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Aula 1 – Processo Civil

Professora Fayne Alcântara


7º PERÍODO

PANORAMA GERAL DAS MODIFICAÇÕES DO CPC/73, EXPOSIÇÃO DOS MOTIVOS DO


ANTEPROJETO, VACCIO LEGIS e ENTRADA EM VIGOR.

Histórico
Senado Projeto 166/2010
Substitutivo do Senado Pelo Senador Valter Pereira
Câmara : Projeto Lei 8.046/2010 (Projeto Barradas)
Senado: Relatório Final (Senador Vital do Rego)
Texto final com aprovação de 12 destaques (modificações de últimas horas)
Sanção Presidencial com veto em alguns artigos

Vacattio Legis de 1 ano:


A publicação oficial ocorreu no dia 16 de março de 2015, e o CPC/2015 entrou em vigor no
dia 17 de março de 2016.
Ao entrar em vigor, o CPC/15 terá aplicação imediata.

Ministro Luiz Fux (um dos principais idealizadores do projeto): Analisou os obstáculos à
celeridade encontrados no CPC/73, os quais atribuiu a três grandes causas: excesso de
formalidades, expressivo volume de demandas e grande número de recursos no sistema
processual em vigor.
O objetivo central do NCPC é no sentido de reafirmar a determinação constitucional da razoável
duração dos processos, a igualdade nas decisões em casos idênticos e a valorização da busca de
soluções de conflitos por meio da mediação e da conciliação.

EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO ANTEPROJETO. OBJETIVO CLAROS

· Estabelecer expressa e implicitamente verdadeira sintonia fina com a Constituição


Federal;
Este objetivo foi mantido e alcançado no projeto final da lei pois ele reforça os princípios e regras
processuais dispostas na Constituição, dando clara noção da importância dos princípios
processuais, e ainda acrescentando o Princípio da Cooperação que não estava em voga em 1988,
cujo princípio reforça o contraditório. A ideia é que reforçando estes princípios sejam obedecidos.
Artigo 1º reforça isso : O processo civil será ordenado, disciplinado e
interpretado conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos
na Constituição da Republica Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código. (PIRAME DE KELS)
Ex. de princípios previstos no CPC que reafirmam os princípios constitucionais:
Art 3º - Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. (O caput traz em
mente o artigo 5º inciso XXXV da CF, segundo o qual a lei não excluirá da apreciação jurisdicional
lesão ou ameaça a direito, conhecido como PRINCIPIO DO ACESSO À JUSTIÇA.
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a
atividade satisfativa.Este artigo reproduz, no plano infraconstitucional o PRINCIPIO DA
ECONOMIA e EFICIENCIA PROCESSUAL art. 5º LXXVIII da CF.
· Criar condições para que o juiz possa proferir decisão de forma mais renta à
realidade fática subjacente à causa;
Este objetivo começou no muita força no projeto e depois perdeu grande força no projeto final
aprovado, pois no início o projeto dava muitos poderes ao juiz, se continuasse como estava seria
o Código do Poder Judiciário, contudo, o texto final aprovado acabou por limitar
consideravelmente os poderes do Juiz, tornando basicamente o Código da Advocacia.
· “Simplificar”, resolvendo problemas e reduzindo a complexidade de subsistemas,
como, por exemplo, o recursal.
O projeto inicial realmente tinha este objetivo, entretanto, o texto final acabou deixando o Código
muito mais técnico do que prático como era o objetivo inicial.
Com relação a “simplificar” reduzindo a complexidade de subsistemas, entretanto, a forma como
foi aprovada acabou por manter e outros até mesmo a tornar ainda mais complexo do que já era.
Ex. O projeto principal era sair a reconvenção que seria substituída pelo pedido contraposto, já
utilizado nos Juizados Especiais, entretanto, no CPC atual a reconvenção se manteve
(presumindo-se inclusive o interesse na manutenção deste instituto em razão da condenação dos
honorários advocatícios).
A intervenção de terceiros tinha-se a ideia inicial de reduzir bastante, entretanto, ao contrário
disso, o CPC atual foi aprovado com ainda mais formas de intervenção de terceiro (ex. amicus
curie)
· Dar todo o rendimento possível a cada processo em si mesmo considerados.
Não sei se é um objetivo que foi plenamente atingido, vai depender muito do comportamento das
partes e do diálogo delas com o juiz, pois se houver realmente um intuito mútuo de fazer valer o
princípio da cooperação, as partes poderão sim serem atendidas com um julgamento do mérito
satisfatório.
Uma novidade do CPC que pode colaborar muito com isso é a participação das partes no
saneamento do feito, no Codigo anterior incumbia ao juiz, o destinatário das provas avaliar quais
eram os pontos controvertidos relevantes, no Código atual, o Juiz deixa de ser o protagonista do
processo e passa a ser um figurante, podendo inclusive marcar uma audiência para que as
próprias partes fixem quais pontos controvertidos entendem serem relevantes para o deslinde do
feito.
A ideia central deste objetivo é que a extinção do processo sem resolução do mérito seja apenas
em casos excepcionais, buscando-se como regra o julgamento do mérito dos conflitos.

· “Imprimir maior grau de organicidade ao sistema, dando-lhe assim, mais coesão.


Finalmente, sendo talvez este último objetivo parcialmente alcançado.
Temos uma parte geral com os princípios e a base dos processos e depois a parte especial com
os demais detalhes.
Quando o processo de conhecimento se tornou um processo sincrético na qual passou a abarcar
tanto o processo de conhecimento + o cumprimento de sentença num mesmo processo, o Código
antigo deixava deslocado quais seriam os procedimentos neste caso, tanto que se foi criado o
artigo 475-j para tentar minimizar este deslocamento da matéria, com o Novo Codigo o
Cumprimento de sentença passa a ter um capitulo próprio dentro do contexto ainda do Código de
Processo de Conhecimento, ficando separado do Processo de Execução.
Estrutura do novo CPC:
Parte Geral do Código (art. 1 a 317) com seis livros
Livro I – Das Normas Fundamentais e Da Aplicação das Normas Processuais (princípios)
Livro II – Da função jurisdicional (pressupostos processuais o que mudou)
Livro III – Dos Sujeitos do processo (as partes, terceiros, juiz)
Livro IV – Dos atos processuais (sistema de nulidades)
Livro V – Da tutela provisória (trouxe grande simplificação, tutela antecedente)
Livro VI – Formação, suspensão e extinção do processo.
Parte Especial (art. 318 a 770)
Livro I – Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento da Sentença (arts. 318 a 770)
(não há mais o procedimento sumário agora há apenas o procedimento comum – ordinário)
Livro II - Do Processo de Execução (art.771 a 925)
Livro III - Dos Processos nos Tribunais e dos meios de impugnação das decisões judiciais
(arts. 926 a 1.044)
LIVRO COMPLENTAR DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS (art. 1.045 a 1.072).

DENTRE AS INOVAÇÕES MAIS RELEVANTES DESTACAM-SE:

· Os Juizes e o tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para


proferir sentença ou acórdão (art. 12), observar as exceções a referida regra (§2).

· A possibilidade jurídica do pedido não é mais “condição da ação”, cujas condições


agora se restringem a legitimidade e interesse de agir (art. 17). Assim, diante da
impossibilidade jurídica do pedido, o juiz prolatará sentença de mérito
(improcedência ). No antigo artigo 267, inciso VI, previa a extinção do feito sem resolução
do mérito quando não concorresse qualquer das condições da ação, como a possibilidade
jurídica , a legitimidade das partes e o interesse processual.
Atualmente, o CPC/15 traz em seu artigo 485, inciso VI, a seguinte redação:
“verificar ausência de legimitidade ou de interesse processual”
· Os prazos processuais passam a correr somente em dias úteis (art. 219)

· Foram instituídos dois novos auxiliares da justiça que são os conciliadores e os


mediadores (art. 165 a 175)
CPC Atual : Art. 149.  São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribuições
sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o chefe de
secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o
tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o contabilista e
o regulador de avarias.
CPC/73:
Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de
justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete

· A necessidade quanto a designação da audiência de conciliação e o início do


cômputo do prazo para defesa (artigo 334 a 335) Assim que o juiz recebe a petição
inicial, ele deverá determinar a citação e designar audiência de conciliação no
CEJUSC (art 334).

· Exclusão da nomeação a autoria (o artigo 338 traz um procedimento mais simples onde
ao ser mencionado na defesa que o réu não é o responsável pelo prejuízo causado ao
autor, o juiz facultará ao autor no prazo de 15 dias, alterar a petição inicial, na ocasião o
autor deverá pagar as custas e honorários do réu que saiu do processo e emendar a inicial
fazendo constar aquele indicado . Entretanto, o autor também poderá ao invés de encerrar
o processo contra o primeiro réu, poderá apenas acrescentar a lide o novo réu como
litisconsórcio passivo, mantendo o réu originário.
No CPC/73 as regras quanto a nomeação a autora seguiam os artigos 62 e seguintes vejamos:
Art. 62 – Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio,
deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.
Art 63 – Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo
proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos
alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro.
Art 65 Aceitando o nomeado, ao autor incumbirá promover-lhe a citação; recusando-o ficará sem
efeito a nomeação.
Art. 66 – Se o nomeado reconhecer a qualidade que lhe é atribuída, contra ele correrá o processo;
se a negar, o processo continuará contra o nomeante. (ou seja, para prosseguir o processo em
relação ao nomeado este deveria reconhecer a nomeação, senão o processo continuaria apenas
contra o primeiro reú).

· Mudanças na denunciação a lide per saltum que era permitida pelo artigo 456 do
Código Civil que agora foi revogado pelo CPC/15, ou seja, dá-se maior rendimento
ao processo não precisava ter uma sucessão de denunciações a lide e ainda veda a
denunciação per saltum. (art. 125, §2º)
Atualmente o CPC admite uma única denunciação a lide, o denunciado se perder depois deverá
ingressar com um novo processo para cobrar de quem vendeu para ele e assim sucessivamente
até chegar aquele que realmente deu causa ao prejuízo. Sem dúvida alguma nesta parte o Novo
Processo tornou-se muito mais demorado para se fazer realmente justiça, contudo, a ideia é que o
processo em si torne-se mais célere.

· A oposição deixou de ser considerada uma modalidade de intervenção de terceiro


virou procedimento especial (art. 682) “Quem pretender, no todo ou em parte, a
coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a
sentença, oferecer oposição contra ambos”.
Em que pese constar como procedimento especial, não há nada de especial no seu
procedimento, a não ser a inexistência da citação para comparecimento do réu, em regra, à
audiência de conciliação ou de mediação (os opostos serão citados para contestarem no prazo
comum de 15 dias)

· Incluiu-se como modalidade de intervenção de terceiros o amicus curie


(artigo 138)
– “O Juiz o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto
da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de
oficio ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir
a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 dias de sua intimação.
§ 1º - A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza
a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a
hipótese do § 3º.
§ 2º - Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir
os poderes do amicus curie.
§ 3º - O amicus curie pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de
demandas repetitivas.
Antigamente este tipo de intervenção era admitida apenas no TJ (ex. descriminalização do
uso da maconha).
Esta participação é muito importante pois as vezes a análise da causa depende de um
conhecimento técnico que não tem o juiz e o amicus curie poderá trazer subsídios técnicos
suficientes para trazer informações suficientes para legitimar o posicionamento do magistrado.

· A desconsideração da personalidade jurídica tornou –se um incidente processual


(art 133) (esta forma de redirecionamento da dívida para a pessoa do sócio ficou muito
mais justa por permite antes o contraditório dos sócios. É considerada uma modalidade de
intervenção de terceiro pois a empresa executada não sai do polo passivo apenas
acrescenta-se um novo) Tambem é possível a desconsideração inversa. A pessoa física
esta quebrada, mas ele investiu tudo em uma pessoa jurídica (Holding Familiar – ex.
Eduardo Cunha) Investimentos como pessoa jurídica tem benefícios tributários)

· Aboliu-se o procedimento sumário, adotando-se para todos os processos o


procedimento comum (o rito do procedimento ordinário) (art. 318)

DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO CPC/73


Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: [V. art. 1.046, § 1.º e 1.049, relacionados]
I – nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo;
II – nas causas, qualquer que seja o valor [V. art. 1.063, relacionado]
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;
c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução;
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial;
g) que versem sobre revogação de doação;
h) nos demais casos previstos em lei.
Parágrafo único. Este procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas.
Art. 276. Na petição inicial, o autor apresentará o rol de testemunhas e, se requerer perícia, formulará quesitos, podendo indicar assistente
técnico. (era exposto tudo na primeira oportunidade da parte em falar nos autos)
Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e
sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em
dobro.
§ 1º A conciliação será reduzida a termo e homologada por sentença, podendo o juiz ser auxiliado por conciliador.
§ 2º Deixando injustificadamente o réu de comparecer à audiência, reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados na petição inicial (art. 319), salvo
se o contrário resultar da prova dos autos, proferindo o juiz, desde logo, a sentença.
§ 3º As partes comparecerão pessoalmente à audiência, podendo fazer-se representar por preposto com poderes para transigir.
§ 4º O juiz, na audiência, decidirá de plano a impugnação ao valor da causa ou a controvérsia sobre a natureza da demanda, determinando, se for o
caso, a conversão do procedimento sumário em ordinário.
§ 5º A conversão também ocorrerá quando houver necessidade de prova técnica de maior complexidade.
Art. 278. Não obtida a conciliação, oferecerá o réu, na própria audiência, resposta escrita ou oral, acompanhada de documentos e rol de
testemunhas e, se requerer perícia, formulará seus quesitos desde logo
, podendo indicar assistente técnico.
§ 1º É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, desde que fundado nos mesmos fatos referidos na inicial.
§ 2º Havendo necessidade de produção de prova oral e não ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 329 e 330, I e II, será designada
audiência de instrução e julgamento para data próxima, não excedente de trinta dias, salvo se houver determinação de perícia.
Art. 279. Os atos probatórios realizados em audiência poderão ser documentados mediante taquigrafia, estenotipia ou outro método hábil de
documentação, fazendo-se a respectiva transcrição se a determinar o juiz.
Parágrafo único. Nas comarcas ou varas em que não for possível a taquigrafia, a estenotipia ou outro método de documentação, os depoimentos
serão reduzidos a termo, do qual constará apenas o essencial.
Art. 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso
de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.
Art. 281. Findos a instrução e os debates orais, o juiz proferirá sentença na própria audiência ou no prazo de dez dias.

· Inclui-se como um dos requisitos da petição inicial o número do CPF / CNPJ e o


endereço eletrônico (art. 319) – Qual a finalidade especifica destes requisitos?

· As alegações quanto a incompetência relativa e a impugnação quanto ao valor da


causa e impugnação a gratuidade da justiça , deixaram se der arguidas em autos
apartados (exceção de incompetência e incidente de impugnação ao valor da causa e
impugnação a concessão da gratuidade da justiça) e passam a ser arguidas na
contestação, sob pena de preclusão (art. 337, incisos II, III, e XIII.

· Possibilidade do julgamento parcial do mérito (art 356).


Como será neste caso se houve recurso será apelação?
Anteriormente vigorava o princípio da unicidade da sentença (uma única sentença), entretanto,
ainda que não regularmente prevista no CPC nas ações de família já se adotava esta prática.

ex. Numa ação de divórcio c/c alimentos e partilha as partes compõem acordo em relação aos
alimentos o que é homologado pelo juiz (sentença de mérito), entretanto, o processo prosseguia
em relação a partilha dos bens.
Art. 356.  O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos
formulados ou parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355.
§ 1o A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de
obrigação líquida ou ilíquida.
§ 2o A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na
decisão que julgar parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que
haja recurso contra essa interposto.
§ 3o Na hipótese do § 2o, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será
definitiva.
§ 4o A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito
poderão ser processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a
critério do juiz.
§ 5o A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de
instrumento. (principio da fungibilidade recursal).
Tal fatiamento do mérito pode ocorrer em relação a um ou alguns dos vários pedidos
formulados na ação, na reconvenção ou em outras demandas incidentais (como é o caso
da denunciação da lide). Por exemplo: o autor formula três pedidos na inicial – e dois deles,
por ocasião do julgamento conforme o estado do processo, não apresentam nenhuma
controvérsia quanto aos fatos que os embasam, havendo necessidade de provas apenas
relativamente ao terceiro pedido. Outro exemplo: as provas documentais reunidas nos
autos já são suficientes para elucidar os fatos relevantes para o julgamento do pedido feito
pelo autor, sendo necessária somente instrução probatória relativamente ao suporte fático
da reconvenção que o réu formulou.
Mas o fatiamento pode ainda incidir sobre uma única pretensão formulada, na medida em que ela
seja fracionável, decomponível. Por exemplo: o autor pede a condenação do réu ao pagamento de
um milhão de reais, e o réu desde logo reconhece a procedência de duzentos mil reais,
defendendo-se quanto ao resto.

· A decisão judicial transitada em julgado poderá ser levada a protesto, nos termos da
lei, depois de transcorrido o prazo para pagamento voluntário (art. 517)
A ideia é forçar o cumprimento da ordem judicial. O Protesto (registro em cartório) visa
impingir ao devedor pagar o valor devido para ter seu nome limpo na praça comercial.

• Inovação quanto a possibilidade de inversão do ônus da prova, anteriormente


previsto apenas nas relações de consumo (artigo 6º, inciso VIII do CPD).
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do
autor.
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo
nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato
contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o
faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade
de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a
desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. (a
excessividade da inversão do onus da prova a doutrina chama de prova
diabólica)
§ 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das
partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito

• Criou-se o incidente de julgamento conjunto de demandas repetitivas , cujo objetivo é


o julgamento conjunto de demandas que gravitam em torno da mesma questão de direito,
por dois ângulos: a) o relativo àqueles processos, em si mesmos considerados, que, serão
decididos conjuntamente; b) no que concerne à atenuação do excesso de carga de trabalho do
Poder Judiciário – já que o tempo usado para decidir aqueles processos poderá ser mais
eficazmente aproveitado em todos os outros, em cujo trâmite serão evidentemente menores os
ditos “tempos mortos” (= períodos em que nada acontece no processo).
Por outro lado, haver, indefinidamente, posicionamentos diferentes e incompatíveis, nos Tribunais,
a respeito da mesma norma jurídica, leva a que jurisdicionados que estejam em situações
idênticas, tenham de submeter-se a regras de conduta diferentes, ditadas por decisões judiciais
emanadas de tribunais diversos.
Esse fenômeno fragmenta o sistema, gera intranquilidade e, por vezes, verdadeira perplexidade
na sociedade. Prestigiou-se, seguindo-se direção já abertamente seguida pelo ordenamento
jurídico brasileiro, expressado na criação da Súmula Vinculante do Supremo Tribunal
Federal (STF) e do regime de julgamento conjunto de recursos especiais e extraordinários
repetitivos (que foi mantido e aperfeiçoado) tendência a criar estímulos para que a
jurisprudência se uniformize, à luz do que venham a decidir tribunais superiores e até de
segundo grau, e se estabilize.

· MODIFICAÇÕES RELEVANTES QUANTO AOS RECURSO:


O agravo de instrumento passa a ter um rol taxativo quanto ao seu cabimento (art
1.015)
O agravo retido é excluído - a partir de agora, as decisões interlocutórias que não se
amoldam nas hipóteses de cabimento do agravo de instrumento, devem ser
questionadas em preliminar de recurso de apelação ou nas contrarrazões aquele
recurso (ART1.009, § 1º)
Com exceção aos embargos de declaração que o prazo é de 5 dias, todos os demais
recursos o prazo será de 15 dias para interposição (artigo 1.003 §5º)

Observações:
Sentença – sentimento do juiz, aquilo que o juiz sentia para os Romanos
A ideia do NCPC surgiu através da análise se o processo estava atingindo os fins para o
qual foi criado, a partir da década de 90 o processo sofreu inúmeras alterações, e mesmo
assim não estava realizando a contento a sua missão fundamental, entregar à sociedade a
resolução dos conflitos dentro de um prazo razoável e com as observações do direito
material propriamente dito, notadamente porque os juízes passaram a adotar muito o
direito processual, o que culminou em muitos processos sem uma efetiva solução.
Em decorrência da previsão constitucional de que nenhuma lesão a direito poderá escapar
do apreciação do poder judiciário, fomentou-se um aumento desenfreado da interposição
de litígios (prejudicando o princípio da duração razoável do processo).
Em 2009 foi realizado um congresso chamado de Congresso Panamericano de Direito
Processual, ocasião se observou a imperiosa necessidade de um novo código para
reorganizar as modificações anteriormente sofridas bem como para tentar trazer de forma
mais simples e objetiva a solução dos conflitos.

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