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Escola de Teologia Seminário Bíblico –ETSB


Teologia Pastoral
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TEOLOGIA PASTORAL

Descrição do Curso
Este curso observará, em uma visão geral introdutória, o ministério em si e
sua especificações, proporcionando estudo participativo da classe na área teológica
vocacional do serviço na igreja, Corpo de Cristo. Vendo as estratégias apresentadas
na Bíblia bem como as necessidades atuais e o desenvolvimento eclesiástico na
Missio Dei. Ressaltar o aspecto do caráter e da sensibilidade ministerial, pela igreja
em seus enviados, como fundamental para uma visão global- integral da missão de
Deus a ser desenvolvida.

Objetivos
- Ressaltar a Importância do reconhecimento da Igreja no desenvolvimento
ministerial.
- Familirializar o Aluno com a Reflexão Teológica da Missão
- Enfatizar uma visão de dependência de Deus no ministério
- Identificar as Falhas e Realizar, como igreja, uma crítica construtiva
- Analisar e Refletir sobre vocação ministerial atual e pessoal.

Desenvolvimento Do Curso
- Apresentação E Introdução
- Definições E Conceitos
- Panorama Bíblico Teológico da Vocação
- Qualificação
- O Homem, Esposo, Pai e Pastor
- O Pastor
- Ética Pastoral
- O Pastor E Suas Relações Interpessoais E A Comunidade De Fe
- O Pastor E A Congregação/Denominação
- O Pastor E Seu Trabalho Frente A Comunidade
- Vida Devocional: Ministério, Sofrimentos E Recompensas
- Globalização Da Missão (Missão Integral)
- Adendo: Cerimônias

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INTRODUCAO

Os homens cobiçam , mas não sabem o que; eles caminham, mas perdem a
trilha de chegada; eles lutam e competem, mas esquecem o prêmio. Eles
espalham a semente, mas se recusam a cuidar do solo nas devida estações.
Eles buscam poder e gloria, mas perdem o significado da vida.
George Gilder1

Excelente obra almejam os que são chamados, vocacionados por Deus para
servirem. Porém, parece que uma desarmonia paira nas mentes de muitos que
vêem para servirem nos ministérios diversificados, existentes hoje no Corpo de
Cristo; onde o lema humano de liderança ou de cabeça toma uma forma mais
abundante, e não menos diferente, do que fala a Bíblia. Parece que o lema eu nasci
para comandar e mandar tem tomado espaço nos corações dos que foram
chamados para servir. Logicamente se respeita e se acata as funções e ministério
de liderança, onde o seu papel se tem como muito importante, porém não
sobrepondo aos demais; onde se pesa a mesma responsabilidade, pois o Dom
Supremo dado pôr Deus, o Espírito Santo, detém o poder de dar ou se manifestar de
diversificadas maneiras e nas mais diversas pessoas, conforme o apraz . Assim que,
nada temos de nós mesmos, pois tudo é dEle, a obra bem como o obreiro.
Se escuta o cambiar ou a desarmonia da vocação, de responsabilidades com
a de privilégios; sou cabeça e não cauda, mas o que não pensam é que devido a
tamanha responsabilidade que ser o cabeça trás, é que se existe após, a condição
de levar o corpo, direcionar o corpo; isto faz com que muitos, as vezes, desejem ser
um pouco cauda; isto para serem ou terem seu tempo de serem conduzidos e
direcionados.
O que também é bom lembrar é que os ataques sempre são na parte vital do
corpo, e talvez não seja tão ruim assim ser ou ter a posição de cauda, não que haja
uma covarde aqui, mas sim um pensar humano; tanto porque, todos tem o seu
devido lugar e sua devida função no corpo; não é em vão que Deus, através do Dom
Supremo, determina o que cada um terá ou será na missão. Responsabilidades e
privilégios se completam, bem como o gozo do trabalho, sendo este onde for deve
preencher nossas vidas. A nossa salvação e alento se baseia na pessoa de Cristo
Jesus, o cabeça do corpo. Pôr Ele fomos chamados, vocacionados, direcionados e
preparados. “Aquele que começou a boa obra, é fiel em completa-la” Gal. 1 verso
15; Rom 8 verso 28 a 30; Hebreus 12, versos 2,3,11.

1 KEMP, Jaime. Pastores em Perigo- Ed. SEPAL pag.11


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TEOLOGIA PASTORAL

Ciência que trata dos fundamentos bíblicos para o ministério pastoral, bem
como das relações do pastor quanto ao seu trabalho, igreja, família, mundo etc 2.
Mas talvez podemos analisar que esta Teologia Pastoral, a qual pode se confundir,
as vezes, com a Psicologia Pastoral, deveria se iniciar desde de uma visão bíblica
antropocentrica, ou seja, o homem enquanto ser, e em si mesmo; tanto o homem
como ser emissário de Deus, como o homem sendo o alvo. O mais importante, o
homem, depois suas demais relações, família, igreja, mundo etc.

TEOLOGIA MINISTERIAL

Esquadrinhar uma teologia ministerial não deixa de ser uma tentativa de se


tentar falar ou referir-se num mundo de percepções que se dão com muita
sensibilidade espiritual. Sendo então que, nós nos atamos, em poucas partes deste
todo, mas que demonstram um esboço da teologia pastoral. Teologia Ministerial
implica também os vários ministérios manifestados, como numa engrenagem, a
engrenagem do Reino, onde junta as peças, todas são de importância relevante
para o bom desenvolvimento da missão da igreja (missio eklesia), seja liderança,
louvor, evangelismo, educação, pastoreamento, misericórdia, intercessão etc.

UMA BASE BIBLICA PARA O MINISTERIO

O homem não pode criar um relacionamento com Deus no sentido de


conhecimento, pois isto seria contraditório sendo o homem criatura limitada. O
conhecimento de Deus pelo o homem somente se manifesta se o próprio Deus se
der a conhecer.

2 IAMCC- Apostila de Teologia Pastoral- Seminario Maior de Formacao Teologica.


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Mas este princípio, de aventurarmos a fazer teologia, se dá mediante a


revelação de Deus; revelação esta que o homem procura sempre acrescentar ou
desvirtuar. O que é axiomático é a realidade de que Deus se revelou ao homem
dando demonstração de amor e desejo profundo de relação. “O homem traz em si
mesmo o sentimento ao intranscedente, absoluto e como diria Barth em sua
teologia, ao Deus totalmente outro12”. Ao que afirmamos, que o homem tem em si
mesmo a prova desta revelação que é este desejo a Deus e este sentir de buscá-lo,
Santo Agostinho chama de “semem religionis13”. O homem tem em si isto, uma
prova de sua revelação no homem e ao homem, além de muitas outras já
conhecidas como a revelação natural, moral, escrita, encarnada e cultural, como
dogmatismo já definido na teologia sistemática. Mas o que é importante ressaltar, e
nem mesmo temos o que mais comentar, é que tudo que somos ou temos vem dEle.

Jesus Cristo é a máxima revelação de Deus, expressão plena de seu


amor para com o homem

Nesta conclusão, observamos que Deus tem o homem como o mais importante
seja ele quem seja ou como esteja. Assim a Bíblia trás referencias do seu IDE,
visando o homem , objeto de seu amor.

Neste contexto, de que Deus deseja este relacionamento podemos rever


dados bíblicos para formação de uma teologia pastoral. Pôr exemplo: Quando a
Bíblia trás palavras do próprio Jesus “ Eu vim para ...”, Meu Pai me enviou para
...”, Eu fui enviado para ...”. Toda teologia que nós aventuramos formalizar seria
dentro de uma focalização cristocêntrica na missão e construção de uma teologia
pastoral, esta frase “fui enviado ...”, não tem menos que 40 vezes14”

Não venho de min mesmo, mas sim que fui enviado pôr Aquele que é
verdadeiro, o qual vocês não o conhecem, Eu o conheço pôr que
procedo dEle e foi Ele que me enviou- Jo 7:28

12 - PEREIRA, Natan. “Descobrindo Revelação de Deus na Formas Culturais. (Tese de Grau)”


SEMISUD, Quito - Equador
13 - Idem.
14 - COMBLIN, José. “Teologia de la Misión” Ed. Latinoamerica, Livros SRL Buenos Aires 1974.

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Assim que, como Tu me enviaste ao mundo, Eu também vos envio Jo


17:18

“Os termos mais importantes ou destacados são enviar ou vir, e são termos
usados constantemente. Os apóstolos estão sempre envolvidos a estes termos que
sempre, também, os estão usando, como é o caso de Galatas 4:4 Quando chegou a
plenitude dos tempos, Deus enviou a seu Filho...; e o caso de I Jo 4:9 NEle se
manifestou o amor de Deus pôr nós, que enviou seu Filho único ao mundo para que
vivêssemos pôr Ele15 ”

A questão teológica está aplicada num contexto; vir revelação e vir


escatológico. Referindo-se também a um constante vir no sentido de sempre estar
se adorando e servindo, pois a Divindade está sempre neste relacionamento do céu
para com a terra; e neste vir, de revelar-se e de se manifestar escatológico (Ap
1:7; 22:7;22:17,20; 1:4-8; 4:8). Além destes versos outros permeiam a idéia de vir,
ir, sair, e o ofício sacerdotal, (Jo 7:16; 5:36; Mt 9:13; Jo 10:10; 12:46). Assim
descreve o comentarista e escritor: “Como o ser envolve a totalidade do universo
assim também o vir envolve a totalidade do ministério cristão 16
.
No decorrer de sua mensagem ou do desenvolvimento de sua reflexão
vemos um tempo onde a igreja se torna instrumento desta missão, sendo ela
capacitada, comissionada e enviada pôr Jesus Cristo. Estes textos acima fazem
uma referência específica a Jesus e a Missio Dei, mas a igreja passa a receber
referência que agora a responsabilidade lhe pertence, e as citações bíblicas são a
ela direcionadas. Jesus os deu o nome de enviados, Apóstolos (Mt10:2, 5, 6 ...; Mt
28:19; Jo 20:21

Pôr outro lado é muito bom, e necessário, ressaltar a teologia pastoral


que além de bíblica e cristocêntrica, que logicamente não poderia de deixar de ser,
tem sua ênfase caracterizada, esta pôr alguns pontos, que são eles:
“Proclamação, Ensino, Serviço, Comunhão, Profecia e Adoração17 ”.

15 - Idem
16 - Idem
17 - GIRON, Rudy. “Reflexões Bíblicas do Evangelismo e a Missão da Igreja”. Rudy Giron é da
Igreja de Deus na Guatemala, Presidente de COMIBAM Internacional.
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Ensino. Este é o aspecto disciplinar e formativo da igreja. Era a primazia do


ministério de Jesus. Mt 4:23; 9:35; 7:29; Mc 1:22; 9:31; Lc 19:47; Jo 7:14; At 15:35;
Col 1:28.
Proclamação. Este tem haver com o aspecto “kerigmático” da igreja. Esta
afirmação é enfática e axiomática pois nada, ninguém ou até qualquer instituição
tem tamanho privilégio de ser proclamadora do Reino de Deus. O Dom maior,
Espírito Santo, com suas ferramentas, são presentes para a igreja cumprir o seu
ministério. Mt 4:23;9:35; 10:7; Mc 16:15; Lc 24:47; Jo 20:21-22; At 1:8; 10:42;
Rom 10:8-17.
Serviço. Ressaltamos aqui o aspecto diaconal (Diaconia e a palavra grega
para serviço) Mt 9:36; 25:31-46; Lc 10:25:37; Jo 1:14; At 2:44-47; Gal 6:9-10.
Comunhão. Esta palavra deriva do grego koinonia, denota um pensamento
homogêneo dos que se dizem cristãos e fazem parte de um mesmo corpo; é uma
convivência e edificação. Mt 18:15-22; Rom 13: 8-10; I Cor 13:4-7; IJo 1:7-11; Jo 17;
At 2:42.
Profecia. A igreja nunca poderá deixar este aspecto, pois faz parte de sua
natureza mesma, ser profética. Aqui se mostra ou se ressalta a igreja como a boca
de Deus no sentido a denunciar o pecado e suas formas ou estruturas de pecado,
tanto individual como organizado. Mt 3:7-10; 14:1-12; 23:13-36; At 4:18-20; 5:27-32;
22:26.
Adoração. Como um dos principais privilégios da igreja, e função, é ser
adoradora. A igreja é uma comunidade de louvor, exaltação e adoração. Mt 28:17;
Lc 22:31-32; Jo 4:20-23; Jo 17; ICor 14:23-25; I Tim 1:1-4; Ez 22:30; Ap 7:9-12;
22:9.
Aqui desenvolvemos uma teologia que não se aplica sem a atividade da
igreja. Cabe a igreja entende-los e realiza-los, jamais negligencia-los. A primazia
deste ensino e teologia logicamente vem da Teologia Pastoral.

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VOCAÇÃO

“Sacro santa é a vocação”3, Depois de um esboço sobre uma base bíblico


teológica sobre o ministério pastoral devemos nos deter um pouco sobre esse
específico chamado, onde generalizando, devemos nomear como o “sacerdócio de
cada cristão” onde nenhum é isento, pois todos devemos ser testemunhas. Mas
vocação específica para o desenvolvimento da missão é delimitarmos a discussão
no aspecto da verdade existente e convicção latente de determinado serviço dentro
da engrenagem do Reino.

I Tim 3:1 (Excelente obra)


Rom 11:29 (Vocação é irrevogável)
I Cor 1:26-30 (Vocação não é obra carnal e ou material)
Ef 4:1-6 (Características do vocacionado)
II Tim 1:8-10 (Santa vocação segundo propósito de Deus).

Ser vocacionado expressa muitos aspectos bem individuais e específicos


para cada um, porém permita-me citar alguns para uma reflexão sobre o que é ser e
como entender ser um vocacionado:
1- Ter convicção particular e íntima, mesmo que lhe seja notório que isto se
requer como sendo o ‘Sacrifício do altar”.
2- Entender que a seu devido tempo (Kairós), e não ao nosso (Cronos), a
capacitação, bem como o preparo e unção vem; o que traduz numa
submissão constante à Deus em tudo que realizamos. Seja este através
do Dom em si e dos talentos.
3- A igreja, como corpo de Cristo, reconhecerá ministério e vocação. Ela será
como o instrumento de confirmação e aceitação. Cabendo aqui um
adendo de que não existe definição de ministério se o mesmo não for
manifesto pela própria igreja.
4- Vocação não se pode confundir com função. A função se extingue a
vocação não.
5- Que há benção em tudo que se faz na obra de Deus, mas o importante
não é fazer algo para Deus e sim o que Ele realmente requer. Mesmo no
ministério somos ativistas, “tapa buracos”, mas temos que buscar
conhecer o que Ele tem preparado especificamente.

Assim que, vocação pode ser compreendida de dois modos4: geral (Jo 3:16
Mat 28:18-19; o sacerdócio de cada crente nos méritos da morte de Cristo) e
específica (Ef 4:8-12. Onde se manifesta a soberania de Deus nestes desígnios
estritamente pessoal e individual)

3 CAVALCANTE, Robison. Matéria à Revista Signos da Vida de CLAI, Equador


4 CORREA, Claudionor de A. “Dicionário Teológico” CPAD
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QUALIFICAÇÃO

1- Biblíco Neo-Testamentário
No N.T. vemos a eficácia do trabalho de estabelecimento da igreja,
primeiramente por ocasião do mover do Espírito Santo em Pentecoste, na tarefa
delegada a igreja da misio eklesia (missão da igreja) manifestada na diversidade
cultural presente naqueles dias. “ Então, designou doze para estarem com Ele
e para os enviar a pregar e a exercer a autoridade de expelir demônios”
Marcos 3:13-14. O termo “para”(= a fim de que) vem do grego “hina” e permite
somente uma conclusão: o período que os díscipulos passaram com Jesus e Ele
os “enviou” a pregar (grego=proclamar)5. Mas o termo no N.T. é “DISCIPULO”
(literalmente é a pessoa que segue com a intenção de aprender) era mais que
um seguidor ; o aluno deixava sua casa, seus pais, parentes e se dedicava a
absorver no cotidiano do RABI, o seja do mestre. Jesus basicamente tinha o
seguinte projeto, segundo a analise do hermeneuta6: 1º Nenhum díscipulo
devaria deixar e desfrutar da vida do Mestre; 2º Jesus dava autoridade e
responsabilidades; 3º Os díscipulos foram instruídos sobre Reino, igreja e
humildade. Em resumo podemos ressaltar que os discípulos tivessem o caráter
de Cristo.
A liderança foi estabelecida, de entre aqueles que aos pés do Mestre estavam; e
posteriormente, saindo fronteiras afora dos limites judaicos, iniciando por
Barnabé numa visão da igreja para com outros povos, posteriormente passado a
Paulo, onde sistematiza seu trabalho, na valorização do povo gentil convertido,
no levante de liderança nativa e preparada, na edificação de igrejas em cidades
estrategicamente pré-estabelecidas, na confirmação dos pastores, no zelo da
correção, na supervisão

2- Qualificação Formal
Ao contrário de uma secularização de nossa fé, o fator preparação é fundamental
para o vocacionado. Hoje temos uma consciência da exigência do povo para o

5 SHEDD, Russell. “Fundam. Bíblicos da Evangelização” Vida Nova


6 O Dr. Shedd é um dos mais preeminentes e éticos exegetas atuais no Brasil, tive a oportunidade de ser seu
aluno por pouquíssimos tempos. É mestre, PhD, professor do Sem. Batista de São Paulo e Curso de Liderança
em Singapura
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qual se prega; mas, mais do que isto é a capacidade ser melhores do que somos
para edificação do Reino de Deus. Um inimigo cada dia latente em nosso meio
da reflexão teológica é a secularização da preparação dos obreiros e a elitização.
Mas se faz necessário se Ter o conhecimento. “Errais em não conhecer as
Escrituras (doutrina) e nem o poder de Deus (unção)” . A qualificação formal
equilibra e dá sólida consciência para as formalidades cerimoniais que o ministro
deve estar à frente, desde uma consagração de crianças, ao batismo,
sacramentos diversos, sermões, funerais, aconselhamentos, discursos formais
religiosos, e até mesmo para se Ter a adequada atitude de informalidade num
culto bem “pentecostal” se deve buscar o entendimento e a boa atitude. Muitos
acreditam ser desnecessário o estudo pois Deus encherá a boca de palavras no
momento da pregação. De uma certa forma sim, mas se somos tão incapazes de
buscar saber bem o que falaremos não somos exemplo de dedicação e
empenho. Um bom ministro deve saber manusear bem a Palavra da verdade,
não numa ótica ou cosmovisão simplista superficial, mas ética e verdadeira,
mesmo quando desagrade os que se tem como ouvintes. O compromisso de
buscar saber e estudar não é vaidade ou outro tipo de glória particular; é
compromisso com a obra dentro de uma visão ministerial apurada, recheada com
humildade e soberania de Deus.

3- Qualificação Informal
Não vemos tanta dificuldade em explanar sobre este tema, pois a informalidade e
a facilidade de se quebrar uma ética espiritual institucionalizada ou
humanamente estruturada, Deus é quem “entende” muito disto; como foi com a
Samaritana, referindo-se contrário ao pensamento então existente (se em
Jerusalém ou no Monte é onde se deveria adorarar, pois assim se ensinava a
tradição institucional judaica). Toda experiência com Deus é bem particular e
pessoal, mas a dificuldade está em saber administrar o que Deus nos dá.
Para demonstrar esta latente incapacidade atual, há quantas ovelhas que dizem não
necessitarem de pastor e ensino, são pastores de si mesmos; e na maioria sem
vínculos com igreja ou ligação denominacional nenhuma. Eis o perigo: a solitária e
particular visão de formar o seu próprio reino, de orgulho, dentre outras das vãs
glórias humanas e medíocres. Mas uma arma imbativel é quando o relacionamento
pessoal e particular é amparado por um sobre modo sentimento de dependência de
Deus. Eis a chave de vitória em tudo quanto vamos realizar, seja desde uma área
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técnica às mais diversas formas ministeriais existentes. Nosso maior temor são as
chamadas “experiências” espirituais que estão longe de uma unidade e
conformidade com a Palavra e Deus, sobrepondo às autoridades no Senhor, ferindo
a ética cristã e absorvendo, o que é pior, tudo em nome de uma sã religiosidade.

4- Capacidade Contextual
Essa área é a qual o ministro é capaz de se adequar ao local, povo, condições
diversas, cultura etc; tudo após minucioso estudo, sendo um visionário,
estrategista, visão espiritual para ver oportunidade para desenvolver seu
ministério em muitas áreas, ver a oportunidade de crescer onde ninguém viu,
fazendo brotar uma veia talentosa, dons naturais, espontâneo e carismático. Um
exemplo disto é o livro O Apóstolo dos Pés Sangrentos”7 .

O HOMEM, ESPOSO, PAI E PASTOR

A Psicologia Pastoral, área esta, como antes já referimos, é uma nova disciplina
alinhada no contexto da Teologia Pastoral. Quando envolvemos no trabalho
ministerial pastoral, envolvemos numa tarefa de se dar ao próximo, e as vezes numa
intensidade maior do que podemos imaginar. Dai vem a necessidade da psicologia
para nos ensinar a não nos envolver ao ponto de observarmos uma dependência de
ambas as partes. A isso chamamos de transferência e contra-transferência, bem
como nos ensina uma ótica de prioridades cristãs, num senso de valores bem
definidos, onde o exemplo é o maior testemunho para este ponto definimos o
resumo do livro “Pastores em Perigo”8 . A visão de um profissionalismo ministerial,
sem exageros numa humana racionalização, tem crescido muito. Existem muitas
lacunas no trabalho pastoral devido a falta de conhecimento básico em
aconselhamento, em saber simplesmente saber ouvir, em questões éticas, com
erros primários de imprudência. A principal falha podemos ressaltar é a errônea
prioridade familiar de ministros, onde seus exemplos convergem a uma total
alienação e desconforto. Muitos pastores são excelentes empregados
eclesiásticos, bons pastores à frente da igreja, mas desqualificados; principalmente
7 “O Apóstolo dos Pés Sangrentos” é um livro que inspira e ensina na contextualização de um missionário no
campo, a Índia. Recomendamos esta leitura com uma atenção apurada na disposição do ministro em buscar com
seus dons e talentos a adequação da mensagem para bom entendimento de quem nos ouve.
8 KEMP, Jaime “Pastores em Perigo” SEPAL. Este autor tem desenvolvido seu ministério na formação de
pastores, casais e família; seu trabalho tem tido aceitação em âmbito nacional de forma bem explícita.
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por crerem que a igreja é a prioridade de sua vida e ministério. Não conseguem tirar
tempo para lazer, passeio ou qualquer divertimento com a família por acharem ser
quase um pecado e dor na consciência. As lacunas deixada pela falta de visão para
com nosso lado humano e familiar pode ser manifestas posteriormente nas muitas
transferências que surgem em meio ao cotidiano pastoral. Pastores correm perigo.

VIDA DEVOCIONAL: MINISTÉRIO, SOFRIMENTOS E RECOMPENSAS

Uma frase foi dita “Deus não tem compromisso de fidelidade conosco, Ele tem
fidelidade com sua Palavra e sua Palavra é repleta de bênçãos e promessas de
Deus para os que a cumprem; e assim sendo manifesta a sua fidelidade para
conosco”. Um “mega-evangelista9” respondeu a uma repórter quando perguntado
qual a razão que ele próprio atribuía a seu “deslize” moral, e assim respondeu: “Meu
erro foi em descuidar de meu devocional diário”. Uma certa pessoa ao passar e
ver que seu pastor estava trabalhando limpando seu lote e cuidando do asseio de
sua casa disse: “muito bem meu pastor gosto de lhe ver assim trabalhando
esforçado” e o pastor nada lhe respondeu. Ao retornar observou que seu pastor
estava sentado, com roupa limpa, Bíblia do lado, muito quieto e pensativo. O irmão
então disse: “Ei, meu pastor, em pleno meio-dia descansando? O pastor não se
conteve e respondeu de forma natural: “A primeira vez que você passou eu
estava me distraindo, agora eu estou trabalhando por você” . Um ativismo
religioso atrapalha, e muito, nossa vida ministerial e pessoal. Gostaria de ver que
irmãos investissem mais em suas famílias, pois se neste ponto for bem sucedido o
ministério e a igreja só tem a ganhar. A oração, o sermão vivido e preparado, o
tempo a sós com Deus, uma cumplicidade espiritual com o cônjuge, a ministração
do esposo sobre a esposa e da esposa sobre o esposo é de fundamental
importância para uma sólida estrutura para um pastorado de sucesso. A maioria dos
fracassos vem de uma infeliz atitude de menosprezar nossa limitação humana,
nossas pequenas falhas, não respondendo à tempo oportuno e deixando acumular,
não revendo, não nos auto-avaliando, não nos auto-criticando e assumindo e
corrigindo nossas falhas. “Se queremos Ter um ministério de êxito, devemos
começar por entender nossas próprias limitações e não esconde-las, como se

9 Creio não ser o primeiro a usar este termo e sim, somente, repassamos o mesmo da forma comum que
ouvimos, e isto sem querer ser pejorativo, mas sim no seu sentido usual e comum no seu contexto.
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perfeito fossemos”. Somos sim carentes de Deus em tudo, este sim é um bom
começo de caminhada.

ÉTICA

É o conjunto de normas/deveres que regem o comportamento ou conduta de


um determinado grupo. Bem, seria este um conceito bem definido e esquadrinhado
dentro de um contexto geral, porém este tema existe suas variantes que são as mais
diferentes, pela grande diversidade cultural dos povos, os quais regem ou elegem
sua ética dentro de seus princípios de valores, sejam estes das mais diversas áreas:
moral, religiosa, política, familiar, etc. Nós necessitamos de ética, mas Deus não tem
ética, nem necessita de uma, Ele é soberano, Ele é seu próprio realizar, da forma
que o apraz.

Nossa visão ética evangélica deve ser baseada primordialmente no ser para
depois se referir ao Ter. Assim visualizamos um contexto de ética protestante com
ética evangélica. A ética protestante se faz com referência a uma constante
pregação de oposição baseada num contexto fundamentalista de distanciamento do
social e secular e apego as beneficias oportunistas e convenientes dos
institucionalizados (religião, progresso e liberdade; discurso fundam. Americano na
época do início da atuação missionária nos países latinos)10 onde o céu é o fim da
igreja, mesmo estando na terra . Por outro lado a ética evangélica que deve ser
focada no compromissos da missão do Reino, com sacrifício, labor, renúncias, as
vezes, envolvimento com o ser integral, o homem, e todo o seu contexto espiritual e
social. Oposição ao pecado e suas estruturas de pecado, como ecologia,
relacionamentos interpessoais, prostituição, saúde, injustiças, entre outras. “Ética
evangélica não pode ser desvirtuada da ação cristã verdadeira, mas estamos em
falha com isto” 11.

Ética, verdadeiramente parte do pressuposto bíblico cristão e de consciente


convicção de vontade de Deus e de uma harmonia que rege a satisfação pessoal,
espiritual, familiar, social religiosa, denominacional etc. O que para finalizar lembrei-

10 VICNTE, Pr. Gerson. I Sem. Reflexão Teológica em Goiânia. É Pastor da Igreja de Cristo e Prof. UFG
11 Idem
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me de uma frase: “Somos verdadeiramente livres quando formos livres do olhar do


outro”12. Nada mais ético do que um bom relacionamento com Deus, conosco
mesmo e com os demais.

A ÉTICA E DEUS

Estive pensando nestes dias sobre valores. Estive analisando sobre a moral
do homem, sua cultura e seu senso de valor decorrente a seu habitat cultural, sobre
as posições e imposições da sociedade.
A gama de boas maneiras e o manual de condutas equilibradas e saudáveis,
para que o homem viva bem, se dá o nome de ética. ética não é um sentimento,
tão pouco é uma ação isolada, mas é motivação que acompanha a ação ou que
gera atitudes corretas ou recheadas de um querer, de uma vontade de acertar.
Assim é o homem, incapaz de se conduzir a si mesmo, movido e removido
pelas normas e padrões da estabelecida e necessária ética.

Mas Deus não tem ética. Porque ética para o Ser que em si mesmo reside
valores incontestáveis? Não se pode questionar os valores e as atitudes de Deus,
pois elas apesar de diferentes e indiferentes aos olhos e a ética humana, são os
melhores para nós.
Para quem lê o livro de Jó, observa que Deus permitiu o diabo tocar em seus
bens, que não eram poucos, e Ele mesmo toca na vida de Jó, este, íntegro e reto.
Pôr que? Deus tem ética? Na realidade Deus não tem ética, se Deus é mau ou
sanguinário, o digo desde a minha ótica humana assumida e recebida via veias da
sociedade, assim Ele continua sendo incontestável. Pois o mau de Deus é o melhor
prá nós, Isaias 54 v.16; 45 v 7.

Tudo é dEle, bem e mal, tudo está sujeito a Ele, até os demônios. Para que
ética para Deus?; pôr acaso Ele é homem, sujeito as formalidades da sociedade
que dita a cultura, os moldes, e a ética humana? Não, Deus não tem Ética, Ele tem
a ética, a Ética é Ele.
Me faz lembrar o texto de Jó 42 onde ele diz
" Bem sei que tudo podes e nenhum dos teus planos podem ser frustrados, ...
eu te conhecia só de ouvir mas agora de vêem os meus olhos" .

12 JACINTHO, Dr. Edimar. Curso de Psicanálise Clínica - CORPO


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A ÉTICA NO MINISTÉRIO

No ministério, também como nas sociedades organizadas, existem seus


valores acompanhados de ações de bom senso nas atividades ministeriais. A ética
no ministério é preponderante, frente as demais classes profissionais existentes,
pois tratamos com veemência, e assim o somos, representantes do que se chama
ser correto e íntegro. Assim que nomeamos alguns passos dos vocacionados ao
ministério:
 Elevado senso de responsabilidade
 Vivenciar o ministério da confidência
 Buscar sempre o discernimento, sem ser inconseqüente e precipitado ao emitir
opiniões.
 Ser amoroso, humilde e discreto nas situações diversas
 Saber claramente, o buscar saber, o que é ético no grupo ou instituição a que
pertence.
 Profunda visão ministerial (profissional) do trabalho.
 Responsabilidade de representante religioso/espiritual; com respeito devido às
demais competências profissionais, como médicos, psicólogos etc. Tendo
sempre presente nossa autocrítica com relação às nossas limitações.
 Respeito, naturalidade e atenção às pessoas com distintas diferenças
doutrinárias.
 Evitar sugestionalismo; sem também deixar de si posicionar nas ocasiões
necessárias colocando a necessidade das mudanças devidas.

ÉTICA NA FUNÇÃO PASTORAL

Com relação ao pastor e sua função, em especial no contato e relação com


os membros, se faz necessário também sugerir devidas atitudes, para que, mediante
ao cotidiano do trabalho e experiências vividas, se formule alguns princípios práticos
que só vêm para edificar.
 Evitar estado de conformação do aconselhado, ou até minimização dos
problemas por parte do fiel ou do pastor13. (Confronto x conforto, Col. 3:16; Rom.
15:14; Col 1:28; At 20:31)
 Evitar falsas posturas e hipocrisia para com os outros.
 Mesmo enfrentando pressões, demonstrar ser totalmente cristocêntrico
 As reações devem ser menores que os problemas.
 Deve se Ter uma flexibilidade, mais que uma linha sistematicamente traçada
 Que o “Salvador da pátria” é Deus; há momentos que devemos respeitar
posições contraditórias ou contrárias às corretas.
 Deve se evitar exagerado envolvimento emocional.

13ADAMS, Jay. “Conselheiro Capaz” Ed. Vida. Com relação a tipos de aconselhamento, em específico o
noutético
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Teologia Pastoral
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16

 Prepotência e autoritarismo.
 Crítico cínico x submissão e humildade.

PASTOR: LÍDER NA SOCIEDADE ORGANIZADA

Este tema, envolvendo ainda o campo da ética ministerial, mostra o pastor na


sua função de líder comunitário; tendo em vista hoje o papel não pouco expressivo
da comunidade cristã evangélica brasileira. Onde o pastor exerce um papel de
importância na sociedade; mas bem que o mesmo poderia ser de relevância maior
se todos deixassem de lado a herança negativa de uma hermenêutica errônea de
que “do mundo não somos” , o que de certa forma é claro, mas de uma outra ótica
deveríamos Ter maior evidência como lideres do povo e não somente de nossa
congregação. No livro “Bioética14” nos mostra com maior amplitude as expectativas
da sociedade concernente nossa posição cristã evangélica sobre temas profundos
como: reprodução, aborto, suicídio, eutanásia, desenvolvimento genético,
depressões e outros temas atuais. Para de forma simplificada e generalizada
pautamos alguns pontos:

 Liderança madura em fé; representante eficaz na área religiosa


 Posição firme e integral de cidadania e política sem comprometimento da fé e da
doutrina. A convicção de fé cristã não deixa de trazer consigo uma aprovação
pública, um senso de responsabilidade e uma visível maturidade na visão do
povo para com o pastor.
 Boas relações políticas com autoridades governamentais estabelecidas; mesmo
se as posições sejam de concordância ou de posições contrárias em pontos
específicos na visão edificadora do Reino.
 Admitir e buscar ser um dos primeiros a alavancar nas responsabilidades sociais
e filantrópicas.

A COMUNIDADE DE FÉ E SEU LÍDER

Dentro de uma teologia pentecostal15, onde o normal é vivenciar a fé em


Cristo Jesus, na ação atual do Espírito Santo, bem como dotado da mesma fé
responsável e madura, sem extremos, focalizamos o aspecto espiritual da função e
da pessoa do líder nos seguintes pontos em resumo:
 Conduzir
 Vivenciar a fé

14 MEILAENDER, Gilbert. “Bioética, um guia para os cristãos” Ed. Vida Nova


15 Não impondo que a ação do Espírito Santo se restringe neste ou naquele seguimento religioso, se histórico
ortodoxo, arminiano ou calvinista, reformado ou renovado, neo ou tradicional pentecostal. Mas sim uma posição
específica de nossa teologia com seus distintivos: as manifestações espirituais hoje, ou seja a atuação dos dons
do Espírito Santo hoje na igreja como discernimento espiritual, visões, guerra espiritual, línguas, profecias, curas
entre outras diversas. Nossa posição teológica deve ser clara e honesta, em nosso próprio meio bem como para
os demais.
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 Esperança e convicção
 Conforto e amparo
 Confronto e guerra
 Koinonia: união do Corpo de Cristo
 Santidade: modelo de vida do cristão.

UM HOMEM, LÍDER RELIGIOSO

Admitir nossa função e posição teológica religiosa não significa uma postura
alienada da nossa própria estrutura humana, carnal e limitada, mas sim uma
dependência incondicional de Deus em graça e misericórdia. Assim que,
entendendo que nós, humanamente somos desprovido de qualquer poder e
condição extra-humana, somos limitados, mas apesar de nós mesmos Deus tem nos
fortalecido. Alguns cuidados devemos Ter:
 Não transmitir uma imagem de onipotência ministerial
 Aceitar e dar ajuda; saber que necessita ser pastoreado
 Boa motivação para com os demais irmãos, igreja e ministérios sem sobrepor
ou sacrificar à família.
 Como harmonizar o conceito de Instituição religiosa e Corpo de Cristo
 Respeitar nossa própria limitação humana.
 Entender que o melhor conselho é o exemplo
 Dentro da consciência cristã “ser livre do olhar do outro16”

CORAÇÃO DE PASTOR, ESPÍRITO DE PASTOR17


João 21:7-17

Quando uma pessoa se abre e se mostra vulnerável e sua humanidade


aparece, os seus valores ressaltam como virtudes. Sendo todos nós homens
podemos afirmar que se tem imperfeições e ao contrário dos que pensam que estas
imperfeições pastor não às tem, são as mesmas que ao invés de nos tornar
vulneráveis servirão de exemplo e cura para nosso ministério.

Primeiro, Evidência da Derrota da Auto Suficiência: Como o caso de Pedro


andar pôr sobre as águas, mas começa afundar. Em outra ocasião, é repreendido
pôr pensar que sabia todas as coisas “não me lavareis os pés”.

Segunda, a Consciência da Total Dependência. A fragilidade e limitação


humana se manifesta, fazendo do coração amargurado um campo a ser plantado, o
peso de derrotas particulares e de frustrações pessoais podem humanizar, e a
humanidade, antes infalível, trás decepção e invade corações. Insistindo que nossa

16 Termo usado no curso de Psicanálise Clínica, onde se dizia da importância do ser enquanto homem como
qualquer outro, feitura de Deus com sentimentos, emoções, vibrações, numa liberdade de compromisso com
Deus e conosco mesmo.
17 PEREIRA, Natan – Professor Teologia Pastoral

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Teologia Pastoral
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clara fragilidade deve Ter o alento da dependência de Deus como nosso porto
seguro.

Terceiro, que um Coração de Pastor e Espírito de Pastor, é aquele que


quando se deixa tratar, se busca sempre ser vitorioso, e o que pensamos que não
nos traz crescimento é o que mais nos ensina; nossa vulnerabilidade, humanização,
cara limpa. Pastorear é Ter coração de pastor e espírito de pastor; É saber que os
valores eternos de Cristo são primeiros para nós depois para os outros, “...pelo que
eu recebi do Senhor, o que também vos ensinei” a começar pelo perdão, pela auto
avaliação e correção.

Ser pastor e ministro é ser tratável, vulnerável, humano, propício a erros; mas
no caminho vem as vitórias, o gozo de se estar no centro da vontade de Deus.
Nosso maior conselho é o exemplo.
“pôr que eu recebi do Senhor, o que também vos ensinei...”
Ap. Paulo

MISSÃO INTEGRAL

A reorganização de toda a estrutura eclesiástica se faz necessária, com


especial visão voltada para homem integral, o que sempre foi uma carência ou um
vazio deixado como herança pela igreja evangélica; esta sempre voltada para o
espiritual, ou com toques espiritualizados. Com certeza a sociedade também
exercem sua pressão para com esta lacuna, criticando a falta de mobilização dos
evangélicos para uma teologia um pouco mais antropocêntrica e menos
intranscedente espiritualista.
Para uma comunidade cristã, que prega paz e justiça, não poderia se esperar
que ela viesse a ser complacente com a desigualdade e a injustiça dos dias de hoje.
Ou pelo menos realizaria sua tarefa particular de cumprir com sua parte realizando
trabalhos sociais, filantrópicos, assistência, e claro espiritual.
Registrada no Pacto de Lausane, uma declaração vem demonstrar grande
preocupação sobre este “dever cristão” de uma teologia integral. Assim relata esta
mensagem:

“A mensagem de salvação implica também uma mensagem de juízo


para toda a forma de alienação, opressão e discriminação; logo, não
devemos ter medo de denunciar o pernicioso e injusto, onde quer
que ele exista. Quando as pessoas recebem a Cristo e a seu Reino,
são nascidas de novo devendo não somente proclamar sua fé, mas

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também a justiça de Deus no meio de um mundo que não tem


justiça24 ”

A igreja não é uma adepta do plano de terceirização aplicada pela estratégia


empresarial atual no que diz respeito de deixarem outros fazerem o que compete a
ela. A globalização desta missão ou do que chamamos engrenagem do Reino,
usamos o nome de “Missão Integral”25, onde também outros podem chamar de
realização de um “Mandato Cultural26 . Vejamos o parecer de Peter Wagner sobre
“mandato cultural” em três aspectos, os quais são :Origem, Necessidades e
Alcance27 .

Origem: O mandato cultural está em Deus, que delegou a Adão e a Eva o


privilégio de cumprir com este mandato. “Sede fecundos multiplicai-vos e enchei a
terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar sobre as aves do céus e sobre
todo animal que rasteja sobre a terra Gn 1:28). Esse mandato poderia ser
denominado como a versão do Antigo Testamento. Sendo que a que chamaríamos
de versão do Novo Testamento é o texto de Mt 22:37-39, onde Jesus diz em forma
de mandamento expressões que se podem entender ainda melhor: “Amarás o
Senhor teu Deus de todo vosso coração, alma e entendimento” e o outro continua
dizendo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Jesus então resume que estes
dois estão na lei e nos ensinos dos profetas e que, como cristãs temos a
responsabilidade (e não é opção) de amar o próximo e como amaremos a Deus se
não amamos ao próximo?
Necessidade: E as necessidades são as prioridade e as emergências. Seria
tudo que envolvesse a integridade, família, integridade cultural, libertação do
oprimido, manutenção da paz (se é da vontade de Deus que vivamos em paz).
Deus conhece o nosso potencial e nos mostra que estas são características das
necessidades descritas também no sermão do monte.

24 - MIRANDA, Juan Carlos Dr. “Manual de Crescimento da Igreja” Ed. Soc. Religiosa Ed. Vida Nova. São Paulo
- SP 1991.
25 –Termo usado por René Padilla, Timóteo Carriker e outros; não temos a origem deste termo em torno de quem o
poderia ter criado, mas é freqüentemente usado.
26 - Termo usado por Larry Pate em seu livro “Missiologia” e pelo Dr. Peter Wagner, citado por
Juan Carlos Miranda em seu livro “Manual de Crescimento da Igreja”
27 - MIRANDA, Juan Carlos Dr. “Manual de Crescimento da Igreja” Ed. Soc. Religiosa Ed. Vida Nova. São Paulo
- SP 1991
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Alcance: “O mandato cultural nunca foi anulado: da criação até a conclusão


da história escatológica. Os agentes de Deus são os que realizam sua obra. Todos
tem uma parte a cumprir os crentes são os agentes escolhidos pôr Deus para
fazerem coisas acontecerem.. Contudo, grandes estudiosos, como é o caso de um
dos ex-diretores do Seminário Fuller, existem em afirmar que mandato cultural como
também de “DEVER CRISTÃO”.

Essa visão é integral ao homem, “feitura especial de Deus” (Hebraico


Yatsar)18 de uma forma generalizada, ao ser emocional, espiritual, físico,
sentimental. Somos muito bons em espiritualizar situações, mas pobres de uma
visão antropocêntrica19 (onde é uma visão de amor de Deus ao homem).

AÇÃO SOCIAL, MINISTÉRIO PASTORAL

Deve-se ver de forma reservada a ação social feita com o título de divulgação
denominacional ou até mesmo com o título de “ganhar” almas. Na verdade, na
maioria das vezes isto se dá não visando o ser humano mas o institucionalismo.
Não passa de mero apego sentimental e de uma auto justificação, sem falar no que
se diz respeito a sua denominação ou instituição da qual é membro. A acão social
é, e deve ser uma ação no tocante a se viver o mandato cultural, a missão integral,
visando o homem em si, total e completo, e não uma salvação da alma somente
mas vocaliza-lo como criatura de Deus, independente de sua posição religiosa, um
ser que chamamos nosso próximo. As facções estão vivas dentro do meio
evangélico não se fala de missões relacionada com ação social, existem as facções
baseadas numa visão puramente pessoal e egoísta.

Este pensamento, de que há dificuldades para se entender esta visão dentro


de um contexto socio-evangélico, se choca com uma missão de progressiva marcha
e de futuro promissor, na tarefa da igreja em cumprir a missão de Deus. Peter
Wagner diz:

18 Este termo hebraico é aplicado à criação do homem, porém como feitura de Deus, mas em específico, como
feitura especial de Deus, este termo se aplica à formação da mulher.
19 Termo que se refere ao homem como objeto do amor de Deus, onde o centro desta visão de amor é o homem.

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“Cada nova estruturação social (evangélica) que surge em nossos


países, em transformação, se necessita novas unções do Espírito
para cumprir novas tarefas29”

Peter Wagner relata que é sem dúvidas difícil implantar uma visão missionária
com esta estrutura social devido ao sistema já estabilizado existente, principalmente
sul-américa , um sistema recheado de autoritarismo e com forma ditatorial
eclesiástica. Ele relata seis cuidados e perigos para a igreja compreender esta
visão social30:
1- Perigo das Seleções: Os lideres perdem contato com o básico, com os que
querem servir mas não alcançam ter esta visão, e este grupo é maioria, humildes e
legítimos cristãos, mas que são descrentes nos termos de ação social, quando
tiveram num passado exemplos ruins de seus lideres.
2- Perigo das Divisões: A ação social é controvertida, causará divisões ao menos
que a igreja entenda a missão.
3- Perigo da Impotência Social: Os pregadores da ação social, não concordando
com a passividade da igreja e da sociedade, as vezes se enredam por caminhos
da crítica e esquecem da tarefa prioritária. “O próprio Papa disse aos pregadores
da Teologia da Libertação: Preguem o evangélico e não se envolvam com
política31”
4- Perigo da Desumanização: É quando o social se transforma em plataforma
política, e isto se dá manifestando a Desumanização negando uma teologia do
corpo e uma antropologia cristã.
5- Perigo da Imperfeição: É não conseguirem fazer bem uma coisa e outra, não se
leva a pastoral de forma eficaz, e nem mesmo o pastor é esperto em ação social
deixando a desejar em algumas áreas. A imperfeição se manifesta forma
generalizada.
6- Perigo de “Constantilismo”: (Este termo vem do Imperador Constantino). Qual
a meta da igreja controlar a sociedade ou a política? Este é o perigo de se querer
somente mudar as estruturas sociais e não fazer ação sociais. Queremos somente
revolucionários sociais ou queremos evangelistas que desenvolvem ação social?.

29 - MIRANDA, Juan Carlos Dr. “Manual de Crescimento da Igreja” Ed. Soc. Religiosa Ed. Vida Nova. São Paulo
- SP 1991. (citando Peter Wagner)
30 - Idem
31 - Idem (Citando o Papa João Paulo II)
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Para refletirmos um pouco mais sobre a missão com uma perspectiva de


missão integral observemos o relato resumido do comitê de Lausana com respeito
ao tema de urgência da obra missionária.

“Todos nós sentimos repugnância ante a pobreza de milhões de


seres humanos e ficamos perturbados ao saber das injustiças que a
provocam. Nós que vivemos em situação de abastança, aceitamos
como obrigação a observância de um viver simples, a fim de
contribuirmos mais generosamente tanto para a assistência social
como para a evangelização32”

“ A RELIGIÃO QUE PREGA A ACEITAÇÃO PASSIVA


DA MISÉRIA PRESENTE
EM VISTA DE UMA COMPENSAÇÃO FUTURA
PASSOU A SER CONSIDERADA UMA
DEFORMAÇÃO DO CRISTIANISMO,
UMA CARICATURA DE MAU GOSTO”

Dr. Francisco Catão

“A MENOS QUE VOCE AME

MUITO O POBRE,

ELE VAI TE ODIAR

QUANDO VOCÊ DER

PÃO PRA ELE”

Dom Elder Câmara

32 - VISÃO MUNDIAL/ABU. (Vários Autores) “A Missão da Igreja no Mundo de Hoje”.


EUA 1975
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TEOLOGIA SOCIAL : UMA NOVA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA?

As muitas barreiras existentes para uma sadia interpretação bíblica são, sem
dúvida nenhuma, o maior obstáculo que pode existir. Não obstante as escapadas
dos fatores externos à Comunidade Evangélica, temos que conviver com nossos
próprios ardores na busca de uma consciência missionária integral onde o ato social,
ou a ação social, não tem desvinculação. Ação pastoral sem ação social deixa de
ser missão integral, e sendo assim, fora da Missio Dei. Deus não compactua com
uma atitude de desapego à dor do outro, mas sim, independentemente e de forma
incondicional, Deus ama e atua em favor do homem.
Essas barreiras, por existirem, não nos remete a uma nova interpretação, mas
a uma releitura, numa ótica mais humana, ou seja teocêntrica.

Teocêntrica porque é incondicional o amor de Deus ao homem; onde mostra


que esse Amor se manifesta mais no lugar que se impera a fragilidade humana, o
descaso, desamor, a dor . Ótica mais humana por que passamos a ver com as
lentes de um amor doador e sacrificial. Isto é Missio Dei .

Ao contrário, parece que o lado das barreiras, por que não dizer internas,
dificultam essa nossa sadia interpretação da Missio Dei. O institucionalismo ou
leríamos denominacionalismo, parece sufocar o humano, o tradicionalismo dos
dogmas, talvez estes pessoais até, superam a tese da fé e da teologia pura, onde
amar o próximo como a ti mesmo, dá lugar a busca do sucesso dos sistemas
humanos, e isto as vezes é confundido com que chamam de levar o Evangelho.
Timóteo Carriker20 define de forma clara e simples essas principais dificuldades
para uma consciência social evangélica.

Psicológica . A primeira barreira a uma compreensão da responsabilidade


social cristã está relacionada a atitude do leitor e do expositor. Do expositor por que
sempre está relacionada como o dono da mensagem e seu tom exortador está
repleto de uma aparente atitude de desamor ; e justamente isto se passa para o
leitor, onde com muita tendência passa a absorver que para esta situação ele é
incapaz. “Chega de tanto discurso de coisas tão distantes para nós e que, com
certeza, nada mais de novidade teremos, somente muitos pregadores
exortadores e gritadores; é, estamos cansados” Este tipo de sentimento,
podendo ser inconsciente, se apossa dos cristãos.

Doutrinária. Esta tem haver com a questão das boas obras, e parecem que
isto soa diferente quando se fala das obras. Na realidade esta atitude não é
exatamente uma postura ou posição e sim uma contraposição aos então
denominados “inimigos da fé”, que são os católicos e os espíritas. Na realidade esta
contraposição não é exatamente uma barreira doutrinária, pois de doutrinária não

20 CARRIKER, Timóteo Ph.D. Escreveu vários livros, dentre eles o “Missão Integral”. É professor e Diretor
do Centro Acadêmico do CEM, Centro Evang. De Missões, em Viçosa-MG.
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tem nada, muito menos base bíblica escriturística para se opor a atitudes sociais e
filantrópicas de outros seguimentos religiosos. Como agir frente a referências
bíblicas exortativas a atitudes sociais como papel de um bom cristão? (Ef 2:8-10 e
Tg 2:14-17). Existem muitos seguimentos evangélicos radicais, ou para ser mais
moderado nos termos, zelosos que nem sabem a conotação do que é Doutrina, mas
conhecem “dotrina” que são fundamentos estereotipados nos chavões de alguns
pregadores de renome ou de nome “grandes homens de Deus”.

Histórica. Segundo nosso escritor de fonte, Carriker, esta barreira vem


definindo duas influências: uma externa e outra interna. Esta externa tem haver
com a influência dos europeus e norte-americanos na formação da consciência
cristã evangélica. No caso de igrejas norte-americanas vindas do contexto do
fundamentalismo ou de uma política nacionalista cristã, nos antigos chavões
“trouxemos fé e progresso” (haja petróleo em alguns países). A influência interna é
justamente política de contexto nacional, que foi durante a repressão militar a
ideologia política de 64. Nesta época estar do lado da direita (militares) era estar do
lado de Deus, como se Deus fosse filiado a algum partido. Robison Cavalcante
explica bem este pensamento político que pairava nas mentes da época do ensino
duro ou ditadura. Nesta circunstâncias se aprendeu não questionar nada que
partisse da autoridade, e esta repressão ideológica também se manifestava na
liderança cristã evangélica, muito menos expressarem suas interpretações sociais
cristãs de nossa responsabilidade como igreja, este discurso parece ter a ver com
marxismo.

O ESPIRITO SANTO NO LABOR PASTORAL

Falar do Espírito Santo é referir, com relação a Jesus, a uma outra pessoa,
que tem os mesmos objetivos com funções específicas. Jesus mesmo sendo
Deus tinha suas limitações, as quais seriam então suprimidas na pessoa do
Espírito Santo. A obra de Cristo Jesus tem suas proporções universais e eternas
e as mesmas seriam levadas e anunciadas pela igreja, que sem um auxílio Divino
não conseguiria as dimensões que hoje podemos constatar.
A missão da igreja nunca poderia seguir um caminho de vitória sem a ação

do Espírito Santo. A missão da igreja, bem como a deste consolador, é conduzir


uma mensagem multicultural e transformadora numa dimensão totalmente
diferente a de Jesus concernente a proporção que o cristianismo já tinha; e não
somente neste aspecto mas como a palavra anunciada é de âmbito Divino deve
ser anunciada com uma dimensão extra humana, espiritual, ungida pôr Deus e
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com toda certeza humanamente ninguém conseguiria, e seria somente uma


oratória cheia de eloquência e conhecimento mas que faltaria o essencial, o fator
Divino que produz mudança de vida e que responde as inquietude da
humanidade; caso contrário não poderíamos diferenciarmos das muitas outras
religiões existentes.
A evangelização ou a encarnação do evangelho na vida da igreja, numa
coletividade e numa individualidade de um tratamento ou relação pessoa a

pessoa; tem haver com quem sou e como sou, e como sou no mundo, e tudo isto
tem haver com minha relação com Deus, na pessoa do Espírito Santo. Ele é o
mais interessado na eficácia da “Missio-eklesia”.
Esta é a evidência da necessidade de comunhão na tarefa da
proclamação. A tarefa requer unção e dedicação em dependência para que,
mais do que aparentes “donos” de uma mensagem sejam honrosos pelo privilégio
de termos a direção do Espírito Santo, pois se Ele não falar pôr nós (e em nós)

nada podemos relatar.


Poderia relatar com amplitude muitas das outras ações mas além de seu
trabalho no convencimento da situação pecaminosa do homem e sua
necessidade de Deus, que é algo impossível ao homem, as ações que são a de
capacitar, confirmar, animar a igreja, fazer a pessoa de Cristo viva e seu
sacrifício, bem como seu retorno, são realidades na vida dos homens e da igreja.

REVELAÇÃO SALVÍFICA: SENSIBILIDADE MISSIONARIA


NUMA CONCLUSÃO OBJETIVA

“Em perspectiva teocêntrica diremos que a revelação está


ordenada para a glória de Deus; em perspectiva antropocêntrica

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afirmamos que a revelação está ordenada para salvação do


homem 21”
Se entende que um conceito de revelação de Deus tem conotação
salvífica; então concluímos que revelação e salvação vem do próprio Deus. A fé
tem seu papel importante nesta tarefa de aceitar e reconhecer esta situação de
revelação e salvação como uma só. Definir revelação sem referência a salvação
seria definir em pleno erro; salvação de Deus, em Cristo Jesus, é
“essencialmente revelação22”. E esta revelação dada pôr Deus não pode ser

restringida a nenhuma forma ou conceito humano, a nenhum parâmetro


institucional, ou encaixada e sistematizada num circulo de particular interesses e
pensamentos; mas deve-se ressaltar e fazer sobressair que a revelação é. O
desejo de Deus é que todos se salvem e tenham um relacionamento com Ele, pôr
isso Deus se revela e se faz conhecido tanto como criador como salvador do
homem, em graça e amor em Jesus Cristo.
Num comentário sobre a revelação Rene Latourelle assim refere-se: “O

Cristianismo não é uma metafísica abstrata, mas sim uma história de


salvação, ordenada segundo um plano Divino23” . Assim é também o
enfoque joanino concernente a apresentação de Jesus como o Cristo de Deus. O
Concílio Vaticano II, citado pôr Lautorelle diz:
“A revelação é absolutamente necessária, pôr que Deus em sua infinita
bondade, estabeleceu o homem a um fim sobrenatural, é dizer a participar
dos bens Divinos que sobressaem totalmente a inteligência da mente

humana24” .

21 LATOURELLE, Rene “Teologia de la Revelación” Verdad y Imagen 49. Ed. Sigueme 7ª Edición 1989 Salamanca
España. Pg. 535
22 Idem
23 Idem
24 Idem

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Deus se envolve com o homem e se dá a conhecer e este mesmo homem,


alcançado e constrangido pelo amor de Deus somos impulsionados a ter e viver a
vida que Cristo oferece, o pastor deve desejar ter e viver o caráter de Cristo.

Paulo refere-se a uma necessidade sua de estar em pleno envolvimento com a


vontade de Deus, e esta necessidade é quase física, algo que é fundamental
para aquele que toma consciência de todo ato de amor, criação e salvação de
Deus, que vai além da realidade consciente do homem.

“O Pai se revela pela ação conjugada do Verbo e do Espírito, que


são como os braços de seu amor a humanidade, e a atrai para
Cristo. O envolvimento de amor para aquele que o Pai se
manifesta, pôr Cristo, aos homens, e a correspondência do amor
dos homens pela fé e caridade, aparecem como submersos no
fluxo e refluxo de amor que une ao Pai e ao Filho no Espírito. A
revelação inicia um diálogo sem interrupções entre o Pai e seus
filhos, adquiridos pelo sangue de Cristo. Tem lugar uma vez no
plano dos acontecimentos históricos e no da eternidade. Se
inaugura com a Palavra e se culmina na visão, no encontro
facial25”
Tendo conhecimento e a sensibilidade espiritual o pastor deve buscar com
esmero pontos importantes e que facilitam a prática, sem nenhum ato de
imprudência e desrespeito para com o povo pode se obter a aprovação de Deus,
glorificando seu nome através da igreja com a consciência de que ela é a
responsável para realizar a “Missio-Dei”. Levar as ovelhas a esta consciência de

reprodução espiritual e a Ter o caráter de Cristo é o dever e o privilegio dos que


optam pelo ministério. Assim que devemos nos esmerar em tudo que Deus nos
confia.

25 Ide. “Não deixa de ser uma poesia de tom profético, real e gostosa de se ouvir e sentir; onde o amor de Deus
se manifesta de forma diferente, mas inimaginável; Deus é tremendo.
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SACRIFICADO

Sacrificada foi a consciência de que isto é algo irracional.


Sacrificada foi a loucura de que isto é algo impróprio para os sábios.
Sacrificada foi a vida pôr pensar ser ela mais importante
entre todas as esferas da existência.
Sacrificar é oferecer, é dedicar, é confirmar o que se tem pôr convicção.

O intranscedente, espiritual ou mentalizado toma forma


quando os valores sobrepõem as práticas,
muitas vezes viciadas no legalismo humanizado ao extremo
das mentes curiosas e opacas.
O aparente inatingível traz seu valor quando o sentimento de sacrifício
toma valor no seu lugar.

Quando se diz que sacrifício tem haver com “culto racional”,


parece que o irracional se encarna, mas o paradoxo se expõe dando
lugar ao que é real e absoluto na existência e retirando todo tipo de lógica
humana e filosofia materialista.

O que é realmente importante? Viver ou morrer?


Sacrificar-se ou reter o que dizem ser a vida?
O mais certo é quando os valores se encarnam nas consciências puras
dos que sacrifícios oferecem ou se oferecem em sacrifícios;
não propriamente um sacrifício físico visível,
mas sim um sacrifício real, espiritual e racional.

O mais racional se torna em espiritual para aquele que


sente e vive Deus.
Sacrificar simboliza dar o nosso mais precioso ungüento,
quem sabe seja ele a nossa própria vida,
como perfume que sobe às narinas de quem o merece.
Isto é espiritual e não menos racional.

ADENDO

CERIMONIAS
I- CEIA
Manifesta nossa teologia, credo e consciência cristã, declarando
publicamente que cremos no Deus encarnado, nascido entre os homens,
morreu por nós, pecadores, nos redimindo transportando para o Reino

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Eterno de Deus. Bem como na sua vinda escatológica, esperança do


homem salvo em Cristo.
Não podemos interpretar como sendo que os elementos se tornam em
sangue e carne literais (transubstânciação) que é a interpretação Católica
Romana, mas sim um simbolismo. Usar textos com interpretação do
contexto da ceia. A atitude de fé sobrepõe a que tipo de pão, se vinho ou
suco (mas é melhor conhecer o que pensa a igreja sobre o caso de se usar

vinho ou não, e o porque) e quantas vezes participar.

II- CERIMONIAS FUNEBRES


Usar textos específicos sobre a esperança do cristã; não negligenciar a
dor, espiritualizando-a no momento para os que sofrem a perda; não tonar
o momento para fazer um culto evangelístico e “ganhar almas”, por mais
que por si só já o é, mas não podemos dar essa conotação de exortação

neste momento, mas de descanso e consolo. Deve se conhecer quem era


a pessoa, como foi, o que pensa a família entre todos outros pormenores
do contexto da pessoa falecida. Sermão objetivo e direto, mas com muito
carinho e respeito.

III- CASAMENTO
Neste ato se coloca a ética e a formalidade tendo em vista o lugar

oficialmente reconhecido pelo estado ao ministrante. Daí a importância da


seriedade legal, e não menos pela espiritual. De acordo com o
estabelecido pelos noivos, com sugestão do pastor quando requerido, com
sermão objetivo, direto e contextualizado. Pois depende do local, tempo,
entre outros. Mas é necessário focalização e atenção aos principais da

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ocasião, em especial, como dita a primazia em nossa cultura, para a noiva.


Termos formais e legais são necessários para o caso de ser civil/religioso,
e caso seja somente as bênçãos seria mais prático e direto na ação
espiritual das bênçãos.

IV- CERIMONIAS CIVICAS E FORMATURAS


Deve se conhecer bem o ato e para quem se ministrará, conhecer termos

técnicos da área; conhecer a história que envolve a cerimonia; conhecer e


saber sobre as autoridades presentes, bem como os devidos termos de
tratamento aos mesmos, ser direto, objetivos e com conotação acadêmica,
se for o caso a ministração seja discurso, por mais que de cunho religioso
logicamente. Uma demonstração de conhecimento, bem como de
dependência de Deus torna de um garbo especial uma formatura ou
reunião cívica.

METAMORFOSE

Deus é perfeito e assim criou um sistema, equilibrado tudo feito para ser
acionado no devido tempo, nada está fora de sintonia. Existe pôr exemplo o caso da
metamorfose da lagarta, onde a seu tempo passa para outro estágio, fica diferente
bonita, colorida. O que passou fica no esquecimento, nem mesmo se lembra que um
dia rastejava e que não podia ver as coisas do alto. Neste caso tudo se transforma, a
lagarta recebe um título pomposo, um nome diferente. Como é belo esse momento
da senhora lagarta, pois assim Deus faz acontecer. Todo animal vive esses
fenômenos, mas o homem, que tem a primazia da criação (yatssar) parece não
conviver com seu ciclo. O homem é diferente, cada um nasce com características
distintas; negros, mulatos, brancos, inibidos, extrovertidos, seguros, inseguros,
afoitos, lideres, liderados. Assim somos nós. Deus nos fez assim, diferentes,
estabeleceu uma vida, deu-nos valores, mandamentos; estes, mesmo que estejam
inerentes em nós, é a nossa cara, e ao contrário da lagarta nós não podemos
mudar. Muitos, ou quase todos, tem uma capacidade tremenda e explícita de se
transformarem e de mudarem conceitos, épocas, pensamentos e valores. Parece
que o prioritário perde seu valor e o secundário passa a ter lugar de primazia. Como
seria o caso de muitos que se dizem pregadores do amor ao próximo, onde com
muita facilidade se metamorfoseiam, em uma conversão ao secundário, onde o
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básico e prioritário deixam de ser, para que as estruturas, os sistemas, o visível e


técnico passam a ter mais valor do que o humano. O propenso alvo dos sistemas, os
homens, estes vêem seu lugar ficar cada vez mais vago, preenchido pôr qualquer
outro. Os sistemas e as suas prioridades têm balançado nações inteiras num ritmo
frenético de dor e despreparo do espiritual. Somos todos muito bons em coisas
teóricas da alma, mas ruins e fracos de uma antropologia de amor. Muitos grupos
religiosos no mundo hoje tem essa mesma facilidade de serem uma metamorfose
ambulante, onde se adaptam e refazem seus dogmas de lugar para lugar, de país
para país, de cultura para cultura. Até parece que a verdade anda tendo caras
diferentes e formas diferente. A verdade é imutável, axiomática, a verdade é Cristo.
Ele não muda. É que nós somos limitados, pequenos e muitas das vezes medíocres
em nosso raciocínio, ignorantes até. Mas Deus supera tudo e todos, épocas,
pensamentos, ética humana. Ele se relaciona sem metamorfosear seus conceitos,
Ele os vive, e eles moram nEle. Ele é. E o que é não muda, é. Deus não se
transforma pelo passar do tempo, nem pela constante mudança de interpretação
que se possa ter; nunca se verá Deus com diplomacia interesseira ou com
imposição e pressão, cedendo a homens com suas vãs glorias. Deus não é homem,
ele não muda, ao contrário o homem é vulnerável e vive trocando suas vestes; Hora
é lagarta, hora libélula, devido ao tempo, devido aos interesses, devido aos seus
conceitos puramente circunstanciais. Triste homem, hora libélula, hora lagarta (não
é o fato de ser lagarta que é ruim, mas a metamorfose muda seu ser), hora Deus
encarnado na beleza das teorias do amor, hora emissário do mal, encarnando o
poder da metamorfose. Paulo disse “miserável homem que sou, quem me livrara do
corpo desta morte, pois o quero não faço e o que não quero , isto faço, miserável
homem que sou”. Mas se deixarmos sermos moldados e transformados pôr Deus
uma metamorfose acontece, o barro se transforma em um rico e fino porta jóias. II
Cor 4, v. 7.

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