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Centro Universitário Hermínio Ometto de Araras

UNIARARAS

O coordenador Prof. Esp. Luis Armando Ferreira e o Prof. Ms. Adalberto


Zorzo, organizador da obra para o curso de Pós-Graduação em Engenharia de
Segurança do Trabalho

Trabalhos de conclusão de curso de Pós-Graduação em


Engenharia de Segurança do Trabalho

ARARAS/SP
2016 1
Centro Universitário Hermínio Ometto de Araras

UNIARARAS

Trabalhos de conclusão de curso de Pós-Graduação em


Engenharia de Segurança do Trabalho

Compendio contendo os artigos produzidos


pelos discentes como Trabalho de Conclusão
de Curso no cumprimento dos requisitos
para obtenção do Diploma de Pós-Graduação
latu senso do curso de Engenharia de
Segurança do Trabalho

ARARAS/SP 2
2016
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4
2. ARTIGOS .................................................................................................................... 5
3. ELENCO DE ARTIGOS ........................................................................................... 7
3.1 - PSICOPATOLOGIAS DECORRENTES DO AMBIENTE DE TRABALHO . 7
3.2 - MEDIDAS DE HIGIENE OCUPACIONAL INDICADAS A EXPOSIÇÃO AO
CHUMBO .................................................................................................................. 20
3.3 - PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS ................................................. 35
3.4 - IT 16/2011 - PLANO DE EMERGÊNCIA CONTRA INCÊNDIOS ............... 49
3.5 -RISCOS OCUPACIONAIS NA COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS ................................................................................................................ 61
3.6 - INSALUBRIDADE POR EXPOSIÇÃO A RADIAÇÃO SOLAR .................. 81

3
1 INTRODUÇÃO

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua


própria produção ou a sua construção” – Paulo Freire.
Com esse pensamento os coordenadores apoiaram a realização desse compendio e que,
acreditamos já tenha superado as expectativas quanto às contribuições a nossa comunidade.
Por fim, é com grande satisfação que cumprimentamos todos os alunos que com
esforço e dedicação tornaram este trabalho possível.
Em especial aos professores e coordenadores que participaram deste processo
intensamente:
Prof.º Dr. Marcelo Augusto Marretto Esquisatto
Prof. Dr.Aroldo Jose Isaias de Moraes
Prof. Ms. Fábio Isaias Felipe
Prof. Esp. Luís Armando Ferreira.

Organizador do Compêndio:
Prof. Ms. Adalberto Zorzo

Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS


26 de Abril de 2016.

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2. ARTIGOS

NORMAS DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS, BASEADO NAS NORMAS DA


REVISTA CIENTÍFICA DA FHO-UNIARARAS.
Os artigos deverão ser confeccionados e submetidos de acordo com as normas descritas a
seguir. Os artigos serão reunidos em um compendio que será publicado na biblioteca digital
da UNIARARAS.
TÍTULO EM LETRAS MAIÚSCULAS1
(Times New Roman, tamanho 14, negrito, centralizado)
(linha simples)
(linha simples)
SOBRENOME, Nome Completo
Orientadora: Draª Xxxxxxxx
(Times New Roman, tamanho 12, alinhado a direita)
(linha simples)
RESUMO (a palavra resumo deve ser em Times New Roman 12, negrito, escrito em letras
maiúsculas, alinhado à esquerda, mínimo de 100 e máximo de 200 palavras – o texto do resumo
em letras minúsculas, espaçamento simples, sem parágrafo, justificado)
Palavras-chave: Palavra. Palavra. Palavra.
(linha simples)
(linha simples)
Introdução (Times New Roman, 12, Negrito, Centralizado)
Os trabalhos devem ser escritos em português, no editor de textos Microsoft Word.
Todos os autores devem seguir as instruções aqui apresentadas.
Não usar parágrafos com recuos. Não usar tabelas, gráficos, imagens ou fotos.
Recomendamos que o trabalho seja redigido por sobre este mesmo arquivo, onde as
indicações auxiliares presentes em azul e vermelho sejam posteriormente apagadas. O tamanho
máximo da Introdução está limitado no mínimo, 300 palavras e, no máximo, 600 palavras.
(linha simples)
Desenvolvimento (Não deverá ser chamado de “desenvolvimento”, mas deverá ter o título que o
autor julgar mais pertinente, podendo, inclusive, ser o mesmo título do artigo.) (Times New
Roman, 12, Negrito, Centralizado)
Revisão da literatura com vistas a contextualizar e fundamentar o tema, o problema de
pesquisa e os objetivos a serem trabalhados. E utilizada uma sequência informativa (clareza e
relevância) e uma sequência argumentativa. Não utilizar qualquer tipo de figuras (tabelas,
quadros, imagens, gráficos etc.).
Sequência descritiva (veracidade da informação) e sequência argumentativa (reflexão
sobre escolhas metodológicas). Nesta sessão, é necessário definir o tipo de pesquisa e os
procedimentos metodológicos (Amostra, Instrumentos de Coleta de Dados e Classificação dos
Dados).
(linha simples)
1
“Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Hermínio Ometto
(FHO|UNIARARAS) como exigência parcial para obtenção do título de..., realizado sob orientação do
Prof...”

5
Subtítulos
(Times New Roman, 12, Negrito, Alinhado à Esquerda)
Os subtítulos devem ser escritos com a primeira letra de cada palavra em maiúsculas,
exceto preposições. O final do texto anterior e o próximo subtítulo devem ser separados por
uma linha simples, o subtítulo e o texto posterior não é separado. Em caso de numeração dos
subtítulos, não usar ponto ou traço após a numeração.
(linha simples)
Considerações Finais (Times New Roman, 12, Negrito, Centralizado)
Parte final do texto onde se apresentam as considerações finais correspondentes aos
objetivos do trabalho apresentados na introdução. Espera-se também que neste momento, seja
feita uma autocrítica em relação ao Estudo como um todo. As conclusões devem responder
aos objetivos. Podendo apresentar recomendações e sugestões para trabalhos futuros. Usar no
mínimo, 300 palavras e, no máximo, 600 palavras.
(linha simples)
Referências (Times New Roman, 12, Negrito, Alinhado à Esquerda – seguir as regras da ABNT
para as referências – número mínimo de 12 e máximo de 15 referências.)

Atenção: o trabalho final deverá ter entre 12 a 15 páginas no máximo.

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3. ELENCO DE ARTIGOS

PSICOPATOLOGIAS DECORRENTES DO AMBIENTE DE TRABALHO2

TEIXEIRA, Laura Poggi


Orientador: Prof. Me. Adalberto Zorzo
Co-orientador: Prof. Luís Armando Boechat

RESUMO Desde o final do século XVII tem-se o conhecimento de que algumas condições
de trabalho podem acarretar em doenças – as chamadas doenças ocupacionais. As doenças
ocupacionais podem ser decorrentes de riscos físicos, químicos e biológicos aos quais os
colaboradores são expostos, ocasionando problemas como os distúrbios osteomusculares
relacionados ao trabalho (DORT), problemas respiratórios, auditivos, cardíacos, entre outros.
Porém, outro fator de doença são os distúrbios psicológicos, como a depressão. Tanto a
depressão quanto outras doenças mentais podem estar estritamente envolvidas com a
atividade profissional de uma pessoa, especialmente se a mesma ocupa cargos que acarretam
estresse, pressão, exposição à violência ou até mesmo abusos como preconceito. O objetivo
deste trabalho é verificar quais são as principais causas e consequências dessas
psicopatologias ocupacionais, e quais são as formas de prevenir essas doenças. A metodologia
consiste na revisão de literatura, analisando estudos já publicados sobre a correlação entre as
doenças psicossociais com o ambiente de trabalho, quais são os fatores que influenciam
diretamente no seu desenvolvimento e os dados existentes sobre o afastamento causado por
doenças psicossociais. Desta forma, é possível orientar às empresas que não são apenas as
doenças físicas que acarretam danos e afastamentos, e também propor que implantem meios
de prevenção e de assistência aos colaboradores, de forma a evitar que esse tipo de doença se
manifeste.

Palavras-chave: Depressão. Doença ocupacional. Psicopatologia.

Introdução

As doenças mentais são condições psicológicas anormais, provocando desconforto


emocional e distúrbios comportamentais no paciente. Podem ser causadas por fatores
genéticos, químicos (hormônios e/ou componentes tóxicos) e estilo de vida adotado pela
pessoa. (ALVARENGA, 2015).
Já se tem conhecimento, desde o fim do século XVII, que determinadas condições de
trabalho podem causar doenças, sejam elas causadas por fatores físicos (como ruído e calor),
químicos (poeira, gases) e biológicos (microrganismos como vírus e bactérias). Em 1700 foi
publicado o De Morbis Artificum Diatriba (As Doenças dos Trabalhadores), escrito pelo

2
“Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Hermínio Ometto
(FHO|UNIARARAS) como exigência parcial para obtenção do título de especialização em Engenharia
de Segurança do Trabalho, realizado sob orientação do Prof Adalberto Zorzo.”
7
médico italiano Ramazzini. Tal publicação é considerada o primeiro tratado sobre as doenças
dos trabalhadores, e seu autor é considerado o pai da medicina do trabalho. (TEIXEIRA,
2007).
Diversos estudos, entre eles o artigo “O nexo causal em saúde/doença mental no
trabalho: uma demanda para a psicologia” (Universidade Federal do Rio Grande do Sul),
identificaram alguns fatores psicológicos que aumentam o rendimento no trabalho, surgindo
então os estudos sobre motivação, métodos organizacionais, e originando a psicologia
ocupacional. No filme “Tempos Modernos” (1936) de Charles Chaplin já se pode observar a
correlação entre o trabalho e o distúrbio mental (TEIXEIRA, 2007).
Desde a segunda metade do século XX, a relação entre doença mental e trabalho vem
sendo estudada. Essas pesquisas resultaram na inclusão de doenças psicossomáticas,
psicológicas e psíquicas como doenças ocupacionais. Além disso, outros aspectos além do
homem-máquina podem causar essas doenças, como as relações pessoais no ambiente de
trabalho, o ambiente de trabalho em si, a forma de comando na escala hierárquica, entre
outros. (TEIXEIRA, 2007).
Alguns exemplos de doenças psicológicas causadas pelo trabalho são: abuso de
drogas, transtornos de ansiedade, transtornos do sono, transtornos alimentares e transtornos
emocionais. O foco deste trabalho será na depressão, doença conhecida como “mal do século
XXI”.
O objetivo geral deste trabalho é estudar as doenças mentais no ambiente ocupacional.
Os objetivos específicos são: apresentar os principais fatores ocupacionais que causam o
adoecimento; analisar dados já publicados sobre os índices de incidência da depressão
ocupacional; e identificar algumas áreas e situações mais propensas à esse tipo de doença. Por
meio disso, iremos concluir se as doenças mentais podem estar vinculadas à atividade laboral
de uma pessoa, e que tipo de impacto isso representa para as empresas. A hipótese estudada é:
se uma pessoa trabalha sob pressão e condições desfavoráveis, ela está mais propensa à
depressão do que as que trabalham em um ambiente tranquilo e respeitoso? O estudo irá
analisar a seguinte problemática: como a depressão (assim como outras doenças mentais)
podem ser originidas por diversos fatores, é possível que o ambiente de trabalho seja um
deles?

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Metodologia
A metodologia adotada neste trabalho consistiu em fazer uma revisão de literatura. Foi
feita a busca por artigos já publicados sobre o que são as psicopatologias e como o trabalho
pode influenciar no adoecimento mental. Também foram pesquisados artigos sobre estudos de
caso, com foco na incidência de depressão ocupacional em diversos ramos de atividade. Além
disso, realizou-se a busca por dados publicados pelo Ministério da Previdência Social, órgão
responsável pelos benefícios concedidos às pessoas que foram afastadas ou aposentadas em
decorrência de transtornos mentais e comportamentais, para saber as quantidades que tais
doenças representam no contexto nacional de aposentadorias e auxílios-doença.

Doenças mentais e o ambiente de trabalho

O que é a depressão?
De acordo com Santiago e Holanda (2013), “o diagnóstico da depressão é complexo,
pois leva em conta uma série de sintomas que podem estar associados também a outras
patologias”. A Classificação Internacional das Doenças (CID-10) destaca duas formas de
depressão: os episódios depressivos e os transtornos depressivos recorrentes, sendo que a
diferença entre elas é o tempo e a frequência com que ocorrem.
A incidência de depressão é duas a três vezes mais frequente em mulheres do que em
homens. As causas podem ser biológicas ou psicossociais. Entre as causas biológicas,
destacam-se as questões hormonais, especialmente no período da adolescência, gravidez e
menopausa. No âmbito psicossocial, existem as questões referentes à diferença de papeis
entre homens e mulheres na sociedade, onde muitas vezes as mulheres assumem posições de
submissão (CAVALHEIRO e TOLFO, 2011).
O Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais - DSM-5 (2014) diz que
os transtornos mentais incluem transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno
depressivo maior, transtorno depressivo persistente, transtorno disfórico pré-menstrual,
transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a
outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não
especificado.
O DSM-5 identifica algumas características comuns entre esses transtornos, como a
“presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e

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cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo”.
Jardim (2011) cita que os principais sintomas da depressão são a tristeza sem motivo,
perda de interesse no trabalho e na vida, desânimo, insônia e, em quadros mais graves,
pensamentos suicidas.
A depressão no ambiente de trabalho
“O trabalho está presente na vida do homem ao longo da história da humanidade”
(CAVALHEIRO e TOLFO, 2011). As autoras ressaltam que o trabalho se tornou mais central
na vida do homem a partir da Revolução Industrial, no século XVIII. A partir de então, e
principamente na segunda metade do século XX, a expansão do modelo capitalista implicou
em um aumento do tempo e da dedicação ao trabalho.
Segundo Silva et al. (2010), a globalização e as inovações tecnológicas causaram
rápidas transformações no mundo do trabalho. Porém, segundo os autores, as áreas da
Medicina do Trabalho, Saúde Ocupacional e Psicologia dão pouca atenção para estas
mudanças e para os impactos que elas podem causar no trabalhador. As duas primeiras áreas
mantêm como foco os aspectos físicos, químicos e biológicos do ambiente de trabalho, e a
última se concentra nos aspectos intrasubjetivos, ou seja, do indivíduo com si próprio. Isto faz
com que a influência psicológica do trabalho sobre o indivíduo seja minimizada.
É importante considerar que a atividade laboral de uma pessoa não a expõe somente a
agentes químicos, físicos e biológicos. Além destes riscos, o colaborador também pode estar
sujeito à violência, assalto, sequestros, e também ser vítima da estrutura gerencial da empresa,
uma vez que podem haver políticas que não levam em conta o bem-estar físico e mental dos
trabalhadores, anulando-os com o objetivo de aumentar sua produtividade. (SILVA et al.,
2010).
Cavalheiro e Tolfo (2011) dizem que as “características específicas de trabalho ou de
determinadas tarefas influenciam na manifestação de processos de adoecimento”. Ainda citam
que os transtornos mentais não são de fácil diagnóstico nas avaliações clínicas, pois muitas
vezes são confundidos com quadros de alterações fisiológicas, devido à sintomas como
insônia, distúrbios alimentares e/ou gástricos.
Sales (2014) explica que “vivemos em uma sociedade onde os meios de trabalho
adquiriam definitivamente um modelo Taylorista”, onde a busca pelo aumento da
produtividade sacrifica o bem-estar do operário, que está permanentemente exposto à tensão
nervosa, o que pode desencadear fadiga, estresse, lentidão e DORT.

10
Teixeira (2007) diz que, segundo estudos na área de psicopatologia do trabalho, a
depressão atinge todas as idades, raças e profissões, independente de a profissão exigir
contato humano ou ser extremamente mecânica.
A autora ainda cita que a relação entre o adoecimento psíquico e o ambiente de
trabalho ganhou visibilidade devido ao grande número de casos de depressão e suicídio entre
a população rural, devido à exposição a agrotóxicos, e também ao crescimento dos casos de
transtornos mentais em trabalhadores que passaram por uma reestruturação produtiva no
trabalho.
Em estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2014, 18% dos
afastamentos de atividades profissionais são causados pela depressão grave. (SALES, 2014).
Segundo dados da Previdência Social, no ano de 2013, a quantidade de aposentadorias por
invalidez concedidas por transtornos mentais e comportamentais pode ser comparada às
aposentadorias concedidas, no mesmo período, para invalidez causada por tumores (Tabela
1).
Tabela 1 – Quantidade de aposentadorias urbanas por invalidez concedidas no ano de 2013.
CAPÍTULOS DA CID ANOS TOTAL

II- Neoplasias (tumores) 2013 12.865

V - Transtornos mentais e
comportamentais 2013 12.068

TOTAL 2013 166.910

(Fonte: Adaptado de Ministério da Previdência Social)

No ano de 2013, a Previdência Social concedeu 166.910 aposentadorias urbanas por


invalidez (valor que engloba todos os XXI capítulos da CID-10). Deste total, o capítulo V
correspondeu a 12.068 das aposentadorias, ou seja, aproximadamente 7,2%.
O valor gasto com as aposentadorias por invalidez devido aos transtornos mentais e
comportamentais, no ano de 2013, somam R$15.615.000,00, quantia correspondente a
aproximadamente 8,1% do total do referido ano (Tabela 2).

11
Tabela 2 – Valor de aposentadorias urbanas por invalidez concedidas no ano de 2013.
CAPÍTULOS DA CID ANOS TOTAL (R$ mil)

V - Transtornos mentais e comportamentais 2013 15.615

TOTAL 2013 191.942

(Fonte: Adaptado de Ministério da Previdência Social)

A quantidade de auxílios-doença concedidos para pessoas com transtornos mentais e


comportamentais, neste mesmo período, são ainda mais elevadas do que os auxílios-doença
concedidos para pessoas com tumores (Tabela 3), sendo que, entre os XXI capítulos da CID,
o capítulo V (referente aos transtornos mentais e comportamentais), está entre os cinco
capítulos com maior número de auxílios-doença, representando aproximadamente 10,1% dos
benefícios em 2013.

Tabela 3 – Quantidade de auxílios-doença concedidos no ano de 2013 (urbanas).


CAPÍTULOS DA CID ANOS TOTAL

II- Neoplasias (tumores) 2013 133.493

V - Transtornos mentais e
2013 209.218
comportamentais

TOTAL 2013 2.063.698

(Fonte: Adaptado de Ministério da Previdência Social)

Em dados mais recentes da Previdência Social, pode-se perceber que as doenças


mentais e comportamentais consomem uma parcela significativa dos auxílios-doença
previdenciários (Tabela 4). No mês de Novembro de 2015, dado mais atual, o total de
auxílios-doença era de 126.378, sendo que, deste total, 11.017, ou seja, aproximadamente
8,7%, eram de auxílios-doença para transtornos mentais e comportamentais.

12
Tabela 4 – Acompanhamento mensal dos benefícios auxílios-doença previdenciários
concedidos de Janeiro a Novembro de 2015
CAPÍTULOS
DA CID JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV
I 2.816 2.835 4.124 3.499 3.283 3.193 2.412 2.248 1.780 1.899 1.998
II 11.580 11.005 15.419 12.805 12.562 13.201 10.799 9.967 8.151 8.927 9.324
III 253 253 375 298 300 288 251 241 182 216 218
IV 2.297 2.234 3.247 2.410 2.190 2.319 2.087 2.226 1.662 1.811 1.765
V 14.229 13.678 18.510 15.606 15.591 16.381 13.522 12.645 9.966 10.708 11.017
VI 3.434 3.326 4.575 3.886 3.734 3.936 3.217 3.133 2.405 2.622 2.662
VII 3.099 3.013 4.262 3.344 3.190 3.250 2.727 2.786 2.100 2.259 2.277
VIII 390 402 542 387 361 381 336 336 283 295 322
IX 11.864 11.673 16.151 13.051 12.202 12.439 10.687 10.537 8.212 8.659 9.046
X 1.507 1.467 1.921 1.428 1.396 1.580 1.418 1.437 1.151 1.111 1.079
XI 16.173 15.332 21.144 16.255 15.199 15.957 14.096 14.261 10.967 12.221 12.073
XII 1.740 1.767 2.450 1.842 1.639 1.736 1.491 1.497 1.119 1.246 1.270
XIII 30.513 29.392 40.656 33.175 33.466 34.780 29.157 27.373 20.393 22.375 23.088
XIV 6.362 5.980 8.112 6.263 5.789 5.929 5.222 5.570 4.160 4.533 4.665
XV 6.128 5.886 7.767 4.955 4.583 4.670 4.531 5.036 4.235 4.425 4.760
XVI 33 31 48 26 28 26 16 24 17 21 25
XVII 461 411 565 473 465 518 400 412 338 343 370
XVIII 1.518 1.502 2.012 1.489 1.474 1.502 1.340 1.413 1.025 1.149 1.181
XIX 42.084 44.013 56.227 41.317 40.149 41.413 35.063 34.028 25.835 27.838 28.749
XX 324 399 480 339 325 334 265 262 194 214 211
XXI 2.025 1.908 2.594 2.069 1.784 1.953 1.661 1.782 1.257 1.342 1.469
TOTAL 164.602 162.367 219.569 172.512 167.886 174.029 146.873 143.612 112.974 123.012 126.378
(Fonte: Adaptado de Ministério da Previdência Social)

Na Figura 1, pode-se visualizar com clareza o impacto que essas doenças representam,
em comparação com os demais capítulos da CID-10.

13
Figura 1: Quantidade de auxílios doença previdenciários concedidos no mês de Novembro de
2015.
(Fonte: Adaptado de Ministério da Previdência Social)

Um estudo realizado por Cavalheiro & Tolfo (Universidade Federal de Santa Catarina)
com 36 profissonais afastados do ambiente laboral por depressão em uma Universidade do
Sul do país, no perído de julho a dezembro de 2009, objetivou caracterizar as ocorrências de
depressão que levem servidores docentes e técnico-administrativos ao afastamento do
trabalho. As autoras constataram que 69% dos casos estavam na faixa etária de 41 a 55 anos,
o que pode ser relacionado à crise da meia idade. Também foi observado maior incidência em
mulheres. Tais resultados confirmam o que ocorre na maioria dos estudos sobre o assunto.
Com relação ao período de afastamento por causa de depressão, as autoras verificaram
uma variação entre 1 e 20 dias (período curto de afastamento), e de 30-120 dias (período
longo). Dos 36 prontuários analisados, apenas 3 correspondem a afastamento por período
curto, sendo que os demais 33, ou seja, 91% do total, são de afastamentos por períodos
longos, de 30-120 dias. As autoras ainda enfatizam que isso corresponde a 166 dias de
absenteísmo por funcionário, o que gera altos custos à empresa (no caso do estudo, ao
governo).

14
Exemplos de ocupações/situações sujeitas à doenças psicológicas
A depressão é uma doença de alta incidência no mundo, e fatores socioeconômicos e
condições de trabalho, como vínculos precários de trabalho e exposição a situações extremas
podem estar associados à essa doença . (LIMA, ASSUNÇÃO e BARRETO, 2015).
Os autores acima realizaram um estudo sobre depressão em bombeiros do sexo
masculino em Belo Horizonte, Minas Gerais. Durante os meses de fevereiro a agosto de 2011,
todos os bombeiros do sexo masculino com pelo menos um ano de antiguidade na corporação
foram avaliados, totalizando 711 participantes. Apesar da prevalência de depressão
encontrada ser baixa (5,5%), o estudo constatou forte relação entre estresse pós-traumático,
uso problemático de álcool e depressão.
Outro grupo propenso à depressão são os profissionais do ensino público no Brasil.
Além de casos de violência contra o professor serem frequentemente relatados, os
profissionais da área convivem com confilitos e adversidades. Os professores sofrem um
conflito cotidiano entre “o que é exigido, o que desejam e o que realmente é possível fazer
diante dos obstáculos, das condições e da organização atual do trabalho.” (VIEIRA, 2014).
Profissionais da área da saúde também já foram alvo de estudo. Sobre os fatores
desencadeantes da depressão entre os trabalhadores de enfermagem, Manetti e Marziale
(2007), descrevem que os trabalhadores desta área encontram-se expostos à psicopatologias
como a depressão, devido à relação entre o trabalho hospitalar e a saúde, especialmente a
saúde mental. Tais trabalhadores não estão somente expostos à riscos químicos, radiações e
contaminações biológicas: ainda precisam lidar com o sistema de plantões, carga horária
excessiva e a convivência diária com o sofrimento, a dor e a morte.
Sales (2014) cita as seguintes situações que podem desencadear depressão no trabalho:
- Assédio moral: o empregador ou subordinado é perseguido e discriminado, podendo
causar danos físicos e mentais, que podem evoluir para depressão, estresse, alcoolismo,
dependência de drogas, atitudes suicidas, entre outras;
- Estresse pós-traumático: comum em ambientes de trabalho sujeitos à violência,
podem causar alcoolismo, absenteísmo, suicídio.
Camelo e Angerami (2008) também citam algumas causas da depressão no trabalho:
- Função ou papel na organização: “estudos que enfocam riscos psicossociais
relacionados ao estresse no trabalho tem se apoiado na ‘teoria de papeis”. Tal teoria destaca
como fator principal o conflito de papeis, que ocorre quando o indivíduo é solicitado a

15
desempenhar uma atividade que não está de acordo com os seus valores, ou as funções são
incompatíveis, ou seja, há falta de clareza sobre as expectativas e as responsabilidades. As
autoras sugerem que “quando a pessoa tem claro para si qual o seu papel, isto a ajuda a
posicionar-se diante das situações, dá-lhe mais confiança (...)”;
- Desenvolvimento de carreira: a estagnação e incerteza na carreira, baixo salário,
insegurança, são fatores que podem levar à depressão;
- Falta de participação nas deciões: as autoras citam como aspectos estressantes
“liderança inadequada, má utilização das habilidades do trabalhador, má delegação das
responsabilidades, (...), motivação deficiente, (...), carência de reconhecimento, ausência de
incentivos, (...) e promoções laborais aleatórias.”;
- Relacionamento interpessoal no trabalho: relacionamento limitado com os
supervisores, conflitos interpessoais, violência no trabalho, entre outros, são fatores
estressantes;
- Interface trabalho-família: a grande demanda laboral pode fazer com que o
trabalhador fique ausente de seus familiares. As autoras dizem que alguns fatores
trabalho/família que podem levar ao stress são o sentimento de culpa por não estar em casa,
ressentimento por ficar pouco tempo com a família, ausência de vida social, remuneração
insuficiente para sustentar a família.

Legislação
Para que a doença seja enquadrada como ocupacional, é necessário estabelecer o nexo
causal, ou seja, se o trabalho foi determinante para o aparecimento da doença, conforme
previsto na Resolução do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS no 485 de 8 de julho de
2015. Tal resolução determina os procedimentos técnicos a serem adotados pela Perícia
Médica no ambiente de trabalho dos assegurados.
O decreto no 6.957, de 9 de setembro de 2009, em seu anexo II, lista os agentes
patogênicos causadores de doenças profissionais, onde a depressão está incluída.
Quando constatado que o trabalhador está acometido por uma doença relacionada ao
trabalho, pode haver afastamento do mesmo das suas atividades, com o benefício do auxílio-
doença ou aposentadoria por invalidez.

16
Considerações finais
Diante da revisão de literatura realizada, pode-se concluir que a depressão, doença
conhecida como “mal do século”, muitas vezes é consequência do ambiente de trabalho.
Apesar de ter diversas causas, como fatores genéticos e exposição a substâncias tóxicas, por
exemplo, é evidente que o trabalho pode exercer uma função decisiva no desenvolvimento da
depressão. Aspectos como organização de trabalho, excesso de carga para aumento da
produtividade, assédio moral, exposição a situações de violência e outros fatores citados
anteriormente são as principais causas da depressão no ambiente de trabalho e de danos
psicológicos como estresse, abuso de álcool, uso de drogas, pensamentos suicidas, estresse
pós-traumático, entre outros.
A depressão, entre outros transtornos mentais e comportamentais, pode levar ao
afastamento do trabalho. Conforme apresentado neste trabalho, essa doença representa uma
parcela significativa dos números de afastamentos e de auxílios-doença concedidos pela
Previdência Social, visto que apenas no mês de Novembro de 2015 os auxílios-doença para as
doenças mentais representava aproximadamente 8,7% do total de benefícios, número
aparentemente baixo mas que se torna relevante quando se leva em consideração que as
doenças mentais e comportamentais representam apenas um capítulo entre os vinte e um
capítulos da CID-10.
Tais números acarretam prejuízos não apenas para a saúde do trabalhador, que sofre
com a doença, mas também para a empresa em si. Uma vez que o empregado é afastado, a
empresa, além de arcar com o ônus do afastamento, ainda precisa repor a mão-de-obra
perdida a fim de não prejudicar sua produtividade.
Por isso, é de extrema importância que as empresas reconheçam a depressão como
doença ocupacional, pois assim podem quantificar os casos, implantar medidas de prevenção,
como reorganização da estrutura da empresa, aumento do quadro de funcionários a fim de não
sobrecarregá-los, salários justos, reconhecimento, programas sociais e outras medidas que
visem o bem-estar físico e mental do colaborador.

17
Referências
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<http://www.galenoalvarenga.com.br/transtornos-mentais>. Acesso em: 17 fev. 2016.

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18
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Fundamental. São Paulo, v. 17, n. 1, mar./2014.

19
PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS
BATISTA, Marília Carone
Orientador: Me. Adalberto Zorzo
Co-orientador: Prof.: Luiz Armando Ferreira

RESUMO
A interação do homem com o fogo acontece desde a pré-história, quando já havia interesse
por essa reação química que surgia apenas por vontade da natureza, e dificilmente
conseguia-se controlar, ao contrário disso, quando alguma forma de propagação do fogo
surgia, o homem pré-histórico se afastava, por não ter conhecimento da sua natureza,
dando abertura para pequenos focos de incêndio. O controle do fogo era uma necessidade
já naquela época para evitar grandes catástrofes ao ecossistema, como também para a
permissão para a evolução da espécie através da manipulação do fogo. Com o domínio do
fogo, o homem pôde aquecer alimentos, e dar início aos princípios de fundição de metais e
fabricação de utensílios, a qual levaria ao estado evolutivo dos tempos atuais. O fogo é
uma força que necessita de domínio, pois pode acarretar desastres imensuráveis. Incêndios
vivenciados no passado, trouxe vítimas fatais, bem como em casos mais recentes, onde
incêndios causaram grandes perdas ao patrimônio privado e patrimônios histórico, como
também prejuízos e danos irreversíveis ao meio ambiente, e muitas vezes podem causar
vitimas fatais. Do ponto de vista da Segurança do Trabalho, é importante trabalhar com a
prevenção, assim evitando que catástrofes como estas aconteçam, protegendo a vida, o
meio ambiente e o patrimônio, através do atendimento às normas e legislações de
segurança. Este trabalho tem por objetivo estudar os métodos de controle e combate a
incêndio, exigidos pela legislação brasileira, e os treinamentos necessários. Este trabalho
será realizado através de pesquisas bibliográficas em artigos, revistas especializadas,
jornais e legislação vigente, e espera-se avaliar as formas de controle e combate a incêndio
e analisar os treinamentos adequados exigidos por lei.
Palavras-chave: Incêndio, Combate, Proteção.

INTRODUÇÃO
O fogo foi essencial na evolução da humanidade, sempre apresentou uma necessidade
fundamental à vida, entretanto, sem o controle adequado, torna-se destruidor. Os incêndios
forçaram uma regressão na humanidade, surgindo a necessidade de se controlar o fogo. A
falta de treinamento e prevenção é a principal causa dos incêndios. (SILVEIRA, 2012).
Em um curto espaço de tempo, o Brasil evoluiu de um País agrário para um País industrial,
o que aumentou as chances de propagação de incêndios, com o surgimento repentino de
máquinas, equipamentos, usa de energias, aumento de população, sem o prévio estudo em
segurança do trabalho. (SEITU et. al. 2008).

35
No último ano notícias sobre incêndios no Brasil vem surgindo nas redes de comunicação e
preocupando a população. Incêndios de grandes proporções que trouxeram danos à
natureza, ao patrimônio público e histórico, acarretando prejuízos financeiros e vítimas
fatais. Não só no Brasil, mas no mundo, o histórico de incêndios é alarmante.
Um incêndio de pequenas ou grandes proporções pode trazer danos catastróficos ao bem
público, ao patrimônio, ao meio ambiente e infelizmente, à vida das pessoas, e por esse
motivo deve ser prevenido e controlado a tempo de causar maiores estragos.
O avanço da tecnologia utilizada para prevenção e combate a incêndio, vem trazendo
benefícios ao longo dos anos. Desenvolver novas tecnologias para identificar um princípio
de incêndio, como por exemplo, alarmes sonoros auxiliam no rápido acesso ao local,
podendo ser evitados grandes prejuízos. A normatização existente em nosso País e no
mundo deve ser imposta a fim de minimizar os riscos de um incêndio, ou mitigar o
desastre causado por ele.
Conforme a NBR 14277:2005, Instalações e equipamentos para treinamento de combate a
incêndio - Requisitos, para o acesso da brigada de incêndio às áreas afetadas, são
necessário uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), de acordo com a previsão
do plano de emergência do local, a fim de proteger dos riscos específicos ao quais estão
expostos. Os EPIs devem ser equipamentos de qualidade e fornecidos pelos empregadores
em ótimo estado de conservação, para que a segurança seja efetiva. (FRANCISCO, 2014)
De acordo com a Norma regulamentadora (NR) n° 23, Proteção Contra Incêndios, os
empreendimentos são obrigados a manter medidas de prevenção de incêndios e devem
manter informações para os trabalhadores sobre a utilização dos equipamentos,
procedimentos de evacuação e dispositivos de alarmes existentes.
Conforme a definição da NBR 14276:2006, brigada de incêndio é um grupo organizado de
pessoas treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no combate ao princípio de
incêndio, abandono de área e primeiros socorros.
Os treinamentos de brigada surgiram após alguns incêndios de grave vulto social, no qual
deu origem ao “Programa de Brigada de Incêndio” (SILVEIRA, 2012).
A brigada de incêndio deve ser formada nos estabelecimentos obrigatórios, e instruída
através de treinamentos conforme NBR 14276:2006, Brigada de incêndio - Requisitos, os
métodos de combate devem ser treinados e repassados dentro da brigada de incêndio, para
que estejam sempre aptos e prontos para agir em uma emergência.

36
A NBR 14276:2006 estabelece que a brigada de incêndio deva sempre discutir, em
reuniões ordinárias, a condição dos equipamentos utilizados no combate a incêndio,
atualização das técnicas e táticas de combate a incêndio, alterações e mudanças na brigada
e os problemas relacionados à prevenção de incêndio, para que esteja sempre em condições
de exercer o combate efetivo.
Os treinamentos da Brigada, devem ser periódicos, obedecendo aos prazos estipulados pela
NBR 14276:2006.
Esse trabalho tem por objetivo, estudar os conceitos de incêndio históricos e as formas de
prevenção e combate a incêndios. Neste serão apresentados os conceitos e teorias do
incêndio, formas de propagação do fogo, formação de brigada e treinamentos obrigatórios
para fins de prevenção e combate a incêndio. Avaliar se as formas de combate e
treinamentos são suficientes para o extermínio total de um incêndio.
Este trabalho será realizado para analisar os motivos que levaram o combate e prevenção
contra incêndios evoluir com o passar dos anos, bem como as práticas e treinamentos que
são necessárias para evitar que grandes catástrofes ocorram devido a incêndios.
A hipótese é que a falta de conhecimento das pessoas com relação à proteção e combate ao
fogo, possa ser a causa de tantos estragos causados ao meio ambiente, ao patrimônio e à
vida.
METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado através de pesquisas bibliográficas em artigos, revistas
especializadas, jornais e legislação vigente, a fim de avaliar os conceitos e as formas de
prevenção e combate a incêndio e avaliar se os treinamentos exigidos por lei são
adequados e suficientes para eliminar o problema dos danos causados com incêndios.

PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS


Conceitos sobre incêndio
Teoria do fogo
Para entendermos os princípios do incêndio, é necessário estudarmos a teoria do fogo. O
fogo é uma reação química denominada combustão, caracterizada pela presença de luz e
calor. (CAMILLO JUNIOR, 2011). São elementos essenciais do fogo: Combustível,
Comburente, Calor e Reação em cadeia, esses elementos compõem o TETRAEDRO DO

37
FOGO, ou seja, são imprescindíveis todos esses elementos para que o fogo ocorra, como
ilustrado na figura 1:

Figura 1: Tetraedro do fogo.


Fonte: MARTINS 2014
Segundo a NBR 13860: 1997 existem as seguintes definições para cada elemento:
COMBUSTÍVEL é o elemento que alimenta o fogo e serve como campo para sua
propagação. Podem ser sólidos, líquidos e gasosos, e quando sólidos e líquidos, necessitam
se transformar em gases pela ação do calor, para que combinados formem uma substância
inflamável.
COMBURENTE é o elemento ativo do fogo. O Comburente mais comum é o Oxigênio
encontrado na atmosfera, em uma porcentagem de 21%. Sem o comburente, não haverá
fogo.
CALOR é o elemento que dá início ao fogo, é o responsável por fazer o fogo propagar pelo
combustível.
REAÇÃO EM CADEIA é uma sequência de reações provocadas por um elemento ou
grupo de elementos, ou seja, uma sequência de reações que ocorrem durante o fogo,
produzindo sua própria energia de ativação (calor), enquanto há comburente e combustível
para queimar.
De acordo com SILVEIRA, 2012 o fogo sempre foi uma necessidade fundamental à vida e
ao desenvolvimento social, porém, se não estiver sob controle, torna-se destruidor,
denominando-se: incêndio.
Os incêndios, em sua maioria, são ocasionados por falhas humanas, excluindo-se apenas
incêndios causados por intempéries. (SILVEIRA, 2012).
Para compreender a prevenção e extinção de incêndios, é necessário saber que os diversos
materiais se comportam de formas diferentes em relação ao calor, contendo alguns pontos

38
de temperaturas importantes para o estudo de combate a incêndio, são eles: ponto de
fulgor, ponto de combustão e ponto de ignição. (CAMILLO JUNIOR, 2011).
De acordo com a NBR 13860: 1997 cada um desses pontos de temperatura se define como:
Ponto de Fulgor, Ponto de Combustão e Ponto de Ignição, conforme tabela 1:
PONTO DE FULGOR PONTO DE COMBUSTÃO PONTO DE IGNIÇÃO
É a temperatura mínima É a temperatura mínima É a temperatura mínima
necessária para que um necessária para que um necessária para que um
combustível desprenda combustível desprenda combustível desprenda
vapores ou gases, que em vapores ou gases, que em vapores ou gases, que
contato com uma chama contato com uma chama mesmo sem o contato
externa se inflamam, externa se inflamam, e essa com uma chama
porém, essa chama não chama se mantém, pois a externa se inflamam, e
se mantém. O ponto de temperatura faz gerar gases e essa chama se mantém.
fulgor define se um vapores suficientes para
material é combustível manter o fogo.
ou inflamável.
Tabela 1: Temperaturas Importantes para o conceito de incêndio
Fonte: NBR 13860:1997
Um incêndio pode atingir proporções desastrosas por toda a sua volta. Para entendermos
esse fenômeno, é necessário compreender a propagação do fogo. O fogo pode se propagar
por contato direto da chama com um material combustível, pelo deslocamento de
partículas e pela ação do calor (CAMILLO JUNIOR, 2011).
Segundo CAMILLO JUNIOR, 2011 existem as seguintes definições, para propagação do
fogo: Propagação por condução, Propagação por convecção e propagação por irradiação,
conforme tabela 2:
PROPAGAÇÃO POR PROPAÇÃO POR CONVECÇÃO PROPAGAÇÃO POR
CONDUÇÃO IRRADIAÇÃO
É quando o calor é É quando o calor é transmitido É quando o calor é
transmitido de molécula através de uma massa de ar transmitido por ondas,
para molécula, ou de aquecida que se desloca do local sem utilizar nenhum
corpo a corpo. É em chamas, levando para outras meio material. O calor é
necessário que os corpos locais quantidades de calor irradiado para outro

39
estejam juntos. suficiente para que os materiais corpo.
combustíveis existentes atinjam seu
ponto de combustão, originando
outro incêndio.
Tabela 2: Meios de propagação do fogo
Fonte: CAMILLO JUNIOR, 2011

Classe de Incêndio
Os incêndios são classificados por classes, de acordo com o material que está sendo
queimado. São quatro classes comuns no Brasil, Classe A, B, C e D.
De acordo com SILVEIRA, 2012 (apud NBR 13860: 1997), um incêndio classe A, é o
incêndio que envolve combustíveis sólidos comuns, como por exemplo, papel, madeira,
pano, borracha, entre outros. É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como
resíduo. A queima no incêndio classe A, ocorre em profundidade e superfície. Um incêndio
classe B, é o incêndio que envolve líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis, não
deixam resíduos e queimam apenas na superfície exposta e não em profundidade. Já o
incêndio classe C, é o incêndio que envolve equipamentos elétricos energizados, e
oferecem risco de vida, esse tipo de incêndio pode ser alterado para incêndio de classe A,
caso o fluxo elétrico seja interrompido. E por último, o incêndio classe D, é o incêndio que
envolve metais combustíveis pirofóricos, incluído como exemplo, materiais como o lítio,
potássio, zinco, titânio.

Incêndios no Brasil
Incêndios de grandes proporções ocorreram no Brasil, evidenciaram que a falta de
conhecimento das vitimas, e a falta de informação e conhecimento sobre incêndios e
planos de abandono, ocasionou em grandes danos e perdas vitais. A falta de conhecimento
e treinamento em planos de abandono pode ocasionar em um maior numero de vitimas no
local da ocorrência, e a falta de treinamento da brigada de incêndio, pode trazer danos
ainda maiores ao patrimônio e ao meio ambiente, pois o fogo pode tomar proporções
incontroláveis se não for combatido imediatamente, atingindo ainda mais áreas ao seu
redor.

40
Prevenção e Combate a Incêndios
Prevenção significa ações antecipadas para prevenir algum mal ou danos. Em incêndios,
prevenir significa tomar ações e medidas que previnam o incêndio de ocorrer. A
Legislação Brasileira traz algumas obrigações sobre prevenção nas instalações industriais
para que estas estejam protegidas contra incêndios. São medidas de prevenção contra
incêndio:
De acordo com a NBR 13434:2005, existem sinalizações de alerta para riscos de incêndios,
sinalizações para direcionar as rotas de fugas quando necessárias em plano de abandono,
sinalizações para identificação dos equipamentos de emergências, indicações de saída de
emergência, e sinalização de portas corta-fogo. A NBR 10898:2013, trata sobre
iluminações de emergência, especificando onde as luminárias de emergência devem ser
instaladas, qual a luminosidade que devem oferecer ao local de instalação, ilustra os
cálculos para dimensionamento de luminárias, qual periodicidade de manutenção e uma
listagem para verificação dos sistemas. Sistemas de detectores e alarmes de incêndios
também são uma forma de prevenção, os mesmos devem estar de acordo com a
NBR17240:2010, onde explana a instalação e manutenção do sistema de detectores e
alarmes, como também a verificação periódica do seu perfeito funcionamento. Para um
sistema de detecção e alarme de incêndio, é necessário treinamento sobre todo o sistema,
para que a população do local possa utilizá-los de forma correta. Devem ser levadas em
consideração as áreas de cobertura do sistema para que toda a área seja dimensionada.
Quando os alarmes de incêndio são acionados, e sinais sonoros atinjam a todos os locais, é
necessário que a população local abandone a área, para que não haja vítimas no incêndio.
Esse procedimento de abandono é regulamentado através da NBR 15219:2005, esta NBR
abrange os requisitos mínimos para elaboração, implantação e manutenção de um plano de
emergência, a população deve ser treinada através de simulados, e toda e qualquer falha no
plano, deve ser corrigido para que em uma emergência real, todos estejam aptos a
deixarem o local em segurança. Os meios de extinção de incêndio são parte da prevenção.
Segundo a NBR 13860: 1997, agentes extintores são substâncias químicas sólidas, líquidas
ou gasosas, que são utilizadas na extinção de um incêndio. O dimensionamento para
extintores de uma instalação deve ser realizado conforme NBR 12693:2013, a qual
estabelece os requisitos de projeto para aplicação de extintores, a partir da carga de
incêndio do estabelecimento. Esta NBR estabelece como devem ser cada tipo de extintor.

41
A Inspeção, manutenção e recarga em extintores de incêndio devem ser realizadas de
acordo com a NBR12962: 1998, a qual indica quais devem ser os itens verificados em uma
inspeção de extintores e determina os níveis de manutenção dos mesmos. Os hidrantes
também são bastante importantes na prevenção, por esse motivo devem ser dimensionados
de acordo com a carga de incêndio do locar de instalação, através da NBR 13714: 2000, a
qual estabelece que todo projeto de hidrante deve conter um memorial de cálculo que
garanta as vazões dos hidrantes, a fim de afirmar que os mesmos serão suficientes para o
combate a incêndio quando necessário. O projeto de hidrantes deve conter, as tubulações,
bombas, reserva de incêndio, uniões e engates, válvulas e mangueiras, para que em
vistorias sejam checados todos os itens. As mangueiras são parte essencial para
funcionamento dos hidrantes, as condições das mangueiras da instalação, devem ser
inspecionadas e testadas conforme requisitos estabelecidos na NBR 11861:1998.
Os itens citados acima fazem parte de um sistema de prevenção contra incêndios, esses
sistemas devem estar contemplados em um projeto, o qual deve ser entregue ao Corpo de
Bombeiros, e assim as instalações passaram por uma vistoria, para que seja outorgado o
Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). O AVCB é um certificado do Corpo de
Bombeiros do Estado de São Paulo, alegando que o estabelecimento possui condições de
segurança contra incêndio.

Brigada de Incêndio
De acordo com a NBR 14276:2006, Brigada de Incêndio é um grupo de pessoas treinadas e
capacitadas para atuar na prevenção e combate ao princípio de incêndio, ou seja, a brigada
também pode ser considerada um elemento de prevenção de incêndios. A necessidade de
brigada de incêndio é estabelecida de acordo com a NBR 14276:2006, e definida através
do tipo do grupo, por exemplo: residencial, serviço de hospedagem, comercial, serviço
profissional, educacional e cultura física, local e reunião de público, serviço automotivo,
serviço de saúde e institucional, indústria, depósitos e explosivos. A brigada de incêndio
deve seguir uma hierarquia, como exemplo, temos a figura 2 a seguir:

42
Figura 2 – Organograma da brigada de incêndio
Fonte: NBR 14276:2006
O coordenador geral da brigada é a autoridade máxima dentro da empresa, quando houver
uma ocorrência seja de situação real ou uma situação de simulação. Abaixo dele estão os
líderes de setores que também são brigadistas, a abaixo os demais brigadistas do grupo.
Para a seleção de brigadistas, devem-se levar em consideração, pessoas que permaneçam
nas edificações durante o expediente de trabalho, deve haver boa condição física e de
saúde, deve conhecer as instalações do local onde será brigadista, ser maior de 18 anos e
alfabetizado.
Os candidatos à brigada de incêndio, deverão passar por um curso de conscientização e
técnicas de combate a incêndio, o qual terá validade de 12 meses.
A brigada de incêndio deve realizar as seguintes atividades corriqueiramente: conhecer o
plano de emergência do local, avaliar os riscos existentes, inspecionar os equipamentos de
prevenção e combate a incêndio, inspecionar as rotas de fuga, elabora relatórios quando
houver irregularidades, orientar as pessoas e participar das simulações de emergência.
Somente unidades unifamiliares são isentas de manter uma brigada de incêndio.

Combate a incêndio
Como vimos anteriormente, o fogo é possível com a combinação de quatro elementos:
calor, comburente (oxigênio), combustível e reação em cadeia, portanto, para se extinguir o
fogo, é necessário que algum desses elementos seja retirado (CAMILLO JUNIOR, 2011).
Assim temos os seguintes modos de extinção do fogo, Retirada do material, Retirada do
comburente, Retirada do calor e quebra da reação em cadeia, conforme tabela 3:

43
Retirada do Material É a forma mais simples de extinção do incêndio. O
(combustível) material combustível ainda não atingido é retirado,
interrompendo a alimentação do fogo.
Resfriamento (calor) É quando o local atingido pelo incêndio é resfriado até que
não gere mais gases e vapores e se apague.
Retirada do Também conhecido como abafamento, é o método que
comburente consiste em eliminar o comburente evitando que seja
(oxigênio) formada uma mistura inflamável.
Quebra da reação em Utilizando qualquer um dos métodos acima, a reação em
Cadeia cadeia será quebrada e o fogo será extinto.
Tabela 3: Métodos de extinção do fogo
Fonte: CAMILLO JUNIOR, 2011
Um incêndio classe A, como falado anteriormente é o incêndio que envolve combustíveis
sólidos, e necessita de resfriamento para sua extinção, ou seja, será necessário o uso
preferencialmente de extintor de água ou na falta deste, poderá ser utilizado os extintores
de espuma mecânica, ou extintor ABC para sua eliminação. Em um incêndio classe B, em
líquidos e inflamáveis, é necessário utilizar o método de abafamento, e deve ser utilizado
preferencialmente o extintor de espuma mecânica, ou então, na falta do mesmo, extintor de
pó químico seco, CO2 ou ABC. No incêndio classe C, em materiais energizados, o método
também é abafamento, e é necessária a eliminação por um extintor que não conduza
corrente elétrica, sendo preferencial o extintor de CO2, ou na falta deste, o pó químico seco
e o ABC, porém esses dois danificarão o aparelho elétrico. Nos incêndios classe D,
incêndio em metais combustíveis, o método de extinção é o abafamento, e deve ser
utilizado um extintor de pó químico especial. (SILVEIRA, 2012).

Treinamentos e conscientização
Atualmente as Brigadas de incêndios são responsáveis pela maioria dos combates à
incêndio, pois quando ocorrem muitas vezes são eliminadas no princípio, e a Brigada
estará apta e treinada para o combate. Conforme a NBR 14276:2006, é indicado os níveis
de cursos que cada brigada de incêndio deve conter, entre básico, intermediário e
avançado, dependendo do grau de risco do estabelecimento.

44
Os treinamentos da brigada de incêndio devem conter alguns níveis de treinamento
conforme mostra a tabela 4:

Tabela 4: Níveis de treinamento da Brigada de Incêndio


Fonte: NBR 14276:2006
A brigada de incêndio deve orientar a população do local, quanto aos devidos cuidados
sobre segurança contra incêndios, pontos de encontros, rotas de fugas e simular as
situações de emergências, para caso uma ocorrência acontecer, todos estejam treinados e
orientados a deixar o local, bem como tomar as devidas precauções quanto à segurança do
local.

45
Considerações finais
Conclui-se que é imprescindível que sejam realizados treinamentos e simulados constantes,
para garantir a eficácia em uma ocorrência de incêndio. A brigada de incêndio estando
treinada e apta para eliminar um foco de incêndio, garante que os danos sejam
minimizados em uma ocorrência, e a população treinada e consciente dos riscos de uma
situação de incêndio, diminuíram a probabilidade de haver vitimas durante uma
emergência.
Pequenos focos de incêndios não controlados de forma adequada podem tomar proporções
enormes e trazer grandes estragos. A falta de prática com situações semelhantes faz com
que as pessoas não acreditem que uma pequena chama, possa se transformar em algo
grande e destruir tudo que estiver a sua volta, o que faz com que os treinamentos práticos
sejam indispensáveis para o controle eficaz do incêndio.
Alguns históricos existentes de incêndios no país nos mostram que as vítimas não
souberam como agir, e no desespero pela vida, acabaram se jogando de edifícios. Conclui-
se que com treinamento e conscientização da população do local, auxilia para que as
vitimas sejam deslocadas para fora da área de risco, com segurança.
A evolução dos equipamentos e metodologias de combate a incêndio são necessárias para
atender novas situações, e com o conhecimento da teoria de como um incêndio é possível,
a inovações em métodos de combate a incêndio, a fim de pôr fim a extinção do fogo.
Conclui-se que conhecimento sobre a propagação do fogo auxilia na atuação da brigada em
focos de incêndio.
Um incêndio de pequenas proporções pode ser controlado com maior facilidade do que um
incêndio grande, e por esse motivo, a atuação nos pequenos focos é essencial para eliminar
o problema.
Finaliza-se que as brigadas de incêndio devidamente treinadas são capazes de agir em
situações como essas, e eliminar o problema do incêndio antes que ele se torne algo
incontrolável e seja necessária a intervenção do corpo de bombeiros. Para uma boa atuação
da brigada, todos os equipamentos de prevenção contra incêndio devem estar em bom
estado de conservação e funcionamento, o qual também é função dos brigadistas, de
checarem todos os itens e sistemas presentes no local de trabalho. O treinamento da
brigada deve incluir teoria e prática, conforme disposto em norma, para que atenda às
necessidades que ele possa vir a ter na empresa onde atuará.

46
Em alguns casos não somente o incêndio é o problema, e sim também as vítimas que ele
pode trazer, portanto, deve-se fazer parte dos treinamentos das empresas a orientação de
toda a população do local, sempre com simulados e orientações, para que em situações de
emergência, o local seja deixado com segurança, evitando que vítimas sejam sujeitas a
terem dificuldades para sair do local, além de acionar a brigada devidamente no momento
em que o princípio de incêndio iniciar.
O bom treinamento da brigada e orientações ativas na empresa para toda a população, são
essenciais para a atuação em um combate a incêndio, bem como a manutenção de todos os
itens de segurança, para que estejam em perfeito estado de funcionamento quando
necessário seu uso.

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emergência contra incêndio - Requisitos. Rio de Janeiro, 2005. 13 p.
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47
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48
IT 16/2011 - PLANO DE EMERGÊNCIA CONTRA INCÊNDIOS3

BONFOGO, Renato Bonfogo


Orientador: Ms. Adalberto Zorzo
Co-orientador: Prof. Esp. Luís Armando B. A. Ferreira
RESUMO A instrução técnica do corpo de bombeiros Nº16/2011 estabelece requisitos
necessários as empresas em estabelecer o Plano de Emergência Contra Incêndio e também
cumprir, o que determina a Norma Regulamentadora nº 23 da portaria nº 3214/78, Proteção
Contra Incêndios, do Ministério do Trabalho e Emprego. O objetivo deste trabalho é mostrar a
importância do cumprimento da citada instrução técnica do Corpo de Bombeiros do Estado de
São Paulo, que estabelece requisitos para elaboração, manutenção e revisão de um plano de
emergência contra incêndio, buscando minimizar impactos financeiros para as organizações,
pois, em caso de incêndio os danos podem ser materiais, pessoais e ambientais, de alguma
forma, ocasionam prejuízos de grandes proporções para as empresas. Para a elaboração de um
Plano de Emergência Contra Incêndio, o passo inicial é realizar uma análise de risco, e
considerar aspectos relevantes, como o número de população fixa e flutuante do prédio, o tipo
de matéria prima que a empresa tem em seus estoques, conhecidos como carga de incêndio,
suas classificações como líquidos combustíveis, líquidos inflamáveis, suas áreas de riscos de
incêndio e explosões, a localização em que esses materiais são armazenados, a localização do
prédio, se está em local urbano ou rural, os turnos de trabalho que a empresa tem em seu
processo, seus recursos humanos, os profissionais que ali estão trabalhando, se existe em seu
quadro, colaboradores portadores de algum tipo de deficiência, os procedimentos básicos de
primeiros socorros, evacuação do prédio, pessoal treinado, sistema de alarme de incêndio,
como alertas sonoros, visuais, meios de comunicação, tempo de chegada do apoio externo por
órgãos locais como o corpo de bombeiros, isolamento de área, divulgação e treinamento do
plano de emergência contra incêndio e o combate a princípio de incêndio. Devido à grande
importância em cumprir a instrução técnica do corpo de bombeiros, este trabalho mostrará as
diretrizes em cumprir corretamente o plano de emergência, visando a prevenção.

Palavras-chave: Plano. Emergência. Incêndio.

Introdução
Em tempos de crise financeira, cada empresa opta por driblar a crise com os métodos
que lhe cabem de momento, seja ele por redução de custo, consumo desnecessário e
planejamento preventivo. Dentre tantas alternativas e busca por soluções estratégicas, o
planejamento preventivo merece atenção especial, pois com ele conseguimos minimizar os
impactos e prejuízos financeiros.
A Instrução Técnica 16/2011, nos dá diretrizes de como elaborar e cumprir o plano de

3
“Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Hermínio Ometto
(FHO|UNIARARAS) como exigência parcial para obtenção do título de especialização em Engenharia
de Segurança do trabalho, realizado sob orientação do Professor Ms. Adalberto Zorzo e Co-orientador:

49
emergência contra incêndio, tendo como objetivo a proteção da vida, meio ambiente e
patrimônio.
Quando se houve falar em incêndio, os primeiros pensamentos que vem em mente são,
se houve morte, muitos feridos, os prejuízos financeiros e a proporção que este sinistro causou
durante sua ocorrência.

Segundo o Instituto Sprinkler Brasil, em 2015, foram contabilizadas 1349 ocorrências


de incêndio, uma média de 112 incêndios por mês. Dentre as diferentes categorias de
estruturas, a que registrou o maior número de ocorrências foi a de estabelecimentos
comerciais (lojas, shopping centers e supermercados), com 373 registros, seguida pela de
indústrias, com 225 reportes.

No que diz respeito a ocorrências de incêndios, o prejuízo sempre é muito alto, sendo
ele material, pessoal ou ambiental.

Dentre inúmeros casos de incêndio, o governo do estado de São Paulo institui o


regulamento de segurança contra incêndio, nas edificações e áreas de risco no estado de São
Paulo com base no Decreto Nº 56.819, de 10 de Março de 2011 e cita conforme segue:

Artigo 1º – Este Regulamento dispõe sobre as medidas de segurança contra


incêndio nas edificações e áreas de risco, atendendo ao previsto no artigo
144 § 5º da Constituição Federal, ao artigo 142 da Constituição Estadual, ao
disposto na Lei Estadual nº 616, de 17 de dezembro de 1974, na Lei Estadual
nº 684, de 30 de setembro de 1975 e no Decreto Estadual nº 55.660, de 30 de
março de 2010.
Artigo 2º – Os objetivos deste Regulamento são:
I – proteger a vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco, em caso de
incêndio;
II – dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente
e ao patrimônio;
III – proporcionar meios de controle e extinção do incêndio;
IV – dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros;
V – proporcionar a continuidade dos serviços nas edificações e áreas de
risco.
Ainda segundo Decreto Nº 56.819, de 10 de Março de 2011, em suas definições,
detalha e descreve sobre a aplicação, serviços de segurança contra incêndio, procedimentos
administrativos, as responsabilidades, áreas de risco, edificações, medidas e cumprimentos
das medidas de segurança contra incêndio.

O problema é que as empresas acabam deixando de lado, ignorando a importância


necessária em executar e gerenciar o plano de emergência contra incêndio, e só dão a devida

Esp. Luís Armando Boechat Ferreira


50
importância depois que o acidente acaba acontecendo.

Segundo Ono (2010), um dos princípios básicos de segurança contra incêndio em


edificações é garantir a vida de seus ocupantes e para que isso ocorra são necessárias várias
medidas preventivas e de proteção contra incêndio, pois são elas que contribuem para que os
os ocupantes dos edifícios não sejam expostos aos perigos do incêndio. Essas medidas são
desenvolvidas visando o controle das atividades de riscos, da carga de incêndio, do
desenvolvimento do princípio de incêndio, da propagação do incêndio além do
compartimento de origem, da movimentação e expansão de fumaça entre outras. É muito
importante considerar a possibilidade de falhas dos controles citados anteriormente, com tudo,
as edificações devem prover de saídas de emergências adequadas e suficientes para a
evacuação segura de sua população.

Segundo Adissi e Silva (2005), pensando em prevenção, é primordial preparar-se para


uma eventual catástrofe, sempre possível apesar de todos os esforços feitos para evitá-la. Em
especial na indústria, é necessário prever e planejar as ações para uma eventual emergência e
poder enfrentá-la da maneira mais adequada, evitando-se improvisos na execução do plano de
emergência.

De acordo com Brasil (2013), a norma regulamentadora NR-23, define que todos os
empregadores devem adotar medidas de prevenção e combate a incêndio, visando a legislação
estadual, providenciar aos colaboradores da empresa informações sobre a utilização dos
equipamentos de combate a princípio de incêndio, procedimentos para evacuação dos locais
de trabalho com segurança e informar os dispositivos de alarmes existentes no edifício.

Ainda segundo Brasil (2013), os locais de trabalho devem dispor de saídas em


números suficientes, de fácil acesso aos ocupantes em caso de evacuação, claramente
sinalizadas indicando a direção da saída e nunca devem ser fechadas durante a jornada de
trabalho.

O intuito desta revisão de literatura é ressaltar a importância em cumprir as instruções


técnicas determinadas pelo corpo de bombeiros, em especial a IT-16/2011, que trata sobre o
Plano de Emergência Contra Incêndio, tendo como objetivo principal a execução do plano de
emergência em casos de incêndio, visando a proteção da vida, do meio ambiente e do
patrimônio. A hipótese que se levanta é que a falta de conhecimento e treinamento sobre o
plano de abandono de emergência por parte das empresas em ter como cultura e política

51
procedimentos para evacuação dos locais de trabalho, podem ser a causa de grandes prejuízos
em casos de incêndios.

Metodologia
A metodologia utilizada para execução deste trabalho foi pesquisa bibliográfica em
artigos e legislação vigente, selecionada pelo motivo de muitas empresas não darem
importância no cumprimento deste item da norma regulamentadora número 23 que trata sobre
procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança.

Analise de risco
A análise de risco, comtempla em mapear de forma estratégica os planos a serem
traçados, as ações a serem tomadas pelas empresas no caso de situações emergenciais, o caso
de um incêndio por exemplo. Esse mapeamento é conhecido como gerenciamento de riscos e
toda empresa que tem uma visão de futuro, sabe que o melhor caminho é o da prevenção,
buscando como política, a implantação de um plano de emergência.
De acordo com Cuoghi (2006), risco está relacionado a incerteza, neste caso, ocorre
em relação ao princípio de incêndio em um edifício. Se tratando de um edifício em bom
estado de conservação seu grau de risco é menor quando comparado a edifícios mais velhos,
sem proteções contra incêndio e com sobre carga nas instalações elétricas.
Segundo a Instrução Técnica Nº 03/2011, o passo inicial para a análise de risco, é
mapear as informações de estrutura do prédio, a população existente no local, quais os
materiais que encontram-se armazenados no edifício, se possuem produtos explosivos, se são
inflamáveis, as áreas de risco do edifício, o local de armazenamento destes materiais, a
localização física do prédio, se existe na empresa pessoal treinado para iniciar os
procedimentos básicos de primeiros socorros, sistemas de combate a princípio de incêndio e o
tempo de chegada apoio externo.

Mapeamento de risco
Segundo a Instrução Técnica Nº 16/2011 – Plano de emergência contra incêndio, em
seu anexo B, traz as especificações sobre o modelo de plano de emergência, no qual visa
unificar informações para elaborar o mapeamento de risco.

Primero passo é a identificação com o nome da empresa e o tipo de localização, se


urbana ou rural, endereço, característica da vizinhança, distância do Corpo de Bombeiros e
52
meios de ajuda externa. Indicar o tipo de material que compõe a estrutura do prédio, tais como
alvenaria, concreto, estruturas metálicas e de madeira. Levantar a área total construída de cada
uma das edificações, altura de cada edificação, número de andares, se há subsolos, garagens e
outros detalhes. Verificar qual tipo de ocupação a empresa está enquadrada, se industrial,
comercial, hoteleira entre outras. (INSTRUÇÃO TÉCNICA Nº16, 2011).

Ainda segundo a Instrução Técnica Nº 16/2011 – Plano de emergência contra incêndio,


indicar a quantidade e características da população fixa e flutuante, total e por setor, área e
andar. Entende-se como população fixa, os funcionários da companhia que trabalham
diariamente no prédio e população flutuantes, os visitantes, terceiros, entregadores de cargas,
ou seja, os que estão presentes na empresa eventualmente. As características de
funcionamento do prédio, como por exemplo os horários de funcionamento, turnos de
trabalho, os dias em que não há expediente, os departamentos e suas divisões, responsáveis e
ramais internos. As pessoas portadoras de necessidades especiais, indicando o número de
colaboradores, suas localizações das plantas e os meios de comunicação com estas pessoas.

Segundo Ono (2010), os portadores de necessidades especiais tem os mesmos direitos


de abandono no edifício e com isso seria interessante que estratégias diferenciadas fossem
traçadas para estas pessoas.

Identificar as áreas de riscos específicos inerentes as atividades como por exemplo,


cabines primarias de alta e baixa tensão, caldeira, equipamentos de pressão, cabines de
pinturas, entre outras, na qual se classificam como equipamentos de riscos, que por uma fonte
externa, possam gerar algum tipo de incêndio ou explosão. Identificar a quantidade total de
brigadistas de emergência, por setor e por turnos de trabalho. Quantificar os equipamentos e
recursos de combate a princípio de incêndio existente na planta, como quantidades de
hidrantes, chuveiros automáticos, sistemas de resfriamento e capacidade em litros de agua de
reserva técnica para combate a princípio de incêndio. Determinar as rotas de fuga mais
próximas e de fácil acesso a população da planta e os pontos de encontro a serem utilizados
em casa de evacuação. (INSTRUÇÃO TÉCNICA 16, 2011).

Segundo Ono (2010), o projeto de saídas de emergência deve ser dimensionado de


forma correta e com rotas de fugas suficiente de acordo com a estrutura de cada edifício, tanto
em relação a largura das vias quanto o número dessas vias, visando a garantia e proteção
adequadas as pessoas do edifício.

53
Segundo Adissi e Silva (2005), na análise de risco, devem ser considerados os riscos
existentes na vizinhança do estabelecimento, como tipos de instalações e ramos de atividades,
materiais perigosos das fabricas vizinhas, rodovias próximas, rios, córregos presentes na área
da planta.

Ainda segundo Adissi e Silva (2005), como parte da avaliação, os riscos identificados
devem ser separados, de acordo com o grau e importância potenciais do impacto.
Considerando-se para a avaliação, zona potencial de impacto, número de pessoas em risco,
tipo de risco, impactos em longo prazo e impactos ao meio ambiente.

Planejamento de Emergência
Segundo a IT Nº 16/2011, deve-se seguir os procedimentos em uma ordem lógica,
priorizando o atendimento a vítimas e disponibilidade de pessoas.

Segundo Ono (2010), é possível agrupar as medidas a serem tomadas para garantir a
segurança contra incêndio em medidas de prevenção e proteção de combate a incêndio. As
medidas de prevenção são aquelas que se destinam a prevenir a ocorrência do início do
incêndio, ou seja, diminuem a probabilidade do início de incêndio, já as medidas de proteção,
são aquelas destinadas a proteção da vida humana, bens materiais e os efeitos nocivos do
incêndio. Quando unificas, as medidas visam manter o risco de incêndio em níveis aceitáveis.

A forma do Alerta, deve ser definido no caso de incêndio. O meio mais comum
utilizado nas empresas é o alerta sonoro em modo de sirene. Nesta etapa também é definido
os meios de contatos telefônicos do órgão externo local de combate a incêndio.

Segundo Oliveira (2008), com a chegada do apoio externo, o corpo de bombeiros, fica
designado uma pessoa, preferencialmente um brigadista ou alguém da portaria, em fornecer
no mínimo as primeiras informações necessárias como situação apresentada, planta do prédio,
pontos de referências, extensão e características do incêndio, número e estado de vítimas, se
fatais ou não. Em uma situação de incêndio, a responsabilidade na execução do plano de
emergência não é somente da equipe de segurança interna, e sim, de todos os presentes. Além
das informações citadas anteriormente, apresentar também a planta de emergência. De forma
visível, as informações ficam mais claras.

Ainda segundo Oliveira (2008), Planta de Emergência, é a peça desenhada


esquemática referente a um dado espaço com a representação dos caminhos de evacuação e

54
dos meios a utilizar em caso de incêndio, contendo ainda as instruções gerais de segurança
aplicáveis a esse espaço.

De acordo com Alves (2015), as plantas de emergência, destinam-se a informar os


visitantes e utentes do edifico, os pisos e suas posições, as localizações dos equipamentos de
primeira intervenção de combate a incêndio, caminhos normais e alternativos de emergência e
os pontos de encontro no exterior do prédio.

A planta de emergência deve apresentar de forma clara as informações de


identificação do edifício, localização dos extintores de incêndio, dos hidrantes, das botoeiras
de alarmes, sprinklers, detectores de fumaça, caminhos de evacuação normais e alternativos,
ponto de encontro de brigada de incêndio, simbologia, legendas de sinalização de segurança e
equipamentos essenciais ao combate. (RODRIGUES, 2009).

Ainda segundo Rodrigues (2009), todas as instruções recebidas do apoio externo


deverão ser seguidas de modo que não prejudiquem as ações de combate a incêndio,
salvamento e assistência médica.

Planejar a atuação dos primeiros socorros e hospitais próximos, e determinar as


pessoas responsáveis em prestar os primeiros socorros as possíveis vítimas.

Segundo Batista (2009), a equipe de primeiros socorros, é responsável por prestar


assistência aos sinistrados, analisar a necessidade de apoios médicos mais específicos e
colaborar na intervenção das entidades externas competentes. É também responsável pela
contabilização do número de colaboradores presentes no ponto de encontro.

De acordo com Oliveira (2008), o principal objetivo do plano de atuação dos primeiros
socorros, será detalhar procedimentos simples e concretos, de modo a proporcionar a
assistência de sinistrados e ou feridos. Para uma maior segurança na atuação do plano de
abandono e prestação de primeiros socorros, o ideal seria que todos os colaboradores tivessem
formação em técnicas básicas de primeiros socorros. A equipe destinada ao efeito de
prestação de primeiros socorros deverá ter formação técnica adequada ao desempenho dessas
funções.

Determinar um responsável por eliminar os riscos no caso do sinistro, como o corte de


energia elétrica, fechamento de válvulas e tubulações.

55
Plano de atuação de abandono
Segundo a IT Nº 16/2011, iniciar o abandono de acordo com a metodologia escolhida
pela empresa e os responsáveis por este processo.

Segundo Batista (2009), o plano de atuação deve ser realizado com base no
conhecimento prévio dos riscos existentes de cada edifício, de forma a combater o sinistro e
minimizar as suas consequências até à chegada dos socorros externos.

De acordo com Ribeiro (2009), a preparação de um simulado envolve o planejamento


e as providencias a serem tomadas, para que o simulado ocorra de forma segura e atinja os
objetivos propostos pela instrução técnica. O planejamento envolve a escolha do cenário, as
vítimas a utilização dos recursos necessários os materiais e equipamentos.

Segundo a ABNT 14276 (2006), as equipes de atuação são formadas pelos


colaboradores da empresa, nomeados como Brigadistas de Combate a Incêndio e são
treinados para atuarem em situações de emergência dentro dos limites do edifício. A equipe
de brigada de incêndio tem sua divisão pré estabelecida pela empresa, no qual define as
responsabilidades de cada um em uma situação de incêndio.

Ainda segundo a ABNT 14276 (2006), a equipe de brigada de incêndio é dividida por
brigadista líder, aquele que recebe a informação da ocorrência e delega as atividades aos
outros membros da equipe, brigadista socorrista, tem a responsabilidade em prestar os
primeiros socorros á vítimas se houver, brigadista de ataque, responsável em combater o
princípio de incêndio, brigadista de abandono, responsável pela evacuação do prédio, e
brigadista de apoio, que auxilia no que for necessário durante a evacuação.

Segundo Batista (2009), ainda que cada um tenha suas funções especificas, é
responsabilidade de todos, estar informados sobre os riscos gerais, conhecer as instalações, os
meios de proteção e primeiros socorros disponíveis, estar capacitado para agir em tempo
hábil, combater o incêndio no seu início, prestar os primeiros socorros, garantir a evacuação e
trabalhar em conjunto com outras equipes.

De acordo com Alves (2015), no plano de evacuação é importante destacar que o


responsável pela segurança do trabalho, define a necessidade de evacuação parcial ou total do
edifício, diante da situação de emergência apresentada no momento. A evacuação das pessoas
deve sempre direcionar os ocupantes para o exterior do edifício através de caminhos de
evacuação existentes e destacar na área externa um ou mais pontos de encontros para efeitos
56
de controle das pessoas evacuadas.

Segundo Rodrigues (2009), a evacuação de um edifício pode ocorrer antes da chegada


do apoio externo, cabendo ao responsável da brigada de incêndio definir a ação, com base na
ocorrência apresentada no momento.

Ainda segundo Rodrigues (2009), a evacuação pode ser parcial, envolvendo apenas
parte do edifício, ou geral. Este aspecto tem um carácter relevante no decorrer da evacuação,
visto que, uma evacuação geral, poderá não só ser desnecessária, mas também
contraproducente, prejudicando o desenvolvimento normal das operações de evacuação.

De acordo com Ono (2010), existem estratégias de abandono conhecidas como


abandono total e abandono parcial. O abandono total é aquele que envolve toda a população
local de uma só vez, porém, para um resultado eficiente, é necessário o acompanhamento
completo, devido ao grande acumulo de pessoas ao mesmo tempo em um mesmo lugar, neste
caso, as saídas de emergência que levam a população para fora do edifício. Abandono parcial
é aquele que ocorre por etapas, que evolve abandono de setores específicos de forma gradual
de acordo com o caso de incêndio apresentado.

Ainda segundo Ono (2010), a estratégia parcial por etapa é mais delicada e complexa,
pois com ela, é necessário determinar de forma rápida o local em que se encontra o incêndio
para iniciar o gerenciamento de emergência e orientar o abandono nos pavimentos pertinentes
e avisar todos os ocupantes dos demais pisos para que permaneçam no local até segunda
ordem.

De acordo com Rodrigues (2009), o plano de evacuação deve contemplar as instruções


e procedimentos a serem observadas pelo efetivo total, de modo a garantir a evacuação do
edifício de um forma ordenada, total ou parcial, dos espaços considerados em risco e abranger
os seguintes aspectos, como a identificação das saídas de emergências, zonas de refúgio e
ponto de encontro, definição dos caminhos de evacuação, rotas de fuga organização da
evacuação, auxilio as pessoas portadoras de necessidades especiais e garantir que ninguém
regresse ao edifício sem autorização do responsável pelas operações de emergência.

Segundo a IT Nº 16/2011, após o termino do abandono de área, deve ser indicado um


procedimento para isolar as áreas sinistradas e as pessoas responsáveis por este processo.

Após o controle total da emergência e a volta à normalidade, o Chefe da Brigada deve

57
iniciar o processo de investigação e elaborar um relatório por escrito sobre o sinistro e as
ações de contenção para as devidas providências e ou investigação.
Segundo Ribeiro (2009), após a realização do simulado é importante que a equipe
organizadora junto aos envolvidos, realizem uma reunião e façam uma avaliação das
informações colhidas durante o simulado, verificando os pontos a serem melhorados em um
próximo evento.
De acordo com Alves (2015), para que um plano de emergência seja realmente eficaz,
deve ser realizado anualmente simulados de abandono e emergência, visando a criação de
rotinas de comportamento e atuação, buscando sempre o aperfeiçoamento do plano de
emergência.
Considerações Finais
O trabalho elaborado buscou propor de forma simples e clara os passos necessários
para que se consiga alcançar os objetivos propostos pela instrução.
A estrutura para o atendimento a instrução técnica se divide em mapeamento de risco,
quantificando informações essências para o desenvolvimento de plano, como o item principal
o tipo de material armazenado na estrutura do prédio, os métodos de prevenção, treinamento
do pessoal, os equipamentos de combate a incêndio existentes no local, a política da empresa,
em manter divulgado dentro de sua organização a importância do trabalho preventivo, os
métodos aplicados no caso de um abandono, seus pontos de encontros, sinais de alerta e
divulgação de informações perante uma situação de risco.
Em uma situação de incêndio, para que o plano de emergência funcione, o importante
é que cada colaborador tenha consciência das consequências que possam vir a surgir, caso o
plano de emergência venha a falhar, seja ele, na prestação de um primeiro socorro, uma
evacuação mal sucedida ou um incêndio não controlado em seu início, pois somente com a
realização de treinamentos, é que se consegue buscar eficiência na execução do plano de
emergência.

58
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CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO INSTRUÇÃO, Instrução Técnica 03 –


Terminologia de segurança contra incêndio. 2011. Disponível em
<http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/internetcb/site/legislacao.php> Acesso em 24 Jan. 2016.

CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO INSTRUÇÃO, Instrução Técnica 16 - Plano de


Emergência Contra Incêndio. 2011. Disponível em
<http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br/internetcb/site/legislacao.php> Acesso em 24 Jan. 2016.

CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO INSTRUÇÃO, Decreto Estadual nº 56.819/2011 -


Regulamento de Segurança contra Incêndio das edificações e áreas de risco do Estado de São Paulo. 2011.
Disponível em
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Acesso em 24 Jan. 2016.

INSTITUTO SPRINKLER BRASIL, Estatísticas 2015. Disponível em


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Acesso em 25 Jan. 2016.

59
ONO, R. O impacto do método de dimensionamento das saídas de emergência sobre o projeto
arquitetônico de edifícios altos: ama análise crítica e proposta de aprimoramento. Escola Politécnica. Tese
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RIBEIRO, C. S. S. Exercícios simulados como opção de treinamento na área de segurança e saúde do


trabalhador. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalho de Conclusão de Especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho. Escola de Engenharia. Departamento de Engenharia Mecânica. 2009.
46P. Disponível em: < http://hdl.handle.net/10183/25190> Acesso em 27 Jan. 2016.

RODRIGUES, P. F. N. C. S. Plano de emergência de um edifício recebendo público. Faculdade de


Engenharia da Universidade do Porto. Tese de mestrado integrado. Engenharia Civil (especialização em
Construções). Faculdade de Engenharia. Universidade do Porto. 2009. 88P. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/10216/58986> Acesso em 27 Jan. 2016.

60
RISCOS OCUPACIONAIS NA COLETA
DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

ARDENGHI, Tábata Cristine


Orientador: Mst Adalberto Zorzo
Co- Orientador:Prof. Esp. Luis Armando Ferreira

RESUMO
A revolução industrial trouxe o acelerado êxodo rural, e com isso o crescimento desordenado
das cidades que levaram às aglomerações urbanas. O consumo de recursos naturais, como
água, energia, alimentos e matéria–prima, teve aumento significativo, juntamente com a
geração de grandes quantidades de resíduos. A necessidade de gerenciar os resíduos sólidos
tornou–se uma tarefa importante na sociedade. A coleta desses resíduos é basicamente
composta por coletores que correm atrás dos caminhões, chamados de lixeiros ou garis pela
população. Ela é, entre os serviços de limpeza pública urbana, a segunda atividade que possui
maior índice de acidentes, uma vez que estes profissionais estão expostos a materiais mal
condicionados, contendo objetos perfurocortantes, corrosivos e com excesso de peso, levando
a riscos e lesões. Assim a segurança do trabalho está cada dia atingindo áreas e atividades
diversificadas e se desenvolvendo visando a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo estudar os riscos ocupacionais gerados na
coleta de resíduos sólidos urbanos.

Palavras-chave: Resíduos Sólidos, Coleta de Resíduos, Riscos Ocupacionais.

Introdução
A revolução industrial trouxe o acelerado êxodo rural, e com isso o crescimento
desordenado das cidades que levaram às aglomerações urbanas. O consumo de recursos
naturais, como água, energia, alimentos e matéria–prima, teve aumento significativo,
juntamente com a geração de grandes quantidades de resíduos. Com o crescimento sem
planejamento, existe a necessidade de destinar de maneira segura e sustentável esses resíduos.
Segundo Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE, 2014), a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil em 2014 foi de
aproximadamente 78.583.405 toneladas, tornando o gerenciamento dos resíduos sólidos uma
tarefa importante na sociedade, assim a cobertura dos serviços de coleta atingiu um total de
71.260.045 toneladas coletadas no ano.
A coleta é, na maioria dos municípios, realizada periodicamente em dois turnos,
manhã e noite. Basicamente é composta por 4 a 5 coletores, que fazem o recolhimento,
61
transporte e destino final dos resíduos sólidos urbanos e são vulgarmente chamados de
lixeiros pela população (D’ALMEIRA E VILHENA, 2010). Durante o processo de trabalho
eles andam e correm ruas, sobem e descem dos caminhões, levantam diferentes pesos e
suportam sol, chuva, frio e variações bruscas de temperatura e ainda entre os serviços de
limpeza pública, a coleta de resíduos é a segunda atividade que possui o maior número de
acidentes.
Segundo Lazzari e Reis (2011), esses trabalhadores estão expostos em seu processo de
trabalho a diferentes tipos de riscos ocupacionais como Físicos (Ruído, vibração, calor, frio,
umidades), Químicos (gases, névoas, poeira, substâncias químicas tóxicas), Acidentes
(atropelamento, queda, esmagamento pelo compactador de lixo, fraturas), Ergonômicos
(sobrecarga da função, postura forçada) e Biológicos ( bactérias, fungos, vírus, parasitas) e um
problema agravante é a condição de trabalho precária e a segurança, muitas vezes, deixada de
lado.
Uma hipótese para essas condições é a visão do empregador, que enxerga o cuidado
com a segurança do colaborador como um ônus, e assim não são passadas informações
importantes para manter a integridade da saúde e segurança destes. Desta forma, o presente
trabalho, tem por objetivo geral realizar uma revisão de literatura feita através de pesquisas
em livros, apostilas, manuais, artigos e legislações, estudando os riscos ocupacionais
presentes na coleta de resíduos sólidos urbanos. Apresentando um levantamento da
quantidade de resíduos gerados no Brasil e detalhadamente os riscos ambientais, ergonômicos
e de acidentes existentes na coleta dos resíduos como objetivos específicos.

Riscos Ocupacionais na Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos

1 Metodologia
O presente trabalho foi desenvolvido seguindo os preceitos do estudo exploratório, por
meio de uma pesquisa bibliográfica, com vistas a contextualizar e fundamentar o tema Riscos
Ocupacionais na Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos, o problema de pesquisa que é a
condição de trabalho precária e a segurança deixa da de lado e os objetivos de estudar os
riscos ocupacionais presentes na coleta de resíduos sólidos urbanos, apresentando um
levantamento da quantidade de resíduos gerados no Brasil e detalhadamente os riscos
ambientais, ergonômicos e de acidentes existentes na coleta dos resíduos como objetivos.

62
A primeira etapa de realização foram as buscas pelas fontes, onde foram utilizados
livros, apostilas, manuais, artigos e a legislações. Em um segundo momento foram feitas as
coletas de dados com leituras exploratórias, Seletivas e registro das informações extraídas das
fontes como autores, métodos, resultados e conclusões).
Posteriormente foi feita a análise e interpretação dos resultados, com leitura analítica
para ordenar as informações a serem usados neste trabalho, para obtenção de respostas ao
problema proposto. E por fim a apresentação dos resultados encontrados a partir do
referencial teórico relativo à temática do estudo.

2 Segurança e Saúde do Trabalho


A Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX vieram
muitos benefícios para o mundo, como o aumento da produtividade e crescimento econômico.
Ao mesmo tempo, situações desfavoráveis em relação ao bem-estar do trabalhador também
surgiram. Com a clara necessidade da mudança nos aspectos negativos à saúde e segurança do
trabalho, em 1802, foram criadas várias leis para ajudar na melhoria dos ambientes laborais
(DEUD, 2015).
Segundo a mesma autora, Deud (2015), a preocupação com as condições de trabalho no
Brasil só surgiram com as grandes epidemias que ocasionaram muitas mortes em trabalhadores,
trazendo prejuízo para a economia do país. Assim visando garantir ambientes laborais salubres,
assegurar a proteção à saúde do trabalhador, prevenir acidentes e, consequentemente, evitar
perdas o Ministério do Trabalho, em 1978, aprovou a Portaria Nº 3.214, que regulamenta as
Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho (BRASIL, 1978).
Segundo Pedrosa et al (2010), Segurança do Trabalho é um conjunto de medidas
adotadas visando minimizar os acidentes e doenças ocupacionais, e também proteger a
integridade e capacidade de trabalho do empregado. Seu objetivo maior envolve a prevenção
de riscos e de acidentes nas atividades de trabalha visando à defesa da integridade humana.
Pode-se afirmar que qualquer atividade laboral ou não, sempre tem riscos, e este
ligado a falhas ou erros dão origem aos acidentes. O desenvolvimento dos equipamentos e os
novos métodos da organização do trabalho, aumentaram a produtividade dos trabalhadores,
mas também contribuíram para um desequilíbrio da relação risco-segurança. Esta alteração
teve como consequência à utilização de conjuntos de normas e de procedimentos, para
conseguir os rendimentos pretendidos com risco mínimo, que são compostas, no Brasil, por
Normas Regulamentadoras, Portarias e Decretos e também a convenções Internacionais da
63
Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil (PEDROSA et al, 2010).
As medidas de segurança, de um modo geral, são de obrigatoriedade moral e legal dos
empregadores, que devem estar cientes que o aumento da segurança e diminuição das
doenças, são traduzidos em ganhos de produtividade, qualidade, imagem da empresa e de
competitividade (SILVA, 2015).
As responsabilidades do empregador são descritas no Decreto-Lei nº 5.452, de Meio
de 1943, que aprova a Consolidação das Leis do Trabalho, em seu Art. nº 157 (Modificado
Pela Lei nº 6.514 de Dezembro de 1977) sendo: Cumprir e fazer cumprir as normas de
segurança e medicina do trabalho, instruir o empregados, através de ordens de serviço, quanto
às precaução a tomar no sentido de evitar acidentes ou doenças ocupacionais, adotar as
medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente e facilitar o exercício
da fiscalização pela autoridade competente. Este mesmo Decreto-Lei também traz, em seu
Art. nº 158 as responsabilidade para os empregados, que são: Observar e colaborar com o
empregador na aplicação as normas de segurança e medicina do trabalho (BRASIL, 1977).

2.1 Riscos Ocupacionais


Conforme Deud (2015), risco está ligado à ideia de ameaça, é a combinação da
probabilidade e das consequências de ocorrer um evento perigoso, possibilidade do perigo.
Quanto ao perigo, é a ameaça em si, ainda não mensurável e não totalmente evidente, é a
fonte ou situação com potencial de provocar lesões, problemas de saúde, danos à propriedade
ou ao ambiente de trabalho.
Os riscos são dados através das Normas Regulamentadoras onde a NR nº 9 (Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais) define os riscos ambientais em que os trabalhadores
estão expostos, e estes riscos precisam ser mensurados de forma quantitativa e/ou quantitativa
dependendo da exposição. Assim a NR nº 15 define os limites de tolerância e dispões sobre a
insalubridade destes riscos (MEDEIROS, 2014).
Segundo a Norma Regulamentadora nº 9, Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos. Os
riscos físicos são provocado por máquinas, equipamentos, condições físicas e características
do local de trabalho, os agentes considerados são ruídos, radiações ionizantes e não-
ionizantes, temperaturas extremas (frio e calor), pressões anormais, umidade, vibrações, ou
qualquer outra forma de energia a que os trabalhadores possam estar expostos. Os risco
químicos são substâncias ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória,
64
como, poeiras, fumos, neblinas, névoas, gases ou vapores e compostos ou produtos químicos
em geral que possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo por ingestão ou contato. E
os agentes biológicos são as bactérias, protozoários, parasitas, fungos, vírus, entre outros
(BRASIL, 1994).
Riscos Ergonômicos, que segundo a NR nº 17 são os aspectos relacionados ao
levantamento, transporte e descarga de materiais, aos equipamentos e às condições ambientais
do posto de trabalho (BRASIL, 2007).
E ainda Riscos de Acidentes que são incluídos pela NR nº 15, que podem ser
atropelamentos, quedas, esmagamentos pelo compactador, fraturas, mordidas de animais,
cortes e perfurações (MEDEIROS,2014).
Estes Riscos são capazes de causar danos à saúde e integridade física dos
trabalhadores, em função de sua natureza, tempo de exposição, intensidade, concentração e
suscetibilidade. Estão presentes em qualquer profissão, no entanto, podem ser evitados da
forma mais adequada a cada risco e profissão (SILVA, 2015).
A Tabela 1 apresenta os grupos de riscos, com suas descrições compostas em cada um
do agentes.

Tabela 1: Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais


RISCOS RISCOS RISCOS RISCOS DE
RISCOS FÍSICOS
QUÍMICOS BIOLÓGICOS ERGONÔMICOS ACIDENTES
Esforço físico Esforço físico
Ruído Poeira Bactérias
intenso inadequado
Levantamento e Máquinas e
Vibração Fumos Vírus transporte manual equipamentos sem
de peso proteção
Ferramentas
Radiação não Exigência de
Névoas Protozoários Inadequadas ou
ionizante postura inadequada
defeituosas
Controle rígido de Iluminação
Frio Neblina Fungos
produtividade inadequada
Probabilidade de
Imposição de
Calor Gases Parasitas incêndio ou
ritmos excessivos
explosão
Trabalho em turno Armazenamento
Pressões anormais Vapores Bacilos
e noturno inadequado
Jornadas de
Animais
Umidade Substâncias trabalho
peçonhentos
prolongadas
Outras situações de
Compostos ou risco que poderão
Monotonia e
produtos químicos contribuir para a
repetitividade
em geral ocorrência de
acidentes
Outras situações
causadoras de
65
“stress” físico e/ou
psíquico
Fonte: Adaptado de Deud, 2015; Silva, 2015.

A Tabela 1 mostra os principais riscos ocupacionais que são os Riscos Físicos


divididos em ruído, vibração, calor, frio, umidades, Químicos sendo gases, névoas, poeira,
substâncias químicas tóxicas, Acidentes como atropelamento, queda, esmagamento pelo
compactador de lixo, fraturas, Ergonômicos que são sobrecarga da função, postura forçada e
Biológicos contendo as bactérias, fungos, vírus, parasitas (DEUD, 2015; SILVA, 2015;).
Assim, segundo Pedrosa, et al (2010), o conhecimento dos riscos ambientais,
ergonômicos e de acidentes é fundamental para os trabalhadores, visto que este conhecimento
pode auxiliar na prevenção de acidentes.

2.2 Acidentes Ocupacionais


De acordo com a Lei Previdenciária nº 8.213 de 24 de Julho de 1991 em seu Art. nº 19
“Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou
empregador doméstico, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade de trabalho”.
O acidente de trabalho está intimamente relacionado ao trabalho realizado, ao
ambiente em que é desenvolvido e às exigências psíquicas envolvidas. Pode ser sem
afastamento ou com afastamento sendo de incapacidade permanente total ou ainda morte. É
caracterizado em três tipos de classificação, conforme Lazzari e Reis (2011):
· Acidente Típico: decorrente da característica da atividade que o trabalhador exerce;
· Acidente de Trajeto: decorre no trajeto entre residência e local de trabalho do
trabalhador, ou vice-versa;
· Doença Ocupacional segundo Art. nº 20 da Lei 8.213 de 24 de Julho de 1991:
o Doença profissional: Produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar a determinada atividade;
o Doença do Trabalho: adquirida ou desencadeada em função das condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.

3 Resíduos Sólidos Urbanos


Segundo a Lei Federal nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política

66
Nacional dos Resíduos Sólidos, resíduos sólidos são definidos como matéria, substância,
objeto ou bem descartado resultante das atividades humanas, onde a destinação final se
procede nos estados sólido ou semissólido, gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos
d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis (BRASIL, 2010).
Ainda segundo o inciso I do art. 13 da Política Nacional dos Resíduos Sólidos
(PNRS), os resíduos são classificados quanto a sua origem, e a Quadro 1 mostra a origem e
quais são os resíduos encontrados:

Origem Materiais encontrados


Originado da vida diária das residências, e constituído por restos de
Domiciliar
alimentos, produtos deteriorados, papel, garrafas, embalagens, entre outros;
Originado nos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, lojas,
Comercial
bares, bancos, mercados, etc.;
Provenientes da limpeza pública urbana como varrição e limpeza de áreas de
Público
feiras;
Resíduos oriundos de porto, aeroportos, rodoviárias e ferroviárias, integrados
Serviço de Transporte
por materiais de higiene, restos de alimentos, entre outros;
Originado nos diversos ramos industriais como metalúrgicas, químicas,
Industrial petroquímicas, papeleiras. Esses resíduos são bastante variados, podendo ser
cinza, óleo, lodo, plástico, ácido, madeira, papel, etc.;
Oriundos da agricultura e da pecuária, constituídos por embalagens de
Agrícola
fertilizantes e defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, entre outros;
São resíduos sépticos, ou seja, aqueles que contêm ou podem conter germes
Serviço de Saúde e Hospitalares patogênicos, oriundos de hospitais, cínicas, laboratórios, farmácias, clínicas
veterinárias, centros de pesquisas, etc., conforme a Resolução 358 de 2005.
Segundo a Resolução nº 307 de 05 de julho de 2002 do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA), os resíduos de construção civil são
provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras e os
Construção Civil
resultantes de preparação e de escavação de terrenos como tijolos, blocos
cerâmicos, concretos, solos, rochas, metais, colas, tintas, gessos, telhas,
tubulações, etc.
Quadro 1: Classificação quanto a origem dos Resíduos Sólidos Urbanos
Fonte: Brasil, 2010; CONAMA, 2005; CONAMA, 2002

Existem outros tipos de classificações que se baseiam em determinadas


características ou propriedades. A norma NBR 10.004, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT, 2004), trata da classificação quanto aos riscos potenciais à saúde pública e
ao meio ambiente, para que possam ser gerenciados adequadamente. De acordo com a norma
os resíduos sólidos podem ser classificados como mostra o Quadro 2 de classificação dos
resíduos quanto a periculosidade:

Classificação Periculosidade Descrição


Classe I Resíduos Perigosos São aqueles que em função de suas características de

67
inflamabilidade, corrosividade, radioatividade, toxidade e
patogenicidade, podem apresentar risco à saúde pública,
provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentua seus
índices e também causar risco ao meio ambiente, quando o
resíduo for gerenciado de forma inadequada.
Não se enquadram nas Classes I e II B, e possuem propriedades
Classe II A – Não Inertes como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em
água.
São quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma
Classe II representativa, e submetidos a um contato dinâmico e estático
com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não
Classe II B - Inertes
tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.
Não causam danos ao meio ambiente ou à saúde pública.
Quadro 2: classificação dos Resíduos Sólidos Quanto a Periculosidade
Fonte: ABNT, 2004

3.1 Geração e Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos


Segundo ABRELPE no ano de 2014, a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil
foi de 78,6 milhões de toneladas, onde cerca de 388 Kg foram gerados por pessoa, como
mostra a Figura 1 de Geração de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil.

Figura 1 – Geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil


Fonte: ABRELPE, 2014.

Da quantidade gerada 71,3 milhões de toneladas desses resíduos são coletados nos
municípios brasileiros, onde cerca de 351 Kg são coletados por pessoa, como mostra a Figura
2 de Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil (ABRELPE, 2014).

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Figura 2 – Coleta de resíduos sólidos urbanos no Brasil
Fonte: ABRELPE, 2014.

4 A Coleta e Os Coletores
A coleta dos resíduos sólios urbanos significa recolher os resíduos acondicionados por
quem o produz para encaminhá-lo, mediante transporte adequado, a uma destinação correta.
Ela pode ser efetuada pelo órgão público municipal ou através de terceiros (SILVA, 2015).
Segundo D’Almeida e Vilhena (2010) o recolhimento deve ser efetuado sempre nos
mesmos horários e dias (alternados). Por razões climáticas, no Brasil, o tempo decorrido entre
a geração e seu destino não deve exceder uma semana para evitar proliferação de moscas,
mau cheiro e atratividade que o lixo exerce sobre roedores, insetos e outros animais. É
geralmente realizada em dois turnos de 12 horas, dividindo-se o dia ao meio, mas trabalhando
efetivamente cerca de oito horas.
Os mesmos autores mostram que a coleta é realizada pelas guarnições que variam
entre dois a cinco trabalhadores por veículo. Os coletores de lixo, lixeiros ou garis são
definidos como profissionais encarregados da coleta transporte e destino final dos resíduos.
Geralmente um dos trabalhadores é o ‘puxador’, responsável por juntar os resíduos à frente
para facilitar o serviço, e os outros são os coletores que os arremessam para dentro do veículo
coletor. O trabalho ocorre em ritmo acelerado e as atividades são interrompidas somente
quando o veículo coletor vai despejar o lixo na unidade de depósito.
Segundo Deud (2015), na maior parte do tempo os coletores ficam em pé, se
agachando, correndo, caminhando, subindo e descendo do veículo, recolhendo os resíduos
depositados e acondicionais em saco plástico e recipientes de diversos tipos, ficando sempre
na parte traseira do caminhão coletor, tendo visão limitada. Na realização da tarefa enfrentam
barreiras como buracos, pedras e pesos excessivos dos recipientes. Como descem e sobrem
69
várias vezes, sofrem o impacto do seu peso ao pular sobre o terreno. Esta tarefa é repetitiva e
a postura é inadequada.
De acordo com alguns autores como Deud (2015); Pedrosa et al (2010) a maioria
desses profissionais Garis são homens, com faixa etária entre 20 e 40 anos, em média, e com
nível baixo de escolaridade. Ainda apontam que a média de tempo em que perduram nesta
atividade é de cerca de 3 anos, podendo haver algumas exceções.

5 Riscos Ambientais na Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos


Estão enquadrados, como já citado anteriormente, nos riscos ambientais, riscos físicos,
químicos e biológicos, de acordo com a NR nº 9, Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (1994).
Os riscos ambientais identificados e analisados qualitativamente são:

5.1 Riscos Físicos


O trabalho é feito ao ar livre, onde os trabalhadores ficam expostos às intempéries
como frio, calor, chuva e sol, que em excesso prejudicam a saúdo do mesmo. Existem
também as exposições ao ruído dos veículos de trabalho e dos que transitam e à vibração, pelo
fato de viajarem nos estribos dos veículos de trabalho, que passam por asfaltos precários
ocasionando trepidações (PEDROSA et al, 2010).

5.1.1 Ruído
O ruído é a percepção de ondas sonoras, que não seja ruído de impacto (que dura
menos de um segundo e é intercalado com pausas que duram mais de um segundo). Os níveis
devem ser medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora, onde o
tempo de exposição não devem exceder os limites de tolerância fixados no anexo I na NR nº
15 (BRASIL,2011).
Segundo Silva (2015), os ruídos, na atividade de coletor de resíduos, vem do caminhão
coletor em funcionamento, compactador de resíduos e do trânsito da cidade. As possíveis
consequências da exposição acima do tempo e limite de tolerância recomendados podem ser

70
cansaço, irritação, dor de cabeça, diminuição da audição, aumento da pressão arterial, insônia
e taquicardia.
Deud (2015) considera como recomendação para prevenção de dano a utilização de
protetores auriculares em toda a jornada de trabalho contemplando todos os coletores.

5.1.2 Vibração
Segundo Silva (2015) vibração é o movimento repetitivo a partir do repouso.
Descreve-se, por um movimento oscilatório em torno de um ponto. O número de oscilações
repetitivas é chamado de ciclos por minuto tendo como unidade o HERTZ (Hz).
De acordo com o Anexo I da NR nº 9, a vibração pode se dividir em duas: Vibrações
de Mão e Braços (VMB) e Vibração de Corpo Inteiro (VCI). Os procedimentos para a
avaliação da exposição às vibrações são descritos nas Normas de Higiene Ocupacional NHO
09 e NHO 10 da FUNDACENTRO.
As causas da vibração para os coletores vem por ficarem em pé no estribo do
caminhão, para se deslocarem, quando não estão correndo recolhendo os resíduos. A
exposição excessiva pode ocasionar problemas nas articulações, lombalgia (dor na região
lombar), náuseas, vômitos, inibição de reflexos, problemas ósseos e circulatórios (SILVA,
2015).
Realizar a verificação do balanceamento das rodas dos veículos coletores e fornecer
EPIs (luvas) com material anti-vibração, para amenizar a vibração provocada pelo veículo às
mão dos coletores, são medidas de prevenção elencadas por Deud (2015).

5.1.3 Radiação Não-Ionizante


Segundo o Anexo VII da NR nº 15 de 2011, Radiação Não-Ionizante são as micro-
ondas, ultravioletas e laser. A norma não dá limites de tolerância, somente diz que as
ocupações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações não ionizantes, sem
proteção adequada, serão consideradas insalubres.
De acordo com Deud (2015) os coletores estão expostos a este risco por trabalharem
ao ar livre, percorrendo as ruas das cidades e recebendo raios solares diretamente. As
possíveis consequências da exposição excessiva podem ser mal-estar, desidratação, insolação,
câncer de pele e lesões nos olhos. O autor ainda traz medidas de prevenção como ingestão de

71
líquidos regularmente, realização de período de descanso de 10 a 15 minutos, fornecimento e
orientação os coletores quanto ao uso de protetor solar.

5.1.4 Odor
Silva (2015); Medeiros (2014) consideram o odor como sendo um fator de risco,
mesmo não estando presente em normas, pois ele afeta o bem-estar dos coletores. Esse odor é
liberado pela decomposição dos Resíduos orgânicos e pode causar náuseas, mal-estar e dores
de cabeça.

5.1.5 Frio
O Anexo nº 9 da NR 15 (1994), diz que as atividades ou operações executadas no
interior de câmaras frias, ou similares, que exponham os trabalhadores ao frio, sem proteção
serão consideradas insalubres. Da mesma forma como a NR nº 29 (1997), que considera
trabalho em ambiente frio sendo os executados em locais frigorificados.
Segundo Bertozzi (2010), não há índices de exposição ao frio definidas pela
legislação. A avaliação então é qualitativa e passa a ser considerado risco para o trabalhador
se o mesmo não estiver devidamente protegido. Não há limites de exposição estabelecidos na
legislação Brasileira. E também observa-se que o trabalho ao ar livre em certas regiões do
país (com inverno rigoroso) não é contemplando pela legislação, já que se torna muito difícil
tentar considerar esses locais como possuindo condições similares às existentes nas câmaras
frigoríficas.
O mesmo autor da informações que 11ºC podem ser considerados como medida de
temperatura ambiente confortável para serviços prolongados (trabalhador andando e usando
roupas apropriadas). Sendo abaixo deste valor considerado como um risco ocupacional, e
visando que devem ser minimizados com medidas preventivas.
De acordo com Deud (2015) os coletores estão expostos a este risco por trabalharem
ao ar livre, percorrendo as ruas das cidades. Essa exposição pode causar resfriados e dores de
garganta, podendo ser minimizadas com a utilização de uniformes mais quentes.
Bertozzi (2010) aponta que para minimizar os efeitos do frio o uso de roupas isolantes
em temperaturas inferiores a 0ºC, isto é, negativas, tais como: jaqueta de frio, calças, capuz,
gorro, luvas e em casos mais intensos, botas com isolamento térmico ou revestidas com pele
de animais.

72
5.2 Riscos Químicos
Como já mencionado, os coletores se deslocam atrás do caminhão para depositar os
resíduos recolhidos, tornando possível a inalação da fumaça por ele expelida. Se são
encontrados resíduos espalhados pelo chão, seja por sacolas rasgadas ou revirados por
animais, os trabalhadores, muitas vezes, recolhem com as mão possibilitando a contaminação
pela pele. Isso é decorrente por, na maioria das vezes, não se utilizarem de luva (SILVA,
2015).
De acordo com o Anexo XI da NR nº 15 de 2011, os danos à saúde podem ser
causados por exposições de curta e/ou longa duração, estando também relacionadas ao contato
de produtos químicos tóxicos com a pele e olhos e/ou inalação de seus vapores.

5.2.1 Poeira e Particulados


A poeira, segundo Silva (2015), é composta de micropartículas que se liberam no ar
após processo de trituração, transporte ou impacto de materiais sólidos, e estas permanecem
suspensas. A pulverização e decomposição de materiais ou resíduos sólidos também podem
produzir poeira. Quando inaladas, as partículas de volume maior entram em contato com
defesas do sistema respiratório, ficando retidas nos pelos do nariz, muco da traqueia, nos
brônquios e nos bronquíolos. Porém as partículas de menor volume atingem com maior
facilidade as partes mais profundas do pulmão.
De acordo com Deud (2015), os coletores estão expostos a vários tipos de poeira,
como particulados de sujeira da própria rua, que são suspensos com o passar dos veículos,
plásticos, massa de textura, resíduos de vidro, entre outros.
A inalação da poeira ocorre em toda a sua jornada de trabalho, podendo causar danos
irreversíveis à sua saúde, como doenças respiratórias, dores de cabeça e náuseas (Deud,
2015). Para minimizar o dano Silva (2015) recomenda o uso de máscaras de proteção
respiratória, com filtro lateral (que também ajuda na prevenção dos gases) e possibilita o
coletor respirar um ar menos sujo. Essa medida se torna mais eficaz com a combinação de
treinamentos e orientações quanto ao uso dos EPIs.

5.2.2 Gases

73
Os gases encontrados na jornada dos trabalhadores vem primeiramente dos veículos
coletores e outros carros existentes na rua. Pelo fato de o trabalhador se deslocar atrás dos
veículos para deposição dos resíduos eles estão expostos aos gases que saem dos
escapamentos. Em segundo lugar vem da decomposição dos próprios resíduos coletados
(SILVA, 2015).
De acordo com Deud (2015), a exposição pode causar irritações das vias aéreas, dores
de cabeça, náuseas, sonolência, e exposições excessivas pode levar à convulsões e até à
morte.
As orientações encontradas para a preservação do trabalhador, por Silva (2015), são as
mesmas encontradas para o agente poeira, utilização de máscara com filtro lateral associada a
treinamentos e orientações quanto ao uso de EPIs.

5.2.3 Produtos Químicos em Geral


Outros produtos químicos que os coletores podem encontrar em sua jornada são
pilhas, baterias, óleos, graxas, pesticidas, solventes, tintas, produtos de limpeza, cosméticos e
remédios, pois são de uso constante da população e nem sempre são descartados de maneira
correta. A contaminação ocorre através da inalação ou contato (SILVA, 2015).
As consequências podem ser dores de cabeça, náuseas, irritações das vias aéreas e na
pele. E as medidas de prevenção contra o risco são o treinamento e orientação quanto ao uso
correto dos EPIs (DEUD, 2015).

5.3 Riscos Biológicos


Risco ocupacional biológico é toda exposição a agentes como vírus, bactérias, fungos,
protozoários, helmintos e artrópodes que em contato com o homem podem provocar doenças
(LAZZARI e REIS, 2011).
Segundo os mesmos autores, Lazzari e Reis (2011), a transmissão ocorre por contato
direto ou indireto, transmissão por vetores biológicos ou mecânicos e pelo ar, e essa
exposição pode causar infecções agudas ou crônicas, parasitoses, reações alérgicas e tóxicas.
Deud (2015) aponta que o microrganismos patogênicos estão presentes nos resíduos
sólidos urbanos contaminados como lenços de papel, papel higiênico, curativos, absorventes,
fraldas descartáveis e camisinhas, originados da população. As consequências do contato
podem ser infecções na pele, infecções internas e doenças infectocontagiosas (hepatite, cólera,

74
AIDS, entre outras). Deud (2015) ainda ressalta sobre a importância de orientar a população a
descartar seus resíduos corretamente e também treinar e orientar os coletores a manusear os
resíduos corretamente e usarem EPIs.

6 Riscos Ergonômicos
A NR nº 17 de 2007 (BRASIL, 2007), institui padrões que possibilitam adequar as
condições do posto de trabalho ás características piscicofisiológicas dos colaboradores,
proporcionando assim conforto para melhor produção, segurança e evitando o aparecimento
de possíveis doenças ocupacionais. As condições de trabalho descritas nesta NR abrangem
aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, aos equipamentos e às
condições ambientais do posto de trabalho.
Esta norma define como transporte manual regular de cargas toda atividade de transporte,
na qual o peso da carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o
levantamento e a deposição da carga, realizada de maneira contínua. Define, ainda, que todo
trabalhador designado para executar tal atividade deve receber treinamento ou instruções quanto
aos métodos corretos que deverá utilizar para desempenhar sua função com o objetivo de proteger
sua saúde e prevenir acidentes (BRASIL, 2007).
Na atividade de coletor, os riscos ergonômicos aos quais estão expostos são o esforço
físico com o levantamento e transporte manual de cargas, onde os pesos das sacolas não são
divididos por igual nos dois braços e muitas vezes tem excesso de peso. Este fator pode
causar dores musculares e dores na lombar. Posturas inadequadas onde os trabalhadores se
abaixam de forma incorreta para pegar o lixo e giram o tronco segurando o peso para jogar o
lixo no caminhão, acarretando em dores lombares e musculares. Outro fator de risco
ergonômico é o ritmo excessivo, onde os trabalhadores correm e pulam de qualquer maneira
para descer ou subir do estribo do caminhão e percorrem trajetos longos sem intervalos para
descanso. As principais lesões ocasionadas por esse fator são lesões nos tornozelos, punhos e
joelhos e ainda dores musculares (DEUD, 2015; SILVA, 2015).
De acordo com Deud (2015) as medidas preventivas para evitar lesões ou doenças
ocupacionais relativas ao risco ergonômico são os treinamentos e orientações aos
colaboradores em relação a recolherem os resíduos de forma correta, manterem postura
adequada na realização de suas atividades e realizarem essas atividades cuidadosamente,
preservando a integridade física dos mesmos. Também é necessário a orientação da população
quanto a descartar seus resíduos de maneira a não dificultar o trabalho de recolhimento.
75
7 Acidentes Ocupacionais da Coleta de Resíduos Sólidos Urbanos
Segundo Medeiros (2014), os acidentes registrados, nos últimos anos no Brasil,
relacionados a atividade de coleta de resíduos sólidos, apontam que em sua maioria são
referentes ao acidente típico, ou seja, que são os acidentes decorrentes da característica da
atividade laboral.
De acordo com Deud (2015) os resíduos sólidos urbanos, não são destinados ou
acondicionados de maneira correta. Na sua grande maioria são encontrados objetos perfuro-
cortantes, como vidro, agulhas, espinhos, pregos, espetos, entre outros. O manuseio incorreto
(sem luvas e sem calçados adequados) por parte dos coletores e o não isolamento, separação
ou identificação dos resíduos cortantes por parte da população podem causar cortes e lesões,
sendo, segundo Medeiros (2014), a parte mais comprometida as mão, por estarem em contato
direto com os resíduos e as pernas por servirem de apoio para agilizar a disposição dentro do
caminhão. Dependendo do material, podem haver contaminações que se tornam também
riscos biológicos, como sangue, excreções ou microrganismos.
O ritmo excessivo, que causa déficit de atenção, e o transito de veículos, também são
riscos consideráveis para os coletores. As consequências desses riscos são as intensas horas
percorrendo ruas e correndo atrás do caminhão. Quedas, escorregões, fraturas, decorrentes da
plataforma irregular do caminhão, e que muitas vezes não oferece aderência suficiente para não
escorregarem do veículo em movimento. Muitas vezes motoristas que não colaboram com o
trabalho do coletor desrespeitando o espaço sinalizado causam atropelamentos. E também
esmagamentos pelo compactador (MEDEIROS, 2014; DEUD, 2015; SILVA, 2015).
Outros riscos de acidentes encontrados no decorrer das atividades dos coletores,
principalmente por estarem em ambiente aberto são, segundo Lazzari e Reis (2011), mordida de
animais peçonhentos, mordida e ataque de animais domésticos ou selvagens.
Deud (2015) aponta o treinamento e orientação aos trabalhadores quanto ao uso de
EPIs, manuseio correto dos resíduos, cuidado com outros veículos e com o veículo coletor
como medidas preventivas para minimizar estes riscos. Também aponta a conscientização da
população em realizar o descarte correto desses resíduos e de forma que não atrapalhe o
trabalho dos coletores.

8 Conclusão

76
Por meio das informações apresentadas na revisão de literatura, pode-se concluir que
onde existe atividade existe risco, e onde há risco podem haver acidentes ou doenças
ocupacionais.
Os principais riscos encontrados na atividade de coleta de resíduos sólidos urbanos são
ruídos, vibrações, poeiras, gases e produtos químicos em geral, radiação solar,
microrganismos, esforços físicos e posturas inadequadas, além de acidentes com materiais
perfuro-cortante, com ritmo excessivo e com outros veículos.
Em nenhuma literatura foi encontrado o calor como sendo um risco ocupacional.
Porém o calor está presente na rotina do dia-a-dia desses trabalhadores, uma vez que
trabalham expostos ao ar livre, em movimento acelerado e em altas temperaturas dos centros
urbanos e por longos períodos de tempo. De acordo com a NR 15 em seu anexo III e
FUNDACENTRO, as atividades pesadas, trabalhos intermitentes de levantar, empurrar ou
arrastar pesos, tem limite de tolerância de 25,5 graus. Nos grandes centros urbanos e em
cidade mais quentes esse limite é excedido e se agrava principalmente por não haverem
pausas para descansos (GIAMPAOLI, SAAD, CUNHA, 2002).
Medidas para a amenização desses riscos devem ser tomadas onde as principais são a
realização de treinamentos contínuos e a orientação quanto a importância do uso correto dos
EPIs, fazendo com que estes trabalhadores conheçam os riscos que estão expostos ao
realizarem suas atividades.
Também foi identificada a necessidade sobre a conscientização da população quanto
ao armazenamento correto dos resíduos e a não dificultar o trabalho do coletor, uma vez que a
sociedade cobra pelo resultado de seu trabalho e que muitas vezes seu não é reconhecido.
De acordo com a NR 15, a atividade de coleta de resíduos sólidos já se tem uma condição
inicial insalubre. Assim, é de extrema importância a identificação de todos os riscos relativos à
atividade desenvolvida, para que se tomem ações de mitigação dos possíveis danos, já que é
sabido que não existem ações efetivas na segurança e saúde desses trabalhadores.

77
REFERENCIAS

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Classificação. NBR 10.004. Rio de Janeiro, 2004.

BERTOZZI, A. D. Insalubridade com Frio e Calor: Curso de Pós Graduação em


Engenharia de Segurança do Trabalho. 2010. Notas de Aula.

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78
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nº 358, de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos
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D’ALMEIDA, M. L. O.; VILHENA, A. (Coord.) Lixo Municipal: Manual de


Gerenciamento Integrado – 2ª ed. São Paulo: IPT/CEMPRE, 2010.

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Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho. Universidade Paranaense, Umuarama,
2015.

80
INSALUBRIDADE POR EXPOSIÇÃO
A RADIAÇÃO SOLAR
MARCELINO, Tiago Felipe
Orientador: Ms. Adalberto Zorzo
Co-orientador: Prof. Esp. Luis Armando Ferreira

RESUMO
Diante a um tema atual e completamente polêmico, o presente trabalho busca o entendimento
sobre ser devido ou não o pagamento de adicional de insalubridade a trabalhadores que
exercem suas atividades laborais a céu aberto, expostos a radiação não ionizante do sol.
Organizações nacionais e internacionais da saúde reconhecem os danos causados pela
exposição excessiva a radiação solar, bem como é de comum entendimento e reconhecimento
por legislações trabalhistas nacionais e internacionais. Devido a natureza da emissão desta
radiação, considerando ainda atividades laborais exercidas a céu aberto, ações preventivas
contra os raios UV (Ultra Violeta) e carga térmica têm a eficiências mitigada, não garantindo
uma proteção efetiva aos trabalhadores expostos. Dentro deste contexto as normas e
legislações nacionais vigentes reconhecem que a integridade do trabalhador é o bem mais
importante a ser preservado, onde o pagamento do adicional de insalubridade não desobriga o
empregador a tomar medidas que busquem melhorar as condições ambientais quais o
trabalhador esteja exposto, tão pouco o isenta de responsabilidades por possíveis doenças
desenvolvidas relacionadas, sejam elas relacionadas à profissão ou fatores ambientais.
Contudo, devido a divergências na compreensão das legislações e normatizações vigentes, o
TST- Tribunal Superior do Trabalho tem tomado decisões questionáveis a cerca do direito do
adicional de insalubridade.

Palavras-chave: Insalubridade. Radiação Não-Ionizante. Doença Ocupacional.


Doença Profissional.
Introdução
A norma regulamentadora 21 – NR 21 (1999) regulamenta as atividades laborais
realizadas a céu aberto, atividades quais expõe o trabalhador a agentes ambientais naturais,
tais como calor, frio, umidade e ventos inconvenientes, quais podem ser nocivos à saúde do
colaborador em casos de exposições excessivas. Regulamenta também a adoção de medidas
de higiene, moradia, saúde, entre outras.
Entre os agentes ambientais que os trabalhadores á céu aberto estão expostos se
destaca a radiação não-ionizante, isso pelo fato de ser de mais difícil controle e por ser aquele
que pode causar os mais severos danos, considerando ainda um grande agravante chamado
carga térmica. Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS (2009), a radiação emitida
pelo sol pode causar câncer de pele, uma das piores doenças que a humanidade já vivenciou.
Sem dizer que a insolação causada pela carga térmica pode provocar mal súbito, favorecer a
81
ocorrência de acidentes, entre outros.
Uma vez que reconhecidos os possíveis danos causados ao trabalhador exposto a tais
agentes ambientais medidas de proteção devem ser tomadas. Conforme a NR 1.7 a (2009)
cabe ao empregador cumprir todas as disposições legais a fim de garantir a integridade e
saúde laboral do trabalhador, onde havendo a existência de agente nocivo à saúde fora dos
limites de tolerâncias cabem ações que eliminem ou mitiguem tais agentes a níveis aceitáveis.
Conforme a NR 15 (2008) quando a atividade laboral for desenvolvida em um
ambiente onde agentes nocivos a saúde estiverem presentes, ainda que com todos os meios de
proteção e segurança regulamentados para tal atividade, essa será considerada insalubre,
dando direito ao trabalhador o recebimento de um adicional a seus ganhos mensais. Ainda de
acordo com o item 2 da NR 15 (2008), o trabalhador que exerce suas atividades em
condições insalubres, tem o direito de um adicional calculado sobre o salário mínimo
regional. Segundo ainda a Organização Internacional do Trabalho - OIT (2014), se o trabalho
não for seguro e saudável, também não é digno do homem.
A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e as NR’s (Normas Regulamentadoras)
compõem o principal artificio de garantia dos direitos trabalhistas, sendo que recomendações
de jurisprudências e normatizações internacionais também podem ser aplicadas para tomadas
de decisões. Devido a esse fato a compreensão dos direitos do trabalhador pode acabar sendo
prejudicada, onde uma solicitação de adicional de insalubridade, mesmo que devida, pode
acabar sendo negada, pois por não haver um entendimento unanime a respeito das legislações
e normatizações envolvidas o TST tomará a decisão conforme seu entendimento, segundo sua
jurisprudência. A NR 15.1.1 (2008) diz que a existência ou não do agente físico calor em
níveis acima do aceitável não se da por uma decisão autônoma, mais sim por meio de uma
análise técnica realizada por Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Médico do Trabalho.
Conforme disposto a NR 15.1.1 (2008), considerando ainda NR 9.1.1, (1994), o empregador
tem a obrigatoriedade de identificar os agentes ambientais nocivos a saúde do trabalhador.
Ainda segundo o inciso XXVIII do artigo 7 da constituição federal (1988) é definido que está
obrigado o empregador a pagar indenizações ao empregado, quando este culpar de
negligencia as normas e legislações.
Por meio da metodologia de revisão de literaturas, o presente trabalho busca
identificar os reais motivos que levam processos de solicitações de insalubridades idênticos a
diferentes sentenças.

82
1- Metodologia
O presente trabalho foi elaborado utilizando o método de análise de literaturas a fim de
se compreender o assunto abordado. Para satisfazer os objetivos da pesquisa buscou-se
amparo legal na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), NR (Normas Regulamentadoras
do Ministério do Trabalho), bem como em súmula de recomendação do TST (Tribunal
Superior do Trabalho), normatizações e organizações nacionais, internacionais e mundiais
ligadas a saúde, segurança e medicina do trabalho. Verificou-se também decisões do TST em
torno do assunto, bem como recomendações de organizações nacionais, internacionais e
mundiais do trabalho e da saúde. Com os conhecimentos da saúde ocupacional e legislações
vigentes adquiridos durante os estudos, bem como um panorama jurídico relacionado a
decisões envolvendo processos trabalhistas em torno do tema, pode-se concluir os objetivos
do trabalho de forma técnica, coerente e objetiva.

2- Insalubridade
O termo Insalubridade defini ambientes de trabalho hostis, onde se encontram agentes
ambientais prejudiciais a saúde do trabalhador devido a sua biologia ou devido a estarem
acima dos limites de tolerância aceitáveis . O artigo 189 da CLT (1943) define um ambiente
insalubre como aquele que expõe o trabalhador a agentes nocivos a saúde acima dos limites
de tolerância pré-estabelecidos, disposições reafirmadas pela NR 15 (2008), qual caracteriza o
ambiente insalubre como aquele que contém agentes ambientais nocivos a saúde do
trabalhador acima dos limites máximos e mínimos estabelecidos em seus anexos 1, 2, 3, 5, 11
e 12, onde a presença de tais agentes devem ser confirmado por laudo técnico elaborado por
meio de uma análise realizada no ambiente laboral conforme disposto em seus anexos 7, 8, 9
e 10.
Contudo, quando em um ambiente laboral existirem agentes ambientais que possam
ser nocivos à saúde, considerando os limites de tolerância normatizados, este será considerado
um ambiente de trabalho insalubre, no qual se fazem necessárias medidas que levem os
agentes ambientais nocivos a níveis aceitáveis.
Conforme Barros (2013) em muitas situações o trabalhador é expostos a ambientes
nocivos a sua saúde, quais estão a quem de suas condições físicas e psicológicas. Quando
submetido o trabalhador a atividades laborais em ambientes insalubres, onde, mesmo com
medidas preventivas os níveis dos agentes nocivos a saúde não se mantenham dentro do

83
estabelecido pela norma, dará ao trabalhador direito ao adicional de insalubridade
estabelecido na NR 15 (BRASIL, 2008).

2.1 Graus e Adicionais de Insalubridade


A NR 15 – Norma regulamentadora (2008) classifica a insalubridade em 03 graus,
sendo eles grau mínimo, grau médio e grau máximo, onde a caracterização do respectivo grau
de insalubridade se dará por pericia técnica realizada por engenheiro de segurança do trabalho
ou médico do trabalho no ambiente laboral, incidindo o percentual definido sobre o salário
mínimo regional.
Conforme ilustrado na tabela 1 abaixo:
Tabela 1: Classificação dos Adicionais de Insalubridade
Grau de Exposição Percentual de Adicional
Mínimo 10%
Médio 20%
Máximo 40%
Fonte: Próprio autor

Conforme a NR 15.4.1.1 (2008) a definição do grau de exposição cabe a autoridade


regional competente por meio de um laudo técnico emitido por um engenheiro de segurança
ou médico do trabalho, onde o grau de exposição será mensurado conforme a tabela 1 acima,
mensurando o grau de exposição e o percentual de insalubridade, qual incidirá sobre o salário
mínimo. Ainda conforme o anexo 2 da NR 15 (2008) o pagamento de adicional de
insalubridade não isenta o empregador de medidas preventivas que visem promover melhorias
no ambiente labora, bem como de possíveis danos causados aos trabalhadores.

3- Riscos Ambientais
Segundo o item 9.1.5 da NR 9 (1994) os riscos ambientais estão contidos em físicos,
químicos e biológicos e estão presentes em toda e qualquer atividade laboral. Originam-se da
interação homem maquina atrelado ao tipo de atividade, ambiente, ferramentas e
equipamentos, entre outros, riscos quais não se pode eliminar por completo. Segundo Martins
(2010) os processos produtivos aplicados na geração de bens podem proporcionar um
ambiente de trabalho nocivo a saúde do trabalhador, capaz de causar a Ele moléstias.

4 Radiação Solar - Não-Ionizante e Carga Solar


Entre todas as formas de radiações existentes a mais comum e presente é a radiação

84
não ionizante, qual é emitida pelo sol sobre a crosta terrestre, onde a intensidade está
relacionada a região, estação do ano e horário do dia. Segundo a Organização Internacional do
Trabalho - OIT (2000), a exposição à radiação não ionizante acaba não recebendo a devida
atenção das organizações por ser uma forma de luz invisível, ainda conforme a ACGIH-
American Conference of Governmental Industrial Hygienists (American, 2000) a radiação
solar possuiu uma quantidade de energia que por mais que não consiga ionizar o átomo,
retirando seus elétrons, tem potencial suficiente para quebrar moléculas e as ligações químicas
no meio onde se desloca.
A radiação não ionizante pode ser dividida em três tipos, sendo elas a Radiação
Ultravioleta A, B e C (UVA – UVB – UVC), onde a radiação UVA é a mais comum emitida
pelo sol, onde sua emissão independe estação, durando o ano todo. Tem uma sútil variação ao
longo do dia entre a 10 e 16 h. Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS (2009) a
UVA possuí uma penetração profunda na pele é a principal causadora da fotoenvelhecimento
e fotoalergia e os danos causados podem favorecer o aparecimento de câncer de pele. Já a
radiação UVB por mais danosa que seja a saúde, é essencial para a produção de vitamina D,
qual se liga ao cálcio prevenindo, principalmente a osteoporose, porém aproxidamente 90%
dessa radiação não chega a crosta terrestre, sendo absorvida pela camada de ozônio.
A radiação UVB varia muito durante o ano, onde sua emissão é muito mais intensa no
verão atingindo seu limite máximo de intensidade entre as 10 e 16 h, Sua penetração na pele é
apenas superficial, porém por mais que sua ação seja superficial, possui potencial suficiente
para causar severas queimaduras na pele. A Radiação UVC é totalmente bloqueada pela
atmosfera terrestre, impedida assim de atingir a crosta terrestre.
Por consequência a exposição a radiação, a carga solar sempre será um agravante
inevitável. Sendo ela uma forma de energia térmica, porém latente, provoca o aumento da
temperatura corporal, causando além do desconforto térmico, sérios danos a saúde, como por
exemplo, a insolação e danos neurológicos.

5- Danos Causados Por Exposição à Radiação Não-Ionizante e Carga Solar


Todo ser sobre a face da terra está sujeito a radiação solar e a carga térmica em
consequência da exposição, qual possui a capacidade de se proteger evitando os possíveis
danos a sua saúde, porém quando a exposição está atrelada a atividade laboral a situação
muda, pois nesta a pessoa como trabalhador contratado passa a não ter mais controle de sua

85
exposição, não durante sua jornada de trabalho. Tal exposição durante sua jornada de trabalho
pode causar diversos e severos danos a sua saúde, provocando doenças e causando acidentes
em consequência de possíveis maus súbitos. Segundo a OMS (2009) entre muitos outros,
seguem abaixo os piores danos causados pela exposição excessiva a radiação não ionizante
com o agravante de carga térmica:
ü Queimaduras: em função do tempo de exposição atrelado ao horário as
queimaduras solares podem atingir o terceiro grau de severidade, causando dor, ardência,
inchaços, bolhas, vermelhidão, entre muitos outros sintomas;
ü Envelhecimento precoce/ foto envelhecimento: A exposição excessiva aos
raios solares também pode causar o envelhecimento precosse, ocasionando o aparecimento de
marcas de expressão como rugas e manchas pelo corpo;
ü Problemas de visão. A exposição excessiva aos raios solares também podem
causar danos a visão, com doenças como catarata, pterígio e até câncer de pele nas pálpebras,
quais normalmente surgem pela queima das córneas.
ü Herpes: O vírus da herpes não tem cura e ele é reativado por alguns fatores,
como exposição excessiva ao sol. Se você teve algum caso de herpes, evite se expor
excessivamente à luz solar e tome banhos de sol antes das 10 da manhã ou depois das 4 da
tarde.
ü Acne: a queimadura e vermelhidão causada na pele aumenta a produção de
sebo, que, combinada com a sudorese excessiva se transforma em um excelente ambiente para
a propagação de fungos e bactérias causadoras das acnes.
ü Alergia ao sol: entre 5 a 10% da população possuem alergia ao sol, alergia qual
identifica-se pelo aparecimento de vermelhidão pelo corpo, coceira, urticária e
fotossensibilidade.
ü Melasmas: Os melasmas são nada mais que manchas amarronzadas espelhadas
por tudo o corpo, mais principalmente no rosto, oriundo também pela exposição excessiva as
radiações solares.
ü Insolação: além de sintomas como febre, tonturas, desmaios, quais podem
favorecer a ocorrência de acidentes, pode ocorrer um mal súbito desligando as funções
neurológicas devido a drástica elevação da temperatura corporal, causando a morte;
ü Queratose: essas são feridas ásperas e superficiais que surgem pelo corpo após
exposição excessiva, quais parecem nunca sararem. Tais feridas possuem um índice aproxima

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de 20% em se transformarem em câncer de pele.
ü Câncer de pele: Sem duvidas essa é uma das doenças mais letais, qual
corresponde mais de 20% dos casos de câncer maligno no mundo. Ele é divido em
carcinomas e melanoma, onde os carcinomas são de mais fácil detecção, possui um avanço
mais lento, facilitando assim o tratamento, já o melanoma é de mais difícil detecção e
altamente agressivo, características que tornam o tratamento pouco eficaz e altamente
degradante ao corpo humano (OMS- Organização Mundial da Saúde, 2009).

5.1 Classificação das Doenças e Métodos de Prevenção


A NR 1 (2009) classifica as doenças ocupacionais como doença do trabalho e doença
profissional. Segundo a OIT (2013) a doença do trabalho é aquela desenvolvida em função do
trabalho, do labor em si, doenças que normalmente são originadas devido a desgaste
fisiológico natural ou tendências patológicas singulares de um dado individuo. Conforme o
artigo 20 da Lei 8.213/91ª (1991) doença ocupacional tende aparecer em função do tempo, de
forma lenta, podendo causar incapacidade laboral. Diferente acontece com a doença
profissional, qual está ligada a profissão, com fatores ambientais específicos ou exposição a
agentes nocivos a saúde. Segundo Mendes (2003) a doença profissional é oriunda de uma
atividade específica, ou seja, está relacionada não ao trabalho como um todo, mias sim a uma
dada área de atuação ou profissão, em decorrência do exercício da profissão. Segundo ainda a
OIT (2013) as doenças profissionais estão ligadas a profissão, ou seja, são atreladas a
atividades e ambientes específicos e são as maiores causadoras de morte dos trabalhadores em
todo o mundo, doenças quais normalmente possuem nexo causal relacionado a agentes
peculiares de uma dada profissão.
As doenças profissionais tendem a se desenvolverem devido à falta comprimento das
normas de segurança, falta de acompanhamento médico, não utilização de EPI’s, entre muitos
outros fatores. Segundo Torreira (1997) a melhor forma de se evitar danos ao trabalhador é
por meio da adoção de estratégias preventivas adequadas. A medida mais eficaz para evitar os
danos causados pela radiação solar é não se expor, porém como acontece em toda atividade
laboral por mais que em limites aceitáveis, sempre existirá exposição a agentes possivelmente
nocivos, onde doenças e acidentes poderão ocorrer. Ainda segundo Piza (1997) a melhor
forma de se prevenir é por meio da conscientização, buscando se antecipar as ocorrências.
Sendo assim alguns métodos de proteção ajudam a mitigar a exposição, reduzindo o risco
consideravelmente, tais como:
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ü Utilização de protetor solar contra os raios UVA e UVB, lembrando que
mesmo em dias nublados a radiação do sol está presente e que consegue atravessar vidros de
carros, camadas de poluição, vestimentas, entre outros;
ü Manter todo o corpo protegido fazendo o uso de camisas de manga longa,
calça, chapéu, luvas e lenços, entre outros;
ü Utilizar óculos escuro com proteção UV;
ü Realizar as pausas conforme recomendação do anexo 3 da NR 15 (2008);
ü Conscientização contínua dos trabalhadores sobre os possíveis danos e a
necessidade das instruções e recomendações serem seguidas;
ü Manter-se hidratado e bem alimentado;
A utilização de protetor solar contra UVA e UVB é recomendada e muito
eficaz segundo a OMS (2009), porém no Brasil ainda não possui CA (Certificado de
Autorização), ou seja, não é considerado EPI;

6- Análises de Sentenças Judiciais


Inúmeros casos de solicitações de insalubridade estão sendo analisados pelo TST, qual
por meio das legislações, normas e laudos técnicos feitos por peritos tenta chegar a uma
decisão que não contradiga os direitos do empregado ou empregador.
O tribunal superior do trabalho (TST) concedeu insalubridade a uma trabalhadora rural
após trabalhar a uma usina de Minas Gerais por dois anos, isso mesmo após o colegiado
regional indeferir tal direito. Trabalhando a céu aberto e exposto ao calor excessivo acima dos
limites de tolerância, o TST concedeu direito após pericia identificar o agente nocivo acima
dos limites estabelecidos na NR 15 (Norma regulamentadora). A decisão também foi
embasada no item II da súmula de jurisprudência 173 do TST. Conforme abaixo:
O relator do recurso na Quinta Turma, ministro Emmanoel Pereira, lhe deu
razão. Segundo o magistrado, a decisão regional contraria a nova diretriz da
Orientação Jurisprudencial 173, item II, da Subseção 1 Especializada em
Dissídios Individuais (SDI-1) do TST. O Anexo 3 da Norma Regulamentadora
15 da Portaria 3214/78 do TEM prevê o direito ao adicional de insalubridade ao
trabalhador que exerce atividade exposto ao calor acima dos limites de
tolerância, "inclusive em ambiente externo com carga solar. BRASIL. Marcio
Correia. Tribunal Superior do Trabalho (Org.). Trabalhadora rural ganha
adicional de insalubridade por exposição ao sol. 2015.
Em um caso muito semelhante, foi requerido o adicional de insalubridade devido
exposição a radiação solar (UVA/UVB), conforme disposto no anexo 7 da NR 15 (2008) e ao
calor excessivo, conforme disposto no anexo 3 da NR 15 (2008), porém o direito foi

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indeferido, isso com base na mesma orientação de jurisprudência, Súmula 173, no entanto
agora tomando como base o item I da súmula em pauta, qual diz que é ausente o direito legal
de adicional de insalubridade ao trabalhador que exerce suas atividades a céu aberto em
exposição a radiação solar. Conforme abaixo:
Na sessão de julgamento, o ministro Caputo Bastos (foto), relator dos autos,
destacou o entendimento firmado no TST no sentido de ser indevido o
pagamento do adicional de insalubridade em razão de radiação solar, inclusive
calor, por falta de previsão legal que o ampare (Orientação Jurisprudencial nº
173 da SBDI-1). A decisão foi unânime. BRASIL. Mel Quincozes. Tribunal
Superior do Trabalho (Org.). Trabalho a céu aberto não garante direito a
adicional de insalubridade. 2015.
Novamente em outro caso também muito semelhante, onde a perícia também
comprovou a presença do agente nocivo em quantidade superior ao limite estabelecido na NR
15, fazendo uso da mesma recomendação de jurisprudência 173, foi concedido direito ao
trabalhador. Conforme abaixo:
Ficou provado que no período de safra e entre safra, o cortador de cana ficava
exposto à temperaturas de 27,4 e 28,4°C. De acordo com a NR nº 15 do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o máximo permitido é 25°C. O TRT,
no entanto, manteve a insalubridade mesmo após a empresa recorrer. Baseado
na análise da prova dos autos, especialmente o laudo pericial, concluiu que o
ambiente de trabalho se enquadra na portaria interministerial 3.214/78, anexo
10, NR 15 e conservou a decisão. BRASIL. Taciana Gisel S/a. Tribunal Superior
do Trabalho (Org.). Cortador ganha adicional de insalubridade por calor e
umidade. 2012.
O artigo 195 da CLT (consolidação das leis trabalhistas) atribui a classificação da
insalubridade ao ministério do trabalho, qual se dará por pericia técnica realizada pelo médico
ou engenheiro do trabalho, sendo o laudo técnico uma das mais importantes provas para a
tomada de decisão do Júri. Vejamos o disposto:
Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da
periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através
de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho,
registrados no Ministério do Trabalho. Decreto-lei nº 5.452, de 01/05/43, DOU
de 09/05/43 (BRASIL, 2014).
A NR 21 (1999) exige a existência de abrigos no local de trabalho, quais protejam o
trabalhador de intempéries, bem como medidas especiais que protejam o trabalhador da
insolação excessiva, calor, frio, umidade e ventos inconvenientes, conforme abaixo:
21.1. Nos trabalhos realizados a céu aberto, é obrigatória a existência de abrigos,
ainda que rústicos, capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries.
21.2. Serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a
insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes.
(BRASIL, 1999).
A NR 21 (1999) exige condições mínimas para alojamentos e higiene aos
trabalhadores, tais como alojamentos adequados impermeáveis c/ paredes sólidas, com água e

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luz e ventilação, entre outros aspectos. Enfim, deverá oferecer todas as condições sanitárias
adequadas e estar longe de locais de risco. Ainda conforme o anexo 7 da NR 15 (Brasil, 2008)
para atividades que exponham o trabalhador a radiação não-ionizante, acima dos limites de
tolerância, serão consideradas insalubres, conforme abaixo:
As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações não-
ionizantes, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em
decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho.(BRASIL,2008).

6.1 Súmula 173 Recomendação de Jurisprudência TST


Conforme abaixo, o TST (supremo tribunal do Trabalho) emitiu uma recomendação de
jurisprudência a respeito do adicional de Insalubridade á atividades realizadas a céu aberto,
expondo o trabalhador a radiação solar não-ionizante. Vejamos abaixo:
I – Ausente previsão legal, indevido o adicional de insalubridade ao trabalhador
em atividade a céu aberto, por sujeição à radiação solar (art. 195 da CLT e
Anexo 7 da NR 15 da Portaria Nº 3214/78 do MTE).
II – Tem direito ao adicional de insalubridade o trabalhador que exerce
atividade exposto ao calor acima dos limites de tolerância, inclusive em
ambiente externo com carga solar, nas condições previstas no Anexo 3 da NR 15
da Portaria Nº 3214/78 do MTE. BRASIL. Comissão de Jurisprudência.
Tribunal Superior do Trabalho (Org.). Adicional de insalubridade. Raios
solares. Indevido. 2012.
A súmula acima citada não reconhece o direito do adicional de insalubridade devido a
exposição a radiação não-ionizante, porém reconhece o claro direito já previsto na NR 15
sobre a carga térmica acima dos níveis regulamentados.
6 Considerações Finais
Conforme a NR 1.7 a, cabe ao empregador cumprir todas as disposições legais a fim
de garantir a integridade e saúde laboral do trabalhador, onde havendo a existência de agente
nocivo à saúde fora dos limites de tolerâncias, cabem ações que eliminem ou mitiguem os
riscos laborais a níveis aceitáveis.
Neste trabalho foram abordados os aspectos envolvidos nas atividades executadas a
céu aberto sob influência da radiação solar, com o agravante fator de carga térmica. Por meio
dos estudos e pesquisas realizados apresentados nesse trabalho, pode-se concluir que é devido
o direito ao adicional de insalubridade a trabalhadores expostos a radiação UV e a carga solar
acima dos limites de tolerância, onde mesmo com pagamento do adicional de insalubridade
cabe ao empregador tomar medidas que assegurem a saúde e integridade do trabalhador.
Fica clara a concordância entre normas e regulamentações trabalhistas, diante do
reconhecimento dos reais danos causados a saúde dos trabalhadores expostos a tais agentes
nocivos, danos quais são reconhecidos por organizações internacionais e mundiais, ligadas a
saúde e ao trabalho. Fica explicito também a discrepância entre as normatizações e a
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recomendação do TST a cerca de ser devido ou não o adicional de insalubridade, qual se dá
devido ao entendimento equivocado das normatizações e legislações vigentes.
O presente trabalho é de grande relevância para o melhor conhecimento e
entendimento sobre o direito de adicional de insalubridade a trabalhadores expostos a
radiação solar, bem como de muitos aspectos acerca do assunto. Tal conhecimento visa
garanta o direito do trabalhador que muitas vezes tem sua saúde laboral prejudicada ou
comprometida devido a exposição a agentes nocivos a saúde, uma vez que o trabalhador deve
ser colocado como bem mais precioso de uma dada corporação, pois apesar de sua mão de
obra poder ser substituída, o mesmo não acontece com sua vida.

Referências

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