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ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO PORANGA JUCÁ

FILOSOFIA – 1º ANO EM PROFESSOR: ARNIN BRAGA

A ÉTICA PLATÔNICA: o dualismo Corpo e da Alma em Platão

Uma vez compreendido o dualismo platônico entre Mundo Sensível e Mundo Ideal a partir do Mito
da Caverna, fica muito mais fácil de entender sua concepção ética dualista de Corpo e Alma.
O Corpo, para Platão, é a realidade que está relacionada com o Mundo sensível, logo: está sujeito
ao tempo, sofre modificações, mudanças, transformações. É guiado pelos sentidos, paixões, instintos... e,
por fim, está sujeito a morte.
A Alma, por sua vez, está ligada ao Mundo das Ideias. A ela está ligado tudo aquilo que é invisível
em nós, ou seja, aquilo que não é captado pelos sentidos, e sim, por nossa razão: personalidade,
identidade, conhecimento, nossa essência, aquilo que realmente somos. A Alma é imortal, invisível e
eterna, por isso, é capaz de conhecer as realidades invisíveis e eternas (as Ideias, o Mundo Ideal). A
verdade, para Platão, só pode ser conhecida por nossa Alma.

A Relação entre o Corpo e a Alma

Para Platão, a Alma deve dominar o Corpo. Pois o corpo perturba o conhecimento verdadeiro e,
por estar escravizado pelo mundo sensível, nossa realidade corporal acaba nos levando ao erro. O corpo é
também ocasião de corrupção e decadência moral, e se a alma superior não souber controlar as paixões e
os desejos, o homem será incapaz de comportamento moral adequado.
No entanto, pode parecer contraditória a constatação de que os gregos sempre se preocuparam
com o seu corpo, estimulando os exercícios físicos, a ginástica, os esportes. Não é à toa que a Grécia
aparece como o berço das Olimpíadas. Ora, Platão também valoriza a ginástica, e isso apenas confirma a
ideia da superioridade da alma sobre o corpo. "Corpo são em mente sã" significa que a educação física
rigorosa põe o corpo na posse de saúde perfeita, permitindo que a alma se desprenda do mundo do corpo e
dos sentidos para melhor se concentrar na contemplação das ideias. Caso contrário, a fraqueza física torna
-se empecilho maior à vida superior do espírito.

A Reminiscência (Anamnese)

Segundo Platão, A Alma, por ser imortal, CONHECE TUDO. JÁ CONTEMPLOU TODAS AS IDEIAS
QUANDO ESTAVA NO MUNDO IDEAL.
Mas quando ela se encarnou em um corpo e no tempo, esqueceu-se deste conhecimento.
Sendo assim, os sentidos e o corpo devem ajudar a Alma a LEMBRAR-SE (reminiscência) destes
conhecimentos verdadeiros.

Como alcançar o Mundo Ideal? O amor platônico

Para Platão, existe o amor pelo físico; e também o amor Ideal; Amar de forma Ideal não é amar o
objeto, mas amar o desejo (Eros) por ele. Para entendermos melhor o “Amor Platônico” (responsável por
nos levar à busca do Mundo Ideal), vamos analisar sua célebre obra “O Banquete”.
No diálogo O Banquete, Platão relata um encontro em que os convivas discursam sobre o amor
eros. Primeiramente discursa Aristófanes, o melhor comediante da época. E este relata um mito sobre a
origem do amor: Segundo ele, no principio os seres humanos eram duplos e esféricos: existia humanos
constituídos de duas metades masculinas, humanos de duas metades femininas e humanos andróginos –
com uma metade feminina e uma metade masculina. Por terem ousado desafiar aos deuses, Zeus os cortou
pela metade, enfraquecendo-os. A partir dessa separação, cada ser humano busca desesperadamente sua
outra metade, para restituir a unidade primitiva perdida. Nasceu então o amor como desejo de se unir ao
outro.
O segundo a discursar é Sócrates. Ele critica a ideia de Aristófanes. Segundo ele, as coisas
aconteceram da seguinte maneira: durante o aniversário da deusa Afrodite, nasceu Eros, o deus do Amor.
Eros era filho de Poros (deus da riqueza) e Penia (deusa da pobreza). Por ter tais pais, Eros sempre está
oscilando entre a Riqueza (a certeza de que sou amado) e a Pobreza (a certeza de que não sou amado).
Por isso o amor é a oscilação eterna entre o não possuir e o possuir, é um desejo intenso de qualquer coisa
que não se tem e se deseja ter.
O relato de Aristófanes reforça uma das ilusões da vida amorosa: o desejo de encontrar a sua
metade, aquela que irá nos completar e nos tirar da solidão. Sócrates revela que o amor não é fusão nem
completude, mas falta, busca constante, porque sempre desejamos aquilo que não temos. Por isso, o amor
eros sempre tende para o Bem e para o Belo, mas de forma gradual:
- Primeiro somos atraídos pela beleza física dos corpos;
- Depois nos atraem as belas ações, o caráter;
- Para, por fim, amarmos ao outro tal como ele é: em sua forma, em sua essência (ideia).

A FILOSOFIA POLÍTICA NA GRÉCIA ANTIGA – PLATÃO

Uma Atenas Democrática – de seu auge à sua crise.

Atenas, até o século VII a.C, foi uma cidade que LEGITIMAVA as relações de poder por meio da
ARISTOCRACIA (governavam as famílias nobres que justificavam seu poder afirmando que mereciam
mandar por descender dos antigos jônios, povo antigo que dominou a região por volta dos séculos IX e VIII
a.C). Não haviam leis escritas, apenas orais. E estas famílias aristocratas eram os que interpretavam as leis
(sempre a seu favor).
Mas a partir do século VI a.C, Atenas passou por uma série de reformas jurídicas nas mãos de
Drácon (que criou leis escritas) e Sólon, que reduziu o poder das famílias aristocratas e proibiu a escravidão
por dívidas. Essas reformas jurídicas fizeram com que no século V a.C as famílias aristocratas se
revoltassem, pois estavam perdendo seus privilégios. Uma guerra civil estourou em Atenas. Foi então que
surgiram tiranos (governantes com poderes ilimitados) que justificavam seu poder afirmando que eles iriam
pôr ordem ao caos. Estes tiranos (Psístrato e Clístenes) acabaram de uma vez com os privilégios das
famílias aristocratas, e deram espaço para que surgisse uma maior participação do “povo” (homens adultos,
livres e nascidos em Atenas) ateniense. Surgiu então a Democracia, isto é, o poder LEGITIMADO pelo
povo.
Com a democracia ateniense, estabeleceu-se a “Ágora” (praça pública) e uma série de instituições
que garantiam a participação do cidadão. A partir do final do século V a.C, a democracia ateniense
começou a passar por uma crise moral: ganhavam as discussões na Ágora não os que tinham as melhores
propostas, mas o que dominavam a arte da retórica e da persuasão. O filósofo Sócrates passou a
questionar se a LEGITIMIDADE do poder da cidade nas mãos do povo realmente era algo JUSTO. No
entanto, o mataram. Sua morte fez com que seu discípulo Platão desacreditasse na democracia ateniense
como um governo JUSTO, e passou a se perguntar: qual seria o GOVERNO IDEAL?

A Filosofia Política de Platão: o Governo Ideal da “República”

Platão notava que a Democracia ateniense era corrupta. Devido a isso, ele começou a pensar em
um modelo ideal de governo justo. Ele acreditava que o Ideal deveria ser modelo para o Real. Segundo
Platão, se temos em mente um ideal de governo justo, poderemos então corrigir todas as mazelas do
governo atual tendo este governo ideal como modelo. Por isso, ele escreve sua obra “A República”, onde
propõe este modelo ideal de cidade. Mas como deveria ser essa cidade ideal de Platão?

Uma cidade organizada a partir das virtudes da “Alma”

Para ele, nem todo mundo nasceu para a política. Nem todo mundo consegue sair do erro do
mundo sensível e contemplar as verdades do mundo ideal. Por isso, em sua cidade ideal (Calípolis), o
Estado deve cuidar diretamente da educação das pessoas e ensiná-las o caminho da justiça. Devido a isso,
as crianças não seriam educadas por suas famílias, mas pelo Estado. Porque segundo Platão, todos os
vícios e injustiças são herdados pela educação familiar.
Nesse sentido, ele afirmava que nem todos são iguais, pois existem “três” almas entre os seres
humanos, que dividem os mesmos em três grupos:

- Almas de Bronze: pessoas que possuem a virtude da temperança, ou seja, mansidão e capacidade de
suportar as durezas da vida.
- Almas de Prata: pessoas que possuem a virtude da irascibilidade, isto é, que são agressivas e possuem
força.
- Almas de Ouro: pessoas que possuem a virtude da sabedoria, isto é, as pessoas que conseguem
contemplar o mundo ideal por meio da Razão.

A Cidade Ideal deveria estar dividida em três classes de acordo com as três almas do ser humano.
Neste sentido, até os 20 anos todos deveriam receber a mesma educação do Estado, mas depois cada um
receberia uma educação específica de acordo com sua “alma”:

- Almas de Bronze: dedicar-se-iam à agricultura e a subsistência da cidade.


- Almas de Prata: Tornar-se-iam soldados e defenderiam a cidade de invasões estrangeiras.
- Almas de Ouro: Estudariam filosofia até os 50 anos de idade e, depois de muitos testes, aqueles que
fossem aprovados passariam a fazer parte do governo da cidade. Para Platão, cabe somente a este grupo o
governo da cidade (política), porque eles seriam os mais preparados intelectualmente. Como eles
conhecem, por meio da Filosofia e da Razão, a JUSTIÇA, poderiam então serem justos.

Governo Ideal: a Sofocracia (governo dos sábios)

Para Platão, só podemos dizer se um governo é justo se ele se aproxima do ideal de JUSTIÇA
presente no Mundo Ideal. Tal mundo é a ordem, onde cada ideia segue sua função a partir de sua essência.
Desse modo, um governo só será justo se cada um siga sua essência. Mas quem conhece o Mundo Ideal e
a essência das coisas? O Filósofo. Logo, um governo justo é aquele onde os governantes são filósofos. Isto
é, onde os governantes não são eleitos pelo povo, mas assumem o poder porque dedicaram toda sua vida
aos estudos da arte de governar. Para Platão, o poder justo é aquele que é LEGITIMADO não pela vontade
do povo, mas pela CAPACIDADE INTELECTUAL EM ASSUNTOS DE POLITICA.

ATIVIDADE:

1) QUAL A FUNÇÃO DO CORPO E DA ALMA NO PENSAMENTO PLATÔNICO?

2) O QUE É A REMINISCÊNCIA PARA PLATÃO?

3) QUAL A MELHOR FORMA DE GOVERNO SEGUNDO PLATÃO?

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