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2 Fundamentação teórica
Para fundamentação teórica do trabalho foi escolhido o recorte teórico a partir dos custos da
qualidade, propostos seminalmente por Juran e Crosby. De forma complementar também foi
usado o conceitos de Controle Estatístico de Processo (CEP), que serão abordados na próxima
seção.
Os custos de prevenção são oriundos de treinamento e desenvolvimento das pessoas que atuam
diretamente no processo e interferem na qualidade do produto. Estas pessoas bem capacitadas
são peças fundamentais para a prevenção de problemas e sugestão de melhorias para o processo
e para a empresa. A implementação do sistema de qualidade; treinamento de funcionários;
implantação de um sistema de calibração de instrumentos de medição, são exemplos
desses custos.
Os custos de avaliação são associados à implantação de controles que detectam a ocorrência de
problemas no momento da criação do produto. A implantação do CEP, testes de matéria-prima,
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Segundo diversos autores, como Crosby, Juran, existe uma relação entre os custos de falhas
(internas e externas) e os custos de prevenção e controle, denominado ponto de equilíbrio que
será explanado na seção a seguir.
Os custos da qualidade estão relacionados entre si e refletem bem o estágio pelo qual a empresa
se encontra. No auge do período crítico em falhas internas ou externas, a empresa gasta muito
com retrabalhos, refugos, assistência técnica ou garantias e pouco se investe na prevenção
caracterizando uma necessidade latente de melhoria. Os custos nesta fase são muito elevados
e a lucratividade da companhia cai consideravelmente, além das perdas imensuráveis como o
desgaste com os clientes e imagem organizacional (SLACK, 2015).
No ponto ótimo de qualidade, a troca deveria ser feita com 20 milhões de revoluções e diversas
peças iriam para o lixo ainda na metade da vida útil. Mas, se a troca fosse feita com 150 milhões
de revoluções (média), diversas peças já haveriam falhado. Qual o custo de cada situação?
Como o mercado responderia? Pagar mais alta para minimizar ao zero defeito a falha ou aceitar
a um custo menor determinadas taxas de falhas?
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2.2 Pareto
No início do século XVI, o economista italiano Vilfredo Pareto constatou que 80% da riqueza
mundial pertenciam a 20% da população. Essa proporção 80/20 se aplica a várias outras
operações. Por exemplo, 80% das falhas de qualidade ocorridas correspondem a 20% das causas
prováveis dessas falhas. Objetivo desta análise é classificar em ordem decrescente os problemas
responsáveis pelos maiores efeitos e atacar esses problemas inicialmente.
2.3 Variação
2.3.1 Média
A média de um conjunto de valores é a soma dos valores e dividido pelo número de valores
deste conjunto (PALADINI, 2009).
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São linhas de uma carta de controle utilizadas para o julgamento grandeza variação de um
processo. Os Limites Superior e Inferior de Controle, LSC e LIC, respectivamente, são funções
da média, do desvio padrão e de um fator A que variam conforme o tamanho da amostra e são
encontrados em tabelas específicas para elaboração de cartas de controle (PALADINI, 2009).
Quadro 3 – Limites de Controle.
3. Metodologia
Essa pesquisa usou uma abordagem qualitativa e quantitativa. Qualitativa pois buscou a
observação participativa e a coleta e análise de dados documentais. A análise de dados por sua
vez teve uma abordagem predominantemente quantitativa a partir de análises matemáticas,
usando curvas de tendência.
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O método qualitativo, assim como toda técnica qualitativa é baseado em aspectos que
apresentam maior dificuldade para serem quantificados fatores como opiniões e experiências,
sendo indicado o seu uso quando a aquisição de dados específicos for considerada mais difícil,
utilizando a opinião de especialistas ou consumidores para realizar estimações subjetivas. Os
modelos baseados em dados qualitativos podem ser considerados apenas como aproximação da
realidade e a utilização exclusiva desse modelo pode ocasionar problemas na previsão, criando
a falsa crença de que informações do passado não serão úteis para o futuro. São indicados para
previsões a médio e longo prazo, apresentando um caráter subjetivo, opinativo, baseado em
intuição, em estimativas e opiniões (DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2007; MOREIRA, 1998).
O método quantitativo, são os métodos que utilizam modelos matemáticos para chegar a
valores previstos. Permitem maior controle dos erros, mas exigem informações de dados
passados de maneira objetiva a fim de realizar uma projeção futura. Existem diversos métodos
de previsão de demanda de maneira quantitativa sendo nesses métodos empregadas técnicas
simples, como no caso da média simples, e também métodos complexos que exigem do usuário
conhecimento estatístico e de matemática computacional (HIGUCHI, 2006; GARCIA, 2011).
Os principais métodos quantitativos se classificam em: análise das séries temporais e análise
causal. A análise das séries temporais é baseada na ideia de que a história dos acontecimentos
ao longo do tempo pode ser usada para prever o futuro (média móvel, média ponderada, análise
de regressão, projeção de tendência). A análise causal busca compreender o sistema do item
que deve ser previsto (regressão linear e não linear, modelos de entrada e saída, principais
indicadores) (DAVIS; AQUILANO; CHASE, 2007).
De forma comparativa, também foi analisado os resultados das peças medidas com o
equipamento qualificado, abordando os mesmos conceitos estatísticos, usados no equipamento.
O resultado encontrado foi comparado com as curvas de equilíbrio dos custos da qualidade,
realizando assim o diagnóstico do sistema de calibração dos equipamentos tomando por base
os critérios de: Melhora, Equilíbrio e Perfeccionismo.
3 Estudo de caso
Como ponto de partida para o estudo foi realizada a estratificação dos equipamentos de medição
com maiores despesas em calibrações realizadas com fornecedores externos no período de
janeiro a julho de 2019. A ferramenta utilizada foi o Gráfico de Pareto, vide figura 4 a seguir.
O Pareto trata-se de um gráfico de barras, com barras ordenadas da maior importância à menor.
Figura 5 – Estratificação das principais despesas com calibrações proveniente de fornecedores externos.
O equipamento de medição escolhido como piloto para o nosso estudo foi a Zeiss#1, apesar do
IBB ter custos maiores. Essa opção foi fortalecida pelo fato da existência de equipamentos com
princípios de medição similares, o que torna a difusão desse estudo como um processo mais
simples do que para os demais meios de medição. Desta forma, a escolha foi definida
considerando também um maior potencial de redução de despesas visando projetos futuros.
Uma vez definida a Zeiss#1, a partir da observação participativa, fomos em busca de um método
para embasamento deste estudo. Como é realizada a qualificação deste equipamento para uso
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É bem notável que ao longo do período percebemos a existência de um sistema estável e, além
disso, os valores de desvio encontrados ficaram distribuídos bem abaixo do limite superior de
especificação. Também é perceptível a redução na frequência dos desvios coletados, sempre
após a realização dos serviços de manutenção preventiva e calibração. Diante deste fato, fica
claro o desperdício decorrente de serviços de calibrações contratados em momentos que por
ventura poderiam ser postergados. A Figura abaixo demonstra que não estamos dentro da zona
de equilíbrio, quando se trata da avaliação de custos da qualidade. Na verdade, estamos no
campo de perfeccionismo, onde muito dos investimentos e controle não nos trazem um
resultado significativo.
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Ainda avaliando o gráfico, podemos afirmar que o processo se encontra centralizado e com a
existência de algumas causas especiais, características também representadas no gráfico de
controle de qualificação do equipamento de medição, na figura 5. Com essa avaliação
complementar sugerimos duas formas de critério para centralizarmos o gráfico de custos da
qualidade, saindo assim do perfeccionismo e consequentemente reduzindo despesas.
ações, pretendemos reduzir 50% das despesas relacionada à calibração externa desse
equipamento, somente no primeiro ano implementativo.
4 Considerações finais
É sempre desafiador trabalhar com uma abordagem que atinge as saídas e entradas de um
processo de produção. Ou até mais, quando envolvemos equipamentos de medição e calibrações
desses meios, estamos atingindo todo o sistema de uma indústria, desde à entrada de insumos
até a entrega de produtos ao cliente. A robustez e eficácia do sistema de medição e do controle
de qualidade estabelecido pela empresa abordada torna possível a aplicação desse estudo.
Neste artigo vimos alguns tipos de abordagens seja ela quantitativa ou qualitativa. A busca pela
observação participativa e a coleta de dados documentais trouxe uma abordagem qualitativa. Já
do ponto de vista quantitativo, abordamos a análise de dados, a partir de análises matemáticas,
como no uso de curvas de tendência. Para atingir o objetivo deste estudo, foi necessário realizar
o mapeamento de todos os equipamentos de medição da empresa, ordená-los por custos de
calibração, identificar o equipamento piloto para análise, estudar sua série histórica de
medições, diagnosticar o sistema e sugerir melhorias. Essas etapas nos ajudaram a alinhar os
custos da empresa, aproximando-a ainda mais do ponto de equilíbrio (fase de operação), uma
vez que os processos apresentados se demonstraram estáveis.
Este estudo apresentou para a alta direção e seus liderados que grandes investimentos em
prevenção e controle não trazem necessariamente aumento de resultado expressivo, pelo
contrário, percebemos a existência de maiores gastos e a ausência de melhorias relevantes, o
que caracteriza um perfeccionismo em prol de um nível ótimo de qualidade. Por fim, seguimos
com esse estudo durante o cotidiano, buscando a melhoria contínua dos resultados do
equipamento piloto e a difusão do conhecimento e da prática adquirida através dos demais
equipamento de medição.
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Referências
BOX, G. E. P.; JENKINS, G. M.; REINSEL, G.C. Time Series Analysis: forecasting and
control. 4ª Edição. Hoboken, John Wiley & Sons INC, 2011.
JURAN, J.M. Planejando Para a Qualidade. 3.Edição. São Paulo: Pioneira, 1995.