disso, se me inclinasse a aceitar suas demandas, que
razão teria sua família para acolher a viúva e a filha
empobrecidas de um vigário de povoado? Afirmamos que
estou fazendo uma audição para o papel de professora?
Suponho que o duque de Blackmore desfrute de um contato
muito mais amigável com seus serventes e seus familiares do
que é habitual ou, possivelmente, somos primos perdidos faz
tempo, pedindo caridade de nossos...
— Será minha prometida — disse com calma, querendo que
ela percebesse sua resolução. — Sua mãe será sua
acompanhante.
Sua boca se abriu, seu peito teve trabalho com a respiração.
Aproveitou a oportunidade para oferecer a verdade, talvez isso
a convencesse.
— Dirigimo-nos à Londres para que possa ajudar a desarmar
ele e o seu império. Tínhamos a intenção de que minha
presença pública atraísse o Syder, o incomodasse para que
pudesse tornar-se... descuidado. Tem razão, ele está me
perseguindo, chegou tão longe como eu estou disposto a ir
com a ajuda do meu irmão, tomarei todas as precauções. Me
rodearei de guardas, minha família e do beau monde para
que, se se voltar tão audaz para me atacar, certamente estará
guardando seu próprio ingresso à forca. — Colin deu dois
passos para ela e logo se deteve. — Esse era nosso plano
antes que te encontrasse, está claro que agora sabe de sua
importância para mim.
Um pequeno cenho se franziu.
— Pretende atuar como isca? A que se refere com
importância?
— Uma vez que soube de nossa conexão, supôs que eu te
daria minha localização. — Ela fungou.
— Bom, não a mim, precisamente a deu à minha mãe.
Colin ignorou seu sarcasmo e a acusação, já que não
significava muito. Ele tinha estado tratando de protegê-la do
Syder enquanto se assegurava de que ele fosse informado se
ela alguma vez o necessitasse.
— Estou seguro de que pretendia te seguir até mim. A
tormenta ocultou seu rastro. Entretanto, a próxima vez que
viaje à Bath ou retorne à Keddlescombe, vá a qualquer parte,
a encontrará por sua conta. E vai ferir-te.
Sua boca trabalhava, seus olhos procuravam e
desconcertavam.
— Com que fim? Agora que conheço sua estratégia, dir-lhe-ia
de boa vontade a verdade, que planejou viajar a Londres.
Sacudindo sua cabeça, respondeu: — Dentro de uns dias
saberá que estou em Londres, saberá sobre as medidas que
tomei para me pôr além de seu alcance. Ele procurará acabar
comigo, não te verei machucada.
O sulco sobre a ponte de seu nariz se aprofundou e seus
lábios se franziram.
— Então, sua solução é que deveríamos fingir um
compromisso. Outra vez.
— Sim — ele suspirou, aliviado de que ela enfim viu a razão.
— Entendeu. — Logo lhe dirigiu um meio sorriso, recordando
outra proposta, outro acordo entre ele e Sarah Battersby. —
Como antes, seremos um para o outro, temporariamente, é
claro.
— Perdeu por completo seus sentidos. — Ela soprou as
palavras, sua cabeça tremia em negação.
— Para onde mais pode ir, Sarah? Me perdoe, mas você e sua
mãe estão bastante desamparadas.
— Eu... vou encontrar uma posição uma vez que esteja
estabelecida em algum lugar, só será uma questão de tempo.
— O tempo que você não comprou com recursos que não tem.
Seus olhos se estreitaram, seu orgulho se acendeu.
— O irmão de um duque não pode ser prometido a alguém
como eu, simplesmente é um fato.
Podia ver que sua vontade se elevaria contra ele, resistindo
além da última gota de razão, o entendeu, mas não podia
permiti-lo.
Ela não devia negar-se a isto, o medo se acumulou em suas
vísceras, onde se mesclava com o desejo que havia sentido
desde o começo. A convencerei de que fique comigo, mesmo se
tiver que seduzi-la para que aceite.
Resolvido, ele fechou a distância entre eles, aproximou-se até
que cheirou flores silvestres em seu cabelo, observou seus
olhos brilhar e fundir-se em sua mente, tirar-lhe a roupa
branca de seu corpo e passar a língua... por toda parte, sobre
mamilos com pele aveludada e ocos sombrios, ele tinha
sonhado. Quando lhe chegou a febre, quando estava
destroçado. Cada vez que fechava os olhos, às vezes, quando
olhava para a escuridão, não conseguia dormir por falta dela.
Observou como sua garganta se agitava, seus doces seios se
elevavam mais rápido com sua respiração.
— Com que facilidade se esquece, senhorita Battersby.
— Não — ela sussurrou, seus olhos afogando-o. — Não
esqueci nada, em nem um momento.
Sentiu um lento e cálido sorriso curvar seus lábios.
— Então recorda que me importa pouco a convenção.
— Ninguém acreditará, eu e você, é absurdo. — Soava sem
fôlego.
Ao cercar-se dela, esperava que ela se retirasse, mas ela não o
fez, deixou que seu nariz tocasse e acariciasse os cachos em
sua têmpora, respirou mais seu aroma. Devia ser sabão
proporcionado pela Sra. Poole. Mas nela era intoxicante, como
estar em um prado da primavera de sinos e trevos, verdes,
selvagens e doces.
— Saberão que é verdade — murmurou. Incapaz de lutar por
mais tempo com a necessidade, ele percorreu sua bochecha
ao longo da dela, sentindo que seus amaciados cachos lhe
amorteciam o passo, manteve suas mãos aos flancos, melhor
não ceder à tentação.
— P-porque o diz?
Seus lábios roçaram os dela tão fracamente como a luz da lua
em um parapeito. Seus olhos se fecharam, seu queixo
inclinando-se mais para cima.
— Porque — ele respirou contra sua boca separada antes de
retirar-se lentamente, deixando que um de seus cachos se
enganchasse em sua bochecha e saísse. — Verão a forma em
que a olho. — Deu um passo para trás com cuidado,
apertando os punhos atrás de suas costas, sentindo cada
centímetro de distância entre ele e o objeto de seu desejo. Mas
devia ir-se antes de render-se. Antes de cometer o erro de
pensar que alguma vez poderia ser suficientemente bom para
ela. — Verão, doçura, e eles saberão.
CAPÍTULO 13
“Justo quando suponho que esgotou todas as ideias idiotas,
tira uma velha relíquia da estante e lhe tira o pó para outra
oportunidade.”
A viúva marquesa de Wallingham ao seu sobrinho depois da
notícia de sua terceira admoestação em Oxford.
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Londres estava tão suja como ela recordava, exceto ali, ali era
tudo delicioso, Sarah apartou as cortinas do salão na parte
dianteira da Casa Clyde-Lacey e contemplou o Plaza Berkeley,
o verde no centro era como uma joia tranquila, não poluída
pela fumaça do carvão e a sujeira deixada para trás por
muitos cavalos. Nunca tinha se preocupado por Londres cheia
de gente, suja, com seus labirintos de ruas estreitas, ruídos
de carruagens e aromas de fumaça acre e excrementos, mas
talvez foi porque ela nunca tinha vivido em um lugar como
aquele.
Deixando que a seda se deslizasse contra seus dedos e
voltasse a cair em uma elegante curva ao longo da janela,
Sarah se voltou para a duquesa, quem estava centrada em
seu bordado e rindo de algo que Eleonor havia dito, durante
os últimos dez dias Sarah tinha se afeiçoado muito com Jane,
como a duquesa insistiu em ser chamada, seu humor
faiscante e sua franca inteligência deixaram claro como havia
ganho a evidente devoção de seu marido.
— Às vezes me pergunto se ele esqueceu com quem se casou
— Jane disse à Eleonor. — Honestamente, me dizer que devo
exercer moderação ao comprar livros, “Temos três bibliotecas
cheias, uma aqui e duas mais em Blackmore Hall. Não é
suficiente?” — Ela riu e negou com a cabeça. — Homem tolo.
— Sarah sempre foi igual com seus tecidos — disse Eleonor
com um humor indulgente. — Cada vez que ela conseguia um
pouco de dinheiro, invariavelmente a encontrava na loja do
Sr. Canfield, sobre a musselina mais nova.
Sarah olhou seu singelo vestido negro de manga longa,
fornecido por uma presunçosa mulher italiana com um toque
de dramatismo, estava belamente costurado,
requintadamente simples e melhor que qualquer outra coisa
que ela tivesse feito ou usado. Tinham-lhe encomendado mais
vestidos, ao menos isso era o que ela tinha entendido, seu
italiano era bastante pobre.
— Encanta-lhe costurar — continuou sua mãe. — Sarah,
recorda as colchas que fez para aqueles jovens que
retornavam para casa depois de Waterloo?
Sorrindo ironicamente, Sarah disse: — Lembro que pensou
que eu deveria passar menos tempo com eles e mais tempo
ajudando na feira da colheita.
Jane suspirou e usou seu nódulo para empurrar seus óculos
sobre seu nariz. Logo apunhalou sua agulha através do tecido
esticado no aro do bordado.
— Invejo-te, Sarah, embora admire a excelência nesse campo,
não a possuo.
Abriu-se a porta e entrou a irmã do Colin, lady Atherbourne.
Sarah havia conhecido Vitória Wyatt e seu marido, Lucien, na
manhã depois de chegar a Londres. Algo sobre esta
viscondessa dourada lhe tinha recordado instantaneamente
Colin, uma espécie de sincero encanto, supôs notavelmente,
entretanto, o casal estava presente frequentemente na casa
Clyde-Lacey quando Colin estava ausente, como se tratassem
de evitá-lo, Sarah tinha a sensação de que havia uma ruptura
entre os irmãos, mas não o tinha elucidado completamente.
Nesse momento Vitória agitou uma carta selada no ar e
enviou a todos um sorriso radiante.
— Chegou, minhas queridas — anunciou com seus olhos
verde azulados brilhando. — A última de lady Wallingham
depois da carta da semana passada, isto deveria ser muito
esclarecedor.
Sarah nunca tinha conhecido lady Wallingham, e por tudo o
que tinha aprendido a respeito da marquesa viúva, não queria
fazê-lo. Vitória a tinha chamado "a Dragão", enquanto Jane
falava dela em tom sarcástico, mas temeroso, entretanto,
enquanto Vitória mantinha uma correspondência regular com
a mulher, ela havia seguido lendo em voz alta as cartas de
Lady Wallingham durante suas visitas à Casa Clyde-Lacey.
Tinha demonstrado ser todo um entretenimento.
— Escutem isto — disse Vitória afundando-se com graça em
um divã de seda azul.
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