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Teste Nº1

Um piano na minha rua...


Crianças a brincar...
O sol de domingo e a sua
Alegria a doirar...

A mágoa que me convida


A amar todo o indefinido...
Eu tive pouco na vida
Mas dói-me tê-lo perdido.

Mas já a vida vai alta


Em muitas mudanças!
Um piano que me falta
E eu não ser as crianças!

Fernando Pessoa, Poesia do Eu (edição de Richard Zenith),


Porto, Assírio & Alvim, 2014, pp. 102-103.

1. Indique o local, o tempo e a situação registados pelo sujeito poético na


primeira estrofe.
R: O sujeito poético, em jeito de evocação, convoca um domingo solarengo e a
sua rua, aquela onde morou e onde as crianças brincavam alegremente, tal como
se pode ver ao longo da primeira estrofe.

2. Descreva o estado de espírito do sujeito poético, confrontando-o com o


experienciado no passado.
R: No presente, o “eu” sente-se magoado, triste, inseguro, mas certo de que a
vida pouco lhe deu e nem esse pouco soube aproveitar. Por isso, as
transformações por que passou fazem-no valorizar o tempo da infância que, por
corresponder à inconsciência, se pode associar à alegria de viver à
despreocupação, que contrastam com a racionalização excessiva no presente.

3. Refira, justificando à luz das aprendizagens realizadas, o tema


predominante no poema.
R: O poema tem como tema “a nostalgia da infância”, uma vez que todo ele se
baseia na reflexão que o “eu” adulto, no presente, faz sobre o passado, o tempo
que viveu, mas de que não disfrutou e que teria sido marcado pela alegria só
alcançada por quem vive sem consciência ou sem noção da realidade.
A quarta revolução

A quarta revolução industrial está aqui, mesmo quando não percebida porque
encoberta no velho lodo de um Mundo desigual, onde a pobreza extrema se agrava
e as alterações climatéricas bradam a desordem de um modelo de desenvolvimento
insustentável, do qual as migrações massivas e desesperadas são um sinal, entre
outros. Mas a “revolução” está aqui e agora, na sua
mutabilidade permanente, na vertiginosa capacidade de adaptação e integração,
unindo polos longínquos do Planeta, comunicando na mesma língua, à velocidade da
Internet, uma fabriqueta do Burundi com um escritório de Manhattan.
Na base da quarta revolução industrial está a transação acelerada e cada
vez mais direta do conhecimento e da inovação tecnológica para a economia,
serviços, administração e governo das sociedades (países, instituições, aldeias,..)
inserindo alterações radicais no modo de organização dos mercados e do trabalho,
a uma escala mundial, sistémica e total.
O Fórum Económico Mundial, reunido este ano em Davos, prevê que sejam
extintos cinco milhões de postos de trabalho nos próximos anos. Há funções e
trabalhos que rapidamente se tornarão irrelevantes e obsoletos face a novos
processos mais avançados de produção, novas necessidades e estilos de vida. Mas,
de igual modo, há novas profissões a nascer de forma surpreendentemente rápida.
Como nos situamos neste processo? De que modo podem um país, uma
instituição, uma pessoa, serem nele atores reivindicando para si o estatuto de
sujeito − que interfere na decisão, no seu sentido e rumo − e não mero elo anónimo
da cadeia produtiva? Ou seja, que tipo de revolução desejamos, nos seus fins e
meios?
O conhecimento e a inovação, em si, não conhecem cores políticas ou
preconceitos ideológicos. Pelo contrário: são filhos do pensamento criativo, da
liberdade. Mas o mesmo poderemos dizer da sua aplicação? Da forma fluída e
irresponsável como fluem, transformados em mercadorias sem barreiras éticas ou
compromissos contratualizados?
A verdade é que precisamos de pensar no futuro que queremos, para fazermos
no presente as ações que o constroem. Uma das ideias utópicas mais recorrentes
na filosofia política ou na literatura é o sonho de um futuro, onde liberto pelo
saber das tarefas mais duras, o homem poderia gozar o lazer, usufruindo num Éden
feliz uma relação de paz com a Natureza.
Não há Éden no Mundo dos homens. Temos de nos governar e a crítica é a arma
indispensável de toda a construção.
Rosário Gambôa, in JN, edição online de 07 de outubro de 2016 (consultado em
novembro de 2016).
1. A quarta revolução industrial relaciona-se com (A)
(A) a transação rápida e direta do conhecimento e da inovação tecnológica.
(B) a capacidade imutável e vertiginosa de adaptação e de integração.
(C) a transformação social e a desordem ao nível do desenvolvimento.
(D) o aumento da riqueza e a diminuição da pobreza num mundo global.

2. Na atualidade, assiste-se a profundas transformações ao nível (B)


(A) da estratificação das sociedades.
(B) dos mercados e do trabalho.
(C) das transações à escala mundial.
(D) da visão economicista dos governos.

3. A simbiose homem-natureza é (C)


(A) uma ideia concretizável no futuro.
(B) possível no jardim do Éden.
(C) uma utopia veiculada pela literatura e pela filosofia.
(D) uma tarefa dura, mas concretizável pelo saber.

4. A forma verbal presente em “onde a pobreza extrema se agrava” (l. 2) tem um


valor aspetual (C)
(A) perfeito.
(B) iterativo.
(C) habitual.
(D) genérico.

5. O segmento “Na base da quarta revolução industrial” (l. 8) desempenha a função


sintática de (B)
(A) sujeito.
(B) predicativo do sujeito.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) modificador apositivo do nome.

6. A forma verbal “se tornarão” (ll. 13-14) pertence à subclasse dos verbos (A)
(A) copulativos.
(B) transitivos predicativos.
(C) transitivos indiretos.
(D) intransitivos.
7. A conjunção “Mas” (l. 15) assegura a coesão (C)
(A) lexical.
(B) referencial.
(C) interfrásica.
(D) frásica.

8. Classifique a oração “que sejam extintos cinco milhões de postos de


trabalho nos próximos anos” (ll. 12-13).
R: Oração subordinada substantiva completiva

9. Indique o referente do pronome “que” (l. 26).


R: “as ações”.

10. Identifique o processo de formação da palavra “saber” (l. 28)


R: Conversão ou derivação impropria pois não há alteração formal da palavra saber.

GRUPO III
O desenvolvimento do conhecimento e das tecnologias, responsável por aquilo que
se designa por “quarta revolução industrial”, parece não estar a ser canalizado para
o bem da Humanidade.
Escreva um texto de opinião, de 170 a 200 palavras, no qual defenda um ponto de
vista sobre o modo como o ser humano usa os conhecimentos e os avanços
tecnológicos na sociedade.
Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e
ilustre cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

Introdução – Definição do ponto de vista a defender: o ser humano usa a tecnologia


para o bem comum.
Desenvolvimento
1º argumento – os avanços científicos ao serviço do bem-estar das populações.
Ex: novas técnicas e aparelhos usados no diagnóstico ou tratamento de doenças
até agora incuráveis;
2º argumento – os avanços científicos ao serviço da comunicação entre as pessoas
e do desenvolvimento económico e social.
Ex: desenvolvimento de tecnologias que permitem um contacto mais fácil entre as
pessoas a nível social (redes sociais) ou a nível laboral (plataformas que permitem o
trabalho ou a aprendizagem à distância).
Conclusão – Necessidade de usar as tecnologias para o bem comum.

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